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José de Tal, brasileiro, divorciado, primário e portador de bons antecedentes, ajudante de pedreiro, nascido em Juazeiro – BA, em 7/9/1938, residente e domiciliado em Planaltina – DF, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas previstas no art. 244, caput, c/c art. 61, inciso II, "e", ambos do Código Penal. Na exordial acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes termos: Desde janeiro de 2006 até, pelo menos, 4/4/2012, em Planaltina – DF, o denunciado José de Tal, livre e conscientemente, deixou, em diversas ocasiões e por períodos prolongados, sem justa causa, de prover a subsistência de seu filho Jorge de Tal, menor de 18 anos, não lhe proporcionando os recursos necessários para sua subsistência e faltando ao pagamento de pensão alimentícia fixada nos autos n.º 001/2005 – 5.ª Vara de Família de Planaltina – DF (ação de alimentos) e executada nos autos do processo n.º 002/2006 do mesmo juízo. Arrola como testemunha Maria de Tal, genitora e representante legal da vítima. A denúncia foi recebida em 4/06/2013, tendo o réu sido citado e apresentado, no prazo legal, de próprio punho — visto que não tinha condições de contratar advogado sem prejuízo de seu sustento próprio e do de sua família — resposta à acusação, arrolando as testemunhas Margarida e Clodoaldo. A audiência de instrução e julgamento foi designada e José compareceu desacompanhado de advogado. Na oportunidade, o juiz não nomeou defensor ao réu, aduzindo que o Ministério Público estaria presente e que isso seria suficiente.

José de Tal

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Page 1: José de Tal

José de Tal, brasileiro, divorciado, primário e portador de bons antecedentes, ajudante de

pedreiro, nascido em Juazeiro – BA, em 7/9/1938, residente e domiciliado em Planaltina –

DF, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas previstas no art. 244,

caput, c/c art. 61, inciso II, "e", ambos do Código Penal. Na exordial acusatória, a conduta

delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes termos:

Desde janeiro de 2006 até, pelo menos, 4/4/2012, em Planaltina – DF, o denunciado José de

Tal, livre e conscientemente, deixou, em diversas ocasiões e por períodos prolongados, sem

justa causa, de prover a subsistência de seu filho Jorge de Tal, menor de 18 anos, não lhe

proporcionando os recursos necessários para sua subsistência e faltando ao pagamento de

pensão alimentícia fixada nos autos n.º 001/2005 – 5.ª Vara de Família de Planaltina – DF

(ação de alimentos) e executada nos autos do processo n.º 002/2006 do mesmo juízo. Arrola

como testemunha Maria de Tal, genitora e representante legal da vítima.

A denúncia foi recebida em 4/06/2013, tendo o réu sido citado e apresentado, no prazo legal,

de próprio punho — visto que não tinha condições de contratar advogado sem prejuízo de seu

sustento próprio e do de sua família — resposta à acusação, arrolando as testemunhas

Margarida e Clodoaldo.

A audiência de instrução e julgamento foi designada e José compareceu desacompanhado de

advogado. Na oportunidade, o juiz não nomeou defensor ao réu, aduzindo que o Ministério

Público estaria presente e que isso seria suficiente.

No curso da instrução criminal, presidida pelo juiz de direito da 9.ª Vara Criminal de

Planaltina/DF, Maria de Tal confirmou que José atrasava o pagamento da pensão alimentícia,

mas que sempre efetuava o depósito parcelado dos valores devidos. Disse que estava

aborrecida porque José constituíra nova família e, atualmente, morava com outra mulher,

desempregada, e seus 6 outros filhos menores de idade.

As testemunhas Margarida e Clodoaldo, conhecidos de José há mais de 30 anos, afirmaram

que ele é ajudante de pedreiro e ganha 1 salário mínimo por mês, quantia que é utilizada para

manter seus outros filhos menores e sua mulher, desempregada, e para pagar pensão

alimentícia a Jorge, filho que teve com Maria de Tal. Disseram, ainda, que, todas as vezes que

conversam com José, ele sempre diz que está tentando encontrar mais um emprego, pois não

consegue sustentar a si próprio nem a seus filhos, bem como que está atrasando os

pagamentos da pensão alimentícia, o que o preocupa muito, visto que deseja contribuir com a

subsistência, também, desse filho, mas não consegue. Informaram que José sofre de

Page 2: José de Tal

problemas cardíacos e gasta boa parte de seu salário na compra de remédios indispensáveis à

sua sobrevivência.

