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CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS MESTRADO EM SAÚDE E PRODUÇÃO DE RUMINANTES JOSIANY BAISE VIABILIDADE NUTRICIONAL E ECONÔMICA DA SUBSTITUIÇÃO DO FARELO DE MILHO POR BAGAÇO DE LARANJA NA DIETA DE TERMINAÇÃO DE CORDEIROS ARAPONGAS 2014

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CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS MESTRADO EM SAÚDE E PRODUÇÃO DE RUMINANTES

JOSIANY BAISE

VIABILIDADE NUTRICIONAL E ECONÔMICA DA SUBSTITUIÇÃO DO FARELO DE MILHO POR BAGAÇO DE LARANJA NA DIETA DE

TERMINAÇÃO DE CORDEIROS

ARAPONGAS

2014

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JOSIANY BAISE

VIABILIDADE NUTRICIONAL E ECONÔMICA DA SUBSTITUIÇÃO DO FARELO DE MILHO POR BAGAÇO DE

LARANJA NA DIETA DE TERMINAÇÃO DE CORDEIROS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Produção de Ruminantes (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina - UEL e Universidade Norte do Paraná - UNOPAR), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde e Produção de Ruminantes.

Orientadora: Profª. Drª. Fabíola Cristine de Almeida Rego Grecco

ARAPONGAS 2014

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central

Setor de Tratamento da Informação

Baise, Josiany

B141vViabilidade nutricional e econômica da substituição do farelo de

milho por bagaço de laranja na dieta de terminação de

cordeiros / Josiany Baise.Arapongas: [s.n], 2014.

xii;59f.

Dissertação(Mestrado em Saúdee Produção de Ruminantes)-Saúdede

Ruminantes. UniversidadeNortedo Paraná eUniversidade

Estadual de Londrina.

Orientadora: Prof.Drª Fabíola Cristine de Almeida RegoGrecco

1- Medicina veterinária – dissertação de mestrado– UNOPAR/UEL 2-

Produçãode ruminantes 3- Bagaço de laranja4-

Desempenho5- Ovinos6- Rendimento de carcaça

I-Gercco, Fabíola Cristine de Almeida;orient. II- Universidade Norte do

Paraná. III- Universidade Estadual de Londrina

CDU 619:636.2

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JOSIANY BAISE

VIABILIDADE NUTRICIONAL E ECONÔMICA DA SUBSTITUIÇÃO DO FARELO DE MILHO POR BAGAÇO DE LARANJA

NA DIETA DE TERMINAÇÃO DE CORDEIROS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Produção em Ruminantes (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina [UEL] e Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde e Produção de Ruminantes.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Drª Fabíola Cristine de Almeida Grecco

Rego Universidade Norte do Paraná

____________________________________ Prof.Dr. Luiz Fernando Coelho Cunha Filho

Universidade Norte do Paraná

____________________________________ Prof. Drª Marilice Zundt

Universidade Oeste Paulista

Arapongas, 28 de março de 2014.

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus por me conceder a graça de viver e sentir a vida, me fazendo entender que os problemas se resolvem pela nossa sabedoria, paciência e confiança e que o florescer de cada dia depende muito mais da nossa vontade de viver. A minha família pela minha formação, incentivo, e principalmente pela compreensão para mais esta realização pessoal e profissional. A professora Lisiane Dorneles de Lima e Fabiola R. Grecco pela dedicação e pelo todo tempo disponibilizado para minha orientação. A Laís, Ana Flavia e Martha, e todos os estagiários da UNOPAR pelo comprometimento, dedicação e sem ao menos medirem esforços sempre estiveram ao meu lado. Ao Profº. Augotinho Ludovico por ter contribuído grandemente durante o meu projeto e na banca da qualificação. Aos Professores que irão participar da minha banca, Profº Luiz Fernando e Profª. Marilice, disponibilizando seu tempo para contribuir na finalização deste trabalho. Aos meus amigos de trabalho, Onicio de Souza, Fernando Luiz Barbin, Luiz Fernando Costa, Paulo Oliveira, Anderson Paulino, pela compreensão e o apoio que tive durante todo este período do projeto. Aos funcionários, alunos e estagiários do LANA –UEL, LANA – UNOPAR, Centro de Diagnósticos – UNOPAR, meus agradecimentos. Ao Proº. Werner Okano e ao corpo docente do Mestrado, sempre muito atenciosos e prestativos. E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão desta jornada. O meu “Muito Obrigado......”

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Quando tudo nos parece dar errado, acontecem coisas boas que, não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo. Renato Russo.

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BAISE, Josiany. Viabilidade nutricional e econômica da substituição do farelo de milho por bagaço de laranja na dieta de terminação de cordeiros. 2014. 60p. Dissertação (Mestrado acadêmico em Saúde e Produção de Ruminantes) – Universidade Norte do Paraná, Arapongas, 2014.

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade nutricional e econômica da substituição do milho moído por bagaço de laranja na terminação de cordeiros em confinamento. Foram utilizados 32 cordeiros machos inteiros, mestiços Texel com peso inicial de 16 ± 2.5kg, distribuídos em quatro tratamentos com quatro níveis de substituição (0, 33, 66 e 100%) e oito repetições por tratamento. A dieta foi composta por 70% de concentrado e 30% de feno de Aveia (Avena strigosa), na matéria seca. Ao atingir o peso médio 35 kg os animais foram abatidos. Foram avaliadas variáveis de consumo, desempenho e características da carcaça e da carne. Não houve efeito significativo para as variáveis consumo de matéria seca (CMS), consumo de matéria orgânica (CMO), consumo de proteína bruta (CPB) e consumo de extrato etereo (CEE). O ganho de peso total foi em média 21,2 kg e o ganho de peso médio diário foi de 190 g por dia e também não sofreram alterações com adição do bagaço de laranja. Os custos com alimentação laranja e com 100% de inclusão, respectivamente. O desempenho animal não foi afetado pela inclusão de bagaço de laranja, podendo substituir até 100% do milho em uma dieta de cordeiros, sem provocar prejuízos ao consumo. Houve alteração nas medidas biométricas como largura da garupa, largura da perna, e largura do peito. As características de rendimento de carcaça avaliadas se assemelharam entre os tratamentos (p>0,05), e o rendimento de carcaça fria (RCF) foi em média 44,5%. As características morfológicas da carcaça se alteraram em função dos tratamentos. Houve efeito linear decrescente para área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura (EG) em função da inclusão do bagaço de laranja. A composição química da carne foi semelhante entre os tratamentos (p>0,05) e o teor de lipídeos totais e proteína bruta apresentaram médias de 2,30% e 22,02%, respectivamente. A substituição do milho moído pelo bagaço de laranja na dieta de cordeiros provocou alterações nas medidas morfológicas da carcaça de cordeiros, na área de olho de lombo e na espessura de gordura. As características da carne não sofreram mudanças com a inclusão do bagaço de laranja. Assim o uso do bagaço de laranja na alimentação constitui uma alternativa para terminação de cordeiros em regiões produtoras.

Palavras chave – consumo, desempenho, características carcaça, qualidade da carne

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BAISE, Josiany. Nutritional and economic feasibility of replacing ground corn for orange peel in the diet of finishing lambs. 2014. 60p. Dissertation (Masters in Ruminant Production Health) – Universidade Norte do Paraná, Arapongas, 2014.

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the nutritional and economical replacement of ground corn by citrus pulp in diets for finishing feedlot lambs. We used 32 lambs, crossbred Texel initial weight 16 ± 2.5kg, distributed in four treatments with four levels (0, 33, 66 and 100%) and four replicates per treatment. The concentrate was composed of 70% DM + 30% corn grain and oat hay (Avena strigosa). When lambs reached 35 kg of BW, they were slaughtered. Intake , performance and carcass characteristics and meat were evaluated.There was no significant effect for the variable dry matter intake (DMI) , organic matter intake (OMI) , crude protein (CPI ) and the ether extract (EEI ) . The total weight gain averaged 21,2 kg and average daily weight gain was 190 g for day and also did not change with addition of fresh orange pulp . Feed costs in total confinement period ranged from R$177,51 to R$145,41, the highest value for the treatment 0% and 100% respectively in the diet with inclusion of orange peel. The gross profit margin ranged from R$7,09 to R$22,43 per animal for diets without orange peel and 100% inclusion , respectively. Animal performance was not affected by the inclusion of orange peel and can replace up to 100 % of corn on a diet of lambs without causing losses to the consumer. There were changes in biometric measures such as rump width, leg width and chest width. The characteristics of carcass yield were similar among treatments (p>0.05), and cold carcass yield (CCY) was on average 44,5%. The morphological characteristics were different among the treatments . Decreased linearly for loin eye area (LEA) and fat thickness (FT) due to the inclusion of orange peel . The chemical composition of the meat was similar among treatments (p>0.05) and the lipids total content and CP showed averages of 2,30 % and 22,02% , respectively. The replacement of ground corn with orange peel in the diet of lambs caused changes in the morphological measurements of carcasses of lambs in loin eye area and fat thickness. Meat characteristics have not changed with the addition of orange peel Thus the use of orange peel is an alternative for finished lambs in regions that produce . Key words - intake, performance, carcass characteristics, meat quality

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO II

Tabela 1 Proporção de ingredientes e composição química das dietas

experimentais (%da +MS)..............................................................

30

Tabela 2 Ingestão de nutrientes em cordeiros alimentados com dietas contendo

milho moído em substituição ao bagaço de laranja na

dieta................................................................

33

Tabela 3 Peso de abate (PA, kg), ganho de peso total (GPT, kg) e ganho de

peso médio diário (GPMD,g), peso final (PF, kg) em cordeiros

alimentados com dietas contendo milho moído em substituição

bagaço de laranja................................................................

34

Tabela 4 Altura anterior (AA, cm) e altura posterior(AP,cm), perímetro torácico

(PT, cm) e abdominal(PA, cm); largura da garupa(LG, cm), largura do

peito(LP, cm) e largura da perna(LPERN cm) de cordeiros

alimentados com dietas contendo bagaço de laranja em substituição

ao milho moído................................................................

35

Tabela 5 Concentrações plasmáticas e/ou sorológicas de colesterol, glicose,

creatinina, triglicerídeos, uréia de cordeiros alimentados com dietas

contendo bagaço de laranja em substituição ao milho

moído................................................................

35

Tabela 6 Efeito dos níveis de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja para cordeiros na fase de terminação sobre o custo (R$) por

quilograma de ganho de peso e Margem Bruta

(R$/animal)................................................................

36

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CAPÍTULO III

Tabela 1 Proporção de ingredientes e composição química das dietas

experimentais (% da MS).....................................................................

43

Tabela 2 Peso de abate (PA, kg), peso de carcaça quente (PCQ, kg), peso

de carcaça fria (PCF, kg), rendimento de carcaça quente (RCQ, kg)

rendimento de carcaça fria (RCF, kg), rendimento biológico (RB,

kg), perda por resfriamento (PPR) e a perda de peso por

resfriamento, em função do nível de substituição do milho moído

pelo bagaço de laranja na dieta de

cordeiros.............................................................................................

47

Tabela 3 Características da carcaça de cordeiros recebendo diferentes níveis

de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja na dieta de

cordeiros..............................................................................................

48

Tabela 4 Mensurações do pH, marmoreio,colorimetria e a capacidade de

retenção de água (CRA) de amostras do músculo Longissumus

dorsi de cordeiros recebendo dietas com diferentes níveis de

concentrado.........................................................................................

50

Tabela 5 Área de olho de lombo (AOL), profundidade, espessura de gordura

subcutânea (EGS) do músculo Longissimus dorsi de cordeiros

recebendo dietas com diferentes níveis de

concentrado.........................................................................................

51

Tabela 6 Composição química do músculo Longissimus dorsi de cordeiros

terminados em confinamento com diferentes níveis do bagaço de

laranja...........................................................................................................

51

Tabela 7 Médias dos atributos sensoriais (odor, sabor, maciez, suculência e

aceitação global) de cordeiros recebendo dietas com diferentes

níveis de bagaço de laranja.................................................................

52

Tabela 8 Força de cisalhamento (FC), perda de água no descongelamento

(PERDADESC) e perda de água na cocção (PERDACOC) na carne

de cordeiros terminados em confinamento com diferentes níveis do

bagaço de laranja................................................................................

