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8/8/2019 JORNALISMO CÍVICO E ESPETÁCULO UMA ANÁLISE DO QUADRO PROTESTE JÁ! DO PROGRAMA CUSTE O QUE CUSTAR… http://slidepdf.com/reader/full/jornalismo-civico-e-espetaculo-uma-analise-do-quadro-proteste-ja-do-programa 1/57 7 Paôla Thaís de Alvarenga JORNALISMO CÍVICO E ESPETÁCULO UMA ANÁLISE DO QUADRO PROTESTE JÁ! DO PROGRAMA CUSTE O QUE CUSTAR (CQC), DA REDE BANDEIRANTES DE TELEVISÃO Belo Horizonte Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) 2010

JORNALISMO CÍVICO E ESPETÁCULO UMA ANÁLISE DO QUADRO PROTESTE JÁ! DO PROGRAMA CUSTE O QUE CUSTAR (CQC), DA REDE BANDEIRANTES DE TELEVISÃO

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Paôla Thaís de Alvarenga

JORNALISMO CÍVICO E ESPETÁCULOUMA ANÁLISE DO QUADRO PROTESTE JÁ! DO PROGRAMA CUSTE O QUE

CUSTAR (CQC),DA REDE BANDEIRANTES DE TELEVISÃO

Belo HorizonteCentro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)

2010

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Paôla Thaís de Alvarenga

JORNALISMO CÍVICO E ESPETÁCULOUMA ANÁLISE DO QUADRO PROTESTE JÁ! DO PROGRAMA CUSTE O QUE

CUSTAR (CQC),DA REDE BANDEIRANTES DE TELEVISÃO

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social do Departamento deCiência da Comunicação do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI – BH,como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em jornalismo.

Orientação: professora Nair Prata

Belo HorizonteCentro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)2010

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Dedico esta monografia aos meus pais, Sueli e Jôfre Alvarenga e aos meusirmãos Brígida e Briner, cuja confiança em mim foi essencial para chegar

até aqui.

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Agradeço a Deus por estar sempre no controle de minha vida. À minhaamiga Sinara Peixoto que teve participação fundamental na idealizaçãodesta pesquisa.A minha orientadora, Nair Prata, cuja atenção e

conhecimento estiveram sempre à disposição.

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RESUMO

Este trabalho estuda o jornalismo cívico exibido no quadroProteste Já! do programaCQC ,

veiculado na Rede Bandeirantes de Televisão. A espetacularização da noticia será base da pesquque busca verificar se a vertente do jornalismo adotada no quadro cumpre as suas funções quanmostra o fato real através de ficção.

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SUMÁRIO

I INTRODUÇÃO...................................................................................................................07

II TELEVISÃO: REFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO NO BRASIL..............................092.1 A televisão no Brasil..........................................................................................................092.2 A televisão como veículo formador de opinião.................................................................14

III TELEJORNALISMO E NOTÍCIA................................................................................173.1 A notícia como espetáculo no telejornalismo....................................................................17

3.2 Características da noticia espetacularizada no telejornal...................................................19

IV JORNALISMO CÍVICO.................................................................................................244.1 Jornalismo cívico no telejornalismo..................................................................................244.2 O papel do jornalismo cívico.............................................................................................27

V ABORDAGEM JORNALÍSITCA DO QUADROPROTESTE JÁ!.............................29

5.1Metodologia de pesquisa....................................................................................................295.2 CQC Um modelo diferente de telejornalismo...................................................................305.2.1Levantamento de dados...................................................................................................315.2.3 Cidadão em ação.............................................................................................................445.2.4 Temas cívicos em pauta..................................................................................................455.2.5 A reconstrução do real....................................................................................................465.3 Análise doProteste Já! ......................................................................................................51

VI CONCLUSÃO..................................................................................................................53

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................55

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I INTRODUÇÃO

Ligar o aparelho televisivo depois de chegar do trabalho ou em qualquer outra hora do dia, paraque não tem compromisso de horário, é uma opção para quem busca se inteirar dos acontecimenrelevantes ou apenas entretenimento.

Para os que buscam informação há uma grande variedade de telejornais que são veiculados, uma sequência organizada, na busca por melhores pontos no Ibope pelas emissoras, reportanfatos que aconteceram durante o dia ou dando continuidade a notícias que rendem novacontecimentos. A maneira como são produzidas essas notícias permitem que o telespectador sbem informado ou que apenas fique com a sensação de que está por dentro dos assuntos pautadpela mídia.

Mas nem todas as notícias são exibidas da mesma forma. O quadroProteste Já! do programaCQC ,produz notícias espetacularizadas, uma mistura entre informação e entretenimento, com recuraudiovisuais que mesclam irreverência e humor. E que vem como uma contra cultura

telejornalismo habitual estrategicamente produzido para causar a sensação de que o telespectadestá bem informado. No quadro, são tratados temas de interesse da comunidade, proporcionanaos cidadãos um canal para se fazer valer diante do Estado, como ressalta Gomes (2003).

Neste trabalho, que tem como objeto a espetacularização no jornalismo cidadão, estuda-se cofica essa tendência na mídia. Será analisado o telejornalismo no quadroProteste Já! do ProgramaCQC veiculado às segundas-feiras na Rede Bandeirantes de Televisão.Algumas perguntas pauta

esta reflexão: o telejornalismo cívico adotado no quadroProteste Já! exerce as funções que o jornalismo cidadão tem sendo espetacularizado? As estratégias de espetacularização comprometo caráter cívico do quadro?

No capítulo inicial é traçado um panorama histórico sobre a televisão no Brasil, além de falar soa grande aceitação por parte da população deste veículo de comunicação, fazendo com que emídia seja um dos principais meios usados como referência de informação e entretenimento e ten

se transformado em um formador de opinião.

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No próximo capítulo é abordada a notícia produzida como espetáculo pelos telejornais, danênfase ao caráter de manipulação que esta estratégia objetiva a fim de construir uma informaçcomo se fosse uma história. Além disso, os apresentadores anunciam essa informação de mod

contribuir com a construção da história através das expressões físicas e lingüísticas. Dessa maneo telespectador é envolvido pela informação como se assistisse a um capítulo de novela.

O capítulo seguinte trata do jornalismo cidadão no telejornalismo, prática incomum nos telejornhabituais, usado no quadroProteste Já! objeto de estudo deste trabalho e da importância do papelque cumpre essa vertente para a sociedade e fiscalização da legislação.

No último capítulo é feita uma análise das técnicas de construção da notícia adotadas no quadonde é exibido um telejornalismo cidadão, com o objetivo de verificar se a prática deste jornalisexerce as suas funções mesmo quando é exibido em forma de espetáculo.

Compreender como o telejornalismo cívico produzido de maneira diferente dos telejornhabituais rompendo barreiras do formalismo e ainda sim cumprir a sua função dando vozcomunidade despertou o meu interesse em descobrir se isso seria possível.

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II TELEVISÃO: REFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO NO BRASIL

O veículo de comunicação lançado no Brasil em 1950 pelo pioneiro Assis Chateaubriand, uconquista que marcou a comunicação, trouxe aos brasileiros uma nova maneira de trabalhacomunicação.

A partir da inauguração da televisão, que uniu a programação veiculada através do rádio às notícpublicadas nos jornais impressos, estava lançada também uma nova maneira de satisfazernecessidade de informação e entretenimento das pessoas, que além de saber o que se passava mundo poderia também ver, através da reconstrução dos fatos, os acontecimentos maimportantes.

Uma linguagem de fácil entendimento, que estabelecia um diálogo entre emissor e telespectadousada no veículo. As expressões faciais e palavras proferidas combinadas com imagens visupropiciam ao espectador a sensação de interação com o apresentador do programa assistidessenciais no processo de comunicação.

A televisão, que permite às pessoas acompanhar os acontecimentos diversos, satisfaz a necessida

do homem de estar atualizado permanentemente. É onde há a possibilidade de ver o que se paem qualquer lugar.

Dessa maneira, sendo tratada como veículo referência de informação, a televisão influenciaopinião pública ditando juízo de valor e formulação de atitudes da população que se depara cfatos concretos veiculados nos telejornais, ou até mesmo através das ficções e de programconduzidos por apresentadores que trabalham o poder de persuasão em seu público fiel.

2.1 A Televisão no Brasil

O Brasil foi o primeiro país da América Latina e um dos cinco primeiros do mundo a ter televiscomo enfatiza Federico (1982). O veículo foi inaugurado no Brasil em 1950, apesar de já ter sexposto em uma feira, em 1939, no Rio de Janeiro, pela Telefunken, fábrica norte-americana, qinstalou em um estúdio dez aparelhos receptores, segundo Mattos (2002).

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As vésperas da inauguração propriamente dita, Chateaubriand mandou que duzentos aparelhostelevisão fossem contrabandeados, visto que, seguindo os meios legais para a importação, aparelhos não chegariam a tempo no Brasil. Dois engenheiros das Emissoras Associadas, Jo

Edo e Mário Alderighi estagiaram na Rádio Corporation of América (RCA) e na NationBroadcasting Company (NBC) para adquirirem conhecimentos sobre a nova tecnologia e fizeraminstalação sob a orientação do engenheiro Walter Obermüller, enviado pela RCA para acompanos primeiros procedimentos no Brasil (FEDERICO,1982).

Os aparelhos foram espalhados em vários pontos da cidade para que a população pudesacompanhar as primeiras transmissões, como explicam Federico (1982) e Mattos (2002). Vam

(1979) lembra que “às 21 horas, os salões do Automóvel Clube do Brasil foram tomados pelosconvidados especiais por ali se encontrarem diversos aparelhos receptores” (p. 213).

As primeiras apresentações foram marcadas por falhas técnicas e humanas. As programaçõiniciais eram compostas por sequências previamente filmadas, cenas humorísticas adaptadas rádio e teleteatro. Profissionais oriundos do rádio, jornal e teatro se uniram em estúdiimprovisados para tentar preencher o espaço destinado à programação e a construção de uma no

linguagem, de acordo com Marcondes Filho (1994).

O primeiro programa de caráter jornalístico veiculado na TV Tupi, em 1950, e tinha um formsimples: o apresentador lia as notícias enquanto apareciam imagens filmadas por cinegrafistMaurício Loureiro, que do rádio começou a trabalhar no primeiro telejornal veiculado na TV Tu

Imagens do dia , disse um dia após a primeira exibição do telejornal, que uma senhora saproximou dele na rua e reclamou que ele havia sido arrogante porque não falou com ela, quan

estava assentada em frente à TV assistindo o noticiário. A partir daí, o jornalista passou a escreas notícias como se estabelecesse um diálogo com o telespectador e descobriu a diferença linguagem televisiva para a usada no rádio .

O telejornalismo se destacou com o Repórter Esso, em 1952, e ficou no ar por 17 anos. Oapresentador, Teodoro Gontijo, abria o programa com a seguinte frase: “Aqui fala o seu repórEsso, testemunha ocular da história”, dando a entender que ele era o olho de cada telespectadvisualizando os acontecimentos, remetendo transparência. O programa é considerado um marcotelejornalismo brasileiro.

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A trajetória da televisão é marcada por um crescimento rápido, a produção em pouco temoferecia ao telespectador programas de calouros, noticiários, entrevistas, telenovelas e musicaalém contar também com as publicidades que contribuíam, em grande escala, para a permanên

dos programas no ar, crescendo também o número de aparelhos televisores comercializadconforme Marcondes Filho (1994). O uso de equipamentos de vídeo tape, em 1957, pela TV Rveio a agregar ao empenho pela conquista da preferência popular, reforça Vampré (1979).

Com um grande número de emissoras, conforme Mattos (2002, p.176), “em 1960 já existiam vemissoras de TV espalhadas pelas principais cidades brasileiras e cerca de 1,8 milhões televisores” o telespectador tinha várias opções de programação. A disputa pela audiência fez c

que o veículo se transformasse em um negócio, de acordo com Federico (1982, p. 85), “ela nasceu para comercializar produtos”, quando se refere ao grande alcance da televisão ao exibir as sprogramações, em especial as telenovelas.

A contínua produção das telenovelas se deu em um momento de crise da televisão brasileiquando o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), chegou a regi star em 19que mais de 50% dos aparelhos estavam desligados no Rio de Janeiro e São Paulo, indo contra

expectativas criadas em relação ao sucesso do veículo de comunicação. As telenovelas forausadas como um novo recurso para fisgar o público e ampliar o mercado publicitário, conforinformam Federico (1982) e Peruzzolo (1972).

