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Perseverança dos Santos C. H. Spurgeon
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Traduzido do original em Inglês
The Perseverance of the Saints — Sermon Nº 872
The Metropolitan Tabernacle Pulpit — Volume 15
By C. H. Spurgeon
Via: SpurgeonGems.org
Adaptado a partir de The C. H. Spurgeon Collection, Version 1.0, Ages Software.
Tradução por Camila Rebeca Teixeira
Revisão e Capa por William Teixeira
1ª Edição: Janeiro de 2017
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com permissão de
Emmett O’Donnell em nome de SpurgeonGems.org, sob a licença Creative Commons Attribution-
NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,
desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo
nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
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Perseverança dos Santos
(Sermão Nº 872)
Um sermão pregado na manhã de Domingo, 23 de maio de 1869
Por C. H. Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a
aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.” (Filipenses 1:6)
Os perigos que acompanham a vida espiritual são do tipo mais terrível; a vida de um Cristão
é uma sequência de milagres. Veja uma faísca permanecer no meio do oceano, veja uma
pedra pendurada no ar, veja a saúde florescer em uma colônia de leprosos e o cisne branco
em os rios sujos, e você vê um retrato da vida Cristã. A nova natureza é mantida viva entre
as garras da morte, conservada pelo poder Divino contra a destruição instantânea, pois não
poderia continuar por meio de nenhum poder menor do que o Divino. Quando o Cristão
instruído olha em seu redor, ele se vê como uma pomba indefesa voando para o seu ninho,
enquanto contra ela dezenas de milhares de flechas são atiradas. A vida Cristã é como o
voo frenético daquela pomba, enquanto segue em seu caminho entre as flechas mortais do
inimigo e, por um milagre permanente, escapa ilesa. O Cristão iluminado vê a si mesmo
como sendo um viajante de pé no caminho estreito de um cume elevado, à direita e à
esquerda há abismos insondáveis que podem destruí-lo; se não fosse pela graça Divina —
que faz seus pés como os pés da corça, de modo que ele é capaz de saltar sobre os montes
— ele teria muito antes caído para a sua perdição eterna. Infelizmente, meus irmãos e irmãs,
temos visto muitos professos da religião caírem assim!
É o grande e permanente sofrimento da igreja Cristã que muitos no meio dela se tornam
apóstatas; é verdade que eles não pertencem verdadeiramente a ela, mas antes não era
possível saber disso. Não poucas de suas estrelas mais brilhantes foram engolidas pela
noite. Aqueles que pareciam mui prováveis de serem árvores frutíferas na vinha de Cristo
acabaram por ser obstáculos no solo ou como árvores venenosas, pingando veneno em
torno de si mesmas. O jovem Cristão, portanto, se ele é observador, teme após afivelar o
seu cinto em meio às felicitações de amigos, ele pode retornar da batalha vergonhosamente
derrotado. Ele não se orgulha porque, como um cavaleiro galante, ele coloca seu cinto
reluzente, mas enquanto ele afivela seu capacete e toma a sua espada, ele teme voltar para
o acampamento com seu escudo danificado e seu elmo arrastado no pó. Para tal pessoa
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consciente dos perigos espirituais e com receio de que não seja derrotado por eles, a
doutrina do texto produzirá um grande e valioso encorajamento. Se formos ajudados a expor
a doutrina da perseverança final dos santos, de modo a recomendar esta verdade de Deus
aos seus entendimentos e confirmá-la em suas almas, teremos o maior prazer no coração,
porque a verdade fará vocês felizes, fortes e gratos!
Sem mais prefácio, vamos expor as palavras do apóstolo, a fim de mostrar detalhadamente
a razão de sua confiança; depois, em segundo lugar, apoiaremos essa confiança por novos
argumentos; e, em seguida, em terceiro lugar, procuraremos extrair determinadas aplicações
excelentes a partir da doutrina que o texto indubitavelmente ensina.
I. Primeiro, vamos expor as próprias palavras do apóstolo.
Ele fala sobre uma boa obra iniciada em “todos os santos em Cristo Jesus que estão em
Filipos”. Com isso, ele intenciona a obra da graça Divina na alma, que é a operação do
Espírito Santo. Esta é eminentemente uma boa obra, uma vez que nada opera senão o bem
no coração que é o sujeito da mesma. Trazer um homem da escuridão para a luz é bom;
livrá-lo da escravidão da sua corrupção natural e torná-lo livre para ser um homem do Senhor
é bom; é bom para ele; é bom para a sociedade; é bom para a igreja de Deus; é bom para a
glória do próprio Deus. É tão bom que aquele que a recebe torna-se o herdeiro de todo o
bem, e além disso, o favorecedor e autor de mais bem! Este bem é o melhor que um homem
pode receber. Fazer com que um homem seja saudável no corpo e rico em propriedades,
educar sua mente e treinar suas faculdades; todos estas coisas são boas, mas em
comparação com a salvação da alma, eles afundam em insignificância! A obra da
santificação é uma boa obra no sentido mais elevado possível, uma vez que influencia um
homem por meio de bons motivos, o leva às boas obras, o introduz entre os homens de bem,
dá-lhe a comunhão com os bons anjos, e por fim, o faz semelhante ao próprio bom Deus.
Além disso, a vida interior é uma boa obra, porque ela flui e origina-se da pura bondade de
Deus. Como é sempre bom mostrar misericórdia, assim é preeminentemente bom da parte
de Deus agir sobre homens pecadores e caídos, a fim de renová-los, segundo a imagem
dAquele que os criou. A obra da graça tem sua raiz na bondade Divina do Pai. É semeada
pela bondade abnegada do Filho e é diariamente regada pela bondade do espírito Santo.