53

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA AOL AP

Altura anterior Área de Olho de Lombo Altura posterior

COCAMAR Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá Ltda CNF Carboidratos Não Fibrosos CRA Capacidade de Retenção de Água CT Carboidratos Totais EDTA Etilenodiamino tetra-acético EE Extrato Etéreo EGS Espessura de gordura subcutânea FDA Fibra em Detergente Ácido FDN Fibra em Detergente Neutro GMD LG LP LPERN

Ganho Médio Diário Largura Garupa Largura de Peito Largura de Perna

MM Matéria Mineral MO Matéria Orgânica MS Matéria Seca NDT Nutrientes Digestíveis Totais NRC National Research Council (Conselho Nacional de Pesquisa) PA PA

Peso de Abate Perimetro Abdominal

PAP Perda de Água por Pressão PB Proteína Bruta PCF Peso de Carcaça Fria PCV Peso de Corpo Vazio PCUP Proteína Cítrica Úmida Peletizada PF Peso Final PI Peso Inicial PIDA Proteína Insolúvel em Detergente Ácido PIDN Proteína Insolúvel em Detergente Neutro PPR Perda por Resfriamento PR PT

Paraná Perímetro torácico

PV Peso Vivo RCF Rendimento de Carcaça Fria RCQ Rendimento de Carcaça Quente UNOPAR Universidade Norte do Paraná

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................13

1 INTRODUÇÃO GERAL..................................................................................14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 15

2.2 Situa;ao da ovinocultura............................................................................................ 16

2.2 O uso de baga;ode laranja na alimentação ................................................................ 17

2.3 Característica quantitativas “ïn vivo” e na carcaça ...................................................... 19

2.4 Viabilidades econômica da criação .......................................................................... 20

3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 21

4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 25

4.1 Objetivos gerais...................................................................................................... 25

4.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 25

CAPÍTULO II VIABILIDADE NUTRICIONAL E ECONOMICA DA

SUBSTITUIÇAO DO MILHO MOIDO POR BAGAÇO DE LARANJA NA

DIETA DE TERMINAÇAO DE CORDEIROS ............................................................ 26

Resumo ..................................................................................................................... 26

Abstract ..................................................................................................................... 26

Introdução ................................................................................................................. 28

Material e Métodos .................................................................................................... 29

Resultados e Discussões .......................................................................................... 32

Conclusões................................................................................................................ 37

Agradecimentos ........................................................................................................ 37

Referências ............................................................................................................... 37

CAPÍTULO III INTERFERENCIA DO BAGACO DE LARANJA SOBRE

AS CARACTERISTICAS DA CARCACA E CARNE DE CORDEIROS

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CONFINADOS ..................................................................................................... 41

Resumo ..................................................................................................................... 41

Abstract ..................................................................................................................... 41

Introdução ................................................................................................................. 41

Material e Métodos .................................................................................................... 43

Resultados e Discussões .......................................................................................... 47

Conclusões................................................................................................................ 53

Agradecimentos ........................................................................................................ 53

Referências ............................................................................................................... 57

ANEXOS ................................................................................................................... 57

ANEXO A – Normas de formatação do periódico Revista Semina Ciências

Agrárias ..................................................................................................................... 57

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Capítulo I

Introdução e Revisão Bibliográfica

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A demanda por proteína de origem animal para alimentação humana tem

aumentado nas últimas décadas. Deste modo, o maior desafio da pecuária de

corte brasileira é o aumento da produção de carne de qualidade. O que esta

associada à preferência do consumidor atual, por alimentos saudáveis,

privilegiando aqueles que desempenham um papel nutricional benéfico no

organismo. A carne ovina é uma excelente alternativa para atender a exigência

desse mercado, a qual merece destaque entre carnes vermelhas, pelo seu alto

valor nutritivo, alta digestibilidade, elevados níveis de proteína, vitaminas do

complexo B, ferro, cálcio e potássio, além de ser rica em HDL ("colesterol

bom") e possuir baixos teores de gordura saturada, tornando-se uma opção

para quem procura manter uma alimentação saudável e equilibrada.

Com relação à produção de carne ovina, o cordeiro é a categoria animal

com carne de melhor qualidade, por apresentar maior maciez, baixo teor de

gordura e maior suculência, e é nesta fase que apresenta maiores rendimentos

de carcaça e melhor eficiência de produção, devido à sua alta capacidade de

crescimento e conversão alimentar1.

O Brasil apresenta um cenário favorável à produção de ovinos que vem

crescendo ao longo do tempo, ainda que em menor escala quando comparado

a outras espécies, vem apresentando grande progresso e um mercado

promissor. E para que este mercado se consolide e se destaque entre os

consumidores, algumas mudanças na forma de apresentação e qualidade do

produto devem ser feitas, por ser de interesse de ambas as partes, tanto para o

consumidor quanto para o produtor, pois o consumidor quer qualidade e preço

baixo e o produtor quer satisfazer o cliente e ter um baixo custo, ou pelo menos

razoável, na criação do animal.

O maior custo da atividade pecuária é representado pela alimentação dos

ruminantes, principalmente ao utilizar alimentos de alta competitividade na

nutrição de monogástricos e humana, como o milho e o farelo de soja, surgindo

então a necessidade da utilização de fontes alimentares alternativas, capazes

de reduzir o custo de produção, dentre as quais destacam-se os resíduos e

subprodutos agroindustriais2.

O Brasil desenvolveu sua agroindústria, principalmente a de laranja,

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tornando-se o maior exportador de suco de laranja concentrado e congelado do

mundo3. Os dados estimados de fechamento da safra 2013/14 apontam para

uma produção total de laranja de 289,9 milhões de caixas de 40,8 kg3.

O bagaço de laranja é considerado um volumoso que tem se destacado

na alimentação de animais em crescimento, com pouco ou nenhum efeito

negativo na fermentação ruminal em comparação a alimentos ricos em amido4.

Aliada a essas características nutricionais, a época de produção do bagaço de

laranja é favorável, tendo início em maio e término em janeiro, abrangendo

justamente a entressafra de grãos, como o milho, e o período de escassez de

forragem5. Dessa forma, quando o milho atinge a cotação máxima e os pastos

níveis mínimos de utilização, o bagaço de laranja representa uma forma de

suplementação energética para essa época do ano.

Muitas pesquisas tem sido realizadas avaliando o desempenho de

ruminantes recebendo bagaço de laranja, entretanto a maioria delas utilizando

a polpa cítrica desidratada. A polpa de citrus peletizada pode ser utilizada em

substituição parcial ou total ao milho, para bovinos confinados, sem causar

prejuízo para o seu desempenho6. Contudo, foi observado que na região Norte

do Paraná, devido à oferta abundante e de baixo custo, os produtores têm

utilizado o bagaço da laranja sem adição de aditivos para sua conservação. A

elevada umidade aproximadamente 82% do bagaço da laranja constitui-se no

principal fator limitante à sua utilização e armazenamento7.

Neste contexto, surge a necessidade de identificar e oportunizar aos

produtores os melhores resultados em relação à produção e qualidade da

carne com os níveis de inclusão do bagaço de laranja em dietas de ovinos.

Portanto, o presente estudo teve como o objetivo, formar uma gradiente de

respostas em vários parâmetros, como o desempenho, perfil metabólico,

características quantitativas e qualitativas da carcaça até a economicidade de

confinar ovinos em função de níveis de substituição do milho moído pelo

bagaço da laranja.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SITUAÇÃO DA OVINOCULTURA

A cadeia da ovinocultura vem se destacando como uma atividade em

expansão dentro do agronegócio brasileiro como estratégia de

desenvolvimento rural e geração de renda, uma vez que a carne ovina possui

alto valor de mercado quando comparada ás demais.

Entretanto, a cadeia produtiva de ovinos enfrenta dificuldades, em função

da oferta sazonal, dispersa e fragmentada, com predominância de pequenos

lotes sem homogeneidade em tamanho, peso e terminação, prejudicando a

comercialização em grande escala8. A ovinocultura sofre com o problema da

falta de informação de alguns pecuaristas, que associam a criação e manejo de

ovinos às de bovinos e acabam fazendo um manejo equivocado e criando uma

expectativa de produção e renda que nem sempre é alcançada, resultando em

abandono e críticas a atividade, prejudicando o setor9. Aliado a isso, os

produtores colocam no mercado carcaças de idade avançada e com

características organolépticas indesejáveis, resultando em uma redução do

hábito de consumo10.

No entanto, essa situação da ovinocultura de corte encontra-se em fase

de mudança, que se expressam no surgimento de criadores especializados,

com a implantação de melhorias na criação de ovinos, o que contribui para

modificações significativas nos segmentos de produção e comercialização. São

apontados pelo menos dois fatores cruciais que impulsionaram essas

mudanças, por um lado, o surgimento do incremento no consumo de carne

ovina e aos novos padrões de qualidade de carcaça exigidos pelo mercado, o

que demanda no aumento da eficiência produtiva11.

Tal constatação tem impulsionado a produção de cordeiros para abate

que atenda essa procura por carne de qualidade, provocando a expansão da

ovinocultura em praticamente todos os lugares do Brasil, principalmente na

região Centro-Sul. No Paraná, registrou-se que a espécie ovina apresentou o

maior crescimento entre os animais explorados zootecnicamente, com 550 a

660 mil, o número de animais da espécie ovino12. O Paraná se destaca pela

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produção diferenciada de ovinos, sendo principalmente destinada à produção

de carne, com um sistema de criação intensivo ou semi-intensivo13. Todavia, a

manutenção deste aumento do rebanho paranaense exige um aprimoramento

técnico e científico que possibilite também um incremento na produtividade.

Assim, a estratégia de confinamento é uma forma de atender as duas

principais partes da cadeia produtiva (produtor e consumidor), ou seja, encurtar

o ciclo de produção e colocar no mercado carcaças de animais mais precoces

e carne ovina de qualidade. Contudo para conseguir altos índices produtivos,

faz-se necessário a adoção de sistemas intensivos de terminação, baseado na

utilização de confinamento com dietas de elevada concentração energética14.

Por outro lado, deve-se ter cuidado com o custo da alimentação, porque

principalmente o concentrado da dieta é a fração mais onerosa no sistema de

produção15. O milho é a fonte de energia mais utilizada na composição de

dietas concentradas para ruminantes, entretanto, variações no preço têm

limitado o seu uso.

2.2 O uso de bagaço de laranja na nutrição de ruminantes

A produção brasileira de resíduos tem crescido em função do incremento

das atividades agroindustriais, e estes resíduos apresentam potencial de uso

na alimentação de ruminantes como alternativa viável tanto do ponto de vista

nutricional, como econômico. Além disso, a sua utilização diminui o impacto

negativo ao meio ambiente, o qual reduz a necessidade de expansão das

áreas cultivadas, principalmente quando estes podem substituir parte do milho

e soja, normalmente utilizados nas dietas dos animais. Assim, o cultivo dessas

culturas geralmente exige alto nível tecnológico o que provoca grandes

mudanças ambientais, como, o acúmulo de subprodutos nos pátios e aterros

industriais pode trazer prejuízos às fontes de água, ou até mesmo desequilíbrio

na composição química/orgânica do solo ou gerar gases de efeito estufa, pela

própria decomposição da matéria orgânica16. Desta forma, a utilização de

subprodutos na alimentação animal contribui diretamente para a preservação

ambiental e deve compor uma alternativa para aumento da eficiência produtiva

da atividade pecuária com um menor custo.

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O bagaço de laranja vem sendo utilizado na alimentação animal na forma

peletizada, o processamento é realizado através de prensagens e secagem do

material “in natura”, elevando sua matéria seca, para 90%. No entanto esse

processamento de secagem apresenta elevado custo17. Assim têm se buscado

alternativas para utilização do bagaço de laranja úmido, uma vez este é

fornecido pelas cooperativas com uma oferta abundante e de baixo custo.

O bagaço de laranja é um alimento de rápida fermentação no rúmen, o

qual apresenta baixo teor de amido (8,4%)7, apresenta quantidade expressiva

de pectina, que é um componente da parede celular, sendo a substância que

lhe confere alto valor energético. Devido à presença da pectina, o bagaço de

laranja proporciona um ambiente ruminal mais propício à degradação da fração

fibrosa da dieta do que o milho em grão, que é rico em amido18, 7, 19. Dessa

forma, o bagaço de laranja tem sido associado à manutenção das condições

ruminais mais estáveis, com efeitos semelhantes aos observados quando se

utilizam alimentos volumosos, e particularmente importantes quando a dieta

tem elevada relação concentrado: volumoso18. Além disso, é considerado um

alimento com alto teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) e alto coeficiente

de degradabilidade da matéria seca, por outro lado, reduzido valor protéico20, 21,

19, 22, 19.

O bagaço de laranja desidratado, observaram coeficientes elevados de

digestibilidade para matéria orgânica (MO), matéria seca (MS), e extrato

etéreo (EE) nos valores 87.2%, 78.6% , 82,0% respectivamente19. Contudo,

estudando o bagaço de laranja in natura localizaram coeficientes de

digestibilidade de 69,02% para MS; 52,08% para PB e 57,87% para EE23, os

quais foram diferentes daqueles obtidos por outro autor, que observaram para

silagem de bagaço de laranja valores de 90,15%, 69,55% e 42,49%,

respectivamente24, para MS, PB e EE. Em outro trabalho alcançaram valores

de 67,72% de digestibilidade da FDN do bagaço de laranja25, semelhantes aos

relatos de confirmando a excelente qualidade da fibra deste material26,19.

Aumento no nível de inclusão da polpa cítrica em até 55% da matéria

seca da dieta, substituindo o grão de milho moído, não afetou o ganho de peso,

o consumo de matéria seca e a conversão alimentar de tourinhos confinados27.