Após a oitiva das testemunhas, José disse que gostaria de ser ouvido para contar sua versão

dos fatos, mas o juiz recusou-se a interrogá-lo, sob o argumento de que as provas produzidas

eram suficientes ao julgamento da causa.

Na fase processual prevista no art. 402 do Código de Processo Penal, as partes nada

requereram. Em manifestação escrita, o Ministério Público pugnou pela condenação do réu

nos exatos termos da denúncia, tendo o réu, então, constituído advogado, o qual foi intimado,

em 07/8/2013, segunda-feira, para apresentação da peça processual cabível.

Considerando a situação hipotética acima apresentada, redija, na qualidade de advogado(a)

constituído(a) por José, a peça processual pertinente, privativa de advogado, adequada à

defesa de seu cliente. Em seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação que embase

seu(s) pedido(s) e explore as teses jurídicas cabíveis, endereçando o documento à autoridade

competente e datando-o no último dia do prazo para protocolo.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9ª VARA CRIMINAL

DA CIRCUNSCRIÇÃO DE PLANALTINA, DISTRITO FEDERAL. 

Autos nº 002/2006. 

JOSÉ DE TAL, já qualificado nos autos da ação em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública,

por suposto abandono material base no artigo 244 c/c artigo 61 II, do Código Penal, vem, por

intermédio de seu advogado, legalmente constituído (procuração anexa), com escritório

profissional situado na Rua..., nº..., bairro..., cidade..., estado..., onde poderá receber as futuras

intimações, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 403, §3º, do Código de

Processo Penal, apresentar: 

Page 3: José de Tal

MEMORIAIS

Em face da denúncia de fls..., pelos fatos e fundamentos a seguir explanados: 

I - DOS FATOS 

Na exordial acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes

termos: Desde janeiro de 2005 até, pelo menos, até, pelo menos, 04/04/2008, em Planaltina –

DF, o denunciado José de Tal, livre e conscientemente, deixou, em diversas ocasiões e por

períodos prolongados, sem justa causa, de prover a subsistência de seu filho Jorge de Tal,

menor de 18 anos, não lhe proporcionando os recursos necessários para sua subsistência e

faltando ao pagamento de pensão alimentícia fixada nos autos.

A denúncia foi recebida em 03/11/2008, tendo o réu sido citado e apresentado, no prazo legal,

de próprio punho visto que nãotinha condições de contratar advogado sem prejuízo de seu

sustento próprio e do de sua família resposta à acusação, arrolando as testemunhas Margarida

e Clodoaldo.

A audiência de instrução e julgamento foi designada ao acusado que compareceu

desacompanhado de advogado. Na oportunidade, o juiz não nomeou defensor ao réu,

aduzindo que o Ministério Público estaria presente e que isso seria suficiente.

No curso da instrução criminal, presidida pelo juiz de direito da 9.ª Vara Criminal de

Planaltina DF, Maria de tal, confirmou que o denunciado atrasava o pagamento da pensão

alimentícia, mas que sempre efetuava o depósito parcelado dos valores devidos. Disse que

estava aborrecida porque José constituíra nova família e, atualmente, morava com outra

mulher, desempregada, e seus 6 outros filhos menores de idade.

As testemunhas Margarida e Clodoaldo, conhecidos do denunciado há mais de 30 anos,

afirmaram que ele é ajudante de pedreiro e ganha 1 salário mínimo por mês, quantia que é

utilizada para manter seus outros filhos menores e sua mulher, desempregada, e para pagar

pensão alimentícia a Jorge, filho que teve com Maria de Tal. Disseram, ainda, que, todas as

vezes que conversa com José, ele sempre diz que está tentando encontrar mais um emprego,

pois não consegue sustentar a si próprio nem a seus filhos, bem como que está atrasando os

pagamentos da pensão alimentícia, o que o preocupa muito,visto que deseja contribuir com a

subsistência, também, desse filho, mas não consegue. Informaram o denunciado sofre de

problemas cardíacos e gasta boa parte de seu salário na compra de remédios indispensáveis à

Page 4: José de Tal

sua sobrevivência. 

