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MICROFONIA MÚSICA .FILME .HQ .SHOW Ano 1 nº 06 João Pessoa, Dezembro 2011 Telegramadoistresmeia - O entregador do Rock Flávio C... Anos 90... Teve um hiato. Teve projetos, como: Retrovisor, Les Estudiantes, Novos & Usa- dos... E aí chegou o Telegramadoistresmeia. O que te levou desde os anos 80 até chegar ao Telegrama hoje? Nos anos 1980, eu era um adolescente em busca de afirmação cultural e de um lugar no mundo, e naquela época, como hoje, montar uma banda era para mui- tos jovens uma das formas de sentir-se vivo neste mundo tedioso. E na tentativa de encontrar esse lugar no mundo, a música foi o meu principal combustível para atravessar todos esses anos. As bandas e os pro- jetos terminam, mas o vírus fica incubado e o Tele- grama236 é a mais nova forma de manifestação desse vírus. E mesmo antes do Flávio C, teve a Banda Egypto, o Meninos de Engenho, os Filhos de Maria... Tudo somando ou subtraindo vai dar no Telegrama... Exato, se hoje eu escrevo e componho melhor é porque eu comecei em algum momento lá atrás a ex- ercitar esta verve criativa. Então, o Telegrama236 tem um pouco de todas as coisas que eu já tentei fazer com música, evidentemente mais maduro e mais ex- perimentado, e claro, com as referências do mundo e da vida de agora. Como você chegou ao Telegrama, como você chegou aos caras que hoje tocam contigo? Na verdade, é como nós chegamos ao Telegrama236. Eu e Harrison nos conhecemos em 2005 na loja de discos Dimensão Sensorial em João Pessoa. No final de 2010 nós começamos a escrever umas canções jun- tos, e em um mês nós tínhamos 20 músicas prontas. Gravei essas músicas em casa, num esquema low-fi, e fomos mostrando aqui e ali para algumas pessoas, até que decidimos transformar esse material num disco e dar um nome para o projeto. Como a nossa princi- pal escola foi o rock, sentíamos falta da presença de uma guitarra no som. Ficamos alguns meses a procura desta pessoa que pudesse assumir esse papel no pro- jeto, daí encontramos o guitarrista Esaú Almeida, que encaixou-se no projeto como uma luva. O que lhe chamou atenção na história musical de Fábbio? Harrison – A gente começou uma amizade a partir da loja porque gostávamos das mesmas bandas. Eu conhecia o Flávio C., mas nunca cheguei a ir a um show deles, fui conhecer a banda depois que acabou. O tempo foi passando e resolvemos fazer algo de uma forma bem descompromissada, daí surgiu “Noites Brancas”... Você escreve também... Mas inicialmente não era para ser musicado, como “Pássaros”, por exem- plo... Harrison – Não, eu pensei em algo musicado, mas quando Fábbio viu, ele pensou em desenvolver mais. Fábbio Q. – Eu conheci o poema antes de pensarmos em fazer o disco, mas a música já estava lá, foi só uma questão de encontrar a melodia certa para aquelas pa- lavras tão sublimes. Letras como a de “Capitalismo” e “Fora do Ar” são temas muito do punk/hardcore, faria inveja a Jello Biafra! A letra é caustica... Nós gostamos muito de sentar na frente da TV para nos divertir com o absurdo que tornou-se a vida den- tro e fora da televisão, por que a televisão tornou-se um guia para a vidas pessoas, eu não consigo imag- inar as pessoas sem a televisão, mas elas passam a maior parte do seu tempo diante de uma tela sendo bombardeadas pela lógica do sistema capitalista. Pa- rece clichê, mas não é, é um fato triste, mas é verdade. Essa é para alguém que está lendo o jornal e se pergunta: qual o som que essa banda faz? A nossa principal escola foi o rock, o pós-punk talvez seja a maior de todas as influências no nosso de modo de compor e tocar. Quando estamos fazendo um reg- gae, como Fora do Ar, não é o gênero puro que nos