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Brigadeiro Negro e suas Diversidades FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA, PÁG. 3 BRASIL, PAÍS DAS DIVERSIDADES, pág. 4 Alafim apresenta: O Resgate de uma Raça Sábado, 01 de dezembro de 2012 Ano III – n° 03 [email protected] RENUNCIANDO O IMPOSSÍVEL, pág. 6 Gazeta Estudantil Malungos

Jornal malungos

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Brigadeiro Negro e suas Diversidades

FORMAÇÃO DA

IDENTIDADE

NEGRA, PÁG. 3

BRASIL, PAÍS DAS

DIVERSIDADES,

pág. 4

Alafim apresenta: O Resgate de uma Raça Sábado,

01 de dezembro de 2012

Ano III – n° 03

[email protected]

RENUNCIANDO

O IMPOSSÍVEL,

pág. 6

Gazeta Estudantil Malungos

01 de Dezembro de 2012 Malungos

AGRADECIMENTO

“POSSO TODAS AS COISAS EM CRISTO QUE ME FORTALECE”.

(Filipenses 4:13)

OBRIGADA, SENHOR DEUS, POR TUDO QUE NOS TÊM

CONCEDIDO, POR TUDO QUE TENS PROMOVIDO, POIS SEM

Ti NADA PODEMOS FAZER.

TE AGRADECEMOS PELAS NOSSAS VIDAS, PELO QUE TENS

NOS ENSINADO A CADA DIA E PEÇO-TE QUE CONTINUES NOS

ABENÇOANDO COM O DOM DA SABEDORIA PARA QUE

POSSAMOS FAZER SEMPRE TUA VONTADE E CONTRIBUIR

PARA O BEM DO NOSSO PRÓXIMO.

PALAVRAS SÃO INSUFICIENTES PARA TE AGRADECER, POR

ISSO, TE DIZEMOS SOMENTE, OBRIGADO!

Marília Vieira Lustosa

Gazeta Estudantil Malungos

Direção, Revisão, Coordenação: Marília Vieira Lustosa

Colaboração/Organização Gráfica: Antonio Bernardo

Fioravanti & Bira Vianna

História em Quadrinhos: Beatriz Conrado, Brenda de

Souza, Cleidson Nascimento, Davi Ferraz, Danilo Néri,

Gabriela Silveira, Regina Suzarth

Endereço:

Colégio Estadual Brigadeiro Eduardo Gomes

Rua São Geraldo, 24 – Matatu

Fone 3233-2150 / 3382-6477

Blog – http://cebegomes.blogspot.com

Malungo era o termo usado pelos cativos para

nomear um companheiro durante a desafortunada

viagem dos navios negreiros.

ESCLARECIMENTOS

A IDEALIZAÇÃO DESTA PUBLICAÇÃO SURGIU EM 2009, APÓS

A DIREÇÃO DA ESCOLA TER MANIFESTADO O DESEJO DE

INCLUIR TODOS OS DEPARTAMENTOS DA MESMA NOS

PROJETOS DE COMEMORAÇÃO DO DIA DA CONSCIÊNCIA

NEGRA. A BIBLIOTECÁRIA MARÍLIA VIEIRA COM A

COLABORAÇÃO DOS EDUCADORES: ANTONIO BERNARDO

FIORAVANTI, ÁUREA CRISTINA SOARES E SILVANA CALAZANS

CRIA O JORNAL COMUNIDADE QUILOMBOLA, ELE TEM

COMO OBJETIVO REUNIR MEMBROS DA UNIDADE ESCOLAR,

PRINCIPALMENTE OS ALUNOS PARA DISSERTAR SOBRE

TEMAS RELATIVOS À HISTÓRIA DOS NEGROS.

O JORNAL VEM MELHORADO SUA PRODUÇÃO A CADA

EDIÇÃO, O PRIMEIRO FOI RÚSTICO, O TERCEIRO JÁ

ADQUIRIU UM FORMATO E PARA FICAR MAIS AUTÊNTICO

PASSA A CHAMAR-SE GAZETA ESTUDANTIL MALUNGOS.

