8
JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA ANO I - NÚMERO 01 - JUNHO DE 2013 CONSELHOS MUNICIPAIS LEIA AINDA: Histórico da fundação do Instituto de Engenharia Página 2 O Desafio do Desenvolvimento Sustentável e o CREA Página 6 PLANO PRIMEIRO Autonomia, Capacitação e Estrutura: o desafio ao poder público e à sociedade para viabilizar os importantes órgãos de controle social e de cidadania Página 7 Página 8 Retrospectiva das atividades do Instituto Personalidade da engenharia catarinense

JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA ANO I - NÚMERO 01 - JUNHO DE 2013

CONSELHOS MUNICIPAIS

LEIA AINDA:Histórico da fundação do Instituto de Engenharia Página 2O Desafio do Desenvolvimento Sustentável e o CREA Página 6

PLANOPRIMEIRO

Autonomia, Capacitação e Estrutura:o desafio ao poder público e à sociedade para viabilizar os importantes órgãos de controle social e de cidadania

Página 7Página 8

Retrospectiva das atividades do InstitutoPersonalidade da engenharia catarinense

Page 2: JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

HISTÓRICO DE FUNDAÇÃO DO INSTITUTO DE ENGENHARIA

O CONTEXTO NACIONAL

O CONTEXTO DE BLUMENAU E DE SANTA CATARINA

Um dos grandes exemplos desse processo tem ocorrido em Santa Catarina e especialmen-te no Município de Blumenau. Por muitos anos o contexto urbano no âmbito do Município tem se agravado, culminando em grandes problemas para toda a sociedade.

A partir de 2005, ano em que assumem as no-vas administrações municipais em todo País, um grande retrocesso técnico é patrocinado pela ad-ministração municipal de Blumenau: a extinção do IPPUB (Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Blumenau). As estruturas técnicas são remanejadas e os conselhos passam a ser subjuga-dos pela vontade da administração.

Este retrocesso histórico é prontamente criti-cado por lideranças da área técnica, as quais apon-tam que as ações efetuadas pela administração, trariam sérias conseqüências para toda a socieda-de, principalmente quando as demandas se apre-sentassem, em um futuro muito próximo.

Durante os anos de 2006, 2007 e 2008, lide-

ranças e pesquisadores renomados da área téc-nica, apontavam que o quadro urbano estava se agravando, devido à inexistência de uma estrutura adequada de planejamento, de fiscalização e de políticas habitacionais, entre outras. Afirmou-se que, no quadro urbano, estava se configurando um ambiente de alto risco e que caso não fosse rever-tido, culminaria com uma tragédia sem preceden-tes na histórica da cidade e também na região.

Inúmeros alertas foram efetuados, porém eco-aram no vazio. O poder público não efetuou as mudanças necessárias e as previsões se confirma-ram: em 22 de novembro de 2008, um dos maio-res desastres socioambientais do país ocorreu em Blumenau e na região, com perdas humanas e ma-teriais irreparáveis.

A partir deste momento, as mesmas lideranças e especialistas, criticam o processo que é efetua-do nos anos subseqüentes: o rumo não mudou, os erros foram repetidos e o quadro se agravou. Em setembro de 2011, novamente Blumenau e região são fustigadas por enchentes e deslizamentos, sendo noticiado por vários meios de comunicação que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou.

No decorrer do século XX, o Brasil passa por grandes transformações de ordem social, política, cultural, econômica e urbana. A partir da década de 1950, ocorre um acelerado processo de desen-volvimento e de urbanização no país. Junto com ele enormes demandas das áreas de infraestrutura, habitação, transportes, saneamento, entre outras.

Porém, ao contrário da necessidade, os avan-ços tecnológicos e científicos não se refletem nas estruturas da administração pública, sobretudo nos municípios brasileiros. Contrariando a lógi-ca, principalmente as administrações municipais, efetuam um desaparelhamento técnico, deixando ciências importantes como a engenharia, fora das estruturas municipais e longe da formulação e im-plementação de políticas públicas. Também, espe-cialmente a população mais pobre, não tem acesso aos serviços essenciais e tampouco acesso à classe técnica e aos serviços de engenharia. Este contex-to ocasiona, como defendem muitos analistas, um apagão tecnológico do Estado. Decorre dele, um processo de ocupação urbana irregular e desorde-nado, a degradação ambiental e a exclusão social. Tudo isto, com nefastas conseqüências para toda a população.

