80
i Juliana Marciotto Jacob Efeito da adição de cério em catalisadores Pt/C e PtSn/C para eletro-oxidação de etanol Dissertação apresentada ao Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em ciências. Área de concentração: Físico-química Orientadora: Prof.ª Dr.ª Joelma Perez São Carlos 2014 Exemplar revisado O exemplar original encontra-se em acervo reservado na Biblioteca do IQSC-USP

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Effect of cerium on Pt/C and PtSn/C for ethanol electro-oxidation

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  • i

    Juliana Marciotto Jacob

    Efeito da adio de crio em catalisadores

    Pt/C e PtSn/C para eletro-oxidao de etanol

    Dissertao apresentada ao Instituto de Qumica de

    So Carlos da Universidade de So Paulo como

    parte dos requisitos para a obteno do ttulo de

    mestre em cincias.

    rea de concentrao: Fsico-qumica

    Orientadora: Prof. Dr. Joelma Perez

    So Carlos

    2014

    Exemplar revisado O exemplar original encontra-se em

    acervo reservado na Biblioteca do IQSC-USP

  • ii

    Dedico esta dissertao aos meus pais

    Hailgton Roberto Jacob e Claudia Regina

    Marciotto Jacob, e ao meu irmo Jnatas

    Marciotto Jacob, por todo amor,

    compreenso, incentivo e apoio, desde o

    incio at a concluso desta etapa.

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Deus, pelo dom da minha vida, por me carregar em seus braos em todas as

    dificuldades.

    minha famlia, Hailgton R. Jacob e Claudia R. M Jacob, obrigada Pai e Me

    por acreditarem em mim, me auxiliarem financeira e psicologicamente em cada

    momento de dificuldade, que no foram poucos nesta etapa.

    Ao meu irmo, Jnatas Jacob, obrigada por me dizer sempre que sou seu

    exemplo, frase esta que sempre me d foras para no desistir.

    Prof. Dra. Joelma Perez, pela confiana, pela oportunidade de realizar

    pesquisas como aluna de mestrado, pela orientao, compreenso e pacincia, pela

    disposio de ajudar e pela amizade.

    minha amiga Patricia Corradini, pelas exaustivas explicaes e ajudas em

    todas as etapas do mestrado. Como digo, se no fosse voc, eu teria desistido, serei

    eternamente grata.

    Aos professores da banca examinadora Prof. Dr. Margarida Yuri Saeki e Prof.

    Dr. Laudemir Carlos Varanda, por aceitarem o convite de ser da comisso avaliadora

    deste trabalho.

    Ao Valdecir Paganni, pelos ensinamentos valiosos e pela disposio em me

    auxiliar em todas as dificuldades.

    A todos os meus amigos do laboratrio pelo incentivo e fora. Meu muito

    obrigada a todos os que comparam semi-jias e avon para me auxiliar financeiramente.

    Obrigada: Andr Sato, Ayaz Hassan, Bruma de Lima, Claudia Nuez, Elenice Oliveira,

    Felipe Ibanhi, Flvio Koxo, Gabriel da Silva, Guilherme Saglietti, Jssica Nogueira,

    Jos Luiz Bott, Larissa Almeida, Martin Gonzalez, Murilo Cabral, Nathalia Abe, Otvio

    Beruski, Patricia Corradini, Pietro Lopes, Rafael Reis, Sabrina Zignani e Thairo Rocha.

    Daiana Furlan, obrigada por ser a irm que eu no tive, por me ouvir em todas

    as dificuldades e por sorrir comigo nos momentos de alegria.

    minha repblica Rep. Recalque, obrigada meninas por aguentarem meus

    surtos de alegria e minhas lamrias sobre o mestrado, homens e a vida. Obrigada:

    Ariadini Delgado, Carolina Graciano, Fernanda Asmus, Flavia Gomes, Gabriela

    Tessarim e Larissa Galo.

    Ao Mrcio de Paula, do Instituto de Qumica de So Carlos, pelas medidas de

    EDX.

  • iv

    Ao Jonas Ferreira e Mauro Fernandes, pelo auxlio e suporte.

    Universidade Federal de So Carlos, pela estrutura na qual foi possvel

    realizar as medidas de TEM.

    Ao Laboratrio Nacional de Luz Sncontron, pela disponibilizao das medidas

    de XPS (Projeto SXS - 15166) e XAS (Projeto XAFS1-15144).

    FAPESP, pelos auxlios fornecidos (Projeto 2010/20045-0).

    A todos os professores, pela disponibilidade, empenho e dedicao

    demonstrados e valiosos ensinamentos.

    Ao Instituto de Qumica de So Carlos, pelo espao fsico e auxlios fornecidos.

  • v

    No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade. Albert Einstein

    Que os vossos esforos desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossvel.

    Charles Chaplin

  • vi

    RESUMO

    Neste trabalho foi estudado o efeito da presena do crio em catalisadores de Pt/C e

    PtSn/C para eletro-oxidao de etanol visando aumentar a eficincia da reao, entender

    o motivo das variaes na atividade cataltica e avaliar a estabilidade destes

    catalisadores nas condies de operao da clula. Todos os catalisadores foram

    preparados pelo mtodo do cido frmico, os dados de espectroscopia XPS

    confirmaram as porcentagens nas composies dos catalisadores de PtCe/C e PtSnCe/C.

    Atravs das tcnicas de TEM e XRD verificou-se que, com exceo da proporo

    PtCe/C 50:50, todos os outros catalisadores apresentaram tamanho de partcula

    prximos ao tamanho de cristalito. Os dados de XRD no indicam a presena de liga

    nos catalisadores de PtCe/C e de PtSnCe/C, mas mesmo em forma de xido, o estanho

    apresentou um efeito eletrnico, como informado pelos dados de XAS. A adio de

    crio promove a oxidao do etanol em menores potenciais que a platina. A adio de

    estanho ao catalisador PtCe/C teve um efeito benfico na atividade cataltica

    promovendo a oxidao em potenciais inferiores aos catalisadores de PtCe/C. A

    interao de Pt-Sn promove a dissociao da gua para formar Sn-OHad prximo a

    espcies de monxido de carbono adsorvidas na Pt, facilitando a rpida oxidao de

    etanol. Os testes de estabilidade indicaram que ao comparar os catalisadores PtSnCe/C

    com um catalisador comercial de PtSn/C, possvel aferir que a adio de crio

    promove uma melhora da estabilidade do catalisador.

    Palavras chaves: clula a combustvel, oxidao de etanol, platina, estanho, terras

    raras.

  • vii

    ABSTRACT

    In this work, the effect of the cerium presence in Pt/C and PtSn/C catalysts for ethanol

    electro-oxidation was studied to increase the efficiency of the reaction, to understand

    the variations in catalytic activity and to evaluate the catalysts stability at the cell

    operating conditions. All catalysts were prepared by the formic acid method, and the

    XPS data confirmed the percentages in the compositions of the catalyst PtCe/C and

    PtSnCe/C. The XRD and TEM data showed that, with the exception of the proportion

    PtCe/C 50:50, all other catalysts showed particle size close to the crystallite size. The

    XRD data does not indicate the presence of alloy in the PtCe/C and PtSnCe/C catalysts,

    but even in the form of oxide, tin presented an electronic effect, as reported by the XAS

    data. The addition of cerium promotes oxidation of ethanol in lower potential than

    platinum. The addition of tin in this catalyst had a beneficial effect on the catalytic

    activity, promoting the oxidation in lower potential than the PtCe/C catalysts. The

    interaction of Pt-Sn promotes the dissociation of water to form Sn-OHad near species of

    carbon monoxide adsorbed on Pt, facilitating the rapid ethanol oxidation. Stability tests

    showed when comparing PtSnCe/C catalyst with commercial catalyst PtSn/C, it was

    possible to determine that the addition of cerium provides an improvement of the

    catalyst stability.

    Keywords: fuel cells, electrocatalysis, ethanol oxidation, platinum, tin, rare earths.

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1- Representao de uma clula do tipo PEM abastecida com etanol. 13

    ..................... 19

    Figura 2- Representao das reaes de oxidao de etanol. ................................................... 20

    Figura 3 - Duas clulas unitrias do CeO2 ao longo do eixo z, gerada a partir do arquivo

    *.cif coletado do ICSD (Inorganic Crystal Structure Database)31

    .......................... 22

    Figura 4- Rampa de potencial utilizada para os testes de estabilidade dos catalisadores.