Malungos = Companheiros

Fonte: PERUSA, Edmilson de A. Malungos na

Escola:questões sobre... pág. 12

“A ideia de criar um jornal para o dia da Consciência

Negra foi ótima e trouxe estímulo à leitura e a

escrita para os alunos do colégio. A oportunidade de

participar e escrever foi muito boa para minha

formação intelectual, pois eu pude aprender mais

sobre os assuntos abordados e sobre a técnica da

escrita”. (Clara Chamusca, 2°A)

Parabéns !!

É com muita satisfação e alegria que recebi a notícia

sobre o lançamento do jornal Brigadeiro Negro este

ano abordando e trazendo reflexão sobre as

questões etnorraciais afrodescendentes na nossa

cidade, onde 80% da população é negra. São ações

como essa que além de informar e educar eleva a

consciência cidadã e aborda temas relevantes para a

escola e a sociedade como um todo. Assim, é que

construímos uma sociedade democrática e um

mundo melhor sem barreiras e preconceitos num

Estado laico. (Silvana Calazans, prof. de Português)

“Sou uma professora apaixonada pela cultura do povo brasileiro e em especial a região nordeste que com suas cores, sabores e odores, preenche a atmosfera onde pulsa o resultado da grande miscigenação. A idéia de criar um jornal com a participação de discentes, docentes, direção e funcionários, tem contribuído bastante não só para a apren-dizagem dos alunos, mas também porque nos permite rever concepções e refletir sobre a nossa prática cotidiana. Considero o jornal “Malungos” uma das melhores experiências vivenciadas no CEBEG,porque vejo o interesse e a alegria dos alunos ao escrever a própria história.” Áurea Cristina Soares dos Santos – Professora de História (Matutino)

Comentários

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

Raça Negra

Presidente do Grupo Aldeia,

o jornalista Raimundo Lima, foi o

único empresário a conquistar o

troféu Raça Negra 2012. A entrega

da premiação ocorreu no teatro Sala,

São Paulo, durante as comemo-

rações da Semana da Consciência

Negra. Estiveram presentes várias

autoridades entre elas, Bernice King,

filha de Martin Luther King.

FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA

O homem só se afirma como ser social quando é capaz de reconhecer e informar os dados que o identifica. A identidade dos negros se formou com a inclusão de elementos, tais como, os valores e costumes herdados de seus ancestrais, e são eles que definem a origem dessa raça.

Na luta pela sobrevivência em um continente formado por países que sempre enfrentou duras adversidades, um dos recursos empreendidos para garantir a vida e a superioridade tribal era a comercialização para outros povos de inimigos, geralmente subjugados nas guerras; os países que mais comercializaram escravos na África foram: Senegal, Gana e Nigéria, os negros pertenciam a diversas etnias, para o Brasil foram destinados na sua maioria: bantos, jejês, males e nagôs; os que conseguiam sobreviver a travessia eram comercializados como objetos animados de exploração, afinal, as peças eram cobiçadas e caras; a certeza de lucros abundantes era o que motivava o arriscado e perigoso investimento nesse lucrativo comércio. As mercadorias mesmo sendo reconhecidas como valiosas eram transportadas em condições indignas, muitas pereciam e tinham que ser descartadas durante o percurso, as aproveitáveis eram vendidas e seguiam destino diversos, mas com a mesma finalidade, servir como bestas ao sistema escravocrata. Nas senzalas após o labor, os negros se reuniam para praticar seus costumes, seus cultos, sua língua, pois preservar sua identidade cultural era fundamental e eram esses atos expressos em lamentos que minimizavam as tristezas e sofrimentos vividos tão distantes da pátria saudosa.

O sistema escravista brasileiro foi um dos mais duradouros, por mais de trezentos anos, os negros estiveram sob o jugo da servidão,

direitos não tinham, humilhações sofriam, como bestas serviam, mas lutavam por suas alforrias. Após a abolição oficial da escravidão, eles deixaram as senzalas, como não foram indenizados, se aglomeraram nos guetos e continuaram vivendo em condições desumanas, pois não possuía habitação, profissão, emprego ou educação. Por isso, enfrentaram injustas adversidades como: a exclusão, a discriminação e a marginalização, todavia a identidade da raça foi resguardada e transmitida aos seus descendentes que ao se mesclarem passaram a fazer parte integrante e indestituível da nação brasileira – são os afrodescendentes que revelam através de suas práticas os costumes herdados de seus antepassados e são eles que continuam diferenciando o povo de matriz africana.

