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OUTROS SAPATOS Experiências singulares O Oásis Onde menos é mais Quem Pode Julgar? A intolerância no banco dos réus. MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

Julho de 2012: Relacionamentos Interpessoais

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Entender e ter paciência com pessoas diferentes de nós começa quando percebemos como Deus as vê. Leia nesta edição alguns pensamentos a esse respeito.

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OUTROS SAPATOSExperiências singulares

O OásisOnde menos é mais

Quem Pode Julgar?A intolerância no banco dos réus.

MUDE SUA V I DA . MUDE O MUNDO .

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Volume 13, Número 7

CONTATO PESSOAL

Quando solteiros, Reginaldo e Paulo eram sócios em uma empresa. Certo dia, tomado por uma inspiração de fazer algo diferente, o primeiro decidiu deixar em ordem a área externa da casa que os dois

dividiam. Aparou o gramado, arrumou algumas coisas que estavam espalhadas e descartou outras. O jardineiro por um dia estava feliz com a evolução do seu trabalho até que ergueu os olhos e viu algo sobre os troncos das árvores que o deixou alarmado: parasitas.

Motivado pelo sentimento de realização que o trabalho no jardim lhe pro-porcionara, armou-se de escada e facão para erradicar o mal que ameaçava seu jardim. Foi detalhista na missão e não sobrou folha sequer daqueles invasores.

Ao chegar em casa, Paulo ficou satisfeito com a transformação no terreno em volta da casa e cumprimentava o colega pelo bom trabalho, quando deu falta de algo: as orquídeas que ele havia fixado com todo carinho no tronco da árvore.

Como alguém pode ser tão insensível e destruir flores tão lindas e delicadas? Não foi insensibilidade, mas falta de conhecimento. As orquídeas não haviam flo-rescido e Reginaldo não sabia que não prejudicam a planta onde se instalam. Como as bromélias, alimentam-se dos materiais em decomposição que se depositam onde estão suas raízes. Em troca do espaço para viver, adiciona beleza à anfitriã.

Paulo aceitou as desculpas do colega, mas a história rendeu algumas piadas por um tempo, o que Reginaldo, o “paladino do reino vegetal” soube levar numa boa.

Algo assim acontece também com pessoas, mas com consequências mais gra-ves, às vezes irreparáveis. Por parecerem diferentes dos demais de um ambiente, ou por ainda não haver chegado seu tempo de florescer e se revelar, muitos são vistos como intrusos e combatidos como ameaças, quando apenas um pouco de conhecimento e paciência bastaria para que a vida tivesse sua chance.

É o que Deus pede a todos, especialmente aos que O conhecem. É o que esperamos que esta edição da Contato o inspire a fazer.

Mário Sant’AnaPela Contato

© 2011 Aurora Production AG. www.auroraproduction.com Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'AnaA menos que esteja indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

Contamos com uma grande variedade de livros, além de CDs, DVDs e outros recursos para alimentar sua alma, enlevar seu espírito, fortalecer seus laços familiares e proporcionar divertidos momentos de aprendizagem para os seus filhos.

Para adquirir nossos produtos, obter mais informações, ou se tornar um assinante da Revista Contato, visite nossos sites, escreva-nos ou ligue gratuitamente para nossa central de atendimento.

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Editor Mário Sant'AnadEsign Gentian Suçidiagramação Angela HernandezProdução Samuel Keating

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Faz algum tempo, passei duas semanas nos campos de refugiados da República Saarauí, na cidade-oásis de Tindouf, no sudeste argelino. Nossa equipe de dez pessoas, com idades de variavam de 15 anos a 50 e alguma coisa, saiu de sua base em Granada, Espanha, para fazer uma série de palestras e apresentações nas escolas e centros comunitários dos acampamentos.

Os saaráuis são remanescentes das tribos que viviam nômades no território antes conhecido por Saara Ocidental. Durante os 100 anos em que aquele povo permaneceu sob o domínio espanhol, habituou-se a situações mais estacionárias e construiu grandes comunidades, como a cidade de Smara.

Com o término brusco do período colonial espanhol na região, em 1975, Marrocos e Mauritânia se apressaram para preencher o vácuo de poder. Os saaráuis nativos travaram uma batalha perdida, que a maior parte da comunidade internacional preferiu ignorar. Por mais de 30 anos, quase

Dennis Edwards

200 mil saaráuis vivem em condições de tremenda precariedade em hamadas —tipo de deserto caracterizado por mesetas rochosas e estéreis. No verão, as temperaturas podem atingir 55ºC.

A humildade daquele povo impres-siona. Não são de nenhuma forma extremistas políticos ou religiosos. Seu sofrimento tem sido grandemente ignorado há quase quatro décadas, mas isso não os torna rancorosos. Dizem que Deus olha por eles e algum dia os salvará.