    Linhas vermelhas indicam as curvas registradas. .................................................... 32

    Figura 5- Difratogramas dos eletrocatalisadores de PtCe/C sintetizados em atmosfera de

    CO. ........................................................................................................................... 36

    Figura 6 Micrografias dos catalisadores PtCe/C 50:50 (A), PtCe/C 70:30 (C) e os respectivos histogramas (B) e (D). ........................................................................... 38

    Figura 7 Espectros de XPS obtidos para os materiais PtCe/C 50:50 e 70:30. ....................... 39

    Figura 8 Espectros de XPS para Pt 4f e Ce 3d para os catalisadores de PtCe/C e 50:50 e 70:30. ..................................................................................................................... 40

    Figura 9 Espectros de XANES in situ na borda L3 da Pt para os materiais PtCe/C, em 500 mV (A) e 900 mV (B). ...................................................................................... 42

    Figura 10 - Voltamogramas dos catalisadores de PtCe/C em 0,5 mol.L-1

    de H2SO4 a 20

    mV.s-1

    em atmosfera de argnio. ............................................................................. 43

    Figura 11 - Curvas do 1 ciclo do stripping de CO (A) e curvas obtidas da subtrao do

    1 ciclo do stripping de CO por uma linha de base (B), para os catalisadores

    de PtCe/C, v: 5 mV.s-1

    . ............................................................................................ 44

    Figura 12 - Voltamogramas dos catalisadores de PtCe/C em 0,5 mol.L-1

    de H2SO4 e 1,0

    mol.L-1

    de C2H5OH a 10 mV.s-1

    em atmosfera de argnio. ..................................... 45

    Figura 13 - Voltamogramas lineares dos catalisadores de PtCe/C em 0,5 mol.L-1

    de

    H2SO4 e 1,0 mol.L-1

    de C2H5OH a 1 mV.s-1

    e suas respectivas derivadas.

    Representao com normalizao pela rea obtida por stripping de CO. ............... 46

    Figura 14 Cronoamperogramas dos catalisadores de PtCe/C em 0,5 mol.L-1 de H2SO4 e 1,0 mol.L

    -1 de C2H5OH em 0,6 V, atmosfera de argnio. Normalizao pela

    rea obtida por stripping de CO. .............................................................................. 47

    Figura 15 Densidades de correntes no tempo de 1000 segundos nas medidas de cronoamperometria para os materiais de PtCe/C. .................................................... 48

    Figura 16 Voltamograma do catalisador de PtCe/C 50:50 antes e depois da ciclagem. Meio: 0,5 mol.L

    -1 H2SO4. v: 20 mV.s

    -1. Linhas tracejadas representam a curva

    do respectivo material no envelhecido. .................................................................. 49

  • ix

    Figura 17 - Curvas obtidas da subtrao do 1 ciclo do stripping de CO a uma linha de

    base para o catalisador de PtCe/C 50:50. v: 5 mV.s-1

    . Linha tracejada

    representa curva do respectivo material no envelhecido. ....................................... 49

    Figura 18 - Voltamogramas lineares dos catalisadores de PtCe/C 50:50 e Pt ETEK em

    0,5 mol.L-1

    de H2SO4 e 1,0 mol.L-1

    de C2H5OH a 1 mV.s-1

    aps teste de

    estabilidade(A). Voltamogramas derivados em funo do potencial (B).

    Representaes normalizadas pela rea obtida por stripping de CO. Linhas

    tracejadas representam curvas do respectivo material no envelhecido. ................. 50

    Figura 19 - Voltamogramas a 1 mV.s-1

    para ROE em catalisadores PtCe/C a 90 C,

    soluo de etanol 1 mol.L-1

    . Densidades de corrente normalizadas pela rea

    geomtrica. nodo: 1 mg Pt.cm-2

    . Ctodo: 30% Pt/C, 1 mg Pt.cm-2

    . ...................... 51

    Figura 20 - Cronoamperogramas em 0,5 V para ROE em catalisadores PtCe/C a 90 C,

    soluo de etanol 1 mol.L-1

    . Densidades de corrente normalizadas pela rea

    geomtrica. nodo: 1 mg Pt.cm-2

    . Ctodo: 30% Pt/C, 1 mg Pt.cm-2

    . ...................... 51

    Figura 21 - Curvas de densidade de potncia e potencial em funo da densidade de

    corrente em PEMFC de etanol direto em catalisadores de PtCe/C a 90C e

    presso 3 atm O2, soluo de etanol 1 mol.L-1

    . nodo: 1 mg Pt.cm-2

    Ctodo:

    30% Pt/C, 1 mg Pt.cm-2

    . ........................................................................................... 52

    Figura 22- Difratogramas dos eletrocatalisadores de PtSnCe/C sintetizados em

    atmosfera de CO....................................................................................................... 54

    Figura 23 Micrografias dos catalisadores: PtSnCe/C 70:20:10 (a), PtSnCe/C 60:20:20 (b) e PtSnCe/C 50:20:30 (c), e os respectivos histogramas. .................................... 56

    Figura 24 Espectros de XPS obtidos para os materiais sintetizados PtSnCe/C..................... 57

    Figura 25 Espectros de XPS para os orbitais Pt 4f, Sn 3d e Pr 3d dos catalisadores PtSnCe/C. ................................................................................................................. 58

    Figura 26 Espectros de XANES in situ na borda L3 da Pt para os catalisadores PtSnCe/C, em 500 mV (A) e 900 mV (B). .............................................................. 61

    Figura 27 - Voltamogramas dos catalisadores de PtSnCe/C em 0,5 mol.L-1

    de H2SO4 a

    20 mV.s-1

    . ................................................................................................................. 62

    Figura 28 - Curvas do 1 ciclo do stripping de CO para os catalisadores de PtSnCe/C

    sintetizados em CO. v: 5 mV.s-1

    . ............................................................................. 63

    Figura 29 - Curvas obtidas da subtrao do 1 ciclo do stripping de CO por uma linha

    de base para os catalisadores de PtSnCe/C, v: 5 mV.s-1

    . ......................................... 63

    Figura 30 - Voltamogramas dos catalisadores de PtSnCe/C em 0,5 mol L-1

    de H2SO4 e

    1,0 mol L-1

    de C2H5OH. v: 10 mVs-1

    . Normalizao pela rea obtida por

    stripping de CO. ....................................................................................................... 64

    Figura 31 - Voltamogramas lineares dos catalisadores de PtSnCe/C em 0,5 mol.L-1

    de

    H2SO4 e 1,0 mol.L-1

    de C2H5OH a 1 mV.s-1

    . Voltamogramas derivados em

  • x

    funo do potencial. Representao com normalizao pela rea obtida por

    stripping de CO. ....................................................................................................... 65

    Figura 32 Cronoamperogramas dos catalisadores de PtSnCe/C em 0,5 mol.L-1 de H2SO4 e 1,0 mol.L

    -1 de C2H5OH em 0,6 V. Normalizao pela rea obtida por

    stripping de CO. ....................................................................................................... 66

    Figura 33 Densidades de correntes no tempo de 1000 segundos nas medidas de cronoamperometria para os materiais de PtSnCe/C. ................................................ 67

    Figura 34 - Voltamogramas dos catalisadores de PtSnCe/C antes e depois do

    envelhecimento eletroqumico. Meio: 0,5 mol.L-1

    H2SO4 a 50 mV.s-1

    . Linhas

    tracejadas representam as curvas do respectivo material no envelhecido. ............. 68

    Figura 35 - Curvas obtidas da subtrao do 1 ciclo do stripping de CO por uma linha

    de base para os catalisadores de PtSnCe/C. v: 5 mV.s-1

    . Linhas tracejadas

    representam curvas do respectivo material no envelhecido. .................................. 68

    Figura 36 - Voltamogramas lineares dos catalisadores de PtSnCe/C em 0,5 mol.L-1

    de

    H2SO4 e 1,0 mol.L-1

    de C2H5OH a 1 mV.s-1

    aps teste de estabilidade.

    Representao com normalizao pela rea obtida por stripping de CO (A).

    Derivadas das respectivas curvas (B). Linhas tracejadas representam curvas

    do respectivo material no envelhecido. .................................................................. 69

    Figura 37 - Voltamogramas a 1 mV.s-1

    para ROE em catalisadores PtSnCe/C a 90 C,

    soluo de etanol 1 mol.L-1

    . Densidades de corrente normalizadas pela rea

    geomtrica. nodo: 1 mg Pt.cm-2

    . Ctodo: 30% Pt/C, 1 mg Pt.cm-2

    . ...................... 71

    Figura 38 - Cronoamperogramas em 0,5 V para ROE em catalisadores PtSnCe/C a 90

    C, soluo de etanol 1 mol.L-1

    . Densidades de corrente normalizadas pela

    rea geomtrica. nodo: 1 mg Pt.cm-2

    . Ctodo: 30% Pt/C, 1 mg Pt.cm-2

    . .............. 71

    Figura 39 - Voltamogramas lineares em PEMFC de etanol direto para os catalisadores

    de PtSnCe/C a 90 C e presso 3 atm O2, soluo de etanol 1 mol.L-1

    . nodo:

    1 mg Pt.cm-2

    . Ctodo: 30% Pt/C, 1 mg Pt.cm-2

    . ...................................................... 72

    Figura 40 - Curvas de densidade de potncia e potencial em funo da densidade de

    corrente em PEMFC de etanol direto em catalisadores de PtSnCe/C a 90C e

    presso 3 atm O2, soluo de etanol 1 mol.L-1

    . nodo: 1 mg Pt.cm-2

    Ctodo:

