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JORNALISMO CÍVICO E CIDADES: Análise das características dos principais jornais impressos de Minas Gerais

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNI - BH

PÂMELA MOREIRA LORENTZ TRIVELLI

JORNALISMO CÍVICO E CIDADES

Análise das características dos principais jornais impressos de Minas Gerais

Belo Horizonte

2011 

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PÂMELA MOREIRA LORENTZ TRIVELLI

JORNALISMO CÍVICO E CIDADES

Análise das características dos principais jornais impressos de Minas Gerais

Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizontecomo requisito parcial à obtenção do título de bacharel emJornalismo.

Orientadora: Professora Adélia Barroso Fernandes

Belo Horizonte

2011

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Agradeço a Deus e aos familiares pelo apoioincondicional. Aos amigos e colegas detrabalho que acreditaram em mim e meensinaram coisas incríveis. E aos meus

mestres, que dentro e fora da universidade,sempre estiveram e estarão presentes em

minha jornada!

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“O correr da vida embrulha tudo 

 A vida é assim:

 Esquenta e esfria,

 Aperta e daí afrouxa

Sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é CORAGEM”. 

Guimarães Rosa

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RESUMO

Partindo do conceito criado pelos americanos de jornalismo cívico propõe-se a presente

pesquisa, em que a pergunta principal é se os mais importantes jornais mineiros têm praticado

o jornalismo cívico em suas editorias de cidades, uma vez que, empiricamente, pode-seperceber que muitas notícias preocupam-se em apenas contar o fato. Para tornar essa pesquisa

possível, o primeiro capítulo pretende destrinchar a história do jornalismo cívico e dos

conceitos que cercam o próprio jornalismo e o jornalista. Entretanto, conhecer esses fatos não

é o suficiente; faz-se necessário estudar e apreender questões de noticiabilidade. Para finalizar

o estudo, o capítulo três ressalta as matérias que se enquadram, mesmo em um único

parágrafo, nas características do jornalismo cívico. Será, ainda, acrescentada a conclusão,

onde, junto aos autores, será feita a apresentação das características do jornalismo cívico noscadernos de Cidades, Gerais e Minas dos jornais O Tempo, Estado de Minas e Hoje em Dia,

respectivamente.

Palavras-Chaves: Jornalismo Cívico. Jornalismo Impresso. Noticiabilidade.

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SUMÁRIO 

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 07

1 JORNALISMO CÍVICO: A FAVOR DO CIDADÃO .................................................. 09

1.1 A função do jornalismo e o compromisso com o cidadão ............................................... 10

1.2 Surge um novo jornalismo .............................................................................................. 17

2 JORNALISMO IMPRESSO E SUAS FINALIDADES................................................. 24

2.1 A noticiabilidade de um jornal diário .............................................................................. 24

2.2 A criação das editorias ................................................................................................... 35

3 OS JORNAIS MINEIROS E O COMPROMISSO COM O CIDADÃO ...................... 383.1 Pequena história dos jornais mineiros ............................................................................. 38

3.2 Análise das notícias ........................................................................................................ 44

3.2.1 Polícia ......................................................................................................................... 46

3.2.2 Educação ..................................................................................................................... 49

3.2.3 Trânsito/Transporte/Estradas ....................................................................................... 51

3.2.4 Saúde .......................................................................................................................... 54

3.2.5 Prestação de Serviço .................................................................................................... 55

3.2.6 Urbanismo................................................................................................................... 56

3.2.7 Meio Ambiente ........................................................................................................... 57

3.2.8 Patrimônio Histórico ................................................................................................... 59

3.2.9 Datas Comemorativas .................................................................................................. 60

3.2.10 Cultura ...................................................................................................................... 61

3.2.11 Economia .................................................................................................................. 62

3.2.12 Demografia ............................................................................................................... 62

3.2.13 Política ...................................................................................................................... 633.2.14 Gastronomia .............................................................................................................. 64

3.2.15 Comportamento ......................................................................................................... 64

3.2.16 Sustentabilidade ........................................................................................................ 65

3.2.17 Direitos Humanos ...................................................................................................... 66

3.2.18 Turismo ..................................................................................................................... 66

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 67

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 70

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APRESENTAÇÃO

Com o crescimento da mídia e o aumento da procura pela informação, os interesses

econômicos partindo dos donos de jornais sobressaíram de tal forma que os leitores perderam

a confiança nos veículos. Com isso, a credibilidade dos jornais americanos, no século XX,chegou ao nível mais baixo e as empresas jornalísticas eram muito influenciadas por pessoas e

organizações, essa era a principal justificativa do público para a falta de confiança na mídia.

A partir deste momento, surgiu, nos Estados Unidos, um movimento jornalístico que teve

como intuito propor que houvesse mais proximidade do jornalismo com os cidadãos. O novo

 jornalismo, como foi conhecido no país, faz uma tentativa de melhorar a comunidade através

do enfrentamento de problemáticas, produzindo, assim, reportagens referentes a temasimportantes para os cidadãos. O jornalismo cívico teve início na década de 1980.

Diante da percepção e discussão de que o jornalismo tem se esquecido que foi fundado para

informar e criar fóruns de discussão entre a sociedade, e que a comunidade perdeu a confiança

nos meios de comunicação, porque estes têm se vendido por dinheiro, percebe-se que o

presente estudo é importante para elevar o grau de debate entre acadêmicos e interessados na

ação do quarto poder em relação ao interesse público. Principalmente sobre a ação dostradicionais veículos impressos de Minas Gerais a respeito do jornalismo cívico.

No Brasil, ainda há dificuldade, segundo Silva (2002), em praticar o jornalismo cívico. Este

ainda não está consolidado, pois, diferentemente dos outros conceitos jornalísticos, este está

emergindo com características próprias. A escolha das editorias/cadernos de Cidades como

objeto de análise parte da percepção de que o espaço é utilizado para abordar temas como

trânsito, saúde, educação etc. Por isto, deduz-se que este caderno é uma janela aberta para a

prática do jornalismo cívico no Brasil, já que, como afirma Lustosa (1996), o caderno de

Cidades pode ser considerado como uma “clínica geral”, pois aborda temas diferentes que não

cabem nas outras editorias.

Para tanto, este estudo tem por intuito pesquisar o jornalismo cívico nos cadernos de Cidades,

Gerais e  Minas dos jornais O Tempo, Estado de Minas e Hoje em Dia , respectivamente. A

intenção é perceber se há prática do jornalismo cívico nas reportagens, como os temas são

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abordados e qual a frequência dos assuntos. Em suma, é importante entender como esse

gênero jornalístico tem sido praticado em Minas Gerais.

A pesquisa bibliográfica leva em consideração os temas que abrangem a finalidade da

pesquisa, que é perceber como os principais jornais de Minas praticam o jornalismo cívico nas

editorias de cidades.

O estudo da noticiabilidade também se faz necessário, uma vez que a notícia é definida, de

acordo com Lage (2000), como sendo um relato de vários fatos importantes e interessantes. A

forma como um fato é contado é diferente de como ele acontece e a sequência é temporal, de

acordo com o interesse.

O capítulo um abordará as questões históricas do jornalismo cívico, além dos conceitos de

cidadania, democracia, ombudsman e do próprio jornalismo. Já o capitulo dois irá relatar os

conceitos de noticiabilidade, newsmaking, editorias e jornalismo impresso. No terceiro

capitulo, onde será feita a análise de conteúdo, apresentaremos breve história dos jornais

estudados,  Estado de Minas, O Tempo, Hoje em Dia, e faremos análise minuciosa das

matérias que julgamos, após o estudo bibliográfico, serem versões de jornalismo cívico.

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1 JORNALISMO CÍVICO: A FAVOR DO CIDADÃO

Neste capítulo iremos abordar os conceitos de sociedade civil, cidadania, democracia, espaço

público, ombudsman e, é claro, jornalismo cívico, sua história e aplicação. Para tanto iremos

discutir as ideias e pesquisas de professores e estudiosos.

Fernandes (1999) explica o conceito de mundo comum, o que permite a convivência do

homem com o homem e que gera o interesse público. João Correia (2000) ressalta também o

conceito de espaço público, além de fazer a discussão de que o jornalismo tem papel

importante na estruturação desse espaço. Thompson (1998) também aborda esta questão da

visibilidade da sociedade através da mídia. A partir dessa ideia os autores debatem a

importância da mídia no espaço público e relação com a democracia.

Mas para se entender corretamente esses conceitos é preciso definir também o que é

sociedade civil e Vieira (1999) é quem discute o surgimento e a importância. Já Soares (2008)

e Martins (2005) apresentam um breve histórico do aparecimento da cidadania e discutem a

questão. Silva (2002) nos traz o tema do quarto poder que segundo ele é o poder do

 jornalismo de fiscalizar e dar visibilidade aos fatos.

Partindo do compromisso permanente do jornalista com suas fontes e com o público, Bill

Kovack e Tom Rosenstiel (2004) debatem sobre a finalidade maior do jornalista. Segundo os

autores, a função do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitam

para serem livres e se autogovernar. Assim como Kovack e Rosenstiel (2004), Traquina

(1999) também discute a importância da credibilidade. Gomes (2003) discute a questão de

que o jornalismo, como sendo uma instituição, tem um discurso próprio de sua legitimidade

social. Outro tema importante é a criação do ombudsman, que é abordado por Mendes (2002).

Nelson Traquina (2001) e Silva (2002) introduzem o jornalismo cívico como sendo um novo

movimento que buscou reacender a credibilidade do jornalismo na década de 1980. Traquina

(2001) explica os conceitos de jornalismo cívico a partir de sua criação nos Estados Unidos.

Já Silva (2002) ressalta e analisa a prática deste gênero no Brasil.

Assim como Silva (2002), Márcio Fernandes (2002) retoma a comparação entre o jornalismo

cívico praticado nos Estados Unidos e o exercido no Brasil. Fernandes (2002) também propõe

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explicar a missão da mídia buscando responder perguntas sobre as ações dos jornalistas, sobre

se devem continuar sendo apenas relatores de fatos ou devem ajudar no bom funcionamento

da sociedade.

1.1 A função do jornalismo e o compromisso com o cidadão

O que difere o homem dos animais é a sua capacidade de se relacionar, e, segundo Fernandes

(1999), a constituição da história do homem se dá graças à experiência de ser coletivo. A

convivência social promove a criação de um espaço comum, chamado por Arendt (1995 apud

Fernandes, 1999) de mundo comum, onde existe uma troca comunicativa entre os homens. A

participação do homem no mundo comum faz com que ele saiba que faz parte de um mundo

real. A convivência permite, ainda, que o homem tenha referências verdadeiras de viver omesmo tempo e o mesmo mundo que os outros. O que prova essa realidade é que no mundo

comum, afirma Arendt (1995 apud Fernandes, 1999), as pessoas podem ver, falar e ouvir as

mesmas coisas que as outras pessoas. Fernandes (1999) explica as afirmações de Arendt

(1995 apud Fernandes, 1999) como “a confirmação dada pelo testemunho do outro, mesmo

que numa outra versão, um outro olhar, certifica-nos de que o fato aconteceu para "nós" e não

só para "mim"” (FERNANDES, 1999, p. 3).

Outro aspecto importante no mundo comum, explica Fernandes (1999), é a pluralidade

humana que surge a partir da certificação de que todas as pessoas compartilham o mesmo

real. A pluralidade humana nada mais é que a capacidade de cada um observar um

acontecimento de forma diferente e torná-lo público a seu modo de ver. A partir destas

experiências do mundo comum, nasce a esfera pública, que segundo a autora se dá

(...) através da ação, a liberdade de construir um novo, e do discurso, a liberdade de imaginaro novo, que os homens se apresentam no espaço comum para construir a sociedade. Assim,

só o homem, por tais meios, é capaz de exprimir as pluralidades, as diferenças. Ao mostrar-se, distingue-se com sua singularidade e provoca reações imprevisíveis, alterando as relaçõessociais, criando novas experiências, transformando a interpretação dos fenômenos e asmaneiras de se ver o mundo (FERNANDES, 1999, p. 4). 

Fernandes (1999) explicita ainda que apenas o que é de interesse comum é aceito no espaço

da esfera pública. E que estes assuntos quando são expostos são transformados e adaptados,

de modo a se tornarem de interesse público.

É através da linguagem que a vida se torna real, pois é ela que expressa os conflitos,

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divergências, ideais e esperanças do cidadão e da sociedade. É essa comunicação que fazem

os homens construírem o mundo comum. A comunicação é, segundo Fernandes (1999), o que

permite a existência de um espaço público. E que esta ideia de espaço público tem se

modificado graças, principalmente, ao aparecimento das novas tecnologias de comunicação.

O aparecimento da burguesia, a partir do século XVI, explica Fernandes (1999), permitiu a

formação e a transformação do espaço público. Uma vez que eles passam a discutir a

condução dos poderes políticos e o direito de falar sobre questões da sociedade, os debates e

propostas levados à esfera pública receberam o nome de opinião pública. “A esfera pública,

ao criar uma opinião pública, promove uma nova relação entre o Estado e a sociedade, pois o

Estado tem  que tornar suas decisões públicas, visíveis e enfrentar a opinião pública” 

(FERNANDES, 1999, p. 7).

João Correia (2000) acrescenta que o espaço público atualmente deve ser chamado de espaço

público mediatizado. O autor ressalta ainda que o jornalismo desempenha um papel decisivo

na estruturação do próprio espaço público e principalmente do consenso social.

Thompson (1998) explica que o desenvolvimento da mídia aumentou a visibilidade

da sociedade. Segundo o autor, antes era possível apenas compartilhar as notícias

quando se estava no mesmo local físico, e que hoje, com o avanço das tecnologias,

é possível ler um jornal publicado em outro continente, e ainda saber de algum fato

no mesmo minuto em que ele ocorreu mesmo estando distante do local. Por causa

disso, os meios de comunicação de massa se tornaram necessários para a

constituição da esfera pública atual.

Fernandes (1999) explica que é nos espaços públicos contemporâneos, com a presença da

mídia, que os movimentos sociais construirão os diversos sentidos de cidadania. A autoraacrescenta que “as esferas públicas estão interconectadas e a mídia tem um papel de

reflexividade central importante para essa interligação” (FERNANDES, 1999, p. 13).

A autora debate ainda o papel da mídia na elaboração dos sentidos criados pela sociedade

civil. A mídia promove, segundo Fernandes (1999), interação além do espaço físico, amplia a

visibilidade dos temas e acontecimentos e contribui para a existência da democrac ia. “A

mídia, como parte central da esfera pública contemporânea, liga as diversas esferas da

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sociedade,” acrescenta (FERNANDES, 1999, p. 13).

O conceito de sociedade civil, segundo Liszt Vieira (1999), surgiu das lutas e dos movimentos

sociais contra autoritarismos e regimes militares. Esse conceito tem cada vez mais sido

utilizado para identificar os lugares onde existe um potencial de expansão da democracia. Poreste motivo, é importante pesquisar o conceito de sociedade civil, uma vez que essas

organizações são compostas pelo direito conquistado da comunicação e do consumo e

principalmente da cidadania. Habermas (apud FERNANDES, 1999) explica que existe um

fluxo comunicativo que liga a sociedade civil e o cotidiano das pessoas:

é constituída por associações, organizações e movimentos, mais ou menos espontaneamenteemergentes, que, sintonizados com a ressonância dos problemas societários nas esferas de

vida privadas, destilam e transmitem as respostas ali gestadas de forma ampliada para aesfera pública. O cotidiano pode, assim, ser entendido como o âmbito da vida social em quesão produzidos os fluxos comunicativos e realçados os assuntos relevantes, que vão sendotematizados na esfera pública. Dada à fluidez e dispersão do fluxo comunicativo, a esferapública tende a absorver aqueles fluxos que são tematicamente especificados. Uma veztematizados, os problemas alcançam os fluxos comunicativos mais organizados do espaçopúblico (FERNANDES, 1999, p. 10).

Soares (2008) apresenta um breve histórico do aparecimento da cidadania e discute a questão

como é vista hoje. Em que a cidadania, ressalta Soares (2008), é tema central de debate entre

vários movimentos sociais como sendo a porta de entrada para o espaço público.