I.I DAS PRELIMINARES 

1. Preliminar de nulidade por ausência de nomeação de defensor ao réu que não constituiu

advogado para apresentar resposta à acusação (art. 396-A, § 2.º, do CPP). 

2. Preliminar de nulidade por falta de nomeação de defensor ao réu presente que não o tiver,

segundo art. 564, III, “c” do CPP: “a” nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

a) por falta das fórmulas ou dos termos seguintes;

b) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao

menor de 21 anos”.

Súmula nº 523 do STF: “no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas

a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. 

O art. 261 do CPP prevê que “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será

processado ou julgado sem defensor”. 

3. Preliminar de nulidade por falta de interrogatório do réu presente. Art. 564, III, “e” do CPP:

A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: e – a citação do réu para ver-se processar,

o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa. Estando o

réu presente e desejandodefender se por intermédio de seu interrogatório, não pode o juiz

recusar-se a interrogá-lo, sob pena de cerceamento de defesa e nulidade. 

4. Absolvição por atipicidade da conduta de José, visto que o fato não constitui infração penal

em face da presença de justa causa (elemento normativo do tipo) para o atraso nos

pagamentos (ou não pagamento), conforme art. 386, III, do CPP. 

II - DO DIREITO

José ganha apenas 1 (um) salário mínimo, gasta boa parte de seu salário para comprar

remédios indispensáveis à sua sobrevivência, visto que sofre de problemas cardíacos, e

constituiu nova família, composta por uma mulher desempregada e 6 outros filhos menores.

Não há dolo na conduta de José, sendo que a falta de pagamento da pensão alimentícia se

deve à sua absoluta impossibilidade pessoal de fazê-lo. 

Ao comentar o art. 244, caput, do CP, afirma que o elemento normativo do tipo está contido

na expressão “sem justa causa”, sendo que não há tipicidade se o sujeito não presta às pessoas

Page 5: José de Tal

os recursos necessários por carência, ou por não ganhar o suficiente. 

Em caso de condenação e pelo princípio da eventualidade: Pugno pela fixação da pena

mínima de detenção, arbitrando a multa no mínimo legal, pelo fato de José ser réu primário e

portador de bons antecedentes. 

O afastamento da agravante prevista no art. 61, inciso II, “e”, do CP, para evitar o “bis in

idem”, visto que o fato de a vítimaser descendente do réu (filho) é elemento constitutivo do

tipo previsto no art. 244, caput, do CP. Nesse sentido, o art. 61, caput, do CP dispõe que “são

circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime”. 

O reconhecimento da circunstância atenuante prevista no art. 65, inciso I, do CP, visto que

José será maior de 70 anos na data da sentença (nasceu em 07/09/1938, tendo a defesa sido

intimada para a apresentação dos memoriais em 15/06/2009). 

Requeiro a fixação do regime aberto para cumprimento da pena, conforme previsão do art. 33,

§2.º, “c”, do CP, e a substituição da pena privativa de liberdade por pena de multa ou por uma

pena restritiva de direitos, na forma prevista no art. 44, §2.º, do CP, com a possibilidade de

José aguardar em liberdade o trânsito em julgado da sentença (apelar em liberdade) em face

de sua primariedade, bons antecedentes, residência fixa no distrito da culpa e ausência dos

requisitos que autorizariam sua prisão preventiva. 

V - DOS PEDIDOS 

Diante de tudo quanto exposto, requer-se: 

I. Reconhecimento da nulidade apontada, vício insanável que torna os autos nulos;

II. Reconhecimento da causa excludente da tipicidade/ilicitude;

III. Aplicação da pena no mínimo legal, por conta da presença de 1 ano de detenção,

arbitrando a multa no mínimo legal.

Planaltina/DF, 08 de novembro de 2008. 

Advogado 

OAB/...