Editorial

A CRIAÇÃO E FUNDAÇÃO DO INSTITUTO DE ENGENHARIA

Neste contexto histórico anteriormente apre-sentado, lideranças e pesquisadores, vislumbram a criação de uma instituição, a qual pudesse man-ter permanentemente o debate sobre estes temas e que pudesse estar à disposição da sociedade e dos governos, para contribuir no atendimento às demandas urgentes e importantes da área pública. Bem como com objetivo de sociabilizar a técnica, levando às populações mais pobres a disponibili-dade dos essenciais serviços de engenharia.

Assim, em outubro de 2011, é montada uma Comissão Provisória, com vistas a criar um Ins-tituto de Engenharia e Pesquisa, composta pelos engenheiros Juliano Gonçalves, Lúcio Flávio da Silveira Mattos, Arlon Tonolli, Tiago Luis Pam-plona, José Jacques Zeitoune e tecnólogo Jadison Alexsander Fernandes.

Em 1º de dezembro de 2011, por proposição da Deputada Ana Paula Lima, a Assembléia Le-gislativa do Estado de Santa Catarina efetua uma Sessão Solene em que são homenageados enge-nheiros e pesquisadores, que efetuaram relevantes

| 02 | JUNHO 2013 | JORNAL PRIMEIRO PLANO

Engenheiro CivilJuliano Gonçalves

Presidente do Instituto de Engenharia, Pesquisa e Tecnologia de Santa Catarina

Page 3: JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

ENGENHARIA A SERVIÇODA SOCIEDADE

O Instituto, entre outras finalidades, tem por fim: envidar esforços em prol do progresso e do desenvolvimento sustentável do Estado de Santa Catarina e do País e utilizar a engenharia, a pes-quisa e a tecnologia a serviço da humanidade e do bem estar coletivo (Art. 2º do Estatuto). En-tre os principais propósitos, o Instituto objetiva: Promover ações visando a utilização da engenha-ria e da área técnica como instrumento de defesa

da dignidade humana; Promover ações visando a utilização da engenharia e da área técnica como instrumento de combate à pobreza, de redução das desigualdades sociais, do desenvolvimento sustentável, da preservação ambiental, da segu-rança pública, do combate à corrupção, da inova-ção tecnológica sem degradação, da qualidade de vida e da construção de uma sociedade inclusiva, mais justa e solidária; Colocar a técnica e a tec-nologia a serviço dos profissionais, da sociedade e dos órgãos públicos, primando pela sua aplica-ção com ética e responsabilidade socioambiental (Art. 4º do Estatuto)

São considerados fundadores, os 40 profissio-nais que assinaram a lista de presenças do dia 6 de dezembro de 2011, conforme ordem de assi-natura.

Em 9 de dezembro de 2011, através de docu-mento protocolado ao Presidente do CREA/SC, é comunicado à Presidência da autarquia e ao Ple-nário do Órgão Fiscalizador, a fundação do Ins-tituto de Engenharia, Pesquisa e Tecnologia de Santa Catarina. Em dezembro de 2012, por pro-posição do Vereador Deusdith de Souza, após tra-mitar e ser aprovada por unanimidade nas comis-sões da Câmara Municipal de Blumenau e pelo Plenário do Legislativo Municipal, é sancionada a Lei 7.821 de 17/12/2012, que “DECLARA DE UTILIDADE PÚBLICA O INSTITUTO DE EN-GENHARIA, PESQUISA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA”.

Desde sua fundação, o Instituto de Engenha-ria vem apresentando uma postura firme e isenta sobre as questões técnicas da atualidade, cum-prindo fielmente os objetivos propostos pelos fundadores.

PRIMEIRO PLANO é uma publicação do Instituto de Engenharia, Pesquisa e Tecnologia de Santa Catarina. www.instituto.eng.brPresidente: Eng. Civil Juliano Gonçalves; Vice-Presidente Executivo: Eng. Civil Lúcio Flávio da Silveira Mattos; Diretor Financeiro: Eng. Civil Tiago Luis Pamplona; Diretor 1º. Secretário: Eng. Florestal James Peixer; Vice-Presidente Administrativo: Eng. José Jacques Zeitoune; Vice-Presidente Câmara de Engenharia Civil: Eng. João Batista Gonçalves; Vice-Presidente de Atividades Técnicas: Tecnol. Jadison Alexsander Fernandes; Vice-Presidente de Engenharia Urbana: Eng. Arlon Tonolli; Vice-Presidente de Eng. de Sistemas de Transportes: Eng. Ivo Rogério Reinhold. Jornalista responsável: José Carlos Goes. Sede: Rua Timbó, 84 - Bairro Victor Konder - Blumenau SC.