in- teressa, mas como podemos hibridizar aquilo com as outras informações que temos. O fato de Noites Bran- cas ter sido composto e gravado a partir dos recursos de um sintetizador vintage, o que faz o disco soar um pouco eletro, não deixa de ser um disco de rock. Não existem mais gêneros musicais puros, por que não ex- iste mais nada puro neste mundo; estamos vivendo a era da proliferação dos híbridos. Então, o nosso som é o resultado dessa hibridização, dessa contaminação que transformou o mundo. Estava escutando o “Noites Brancas” e percebi que vocês economizaram em som, é algo mini- malista... Opção? Foi uma opção sim, a economia é uma das caracter- ísticas mais marcantes do rock. Tentei simular uma banda de rock no sintetizador e acho que consegui. A guitarra que entrou depois das bases prontas foi a cereja do bolo. Acho, aliás, as letras muito mais min- imalistas do que o som, cada palavra no disco está repleta de sentidos e significados. O que você colocaria mais no som se tivesse condições? De fato, este disco que nós estamos divulgando é uma versão beta do Noites Brancas. É um projeto para a versão definitiva, que estamos planejando a gravação para janeiro. O disco está pronto, no estúdio vamos apenas lapidar algumas ideias e dar um acabamento na qualidade técnica do som. Manteremos os tim- bres, os arranjos, e a mesma estrutura das músicas da versão beta. É a segunda vez que você fala em Sacal... Qual o papel dele nessa história? Sacal foi um cara que, por incrível que pareça, o tra- balho dele nos estimulou muito. Quando escutamos “Bagaceira”, pensei: quero conhecer esse cara. Me identifiquei com a música e a atitude dele e mais ainda quando soube que ele mesmo tinha sido o produtor daquela gravação. Um amigo em comum nos colo- cou em contato e mesmo sem ter escutado o disco ele topou gravar as guitarras e os vocais. E foi a partir dessas gravações que começamos a divulgar a versão beta do Noites Brancas. A música ”Mamãe, você não iria entender” é uma justificativa para a sociedade, no local de trabalho, para o sistema... Fabbio Q. – Todo mundo pensa ou faz coisas que fariam qualquer um corar, mas nós vivemos numa sociedade delatora, então as pessoas procuram disfar- çar suas fraquezas, cometendo seus pequenos crimes às escondidas. Isso é uma esquizofrenia aceita pelos padrões morais vigentes. Quando se é jovem, coisas como sexo, drogas e rock, são muito mais naturais e espontâneas do que no mundo dos adultos. As pessoas trabalham tanto que não tem tempo para amar, falo do amor em todas as suas dimensões, inclusive a carnal. Eu já tinha essa música pronta, mas não conseguia terminá-la. A letra que Harrison escreveu encaixou como uma luva. Harrison - Todos os pais sonham uma vida para os filhos. Uma trajetória, uma linha de tempo, mas isso nem sempre acontece e aí você faz coisas que você não pode contar. Nem deve... É até melhor que não! Tem uma citação do Machado de Assis que eu adoro, Telegramadoistresmeia surgiu de um fato corriqueiro para se tornar uma banda de rock fora dos padrões convencionais, usando mais a atitude, do que a musicali- dade propriamente explicita. Tendo como um dos integrantes Fabbio Q., autor de vários projetos musicais, que encontrou nas palavras de Harrison e na guitarra de Esaú Almeida, a sua concepção de banda ideal para seguir fazendo uma das coisas que mais lhe trouxe oxigênio e razão de viver: o rock! A seguir Fábbio e Harri- son falam mais sobre como o Telegrama ganhou um novo significado. “o rock vai te pegar quando você crescer nada escapa ao rock não adianta esconder quando menos esperar ele vai te pegar em casa ou na rua ou na escola ele vai te comer” Foto Olga Costa Distribuição gratuita