A segregação imposta aos negros desde sua chegada ao Brasil não foi aceita pacificamente, ao contrário, sempre foi enfrentada com manifestações, conflitos e rebeliões; sobrepor-se as imposições sepa-ratistas das elites não foi nada fácil, contudo barreiras têm sido paulatinamente transpassadas, com isso, os negros vêm mudando sua condição histórica e social; acesso tem sido exigido, oportunidades vêm sendo conquistadas, pois a cons-trução da identidade é feita de afirmativas e negativas diante de certas questões, a prova disso se configura na preservação dos valores que caracterizam e diferenciam os negros de outras raças que são: suas crenças, sua alegria, sua força, sua ginga e os costumes que firmam as raízes que determinam a origem de um povo que se mostrará sempre guerreiro.

Marília Vieira Lustosa Bibliotecária

Ao longo de todo o ano, a Secretaria Municipal da Reparação (Semur) vem realizando ações em diferentes áreas para combater o preconceito, promover a saúde e a educação, e garantir maior inserção socioeconômica para a população negra.

Entre essas iniciativas, o destaque vai para o Programa de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme, o Programa de Combate ao Racismo Ins-titucional, o Observatório Racial do Carnaval, O Selo da Diversidade Étnico-Racial e o mapeamento e legalização dos terreiros de candomblé. ______________________

Em relação a Unegro, ele conta que é uma entidade de expressão nacional, fundada em 14 de julho de 1988, na cidade de Salvador. Hoje está organizada em 23 (vinte e três) Estados da Federação e no Distrito Federal (RO, RR, AM, AP, AC, PA, TO, SP, MG, ES, RJ, MT, MS, RS, MA, BA, AL, PI, SE, PE, CE, RN, SC e DF). Compõe o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR e o Conselho Nacional de Políticas de Juventude – Conjuve.

Na Bahia está organizada nos municípios de Camaçari, Simões Filho, Dias D’Ávila, Feira de Santana, Conceição do Almeida, Santo Amaro da Purificação, Cruz das Almas, Valença, Senhor do Bonfim, Ilhéus, Coração de Maria, Terra Nova, São Sebastião do Passé, Caetité, Salinas da Margarida, Itabuna e Salvador.

Segundo o coordenador, a Unegro tem intensificado sua ação na busca de alternativas sócias-políticas de combate ao racismo, preconceito, discrimi-nação racial imposto à população negra, bem como na busca de justiça social a todos – indistintamente. Essa inten-sificação se dá através de formulação de diagnóstico e propostas para superação do racismo, ações comunitárias, articulação em Fóruns do movimento social e do movi-mento negro, participação nos conselhos paritários – governo e sociedade civil – de formação política para promoção da igualdade racial.

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

BRASIL, PAÍS DAS DIVERSIDADESO Brasil é mundialmente conhecido como o país tropical de belas riquezas naturais, da alegria, do futebol, do samba, do carnaval, das atraentes mulatas e da diversidade cultural, é a soma de todos esses elementos que encantam pessoas dos diversos continentes, bem como o torna mais atrativo e desejado.

A diversidade brasileira se multiplicou com a mistura inter-continental entre os povos. Quando os brancos europeus se deslocaram em busca de riquezas, encontraram o “Brasil”, aqui conheceram os aborí-genes indígenas, ao se estabele-cerem, uniram-se, nascem os mame-lucos, começa assim o surgimento da nação brasileira. Com a implantação das capitanias hereditárias e a instalação da manufatura açucareira, chegaram os negros, eles se fundiram

aos brancos gerando os mulatos e aos índios gerando os cafuzos.

É preciso conhecer as diversas regiões do Brasil para materializar a

força e as curiosidades das diver-sidades da nação. Na região Central e Norte do país há uma destacada

influência indígena; na região Nordeste e parte do Sudeste predo-mina a influência negra e na região Sul sobressai-se a influência branca. Somente conhecendo do Oiapoque ao Chuí para se deleitar com as mara-vilhas das misturas que certamente só encontramos no país chamado Brasil.

