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Meta é qualificar 7oo; 125 já foram encaminhados O Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil (Icep Brasil) iniciou, em fevereiro, novo projeto: Curso de capacitação profissional e inclusão social. Entre fevereiro e maio, foram formadas três turmas em informática básica e avançada, telemarketing, configuração e manutenção de microcomputadores e web design, em um total de 280 alunos. Pioneiro na cidade, o projeto, criado em parceria com a Secretaria para Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia estimula também a socialização entre pessoas deficientes e não deficientes. Ainda há vagas para as próximas turmas. Página 3 Jornal do ICEP Brasil Fábrica de cadeiras de rodas sob risco de fechar A fábrica de cadeiras de rodas do ICEP Brasil, pro- jeto pioneiro que permitiu a doação de mais de três mil unidades no Distrito Federal pode fechar. Desde novembro, o contrato com o GDF não é renovado. Página 4 Leia o artigo “Fim da terceirização: como fica o deficiente?”, do presidente do ICEP Brasil, Sueide Miranda. Página 2 Central de Libras pode superar meta de atendimentos em 30% A dois meses de encerrar as atividades, a Central de Libras se aproxima rapidamente da meta inici- al de atender 1440 pessoas no DF. Até o fechamento desta edição, 1162 pessoas haviam solicitado a visita de um intérprete de Libras a hospitais, postos de saúde, delegacias, bancos e empresas privadas. “O projeto é um sucesso e vamos lutar para que ele seja permanente”, afirma o presiden- te do ICEP Brasil, Sueide Miranda., para quem a central deve superar a meta de atendimentos em 30% Página 5 Senado aprova aposentadoria especial para deficiente Projeto que reduz prazo de contribuição para que deficientes possam se aposentar em até dez anos foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais do Se- nado. A proposta poderá ser votada em plenário ainda em julho. Página 6 Cursos de capacitação formam 280 alunos Boletim informativo do Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil Junho/Julho - 2010 Foto: Severino Agripino

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Meta é qualificar 7oo; 125 já foram encaminhados O Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil (Icep Brasil) iniciou, em fevereiro, novo projeto: Curso de capacitação profissional e inclusão social. Entre fevereiro e maio, foram formadas três turmas em informática básica e avançada, telemarketing, configuração e manutenção de microcomputadores e web design, em um total de 280 alunos. Pioneiro na cidade, o projeto, criado em parceria com a Secretaria para Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia estimula também a socialização entre pessoas deficientes e não deficientes. Ainda há vagas para as próximas turmas.

Página 3

Jornal do ICEP Brasil

Fábrica de cadeiras de rodas sob risco de fecharA fábrica de cadeiras de rodas do ICEP Brasil, pro-

jeto pioneiro que permitiu a doação de mais de três mil unidades no Distrito Federal pode fechar. Desde novembro, o contrato com o GDF não é renovado.

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Leia o artigo “Fim da terceirização: como fica o deficiente?”, do presidente do ICEP Brasil, Sueide Miranda. Página 2

Central de Libras pode superar meta de atendimentos em 30%

A dois meses de encerrar as atividades, a Central de Libras se aproxima rapidamente da meta inici-al de atender 1440 pessoas no DF. Até o fechamento desta edição, 1162 pessoas haviam solicitado a visita de um intérprete de Libras a hospitais, postos de saúde, delegacias, bancos e empresas privadas. “O projeto é um sucesso e vamos lutar para que ele seja permanente”, afirma o presiden-te do ICEP Brasil, Sueide Miranda., para quem a central deve superar a meta de atendimentos em 30%

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Senado aprova aposentadoria especial para deficiente! Projeto que reduz prazo de contribuição para que deficientes possam se aposentar em até dez anos foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais do Se-nado. A proposta poderá ser votada em plenário ainda em julho. Página 6

Cursos de capacitação formam 280 alunosBoletim informativo do Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil Junho/Julho - 2010

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2 JUNHO/JULHO DE 2010

ARTIGO

Fim da terceirização: como fica o deficiente?