    30% Pt/C, 1 mg Pt.cm-2

    . ........................................................................................... 73

  • xi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1- Condies de operao e aplicaes de cinco tipos de clulas a combustvel. 7 ...... 17

    Tabela 2- Porcentagem atmica, em massa e quantidade de Pt (mg) existente nas

    diferentes propores dos eletrocatalisadores PtCe/C. ............................................ 34

    Tabela 3- Tamanho mdio de cristalito (d), parmetro de rede (aexp) e a distncia

    interatmica (dcfc) para os catalisadores de PtCe/C obtidos em atmosfera de

    CO. ........................................................................................................................... 37

    Tabela 4 Energia de ligao dos componentes Pt 4f7/2 para os catalisadores PtCe/C 50:50 e 70:30, e porcentagem atmica para cada sinal. .......................................... 40

    Tabela 5 Energia de ligao dos componentes Ce 3d5/2 para os catalisadores PtCe/C 50:50 e 70:30, e porcentagem atmica para cada sinal. ........................................... 40

    Tabela 6 - Porcentagem atmica dos catalisadores PtCe/C estimadas pelos dados de

    XPS. ......................................................................................................................... 41

    Tabela 7- Quantidade de Pt (mg), tamanho de cristalito (nm) e rea ativa (cm2) das

    diferentes propores dos eletrocatalisadores PtCe/C. ............................................ 45

    Tabela 8 Valores de corrente em 1000 segundos e mg de Pt para cada eletrocatalisador. ...................................................................................................... 47

    Tabela 9 - Porcentagem atmica e em massa das diferentes propores dos

    eletrocatalisadores PtSnCe/C. .................................................................................. 53

    Tabela 10- Tamanho mdio de cristalito (d), parmetro de rede (aexp) e a distncia

    interatmica (dcfc) para os catalisadores de PtSnCe/C obtidos em atmosfera

    de CO. ...................................................................................................................... 54

    Tabela 11 Energia de ligao dos componentes Pt 4f7/2 para catalisadores PtSnCe/C e porcentagem atmica para cada sinal. ...................................................................... 58

    Tabela 12 Energia de ligao dos componentes Sn 3d5/2 para catalisadores PtSnCe/C e porcentagem atmica para cada sinal. ...................................................................... 59

    Tabela 13 Energia de ligao dos componentes Pr 3d5/2 para catalisadores PtSnCe/C e porcentagem atmica para cada sinal. ...................................................................... 59

    Tabela 14 - Porcentagem atmica dos catalisadores PtSnCe/C estimadas pelos dados de

    XPS. ......................................................................................................................... 59

    Tabela 15 - Tamanho de cristalito e rea ativa dos eletrocatalisadores PtSnCe/C. ................. 64

    Tabela 16 Valores de corrente em 1000 segundos e mg de Pt para cada catalisador. ........... 66

    Tabela 17- Porcentagem de aumento da rea ativa dos catalisadores PtSnCe/C. .................... 69

  • xii

    LISTA DE ABREVIAES

    AFC - Alkaline fuel cells - Clulas a combustvel alcalinas

    cfc - Cbica de face centrada

    XRD - Difrao de Raios X

    EDX - Energy dispersive X-ray spectroscopy - Espectroscopia de raios X por energia

    dispersiva

    ERH - Eletrodo reversvel de hidrognio

    LNLS - Laboratrio Nacional de Luz Sncronton

    MCFC - Molten carbonate fuel cells - Clulas a combustvel de carbonato fundido

    MEA - Conjunto membrana-eletrodos

    PAFC - Phosphoric acid fuel cells - Clulas a combustvel de cido fosfrico

    PEMFC - Proton exchange membran fuel cell- Clulas a combustvel de membrana de

    troca protnica

    ROE - Reao de oxidao de etanol

    SOFC - Solid oxide fuel cells- Clulas a combustvel de xido slido

    TEM - Transmission electron microscopy - Microscopia eletrnica de transmisso

    v Velocidade de varredura

    XANES - X-ray Absorption Near-Edge Structure Absoro de raios X prximo a

    borda

    XAS X - ray absorption spectroscopy - Espectroscopia de absoro de raios X

    XPS X - ray photoelectron spectroscopy - Espectroscopia fotoeletrnica de raios X

    (d) = tamanho mdio do cristalito na direo do plano de difrao

    (k) = constante de proporcionalidade

    () = comprimento de onda da radiao incidente

    () = ngulo de difrao

    () = largura da meia altura do pico de difrao

    (dcfc) = distncia interatmica na estrutura cbica de face centrada

    (aexp) = parmetro de rede dos materiais

    (nPt) = frao atmica da Pt

    (nCe) = frao atmica do Ce

    (nSn) = frao atmica do Sn

    (APt) = rea total dos orbitais Pt 4f

    (ACe) = rea total dos orbitais Ce 3d

  • xiii

    (ASn) = rea total dos orbitais Sn 3d

    (aCe) = fator de correo do crio, de 24,7

    (aPt) = fator de correo da platina, de 15,9

    (aSn) = fator de correo do estanho, de 48,2

  • xiv

    SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................... 16

    1.1 CLULAS A COMBUSTVEL .................................................................................... 16 1.2 CLULAS A COMBUSTVEL DE MEMBRANA TROCADORA DE

    PRTONS ................................................................................................................................ 17 1.3 MECANISMOS DE OXIDAO DE ETANOL ......................................................... 19

    1.4 APLICAES DO TERRA RARA CRIO ................................................................. 21

    1.4.1 Catalisadores de PtCe/C ...................................................................................... 22 1.4.2 Catalisadores de PtSnCe/C.................................................................................. 23

    2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 25

    3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................ 26

    3.1 SNTESE DOS CATALISADORES ............................................................................. 26

    3.1.1 Catalisadores PtCe/C ....................................................................................... 26 3.1.2 Catalisadores PtSnCe/C ................................................................................... 27

    3.2 CARACTERIZAO FSICA ..................................................................................... 27

    3.1.3 Espectroscopia de Raios X por Energia Dispersiva ...................................... 27

    3.1.4 Difrao de Raios X .......................................................................................... 28 3.1.5 Microscopia Eletrnica de Transmisso ........................................................ 28

    3.1.6 Espectroscopia Fotoeletrnica de Raios X ..................................................... 29 3.1.7 Espectroscopia de Absoro de Raios X ......................................................... 30

    3.3 CARACTERIZAO ELETROQUMICA ................................................................. 30

    3.1.8 Testes em Camada Ultrafina ........................................................................... 30 3.1.8.1 Caracterizao em meio cido ....................................................................... 31 3.1.8.2 Caracterizao em meio etanlico cido ....................................................... 31

    3.1.9 Teste de Estabilidade ........................................................................................ 31

    3.1.10 Testes em Clula Unitria de 5 cm................................................................. 32

    4 RESULTADOS E DISCUSSO .................................................................................... 34

    4.1 CATALISADORES PTCE/C ........................................................................................ 34

    4.1.1 Caracterizao Fsica ....................................................................................... 34 4.1.1.1 Espectroscopia de Raios X por Energia Dispersiva ....................................... 34 4.1.1.2 Difrao de Raios X ........................................................................................ 35

    4.1.1.3 Microscopia Eletrnica de Transmisso ........................................................ 37 4.1.1.4 Espectroscopia Fotoeletrnica de Raios X ..................................................... 39 4.1.1.5 Espectroscopia de Absoro de Raios X ........................................................ 41

    4.1.2 Caracterizao Eletroqumica ......................................................................... 42 4.1.2.1 Testes em camada ultrafina ............................................................................ 42

    4.1.2.1.1 Meio cido .................................................................................................. 43

    4.1.2.1.2 Meio etanlico cido .................................................................................. 45

    4.1.2.2 Teste de estabilidade ....................................................................................... 48 4.1.2.3 Testes em clula unitria de 5 cm2 ................................................................. 50

    4.1.2.3.1 Meia clula ................................................................................................. 50 4.1.2.3.2 Clula completa .......................................................................................... 52

  • xv

    4.2 CATALISADORES PTSNCE/C ................................................................................... 53

    4.1.3 Caracterizao fsica ........................................................................................ 53 4.1.3.1 Espectroscopia de Raios X por Energia Dispersiva ....................................... 53 4.1.3.2 Difrao de Raios X ........................................................................................ 53

    4.1.3.3 Microscopia Eletrnica de Transmisso ........................................................ 55 4.1.3.4 Espectroscopia Fotoeletrnica de Raios X ..................................................... 57 4.1.3.5 Espectroscopia de Absoro de Raios X ........................................................ 60

    4.1.4 Caracterizao Eletroqumica ......................................................................... 62 4.1.4.1 Testes em camada ultrafina ............................................................................ 62

