8
Ribeirão Preto, novembro de 2005 - ano I - nº 2

Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal da Vila Tibério, bairro da zona oeste de Ribeirão Preto, tiragem de 10 mil exemplares com circulação também na Vila Amélia, Jardim Santa Luzia, Jardim Antártica, e parte do Sumarezinho e do Monte Alegre

Citation preview

Page 1: Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Ribeirão Preto, novembro de 2005 - ano I - nº 2

Page 2: Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Novembro de 2005

Saudade da “Vila”Recebemos por e-mail

este artigo do dr. FernandoMarques Ferreira, advogadonascido na “amantíssima”Vila Tibério e radicado emJundiaí, que nos deixou mui-to emocionados e com a cer-teza de que estamos atingin-do nossos objetivos.

Apesar de morar há muitotempo bem distante da queridaVila Tibério, recebo por intermé-dio de amados e eternos ami-gos, notícias da minha queridaRibeirão Preto, e, mais especi-ficamente da minha amantíssi-ma VILA TIBÉRIO.

Assim foi neste mês, ao re-ceber com muita alegria o pri-meiro exemplar, com certeza, deuma série infinita, do JORNALDA VILA, retratando váriosaspectos muito interessantes doquerido bairro.

Nasci na famosa rua Marti-nico Prado, em uma das casasgeminadas que ainda lá estão(não me recordo o número), nodia 22 de janeiro de 1945, por-tanto há mais de sessenta anos.

No ano de 1948, contando eucom apenas três anos de idade,meus pais com cinco filhos, sen-do eu o caçula, com muita co-ragem e arrojo, tudo largarampara aventurar-se, conforme odito popular, sem lenço nem do-cumento, na grande metrópolepaulistana, arriscando o início deuma nova etapa, pensando, prin-cipalmente nas maiores possibi-lidades para os filhos, que pro-

porciona uma cidade com a di-mensão da capital paulista.

Com muito sacrifício, moran-do até mesmo em moradias demadeira, iniciamos esta cami-nhada, que foi, graças ao bomDeus, cercada de sucesso emuita alegria.

Hoje, advogado formado háquase trinta anos, casado comuma adorável paulistana, filhose netos paulistanos, passandopor toda minha infância, adoles-cência, vida adulta, e finalmen-te, na chamada melhor idadesempre em São Paulo e há cin-co anos na cidade de Jundiaí,porém com quase toda minhaclientela em São Paulo, dividin-do, portanto, meu coração en-tre São Paulo e Jundiaí, aindaassim, guardo no fundo do meucoração todo o amor e sauda-des por Ribeirão Preto, que so-mente quem nasceu em terradistante daquela em que residepode aquilatar.

Costumo dizer aos meus en-tes queridos que quando visitopor qualquer razão a cidade deRibeirão Preto, e principalmen-te quanto entro na nossa famo-sa “Vila”, não consigo reter aslágrimas que teimosamenteumedecem meus olhos.

Digo ainda mais aos meusamigos, quando me refiro aomeu querido bairro, que ele é tãofamoso, tão querido, tão ama-do, que não precisa ser identifi-cado pelo seu nome por inteiro,pois basta mencionar “A Vila”,que todos já sabem referir-se à

Informativo mensal com circulação na Vila Tibério.Tiragem: 7 mil exemplares

[email protected] - Fones: 3966-1829 / 3610-4890

Jornalista responsável: Fernando Braga - MTb 11.575Reportagens: Inês Zaparolli

Impresso na Gráfica Verdade Editora Ltda.Rua Coronel Camisão, 1184 - Ribeirão Preto - SP

EditorialPrestigie o

comércio da VilaÉ bem verdade que a Vila Ti-

bério, dos bairros mais antigos,demorou a desenvolver um co-mércio próprio. Ainda não temosgrandes concentrações de lojas,elas ficam espalhadas por todoo bairro, dando a impressão deque aqui não se encontra nada.

Será? Basta observar duran-te qualquer trajeto as lojas deroupas, calçados, acessórios,presentes, cortinas, restauran-tes, pizzarias, lanchonetes, ma-teriais elétricos e para constru-ção, bancos, prestadores de ser-viços e tudo o mais de que pre-cisamos.

Às vezes, uma saída paracompras em supermercados tor-na-se um passeio para toda afamília mas, no dia a dia, quantoo bairro já perdeu não valorizan-do o que tem.