JORNAL DO ICEP BRASIL

Informativo bimestral do Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas

com Deficiência do Brasil

Presidente: Sueide Miranda Leite

Diretora Administrativa: Roselma da Silva Cavalcante

Texto, edição e projeto gráfico:Fernando Cruz - 2317/MTb

Fotos: Rose Brasil e Severino Agripino

Endereço: SIA Trecho 3 Lote 1240,

Brasília - DF CEP 71 200-030Telefone (61) 3031 1700

Fax (61) 3031 1703www.icepbrasil.com.br

email: [email protected]

* Sueide Miranda

* presidente do ICEP Brasil

O Ministério do Planejamento e o Mi-nistério Público do Trabalho (MPT) firma-ram um termo de conciliação judicial que es-tabelece até o fim de 2010 para que traba-lhadores terceirizados sejam substituídos por aqueles aprovados em concurso. A medida visa o fim da terceirização, apontada como um dos fatores determinantes para a inefici-ência do serviço público.

O ICEP Brasil entende a necessidade de melhoria da qualidade e eficiência nos ór-gãos públicos. Nada mais justo que o sistema de mérito oferecido pelo concurso público para a contratação de funcionários compe-tentes. É necessário observar, contudo, que os contratos firmados pelo ICEP e por outras entidades com o governo para empregar pessoas com deficiência estão fora do termo de conciliação.

Senão, vejamos. O Estado brasileiro tem uma dívida histórica por séculos de omissão para com o deficiente, sempre obri-gado a viver à margem da sociedade. O viés de inclusão e responsabilidade social destes contratos diminui mas não elimina de forma alguma esta dívida. É por meio destes con-tratos que centenas de pessoas com deficiên-cia tiveram uma oportunidade de ingressar no serviço público. Quando se observa a lista de aprova-dos em concurso público, percebe-se que, in-felizmente, ainda existe um número grande de vagas não preenchidas por deficientes, mesmo pelo sistema de cotas. E por que isso acontece? Ora, não é preciso ser especialista em emprego para perceber que o deficiente, com direito a cotas ou não, não consegue concorrer em condições de igualdade a uma vaga no serviço público.

Como se não bastasse, há casos que abrem um precedente perigoso. Segundo o jornal Valor Econômico, a 70ª Vara do Tra-balho de São Paulo cancelou uma multa de R$ 38 mil a uma empresa de telecomunica-

ções por não cumprir a cota de 4% de pesso-as com deficiência em seu quadro, prevista na Lei nº 8.213, de 1991. Segundo a reporta-gem, “a Justiça levou em consideração a difi-culdade em encontrar portadores no merca-do em número suficiente para preencher a cota, reconhecendo os esforços apresentados pela empresa no processo”. Sabemos que inúmeras empresas usam este argumento para se livrar das contratações e multas. Mas o que aconteceria se todas as empresas fossem absolvidas na Justiça por não cum-prirem a lei?

É fato que, quando estimulado e bem preparado, o deficiente torna-se uma aquisi-ção de peso nos quadros do governo. Nos úl-timos 10 anos, mais de 300 deficientes, funci-onários do ICEP que prestaram serviços ao governo federal, foram aprovados em con-cursos públicos. Quantos tem condição de se preparar para uma maratona de estudos, ainda mais sem estarem empregados?

O fim da terceirização representa, portanto, uma diminuição considerável do já baixo número de deficientes trabalhando na esfera federal. E fica a pergunta: que políti-cas o governo pretende implementar para dar oportunidades para que o deficiente de-mitido possa exercer novamente sua cidada-nia?

O ICEP Brasil parabeniza os ministé-rios da Cultura e das Comunicações, o Conse-lho Federal de Contabilidade, a Fundação Cultural Palmares, Senado Federal, a Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) e o SLU (Serviço de Limpe-za Urbana) pelas parcerias que geraram centenas de empregos no governo federal e outros milhares nas empresas privadas. Em-pregos para trabalhadores deficientes ínte-gros e competentes, antes excluídos das esta-tísticas de emprego do Ministério do Traba-lho.

O presidente do ICEP, Sueide Miranda

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Cursos de capacitação no ICEP BrasilEntre fevereiro e maio, 280 alunos foram qualificados. Desde o inicio, 125 foram encaminhados ao mercado de trabalho

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citação profissional para pessoas com deficiência e em situação de vulne-rabilidade social do DF e Entorno, formou três turmas entre os meses de fevereiro e maio. A par-ceria entre o ICEP Brasil e o Ministério da Ciência e Tecnologia qualificou 280 alunos nos cursos de telemarketing, informá-tica básica, web design e configuração e manuten-ção de microcomputado-res. As aulas da quarta turma se-rão encer-r a d a s n o dia 6 de ju-lho. Ainda h á v a g a s para novas turmas.