Jornalmicrofonia#06

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Telegramadoistresmeia (entrevista), Automatics, Sick Sick Sinners, Diário de Um Skinhead, Mangue Negro

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MICROFONIA MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 1 nº 06 João Pessoa, Dezembro 2011

Telegramadoistresmeia - O entregador do Rock

Flávio C... Anos 90... Teve um hiato. Teve projetos, como: Retrovisor, Les Estudiantes, Novos & Usa-dos... E aí chegou o Telegramadoistresmeia. O que te levou desde os anos 80 até chegar ao Telegrama hoje?Nos anos 1980, eu era um adolescente em busca de afirmação cultural e de um lugar no mundo, e naquela época, como hoje, montar uma banda era para mui-tos jovens uma das formas de sentir-se vivo neste mundo tedioso. E na tentativa de encontrar esse lugar no mundo, a música foi o meu principal combustível para atravessar todos esses anos. As bandas e os pro-jetos terminam, mas o vírus fica incubado e o Tele-grama236 é a mais nova forma de manifestação desse vírus.

E mesmo antes do Flávio C, teve a Banda Egypto, o Meninos de Engenho, os Filhos de Maria... Tudo somando ou subtraindo vai dar no Telegrama...Exato, se hoje eu escrevo e componho melhor é porque eu comecei em algum momento lá atrás a ex-ercitar esta verve criativa. Então, o Telegrama236 tem um pouco de todas as coisas que eu já tentei fazer com música, evidentemente mais maduro e mais ex-perimentado, e claro, com as referências do mundo e da vida de agora.

Como você chegou ao Telegrama, como você chegou aos caras que hoje tocam contigo?Na verdade, é como nós chegamos ao Telegrama236. Eu e Harrison nos conhecemos em 2005 na loja de discos Dimensão Sensorial em João Pessoa. No final de 2010 nós começamos a escrever umas canções jun-tos, e em um mês nós tínhamos 20 músicas prontas. Gravei essas músicas em casa, num esquema low-fi, e fomos mostrando aqui e ali para algumas pessoas, até que decidimos transformar esse material num disco e dar um nome para o projeto. Como a nossa princi-pal escola foi o rock, sentíamos falta da presença de uma guitarra no som. Ficamos alguns meses a procura desta pessoa que pudesse assumir esse papel no pro-jeto, daí encontramos o guitarrista Esaú Almeida, que encaixou-se no projeto como uma luva.

O que lhe chamou atenção na história musical de Fábbio?

Harrison – A gente começou uma amizade a partir da loja porque gostávamos das mesmas bandas. Eu conhecia o Flávio C., mas nunca cheguei a ir a um show deles, fui conhecer a banda depois que acabou.

O tempo foi passando e resolvemos fazer algo de uma forma bem descompromissada, daí surgiu “Noites Brancas”...Você escreve também... Mas inicialmente não era para ser musicado, como “Pássaros”, por exem-plo...Harrison – Não, eu pensei em algo musicado, mas quando Fábbio viu, ele pensou em desenvolver mais.

Fábbio Q. – Eu conheci o poema antes de pensarmos em fazer o disco, mas a música já estava lá, foi só uma questão de encontrar a melodia certa para aquelas pa-lavras tão sublimes.

Letras como a de “Capitalismo” e “Fora do Ar” são temas muito do punk/hardcore, faria inveja a Jello Biafra! A letra é caustica...Nós gostamos muito de sentar na frente da TV para nos divertir com o absurdo que tornou-se a vida den-tro e fora da televisão, por que a televisão tornou-se um guia para a vidas pessoas, eu não consigo imag-inar as pessoas sem a televisão, mas elas passam a maior parte do seu tempo diante de uma tela sendo bombardeadas pela lógica do sistema capitalista. Pa-rece clichê, mas não é, é um fato triste, mas é verdade.

Essa é para alguém que está lendo o jornal e se pergunta: qual o som que essa banda faz? A nossa principal escola foi o rock, o pós-punk talvez seja a maior de todas as influências no nosso de modo de compor e tocar. Quando estamos fazendo um reg-gae, como Fora do Ar, não é o gênero puro que nos in-teressa, mas como podemos hibridizar aquilo com as outras informações que temos. O fato de Noites Bran-cas ter sido composto e gravado a partir dos recursos de um sintetizador vintage, o que faz o disco soar um pouco eletro, não deixa de ser um disco de rock. Não existem mais gêneros musicais puros, por que não ex-iste mais nada puro neste mundo; estamos vivendo a era da proliferação dos híbridos. Então, o nosso som é o resultado dessa hibridização, dessa contaminação que transformou o mundo.

Estava escutando o “Noites Brancas” e percebi que vocês economizaram em som, é algo mini-malista... Opção?Foi uma opção sim, a economia é uma das caracter-ísticas mais marcantes do rock. Tentei simular uma banda de rock no sintetizador e acho que consegui. A guitarra que entrou depois das bases prontas foi a cereja do bolo. Acho, aliás, as letras muito mais min-

imalistas do que o som, cada palavra no disco está repleta de sentidos e significados.

O que você colocaria mais no som se tivesse condições?De fato, este disco que nós estamos divulgando é uma versão beta do Noites Brancas. É um projeto para a versão definitiva, que estamos planejando a gravação para janeiro. O disco está pronto, no estúdio vamos apenas lapidar algumas ideias e dar um acabamento na qualidade técnica do som. Manteremos os tim-bres, os arranjos, e a mesma estrutura das músicas da versão beta.