JUNHO 2013 | JORNAL PRIMEIRO PLANO | 03

EXPEDIENTE

Ao contrário da necessidade,os avanços tecnológicos e científicos não se refletem nas estruturas das administrações públicas municipais

serviços na atuação da Engenharia Pública volta-da à prevenção de desastres; a habitação de inte-resse social; políticas urbanas e áreas correlatas no atendimento ao interesse social e humano.

Em 6 de dezembro de 2011, pesquisadores homenageados pelo Estado de Santa Catarina, li-deranças da área técnica, engenheiros e especia-listas, fundam oficialmente o INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA, em uma assembléia efetuada no auditório da Inspetoria do CREA/SC de Blumenau.

Com a presença de vários profissionais, mem-bros individuais e da diretoria de outras entida-des de engenharia, autoridades do Sistema CON-FEA/CREA, da Mútua/SC, da comunidade e da imprensa, foram procedidos os trabalhos de instalação e de constituição do Instituto. Após a aprovação dos Estatutos foi eleita a primeira diretoria da entidade, tendo como Presidente o Engenheiro Juliano Gonçalves e como Vice-Pre-sidente Executivo o Engenheiro Lúcio Flávio da Silveira Mattos.

Cidadania em debateFoto: José Carlos Goes

As manifestações em todo o País em junho de 2013, que inicialmente protestavam pela redução das tarifas de transporte e pela qualidade dos serviços nessa área, acabaram por se estender para vários outros setores essenciais: saúde, educação, segurança, entre outros. Demonstraram claramente a distância entre as decisões dos poderes constituídos e os anseios da população. Pesquisadores, historiadores, sociólogos e outros cien-tistas das áreas sociais e humanas ainda terão muito o que falar sobre os movimentos que aparentemente es-tão só no começo. E a classe técnica e científica devem estar atentas para contribuir na busca de soluções para o aperfeiçoamento das políticas sociais.

Page 4: JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

Os conselhos municipais têm importan-te papel na democracia brasileira que é o de contribuir com as políticas públicas munici-pais. Além de fiscalizar, estabelecer diretri-zes, zelar pela implementação de programas e pela gestão dos recursos efetuando o controle social, ainda pode propor políticas públicas, programas sociais, entre inúmeras outras atri-buições e funções.

Visam, portanto, a participação da po-pulação e o controle social na formulação e implementação de projetos, programas e de políticas públicas. Objetivam garantir a par-ticipação social e atender as expectativas e necessidades da população na formulação destas políticas.

Segundo o Portal da Transparência do Go-verno Federal, “o controle social pode ser fei-to individualmente, por qualquer cidadão, ou por um grupo de pessoas. Os conselhos ges-tores de políticas públicas são canais efetivos de participação, que permitem estabelecer uma sociedade na qual a cidadania deixe de ser apenas um direito, mas uma realidade. A importância dos conselhos está no seu papel de fortalecimento da participação democráti-ca da população na formulação e implemen-tação de políticas públicas”. Os conselhos são espaços públicos de composição plural entre Estado e sociedade civil, de natureza delibe-rativa e consultiva, cuja função é formular e controlar a execução das políticas públicas setoriais. Os conselhos são o principal canal de participação popular encontrada nas três instâncias de governo.(http://www.portalda-transparencia.gov.br/controle Social).

Usualmente os conselhos têm sido com-postos por um número par de conselheiros, em uma composição paritária, ou seja, sendo 50% de representantes da sociedade orga-

| 04 | JUNHO 2013 | JORNAL PRIMEIRO PLANO

nizada, ou sociedade civil e 50% dos repre-sentantes dos órgãos governamentais. Porém existem exceções, como os conselhos de saú-de e segurança alimentar, cuja composição pode ser diferenciada: nos conselhos de saúde 25% dos representantes são de entidades go-vernamentais, 25% de representantes de enti-dades não-governamentais e 50% de usuários dos serviços de saúde do SUS.