    4.1.4.1.1 Meio cido .................................................................................................. 62 4.1.4.1.2 Meio etanlico ............................................................................................ 64

    4.1.4.2 Teste de estabilidade ....................................................................................... 67 4.1.4.3 Testes em clula unitria ................................................................................ 70

    4.1.4.3.1 Meia clula ................................................................................................. 70

    4.1.4.3.2 Clula completa .......................................................................................... 72

    5 CONCLUSO ................................................................................................................. 74

    6 REFERNCIAS .............................................................................................................. 75

  • 16

    INTRODUO 1

    1.1 CLULAS A COMBUSTVEL

    As clulas a combustvel so uma das tecnologias-chave para o futuro1. A produo de

    energia eltrica sustentvel uma preocupao da sociedade. Durante os ltimos 20 anos, as

    aplicaes das clulas a combustvel esto principalmente em substituir os motores de

    combustes internas, e fornecimento de energia em aplicaes estacionrias e portteis. 2

    A histria das clulas a combustvel de mais de 20 anos, na verdade ela existe por

    quase dois sculos. H controvrsia sobre quem descobriu o princpio de clulas a

    combustvel. De acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos, foi o qumico

    alemo Christian Friedrich Schnbein, cujo trabalho foi publicado na revista Philosophical na

    edio de janeiro de 1839. Por outro lado, foi postulado que Sir William Robert Grove foi

    quem introduziu o conceito de clula a combustvel de hidrognio. Apesar desta falta de

    consenso, Grove descobriu que, ao conectar em srie os pares de eletrodos de platina que

    compunham seu experimento poderia aumentar a diferena de potencial, criando o que ele

    chamou de bateria de gs. Essa bateria de gs foi caracterizada e estudada com mais

    profundidade por Ostwald, no final do sculo XIX. Durante a segunda grande guerra Thomas

    Francis Bacon foi o responsvel pelo desenvolvimento da primeira clula a combustvel de

    hidrognio e oxignio com aplicaes prticas, que foi utilizada pioneiramente em

    submarinos ingleses. 2-3

    As clulas a combustvel so, por definio, dispositivos eletroqumicos que

    convertem a energia qumica em energia eltrica, sem promover combusto. Nelas, a

    produo de energia eltrica no se d por trabalho de expanso, como num motor, mas sim

    pela utilizao da energia das ligaes qumicas dos reagentes. Por esta razo teoricamente

    apresenta uma elevada eficincia, reduzindo a quantidade de combustvel necessria para

    produzir a mesma quantidade de energia que um motor a combusto interna. 4-5-6

    Alm da

    maior eficincia outras caractersticas que as tornam viveis so: no existncia de partes

    mveis e, como resultado, sem poluio sonora; e sem emisses de gases poluentes, tais como

    SOX, NOX e CO (dependendo da origem do combustvel). 7

    As clulas a combustvel so classificadas com base na natureza do eletrlito utilizado.

    Nesta classificao, as clulas a combustvel incluem os seguintes tipos: (1) clulas a

    combustvel alcalinas (AFC - Alkaline Fuel Cells), que utilizam eletrlito de soluo alcalina,

  • 17

    como hidrxido de potssio; (2) clulas a combustvel de cido fosfrico (PAFC - Phosphoric

    Acid Fuel Cells), com eletrlito de soluo de cido fosfrico; (3) clulas a combustvel de

    membrana de troca protnica (PEMFC); (4) clulas a combustvel de carbonato fundido

    (MCFC - Molten Carbonate Fuel Cells), que utilizam eletrlito de carbonato fundido; (5)

    clulas de combustvel de xido slido (SOFC- Solid Oxide Fuel Cells), com eletrlito

    cermico. A Tabela 1 resume as propriedades de funcionamento e aplicao dos cinco tipos

    principais de clulas a combustvel. 7

    Tabela 1- Condies de operao e aplicaes de cinco tipos de clulas a combustvel. 7

    Tipo de

    Clula

    Temperatura

    de operao

    (C)

    Densidade

    de

    potncia

    (mW/cm)

    Eficincia

    da clula

    (%)

    Tempo

    de uso

    (hr)

    Custo

    ($/kW) rea de aplicao

    AFC 60-90 100-200 40-60 >10.000 >200 Espacial, porttil

    PAFC 160-220 200 55 >40.000 3000 Distribuio de energia

    PEMFC 50-80 350 45-60 >40.000 >200 Porttil, mvel e

    estacionria

    MCFC 600-700 100 60-65 >40.000 1000 Gerao de energia

    distribuda

    SOFC 800-1000 240 55-65 >40.000 1500 Gerao contnua

    Dentre as clulas a combustvel citadas, a que vem ganhando destaque em pesquisas

    para aplicaes estacionrias e veiculares so a do tipo PEM. A clula de combustvel de

    membrana trocadora de prtons uma tecnologia promissora devido sua alta densidade de

    potncia, operao a baixas temperaturas, peso reduzido, baixas emisses, operao silenciosa

    e rpido acionamento e desligamento. 4-8

    1.2 CLULAS A COMBUSTVEL DE MEMBRANA TROCADORA DE

    PRTONS

    Em clulas a combustvel do tipo PEM, as membranas de troca inica possuem

    estrutura de gel polimrico, que so hidratadas para conferir a capacidade de transferncia de

    prtons. 7

    As primeiras membranas de trocas protnicas surgiram em meados da dcada de 50. A

    primeira a ser utilizada foi uma verso sulfonada de poliestireno. Porm, somente no final da

    dcada de 1960 foi desenvolvido pela Dupont o Nafion, um polmero de fluoretileno

    sulfonado e que apresenta excelentes propriedades mecnicas, tima estabilidade qumica e

    durabilidade, sendo tambm um timo condutor protnico. Por este motivo ainda hoje o

  • 18

    material mais utilizado como eletrlito slido trocador de prtons, conferindo peso reduzido

    s clulas a combustvel e, portanto, possibilitando o desenvolvimento para utilizao em

    sistemas portteis, no estacionrios e de baixa temperatura de operao. 9

    A parte central da clula a combustvel o conjunto de membrana-eletrodos (MEA),

    na qual ocorrem as reaes eletroqumicas. O papel da membrana entre os eletrodos

    conduzir os prtons produzidos no nodo para o ctodo. Os ons existentes avanam para o

    ctodo atravs da membrana eletroltica e l produzem gua e calor com os eltrons livres

    obtidos da reao de reduo de oxignio. 7

    Os melhores desempenhos demostrados por PEM so aquelas que utilizam gs

    hidrognio como combustvel. Metanol e etanol vm sendo utilizados e particularmente o

    etanol um combustvel promissor, apresenta baixa toxicidade quando comparado com

    metanol e alta densidade de energia terica (cerca de 8,00 kWh.kg-1

    ).10 Entretanto, ainda

    existem vrias dificuldades que impedem a comercializao em larga escala dessa tecnologia.

    As principais perdas na eficincia nestas clulas devem-se: i) ao alto sobrepotencial andico;

    ii) a ocorrncia da oxidao parcial do lcool;11

    e iii) a produo de espcies intermedirias,

    como o CO, que permanecem adsorvidas na superfcie do catalisador, bloqueando os stios

    ativos. 12

    Adicionalmente, o cruzamento de combustvel (etanol e de seus produtos

    intermedirios da oxidao) do nodo para o ctodo atravs da membrana de eletrlito

    promovem envenenamento no ctodo, prejudicando a reao de reduo do oxignio,

    dificultando o uso de PEM alimentadas com etanol. 13

    Entretanto, nos ltimos anos, clulas do tipo PEM diretamente alimentadas pelo etanol

    vm recebendo mais ateno devido as suas possveis vantagens, e as pesquisas direcionam

    no sentido de resolver os problemas apontados anteriormente. A Figura 1 ilustra uma clula a

    combustvel do tipo PEM abastecida com etanol.

  • 19

    Figura 1- Representao de uma clula do tipo PEM abastecida com etanol. 13

    1.3 MECANISMOS DE OXIDAO DE ETANOL

    O etanol um atrativo combustvel alternativo para clulas PEM; assim a oxidao

    eletroqumica deste sobre platina tem sido objeto de estudo por vrios anos.14

    A reao de

    oxidao etanol (ROE) ocorre em vrias etapas complexas, que envolve espcies adsorvidas,

    tais como acetil,15-16

    acetato adsorvido,16,17

    monxido de carbono,17,18

    espcies CHx 16,18

    e

    geralmente produz cido actico, acetaldedo e dixido de carbono (CO2) como produto

    final.14,15

    Vrios estudos sobre a eletro-oxidao do etanol se dedicam identificao dos

    intermedirios adsorvidos no eletrodo e elucidao do mecanismo da reao. O mecanismo de

    oxidao global do etanol em soluo cida pode ser resumido nas reaes em paralelo

    representadas na Figura 2.19,20

  • 20

    Figura 2- Representao das reaes de oxidao de etanol.