Neste ano, a meta é qualificar 700 pessoas na sede da entidade. Desde o início do ano, foram encami-nhados para o mercado de trabalho 125 alunos. Destes, 60 foram empre-gados.

Desde que o insti-tuto incluiu no programa a qualificação também de alunos não deficientes nos cursos, observou-se

um aumento progressivo da participação de pes-soas consideradas em si-tuação de vulnerabilida-de social e não necessa-riamente deficientes. O objetivo de criar vínculos entre as partes e estimu-lar a convivência deu certo, levando-se em conta que a convivência em sala de aula tende a se repetir nos futuros ambientes de trabalho.

“Não perdemos o foco na qualificação de

deficientes, m a s a abrangên-c i a d e s t e p r o j e t o é muito im-portante do p o n t o d e vista da in-clusão soci-

al”, afirma o presidente do ICEP Brasil, Sueide Miranda. Para ele, é muito saudável estimular o convívio entre as par-tes. “É a sociedade que ganha com o exercício da cidadania”. Outras três turmas irão capacitar pelo menos mais 420 alunos até o final de se-tembro.

No alto: manutenção e configuração de computadores na prática Acima: cursos estimulam convívio com alunos não deficientes

700é o número de

alunos queserão qualificados até

o final do ano

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Fábrica de cadeira de rodas ameaçadaGDF não renova contrato desde novembro; produção cai 85% e fábrica pode fechar

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A fábrica de cadeiras de rodas do ICEP Brasil, reconhecida no país pelo pioneirismo e pela qualidade das cadei-ras, pode estar com os dias contados. Desde o fim do contrato firmado com o governo do Distrito Federal, em novem-bro passado, a fábrica vem encontrando dificuldades em manter as atividades e reduziu a produção em quase 85%. Em atividade desde 2005, a fábri-ca, que inicialmente vendia cadeiras a preços abaixo do mercado, passou a fa-zer distribuição e também a manutenção de cadeiras que precisavam de reparo. Em menos de cinco anos, foram distri-buídas mais de três mil cadeiras de ro-das para pessoas deficientes do DF e re-gião do Entorno. “Sempre tivemos a impressão que o governo Arruda não parecia compro-metido com a inclusão social. O escân-dalo do mensalão do DEM provou que a impressão era verdadeira”, diz o presi-dente do ICEP, Sueide Miranda. “O que não esperávamos é que a mesma atitude

caracterizaria a nova administração, que não demonstrou interesse em man-ter uma política de inclusão social tão importante como esse projeto”. A fábrica saiu do papel em 2005, com financiamento inicial do Banco Na-cional de Desenvolvimento Econômico e

Social (BNDES). “O pioneirismo foi um traço desde o começo”, conta Sueide, lembrando a produção das cadeiras personalizadas de acordo com as neces-sidades e o tipo de deficiência do usuá-rio. Além disso, a fábrica inovou tam-bém ao manter as instalações adapta-das especialmente para que deficientes pudessem trabalhar. A fábrica foi inau-gurada pelo então ministro dos Espor-tes, Agnelo Queiroz e, à época, pelo se-cretário de Ciência e Tecnologia, Rodri-go Rollemberg. Com o fim do contrato com o GDF, a fábrica parou de fazer as doa-ções. “Apesar disso, ainda mantivemos o preço mais baixo do país”, assegura Sueide. Segundo ele, o instituto irá bus-car parcerias com o governo federal para evitar o fechamento completo. “Es-peramos sensibilizar o governo, até por-que o Estado tem uma dívida social para com o deficiente. Aqui no Distrito Fede-ral, quem sabe com a mudança de go-verno em 2011 as coisas sejam diferen-tes”, resigna-se.