Para Martins (2005) a cidadania está dividida em três elementos constitutivos: o primeiro se

refere à comunidade política que está intimamente ligada a uma nacionalidade; o segundo diz

respeito a participação que é a oportunidade de ajudar na vida política; o terceiro elemento são

os direitos e deveres a serem cumpridos pelo cidadão na sociedade.

Partindo dos conceitos apresentados podemos, portanto, partir para o estudo do jornalismo,

suas funções e influências na sociedade civil. Um dos papéis do jornalismo é fiscalizar o

Estado que é dividido em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Silva (2002)

explica que com a existência do quarto poder, o jornalismo, a sociedade civil poderia então,

praticar a democracia participativa, já que os outros poderes são constituídos de voto, ou

carreira e mandato, portanto fazem parte da democracia representativa. Partindo desta ideia, a

imprensa deveria, portanto, fiscalizar e dar visibilidade aos feitos do Estado. Silva (2002)

acrescenta que seria inviável, por parte do cidadão, o exercício desta função, portanto esse

papel é delegado à imprensa.

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Soares (2008) acrescenta que o jornalismo considera a informação como sendo um direito

civil.

Para Gentile, [...] o direito civil à informação é um pressuposto necessário à realização dosdireitos políticos, constituindo um dos direitos relativos à esfera pública, como a liberdadede opinião e de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de reunião e de associação(SOARES, 2008, p. 4).

Já os autores Kovach e Rosenstiel (2004) explicam a função do jornalismo a partir de um

fenômeno ocorrido na Polônia em meados dos anos 1980, quando o governo militar polonês

decretou a lei marcial, que silenciava os meios de comunicação. A partir deste momento, os

poloneses começaram a reagir de forma nunca vista antes, desligando seus televisores e

colocando-os perto da janela com a tela negra virada para a rua como uma forma de protesto.Com a ditadura, a imprensa clandestina aumentou e as pessoas se reuniam às escondidas.

“Para os poloneses e outros povos em democracias emergentes na região, essa pergunta [para

que serve o jornalismo?] só tinha uma resposta: agir” (KOVACH; ROSENSTIEL, 2004, p.

29).

O jornalismo tem também a função de servir, construir a comunidade, a democracia e a

cidadania. Segundo Kovach e Rosenstiel (2004), essas definições estão enraizadas na históriada imprensa, e poucas pessoas ousam criticar. Portanto, fica difícil separar o conceito de

 jornalismo das teorias sobre a democracia. Os autores lembram que, para suprimir a liberdade

ou implantar um golpe de Estado, sempre foi preciso censurar a imprensa. Relatam, ainda,

que o jornalismo é fonte de liberdade e conhecimento e, para que haja um governo no qual a

democracia seja verdadeiramente praticada, é preciso que exista um jornalismo sério que se

preocupe em informar o cidadão e torná-lo consciente para que possa se autogovernar.

Silva (2002) complementa e coloca em debate a questão de que a imprensa precisa se manter

íntegra para exercer sua função, caso contrário, ela será incompleta e imperfeita.

A imprensa, portanto, é um poder auxiliar do cidadão, mas, se se voltar contra osinteresses do cidadão que, em suma, é o interesse público, também estará deslocado de suaprincipal razão de existir. A imprensa pode muito bem viver descolada da cidadania,servindo a um ou vários senhores. Poderá até renunciar ao papel de quarto poder. Será, noentanto, apenas um negócio, descolado das suas funções social e pública. Se, no entanto, aimprensa se desempenhar bem (de forma eqüidistante e plural) na sua vocaçãofiscalizadora, estará, assim, atendendo à expectativa mais tradicional que sobre ela recai: ade que seja, por delegação, um poder fiscalizador (SILVA, 2002, p. 50). 

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Partindo do pressuposto de que a imprensa tem a função de fiscalizar, identificar e difundir na

sociedade as falhas do poder público, o autor afirma que a fiscalização não será eficaz, uma

vez que, a imprensa desvie seus ideais e permita-se ser comandada por interesses e influências

dos outros três poderes e da economia.

Outra questão importante que demonstra as atuais dificuldades do jornalismo é ressaltada por

Kovach e Rosenstiel (2004) que explicam que a definição de jornalismo ficou popularizada e,

portanto, qualquer pessoa pode, com o auxílio da tecnologia, praticar o jornalismo. Ainda

segundo os autores, as finalidades do jornalismo têm se modificado com a chegada da

tecnologia.

Mas o fato é que a teoria e a finalidade do jornalismo, tão duradouros até aqui, são agoradesafiadas de uma forma nunca vista antes  –  pelo menos nos Estados Unidos. Atecnologia vem formando uma nova organização econômica das empresas jornalísticas,dentro das quais o jornalismo acaba submetido a outros interesses. A ameaça hoje nãovem da censura governamental. O novo perigo reside no fato de que o jornalismoindependente pode ser dissolvido no meio da informação comercial e da sinergia daautopromoção (Kovach; Rosenstiel, 2004, p. 32).

A partir do começo do século XXI, Kovach e Rosenstiel (2004) esclarecem que a informação

ficou tão acessível que a função do jornalista em definir o que o público deve saber ficoudefasada. Agora, portanto, o jornalista deve ajudar o público à por em ordem as informações.

Os autores acrescentam que “a primeira tarefa dessa mistura de jornalista e ‘explicador’ é

checar se a informação é confiável e ordená-la de forma que o leitor possa entendê- la.”

(KOVACH; ROSENSTIEL, 2004. p. 41). O jornalismo de hoje é bem parecido com o de

quatrocentos anos atrás, e tem a mesma finalidade de verificação, somente são praticados de

formas diferentes. Pode-se concluir que, esta questão levantada de que a tecnologia tem

permitido o excesso de informações, pode contribuir ainda mais para a perda de credibilidade

da imprensa.

Segundo Kovach e Rosenstiel (2004), existem três níveis de envolvimento público com o

 jornalismo. O primeiro, que é chamado de público envolvido, pressupõe um interesse pessoal

e um bom entendimento sobre algum tema. O segundo é o público interessado, pelo qual o

leitor que não participa diretamente no assunto, mas que se sente afetado de alguma forma e

responde mediante alguma experiência relacionada ao tema. O terceiro é o público

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desinteressado, formado pelo leitor que não possui qualquer interesse no assunto, mas que

poderá algum dia conhecer melhor sobre o tema caso alguém já tenha aberto o caminho. No

conceito da Participação Pública, todos os cidadãos são participantes dos três grupos,

dependendo do assunto.

Gomes (2003) discute a questão de que o jornalismo, como sendo uma instituição, tem um

discurso próprio de sua legitimidade social. E, por isso, este discurso tem duas principais

funções, em que a primeira é configurar a identidade do grupo e a segunda de convencer que

o jornalismo é uma instituição de suma importância para a sociedade e que, por isso, o

cidadão deve protegê-lo e mantê-lo. Diante da explicação do discurso da autolegitimação da

imprensa caímos novamente na questão da função principal do jornalismo. Gomes

complementa que “haverá sempre quem responda, com grande anuência das plateias, que o jornalismo como instituição é imprescindível para sociedades democráticas justamente porque

é capaz de servir ao interesse público” (GOMES, 2003, p. 31).  

O princípio básico do jornalismo é dizer a verdade, afirma Kovach e Rosenstiel (2004). As

pessoas procuram a informação devido a um instinto básico do homem, que é chamado de

instinto de percepção. Portanto, a notícia é o material que permite que as pessoas aprendam e

pensem sobre um mundo que vai além do que elas estão acostumadas. Para isso, é preciso quea informação seja verídica e confiável. Segundo os autores, a verdade causa uma sensação de

segurança que é a essência das notícias. E, que com a chegada da tecnologia digital e

eletrônica, a profissão do jornalismo tem se distanciado da ideia de responsabilidade cívica.

Os autores Kovach e Rosenstiel (2004) discutem o fato de que os jornalistas nem sempre

sabem o que querem dizer com veracidade e que as teorias do jornalismo ficaram apenas nas

cabeças dos acadêmicos. Às vezes, os praticantes da profissão se esquecem que os conceitos

são imprescindíveis para uma carreira de sucesso. Segundo Kovach e Rosenstiel (2004),

alguns críticos até comentam que o jornalismo se aprende praticando e que as escolas que

ensinam a profissão são perda de tempo. A falta de teoria, que é comum aos profissionais do

 jornalismo, causam uma certa desconfiança por parte da população. Principalmente porque,

ultimamente, as empresas de jornalismo têm se preocupado muito com os escândalos e se

esquecem da função principal que é, segundo Kovach e Rosenstiel (2004), oferecer

informação necessária para que o cidadão possa se autogovernar.

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Kovach e Rosenstiel (2004) explicam que o jornalismo deve promover fóruns onde o público

 possa comentar e criticar. Os autores acrescentam que “a capacidade da imprensa de criar um

fórum é tão forte que permeia todos os aspectos do trabalho dos jornalistas, começando com a

matéria inicial com a qual ele alerta o público sobre um fato ou uma situação.” (KOVACH;

ROSENSTIEL, 2004, p. 206). Após o acontecimento deste fórum, a comunidade começa a

reagir contra ou a favor, nutrindo, portanto, a comunidade de vozes públicas. Fernandes

(1999) explica que a periferia tenta promover a discussão de vários setores para transformar a

sociedade e que quanto mais intensos forem essas discussões, mais democrática é a sociedade.

A consciência moral, segundo Kovach e Rosenstiel (2004), é um fator que os jornalistas se

preocupam, mas que cada profissional deve ter suas próprias normas e padrões. Os jornalistasdevem levar em consideração, segundo os autores, que o público recebe as notícias da forma

como elas são produzidas, e a forma com que investigam um caso leva o leitor a uma

conclusão diferente em relação ao fato descrito pela reportagem. O público está à procura de

informações, mas também precisa sentir confiança, autoridade e honestidade.

Partindo para outro ponto da história, desta vez na Suécia e especificamente em 1713, surge

um personagem no parlamento que tinha a função de ouvidor da sociedade, conhecido na

época como representante do parlamento. Esse profissional, chamado em sueco de

Ombudsman (junção da palavra ombud = representante e man = homem), tinha como função

ouvir as queixas dos cidadãos contra o Estado e investigá-las, e quando necessário, requerer

providências, explica Mendes (2002).

Mais tarde, esse profissional, migrou para outras instituições, entre elas o jornalismo, com a

intenção de que a sociedade reconhecesse ali um ser comum, que entendesse e soubesse os

problemas e que principalmente defendesse a opinião pública. Assim, o ouvidor da sociedade

surge nas redações com o objetivo de representar o cidadão. Entre suas funções estão: ouvir o

cidadão, fiscalizar as ações do jornal, investigar as denúncias, criticar os veículos, entre outras

coisas. Entretanto, Mendes (2002) acrescenta que “o “representante do leitor” não é passivo e

sem opinião. Quando ele toma uma posição contrária à da maioria dos leitores, esta também

 pode ser legitima” (MENDES, 2002, p. 17).

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Pode-se concluir que o ombudsman é um jornalista, o que muda é apenas o nome e a forma

como ele é selecionado para trabalhar no jornal. Afinal, como foi discutido, o jornalismo tem

como função principal escutar a sociedade e discutir os interesses da opinião pública.

1.2 Surge um novo jornalismo

Ao final dos anos 1980, surgiu nos Estados Unidos um movimento que defendia a criação de

uma nova perspectiva dentro das editorias dos jornais da época. O civic journalism foi

arquitetado, segundo Traquina (2001), para suprir a lacuna deixada pelos jornais, uma vez que

naquela época o jornalismo estava em crise e a democracia também.

Os idealizadores do civic journalism propunham que houvesse mais consciência do

 jornalismo para com os cidadãos. O movimento faz uma tentativa de mudar a vida das

pessoas e melhorar o ambiente em que elas vivem pelo enfrentamento de alguns problemas

relacionados ao cotidiano. Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark (2000)

explicam que o civic journalism propõe a ligação dos jornalistas às comunidades, onde os

cidadãos passam a fazer parte das principais preocupações jornalísticas e propõe ainda lutar

pela mudança e reforma social. Já para o brasileiro Carlos Castilho, citado em Fernandes

(2002) afirma que jornalismo cívico é “retomar contato com a comunidade, descobrindo o que

os leitores querem e abrindo espaço para discussões de temas de interesse público”

(FERNANDES, 2002, p. 96). Outra definição para jornalismo cívico é descrita por Jan

Schaffer (apud  Fernandes, 2002). Para o autor jornalismo cívico é “que ajude as pessoas a

superarem sua sensação de impotência e alienação, desafiando-as a envolver-se e tomar para

si a responsabilidade sobre problemas comunitários” (FERNANDES, 2002, p. 96).

Entre as reportagens comuns produzidas pelos jornais que aderiram a essa nova categoria no jornalismo, havia algumas que abordavam a importância de se cuidar das crianças, questões

relacionadas aos adolescentes, tais como drogas, sexo e violência, além do retrato de aspectos

envolvendo o racismo.

Fernandes (2002) ressalta que o jornalismo cívico é uma significação do jornalismo

tradicional e que este necessita ser avaliado nas teorias da comunicação. Os

autores Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark (2000), entretanto,

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afirmam que a ideia de jornalismo cívico desafia a noção tradicional de jornalismo

que como discutido até agora, tem como princípio promover fóruns de interesse

público. E que o surgimento do cívic journalism não pode ser compreendido se não

levarmos em conta as mudanças ocorridas na sociedade americana nas décadas de 1960 e

1970, quando houve profundas reformas sociais, políticas e econômicas.

Ainda segundo os autores Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark

(2000), alguns acontecimentos como o movimento feminista, ambientalista e tantos outros

fatos, fizeram uma modificação no cenário internacional e provocaram uma série de

mudanças em longo prazo. Nos Estados Unidos a política passou por problemas que

resultaram principalmente no escândalo de Watergate. Neste momento, as comunidades

 jornalísticas passam a adotar um perfil mais investigativo, enfatizando descobertas eescândalos públicos e seguindo o caminho do dinheiro das campanhas partidárias. Esses

acontecimentos levaram a uma desilusão dos americanos em relação às instituições do país,

tanto públicas quanto privadas.

Foi em 1988, ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos, que o civic journalism teve

início. O primeiro projeto, chamado de Wichita Eagle, a adotar o movimento decidiu discutir

os problemas da sociedade e mostrar quais eram as propostas dos candidatos para solucioná-los. A partir daí, vários jornais iniciaram seus próprios projetos que colocavam o cidadão

como espécie de pauteiro dos veículos.  Mas segundo os autores Anthony J. Eksterowicz,

Robert Roberts e Adrian Clark (2000) outros interesses também circundavam os idealizadores

do civic journalism.

Como observa Jay Rosen, um certo número de preocupações conduziram ao movimento do jornalismo público (19994, pp.371-372). Os jornalistas estavam preocupados com adiminuição do número de leitores de jornais, notavam uma brecha cada vez maior entre oscidadãos e os jornalistas, estavam preocupados com o aumento da indiferença relativamenteà política por parte da população e notavam a dicotomia motivada pelo cafto de notíciaspúblicas estarem a ser tratadas por uma indústria dedicada ao lucro privado. Todas estaspreocupações levaram ao desejo por parte de alguns jornalistas de experimentar e de desafiaralguns dos principais princípios do jornalismo moderno (EKSTEROWICZ; ROBERTS;CLARK, 2000, p. 154).

Nestes anos de criação e idealização do novo jornalismo, vários militantes nomearam o

movimento, de acordo com o que mais condizia com suas teorias. Denominações como

“jornalismo comunitário” e “jornalismo de serviço público” podem ser traduzidos como

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“jornalismo cívico”. Outra denominação comum dado ao novo jornalismo americano é

“jornalismo público”, sendo todos sinônimos entre si. 

Para Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark (2000), o jornalismo cívico teve

suas origens no conceito do jornalismo  Muckranking, que teve início nas primeiras décadas

do século XX, também nos Estados Unidos.

O  Muckranking é caracterizado pelas melhores características do jornalismo investigativo e

reúne, ainda, a vontade de lutar pela reforma política. Os autores Anthony J. Eksterowicz,

Robert Roberts e Adrian Clark (2000) acrescentam ainda que Muckrankers tentavam educar a

sociedade e incentivá-la à participação cívica, para então conseguirem a reforma social e

política.