É a multipluralidade racial e cultural do Brasil que o torna exótico e fascinante, e também, enriquece, fortalece e permite pela riqueza de sua história que o país de dimensões continentais acomode prazerosa-mente as diversidades recebidas desde o início de sua formação.

Marília Vieira Lustosa

Bibliotecária

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Índio

Mameluco

Negro

Mulato

Cafuzo

01 de Dezembro de 2012 Malungos

A vergonha da escravidão no Brasil

Segundo a História, o Brasil foi descoberto em 1500 pelos portu-gueses que primeiramente se interessaram em realizar o extrativismo do pau-brasil, uma madeira da qual se extraia uma tinta vermelha muito comer-cializada na Europa, a mão de obra utilizada para essa atividade foram os aborígenes, eles ajudavam no corte e no carregamento da madeira em troca de bugigangas (espelhos, chocalhos, apitos) ob-jetos que lhe eram concedidos pelos exploradores. Por ser o pau-brasil um produto muito cobiçado, outros povos como: franceses, holandeses e ingleses invadiam a costa brasileira para traficarem a madeira. Temendo perder as terras para os invasores, Portugal resolve estabelecer uma colônia nas terras do Brasil. Em 1530, Martim Afonso de Souza sai de Portugal com a missão de proteger a colônia, fundar vilas, erguer fortificações no litoral além de explorar outras riquezas da terra e implantar o cultivo da cana-de-açúcar.

Os portugueses tentam ordenar a exploração da mão de obra indígena, pois a economia açucareira seria implantada na colônia, porém os índios não aceitaram a condição e se revoltaram o que ocasionou em lutas travadas com os portugueses e muitos índios foram dizimados. Deste modo, o recurso a ser utilizado era transportar escravos do continente africano para trabalharem na lavoura açucareira. A travessia era feita em navios negreiros, os negros ficavam em porões sem mínimas condições de higiene e assim, muitos morriam devido à aquisição de doenças, além dos maus-tratos que sofriam e a precária alimentação. Os que conseguiam sobreviver eram comercializados como mercadorias nas feiras livres onde eram ana-lisados fisicamente pelos com-

pradores. Desta forma, tem-se o início da exploração africana no Brasil colonial.

No Brasil, os negros eram sub-metidos a uma subordinação preconceituosa e cruel. Além da exploração mais comum nos engenhos açucareiros, existia a exploração sexual das escravas pelos senhores, esta soma de agressões resultavam em danos físicos, psicológicos e morais. Os escravos trabalhavam sem des-canso, não tinham direito a ali-mentação condigna, vestimenta descente; dormiam em galpões escuros sem higiene, chamados de senzalas. Embora fossem exaus-tivamente explorados, muitos negros encontravam forças para resistir, o que mostrava o anseio de liberdade perseverante em seus pensamentos; isso os motivava a reagir contra o sistema escra-vocrata.

Assim, muitos se arriscavam

na fuga mesmo enfrentando a vigilância dos feitores usando como arma a capoeira. Os que conseguiam consumar a fuga se juntavam nas comunidades de refúgio. Nos quilombos, os negros praticavam a economia de sub-sistência e compartilhavam dos mesmos valores que formam um povo. O quilombo mais importante foi o Quilombo dos Palmares, fundado em 1630 seu líder foi zumbi, esse quilombo durou 65 anos, resistiu a varias expedições de combate e se tornou o símbolo da resistência negra contra a escravidão.

Somente em 13 de maio de 1888 é assinada pela Princesa Isabela Lei Áurea que libertava

todos os negros escravizados (ou seja, o sistema escravocrata durou cerca de 350 anos até ser abolido formalmente pelo Brasil) e a princesa é considerada uma “heroína”. Porém, é importante deixar claro que a lei foi assinada por consequência da pressão dos abolicionistas e de países do mundo que consideravam o Brasil atrasado, pois preservava o sistema escravocrata, além disso, a Inglaterra que cobiçava o mercado consumidor brasileiro pressionava para que o país suprimisse a escravidão; diante da pressão a princesa Isabel resolveu proclamar a abolição. O fim da escravidão não garantiu uma vida digna aos negros, pois eles continuavam sendo discriminados, não tinham emprego com isso, migravam para o campo ou viviam do subemprego. A liberdade concedida aos negros não os tirou da posição de subalternos, eles permaneceram sendo tratados como seres inferiores, postura que se estende até os dias atuais.