O desempenho e as características de carcaça de novilhos cruzados (Nelore x

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19

Angus) alimentados com dietas contendo níveis de substituição do grão de

milho por polpa cítrica, não encontraram diferença em nenhuma das

características avaliadas, concluindo que o bagaço de laranja pode substituir o

grão de milho em até 100%, sem alterar o desempenho animal e as

características de carcaça6.

Dietas com baixa proporção de concentrado (20%), a polpa cítrica

substituiu o milho moído em 100% sem alterações no desempenho animal e

nas características de carcaça no entanto, em dietas com 80% de concentrado

a substituição resultou em redução considerável no consumo e no ganho de

peso28.

2.3 Características quantitativas ”in vivo” e na carcaça

Medidas obtidas a partir do animal vivo, como comprimento corporal,

alturas do anterior e posterior, perímetro torácico e largura da garupa,

associadas à avaliação subjetiva da condição corporal e conformação,

constituem ferramentas importantes na determinação do momento ideal de

abate, além de possibilitar atender exigências de padrões de qualidade de

diferentes mercados, os quais apresentam pouca padonização29.

Em animais destinados ao abate, a condição corporal busca estimar a

relação músculo: gordura, ou ainda, a cobertura de gordura das carcaças a

partir do animal vivo30. A condição corporal é um método subjetivo tátil que

permite observar o estado nutricional do animal, mediante a palpação das

apófises transversas e base da cauda, atribuindo escores de 1 (extremamente

magro) a 5 (excessivamente gordo)31.

Avaliação da carcaça por predição in vivo auxilia determinar o grau de

terminação e de desenvolvimento muscular dos animais32.

A conformação está associada à forma dos músculos e dos ossos, sendo

que a melhor conformação representa a maior quantidade de músculo e maior

relação músculo: osso e é influenciada pelo peso corporal ou da carcaça,

cobertura de gordura, grau de desenvolvimento, sexo e sistema de

alimentação30.

A conformação e a cobertura de gordura das carcaças são critérios que

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definem a qualidade das mesmas, pois aquelas bem conformadas e com ideal

cobertura de gordura tendem a receber maiores preços na comercialização31.

As carcaças podem ser avaliadas visualmente para conformação do animal

vivo, atribuindo-se escores 1,0 para magra e 5,0 para excelente33. Este critério

de qualidade tem sido adotado nos sistemas de avaliação de carcaças e, em

cada sistema, sua importância é dependente da relação com o peso e a

qualidade do produto. A conformação da carcaça visa à harmonia entre as

partes, devendo ser observada a convexidade das massas musculares31.

Os altos teores de gordura depreciam o valor comercial das carcaças;

entretanto, a cobertura de gordura é necessária por previnir maiores perdas de

água durante o resfriamento, que causa ressecamento da carne34. Carcaças

com pouca e desuniforme cobertura de gordura ressecam mais rapidamente no

processo de armazenamento ao frio, causando depreciação ao produto35.

O componente de maior importância na carcaça é o músculo, constituindo

a carne magra disponível aos consumidores. Os músculos que amadurecem

mais lentamente representam o índice de maior confiabilidade do

desenvolvimento e tamanho do tecido muscular. O músculo Longissimus

lumborum é de maturidade tardia e de fácil mensuração, o que o torna

preferência para determinação da área de olho de lombo, definida como uma

medida objetiva para predição da quantidade de músculo da carcaça36.

2.4 Viabilidade econômica da criação

Estudos sobre sistemas de terminação de cordeiros devem ser realizados

considerando os aspectos produtivos, econômicos e de sustentabilidade; com

objetivo do produtor permanecer na atividade. O confinamento de ovinos teve

uma crescente adoção nos últimos anos em virtude da redução do tempo para

o abate, da maior eficiência no controle sanitário, da melhor qualidade da

carcaça, da manutenção da oferta de forragem no período de escassez e,

conseqüentemente, de uma regularidade maior na produção e na qualidade da

carne ovina disponibilizada no mercado37.

No entanto, as maiores desvantagens se encontram nos altos custos de

produção, principalmente, relacionados à alimentação que se constitui em um

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dos maiores gastos dos custos de produção nos sistemas intensivos38.

Dependendo tipo de fruta o processo produtivo pode render subproduto de até

70%, constituindo-se em interessante opção para uso na alimentação animal,

principalmente em sistemas de confinamento durante a época seca39. A

disponibilidade e a qualidade desses materiais são bastante variáveis em

função do nível de industrialização e de acordo com as características de cada

região, assumindo papel de significativo valor econômico40.

O desempenho dos animais e as características da carcaça são

estudados em sistemas de terminação de cordeiros, entretanto, a análise

econômica não é realizada, apesar de ser importante e permitir o conhecimento

detalhado dos custos de produção. Isso é importante para auxiliar na melhoria

da produtividade com lucratividade e é um forte subsídio para o produtor

fundamentar as decisões a serem tomadas, estabelecer quais são as

prioridades, identificar a possibilidade de novos investimentos e avaliar

viabilidade do negócio.

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32 Tarouco JU. Métodos de avaliação corporal in vivo para estimar o mérito da carcaça ovina. In: Simpósio Internacional Sobre Caprinos E Ovinos De Corte, 2, 2003, João Pessoa. Anais... João Pessoa: EMEPA, 2003. 443-449p. 33 Colomer-Rocher F. Estudio de los parametros que definem los caracteres cuantitativos y cualitativos de los canales IN: Curso Internacional Sobre Produción De Carne Y Leche Com Bases En Pastos Yforrajes. La Coruña, Espanha, 1988. 34 Osório JCS, Osório MTM, Oliveira NM, Siewerdt L. Qualidade, morfologia e avaliação de carcaças. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária, 2002. 196 p. 35 Bueno MS, Cunha EA, Santos LE. Características de carcaça de cordeiros Suffolk abatidos em diferentes idades. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.6, p.1803-1810, 2000. 36 Pinheiro RSB. Aspectos quantitativos da carcaça e qualitativos da carne de ovinos de diferentes categorias. 2006. 106f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2006. 37 Lage JF, Paulino PVR, Pereira LGR, Valadares Filho SC, Oliveira AS, Detmann E, et al. Glicerina bruta na dieta de cordeiros terminados em confinamento. Pesq. Agropec. Bras., v.45, p.1012-1020, 2010. 38 Bath DL, Sosnik U. Formulation delivery and inventory control of cost-effective rations. In: Van HORN, H.H.; WILCOX, C.J. (Eds.) Large dairy herd management. Savoy: American Dairy Science Association, 1992. p.709-719. 39 Vasconcelos VR, Leite ER, Rogério MCP, Pimentel JCM, Neiva JNM. 2002. Utilization of byproducts of the fruit industry in goat and sheep feeding. Documentos - Embrapa Caprinos. 40 Marques Neto JM, Ferreira JJ. Tratamento de restos de cultura para alimentação dos ruminantes. Informe Agropecuário,v.10,n.119,p.38-42,1984.

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25

3.OBJETIVOS

3.4.Objetivo Geral

Avaliar os níveis de inclusão do bagaço de laranja em substituição ao

milho moído na dieta de cordeiros em terminação.

3.5.Objetivos Específicos

Verificar o desempenho animal, o consumo, o perfil metabólico, as

variáveis biométricas e a viabilidade econômica dos cordeiros terminados com

diferentes níveis de bagaço de laranja em substituição ao milho da dieta.

Avaliar as características quantitativas e qualitativas da carcaça e da

carne de cordeiros terminados com diferentes níveis de bagaço de laranja em

substituição ao milho da dieta.

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Capítulo II – Artigo científico

Viabilidade nutricional e econômica da substituição do milho moído por bagaço de

laranja em dietas de terminação de cordeiros confinados

Nutritional and economic feasibility of substitution of corn bran by fresh orange

pulp in the diet of finishing lambs

Josiany Baise 1

, Fabíola Cristine de Almeida Rego2, Luiz Fernando Coelho Cunha

Filho2, Lisiane Dorneles de Lima

3, Mônica Chaves Françoso

4, Lais Belan

4, Marilice

Zundt5

Resumo

O objetivo foi avaliar a viabilidade nutricional e econômica da substituição do milho

moído por bagaço de laranja na terminação de cordeiros confinados. Foram utilizados

32 cordeiros machos inteiros, mestiços Texel com peso inicial de 16 ± 2,5kg,

distribuídos em quatro tratamentos com quatro níveis de substituição (0, 33, 66 e 100%)

e oito repetições por tratamento. A dieta foi composta por 70% de concentrado e 30%

de feno de aveia (Avena strigosa), na matéria seca. Ao atingir o peso médio 32,5 kg os

animais foram abatidos. Não houve efeito significativo para as variáveis consumo de

matéria seca (CMS), consumo de matéria orgânica (CMO), consumo de proteína bruta

(CPB) e consumo de extrato etéreo (CEE). O ganho de peso total foi em média 21,2 kg

e o ganho de peso médio diário foi de 190 g e também não sofreram alterações com

adição do bagaço de laranja. Os custos com alimentação no período total de

confinamento variou entre R$ 145.41 a R$ 177,51, sendo o maior valor para o

tratamento 0% e 100% respectivamente na dieta com inclusão de bagaço de laranja. A

margem bruta de lucro variou de R$ 7,09 a R$ 22,43 por animal, para as dietas sem

bagaço de laranja e com 100% de inclusão, respectivamente. O desempenho animal não

foi afetado pela inclusão de bagaço de laranja, podendo substituir até 100% do milho

em uma dieta de cordeiros, sem provocar prejuízos ao consumo.

Palavras–chave: desempenho, consumo de matéria seca, consumo de nutrientes, ovinos

Abstract This study aimed to evaluate the nutritional and economical replacement of ground corn

by citrus pulp in diets for finishing feedlot lambs. We used 32 lambs, crossbred Texel

initial weight 16 ± 2.5kg, distributed in four treatments with four levels (0, 33, 66 and

100%) and four replicates per treatment. The concentrate was composed of 70% DM +

30% corn grain and oat hay (Avena strigosa). When lambs reached 35 kg of BW, they

were slaughtered. There was no significant effect for the variable dry matter intake

(DMI) , organic matter intake (OMI) , crude protein (CPI ) and the ether extract (EEI ).

The total weight gain averaged 21,2 kg and average daily weight gain was 190 g for day

and also did not change with addition of fresh orange pulp . Feed costs in total

confinement period ranged from U$65,5 to U$79,95, the highest value for the treatment

1Mestranda do Programa de Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes da Universidade Norte do Paraná, PR 218 - KM 01 - Jd.

Universitário, CEP 86702-670 - Cx. P. 560, Arapongas, PR; 2Docentes do Programa de Mestrado em Saúde e Produção de

Ruminantes da Universidade Norte do Paraná, fabí[email protected]; 3Pesquisadora Embrapa Caprinos e Ovinos, KM 4 da rodovia CE 187 - Sobral – CE; 4Mestranda do Programa de Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes da Universidade Norte

do Paraná, 5Dra, docente Universidade Oeste Paulista de Medicina;

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27 0% and 1+00% respectively in the diet with inclusion of orange peel. The gross profit

margin ranged from U$3,18 to R$10,10 per animal for diets without orange peel and

100% inclusion , respectively. Animal performance was not affected by the inclusion of

orange peel and can replace up to 100 % of corn on a diet of lambs without causing

losses to the cosumer.

Keywords: dry matter intake, nutrient intake, performance, sheep.

Introdução

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A crescente demanda por carne ovina registrada nos últimos anos impulsionou o

aumento da produção de cordeiros para o abate, gerando a necessidade de melhoria nas

técnicas de exploração. A adoção de algumas estratégias de produção intensiva faz-se

necessária no agronegócio da ovinocultura, principalmente onde o custo da terra é

considerado elevado.

Trabalhos tem mostrado alternativas para a produção de carne dos cordeiros,

dentre elas o confinamento (OTTO et al., 1997; MACEDO et al., 2000; ZUNDT et al.,

2002) é uma estratégia capaz de satisfazer tanto o produtor quanto o consumidor, uma

vez que permite encurtar o ciclo de produção e disponibilizar no mercado carcaças de

animais jovens e de melhor qualidade. No entanto, deve-se ter cuidado com o custo da

alimentação, pois principalmente o concentrado da dieta é a fração mais onerosa no

sistema de produção, correspondendo de 60 a 70% desses custos (DUTRA et al., 1997).

Desse modo, os alimentos alternativos, como os resíduos originados na produção

agrícola e na agroindústria em dietas de ruminantes pode desempenhar papel primordial

na economicidade de um sistema de produção. O Brasil possui diversidade de culturas

agrícolas, sendo estas grandes geradoras de residuos, que na maioria das vezes podem

ser aproveitados na alimentação animal, reduzindo assim a contaminação ambiental e

desempenhando um papel primordial na economicidade de um sistema de produção.

Segundo FURUSHO-GARCIA et al., (2000) os subprodutos assumem grande valor,

principalmente, na terminação em confinamento, quando o objetivo é a redução do

custo de produção.