Fomos hospedados por três famílias em nossa estada e tratados como a realeza. As condições de vida eram básicas. Não há água encanada, e a única fonte de eletricidade são painéis solares e baterias de 12 volts. O calor era quase insuportável. Mas tudo isso foi mais que compensado pela hospitalidade e amizade daquela gente. Não havia evidência de violência, crimes ou uso de drogas. Não havia trânsito urbano nem barulho de máquinas da construção

civil. A vista do cobertor de estrelas que no céu noturno não era obstruída por prédios altos nem competia com as luzes da cidade. Voltáramos no tempo, para um lugar em que a globalização e as con-veniências modernas praticamente não existem. Contudo, sentimo-nos renova-dos e revigorados espiritualmente.

Rimos, dançamos e cantamos. Conversamos e, principalmente, escutamos. Até os dias eram calmos. Comemos um churrasco com o sol a pino sobre dunas de areia, enquanto cantamos juntos sobre amor, paz e fé em Deus.

Em nosso regresso à Espanha, recebemos os cumprimentos de nossos amigos pelo “grande sacrifício” que teríamos feito nos campos de refugia-dos. Engano. Fomos abençoados.

Dennis Edwards é membro da Família Internacional em Portugal. ■

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1. Provérbios 10:12

2. 1 João 4:8

3. Mateus 22:37–40

4. Lucas 10:25–37

5. Isaías 9:6

6. Efésios 2:14

7. Efésios 4:31–32 NVI

8. 2 Coríntios 5:17

Nos últimos anos, temos acompanhado os horrores resultantes do cresci-mento da animosidade entre pessoas de raças, ideologias ou religiões diferentes. Os confrontos étnicos e a violência política na África, o contínuo derramamento de sangue no Oriente Médio e as tensões raciais em muitos outros países suscitam questiona-mentos sobre o estado em que se encontra a humanidade. Na maioria dos casos esses conflitos são guerras civis ou internas, cujas vítimas são,

Michael Roy

principalmente, civis que não estavam diretamente envolvidos na questão.

Não há alguém que possa dar um basta em tudo isso? Não poderia algum organismo internacional decretar que todos em todos os países, raças e credos estejam obrigados a se respeitarem e se aceitarem mutuamente e a viver em harmonia apesar das diferenças? Infelizmente, mesmo que alguém tivesse a autoridade para emitir tal decreto, jamais daria certo. Leis não produzem a justiça. A bondade, a compreensão e o amor têm de vir do coração, não de um senso de dever a uma lei.

Não há lei que consiga mudar, da noite para o dia, a atitude das pessoas que perderam familiares, lares e terras, por conta da violência ou do desprezo de outro grupo étnico. Mesmo que a pessoa queira se reconciliar com seus opressores, é difícil desaparecerem as mágoas depois de arraigadas. Não há força de vontade capaz de superar

instantaneamente o ódio e os ressenti-mentos profundamente enraizados.

Como, então, superar o preconceito, o medo e a desconfiança cujas raízes atra-vessam os séculos? A resposta resume-se em uma simples palavra: amor.

“O ódio incita contendas, mas o amor cobre todos os pecados”1. A interação com alguém por quem se tem ódio provavelmente provocará desacordos e conflitos. Mas, se tivermos amor verdadeiro, será possível olharmos além dos erros, para aceitar-mos e perdoarmos até mesmo aqueles que nos causam injustiças.

Deixar passar e perdoar todos os defeitos e erros dos outros é uma aspiração nobre, mas, realistamente, quem consegue, de uma hora para a outra, desfazer-se do ressentimento, do ódio, do temor ou de outras atitudes negativas tão fortes em relação a indivíduos ou grupos inteiros de pessoas? A maioria carece

A COR DO

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Michael Roy

da determinação e dos recursos emocionais para isso, sem falar na vontade de ser tão abnegado.

A boa notícia é que, apesar das nossas flagrantes limitações humanas, é possível amar, entender e aceitar de ver-dade as pessoas, independentemente do seu passado ou origem. O segredo para esse amor está na sua fonte máxima, o próprio Deus. A Bíblia diz que “Deus é amor”.2 É o onipotente Espírito de amor que criou o universo e todos nós.