A população negra ainda sofre com os preconceitos gerados pelo sistema escravocrata, ela continua sendo discriminada e são poucas as oportunidades de crescimento profissional e social; a implantação de políticas afirmativas minimizou as desigualdades, todavia as mudanças permanecem lentas. O preconceito aparentemente foi reduzido, porém persiste em continuar assolando a raça negra; e como foi aqui relatada através dos fatos históricos, a escravidão manchou a história do nosso país que foi acompanhado por essa prática absurda durante os anos mais importantes da sua jornada. A vergonha originada por esse grande erro que foi a escravidão segue afligindo a parte da sociedade que não concorda com o preconceito, e a todo o momento temos que buscar reparar os danos provo-cados por essa experiência deplo-rável.

Clara Chamusca/ 2º Ano - U

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

Mudança x Mito

Ao falarmos sobre preconceito racial, devemos recordar como tudo começou. Séculos atrás o comércio escravo era uma constante realidade. A negritude era tratada como espécie inferior. Depois de muito esforço a escravidão acabou, porém a discriminação não. O que realmente mudou? O que foi feito para resgatar o tempo perdido?

A aceitação da sociedade em relação aos negros e a convivência igualitária entre diferentes etnias fazem com que o negro não seja mais visto como raça inferior pela maioria das pessoas.

No Brasil muitas medidas sociais, culturais, educativas e políticas foram tomadas para que o negro tenha benefícios para compensar o passado dos seus ancestrais, como o reconhecimento das religiões de origem africana e a criação da lei 7.716 que visa combater o racismo, esta lei diz que serão punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Mas algumas medidas governa-mentais geram dúvidas e precon-ceitos como o sistema universitário de cotas para afrodescendentes que coloca o negro como menos capaz para a aprovação no vestibular. Melhor seria se mais investimentos fossem feitos no Ensino Básico para que todos pudessem concorrer com as mesmas condições.

Para acabar com a dis-criminação racial é preciso que os negros conheçam suas origens, sua história e sua cultura e que o governo invista mais em educação.

Filipe R. Matos/1º Ano - A

RENUNCIANDO O IMPOSSÍVEL

Erasmo Carlos cantou no refrão da música “Mulher”: Mulher! Mulher!/do barro/de que você foi gerada/me veio inspiração/pra decantar você/nessa canção...”. Erasmo Carlos encontrou ins-piração equivocadamente no barro (segundo o relato bíblico a mulher foi formada da costela de Adão - Gênesis 2:21-22), eu a encontrei na interessante colocação feita pelo

professor José Jairo Gonçalves Júnior, no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Ele ao se despedir disse: “eu agora vou ouvir Gilberto Gil falar de racismo, com sua mulher branca; Vovô do Ilê, com sua mulher branca; Carlinhos Brown, com sua mulher branca”, e ainda acrescentou: “que onda, entenda uma coisa dessa”; essa são ponderações que não podemos deixar de compartilhar, principalmente quando está em discussão questões relacionadas a consciência negra, pois enten-demos que ter consciência é em essência refletir sobre certas posições.

Os estigmas carregados pelos

negros ao longo da história são tão acentuados que os leva a negar na prática o que eles apontam na teoria como fatores que motivariam as mudanças. Será que a real conscientização dependa da formação, da educação, ou da promoção ainda na infância da valorização e da aceitação? Estes são questionamentos que conti-nuaremos a cogitar, contudo entendemos que as marcas afli-gem, a história machuca, pois a cor da pele ainda é um entrave que limita a valorização, o reconhe-cimento e o respeito para com os negros.

