13

A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE CRISTOoestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.10... · é surpreendente o quão frequentemente esse princípio

Embed Size (px)

Citation preview

A Interpretação

das Escrituras

A. W. Pink

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

2

Traduzido do original em Inglês

Interpretation of the Scriptures

By A. W. Pink

Este e-book consiste apenas no Cap. 10 da obra supracitada.

Via: PBMinistries.org

(Providence Baptist Ministries)

Tradução por Camila Rebeca Almeida

Revisão por William Teixeira

Capa por William Teixeira

1ª Edição: Fevereiro de 2017

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida

permissão do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

3

A Interpretação das Escrituras

Por A. W. Pink

Capítulo 10

________________________________________

É de primeira importância que o expositor tenha sempre em mente que não somente

a substância e os sentimentos expressos nas Sagradas Escrituras são de origem divina,

mas que todo o seu conteúdo é verbalmente inspirado. Suas próprias afirmações dão

considerável ênfase sobre esse fato. Disse o santo Jó: “as palavras da sua boca guardei

mais do que a minha porção” (23:12); ele não apenas venerava a Palavra de Deus em sua

totalidade, mas altamente valorizava cada sílaba nela. “As palavras do Senhor são palavras

puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes” (Salmos 12:6).

Acreditamos que essa é mais do que uma declaração geral sobre a preciosidade, pureza e

permanência do que sai da boca do Senhor, pois deve ser devidamente notado que as

afirmações divinas não são simplesmente comparadas à prata refinada numa fornalha, mas

em “fornalha de barro”. Embora o Espírito Santo tenha usado o vernáculo da terra, contudo,

Ele expurgou aquilo que usou de toda escória humana, dando a alguns de seus termos

uma força totalmente diferente da sua origem humana, conferindo-lhes um maior significado

e aplicando tudo com perfeição espiritual, como a expressão “purificada sete vezes”

expressa. Assim, “toda a palavra de Deus é pura” (Provérbios 30:5).

O Senhor Jesus pôs repetidamente ênfase a esse aspecto da Verdade. Ao dar a

conhecer aos Seus discípulos os requisitos fundamentais da recepção de suas respostas

em oração, Ele disse: “Se vós estiverdes em mim [mantiverem um espírito de constante

dependência e permanecerem em comunhão com Ele], e as minhas palavras

permanecerem em vós [formando os seus pensamentos e regulando os seus desejos],

pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (João 15:7), pois em tais casos eles pediriam

apenas o que seria para a glória de Deus e para seu próprio bem real. Novamente, Ele

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

4

declarou: “As palavras que eu vos digo são espírito e vida” (João 6:63). A Palavra de Deus,

então, é composta de palavras, e cada uma delas é selecionada pela sabedoria divina e

posicionada com precisão infalível. Portanto, cabe a nós não pouparmos esforços na busca

de conhecermos o significado exato de cada um dos seus termos, e mais diligentemente

verificar a ordem exata em que eles são colocados, pois a correta compreensão de uma

passagem se dá primeiramente por nossa obtenção de uma compreensão correta de sua

linguagem. Isso deveria ser tão óbvio a ponto de não ser preciso nenhum argumento, mas

é surpreendente o quão frequentemente esse princípio fundamental é ignorado e violado.

Antes de afirmar várias outras regras que devem orientar o expositor, aquelas que

particularmente se relacionam mais diretamente com a interpretação de palavras e frases,

vamos mencionar vários alertas que precisam ser observados. Em primeiro lugar, não

assuma desde o início que tudo é simples e inteligível para você, pois muitas vezes as

palavras da Escritura são usadas em um sentido diferente e mais elevado do que na

linguagem comum. Assim, não é suficiente se familiarizar com o seu significado segundo

consta no dicionário, antes temos de saber como eles são usados pelo Espírito Santo. Por

exemplo, “esperança” significa muito mais na Palavra de Deus do que nos lábios dos

homens. Em segundo lugar, não conclua que você chegou ao significado de um termo, por

seu sentido ser bastante óbvio em uma ou duas passagens, pois você não está em uma

posição para delimitar uma definição até ter avaliado cada ocorrência do mesmo. Isso exige

muito trabalho e paciência, mas tal é necessário se quisermos ser preservados de ideias

errôneas. Em terceiro lugar, não conclua que qualquer termo empregado pelo Espírito tem

uma significação uniforme, pois esse está longe de ser o caso. A força dessas advertências

será feita mais evidente nos parágrafos seguintes.