Origina-se bem e se desenvolve bem, e por isso é totalmente boa. O apóstolo chama de
“obra” e no sentido mais profundo é de fato um trabalho converter uma alma. Se o Niágara
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de repente fosse feito subir em vez de sempre correr para baixo da sua altura rochosa, não
seria um milagre como mudar a vontade vil e as paixões ferozes dos homens; tornar branco
o etíope ou remover as manchas do leopardo é, proverbialmente uma dificuldade, mas estas
são apenas obras superficiais, pois renovar a própria essência da humanidade e remover o
pecado e sua influência do coração do homem, isto é não apenas o dedo de Deus, mas o
erguer de Seu braço. A conversão é uma obra comparável à criação de um mundo. Somente
Aquele que formou os céus e a terra poderia criar uma nova natureza. É uma obra incom-
parável, é única e inigualável, vendo que o Pai, o Filho e o Espírito todos devem cooperar
nisso: para a implantação da nova natureza no Cristão são necessários o decreto do Pai
Eterno, a morte do sempre bendito Filho e a plenitude da operação do adorável Espírito. É
um trabalho de fato! Os trabalhos de Hércules eram apenas ninharias em comparação com
este; pois, matar leões e hidras, e limpar estábulos de Augias, tudo isso é brincadeira de
criança em comparação com renovar um espírito reto na natureza caída do homem!
Observe que o apóstolo afirma que esta boa obra foi iniciada por Deus. O apóstolo não
acreditava, evidentemente, naqueles poderes notáveis que alguns teólogos atribuem ao
“livre arbítrio”; ele não era um adorador daquela moderna Diana dos Efésios, pois ele declara
que a boa obra foi iniciada por Deus, de onde deduzo que o menor desejo gracioso que
finalmente floresce na flor perfumada da oração fervorosa e da fé humilde é a obra de Deus.
Não, pecador, você nunca estará na frente de Deus! O primeiro passo para acabar com a
separação entre o filho pródigo e seu pai é tomado pelo pai, não pelo filho! A meia-noite
nunca busca o sol; poderia antes a escuridão encontrar dentro de si os raios da luz ou o
Hades desenvolver as sementes do Céu ou a Geena descobrir em seu fogo os elementos
da luz eterna, assim também poderia acontecer que a natureza corrupta extraísse de si
mesma as sementes da vida nova e espiritual ou o anelo pela santidade e por Deus! Eu
tenho ouvido ultimamente, para minha profunda tristeza, certos pregadores falando de
conversões como consistindo em desenvolvimentos. Então, a conversão não é senão o
desenvolvimento de graças escondidas dentro da alma humana? Não é! Tal teoria é uma
mentira completa! Não há dentro do coração do homem nenhum grão ou vestígio de bem
espiritual. Quanto a todo bem, ele está alienado, insensível, morto e ele não pode ser
restaurado a Deus, senão por uma ação do alto que está totalmente fora dele mesmo! Se
você pudesse desenvolver o que está no coração do homem, você produziria um diabo, pois
esse é o espírito que opera nos filhos da desobediência! Desenvolva essa mente carnal que
é inimizade contra Deus e você não pode por qualquer possibilidade ser reconciliado com
Deus, e o resultado é o Inferno. O fato é que a vida Divina se apartou do homem natural; o
homem está morto em pecado e a vida deve vir até ele a partir do Doador da vida ou ele
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permanecerá morto para sempre. A obra que há na alma de um verdadeiro Cristão não é de
sua própria iniciativa, mas é iniciada pelo Senhor!
É ainda implícito no texto que Aquele que começou a obra deve desenvolvê-la. “Aquele que
em vós começou a boa obra a aperfeiçoará”. O apóstolo não diz muito, contudo ele se faz
entender, ou seja, que Deus deve realizar esta obra ou então ela nunca será realizada. Ao
longo da estrada do pecado para o Céu, desde a primeira taça de vinho até a entrada alegre
para o banquete, a música e a dança dos espíritos glorificados, cada passo que damos deve
ser através da capacitação que provém da graça Divina. Cada bem que há em um Cristão,
não apenas começa, mas é aperfeiçoado e é consumado pela força da graça de Deus por
meio de Jesus Cristo. Se meu dedo estiver no ferrolho de ouro do paraíso e meu pé estiver
em sua soleira de jaspe, eu não daria o último passo, de modo a entrar no Céu a menos que
a graça Divina que me impulsionasse e concedesse plena e justamente completar a minha
peregrinação! A salvação é uma obra de Deus e não do homem! Esta é a teologia que Jonas
aprendeu na grande universidade do grande peixe, na universidade do grande abismo; seria
muito bom que muitos de nossos teólogos atuais fossem enviados para esta universidade! A
erudição humana, muitas vezes, incha-se com a ideia da suficiência humana, mas aquele
que é educado e disciplinado na faculdade de uma experiência profunda e levado a conhecer
a vileza de seu próprio coração, enquanto ele olha de perto para os seus próprios ídolos,
confessará que do início ao fim a salvação não é do que quer, nem do que corre, mas de
Deus que usa de misericórdia!