Um marco na centralização das telenovelas exibidas pelas emissoras, foi a história baseada em script de rádio que foi um grande sucesso,O Direito de Nascer, um drama cubano exibida pelaGlobo que, segundo Federico (1982), percebeu a possibilidade de conquistar um público f

durante a exibição do melodrama.

E assim, sucessivamente, foram colocadas no ar produções musicais comoO Fino da Bossa , em1965, pela TV Record; o primeiro festival de música popular brasileira realizado pela TV Excelno mesmo ano e as telenovelas como Redenção , em 1966, pela TV Excelsior que ficou no ardurante dois anos, segundo Mattos (2002).

Com a reordenação dos sistemas político e econômico do Brasil voltados para o desenvolvimenacional depois do golpe de 1964, os veículos de comunicação sofreram mudanças quanpassaram a ser usados para difundir a ideologia do regime militar e sua programação passou a

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fiscalizada pela censura com o objetivo de impedir que através deles fossem veiculadpropagandas contra a administração vigente. Conforme Mattos (2002), o governo controlavaconteúdo dos programas.

Federico (1982) lembra que a censura orientava revisões nas programações porque havia granquantidade de situações que não deveriam aparecer no vídeo, e apontava ainda os pontos ondeveriam acontecer os cortes guiando a autocensura em algumas emissoras, como a Globo, qcom o objetivo de construir uma imagem de bom comportamento, reformulou a sua programaçincluindo o que fosse agradar as forças políticas.

O primeiro programa em rede nacional foi ao ar em 1969,O Jornal Nacional, um noticiário quedesenvolveu um modelo de informação diferente na televisão brasileira, pois tinha o objetivo alcançar os telespectadores de todo o país, não só regionais, conforme Mattos (2002).

A TV em cores chegou ao Brasil em 1972 e no ano seguinte foi transmitida a primeira telenovcolorida pela Globo,O Bem Amado, firmando o horário das 22 horas para esse modelo deprograma, de acordo com Mattos (2002). Conforme Federico (1982), a partir da TV em cores

telenovelas mudaram o formato, passando a abordar temas sociais e reformulando a linguagtelevisiva, adotando um caráter épico.

Em 1980, houve o fim da censura prévia ao telejornalismo brasileiro e a programação da televisAssim em, 1984, a população brasileira pôde acompanhar o movimento das Diretas Já , quereivindicava eleições diretas. Na fase de transição do regime militar para o regime civil houve umudança significativa no setor das comunicações, foi vetada totalmente a censura pela no

Constituição de 1988, onde consta a afirmação de que o pensamento não sofrerá qualquer restrie ainda impedia a existência de qualquer dispositivo legal que pudesse constituir embaraço à pleliberdade de informação jornalística, em qualquer veículo de comunicação social, conforme Ma(2002). Uma nova versão da novela Roque Santeiro foi regravada e se converteu em um dosmaiores êxitos da TV Globo, acrescenta Marcovitch (2007).

Depois de findada a censura ao jornalismo, a política foi explorada de maneira teatral paconquistar espectadores menos escolarizados de acordo com os interesses políticos,como reitera Conti (1999, p.245), ao citar um episódio em que o diretor de jornalismo Bandeirantes, Fernando Mitre que, em 1989, achava que a televisão teria um papel fundamental

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campanha a presidência,“se fosse possível realizar um debate ao vivo entre os dois candidatos dosegundo turno, haveria uma chance de a eleição ser decidida diante das câmeras. Ele que produzir e tomar posse nesse debate”.

Nos anos que se seguiram as emissoras continuamente lançaram novelas, programas humorísticoinauguraram filiais, etc. Enfim, tentaram sobreviver no mercado televisivo,

A guerra pela audiência entre as principais emissoras, com exibição de programas debaixo nível, sensacionalistas, e a exploração de violência e sexo passam a ser debatidopela sociedade como um todo e pela imprensa, que critica principalmente os programasde Faustão e Gugu, exibidos aos domingos (MATTOS, 2002, p. 216).

Com um alcance enorme sobre a população brasileira, a televisão é usada para condicionaropinião de seus espectadores, o que pode ser confirmado por Marcondes Filho (1994, p.2“Constituem-se, particularmente em nosso país, as teorias críticas em relação à televisão, que falada massificação da sociedade, do controleda opinião pública”.

2.2 A televisão como veículo formador de opinião

De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estatístido censo de 2008, 94,13% dos domicílios brasileiros têm pelo menos um aparelho de televisão pum país com 193,7 milhões de habitantes. Esses dados atestam o poder que o veículo comunicação exerce sobre a população brasileira.

A televisão é considerada o meio de comunicação do século em todo o mundo, de acordo coPeruzzolo (1972, p.178), pois “um bilhão de pessoas recebem diariamente o impacto da tevê. Elinvade as nossas casas e se torna vício, passatempo e necessidade”.

Assim, para pessoas alienadas, funciona como injeção eletrônica, elas recebem o material, de bqualidade ou não, exibido pela mídia, sem contestar, sem se questionar se a notícia é realmencomo foi mostrada ou se foi manipulada e assim a opinião pública é construída através imprensa.

A televisão introduziu-se sorrateiramente bem no âmago da família. Integrou-se nelacomo um filho querido. Agora, passa, religiosamente, a fazer parte dos rituais familiaresSua aceitação é afetiva, daí o crédito de que desfruta. Depois, em virtude de seu caráter ddocumentadora dos fatos, torna o espectador testemunha: Eu vi ontem na televisão. E fimAí reside todo o critério de veracidade do fato (MCLUHAN,apud Peruzzolo, 1972, p.194).

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O termo opinião pública é definido como produto de atividade social segundo Melo (1971envolve um complexo curso de informações, desde as transmitidas pela família e pelos primeigrupos que o indivíduo é inserido, quanto as transmitidas ocasionalmente por veículos

comunicação de massa.

A televisão influencia e condiciona a opinião pública, reitera Peruzzolo (1972) quando afirma qo veículo tem seus fãs incondicionais que não vivem sem ele. Dessa maneira a imprensa age coporta voz dos interesses de proprietários de empresas ou de grupos políticos ligados organizações jornalísticas, reforça Melo (1971).

No caso do Brasil, a televisão não é apenas um veículo do sistema nacional de informaçãLevando-se em consideração o seu prestígio e fatores sociais, históricos e culturais, acaba passumir a condição de única via de acesso às notícias e ao entretenimento pela grande maioriapopulação. Dentre os fatores sociais, históricos e culturais que contribuem para que isso aconteestão o baixo nível de educação no país, as estratégias do regime totalitário militar, a alta qualidada teledramaturgia, a má distribuição de renda, etc. Nesse contexto, a mídia tem um campo fapara explorar e fácil de manipular, completa Rezende (2002).

Sendo assim, o que não é representado pela TV não faz parte do espaço público brasileiro. Dendos limites impostos por esse poderoso formador de opinião, o país se informa sobre si mesmo,situa no mundo e se reconhece como nação, conforme Bucci (2000). O autor afirma que esmodelo de televisão soube até unificar o país, através do plano imaginário, quando na verdadum país desunido. O modo que a televisão inventou de ver o mundo passou a ser o modo comcidadão o vê também. Como exemplo, o autor cita o projeto de integração nacional pretendido p

ditadura militar, levado a efeito por uma política cultural bem planejada que alcançou êxito devà televisão. O estado ofereceu infra-estrutura para que o país fosse integrado via TV e as emissocuidaram da programação.

A televisão domina o espaço público com tamanha eficácia que, sem essa representação, sequase impossível à comunicação e o entendimento nacional, exibindo um telejornalismtradicional produzido para conquistar o telespectador aliado a forças políticas, de acordo Vie(2003).

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Peruzzolo (1972), completa afirmando que a imagem televisiva que transmite confiança não pser tomada como critério de objetividade porque segundo o autor não oferece uma reprodução da realidade, ainda que uma reportagem de tevê seja o saldo de vários pontos de vista.

O trabalho de edição em muito contribui para essa distorção da realidade, como no debate polítentre os dois candidatos, Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva, que disputariam o segunturno das eleições para presidente de 1989, exibido no Jornal Nacional. Foi anteriormente decididoentre a emissora e as assessorias dos candidatos que ambos teriam tempos e números de faiguais no debate mas, conforme explica Conti (1999), depois de editado, fora trinta falas para cum:

Na condensação do Jornal Nacional, Lula falou sete vezes. Collor, oito: teve direito auma fala a mais que o adversário. No total, Lula falou 2min22. Collor, 3min34: 1min12 amais que o candidato do PT. No resumo doJN, Collor foi o tempo todo sintético eenfático, enquanto Lula apareceu claudicante, inseguro e trocando palavras. É possíveargumentar que a escolha das falas dos dois candidatos tentou refletir o conteúdo total dodebate. Mas é impossível defender que o Jornal Nacional buscou espelhar o debate demodo neutro e fiel: dar 1min12 a mais para Collor foi uma maneira clara de privilegiá-l(CONTI, 1999, p.269).

Nesse contexto, Arbex Jr. (2002) demonstra a capacidade que a televisão tem de transformar ficem realidade, de tratar os acontecimentos da vida real como se fossem atrações de um show. Eestratégia tem o objetivo de manipular a informação e condicionar a opinião pública.

A televisão não dá ao espectador a liberdade de escolher aquilo que deseja ver, nem emgrandes nem em pequenos planos, nem o essencial nem o acidental. Desta maneira, oveículo impõe ao receptor sua maneira especialíssima de ver o real. É o meio decomunicação de maior índice contributivo na formação da cultura de massa(PERUZZOLO, 1972, p.195).

Melo (1971), defende que os meios de comunicação se deixam guiar pela opinião pública ao invde guiá-la, uma vez que, vivem em função do público receptor, mas, concorda que existeveículos orientados para manifestar idéias, aqueles mantidos por grupos que defendem interesespecíficos.

Em meio a essa realidade manipuladora, a prática do jornalismo cívico que defende interesspúblicos vem em contrapartida ao modelo enraizado culturalmente de telejornalism

melodramático, que apenas causa a falsa sensação aos telespectadores de que foram informaddos acontecimentos importantes, conforme explica Rezende (2000).

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III TELEJORNALISMO E NOTÍCIA

No início da televisão, a notícia veiculada no telejornal tinha um formato simples, era lida peapresentador enquanto eram mostradas imagens que compunham a matéria. Em síntese, não diferenciava do radiojornalismo, ainda se norteava pelo antigo produto que informava a populaaté a chegada do novo veículo de comunicação.

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Com a evolução tecnológica, o telejornalismo sofreu mudanças e algumas notícias passaram a construídas com objetivo de maravilhar os telespectadores, combinando uma série de signos e

transformando assim em informações com características épicas.

3.1 A notícia como espetáculo no telejornalismo

Com uma maneira única de relatar o que se passa no mundo, o telejornalismo se destaca commeio de informação totalmente diferente dos até então usados pelas pessoas, o jornal impresso rádio.

As notícias são produzidas para mexer com o emocional das pessoas,

Sempre na direção de um impacto maior, de efeitos visuais e sonoros mais claros e dacombinação de significados, de tal maneira a causar uma grande fascinação diante dopúblico, mas tão inocente e inofensiva como são os espetáculos visuais com fogos deartifício (MARCONDES FILHO, 1994, p.48).

Arbex Jr. (2002) fala sobre a vantagem da televisão de unir texto e imagens. Como um dexemplos de espetacularização da notícia, cita o atentado às torres gêmeas em 11 de setembro

2001. O autor considera esse acontecimento um dos maiores espetáculos produzidos pela mídiaargumenta que prova disso é que nem é preciso descrevê-lo, só a referência à data do atentado jevoca imediatamente, o que significa o sucesso de seus construtores e ainda que o atentado somente mais um episódio de horror que aconteceu no mundo, porém inverteu a lógica da relaçde forças, por isso foi impactante. O autor propõe que a indústria cultural soube transformar o cem uma novela, onde as mesmas cenas se repetiam, mas tinham um poder hipnótico

Durante várias horas que se seguiram à tragédia a imagem continuou sendo a única fonteda notícia; não havia como se aproximar... os jornalistas de TV, rádio, jornal e internettinham apenas as imagens e informações desencontradas das autoridades apavoradas(BARBEIRO e LIMA, 2005 p.15).