13. A limitação das declarações gerais. Informações gerais devem, muitas vezes, ser

limitadas, tanto em si mesmas quanto em sua aplicação. Muitos exemplos desse princípio

ocorrem no livro de Provérbios, e, obviamente, pois um provérbio ou ditado é um princípio

geral expresso de uma forma breve, uma verdade moral estabelecida em linguagem

condensada e universal. Assim: “Decerto sofrerá severamente aquele que fica por fiador do

estranho, mas o que evita a fiança estará seguro” (11:15) anuncia a regra geral, ainda

assim, existem exceções na questão. “A coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória

dos filhos são seus pais” (17:6), no entanto, isso está longe de acontecer em todos os

casos. “Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do

Senhor” (18:22), como muitos homens — o escritor inclusive — já descobriram, todavia, a

experiência de não poucos tem sido o contrário. “A estultícia está ligada ao coração da

criança, mas a vara da correção a afugentará dela” (22:15), mas Deus reserva a Si mesmo

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

5

o direito soberano de fazer esse bem a quem Lhe agrada, onde Ele não abençoa esse

meio, a criança é endurecida em sua perversidade. “Viste o homem diligente na sua obra?

Perante reis será posto” (22:29), embora, às vezes, os mais diligentes se encontram com

pouco sucesso material.

Informações gerais devem ser qualificadas, quando as interpretarmos comparando-

as, em um sentido ilimitado, com outros versos. Um desses casos é a proibição de nosso

Senhor: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mateus 7:1), pois se essa afirmação

fosse considerada sem qualquer restrição contradiria o Seu preceito: “julgai segundo a reta

justiça” (João 7:24); mas quantas vezes esse preceito é lançado contra as cabeças

daqueles que realizam um dever Cristão. A capacidade de pesar ou julgar, para formar uma

estimativa e opinião, é umas das mais valiosas de nossas faculdades, e o uso correto disso

é uma das nossas tarefas mais importantes. É muito necessário que nós tenhamos os

nossos sentidos “exercitados para discernir [grego: “julgar completamente”] o bem e o mal”

(Hebreus 5:14) se não queremos ser enganados pelas aparências, e levados por cada

impostor de lábios bajuladores que encontramos. A menos que formemos um juízo do que

é verdadeiro e falso, como podemos receber um e evitar o outro? Somos convidados a

“acautelar-nos dos falsos profetas”, mas como podemos fazê-lo a menos que nós

julguemos ou cuidadosamente meçamos cada pregador da Palavra de Deus? Somos

proibidos de ter comunhão com as obras infrutuosas das trevas, mas isso nos obriga a

determinar quais são essas. Cristo não estava aqui proibindo todo o julgamento dos outros,

mas estava repreendendo um julgamento importuno ou autoritário; presunçoso, hipócrita,

precipitado ou apressado, insustentável, injusto e impiedoso. Muita graça e sabedoria é

necessária para que nós apliquemos corretamente essa palavra do nosso Mestre.

Outro exemplo pertinente é encontrado em nosso Senhor: “Não jureis” (Mateus 5:34).

Na parte do Sermão do Monte em que essas palavras ocorrem, Cristo estava libertando os

mandamentos divinos dos erros dos rabinos e fariseus, e reforçando o seu rigor e

espiritualidade. No caso agora diante de nós, os mestres judeus haviam restringido os

estatutos mosaicos sobre juramentos à simples proibição de perjúrio, incentivando o hábito

de jurar pela criatura e jurar levianamente em uma conversa normal. Nos versos 34-37,

nosso Senhor investiu contra essas tradições e práticas corruptas. Ele nunca pretendeu

que Seu “não jureis” fosse tomado absolutamente fica claro a partir de Sua proibição que

os homens jurassem por alguma criatura, e da Sua repreensão a todos os juramentos em

conversas cotidianas. A analogia geral da Escritura revela a necessidade de juramentos em

certas ocasiões. Abraão jurou a Abimeleque (Gênesis 21:23-24) e exigiu que o seu servo

prestasse juramento (Gênesis 24:8-9); Jacó (Gênesis 31:53) e José (Gênesis 47:31) ambos

fizeram um juramento. Paulo confirmou repetidamente seu ensino por solenemente chamar

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

6

a Deus por testemunha (Romanos 9:1; 2 Coríntios 1:23, etc.). Hebreus 6:16, indica que os

juramentos são tanto admissíveis quanto necessários.