A inauguração: apoio de Rodrigo Ro!emberg e de Agnelo Queiroz Construindo cidadania: as primeiras cadeiras distribuídas, em 2005

Crianças recebem cadeiras de Sueide Miranda

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A Central de Libras, parceria do ICEP Brasil com o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio da Se-cretaria de Ciência e Tecno-logia para Inclusão Social, completa seis meses de ativi-dade com um número de atendimentos tão impressio-nante que será difícil o proje-to não tornar-se permanen-te: 1162. O projeto encerra as atividades no final de agosto com uma meta de 1440 atendimentos, uma mé-dia 180 por mês.

Se depender da vonta-de do presidente do ICEP Brasil, Sueide Miranda, a Central de Libras veio para ficar. “Os números falam por

si. Os atendimentos mostram que estávamos certos quanto a necessidade desse canal de comunicação entre deficien-tes auditivos e a sociedade”, afirma. Segundo ele, a expec-tativa é que os atendimentos superem a meta inicial em 30%. “Um resultado deste porte não pode ser ignorado. Vamos buscar os recursos necessários e novos parceiros para manter e ampliar a Central de Libras e atender os surdos em todas as cida-des satélites. A ideia é tripli-car a equipe de atendentes e intérpretes”, adianta.

As visitas dos intérpre-tes, que são agendadas pela internet (chat), por fax e pelo

serviço 0800, continuam em maior número em hospitais, postos de saúde e empresas do terceiro setor, mas tam-bém aumentaram em ban-cos, órgãos públicos e até de-legacias.

A supervisora de Ope-rações da Central de Libras, Luciene França, relatou um caso de violência, registrada na Delegacia da Mulher, na asa sul, de uma jovem defici-ente agredida pelo padrasto. Auxiliada pelo intérprete Ru-bens de Almeida, a jovem, que prefere não se identifi-car, foi orientada a registrar o ocorrido com base na Lei Maria da Penha, que dá am-

paro legal a mulheres viti-mas de violência. “Ela reconheceu a im-portância do auxílio naquele momento, uma vez que pas-sou por situação semelhante antes e sentiu extrema difi-culdade em comunicar-se com os agentes. Prevendo si-tuações assim, muita gente até desiste de levar em frente um processo por abuso sexu-al ou agressão física”, diz Sueide. “É por isso que este amparo fornecido pela Cen-tral de Libras é fundamental. Não podemos parar agora”. A Central de Libras continu-ará funcionando até o final de agosto.

Central de Libras supera todas as expectativas

A dois meses do encerramento, atendimentos chegam a 1162 e devem superar meta em 30%

Em solenidade de inauguração da Central de Libras, o presidente do ICEP Bra-sil, Sueide Miranda, entrega certificado ao secretario de Ciência e Tecnologia, Rooselvet Tomé. Ao lado, Sueide, o funcionário do ICEP, Waldimar Carvalho da Silva, e o ex-secretario Joe Va"e

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Aprovada aposentadoria especial no SenadoPressão de entidades de deficientes no Congresso surtiu efeito; proposta pode ser votada em plenário ainda em julho

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A Comissão de Assun-tos Sociais do Senado aprovou no dia 7 de julho, por unanimi-dade, o projeto de lei que trata da aposentadoria especial para pessoas com deficiência. Pelo texto, o prazo de contribuição para que deficientes possam se aposentar pode ser reduzido em até dez anos, dependendo do grau de deficiência. O prazo de contribuição por idade tam-bém será reduzido. A votação em plenário poderá ser ainda neste mês. O senador Flávio Arns (PSDB-PR) assinou re-querimento para que o projeto seja votado em regime de ur-gência. Quem tem deficiência considerada leve terá uma re-dução de cinco anos neste pra-zo, quem apresenta deficiência moderada contribuirá oito anos a menos e quem tem deficiência grave terá prazo dez anos me-nor para a aposentadoria com base no tempo de contribuição.

No caso da aposentadoria por idade, cai de 65 para 60 entre os homens e de 60 para 55 en-tre as mulheres a idade para a aposentadoria desde que seja cumprido um tempo mínimo de 15 anos de contribuição. Será necessário também comprovar que a deficiência existe há 15 anos para se conseguir a apo-sentadoria especial por idade. A definição da gravidade da defi-ciência seria atestada em perí-cia pelo INSS e o agravamento da condição justificaria a ante-cipação da perícia. “Estamos cada vez mais próximos de corrigir uma dis-torção histórica para com as pessoas com deficiência. A questão da aposentadoria é parte de uma discussão ampla no que diz respeito ao pleno exercício da cidadania da pes-soa com deficiência e que preci-sa ser colocada para a socieda-de brasileira”, afirmou o presi-dente do ICEP Brasil Sueide

Miranda, presente no mo-m e n t o d a v o t a ç ã o .