Muitas questões sobre os conselhos ain-da são polêmicas. Devido aos atuais modelos de planejamento comprovadamente inefica-zes, nos conselhos que visam à ordenação do espaço urbano, usualmente com composi-ção paritária, a sociedade está exigindo que a composição seja tripartite, ou seja, 1/3 dos representantes governamentais, e 2/3 da so-ciedade civil, sendo destes 1/3 representantes de órgãos técnicos ligados à construção do espaço urbano.

Para que os conselhos municipais tenham efetiva atuação, assegurando os direitos pre-vistos na constituição, além de terem atribui-ções claramente definidas, muitos desafios precisam ser superados. Várias pesquisas e estudiosos do assunto apontam problemas re-correntes em todo o território nacional: a falta de autonomia, manipulação, falta de estrutu-ra, ausência de informação aos conselheiros sobre suas atribuições.

Por isso, é preciso que sejam adotadas medidas fundamentais de autonomia, repre-sentação social, formação continuada dos conselheiros, infraestrutura e condições de trabalho. Este é o desafio a ser superado.

Apesar do assunto em tela ser complexo e abrangente, as questões ligadas aos conselhos municipais precisam de urgente atenção, para que a cada dia a cidadania e a democracia se-jam aperfeiçoadas no País.

Conselhos visam participação da população e o controle social na implementação de políticas públicas.

O Estatuto da Cidade, estabelecido pela Lei Federal nº 10.257/2001, permitiu ao Go-verno Federal criar o Ministério das Cidades em 1º de janeiro de 2003, preenchendo assim o vazio existente pela ausência de uma polí-tica urbana nacional, além de atender reivin-dicação histórica dos movimentos sociais, entidades e municípios que têm demandado uma reforma urbana para as cidades brasilei-ras, há mais de 30 anos.

Uma parte significativa da população dos 5.561 municípios brasileiros vive em assen-tamentos precários, em condições irregula-res, nas encostas, nos morros e nas margens de rios, afastados da infra-estrutura necessá-ria, dos equipamentos públicos, dos serviços e da possibilidade de lazer.

O desafio da inclusão social e territo-rial tem sido a referência básica tanto na implementação dos programas quanto na formulação das políticas setoriais, de desen-volvimento urbano e principalmente na prio-rização da prática da gestão democrática, por meio da realização da 1ª e 2ª Conferências Nacionais das Cidades e do Conselho das Cidades – ConCidades.

O processo de construção democrática da Política Nacional de Desenvolvimento Urba-no – PNDU requer a existência de conselhos das cidades atuantes e representativos, para que a política seja alicerçada nos anseios da maioria da população. A 2ª Conferência Nacional das Cidades, além de reforçar essa ideia, reafirmou a criação dos Conselhos como instrumentos importantes para a efeti-vação da política urbana e do controle social. Ela recomendou ser necessário um levanta-mento de todos os conselhos já existentes, nas áreas de planejamento e gestão do solo urbano, habitação, saneamento ambiental, transporte e mobilidade urbana a fim de ava-liar o funcionamento, a representatividade e a articulação existente entre estas políticas.

Em Blumenau, resultante de um amplo processo participativo da população, foi ins-tituída em 15 de dezembro de 2006, a Lei Complementar nº 615, que dispõe sobre o Plano Diretor do Município. Constituída de 153 artigos, a lei previa que os conselhos já existentes deveriam ser adequados e insta-lados no prazo máximo de 180 dias (artigo 148).

Os conselhos e o desenvolvimento

urbano

Capa

CONSELHOS MUNICIPAISFoto: Divulgação

Os conselhos municipais e seus desafios

Page 5: JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

Porém o que se observou em Blumenau, é que a partir da entrada em vigor da LC núme-ro 615/06, o processo participativo e demo-crática do Plano Diretor, ao longo dos anos, foi sendo desconstruído.

As conferências municipais da cidade fo-ram esvaziadas e minguadas, num processo espúrio e às avessas, sem sequer a instalação dos Fóruns Pró-criação de Conselhos.

A lei previa a criação do Conselho Muni-cipal do Plano Diretor, com composição tri-partite e no qual o Governo Municipal (pre-feitura) possuiria um terço da composição de 42 membros. Através da Lei Complementar nº 726, de 31 de agosto de 2009, aconteceu a principal desconstrução e um golpe na po-lítica de desenvolvimento urbano da cidade, com a manutenção do Conselho Municipal de Planejamento Urbano – Coplan, no qual a prefeitura possui 50% dos membros. O Con-selho Municipal do Plano de Diretor, previs-to na lei participativa, perdeu as principais atribuições, foi esvaziado, caiu num limbo e passou a se chamar Conselho da Cidade de Blumenau – Conciblu.