Há muitas expressões usadas nas Escrituras indefinidamente em vez de especifica-

mente, e que não devem ser entendidas sem qualificação. Algumas delas são mais ou

menos aparentes, outras só podem ser descobertas por uma comparação e estudo de

outras passagens que tratam do mesmo assunto. Assim: “...esta salvação de Deus é

enviada aos gentios, e eles a ouvirão” (Atos 28:28, e cf. 11:18) não significa que cada um

deles seria salvo. Da mesma forma: “E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne

juntamente a verá” e “que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne” (Isaías 40:5; Atos

2:17) eram simplesmente anúncios que a graça de Deus transbordaria os limites estreitos

de Israel segundo a carne. Assim também “o mundo” tem uma variedade de significados e

muito raramente é sinónimo de toda a humanidade. Em passagens como João 7:4 e 12:19,

apenas uma pequena parte de seus habitantes foram incluídos. Em Lucas 2:1, o mundo

profano está em vista; em João 15:18-19, o mundo dos que professavam ser o povo de

Deus, pois eram partidos religiosos de Israel que odiavam Cristo. Em João 14:17 e 17:9, os

não-eleitos são referidos; compare com “o mundo dos ímpios” (2 Pedro 2:5), enquanto que

em João 1:29 e 6:33, a referência é ao mundo dos eleitos de Deus, os que são realmente

salvos por Cristo.

Outra palavra que é usada na Bíblia com considerável amplitude é “tudo”, e muito

raramente é encontrada sem qualquer limitação. “E, tudo o que pedirdes em oração,

crendo, o recebereis” (Mateus 21:22), obviamente, significa tudo o que pedimos que é

segundo a vontade de Deus (1 João 5:14). Quando os apóstolos disseram a Cristo: “Todos

te buscam” (Marcos 1:37), que “todos se admiravam” dos Seus milagres (Marcos 5:20) e

que “todas as pessoas vieram a ele” no templo (João 8:2), essas expressões estavam longe

de significar a soma total dos habitantes da Palestina. Quando Lucas diz aos seus leitores

que ele tinha se “informado minuciosamente de tudo desde o princípio” (1:3), e quando

somos informados de que Cristo predisse todas as coisas (Marcos 13:23) aos Seus

apóstolos, tal linguagem não deve ser tomada absolutamente. Da mesma forma,

afirmações como “porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera”, “este é o homem

que por todas as partes ensina a todos contra o povo e contra a lei”, “porque hás de ser sua

testemunha para com todos os homens” (Atos 4:21, 21:28, 22:15), devem ser consideradas

relativamente. Consequentemente, à luz desses exemplos, quando ele lida com “Ele

morreu por todos” e “deu a si mesmo em resgate por todos” (2 Coríntios 5:15; 1 Timóteo

2:6), o expositor deve determinar a partir de outras Escrituras (como Isaías 53:8; Mateus

1:21; Efésios 5:25) se se intenciona toda a humanidade ou todos os que creem.

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

7

O mesmo é verdadeiro sobre a expressão “todo homem” (veja, por exemplo, Marcos

8:25; Lucas 16:16; Romanos 12:3; e compare com 2 Tessalonicenses 3:2; 1 Coríntios 4:5).

Assim também o termo “todas as coisas”. Nem a passagem: “e eis que tudo vos será limpo”

(Lucas 11:41), nem “todas as coisas me são lícitas” (1 Coríntios 6:12) pode ser tomada pelo

valor literal, ou muitas Escrituras seriam desmentidas. “Fiz-me tudo para todos” (1 Coríntios

9:22), essa passagem deve ser explicada por aquilo que o precede imediatamente. “Todas

as coisas” de Romanos 8:28, tem referência aos “sofrimentos do tempo presente”, e “todas

as coisas” de 8:32, significa “todas as coisas que dizem respeito à vida e piedade” (2 Pedro

1:3). Os “tempos da restauração de todas as coisas” (Atos 3:21) é imediatamente

modificado pelas palavras que se seguem imediatamente: “as quais Deus falou pela boca

dos seus santos profetas, desde o princípio”, e certamente nenhuma delas previu a

restauração do Diabo e seus anjos à sua antiga glória. O texto: “Para reconciliar consigo

mesmo todas as coisas” (Colossenses 1:20) não deve ser entendido como ensinado

expressamente o Universalismo, ou cada passagem afirmando a condenação eterna dos

que estão sem Cristo seria desmentida.