O preconceito e a discriminação com todos os males que causam aos seres humanos são práticas muito ocorrentes nas diversas sociedades. Os negros são as maiores vítimas dessas infâmias. Por isso, os que conseguem fama e ascensão social, geralmente passam a rejeitar tudo que os faça rememorar seus sofrimentos, inclusive, preferem unir-se em conúbio com mulheres brancas, eles tentam frustradamente superar as sequelas adquiridas ao longo de suas trajetórias. Eldridge Cleaver escreveu em sua auto-biografia Alma no Exílio “... Amo as

mulheres brancas e odeio as negras. Está dentro de mim, tão profundas que já não tento mais arrancar. Toda vez que eu abraço uma mulher negra, estou abraçando a escravidão, e quando envolvo em meus braços uma mulher branca... Estou abraçando a liberdade.”. Acreditamos que os negros bem-sucedidos no Brasil coadunam com Cleaver, pois é visível a rejeição que eles têm pela sua raça, muitos chegam a negar sua identidade, tentando mudar os traços físicos que tanto os envergonham. Se quiséssemos listar os negros famosos e com grande poder aquisitivo que casaram com mulheres brancas (louras) não encontraríamos nenhuma dificuldade, difícil é nos lembrar de negros com as citadas condições casados com seus iguais, no momento só recordo-me de Lázaro Ramos x Taís Araújo.

Apontar esses fatos é para mim o mesmo que voltar aos porões fétidos dos tumbeiros e ter que ajudar a lançar ao mar o corpo de um parente próximo; é retornar às senzalas e ouvir os oprimidos desabafarem em lamentos e prantos a sorte seus infortúnios; é ser obrigada a presenciar um malungo gemer no tronco com os açoites das chibatadas; é vê uma criança ser tirada de sua mãe aos prantos, enfim, é apagar a história da resistência, luta pela pre-servação da vida e aniquilar o direito de viver com digna liberdade.

Marília Vieira Lustosa

Bibliotecária

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

Aquarela do Brasil

Composição: Ary Barroso

Brasil! Meu Brasil brasileiro Meu mulato inzoneiro

Vou cantar-te nos meus versos O Brasil, samba que dá Bamboleio, que faz gingar O Brasil, do meu amor

Terra de Nosso Senhor Brasil! Pra mim! Pra mim, pra mim

Ah! abre a cortina do passado Tira a mãe preta do cerrado

Bota o rei congo no congado Brasil! Pra mim!

Deixa cantar de novo o trovador A merencória luz da lua

Toda canção do meu amor

Quero ver a sá dona caminhando Pelos salões arrastando

O seu vestido rendado Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim!

Brasil! Terra boa e gostosa

Da morena sestrosa De olhar indiscreto O Brasil, samba que dá bamboleio que faz gingar O Brasil, do meu amor Terra de Nosso Senhor Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim

Oh esse coqueiro que dá coco

Onde eu amarro a minha rede Nas noites claras de luar Brasil! Pra mim

Ah! ouve estas fontes murmurantes

Aonde eu mato a minha sede E onde a lua vem brincar Ah! esse Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil brasileiro

Terra de samba e pandeiro Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil! Brasil! Pra mim, pra mim! Brasil!, Brasil

Fazendo Acontecer

O Dia da Consciência Negra é uma data para refletir sobre a importância da Cultura e da história do negro no Brasil. Em 1695 morreu Zumbi dos Palmares, um símbolo de resistência á escravidão. Ele nasceu em 1655 entre escravos no Quilombo dos Palmares.

Zumbi com 6 anos de idade foi capturado por soldados e entregue ao Padre Antonio Melo. Esse padre lhe ensinou o português e o latim, e o batizou com o nome de Francisco, aos 15 anos ele fugiu, voltou para o Quilombo, no qual foi um líder. Ele lutou contra a escravidão, ficando conhecido como Zumbi dos Palmares.

A resistência negra não terminou com a abolição da escravatura, ao contrário, se intensificou, pois os negros apesar de terem deixado as senzalas continuaram prisioneiros da exclusão e do preconceito; a passos lentos e com persistência, o reconhecimento de uma raça que foi a base da formação econômica desse país vem sendo conquistado. Em 2003 por meio de uma lei, 20 de novembro foi declarado como o Dia da Consciência Negra. Em 10 de março de 2008 foi promulgada a lei 11.645, que tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

As mudanças vêm ocorrendo embora de forma lenta. Em 2000 o governador federal estabeleceu ações afirmativas através de política de cotas, visando com isso, possibilitar o ingresso de negros, afrodescendentes e índios nas universidades públicas do país. Essa conquista amplia o leque de oportunidades para as classes excluídas.