É a segunda vez que você fala em Sacal... Qual o papel dele nessa história?Sacal foi um cara que, por incrível que pareça, o tra-balho dele nos estimulou muito. Quando escutamos “Bagaceira”, pensei: quero conhecer esse cara. Me identifiquei com a música e a atitude dele e mais ainda quando soube que ele mesmo tinha sido o produtor daquela gravação. Um amigo em comum nos colo-cou em contato e mesmo sem ter escutado o disco ele topou gravar as guitarras e os vocais. E foi a partir dessas gravações que começamos a divulgar a versão beta do Noites Brancas.

A música ”Mamãe, você não iria entender” é uma justificativa para a sociedade, no local de trabalho, para o sistema...Fabbio Q. – Todo mundo pensa ou faz coisas que fariam qualquer um corar, mas nós vivemos numa sociedade delatora, então as pessoas procuram disfar-çar suas fraquezas, cometendo seus pequenos crimes às escondidas. Isso é uma esquizofrenia aceita pelos padrões morais vigentes. Quando se é jovem, coisas como sexo, drogas e rock, são muito mais naturais e espontâneas do que no mundo dos adultos. As pessoas trabalham tanto que não tem tempo para amar, falo do amor em todas as suas dimensões, inclusive a carnal. Eu já tinha essa música pronta, mas não conseguia terminá-la. A letra que Harrison escreveu encaixou como uma luva.

Harrison - Todos os pais sonham uma vida para os filhos. Uma trajetória, uma linha de tempo, mas isso nem sempre acontece e aí você faz coisas que você não pode contar. Nem deve... É até melhor que não! Tem uma citação do Machado de Assis que eu adoro,

Telegramadoistresmeia surgiu de um fato corriqueiro para se tornar uma banda de rock fora dos padrões convencionais, usando mais a atitude, do que a musicali-dade propriamente explicita. Tendo como um dos integrantes Fabbio Q., autor de vários projetos musicais, que encontrou

nas palavras de Harrison e na guitarra de Esaú Almeida, a sua concepção de banda ideal para seguir fazendo uma das coisas que mais lhe trouxe oxigênio e razão de viver: o rock! A seguir Fábbio e Harri-son falam mais sobre como o Telegrama

ganhou um novo significado.

“o rock vai te pegar quando você crescernada escapa ao rock não

adianta esconderquando menos

esperar ele vai te pegarem casa ou

na rua ou na escola ele vai te comer” Foto Olga Costa

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MICROFONIA2

“O maior pecado depois do pecado, é a publicação do pecado.”

Quando ouvi a música “Ligue e peça o seu” imaginei que seria um deliverer...Sim, de fato, a letra é sobre esse personagem que povoa o imaginário das cidades satisfazendo toda sorte de desejos que o dinheiro possa pagar. Esse personagem traduz muito bem a dinâmica da socie-dade capitalista industrial, onde nós somos apenas um meio para satisfazer as demandas do sistema. Não existe um desejo que não possa ser realizado no sistema capitalista, “...é só pagar que ele tem...”, como está na letra da música. Você pode comprar sexo, drogas, comida, remédio etc, sem sair de casa. Se isso é bom ou ruim eu não sei dizer. Se estamos indo na direção certa ou errada também não sei. Ago-ra nos deem licença que vamos atender a campainha, nosso deliverer chegou...

EXPEDIENTE

Editores Responsáveis:

Adriano StevensonOlga Costa(DRT – 60/85)

Colaboradores:Josival Fonseca/Beto L.

Editoração:Olga Costa

Ilustração:Josival Fonseca

Agradecimentos:Erivan Silva Contato/Anúncios:3512 2330

E-mail:[email protected]

Facebook.com/jornalmicrofonia

Twitter:@jmicrofonia

Tiragem:4.000 exemplares

EDITORIALUm ano respirando, assim segue o Microfo-nia, pensavamos que duraria umas três ed-ições... Serio! Na realidade o feedback (sem trocadilho) foi importante, algumas pes-soas elogiaram, outras criticaram , outras não falaram nada, mas fizeram questão de ter o seu Microfonia debaixo do braço. Em um ano passaram por nossas páginas um bocado de pessoas que fazem um bocado de barulho – leia-se microfonia/feedback/retorno – Tommy Keene, Cannibal, Banda Shock, Balthazar, Braulio Tavares e na últi-ma edição do ano Telegramadoistresmeia. No frigir dos ovos o que importa é que a missão se cumpre: somos o satélite, o re-ceptor, o atravessador, o narrador, o caix-eiro viajante e o entregador. Capturamos informações e compartilhamos, falamos isso no primeiro editorial (é o carrossel e a repetição dos cavalinhos), a intenção sempre foi essa, se divertir e divertir, pra isso a gente corre atrás, mas agora vocês vão me dar licença que a campainha ta to-cando, meu deliverer chegou, (adorei isso)!