    Fonte: COLMATI, F.; TREMILIOSI-FILHO, G.; GONZALEZ, E.R.; BERNA, A.; HERRERO, E.; FELIU, J.

    M. Faraday Discussions. 140, 379-397, 2009.

    A formao de CO2 passa por dois intermedirios adsorvidos. Exceto para a formao

    de acetaldedo, a oxidao para outros produtos, tais como o cido actico e monxido de

    carbono, requer uma fonte de oxignio, normalmente fornecida pela ativao ou dissociao

    da gua. Em geral, a ativao de gua na platina ocorre em torno de 0,55 V vs eletrodo padro

    de hidrognio, e abaixo deste potencial, a superfcie do metal normalmente est coberta

    principalmente por COads e CHx. A ROE tambm influenciada pela adsoro do nion do

    eletrlito.21

    Quebrar a ligao C-C para oxidao total a CO2 a principal dificuldade na

    eletrocatlise do etanol. A temperaturas moderadas, um catalisador de platina pura

    envenenado pelos intermedirios fortemente adsorvidos, principalmente pelo monxido de

    carbono (COads). Ligas de Pt contendo um segundo ou de um terceiro metal em geral facilitam

    a posterior oxidao do monxido de carbono em potenciais inferiores aqueles observados

    para a Pt pura, o que melhora as propriedades eletrocatalticas.22

    Para melhorar o desempenho das clulas, estudos recentes tm sido direcionados a

    modificar catalisadores de Pt puros. Um dos mtodos consiste na modificao da estrutura da

    superfcie de Pt. Por exemplo, Tarnowski e Korzeniewsk (1997)23

    comparam a eletro-

    oxidao de etanol em Pt (111), Pt (557) e Pt (335) e descobriram que a produo de cido

    actico com monocristais diminui com o aumento da densidade de superfcie. Outro mtodo

    utilizado para modificar os catalisadores sintetizar ligas binrias ou tercirias com Pt.

    Aditivos tpicos incluem Sn19,24

    , Ru19,25

    , Rh19

    , W19

    e Pd19,26

    . Liu e Wang (2008)27

    relataram

    que o melhor catalisador binrio Pt-Sn, embora a atividade deste para oxidao total do

    etanol ser pior do que a de Pt sozinha. A liga com Sn parece suprimir a produo de CO2 e

    aumentar a seletividade para CH3COOH e CH3CHO.27

  • 21

    Recentemente o uso de terras raras em clulas a combustvel em baixa temperatura

    vem sendo reportada. Materiais de terras raras podem ser aplicados em clulas abastecidas

    com hidrognio ou lcoois de baixo peso molecular, como catalisadores no nodo e/ou ctodo

    ou como aditivos em membranas polimricas.28

    1.4 APLICAES DO TERRA RARA CRIO

    O CeO2 tambm chamado de xido de crio ou cria, e se destaca por possuir

    diversas propriedades interessantes devido sua configurao eletrnica. O xido tem a

    propriedade de absorver e liberar oxignio sob condies reversveis de oxidao e reduo.

    A causa deste efeito uma transformao contnua e reversvel entre principalmente o

    sesquixido (Ce2O3) e o dixido de crio (CeO2), um pobre e outro rico em oxignio.29

    A estrutura do xido de crio cbica de face centrada, do tipo fluorita, como pode ser

    visto na Figura 3 com duas clulas unitrias ao longo do eixo z. Podemos observar que o on

    de oxignio tem coordenao igual a quatro (liga-se a quatro ons de Ce) enquanto que o on

    de Ce possui coordenao de oito oxignios. O CeO2 usado como abrasivo na indstria de

    polimento de vidros e no polimento tico de alta preciso, sendo o melhor polidor para o

    cristal de lentes de culos, para o quartzo e pedras preciosas, devido dureza do gro. Alm

    disso, o alto ndice de refrao e a alta transmitncia na regio do visvel e do infravermelho

    prximo habilitam o seu uso em componentes ticos. aplicado tambm como isolante em

    transistores de silcio por causa de suas propriedades fsicas, tais como gap de 3,6 eV, alta

    constante dieltrica e parmetros de rede que combinam bem com o silcio.30-31

    Os elementos de terras raras so dezessete elementos da Tabela Peridica: quinze

    elementos com nmeros atmicos entre 57 a 71, ou seja, a partir de lantnio ao lutcio; alm

    de incluir o escndio e trio. Na Amrica do Sul, principalmente no Brasil, h uma grande

    reserva de terras raras, no qual a sua produo data de 1884, sendo um dos pases mais antigos

    na explorao destes. 32

  • 22

    Figura 3 - Duas clulas unitrias do CeO2 ao longo do eixo z, gerada a partir do arquivo *.cif

    coletado do ICSD (Inorganic Crystal Structure Database)31

    1.4.1 Catalisadores de PtCe/C

    O Brasil um dos pases com as maiores reservas de metais de terras raras, outro fato

    que justifica o interesse em estudar suas aplicaes. Entre eles, um dos mais abundantes terras

    raras o crio. Uma importante caracterstica do CeO2.2H2O so as camadas que podem ser

    depositadas em um metal oxidvel.33

    Catalisadores de PtCe/C foram preparados por Rui Lin et al.34

    , e utilizados como

    material de nodo para verificar a tolerncia a CO em clulas a combustvel PEM. As suas

    propriedades fsicas foram caracterizadas por difratometria de raios X e microscopia

    eletrnica de transmisso, apresentando nanopartculas de Pt altamente dispersas sobre o

    suporte de carbono. A atividade de oxidao de hidrognio foi fortemente dependente dos

    teores de crio. O efeito do envenenamento do catalisador na oxidao andica do hidrognio,

    na presena de CO foi estudado em clulas unitrias. O catalisador de Pt e CeO2/C com

    60:20:20 de Ce, apresentou-se mais tolerante ao CO. A explicao foi relacionada ao efeito

    bi-funcional do CeO2, que fornece as espcies oxigenadas para a eletro-oxidao de CO,

    aumentando a tolerncia de CO em PEMFC.

    Os estudos de S.H. Bonilla et al.33

    sobre a deposio espontnea e deposio

    eletroqumica de crio em superfcies de platina em soluo cida, mostraram efeitos

  • 23

    catalticos superiores frente a reao de oxidao de metanol em relao a Pt pura, mas os

    efeitos foram os mesmos para a platina modificada por crio independente do mtodo de

    deposio.

    Lihong Yu e Jingyu Xi35

    desenvolveram uma tcnica de co-deposio em ultrassom de

    nanopartculas de CeO2 para aumentar a atividade do catalisador Pt/C, para as DAFC. As

    nanopartculas de Pt e CeO2 foram dispersas uniformemente nos eletrodos resultando numa

    grande quantidade de CeO2 e Pt/C. Estes estudos eletroqumicos da eletro-oxidao de

    molculas orgnicas pequenas (metanol, etanol, etilenoglicol e glicerol) confirmaram que

    CeO2 melhora o desempenho dos catalisadores de Pt/C e PtRu/C.

    1.4.2 Catalisadores de PtSnCe/C

    Segundo Arun Murthy et al.36

    a adio de Ce em catalisadores de PtSn promovem a

    ROE: (i) aumentando o grau de formao da liga de Sn, produzindo desse modo uma

    composio tima de fases e liga de xido e (ii) diminuindo o tamanho de partcula. Sn e os

    xidos de Ce podem interagir para promover o mecanismo bi-funcional fornecendo espcies

    oxigenadas em menor potencial quando comparados a Pt, no sendo competitivos mas de

    forma complementar. Os voltamogramas de COads mostraram que a ligao entre COads e

    PtSnCe/C mais fraca do que em PtSn/C, o que resulta em uma tolerncia de CO reforada.

    Anlises voltamtricas e estudos de impedncia faradaica revelaram o desempenho superior

    de PtSnCe/C, no s no que diz respeito remoo oxidativa de COads mas tambm no que

    diz respeito dissociao inicial da ligao CH. 36

    A reao de oxidao do etanol tambm foi investigada por R.F.B. De Souza et al.22

    ,

    utilizando eletrocatalisadores de PtSnCe/C em razes de massa diferentes (72:23:5, 68:22:10

    e 64:21:15), que foram preparados pelo mtodo do precursor polimrico. A microscopia

    eletrnica de transmisso revelou que as partculas variaram em tamanho de cerca de 2 a 5

    nm. Mudanas nos parmetros de rede observados para Pt sugerem a incorporao de Sn e Ce

    na rede cristalina da Pt, com a formao de uma liga entre Pt, Sn e/ou Ce. Entre os

    catalisadores PtSnCe/C investigados, a composio 68:22:10 apresentou a maior atividade

    para oxidao do etanol, e as curvas de corrente versus tempo obtidas na presena de etanol,

    em meio cido, mostrou uma densidade de corrente de 50% mais elevada do que a observada

    para o comercial PtSn/C (ETEK). Durante as experincias realizadas em clulas a

    combustvel individuais de etanol direto, a densidade de potncia para o nodo PtSnCe/C

  • 24

    68:22:10 era aproximadamente 40% maior do que o obtido utilizando o catalisador comercial.