Entre estes subprodutos, inclui-se o bagaço de laranja, sendo um ingrediente de

alta densidade energética para animais em crescimento, com pouco ou nenhum efeito

negativo na fermentação ruminal em comparação a alimentos ricos em amido

(BAMPIDIS & ROBINSON, 2006). Diferentemente dos grãos de cereais, como milho e

sorgo, o bagaço de laranja não contém teores significativos de amido, mas é rica em

açúcares solúveis (25% da MS), pectina (25% da MS) e fibra altamente digestível (23%

da MS). A pectina faz parte da estrutura da parede celular dos vegetais e é quase

totalmente (90-100%) degradável no rúmen (NOCEK & TAMMINGA, 1991).

Para avaliar o valor nutricional do alimento é de suma importância conhecer o

consumo voluntário dos animais, uma vez que o desempenho e a eficiência alimentar

são em função do consumo de matéria seca. Outra ferramenta importante para avaliação

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do desempenho produtivo dos animais em função da dieta fornecida é a avaliação da

carcaça dos animais. No entanto, devido ao alto custo e a dificuldade de aplicação das

avaliações, tem sido utilizadas metodologias de avaliação no animal vivo que permitam

predizer algumas características da carcaça. Neste sentido, descreveram métodos de

avaliação “in vivo” para estimar a condição corporal, verificando o status nutricional do

animal, os quais se modificam de acordo com as condições fisiológicas e nutricionais.

Entre estas, as medidas corporais, associadas à avaliação subjetiva da condição do

escore corporal, constituem ferramentas importantes na determinação do momento ideal

de abate.

Outro fator que ajuda a comprovar a eficácia do manejo nutricional e o estado

sanitário do animal é avaliação do perfil metabólico, que por sua vez é determinado

através de análises sanguíneas (NDLOVU et al., 2007).

Além dos fatores produtivos, a questão da viabilidade econômica da substituição

do milho moído pelo bagaço de laranja, é de suma importância, uma vez que para o

produtor o aspecto econômico é o principal fator determinante na escolha da dieta

utilizada na terminação de cordeiros.

Portanto, teve como objetivo o presente estudo avaliar vários parâmetros, como

consumo, desempenho, perfil metabólico e economicidade de confinar cordeiros em

função de níveis de substituição de milho moído pelo bagaço de laranja.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no município de Florestópolis, região Norte do

Paraná, durante o período de setembro a dezembro de 2012. Foram utilizados 32

machos inteiros, mestiços Texel, com peso médio inicial de 16 ± 2,5 kg. Os animais

foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado em quatro tratamentos

experimentais, com oito repetições. Os tratamentos foram quatro níveis de substituição

(0, 33, 66 e 100%) do farelo de milho pelo bagaço de laranja na matéria seca. O bagaço

de laranja foi adquirido da Cooperativa de Cafeicultores de Maringá Ltda

(COCAMAR), situada na cidade de Rolândia, PR.

Os animais foram confinados em baias cobertas, suspensas, com piso de madeira

ripado. Previamente ao início do experimento, os cordeiros foram vermifugados. As

dietas experimentais foram formuladas para atender às exigências nutricionais de

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cordeiros de porte médio e ganho de peso estimado em 250 g/dia, com base no NRC

(2007), contendo 30% de volumoso e 70% de concentrado, e acesso irrestrito a água

(Tabela 1).

A alimentação foi dividida em duas refeições, fornecidas às 8h e às 16h. Foram

recolhidas e pesadas as sobras de alimentos, antes do trato da manhã, para ajuste da

quantidade ofertada e cálculo do consumo de MS. As sobras eram mantidas em torno de

15% do total ofertado e eram colhidas diariamente (uma por tratamento) e congeladas

para posteriores análises. Destas amostras colhidas efetuou-se uma amostra composta a

cada 21 dias, por tratamento. A composição química das dietas foi determinada segundo

metodologia descrita pela AOAC (1990) para avaliação dos teores de matéria seca

(MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM) e extrato etéreo (EE). Os teores de

FDN e FDA serão determinados segundo VAN SOEST et al., 1991. Os carboidratos

totais (CT) e os carboidratos não fibrosos(CNF) foram calculados segundo SNIFFEN et

al., 1992, e os nutrientes digestíveis totais (NDT), segundo KEARL (1982). As análises

químico-bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Bromatologia da

Universidade Norte do Paraná.

Tabela 1- Proporção de ingredientes e composição química das dietas experimentais (%

MS) de cordeiros alimentados com dietas contendo milho moído em substituição ao

bagaço de laranja.

Item Níveis de substituição

0% 33% 66% 100%

Ingredientes

Feno de aveia 30,0 30,0 30,0 30,0

Bagaço de laranja - 16,89 33,79 50,56

Milho moído 50,56 33,79 16,89 -

Farelo de soja 17,54 17,54 17,54 17,54

Sal mineral 1,50 1,50 1,50 1,50

Composição química

Matéria pré- seca 89.00 66.00 52.00 43.00

Matéria seca 90,71 90,00 90,42 90,60

Matéria mineral 4,16 5,30 6,76 7,93

Extrato etéreo 2,91 2,37 2,15 2,29

Fibra em detergente neutro 29,2 32,1 37,6 42,3

Fibra em detergente ácido 12,2 16,5 19,8 24,2

Carboidratos totais 75,9 74,0 70,6 70,4

Carboidratos não fibrosos 46,7 41,9 33,0 28,0

Proteína bruta 17,0 18,3 20,5 19,4

Proteína insolúvel detergente neutro 1,48 0,90 1,48 2,21

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0% de bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo

bagaço de laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja

O período total de confinamento foi de 89 dias, de modo que os primeiros 14 dias

foram destinados à adaptação dos animais às instalações e à dieta alimentar. Os animais

foram pesados (após jejum de 16 horas) no dia zero do experimento, a cada 21 dias e

um dia antes do abate para acompanhamento do ganho de peso diário e conversão

alimentar do lote (kg de matéria seca ingerida/kg ganho de peso vivo). No momento da

pesagem também foi avaliado o escore corporal dos animais (SILVA SOBRINHO,

2001). Também foram realizadas as medidas biométricas, utilizando-se uma fita

métrica, de acordo com a metodologia de YÁÑEZ et al., (2004). Foram tomadas as

seguintes medidas: comprimento corporal- distância entre a articulação cervicotorácica

e a base da cauda; altura do anterior- distância entre a região da cernelha e a

extremidade distal do membro anterior; altura do posterior- distância entre a

tuberosidade sacral, na garupa, e a extremidade distal do membro posterior; perímetro

torácico- perímetro tomando-se como base o esterno e a cernelha, passando por trás da

paleta; largura da garupa- distância entre os trocânteres maiores dos fêmures;

comprimento da garupa- distância entre as partes cranial da tuberosidade ilíaca e a

caudal da tuberosidade isquiática; largura do peito- distância entre as faces das

articulações escápuloumerais; e o perímetro abdominal- circunferência externa do

abdômen, na linha da cicatriz umbilical.

Na seqüência foi colhido sangue de todos os cordeiros através de venopunção

jugular, distribuído em dois tubos a vácuo (Vacutainer®), contendo ácido

etilenodiamino tetra-acético (EDTA) a 10% e o outro sem anticoagulante com gel

ativador da coagulação para obtenção do soro. As análises plasmáticas incluíram a

determinação da glicose, creatinina e as sorológicas de colesterol, triglicerídeos e uréia,

todas as análises foram efetuadas através de técnicas de espectrofotometria utilizando-se

kits comerciais (Sistema Labtest de Diagnóstico Clínico), através de espectrofotômetro

BioPlus.

Foram calculados os custos da utilização de bagaço de laranja em substituição ao

grão de milho moído. No entanto, foram considerados na análise apenas os custos

relacionados à dieta, pois os outros fatores, como instalações e mão de obra, foram os

mesmos em todos os tratamentos. Para o cálculo do custo por Kg de matéria seca da

Proteína insolúvel detergente ácido 1,08 0,97 1,56 1,85

NDT 73,68 70,44 67,76 51,72

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dieta foram considerados os custos individuais de cada ingrediente da dieta (bagaço de

laranja, milho moído, farelo de soja), sal mineral. Para a conversão alimentar

considerou-se os dados do lote (consumo de matéria seca do lote/ganho de peso do lote)

em todo o período de confinamento. Para o custo de aquisição do cordeiro magro

considerou-se o peso do cordeiro e o custo/kg de peso vivo, que na ocasião foi de R$

6,00 (peso cordeiro x R$ 6,00). O custo da alimentação por animal no confinamento foi

obtida a partir do produto entre o ganho de peso total por cordeiro e o custo por kg de

peso vivo engordado no confinamento (ganho de peso total x custo/kg PV). O custo/kg

de ganho de peso vivo foi o produto entre a conversão alimentar e o custo por kg da

dieta. O custo total por animal foi a soma entre o custo de alimentação por animal mais

o valor do cordeiro magro adquirido. A receita da carcaça foi o produto entre o peso

médio da carcaça e o valor de venda por kg de carcaça (R$ 13,00). A margem bruta por

animal foi obtida pela subtração entre a receita bruta e o custo total por animal.

As análises estatísticas das variáveis estudadas foram interpretadas por análise de

variância e quando significativo à nível de 5% de probabilidade, foi realizada análise de

regressão, utilizando-se o programa SAS, versão 9.2.

Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética para o uso de animais da

UNOPAR (CEA) e está de acordo com os princípios éticos de experimentação animal

seguindo protocolo nº 011/12 - Viabilidade nutricional e a qualidade da carne de

cordeiros recebendo alta quantidade de concentrado com diferentes níveis de

substituições do milho pela polpa cítrica.

Resultados e Discussão

As variáveis relacionadas ao consumo de matéria seca (CMS) e consumo de

nutrientes (CMO, CPB, CEE, CFDN, CFDA) não foram influenciadas pelos níveis de

inclusão de bagaço de laranja na dieta (Tabela 2). Esse resultado demonstra que o

bagaço de laranja pode ser incluído como 100% do volumoso em uma dieta de

cordeiros, sem provocar prejuízos no consumo. Contrariando esses resultados,

HENRIQUE et al., (1998) verificaram que quando o bagaço de laranja substitui 55% da

MS da dieta, provocou redução da ingestão de MS e também no ganho de peso de

bovinos em confinamento.

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Esperava-se que ocorresse limitação física dos compartimentos gastrintestinais,

caracterizada pelo rápido enchimento do rúmen retículo devido a menor concentração

energética da dieta com 100% de bagaço de laranja (51,72% de NDT) e pelos maiores

níveis de FDA e FDN , sendo 24,2 e 42,3%, respectivamente, entretanto não houve

alteração no consumo dos animais. Da mesma forma ÍTAVO et al., (2000) ao avaliarem

o efeito da substituição da silagem de milho pelo bagaço de laranja na alimentação de

vacas leiteiras também não verificaram efeitos no consumo de nutrientes.

Pesquisas demonstram que há limitações no uso da polpa cítrica seca, podendo ser

substituída em rações concentradas para ovelhas em lactação numa proporção de até

10% da MS total (FEGEROS et al.,1995); e que quando adicionada em nível de 30% da

MS da dieta pode levar à redução ou mesmo suspensão do consumo pelo animal

(EZEQUIEL, 2001). Entretanto trabalhos pioneiros com polpa cítrica in natura, já

demonstravam eficiência de seu uso em substituição de até 60% do volumoso da dieta

em bovinos (VIJCHUALTA et al., 1980).

Tabela 2. Ingestão de nutrientes em cordeiros alimentados com dietas contendo milho

moído em substituição ao bagaço de laranja na dieta.

Parâmetros Níveis de substituição (%)

1Equação de

regressão

2P

3CV (%)

0 33 66 100

CMS(g/d) 975,1 1023 1123 1110 Ŷ =1057 0,62 17,25

CMS(%PV) 3,68 4,12 4,34 4,13 Ŷ =4,07 0,55 15,98

CMO(g/d) 918,9 958 1030 1009 Ŷ =979,3 0,76 16,64

CMO(%PV) 7,82 8,53 8,92 8,5 Ŷ =8,44 0,70 15,25

CPB(g/d) 20,1 25,8 30,4 26,3 Ŷ =0,6659 0,66 44,85

CFDN(g/d) 306,4 371,3 423,3 453,5 Ŷ =0,2041 0,20 24,22

CFDA(g/d) 144,4 208,3 249,6 285 Ŷ =0,0689 0,06 29,71

CEE(g/d) 32,3 35,6 32,8 33,0 Ŷ =0,9479 0,94 25,89

Fonte: Elaboração do autor.

*0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 1Equação de

Regressão=média dos

tratamentos; 2P –

3CV – Coeficiente de variação

A ingestão de FDN e FDA neste estudo não diferiram significativamente

(P>0,05), provavelmente o aumento destes nas dietas com maiores inclusões de bagaço

de laranja não foram suficientes ao ponto de interferir significativamente na ingestão

desses nutrientes. Os valores médios de ingestão de FDN em % PV foram de 1,2 e 1,8%

para os tratamentos com 0 e 100% de bagaço de laranja, respectivamente.