Para que conhecêssemos a Sua natureza, enviou à Terra, na forma de homem, Seu único Filho, Jesus Cristo. A essência do trabalho de Jesus foi o amor. Ele sofreu como um ser humano e teve grande compaixão das pessoas, cujas necessidades espirituais e físicas atendeu. Tornou-Se um de nós e ensinou que para obedecer a todas as leis de Deus bastava observar somente um mandamento: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”3

Em certa ocasião, Jesus foi questio-nado publicamente por um dos Seus opositores: “Mas quem é o meu pró-ximo?” Jesus respondeu-lhe contando a história do Bom Samaritano, que mostra claramente que o nosso próximo é qualquer pessoa que precise de nossa ajuda, independentemente de raça, cor, nacionalidade, cultura ou credo.4

Para amarmos o nosso próximo e fazermos a nossa parte para trazer paz ao mundo, devemos pedir ao Príncipe da Paz, Jesus,5 que nos dê amor pelos outros. Quando estamos ligados ao Deus de amor, o Seu Espírito em nós pode nos dar o poder para fazer o que é humanamente impossível: verdadeira-mente amar os outros da mesma forma que amamos a nós mesmos.

Referindo-se a Jesus, a Bíblia diz que “Ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos [diferentes raças] fez um, e destruiu a parede de separação”.6 O amor sobrenatural de Deus é o que

traz paz verdadeira, união e respeito mútuo entre as pessoas.

Mesmo que o medo, o preconceito e o ódio nos tenham sido incutidos durante anos, o amor maravilhoso de Deus pode dissipar tudo isso! Entender que Deus nos ama e perdoa torna muito mais fácil amar e perdoar os demais. Com isso, podemos nos desfazer de toda a amargura, ira, cólera, gritaria e blasfêmias e toda a malícia, e ser uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-nos uns aos outros como também Deus [nos] perdoou através de Cristo.7

Quando abrimos o coração a Jesus, Ele pode nos livrar milagrosamente da prisão do ódio e da inimizade. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; tudo se fez novo”.8

Que mundo maravilhoso teríamos, se não déssemos atenção a coisas como cor e raça, mas víssemos nas pessoas somente o amor —a cor do amor! ■

Digo que devemos considerar todos os homens nossos irmãos. O quê? Um turco meu irmão? Um chinês meu irmão? Um judeu? Um siamês? Com toda certeza. Não somos todos filhos do mesmo pai e criações do mesmo Deus? —Voltaire

A COR DO AMOR

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A vistaNyx Martinez

Olhando pela enferrujada janela do ônibus, parecia o início de um dia triste. E triste eu já estava. Voando em meus pensamen-tos, lembrando de coisas que melhor seria se ficassem esquecidas, afundei em mau humor. A infelicidade é que, quando estamos deprimidos, tendemos a ocupar a mente com pensamentos que para nada servem, senão para desperdiçar nosso tempo e angustiar ainda mais nossos espíritos!

O ônibus parou. De novo! O trânsito de Manilha! Voltei a olhar o meu relógio: 6 horas. Cedo demais para o tráfego estar tão lento. Tinha um prazo a cumprir e, por causa disso, não dormira muito na noite anterior. Zangada, virei para a janela.

Um jovem camelô vendia umas botas pretas que lustrara até virarem

um espelho. Dava para ler seus pensamentos e perceber suas esperan-ças de que aquele seria um bom dia. Talvez granjeasse uns trocados a mais do que conseguira no dia anterior, que lhe renderiam uma refeição melhor à noite. Apenas um talvez.

Surge um possível comprador. Usando uma calça jeans desbotada e uma camisa puída, trazia pendurada no ombro uma mochila JanSport falsificada. Pegou um par de botas e o admirou. Parecia pensar: Um dia desses... (quem sabe?) um dia desses, terei dinheiro bastante para comprar botas assim.

Fiquei imaginando quanto aquele homem ganharia por um dia de trabalho. Uns 200, talvez 300 pesos no máximo (menos de R$ 15). As botas custavam duas vezes isso. Seu dinheiro

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tinha outro destino... vários outros destinos. Provavelmente tem uma família à sua espera que precisa comer e dívidas que o assombram dia e noite. Antes mesmo de receber, o dinheiro já estará gasto. As botas teriam de esperar.

O olhar cansado para o vendedor disse tudo: hoje não e, provavelmente, tampouco amanhã. Os dois bateram papo como se fossem velhos amigos. Riram e ouviram a história um do outro enquanto meu ônibus avançou a centímetros por hora e parou de novo.

Desta vez, meu olhar recaiu sobre o rosto bem enrugado de uma mulher que, sentada num banco baixo, vendia balas. Pela calçada que ela parcialmente obstruía, passava e dela desviava a multidão agitada. Nos seus olhos — pelo menos na parte que sua pele flácida deixava à vista

— eu podia ler tristeza. A causa não me era visível. Talvez o simples fato de que hoje seria muito como ontem, como foram anteontem e todos os demais dias que se reuniram para formar os anos. Dias como ela sabia que amanhã também seria.

Ali, naquela banqueta, talvez vendesse algumas balas, mas ninguém a notaria. Quando muito, largariam umas moedas em suas mãos calejadas e avançariam ainda estranhos e apressados e, com eles, a manhã e a tarde. E assim, a velha ficaria um dia ainda mais velha, sem ver nisso motivo de felicidade.