É bom estar em um local ondehá comércio e as pessoas têm ohábito de fazer suas compras.Isso atrai novos comerciantes,e quanto mais tivermos a ofere-cer, mais teremos compradores.A Vila está vivendo esse momen-to de renascimento.

Se não atrair compradores,não teremos comerciantes, nemempregos e nem renda: os imó-veis serão abandonados e asruas sem movimento passarão arepresentar um perigo. Já temosos exemplos da cervejaria desa-tivada, da praça Schmidt e doparque Maurílio Biagi. Não va-mos deixar avançar para o bairroa decadência de uma era.

Vamos valorizar o que temos.

querida Vila Tibério, apesar daexistência de outras vilas: VilaVirgínia, Vila Seixas, etc....

Esta minha afirmação estáagora mais do que ratificada,com a fundação do auspiciosoperiódico – Jornal da Vila – re-ferindo-se à Vila Tibério.

Estou escrevendo estas pou-cas linhas sensibilizado por to-dos os enfoques abordados peloJornal, mas principalmente pelosensível artigo intitulado “Feiti-ço da Vila”, escrito por EdsonJosé Senne.

Lendo o artigo, imediata-mente meu pensamento, estamaravilhosa máquina do tempo,levou-me a relembrar cenas deminha infância, quando nas ra-ras vezes em que meus pais melevavam para Ribeirão Preto,não importava a hora, fosse ànoite ou de madrugada, lá esta-va de plantão na frente da casada nossa querida e inesquecívelMaria Tatá, meu amantíssimopadrinho Egídio Tamburus, quepegava minhas roupas e me le-vava para sua casa e barbearia,na Rua Luiz da Cunha, onde eupassava dias inesquecíveis.

Este artigo tambémrelembrou-me as vezes em queeu voltei para minha cidade naqualidade advogado militante daComissão de Direitos Humanos,em gestões grandiosas da OAB/SP, sob a batuta de Márcio Tho-maz Bastos e Antonio CláudioMariz de Oliveira, para proferir

palestras nas faculdades da ci-dade, ou ainda, na Casa do Ad-vogado, mas sempre passavapara pedir a bênção do meuquerido padrinho, que me espe-rava com o mesmo carinho eamor dos meus tempos de cri-ança.

Meus pais e dois irmãos jáse foram, também meu queridopadrinho Egídio, sua querida fi-lha Cidinha e o amoroso casalNenê e Maria Tatá. Daquelestempos, ficaram minha amadamadrinha Emília, os amigos Ar-thur, Alba, João, Suely, Amélia,Claudiner, Patrícia, Saulo, Mô-nica, Marcelo, Edson, Cleide eoutros nomes de que não me re-cordo.

Recentemente, no dia 22 dejaneiro de 2005, festejei meussessenta anos com todos estesamigos no famoso Pingüim, enesta ocasião consegui tirar umafotografia de meus netos nafrente da casa onde nasci.

Escrevo estas linhas com opensamento voltado para nestafotografia, vendo a casa já en-velhecida, exatamente no mes-mo estado em que se encontra-va quando do meu nascimento.

A partir deste momento batea torturante saudade, a emoçãotoma conta, os olhos umedeci-dos turvam completamente avista, e isto não mais me permi-te escrever...

Fernando MarquesFerreira

OPINIÃO

Page 3: Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Novembro de 2005

Administração Regional da Vilaoferece até curso de informática

Criada em agosto de1993, a Administração daVila Tibério atende a popu-lação do bairro encami-nhando as solicitações paraas secretarias e autarquiasmunicipais.

Destacam-se a procurapelos serviços do DAERP,verificação de débitos e se-gunda via do IPTU, segun-da via da CPFL, pedidos detapa-buraco, poda de árvo-res, retirada de entulho e si-nalização de trânsito.

Às terças e quartas-fei-ras uma assistente socialatende moradores com ne-cessidades urgentes de ali-mentos, bolsa-escola e pro-blemas pessoais.

A Administração da Vilapossui uma biblioteca comcerca de três mil livros, en-tre romances e enciclopé-dias, para empréstimo e pes-quisa escolar, orientada poruma bibliotecária.

O Centro de InclusãoDigital oferece curso bási-co de informática e inter-net. Para quem já conheceo acesso é só agendar ohorário; é disponibilizadameia hora para cada pes-soa.

A Administração Re-gional da Vila Tibério ficana Rua Gonçalves Dias,659, telefone 3635-2272.