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Provavelmente não houve alteração no consumo da parte fibrosa (CFDN e CFDA)

devido à qualidade da parede celular do bagaço de laranja, conforme já foi demonstrado

em outros trabalhos, apresentando elevados valores de digestibilidade da FDN de dietas

contendo polpa cítrica (BEN-GHEDALIA et al., 1989). Esses autores atribuíram esse

efeito à elevada proporção de pectina na porção fibrosa do bagaço de laranja; que é um

carboidrato estrutural de alta e rápida degradação ruminal, atingindo 90 a 100%, sendo

invariavelmente, o carboidrato complexo de mais rápida degradação ruminal (VAN

SOEST, 1994).

O ganho de peso médio diário (GPMD), o ganho de peso total (GPT) e o peso ao

abate (PA) foram semelhante entre os tratamentos (Tabela 3), o que pode ser em

decorrência do consumo de MS e de nutrientes ter sido semelhante também entre as

dietas avaliadas. Sabe-se que as diferenças em ingestão proporcionam de 60 a 90% das

variações no desempenho animal (MERTENS, 1994). Da mesma forma, em pesquisa

avaliando níveis de substituição do milho pela polpa citrus peletizada (0, 33, 64 e 100%)

não verificaram alterações no ganho médio diário de cordeiros Suffolk, BUENO et al.,

2000, apresentando média de ganho de peso de 214 g/dia. Da mesma forma, SANTOS

et al., 1999, também não verificaram efeito da substituição do milho grão moído pela

polpa cítrica peletizada em até 100%, sobre o desempenho de cordeiros da raça Santa

Inês.

Tabela 3. Peso de abate (PA, kg), ganho de peso total (GPT, kg) e ganho de peso médio

diário (GPMD,g), em cordeiros alimentados com dietas contendo milho moído em

substituição ao bagaço de laranja

Parâmetros Nível de substituição

* 1Equação de

regressão1

3CV 0% 33% 66% 100%

2P

PA, kg 32,2 33,8 32,9 31,2 Ŷ =32,2 0,68

01 13,5

GPT, kg 15,5 17,5 16,8 15,2 Ŷ =16,25 0,51 21,27

GMD, g 180 200 190 180 Ŷ =188,00 0,72 24,60 Fonte: Elaboração do autor.

*0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 1Equação de

Regressão=média dos

tratamentos; 2P – probabilidade,

3CV = Coeficiente de variação

Em relação às medidas biométricas a altura anterior e posterior, perímetro torácico

e abdominal não deferiram significativamente (P>0,05) entre os tratamentos, no entanto,

a largura da garupa, da perna e do peito diminuiu linearmente (P<0,05) em função dos

níveis de bagaço de laranja (Tabela 4). Provavelmente as maiores medidas nessas

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regiões, pode ser devido ao maior aporte de nutrientes na dieta dos animais que

receberam maiores proporções de carboidratos não fibrosos, o que resultou na maior

deposição de músculos nessas regiões.

Tabela 4. Altura anterior (AA, cm) e altura posterior(AP,cm), perímetro torácico (PT,

cm) e largura da perna(LPERN cm) de cordeiros alimentados com dietas contendo

milho moído em substituição ao bagaço de laranja

Parâmetros Nível de substituição

* 1Equação

regressão

2R

3P

4CV

(%)

0% 33% 66% 100%

AA (cm) 55,8 55,3 55,2 54,7 Ŷ =55,2 - 0,0001 6,34

AP (cm) 57,4 57,8 57,6 56,1 Ŷ =57,2 - 0,0001 6,84

PT (cm) 79,3 78,6 78,2 77,2 Ŷ =78,3 - 0,0001 8,09

PA (cm) 87,7 88,5 87,3 88,3 Ŷ =87,9 - 0,0001 8,80

LG (cm) 20,3 20,4 20,3 18,4 Ŷ =20,9-0,01x 41,5 0,0001 14,1

LP (cm) 18,7 18,1 18,4 17,4 Ŷ =18,7-0,01x 38,1 0,0001 15,0

LPER (cm) 27,9 28,1 27,6 25,1 Ŷ =28,5-0,027x 53,2 0,0001 16,5

*0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 1Equação de

Regressão=média dos

tratamentos; 2R= coeficiente de determinação,

3P–probabilidade,

4CV – Coeficiente de variação

Os valores observados das medidas biométricas, estão similares aos encontrados

por GARCIA et al., 2003, que trabalharam com cordeiros Suffolk alimentados em

comedouro seletivo com diferentes níveis de energia na dieta e abatidos aos 31 kg de

peso corporal.

Os teores de glicose plasmática, encontraram-se dentro dos padrões de

normalidade (50-80 mg/dL) recomendados por KANECO et al., 2008. Os níveis de

colesterol se mostraram abaixo do parâmetro fisiológico da espécie ovina (52-76

mg/dL) (GONZÁLEZ & SILVA, 2003), e os teores de triglicerídeos séricos

encontraram-se pouco acima dos padrões de normalidades (9–30mg/dL) descritos por

KANECO et al., 2008, o que podem indicar pequena deficiência energética na dieta

destes animais.

Tabela 5. Concentrações plasmáticas e/ou sorológicas de colesterol, glicose, creatinina,

triglicerídeos, uréia de cordeiros alimentados com dietas contendo milho moído em

substituição ao bagaço de laranja.

Parâmetros Nível de substituição

*

0% 33% 66% 100%

Colesterol (mg/dL) 46,3

43,5 43,1 52,2

Glicose(mg/dL) 88,4 75,1 64,2 65,41

Creatinina(mg/dL) 0,10 0,10 0,09 0,11

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Triglicerídeos(mg/dL) 35,5 30,6 38,4 34,7

Uréia(mg/dL) 69,7 65,3 63,7 63,9 *0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja

A concentração de uréia plasmática, encontra-se dentro dos padrões de

normalidades (50-80 mg/dL), assim como os valores de creatinina (0,8 – 1,1 mg/dL).

Estes resultados de uréia e creatinina estão diretamente correlacionados com a ingestão

de proteína, uma vez que foi suficiente para suprir as exigências dos microorganismos

ruminais para fazer a síntese de proteína microbiana e assim suprir as exigências dos

animais, sem causar nenhum distúrbio protéico, fato importante, uma vez que os

cordeiros novos necessitam de mais proteína para o crescimento e o desenvolvimento do

que animais adultos.

A viabilidade econômica do uso de bagaço de laranja em substituição ao milho

mostrou resultados positivos (Tabela 6), apresentando margem bruta de lucro por

animal de R$7,09 e R$31,38 para as dietas com 0 e 100% de bagaço de laranja

respectivamente; ou seja, um lucro 4,4 vezes maior. O fator que mais contribuiu para

este resultado foi que o custo por kg de matéria seca da dieta com 100% de bagaço de

laranja foi R$ 0,35 inferior à dieta sem bagaço de laranja.

Tabela 6. Efeito dos níveis de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja para

cordeiros na fase de terminação sobre o custo (R$) por quilograma de ganho de peso e

Margem Bruta (R$/animal).

Tratamentos

Variáveis T0% T33% T66% T100%

1-CUSTO/kg MS da dieta total 0,95 0,83 0,72 0,60

2-Conversão alimentar 5,25 6,09 6,68 5,55

3-Custo cordeiro magro 98,22 97,50 96,36 95,22

4-Custo alimentação/animal no confinamento, R$ 79,29 88,53 80,30 50,19

5-Custo/kg de ganho de peso vivo 5,00 5,05 4,77 3,30

6-Custo total/animal, R$ 177,51 186,03 176,66 145,41

7-RECEITA VENDA CARCAÇA 184,60 201,50 192,40 176,80

8-MARGEM BRUTA /ANIMAL 7,09 15,47 15,74 31,38 1-Custo por kg de ingrediente na dieta total ;2 Consumo de MS/ ganho de peso;3-Peso do animal;8- peso por kg de PV (6,00R$);4-

Ganho de peso total x custo/kg de ganho de peso vivo;5-Conversão alimentar x custo/kg MS da dieta total;6-Custo do cordeiro

magro mais custo alimentação/animal;7 Peso médio da carcaça/animal * valor da venda da carcaça (13,00R$/kg);8-Receita bruta -

custo total/animal

O custo por kg de MS da ração total foi decrescente, à medida que se elevou a

substituição do milho pelo bagaço de laranja. Isto de deve à maior adição de milho na

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dieta T0, que na ocasião teve o agravante da alta nos preços do milho e também do

farelo de soja, sendo R$ 760,00 e R$ 1570,00/tonelada, respectivamente.

A conversão alimentar dos lotes foi muito similar, exceto para o T66, que

apresentou conversão de 6,68; o que pode ter prejudicado um pouco este tratamento. O

GPT (Tabela 3) por animal no T0 e no T100 foram semelhantes, 15,5 e 15,2 kg

respectivamente, o que indica que a grande diferença na margem bruta, seja em função

do baixo custo da dieta com 100% de bagaço de laranja. O baixo teor de matéria pré-

seca da dieta T100 (Tabela 1) não prejudicou o consumo dos animais (Tabela 2), o

ganho de peso dos mesmos (Tabela 3) e por fim proporcionou o menor custo por kg de

matéria seca e também o maior lucro no confinamento (Tabela 6).

Conclusões

É possível substituir totalmente o milho moído por bagaço de laranja em até 50%

da matéria seca, sem prejudicar o consumo, desempenho e perfil metabólico. A

utilização da polpa cítrica úmida depende de fatores econômicos e da disponibilidade do

produto em cada região.

Agradecimentos

À fornecedora do bagaço de laranja, Cooperativa de Cafeicultores de Maringá

Ltda (COCAMAR), situada na cidade de Rolândia, PR.

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Capítulo III – Artigo científico

Interferência do bagaço de laranja sobre as características da carcaça e carne de

cordeiros confinados

Interference from orange peel on carcass and meat characteristics of lambs feedlot

Josiany Baise1, Fabíola Cristine de Almeida Rego

2, Agostinho Ludovico

2, Lisiane

Dorneles de Lima3, Camila Constantino

4, Mônica Françoso

5

Resumo

Este estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade nutricional e econômica da

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja na dieta de terminação de cordeiros

em confinamento. Foram utilizados 32 cordeiros machos inteiros, mestiços Texel com

peso inicial de 16 ± 2.5kg, distribuídos em quatro tratamentos com quatro níveis de

substituição (0, 33, 66 e 100%) e quatro repetições por tratamento. A dieta foi composta

por 70% de concentrado e 30% de volumoso (feno de aveia). As características de

rendimento de carcaça avaliadas se assemelharam entre os tratamentos (p>0,05), e o

rendimento de carcaça fria (RCF) foi em média 44,5%. As características morfológicas

da carcaça se alteraram em função dos tratamentos. Houve efeito linear decrescente para

área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura (EG) em função da inclusão do

bagaço de laranja. A composição química da carne foi semelhante entre os tratamentos

(p>0,05) e o teor de lipídeos totais e proteína bruta apresentaram médias de 2,30% e

22,02%, respectivamente. Também não houve efeito para o pH, marmoreio, coloração e

capacidade de retenção de água. A substituição do milho moído pelo bagaço de laranja

na dieta de cordeiros provocou alterações nas medidas morfológicas da carcaça de

cordeiros, na área de olho de lombo e na espessura de gordura. As características da

carne não sofreram mudanças com a inclusão do bagaço de laranja. Assim o uso do

bagaço de laranja na alimentação constitui uma alternativa para terminação de cordeiros

em regiões produtoras.

Palavras chave – conformação da carcaça, marmoreio, propriedades organolépticas,

rendimento de carcaça

Abstract

This study aimed to evaluate the nutritional and economical replacement of ground corn

by citrus pulp in diets for finishing feedlot lambs. We used 32 lambs, crossbred Texel

initial weight 16 ± 2.5kg, distributed in four treatments with four levels (0, 33, 66 and

100%) and four replicates per treatment. The diet was composed of 70% concentrate

and 30% forage oat hay .The characteristics of carcass yield were similar among

treatments (p>0.05), and cold carcass yield (CCY) was on average 44,5%. The

morphological characteristics were different among the treatments . Decreased linearly

1Mestranda do Programa de Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes da Universidade Norte do Paraná, PR 218 - KM 01 - Jd.

Universitário, CEP 86702-670 - Cx. P. 560, Arapongas, PR; 2Docentes do Programa de Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes da Universidade Norte do Paraná, fabí[email protected]; 3Pesquisadora Embrapa Caprinos e Ovinos, KM 4 da

rodovia CE 187 (estrada Sobral/Groaíras) Sobral – CE; 4Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal

(Universidade Estadual de Londrina); 5Mestranda do Programa de Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes da Universidade Norte do Paraná, PR 218 - KM 01 - Jd. Universitário, CEP 86702-670 - Cx. P. 560, Arapongas, PR

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42 for loin eye area (LEA) and fat thickness (FT) due to the inclusion of orange peel . The

chemical composition of the meat was similar among treatments (p>0.05) and the lipids

total content and CP showed averages of 2,30 % and 22,02% , respectively. There was

also no effect on pH, marbling, color and water retention capacity . The replacement of

ground corn with orange peel in the diet of lambs caused changes in the morphological

measurements of carcasses of lambs in loin eye area and fat thickness. Meat

characteristics have not changed with the addition of orange peel Thus the use of orange

peel is an alternative for finished lambs in regions that produce.