Fato largamente registrado na mídia, e também verificado nos resultados da ocupa-ção urbana, é que as políticas e diretrizes de planejamento da cidade nos últimos anos não atendiam as necessidades da cidade, levando inclusive, muitas vezes, a um processo insus-tentável e a um quadro caótico de grandes dimensões.

Entre outras reações, tal cenário ensejou a Câmara Municipal de Blumenau a avocar para si, novamente a plenitude da atribuição de legislar sobre as questões de uso e ocupa-ção do solo da cidade, pois como estava não poderia continuar: além de não estarem fun-cionando, as decisões estavam centralizadas em alguns setores e até em pessoas que ti-nham poderes ilimitados, ao passo que outros setores estavam completamente excluídos do processo participativo e muito mais do de-cisório. Na atualidade o Poder Legislativo e também o Executivo Municipal, encontram--se frente a uma oportunidade histórica na cidade: a de rever as atribuições e a respon-sabilidades dos conselhos, bem como das estruturas de planejamento e de elaboração de políticas, diretrizes, programas e projetos públicos no âmbito do Município. Tal revisão é imperativa face aos graves quadros em mui-tas áreas na cidade.

Foto: Divulgação

JUNHO 2013 | JORNAL PRIMEIRO PLANO | 05

Autonomia e capacitação dos conselhos

Como em outras cidades brasileiras, há um grande desafio em Blumenau para o novo governo, no que se refere a respeitar a “política pública municipal de gestão de-mocrática”, prevista no art. 21, da Lei Com-plementar 615/2006 e que instituiu o Plano Diretor Participativo de Blumenau, quando o legislador impôs o dever de “capacitar os Conselheiros através de Programas Per-

Talvez o Conselho Municipal de Ha-bitação de Blumenau possa caminhar para um novo momento, com a eleição dos no-vos conselheiros não governamentais, que aconteceu no decorrer dos meses de maio e junho deste ano.

Blumenau possui, segundo dados do IBGE, o maior número de habitações pre-cárias do Estado de Santa Catarina. Grande parte da população que mora na periferia e atrás dos morros da cidade, tem sido ma-peada como ocupante de áreas de risco, do ponto de vista geológico e ambiental, mui-tas em flagrante vulnerabilidade social.

No entanto, muitas destas áreas ma-

manentes de Capacitação”, como forma de conferir a necessária preparação e autono-mia aos Conselhos Municipais.

Tal situação, de ausência de cumprimen-to da lei até a presente data, não vem dando o necessário respaldo de adotar uma meto-dologia de trabalho que facilite a análise e as proposições dos segmentos sociais.

Um exemplo promissorpeadas como impróprias para a habitação, merecem uma melhor avaliação do ponto de vista de ocupação, devendo ser levada em conta a possibilidade de busca de re-cursos no Governo Federal para obras de contenção de encostas, drenagem pluvial e recuperação ambiental. O que faltam são os mapeamentos das áreas e a necessária cap-tação das verbas existentes mediante proje-tos específicos. Na elaboração dos projetos e programas e na busca das soluções, além de equipes altamente capacitadas do ponto de vista técnico, será fundamental a efetiva participação da sociedade. E a vontade polí-tica poderá ser um divisor de águas.

Ivone Gnewuch (2ª esq. p. dir.), coordenadora e Arlon Tonolli (C), diretor de comunicação da Uniblam,membros do Conselho Municipal de Habitação de Blumenau e componentes da Comissão Eleitoral Não

Governamental, José Valmir Roncálio (Ampe), Carla Back (Furb) e Dalva Day (Abludef) (última direita)

Page 6: JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

ARTIGO

O DESAFIO DO DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL E O CREA

LÚCIO FLÁVIO DA SILVEIRA MATTOS

Engenheiro Civil

Doutor em Engenharia Civil

Professor de Geologia de Engenharia, Mecânica dos Solos e Obras de Terra da FURB

Diretor Regional do CREA/SC - Inspetoria de Blumenau

[email protected]

As manifestações espontâneas que têm eclodido recente-mente pelo País inteiro, principalmente, nos meios urbanos, apresentam a reivindicação genérica comum de que as pro-messas que permeiam os discursos dos políticos venham a se traduzir em ações governamentais que sejam geradoras de um novo padrão de desenvolvimento sustentável, com efetiva de qualidade de vida para as gerações atuais e futuras.