Os autores Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark (2000) enfatizam que os

modelos  Muckranking e civic journalism têm pontos em comum como, por exemplo, o

objetivo de transformação do jornalismo, a busca pela mudança e reforma e as parcerias de

universidades, grupos cívicos, feitas para concretizarem seus objetivos. Apesar destas

características comuns, eles se diferenciam, pois, um tem como foco investigar e denunciar e

o outro procura contribuir com a sociedade de forma a resolver os problemas sociais,respectivamente.

Tanto para Traquina (2001) quanto para Silva (2002) o jornalismo cívico ainda está em

construção. Traquina (2001) expõe que os próprios fundadores do movimento insistem em

sublinhar que este novo jornalismo ainda está por ser inventado. Silva (2002) acrescenta que

“como gênero, o jornalismo público ainda não adquiriu o status de outras especializações, a

exemplo da crônica policial, do jornalismo esportivo, do jornalismo político, do jornalismo

econômico e do jornalismo científico” (SILVA, 2002, p. 2).

O civic jounalism, segundo Silva (2002), praticado nos Estados Unidos, embora esteja muito

associado a questões eleitorais, não se trata apenas de produzir uma série de reportagens sobre

as propostas dos candidatos. É preciso mais que isso. É preciso uma doação de tempo e

 profissionais. Ele acrescenta que “o civic jornalismo caracteriza-se pela existência e

manutenção de um vínculo social por parte do veículo, ou, como o definiu Carlos Eduardo

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Lins e Silva (revista Impressa, janeiro de 1997), “o jornalismo cívico é um elo entre os

cidadãos e os problemas da comunidade” (SILVA, 2001, p. 2). Para os autores Anthony J.

Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark (2000), o jornalista que dedica seu tempo a

praticar o civic journalism pode ser chamado de jornalista público. 

O civic journalism vem evoluindo há décadas nos EUA e em outros países como, por

exemplo, na Austrália, Chile e Canadá. No entanto, no Brasil o movimento ainda não tomou

corpo e nem sequer conquistou uma tradução definitiva. Silva (2002) ressalta que, no Brasil, o

 jornalismo cívico tem emergido de forma diferente dos outros gêneros jornalísticos, que

foram implantados na mídia brasileira com as mesmas características e jargões de outros

países.

Dessa forma, pode-se dizer que, no Brasil, o jornalismo público está emergindo comcaracterísticas próprias e, ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos, não houve,aqui, intenções e ações visando especificamente fundar uma categoria jornalística(SILVA, 2003, p. 2).

Ainda segundo Silva (2002), as mutações sofridas no jornalismo do Brasil são causadas pelo

“setor público” que, por sua vez, é associado a esferas estatais e governamentais. O autor

ressalta que o jornalismo cívico não foi declarado como sendo parte das ações de alguns

meios de comunicação de massa, pois há um desconhecimento da mídia brasileira sobre otema.

Silva (2002) ressalta ainda que a sociedade atual se caracteriza pela necessidade de consumir

notícias sensacionalistas, por isso, estas notícias acabam por tomar o espaço nos jornais. “[...]

a sociedade é a maior produtora de fatos jornalísticos, notadamente os fatos cujos ingredientes

de sensacionalismo despertam no cotidiano a atenção dos selecionadores [gatekeepers] de

notícias.” (SILVA, 2002, p. 4).

Em contrapartida, Fernandes (2002) escreve, a partir dos pensamentos de Merritt, que o

 jornalismo tradicional precisa ultrapassar a missão de contador de notícias e se preocupar em

ajudar o bom funcionamento da vida pública.

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Silva (2003) explica que o jornalismo cívico tem por intuito não somente mostrar os dramas

sociais, mas adicionar a eles valor/notícia para orientação do público quanto à solução de

problemas, indicando a quem e quando recorrer.

[...] falta, teoricamente, caracterizar-se o lugar do jornalismo público, possivelmente,porque este ainda se encontra em fase emergente. Faltam projetos e parcerias entreorganizações sociais e organizações de mídia, de forma a empresariar e a darsustentabilidade a um mercado jornalístico que, como se procurou aqui demonstrar, temum potencial muito promissor. Falta a contribuição do meio acadêmico, não só napesquisa do assunto, quanto na preparação técnica de profissionais para esse mercado(SILVA, 2003, p. 17).

Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark (2000) vão ainda mais longe e

apresentam sugestões para o crescimento do jornalismo cívico, a partir da inserção deste

conceito nas grades curriculares das universidades, além de promoção do conceito empalestras e workshops.

Os licenciados em escolas de jornalismo ou de comunicação social dificilmente encontramdisciplinas de jornalismo cívico no curriculum, sejam elas obrigatórias ou opicionais,dependendo assim os jornalistas interessados no jornalismo cívico, sejam eles daimprensa, da rádio ou da televisão, de uma rede dispersa de fundações ou de organizaçõesprofissionais para a aprendizagem das suas técnicas (EKSTEROWICZ; ROBERTS;CLARK, 2000, p. 169).

O jornalismo cívico, acredita Silva (2003), deve ainda se consolidar aqui no Brasil, ou por

amadurecimento da mídia, ou ainda, por uma constatação de que não se deve ignorar os

assuntos que interessam os cidadãos, a democracia e a justiça social, pois assim correm o

risco de perder o público e a credibilidade, assim como aconteceu nos Estados Unidos durante

o início do movimento que gerou o novo jornalismo.

Se isto [jornalismo cívico no Brasil] não acontecer, porém, as entidades públicas não terãooutro caminho senão produzir factóides para chamar atenção. O risco, no entanto, é o deque ao produzirem sensacionalismo acabem não chamando atenção para as questões de

fundo, para o âmago dos problemas, mas tão somente para a sua superfície. E, da mesmaforma como há uma distinção clara entre campanha (passageira) e mobilização social(permanente), os problemas correm o risco de serem esquecidos após a sua dramatizaçãonas manchetes, pelo simples fato de já não serem novidades. Talvez seja este o maiordesafio do jornalismo público: agendar permanentemente assuntos que não são novos(SILVA, 2003, p. 18).

Silva (2003) comenta que os meios de comunicação noticiam tudo, e que todas

estas notícias podem acabar no vazio da informação, pois elas não produzem

nenhum significando para o leitor. Ainda para o autor o jornalismo precisa ter

compromissos que ultrapassem os valores-noticias clássicos.

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Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark (2000) acrescentam que atualmente a

ignorância e falta de consciência política dos cidadãos são agravantes que ameaçam a

democracia. Apresentam ainda que o aumento do conhecimento e interesse político

aconteceria entre as pessoas através do jornalismo cívico que, por sua vez, possui um ethos 

ligado à tradição democrática participativa ou comunitária. Não aceitando assim, a falta de

participação popular, afinal o civic journalism visa o incentivo de uma sociedade emprenhada

e participativa, principalmente nas questões que estão diretamente ligadas a elas, como os

problemas sociais.

Dentre os objetivos do jornalismo cívico, os autores Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts

e Adrian Clark (2000) enfatizam que todo este estreitamento das relações entre ascomunidades, relacionado com a definição de democracia.

Entretanto, os media dominantes, segundo os autores Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts

e Adrian Clark (2000), tentam promover apenas as coberturas de fatos e atividades das elites

políticas, ignorando muitas vezes, os problemas sociais e obrigando a sociedade a serem

simples espectadores.

Existe por isso uma separação fisiológica entre os participantes do jornalismo dominante eos do jornalismo cívico quanto à própria natureza da democracia. O jornalismo dominanteaceita implicitamente as visões articuladas por Shumpeter (1943) e por Dahl (1956) segundoos quais a democracia pode ser definida em termos de factores como a existência de eleiçõescompetitivas e de liberdades cívicas. O jornalismo cívico, pelo contrário, baseia-se napremissa de que uma democracia viva exige igualmente um elevado nível de participaçãopopular e que é dever dos media desempenhar um papel importante na busca desse objetivo(EKSTEROWICZ; ROBERTS; CLARK, 2000, p. 169).

Com a velocidade da mídia atual, pode-se concluir que a prática do jornalismo cívico

fica ainda mais fácil, uma vez que

Esta nova visibilidade oferecida pela mídia faz com que os grupos, os políticos, osmovimentos sociais, promovam ações e discursos que se adeqüem a este espaço público:passeatas, eventos espetaculares, roupas extravagantes, slogans fáceis de serem gravados,estratégias de entrevistas, etc. Os sujeitos apelam para vários recursos a fim de conseguirementrar neste novo espaço e colocar suas questões, reivindicações e demandas à vista de todos(FERNANDES, 1999, p. 14).

Soares (2008) também discute a questão da mídia dominante, mas pelo ponto de

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vista da mídia brasileira afirmando que

No entanto diferente do civic journalism, os grandes jornais brasileitos, ao invés debuscarem a participação direta dos cidadãos na resolução dos problemas, tendem a remeter asolução para as politicas públicas do Estado, o que parece adequado, em se tratando dequestões estruturais (SOARES, 2008, p. 8).

No entanto, Soares (2008) ressalta que, atualmente, alguns veículos têm se mostrado mais

sensíveis a problemas relacionados aos direitos individuais, como fatos de torturas, execução

de policiais, problemas com menores, situação dos detentos e acompanhado de perto até que a

solução para os problemas tenham sido, ao menos, anunciada pelos governantes.

Voltando à questão da prática efetiva do jornalismo cívico nos Estados Unidos e no Brasil,

Soares (2008) enfatiza que nos Estados Unidos foram criados cerca de 200 organizações quetentavam praticar o jornalismo cívico, já Fernandes (2002) diz que em 1997 haviam 400

programas em andamento. Silva (2001) sublinha que veículos como o Correio Braziliense,

em campanhas como Paz no Trânsito e  Eu quero Paz, a TV Globo com o programa Globo

Comunicação, são pequenos exemplos de jornalismo cívico no Brasil e Fernandes (2002)

lembra ainda que o jornal O Povo também faz essa prática. Infelizmente, pode-se concluir que

pelo menos na pesquisa dos autores estudados neste ensaio que no Brasil o movimento além

de não ser divulgado e conhecido ainda é praticado por pouquíssimos veículos.

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2 JORNALISMO IMPRESSO E SUAS FINALIDADES

Para o estudo da estrutura da notícia, Nilson Lage (2000) aborda a construção da notícia

começando sobre sua origem. O autor constrói uma espécie de gramática para a construção de

uma matéria jornalística, evidenciando as essências do  Lead , por exemplo. Adriano Duarte

Rodrigues (1999) se interessa por estudar o acontecimento, para o autor, quanto mais

improvável é o fato, mais chance ele tem de se tornar notícia jornalística. Rodrigues (1999)oferece destaque para explicar quais são os registros comuns de notabilidade de um

acontecimento como: excesso; falha e inversão. Mauro Wolf (1995) dá ênfase para a

noticiabilidade fazendo uma análise dos efeitos provocados pelo mass media e ainda sobre a

relação entre o funcionamento dos meios de comunicação e a qualidade da informação de

massa. 

Pena (2007) apresenta as questões da criação do jornalismo e da notícia com outros olhos, o

autor faz uma relação da criação da notícia com a ideia do medo e a vontade de dominar o

desconhecido. Outra perspectiva é apresentada por Correia (2011), em que as notícias ajudam

o homem a deixarem a ilusão e passarem a fazer parte da história. Sobre a seleção das

notícias, o autor Motta (2002) explica que existem vários critérios para que elas sejam

publicadas ou não.

Para finalizar é preciso definir a função das editorias, Elcias Lustosa (1996) explica que, após

a Ditadura Militar, os jornais brasileiros passaram a adotar repórteres especializados para os

diversos temas ou setores dos jornais, assim cada tema jornalístico foi distribuído em

cadernos por editorias. O autor apresenta em seu livro as características das editorias de

política, economia, polícia, nacional e esportes, alem de apresentar também a editoria de

cidades responsável por abordar todos os temas relacionados a cidade na qual o jornal está

instalado. A editoria de Cidades, assim, envolve a comunidade como trânsito, greves, clima,

má administração pública, lideranças políticas e polícia.

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2.1 Noticiabilidade de um jornal diário

A linguagem, segundo Nilson Lage (2000), é mais que um instrumento de comunicação, é um

espaço de organização do mundo chamado cultura. Afinal é a cultura que classifica a forma

como o homem se dá com o todo, cada um vê de acordo com o que aprendeu, e quem ensina é

a linguagem.

A notícia, segundo Lage (2000), não se refere apenas à linguagem, mas também às imagens.

Porém, nem mil palavras traduzem uma imagem, mas uma palavra pode traduzir todo um

conhecimento. Cada homem “conceitua as coisas por comparação e contraste, do ângulo da

utilidade, da função (...)” (LAGE, 2000, p. 06).

Na Idade Média, explica Lage (2000), as informações recebidas pela população vinham por

decretos, proclamações e sermões da igreja. Essas notícias demoravam muito tempo para

chegar do outro lado da Europa e no século XIII e a expansão comercial da Revolução

Burguesa, a notícia passou a ser mais rápida; com a chegada das mercadorias nas cidades,

vinham também as informações.

A sociedade moderna européia, espaço da luta entre burgueses e proletários, passou a

privilegiar a mudança sobre a preservação. As trocas de informações atingiramintensidade e amplitude antes difíceis de imaginar. E a notícia, antes restrita e controladapelo Estado e pela Igreja, tornou-se bem de consumo essencial (LAGE, 2000, p. 08).

A partir da disseminação das notícias e o acúmulo de capital, quem tomava a frente na

fabricação dos manuscritos eram banqueiros e comerciantes.

Após um declínio deste ciclo promissor da propagação da notícia, houve, então, um novo

impulso gerado através do início da colonização da América e a expansão do comércio

oceânico com o oriente. Segundo Lage (2000), foi neste contexto de acumulação capitalista e

de muito ouro e prata que surgiu uma nova era em busca do poder.

A primeira imprensa periódica surgiu neste período. “Nos primeiros jornais, a notícia aparece

como fator de acumulação de capital mercantil (...). Mas a burguesia tinha que lutar em outras

frentes e logo usou os jornais na sua arrancada final sobre os palácios (...)” (LAGE, 2000, p. 

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10). Neste cenário, a Igreja tentou censurar os jornais, mas a Revolução Industrial contribuiu

para acabar com esta ação.

Após meados do século XIX, observa Lage (2000), três fatores foram importantes para

contribuir com o fim desta Era e consolidar a imprensa. Estes fatores são: o surgimento de um

mercado de massa, que cada dia mais sabia ler e procurava informação; a industrialização dos

 jornais, máquinas e organização de produção contribuíram para o trabalho nestas empresas; e

a publicidade que começava a custear os gastos dos jornais. Lage (2000) comenta que o

 jornal-empresa, antes da difusão do rádio e cinema, lutava pelo aumento da tiragem e, para

isso, os jornais começaram a ampliar os serviços oferecidos, anexando folhetins com história

em quadrinhos e horóscopos para cativar o leitor.

Apesar de também associar a criação do jornalismo com a história da comunicação, Felipe

Pena (2007) apresenta a origem do jornalismo e da notícia com uma perspectiva diferente.

Para Pena (2007), o homem, desde a época de Aristóteles, Ptolomeu ou Newton, faz uma

tentativa em organizar os acontecimentos desconhecidos, uma tentativa de dominar o caos.

Ainda assim, com vários filósofos explicando os acontecimentos da natureza, o homem ainda

possuía o medo do desconhecido, e, por isso, “tentamos ter o dom da ubiqüidade através da

alteridade, pois a ilusão da onipresença é construída pelas informações produzidas pelo outro”(PENA, 2007, p. 22).

Entretanto, Pena (2007) afirma que não adianta apenas ter o conhecimento das leis da

natureza, da geografia ou do cotidiano, é preciso que as novidades e os relatos dos novos

conhecimentos cheguem para todas as pessoas, pois, só assim, elas também se sentirão

seguras e estabilizadas. E para exercer essa função surge o jornalismo.

A notícia para Lage (2000) é definida como sendo um relato de vários fatos importantes e

interessantes. Já Correia (2011) acrescenta que a notícia deve trazer novas informações que

agregam a realidade social. Entretanto, esses critérios de importância muitas vezes são

determinados pelas próprias mídias. Lage (2000) explica que a forma como um fato é contado

é diferente de como ele acontece. A sequência é temporal de acordo com o interesse do jornal.