Recuperação da praçaCoração de Maria

A s praças públicas da ci-dade e a nossa praça,em particular, transfor-maram-se de área de

lazer em um ponto crítico de di-fícil solução. Além de problemascomo depredação e da falta defiscalização eficaz, temos tam-bém a invasão dos pombos erolinhas que “bombardeiam” apraça com excremento, deixan-do-a com forte odor e com as-pecto ruim, afastando a popula-ção e deixando de cumprir suafinalidade. Essas aves migramdo campo para a cidade ondeencontraram alimento, concen-trando-se nos poucos espaçosverdes da cidade.

Para o Ibama, as aves sãoparte do meio ambiente quecumprem o papel na cadeia ali-mentar, mas não existem preda-dores naturais para elas na ci-dade. O homem não pode matá-las, nem usar produtos que asmaltratem.

Existe um produto natural,importado, feito a partir de se-mentes de uvas, usado em pra-ças de Sertãozinho, que quandoborrifado causa irritação nasaves, fazendo-as mudar paraoutro lugar. Além disso, atendeà exigência do Ibama de que oproduto seja inofensivo, tendocomo inconveniente o custo.

As feiras de artesanato, ascaminhadas, o corre-corre dascrianças, as procissões e festasda igreja, tudo está comprome-tido. Para isso, já existe umamobilização por parte da Asso-ciação Comercial da Vila Tibé-rio em fazer outro mutirão comoo que foi realizado no mês pas-sado e não pôde continuar porfalta de mão-de-obra. A praçaprecisa de cuidados constantes.A Associação conseguiu arre-cadar, tinta, material de constru-ção para reparos, material delimpeza, duas gangorras e umgira-gira.

A praça vista do alto

NOTÍCIAS

Page 4: Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Novembro de 2005

Nascido em 1917 em Ribei-rão Preto, descendente depai italiano e mãe austría-ca, Luiz Baldocchi come-

çou a trabalhar muito cedo para aju-dar no sustento de casa, como au-xiliar de sapateiro.

Com a experiência adquirida,montou uma pequena fábrica nacasa onde morava na Vila Tibério.As encomendas foram crescendoe Baldocchi mudou-se para um es-

paço maior, na Rua Martinico Pra-do, 390. A fábrica recebeu o nomede sua filha, Léa. Chegou a empre-gar mais de 120 funcionários. Eramsapatos finos para uma clientelarequintada. Durante 15 anos ven-deu calçados para várias cidadesdo Brasil. Nessa época as indústri-as de calçados enfrentaram umagrande crise e Baldocchi encerrousuas atividades.

Veio então a idéia da represen-

Antônio Spanó chegou ao Bra-sil em 1897, aos 18 anos, junto deseu pai, Ferdinando Spanó, suamãe, Maria Papaccioli, e mais qua-tro irmãos. Como todo imigrante,estando em São Paulo pedia infor-mações sobre qual o melhor desti-no. Ribeirão já era conhecida pelariqueza que o café proporcionava.Antônio veio constatar e posteri-ormente trouxe a família.

Antônio era pedreiro e emprei-teiro. Depois de alguns anos, per-cebendo a falta de artefatos de ci-mento e ladrilhos hidráulicos na ci-dade, montou sua própria indústria.

Nesta época, casado com LauraMartin, tiveram catorze filhos. Eranecessário criar e encaminhar essaprole. O trabalho era árduo mas,como todo italiano, adorava músi-ca, e muitas vezes, no intervalo dotrabalho, cantavam acompanhadospor violino, violão e bandolim. Acasa e a fábrica ficavam na rua Gon-çalves Dias, fazendo fundo com aRodrigues Alves e servia como um“centro de estágio”, onde todos oshomens da família cooperavam.

É da indústria Spanó o piso ori-

ginal da igreja Nossa Senhora doRosário, e até hoje eles são encon-trados em residências, igrejas, clu-bes e até bancos de jardins nas ci-dades vizinhas.

Era praxe na época que os jo-vens cursassem Contabilidade,para depois escolher a carreira. Dosfilhos de Antônio, Mário e José fo-ram vereadores. Os demais, farma-cêutico e advogados. As filhas, ha-bilidosas em prendas domésticas.

Por volta de 1915, Antônio foichamado pelos “coronéis” do caféinconformados com a proibição dosjogos de azar, para construir umasala de jogo no meio do rio Pardo,já que a área pertenceria à União,evitando fiscalizações.