Hoje, é um consenso entre os especialistas de diversas áre-as políticas, sociais, econômicas e científico-tecnológicas que o desenvolvimento sustentável passa obrigatoriamente pela harmonização das três vertentes do desenvolvimento econô-mico, do desenvolvimento social e da preservação e conser-vação ambiental; mais concretamente, o desenvolvimento econômico deve acarretar inclusão social, a conservação am-biental deve ser promotora de ecoeficiência, portanto, sem ig-norar a inexorabilidade do desenvolvimento econômico, e que não existe efetivo desenvolvimento social que não passe por uma viabilização da justiça sócio-ambiental.

O grito dos manifestantes de diversas classes sociais nas ruas do Brasil passou o recado que, muito além do desenvol-vimento econômico sustentável, com preocupação ecológica e ambiental, que tem inundado os discursos dos gestores públi-cos, é necessário haver sustentabilidade social e política, que passam obrigatoriamente por adoção de políticas distributivas

e a universalização de atendimento a questões como saúde, educação, habitação e seguridade social, além de um processo contínuo de construção da cidadania para garantir a incorpo-ração plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento.

São estes novos desafios que exigem que a sociedade seja orientada para o desenvolvimento por uma nova estirpe de líderes, menos dominados por um pensamento indutivo de resolução dos problemas e mais pela via racional hipotético--dedutiva. Há algum tempo, li que mais do que 50% dos pro-fissionais que se formam na China são das áreas das engenha-rias, enquanto no Brasil esse percentual é menor do que 20%. Realmente, aquele país há muito priorizou a formação de pro-fissionais de pensamento essencialmente hipotético-dedutivo, quiçá, por isso, tenha experimentado um desenvolvimento exponencial que suplanta em muito o crescimento vegetativo brasileiro.

É o tempo de cumprimento da profecia ou desejo de Fer-nando Pessoa, no Ultimatum do seu heterônimo Álvaro de Campos: “Mas eu só vejo o Caminho; não sei onde ele vai ter. Em todo o caso proclamo a necessidade da vinda da Huma-nidade dos Engenheiros! Faço mais: garanto absolutamente a vinda da Humanidade dos Engenheiros!”.

O CREA-SC, através da sua Inspetoria Regional de Blu-menau, tem como objetivo primordial garantir a segurança e a incolumidade públicas, mediante a valorização profissional de todos os engenheiros registrados no sistema e a defesa do exercício competente e ético da atividade da engenharia em benefício da qualidade de vida da sociedade. Assim, as di-retrizes de atuação na Região de Blumenau têm privilegiado essencialmente as seguintes vias: 1) familiarização gradativa dos acadêmicos universitários das várias áreas de engenharia com a dinâmica e organização do CREA, através do progra-ma CREA-Jr; 2) fortalecimento da educação continuada dos profissionais, através do programa PEC; 3) fiscalização das atividades de engenharia com uma postura essencialmente orientadora e preventiva, para evitar eventuais erros prejudi-ciais à sociedade.

A principal riqueza de um país é constituída pelos seus recursos humanos e no Brasil hodierno que urge pelo desen-volvimento tecnológico sustentável, uma parcela significante dessa riqueza inclui indubitavelmente todos os profissionais do sistema CONFEA/CREAs. Por isso, a sua valorização passa pela contínua defesa da sua dignidade, realização, reco-nhecimento, segurança e independência, no âmbito público e privado, como tem sido o foco principal da ação do CREA-SC na região da Inspetoria de Blumenau.

LÚCIO FLÁVIO DA SILVEIRA MATTOSVice-Presidente do Instituto de Engenharia, Pesquisa e Tecnologia de Santa Catarina

TEMAS DA ATUALIDADE

| 06 | JUNHO 2013 | JORNAL PRIMEIRO PLANO

Page 7: JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

Em 06 de dezembro de 2011, no auditório do Crea/SC – Inspetoria de Blumenau, foi oficialmente fundado, por 40 engenheiros e pesquisadores da área tecnológica do estado, o INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA.

Na presença de associados e da diretoria de outras entidades de engenharia, além de auto-ridades do Sistema CONFEA/CREA, da Mútua/SC, membros da comunidade e da imprensa, foram procedidos os trabalhos de instalação e de constituição do Instituto aprovado o estatu-to e homologada a primeira diretoria da entidade, foram eleitos o Engenheiro Civil Juliano Gonçalves para a Presidência e o Professor Dr. Lúcio Flávio da Silveira Mattos para a Vice--Presidência Executiva do Instituto.