Page 6: José de Tal

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 9ª Vara Criminal da Circunscrição de

PlanaltinaDF.

Autos nº 002/2006

José de Tal, já qualificado nos autos da ação em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, 

por suposto abandono material base no artigo 244c/c artigo 61 II, do Código Penal, vem, por 

intermédio de seu advogado, legalmente constituído (Doc. 01), com escritório profissional 

situado à..., onde poderá receber as futuras intimações, vem, à presença de Vossa Excelência, 

com fulcro no art. 403, §3º, do Código de Processo Penal, apresentar:

MEMORIAIS

Em face da denúncia de fls..., pelos fatos e fundamentos a seguir explanados:

DOS FATOS

Na exordial acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes 

termos: Desde janeiro de 2005 até, pelo menos, até, pelo menos, 4/4/2008, em Planaltina 

– DF, o denunciado José de Tal, livre e conscientemente, deixou, em diversas ocasiões e por 

períodos prolongados, sem justa causa, de prover a subsistência de seu filho Jorge de Tal, 

menor de 18 anos, não lhe proporcionando os recursos necessários para sua subsistência e 

faltando ao pagamento de pensão alimentícia fixada nos autos.A denúncia foi recebida em 3/

11/2008, tendo o réu sidocitado e apresentado, no prazo legal, de próprio punho visto que 

Page 7: José de Tal

não tinha condições de contratar advogado sem prejuízo de seu sustento próprio e do de sua  

família resposta à acusação, arrolando as testemunhas Margarida e Clodoaldo. A audiência 

de instrução e julgamento foi designada ao acusado que compareceu desacompanhado de 

advogado. Na oportunidade, o juiz não nomeou defensor ao réu, aduzindo que o Ministério 

Público estaria presente e que isso seria suficiente.No curso da instrução criminal, presidida 

pelo juiz de direito da 9.ª Vara Criminal de Planaltina DF, Maria de tal,confirmou que o 

denunciado atrasava o pagamento da pensão alimentícia, mas que sempre efetuava o depósito 

parcelado dos valores devidos. Disse que estava aborrecida porque José constituíra nova

família 

e, atualmente, morava com outra mulher, desempregada, e seus 6 outros filhos menores de 

idade.As testemunhas Margarida e Clodoaldo, conhecidos do denunciado há mais de 30 anos, 

afirmaram que ele é ajudante de pedreiro e ganha1salário mínimo por mês, quantia que é 

utilizada para manter seus outros filhos menores e sua mulher, desempregada, e para pagar 

pensão alimentícia a Jorge, filho que teve com Maria de Tal. Disseram, ainda,que, todas as 

vezes que conversam com José, ele sempre diz que está tentando encontrar mais um

emprego, 

pois não consegue sustentar a si próprio nem a seus filhos, bem como que está atrasando os 

pagamentos da pensão alimentícia, o que o preocupa muito, visto que deseja contribuir com 

Page 8: José de Tal

a subsistência, também, desse filho, mas não consegue. Informaram o denunciado sofre de 

problemas cardíacos e gasta boa parte de seu salário na compra de remédios indispensáveis à  

sua sobrevivência.

DAS PRELIMINARES

1. Preliminar de nulidade por ausência de nomeação de defensor ao réu que não constituiu 

advogado para apresentar resposta à acusação (art. 396-A, § 2.º, do CPP).

2. Preliminar de nulidade por falta de nomeação de defensor ao réu presente que não o tiver, 

segundo art. 564, III, “c” do CPP: “a nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III – por falta 

das fórmulas ou dos termos seguintes: c – a nomeação de defensor ao réu presente, que 

o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos”. Súmula nº 523 do STF: “no 

processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o 

anulará se houver prova de prejuízo para o réu.”

O art. 261 do CPP prevê que “nenhum acusado, ainda queausente ou foragido, será 

processado ou julgado sem defensor”.

3. Preliminar de nulidade por falta de interrogatório do réu presente. Art. 564, III, “e” do 

CPP: “a nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III – por falta das fórmulas ou dos termos 

seguintes: e – a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, 

Page 9: José de Tal

e os prazos concedidos à acusação e à defesa”. Estando o réu presente e desejando defenderse

por intermédio de seu interrogatório, não pode o juiz recusar-se a interrogá-lo, sob pena de 

cerceamento de defesa e nulidade.