Partindo do pressuposto de que a tradição cultural identifica ver como saber, é coeso quetecnologia usada para registro e comunicação tenha relevado a importância da percepção visual,nossa alma rende-se muito mais pelos olhos do que pelos ouvidos”, (VIEIRA, citado por BARBEIRO E LIMA, 2005, p. 13).

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Na televisão a preparação de mensagens reais sob o modelo de espetáculo está prevalecendo ecenários com designer moderno, a linguagem, os efeitos especiais e os apresentadores que destacam como se fossem estrelas, contribuem para que os telejornais se tornem shows, expl

Jespers (1998).

Assim a programação televisiva vem sendo trabalhada. Bucci (2000) dá como exemplo a estratéde alternar novela e jornalismo. Os telejornais são exibidos num mínimo espaço de tempo enuma novela e outra, quando os telespectadores ainda estão embalados pelo melodrama e preparando para mais emoções na novela seguinte.

Os principais noticiários veiculados em horário nobre têm um público muito maior do que jornais impressos de grande circulação nacional. O telejornalismo atinge um público na maioria iletrado ou pouco habituado à leitura que tem que esperar a novela, e enquanto isso assiao telejornal, reforça Rezende (2000).

Bucci (2000) se refere ao telejornalismo como um melodrama, preparado estrategicamente copalco da notícia espetacularizada quando analisa que ele se organiza-se como ficção, quando

morte de algum ídolo nacional se desdobra em clima fúnebre ou em época de Copa do Muninstiga os brasileiros a permanecer em clima de festa, criando expectativas sobre o momento únque representa a paixão nacional definida pela mídia como sendo o futebol.

A estratégia de espetacularização também se esconde atrás da ideologia de que os jornalistas smeros observadores neutros da realidade. Em se tratando a notícia como refletora da realidaTraquina (1999) analisa que os jornalistas não são meros observadores neutros, pelo contrár

participam ativamente do processo de construção da realidade, porque combinam acontecimenttexto.

Isso acontece, segundo Bucci (2000), porque não basta informar. O telejornal precisa chamaatenção, surpreender, chocar. Como produtos culturais, fazem o seu espetáculo para a platébuscando um vínculo afetivo com o telespectador. Para completar o texto sedutor é usadaimagem impactante, para que a notícia ganhe destaque ao ser veiculada no telejornal.

Já Arbex Jr. (2002) enfatiza o poder da televisão ao definir o que será ou não um acontecimentainda qual será o seu âmbito geográfico de abrangência. Dessa maneira, a prática de se apresenta

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jornalismo como show, faz com que a fronteira entre o real e o imaginário seja comprometisenão, apagada, aproveitando a capacidade da mídia de moldar percepções, gerar consensdirecionar o imaginário das pessoas e conseguir êxito na formação de opiniões, trabalhando

parceria com o estado vendendo ideologias, como neutralidade e democracia.

Os telespectadores ficam integrados em uma cultura que privilegia a percepção visual como foprincipal do conhecimento e isto está enraizado tradicionalmente. Quando se testemunha uevento, há a garantia do acesso aos fatos tais como eles aconteceram, mas a televisão, com o saparato tecnológico, substitui o olhar do observador, como salienta Arbex Jr. (2002) e injeta ntelespectadores os acontecimentos reconstruídos através das notícias espetacularizadas.

Esse telespectador passivo dá margem para o discurso de necessidade de uma democratizaçãoinformação, para que seja atribuído à televisão um papel de conscientização daquele telespectaque não tem outras formas para obter a notícia, explica Rezende (2000). E chama a atenção parmotivo pelo qual os telejornais não têm cumprido essa missão social: as grandes corporações qcontrolam a programação televisiva preocupam-se prioritariamente em defender os seus intereseconômicos e políticos. Por isso faz uso de estratégias de espetacularização para manter u

telespectador fiel, sem se importar com a qualidade da informação emitida.

O estilo do telejornal foge do formato dissertativo para não ser extensivo demais, por isso em mhora cumpre o papel de primeira página de um jornal impresso. O telejornal dá ao telespectadque volta para casa depois de um dia inteiro de trabalho, uma visão do que aconteceu de mrelevante durante o dia, deixando-o com a sensação de que foi bem informado.

3.2 Características da notícia espetacularizada no telejornal

Em busca de dinamismo, os telejornais caminham juntamente com a evolução da televisão e abrnovos espaços onde a informação transparente já não é mais tão importante, mas a encenaçãoacomoda no lugar principal. Há uma valorização dos efeitos chocantes se sobrepondo adesdobramentos ocorridos no local,

A construção da noticia na televisão parte, então, de um vício que na verdade afeta aquase todos os meios de comunicação no Brasil: a manipulação, em maior ou menor grauNo caso da televisão em si, a questão é mais grave justamente pelo seu alcance(NEPOMUCENO, 1999, p. 209).

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Conforme Jespers (1998), a televisão pode despertar os mais variados sentidos, por vez

antagônicos, mas de uma única maneira, exibindo imagens e sons simultaneamente, ou seja, temhabilidade de transformar qualquer fato em espetáculo.

Diante da discussão e definições feitas sobre o telejornalismo, a função da palavra, que comenexplica, esclarece a informação vista e comanda o processo de composição jornalística é decisiA proximidade da linguagem adotada nas telenovelas com a do telejornal faz com que o públabsorva, inconscientemente, que há uma afinidade entre as duas porque, estrategicamente, se bu

uma linguagem coloquial que condiz com o perfil sociocultural desse telespectador e o fentender imediatamente a mensagem a ser transmitida, explica Rezende (2000). A maneira comlinguagem é usada simula um diálogo, que explica o que é mostrado, possibilitando observar expressões do emissor ao mesmo tempo.

Há uma junção entre a língua oral da comunidade, coloquial, e o formato espetacular adotado petelejornais, onde acontece a mistura entre ficção e realidade. E o público magnetizado, contem

as imagens atrativas somadas à linguagem coloquial artística,

Embora o texto e imagem devam sempre andar juntos, um complementando o outro, aimagem é mais forte do que a palavra. É a imagem que permanece gravada no cérebro dotelespectador depois que a notícia já foi esquecida (MACIEL, 1995, p.18).

A tendência à espetacularização da notícia se tornou mais frequente com os canais que transmitsua programação 24 horas por dia. Promovendo assim um discurso mais afetivo, que ligatelespectador ao emissor, como se o apresentador fosse parte da família naquela hora todos os diAs imagens vêm como o complemento decisivo que causa a sensação de presenciar acontecimento e provoca emoções como se assistir a programação de determinado canal fizeparte das necessidades vitais de cada telespectador.

Esse diálogo televisual exige do comunicador um alto grau de empatia e a capacidadepara sustentar o clima de conversa. A forma de condução desse contato, no entanto, variade apresentador para apresentador. Alguns, que conduzem programas populares, dirigidoa grandes audiências, se utilizam de um estilo vibrante, mais próximo de um meioradiofônico, como se quisessem o tempo todo sacudir o telespectador (REZENDE

2000,p.37).

As palavras são estímulos para os pensamentos e ações, proporcionam explicações ou justificati

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para as percepções. As palavras se casam com as imagens vistas, com as reconstruções da notíaos olhos do telespectador fascinado, tenso. A linguagem é desenvolvida como uma ferramentapersuasão, ora exploradora, ora condicionando a opinião pública, explica Key (1996). De aco

com Maciel (1995), a linguagem falada atinge mais facilmente as pessoas se tornando assim meficaz.

Na construção das notícias espetacularizadas, imagem e texto estão atrelados de forma que um so outro resulta na não construção do que será noticiado. De acordo com Jespers (1998),transmissão de uma informação pode não acontecer se não tiver uma ilustração que a completvice-versa, se houver apenas imagens, mas sem um texto contendo todas as informaçõ

explicativas, elas não irão ao ar. Textos e imagens são dependentes entre si.

De acordo com Bistane e Bacelar (2002) a imagem dá credibilidade e força a notícia, mas,“se umaimagem é capaz de incluir determinado assunto em um telejornal, a falta dela não pode ser motde exclusão. Uma nota curta lida pelo apresentador cumpre a funçãode informar” (p.41).

As notícias veiculadas no telejornal são caracterizadas como a parte séria do espetáculo, como

serviço que, fugindo as regras dos manuais é veiculado com outras características, entre elas estábanalização, a tendência ao espetacular, fenômenos que massageiam a emoção a expensas inteligência” (CHAUÍ,apud BOJUNGA, 1999, p.215).

Na produção das notícias a serem veiculadas, os jornalistas seguem uma estrutura para organizarinformações de maneira objetiva. A informação mais importante é apresentada primeiro e depvem as de menor importância. Tuchman (1999) aborda a estrutura para exemplificar a objetivida

inerente a construção da notícia e que não foge a regra na hora da produção, ou seja, reconstruçã

Mas a reconstrução causa confusão ao levar o telespectador à análise das notícias e à opinião apresentador, disseminada livremente durante o telejornal, de acordo com Nepomuceno (1999)“aténisso a televisão brasileira insiste no cacoete de transformar tudo em show, em espetáculo. A esmdetermina com lógica marcial: “É uma vergonha!”“, “Isso não pode ser!”, ora o apresentador paa impressão de uma pessoa que está muito bem informada, ora determina o que é ou o que nãuma vergonha” (p.209).

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De acordo com Jespers (1998), deve haver uma separação entre informação e comentário. O audefende a idéia de que os jornalistas de TV estão autorizados a fazer comentários desde que sejpara esclarecimento, e que devem ser imparciais e honestos, indo contra aos comentários q

exprimem a opinião pessoal do apresentador.

Analisando as notícias aceitas pelos telespectadores, geralmente enfatizadas na produç jornalística dos acontecimentos, estão os fatos negativos. Assim o jornalismo gira em tornoconflito, da estória de um conflito, salienta Katz (1999) alimentando o espetáculo onde há a bupelos melhores ângulos, pela melhor cena, transformando o que é noticiado em um fenômenointeresse social.

As notícias veiculadas no telejornal propiciam uma visão dos acontecimentos que segue apenasuma linha de pensamento, ou seja, se apresenta de maneira que impede a análise através de outpontos de vista. O que está sendo dito parece ser a verdade incondicional.

Qualquer pesquisa feita com a audiência de um telejornal indica que o espectador retémmenos de 5% do que ouviu , e inclusive incapaz de citar mais do que duas ou três notíciadentre aquelas vinte que acaba de receber.Quando se tenta a fórmula de aprofundar ainformação, o resultado é, em nove de cada dez vezes, trágico (NEPOMUCENO, 1999p.209).

Conforme Jaspers (1998), sendo a imagem da TV um fantástico propiciador de emoção porédesestimulante do raciocínio, estabelecendo uma relação de afeto com o objetivo de quetelespectador se torne fiel, na falta de compromisso com a informação,exibe conteúdos emocionque tendem a interferir na transmissão factual da realidade, “tendo-se assim perdido o conteúdo dacomunicação resta apenas a satisfação de se ter visto um belo einteressante espetáculo” (p.73).

A velocidade com que a notícia é apresentada não deixa tempo para o receptor entender o que está sendo mostrado, influenciando assim na interpretação de cada notícia veiculada, ainda queprogramação apresentada nos telejornais seja uma escolha dos jornalistas envolvidos na produçcomo reforçam Soares e Oliveira (2007). O telespectador apenas recebe, na maioria das vezpacificamente a informação.

A imagem televisiva é o resultado de uma série de escolhas e modificações: para além do

processos já expostos de seleção, e de hierarquização da informação, o enquadramento dacâmara, a montagem assim como o comentário são outras tantas intervenções sobre o rea(JESPERS, 1998, p.70).

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Conti (1999) cita, como exemplo de intervenção sobre o real, a promoção do candidatopresidência da república Fernando Collor em 1989, que finalizou o debate exibido na TV Gloantes do segundo turno das eleições, conhecido com um dos espetáculos políticos mais be

arquitetados e que contou com a ajuda da TV brasileira, em especial a TV Globo com as seguinpalavras:

No dia 17, nós vamos dar um não definitivo à bagunça ao caos, à intolerância, àintransigência, ao totalitarismo, à bandeira vermelha. Vamos dar um sim a nossabandeira, à bandeira do Brasil, à bandeira verde, amarela, azul e branca. Vamos cantar onosso Hino nacional e não Internacional socialista (p.275).

Assim as notícias que serão veiculadas em um telejornal são produzidas através de um trabalho equipe do qual fazem parte apuradores, produtores, editores e apresentadores que percebemquanto cada informação pode render interesse e qual a melhor maneira de reconstruí-la.