Mas o que o apóstolo principalmente intenciona dizer no verso é que esta boa obra que é
iniciada nos crentes por Deus, a qual só pode ser feita por Deus, certamente será assim
continuada. Observe que ele se declara confiante nesta verdade de Deus. Por que Paulo
precisa escrever de forma tão positiva: “tendo por certo isto mesmo”? Certamente, como um
homem inspirado, ele poderia simplesmente ter escrito: “Aquele que em vós começou a boa
obra”; mas ele nos dá, além da inspiração do Espírito Santo, a confiança que tinha sido
operada nele como o resultado de sua própria fé pessoal. Ele mesmo havia sido mui
graciosamente preservado e ele tinha sido favorecido pessoalmente com tão visões claras
do caráter de Deus e do Senhor Jesus Cristo, de modo que se sentia bastante confiante de
que Deus não deixaria Sua obra inacabada. Ele sentiu em seu próprio espírito que, não
obstante, o que qualquer um pudesse afirmar, ele estava totalmente assegurado e ficaria
com a verdade e a defenderia com toda a força, a saber, que Aquele que começou a boa
obra em Seu povo certamente a completará no devido tempo.
Na verdade, queridos amigos, há um bom argumento nas palavras do apóstolo, pois se o
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Senhor começou a boa obra, por que Ele não a aperfeiçoaria e completaria? Qual seria o
motivo para que Ele detivesse a Sua mão? Quando um homem começa uma obra e a deixa
inacabada é frequentemente por falta de poder; os homens dizem da torre inacabada: “Este
homem começou a edificar e não pôde acabar” [Lucas 14:30]. A falta de planejamento ou de
capacidade deve ter parado a obra, mas você pode supor que o Senhor, o Onipotente,
pararia uma obra por causa de dificuldade imprevista que Ele não seria capaz de superar?
Ele vê o fim desde o início; Ele é todo-poderoso; Seu braço não está encolhido; nada é dema-
siado difícil para Ele; seria uma vil imaginação sobre a sabedoria e o poder de Deus crer que
Ele começou uma obra que não a conduzirá, no devido tempo, a uma conclusão feliz! Deus
não começou a obra na alma de qualquer homem sem a devida deliberação e conselho;
desde toda a eternidade Ele sabia as circunstâncias em que esse homem seria colocado, e
Ele previu a dureza do coração humano e a inconstância do amor humano. Se, então, Ele
considerou sábio começar, como pode-se supor que Ele mude e altere a Sua determinação?
Não pode haver nenhuma razão concebível para Deus deixar inacabada tal obra; o mesmo
motivo que ditou o início ainda deve estar em operação, e Ele é o mesmo Deus, portanto,
deve haver o mesmo resultado, ou seja, Ele continuará a fazer o que começou.
Onde há um caso de Deus iniciar qualquer obra e deixá-la incompleta? Mostre-me por uma
vez um mundo abandonado e lançado fora incompleto! Mostre-me um universo fora da roda
do Grande Oleiro, com a forma em esboço, o barro meio moldado e a forma deformada por
incompletude! Aponte-me, peço, a uma estrela, um sol, um satélite — não, eu vou desafiá-
lo na terra — aponte-me uma planta, uma formiga, um grão de pó que tenha sobre si qualquer
aparência de incompletude! Tudo que o homem completa, mesmo que ele capriche tanto
quanto quiser, quando é colocado sob o microscópio, está apenas mais ou menos acabado,
porque o homem só chegou a um certo estágio e não pode ir além disso. Está perfeito aos
seus olhos fracos, mas não é a perfeição absoluta; porém, todas as obras de Deus são
concluídas com cuidado maravilhoso; Ele, com precisão molda o pó da asa de uma
borboleta, como aqueles corpos celestes que alegram a noite silenciosa. No entanto, meus
irmãos e irmãs, alguns gostariam de nos convencer que esta grande obra da salvação das
almas é iniciada por Deus, e, em seguida, abandonada e deixada incompleta; e que haverá
espíritos perdidos para sempre, embora sobre os quais Espírito Santo uma vez exerceu Seu
poder santificador, por quem o Redentor derramou Seu sangue precioso e a quem o Pai
Eterno uma vez olhou com olhos de amor complacente! Eu não acredito em tal coisa! A
repetição de tais crenças coagula o meu sangue com horror!
Tais crenças soam como uma blasfêmia! O que o Senhor começa, Ele completará e se Ele
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coloca Sua destra em qualquer obra, Ele não parará até que a obra esteja consumada, se
for atacar Faraó com pragas Ele, finalmente, afogar seus cavaleiros no Mar vermelho ou se
for conduzir o Seu povo pelo deserto, como ovelhas Ele finalmente os trará à terra que mana
leite e mel. Nada faz Yahwéh Se desviar de Sua intenção. “Porventura diria ele, e não o
faria? Ou falaria, e não o confirmaria?”. “Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó
filhos de Jacó, não sois consumidos” [Números 23:19; Malaquias 3:6]. Há muita argumenta-
ção nas simples palavras que o apóstolo usa. Ele está confiante no que conhece do caráter
de Deus, que Aquele que começou a boa obra em Seus santos a aperfeiçoará até o dia de
Cristo. Observe o tempo mencionado no texto, a boa obra deve ser aperfeiçoada no dia de
Cristo, que supomos ser a segunda vinda de nosso Senhor. O Cristão não será aperfeiçoado
até que o Senhor Jesus Cristo desça do Céu com alarido, com a trombeta de arcanjo e voz
de Deus. Mas, você diz, e sobre aqueles que morreram antes de Sua vinda? O que ocorre
com eles? Eu respondo que sua alma é, sem dúvida, aperfeiçoada e eles são feitos idôneos
para participar da herança dos santos na luz. Mas a Sagrada Escritura não considera um
homem assim perfeito quando a alma é aperfeiçoada, ela considera o corpo como sendo
uma parte dele mesmo e assim o corpo não subirá novamente da sepultura até a vinda do
Senhor Jesus; nesta ocasião nós seremos revelados e seremos semelhantes a Cristo
quando Ele for revelado em Sua Segunda Vinda. Aquele dia da Segunda Vinda é definido
como o dia da conclusão da obra que Deus começou, quando estaremos sem mancha nem
ruga ou coisa semelhante; corpo, alma e espírito verão a face de Deus de forma irrepreensí-
vel e para sempre nos alegraremos com os prazeres que estão à destra de Deus. É por isso
que nós olhamos para a frente: Deus, que fez com que nos arrependêssemos, também nos
santificará completamente; Aquele que fez as lágrimas fluírem, também enxugará todas as
lágrimas dos mesmos olhos; Aquele que fez com que fôssemos ao pó e à cinza da penitência,
ainda nos vestirá com o belo linho branco que é a justiça dos santos! Aquele que nos trouxe
à cruz, também nos levará até a coroa! Deus que nos fez olhar para Aquele que nós
traspassamos e nos lamentar sobre Ele, também nos levará a ver o Rei em Sua beleza e a
terra que está mui distante. A mesma querida mão que feriu e depois sarou, nos acariciará
nos últimos dias! Aquele que olhou para nós quando estávamos mortos em pecado e nos
chamou para a vida espiritual, também continuará a nos considerar com favor até que nossa
vida seja consumada na terra onde não há morte, nem tristeza e nem gemidos! Essa é a
verdade de Deus que o texto evidentemente nos ensina.