14. Afirmações positivas com uma força comparativa. Muitas afirmações nas

Escrituras são expressas de forma absoluta, ainda assim elas devem ser entendidas

relativamente. Isto é evidente a partir desses exemplos explicados a seguir. “Não ajunteis

tesouros na terra” (Mateus 6:19) esse verso é explicado no verso seguinte: “Mas ajuntai

tesouros no céu”. “Trabalhai, não pela comida que perece” (João 6:27) não é uma proibição

absoluta, como é demonstrado por: “mas pela comida que permanece para a vida eterna”.

Da mesma forma: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual

também para o que é dos outros” (Filipenses 2:4), ou seja, nós devemos amar o nosso

próximo como a nós mesmos. “Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega”,

deve ser tomado relativamente, porque Deus frequentemente emprega tanto um quanto o

outro como instrumentos para fazer essas mesmas coisas: “mas Deus, que dá o

crescimento” (1 Coríntios 3:7), isso mostra onde a ênfase deve ser colocada, e Aquele a

quem a glória deve ser atribuída. “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos

cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no

coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de

Deus” (1 Pedro 3:3-4).

Há, no entanto, numerosos exemplos que não são imediatamente explicadas para

nós, mas que a analogia da fé deixa claro. “Falou mais Deus a Moisés, e disse: Eu sou o

Senhor. E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo

meu nome, Yahwéh, não lhes fui perfeitamente conhecido” (Êxodo 6:2-3 – trad. lit.). No

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

8

entanto, é bastante claro a partir das palavras de Abraão em Gênesis 15:6,8, a partir de

seu chamado ao altar “Yahwéh-Jiré” (Gênesis 22:14), e a partir de Gênesis 26:2,24, e das

palavras de Deus a Jacó em 28:13, que os patriarcas estavam familiarizados com esse

título divino. Mas eles não O conheciam como o Cumpridor de Suas promessas ou Sua real

fidelidade pactual; enquanto Moisés e os hebreus agora teriam prova de Sua palavra dita

em Gênesis 15:13-14, e seriam trazidos para a terra de Canaã. “Os meus olhos estão

continuamente no Senhor” (Salmos 25:15), isto deve ser entendido em harmonia com

outras Escrituras que mostram que houve momentos em que os olhos de Davi foram

afastados do Senhor, e, como resultado, ele caiu em graves pecados; no entanto, esse era

o hábito do seu coração, o teor geral de sua vida espiritual. Veja 1 Reis 15:5, para mais

uma demonstração comparativa sobre Davi.

“Sacrifício e oferta não quiseste”, isto é, não quiseste que continuassem por mais

tempo, como o que se segue mostra; as sombras dão lugar à substância: “holocausto e

expiação pelo pecado não reclamaste” (Salmos 40:6). Essas últimas palavras devem,

obviamente, ser entendidas relativamente, pelo fato de tais ofertas já terem sido requeridas

por determinação divina. Mas mesmo a apresentação dos sacrifícios mais caros (o cordeiro,

ou um boi) eram inaceitáveis a Deus, a menos que procedessem daqueles que

sinceramente desejavam obedecê-lO e servi-lO, como fica claro a partir de tais passagens

como Provérbios 21:27 e Isaías 1:11-15. Conformidade comparativa com os preceitos da

lei moral era muito mais importante do que a conformidade com a lei cerimonial (veja 1

Samuel 15:22; Salmos 69:30-31; Provérbios 21:3; Oséias 6:6; 1 Coríntios 7:19). Adoração

é rejeitada, a menos que seja realizada por amor e gratidão. Semelhantemente devemos

entender: “Porque nunca falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem

lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios” (Jeremias 7:22), aquelas

não foram as primeiras ou principais coisas ordenadas. Não, “mas isto lhes ordenei,

dizendo: Ouvi a minha voz”, isto é, a concepção de toda a revelação no Sinai foi inculcar a

sujeição prática à vontade de Deus, e o ritual levítico era apenas um meio para esse fim.