IV JORNALISMO CÍVICO

O termo surgiu na década de 1990, ante a percepção dos norte-americanos da queda do númeroespectadores e da redução dos lucros. O distanciamento causou desinteresse por parte d

espectadores pelas matérias jornalísticas, principalmente porque o que deveria ser veiculado setor público, característico dos sistemas democráticos, era de responsabilidade das organizaçõ

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midiáticas que visam o lucro. Dessa maneira a ideologia de ser um guardião da democracia, vigiar os três poderes, estaria abalada.

Na tentativa de recuperar a credibilidade fragilizada surge o termo jornalismo cívico/cidadão coum resgate das funções a que a prática do jornalismo se propôs. O jornalismo cívico é a vertente jornalismo que tem como objetivo principal inserir o até então espectador de fato veiculado processos políticos e sociais e na produção da noticia com a preocupação voltada para a cidadae para as comunidades.

A escolha do que será pautado é baseada na sugestão do espectador comum e abre espaço para u

discussão em torno do assunto produzido estando dessa forma atrelado a opinião pública na medem que os telespectadores se sentem representados pela participação de um cidadão comum qalém de sugerir a pauta, é personagem da matéria veiculada.

Tem a ação social como valor notícia estrategicamente trabalhada como ação comunicativcaracterizada como sensacionalista por explorar dramas dos cidadãos e por fazer a cobertu jornalística desses mesmos dramas, porém, deixando clara proposta de prestação de serviç

chamando a atenção da população para a mobilização social acerca dos problemas que representdescaso com as comunidades.

4.1 Jornalismo cívico no telejornalismo

O jornalismo cívico é o segmento do jornalismo que fala direto para os cidadãos, veiculanmatérias de maior interesse da comunidade e o telejornal é o meio de propagar informação m

popular atualmente, campo ideal para disseminar essa área do jornalismo como forma de exercer cidadania conquistando a aprovação dos telespectadoreaudiência.

A credibilidade dos meios de comunicação se vinculam diretamente às suas linhaseditoriais ou pragmáticas. Qualquer cidadão se mantém fiel a um meio de comunicaçãoenquanto a garantia de pacto ideológico for assegurada (VIEIRA, 2003, p. 21).

Um membro comum da comunidade tem a sua voz propagada através de um repórter que topública a sua reclamação. A matéria produzida no telejornal é veiculada em prol de cidadãcomuns, sendo o telejornal um porta-voz da comunidade, uma vez que é um meio de informa

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de impacto na sociedade e a principal fonte de conhecimentos dos fatos do cotidiano parapopulação.

O termo jornalismo cívico é definido como jornalismo predisposto a quaisquer indivíduos e grusociais para que exteriorizem opiniões sobre quaisquer temas, define Targino (2009). Esdefinição reforça o intuito de um jornalismo voltado para a cidadania, para a voz da coletividada justiça e uma maneira eficiente de divulgá-lo é através do jornalismo televisivo.

Nesse sentido o jornalismo, também conhecido como civil, diz respeito a um procescomunicativo que requer o envolvimento das pessoas da sociedade, ou comunidade, não apen

como receptoras de informação, mas como protagonistas dos conteúdos dos meios dcomunicação, analisa Peruzzo (2003). A comunicação comunitária é aquela que faz sentido dendas realidades exclusivas porque é produto de uma dessas realidades, por isso os cidadão qsugerem a pauta ser produzida são de suma importância na composição do material jornalístico.

Como o jornalismo praticado nos anos 1920 se diferencia do exercido nos anos 1960, atualmensabido que a prática da vertente denominada como cívico, em constante evolução, causa ce

inquietação quanto ao rumo na área. Analisando o desenvolvimento do jornalismo cívico e srepresentação no território brasileiro, surge a percepção de que a vertente está em ascensão campo jornalístico e na aceitação popular.

Uma das características do jornalismo cívico é certa dose de atrevimento no momento de focalias informações, garantindo assim poder de intervenção social. Outra característica é expor faque acontecem no mundo e fogem do controle da população, fortalecendo o imediatismo como

dos valores básicos da informação. Além disso, é fonte de denuncia quando traz a público falesivos à população. Porém tais denúnciasdevem ser expostas dentro da ética, prevalecendo valores como veracidade e checagem.Conferindo padrões mínimos de conduta capazes de atribuir credibilidade aos conteúdos disposreforça Targino (2009). É o valor social como valor notícia no telejornalismo.

Já Peruzzo (2003) completa a análise de Targino (2009) quando ressalta que a participação popuna comunicação comunitária deixou de ser somente receptiva e passou a ser participativa, quanforam criados canais para veicular os interesses e as necessidades de expressão dos movimensociais e quando alguns cidadãos passaram a atuar como sujeito ativo na elaboração de mensag

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e na produção de programas com conteúdos aderentes às realidades sociais concretas de cada luTrata de temas locais, não só de problemas. E assim o espectador deixa para trás a posição passividade e se torna ativo, sendo percebido quando reivindica os seus direitos usando um m

de informação de grande alcance.

A comunicação popular trabalhada no jornalismo civil, para Peruzzo (2003), relaciona-se comorganização civil e com a carência sócio econômica,

[...] surge e se desenvolve articulada aos movimentos sociais como canal de expressão emeio de mobilização e conscientização das populações residentes em bairros periféricos submetidas a carências de toda espécie; de escolas, postos de saúde, moradia digna,

transporte, alimentação e outros bens de uso coletivo e pessoal, em razão dos baixossalários ou do desemprego (PERUZZO, 2003, p. 247).

Um outro ponto abordado é a efervescência do jornalismo cívico numa época em que a informaé vista no centro do processo evolutivo das nações como elemento de libertação na busca sociedades menos injustas em relação ao direito, a informação. A informação deve estar ao alcande todos os cidadãos independente da classe social, faixa etária, raça, credo, grau ddesenvolvimento intelectual e etc, concorda Targino (2009).

A cidadania no Brasil é um dos fundamentos do estado democrático que aparece na constituiçvigente, a de 1988. É um status político e jurídico que concede ao cidadão, direitos e deverDentre esses direitos, está o de ser bem informado como sendo umagarantia contra a discriminação e os abusos de poder político e econômico.

Estar bem informado é estar garantido contra toda e qualquer espécie de discriminaçãode abusos de poder político e econômico, de exploração do trabalho, da mulher e dainfância, da mais-valia absolta e relativa, do cerceamento a livre expressão dopensamento e da comunicação, enfim, o conhecimento da norma jurídica proporciona àsociedade um instrumento legal para o exercício pleno de sua cidadania (VIEIRA, 2003p. 20).

4.2 O papel do jornalismo cívico

A prática desse tipo de jornalismo trabalha sobre as vertentes dos movimentos sociais, priorizbem-estar social e a qualidade de vida da população, luta contra a injustiça e a coação socobjetivando um futuro em que raças, classes sociais e práticas políticas sejam respeitadas sedistinção. O jornalismo cívico proporciona às pessoas uma informação autêntica, de forma crític

racional, fundamentando-se na comunicação democrática enfatiza Targino (2009).Essa prática qirrompe no jornalismo contemporâneo é uma forma de colocar o cidadão que reivindica direi

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perante o estado como o centro da sociedade do conhecimento, como entendedor da essência fatos.

Peruzzo (2003, p. 245) ressalta mais detalhadamente a questão da comunicação popular quanexplica que “às pessoas não interessam somente as questões de âmbito universal e nacional [...]interessam-lhes os assuntos que dizem respeito à vida no bairro, da vila, da cidade ou do municíonde moram”.

Nesse sentido, o caráter manipulador dos meios de comunicação responsáveis por informar cidadãos só será extinto se, através da cidadania, forem rompidos os laços que ligam as mídia

política. Dessa relação surge a questão da responsabilidade social no que se refere ao código ética e valor moral das empresas de comunicação reforça Vieira (2003), sobre o papel que cumo jornalismo cívico e tentando extinguir a falta de comprometimento dos veículos de informaçcom a transparência.

Gomes (2003) completa a análise do valor moral no jornalismo contemporâneo como ponimportante para a defesa dos interesses públicos, da cidadania. Essa função direcionada à socied

em geral produz legitimidade através do discurso social. E quanto mais importância for atribuídessa função social, quanto maior for o número de cidadãos dependentes da sua efetivação, quamaior for a persuasão da sociedade sobre o seu valor estratégico, tanto maior será a quota legitimidade conferida à empresa de comunicação que tem a função de trabalhar em prol interesse público.O jornalista colabora para a prática do jornalismo cívico quando se orienta pvalor que se relaciona à satisfação do interesse público, entendido como o direito que o espectadtem de saber assuntos do seu próprio interesse, seja preservado.

Os cidadãos precisam encontrar canais através dos quais possam se manifestar para fazer-se vaperante o estado e diante da sociedade. E o que dá sentido a esses valores é a vinculação com jornalismo através do discurso de interesse público, originando a contraposição entre esfera políe a esfera.

Nesse contexto, a questão do interesse público é percebida como a possibilidade que os cidadãtêm de se verem representados e satisfeitos nos procedimentos adequados do campo política, o pode ser confirmado por Peruzzo (2003, p. 248) “a comunicação comunitária por natureza se ocupade conteúdos aderentes às realidades sociais concretas da cada comunidade ou lugar”.

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Em um Brasil marcado pelas desigualdades sociais históricas ressalta Targino (2009), a trajetódo jornalismo cidadão tem sido longa e difícil no que se refere ao acesso comum a todos.

gerenciamento da informação, na maioria das vezes, continua submetido a critérios governamenou privados inacessíveis a maior parte da população.

Esse contexto faz com que o andamento do jornalismo nos regimes democráticos, como no Braesteja em constante transformação em busca de uma nova maneira de se fazer jornalismo, comintenção de vigiar os governantes e proteger os cidadãos contra os abusos de poder. O jornaliscidadão propicia aos homens um fluxo de informação que os capacita a exercer suas atividad

cívicas, entendendo o serviço público como parte essencial à identidade jornalística, de acordo cPeruzo (2003, p.250) “a comunicação comunitária, quando desenvolvida em base democrática,simboliza o acesso democrático e a partilha do poder de comunicar”.

Sobre os valores da noticia o autor associa as mesmas a representação de determinada cultura, “constituem uma narrativa representativa da cultura” (TRAQUINA, 1999, p.252)assim, as notíciasajudam o telespectador a compreender os valores e os símbolos com significado numa determin

ou nova cultura. Ultrapassam as funções tradicionais de informação e explicação e contribuem pa formação de um novo sistema peculiar, ajudando a reivindicar ordem tendo como basedesordem e sugerindo uma linha de comportamento socialmente aceitável. Firma dessa maneirresgate dos ideais do jornalismo, quando o receptor é tratado com responsabilidade e conseginterpretar como agem os meios sociais e políticos onde vive.

V ABORDAGEM JORNALÍSTICA NO QUADRO PROTESTE JÁ!

5.1 Metodologia de pesquisa

A pesquisa deste trabalho foi desenvolvida por meio de observação, análise de conteúdolevantamento de dados para embasamento teórico e observação do material exibido no quadProteste Já!, veiculado no programaCQC , (Custe o que Custar) da Rede Bandeirantes deTelevisão. O objetivo é verificar se o telejornalismo cidadão cumpre sua função e se as notícias sespetacularizadas da maneira como são exibidas.

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A observação, segundo Marconi e Lakatos (2001), é o método que utiliza os sentidos para obdeterminados aspectos da realidade. Consiste em ver, ouvir e examinar o que se deseja estudPara a pesquisa, foi usado o método de observação estruturada indireta, visto que utili

instrumentos como coleta de dados para registrar a informação que se deseja obter.

A análise de conteúdo, de acordo com Salomon (2001), consiste no exame e na investigaçordenada de informes ou documentos como fontes de dados a serem analisados. Gomes (20explica que “através da análise de conteúdo, podemos caminhar na descoberta do que está por tdos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado” (p.84).

Segundo Marconi e Lakatos (2001) a pesquisa bibliográfica é o método de levantamento de dade variadas fontes, constituído de material já elaborado, ou seja, de bibliografia já publicada forma de livros, revistas e artigos, tendo como finalidade colocar o pesquisador em contato dircom tudo o que foi escrito sobre determinado assunto. “É a atividade de localização e consulta fontes diversas de informação escrita para coletar dados gerais ou específicos a respeito determinado tema” (ALMEIDA JR, 2002, p.100). Paraa pesquisa, foram usadas bibliografiasrelacionadas a temas como jornalismo e representações sociais, e a busca da visibilidade des

representações através da televisão.