Continuei olhando e vi os cantos de sua boca baixarem um pouco mais. Em um dos olhos com os quais fitava o vazio, brilhou uma lágrima que deslizou para a sua face. Tive de olhar para o outro lado.

Um guarda de trânsito estava agitado na esquina, apressando os pedestres a cruzar a rua. Seria mais um portador de uma dor invisível? Mais um assediado por pensamentos que melhor estariam sepultados no esquecimento? Mesmo que este seja o caso, não lhe é facultado demonstrar. Tinha de ganhar o dia, fazer o trânsito andar e manter a ordem.

Uma mulher com uns vinte e poucos anos atravessou a rua conforme ele sinalizara que fizesse. Tentei imaginar o mundo pelos seus olhos. Qual será a sua história? Para onde vai? Qual será o seu nome? ... E o que eu tenho a ver com isso?

Minha mente retornou como um elástico para minha situação e vi que algo havia interferido, aparentemente contrário aos meus desejos. Coisa estranha essa de eu ficar sentindo

as emoções alheias. Ou não? Seria aceitável me deixar embrutecer aos sentimentos de outrem, atravessando meus dias como se todos esses anônimos nas multidões que me cercam fossem meros elementos do cenário no meu mundo? Não. Cada um daqueles estranhos é mãe de alguém, filho de alguém, marido de alguém, irmão de alguém e alguém de alguém. E todos importantes.

Quando voltei a pensar em meus problemas e qualquer outra coisa que me estivessem molestando antes, pareceram triviais. Não tenho uma vida triste e dura, nem faço das ruas meu ganha-pão, com a poluição queimando meus olhos e me endurecendo os pulmões. Sem dúvida, tenho minha dose de problemas, mas, se comparar, a vida tem sido boa para mim e tudo indica que vai continuar assim.

O trânsito finalmente desafogou e toquei meu dia. Mas naqueles relances emoldurados pela janela do ônibus, Deus me deu coisas que espero jamais perder: a empatia, um coração que sente o que os outros estão passando e um desejo de ajudar a tornar o mundo deles um pouco melhor.

A vista que surge na janela da vida pode mudar de dia para dia, mas sempre haverá alguém necessitado pas-sando ali. O que posso fazer por aquela pessoa? A verdadeira compaixão não se limita a observar e dar as costas… E eu tampouco deveria fazer isso.

Nyx Martinez é correspondente e apresentadora no Living Asia Channel. Acompanhe suas Viagens em www.nyxmartinez.com ■

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Muitas vezes, tudo que conhecemos é o nosso mundo. Ele é formado pela nossa experiência —os lugares que conhece-mos, as pessoas que conhecemos e as coisas que fizemos— assim como pelos nossos hábitos, valores e aspirações. Quando vemos um homem dormindo à porta de uma loja ou uma mulher pedindo ajuda com voz arrastada, com-paramos a condição dessas pessoas com nosso mundo. Podemos supor que haja algo fundamentalmente errado com alguém nessas condições.

Na verdade, a pobreza coloca as pessoas em um mundo à parte. O sem--teto adormecido nos degraus da loja possivelmente não descansou durante a noite para proteger suas poucas posses. Aquela mulher pode sofrer de um problema de saúde que não está sendo tratado e que afeta sua fala.

Chelle Thompson escreve: “Seres humanos raramente vão além dos seus interesses para realmente entender os temores dos outros. Muitas vezes,

OUTROS

projetamos nossos pensamentos e crenças em estranhos e julgamos com base na maneira como entendemos que eles deveriam viver.”

Alguém sugeriu que para entender alguém devemos caminhar um quilômetro com seus sapatos. Mas como ao menos calçar os sapatos de uma mãe solteira sem teto, doente, que luta contra a dependência de drogas lícitas que ela adquiriu em um hospital, e que perdeu a custódia dos filhos, que hoje estão sob os cuidados de terceiros? Como sentir o que ela sente? Não consigo caminhar com os seus sapatos, mas posso perguntar se ela gostaria de conversar, contar sua história e me dizer como se sentem seus pés nesses sapatos. Ambas nos beneficiaríamos.

Acho que precisamos dominar os temores que temos uns dos outros e, então, de alguma forma prática, aprender a ver as pessoas de uma forma diferente daquela como fomos criados. —Alice Walker

O problema não é a pessoaQuentin é um querido amigo que

sofre do mal de Parkinson. Em suas alucinações, chegou a pensar que havia dez pessoas na sua cama e, entendendo que não havia lugar para ele, rolou para o chão e pediu ao seu companheiro de quarto que o ajudasse a levantar. Outra vez, fantasiou que várias mulheres queriam se casar com ele (nada mal). Mas quando imaginou que era perseguido por um antigo inimigo que portava um AK-47, acionou o alarme de incêndio do prédio causando pânico generalizado.