Zumbilandia

Definitivamente os zumbis tomaram conta da Terra, algo que começou como um subgênero, atualmente, está nos canais de TV como série, nos best-sellers, nos filmes aos montes e até em passeatas. Hoje é a vez de três filmes brazucas rodados longe das capi-tais. Começo por ordem cronológica:

ERA DOS MORTOSDireção: Rodrigo BrandãoLançado em 2007 o curta de 40 minutos é tosqueira pura,mas no quesito zumbi isso é elo-gio, o indefectível sotaque mineiro entrega onde o filme foi rodado, juntamente com a película foi lançado um quadrinho feito por Micael Holder-baum com três histórias paralelas que interagem com a trama. Iniciativa do-it-yourself, vale muito a pena conferir a cena da escadaria, o susto é ga-rantido, algo raro hoje em terror movie.O filme é divulgado no sistema –Assista, seja como for...tanto que no DVD incentiva-se a copiar e piratear, serve pra inspirar aqueles que só falam.

CAPITAL DOS MORTOSDireção: Tiago Belotti

Lançado em 2008, com média de 90 minutos de duração. Aqui notasse que a produção teve um custo maior que o filme anterior citado acima, mas assim mesmo alguns detalhes téc-nicos devem ser ignorados diferentemente de uma produção de alto custo. Feito na capital do pais, a policia foi chamada algumas vezes durante a produção, numa delas foi devido aos gritos da atriz, pois uma vizinha achou que se tratava de um assassinato real. Par-ticipações de José Mojica Marins e Afonso Brazza, bombeiro cineasta especializado em filmes de ação baratos. Os atores conhecem filmes de zumbi, mas a atuação ainda deixa a desejar. O site é bem legal e tudo indica que vem uma continuação em 2012.

MANGUE NEGRODireção: Rodrigo AragãoTambém lançado em 2008, média de 105 minu-tos, rodado no manguezal do Espírito Santo, Aqui o orçamento foi mais generoso (50 mil) fazendo valer o trabalho de maquiagem, melhor do que muito filme gringo, a atuação bem prepara-da, adaptado a realidade do mangue sem recor-rer aos padrões estéticos definidos por Holly-wood. O diretor usou o recurso de animatronics (animação com recursos mecânicos), garantindo zumbis de deterioração impar, mostra que nem só de filme favela vive o Brasil. Agora só falta comprar a pipoca, reunir a familia e se divertir!

Perfil

Primeiro álbum que comprou: que comprei, não lembro, mas que ganhei de meu pai, foram dois: Destroyer (Kiss) e Highway to Hell (AC/DC).Música que sabe a letra de cor: putz, milhares (risos)nem sei como falar, mas uma delas é Free as The Wind (Anvil).Álbum antigo que ouve até hoje: vou enlouquecer (risos) são muitos, porque acho que sempre devemos ouvir as músicas antigas. Ram Jam - Ram Jam.Uma música que está no seu Top 5: Top 1000 Don’t Stop By (Tygers of Pan Tang)Álbum que define o Heavy Metal: Violence & Force (Exciter)Álbum subestimado que todos deveriam conhecer: não sei se é subestimando, mas queria que todos ouvis-sem o Court in the Act (Satan).Música do dia: Sick Boy - G.B.H.

No momento eu...LEIO: Livros sobre o Tibet, Himalaia e Meditação.ESCUTO: The Rods - Wild DogsASSISTO: Vulcain - Live (banda francesa)RECOMENDO: Vulcain (CD + DVD ao vivo)

Óliver Meira de Souza (Óliver Discos)

BATE BOLA

Noites Brancas – um romance do Dostoiévski, mas no caso do Telegrama é sobre seres urbanosManchester – um lugar pra conhecerCapitalismo – você não é ninguém no capitalismo, você é um código de barraDrogas – podem ser amigas ou inimigasArrependimento – algo medíocre, mas realFuturo – vamos construirCaos – a melhor forma de viverCena de João Pessoa – uma balzaquiana que usa um camafeuAnos 80/90 - The Smiths/NirvanaFlávio C. – uma grande e fantástica aventuraTelegrama236 - Tudo CertoCerveja – fora a dor de cabeça... Maravilhosa!