Antonio pesquisou o nível dorio e notou que o bambu não apo-drecia na água. Assim, munido deinformações, juntamente com seushomens, intercalou barras de ferro epedras no fundo do rio para prepa-rar o alicerce. Estava pronto o Bel-vedere. Ainda podemos ver o ali-cerce perto da ponte ao lado do Clu-be de Regatas, como mais um sím-bolo da época dos “coronéis”.

Antônio Spanó – perspicáciaajudou o empreendedor

Luiz Baldochi enfrentou osproblemas, mudando seu destino

tação de bonecas e outros produ-tos. Teve muito sucesso nessaárea: o sistema de vendas era iné-dito e a facilidade para aquisiçãoera o ponto forte, porém o mercadoficou saturado e Baldocchi preci-sava pensar em outra atividade, erapidamente.

Conversando com seu cunha-do, Moacir Pereira, muito ousadono ramo de negócios, este sugeriua Baldocchi que abrisse uma fune-rária.

Baldocchi não estranhou: coma ajuda da família pesquisou, estu-dou a viabilidade e os serviços queeram oferecidos na época e em 1967inaugurou a Organização de LutoBaldocchi.

Foi um inovador. Oferecia umserviço com muitas novidades, seincumbindo de tudo, desde a fixa-ção de cruzes de papelão nos car-ros que acompanhavam o cortejoaté a copeira que fazia e servia café,trazia sanduíches e bebidas.

Baldocchi sentia que muitasvezes as famílias não estavam pre-paradas financeiramente para arcarcom os custos de um velório e tam-bém queriam dar o melhor para seusentes queridos. Como mais um mar-co inovador criou o Mútuo Fune-rário, onde o titular escolhia o pla-no e pagava mensalmente.

Baldocchi foi se afastando daempresa à medida que os proble-mas de saúde foram surgindo.Mesmo assim observava, davaconselhos, participava do dia a dia.Até que em abril deste ano ele mor-reu, deixando sua coragem para en-frentar as adversidades como exem-plo para sua família e para quemdesfrutou de sua companhia.

Luiz Baldocchicom Pedro

Antoniazzi (dasConfecções Pedro)e na inauguraçãoda Organização de

Luto Baldocchi

Arquivo Antônio Spanó Netto

Família Spanó,com o patriarca

Antônio (no centro)

HISTÓRIA

Page 5: Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Novembro de 2005

Com eles não tem crise

Encontramos com o “seu” Be-nedito Gir no dia em que completa-va 82 anos.

Aparenta uns setenta, está pre-ocupado com o exame de renova-ção de carteira de motorista. Vai àsaulas todas as manhãs com entusi-asmo de um jovem.

“Seu” Benedito trabalha desdeos treze anos, quando o Juizado deMenores autorizou para que ele tra-balhasse no Banco Construtor. Tra-balhou durante 66 anos e 6 mesesna Santa Emília, onde se aposen-tou como soldador. Seus amigosOscar Gonçalves e Cássio Ronal-do Moraes organizaram sua festade aposentadoria. Na ocasião re-cebeu até carta do Ministro do Tra-balho, parabenizando-o.

Mas “seu” Benedito não paroude trabalhar. Na oficina da própriacasa já fabricou mais de mil mono-gramas e logotipos para marcargado. Atendeu fazendeiros deGoiás, Mato Grosso, de todo o lu-gar. Disse que vai parar, ninguémsabe quando. Sua esposa D. Geni,suas filhas e netos também não acre-ditam que “seu” Benedito vá seaposentar tão cedo.

Joary Alves Lima, 71 anos,motorista de táxi na Praça Co-ração de Maria há quarenta eum anos, já fez um pouco detudo. Trabalhando desde osnove anos de idade, já foi en-graxate, trabalhou em serrariadurante quinze anos, é músico ecompositor de estilo sertanejo.

Nos anos 64/65, Joary seapresentava no auditório da rá-dio PRA-7 aos sábados. Teveaté um conjunto sertanejo, oTrio da Serra, com Moraes, Dir-ceu no acordeão e ele no vio-lão. Seu envolvimento com amúsica perdura até hoje; é em-presário da dupla Tião Noguei-ra e Prateado.

Joary tem muita história paracontar. Em toda essa trajetória,acha que a Vila Tibério é umaextensão do centro da cidade etem muita esperança no cresci-mento do bairro.