Para realização da análise do quadroProteste Já! do programaCQC , da Rede Bandeirantes deTelevisão, o método utilizado foi a observação de quatro programas, exibidos em 22/03, 29/12/04 e 26/04/2010. Essas datas foram escolhidas aleatoriamente.

Para a pesquisa, foram definidas as seguintes categorias:

- Participação do cidadão: as noticias veiculadas são baseadas nas sugestões de cidadãos comuselecionadas através do site(www.band.com.br/cqc/ ) e eles mesmos são personagens das matérias.- Temas: sempre cívicos- A noticia espetacularizada: fato real exibido como ficção; ilustrações e linguagem coloquial.

.5.2CQC um modelo diferente de telejornalismo

O CQC (Custe o Que Custar) é um programa semanal transmitido todas as segundas-feiras, desdea sua estréia, em 17 de março de 2008, pela Rede Bandeirantes de Televisão, às 22h15 e te

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duração de uma hora e 15 minutos.O formato é originário do programa argentinoCaiga Quien

Caiga, exibido no país desde 1995.

É apresentado por Marcelo Tas, ator, jornalista, roteirista e diretor que tem como característicriar personagens e novos formatos de televisão. Ao seu lado na bancada estão Marco Luqhumorista e ator brasileiro e Rafinha Bastos, ator e jornalista. As reportagens são feitas por RafCortez, ator, palhaço, músico e jornalista; Felipe Andreoli, jornalista; Oscar Filho, ator humorista; Mônica Iozzi, atriz e cantora e Danilo Gentili, publicitário, cartunista, humorisescritor e repórter.

O programa trata de fatos políticos, artísticos e esportivos referentes à semana com certa dosehumor e sátira, brincando com as informações. Marcelo Tas, Marco Luque e Rafael Bastapresentam as notícias de forma que fogem dos padrões tradicionais e os repórteres abordpessoas públicas de maneira indiscreta e com o objetivo de provocar as mais inesperadas reações

O quadroProteste já! é apresentado por Rafinha Bastos e Danilo Gentili. Mostra problemas decomunidades como a falta de conscientização em relação aos focos da dengue, o tratamento

esgoto, transporte precário de crianças, as dificuldades de acesso para pessoas deficientes, obinacabadas, entre outros. Após realizar a matéria, o repórter cobra soluções e prazos dautoridades para que o problema seja solucionado. A duração do quadro varia de acordo comdenúncia a ser exibida.

A seleção das matérias a serem produzidas se baseia em denúncias feitas por pessoas comunidade. No site da Rede Bandeirantes, onde se encontra uma página destinada ao progra

(www.band.com.br/cqc/ ) há um espaço através de um formulário para que as pessoas sugirampautas denunciando obras públicas inacabadas, transporte precário, mau atendimento entre outproblemas. Caso a sugestão seja selecionada, a produção do programa entra em contato comcidadão.

5.2.1 Levantamento de dados

Programa I

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“A matéria exibida em 22/03/2010 teve duração de 32’ 37”, com o título “Barueri o Roubo da TVA denúncia sobre o mau uso de recurso pela Secretaria de Educação, que começou a ser produzem Janeiro 2009, deveria ter sido exibida no dia 15/03/2010 mas foi vetada por uma aç

condenatória expedida pela juíza Nilza Bueno da Silva, da vara da Fazenda Pública, em respostuma ação impetrada pela prefeitura de Barueri, sob a justificativa de que faltou direito de respoNo dia 15 de Março, quando Marcelo Tas informou aos telespectadores que a matéria que seexibida no dia havia sido censurada, Rafinha Bastos explica que essa mesma matéria foi feita Argentina e a pessoa que estava em posse da televisão ficou com tanta vergonha que peddemissão antes de ser demitida. Segundo Marcelo Tas, a Rede Bandeirantes impetrou ações preverter a situação e conseguir levar a matéria a público. O apresentador ainda frisou que o qua

Proteste já! é a parte séria do programa, onde a equipe cobra autoridades e falou também sobrtempo investido na produção da matéria. Foi reportada por Danilo Gentili e Rafinha Bastos.

A matéria começa com informações sobre o investimento destinado a educação pelos governfederal e estadual no ano de 2009, 27 bilhões de reais, e afirma que, mesmo assim, a educação São Paulo está longe de alcançar qualidade. Danilo Gentili diz que oCQC não vai conseguirresolver os problemas da educação, mas a doação de uma televisão ajuda em alguma coisa. Rea

então um sorteio para escolher entre os 645 municípios de São Paulo qual será contemplado cum aparelho de TV LCD a ser doada para uma escola estadual. O número sorteado foi 065, qcorresponde à cidade de Barueri.

A produção do programa vai até a Secretaria de Educação de Barueri procurando informaçõsobre o procedimento no caso de doações sob a justificativa de que um empresário estaria fechaa sua empresa e gostaria de doar a TV para uma escola. Sem ser identificada na matéria, um

funcionária explica que é só levar a doação até a secretaria que eles fariam o repasse.

Em outra cena, Danilo Gentili está na companhia de um técnico que vai instalar um rastreadortelevisão, que indica a sua posição geográfica, um alarme e um dispositivo que acusam todas vezes que a televisão é ligada ou feita uma simples troca de canal. Essas informações são enviadpor meio de mensagens, ao telefone celular do repórter. O objetivo é verificar para onde selevado o material doado. O número de série é registrado e o aparelho entregue na Secretaria Educação, no dia 21 de dezembro de 2009, às 16h e 34 minutos, como consta em relatório.

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Depois de sete horas que a televisão havia sido entregue, uma arte foi usada para ilustrar o caminpercorrido pelo aparelho até o local onde foi deixada. Durante o final do mês de dezembro e meses de janeiro e fevereiro, Danilo recebeu mensagens indicadoras do funcionamento

aparelho. Na seqüência, cenas sobre as férias do repórter dizendo que gostaria de ter cuidado mde si mesmo e fazer o que ele não tinha costume, pintando as unhas e tomando banho, mastelefone não parava de apitar até que chegou o dia de voltar ao trabalho. Danilo aparecengraxando os sapatos de Rafinha e não termina o serviço para ir conversar com o técnico que as adaptações no aparelho de TV, já no mês de fevereiro.

Danilo comenta, ironicamente, com o técnico, que a doação foi útil porque está sendo muito usa

mas lembra que o período em que esteve funcionando foi o de férias escolares e decide ir atescola assistir um programa educativo com os alunos.

Usando o GPS, vai até o local indicado pelo rastreador que acusa o paradeiro da televisão. Eseguida, volta até a Secretaria de Educação e conversa com o secretário Celso Furlan sobresistema de ensino e questiona sobre o possível local onde estaria o objeto doado. Durante a ceartes brincando com a imagem do secretário são usadas, como um abacaxi em seu rosto e pegan

um saco de dinheiro. Depois de ficar clara a falta de informação do secretário sobre o paradeiroaparelho, a assistente que recebeu a doação, em dezembro, informou que está na Escola EstadTarso de Castro e o secretario incentivou Danilo a ir até o local para mostrar como tem siaproveitado o material. Diz ainda que pode confiar que a televisão foi entregue, que se não foi “manda embora” porque é crime. Danilo questiona o controle de doações e diz que ele, sendodoador, sabe onde está a televisão e os funcionários da Secretaria de Educação não sabem.

Ao mesmo tempo em que Danilo está na Secretaria, Rafinha Bastos está dentro de uma vestacionada em frente a casa onde foi localizado o aparelho de TV, na companhia do técnico qfez a instalação dos dispositivos, acompanhando através de um computador o funcionamento aparelho.

Em seguida, Rafinha descreve que, desde Danilo começou a indagar sobre o paradeiro da TVSecretaria de Educação, começou uma movimentação de pessoas em frente à casa e registramomento em que um homem e uma mulher saem com o referido aparelho de TV. Uma arte é uspara ressaltar a imagem do objeto. O repórter sai da van, aborda o casal e questiona o motidaquela TV estar na casa deles. Sem obter resposta, Rafinha segue o carro onde o aparelho

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colocado até uma escola. Desce novamente do carro pedindo ao casal para que conversassem cele, porque deveriam ser amigos e que gostaria de filmar a entrega da televisão.

O casal retorna à residência com o aparelho e Rafinha continua atrás deles. Ele tenta uma noabordagem pedindo aos dois que conversassem com ele e como não recebe atenção afirma que enão poderiam assistir mais nada.

Danilo, ainda na Secretaria, recebe a informação do secretário de que não há risco de quetelevisão esteja em outro local a não ser na escola.

Como a TV permaneceu no carro, Rafinha aciona o alarme para confirmar se é realmente o mesaparelho televisivo. Neste momento, o casal sai de carro e Rafinha os segue novamente dizenque dirigir com o barulho do alarme vai ser chato.

Rafinha e Danilo se comunicam através do telefone celular e chegam juntos até a escola onde a teria acabado de ser entregue. Quando questionada sobre o motivo pelo qual a televisão não estana escola, a diretora relatou que o aparelho foi retirado da escola por um departamento

Prefeitura para que fosse sintonizado. Em meio a esta situação constrangedora, a diretora acabcontando que um funcionário da prefeitura era parente da funcionária da escola onde a televiestava.

Rafinha diz que não tem bem certeza, mas, acha que Papai Noel estaria chegando por lá com utelevisão, em tom de sarcasmo.Neste momento, Danilo flagra a televisão sendo retirado do carrdiz que vai segui-la para que não haja desvio, novamente. Ele confere o número de série

questiona o motivo do aparelho estar na casa da funcionária da escola Aline Nunes desde 21 dezembro, como acusou o GPS. Ela diz que não entende nada de GPS e Danilo rapidamenretruca dizendo que de GPS ela não entende, mas de televisão sim. Os funcionários da escola nconseguem dar uma explicação convincente.

São mostrados flashes , com música ao fundo em tom de suspense, que oscilam entre as sonoras ddiretora da escola , do secretário e de Aline Nunes, todos tentando justificar o ocorrido em um jde empurra e se contradizendo, finalizando com o secretário de Educação dizendo que se houvedesvio do aparelho ele demitiria o responsável, porque seria comprovado roubo.

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Ao lado da TV Rafinha diz, com ironia, que alguém iria ficar sem ver televisão naquele dia efuncionária que estava com o aparelho em casa é filmada, sendo usada uma arte de lágrimas sainde seus olhos e o som de um choro.

Em outro capítulo dessa matéria, a televisão foi devolvida para oCQC . Danilo Gentili foi até aPrefeitura para conversar com o prefeito Rubens Furlan que retirou a sua responsabilidade sobração do funcionário. Agrediu verbalmente os integrantes do programa chamando-os de babacpalhaços tontos, desmoralizadores das pessoas. Disse ainda que a democracia permite que gecomo eles façam o que estão fazendo e que estava conversando com o repórter porque ele nsignifica nada diante da luta que desenvolvem os políticos para democratizar o país. Afirma qu

município não precisa de televisão e manda Marcelo Tas levar para a família dele. Ao mesmtempo, agradece o programa pela iniciativa e diz que aceita o aparelho de TV. Em meioxingamentos e agradecimentos a conversa vai sendo desenrolada. Rubens Furlan assina udocumento comprovando que recebeu a televisão e Danilo entrega o aparelho em uma outra esco

Programa II

“A matéria exibida em 29/03/2010 teve duração de 13’04” com o título “Cadê o Metrô?” foi Salvador. As obras de construção do transporte público tiveram início em 1999 e até hoje nforam finalizadas. A verba destinada à obra completa foi de meio bilhão de reais. A extensão é12 quilômetros ao todo e as obras estão paradas nos seis primeiros quilômetros. Foi reportada Danilo Gentili.

A primeira cena é de Danilo caminhando por Salvador falando que pensava que pelo menos

Bahia ia ser feliz, dançar axé e contando uma história sobre como a sua vida tem sido difícil. Papor alguns locais e quando se encontra caminhando sobre os trilhos por onde passaria o metrô decide colocar fim a sua vida e se deita nos trilhos para esperar o trem. Enquanto espera o treDanilo lê um jornal, toma água de coco, confere as horas, verifica que se passaram duas horadecide ir procurar o trem porque ele estaria demorando demais.