Key words: carcass conformation, marbling, organoleptic properties, carcass yield

Introdução

O aumento da oferta de carne ovina no Brasil está associado à melhoria dos

sistemas de produção, visando atender à grande demanda do mercado consumidor.

Principalmente nos grandes centros urbanos, muitas pessoas buscam adquirir carnes de

maior qualidade provenientes principalmente de animais jovens terminados em

confinamento. Porém, a ovinocultura de corte em sistemas intensivos de produção,

encontra obstáculos em relação ao custo da dieta, um dos aspectos mais importantes na

produção de carne (YAMAMOTO, 2006). De acordo com HEGARTY, MEUTZE,

ODDY (1999), pode-se obter cordeiros com boa qualidade da carne, e menores custos

de produção; no entanto, é necessário um plano nutricional adequado, visando a

utilização de dietas menos onerosas que atendam às exigências nutricionais dos animais.

Embora ainda não largamente utilizada no Brasil como requisito comercial, a

carcaça ovina, aliada aos seus componentes de qualidade, adquire cada vez mais

importância, pois como observou COLOMER-ROCHER (1976), que as transações

comerciais no mercado de carne tendem a realizar-se cada vez mais sobre a carcaça e

menos sobre o animal em pé. Sendo a carcaça o principal produto de cordeiros

destinados ao abate, o conhecimento das variações desta, frente a um diferencial de peso

vivo no momento do sacrifício do animal (principal parâmetro considerado para a venda

de cordeiros em nosso meio), constitui-se uma importância econômica ao produtor. Da

mesma forma, deve ser considerada sua qualidade ou seus determinantes de qualidade

comercial. Segundo COLOMER-ROCHER (1973), seria o conjunto de características

cuja importância relativa confere à carcaça uma máxima aceitação e um maior preço, ou

frente aos consumidores ou frente à demanda do mercado.

Em face disso, a qualidade da carne tem feito parte de estudos cada vez mais

objetivos, fundamentando-se em testes químicos e físicos, variando em função do

segmento observado, se é a produção, indústria, comércio ou consumidor (DABÉS,

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2001; SILVA SOBRINHO et al., 2005). Dentre as características mais importantes

destacam-se a qualidade química, baseada no estudo dos níveis de proteína, lipídios,

colesterol e ácidos graxos; a física analisa os parâmetros do pH, cor, perda de peso por

cocção, capacidade de retenção de água e a qualidade sensorial avalia o sabor, maciez,

aroma, suculência entre outros, uma vez que são características determinantes na

decisão de compra da carne.

Portanto o presente estudo teve como objetivo de avaliar as características

quantitativas e qualitativas da carcaça e da carne de cordeiros em função de níveis de

substituição de milho moído pelo bagaço de laranja.

Material e Métodos

Foram utilizados 32 machos inteiros, mestiços Texel, com peso médio inicial de

16 ± 2,5 kg. Os animais foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado

em quatro tratamentos experimentais, com oito repetições. Os tratamentos foram quatro

níveis de substituição (0, 33, 66 e 100%) do milho em grão pelo bagaço de laranja na

matéria seca (Tabela 1).

O experimento foi conduzido em uma propriedade no município de Florestópolis-

PR. O período experimental total foi de 89 dias, sendo os primeiros 14 dias de

adaptação dos cordeiros às dietas experimentais. Antes do início do experimento, os

animais foram vermifugados.

Tabela 1- Proporção de ingredientes e composição química das dietas experimentais (%

da MS).

Item Níveis de substituição

0% 33% 66% 100%

Ingrediente

Feno de aveia 30,0 30,0 30,0 30,0

Bagaço de laranja - 16,89 33,79 50,56

Milho moído 50,56 33,79 16,89 -

Farelo de soja 17,54 17,54 17,54 17,54

Sal mineral 1,50 1,50 1,50 1,50

Composição nutricional

Matéria pré seca 89,00 66,00 52,00 43,00

Matéria seca 90,71 90,00 90,42 90,60

Matéria mineral 4,16 5,30 6,76 7,93

Extrato etéreo 2,91 2,37 2,15 2,29

Fibra em detergente neutro 29,2 32,1 37,6 42,3

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*0% de bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 100% de substituição do milho moído pelo bagaço

de laranja;

Os animais foram confinados em baias cobertas, suspensas, com piso de madeira

ripado. As dietas experimentais foram formuladas para atender às exigências

nutricionais de cordeiros de porte médio e ganho de peso estimado em 250 g/dia, com

base no NRC (2006), contendo 30% de volumoso (feno de aveia) e 70% de

concentrado, e acesso irrestrito a água (Tabela 1).

A alimentação foi dividida em duas refeições, fornecidas às 8h e às 16h. Foram

recolhidas e pesadas as sobras de alimentos, antes do trato da manhã, para ajuste da

quantidade ofertada e cálculo do consumo de MS. As sobras eram mantidas em torno de

15% do total ofertado e eram colhidas diariamente (uma por tratamento) e congeladas

para posteriores análises. Destas amostras colhidas efetuou-se uma amostra composta a

cada 21 dias, por tratamento. A composição química das dietas foi determinada segundo

metodologia descrita pela AOAC (1990) para avaliação dos teores de matéria seca

(MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM) e extrato etéreo (EE). Os teores de

FDN e FDA serão determinados segundo VAN SOEST et al., (1991). Os carboidratos

totais (CT) e os carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados segundo SNIFFEN et

al., (1992) e os nutrientes digestíveis totais (NDT), segundo KEARL (1982). As

análises químico-bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Bromatologia da

Universidade Norte do Paraná.

Os animais permaneceram confinados, e o abate foi realizado a medida que os

animais atingiram 32.5 kg de PV. Antes do abate, os animais foram submetidos a jejum

de 16 horas de dieta sólida e líquida. Foram pesados para obtenção do peso vivo ao

abate (PVA), o ganho de peso total no período (kg) e o ganho de peso vivo diário (em

g). Foi coletado o trato gastrointestinal e efetuada a pesagem do mesmo, cheio e vazio,

para o cálculo do peso corporal vazio. As carcaças foram pesadas logo após o abate e

evisceração para obtenção do peso da carcaça quente (PCQ) e após 24 horas de

resfriamento para peso da carcaça resfriada (PCF). Os rendimentos de carcaça foram

Fibra em detergente ácido 12,2 16,5 19,8 24,2

Carboidratos totais 75,9 74,0 70,6 70,4

Carboidratos não fibrosos 46,7 41,9 33,0 28,0

Proteína bruta 17,0 18,3 20,5 19,4

Proteína insolúvel detergente neutro 1,48 0,90 1,48 2,21

Proteína insolúvel detergente ácido 1,08 0,97 1,56 1,85

Nutrientes Digestíveis totais 73,68 70,44 67,76 51,72

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calculados pelas porcentagens dos pesos da carcaça quente (RCQ = PCQ/PVA*100) e

fria (RCF = PCF/PVA*100), em relação ao peso vivo ao abate. O índice de quebra ao

resfriamento (IQ = PCF/PCQ X 100) e a perda de peso por resfriamento (PR =

(PCQPCF/PCQ) *100) (OSÓRIO; OSÓRIO, 2005).

Foi realizada avaliação de acabamento, conformação e gordura estriada do flanco

utilizando padrões fotográficos (CAÑEQUE; SAÑUDO, 2000). Foram realizadas

medidas de comprimento de carcaça, profundidade torácica, comprimento, perímetro e

profundidade de perna de braço (OSÓRIO; OSÓRIO, 2005).

As meias carcaças esquerdas, após refrigeração, foram seccionadas na altura entre

a 12a e 13

a costela para avaliação da área de olho de lombo, espessura de gordura,

profundidade, largura e marmoreio do músculo Longíssimos dorsi (CEZAR; SOUZA,

2007). A taxa de marmoreio foi avaliada subjetivamente utilizando padrões fotográficos

(AMSA, 1978), onde foram atribuídas notas de 1 a 6 (1 = traços de marmoreio e 6 =

marmoreio abundante). Foi retirado da carcaça e enviado ao laboratório o músculo

Longíssimus da carcaça direita, sendo este fatiado formando as seguintes amostras: 3

bifes (3cm) para força de cisalhamento; 2 bifes (3cm) para análise sensorial; 1 bife

(2cm) para avaliar, perda no processamento, cor, pH e perda de água por pressão.

A medida de cor foi realizada no músculo Longissimus dorsi na área do olho de

lombo, 24 horas após o abate e 20 minutos após o corte da carne. A cor foi analisada

através do aparelho colorímetro portátil Minolta® para avaliação dos componentes L*

(luminosidade), a* (componente vermelho-verde) e b* (componente amarelo-azul) que

foram expressos no sistema de cor CIELAB. Foram efetuadas 3 medidas de cada

amostra e com a média destas obteve-se o croma e tonalidade (HOUBEN et al., 2000).

Foi realizada na mesma porção a perda de água por pressão (PAP), avaliada pelo

método de pressão em papel filtro (BARBUT, 1996); perda de água no processamento,

pesando o bife antes e após o período de maturação; foi realizada medida de pH interno

utilizando um aparelho portátil com eletrodo de inserção. O restante das amostras após o

período experimental foi congelada a -18°C para posteriores análises.

Para a determinação da perda por descongelamento (PDESC), as amostras foram

pesadas congeladas e após o descongelamento (em temperatura de 2 ± 2ºC por 24

horas), por meio da razão entre o peso da amostra descongelada e o peso da amostra

congelada multiplicada por 100. Na seqüência foi realizada a cocção da carne em forno

elétrico, onde a carne foi cozida por 10 minutos e posteriormente virada e cozida por

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mais 10 minutos. A perda pela cocção (PCOC) foi à razão entre a peso da amostra

descongelada sobre a amostra cozida multiplicada por 100 (AMASA, 1978).

A análise sensorial foi realizada por um painel composto por seis provadores

treinados. Utilizou-se uma escala estruturada numérica de 1 a 9 pontos (1 extremamente

aceitável e 9 extremamente inaceitável) para o parâmetro de aceitabilidade global da

amostra; para o odor e suculência da amostra as escalas foram de 1 a 5 (odor: 1

extremamente intenso e 5 nenhum; suculência: 1 nenhuma e 5 alta); para o parâmetro

maciez a escala foi de um a sete (um muito dura e sete muito macia). As amostras foram

preparadas em forno pré-aquecido a 180o

C e assadas até atingirem a temperatura

interna de 72o

C. Os provadores receberam para a avaliação quatro amostras, sendo uma

de cada tratamento (ABNT, 1993)

A força de cisalhamento foi objetivamente medida através da utilização do

aparelho texturômetro Texture Analyser TA. TX-2. Para a obtenção das amostras foi

utilizado um amostrador de aço de forma cilíndrica. Foram utilizados dois bifes por

animal, de cada bife foram retiradas três sub-amostras de aproximadamente 1,25 cm de

espessura, e cada sub-amostra foi cisalhada uma única vez, dando um total de seis

leituras por animal (WHIPPLE et al., 1990).

Para determinar a composição química da carne às amostras foram descongeladas

em geladeira por 24 horas e moídas. Após esse período as amostras foram colocadas em

estufa de ar forçado a 55ºC, por 72 horas. Posteriormente, foram processadas em

moinho tipo Willey (peneira de 1 mm), para determinar a proteína bruta, umidade e

cinzas (AOAC, 1968).

A extração da fração lipídica foi extraída com uma mistura de clorofórmio,

metanol e água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), segundo BLIGH & DYER (1959).

Foram pesadas cerca de 30g (±0,1mg) de amostra dividido em dois tubos de Falcon,

sendo a este adicionado 30 mL de metanol e colocados no Turratec. Após foi

misturados as amostras em um bequer de 250 ml e adicionados 30 ml de clorofórmio e

agitados por 5 minutos; após, adicionou-se mais 30 mL de clorofórmio, novamente

agitando a mistura por mais 5 minutos. A seguir, fez-se a adição de 30 ml de água

destilada à solução, mantendo esta em agitação por mais 5 minutos. A solução obtida foi

filtrada a vácuo em funil de Büchner com papel filtro quantitativo. O filtrado foi

recolhido em funil de separação; após a separação das fases por 24 horas, a inferior

contendo o clorofórmio e a matéria graxa foi drenada para um balão previamente tarado,

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sendo a solução concentrada em rota-vapor (banho-maria a 33°a 34°). O resíduo de

solvente foi eliminado com fluxo de nitrogênio. A matéria restante no balão foi pesada e

o teor de lipídios determinado gravimetricamente.

As análises estatísticas das variáveis estudadas foram interpretadas por análise de

variância e quando significativo à nível de 5% de probabilidade, foi realizada análise de

regressão, utilizando-se o programa (SAS, versão 9.2).

Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética para o uso de animais da

UNOPAR (CEA) e está de acordo com os princípios éticos de experimentação animal

seguindo protocolo 011/12 - Viabilidade nutricional e a qualidade da carne de cordeiros

recebendo alta quantidade de concentrado com diferentes níveis de substituições do

milho pela polpa cítrica.

Resultados e Discussão

O peso de abate dos cordeiros não diferiu significativamente (P<0,05) entre os

níveis de inclusão do bagaço de laranja na dieta, o que era esperado uma fez que os

pesos de abate foram pré-determinados. O rendimento de carcaça quente e fria foram

também similares entre os tratamentos (Tabela 2). Da mesma forma, RODRIGUES et

al., 2008, observaram que os pesos e os rendimentos de carcaça não foram afetados

(P>0,05) pela substituição do milho moído por polpa cítrica na ração.

Tabela 2. Peso de abate (PA, kg), peso de carcaça quente (PCQ, kg), peso de carcaça

fria (PCF, kg), rendimento de carcaça quente (RCQ, %) rendimento de carcaça fria

(RCF, %), perda por resfriamento (PPR, %), em função do nível de substituição do

milho moído pelo bagaço de laranja na dieta de cordeiros.

Parâmetros Nível de substituição 1Equação de

Regressãoo1

2P

3CV(%)

0% 33% 66 % 100

%

Dias 84.15 85.6

2

85.62 85.6

2

Y= 85.51 0.99 7,17

PA (kg) 32,2 33,8 32,9 31,2 Y=32,5 0,6801 13,5

PCQ (kg) 13,3 15,8 14,5 15,2 Y=14,7 0,1857 15,0

PCF (kg) 12,9 15,3 14,2 14,7 Y=14,3 0,1806 15,0

RCQ (%) 45, 9 47,0

9

47,09 45,9 Y=46,1 0,4394 18,8

RCF (%) 44,6 45,7 44,5 44,0 Y=44,7 0,4344 18,9

PPR (%) 2,8 2,8 2,9 2,9 Y=2,9 0,9829 0,34

Fonte: Elaboração do autor.

*0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 1Equação de Regressão=média dos

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48 tratamentos;

2P –probabilidade;

3CV – Coeficiente de variação

A perda por resfriamento não alterou (P>0,05) com a inclusão do bagaço de

laranja na dieta, apresentando média de 2,9%, semelhante às observações de

CARNEIRO (2001) trabalhando com cordeiros Texel.

As medidas subjetivas de conformação e acabamento, não diferiram

significativamente (P>0,05) entre os tratamentos (Tabela 3). Da mesma forma,

MONTEIRO et al. (2001) não observaram diferenças nas características da carcaça de

mestiços Suffolk confinados recebendo dietas contendo níveis crescentes de polpa

cítrica peletizada (0, 15, 30 ,45%) em substituição ao milho moído.

Os valores observados para conformação indicam que todos os animais estavam

no padrão próximo a 3 (carcaças retilíneas com boa cobertura muscular), e para a

avaliação de acabamento os animais se encontravam no padrão 2 (carcaça com gordura

escassa). Esses escores foram similares aos observados por CARTAXO et al. (2011),

com médias de 2,71 e 2,66 para conformação e acabamento respectivamente.

Tabela 3. Características da carcaça de cordeiros recebendo dietas com diferentes níveis

de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja na dieta de cordeiros. 1Parâmetros Nível de substituição

2Equação de Regressão 3R2 4P 5CV(%)

0 % 33% 66 % 100%

Conformação 2,71 3,12 2,25 2,87 Ŷ=2,74 - 0,2

1

30,3

Acabamento 2,0 2,50 2,01 1,87 Ŷ=2,10 - 0,3

6

35,4

CE (cm) 55,1 54,7 52,6 52,5 Ŷ=55,27-0,03X 0,24 0,02 3,79

PG (cm) 28,6 21,0 17,7 16,4 Ŷ=21,1 0,76 0,000

1

13,5

PP (cm) 31,4 31,0 29,6 29,8 Ŷ=30,5 - 0,45 8,19

PB (cm) 19,1 17,5 16,7 18,6 Ŷ=19,23-0,08X +0,0007X2 0,57 0,01 8,03

CB (cm) 6,12 6,75 6,85 5,71 Ŷ=15,27+0,11X 0,61 0,000

1

13,7

LD (cm) 18,6 17,9 14,9 14,6 Ŷ=18,71-0,04X 0,64 0,000

1

6,96

LT (cm) 27,0 25,4 23,7 22,9 Ŷ=26,82-0,04X 0,64 0,0001 4,94

LG (cm) 32,7 29,8 29,3 25,5 Ŷ=30,68-0,11X 0,55 0,0001 14,6

Fonte: Elaboração do autor.

CE –Comprimento externo; PG – perímetro de garupa, PP – Perímetro perna, PB – Perímetro de Braço, CC –comprimento de braço, LD –largura de dorso, LT – largura do tórax, LG –largura garupa. *0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído

pelo bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo

bagaço de laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 2 Equação de Regressão=média dos tratamentos; 3

R2= coeficiente de determinação, 4 P –Probabilidade, 5CV – Coeficiente de variação

No presente trabalho houve efeito significativo para todas as medidas

morfológicas na carcaça, exceto perímetro da perna. Esses resultados contrariam a

maioria das pesquisas, que normalmente não observam diferenças em tais

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49

características. Em estudo semelhante, PEREIRA et al. (2007), ao estudarem o efeito da

substituição da silagem de milho pela polpa cítrica úmida prensada sobre as

características de carcaça de cordeiros terminados em confinamento, observaram efeito

significativo apenas para comprimento de braço, que apresentou comportamento

quadrático em função dos níveis de substituição. Já em outra pesquisa, utilizando a

casca de café como parte do volumoso da dieta, verificaram efeitos apenas para

comprimento de perna e profundidade do tórax (GARCIA et al., 2000). Em estudo com

diferentes resíduos de frutas (abacaxi, banana, manga e maracujá) na alimentação de

cordeiros, também não provocou alterações nas medidas da carcaça (ALMEIDA, 2013).

Essas discrepâncias de resultados nas medidas morfológicas demonstram a fragilidade

deste tipo de avaliação, podendo sofrer o efeito do avaliador em questão; sendo ainda

hoje as medidas de pesagem as de maior confiabilidade experimental.

Os valores de pH da carne não alteraram significativamente (P>0,05) entre os

níveis de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja (Tabela 4), com valores

considerados dentro da faixa de pH normal para a carne ovina, permanecendo entre 5,5

a 5,8 (SILVA SOBRINHO et al., 2005). O fato da dieta não ter influenciado no pH da

carne, é um fator positivo, uma vez que o pH da carne modifica suas características de

qualidade (cor, capacidade de retenção de água e maciez), além de alterar as

características organolépticas da carne. Do mesmo modo, não houve influencia do nível

de inclusão de polpa cítrica na coloração da carne (P>0,05).

Tabela 4. Mensurações do pH, marmoreio, colorimetria e a capacidade de retenção de

água (CRA) de amostras do músculo Longissumus dorsi de cordeiros recebendo dietas

com diferentes níveis de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja. Parâmetros* Nível de substituição

1Equação de

Regressão

3P

4CV(%)

0 % 33% 66 % 100%

pH 5,5 5,5 5,5 5,6 Ŷ =5,6 0,77 2,1

Marmoreio 1,5 1,8 1,1 1,8 Ŷ = 1,61 0,07 38,36

Coloração L 42,9 41,8 41,5 40,2 Ŷ =47,6 0,26 7,4

Coloração a 14,0 12,7 13,4 12,3 Ŷ =12,4 0,78 15,4

Coloração b 10,3 9,39 9,86 9,23 Ŷ =8,5 0,33 11,1

CRA (%) 78,7 77,1 71,1 72,0 Ŷ =0,51 0,45 17.9

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50 *Coloração L – Luminosidade; Coloração a – Intensidade de cor vermelha, Coloração b - Intensidade

amarela; **0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33%

de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço

de laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 1Equação de Regressão=média dos

tratamentos; 2R= coeficiente de determinação, 3P – probabilidade–

4CV – Coeficiente de variação

A cor desempenha importante papel na qualidade sensorial da carne e destaca-se

como principal fator de apreciação no momento da compra. RUSSO et al., (1999)

testando diferentes fontes de energia na alimentação de cordeiros não constatou efeito

da dieta na cor do músculo Longissimus lumborum e apresentaram valores semelhantes

ao deste estudo, para os teores de vermelho, amarelo e também para a luminosidade da

carne. Em relação a capacidade de retenção de água (CRA) da carne observados neste

estudo foram adequados para garantir a qualidade da carne, o qual não foi influenciado

(P>0,05) pela dieta experimental. Esse resultado é importante, uma vez que a carne com

menor capacidade de retenção de água implica em perdas do valor nutritivo pelo

exsudado liberado, resultando em carne mais seca e com menor maciez (ZEOLA et al.,

2002).

Os resultados de área de olho de lombo e espessura de gordura subcutânea

diminuíram linearmente (P<0,05) com os níveis de inclusão do bagaço de laranja na

dieta (Tabela 5). Em semelhante trabalho avaliando os mesmos níveis de inclusão de

polpa cítrica na dieta de terminação de cordeiros não observaram diferença significativa

entre os tratamentos para AOL; entretanto a relação concentrado:volumoso deste

trabalho foi de 90:10 (RODRIGUES et al., 2008) enquanto no presente trabalho foi

70:30, o que leva às diferenças nos resultados e nas proporções finais de bagaço na

dieta.

Tabela 5. Área de olho de lombo (AOL,cm2) e espessura de gordura subcutânea (EGS)

do músculo Longissimus dorsi de cordeiros recebendo dietas com diferentes níveis de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja.

Parâmetros Nível de substituição 1Equação de

Regressão

2R

3P

4CV

(%) 0 % 33% 66 % 100

%

AOL(cm2)

(CM2)(CM2) (cm)

15,4 12,1 11,1 10,4 Y =14,5-0,046x 0,45 0,0001 14,7

EGS (mm) 0,70 0,82 0,73 0,45 Y=0,81-0,002x 0,34 0,0068 29,2

*0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja, 1Equação de

Regressão=média dos

tratamentos; 2R= coeficiente de determinação;

3P –probabilidade;

4CV – Coeficiente de variação

SIQUEIRA & FERNANDES (2001) verificaram, em ovinos terminados em

confinamento abatidos com 30 e 32 kg, valores de 8,51 e 9,44 cm2, valores inferiores

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51

aos deste estudo, que variaram de 10,4 a 15,4 cm2, resultados satisfatórios uma vez que

quanto maior a AOL maior a porção comestível da carcaça, sendo esse corte um

indicador de desenvolvimento muscular, o qual foi superior para os animais alimentados

com maiores proporções de milho moído na dieta. Também foi observado nesses

animais (T0), maiores espessuras de gorduras subcutâneas, possivelmente devido ao

maior consumo de energia na dieta.

A análise da composição química do músculo Longissimus dorsi revelou que não

houve efeito significativo (P>0,05) sobre os teores de proteína, umidade, cinzas e

lipídeos totais (Tabela 6). Da mesma forma, RODRIGUES et al., (2010), ao avaliar os

efeitos da substituição do milho por polpa cítrica (0, 33, 67 e 100%) não detectaram

alterações sobre os teores de umidade, proteína e cinzas, estando semelhantes ao

presente trabalho.

Tabela 6 – Composição química do músculo Longissimus dorsi de cordeiros

recebendo dietas com diferentes níveis de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja na dieta de cordeiros

Parâmetros Nível de substituição

0% 33% 66% 100% Média 2P

3CV

Proteína (%) 21,19 21,88 22,74 22,20 22,06 0,90 17,49

Umidade (%) 71,59 70,82 71,86 70,26 71,32 0,78 12,40

Cinzas (%) 3,33 3,51 3,74 3,79 3,79 0,19 22,47

Lipídeos totais (%) 2,80 2,37 1,93 2,38 2,30 0,44 47,55 Fonte: Elaboração do autor.

*0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 2

P – probabilidade 3CV –

Coeficiente de variação

Não foi observado diferença significativa (P>0,05) para a análise sensorial de

cordeiros alimentados com bagaço de laranja, havendo similaridade em todas as

variáveis estudadas.

A maciez da carne é provavelmente a característica mais estudada quando a

preocupação é o consumidor. O segundo atributo de textura em importância seria a

suculência (CHAMBERS & BOWERS, 1993). O consumidor utiliza os atributos de

textura para determinar a qualidade e a aceitabilidade da carne, e a melhor qualidade é

expressa em termos de maior maciez e maior suculência (BORGES et al., 2003).