Santo Uzuelli, 67anos, é motorista detáxi na praça Cora-ção de Maria. Está háquarenta e quatroanos nessa profissão.

Um dos onze fi-lhos de FranciscoUzuelli, que veio de Carugatti,perto de Milão, Santo foi donodo Bar São Francisco, com osirmãos Izídio e Darcy, e afirmaque “foram os cinco melhoresanos de sua vida”, quando aVila vivia seu apogeu, e nemera preciso sair do bairro paratrabalhar. A Fábrica de VidrosSanto Antônio tinha mais decem funcionários e trabalhavaem três turnos. A Antárctica,mais de duzentos, a Fábrica deCalçados Rosifini, mais de 300,o Banco Construtor mais de150, a Cerâmica São Luiz, maisde cem, o Frigorífico Morandi,depois comprado pelos Mar-

“Seu” Pedro Spilla, 83anos, descendente de italia-nos, “graças a Deus”, é umhomem de poucas palavras.A oficina em que trabalhaestá repleta de calçados es-perando o conserto ouaguardando a retirada.

“Seu” Pedro trabalhadesde os dez anos de idadee há mais de quarenta anosestá no local onde o encon-tramos.

São cinco e meia da tar-de e o movimento não ces-sa. Trocar um saltinho, co-lar a sola, costurar um fe-cho, “seu” Pedro atendecom calma um a um quechega. Olha o relógio e con-fere: já é hora de encerraro expediente; levanta, tira oavental e o coloca de lado.Dá uma olhada na oficina,se está tudo em ordem, evai ao encontro da família.São setenta e três anos detrabalho.

“Seu” Benedito, “seu”Pedro, Joary e Santo comprovam que trabalhar faz bem e nem pensam em se aposentar.

chesi; os Calçados Be-vilacqua e Baldocchi,sem falar da Mogiana.

Tinha muito empre-go por aqui; as mulhe-res só trabalhavam forada Vila se fosse no co-mércio, como as Lojas

Brasileiras, no centro. O ponto de táxi ainda está

na esquina da Luiz da Cunha.Essa era a única via de aces-so para o centro. Santo se re-corda de como era bonito vero movimento. Todos se cum-primentavam e era como sefosse uma só família.

Santo é otimista com aVila, lojas chegando e as anti-gas se modernizando, como aCaixa Federal, a Riotex, o Su-permercado Santo Antônio, aRegional de materiais elétricose a Integral.

Casado com da. Juvercina,tem duas filhas.

GENTE

Page 6: Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Novembro de 2005

Tesouros da VilaArtistas e escritores que enriquecem a nossa comunidade

Minha queridaVila Tibério

Minha Vila Tibério querida,eu vi crescer;namorei, casei e tive filhos;hoje tu vês!meus netos e bisnetos nascer.Foi aqui que escolhi; para sempre morar, eu te amo tanto, tanto,por isso vou te homenagear.era tão pequenina,asfalto nem existia não,água? Só de poçoe a luz de lampião.Ônibus, também não tinha,cavalos puxavam carroça;Costábile Romano era cocheiro,que nos levava até a praça.farmácia era São Franciscoesquina com Santos Dumont,a professora dona Zilda,que nos dava lição.Eram dois Pedro;cada um na sua arte,um ainda conserta sapatos,o outro era alfaiate.a rua Dois de Julho terminava,na Bartolomeu de Gusmão,para nós era muito chatodali para cima só tinha mato.O Botafogo era o time do coração,na cidade o mais queridoapesar dos grandes problemasainda é o meu preferido.

Lúcia Norma Genovêze Falcucci,Escritora

Autora dos livros:Sonhos de Cristal e Ingrato Beija-flor

A Câmara Municipal de Ribeirão Preto aprovou no dia 13 deoutubro de 2005 um requerimento de congratulações ao Jornal daVila . O pedido foi apresentado pela vereadora Dárcy Vera, que afir-mou ser a Vila Tibério um dos bairros mais antigos da cidade e queo Jornal da Vila tem a proposta de servir de canal para que a comu-nidade se expresse e seja ouvida.

Agradecemos a homenagem e reafirmamos nosso compromissode fazer um jornal voltado para o interesse do bairro.