Desta forma, existem três fases para o processo de uma notícia. A primeira é a seleção do

evento. A segunda é a ordenação dos eventos que podem ser caracterizados quando a atenção

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do interlocutor fixa-se na parte mais importante para ele. E a terceira é a nomeação,

caracterizada pelas escolhas das palavras que definem os fatos.

Outro ponto importante, explica Correia (2011), é que as notícias preocupam em passar

apenas os acontecimentos presentes, chamados pelos psicólogos de presente ilusórios,

significando que os fatos contados nas notícias possuem um fim. Entretanto, a partir do

momento em que a notícia alcança o leitor, estas deixam de ser ilusão e passam a fazer parte

da história.

É importante também identificar a diferença de fatos atuais para novos. O autor Correia

(2011) cita que, para Fidalgo (2004), a notícia atual representa algo que está acontecendo no

momento presente, o que não quer dizer que ela seja novidade. Fidalgo (2004) acrescenta queo novo não quer dizer que está acontecendo no presente momento, e sim que ninguém

possuía, até então, conhecimento do fato. Sendo, portanto tipos de notícias diferentes.

Lustosa (1996) faz um paralelo entre a notícia e a informação. Notícia é a técnica de relatar

um fato, um produto que é vendido de acordo com as exigências do mercado. Já a expressão

informação carrega consigo uma característica de juízo de valor, quando se acredita que os

fatos relatados na notícia são de extrema importância, o que justificaria sua publicação.

Outra característica exposta por Correia (2011) é que o texto de notícia tem por finalidade

trazer capítulos sequenciais de algum acontecimento, além de ressaltar apenas os episódios

que modificam a sociedade naquele momento histórico.

Correia (2011) propõe, ainda, de acordo com Marconi Oliveira da Silva, que quando o

 jornalista escreve uma notícia, ou seja, descreve um fato, necessariamente ele não está

descrevendo de forma direta. Entretanto, isso não quer dizer que o jornalista está dizendo

mentiras ou inventando um fato, mas sim que ele está limitado a discursos próprios de

descrição. Contudo, Correia (2011), esclarece ainda que a verdade é diferente para cada um e

cabe ao autor definir seus critérios para repassar a informação. Quanto a esses critérios, vale

ressaltar que deve ser avaliado o objetivo da notícia, qual o interesse do autor em contar o

fato, entre outros. Para que haja veracidade na notícia, é preciso que o texto jornalístico, no

caso a notícia, seja formulada por alguém que tenha o compromisso com a verdade.

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A informação é transformada em notícia através de técnicas jornalísticas, esclarece Lustosa

(1996). Essas técnicas devem ser muito bem apresentadas para que alcance os objetivos

 propostos. “O essencial, no jornal, é a qualidade daquilo que coloca no mercado: a notícia.”

(LUSTOSA, 1996, p. 85). O jornalista produz uma mercadoria que precisa ser de qualidade

para que as pessoas possam consumir.

Para se tornar notícia, é preciso que um acontecimento passe por alguns critérios jornalísticos

chamados de critérios de noticiabilidade. Segundo Wolf (2002), esses critérios estão ligados à

cultura profissional dos jornalistas e às restrições da organização e trabalho.

Para que um acontecimento se transforme em notícia, os jornais devem:

1.  tornar possível o reconhecimento de um facto desconhecido (inclusive os que sãoexcepcionais) como acontecimento notável.2. elaborar formas de relatar os acontecimentos que não tenham em conta a pretensão decada facto ocorrido a um tratamento idiossincrásico;3. organizar, temporal e espacialmente, o trabalho de modo que os acontecimentosnoticiáveis possam afluir e ser trabalhados de uma forma planificada (WOLF, 2002, p. 189).

A partir desta definição Wolf (2002) acrescenta o conceito de valor/notícia como sendo um

componente da noticiabilidade. Podendo defini-lo como um guia para decidir quais elementos

e acontecimentos serão noticiados, além de mostrar qual será a notícia de maior destaque.

Pena (2007) acrescenta que a todo o momento chegam inúmeros acontecimentos nas mãos

dos jornalistas, entretanto pequena parte é publicada. A partir desta questão Pena, (2007)

afirma que o leitor pode-se perguntar qual é o critério do jornalista para avaliar o que deve ou

não ser publicado e que esta questão é uma das mais importantes das Teorias do Jornalismo. E

para Pena (2007) saber identificar como as notícias são produzidas é mais que umaoportunidade de compreender, é uma forma de aperfeiçoamento democrático da sociedade.

Para explicar como a notícia é produzida, Pena (2007) analisa a partir do olhar da teoria do

newsmaking, que avalia o jornalismo como parte da construção social da realidade. Pena

(2007) cita que para Breed além da pressão que o repórter sofre durante a produção da notícia,

chega certo momento que o jornalista avalia o furo como forma de se autobeneficiar, entrando

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na ideia da concorrência. Podendo classificar esses dois aspectos como constrangimento

organizacional, que influenciam diretamente no trabalho do jornalista.

O tempo é o eixo central do processo. O jornalista está sempre submetido à pressão dodeadline, do fechamento da matérias. Os fatos podem surgir em qualquer lugar, a qualquerhora. Entretanto, por mais paradoxal que pareça, é preciso colocar ordem aimprevisibilidade. É nesse momento que os critérios de noticiabilidade, usados como umconjunto de instrumentos e operações que possibilitam ao jornalista escolher os fatos quevão se transformar em notícia, evidenciam-se nos valores-notícia (PENA, 2007, p. 73).

Os critérios de noticiabilidade, afirma Pena (2007), são variáveis, pois existe um jogo de

negociações entre o repórter, editor, diretor de redação e outros cargos, para que a matéria

seja ou não publicada. Entretanto,

os próprios critérios estão inseridos na rotina jornalística, ou melhor, tornam possível essarotina, pois são contextualizados no processo produtivo, em que adquirem significado,desempenham função e tornam-se elementos dados como certos, o conhecimento sensocomum da redação (PENA, 2007, p. 73).

Pena (2007) cita que Alfredo Vizeu (2000) chegou à análise que os jornalistas constroem com

antecedência a audiência do veículo a partir da cultura profissional, e de vários outros

aspectos relacionados ao senso comum da redação.

Segundo Pena (2007), o jornalismo não é um reflexo do real, pois os jornalistas após sofrerem

inúmeras pressões e negociações ainda são influenciados pelo senso comum das redações.

Portanto, a imprensa apenas ajuda a construir a realidade. “A perspectiva da teoria do

newsmaking é construtivista e rejeita claramente a teoria do espelho” (PENA, 2007, p. 129),

segundo o qual o jornalismo reflete a realidade.

Pena (2007), citando o autor Tuchman, afirma que o processo de criação e produção da

notícia funciona como um mecanismo e que embora o jornalista esteja envolvido com a

criação da realidade não existe uma autonomia da técnica profissional.

Rodrigues (1999) explica que o acontecimento é um fato aleatório, que, quanto menos

imprevisível, maior é a probabilidade de se tornar uma notícia jornalística. O acontecimento

notícia é um fato de natureza especial, é caracterizado como algo fora das probabilidades

normais do cotidiano.

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A classificação dos acontecimentos jornalísticos, segundo Rodrigues (1999), acontece por

vários registros de notabilidade dos fatos. Segundo o autor, qualquer fato que rompe a barreira

do comum e se torna excessivo pode se tornar acontecimento jornalístico.

Assim, por exemplo, o massacre de uma aldeia pelas tropas regulares é acontecimentonotável na proporção directa da excessiva forma como um corpo militar desempenhouuma das suas funções normais, que é fazer a guerra. O juiz que aplica a pena máximaprevista no Código Penal sem ter em conta as circunstâncias atenuantes, indo assim contrao aforismo summum jus, summa injuria, provoca um acontecimento notável de serregistrado. A embriaguez e a performance do desportivo, a longevidade e o ficar a dançarvários dias sem descanso são acontecimentos notáveis. (RODRIGUES, 1999, p. 28).

Outro fato de notabilidade de um acontecimento é por falha. Normalmente, os acidentes estão

enquadrados nesta categoria. Para Rodrigues (1999), a falha acontece sempre quando há algo

surpreendente, algo que não deveria acontecer, como a queda brusca da bolsa de valores, ouinundações, acidentes de trânsito e, até mesmo, uma morte fulminante.

Para explicitar o acontecimento de inversão, Rodrigues (1999) menciona como exemplo

clássico, a história de que se o cachorro morde o homem isso não é notícia, mas se o homem

morde o cachorro, isso, sim, é uma boa notícia. Rodrigues (1999) ressalta que a notícia vai

além do previsível, do certo e do comum. Para o autor, a notícia pertence ao irracional,

rompendo acidentalmente a ordem das coisas.

As características dos acontecimentos citados por Rodrigues (1999) e Wolf (2002) ajudam a

diagnosticar o que pode virar notícia. Esses critérios de noticiabilidade ajudam o dia-a-dia dos

 jornalistas, por isso, essas metodologias estudadas são importantes, pois facilitam o trabalho

diário do jornalista. Traquina (1999) explicita que nenhum jornalista pode chegar à redação e

falar que hoje não se tem informação para noticiar.

Wolf (2002) e Lage (2000) apresentam o conceito de gatekeeper criado por Kurt Lewin em

1947. Lage (2000) explica que o gatekeeper é a pessoa responsável no jornal por decidir quais

são as notícias serão veiculadas, que deve ter uma postura ética distinta e, portanto, definir as

notícias de mais interesse do público ou importância dos fatos. Wolf acrescenta que as zonas

de filtro das notícias são controladas por sistemas objetivos de regras ou pelo gatekeeper .

Ainda segundo Wolf (2002) esse conceito foi utilizado para estudar as notícias que eram

veiculadas ou não dentro das organizações midiáticas.

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Wolf (2002) cita que o estudo clássico proposto por Breen (1955) discute que a manutenção

da linha editorial e da política do jornal raramente são debatidas e que, muitas vezes, são

impostas e aprendidas por osmose pelos jornalistas.

É preciso discutir a relação entre público e jornalista, e, segundo Lage (2000), essa relação é

determinada pela circunstância, e que o fato é que define qual o código linguístico será usado.

Lage (2000) ressalta ainda, que a limitação deste código ajuda na comunicação do jornalista

com o leitor. Lustosa (1996) também apresenta a importância de seguir orientações técnicas

no texto jornalístico. Para que este fique bem elaborado, Lustosa (1996) explica que o texto

precisa trazer novidades para chamar a atenção e ao mesmo tempo precisa ser compreensível

e utilizar as codificações de linguagem.

As características de uma notícia são ilustradas por Lage (2000) e o uso da terceira pessoa é

obrigatório, a retórica usada deve ser no modo verbal indicativo, diferente da publicidade, que

usa o modo verbal imperativo. Lage (2000) relata, ainda, que a subjetividade deve ser extinta

das notícias.

Sendo construção retórica referencial, a notícia trata das aparências do mundo. Conceitosque expressam subjetividade estão excluídos: não é notícia o que alguém pensou, imaginou,concebeu, sonhou, mas o que alguém disse, propôs, relatou ou confessou. É tambémaxiomática, isto é, se afirma como verdadeira: não argumenta, não constrói silogismos, nãoconclui nem sustenta hipóteses. O que não é verdade, numa notícia, é fraude ou erro.(LAGE, 2000, p. 25).

Segundo Correia (2011), a notícia deve seguir uma regra especial, designada a este tipo de

texto, que carece, portanto, de ser informativo, descritivo dos acontecimentos e possuidor de

título que caracterize a informação principal do fato. O texto notícia deve possuir também

subtítulos e um parágrafo inicial chamado de lead em que o autor do texto pretende responderalgumas questões mais importantes. Lage (2000) complementa dizendo que “O lead , na

síntese acadêmica de Laswell, informa quem fez o que, a quem, quando, onde, como, por que

e para quê. A documentação consiste em proposições adicionais sobre cada um desses

termos” (LAGE, 2000, p.27). Correia (2001) acrescenta que as perguntas Como? e Por  quê?

podem ser respondidas no parágrafo seguinte. O lead, ensina Lage (2000), possui algumas

restrições verbais para sua construção. Segundo o autor, o verbo utilizado deve ser perfectivo,

ou seja, deve estar no pretérito perfeito, caso o fato da notícia já tenha acontecido. No futuro

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ou futuro próximo, se a notícia anuncia algum fato que irá acontecer. E raramente a notícia

vem escrita no presente.

Sobre a composição do segundo parágrafo em diante, Lage (2000) e Correia (2011) se

contrapõem. Para o primeiro uma notícia pode ter vários leads e estes podem ser organizados

 junto a documentações de várias maneiras. Segundo Lage (2000) o primeiro lead deve ser o

que concentra o maior número de informações importantes. Lage (2000) ressalta ainda que os

 jornais brasileiros distribuem as matérias de uma forma peculiar. Onde o primeiro parágrafo é

o lead e o segundo é chamado de sublead, que corresponde aos eventos da notícia de segunda

importância. Nesta sequência coloca-se o primeiro entretítulo e a primeira documentação, que

são referentes às informações do lead . Em seguida se coloca o segundo entretítulo e a segunda

documentação, que são referentes às informações do sublead.

Já Correia (2011) afirma que o segundo parágrafo da notícia deve aplicar a regra de “pirâmide

invertida” na qual se apresentam os fatos em ordem decrescente de importância. O autor 

acrescenta ainda que

o termo “notícia” é, pois, no sentido lato, aplicável às comunicações apresentadasperiodicamente sobre aquilo que possa ser novo, actual e interessante para a comunidade

humana. A notícia, no seu estrito sentido, constitui um gênero específico de entre o conjuntodas vários gêneros jornalísticos (CORREIA, 2011, p. 29).

Motta (2002) explica que a seleção das notícias parte da decisão de comunicar e não

comunicar certos acontecimentos. Esse pensamento é pertinente para os processos de

comunicação de massa, uma vez que, inúmeros acontecimentos ficam fora dos noticiários e

também pelos interesses envolvidos que resultam na inclusão ou exclusão do conteúdo.

A seletividade e o controle, inerentes a todas as práticas de comunicação, ganham, assim,

relevância especial nos processos de comunicação realizados pela indústria cultural e trazemconsigo a questão da ideologia como questão central nas análises dos processos de decisãoeditorial. O que é comunicado e o que é suprimido depende de casa situação históricaespecífica (MOTTA, 2002, p. 127).

Motta (2002) explicita ainda que, em cada situação, a inclusão ou não da notícia pode ser

direta e coercitiva, ou indireta e sutil, ambas ideológicas, de acordo com a proposta do jornal.

O autor engloba os estudos das influências sobre os processos de seleção das notícias em

enfoques diferentes.

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O primeiro chamado de Controle Social, também conhecido, segundo Motta (2002), de

Sociologia Funcionalista da Comunicação. O que diz respeito ao controle direto exercido

pelos proprietários e executivos da indústria da comunicação de massa até os estudos mais

avançados que trabalham a teoria da conspiração manipuladora, que são genericamente

conhecidos como os estudos do controle social da mídia.

A segunda corrente que estuda o processo de seleção da notícia, é a questão da própria

produção da notícia chamada de newsmaking, desenvolvida na Inglaterra em 1960 pela

universidade de Birminghan. A corrente do newsmaking nasceu fazendo forte crítica ao

empirismo da sociologia da comunicação norte-americana. Motta (2002) cita que S. Hall

(1973), um dos mais influentes pensadores do newsmaking, afirma que não é preciso se

preocupar com a manipulação da mídia, proposta idealizada pelos americanos a partir dasociologia da comunicação, pois grande parte dos veículos de comunicação estão preocupados

com o equilíbrio e neutralidade de seus produtos.

Motta (2002) cita ainda que os autores Cohen e Young, também representantes do

newsmaking, esclarecem que a mídia fornece os mitos que norteiam a concepção do mundo e

servem como importante veículo de controle social. Para os autores, “o efeito principal da

mídia é o de reforçar as tendências de opinião, nunca mudá- las para direções opostas”(MOTTA, 2002, p. 131).

A terceira corrente apresentada por Motta (2002) diz respeito à ideologia e ao estruturalismo.