4. Absolvição por atipicidade da conduta de José, visto que o fato não constitui infração 

penal em face da presença de justa causa (elemento normativo do tipo) para o atraso nos 

pagamentos (ou não pagamento), conforme art. 386, III, do CPP.

DO Direito

José ganha apenas 1 salário mínimo, gasta boa parte de seu salário para comprar remédios 

indispensáveis à sua sobrevivência, visto que sofre de problemas cardíacos, e constituiu nova 

família, composta por uma mulher desempregada e 6 outros filhos menores. Não há dolo na 

conduta de José, sendo que a falta de pagamento da pensão alimentícia se deve à sua absoluta 

impossibilidade pessoal de fazê-lo.

Aocomentar o art. 244, caput, do CP, afirma que o elemento normativo do tipo está contido

na 

expressão “sem justa causa”, sendo que não há tipicidade se o sujeito não presta às pessoas os 

recursos necessários por carência, ou por não ganhar o suficiente.

Em caso de condenação e pelo princípio da eventualidade:

Pugnar pela fixação da pena no mínimo legal de 1 ano de detenção, arbitrando a multa no 

Page 10: José de Tal

mínimo legal. Sustentar que José é primário e portador de bons antecedentes.

Sustentar o afastamento da agravante prevista no art. 61, inciso II, “e”, do CP, para evitar o

bis 

in idem, visto que o fato de a vítima ser descendente do réu (filho) é elemento constitutivo do 

tipo previsto no art. 244, caput, do CP.

Nesse sentido, o art. 61, caput, do CP dispõe que “são circunstâncias que sempre agravam a  

pena, quando não constituem ou qualificam o crime”.

Pleitear o reconhecimento da circunstância atenuante prevista no art. 65, inciso I, do CP,

visto 

que José será maior de 70 anos na data da sentença (nasceu em 7/9/1938, tendo a defesa sido 

intimada para a apresentação dos memoriais em 15/6/2009).

Requerer a fixação do regime aberto para cumprimento da pena, conforme previsão do art.

33, 

§2.º, “c”, do CP, e asubstituição da pena privativa de liberdade por pena de multa ou por uma 

pena restritiva de direitos, na forma prevista no art. 44, §2.º, do CP, com a possibilidade de

José 

aguardar em liberdade o trânsito em julgado da sentença (apelar em liberdade) em face de sua 

primariedade, bons antecedentes, residência fixa no distrito da culpa e ausência dos requisitos 

que autorizariam sua prisão preventiva.

Page 11: José de Tal

Do Pedido

OBS: pode-se iniciar a peça com a narrativa dos fatos ou com nulidades (arts. 563 e seguintes 

do CPP). 

Dependerá da questão.

1. Dos Fatos

2. Dos Direitos

Expor os fundamentos legais na ordem de importância. Exemplo: primeiro uma excludente

de 

ilicitude, que exclui o crime; em seguida, a presença de uma causa de aumento.

Utiliza-se sempre o princípio da eventualidade. 

3. Dos pedidos

Diante de tudo quanto exposto, requer-se: (pode ser feito pedido em tópicos)

I. reconhecimento da nulidade apontada, vício insanável que torna os autos nulos desde ...

II. reconhecimento da causa excludente da tipicidade/ilicitude (depende da questão; sempre 

pedir a absolvição primeiro, pois é mais benéfico ao réu)III. aplicação da pena no mínimo

legal, 

por conta da presença de ...

Local, data.

Page 12: José de Tal

Advogado

14) José de Tal, brasileiro, divorciado, primário e portador de bons antecedentes, ajudante de

pedreiro, nascido em Juazeiro – BA, em 7/9/1938, residente e domiciliado em Planaltina –

DF, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas previstas no art. 244,

caput, c/c art. 61, inciso II, "e", (abandono material de descendente) ambos do Código Penal.