Jornal da Vilahomenageadona Câmara

Um pintor original

Psicólogo PsicoterapeutaCriança, Adolescente e Adultos

Dr. Luiz ManoelMarzola

R. Visconde de Inhaúma, 46816ªandar - sl.166

Fone: (16)3635-0192 - 9991-2774

Centro - Ribeirão Preto-SP

Antônio Soares, 71 anos, ouSuarez, como assina os qua-dros, é conhecido na Vila Tibé-rio como “seu” Antônio. Apo-sentado como encanador, pintahá mais de 40 anos, com expo-sições em Brodósqui, Santa Rosa de Viterbo, Sertãozinhoe em Ribeirão Preto na Barão de Mauá e no Sindicato daPrevidência, entre outras. Expõe há dez anos na Galeriade Arte a Céu Aberto na praça Sete de Setembro.

“Seu” Antônio tem um trabalho muito criativo e origi-nal. Suas telas têm um ar de ingenuidade e a expressividadeé marcante em sua obra.

Casado com a sra. Wilma Palucci Soares, tem 3 filhos.

PRATA DA CASA

Page 7: Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Novembro de 2005

DIC A S A Vila na InternetInternautas do site de relacionamentos Orkut.com

fizeram comunidades tendo a Vila Tibério como tema

Quer divulgar - Ligue 3966-1829 / 3610-4890

Vila Tibério - Ribeirão Preto (517 membros)“Esse canto é para to-dos que já viveram ousão simpatizantes dahistórica Vila.É a Vila do meu cora-ção... Nasci nesse can-tinho, estudei no SinháJunqueira e tive minha

primeira namorada também na mesma Vila.”

Unidos da Vila Tibério - RP (236 membros)“Comunidade criada para osmoradores do bairro maistradicional de Ribeirão Pre-to, a Vila Tibério.Você que mora, já morou ouainda tem uma avó bem ve-lhinha que estava presentena inauguração da Antarctica no século passado, não pode es-tar fora daqui. Dê suas opiniões, reclamações dos velhos vizi-nhos velhos e seja feliz com bastante harmonia.”

Somos da Vila Tibério (177 membros)

Vila Tibério de Ribeirão Preto (166 membros)“Essa comunidade foi criadapara aqueles que moram ougostam da Vila Tibério de Ri-beirão Preto.... e pra nós des-ta comunidade nos conhecer-mos melhor, já que moramosno mesmo bairro...”

A tradicional cozinha árabe você encontra no

Café, Esfiha & Cia, o melhorquibe e esfiha de Ribeirão

DICAS DO CARDÁPIOQuibe frito – 10 tipos de recheio

Quibe grelhado – 10 tipos de coberturaCharuto / Kafta grelhada / Arroz com lentilha

Coalhada seca com pão sírioE mais de 40 tipos de esfiha aberta

Além dos pratos árabes, há outras opções,como o caldo caseiro e o filé à parmegiana

Café, Esfiha & Cia abre de 3ª a 6ª a partir das 17h e aossábados, domingos e feriados a partir das 10h30.

Av. do Café, 636 – Fone 3610-8510

DVD’s mais alugados emoutubro no Café Vídeo

1º. Batman Begins2º. Constantine3º. Refém4º. Assalto à 13ª DP5º. Cruzada6º. Operação Babá7º. O chamado 28º. O aviador9º. Miss Simpatia 210º. TriploX 2

Recomendação: Old BoyEm dezembro:

Os dois filhos de Francisco

Promoção: Toda quarta-feiraqualquer vídeo por R$ 3,00

Aberto de segunda a sábado,inclusive feriados, das 10 às 21h

Avenida do Café, 550 - Fones: 3635-9988 / 3633-4994E-mail [email protected]

Sobre o Orkutda Vila Tibério

O Orkut é uma ferramen-ta incrível para encontrar pes-soas e manter os relaciona-mentos. Já encontrei váriosamigos que eu não via há maisde 10 anos. Isso é comovente.Em uma das visitas, resolvihomenagear a nossa Vila, cri-ando uma comunidade para ostiberenses. É uma comunida-de aberta, onde você podepostar o seu evento e contara sua história, além de poderencontrar amigos de infância

Wladimir Bianchi

Se alguém quiser promo-ver algum evento na Vila econvidar a comunidade é sóparticipar dela e convidar osamigos. O endereço é:

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=799693

“Esta comunidade foi feitapara os meninos e meninasque frequentam ou fre-quentavam a nossa queri-da Vila Tibério, em Ribei-rão Preto.”