Essa corrente reúne alguns estudos denominados de análise ideológica estruturalista e que

geraram uma das análises mais estudadas nas escolas de comunicação chamada de análise do

discurso. Que desenvolvida na Europa, concentra-se em analisar os conteúdos não publicados.

As análises feitas pelos estudiosos da ideologia e estruturalismos concluíram que as

influências na publicação das notícias não são exercidas pelos executivos e proprietários, mas

sim “pela ideologia de classe presente na organização institucional dos aparelhos ideológicos

e, por conseqüência, inerente à linguagem das notícias” (MOTTA, 2002, p. 134).

Para falar sobre a profissão do jornalista, Traquina (1999) explica que esta função é

sobrecarregada pelo mito de que o comunicador desinteressado enxerga que é papel do

 jornalismo ser um observador neutro que não omite opinião. Segundo o autor, o

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desenvolvimento deste mito tem dois momentos históricos. O primeiro aconteceu com o

surgimento do jornalismo informativo, no século XIX, quando a ideia principal era informar

os fatos separados das opiniões. Já o segundo momento aconteceu no século XX, mais

precisamente nos anos 1920 e 1930 com o surgimento do conceito de subjetividade nos

Estados Unidos. Em contra partida, Tuchman citado por Pena (2007) sintetiza a atividade

 jornalística como sendo uma atividade bem complexa, embora pareça ser simples. Já Correia

(2011) cita que

segundo Michael Schudson (2003,p.6), a notícia é o que é publicamente notável dentro deum enquadramento de natureza social e cultural que inclui uma certa compreensão, variávelde comunidade para comunidade, do que é ser público e ser notório. Ou seja, “é o produtode actividade jornalística de tornar público” (2003, p.12) (CORREIA, 2011, p. 30).

Para Traquina (1999), a ideologia da objetividade ainda reina no jornalismo, mas que os

profissionais enxergam que a notícia emerge nos fatos do dia-a-dia. Com isso, o jornalista se

sente apenas como um espelho que reflete os fatos. Em contrapartida, o autor defende que o

 jornalista não é apenas mediador da noticia, mas, sim, participante ativo na construção da

realidade.

Traquina (1999) discute a influência das empresas no contexto da notícia que o jornalista irá

escrever e faz um paralelo afirmando que a notícia é como uma matéria-prima. É preciso umaseleção, transformação desta matéria-prima, para que se torne digna de ser notícia.

Os acontecimentos constituem um imenso universo de matéria-prima; a estratificaçãodeste recurso consiste na selecção do que irá ser tratado, ou seja, na escolha do que se julga ser matéria-prima digna de adquirir a existência pública de notícia, numa palavra -noticiável (newsworthy). (TRAQUINA, 1999, p. 169).

Traquina (1999) também ressalta a importância da relação entre fonte e jornalista, explicando

que, por lei, a fonte de informação é protegida e, mesmo em juízo, o jornalista deve manter afonte em sigilo. Outro fator importante para Traquina (1999) é saber a credibilidade da fonte;

esta precisa demonstrar que é segura e confiável. Outra característica, segundo o autor, é que

quanto mais alto é o cargo da fonte mais credibilidade tem para falar sobre o tema.

Para Traquina (1999), existe uma importante relação entre o tempo e o jornalista. Os próprios

veículos de comunicação escolhem seus nomes baseados no fator tempo. “Os próprios títulos

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dos jornais ou de programas refletem esta ligação íntima com o tempo: o Diário, o Dia, o

Semanário, 24 Horas, Sábado, e, claro, o Tempo.” (TRAQUINA, 1999, p. 174).

Traquina (1999) ressalta, ainda, que o jornalismo está tão preocupado com o atual que acaba

não tendo tempo de falar sobre problemas da sociedade. Com isso, algumas datas

comemorativas passaram a ser tratadas nos jornais como factuais, e assim surge um espaço

significativo para falar sobre temas sazonais.

A organização do tempo e espaço, explica Traquina (1999), é importante para que os

 jornalistas consigam cobrir a maioria dos acontecimentos jornalísticos. O espaço, segundo

Traquina (1999), é definido de acordo com a empresa jornalística, algumas têm sucursais para

fazer a cobertura das regiões do interior, exemplifica o autor. Já a ordem do tempo éorganizada por uma agenda que permite o jornalista prever algum evento e produzir

reportagens especiais sobre aquele tema.

2.2 A criação das editorias

Na década de 1960, os veículos de comunicação, segundo Elcias Lustosa (1996),

departamentalizaram as redações, ou seja, dividiram cada assunto em editorias. Com a criaçãodestas editorias, o papel do secretário de redação foi substituído pelo editor-chefe, responsável

agora por coordenar e supervisionar a produção de cada editoria.

Lustosa (1996) versa que com as modificações nas redações a figura do copidesque surgiu nos

Estados Unidos. Os jornais criaram dois grupos de trabalho, um ficava responsável por apurar

as pautas e o outro por escrever as matérias. Isto acontecia porque a maioria dos jornalistas

americanos não dominava o inglês. No Brasil, a divisão foi diferente. O autor ressalta que a

princípio tentou-se criar, assim como nos Estados Unidos, a figura do copidesque, mas que

este formato não teve sucesso. Lustosa (1996) explica que os jornalistas brasileiros

dificilmente não têm a capacidade de produzir uma matéria em condições de publicação, por

isto cada repórter fica responsável por uma editoria de maior interesse e especialização.

O que acontece em alguns veículos no Brasil, segundo Lustosa (1996), principalmente em

revistas, é que vários jornalistas vão às ruas e passam as informações sobre um mesmo

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assunto para um redator que fica responsável por fazer uma matéria mais abrangente, mas isto

não acontece com frequência.

Lustosa (1996) relata que a criação das editorias no Brasil se iniciou durante a Ditadura

Militar. Como a censura tomava conta das redações, os jornais precisavam buscar temas

diferenciados como economia, moda, etc. para escrever, pois não se podia mais falar de

política.

Durante o regime militar, com o esvaziamento da esfera política, os jornalistas, mais doque nunca, foram obrigados a trabalhar com assuntos especializados, principalmenteeconômicos. O tecnocratas falavam difícil, citando sempre uma ou mais expressões eminglês, em cada cinco palavras que pronunciavam. O jornalista passou a se especializarainda mais, a fim de traduzir a linguagem dos tecnocratas e, com isso, ampliou-se oespaço destinado aos assuntos econômicos. (LUSTOSA, 1996, p. 111).

Após a Ditadura Militar, os jornais passaram a adotar repórteres especializados para os

diversos temas ou setores dos jornais. Assim, cada tema jornalístico foi distribuído em

cadernos por editorias.

Surgiram assim, as editorias de política, economia, esportes, cultura, internacional e cidades.

Lustosa exemplifica que, assim como a editoria de internacional, o cidades “[...] é a clínica

geral da redação” (LUSTOSA, 1996, p. 141). Ou seja, a editoria de cidades é responsável por

abordar todos os temas relacionados à cidade na qual o jornal está instalado, envolvendo

temas relacionados à comunidade, como trânsito, greves, clima, má administração pública,

lideranças políticas, e outros.

O autor ressalta que cada editoria utiliza codificações diferentes para formular suas notícias. E

costumam também padronizar a narração dos fatos para que o leitor consiga mais facilmente

identificar as informações.

A noticia é um produto simbólico destinado ao consumo da massa e, por isso, é feita paratodo mundo a partir de uma técnica de produção capaz de ser absorvida por todos. Anotícia procura uma padronização na forma e uma diversidade no conteúdo com o lide,por exemplo, constituindo-se em uma norma técnica formal de produção. (LUSTOSA,1996, p. 112).

Lustosa (1996) explica que, em todo o jornal a notícia de um crime é escrita em um mesmo

formato, o que muda é apenas o conteúdo da reportagem. O autor ainda ressalta que cada

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mensagem passada pelas notícias somente será absorvida se o leitor tiver conhecimento do

mesmo código de comunicação. Cada editoria, por mais que siga essa padronização para criar

uma notícia, assume características e vocabulários únicos.

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3 OS JORNAIS MINEIROS E O COMPROMISSO COM O CIDADÃO

Para a criação deste capítulo, pesquisamos a história dos jornais que serão analisados. Itens

como as editorias e os assuntos abordados e de maior interesse também serão apresentados

abaixo. Após essa apresentação, será iniciada a análise de conteúdo dos cadernos de Cidades,

Gerais e Minas dos jornais O Tempo, Estado de Minas e Hoje em Dia, respectivamente. A

análise pretende mostrar a quantidade de matérias e assuntos que são publicados diariamente

no caderno. Apresentaremos também uma descrição das matérias que julgamos que têm

caráter cívico.

3.1 Pequena história dos jornais mineiros

Criado por Pedro Aleixo, Álvaro Mendes Pimentel e Juscelino Barbosa o Jornal Estado deMinas (EM) teve sua primeira edição publicada no dia 07 de março de 1928. Após um ano de

seu lançamento o jornal foi comprado por Assis Chateaubriand, um dos homens mais

influentes da imprensa brasileira nas décadas de 1940 e 1950 a partir de então o jornal passou

a integrar o Diários Associados fundado por Chatô. Segundo França (1998) o Estado de

Minas foi durante décadas o principal jornal dos mineiros, detendo, assim, o monopólio do

 jornalismo e consequentemente se tornando o jornal de maior referência e prestígio de Minas

Gerais.

Trata-se de um jornal eclético, que apresenta um conteúdo amplo – informações regionais,nacionais, internacionais, cadernos especializados  –  e se destaca sobretudo enquantoreferencia local, a partir das informações do dia-a-dia da cidade, da agenda de serviços eda publicação dos pequenos anúncios (FRANÇA, 1998, p. 16).

Carrato (2002) ressalta que, na década de 1960 Belo Horizonte passava por um momento

único em relação à imprensa com 11 publicações, em que nove delas eram diárias. No

entanto, a autora levanta o histórico de que, na época, muitas publicações fraquejaram diante

da modernização e passaram a não mais existir.

Esses fatos, no entanto, não explicam as razões pelas quais uma publicação específica, oEstado de Minas, conseguiu se transformar não no “grande jornal dos mineiros”, comoapregoa seu slogan, mas na única publicação mineira diária, constituindo-se numverdadeiro monopólio, com graves conseqüências para a formação da chamada opiniãopública (CARRATO, 2002, p. 470).

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Atualmente, o grupo contém cerca de 50 veículos de comunicação em todo o Brasil com

destaque para os veículos mineiros, entre eles o Portal Uai, Dzai, Vrum, Revista Ragga,

 Revista HIT, TV Alterosa, jornal Estado de Minas, jornal Aqui e Rádio Guarani.

Com publicação diária superior a 73 mil e aos domingos de 119 mil exemplares e formatostandard, o EM abrange todo conteúdo de notícias regionais, nacionais e internacionais, além

de cadernos de suplemento. O Primeiro Caderno, com circulação diária, se divide nas

editorias de política, nacional, opinião, economia, internacional e ciência. Também são

publicados diariamente outros cadernos como Cultura, com reportagens, entrevistas e

entretenimento do cenário cultural mineiro, além de colunas sociais e crônicas. O caderno

SuperEsportes apresenta cobertura sobre o futebol brasileiro com ênfase no mineiro, além de

publicar informações de outras modalidades esportivas.

Um dos cadernos de maior importância do jornal  Estado de Minas é o Classificados. Com

publicação diária o suplemento traz anúncios de empregos, venda de imóveis, veículos e todo

o tipo de serviço. Segundo o site do Diários Associados, o Classificados “É apontado como a

seção de classificados mais importante ou mais eficiente entre os jornais da Grande BH, com

publicação de anúncios destacados e linha”(site diários associados).  

A cada dia da semana o Estado de Minas também publica cadernos de suplementos, que têmcomo objetivo aprofundar em assuntos específicos para o leitor. Ás segundas são publicados

os cadernos  Agropecuária, que presta serviço e aborda as técnicas para plantio e manejo

animal, além de apresentar a agenda de cursos, congressos e o  Direito & Justiça que informa

as principais noticias do poder judiciário, seu público alvo são os profissionais de direito e

estudantes da área.

Com notícias sobre o viagens e destinos nacionais e internacionais, o  Estado de Minas publica

todas as terças-feiras o caderno Turismo. Prazer EM Ajudar é um caderno publicado sempre

na última terça-feira de cada mês, e aborda temas voltados para a sustentabilidade,

responsabilidade social e terceiro setor. Às quartas, sábados e domingo o suplemento Veículos 

traz as novidades e lançamentos de automóveis, caminhões e motocicletas.

O  Ragga Drogs é uma pequena amostra da  Revista Ragga, também produzida pelo Grupo

Diários Associados. Publicado às quintas, o caderno apresenta notas e matérias curtas

voltadas para adolescentes e jovens. Outra publicação às quintas-feiras é o  suplemento

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Informática que apresenta informações sobre internet, hardware e software. A seção imóveis

aborda as notícias sobre compra, venda, locação e construção do mercado imobiliário e é

publicado todas às quintas e domingos. 

O  Divirta-se com publicação às sextas-feiras, aborda cultura e gastronomia, o caderno traztambém um guia completo de lazer em Belo Horizonte. Voltado para o público infantil

Gurilândia é publicado aos sábados e fala sobre educação, sustentabilidade, cidadania usando

uma linguagem infantil e divertida.

Também com publicação diária o caderno Gerais ressalta notícias sobre saúde, educação,

segurança pública, cultura religiosa, patrimônio, estradas, datas comemorativas, entre outros

temas específicos da região. Segundo o site do Grupo Diários Associados, a editoria de

Gerais 

através do jornalismo-cidadão, (...) privilegia uma maior proximidade com o leitor, pormeio da seção de cartas, que aborda temas ligados à relação das pessoas com acomunidade em que vivem. Além disso, o caderno procura retratar personagensinteressantes, que fazem ações que emocionem ou que interessam à comunidade (SITEDIÁRIOS ASSOCIADOS).

A publicação de domingo bate o recorde de suplementos. O caderno Bem Viver é voltado para

a saúde e qualidade de vida. O Feminino & Masculino traz assuntos sobre moda,

comportamento, saúde, arquitetura e decoração, gastronomia, sexualidade. O Guia de

 Negócios apresenta como funcionam os pequenos empreendimentos e mostra oportunidades

de negócio. Voltado para um público mais elitizado, o caderno Pensar aborda ensaios, artigos

e críticas de variados temas como, por exemplo, história, política, economia, filosofia.

Sabendo que o Brasil é muito ligado à televisão não poderia faltar um caderno que traz

notícias da produção da tevê aberta e fechada. Com reportagens sobre o mercado de trabalho,

há o caderno Emprego.

Quanto à circulação do Hoje em Dia, Carrato (2002) ressalta que ao final da década de 1960 o

 Estado de Minas se torna o único jornal eclético do estado mineiro. E que, trocando em

miúdos, aqueles que não estavam dentro do círculo de relacionamento ou dentro da própria

administração, estavam à frente dos insultos que o jornal praticava. “... cada ano, agia com

maior desenvoltura ao colocar em prática seu “índex de assuntos e de pessoas inimigas da

“Casa”, que não deveriam ser notícia, salvo se pudessem receber tratamento negativo ou

comprometedor” (CARRATO, 2002, p. 476).

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Cansado desse monopólio, o então governador de Minas, Newton Cardoso (PMDB), cria, em

1988, o jornal Hoje em Dia que seguia o exemplo do jornal americano USA Today. Assim

como o  EM , o  Hoje em Dia é uma publicação eclética, mas que segundo Carrato( 2002)

revolucionou a publicação em Minas.

Em termos de planejamento visual e do uso de policromia nas capas e contracapas de seuscadernos, o Hoje em Dia revolucionou a imprensa mineira, acostumada ao preto e brancoe à diagramação conservadora do Estado de Mina. O Hoje em Dia passou a fazer oposiçãoaberta ao Estado de Minas. Seu slogan  –  “Um jornal de verdade” – deixava isso patente(CARRATO, 2002, p. 476).