Durante a procura pela cidade o repórter conversa com a engenheira civil Cira Pitombo e diz qgosta muito de Salvador, que sempre que vai a cidade vê muitas coisas diferentes e a questiosobre uma obra grande e colorida que ele ainda não conhecia . Cira responde que a obra é uma estações do projeto do metrô de salvador. Danilo diz que adoraria conhecer o metrô de Salvador

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convida para andar de metrô. A engenheira responde que é impossível e ironicamente prevê, ainem dúvida, que quem sabe daqui a dez anos isso possa ser possível e conta que a obra começou 1999 e se arrasta por quase uma década.

Em conversa sobre a obra do metrô com o arquiteto Heliodoro Sampaio, que Danilo cita coautoridade no planejamento urbano, quando questionado sobre o que tem a dizer do projeto, afirque a obra tem muitos equívocos, tanto na área de penetração central quanto na marginal.

O repórter fala sobre a importância de um sistema de transporte público que funcione em Salvae entra em um ônibus lotado para conversar com os passageiros sobre o ônibus lotado todos

dias.

De volta com Heliodoro, Danilo fala sobre o desvio no percurso dos trilhos e o arquiteto diz qhouve uma mudança de traçado, que o que era para ser em superfície passou a ser em elevado.

É mostrada a distância entre as vigas do chão até os trilhos em várias partes do trajeto. Diante diCira conta que o metrô de Salvador é conhecido como a montanha russa mais cara e menor

mundo.

Heliodoro analisa que essas diferençasde nível, “esse sobe e desce é uma coisa absurda,inteiramente condenado do ponto de vista técnico mas que é assim que o metrô vem sedconstruído” e Danilo diz que é o metrô do “é o tchan, vai subindo, vai descendo, vai subindo, descendo”.

Dentro do ônibus, Danilo ajuda uma passageira a subir e continua ironizando a situação, dizenque à senhora que ela poderia subir no veículo, que está apertado e que ela poderia ficar tranquporque ele iria respeitá-la, mas, que quando se afastou dela para cumprir o que prometeu, um oupassageiro que estava atrás de Danilo não o respeitou.

Em frente as vigas de sustentação do metrô, Danilo conversa comCira sobre o preço do bilhete. Ela diz que se o metrô não for subsidiado, o valor será entre 10,00 e R$ 15,00 por viagem, ou seja, para andar seis quilômetros. De volta no ônibus lotado, passageiro diz que o metrô não aliviaria em nada, porque o bilhete será muito mais caro do queônibus.

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Em outra estação do metrô, Cira conta a Danilo que há outros problemas e Heliodoro finaldizendo que não foram construídos banheiros públicos nas estações e explica que “em uma cida

onde a cultura local detecta um alto índice de xixi nas ruas, imagine dez mil passageiros saltandse alguém tiver uma necessidade fisiológica, como você que veio de São Paulo, come um acarajse sente mal. Onde é que vai fazer as necessidades?” Danilo ironiza dizendo que pode ser sugerque na compra de um bilhete o cidadão ganhe uma rolha.

O repórter questiona outro passageiro se ele acha que, se todas as pessoas que se organizam ppular carnaval em Salvador se organizassem para reivindicar o término das obras, talvez o metrô

estaria funcionado e o passageiro responde que esse é o problema, que em Salvador as pessoasse organizam para festas.

Em seguida, Danilo foi procurar os vagões em um local indicado por Heliodoro Sampaio, qcontou que os trens já foram comprados e estão deteriorando. Encontrou parte do metrô em terreno e em condições ruins de armazenamento. O repórter diz ao povo baiano, apontando parvagões, que lá estaria o dinheiro, os impostos pagos pelos cidadão, nos trens e no aluguel do loca

ironiza dizendo que a “emoção é grande de estar vendo essa lenda”.

O repórter ressalta que como o telespectador pode ver o metrô de Salvador “não é um trem bãonão, é um trem pra lá de confuso”, e fala sobre os boatos que envolvem a obra inacabada, comincompetência administrativa e desvio de verba e que vai conversar com um procurador da justienfatizando que pela primeira vez o Ministério Público fala sobre o caso com a imprensa.

O Procurador do Ministério Público Wladmir Ara, entrevistado sobre o assunto, afirma que não justificativa para que uma obra que custou meio bilhão de reais para 12 quilômetros não estpronta. E informa que o processo está parado no Superior Tribunal de Justiça a pedido de algumempresas que ganharam a licitação, como as empreiteiras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrezprocesso investiga crimes como formação de quadrilha, falsidade ideológica, consórcio oculcrime contra a ordem econômica e licitação.

Enquanto percorreram parte do percurso sob os trilhos em um carro apropriado, o coordenadorobras Luis Castilho, que trabalha desde 2000 na construção do metrô, que deveria ser entregue 2003, justificou a demora pela falta de verba e diz que a maioria dos metrôs no Brasil demoraram

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ficar prontos e Danilo ironiza dizendo que são seis quilômetros em 10 anos e 12 quilômetros vinte anos. Danilo comenta que o metrô de Salvador é conhecido como “metrô é o tchan, vaisubindo, vai descendo”, deixando o coordenador muitas vezes sem resposta. Diz ainda q

percorrendo o caminho ele se sente em uma montanha russa e que tem medo que no final dtrilhos encontre umlooping debochando do planejamento da obra. O repórter grita para popularescogitando a possibilidade de andarem de metrô quando forem avós e questiona o planejamentoobra que começa no solo e durante o percurso em alguns locais a obra é elevada, sugerindo mesuma montanha russa e ainda tem estações subterrâneas. Questiona também como uma empreganha uma licitação apresentando um projeto no valor de X reais e não acaba a obra justificanfalta de verba.

Para finalizar a matéria, questiona também sobre a falta de sanitários no projeto. Fala sobre investigações do Ministério Público e oferece a nota fiscal de seu almoço ao coordenador paajudar na justificação de verba ao ministério. Mostra um presente que comprou para o Prefeimas como ele não quis conversar com o CQC, pede ao coordenador que responda duas pergunO repórter indaga sobre a data de entrega e tem a resposta de que será no inicio de 2011 os squilômetros. Para a entrega dos 12 quilômetros não há previsão. Danilo termina dizendo que v

ter que arrumar muitas notas fiscais pra justificar tanto dinheiro.

Programa III

“A matéria exibida em 12/04/2010 teve duração de 9’13” com o tema Transporte Público em Pode Caldas. Houve uma mudança no sistema de transporte público que passou a ser administra

por uma empresa que se uniu a prefeitura. O Sistema Integrado Grande Amigo tem deixadopopulação insatisfeita devido ao preço da passagem, ao números de ônibus que tem que pegaprincipalmente ao tempo do trajeto percorrido que aumentou. É reportada por Danilo Gentili.

Antes da matéria propriamente dita, é exibida uma encenação onde o repórter Oscar filho convDanilo Gentili para almoçar com duas meninas. Danilo questiona se são realmente bonitas moças e Oscar o convence a ir perguntando a Danilo se ele achava que Oscar iria sair com umenina feia. Danilo se anima e quando chega ao local percebe que foi enganado por Oscar e qumenina que lhe foi apresentada não era bem o que Oscar disse. E ainda Oscar sai do restauramais cedo deixando Danilo a sós com a menina feia e ainda responsável por pagar a conta. Dan

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então fala para o telespectador “se você acha esse meu amigo, um mala, é porque você nconheceu o amigo que tem em Poços de Caldas”, se referindo ao sistema detransporte implantandona cidade.

Na primeira cena Danilo caminha pelo centro da cidade até a estação de transporte público dizenque Poços de Caldas recebe muitos turistas, que está achando tudo muito bonito e questiona quao problema. Diante da resposta do entrevistado que é o novo sistema integrado de transporte, questiona sobre a maneira em que a população está sendo prejudicada e é usado um povo faUma sequência de respostas relatam os problemas como aumento de 50% no valor das passagedesencontro de horários nas estações, com o sistema antigo algumas viagens eram feitas em

minutos e passaram há durar 1 hora. Enfim, os entrevistados, na sua totalidade, concluem qunovo sistema fez com as passagens aumentassem e não facilitou a vida de ninguém.

Danilo apresenta Hudson, um morador comum da zona leste da cidade, que está indo trabalhalhe propõe uma aposta: Hudson vai de ônibus e o repórter vai de charrete até para destino personagem pra ver quem chega primeiro, valendo R$2,00 (dois reais), o preço da passageHudson topa e ambos entram cada um em seu respectivo meio de transporte.

Imagens se alternam mostrando o trajeto em que ambos estão percorrendo acompanhados por uarte que mostra a localização dos dois e o progresso da viagem. Danilo sugere ao charreteiro abma franquia em São Paulo, tirando o cavalo atual e colocando um cavalo-marinho, devidosituação de vários pontos de enchente na cidade. Ele entra na brincadeira e responde que vcolocar logo um barco de uma vez.

Danilo recebe uma ligação de Hudson informando que havia acabado de chegar a baldeação ppegar outro ônibus. O repórter espantado com a localização, diz para Hudson ir preparandocarteira porque acha que ele perdeu a aposta. Uma arte ilustra a nova localização dos dois e Danestá muito mais próximo do destino enquanto Hudson está parado na estação.

O repórter chega primeiro ao terminal, agradece ao charreteiro e o aconselha a cuidar bem cavalo. Pergunta por Hudson e diz que não há nem sinal dele concluindo que ganhou a aposEntão comemora estourando uma garrafa de água como se fosse de champagne e segue paraterminal para esperar Hudson.

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Quando o ônibus chega Danilo conta a Hudson que fez o trajeto em 20 minutos e Hudson calcque tenha feito em 40 minutos que espantado brinca dizendo que vai comprar uma charrete pra Danilo diz, apontando para o ônibus, que Hudson não pode contar com ele, mas pode contar com

filho da égua.

Danilo caminha pelo terminal e diz emoff que o grande problema encontrado é que a empresaCircullare e a Prefeitura implantaram um sistema de transporte público que não agradoupopulação. Então para chegar a um resultado satisfatório apresenta o prefeito de Poços de CaldPaulo César Silva, e o empresário Flávio Cançado representados por personagens em um ringcom o som do sino que indica o início de umround e muitos flashes .

Cada vez que Danilo alterna a sua entrevista com o prefeito e o empresário uma luva de boxe oné mostrado o crédito e o sino que indica o início de umround são usados.O prefeito diz quereconhece as reclamações, que são legítimas, tem fundamento e que estão atentos. Disse ainda qa administração pública, o ministério público e a empresa sabem dos problemas e que a Prefeittem cobrado da empresa uma correção.

Já o empresário Flávio Cançado, quando questionado sobre a insatisfação da população comsistema de transporte, responde que apenas 1% da população está insatisfeita e que 99% têelogiado o novo sistema. Um flash do povo fala é mostrado com as pessoas reclamando. Danilo diza ele que a maioria das pessoas está insatisfeita e questiona o dado de 1% apresentado. Enquaisso são usadas ilustrações no rosto do empresário de gotas de suor escorrendo e uma vermelhidcomo se ele estivesse tenso.

E assim as cenas vão se intercalando ora com o prefeito, apontando quais são as reclamações povo e justificando o problema de logística do novo sistema, ora com Flávio Cançado neganfalhas e problemas, afirmando que a dificuldade já estava prevista em projeto. Diante contradição com a entrevista do prefeito, a imagem de Flávio é ridicularizada com nariz palhaço. O prefeito diz que espera da empresa que em um prazo de trinta dias os problemas sejsolucionados e Flávio dizendo que precisa de noventa dias pra solucionar os problemas.

Danilo então questiona Flávio se o prefeito não sabia o que ele estava dizendo quando falou em prazo de trinta dias. O empresário não responde a pergunta e se retira encerrando assim

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entrevista. O repórter pergunta ironicamente se aumentar o prazo para trinta e cinco dias Flávvolta e conversa com ele.

O prefeito então faz um compromisso de solucionar os problemas do novo sistema de transpoem trinta dias e uma ilustração de um carimbo escrito compromisso é usada.

Programa IV

“A matéria exibida em 26/04/2010, com duração de 13’50” foi na cidade paulista Campina Monte Alegre – São Paulo, município de cinco mil habitantes, onde um posto de gasolina e

depósito de combustível de propriedade da Prefeitura foi instalado ao lado de uma escola. Aanunciar o quadro, Marcelo Tas diz que foi escolhido estrategicamente o lugar mais perigoso cidade para construir, colocando as crianças em perigo. A matéria foi reportada por RafinBastos.