    Os dados de espectroscopia infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) mostraram que

    o comportamento observado para a oxidao do etanol pode ser explicado em termos do

    mecanismo bi-funcional. A presena de Sn e Ce parece favorecer a oxidao de CO, uma vez

    que produzem uma espcie contendo oxignio para oxidar o acetaldedo para o cido actico.

    Os resultados observadas na literatura incentivam a aplicao de metais terras raras

    para a ROE. A sntese de eletrocatalisadores eficientes para oxidao deste combustvel pode

    promover a comercializao de clulas do tipo PEM. Nesse intuito, o presente projeto visa

    sintetizar e avaliar eletrocatalisadores constitudos por PtCe/C e PtSnCe/C. Com a pesquisa

    pretende avaliar comparativamente a atividade eletrocataltica dos catalisadores para ROE e

    correlacionar as propriedades fsicas e qumicas com a atividade apresentada.

  • 25

    OBJETIVOS 2

    Os objetivos deste trabalho so sintetizar e avaliar eletrocatalisadores de PtCe/C e

    PtSnCe/C. Os eletrodos sero suportados em carbono e avaliados frente reao de oxidao

    de etanol. O principal objetivo aumentar a eficincia da reao de oxidao de etanol,

    entender o motivo das variaes na atividade cataltica e avaliar a estabilidade destes

    catalisadores nas condies de operao da clula. Para tal estudo, sero utilizadas clulas do

    tipo PEM alimentadas com etanol no nodo e oxignio no ctodo.

    Os objetivos especficos deste trabalho so:

    i) Preparar eletrocatalisadores de PtCe e PtSnCe, suportados sobre carbono de

    alta rea de superfcie, utilizando como rota de sntese o mtodo do cido frmico;

    ii) Caracterizao fsica e eletrnica dos materiais obtidos, com auxlio de

    tcnicas tais como espectroscopia de raios X por energia dispersiva (EDX); difrao

    de raios X (XRD); microscopia eletrnica de transmisso (TEM); espectroscopia

    fotoeletrnica de raios X (XPS); e espectroscopia de absoro de raios X (XAS);

    iii) Avaliar a atividade eletrocataltica dos catalisadores para ROE;

    iv) Correlacionar as propriedades fsicas e qumicas (tamanho, composio,

    cristalinidade) com a atividade eletrocataltica para a ROE;

    v) Avaliar comparativamente o desempenho eletrocataltico dos materiais obtidos;

    vi) Avaliar a estabilidade dos catalisadores para a ROE;

    vii) Avaliar o desempenho dos catalisadores preparados na clula a combustvel

    unitria de etanol.

  • 26

    PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3

    3.1 SNTESE DOS CATALISADORES

    A utilizao de catalisadores na forma de nanopartculas importante para aumentar a

    rea de superfcie, o que permite diminuir a quantidade de metal nobre utilizado. No caso da

    eletrocatlise, importante se obter elevada homogeneidade na forma e tamanho, e adequado

    controle da disperso e da composio, pois esses fatores determinam a atividade

    eletrocataltica do material.

    Os mtodos de preparao de eletrocatalisadores nanoparticulados suportados sobre

    carbono de alta rea de superfcie esto baseados em mtodos de impregnao. Diversas

    metodologias para a reduo de sais metlicos impregnados em carbono tm sido

    investigadas, como a reduo em fluxo de hidrognio37

    , a reduo por cido frmico38

    e a

    reduo por alcois39

    . O mtodo do cido frmico consiste na preparao de catalisadores via

    reduo qumica. Eletrocatalisadores de Pt suportados em carbono preparados pelo mtodo do

    cido frmico apresentaram alta atividade cataltica, tanto para a reao de oxidao de

    hidrognio no nodo, quanto para a reao de reduo de oxignio no ctodo.40

    Este mtodo

    foi adaptado para preparao de ligas de platina com certos metais de transio visando

    aplicaes na eletro-oxidao de metanol e de etanol.41,42

    No entanto, como a formao das

    partculas ocorre pela reduo dos precursores impregnados sobre o suporte, possvel que a

    morfologia deste afete a estrutura e tamanho das partculas.

    3.1.1 Catalisadores PtCe/C

    A metodologia para a preparao dos eletrocatalisadores de PtCe/C consistiu em

    adicionar 40 mL de cido frmico 0,5 mol.L-1

    (Sigma Aldrich ; 98,0%) em carbono

    Vulcan, ajustando o pH para 12,5 e aquecendo a mistura a 80 C, em atmosfera de gs

    redutor. Em estudos preliminares43

    foram testadas duas atmosferas: gs hidrognio (H2) e

    monxido de carbono (CO). Com o monxido de carbono se obteve melhores resultados e por

    esta razo foi aplicado como atmosfera redutora neste estudo.

    Preparou-se uma soluo contendo cido hexacloroplatnico hexahidratado (Alfa

    Aesar; 99,9%) e cloreto de crio III (Sigma Aldrich

    ; 56,81% em massa de Ce). A soluo

  • 27

    com os precursores foi adicionada em um intervalo de 15 minutos.43

    Aguardou-se 30 minutos

    aps a adio dos precursores. O material obtido foi filtrado e seco em estufa a 90 C por 2

    horas. Prepararam-se catalisadores com razo de 20% em massa de metal em carbono. Quatro

    razes metlicas atmicas de PtCe/C foram sintetizadas: 50:50, 70:30, 80:20 e 90:10.

    3.1.2 Catalisadores PtSnCe/C

    Para a preparao dos eletrocatalisadores de PtSnCe/C foram adicionados 40 mL de

    cido frmico 0,5 mol.L-1

    (Sigma Aldrich) em carbono Vulcan

    , ajustando o pH para 12,5 e

    aquecendo a mistura a 80 C, em atmosfera de gs CO.43

    Adicionou-se, durante o intervalo de

    15 minutos, a soluo contendo os precursores: cido hexacloroplatnico hexahidratado (Alfa

    Aesar; 99,9%), cloreto de crio III (Sigma Aldrich

    ; 56,81% em massa de Ce) e cloreto de

    estanho II (Sigma Aldrich; 99,0%). Aguardou-se 30 minutos aps a adio dos precursores.

    O material obtido foi filtrado e seco em estufa a 90 C por 2 horas. Prepararam-se

    catalisadores com razo de 20% m/m de metal em carbono. A razo metlica atmica entre

    platina, estanho e crio para cada sntese foi: 70:20:10, 60:20:20 e 50:20:30.

    3.2 CARACTERIZAO FSICA

    A caracterizao fsica dos materiais PtCe/C e PtSnCe/C sintetizados foi realizada por

    espectroscopia de raios X por energia dispersiva (EDX), por difrao de raios X (XRD), por

    microscopia eletrnica de transmisso (TEM), por espectroscopia fotoeletrnica de raios X

    (XPS) e por espectroscopia de absoro de raios X (XAS).

    3.1.3 Espectroscopia de Raios X por Energia Dispersiva

    A tcnica de EDX foi utilizada para obteno da proporo mssica entre o carbono e

    os metais; e a proporo atmica entre a platina, crio e estanho. As anlises de energia

    dispersiva foram realizadas na Central de Anlises Qumicas Instrumentais do Instituto de

    Qumica de So Carlos (CAQI/IQSC/USP) em um equipamento EDX LINK ANALYTICAL,

    (Isis System Series 200), com detetor de SiLi Pentafet, janela ultrafina ATW II (Atmosphere

    Thin Window), de resoluo de 133 eV 5,9 keV e rea de 10 mm2, acoplado a um

  • 28

    microscpio eletrnico ZEISS LEO 440 (Cambridge, England). Utilizou-se padro de Co para

    calibrao, feixe de eltrons de 20 kV, distncia focal de 25 mm, dead time de 30%, corrente

    de 2,82 A e Iprobe de 950 pA. A rea da amostra analisada foi de 640x640 m.

    Durante o experimento a amostra bombardeada por um feixe de eltrons, e eltrons

    so ejetados de camadas interiores dos tomos da amostra. Com o buraco gerado os eltrons

    de maior energia tendem a ocupar o estado vacante e para isso liberam energia na forma de

    raios X. A quantidade de energia liberada pelos eltrons quando vo de uma camada exterior

    para uma interior depende do nvel de energia inicial e final, e como os tomos possuem

    estados especficos ele pode ser identificado. O resultado do EDX um espectro na forma de

    picos que indicam os nveis de energia do salto.

    As amostras enviadas para anlise eram pastilhas no formato de discos com 1,6 mm de

    dimetro, preparadas aps macerao de aproximadamente 10 mg do catalisador, com uma

    emulso de Teflon 0,5% e afixadas em um suporte com cola de prata. Foram obtidos valores

    para 3 pontos da amostra, sendo utilizada uma mdia desses valores como o resultado.