Na exordial acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes

Termos: Desde janeiro de 2008 até, pelo menos, 4/4/2009, em Planaltina – DF, o denunciado

José de Tal, livre e conscientemente, deixou, em diversas ocasiões e por períodos

prolongados, sem justa causa, de prover a subsistência de seu filho Jorge de Tal, menor de 18

anos,

 

 

 

(....) não lhe proporcionando os recursos necessários para sua subsistência e faltando ao

pagamento de pensão alimentícia fixada nos autos n.º 001/2005 – 5.ª Vara de Família de

Planaltina – DF (ação de alimentos) e executada nos autos do processo n.º 002/2008 do

mesmo juízo. Arrola como testemunha Maria de Tal, genitora e representante legal da vítima.

A denúncia foi recebida em 3/11/2010, tendo o réu sido citado e apresentado, no prazo legal,

de próprio punho — visto que não tinha condições de contratar advogado sem prejuízo de seu

sustento próprio e do de sua família — resposta à acusação, arrolando as testemunhas

Margarida e Clodoaldo.

 

 

 

Page 13: José de Tal

A audiência de instrução e julgamento foi designada e José compareceu desacompanhado de

advogado. Na oportunidade, o juiz não nomeou defensor ao réu, aduzindo que o Ministério

Público estaria

presente e que isso seria suficiente. No curso da instrução criminal, presidida pelo juiz de

direito da 9.ª Vara Criminal de Planaltina – DF, Maria de Tal confirmou que José atrasava o

pagamento da pensão alimentícia, mas que sempre efetuava o depósito parcelado dos valores

devidos. Disse que estava aborrecida porque José constituíra nova família e, atualmente,

morava com outra mulher, desempregada, e seus 6 outros filhos menores de idade. As

testemunhas Margarida e Clodoaldo, conhecidos de José há mais de 30 anos, afirmaram que

ele é ajudante de pedreiro e ganha 1 salário mínimo por mês, quantia que é utilizada para

manter seus outros filhos menores e sua mulher, desempregada, e para pagar pensão

alimentícia a Jorge, filho que teve com Maria de Tal. Disseram, ainda, que, todas as vezes que

conversam com José, ele sempre diz que está tentando encontrar mais um emprego, pois não

consegue sustentar a si próprio nem a seus filhos, bem como que está atrasando os

pagamentos da pensão alimentícia, o que o preocupa muito, visto que deseja contribuir com a

subsistência,

 

 

 

também, desse filho, mas não consegue. Informaram que José sofre de problemas cardíacos e

gasta boa parte de seu salário na compra de remédios indispensáveis à sua sobrevivência.

Após a oitiva das testemunhas, José disse que gostaria de ser ouvido para contar sua versão

dos fatos, mas o juiz recusou-se a interrogá-lo, sob o argumento de que as provas produzidas

eram suficientes ao julgamento da causa. Na fase processual prevista no art. 402 do Código de

Processo Penal, as partes nada requereram. Em manifestação escrita, o Ministério Público

pugnou pela condenação do réu nos exatos termos da denúncia,

 

 

 

Page 14: José de Tal

tendo o réu, então, constituído advogado, o qual foi intimado, para apresentação da peça

processual cabível. Considerando a situação hipotética acima apresentada, redija, na qualidade

de advogado(a) constituído(a) por José, a peça processual pertinente, privativa de advogado,

adequada à defesa de seu cliente. Em seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação

que embase seu(s) pedido(s) e explore as teses jurídicas cabíveis, endereçando o documento à

autoridade competente e datando-o no último dia do prazo para protocolo.

 

 

 

ESTRUTURA DA PEÇA 

Peça Cabível:

     Memoriais 

2) Endereçamento:

    Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 9.ª Vara Criminal de Planaltina – DF. 

3) Fundamentos Legais:

  (art. 403, §3.º, do CPP)

 

 

 

4) Pontos a serem abordados: 

1. Preliminar de nulidade por ausência de nomeação de defensor ao réu que não constituiu

advogado para apresentar resposta à acusação (art. 396-A, § 2.º, do CPP). 

Súmula n. 523 do STF: “no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas

a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.”