Sinto-me obrigado a fazer uma colocação aqui, embora saia um pouco do tema. É o seguinte:
Admira-me muito aqueles de nossos irmãos e irmãs Cristãos que sustentam a doutrina da
perseverança final dos cristãos e ainda assim permanecem na Igreja Anglicana, pois sua
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permanência nela é totalmente inconsistente com tal crença! Você dirá: “Como? A doutrina
da perseverança final não é ensinada nos 39 artigos da Igreja Anglicana?”. Sem dúvida, é;
mas é uma contradição com o que é ensinado no Catecismo do Livro de Oração Comum.
No Catecismo, e em partes da liturgia, somos claramente ensinados que as crianças são
nascidas de novo e feitas membros de Cristo no Batismo. Agora, ser regenerado ou nascido
de novo é certamente o início de uma boa obra Divina na alma; e, em seguida, de acordo
com este texto e de acordo com a doutrina da perseverança final, uma obra tão Divina que
foi iniciada, certamente será aperfeiçoada até o dia de Cristo. Ora, ninguém será tão impru-
dente em afirmar que a boa obra que de acordo com o Livro de Oração Comum é iniciada
em uma criança em seu assim chamado “batismo”, é sem sombra de dúvida aperfeiçoada
no dia de Cristo; pois, infelizmente, vemos essas pessoas regeneradas bebendo, mentindo,
praguejando; nós as vemos na prisão, condenados por todos os tipos de crimes; temos
conhecido até os que são enforcados! Se eu fosse um clérigo evangélico e cresse na doutrina
da perseverança final, deveria ao mesmo tempo renunciar a uma igreja que ensina uma
mentira tão intolerável quanto essa: que há uma obra da graça iniciada em uma criança
inconsciente em todos os casos quando a água é aspergida pelas mãos sacerdotais!
Nenhuma tal obra é iniciada e, consequentemente, nenhuma tal obra é aperfeiçoada; tudo
que envolve a questão do batismo infantil, tal como é praticado na Igreja Episcopal Anglicana,
é uma perversão da Escritura, um insulto a Deus, uma paródia da verdade de Deus e um
engano para as almas dos homens! Que todos os que amam o Senhor e odeiam o mal,
saiam desta igreja que cada vez mais apostata, para que não sejam participantes das pragas
que virão sobre ela no dia de sua visitação!
II. Em segundo lugar, devemos mostrar o fundamento adicional para nossa crença na
doutrina da perseverança final dos santos.
Nosso primeiro fundamento deve ser o ensino expresso das Sagradas Escrituras. Porém,
meus queridos amigos, citar todas as passagens bíblicas que ensinam que os santos
perseverarão em seu caminho, seria citar uma grande parte da Bíblia, pois, ao meu ver, a
Escritura está repleta desta verdade de Deus. E eu já disse muitas vezes que se alguém
conseguisse me convencer de que a Escritura não ensina a perseverança dos crentes, eu
rejeitaria a Escritura completamente, como se Ele nada ensinasse, como sendo um livro
incompreensível para um homem simples, pois, de todas as doutrinas, esta parece ser a
mais evidente. Leia o nono verso do capítulo 17 do Livro de Jó e ouça o testemunho do
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patriarca: “E o justo seguirá o seu caminho firmemente, e o puro de mãos irá crescendo em
força”. Não é: “o justo será salvo, faça o que quiser”; isso nós nunca cremos e nunca
creremos, mas sim: “o justo seguirá o seu caminho”, seu caminho de santidade, seu caminho
de devoção, seu caminho de fé, ele seguirá neste caminho e ele crescerá no mesmo, pois
aquele que tem as mãos puras “irá crescendo em força”, como o hebraico o coloca, ou como
se dissesse: “será cada vez mais forte”. No Salmo 125, leia o primeiro e segundo versos: “Os
que confiam no SENHOR”, esta é a descrição especial de um crente, “serão como o monte
de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre. Assim como estão os montes à
roda de Jerusalém, assim o Senhor está em volta do seu povo desde agora e para sempre”.
Aqui há dois exemplos de espigas retirados daqueles ricos feixes que podem ser
encontrados no Antigo Testamento.