Carrato (2002) afirma que ao final dos anos de 1980 o  Hoje em Dia foi comprado pelo Bispo

Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, e faz parte do Grupo Record, entretanto,

o ex-governador, Newton Cardoso ainda permanece como acionista minoritário. Atualmente o jornal  Hoje em Dia tem passado por reformulações em sua editorias e suplementos

semanalmente, por uma série de questões de mercado. Assim como os outros jornais, o  Hoje

em Dia possui diariamente as editorias de  política, economia, minas, cultura, mundo,

esportes, opinião, Brasil e ClassiHoje  –  caderno voltado para os classificados, mas sua

primeira página traz sempre uma matéria sobre emprego e novas profissões.

Às segundas, o caderno info.com e ciência são publicados com as novidades das áreas. Às

quintas o caderno Turismo apresenta dicas de lugares para se viajar. Sempre na última quinta-

feira do mês o jornal publica também o suplemento Eu Acredito, voltado para informações do

terceiro setor. Aos sábados o suplemento Veículo apresenta as novidades automobilísticas e

um classificados do setor, além do caderno Programinha, voltado para o publico infantil e

com temas totalmente voltados para educação e aprendizado. Às sextas o jornal apresenta o

caderno Mosaico que como o próprio nome diz traz uma série de recortes e temas diferentes

como, cultura, moda, cinema, mercado editorial e gastronomia.

Com matérias sobre casos policiais, saúde, trânsito, patrimônio histórico e outras notícias, o

caderno  Minas, que é publicado diariamente, tem por interesse divulgar informações sobre o

estado Mineiro.

Segundo o setor de marketing do jornal a tiragem diária é de 55.320, a circulação atingida é

de 48.647. O jornal é distribuído em Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Com sucursais

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em Ipatinga, Valadares e Montes Claros. O valor durante a semana é de R$ 1,00 e aos

domingo de R$ 2,00. 

Após a criação da nova publicação diária (o jornal  Hoje em Dia), o  EM , portanto, decidiu

investir em reformulações para reconquistar seu espaço entre os leitores. E acaba provocandomais uma vez, segundo Carrato (2002), a criação de outra publicação eclética diária, o jornal

concorrente O Tempo.

Carrato (2002) relata que após uma especulação do  EM  de que o político e empresário

Vittório Medioli (PSDB) estava envolvido com negócios ilícitos, portanto, o político resolveu

investir na criação do O  Tempo. “Assim, no início de 1996, ele contrata uma equipe de

consultores, tendo à frente o jornalista Herval Braz, com a responsabilidade de elaborar o

projeto de uma nova publicação diária no estado, que seria O Temp o” (CARRATO, 2002,

p.479).

Um pouco antes da criação do  Hoje em Dia e durante o processo de migração de alguns

leitores do  EM para o novo jornal mineiro foi realizada uma pesquisa, que segundo Carrato

(2002), a partir dos anos 1980, o jornal mais lido em Minas era o Folha de S. Paulo.

Partindo dos conflitos pessoais e desta pesquisa, Medioli decide recuperar os leitores de

Minas que liam apenas jornais de outros estados. E para alcançar esse objetivo O Tempo 

reforça a cobertura de notícias nacionais e internacionais, sem se esquecer, é claro, de tratar os

temas regionais. Outro diferencial trazido pelo O Tempo é o espaço para colunistas e

comentaristas políticos e econômicos exclusivos, prática pouco adotada pelos concorrentes.

Após cem dias de publicações, o jornal O Tempo publicou um caderno especial

comemorativo, que circulou no dia 3 de março de 1997, com objetivo de apresentar aos

leitores para o que veio. O jornal O Tempo faz parte do grupo Sempre Editora, que concentraainda o jornal Super , O Tempo Betim, O Tempo Contagem e Jornal Pampulha.

O Tempo também se divide em primeiro caderno, com as editorias de Brasil, mundo, opinião,

esportes, política, cidades, interessa – que sempre apresenta novidades da ciência ou dicas de

saúde e educação, o jornal traz também todos os dias o caderno magazine, que aborda temas

culturais como cinema, literatura, teatro, astrologia, programação de televisão, bastidores das

produções de TV. Além de suplementos como Final de Semana (FDS) publicado às sextas-

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feiras com matérias curtas e leves sobre artes plásticas, música, exposições, e um guia dos

eventos, restaurantes e ainda algumas receitas. O jornal O Tempo publica também o caderno

Pandora, aos domingos, que traz todas as notícias de moda, gastronomia e feminino. Às

terças e sábados uma página de tecnologia, apresenta as novidades do mundo online e as

novas tendências. Na quarta é publicado o suplemento Carros & Cia que relata todas as

novidades do mundo dos autos. Na quinta o caderno  Imóveis & Construção. Terça o jornal

oferece dicas de passeios no suplemento Viagens. O suplemento TV TUDO, apresenta as

novidades das novelas e seus personagens e é publicado aos domingos. Publicado todos os

dia, o caderno Cidades, além de colunas sociais traz também em sua maioria notícias

policiais, além de apresentar telefones úteis, previsão do tempo e cartas dos leitores.

Segundo Ribeiro (2008), o “O Tempo provocou um acirrado clima de concorrência com o

 Estado de Minas, sobretudo no âmbito de planejamento gráfico, quando mudou sua

identidade visual no dia 15 de maio de 2003” (ALVES, 2008, p. 47). Ainda segundo Ribeiro

(2008), o jornal, na época, investiu fortemente na reestruturação do Parque Gráfico,

localizado em Contagem/MG e em 24 de março de 2008 o jornal inovou mais uma vez

apresentando o formato tablóide.

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3.2 Análise das notícias

Para esta pesquisa, foram recolhidos os cadernos de Cidades, Gerais e  Minas dos principais

 jornais mineiros de referência, O Tempo, Estado de Minas e Hoje em Dia, respectivamente. A

intenção é saber se há prática do jornalismo cívico nas reportagens, como os temas são

abordados e qual a frequência dos assuntos. A análise será dividida por assuntos como polícia,

educação, trânsito/transporte/estradas, saúde, prestação de serviço, urbanismo, meio ambiente,

patrimônio histórico, datas comemorativas, cultura, economia, demografia, política,

gastronomia, comportamento, sustentabilidade, direitos humanos e turismo. A coleta do

material foi feita durante uma semana composta, permitindo assim, que o material não seja

influenciado por acontecimentos que ocupam varias edições diárias. Iniciando no dia 04 de

outubro de 2010 e sendo finalizada no dia 14 de novembro de 2010.

Os jornais apresentamos assuntos na seguinte ordem:

Estado de Minas

0

5

10

15

20

25

   P   O   L    Í   C   I   A

   P   R   E   S   T .   D   E

   E   D   U   C   A   Ç    Ã   O

   T   R    Â

   N   S   I   T   O    /   T   R   A   N   S

   M   E   I   O   A   M   B   I   E   N   T   E

   P   A   T   R   I   M    Ô   N   I   O

   D   A   T   A   S

   U   R   B   A   N   I   S   M   O

   C   U   L   T   U   R   A

   D   E   M   O   G   R   A   I   F   A

   S   A    Ú   D   E

   E   C   O   N   O   M   I   A

   S   U   S   T   E   N   T   A   B   I   L   I   D   A   D

   P   O   L    Í   T   I   C   A

   C   O   M

   P   O   R   T   A   M   E   N   T

   D   I   R   E   I   T   O   S

   G

   A   S   T   R   O   N   O   M   I   A

   T   U   R   I   S   M   O

 

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Hoje em Dia

0

5

10

15

20

25

30

35

   P   O   L    Í   C   I   A

   S   A    Ú   D   E

   U   R   B   A   N   I   S   M   O

   T   R    Â   N

   S   I   T   O    /   T   R   A   N   S   P   O

   E   D   U   C   A   Ç    Ã   O

   M

   E   I   O   A   M   B   I   E   N   T   E

   P   A   T   R   I   M    Ô   N   I   O

   C   U   L   T   U   R   A

   D   A   T   A   S

   E   C   O   N   O   M   I   A

   D   E   M   O   G   R   A   I   F   A

   P   R   E

   S   T .   D   E   S   E   R   V   I   Ç   O

   G   A   S   T   R   O   N   O   M   I   A

   P   O   L    Í   T   I   C   A

   C   O   M

   P   O   R   T   A   M   E   N   T   O

   D   I   R   E   I   T   O   S   H   U   M   A   N   O   S

   T   U   R   I   S   M   O

   S   U   S   T   E   N   T   A   B   I   L   I   D   A   D   E

 

O Tempo

0

10

20

3040

50

60

   P   O   L    Í   C   I   A

   E   D   U   C   A   Ç    Ã   O

   P   R

   E   S   T .   D   E   S   E   R   V   I   Ç   O

   T   R    Â

   N   S   I   T   O    /   T   R   A   N   S   P   O

   U   R   B   A   N   I   S   M   O

   D   A   T   A   S

   P   A   T   R   I   M    Ô   N   I   O

   M   E   I   O   A   M   B   I   E   N   T   E

   C   O

   M   P   O   R   T   A   M   E   N   T   O

   C   U   L   T   U   R   A

   D   E   M   O   G   R   A   I   F   A

   E   C   O   N   O   M   I   A

   S   A    Ú   D   E

   S   U

   S   T   E   N   T   A   B   I   L   I   D   A   D   E

   D   I   R   E

   I   T   O   S   H   U   M   A   N   O   S

   G   A   S   T   R   O   N   O   M   I   A

   P   O   L    Í   T   I   C   A

   T   U   R   I   S   M   O

 

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3.2.1 Polícia

Do material coletado dos três jornais, 101 matérias abordavam assuntos policiais como, por

exemplo, assassinatos, drogas, acidentes, investigações e apreensões. Destas matérias, 22

foram publicadas no Estado de Minas, 53 no jornal O Tempo e 29 no Hoje em Dia.

0

10

20

30

40

50

60

POLÍCIA

Estado de Minas

Hoje em DiaO Tempo

 

Das matérias publicadas com temas policiais, poucas têm o perfil cívico. O repórter apresenta

o caso policial e intercala as informações da polícia e dos acusados, ou cita os acidentes,

quantos envolvidos e o que a polícia ou SAMU suspeitam ter acontecido.

O jornal O Tempo  publicou, no dia 12 de outubro, a matéria “Adolescente que queria jogar 

futebol decide voltar para casa”. A matéria, que ocupa 2/3 da página, conta a história de um

menino de 12 anos que saiu do Espírito Santo, fugido de casa, para fazer um teste nos clubes

de futebol mineiros. Durante os seis dias que ficou na capital o garoto foi abrigado pelo

Conselho Tutelar, mas fugiu três vezes. No terceiro e quarto parágrafos da matéria, são

apresentadas informações que acrescentam e informam as questões da lei que defende acriança e o adolescente, característica essa que acreditamos ser do jornalismo cívico, pois

passa mais do que informações do fato em si.

Ainda durante a matéria a repórter Gabriela Sales acrescenta que, segundo o Conselho

Tutelar, o garoto se mostrou bem agressivo, e aproveita o assunto para produzir uma retranca

com as informações de uma psicóloga sobre o funcionamento e o perfil de garotos na mesma

situação.

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No mesmo dia, o jornal  Hoje em Dia publicou quatro matérias policiais, mas a que mais se

destaca é “2 morrem afogados no São Francisco” que ocupa 1/6 da página. A matéria que foi

produzida pela sucursal do  Hoje em Dia no Norte de Minas trata de mortes que acontecem no

rio São Francisco. O segundo parágrafo se destaca, pois explica que o Corpo de Bombeiros

reforça a equipe de prontidão, no período em que as pessoas tendem a ir nadar em rios, para

tentar evitar acidentes.

No dia 20 de outubro, o jornal O Tempo  publicou a matéria “Golpe da compra ilegal de carros

termina com 24 presos”, que relata a ação de uma quadrilha que falsificava documentos e

compravam carros financiados e depois vendiam com 100% de lucro. A matéria utiliza o

recurso do infográfico que, neste caso, acaba sendo educativo, explicando as duas formas

como a quadrilha funcionava, uma forma de ensinar a população a se proteger. Assim como o jornal  o  Hoje em Dia e o Estado de Minas também  publicaram sobre o assunto. Com um

caráter também explicativo, a matéria utiliza os mesmo verbos e a maioria das informações

que a citada acima; entretanto, não utiliza infográficos.

Outra matéria em comum aos jornais é “Vigia é morto no Fórum de Contagem” ( Hoje em

 Dia), “Morte expõe crise na segurança” (O Tempo) e “Homens armados invadem fórum e

matam vigilante” ( Estado de Minas). Apesar do título do jornal O Tempo parecer maisrelacionado a um caso de denúncia ou acompanhamento de denúncia, a matéria não apresenta

muitas novidade diferente que as do Hoje em Dia e Estado de Minas.

A capa do caderno Gerais, do  Estado de Minas, apresenta uma matéria sobre a venda de

medicamentos falsificados no Brasil. Com o título “Golpe no tráfico internacional” a matéria

faz o uso de infográficos para ilustrar e utiliza recursos no texto para explicar, por exemplo, o

nome da operação policial. O jornal  Hoje em Dia também publicou uma matéria sobre o

assunto, entretanto as abordagens são um pouco diferentes. O  Hoje em Dia não informa que a

operação também está sendo acompanhada pela Interpol, deduzindo assim que esta não faz

parte do caráter cívico, já que não apresenta todas as informações e nem traz informações

educativas.

No dia 28 de outubro o jornal O Tempo publicou a matéria “agente facilitava fuga de presos”.

A matéria também foi publicada nos outros jornais, mas o jornal O Tempo apresenta

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informações de como funciona a lei que permite aos presos saírem da prisão durante o dia,

podendo ser considerada como uma matéria que vai além dos fatos.

Na matéria do  Estado de Minas “Juíza sob fogo cruzado”, o repórter Thobias Almeida relata

as várias opiniões sobre uma declaração feita por uma magistrada sobre o Caso Bruno. A

matéria traz além das várias críticas um parágrafo onde explica a Lei Complementar que rege

o excesso de linguagem do magistrado.

No dia 05 de novembro, o jornal O Tempo a matéria “Menino que bebeu vodca pode ter morte

encefálica” apresenta o fato de uma criança de 7 anos que bebeu uma garrafa de vodca e foi

internada com suspeita de morte encefálica. A matéria além de relatar o fato traz uma retranca

com o título “Risco” que relata o que os médicos dizem o que pode acontecer com umacriança que ingere qualquer quantidade de álcool. O jornal  Estado de  Minas também publicou

sobre o incidente, mas trouxe apenas informações sobre o caso.

No dia 14 de novembro, o Hoje em Dia traz a matéria “Policia Civil caça oito ‘terroristas’” o

repórter Carlos Calaes apresenta uma nova técnica de assalto a bancos e joalherias, além de

trazer a foto dos ladrões, a matéria apresenta também a forma como eles trabalham e quais são

os seus crimes mais famosos. O que contribue para o reconhecimento da população destapessoas e também denuncia a forma como os assaltantes têm trabalhado, assim as pessoas

começam a ficar mais atentas.

O  Hoje em Dia também publicou uma retranca falando sobre a situação da Delegacia

Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deroc’s). A matéria conta que a

reportagem do jornal acompanhou o trabalho dos investigadores e descobriu que eles não

possuem sistemas unificados para facilitar a busca pelos criminosos. O jornal também

denunciou, que em período chuvoso, a sede do Deroc’s se enche de goteiras. Este tipo de

matéria é interessante, pois chama a atenção para a sociedade sobre a situação das polícias

mineiras.

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3.2.2 Educação

Dos materiais coletados o jornal O Tempo publicou 13 matérias sobre educação, o  Hoje em

 Dia fica em segundo lugar com 12 matérias, já o  Estado de Minas publicou 11 matérias.

Durante esse período o Enem  –  Exame Nacional do Ensino Médio foi aplicado para os

estudantes do Ensino Médio do Brasil, entretanto houve problemas com as provas e, por isso,

a maioria das matérias relatam essa “briga” da justiça com o MEC.  

10

10,5

11

11,5

12

12,5

13

EDUCAÇÃO

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

No dia 04 de outubro o jornal  Estado de Minas  publicou a matéria “Começa a entrega de

cartões” que fala sobre a correspondência que os inscritos no Enem receberam em casa. A

matéria escrita pela repórter Glória Tupinambás informa também onde o aluno deve recorrer

caso não receba o cartão até o dia determinado, além de explicar como a prova será dividida e

falar como as faculdades de Minas irão participar do exame. A matéria traz também um

retranca que fala sobre a prova ENCCEJA que permita a pessoas que não concluíram o ensino

fundamental a tirarem o histórico.