O ICEP está à frente de uma comissão formada por en-tidades de pessoas com defici-ência que, com o apoio do de-putado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) vem desde o ano pas-sado pressionando o Congresso para aprovar a matéria. A co-missão foi recebida pelo presi-dente da Câmara, Michel Te-mer, que prometeu acelerar a entrada da proposta em pauta. No mês passado, o senador Cristovam Buarque também reuniu-se com a comissão e prometeu apoio imediato. “A mobilização é fun-damental para acelerar o an-damento do processo”, atestou Rollemberg, que intermediou as reuniões na Câmara e Sena-do. “Estamos prontos para mais uma mobilização no plenário do Senado. Temos muita pressa em relação a essa proposta”,

Apoiadas pelo deputado Rodrigo Ro"emberg, entidades pressionaram o presidente Michel Temer

Justiça garante isenção de ICMS a deficiente na com-pra de veículo A 5ª Vara da Fazenda Pública do DF concedeu ao cadeirante Andson Silva Freitas o direito de comprar veí-culos sem pagamento de ICMS. Inici-almente, ele teve o pedido de isenção do imposto negado na Receita Federal sob o argumento de que não possui habilitação. Impossibilitado de dirigir pela deficiência, Andson argumentou que a interpretação literal da lei “é anti-so-cial e discriminatória” e informou no processo a existência de um motorista que irá guiar seu veículo. Foi o bastan-te para que o juiz Rômulo de Araújo Mendes assegurasse o direito ao ca-deirante. O caso de Andson não é inédito na Justiça brasileira. Em julgamento semelhante, o Supremo Tribunal Fe-deral já concedeu o benefício da isen-ção para deficientes, entendendo que deve prevalecer o interesse social aci-ma do interesse econômico .

À direita, Andson Freitas, ao lado do ir-mão Márcio: carro novo sem imposto

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7 JUNHO/JULHO DE 2010

ICEP PARTICIPA DA AÇÃO GLOBAL Cerca de 900 pessoas compareceram dia 22 de maio à terceira etapa da

Ação Global/Sesi, que tem como um dos colaboradores o ICEP Brasil. Com vendas nos olhos, crianças brincaram de túnel tátil (reproduzindo a sensa-ção de tocar objetos sem auxílio visual). Além disso, foram montadas ofici-nas de Libras e de artesanato e decoração para crianças.

900foi o número de participantes da

Ação Global

O túnel tátil fez sucesso entre crianças e adultos

Time de basquete em ritmo quente

Preparando-se para o campeonato re-gional, que será realizado em Caldas Novas (GO), em agosto, o time de basquete do ICEP Brasil não tira o olho do campeonato brasi-leiro, programado para outubro, em Joinville (SC). O time que era patrocinado ano passa-do pela Volkswagen Caminhões e Ônibus agora é apoiado pela MAN Latin America e encontra-se em fase final de treinamento.

Para estar em plena forma para as dis-putas, a equipe do ICEP segue uma rigorosa rotina de treinos duas vezes por semana e jogos amistosos aos sábados. “Temos uma equipe de 12 atletas, sendo três deles nova-tos”, entusiasma-se o experiente técnico Marcelo Mendes, responsável pela trajetória de vitórias que culminaram na consagração do campeonato brasileiro da terceira divisão.

Comunidade surda debate inclusão social no ICEP! O ICEP Brasil sediou, dia 8 de maio, uma reunião com representantes da comunidade surda no DF para discutir a situação do deficiente auditivo e o estabelecimento de estratégias de inclusão social do surdo. Entre os temas debatidos, a regularização da profissão de intérprete de Libras e a criação de cursos preparatórios para concursos e vestibulares em Li-bras. Durante o encontro, surdos e intérpretes de Libras manifestaram suas opiniões. A reunião lançou as bases do Encontro de Conscientização sobre Defi-ência Auditiva, que será realizado dia 31 de julho.! Os participantes levantaram as dificuldades geradas pela falta de intérpretes nos mais diversos setores e falta de qualificação por parte do governo federal de servidores públicos em Libras. Um dos pontos discutidos foi o desrespeito aos universitários, por causa da ausência de intérpretes. A UNIEURO, por exemplo, solicita que o surdo pague um profissi-onal para fazer interpretação das aulas.