Quanto ao Novo Testamento, quão peremptórias são as palavras de Cristo, no capítulo 10
de João, verso 28: “E dou-lhes a vida eterna”, não a vida temporal que pode morrer, “e nunca
hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do
que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai”. O apóstolo nos diz, no capítulo
11 de Romanos, verso 29, que “os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”. Ou
seja, sejam quais forem os dons que o Senhor dá, Ele nunca muda de ideia quanto a tê-los
concedido, de modo a tomá-los de volta; e qualquer que Ele chama, não importa quem seja,
Ele nunca Se arrepende; não há inconstância na misericórdia Divina; Seus dons e vocação
são sem arrependimento. Seguindo aquela temível passagem no sexto capítulo de Hebreus,
que tem suscitado tantos questionamentos, você encontra o apóstolo, que parece à primeira
vista ter ensinado que os crentes possam apostatar, nos versos 9 e 10 negando qualquer tal
ideia! “Mas de vós, ó amados”, ele diz, “esperamos coisas melhores, e coisas que acompa-
nham a salvação, ainda que assim falamos. Porque Deus não é injusto para se esquecer da
vossa obra e do trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes
aos santos; e ainda servis”. O apóstolo Pedro, que não costuma administrar muito conforto
aos santos, mas lida muito severamente com a hipocrisia, colocou isso muito fortemente no
primeiro capítulo de sua primeira epístola, no quinto verso, onde ele diz sobre todos os eleitos
segundo a presciência de Deus, que “mediante a fé estais guardados na virtude de Deus
para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo”.
Irmãos e irmãs, no capítulo 54 de Isaías, que eu li para vocês nesta manhã, com muitos
outros para o mesmo efeito, dificilmente podem conceber ser verdade que os filhos de Deus
podem ser lançados fora e que Deus possa abandonar aqueles a quem que de antemão
conheceu! A Bíblia parece ser lançada fora e despojada de sua vida, se o amor imutável de
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Deus for negado! A palavra de Deus é colocada na eira, e somente o joio é recolhido e o
trigo é lançado fora, se você tirar dela o seu constante e incessante ensino de que o “caminho
dos justos é como a luz da aurora, que brilha mais e mais até ser dia perfeito” [Provérbios
4:18].
Mas, além dos testemunhos expressos da Escritura, temos todos os atributos de Deus para
apoiar esta doutrina, pois se os que creem em Cristo não são salvos, então certamente todos
os atributos de Deus estão em perigo; se Ele começa e não finaliza a Sua obra todo o Seu
caráter é desonrado. Onde está Sua sabedoria? Por que Ele começará o que Ele não tinha
a intenção de concluir? Onde está o Seu poder? Os espíritos malignos não dirão para sempre
“que ele não conseguiu fazer o que Ele não fez”? Não será uma constante zombaria ao longo
dos corredores do Inferno que Deus começou a obra e, em seguida, a parou? Eles não dirão
que a obstinação do pecado do homem era maior do que a graça de Deus, que era muito
difícil para Deus dissipar a dureza do coração humano? Não haveria um insulto sobre a
onipotência da graça Divina? E que diremos da imutabilidade de Deus, se Ele lançar fora
aqueles a quem ama? Como pensaremos que Ele não muda? Como o coração humano
alguma vez será capaz de olhar para Ele como imutável, se depois de amar, Ele odiar? E,
meus irmãos e irmãs, onde estará a fidelidade de Deus às promessas que Ele fez uma e
outra vez, e assinou e selou com juramentos por duas coisas imutáveis, nas quais é
impossível que Deus minta? Onde estará a Sua graça se Ele lançar fora aqueles que confiam
nEle, se depois de ter nos extasiado com goles de amor, Ele não nos leve a beber do
manancial? É completamente em vão para nós, portanto, confiar, se Sua promessa pode ser
esquecida e Sua mente pode ser mudada. Portanto, não precisamos falar dos Ebenézers no
passado como algo que nos consola para o futuro, caso o Senhor já tenha rejeitado os Seus
filhos, pois o passado não é garantia do que Ele pode fazer nos próximos dias! Mas a
veracidade de Deus em relação à Sua promessa, a fidelidade de Deus para com o Seu
propósito, a imutabilidade de Deus em Seu caráter e o amor de Deus em Sua essência, todos
estes provarão que Ele não abandona e nem abandonará a alma para a qual Ele olhou com
misericórdia, até que a grande obra seja consumada.
Além disso, como pode ser que o justo, afinal, caia da graça e pereça, se você recordar a
doutrina da expiação? A doutrina da expiação, como nós a sustentamos e cremos que esteja
na Escritura, é esta: Jesus Cristo prestou à justiça Divina uma satisfação pelos pecados de
Seu povo; Ele foi punido no lugar deles. Agora, se Ele assim o fez e eu não creio que
quaisquer outras expiações tenham algum valora, se Ele realmente foi o nosso sacrifício
vicário satisfatório, então, como o filho de Deus poderia ser lançado no Inferno? Por que ele
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seria lançado lá? Seus pecados foram colocados sobre Cristo, o que o condenaria? Cristo
foi condenado em seu lugar! Em nome da justiça eterna, a qual permanecerá, mesmo que o
céu e a terra estremeçam e se abalem, como pode um homem por quem Cristo derramou
Seu sangue ser tido como culpado diante de Deus quando Cristo levou a sua culpa e foi
punido em seu lugar? Aquele que crê deve certa e finalmente ser levado à glória, a expiação
exige isso e uma vez que ele não pode ir à glória sem a perseverança na santidade, ele deve
então perseverar ou então a expiação é uma coisa que não tem eficácia e força.