 

 

 

Page 15: José de Tal

4) Pontos a serem abordados: 

2. Preliminar de nulidade por falta de interrogatório do réu presente.  

Art. 564, III, “e” do CPP: “a nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III – por falta das

fórmulas ou dos termos seguintes: e – a citação do réu para ver-se processar, o seu

interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa”. Estando o réu

presente e desejando defender-se por intermédio de seu interrogatório, não pode o juiz

recusar-se a interrogá-lo, sob pena de cerceamento de defesa e nulidade.

 

 

 

4) Pontos a serem abordados: 

3. Preliminar de nulidade por ausência de nomeação de defensor ao réu que não constituiu

advogado para apresentar resposta à acusação (art. 396-A, § 2.º, do CPP). 

Súmula n. 523 do STF: “no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas

a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.”

 

 

 

4) Pontos a serem abordados: 

4. Absolvição por atipicidade da conduta de José, visto que o fato não constitui infração penal

em face da presença de justa causa (elemento normativo do tipo) para o atraso nos

pagamentos (ou não pagamento), conforme art. 386, III, do CPP.

José ganha apenas 1 salário mínimo, gasta boa parte de seu salário para comprar remédios

indispensáveis à sua sobrevivência, visto que sofre de problemas cardíacos, e constituiu nova

família, composta por uma mulher desempregada e 6 outros filhos menores. Não há dolo na

conduta de José, sendo que a falta de pagamento da pensão alimentícia se deve à sua absoluta

impossibilidade pessoal de fazê-lo.

Page 16: José de Tal

 

 

 

5) Pedido: 

 

Diante do exposto, postula-se a Absolvição do réu nos exatos termos do artigo 386, III do

CPP. 

 

 

 

ILUSTRISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 9º VARA CRIMINAL De

PLANALTINA DO ESTADO DE DISTRITO FEDERAL.

AUTOS nº. _________/_______

Jose de tal __________________, já devidamente qualificado nos autos em epigrafe, que lhe

move a Justiça Pública, por suposta abandono material base no artigo 244c/c artigo 61 II, do

Código Penal, por seu advogado que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença de

Vossa Excelência apresentar:

MEMORIAL DE DEFESA

Com fundamento no artigo 403 parágrafo 3º do Código de Processo Penal, ante os fatos e

fundamentos a seguir exposto.

PRELIMINAR DAS NULIDADES

2. Preliminar de nulidade por ausência de nomeação de defensor ao réu que não constituiu

advogado para apresentar resposta à acusação (art. 396-A, § 2.º, do CPP).

3. Preliminar de nulidade por falta de nomeação de defensor ao réu presente que não o tiver,

segundo art. 564, III, “c” do CPP: “a nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III – por falta das

fórmulas ou dos termos seguintes: c – a nomeação de defensor ao réu presente, que o não

tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos”. Súmula n.o 523 do STF: “no

processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o

anulará se houver prova de prejuízo para o réu.”

Page 17: José de Tal

O art. 261 do CPP prevê que “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será

processado ou julgado sem defensor”.

Afirma que a não nomeação de defensor ad hoc é causa de nulidade absoluta: se o defensor

constituído, ou dativo, do acusado não comparecer à audiência de instrução, é fundamental

que o magistrado nomeie defensor ad hoc (para o ato). Se o ato processual se realizar, ausente

a defesa, constitui prejuízo presumido, logo, nulidade absoluta.

4. Preliminar de nulidade por falta de interrogatório do réu presente. Art. 564, III, “e” do CPP:

“a nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

e – a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos

concedidos à acusação e à defesa”. Estando o réu presente e desejando defender-se por

intermédio de seu interrogatório, não pode o juiz recusar-se a interrogá-lo, sob pena de

cerceamento de defesa e nulidade.

5. Absolvição por atipicidade da conduta de José, visto que o fato não constitui infração penal

em face da presença de justa causa (elemento normativo do tipo) para o atraso nos

pagamentos (ou não pagamento), conforme art. 386, III, do CPP.

Do fatos

O denunciado, livre e conscientemente, deixou, em diversas ocasiões e por períodos

prolongados, sem justa causa, de prover a subsistência de seu filho Jorge de Tal, menor de 18

anos, não lhe proporcionando os recursos necessários para sua subsistência e faltando ao

pagamento de pensão alimentícia fixada nos autos .