    3.1.4 Difrao de Raios X

    A tcnica de XRD foi utilizada para determinar as caractersticas estruturais do PtCe/C

    e PtSnCe/C, como presena de xidos cristalinos, tamanho mdio dos cristalitos dos

    catalisadores, parmetro de rede dos materiais e distncia interatmica da Pt.

    XRD uma tcnica importante porque pode ser usada para encontrar as posies

    relativas dos tomos em um slido, o que contribui para o entendimento geral da estrutura e

    suas propriedades fsicas e qumicas. Os padres de difrao so produzidos sempre que a luz

    atravessa, ou refletida por uma estrutura peridica que apresenta um padro que se repete

    regularmente. 44

    A radiao utilizada foi de CuK (= 0,15406 nm), gerado a 40 kV e 20 mA em um

    difratmetro (Rigaku ULTIMA IV). As varreduras foram obtidas a 1min-1 pra 2 entre

    10 a 100.

    3.1.5 Microscopia Eletrnica de Transmisso

    A microscopia eletrnica de transmisso (TEM) uma tcnica de imagem, onde um

    feixe de eltrons transmitido atravs da amostra e forma-se uma imagem que detectada em

    uma tela fluorescente, ou em um filme fotogrfico ou em um detector como uma cmera

  • 29

    CCD. A TEM possui uma vasta aplicao, sendo que a tcnica permite visualizar a

    distribuio e formato das partculas no suporte de carbono. Em alta resoluo podem-se

    verificar defeitos cristalinos, orientao, faces e forma das nanopartculas. 45

    Para os estudos de composio, morfologia e distribuio de tamanho das

    nanopartculas de PtCe/C e PtSnCe/C, foi utilizado o microscpio da Philips CM 120, com

    ctodo de LaB6, operando a 120 keV, da Universidade Federal de So Carlos. Para realizar a

    anlise de TEM, as amostras foram dispersas em etanol, submetidas ao ultrassom por 2

    minutos, depositadas sobre uma grade de cobre recoberta com carbono e posteriormente,

    secas ao ar. A anlise da distribuio dos tamanhos de partculas foi feita medindo-se no

    mnimo o dimetro de 200 partculas.

    3.1.6 Espectroscopia Fotoeletrnica de Raios X

    Por meio desta tcnica, torna-se possvel obter informao das energias de ligao de

    fotoeltrons ejetados dos tomos da superfcie ou perto dela. A anlise de XPS foi realizada

    na linha de luz SXS do Laboratrio Nacional de Luz Sncrotron (LNLS).46

    O espectro de XPS

    foi coletado utilizando uma energia de fton (Eph) incidente de 1840 eV, fornecida pelo

    monocromador de cristal duplo de InSb (111). O analisador hemisfrico de eltrons (Specs -

    Phoibos 150) foi programando para passagem de 20 eV, com passo de energia de 0,2 eV e

    tempo de aquisio de 200 ms.

    A resoluo energtica global alcanada foi cerca de 0,3 eV a Eph =1840 eV. A

    presso de base da cmara de anlise foi de 1,3.10-9

    mBar. A calibrao da energia dos ftons

    do monocromador foi realizada na borda K do Si (1839 eV). Uma calibrao adicional do

    analisador de energia foi realizada utilizando uma folha de Au padro (Au 4f ). Todas as

    medies de XPS foram realizadas temperatura ambiente. A contribuio inelstica dos

    espectros de nvel eletrnico Pt 4f, Ce 3d e Sn 3d foi subtrada utilizando mtodo de Shirley.

    Os espectros foram montados usando perfis mistos de curvas Gaussiana-Lorentziana, para Pt,

    Sn e Ce para as formas oxidadas e Doniach-Sunjic para Pt metlica e Sn metlico. A largura

    mxima meia altura (FWHM) variou entre 1,6 e 2,0 eV, e a exatido das posies dos picos

    para Pt e Sn foi de 0,2 eV. Os parmetros de splitting, isto , a diferena de energia de

    ligao de dois estados com diferentes nmeros qunticos, foram mantidos constantes para o

    Sn (8,5 0,5 eV) e para o Ce (18,10,5 eV), de acordo com os valores encontrados na

    literatura.47-48

  • 30

    3.1.7 Espectroscopia de Absoro de Raios X

    A tcnica de espectroscopia de absoro de raios X pode ser realizada in situ em

    sistemas eletroqumicos. Com esta tcnica possvel obter informaes sobre a ocupao

    eletrnica e estrutural dos catalisadores em estudo. Os experimentos de absoro de raios X

    tem a finalidade de avaliar a vacncia de eltrons na banda de valncia dos metais.

    Os experimentos de XAS in situ foram realizados na linha XAFS1 do Laboratrio

    Nacional de Luz Sncrotron (LNLS),49

    na energia de absoro da borda L3 da Pt, acoplado a

    um potenciostato/galvanostato Autolab 302N. A clula eletroqumica utilizada possua uma

    janela que permitia a passagem da radiao pela amostra. A configurao adotada para os

    testes foi de trs eletrodos: o eletrodo de trabalho foi confeccionado do material PtCe/C,

    calculado com uma carga de platina de 6,0 mg.cm-2

    , com rea de 1,27 cm2, o contra-eletrodo

    foi uma rede de platina e o eletrodo de referncia foi reversvel de hidrognio (ERH). O

    eletrlito utilizado foi 0,5 mol.L-1

    de H2SO4. Os espectros de absoro de raios X de estrutura

    fina foram obtidos no sistema polarizado em 0,5 V e 0,9 V. O programa utilizado para anlise

    dos espectros de absoro foi Athena e os dados foram tratados com os procedimentos

    descrito na literatura.50

    3.3 CARACTERIZAO ELETROQUMICA

    Os testes eletroqumicos para os catalisadores binrios de PtCe/C e ternrios de

    PtSnCe/C foram realizados em duas configuraes: camada ultrafina e clula unitria de 5

    cm2.

    3.1.8 Testes em Camada Ultrafina

    Para avaliao eletroqumica dos catalisadores nessa configurao, preparou-se uma

    suspenso do material sintetizado, com lcool 2-propanol e soluo de Nafion

    6%. Com

    auxlio de uma microsseringa, depositou-se uma camada fina, de 28 g de metal.cm-2, sobre

    um eletrodo de carbono vtreo de 0,38 cm, seco ao ar. A clula eletroqumica utilizada foi de

    trs eletrodos: de trabalho, o material em camada ultrafina; auxiliar de Pt; e de referncia

    reversvel a hidrognio (ERH). Todos os experimentos foram realizados a 25 C em atmosfera

    de argnio. As medidas eletroqumicas foram obtidas no potenciostato/galvanostato Solartron

    Analytical modelo 1285.

  • 31

    3.1.8.1 Caracterizao em meio cido

    Inicialmente, as amostras foram submetidas a dez varreduras cclicas de potencial

    entre 0,05 e 0,8 V vs ERH, a 50 mV.s-1

    no apresentando mudanas significativas no perfil

    voltamtrico. Realizaram-se medidas de voltametria cclica em soluo cida de H2SO4 (0,5

    mol.L-1

    ), a 20 mV.s-1

    , entre 0,05 e 0,6 V vs ERH. Para determinao de rea de platina ativa

    utilizou-se a metodologia descrita na literatura como stripping de CO.51

    Nessa tcnica, os

    catalisadores foram submetidos a um pr tratamento de 300 segundos de borbulhamento de

    CO, e em sequncia, 1500 segundos com gs argnio, mantendo a clula em modo

    potenciosttico em 0,10 V vs ERH. Realizaram-se trs ciclos a 5 mV.s-1

    de 0,1 a 1,0 V vs

    ERH.

    3.1.8.2 Caracterizao em meio etanlico cido

    As propriedades eletrocatalticas em relao oxidao de etanol foram avaliadas por

    voltametrias cclicas a 10 mV.s-1

    e varreduras lineares de potencial a 1 mV.s-1

    , entre 0,05 a 1,0

    V vs ERH, em soluo de H2SO4 (0,5 mol.L-1

    ) e etanol (1,0 mol.L-1

    ). Neste meio, tambm

    foram realizadas medidas potenciostticas em 0,6 V vs ERH, por 3600 segundos, sempre em

    uma nova superfcie de eletrodo.

    3.1.9 Teste de Estabilidade

    Alguns materiais de PtCe/C e PtSnCe/C sintetizados em atmosfera de CO foram

    submetidos a sucessivas ciclagens para avalio da estabilidade do catalisador em meio cido,

    em configurao de camada ultrafina. A metodologia adotada foi baseada na literatura, que

    utilizam 200 ciclos no intervalo de 0,5 a 1,0 V, a 50 mV.s-1

    .52

    A sequncia de testes realizados

    era iniciada com a realizao de um stripping de CO, descrito na sesso 3.1.8.1, na qual

    determina-se a rea de superfcie do material. Realizaram-se trs ciclos de 0,05 a 0,8 V vs

    ERH a 20 mV.s-1

    e depois a 50 mV.s-1

    , para uma caracterizao inicial do catalisador. A

    seguir o material era submetido a 200 ciclos de 0,5 a 1,0 V, a 50 mV.s-1

    . Em intervalos de 25

    ciclos, realiza-se 3 ciclos no intervalo de 0,05 a 0,8 V. A rampa de ciclagem utilizada est

    esquematiza da na Figura 4.