Muitas pessoas tentaram em vão lhe explicar que essas coisas não passavam de imaginação. Seu companheiro de quarto, cansado de tudo isso, passou a dizer coisas do tipo: “Quentin está pirado”, ou “Ele é um tonto!”

Tempos depois, nosso amigo se mudou para uma clínica-lar, cuja equipe entendia sua condição psicológica. Um dos cuidadores lhe

Caryn Phillips

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explicou, em termos simples, que as células do cérebro estavam enviando sinais falsos, o que atribuiu a culpa ao agente certo, isto é, a doença e não Quentin.

Assisti a uma conferência sobre doenças mentais em que o palestrante disse: Não diga “Ele é esquizofrê-nico”, mas “Ele tem esquizofrenia.” Fez sentido para mim. Tenho diversos problemas de saúde, mas não quero que me definam. Não quero ser vista como “a mulher doente”.

Essa mudança de perspectiva não apenas muda nossas palavras, mas também nossas atitudes. É possível separar a pessoa de qualquer condição que a aflija, seja uma doença mental, um vício em drogas, pobreza ou doença física? Podemos enxergar a pessoa na situação e tratá-la com respeito? Se pudermos ver além das aparências e suposições, ganhamos a chance de descobrir algo bom, até belo, sob aquele exterior que achamos feioso.

Quando meu marido e eu come-çamos a trabalhar como voluntários em um abrigo para sem-teto, minhas próprias percepções se desfizeram quando descobri o que havia levado para lá aquela mãe solteira ou o homem mais velho. Muitas vezes, uma conjugação de eventos infelizes que poderiam acontecer a qualquer pessoa, os deixou sem lugar para viver e sem quem os acolhesse.

Quando perguntei a um homem o que ele fazia antes, respondeu: “Eu era auditor, mas isso foi quando eu era gente.” Fora o chefe de um depar-tamento de auditoria do governo, antes de perder o emprego por conta da recessão e, na sequência, tudo que tinha. Após ser tratado no abrigo, encontrou trabalho e agora tem sua própria casa de novo.

As pessoas da equipe do abrigo tratam as pessoas que ali são atendidas por senhor, senhora ou senhorita, seguidos de seus nomes e sobrenomes.

Quando lhes mostramos respeito, reconhecemos sua dignidade, o que ajuda as pessoas a se verem mais positivamente e gera esperança. A esperança, por sua vez, engendra a vontade de tentar e continuar tentando. Nosso respeito pode, portanto, ajudar alguém a encontrar uma nova vida.

Descobriu-se depois que as graves alucinações de Quentin eram decorrentes de medicação inadequada. Quando se reduziu a dosagem, não teve mais tantas visões estranhas. Seu comportamento ainda é atípico às vezes, mas, naquela instituição, Quentin é entendido e aceito. Por isso, está feliz.

Caryn Phillips realiza trabalhos voluntários no atendimento de pessoas sem- teto e outros que vivem à margem da sociedade nos Estados Unidos. ■

As pessoas tomam estradas diferentes em busca de realização e felicidade. O fato de não estarem na sua estrada não significa que estão perdidas. —H. Jackson Brown, Jr.

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Quem Pode Julgar?Peter Amsterdam

Se alguém faz algo que é obviamente repreensível pelo prisma moral, é compreensível que nos sintamos com-pelidos a nos manifestar, especialmente se os outros estão sendo prejudicados ou desencaminhados por causa disso. Ou quando vemos algo maligno ou destrutivo ganhar terreno na vida de alguém, tal como drogas ou álcool, é possível nos sentirmos responsáveis de alertar essa pessoa com respeito ao destino que esse caminho a levará.

Contudo, há situações em que o certo e o errado não são tão clara-mente delineados. Algo tipicamente errado pode ser certo sob determina-das circunstâncias, como seria o caso do uso da violência para se defender ou para proteger inocentes. Em outras situações, somente o tempo dirá. Jesus disse que deveríamos julgar pessoas e situações com base nos seus “frutos”,5 ou seja, devemos esperar a conclusão de uma situação para avaliar os resultados por ela produzidos.

1. João 8:3–11; Mateus 12:10–14

2. Mateus 9:13; 12:7;

Lucas 10:30–37; Gálatas 6:1

3. Mateus 7:1

4. João 7:24

5. Mateus 7:20

6. Tiago 4:12

7. 1 Samuel 16:7

8. Romanos 3:23

9. 1 Pedro 4:8

10. Gálatas 5:22–23 NTLH

Deus não aceita o mal ou as más ações, nem devemos nós. Todavia, é importante lembrar também que, pela Sua Palavra e pelo Seu exemplo, Jesus ensinou que o julgamento deve ser combinado com a misericórdia e o perdão.1 Podemos estar convencidos que os atos de alguém são errados ou equivocados, mas Deus ainda espera que tenhamos compaixão com essa pessoa.2 Talvez não concordemos com as crenças dos outros nem aprovemos suas ações, mas isso não valida uma atitude de intolerância para com os outros. Precisamos considerar como Jesus reagiria e assim orientar nossas ações.