A denúncia foi recebida em 3/11/2008, tendo o réu sido citado e apresentado, no prazo legal,

de próprio punho visto que não tinha condições de contratar advogado sem prejuízo de seu

sustento próprio e do de sua família resposta à acusação, arrolando as testemunhas Margarida

e Clodoaldo

A audiência de instrução e julgamento foi designada ao acusado que compareceu

desacompanhado de advogado. Na oportunidade, o juiz não nomeou defensor ao réu,

aduzindo que o Ministério Público estaria presente e que isso seria suficiente.

No curso da instrução criminal, presidida pelo juiz de direito da 9.ª Vara Criminal de

Planaltina DF, Maria de tal,confirmou que o denunciado atrasava o pagamento da pensão

alimentícia, mas que sempre efetuava o depósito parcelado dos valores devidos. Disse que

estava aborrecida porque José constituíra nova família e, atualmente, morava com outra

mulher, desempregada, e seus 6 outros filhos menores de idade.

As testemunhas Margarida e Clodoaldo, conhecidos do denunciado há mais de 30 anos,

Page 18: José de Tal

afirmaram que ele é ajudante de pedreiro e ganha1salário mínimo por mês, quantia que é

utilizada para manter seus outros filhos menores e sua mulher, desempregada, e para pagar

pensão alimentícia a Jorge, filho que teve com Maria de Tal. Disseram, ainda, que, todas as

vezes que conversam com José, ele sempre diz que está tentando encontrar mais um emprego,

pois não consegue sustentar a si próprio nem a seus filhos, bem como que está atrasando os

pagamentos da pensão alimentícia, o que o preocupa muito, visto que deseja contribuir com a

subsistência, também, desse filho, mas não consegue. Informaram o denunciado sofre de

problemas cardíacos e gasta boa parte de seu salário na compra de remédios indispensáveis à

sua sobrevivência.

DO Direito

José ganha apenas 1 salário mínimo, gasta boa parte de seu salário para comprar remédios

indispensáveis à sua sobrevivência, visto que sofre de problemas cardíacos, e constituiu nova

família, composta por uma mulher desempregada e 6 outros filhos menores. Não há dolo na

conduta de José, sendo que a falta de pagamento da pensão alimentícia se deve à sua absoluta

impossibilidade pessoal de fazê-lo.

Ao comentar o art. 244, caput, do CP, afirma que o elemento normativo do tipo está contido

na expressão “sem justa causa”, sendo que não há tipicidade se o sujeito não presta às pessoas

os recursos necessários por carência, ou por não ganhar o suficiente.

Em caso de condenação e pelo princípio da eventualidade:

Pugnar pela fixação da pena no mínimo legal de 1 ano de detenção, arbitrando a multa no

mínimo legal. Sustentar que José é primário e portador de bons antecedentes.

Sustentar o afastamento da agravante prevista no art. 61, inciso II, “e”, do CP, para evitar o

bis in idem, visto que o fato de a vítima ser descendente do réu (filho) é elemento constitutivo

do tipo previsto no art. 244, caput, do CP.

Nesse sentido, o art. 61, caput, do CP dispõe que “são circunstâncias que sempre agravam a

pena, quando não constituem ou qualificam o crime”.

Pleitear o reconhecimento da circunstância atenuante prevista no art. 65, inciso I, do CP, visto

que José será maior de 70 anos na data da sentença (nasceu em 7/9/1938, tendo a defesa sido

intimada para a apresentação dos memoriais em 15/6/2009).

Requerer a fixação do regime aberto para cumprimento da pena, conforme previsão do art. 33,

§2.º, “c”, do CP, e a substituição da pena privativa de liberdade por pena de multa ou por uma

pena restritiva de direitos, na forma prevista no art. 44, §2.º, do CP, com a possibilidade de

Page 19: José de Tal

José aguardar em liberdade o trânsito em julgado da sentença (apelar em liberdade) em face

de sua primariedade, bons antecedentes, residência fixa no distrito da culpa e ausência dos

requisitos que autorizariam sua prisão preventiva.

Do Pedido