Fundação do Instituto de Engenharia

Agenda com autoridades da regiãoO presidente do Instituto de Engenharia,

engenheiro Juliano Gonçalves, manteve uma agenda de visitas a autoridades e lideranças da região. Em 04 de março, esteve com o prefeito de Blumenau Napoleão Bernardes. Na pauta questões ligadas ao planejamento, habitação e prevenção aos desastres socio-ambientais.

O engenheiro avaliou que as demandas dos municípios de nossa região, guardadas as particularidades e dimensões, são simila-res, em áreas estratégicas de desenvolvimen-to, como habitação, saneamento, prevenção e sistemas de transportes. Ações conjuntas podem surtir avanços mais significativos. Um dos pontos mais comuns entre os pro-blemas dos municípios, estão o desaparelha-mento e até em muitos casos, a ausência das estruturas técnicas das administrações mu-nicipais. Também a falta de planejamento e

JUNHO 2013 | JORNAL PRIMEIRO PLANO | 07

O Instituto deEngenharia tem estado presente nos principais debatesda atualidade

www.instituto.eng.br

Foto: Eraldo Schnaider

de projetos consistentes em todas as áreas, como tem ocorrido em Blumenau, são situa-ções que precisam ser revistas e levadas em consideração com seriedade.

A audiência com o Prefeito Napoleão Bernardes transcorreu em um clima de mui-ta descontração e cordialidade, abrindo um caminho que possibilita a efetivação de par-cerias promissoras na construção de uma so-ciedade mais justa, segura e inclusiva, que possam propiciar a melhora da qualidade de vida de toda sociedade.

Juliano Gonçalves (D) com o prefeito Napoleão

A instituição tem entre seus principais objetivos, promover ações visando: a uti-lização da engenharia e da área técnica como instrumento de defesa da dignidade humana e como instrumento de combate à pobreza, de redução das desigualdades so-ciais, do desenvolvimento sustentável, da preservação ambiental, da segurança pú-blica, do combate à corrupção, da inovação tecnológica sem degradação, da qualidade de vida e da construção de uma sociedade inclusiva, mais justa e solidária.

Além disso, visa aprofundar o debate sobre as questões de sustentabilidade do estado, sobre a prevenção e enfrentamento dos desastres socioambientais, bem como de manter um fórum de discussão perma-nente à disposição da sociedade, cobrando as políticas e ações públicas necessárias para equacionar e em muitos casos solu-cionar os problemas sistemáticos que te-mos enfrentado nesta área.

DIRETORIA AVALIA PROJETOS E AÇÕES

Diretoria faz avaliação dos primeiros 18 meses

Foto: JAF

A diretoria do Instituto de Engenharia efetuou uma avaliação das ações desenvol-vidas pela entidade nos primeiros 18 me-ses de atividade. Foram debatidas as várias participações dos integrantes do Instituto em órgãos colegiados como CREA e Con-selhos Municipais, além das participações em audiências, seções legislativas e reuni-ões com a comunidade. Integrou a pauta da reunião, os projetos e ações para os próxi-mos meses.

Dentre os temas de maior relevância foram abordadas as questões de planeja-mento urbano, engenharia pública e regu-larização fundiária. Várias propostas neste sentido serão colocadas em curso.

RETROSPECTIVA

Planejamento em debateFoto Denner William / Ag.Camarablu

Presidente do Instituto Juliano Gonçalves

Na Câmara Municipal de Blumenau, no dia 07/05/2013, em espaço cedido pelo Presidente Vereador Vanderlei Paulo de Oliveira, o engenheiro Juliano Gonçal-ves, presidente do Instituto de Engenharia, manifestou-se sobre o debate causado pelo PLC 1265, 1266 e 1267/2013. Disse que a discussão tem gerado muitas considerações na mídia, algumas procedentes, outras não. Frisou que o atual modelo, que decide o uso e ocupação do solo e as diretrizes de pla-nejamento, praticadas nos últimos anos, são pautadas exclusivamente pela questão polí-tica, com decisão de uma minoria. Não con-templam a questão técnica, muito menos a participativa.