A doutrina da justificação também prova isso. Todo homem que crê em Jesus é justificado
de todas as coisas das quais ele não poderia ser justificado pela lei de Moisés. O apóstolo
Paulo diz em relação a um homem que é justificado como sendo completamente livre da
possibilidade de acusação. O som do trovão da santa jactância do apóstolo não permanece
em seus ouvidos: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus”? Se nada pode ser
dito em acusação a eles; se não há acusador, quem os condena? Se Deus considera os
crentes justos e retos por meio da justiça de Seu Filho amado; se eles revestiram o Seu
manto maravilhoso, o belo linho branco da justiça do Salvador, onde há espaço para que
algo seja feito contra eles, até o ponto de que eles sejam condenados? E se não são
acusados e nem condenados, eles devem perseverar em seu caminho e ser salvos!
Mais ainda, meus irmãos e irmãs, a intercessão de Cristo no Céu é uma garantia da salvação
de todos os que confiam nEle. Lembrem-se do caso de Pedro: “Simão, Simão, eis que
Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não
desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” [Lucas 22:31-32]. E esta oração
de Cristo preservou Pedro e o fez chorar amargamente depois de ter caído em pecado.
Semelhante oração do nosso Pastor sempre vigilante é feita por todos os Seus eleitos; dia e
noite, Ele roga, vestindo o peitoral como nosso grande Sumo Sacerdote diante do trono de
Deus e se Ele intercede pelo Seu povo, como eles perecerão, a menos que, de fato, a Sua
intercessão perdesse a sua autoridade?
Além disso, não se lembram de que cada crente é dito ser “um com Cristo”? “Porque somos
membros do seu corpo”, diz o apóstolo, “da sua carne, e dos seus ossos” [Efésios 5:30], e a
imaginação de vocês é tão depravada que podem imaginar Cristo, a Cabeça, unido a um
corpo no qual os membros frequentemente decaem; mãos e pés e os olhos, talvez,
apodrecendo, de modo que haja a necessidade que membros novos sejam criados em seu
lugar? A metáfora é demasiada atroz para que eu ouse continuar a falar sobre ela! “Porque
eu vivo, e vós vivereis” [João 14:19], esta é a imortalidade que abrange todos os membros
do corpo de Cristo; não há temor de que o justo volte para o pecado e se entregue às suas
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antigas corrupções, pois a santidade que está em Cristo, pelo poder vital do Espírito Santo,
penetra todo o sistema do corpo espiritual e o menor membro é preservado por meio da vida
de Cristo!
Novamente, a vida interior do Cristão é uma garantia de que ele não voltará ao pecado. Leia
passagens como estas: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da
incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (1 Pedro 1:23).
Agora, se essa semente é incorruptível, vive e permanece para sempre, como dizem alguns
entre vocês que os justos se tornam corruptos e caem da graça? Ouçam o Mestre: “Mas
aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se
fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”. Como vocês dizem, então, que
essa água que Jesus dá seca e deixa de fluir? Ouçam-nO mais uma vez: “Assim como o Pai,
que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá
por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o
maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre” (João 6:57-58). A vida que
Jesus implanta no coração de Seu povo está vinculada à Sua própria vida, “porque já estais
mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Colossenses 3:3). “Quando
Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em
glória” [Colossenses3:4]. O Espírito Santo habita em nós! “Não sabeis que os vossos corpos
são templos do Espírito Santo?” [1 Coríntios 3:16]. Ó amado, o próprio Deus morreria se o
Cristão perecesse, uma vez que a vida de Deus é eterna e é essa vida que Cristo nos deu!
“E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”
[João 10:28].
Deixo a doutrina com os seus entendimentos, a Palavra de Deus está em suas mãos e que
o Espírito de Deus coloque para além da dúvida em sua alma que é mesmo assim. Lembrem-
se, não é a doutrina de que todo aquele que crê em Cristo será salvo, faça o que ele fizer,
mas a doutrina é esta: que todo homem que crê em Jesus receberá o espírito de santidade
e será conduzido no caminho da santidade, de força em força, até que ele venha à perfeição
que Deus operará em nós na vinda de Seu Filho querido.
III. Por último, precisamos extrair certas inferências úteis desta doutrina.
Uma das primeiras é esta: há muito nesta verdade de Deus que traz conforto a um filho de
Deus que caminha hoje em trevas e não vê a luz. Você sabe que há algum tempo atrás o
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Senhor Se revelou a você; lembre-se dos tempos quando as promessas eram peculiarmente
doces, quando a Pessoa de Cristo era revelada à sua visão espiritual em toda a Sua glória;
então, amado, se alguma temporária depressão do espírito agora o oprime, se alguma
tribulação pessoal está ocorrendo com você, ouça as palavras: “Eu, o Senhor, não mudo”
[Malaquias 3:6]. Acredite que mesmo quando Ele esconde a Sua face, Ele ainda ama você!
Não O julgue por providências exteriores, julgue-O pelos ensinamentos de Sua Palavra. Faça
como os navegantes fazem quando eles remam para trás para conduzirem o barco para
frente; obtenha conforto do passado, tome tições de consolo dos altares de ontem para
inflamar os sacrifícios de hoje:
“Determinado a salvar, Ele viu ao longo do seu caminho,
Quando como escravo cego de Satanás, você brincava com a morte;
E Ele ensinou você a confiar em Seu nome,
E, até agora, Ele lhe guardou, e isso para envergonhá-lo?”