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MICROFONIA 3

sol de rachar de 2002 (Música De-sértica) aos 12 graus da paulicéia de 2005 – Dynamite Club, Estúdio Quadrophenia – passsando pelo marcante Post_Fiction (2008) até Riverside Live lançado esse ano. Boxset caprichada, que mais uma vez dá aos Automaticos o inedit-ismo dentro do mercado musical independente. Onde eles acharam aquela mão inglesa?

Enquanto isso na redação...

El Mariachi

SICK SICK SINNERS– EP (MONSTRO DISCOS) Depois de ter lançado o primeiro CD “Road of Sin” (2008), ter re-alizado uma turnê européia e de ter feito um show fuderoso na edição do Festival Aumenta que é Rock em 2009, o trio volta a ata-car com o EP Hospital Hell, onde a produção é caprichada, tanto na arte da capa quanto musicalmente, no famoso digipeck, como diria meu amigo Neto bicho grilo: ‘que maravilha!’. O EP contém seis músicas e o destaque vai para todas, pois os caras são muito bons no que fazem. Se você gosta de psychobilly insano e maldito esta é a banda, que conta com Master Vlad (guitarra/vocal) cal), Mutante Cox (Baixo slap/vocal) e Emiliano Ramirez (bateria/vocal). Vamos as músicas: Hospital Hell, Diabolica Sed (esta cantada em espanhol pelo novo batera), Unfinished (nos vocais Cintia Suzuki) e as versões para Pot Belly Bill (Toy Dolls), Cadillac Podrera (dos veteranos Ovos Presley com participação de Ademir) e o bônus track The Ham-mer (Motorhead) com a guitarra solo de Davi Zerio(Crápulas). É preciso falar mais alguma coisa? E que venham as mortas-vivas! B.L.

partida” concluiu. No primeiro registro desse conciso quarteto, o exemplo se torna uma kafkamor-fose em Another Skin para mostrar em que nos tornamos sem perceber. Não espere que tudo esteja explici-to. Nada é o que parece. Já em ‘The Same’ encontramos a pasmaceira política-sócio-econômica em uma leitura quase romântica onde a in-trodução, propositalmente, é levada por um riff que mistura Old Siam, Sir e I Want to Tell You, mas não se engane por trás das palavras de Íka-ro Max (co) existem significados muitos. Subverter é a palavra chave em Galleries onde esgotos, veias e corredores de uma exposição de arte se confundem completamente.

THE AUTOMATICS BOX SET (RN) REVERSE 2 CDS e 1 DVD (DIA 32 e SUB FOLK)Edição comemorativa de dez anos de banda. Na box set intitulada Re-verse (Crepuscular de 2006) tem os onze CDs que a banda lançou nesses dez anos de estrada em MP3 no DISC II, uma compilação no DISC III – que trás a inédita Lost City - e um DVD com dez vídeos no DISC I, onde estranhamente a música que toca no menu – Dis-tant Point não foi merecedora de um vídeo. Aliás, essa música con-sta originalmente no EP Horizon (2004), um dos trabalhos mais bo-nitos dos Automatics, onde tem a inspiradíssima Landscape. O DVD abre com Everlost, do mesmo EP, e fecha com a mesma música numa versão do diretor. Dez anos de sol, muito sol e não é diferente quanto se trata de imagens: solarização de cores presentes em Low e Para-lyzed Out. Em Lost City imagens contam a história da banda – re-verso e anverso se alternam. Do

Atrás da Porta Verde

O filme é uma sacanagem com aqueles programas de TV que ficam se preocupando com ibope. A es-trela do filme é a loiraça Tabitha Stevens, que faz tudo para chamar a atenção do telespectador. Na cena inicial, o negão Mr. Marcos faz anal com a atriz Cortknee (a garota do super clitóris), defini-tivamente dá pra entender porque essas atrizes gan-ham mais que os atores. Voltando ao filme... Um as-tronauta faz uma doação em forma de uma trepada com a Melaine Stone. Durante o arrecadamento no programa a atriz Tabitha Stevens decide colaborar com uma dupla penetração aliás, a primeira de sua carreira. Depois desse ato, ela quebra todos os re-cordes de audiência. Use camisinha e até a proxima!