Page 8: JORNAL DO INSTITUTO DE ENGENHARIA, PESQUISA E …que autoridades demonstraram despreparo e que os erros se repetiram novamente e que apesar das inúmeras lições, nada mudou. No decorrer

PERSONALIDADEda Engenharia Catarinense

| 08 | JUNHO 2013 | JORNAL PRIMEIRO PLANO

Foto: Divulgação

Engenheiro Civil José Jacques Zeitoune:

Uma das mais importantes lideranças da área técnica de Santa Catarina

Atuando no braço social do sistema,Zeitoune teve forte atuação na assistência aos profissionais da engenharia, arquitetura e de toda a área técnica

Zeitoune entre os deputados Ana Paula Lima e Ismael dos San-tos recebendo home-nagem da Assembléia Legislativa

Idealizador do estande da área técnica foi um dos grandes parceiros da Fenahabit

Ele ocupa um cargo de destaque para Blume-nau e região, em uma entidade que tem a mis-são de auxiliar na carreira e facilitar a vida dos profissionais engenhei¬ros em Santa Catarina. É o engenheiro civil José Jacques Zeitoune, que exerce a função de diretor administrativo da Mú-tua (Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea de Santa Catarina), braço social do Sistema Confea/Crea (Conselho Federal / Regional de Engenharia e Agronomia).

- A Mútua utiliza 20 por cento das arrecada-ções que vêm da ART (Anotação de Responsa-bilidade Técnica – documento emitido pelos profissionais da engenharia e agronomia) que são destinados a um fundo social que objetiva atender os profissionais das diversas modalida-des de engenharia e agronomia, em benefícios como tratamento de saúde, aquisição de bens, construção, férias e outras modalidades - explica Zeitoune.

- Além disso temos convênios com hotéis, compra de passagens aéreas, compra de equi-pamentos em grandes empresas do País. Des-taca que um dos mais importantes serviços da atu¬alidade, fornecido pela entidade, é o Tecno-prev, voltado para sócios-contribuintes da Mú-tua.

- Por isso que é importante o profissional se associar à Mútua - aconselha. E as razões, con-forme Zeitoune, para que isso ocorra, vão desde o fato de conter os menores juros do mercado até a facilidade, agilidade de praticidade, na obtenção dos créditos. Por causa disso quem pega uma vez dinheiro da Mútua vai pegar sempre - costuma dizer Zeitoune.

Jacques, como é conhecido, fala com orgulho de ser engenheiro e da entidade da qual é um dos representantes da classe técnica catarinense.

Sobre o engenheiro O engenheiro civil José Jacques Zeitoune tem

54 anos e é natural do Rio de Janeiro. Forma-do há 27 anos, reside em Blumenau há 24 anos. Concursado do Samae, prestou serviços em ou-tras secretarias da prefeitura Municipal de Blu-menau, tendo exercido dentre as várias funções, a de Superintendente de Manutenção de Bairros da SEOSUR (Secretaria de Obras), Engenheiro Civil na SEMED (Secretaria de Educação) e na SEREFH (Secretaria de Regularização Fundiária e Habitação). No CREA-SC, ocupou o cargo de Diretor Regional no período de Janeiro de 2000 até Dezembro de 2008. No SENGE-SC foi dele-gado Sindical, no período de Janeiro de 1999 até Dezembro de 2011.

Zeitoune presidiu a AEAMVI – Associação dos de Engenheiros e Arquitetos do Médio Vale do Itajaí em 2005, tendo feito parte da diretoria em várias anos. Na MÚTUA-SC - Caixa de As-sistência dos Profissionais do CREA-SC, ocupa atualmente o cargo de Diretor Administrativo, tendo sido eleito pelos profissionais do estado de Santa Catarina em 2008 para um mandato de 3 anos (de janeiro de 2009 a dezembro de 2011) sendo reeleito para o período de 2011 a 2014.

É sócio fundador e membro da diretoria do Instituto de Engenharia, Pesquisa e Tecnologia de Santa Catarina. Zeitoune foi o principal ar-ticulador e idealizador de importantes ações e projetos da engenharia no estado, em várias ver-tentes. Tanto criou o “estande da área técnica”, freqüentado por milhares de profissionais nos úl-timos anos durante a Fenahabit, como lutou pela criação de mecanismos de liberação de recursos emergenciais aos profissionais atingidos por ca-tástrofes no país.

Em dezembro de 2011, por proposição da De-putada Ana Paula Lima, a Assembléia Legislati-va do Estado de Santa Catarina, homenageou o engenheiro, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à engenharia e à assistência profissional do estado.