A história começa com uma arte representando a imaginação de Rafinha quando lhe é contadsituação e as suas expressões enquanto imagina. Ele imagina uma escola e sorri, imagina que

lado dela há um posto irregular de combustível que não tem extintor de incêndio, o seu semblacomeça a ficar preocupado; imagina que os bombeiros mais próximos estão a 60 quilômetros distância; imagina que se acontecer um incêndio, e a arte dos bombeiros saindo do batalhão efogo consumindo a escola, duas crianças pulando em chamas e Rafinha sacode os braços edesespero apagando a sua imaginação.

O repórter está em Campina do Monte Alegre e o primeiro entrevistado é Ezequiel, que fala so

a localização da cidade enquanto uma arte é usada para dar as coordenadas. E então Rafinhaquestiona sobre o problema que está acontecendo na cidade. Ezequiel conta que há um poclandestino que abastece os veículos ao lado de uma área escolar. Enquanto isso imagens mostro galpão onde o combustível é armazenado e a escola logo ao lado. Conta ainda que essa situaç já dura aproximadamente três anos e que todos os veículos da prefeitura são abastecidos naqulugar, carros e microônibus. Imagens de veículos dentro do posto confirmam as declarações Ezequiel. E conta ainda que há um posto na área urbana, mas o Prefeito usa somente o poirregular.

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Rafinha entrevista o dono do único posto da cidade, Valter Blezins, que fazia o fornecimento óleo diesel e gasolina para prefeitura e o pergunta o porquê do contrato ter sido rompido. Valconta que o contrato foi rompido por falta de pagamento a mais de um ano e que a divida

prefeitura é de quarenta mil reais. Sobre a existência do posto irregular o comerciante diz querisco maior é para as crianças, porque os três produtos, gasolina, álcool e diesel são totalmenexplosivos, além de ser prejudicial à saúde o risco de contaminação do lençol freático, caso algmorador abra um poço para consumir água.

Com imagens do posto irregular, Ezequiel emoff relata que o abastecimento é feito através de umfunil, a gasolina goteja no chão e qualquer faísca pode gerar uma explosão.

Em outra cena, é mostrado de onde vêm os galões usados. São flagrados na carroceria de ucaminhonete em Angatuba, a 14 quilômetros da cidade. E em frente ao posto irregular Rafinespera a caminhonete que transporta os galões. Aproveita a porta aberta e entra no local paverificar como funciona.

O local é o Departamento de Transportes da cidade e com um funcionário que está em uma s

onde estão muitos galões cheios, questiona sobre o forte cheiro e o funcionário diz que é seguquando os galões são armazenados fora da sala. Outros funcionários que também estavam no lona hora da abordagem saem correndo e o extintor de incêndio não é localizado.

Rafinha lê um documento que tem em mãos onde consta as normas para armazenamento líquidos e combustíveis inflamáveis e nada confere com a situação encontrada no posto. O repóabre uma torneira do banheiro e diz que talvez a forma que eles tenham de apagar um incêndio s

mais simples e joga água com a mão em uma arte de fogo enquanto encena a comunicação “Vamlá! Bombeiros ajudem! De muitas mãozinhas nós precisamos!”. E logo retoma o assunto dizenque a situação é muito séria, porque além de não haver extintor de incêndio, o batalhão dbombeiros mais próximo fica na cidade de Itapetininga, a 60 quilômetros de distância. Edemorariam cerca de uma hora para chegar até Campina de Monte Alegre e conclui que é utragédia anunciada.

A escola novamente é mostrada e com o microfone direcionado dá pra escutar o barulho dcrianças conversando. Rafinha se aproxima e pergunta a uma professora se ela sabe da existêndo depósito de combustível ao lado e ela responde que não. Rafinha diz que o pessoal da esc

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não sabe o que está acontecendo e mede em passos a distância que separa os locais, relatando qude aproximadamente cinco metros e ainda diz que é impossível que, se acontecer um incêndio depósito, a escola não seja atingida.

Um povo fala comprova que os moradores não se dão conta da existência do depósito irregular mostrado novamente o material usado para fazer o abastecimento, um funil feito com um galãoágua adaptado com pedaço de cano. Emoff Rafinha diz que o funil é de última geração, chegou deLondres no ano passado.

Há o flagrante da chegada da caminhonete carregada com o combustível no depósito e Rafin

aborda o motorista que conta que está ali para abastecer as máquinas, que faz muito tempo qudepósito funciona naquele local e que tem noção de que o lugar é perigoso com uma escolinhmenos de 20 metros de proximidade, mas lamenta dizendo “o que vai se fazer, prefeitura é assim

O motorista sai carro do depósito e Rafinha pega um galão vazio que estava na carroceria plevar a prefeitura e informar ao prefeito o que está acontecendo, se é que ele já não está ciente.

Em frente ao letreiro da entrada da cidade Rafinha informa que se acontecer um incêndio nãoninguém preparado para resolver. Diz que teve uma boa idéia e rodopia até se transformar em bombeiro para que o prefeito o veja e lembre-se de que ele precisa resolver esse assunto.

Com o prefeito José Benedito Ferreira o repórter diz que está vestido de bombeiro porqueexatamente disso que ele iria precisar porque a situação é muito feia e relata que há um posto combustível irregular ao lado de uma escola pedindo explicações sobre a situação.

José Benedito explica que para se fazer um posto legal a verba necessária deve ser em torno setenta a cem mil reais e que é impossível em uma cidade com poucos recursos fazer tudo denda lei. Umflash reprisa a última frase do prefeito e é usada uma arte de uma luva de boxe dandum soco em seu rosto. Diz ainda que o posto de gasolina que há na cidade vendeu para a prefeita vida toda e que se tivesse vendendo para a prefeitura, que paga rigorosamente em dia e ele poprovar, eles estariam comprando do posto legalizado. Um flash mostra a sonora do dono do postocontando que a dívida da prefeitura é de quarenta mil reais e é usada uma arte com um nariz palhaço no prefeito.

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Rafinha questiona porque o posto fica ao lado de uma escola e não ao lado do gabinete do prefeassim ao invés de colocas as crianças em risco, colocaria ele mesmo. E pergunta se o prefeito peque se acontecesse um incêndio os cinco metros que separam a escola do depósito seria

suficientes para as crianças não se machucarem. O prefeito responde que isso nunca acontecporque Deus é bom e nunca vai acontecer.

O repórter então mostra a ele as normas que devem ser cumpridas em locais onde há manuseioprodutos inflamáveis e mostra também um extintor de incêndio. José Bonifácio diz que Rafinnão é bombeiro e acaba dando espaço para o repórter cobrar mais uma vez a irresponsabilidadeprefeito, dizendo que infelizmente ele não é, mas que é algo que a cidade está precisando.

prefeito diz que estão sendo vítimas e Rafinha diz que as vítimas serão as crianças que estão lado do posto de gasolina.

O repórter oferece a sua ajuda ao prefeito para tirar os galões com combustível do local e levar um outro local provisório, mas menos perigoso do que o atual, dando uma oportunidade ao prefde mostrar que ele está realmente preocupado em resolver a situação. O prefeito concorda e vaio local na companhia de Rafinha.

Em outra cena José Bonifácio e Rafinha caminham até a cerca que separa a escola e o depósito repórter conversa com as crianças que estão do outro lado. Depois comenta com o prefeito sobrcurta distância entre as crianças e o depósito. Os funcionários que estão no local, José BonifáciRafinha retiram os galões e colocam na caminhonete que irá transportá-los.

Rafinha fala com o prefeito que aquela não é uma solução definitiva, mas que é um começo p

que a vida das crianças não seja colocada em risco e o alerta que se os galões voltarem paradepósito irregular, oProteste Já! volta também. E uma ilustração de uma explosão é usada nacarroceria da caminhonete que sai do depósito retirando os galões.

5.2.3 Cidadão em ação

Ao assistir e analisar o quadro Proteste Já! Foi possível constatar que os personagens que compõa matéria, a não ser os que são cobrados e questionados sobre uma postura política que lesa umcomunidade, são os que formalizam a denúncia através da veiculação do assunto no quadro. Nesentido o jornalismo civil, diz respeito a um processo comunicativo que requer o envolvimento

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pessoas da sociedade, ou comunidade, não apenas como receptoras de informação, mas comprotagonistas dos conteúdos dos meios de comunicação, analisa Peruzzo (2003).

Como exemplos dessa participação serão descritos trechos dos programas analisados:

Programa I

- Neste programa os próprios repórteres do Proteste Já! são os cidadãos em ação quando reportuma matéria produzida pela equipe a fim de verificar a honestidade de funcionários públicmunicipais em repassar uma doação. Eles mesmos são os cidadãos que denunciam.

Programa II

- A engenheira Cira Pitombo é a primeira pessoa a ser entrevistada e começa a contar sobre a odo metrô que teve inicio em 1999 e se arrasta por quase uma década quando responde ao convde Danilo Gentili para andar de metrô, justificando porque é impossível aceitar o seu convite.

- Logo depois o repórter conversa com o arquiteto Heliodoro Sampaio e o pergunta o que ele temdizer sobre o projeto. Heliodoro responde que o projeto está condenado do ponto de vista técnicexplica todos os erros e falhas de planejamento.

Em uma alternância de sonoras a engenheira e o arquiteto relatam o problema da obra inacabadametrô.

Programa III

- Danilo Gentili explica o problema com o transporte público na cidade buscando relatos cidadãos que estão nos terminais rodoviários. É feito um povo fala e uma sequência de sonorausada pra contar quais são os problemas que o novo sistema de transporte apresenta e demonstrainsatisfação das pessoas.

Programa IV

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- Ezequiel é o primeiro entrevistado de Rafinha Bastos e conta sobre a existência de um postocombustível irregular na cidade enquanto imagens do funcionamento do posto comprovamdenuncia. O cidadão conta também que o local é de propriedade da prefeitura e o tempo qu

prática ilegal acontece.

- Valter Bezerra, dono do posto legalizado que existe na cidade, entrevistado por Rafinha, esclareque uma dívida não paga pela prefeitura a ele, levou o prefeito a construir esse depósito irregulO comerciante fala ainda sobre o risco que sofrem as crianças que estudam na escola ao lado e mesmo o risco de contaminação do lençol freático.

5.2.4 Temas cívicos em pauta

Ao observar e analisar os temas escolhidos foi possível constatar que estão ligados a assuntos interesse social, que representam interesses da comunidade, que falam direto aos cidadãoexercendo cidadania.

Os temas desenrolaram assuntos que tornaram públicas as reclamações ou denúncias e tornan

fonte de conhecimento para a comunidade sobre o que realmente está acontecendo na sua cidou seu bairro, seguindo assim a função que o jornalismo cívico objetiva exercer.

Expuseram fatos que muitas vezes fogem ao controle da população e foram mostrados geranpoder de intervenção social, quando foram baseados em valores como veracidade e checageminformação, nesse caso, funciona como elemento de libertação na luta contra injustiças cometidpelo poder político.

Os temas escolhidos nos quatro quadros analisados são de caráter cívico:Programa I

- Apropriação de bem público pela Secretaria de Educação.

Programa II

- Mau uso de verba que deveria ser empregada em obra que beneficiaria a população.

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Programa III- Implantação de sistema de transporte público que não atende as necessidades da populaçãodiante das reclamações nenhuma atitude foi tomada de maneira a corrigir as falhas.

Programa IV

- Irregularidade de um depósito de produtos inflamáveis, de propriedade da prefeitura, instaladolado de uma escola, sendo que para piorar a situação não há batalhão do Corpo de Bombeiros cidade.

5.2.5 A reconstrução do real

Diante da observação, análise de conteúdo e coleta de dados referente as matérias exibidas quadroProteste já! Foi possível constatar que fatos reais foram transformadas em ficção através dunião de texto, imagens e ilustrações exibidos de maneira a mexer como emocional dtelespectadoras usando uma linguagem coloquial que se aproxima do perfil sociocultural dtelespectadores. Partindo da hipótese de que a tradição enraizada culturalmente identifica ver co

saber é coerente que a técnica usada na produção de informações dê importância da percepçvisual. Conforme Jespers (1998), a televisão pode despertar os mais variados sentidos, por veantagônicos, mas de uma única maneira, exibindo imagens e sons simultaneamente, ou seja, temhabilidade de transformar qualquer fato em espetáculo.