! Embora algumas providenciem intérpretes, a maioria tem apenas o curso básico e, por isso mesmo, não tem qualificação adequada. Foi sugerido que o ICEP Brasil por conta da sua longa história e serviço prestados aos surdos passe também a avaliar o nível dos profissionais antes de serem enviados para as universidades.! Os deficientes reivindicaram ainda igualda-de de condições na realização de concursos públicos e vestibulares. Segundo os surdos, as provas precisam ser adaptadas às suas necessidades. Além disso, não há cursos preparatórios para concursos e vestibulares na Língua de Sinais, o que resulta também em um alto índice de reprovação nas provas. ! Ao final do encontro Sueide apresentou os intérpretes que trabalham no Senado, bem como destacou os profissionais da “Central de Libras que desenvolvem um brilhante trabalho”.

Time do ICEP: rotina de treinos e amistosos

Encontro reuniu centenas de surdos no ICEP

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8 JUNHO/JULHO DE 2010

Velho conhecido de Sueide Miranda,

Carlos Augusto Lopes sempre admirou o trabalho do presidente do ICEP Brasil à frente do instituto. So não imaginava que a admiração logo se transformaria em since-ra gratidão. Aprovado em 2005 para física na Universidade Católica de Brasília, Car-los se viu sem dinheiro para pagar a matrí-cula. Para não deixar o jovem sem a opor-tunidade de estudar, o ICEP pagou a taxa.

“Eles não me pediram nada em tro-ca. Apenas que me dedicasse ao curso. Nunca me esqueci disso”, diz Carlos. Já matriculado e estudando com a garantia de uma bolsa, Carlos ainda precisava re-solver outro problema: continuava desem-pregado. Ciente do problema, o ICEP en-caminhou Carlos para trabalhar na NET. O trabalho ia bem quando Carlos precisou fazer uma cirurgia pelo INSS. De volta ao posto, o cadeirante foi demitido sem maiores explicações. “Disseram ape-nas que a empresa estava passando por

reestruturação. Fiquei revoltado porque sei que não fui mandado embora por in-competência”, atesta. Carlos decidiu então encarar uma maratona de estudos e prestar concurso público. A disciplina de estudos diários rendeu frutos: ele foi aprovado na Secreta-ria de Educação do DF. Feliz com o resul-tado o jovem assustou-se com o valor da prova de proficiência: mais de 900 reais. “Eu já estava desempregado há mais de seis meses, não tinha condição de pagar”. Desesperado, recorreu ao ICEP e, mais uma vez, não ficou na mão. “O ICEP pa-gou e novamente não pediu nada em tro-ca. O Sueide disse que só a satisfação de ver mais um deficiente aprovado em con-curso bastava”, conta ele. Carlos diz que não há segredo para a aprovação. É preciso apenas disciplina. “Enquanto os outros estão bebendo o cho-pe e comendo batata frita, você estuda pe-los menos duas horas por dia. Depois co-lhe os frutos. Para ele, quem diz que não tem tempo para estudar está dando des-culpa. “O dia tem 24 horas, dá para en-

contrar tempo”. Carlos avalia o trabalho realizado pelo ICEP Brasil como imprescindível para o deficiente. “O ICEP deveria expandir-se em todo o território nacional. No interior do país, no Nordeste, não há entidades que briguem pelo deficiente. O ICEP tem uma política forte e não se cansa de bater na mesma tecla: o deficiente é capaz”, elo-gia Carlos Augusto. “Eles acreditaram em mim. Hoje estou muito feliz com meu tra-balho”.

“Esqueça o chope e a batata frita”Eis a receita utilizada pelo cadeirante Carlos Augusto Lopes para passar em concurso público

Carlos Augusto: “O ICEP nunca me pediu nada, só que eu me dedicasse aos estudos”

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O ICEP NA MINHA VIDA

Secretaria de Ciência e Ministério daTecnologia para Inclusão Social Ciência e Tecnologia