LAZER

Page 8: Jornal da Vila - n02 - novembro de 2005

Novembro de 2005

Se essa rua fosse minha...Martinico Prado – o homem

Martinico Prado – Lembranças

Martinho Prado Júnior,o Martinico, nasceu emSão Paulo em 1843. Filhode tradicional família pau-lista, foi criado na rua Con-solação, em São Paulo.Formou-se em Direito na Fa-culdade São Francisco, mas

preferiu viver no interiordo Estado com sua es-posa e filhos. Teve fa-zenda em Araras, atéconhecer as terras fér-teis da região de Ribei-

rão Preto. Na cidade, foi pro-prietário da fazenda Albertina,

que depois se tornou a fazendaGuatapará. Martinico tinhaidéias avançadas. Republicano,já sentia o fim da escravidão seaproximando e em 1886 fundoua Sociedade Promotora da Imi-gração, para atrair pessoas deoutras nacionalidades que que-

riam vir para o Brasil. Com vi-são empresarial, buscava asnovidades e as adotava. Juntocom outros empresários paulis-tas, adquiriu a primeira impres-sora para o jornal “A Provínciade São Paulo”, atualmente, “OEstado de S. Paulo”.

Investiu na construção daCompanhia Paulista de Estradade Ferro e atuou como deputadona Assembléia de São Paulo.

Martinico Prado foi um dosmais audazes empresários doséculo 19, apostando na moder-nidade.

A Martinico Prado tem a históriadividida entre antes e depois da Mo-giana. O início da rua era na AugustoSevero e somente com a retirada dostrilhos é que foi aberta uma passagempara a General Osório. Isso porém nãoa impedia de ter um comércio variado eprestadores de serviços.

Nas quintas-feiras era o dia da fei-ra, que começava na Epitácio Pessoa eterminava na Conselheiro Dantas. Láencontrava-se de tudo, era o supermer-cado que ainda não existia no Brasil.

Andando pela Martinico havia afábrica de calçados do Baldocchi, quedepois inovou os serviços funerárioshá mais de 40 anos, a padaria do JoãoCano, na esquina da Gonçalves Dias, oGaspar Carluccio, a foto Murakami, quemudou da Luiz da Cunha e até hojeestá em atividade; a Confecções Pedro,que encerrou há poucos meses; a Casado Governo, ambas na esquina da Ro-drigues Alves.

Passando pela praça Coração deMaria à noite, podia-se ver a fonte lu-minosa, o coreto e os jovens fazendo“footing”. Os homens andavam numsentido e as mulheres em outro, parapoderem se encontrar; a paquera cha-mava-se flerte.

Na esquina da Conselheiro Dantasoutro armazém, este da família Bernardi,a barbearia do sr. Ernesto Pagliari e afábrica de Vidros Santo Antônio. O sa-lão do Edson Tamburus, ao lado da qui-tanda do Português, ficava onde atual-mente está a Integral, o convênio odon-tológico que oferece as melhores condi-ções da cidade. Mais um pouco à frente,o fotógrafo Broccheto, o Otávio Ber-nardi, que consertava sapatos, e o sr.Alfredo, barbeiro. Neste quarteirão, hojese encontra a Kalu, moda e acessórios,com bijuterias bem originais. Na esqui-na com a Epitácio Pessoa ficava a loja daCida, onde agora temos o Sinício Cabeloe Cor, para quem quiser mudar o visual

ou apenas cuidar dos cabelos. A loja doCastor, que vendia tecidos, a linotipadoraColombo, a marcenaria do Berto Rissa-to, o Nei dentista, e a lenhadora do Ni-cola Novembri, que abastecia a maioriadas casas, pois o fogão era a lenha.

Os jogadores do Botafogo que nãopossuíam família em Ribeirão moravamna república do Tiri, na esquina com aParaíso.

O açougue do Pitta, esquina com aDois de Julho, e a Barbearia do Hemí-nio Rissato. Atualmente temos a Ca-momila, farmácia homeopática e de ma-nipulação, para fórmulas também decosméticos, florais e cristais.

A Martinico terminava no córregoAntártica, um riozinho límpido e raso.Podia-se andar por entre as pedras e ocapim e com uma peneira, que se apa-nhava na cozinha, pescar uns lambaris.Nos dias quentes os meninos amonto-avam as pedras e formavam um lagui-nho. Era a única piscina no bairro.

ESPECIAL