As quatro matérias analisadas apresentam características de notícias espetacularizadas:

1) O fato real transformado em ficção:

Programa I

- O título dado à matéria é um indicador de uma história a ser exibida: “Barueri: O roubo da TV”

- Cenas em que Danilo Gentili sai de férias depois de ter entregado o aparelho de televisão Secretaria de Educação. Ele reclama que queria ter aproveitado seus dias para fazer tudo o que não tinha costume e se cuidar mais enquanto aparecem imagens do repórter tomando banhopintando as unhas com esmalte vermelho. Mas que não teve sossego para fazer o que queria por

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o seu telefone celular não parava de apitar indicando o funcionamento da televisão. Frustrado ca falta de tranquilidade e contando os dias para voltar ao trabalho, riscando as datas em ucalendário, Danilo decide voltar logo já que não está tendo sossego. O repórter aparece ent

engraxando os sapatos de Rafinha Bastos quando decide deixar o cliente e ir procurar informaçsobre o paradeiro da televisão.

- Cenas em que Rafinha flagra a funcionária pública saindo de casa com o aparelho de televispara levá-lo a escola e a persegue realizando um trabalho de investigação.

Programa II

- O título dado à matéria e indicador de uma história a ser exibida: “Cadê o metrô?”.

- Cena em que Danilo Gentili anda por Salvador lamentando sobre sua vida, segurando o paletóterno pendurado nas suas costas dizendo que pensou que pelo menos na Bahia ia ser feliz, quedançar um axézinho, que só queria alguém para amar, e questiona com sotaque baiano, “quemque num que?”, mas que na vida dele tudo dá errado. De frente para a praia no pôr do sol,

mostra desconsolado contando que pensou que ia se dar bem e “pegar um monte de mulhequando entrou para oCQC , mas foi mandado para oProteste Já! para ser xingado de babaca. Logodepois ele anda pelos trilhos do metrô e diz que a sua namorada o deixou e que o seu cachorfugiu para a casa da sua ex-namorada. No ápice de sua desilusão ele diz aos telespectadores qessa é a sua história e que irá colocar um fim naquele momento ao se deitar nos trilhos do metrômostrado então um indicador escrito “2 horas depois” e Danilo ainda está deitado sobre os trilhse questionando sobre a demora. Enquanto espera o repórter lê um jornal, toma água de coco

impaciente ele se levanta e decide procurar o trem.

Programa III

- Cena em que Danilo está em casa e recebe uma ligação de Oscar Filho que o convida para scom duas garotas. O repórter questiona o amigo sobre a beleza das meninas e Oscar responde qele jamais sairia com mulheres feias. Um encontro é marcado em um restaurante e quando Danchega ao local percebe que a companhia de Oscar Filho é ma moça bonita, mas, a amiga deinterpretada por um homem transfigurado, é totalmente desprovida de beleza. Quando terminamalmoço Oscar vai embora rapidamente levando a sua acompanhante e deixa Danilo com a am

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dela e com a conta a pagar. Danilo leva um susto quando vê o valor da conta e enquanto tiradinheiro da carteira fala com o telespectador “se você acha esse meu amigo um mala, é porqvocê não conheceu o amigo que tem em Poços de Caldas”, se referindo ao sistema de transpo

público implantado que tem o nome de“Grande Amigo”.

- Cenas que mostram a aposta feita entre Danilo Gentili e Hudson. Enquanto o personagepercorre o seu trajeto habitual de ônibus até o terminal central, Danilo percorre o mesmo caminde charrete com o objetivo de verificar qual dos dois meios de transporte faz o percurso em mentempo.

Programa IV

- Cena em que Rafinha Bastos entra no posto irregular de combustível, verifica as condiçõesarmazenamento dos galões de combustível, detecta que as normas previstas em lei não estão sencumpridas e questiona onde está o extintor de incêndio que deveria estar instalado próximo a pode acesso. Ele mesmo justifica dizendo que talvez a maneira que eles têm de acabar com incêndios no local, enquanto entra em um banheiro e abre a torneira, seja um pouco mais simp

uma maneira mais artesanal. O repórter então enche uma mão coma água da torneira e joga uma ilustração de chamas enquanto simula a maneira artesanal de apagar o incêndio dizendo: “acabar o incêndio da cidade, chuá! Bombeiros ajudem! Muitas mãozinhas nós precisamos!” .

- Cena em que Rafinha está em frente ao letreiro com o nome da cidade antes de ir para a prefeite frisa que se houver um incêndio na cidade não há ninguém preparado para resolver e comemporque teve uma idéia. O repórter começa a rodopiar com os braços abertos enquanto sua roup

substituída por um uniforme de bombeiro. Rafinha comemora como se tivesse encontrado umaneira de chamar a atenção do prefeito, dizendo que ele precisa ver um bombeiro para se dconta de que ele precisa resolver o assunto do depósito irregular de combustível.

2) Ilustrações

Programa I

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- Uma luva de boxe dá um soco no rosto da funcionária da escola que teria se apropriado televisão, quando ela afirma que não entende nada de GPS e Danilo completa a sua respodizendo que ela entende é de televisão.

- Lágrimas jorrando do rosto da funcionária da escola que estava com a televisão quando Rafindiz “alguém vai ficar sem televisão em casa”, no momento em que encerr am a matéria.

Programa II

- Um taco de beisebol bate na cabeça do coordenador de obras da prefeitura quando ele ten

justificar os problemas técnicos apresentados na obra do metrô e Danilo o interrompe dizendo qo problema é o mau planejamento e o pede para falar a verdade.

- Raios saem dos olhos do coordenador da obras em direção aos olhos de Danilo como se fointimidá-lo no momento em que eles chegam à estação Brotas e o repórter diz que a estação dter brotado muita verba para a empreiteira.

Programa III

- Um cavalo de pau é colocado entre as mãos de um entrevistado que usa chapéu de cowboy.

- Um menino aparece surfando no teto da charrete.

Programa IV

- Um fusca animado aparece estacionado no pátio do depósito irregular.

- Uma galinha cacarejando no ninho em cima de um dos galões de combustível armazenado.

3) Linguagem coloquial

Programa I

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- “Oia só se não é a nossa tevezinha que ta aqui! Oia só!” Rafinha diz no momento em quealarme instalado na televisão é disparado quando o aparelho está dentro do carro da funcionáriaescola.

- “De novo a gente voltou para essa escola. Eu to ficando um pouco tonto com esse negócio Vamu decidir o que que nós vamu fazer aqui gente, porque eu,eu to tonto de ir e vim, ir e vim”Rafinha conversa com a funcionária da escola e o seu acompanhante no momento em que chegà escola pela segunda vez.

Programa II

- “Hei! Quando vocês foram avós, quem sabe cêis num andam aqui no metrô também! êh! Vase otimista gente! Falo!” , Danilo fala como moradores da periferia de Salvador enquanto percorreo trilho do metrô.

- “Eu tenho uma nota aqui que eu almocei. O senhor não quer ficar com ela? Se precisar p justificar verba e tal já ajuda aí.” Danilo oferece ao coordenador de obras quando conta a ele que o

ministério público vai investigar o desvio de verba.

Programa III

- “É, vai pegando a carteira aí que eu acho que ganhei a aposta”, Danilo diz a Hudson quando fsabendo qual é a localização do personagem e constata que está na frente no percurso.

- “Cadê eles? Cadê eles? Ah! Nem sinal deles,eu ganhei, é isso?” Danilo se certifica de que chegprimeiro que Hudson no destino combinado.

Programa IV

- “Deixa eu perguntar uma coisinha rápida: o extintor de incêndio fica desse lado?”, PergunRafinha aos funcionários do depósito irregular.

- “Professora! Você sabia que tem um posto clandestino de óleo diesel aqui, querida?” Rafinpergunta a uma professora que está no pátio da escola com as crianças.

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5.3 Análise do Proteste Já!

Conforme Jespers (1998), a televisão pode despertar os mais variados sentidos, por vezantagônicos, mas de uma única maneira, exibindo imagens e sons simultaneamente, ou seja, temhabilidade de transformar qualquer fato em espetáculo.

Nas matérias analisadas no quadro pode ser observada essa transformação. Os fatos sreconstruídos usando em sua produção, imagens, sons e ilustrações ao mesmo tempo comobjetivo de provocar nos telespectadores alguma reação. As histórias são construídas e exibi

como um filme ou um capítulo de uma novela, são contínuos, constituídos de cenas que relatamproblema denunciado.

Fica evidente a presença da linguagem coloquial usada como estratégia de aproximação entretelespectador e o repórter. É como se o fato estivesse sendo contado para cada pessoa que ediante da televisão, como se fosse um bate papo que estimula pensamentos e justifica percepções. Maciel (1995) explica essa estratégia quando afirma que a linguagem falada atin

mais facilmente as pessoas se tornando assim mais eficaz.

E dessa maneira o quadro exibe um telejornalismo cívico, uma vez que é um porta-voz comunidade exibindo problemas sociais e permite que cidadãos participem ativamente ddenúncias, com sugestões e como personagens que compõem as matérias. Como explica Peruz(2003) quando se refere ao jornalismo cívico como um processo comunicativo que requerparticipação das pessoas da comunidade não só apenas como receptoras de informação, m

também como protagonistas dos conteúdos exibidos na mídia.

Mesclar o jornalismo cívico com espetacularização, fugindo dos padrões tradicionais dtelejornais, é uma estratégia que favorece a busca pela audiência. Segundo Bucci (2000), não bainformar. O telejornal precisa chamar a atenção, surpreender, chocar. Como produtos culturafazem o seu espetáculo para a platéia buscando um vínculo afetivo com o telespectador. Pacompletar o texto sedutor é usada a imagem impactante, para que a notícia ganhe destaque ao veiculada no telejornal.

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Nas quatro matérias analisadas a produção usa também músicas de fundo em tom dentretenimento ou investigação e ironia por parte dos repórteres que colocam os envolvidos situações constrangedoras. São matérias que fogem do padrão tradicional geralmente veicula

em telejornais e são novidade para os telespectadores com necessidade de inovação.

VI CONCLUSÃO

Para o desenvolvimento desse trabalho de pesquisa foi feito um panorama cronológico da televino Brasil desde a sua inauguração na década de 1950 e sua evolução para exemplificar como

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maneira de se fazer comunicação mudou com a chegada do novo veículo. A novidade era catexto e imagens, enriquecendo assim a exibição de programas de música, novelas, concursoinformações.

As informações passaram a ser veiculadas acompanhadas da imagem que completa o texexplicativo do fato. As notícias compostas de texto e imagem transmitem a sensação atelespectador de olhar através dos olhos do jornalista que reporta o acontecimento.

Falar sobre televisão, telejornalismo e noticia foi um caminho percorrido com o objetivo de cheao objeto de análise, o quadroProteste Já. que exibe um telejornalismo que aborda temas cívicos

transformados em ficção.

Ao analisar o quadro percebe-se que o assunto das notícias se refere a problemas que atingem ucomunidade apontando a falta de comprometimento e responsabilidade social por parte dpolíticos locais, através da voz dada a cidadãos comuns que são protagonistas dessas históritrabalhando dessa maneira a vertente do jornalismo chamado cívico.

Os temas reais são transformados na medida em que são produzidos como história, como ficçãassim mexem com o emocional das pessoas usando uma linguagem que liga o emissor telespectador.

Na construção das notícias espetacularizadas, imagem e texto estão atrelados de forma que um so outro resulta na não construção do que será noticiado. De acordo com Jespers (1998),transmissão de uma informação pode não acontecer se não tiver uma ilustração que a complet

vice-versa, se houver apenas imagens, mas sem um texto contendo todas as informaçõexplicativas, elas não irão ao ar. Textos e imagens são dependentes entre si.

Então o jornalismo cívico cumpre as suas funções quando dá voz a cidadãos comuns mesmquando veicula notícias, mesmo sendo espetacularizadas, visto que a tradição cultural do brasilevaloriza esse tipo de produção da informação.

Partindo do pressuposto de que a tradição cultural identifica ver como saber, é coeso quetecnologia usada para registro e comunicação tenha relevado a importância da percepção visual,

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nossa alma rende-se muito mais pelos olhos do que pelos ouvidos”, (VIEIRA, citado porBARBEIRO E LIMA, 2005, p. 13).

A ação social usada como valor notícia através da comunicação explorando dramas dos cidadatravés de coberturas jornalísticas, deixa clara a proposta de prestação de serviço e chamandoatenção da população para a mobilização social acerca dos problemas que representam descacom as comunidades.

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