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reção: Jonathan Morgan. 1999. Elenco: Brad

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Stevens, Melaine Stone

SQUIZOPOP POLVO EP (PB) Paul McCartney confessou em sua biografia escrita por Barry Miles que costumava roubar de maneira consciente, em especial de grupos da Motown e depois alterar um pouquinho o material. “As coi-sas pelas quais você sente paixão, sempre viram um ótimo ponto de

SCHIZOPHRENIC LUNATIC KILL AGAIN RECORDS SAMPLES (DF)Heavy metal é uma das vertentes que mais se vira bem sozinho, vide os shows que são realmente prestigiados e não tem aquilo de “deixa eu entrar pela metade do preço”, lá a palavra respeito pelas bandas é levado a sério. Chegou aqui na redação o CD de samples chamado Schizopherenic Lunatic do Kill Again Records. Trata-se de uma coletânea para divulgar as bandas do selo. Antonio Roll-dão é o cara idealizador com um trabalho muito bom, alavancando os petardos de seu cast, que vai da paraibana Shock (Failure and Defeat), passando pelo trash do Violator (Futurephobia) para cair no death do Corpse Grinder (Sanctuary in Flames). No total são dezoito bandas nesse CD de divulgação. Fora isso o incan-sável Rolldão também publica uma revista de distribuição gratuita chamada Homicidal Maniac. Quer mais? Entre em contato e garanta o seu pelo site www.killagain-rec.com. Quer ouvir?myspace.c o m / k i l l a g a i n r e c . A . S .

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MICROFONIA4

E o Vento Levou...

Diário de um skinhead - Um infiltrado no movimento neonazista

Editora Planeta 276 pags. 2006 Preço R$18,00

Ódio, ódio ao cubo, ódio ao quadrado. Ódio aos gays, lésbicas, estrangeiros, porrada neles! Tor-cida adversária porrada neles! A diferença assusta, a diferença tem que ser exterminada: foi nesse mantra que o repórter Antonio Salas (nome fictí-cio) conviveu com um dos grupos de skinheads mais violentos da Espanha, ultrasur. Passou me-ses se preparando, pois qualquer vacilo entregaria sua verdadeira identidade, tanto que quando ia pra pancadaria estava na primeira fila. O livro é bacana e fala das bandas, das relações com skins de outros países, inclusive com menção ao Bra-sil; mostra a relação intima com o time de futebol Real Madrid, onde jogadores posavam pra fotos com bandeiras nazi e facilitavam ingressos para partidas do time. Bem documentado, Salas foto-grafava e gravava tudo, tem também a discografia das bandas mencionadas no livro. “Em um mundo de cordeiros preferimos ser lobos”: essa máxima sempre estava em sua cabeça quando se encon-trava com a ultrasur. Outra frase: “Não compactuo com gays e lésbicas, sou ariano de raça pura e não tolero mestiços e intelectuais metidos”, essa pode-ria estar no livro ou poderia ser do próprio Adolf Hitler, mas não caro leitor, essa frase pertence a um filho da puta que mora aqui em João Pes-soa, né foda? Ô mundinho maravilhoso de viver!

Amor à Queima RoupaTomaram vergonha na cara e lançaram três discos da banda paulista INOCENTES. A gravadora WEA tinha no seu cast nos anos 80 bandas como ULTRAJE A RIGOR e TITÃS, por sinal distribuídos muito bem pois eram a galinha dos ovos de ouro, por outro lado haviam ban-das do segundo escalão ou terceiro que não vendiam tanto, então a distribuição era pífia, deixando claro que segundo e terceiro escalão era pelas vendas e não pela qualidade musical da banda pois sabemos que qualidade e quantidade são coisas diferentes e isso no mundo do entretenimento existem exemplos de sobra.Os discos lançados foram Pânico em SP, Adeus Carne e Inocentes, por sorte eu acompanhei os três lançamentos e posso co-locar minha versão dos discos na época e minha visão 25 anos depois. Só um detalhe: 25 anos atrás eu era um ativista do movimernto Punk, então não se surpreendam.

PANICO EM SP1986- Porra lançaram por uma multinacional, bando de fio da puta, traídô do caralho, querem ganhar dinheiro com o punk rock! Nunca gostei mesmo dos Inocentes, bando de filho da puta. Capa legal, mas é tudo vendido.2011- Clássico. Disco de hinos, um ep com seis musicas e os caras foram pro tudo ou nada, diz a lenda que a musica Ele disse não foi feita pro Ariel antigo membro da banda que na hora de assinar o contrato ele disse que não trabalhava pra uma multi e saiu da banda. Punk é punk sempre. O disco foi a melhor coisa daquele ano, só não foi melhor pois a produção poliu demais, a versão de Pânico em SP lançada na coletânea Grito Suburbano é mais visceral , mas ta valendo.