Isso nem sempre é claro e definido para nós. Jesus nos alertou para não julgar nem condenar os outros,3 mas nos instruiu para fazer “julgamentos justos”,4 o que implica discernimento, avaliações e a diferenciação entre o certo e o errado. Como sabemos quando devemos aplicar cada uma dessas admoestações?

As atitudes mordazes de alguns cristãos prejudicam a reputação do cristianismo, que passa a parecer intolerante. Essas pessoas podem achar que estão defendendo a fé ou promovendo boas causas, mas seus discursos cáusticos ignoram o fato de que Deus ama todas as pessoas, inclusive as que O rejeitaram ou não O compreenderam. Em nossa interação com aqueles que, entendemos, viver no erro, Deus espera que os respeitemos como indivíduos que Ele criou e ama.

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É preciso também evitar as armadi-lhas comuns do processo de julgamento, tais como a tentação de generalizações sobre certos “tipos de pessoas” ou situa-ções, ou chegar a conclusões simplistas, ignorando os diferentes graus e nuanças dos fatos e intenções.

Não devemos nos sentir na obrigação de julgar cada pessoa que encontramos, que, a nosso ver, se desviou na vida, ou condenar os outros por terem, aparentemente, feito as escolhas erradas. Devemos estar mais interessados em ajudá-los do que em julgá-los. Não é possível conhecer os fardos das pessoas ou as razões que as levaram às opções que fizeram. Somente Deus está numa posição que permite fazer um julgamento sábio e justo.6 Ele conhece os corações.7 Ele entende o que há neles e vê tudo de um ângulo que ninguém mais vê.

Podemos oferecer conselhos ou apoio, quando apropriado, mas é pouco provável que as pessoas sejam receptivas às nossas ofertas se estas

não forem apresentadas de uma forma amiga. Devemos lembrar que também somos pecadores8 que precisamos do amor, da misericórdia e do perdão de Deus, que podem cobrir uma multidão de pecados.9

Os juízos generalizadores retratam o oposto do amor incondicional de Deus. Julgar ou rotular as pessoas pelo que percebemos como fraquezas, pelo passado, por características físicas, idade, etnia, crenças ou quaisquer outros fatores produz forças contrárias ao inclusivo espírito de amor que deve ter preeminência na vida dos cristãos. Nós, que conhecemos Deus, devemos ser conhecidos pelo nosso amor e manifestar em nossas vidas os frutos Espírito — amor, alegria, paz, paciên-cia, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.10

“Quem pode julgar ?” é uma adaptação do ensaio de Peter Amsterdam “A Palavra de Deus: Juízo de Valor”. ■

A V A L I A N D O O E L E F A N T E

Conta a fábula indiana que seis cegos encontraram pela primeira vez um elefante. Ao apalpar a perna do animal, um dos homens disse: “O elefante é como uma árvore.” Outro, que tinha tateado a cauda, discordou: “Engano seu, pois se assemelha a uma corda.” O terceiro, que havia dado contra o robusto tronco do paquiderme emitiu seu parecer: “Garanto que o animal é tal qual um muro.” O quarto, segurando a orelha do mamífero sorriu e declarou: “Agora sei que o animal do qual tanto falam é como uma folha.” O quinto, que examinara com as mãos a superfície lisa e a ponta afiada de um dos marfins disse com segurança “Este animal é idêntico a uma lança!” O sexto, depois de tocar a tromba foi categórico: “Nenhum de vocês entende! O elefante se parece com uma cobra.”

Pode parecer engraçado, mas todos nos precipitamos em conclu-sões, quando vemos apenas uma parte do “elefante”. ■

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Uma definição de tolerân-cia é “boa disposição dos que ouvem com paciência opiniões opostas às suas”.1 É bem mais fácil ser tolerante quando as diferenças são de menor importância. O desafio está quando elas são críticas e os pontos em comum são poucos.

Deus quer que vivamos em paz com todos.

O estrangeiro residente que viver com vocês deverá ser tratado como o natural da terra. —Levítico 19:34 NVI

Em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam. —Mateus 7:12 NVI

No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. —Romanos 12:18 NTLH

Tenham cuidado para que ninguém retribua o mal com o mal, mas sejam sempre bondosos uns para com os outros e para com todos. —1 Tessalonicenses 5:15 NVI

A tolerância é um exercício de paciência e perdão.

Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?” “Não! —respondeu Jesus. Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes.” —Mateus 18:21–22 NTLH

Se [alguém] pecar contra você sete vezes num dia e cada vez vier e disser: "Me arrependo", então perdoe. —Lucas 17:4 NTLH

Vistam-se de misericórdia, de bondade, de humildade, de delicadeza e de paciência. Não fiquem irritados uns com os outros e perdoem uns aos outros, caso alguém tenha alguma queixa contra outra pessoa. Assim como o Senhor perdoou vocês, perdoem uns aos outros. —Colossenses 3:12–13 NTLH

A predisposição para se adaptar é uma parte importante da tolerância.

Esforcemo-nos em promover tudo

quanto conduz à paz e à edificação mútua. —Romanos 14:19 NVI

Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da Lei, tornei-me como se estivesse sujeito à Lei (embora eu mesmo não esteja debaixo da Lei), a fim de ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem lei, tornei-me como sem lei (embora não esteja livre da lei de Deus, e sim sob a lei de Cristo), a fim de ganhar os que não têm a Lei. Para com os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. —1 Coríntios 9:20–22 NVI

Devemos ser especialmente tolerantes com aqueles com quem temos mais dificuldades de nos relacionar.

Se amardes os que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam os que os amam. Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, que

1. http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital

ToleranciaSamuel Keating

L E I T U R A Q U E A L I M E N TA

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Tanto na vida depende de sermos ter-nos com o jovem, compassivos com o idoso, solidário com o que luta, tolerante com o fraco e com o forte. Afinal, em algum dia da sua vida, você provavelmente foi todos eles. —George Washington Carver (1864–1943), Inventor americano

recompensa tereis? Até os pecadores fazem o mesmo. —Lucas 6:32–33

A tolerância é sinal de boa saúde espiritual.

Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus. —Mateus 5:9 NVI

“Vocês ouviram o que foi dito: “Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo”. Mas Eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque Ele faz raiar o Seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. —Mateus 5:43–45 NVI

Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando--vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo. —Efésios 4:32

Samuel Keating é coordenador internacional de produção da revista Contato. Vive atual-mente em Milão, Itália. ■

Se você abordar com um espírito de aventura cada pessoa que conhece, vai se sentir infinitamente fascinado pelos novos canais de pensamento, experiência e persona-lidade que encontrará. —Eleanor Roosevelt (1884–1962), esposa de Franklin D. Roosevelt, presidente dos Estados Unidos.

Até você ter aprendido a ser tolerante com aqueles que nem sempre concor-dam com você; ter cultivado o hábito de dizer algo amável sobre aqueles a quem não admira; ter formado o hábito de procurar as coisas boas nas pessoas, em vez de as negativas; não será bem sucedido nem feliz. —Napoleon Hill (1883–1970), escritor americano

P A R A P E N S A REncontre o que os outros têm de melhor

Se traçar um círculo exclusivo para si, ele nunca crescerá muito. Somente um círculo que tenha muito espaço para qualquer um que precise lugar é capaz de conter qualquer mágica real. —Zilpha Keatley Snyder (nasc. 1927), escritora americana de literatura infantil.

Quem julga as pessoas, não tem tempo para amá-las. —Madre Teresa (1910–1997), fundadora das Missionárias da Caridade, que atendem aos “mais pobres dos pobres” em mais de 130 países.

O maior e mais nobre dos prazeres é descobrir verdades. O segundo é largar de mão antigos preconceitos. —Frederico II, o Grande (1712–1786), rei da Prússia

Sempre prefiro acreditar no melhor com respeito às pessoas. Economiza muito tempo. —Rudyard Kipling (1865–1936), poeta e romancista britânico.

Tolerancia

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Ser cristão significa fazer o que podemos para copiar Jesus. É certo que jamais seremos perfeitos nem isentos de pecado como Ele foi, pois temos contra nós a própria natureza humana. Entretanto, por sermos Seus segui-dores devemos tentar imitá-lO na maneira que conduzimos nossas vidas e interagimos com os demais.

“Ser como Jesus” é tentar viver segundo Seus ensinamentos e exemplo. Significa aplicar nossa fé no dia a dia, procurar sempre alinhar nossos pensa-mentos, atitudes e reações às dEle. É também lembrar das Suas instruções e atitudes antes de tomarmos decisões ou chegarmos a conclusões. Ser como

seja como JESUSPeter Amsterdam

Jesus implica interromper nossas atividades e processos de pensamento para comungar com Seu Espírito para que Ele possa viver em nós, orientar-nos e agir por nosso intermédio. Em suma, é seguir as pegadas do Mestre e fazer o melhor possível para ser como Ele em todas as áreas das nossas vidas.