No dia 04 de outubro, o jornal  Hoje em Dia publicou matéria sobre o Proerd, Programa

Educacional de Resistência às Drogas e Violência, que foi implantado em Valadares. A

matéria conta como o Proerd é aplicado nas escolas e sobre o histórico do programa.

No dia 20 de outubro o jornal  Hoje em Dia  publicou a matéria “Demanda por braile cresce

76%”. A matéria escrita por Flórence Couto, conta que existe uma central dos correios que

recebe cartas para cegos cadastrados e traduz para o braile e vice versa. A matéria tem a

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intenção de divulgar essa central, que é pouco conhecida. Portanto, aborda a questão de como

se cadastrar, e para onde enviar a correspondência.

O Hoje em Dia, dia 28 de outubro, publicou uma matéria sobre três estudantes que foram

selecionados em Minas para irem participar de programa acadêmico nos EUA. A matéria

além de contar o acontecimento faz um retranca que explica como outros adolescentes podem

entrar no concurso.

Dia 28 de outubro O Tempo  publicou a matéria “Mais uma escola denuncia ordem contra

reprovação” apresenta outro caso de escola orientada a não reprovar os alunos em Minas. A

matéria tem caráter cívico, pois apresenta o caso de forma investigativa, onde o jornal liga

para a escola para entender o caso e procura a justiça e o sindicato, além de explicar oprimeiro caso ocorrido em uma escola na capital mineira.

No dia 05 de novembro, o jornal O Tempo publicou outra matéria de página inteira sobre o

ENEM. Também com caráter informativo, a matéria apresenta infográficos que ilustram o que

o aluno pode e não pode levar, além de horários e dicas de como marcar o gabarito e

informações sobre a prova de língua estrangeira. A matéria traz também informações sobre

um ajuizamento do Ministério Público do Espírito Santo para liberar que os alunos levem paraa sala materiais básicos de estudo como lápis, borracha e apontador, materiais estes, que o

MEC proibiu durante a prova.

A matéria apresenta também uma retranca que fala sobre a possibilidade da prova ser aplicada

mais que uma vez ao ano, além de apresentar o número de inscritos e candidatos de Minas e a

quantidade de universidades federais que usarão a nota do Enem para o vestibular. O jornal

 Estado de Minas também publicou uma matéria abordando o mesmo tema, além de trazer

uma retranca dando dicas dos psicólogos e educadores para que os alunos desacelerem o

ritmo antes da prova, para que no dia estejam descansados psicologicamente.

No dia 13 de novembro o jornal O Tempo publicou duas páginas sobre o Enem, as matérias

abordam as ações ajuizadas pelo Ministério Público, além de protestos feitos pelos alunos.

Aborda também quais são os planos do ministério da educação para o próximo ano, além de

trazer as opiniões dos alunos, e falar sobre o cronograma da UFMG, que neste ano acatou o

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Enem como primeira etapa do vestibular. A matéria traz também informações sobre onde os

alunos prejudicados podem reclamar e recorrer.

No dia 14 de novembro, o jornal O Tempo publicou uma página inteira sobre o Enem, 0

Exame Nacional do Ensino Médio. A matéria traz a opinião de educadores e alunos, além de

apresentar um histórico da aplicação do exame e ainda apresenta quais os benefícios

principais da prova.

Neste dia, o  Estado de Minas também publicou informações sobre o Enem, mas elas foram

abordadas de forma totalmente diferente. O jornal informou sobre os vestibulares de

universidades públicas que estavam acontecendo no final de semana e trouxe, também,

informações das notas dos candidatos no exame para esses vestibulares, o que tambémpodemos caracterizar como jornalismo cívico, uma vez que as matérias trazem informações

importantes para os vestibulandos.

3.2.3 Trânsito/Transporte/Estradas

Ao todo, foram 4 matérias sobre transporte, todas publicadas no  Hoje em Dia. Sobre Trânsito

foram 11 no Estado de Minas, 4 no O Tempo e 5 no  Hoje em dia, somando 2 matérias. Já asmatérias sobre estradas somaram 12, em que 4 foram publicadas no  Estado de Minas, 5 no O

Tempo e 3 no Hoje em Dia.

0

5

10

15

TRÂNSITO/TRANSPORTE/ESTRADAS

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

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No dia 04 de outubro, o jornal Hoje em Dia publicou três matérias relacionadas ao trânsito. A

primeira fala sobre pessoas que se machucam dentro dos coletivos. Segundo a reportagem de

Renato Fonseca, cerca de duas pessoas se machucam dentro dos ônibus por dia e as principais

vítimas são os passageiros que estão em pé. A matéria apresenta também um infográfico com

informações importantes como acionar o DPVAT e ainda um gráfico com o número de

mortes, invalidez, despesas médicas com os acidentes. A segunda matéria é sobre o aumento

de indenização por acidentes em transportes coletivos em Minas Gerais que aumentou em 7%

em relação a 2009. a matéria relata que existe um Projeto de Lei na CMBH, aprovado em

primeiro turno, que obriga as empresas de transportes a instalarem cintos de seguranças,

encosto de cabeça e outras adaptações nos ônibus. A outra matéria, escrita por Jader Rezende,

faz denúncias e apresenta reclamações dos cidadãos quanto à cobrança de 15 reais para a

manutenção dos cartões BHBus e também quanto ao fato de a integração da tarifa nosdomingos e feriados.

O  Estado de Minas publicou uma matéria sobre os investimentos e as obras previstas para

terminar com os congestionamentos das Avenidas Pedro I e Antonio Carlos até a Copa de

2014. A matéria de capa do caderno Gerais traz um infográfico que ilustra toda a área que

será revitalizada. A outra matéria apresenta mais informações sobre o novo sistema de

transporte coletivo em Belo Horizonte, o BRT (Bus Rapid Transit). A matéria apresenta umaretranca sobre a queixa de comerciantes para com a obra. Afinal, várias empresas e moradores

das avenidas onde o BRT será instalado estão sendo desapropriadas e indenizadas.

No dia 20 de outubro, o jornal O Tempo publicou duas matérias. A primeira é voltada para

segurança no trânsito, a matéria apresenta uma nova campanha proposta pela OMS

(Organização Mundial da Saúde) e que seria implantada em Belo Horizonte, Campo Grande,

Palmas, Teresina e Curitiba. A Campanha Vida no Trânsito propõe a redução, em 10%, de

mortes no trânsito por embriaguez. A outra matéria é sobre o tráfego de caminhões nas

principais vias da capital mineira. A matéria escrita pelo repórter Thiago Nogueira fala sobre

a nova regra para os arredores da região Hospitalar. A reportagem relata que, apesar de ser

proibido em outras lugares, os caminhoneiros são flagrados durante todo o dia.

No dia 20 de outubro, o  Estado de Minas publicou uma matéria sobre uma parceria entre a

Prefeitura de Belo Horizonte, Estado e União, com a OMS, montam força-tarefa para reduzir

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número de acidentes e conscientizar motoristas, passageiros e pedestre sobre barbárie no

asfalto. O Hoje em Dia também publicou esta matéria.

No dia 05 de novembro, apenas o  Hoje em Dia publicou matérias relacionadas ao trânsito. A

reportagem “Multas de trânsito têm queda de 13,3% em Belo Horizonte” apresenta

informações sobre o número de multas aplicadas após a decisão do STJ em proibir a BHTrans

de multar. A matéria aborda também a questão do crescimento de números de carros na

capital. A matéria traz uma retranca sobre o número de infrações com a faixa azul em Belo

Horizonte e compara o número de vagas destinadas com outras capitais.

No dia 13 de novembro o  Estado de Minas  publicou a matéria “chove mais que o esperado”.

A matéria fala da previsão para o feriado de finados, além de alertar a população paraacidentes durante a viajem.

No dia 12 de outubro de 2010 o jornal  Estado de Minas publicou na capa do caderno Gerais 

uma matéria sobre as obras que não foram feitas nas estradas de Minas Gerais. A matéria

apresenta informações sobre o porquê de obras como a revitalização e modernização do Anel

Rodoviário não saíram do papel até hoje, uma vez que o orçamento já está garantido. Também

no dia 12 de outubro o jornal  Hoje em Dia publicou uma matéria sobre previsão de chuvaexige cuidado redobrado nas estradas. A matéria chama a atenção dos motoristas para o

perigo de acidentes durante o feriado.

Dia 28 de outubro, o jornal O Tempo publicou matéria sobre as rodovias estaduais. A matéria,

que ocupa 2/3 da página, apresenta informações sobre os problemas causados pelas chuvas de

2009 e que ainda não foram resolvidos, além de falar sobre o período de chuvas e fenômeno

que acontece em novembro e dezembro de 2010 e explica também qual a previsão de 2011.

Além de trazer informações sobre quais são as primeiras ações da prefeitura nesta época. E

telefones para reclamações com problemas de transportes rodoviários.

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3.2.4 Saúde

0

5

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15

20

25

SAÚDE

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

No material analisado, 27 matérias são relacionadas à Saúde, em que 25 forma publicadas no

 Hoje em Dia e duas no Estado de Minas.

No dia 4 de outubro, o  Hoje em Dia publicou duas matérias sobre leishmaniose, a primeira

fala de um investimento da Fundação Bill Gates em pesquisas para produção de vacina, a

outra fala sobre uma pesquisa que está sendo realizada pela Unimontes sobre o tipo visceral

da doença.

Já no dia 20 de outubro, o jornal  Hoje em Dia publicou matéria de página inteira sobre a

psoríase. A matéria escrita por Renato Fonseca conta o que é a doença e fala sobre uma

pesquisa do Ibope que afirma que 70% da população têm preconceito com o doente. Em um

retranca o repórter conta que mais da metade dos doentes sofrem de depressão. No mesmo dia

o jornal publicou uma pequena matéria sobre programa de doação de medula óssea que está

precisando de doadores.

Ainda no dia 20 de outubro, o jornal Hoje em Dia publicou sobre surto de catapora. A matéria

além das informações comuns aborda a informação que o final do inverno e inicio da

primavera é época de surto da doença, o que faz um alerta à população. A matéria fala

também sobre a vacina que previne a doença.

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No dia 28 de outubro, o jornal Hoje em Dia publicou uma matéria sobre o Dia D em Poços de

Caldas. A matéria faz uma chamada a comunidade para participar contra a Dengue. Também

neste dia o jornal publicou uma matéria sobre o AVC e explica como a doença funciona e

também fala sobre a parceria entre BH e Montes Claros para realizarem ações gratuitas.

No dia 05 de novembro, o jornal Hoje em Dia publicou uma matéria sobre o novo Centro de

Cicatrização, e informa à comunidade como o Hospital vai funcionar, quantas pessoas vai

atender e quais tratamentos vai oferecer.

No dia 14 de novembro, o jornal Estado de Minas  publicou a matéria “Peçonhentos à solta”.

A matéria faz um alerta e informa à população sobre o aumento de ataques de escorpiões,

aranhas, lagartas e cobras, principalmente em períodos chuvosos e de muito calor. A matériamostra pesquisas sobre o aumento de casos em Minas Gerais e dicas do que deve ser e não

deve ser feito quando um destes animais picam. Também no dia 14, o jornal  Hoje em Dia 

publicou sobre a diabetes. A matéria escrita por Jaqueline Mata, aborda questões do

crescimento da doença, programas públicos que ajudam o doente e a família, sobre os tipos de

diabetes e quais as principais causas da doença. A matéria foi publicada neste dia, pois é o Dia

Mundial de Controle do Diabetes.

3.2.5 Prestação de Serviço

0

5

10

15

20

SERVIÇO

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

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No total, foram vinte e seis publicações de prestação de serviço. No dia 12 de outubro, o

 jornal Hoje em Dia publicou uma matéria sobre o horário de verão. A repórter Nice Silva,

além de abordar sobre o dia que irá iniciar o novo horário, também discute sobre a questão do

sono, principal reclamação da população. E dá dicas do que fazer para acostumar seu corpo ao

novo horário.

Os outros serviços publicados pelo  Estado de Minas e no jornal O Tempo, dizem respeito à

meteorologia, telefones úteis, e carta do leitor ao jornal.

3.2.6 Urbanismo

No total, foram vinte e três matéria sobre urbanismo, onde 3 foram publicadas pelo  Estado de

 Minas, 4 pelo O Tempo e 16 pelo Hoje em Dia.

0

5

10

15

20

URBANISMO

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

No dia 28 de outubro, o jornal O Tempo publicou a matéria “Prefeitura libera uso de calçada”,

que fala sobre a regulamentação de bares e restaurantes a usarem as calçadas para colocar

cadeiras e mesas. A matéria, além de falar sobre o antigo código de postura, explica sobre o

novo código. A matéria traz também um pequeno gráfico sobre os limites de decibéis da lei

do silêncio. O  Hoje em Dia também publicou sobre a lei do silêncio. Escrita por Jader

Rezende, a matéria fala sobre a fiscalização da prefeitura e aborda, também, como forma de

informar o leitor, quais são as regras desta lei.

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No dia 5 de novembro, o jornal O Tempo publicou na capa do caderno Cidades uma matéria

sobre a verticalização do Vale do Sereno em Nova Lima. Na matéria principal, o repórter

Rafael Rocha apresenta o caso e explica que o prefeito de Nova Lima recuou de liberar a

verticalização do local após várias matérias do jornal denunciando o caso e também por causa

de uma intervenção do Ministério Público Estadual (MPE). A matéria traz uma entrevista

pingue-pongue com o prefeito da cidade e um infográfico com informações sobre as

mudanças no vale do sereno e suas consequências.

No dia 13 de novembro de 2010 o jornal  Estado de Minas publicou uma matéria sobre a

história e abandono de duas famosas praças em Belo Horizonte, a Floriano Peixoto no Bairro

Santa Efigênia e a Duque Caxias, no bairro Santa Tereza. A matéria apresenta também que a

praça de Santa Tereza precisa ser revitalizada com urgência. E que as duas precisam depoliciamento.

No dia 14 de novembro, o jornal Estado de Minas publicou uma matéria sobre as famílias que

seriam removidas do Morro das Pedras. A matéria pode ser considerada, em alguns trechos,

como jornalismo cívico, pois traz informações que vão além da notícia, por exemplo, o

repórter Paulo Henrique Lobato conta o motivo pelo qual as famílias se instalaram no local.

Também no dia 14, o Hoje em Dia publicou uma matéria sobre o mapeamento da prefeitura

que pretende reduzir a quantidade de queda de árvores em BH. A matéria, além de abordar as

questões do plantio e vida das árvores informa ao leitor que a prefeitura irá arrecadar R$ 3

milhões do contribuinte Belo Horizontino, para fazer esse mapeamento.

3.2.7 Meio Ambiente

0

2

4

6

8

10

12

MEIO AMBIENTE

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

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Durante o período analisado, encontramos 19 matérias sobre meio ambiente. No dia 28 de

outubro o jornal  Estado de Minas publicou uma matéria que informa a população sobre a

demarcação de terras e implantação de infraestrutura do Parque Nacional Cavernas do

Peruaçu, no norte de Minas. A matéria traz informações sobre a lei que foi proposta em 1999.

No dia 05 de novembro o jornal Hoje em Dia publicou uma matéria sobre projeto de lei que

proíbe o uso das sacolas plásticas em Ipatinga. A matéria, além de trazer informações sobre a

lei, informa também os benefícios da diminuição do uso das sacolas plásticas. Também neste

dia o jornal publicou uma matéria de página inteira que fala sobre instrumentos que mostram

o nível da água em Valadares e que alertam os moradores quanto ao risco de enchentes. Com

uma retranca, a matéria explica detalhadamente como as réguas funcionam. Também no dia

05, o Hoje em Dia publicou uma matéria sobre uma multa aplicada na prefeitura de Lontra,norte de Minas, por ter cortado uma pequizeiro. A matéria apresenta informações sobre a Lei

Estadual, orientando assim a população.