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52 Tabela 7 – Médias do perfil sensorial (odor, sabor, maciez, suculência e aceitação

global) da carne de cordeiros recebendo dietas com diferentes níveis de substituição do

milho moído pelo bagaço de laranja na dieta de cordeiros

Parâmetros Nível de substituição

0% 33% 66% 100% Média 2P

3CV

Odor 2,83 2,66 2,83 2,16 2,62 0,40 29,30

Sabor 2,00 2,00 1,50 1,16 1,66 0,61 76,28

Maciez 3,83 5,16 5,00 4,33 4,58 0,40 32,72

Suculência 3,16 2,16 3,33 3,66 3,08 0,21 39,54

Aceitação global 5,83 6,50 5,83 5,83 6,00 0,89 30,2 *0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 2

P – probabilidade, 3CV –

Coeficiente de variação

Os valores de força de cisalhamento, perda de água no descongelamento e perda

de água na cocção na carne de cordeiros (Tabela 8), não alteraram em função dos

tratamentos (P>0,05). A força de cisalhamento é considerada uma das mais importantes

variáveis, uma vez que a mesma é de caráter objetivo e apresenta relação linear positiva

com a dureza da carne (DEVINE et al., 1993). A média de 6,93 encontrada no presente

trabalho indica ser uma carne macia, uma vez que a força de cisalhamento acima de 11

kg-f é classificada como dura, entre 8 e 11 kg-f como aceitável e abaixo de 8 kg-f como

macia (SOUZA et al., 2004).

A perda por cocção foi em média 29,21% (Tabela 8). Essa variável indica a

porcentagem de perdas ocorridas por ocasião da cocção, processo que leva a trocas

físicas, químicas e estruturais de seus componentes pelo efeito do calor (ROSA et al.,

2006), podendo assim alterar a composição química e o valor nutricional da mesma em

função do modo de preparo da carne, como a temperatura e duração do processo

(GARCIA-ARIAS et al., 2003).

Tabela 8- Força de cisalhamento (FC), perda de água no descongelamento

(PERDADESC) e perda de água na cocção (PERDACOC) na carne de cordeiros

recebendo dietas com diferentes níveis de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja na dieta de cordeiros

Parâmetros Nível de substituição

0% 33% 66% 100% Média 2P

3CV

FC, kg-f 6,05 7,01 7,32 7,96 6,93 0,35 25,72

PERDADESC, % 6,35 6,27 6,25 7,27 6,58 0,68 33,96

PERDACOC, % 28,71 30,52 28,19 29,72 29,21 0,64 12,81 *0% do bagaço de laranja; 33% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 33% de

substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 66% de substituição do milho moído pelo bagaço de

laranja 100% de substituição do milho moído pelo bagaço de laranja; 2P–probabilidade;

3CV – Coeficiente

de variação

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53

RODRIGUES et al., 2008, ao estudarem a inclusão de polpa cítrica na ração sobre

as características de carcaça e a qualidade da carne de cordeiros da raça Santa Inês

confinados, observaram índices de perda de água por cocção de 19,6; 22,5; 19,2; 19,7,

para os tratamentos 0, 33, 67 e 100% de inclusão de polpa cítrica em substituição ao

milho. Estes valores estão um pouco abaixo dos encontrados nesta pesquisa. Porém,

BRESSAN et al., (2001), ao trabalharem com cordeiros das raças Santa Inês e

Bergamácia, obtiveram valores para perdas por cocção que variaram de 27,2 a 33,1%,

ficando com média de 28% no músculo Longissimus dorsi, dados que corroboram com

os resultados apresentados neste estudo. Estas variações encontradas podem estar

referentes às diferenças na metodologia utilizada.

Conclusões

A substituição do milho moído pelo bagaço de laranja na dieta de cordeiros,

provocou alterações nas medidas morfológicas da carcaça de cordeiros, na área de olho

de lombo e na espessura de gordura. As características da carne não sofreram mudanças

com a inclusão do bagaço de laranja. Assim o uso do bagaço de laranja na alimentação

constitui uma alternativa para terminação de cordeiros em regiões produtoras.

Agradecimentos

À fornecedora do bagaço de laranja, Cooperativa de Cafeicultores de Maringá

Ltda (COCAMAR), situada na cidade de Rolândia, PR.

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ANEXO I

Normas Revista Semina Ciências Agrárias

Preparação dos manuscritos

Artigo científico:

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57 Deve relatar resultados de pesquisa original das áreas afins, com a seguinte organização dos tópicos: Título; Título em

inglês; Resumo com Palavras-chave (no máximo seis palavras); Abstract com Key words (no máximo seis palavras);

Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão com as conclusões no final ou Resultados, Discussão e

Conclusões separadamente; Agradecimentos; Fornecedores, quando houver e Referências Bibliográficas. Os tópicos

devem ser escritos em letras maiúsculas e minúsculas e destacados em negrito, sem numeração. Quando houver a

necessidade de subitens dentro dos tópicos, os mesmos devem receber números arábicos. O trabalho submetido não

pode ter sido publicado em outra revista com o mesmo conteúdo, exceto na forma de resumo de congresso, nota

prévia ou formato reduzido.

A apresentação do trabalho deve obedecer à seguinte ordem:

1.Título do trabalho, acompanhado de sua tradução para o inglês. 2.Resumo e Palavras-chave: Deve ser incluído um resumo informativo com um mínimo de 150 e um máximo de 300

palavras, na mesma língua que o artigo foi escrito, acompanhado de sua tradução para o inglês (Abstract e Key

words). 3.Introdução: Deverá ser concisa e conter revisão estritamente necessária à introdução do tema e suporte para a

metodologia e discussão. 4.Material e Métodos: Poderá ser apresentado de forma descritiva contínua ou com subitens, de forma a permitir ao

leitor a compreensão e reprodução da metodologia citada com auxílio ou não de citações bibliográficas. 5.Resultados e discussão com conclusões ou Resultados, Discussão e Conclusões: De acordo com o formato escolhido,

estas partes devem ser apresentadas de forma clara, com auxílio de tabelas, gráficos e figuras, de modo a não

deixar dúvidas ao leitor, quanto à autenticidade dos resultados, pontos de vistas discutidos e conclusões sugeridas. 6.Agradecimentos: As pessoas, instituições e empresas que contribuíram na realização do trabalho deverão ser

mencionadas no final do texto, antes do item Referências Bibliográficas.

Observações:

Quando for o caso, antes das referências, deve ser informado que o artigo foi aprovado pela comissão de bioética e foi

realizado de acordo com as normas técnicas de biosegurança e ética.

Notas: Notas referentes ao corpo do artigo devem ser indicadas com um símbolo sobrescrito, imediatamente depois da

frase a que diz respeito, como notas de rodapé no final da página.

Figuras: Quando indispensáveis figuras poderão ser aceitas e deverão ser assinaladas no texto pelo seu número de

ordem em algarismos arábicos. Se as ilustrações enviadas já foram publicadas, mencionar a fonte e a permissão para

reprodução. Tabelas: As tabelas deverão ser acompanhadas de cabeçalho que permita compreender o significado dos dados

reunidos, sem necessidade de referência ao texto. Grandezas, unidades e símbolos: Deverá obedecer às normas nacionais correspondentes (ABNT). 7. Citações dos autores no texto: Deverá seguir o sistema de chamada alfabética seguidas do ano de publicação de

acordo com os seguintes exemplos: a) Os resultados de Dubey (2001) confirmam que ..... b) De acordo com Santos et al. (1999), o efeito do nitrogênio..... c) Beloti et al. (1999b) avaliaram a qualidade microbiológica..... d) [...] e inibir o teste de formação de sincício (BRUCK et. al., 1992). e) [...]comprometendo a qualidade de seus derivados (AFONSO; VIANNI, 1995). Citações com três autores Dentro do parêntese, separar por ponto e vírgula. Ex: (RUSSO; FELIX; SOUZA, 2000). Incluídos na sentença, utilizar virgula para os dois primeiros autores e (e) para separar o segundo do terceiro.

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58 Ex: Russo, Felix e Souza (2000), apresentam estudo sobre o tema.... Citações com mais de três autores Indicar o primeiro autor seguido da expressão et al. Observação: Todos os autores devem ser citados nas Referências Bibliográficas. 8. Referências Bibliográficas: As referências bibliográficas, redigidas segundo a norma NBR 6023, ago. 2000, da ABNT,

deverão ser listadas na ordem alfabética no final do artigo. Todos os autores participantes dos trabalhos deverão ser

relacionados, independentemente do número de participantes (única exceção à norma – item 8.1.1.2). A exatidão e

adequação das referências a trabalhos que tenham sido consultados e mencionados no texto do artigo, bem como

opiniões, conceitos e afirmações são da inteira responsabilidade dos autores. As outras categorias de trabalhos (Comunicação científica, Relato de caso e Revisão) deverão seguir as mesmas

normas acima citadas, porem, com as seguintes orientações adicionais para cada caso:

Comunicação científica

Uma forma concisa, mas com descrição completa de uma pesquisa pontual ou em andamento (nota prévia), com

documentação bibliográfica e metodologia completas, como um artigo científico regular. Deverá conter os seguintes

tópicos: Título (português e inglês); Resumo com Palavras-chave; Abstract com Key words; Corpo do trabalho sem

divisão de tópicos, porém seguindo a seqüência – introdução, metodologia, resultados (podem ser incluídas tabelas e

figuras), discussão, conclusão e referências bibliográficas.

Relato de caso

Descrição sucinta de casos clínicos e patológicos, achados inéditos, descrição de novas espécies e estudos de ocorrência

ou incidência de pragas, microrganismos ou parasitas de interesse agronômico, zootécnico ou veterinário. Deverá

conter os seguintes tópicos: Título (português e inglês); Resumo com Palavras-chave; Abstract com Key-words;

Introdução com revisão da literatura; Relato do (s) caso (s), incluindo resultados, discussão e conclusão; Referências

Bibliográficas.

Artigo de revisão bibliográfica

Deve envolver temas relevantes dentro do escopo da revista. O número de artigos de revisão por fascículo é limitado e

os colaboradores poderão ser convidados a apresentar artigos de interesse da revista. No caso de envio espontâneo do

autor (es), é necessária a inclusão de resultados relevantes próprios ou do grupo envolvido no artigo, com referências

bibliográficas, demonstrando experiência e conhecimento sobre o tema. O artigo de revisão deverá conter os seguintes tópicos: Título (português e inglês); Resumo com Palavras-chave;

Abstract com Key-words; Desenvolvimento do tema proposto (com subdivisões em tópicos ou não); Conclusões ou

Considerações Finais; Agradecimentos (se for o caso) e Referências Bibliográficas.

Outras informações importantes

1A publicação dos trabalhos depende de pareceres favoráveis da assessoria científica "Ad hoc" e da aprovação do

Comitê Editorial da Semina: Ciências Agrárias, UEL. 2.Não serão fornecidas separatas aos autores, uma vez que os fascículos estarão disponíveis no endereço eletrônico da

revista (http://www.uel.br/revistas/uel). 3.Os trabalhos não aprovados para publicação serão devolvidos ao autor. 4.Transferência de direitos autorais: Os autores concordam com a transferência dos direitos de publicação do referido

artigo para a revista. A reprodução de artigos somente é permitida com a citação da fonte e é proibido o uso

comercial das informações. 5.As questões e problemas não previstos na presente norma serão dirimidos pelo Comitê Editorial da área para a qual

foi submetido o artigo para publicação.

Condições para submissão

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59 Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da

submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de

acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra

revista; caso contrário, deve-se justificar em "Comentários ao Editor".

2. Informo que o material está corretamente formatado e que os Documentos Suplentares

serão carregados, ESTANDO CIENTE que a formatação incorreta importará na

SUSPENSÃO do processo de avaliação SEM AVALIAÇÃO DO MÉRITO.

3. Devem ser preenchidos dados de autoria de todos os autores no processo de submissão.

Utilize o botão "incluir autor"

4. No passo seguinte preencher os metadados em inglês.

Para incluí-los, após salvar os dados de submissão em portugues, clicar em "editar metadados" no

topo da página - alterar o idioma para o inglês e inserir: titulo em ingles, abstract e key words. Salvar

e ir para o passo seguinte.

5. A identificação de autoria do trabalho foi removida do arquivo e da opção Propriedades

no Word, garantindo desta forma o critério de sigilo da revista, caso submetido para

avaliação por pares (ex.: artigos), conforme instruções disponíveis em Assegurando a

Avaliação Cega por Pares.

6. Os arquivos para submissão estão em formato Microsoft Word, OpenOffice ou RTF (desde

que não ultrapassem 2MB)

7. O texto está em espaço 1,5; fonte Time New roman de tamanho 11; emprega itálico em vez de

sublinhado (exceto em endereços URL);

O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores, na

seção Sobre a Revista.

8. Atesto que foram seguidas todas as normas éticas, em caso de pesquisa com seres vivos,

estando de posse dos documentos comprobatórios de aprovação por Comitê de Ética e

Termo de Livre consentimento caso sejam solicitados. Tendo sido citado no texto a

obediência aos preceitos éticos cabíveis.

9. Taxa de Submissão de novos artigos

Declaração de Direito Autoral Os Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são de direito do autor. Em virtude da

aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias,

em aplicações educacionais e não-comerciais.

A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e

gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no

entanto, o estilo de escrever dos autores.

Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando

necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação.

As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.

Política de Privacidade

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60 Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados

por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.

Semina: Ciências Agrárias

Londrina - PR

ISSN 1676-546X E-ISSN 1679-0359 [email protected]