Emular Jesus é algo profundo. É mais que apenas imitar Seu “estilo”. Requer que Ele viva em nós e nós vivamos nEle, como ensinou aos Seus seguidores: “Permanecei em Mim, e Eu permane-cerei em vós. […]Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; sem Mim nada podeis fazer.”1 Portanto, para sermos frutíferos, devemos viver em Jesus e permitir que Ele viva em nós.

Participamos da natureza divina de Deus quando formamos e mantemos um relacionamento profundo com

Ele, absorvendo e aplicando Sua Palavra, buscando Sua orientação e esclarecimentos. Quando fazemos isso, nossos pensamentos e ações se alinham aos dEle. Foi a isso que se referiu o apóstolo Paulo ao escrever sobre ter “a mente de Cristo”,2 o que implica pensar, reagir e agir como Jesus faria.

Quanto mais “permanecermos em Jesus”, com mais facilidade Sua natureza substituirá a nossa, e mais Seus pensamentos, atitudes, ações e reações serão também nossos. Assumiremos mais das Suas características, mais do Seu amor, bondade, mansidão e todos os outros frutos do Espírito.3 Agiremos como Ele agiria. Seremos mais com Ele.

Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■

1. João 15:4–5

2. 1 Coríntios 2:16

3. Gálatas 5:22–23

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Deus vê o indivíduo

P: Quando há um desastre natural, como um terremoto ou um furacão que ceifa muitas vidas, há quem diga que Deus estaria julgando essas pessoas pelos seus pecados. É isso mesmo?

R: Somente Deus sabe por que certos eventos acontecem às pessoas em um país ou uma área. Paulo disse que os juízos de Deus são “insondáveis” e Seus caminhos “inescrutáveis”. E indaga: “Quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi o Seu conselheiro?”1

R E S P O S T A S À S S U A S P E R G U N T A S

Não nos cabe atribuir culpa e pecado, ou fazer juízos generalizadores com respeito a por que as pessoas sofrem em catástrofes naturais ou de outros tipos. Deus é o único que conhece todos os fatores e todas as razões para esses acontecimentos e quem tem a capaci-dade de julgar essas situações.

Além disso, a Bíblia deixa claro que cada pessoa é vista por Deus individualmente.2 Deus não respon-sabiliza toda a população de uma nação pelos erros e pecados de seus líderes. O fato de um governo estar desorientado, moralmente falido, tomado pela corrupção ou, em alguns casos, serem malignos não torna todos os seus governados coletiva-mente culpados dessas coisas.

“Deus é amor”3 e “não quer que ninguém se perca”.4 Cada pessoa é um ser singular, criado por Deus

segundo Sua própria imagem,5 e Deus vê cada um como se não houvesse mais ninguém. Cada pessoa é alguém por quem Jesus morreu para salvar.6

Deus vai ao encontro das pes-soas e trabalha em seus corações e vidas de forma personalizada. Ele ama cada homem, mulher e criança, independentemente de onde vivam, da cor da pele, do que fizeram seus ancestrais e do que acreditam ou deixam de acre-ditar. Ele ainda os ama, mesmo se suas vidas estiverem consumidas em pecado ou viverem em escuridão espiritual.

Quando os desastres aconte-cem, devemos tornar mais visíveis as graças cristãs de amor, compai-xão, simpatia, desvelo, ternura, generosidade e bondade. ■

1. Romanos 11:33–34

2. Romanos 14:12

3. 1 João 4:8

4. 2 Pedro 3:9

5. Gênesis 1:26

6. João 3:17

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A vida é ponteada com avaliações, grandes e pequenas. “Será que ela está dizendo a verdade?” “Devo acreditar no que diz esse anúncio?” Quase que diariamente, você se vê obrigado a pesar e medir alguma situação, dar opiniões e tomar decisões que, muitas vezes, têm consequências para as outras pessoas. Os riscos podem não ser tão elevados nem as decisões finais, mas como os magistrados no sistema judicial, sua avaliação conta.

Certa vez, disse aos Meus críticos: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.”1 O que é um julgamento justo? É aquele que é feito com imparcialidade e honestidade, aplicando a regra certa para cada situação e, às vezes, olhando além dos “fatos” para ver o coração e as verdadeiras intenções dos envolvidos.

Antes de julgar, é importante permanecer imparcial e entender todos os lados da história. Quanto mais bem informado você estiver, melhores serão as chances de analisar corretamente.

E, claro, é sempre sábio Me consultar antes de chegar a uma conclusão, mesmo com respeito a questões aparentemente pequenas. Lembre-se que sou o juiz que tudo vê e tudo sabe. Sou quem julgará o mundo nos últimos dias, o que indica que sei como fazer um juízo justo.

Com Amor, Jesus

JULGUE CORRETAMENTE

1. João 7:24