Esta doutrina deve sugerir a todos os Cristãos a necessidade de diligência constante, de
modo que ele persevere até o fim. “O quê?”, diz alguém, “esta é uma inferência a partir da
doutrina? Eu tinha pensado o inverso, pois, se o crente perseverará em seu caminho, qual a
necessidade de diligência?”. Eu respondo que o mal-entendido encontra-se no opositor. Se
o homem perseverará em santidade até o fim da vida, certamente há a necessidade de que
ele deve ser mantido em santidade e a doutrina que ele será preservado é um dos seus
melhores meios para produzir o resultado desejado. Se algum de vocês deve estar bem certo
de que em uma determinada linha de negócio você juntaria uma grande soma de dinheiro,
faria com que a sua confiança o fizesse negligenciar o negócio? Isso o levaria a ficar na cama
o dia todo ou de algum modo o faria abandonar a sua posição? Não, a garantia de que você
seria diligente e prosperaria, faria você ser diligente!
Tomarei emprestarei uma metáfora dos esportes da época, como Paulo fez em relação aos
jogos da Grécia: Se qualquer piloto de corridas estivesse confiante de que estava destinado
a vencer, isso o faria diminuir a velocidade? Napoleão acreditava ser ele mesmo o filho do
destino, isso paralisou as suas forças? Para mostrar que a certeza de algo não impede um
homem de correr atrás dele, mas sim anima-o, vou contar-lhes uma anedota minha, que
aconteceu comigo quando eu era apenas uma criança de cerca de 10 anos ou menos. O sr.
Richard Knill, de feliz e gloriosa memória, um zeloso trabalhador para Cristo, sentiu-se
movido, não sei porque, a me levar colocar em seu colo na casa do meu avô e proferir
palavras como estas, que foram estimadas pela família e por mim, especialmente: “Esta
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criança”, disse ele, “pregará o Evangelho, e ele pregará para as maiores congregações do
nosso tempo”. Eu cri em sua palavra e minha posição aqui hoje é, em parte, motivada por tal
crença. Isso não impediu a minha diligência para estudar, porque eu cria que eu estava
destinado a pregar o Evangelho a grandes congregações, de modo algum, estas palavras
contribuíram para que isso se tornasse realidade! Orei, busquei e me esforcei tendo sempre
presente a Estrela de Belém diante de mim que viria o dia em que pregaria o Evangelho.
Semelhantemente, a crença de que um dia seremos perfeitos nunca impede qualquer
verdadeiro crente de ser diligência, antes é o maior incentivo possível para fazer o homem
lutar contra as corrupções da carne e buscar perseverar de acordo com a promessa de Deus.
“Bem, mas”, diz alguém, “se Deus garante a perseverança final a um homem, por que ele
precisa orar por isso?”. Senhor, ele ousaria orar por isso se Deus não o tivesse garantido?
Não me atrevo a orar por aquilo que não é prometido, mas assim que está prometido, então,
peço por isso! E quando eu vejo algo prometido na Palavra de Deus, eu me esforço por isso.
“Diga o que quiser”, diz alguém, “você é inconsistente”. Ah, bem, meu caro amigo, somos
obrigados a explicar da melhor forma possível, mas não somos obrigados a dar entendimento
para aqueles que não têm nenhum! É difícil tentar fazer as coisas parecem claras para os
olhos míopes; às vezes, acontecerá que as pessoas não conseguem ver as verdades de
Deus que particularmente não querem ver; mas a prática é o principal e espero que por nosso
argumento prático provemos que, enquanto aqueles que pensam que eles podem cair da
graça correm riscos terríveis, e caem, contudo, aqueles que sabem que não cairão, se eles
realmente creram, ainda assim buscam andar com todo cuidado e vigilância! Eu busco viver
como se a minha salvação dependesse de mim mesmo, e então, volto para o meu Senhor,
sabendo que a salvação absolutamente não depende de mim, em qualquer sentido.
Gostaríamos de viver como a doutrina oposta é suposta fazer os homens viverem, que é
exatamente como a doutrina Calvinista realmente faz os homens viverem, ou seja, com
seriedade de propósito e com graciosa gratidão a Deus — que é, afinal, a influência mais
poderosa — por ter assegurado a nossa salvação por meio de Jesus Cristo nosso Senhor.
Outra questão extraída do texto é esta: aprendamos a partir do texto a como perseverar.
Irmãos e irmãs, vocês observarão que a razão para o apóstolo crer que os Filipenses
perseverariam não era porque eles eram pessoas muito boas e sinceras, mas porque Deus
havia começado a obra! Assim, o nosso fundamento para a perseverança deve ser o nosso
descanso em Deus. Há um querido irmão sentado aqui nesta manhã, um membro desta
igreja, que outrora era um membro de outra denominação de Cristãos; uma noite, quando
ele era muito jovem, e, recentemente convertido, ele se ajoelhou para orar e sentiu-se frio e
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morto, e não orou muitos minutos, porém foi para a cama. Mal deitou, um horror da escuridão
veio sobre ele, e disse para si mesmo: “Eu caí da graça”. Tão boa alma ele era e é que se
levantou da cama e começou a orar, mas não obteve melhora e às cinco horas da manhã,
ele foi até o seu líder de classe! Ele começou a bater na porta e gritou para despertá-lo. “O
que você quer?”, disse o líder de classe, quando ele abriu a janela. A resposta foi: “Oh, eu
caí da graça!”, “Bem”, disse o líder da classe, “se tiver caído da graça, vá para casa e confie
no Senhor”. “Mas”, disse meu amigo, “eu tenho confiado”. Sim, e se ele conhecesse a grande
verdade antes, ele não teria sido afetado com tal absurdo como o de ter caído da graça!