Muita coisa ainda precisa mudar, principalmente certos conceitos e preconceitos. Há que se rever certas posições para que o negro não seja avaliado pela sua cor, mas sim por sua capacidade e inteligência.

Respeitar a diversidade é respeitar a si próprio.

Michelle da Silva/1º Ano – A

Enem: Bahia tem 6ª melhor média

EDUCAÇÃO A média das escolas da Bahia no Enem 2011 foi a sexta melhor do país. As notas foram divulgadas ontem pelo MEC. As instituições baianas obtiveram uma média de 529,65 pontos na prova, atrás de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Santa Catarina (veja ranking). A escola com melhor pontuação no estado foi o Colégio Helyos (média de 694,59 pontos), instituição particular de Feira de Santana. A escola obteve a 11ª posição no ranking nacional. Depois dela, a Bahia só tem mais um representante entre os 100 primeiros do país: o Colégio Anchieta (653,54), de Salvador. Todas as dez melhores na Bahia são privadas: cinco de Salvador, três de Feira de Santana, uma de Vitória da Conquista e uma de Alagoinhas. Na outra ponta, as dez piores escolas são estaduais – confira na tabela as cinco piores. A escola de Salvador que teve a pior média foi a Escola Estadual Raymundo Matta, no Lobato. Ela foi a 10ª pior do estado. Foram divulgadas as notas de 10.076 escolas no país. Só tiveram a nota divulgada as escolas com mais de dez alunos inscritos na prova e onde mais de 50% dos inscritos no último ano do ensino médio tenham realizado o exame. As escolas sem divulgação, com menos de dez alunos participantes, somam 14.766 instituições.

MÉDIA DOS ESTADOS

RIO DE JANEIRO 554,27 pontos SÃO PAULO 539,35

MINAS GERAIS 534,24

DISTRITO FEDERAL 532,52

SANTA CATARINA 529,74

BAHIA 529,65

AS 5 MELHORES E AS 5 PIORES DA BAHIA

ESCOLA MUNICÍPIO NOTA RANKING NO PAÍS

AS MELHORES Colégio Helyos

Feira de Santana

694,59 11º

Colégio Anchieta

Salvador 653,54 99º

Colégio Gregor Mendel

Salvador 647,25 134º

Colégio São Paulo

Salvador 645,58 145º

Colégio Oficina

Vitória da Conquista

642,50 170º

AS PIORES Escola Est. Cel.Jeronimo Rodrigues Ribeiro

Uauá 420,19 9.925º

Colégio Estadual Anativo do Sacramento

Sapeaçu 419,98 9.929º

Col. Est. Rodolfo de Queiroz

Riachão das Neves

408,18 10.032º

Esc. Est. Prof. Maria José de Lima

Riachão do Jacuípe

401,79 10.056º

Col. Est. Luis Eduardo Magalhães

Boquira 401,03 10.059º

Fonte: Correio da Bahia, 23 de novembro de 2012

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

O sucesso só está longe de quem não acredita. Nessa edição homenageamos e tornamos conhecidos alguns cidadãos, profissionais e trabalhadores negros, eles não estão nos anais da História, mas fazem parte de nossa história bem como, contribuem de forma positiva e produtiva para o progresso do país.

ESTES EU CONHEÇO

Prof. Ubiratan Vianna (Inglês)

Cláudia Domiense (Enfermeira)

José Augusto (Técnico em Enfermagem)

Marília Lustosa (Bibliotecária)

Everaldo Lustosa (Advogado)

Marli Lustosa (Ciências Humanas)

Eraldo Lustosa (Advogado)

Luci-Meire Vasconcelos, Márcia R. Vasconcelos, Regina Vasconcelos (Dentista) (Professora e Nutricionista) (Enfermeira)

Juliana Lustosa (Assistente Social)

Aíres Rolim (Pedagoga)

Álvaro Carvalho (Administrador)

Altaí Carvalho (Administrador) Família Carvalho Rolim

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

ALAFIM APRESENTA!