Palavras que são usadas para expressar perpetuidade não devem ser estendidas

para além da duração conhecida das coisas ditas. Como quando os judeus foram

ordenados a manter certas instituições nas suas gerações como sendo ordenanças para

sempre (Êxodo 12:24; Números 15:15), isso não significava que deviam fazê-lo por toda a

eternidade, mas apenas durante a economia mosaica. Da mesma forma os montes

perpétuos e outeiros eternos de Habacuque 3:6, só falava de permanência e estabilidade

comparativa, pois a terra ainda seria destruída. “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a

tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mateus 6:3), isto não deve ser considerado

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

9

absolutamente, caso contrário, qualquer ato de beneficência que viesse ao conhecimento

de nossos companheiros seria proibido, e isso seria contrário à analogia da fé. Os Cristãos

primitivos nem sempre escondiam as suas doações, como Atos 11:29-30 demonstra. O

sigilo em si pode se tornar um manto para a avareza, e sob a pretensão de esconder boas

obras nós podemos acumular dinheiro para gastar conosco mesmos. Há momentos em que

uma pessoa de destaque pode justamente estimular os seus irmãos por seu próprio espírito

de liberalidade. Este preceito divino foi projetado para conter a ambição corrupta de nossos

corações pelo louvor dos homens. Cristo quis dizer que devemos realizar atos de caridade

o mais discretamente possível, sendo a nossa principal preocupação ter a aprovação de

Deus, em vez do aplauso dos nossos semelhantes. Quando uma boa obra foi feita, não

devemos fazer questão de mantê-la em nossa mente, e em vez de congratular-nos a nós

mesmos por causa dela, devemos prosseguir para outros deveres que ainda temos a fazer.

Não devemos concluir a partir dos termos de Lucas 14:12-13, que é errado que

convidemos nossos amigos e parentes para participar da nossa hospitalidade, embora uma

comparação seja assim expressa novamente em linguagem positiva; mas, antes, devemos

fazer com que os pobres e necessitados não sejam negligenciados ou menosprezado por

nós. “Porque a lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”

(João 1:17). Quantas vezes essas palavras foram mal interpretadas, sim, distorcidas; pois

é um erro grave concluir a partir dessas palavras que não havia “graça”, sob a economia

Mosaica ou que não haja nenhuma “lei” sob a economia Cristã. O fato é que o contraste

não é entre as mensagens de Moisés e Cristo, mas as características de seus ministérios.

“Vós não me vereis mais” (João 16:10), disse Cristo aos Seus apóstolos. No entanto, eles

O viram! O que, então, Ele quis dizer? Que eles não O veriam novamente em um estado

de humilhação, sob a forma de servo, em semelhança da carne do pecado, porque, naquela

ocasião o veriam em Seu estado glorificado (compare com “semelhante ao Filho do

homem”, Apocalipse 1:13). Atos 1:3, definitivamente, informa-nos que Cristo foi visto dos

apóstolos durante quarenta dias depois da ressurreição, e, claro, Ele é agora visto por eles

no Céu. Quando o apóstolo declarou: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a

Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Coríntios 2:2), ele não quis dizer que Aquele era o seu

único tema, mas sim que Cristo era o seu assunto dominante e proeminente. Quando

somos exortados: “Não estejais inquietos por coisa alguma” (Filipenses 4:6), nós

certamente não devemos entender que os cuidados com o objetivo de agradar a Deus

sejam proibidos, ou que não devemos ter profunda preocupação pelos nossos pecados.

Os exemplos acima (muitos outros poderiam ser adicionados) mostram que o cuidado

constante é necessário para distinguir entre as declarações positivas e comparativas, e

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

10

entre palavras com um sentido absoluta e aquelas palavras que possuem um sentido

simplesmente relativo.

Sola Scriptura! Sola Gratia! Sola Fide!

Solus Christus! Soli Deo Gloria!

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

11

10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

12

2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.