“Caiu da graça? Então vá e simplesmente confie no Senhor”. Sim, e é isso que todos nós
devemos fazer, caídos ou não! Não devemos confiar de modo superficial, mas sempre
descansar sobre o querido Cristo que morreu na cruz. “Senhor, se eu não sou um santo, e
muitas vezes eu temo que não tenho nada a ver com a santidade, ainda assim, Senhor, eu
sou um pecador e Tu morreste para salvar os pecadores e eu me agarrarei a isso! Ó precioso
sangue, se eu nunca experimentei o seu poder purificador; se até agora tenho estado em fel
da amargura e nos laços da iniquidade, ainda ali está o velho e grande Evangelho da cruz:
‘Quem crer e for batizado será salvo’. Senhor, eu creio hoje, se eu nunca cri antes! Ajude a
minha incredulidade”. Esta é a verdadeira teoria da perseverança: é perseverar em ser nada
e deixar que Cristo seja tudo! É perseverar em descansar total e simplesmente no poder da
graça que há em Cristo Jesus.
Por último, esta doutrina tem uma palavra para os não-convertidos. Eu sei que teve para
mim. Se alguma coisa neste mundo me levou ao desejo de ser um Cristão, em primeiro lugar,
foi a doutrina da perseverança final dos santos. Eu já tinha visto companheiros de minha
infância, um pouco mais avançados do que eu, que para mim eram como padrões de tudo o
que é excelente, eu já os havia visto estudando em grandes cidades ou lançarem-se em
negócios pessoais, e logo sua excelência moral se foi; em vez de serem exemplos, eles
chegaram a ser pessoas contra as quais os jovens foram alertados pela sua preeminência
no vício. Este pensamento me ocorreu: “Essa também pode ser minha situação nos próximos
anos! Existe alguma maneira pela qual um caráter santo pode ser assegurado para o futuro?
Existe alguma maneira pela qual um jovem, tomando cuidado, seja impedido de cair em
impureza e maldade?”. E eu descobri que se eu colocasse a minha confiança em Cristo, eu
tinha a promessa de que eu perseveraria em meu caminho e cresceria em força! E embora
eu temia que eu nunca pudesse ser um verdadeiro crente, e assim obter a promessa
cumprida a meu respeito, porque eu era tão indigno, contudo a sonoridade disso sempre me
encantou. “Oh, se eu pudesse apenas ir a Cristo e esconder-me como uma pomba em Suas
feridas, então eu estaria seguro! Se eu pudesse apenas tê-lO para me lavar dos meus
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pecados passados, então o Seu Espírito me guardaria do pecado futuro e eu seria
preservado até o fim”. Isso não atrai você? Oh, eu espero que haja alguns que serão atraídos
por tal salvação como esta! Nós não pregamos nenhum Evangelho frágil que não suportará
o seu peso! Não é nenhuma carruagem cujos eixos se quebrarão ou cujas rodas serão
retiradas. Este não é um alicerce de areia que pode afundar no dia do dilúvio! Aqui é o Deus
eterno comprometendo-Se a Si mesmo por aliança e juramento que Ele escreverá a Sua lei
em seu coração; que você não se desviará dEle; Ele irá guardar você para que não vagueie
em pecado; mas se por um tempo você se desviar, Ele vai restaurá-lo novamente para os
caminhos da justiça! Ó rapazes e moças, venham para cá! Lancem-se em sua porção com
Cristo e Seu povo. Confiem nEle! Confiem nEle! Confiem nEle e, então, esta preciosa
verdade será sua e esta experiência será ilustrada em sua vida:
“Meu nome das palmas das Suas mãos
A eternidade não apagará!
Gravado em Seu coração permanece
Em marcas de indelével graça!
Sim, eu até o fim perseverarei,
Tão certo quanto o penhor é dado;
Mais felizes, porém não mais seguros,
Estão os espíritos glorificados no Céu.”
Porção da Escritura lida antes de Sermão — Isaías 54.
ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitos
Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.
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Sola Gratia!
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Solus Christus!
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18
10 Sermões — R. M. M’Cheyne
Adoração — A. W. Pink
Agonia de Cristo — J. Edwards
Batismo, O — John Gill
Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo
Neotestamentário e Batista — William R. Downing
Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon
Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse
Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a
Doutrina da Eleição
Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos
Cessaram — Peter Masters
Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da
Eleição — A. W. Pink
Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer
Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida
pelos Arminianos — J. Owen
Confissão de Fé Batista de 1689
Conversão — John Gill
Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs
Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel
Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon
Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards
Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins
Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink
Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne
Eleição Particular — C. H. Spurgeon
Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —
J. Owen
Evangelismo Moderno — A. W. Pink
Excelência de Cristo, A — J. Edwards
Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon
Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink
Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink
In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah
Spurgeon
Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —
Jeremiah Burroughs
Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação
dos Pecadores, A — A. W. Pink
Jesus! – C. H. Spurgeon
Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon
Livre Graça, A — C. H. Spurgeon
Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield
Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry
Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill
OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.
— Sola Scriptura • Sola Gratia • Sola Fide • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —
John Flavel
Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston
Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.
Spurgeon
Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.
Pink
Oração — Thomas Watson
Pacto da Graça, O — Mike Renihan
Paixão de Cristo, A — Thomas Adams
Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards
Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —
Thomas Boston
Plenitude do Mediador, A — John Gill
Porção do Ímpios, A — J. Edwards
Pregação Chocante — Paul Washer
Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon
Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado
Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200
Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon
Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon
Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.
M'Cheyne
Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer
Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon
Sangue, O — C. H. Spurgeon
Semper Idem — Thomas Adams
Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,
Owen e Charnock
Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de
Deus) — C. H. Spurgeon
Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.
Edwards
Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina
é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen
Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos
Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.
Owen
Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink
Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.
Downing
Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan
Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
Claraval
Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica
no Batismo de Crentes — Fred Malone
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2 Coríntios 4
1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.