O RESGATE DE UMA RAÇA

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

Olá Pessoal!

Lembra-se de mim, sou Alafim, já

tenho 16 anos. Estive com vocês em

2010, estou retornando para contar-

vos uma nova história.

O resgate de uma raça.

A escravidão foi um longo período onde

negros traficados da África foram

forçados a trabalhar para os brancos

senhores de engenho, sem nenhuma

remuneração e sendo tratados de

forma cruel e desumana.

A escravidão durou mais de 300 anos.

Os negros foram a base econômica do Brasil.

Durante a escravidão a cana-de-açúcar foi a

propulsora do mercado manufatureiro.

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

O ouro era um metal muito cobiçado pelos colonizadores, todavia só foi encontrado no século XVII, quando um mulato descobriu as Minas Gerais dos Cataguás.

A escravidão foi abolida oficialmente no Brasil em 13 de maio de 1888.

Após 124 anos da abolição pouco mudou

em relação à situação dos negros na

sociedade, eles saíram da escravidão, mas

foram para a marginalização, para a

exclusão, ainda hoje os negros e mulatos

disputam um lugar ao sol, tentando se

libertar dos grilhões invisíveis do racismo e

da discriminação.

Os negros ainda sofrem muito com

o preconceito e a discriminação

racial e social, possuem baixa

escolaridade, a remuneração

salarial é inferior; muitos vivem do

subemprego ou da marginalização.

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

A influência cultural negra é sentida nas diversas regiões do país, mas sua predominância concentra-se no Nordeste, principalmente na Bahia. A religiosidade, alimentação, música e a dança caracterizam de forma mais acentuada a influência negra.

O Nordeste é a região que concentra o maior número de negros, a maioria mora em salvador, capital da Bahia.

Políticas afirmativas de reparação em 2000 começaram a ser implantadas, elas pretendem minimizar as desigualdades sociais no país. Cinquenta por cento das vagas nas universidades públicas estão reservadas aos afrodescendentes, alunos de escolas públicas e pessoas de baixa renda.

Muita coisa mudou e muitas ainda precisam mudar, entre elas a vontade do negro, a valorização e o respeito do negro para com o negro. A consciência, a competência adquirida através da educação, da formação e da atitude para provar que somos capazes.

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

FINALIZAMOS O 3º NÚMERO DESTA PUBLICAÇÃO FAZENDO UMA HOMENAGEM NÃO A ZUMBI, MAS SIM A JOAQUIM.

Joaquim Benedito Barbosa Gomes nasceu em Paracatu, Minas Gerais, em 7 de outubro de 1954. É o primogênito de oito filhos, pai pedreiro e mãe dona de casa. Aos 16 anos foi para Brasília, lá trabalhou na gráfica do Correio Brasiliense, sempre estudou em escolas públicas. Formou-se em direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.

Prestou concurso público para Procurador da República, em seguida foi para França onde fez mestrado e doutorado em Direito Público pela Universidade de Paris (Panthéon-Assas) em 1990 – 1993.

Ao retornar para o Brasil assumiu o cargo de Procurador no Rio de Janeiro e professor concursado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi Visiting Scholar no Human Rights Institute da Faculdade de Direito da Universidade Columbia em Nova York (2002-03) e na Universidade Califórnia Los Angeles School of Law (2002-03). Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Toca piano e violino.

Para mudar é preciso se conscientizar, estudar e provar que a diferença se supera com competência.

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01 de Dezembro de 2012 Malungos

Enfim, finalizamos mais um capítulo de nossa história apresentando-vos os artífices dessa produção e dizendo,

aguarde-nos, pois voltaremos!

Regina Suzarth(1°A)

Regina Suzarth (1ºA)

Cleidson Nascimento (2ºA) Filipe Matos (1ºA)

Prof. Bernardo (Ciências)

Prof. Ubiratan (Inglês) Michele da Silva (1ºA)

Clara Chamusca (2ºU) Danilo Néri (7ºA) Davi Ferraz (2ºU)

Brenda Souza (8aA)

Marília Lustosa (Bibliotecária)

Gabriela Silveira (8ª A)

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