No dia 14 de novembro, o jornal Estado de Minas publicou, em sua maioria, matérias sobre o

meio ambiente. A matéria de capa do caderno Gerais fala sobre o estudo de ambientalistas em

dobrar a área do Parque Nacional da Serra do Cipó. A matéria é bem explicativa e apresenta à

população os motivos pelos quais o Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade (ICMBio) está tentando aumentar esses hectares, uma vez que os loteamentos

e esgotos clandestinos têm causado contaminação da terra e água. A matéria de capa rende,

neste dia, mais duas retrancas “Paraíso e águas turvas” e “Poluição de lixo, fossas e esgoto”.

Podemos considerá-las como cívicas, pois as matérias mostram o que está acontecendo com

um dos lugares turísticos de Minas Gerais e alertam a população para a preservação do local.

A outra matéria ganha o título de “mobilização evita derrubada de mata”. Nela o repórter Luiz

Ribeiro apresenta uma bela ação da comunidade em lutar pela preservação da Serra do

Ibitutuna em Montes Claros.

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3.2.8 Patrimônio Histórico

0

2

4

6

8

10

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

Em nosso material empírico encontramos 15 matérias sobre patrimônio histórico. Com duas

páginas destinadas apenas a matérias sobre patrimônio Histórico, o jornal  Hoje em Dia,

publicado em 4 de outubro, aborda vários casos de estações ferroviárias mineiras que estão

em processo de degradação ou fechadas. Mas a matéria aborda também exemplos positivos de

estações que foram reformadas e hoje são centros culturais.

No dia 20 de outubro, o jornal O Tempo  publicou a matéria “Ministério Público entra comação para salvar Capela” em que a r epórter Tâmara Teixeira traz as informações sobre o

ajuizamento de uma ação pública do MPF para a conservação e reparação da Capela de Nossa

Senhora do Rosário em Santa Rita Duram, distrito de Mariana. A matéria em si traz apenas

informações necessárias para contar o caso, mas apresenta ao final um pequeno box que conta

a história da igreja, o que podemos considerar como jornalismo cívico, uma vez que a

informação histórica do local também é importante para a população. No mesmo dia o jornal

 Estado de Minas e Hoje em Dia também publicou matéria sobre o caso.

No dia 28 de outubro, o jornal Estado de Minas publicou matéria sobre Ouro Preto. A matéria

aborda questões que estão sendo discutidas e terão regras mais claras, quanto a modernização

e preservação histórica da cidade. No mesmo dia o caderno Gerais trouxe informações sobre

uma campanha iniciada em 2003 para recuperar tesouros desaparecidos das Igrejas e Capelas

do estado, que será representada em um encontro sobre patrimônio cultural no Equador.

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3.2.9 Datas comemorativas

Do material coletado dos três jornais onze matérias abordavam assuntos sobre datas

comemorativas como, por exemplo, natal e dia das crianças. Destas matérias 3 foram

publicadas no Estado de Minas, 2 no jornal O Tempo e 6 no Hoje em Dia.

0

1

2

3

4

5

6

DATAS COMEMORATIVAS

Estado de Minas

Hoje em DiaO Tempo

 

No dia 12 de outubro todos os três jornais publicaram informações sobre o dia das crianças. O

 jornal O Tempo  publicou a matéria “Capital e região oferecem opções para muita diversão”. O

repórter Rafael Rocha apresenta vários eventos que serão promovidos durante o dia dascrianças em Belo Horizonte, Inhotin e cidades históricas. O  Hoje em Dia publicou um roteiro

da programação do dia das crianças com atividades gratuitas e a preços populares. As dicas

são de oficinas, exposições, brincadeiras e apresentações teatrais.

O jornal Estado de Minas apresentou três matéria sobre o dia das crianças. A primeira conta

sobre o Hospital dos Brinquedos, uma loja onde se conserta brinquedos antigos e quebrados.

A outra matéria traz o museu dos Brinquedos como foco principal. E a terceira apresenta,assim como os outros jornais, a programação da festa produzida pela TV Alterosa na praça da

Estação.

No dia 20 de outubro o jornal  Hoje em Dia publicou duas matérias sobre datas

comemorativas. Uma sobre o Natal e outra sobre o Dia de Finados. A matéria escrita pela

repórter Jaqueline da Mata relata que as crianças, menores de 10 anos, das escolas e creches

 públicas já começaram a escrever suas cartinhas para o “Papai Noel Dos Correios”. A matéria

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apresenta os desejos das crianças e tenta incentivar para que este ano o número de padrinhos

aumente.

A matéria “Dia de Finados Mobiliza Alfenas” escrita pela sucursal do sul de Minas, traz

informações sobre as ações das Secretária Municipal de Obras para que o Dia de Finados seja

tranquilo. Segundo a matéria, eles estão recrutando vários trabalhadores para ajudarem as

famílias a identificarem seus túmulos, além de dedetizarem o local contra insetos e mosquitos

da dengue. Ainda segundo a Secretaria, após o feriado as equipes farão uma vistoria para

localizar novos possíveis focos da dengue, uma vez que muitas famílias levam vasos de

flores.

No dia 28 de outubro o jornal O Tempo publicou uma matéria sobre o Dia de São JudasTadeu. A matéria traz informações sobre a quantidade de fies que irão participar da missa

especial. Além de apresentar quais são os principais pedidos dos católicos e os horários das

missas.

3.2.10 Cultura

Dos matérias coletados apenas o jornal Estado de  Minas e o Hoje em  Dia publicaram matériasrelacionadas à cultura. Temas como eventos de música, fóruns de literatura e exposições

foram abordados.

0

1

2

3

4

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CULTURA

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

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Os jornais  Estado  de  Minas e Hoje em Dia, dia 14 de novembro, publicaram duas

matérias cada um sobre a programação do Fórum de Letras em Ouro Preto e a

galeria e ateliê de artes promovido pelos artesãos nas ruas de São João Del-Rei.

Ambos os jornais trazem apenas informações sobre o que são os eventos, o que

pode ser encontrado, entretanto podem ser consideradas cívicas, pois divulgam

eventos que promovem o conhecimento, caso do fórum das Letras, e a arte, caso da

feira nas ruas. As outras matérias não se enquadram no jornalismo cívico.

3.2.11 Economia

Os jornais  Estado de Minas e  Hoje em Dia publicaram juntos 5 matérias voltadas para

economia. Todas estas matérias que abordam feiras que movimentam o comércio, arrecadaçãode impostos e construção de empreendimentos com foco no lucro relatam o fato tal como o

 jornalismo econômico. As matérias de economia não se enquadram nos critérios de

 jornalismo cívico, pois apresentam apenas informações sobre o fato em si.

0

1

2

3

4

ECONOMIA

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

3.2.12 Demografia

No período de coleta do material, em todo o Brasil, estava acontecendo a pesquisa

do IBOPE, que tem por interesse mapear as cidades de todo o país. Entretanto, as

cinco matérias publicadas nos jornais mineiros trouxeram apenas informações

numéricas apresentadas pela instituição, portanto acredita-se que não se

caracterizam como jornalismo cívico.

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63

0

0,5

1

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2,5

3

DEMOGRAFIA

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

3.2.13 Política

0

0,5

1

1,5

2

POLÍTICA

Estado de MinasHoje em Dia

O Tempo

 

No total foram publicadas três matérias relacionadas a política, uma no  Estado de Minas e

duas no  Hoje em Dia. No dia 20 de outubro o jornal  Estado de Minas publicou a matéria“Caminho livre para a Parceria Público Privada, conhecidas como PPP, do Hospital

Metropolitano” a matéria escrita por Alice Maciel e Amanda Almeida fala sobre a votação da

CMBH para aprovar a Lei que autoriza a prefeitura a criar parceria público-privada para a

administração do Hospital Metropolitano do Barreiro. A matéria aborda questões como

investimento e também informações sobre o Hospital, como número de pacientes que serão

atendidos, local onde será construído, área de ocupação, além de como será feita essa parceria

entre público-privado. A matéria traz uma retranca sobre outra lei que foi votada na Câmara e

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que prevê a venda do mercado distrital do Barroca, a retranca fala sobre a previsão do valor e

o que será feito com o dinheiro, além de contar a história do local.  

3.2.14 Gastronomia

0

0,5

1

1,5

2

GASTRONOMIA

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

No dia 5 de novembro o jornal Hoje em Dia publicou uma matéria sobre festival

gastronômico de Bar em Bar. Escrita pela repórter Amanda Paixão, a matéria conta como

funciona o festival e apresenta um roteiro dos bares inscritos. A outra matéria publicada dia

13 de novembro também fala sobre o mesmo evento.

3.2.15 Comportamento

Do material coletado apenas uma matéria se enquadra em comportamento. Publicada pelo

 jornal  Hoje em Dia, no dia 13 de novembro, a matéria relata uma pesquisa coletada pela

Estatística do Registro Civil de 2009 que mostra que em 23% dos casamentos a mulher é mais

velha que o homem. A pesquisa também apresenta um infográfico que ilustra como ficaramos números em várias capitais e a média no Brasil. Podemos qualificá-la como jornalismo

cívico, pois a matéria apresenta ao leitor um novo comportamento da sociedade.

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0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

COMPORTAMENTO

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

3.2.16 Sustentabilidade

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

SUSTENTABILIDADE

Estado de Minas

Hoje em DiaO Tempo

 

No dia 13 de novembro o jornal Estado de Minas publicou uma matéria contando a história de

Clarinha, uma gari que montou uma usina de reciclagem de lixo e com a música tenta educar

sua cidade para a consciência ecológica. Essa matéria pode ser considerada como jornalismo

cívico, pois apresenta à população um bom exemplo.

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3.2.17 Direitos Humanos

Apenas o Hoje em Dia, dia 13 de novembro de 2010, publicou matéria que se enquadra no

tema Direitos Humanos. Escrita pela sucursal do Vale do Aço a matéria “Ipatinga instala

telefone para surdo” conta como funciona o telefone público instalado na cidade para atender 

a demanda dos deficientes auditivos. A matéria além de informar sobre o novo aparelho,

também ensina como ele funciona.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

DIREITOS HUMANOS

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

3.2.18 Turismo

Apenas o  Hoje em Dia publicou uma matéria sobre Turismo. Em que a repórter Flórence

Couto afirma que as empresas de intercâmbio cultural estão investindo em promoções para

idosos e esportistas.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

TURISMO

Estado de Minas

Hoje em Dia

O Tempo

 

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CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Esta pesquisa tentou investigar a prática do jornalismo cívico nas editorias de cidades dos três

principais jornais de referência de Minas Gerais. Para isso, identificamos, primeiramente, se

os jornais analisados praticaram o jornalismo cívico em seus cadernos. Desta forma,

analisamos as características destes conteúdos, a frequência e o espaço que os mesmos

ocuparam nos jornais. Também tentamos detectar a característica de abordagem de cada

 jornal, comparando, assim, pautas iguais publicadas nos jornais.

De modo geral, é possível concluir, a partir da leitura e análise dos cadernos de Cidades,

Gerais e Minas, dos jornais O Tempo, Estado de Minas e Hoje em Dia, respectivamente , que

assim como afirma Traquina (2001) e Silva (2003), o jornalismo cívico não conquistou aindaseu espaço, propriamente dito, nos jornais mineiros. Entretanto, é possível perceber que, em

algumas matérias, existe a preocupação de informar elementos que vão além da notícia,

mesmo que estes elementos ocupem apenas um parágrafo.

Assim como Lustosa (1996) define, foi possível compreender que as editorias de cidades

estudadas são mesmo a “clínica geral” dos jornais, uma vez que foram encontradas matérias

que abordavam temas como polícia, educação, trânsito/transporte/estradas, saúde, prestaçãode serviço, urbanismo, meio ambiente, patrimônio histórico, datas comemorativas, cultura,

economia, demografia, política, gastronomia, comportamento, sustentabilidade, direitos

humanos, turismo

Os autores estudados no capítulo um concordam entre si que o jornalismo cívico se preocupa

em abordar questões de importância para a sociedade. Conclui-se, a partir da pesquisa, que o

 jornalismo cívico seria, portanto, uma questão de informar, buscar a concientização do leitor

cidadão e dar bons exemplos de práticas cívicas.

Em alguns casos, os jornais apresentaram os fatos e fazem retrancas de serviço, como, por

exemplo, a matéria “Adolescente que queria jogar futebol decide voltar para casa” do jornal O

Tempo, publicada em 12 de outubro. Dos temas encontrados nos jornais os que mais se

destacam nesta prática além da notícia e que buscam informar o leitor são, educação, saúde,

trânsito e transporte. Os outros temas apresentam um ou outro parágrafo em suas matérias que

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fazem esse serviço. Entretanto, alguns temas, como demografia, economia e gastronomia não

trazem nenhuma característica cívica.

É possível detectar, também, notícias sobre ações voluntárias e de caráter de inclusão, como

nas matérias de meio ambiente, direitos humanos e saúde. Partindo do pressuposto de que

bons exemplos se multiplicam, acredita-se que a publicação de matérias que contam essas

ações também podem ser consideradas como uma semente do jornalismo cívico.

Os autores Anthony J. Eksterowicz, Robert Roberts e Adrian Clark (2000) afirmam que o

 jornalismo cívico procura contribuir com a sociedade de forma a resolver os problemas

sociais. No entanto, além das matérias de saúde, não é possível detectar essa característica de

resolução de problemas nos jornais estudados.

Das matérias estudadas, os únicos assuntos abordados em sequência, durante vários dias,

foram o Caso Bruno, no qual o goleiro do Flamengo é acusado de sequestro e assassinato de

sua amante, Elisa Samúdio; e uma série de ações judiciais e dicas de prova publicadas sobre o

Enem, para que o leitor acompanhe o desenrolar do caso. Nestes dois casos, apenas as

matérias que abordam a prova do Enem se destacam com características cívicas.

É possível concluir também que, assim como afirma Silva (2002), o jornalismo cívico precisa

produzir não apenas uma série de reportagens sobre o mesmo tema, mas também dedicar

maior tempo, por parte do jornalista e do jornal, para esse tipo de matérias. Essa é outra

questão que deve ser enfatizada. Afinal, é possível perceber que os repórteres das editorias de

cidades escrevem mais de uma matéria por dia, o que dificulta a apuração e o

desenvolvimento das reportagens. Isso amplia a dificuldade do jornalista em manter um

vínculo social com o leitor, pois ele não tem tempo para se preocupar se está ou não

praticando o jornalismo cívico.

Silva (2003) afirma que, no Brasil, ainda não se teve a intenção de fundar uma categoria

parecida com o jornalismo cívico, como aconteceu nos Estados Unidos. E este talvez seja o

motivo pelo qual os jornais mineiros não se sintam preocupados em produzir este tipo de

matéria. Vale afirmar também que os jornais estudados não possuem, em sua redação, um

ombudsman.

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Também é possível detectar grande coerência na afirmativa de Anthony J. Eksterowicz,

Robert Roberts e Adrian Clark (2000), de que a mídia dominante, no caso desta pesquisa, os

 jornais O Tempo, Estado de Minas e Hoje em Dia, tenta promover apenas as coberturas de

fatos e atividades das elites políticas, ignorando, muitas vezes, os problemas sociais e

obrigando a sociedade a ser simples espectadora.

As matérias de educação, saúde, trânsito e transporte apresentam mais preocupação quanto ao

cidadão, também porque esses temas estão diretamente ligados ao dia-a-dia da sociedade

civil. É importante enfatizar também que, assim como afirma Soares (2008), os jornais

mineiros também estão mais sensíveis aos problemas relacionados aos direitos individuais.

Neste ponto de vista, o tema polícia se destaca, pois várias matérias relatam questões de

injustiças, denúncias, situação de detentos e outros assuntos relacionados.

Para finalizar, é possível afirmar que o jornal  Hoje em Dia é quem se preocupa mais com

informações além dos crimes e das informações meramente noticiosas. O jornal O Tempo, 

além de destinar poucas páginas para a editoria de cidades, apresentou característica policial,

voltada para tráfico, assassinatos, acidentes e poucas destas matérias saíram do comum. O

 Estado de Minas destinou ainda menos páginas, em relação aos outros jornais, para o caderno.

Entretanto, aborda menor número de questões policiais que o jornal O Tempo.

O jornalismo cívico está começando a transformar as coberturas, que, pouco a pouco, dão

espaço para aspectos como direitos humanos, apelos educativos e transformação social. Ainda

há um longo caminho, mas o primeiro passo já foi dado pelos próprios leitores, que vêm

exigindo jornais mais comprometidos com a comunidade.

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