INOCENTES 1989- Que porra é isso? Um bando de homem nu, se venderam mesmo, até as roupas!2011- Que porra é isso? Um bando de homem nu, vou dar esse disco pra Jesuino (risos).Considerações finais- INOCENTES saíram das multinacionais e voltaram pro esquema independente, fazendo discos mais a vontade.Se me perguntarem se eles erraram indo pra WEA, digo que não, foi uma fase no processo da banda. Gostaria de ver um show deles atualmente, pois continuam na ativa. E aquele rapaz de 16 anos era um babaca imbecil, que não sabia e não sabe o que diz. A.S.

ADEUS CARNE1987- Só me faltava essa! Além de traídô os cara vir-aram vegetariano! Vai tomar no c*! Tem até um samba! Vai virar banda de pagode, já tão sem pique, provavel-mente, vão acabar logo logo.2011- Disco de 1987. Tocou a musica Pátria Amada poucas vezes na radio, acho que os caras já tinham idéia que a gravadora daria só o que recebesse, no caso dos Inocentes, eles eram punk demais pra WEA e bundões demais para os punks. Bom disco, composições mais elaboradas, mas tem mais rock do que punk, nada con-tra, mas no caso do Inocentes é contra.

Um foi 50 vezes bom, dois foi 50 vezes ótimo, três foi 50 vezes melhor ainda. É o novo filhote de MSP 50, em comemoração ao cinqüentenário da carreira de um dos mais expressivos quadrinistas brasileiros: Maurício de Sousa.A idéia inicial era apenas pra um álbum, mas funcionou tão bem que surgiu o segundo, e a galera pediu mais, e então veio o terceiro. O gibi parece uma galeria de arte diante da diversidade de estilos com que foram trabalhadas as histórias da Mônica & companhia. Até eu fiquei com vontade de publicar algo por lá também.Nesta coletânea vale destacar dois talentos paraibanos: Mike Deodato Jr. e Shiko. Deodato (DC, Marvel) pro-duziu uma história do Anjinho, já adulto; O Astronauta foi desenhada por Shiko, que dispensa apresentações. Desta, já surgiu o convite pra produzir uma edição do Piteco pra 2012, juntamente com mais três títulos, Turma da Mônica, Chico Bento e O Astronauta, todos por ar-tistas diferentes, e que farão parte da coleção Graphic MSP. Acredito que essa série continuará com trabalhos de artistas do Brasil inteiro, o que no conjunto total da obra funciona como uma vitrine para os novos talentos, o que é muito bom pra nossa produção e que começa a ter seu destaque merecido no mercado de quadrinhos.Edições de aniversário já é algo antigo na carreira da MSP, na minha coleção tenho o Maurício 30 anos, Mônica 30 anos (minha preferida depois dos ábuns de 50 anos, e que já mostra versões da Mônica por vários artistas consagrados como Manara e Eisner), Mônica 35 anos e Mônica 40 anos, todos da Ed. Glo-bo. MSP 50 chega com um “quê” a mais em torno da inventividade imaginária que a Turma da Mônica pode alcançar, e já provou que pode ir muito mais além.Gente, este álbum vale cada centavo e é “recomendadís-simo” pra qualquer fã. E para aqueles adultos que um dia deixaram de ler gibis, vocês vão perceber o quanto a Turma da Mônica “cresceu e evoluiu”. Procurem as bancas ou as livrarias e verão que falo a verdade. JF

Panini Books Vários artistas

Formato: 19x27,5 cm, 216 paginas.Versão em capa dura (84,00) e cartonada (59,90)

Fahrenheit 451

Não Vamos a La Playa

Toda cidade do Brasil tem um bar em homenagem ao Rei Roberto, aqui em João Pessoa temos o Cantinho do Rei que fica no bairro do Castelo Branco, decorado com fotos de todas as fases do capixaba, desde a jovem guarda, passando pelo soul, depois a fase mo-tel e enfim a fase religiosa... Gosto de todas. Não preciso dizer que só toca Roberto, não é? Tem até uma certidão de nascimento ampliada pendurada na parede. A cerva foi uma das mais ge-ladas que tomei, mas o macete é ficar fora do bar e não na parte de dentro, vai por mim, que você vai entender. Termino agora dizendo aquela frase clichê: São muitas emoções, bicho!