  • 32

    Figura 4- Rampa de potencial utilizada para os testes de estabilidade dos catalisadores. Linhas

    vermelhas indicam as curvas registradas.

    Para avaliao da perda de rea do material, um stripping de CO foi realizado. Aps a

    ciclagem em meio cido, os eletrodos envelhecidos foram submetidos a uma voltametria

    linear em H2SO4 (0,5 mol.L-1

    ) e etanol (1,0 mol.L-1

    ) a 1 mV.s-1

    , para observar o efeito do

    envelhecimento na atividade cataltica na reao de oxidao de etanol.

    3.1.10 Testes em Clula Unitria de 5 cm

    A avaliao eletroqumica em eletrlito lquido til para estudos fundamentais e para

    determinar se um material promissor para aplicao em clulas a combustvel. Entretanto,

    para uma avaliao mais prxima das condies de operao de uma clula a combustvel,

    foram realizados testes em configurao de clula unitria. Para a configurao de clula

    unitria foram utilizados eletrodos de difuso de gs, com grande rea de superfcie, que eram

    compostos de duas camadas, uma camada difusora e uma camada catalisadora. A camada

    difusora era composta por tecido de carbono (PWB-3, Stackpole) recoberto por p de carbono

    (Vulcan XC-72R) e Teflon e foram confeccionadas pela metodologia desenvolvida pelo

    prprio grupo.53

    As camadas difusoras eram fornecidas pelo laboratrio e continham rea de

    4,62 cm. Sobre a camada difusora, foi depositada uniformemente a camada catalisadora. Esta

    era composta de 34,5 % m/m de Nafion (soluo de 6,0 %, DuPont) e do 65,5% de

    catalisador, com carga de 1,0 mg Pt.cm-2

    . O catalisador e o Nafion foram misturados,

    agitados em ultrassom por 10 minutos e depois secos em capela. Aps secagem do solvente

    do Nafion, o p obtido foi disperso em 2-propanol e, com o auxlio de um pincel, o material

  • 33

    foi transferido uniformemente sobre a camada difusora. Aps a transferncia de todo o

    material, secou-se o eletrodo de difuso em forno a 90 C por 1 hora, para retirar qualquer

    resduo de solvente.

    O ctodo foi mantido constante, sendo produzido com catalisador de Pt/C comercial

    da ETEK (30%Pt/C). O nodo foi confeccionado de PtCe/C e PtSnCe/C, sintetizados em

    atmosfera de CO. Para o transporte de prtons entre o nodo e ctodo foram utilizadas

    membrana de Nafion

    115, com 125 m de espessura, produzidas pela DuPont. As

    membranas foram previamente tratadas com soluo de 3% da H2O2 a 75-80 C, para retirada

    de impurezas orgnicas e com soluo de H2SO4 0,5 mol.L-1

    , para retirada de impurezas

    metlicas e acondicionadas em recipientes com gua deionizada at o uso.

    Os conjuntos eletrodos/membrana (MEA do ingls membrane electrode assembly)

    foram obtidos por unio de um par de eletrodos (ctodo e nodo) membrana e um par de

    espaadores por prensagem de 50 atm, a 125 C, por 120 segundos. Os espaadores foram

    utilizados para compensar o excesso de volume no centro do MEA e assim, minimizar

    vazamentos na clula unitria.

    Os MEAs so inseridos entre duas placas de grafite, que permite a percolao dos

    combustveis (soluo de etanol no nodo e gs oxignio no ctodo) na camada cataltica. O

    sistema acondicionado por placas de alumnio para facilitar o manuseio e serem os coletores

    de corrente. A clula montada monitorada por uma estao de trabalho, que permite o

    controle da temperatura, presso e fluxo de gases.

    Para avaliao da contribuio do nodo, medidas em meia clula foram realizadas, na

    qual, gs hidrognio era injetado no ctodo, servindo como um eletrodo reversvel a

    hidrognio, e etanol no nodo. Medidas eletroqumicas foram realizadas com auxlio do

    potenciostato/galvanostato Autolab 302N. Curvas de polarizaes lineares foram realizadas,

    entre 0,1 a 0,6 V vs ERH a 1,0 mV.s-1

    e medidas de cronoamperometria a 0,5 V por 3600

    segundos cada. As medidas foram realizadas a 90 C. O sistema tambm foi avaliado por

    configurao completa, na qual o gs oxignio era injetado no ctodo, com a presso mantida

    em 3 atm, e etanol no nodo. Nesse arranjo, curvas de polarizao de estado estacionrio, em

    modo galvanosttico, foram obtidas. Alm disso, curvas de polarizaes lineares foram

    realizadas, entre o potencial de circuito aberto da clula e 0,2 V vs ERH a 1,0 mV.s-1

    . As

    medidas foram realizadas a 90 C.

  • 34

    RESULTADOS E DISCUSSO 4

    4.1 CATALISADORES PTCE/C

    4.1.1 Caracterizao Fsica

    A utilizao do gs monxido de carbono favorece a reduo do on

    hexacloroplatnico. As alteraes das reaes de reduo da platina pelo controle da atmosfera

    por monxido de carbono podem ser descritas pelas equaes: 54

    PtCl62-

    + CO + H2O PtCl42-

    + 2Cl- + 2H

    + + CO2 (1)

    PtCl42 + CO + H2O Pt

    0 + 4Cl

    - + 2H

    + + CO2 (2)

    4.1.1.1 Espectroscopia de Raios X por Energia Dispersiva

    A tcnica de EDX confirmou a presena dos metais platina e crio nos catalisadores

    PtCe/C sintetizados em atmosfera de CO. Apesar da tcnica no ser muito precisa para

    presena de carbono, os resultados obtidos confirmaram a proporo mssica prxima de 20%

    de metal. As composies atmicas foram confirmadas, sendo estas: PtCe/C 50:50; PtCe/C

    70:30, PtCe/C 80:20 e PtCe/C 90:10.

    Tabela 2- Porcentagem atmica, em massa e quantidade de Pt (mg) existente nas diferentes

    propores dos eletrocatalisadores PtCe/C.

    Catalisador % massa % atmica mg de Pt

    PtCe 50:50 Pt 61 53 23,2

    Ce 39 47

    PtCe 70:30 Pt 72 65 30,5

    Ce 28 35

    PtCe 80:20 Pt 87 83 33,9

    Ce 13 17

    PtCe 90:10 Pt 87 82 37,0

    Ce 13 15

  • 35

    4.1.1.2 Difrao de Raios X

    Com o intuito de se obter o tamanho mdio de cristalito, assumiu-se uma configurao

    esfrica das partculas do catalisador e utilizou-se a equao de Scherrer, descrita na equao:

    55

    (3)

    onde (d) = tamanho mdio do cristalito na direo do plano de difrao; (k) = constante de

    proporcionalidade igual a 0,9; () = comprimento de onda da radiao incidente; () = ngulo de

    difrao; () = largura da meia altura do pico de difrao, aproximado por uma gaussiana.

    O pico de difrao utilizado para o clculo do tamanho de cristalito mdio foi (220), e

    a largura de meia altura foi obtida por ajuste de uma curva gaussiana. O pico de difrao de Pt

    (220) foi usado como referncia de modo a minimizar a influncia do suporte de carbono. 56

    A

    partir da anlise dos difratogramas de raio X tambm foi calculado o parmetro de rede dos

    materiais (aexp), determinado pela equao 4, tambm utilizando-se o plano cristalogrfico

    (220) da platina, e rearranjando a equao 4 para aexp (equao 5): 57

    (4)

    (5)

    onde () = comprimento de onda da radiao de raio X ; () = ngulo correspondente reflexo de

    Bragg.

    A distncia interatmica entre dois tomos de platina na estrutura cbica de face

    centrada (dcfc) pode ser determinada pela equao 6: 58

    (6)

  • 36

    A literatura indica que para boa resposta eletrocataltica em catalisadores de Pt/C,

    especialmente para a reao de oxidao de etanol, o tamanho mdio de cristalito deve ser

    abaixo de 5 nm. 59

    Os difratogramas dos materiais sintetizados em atmosfera de CO esto representados

    na Figura 5. O pico em 2 igual a 26,0, presente em todas as composies, refere-se ao plano

    (200) do grafite.

    Como no ocorre deslocamento dos picos de difrao da Pt, em todas as composies,

    indica que o Ce adicionado no est influenciando as orientaes cristalogrficas, isto , no

    existe liga entre Pt e Ce. 60

    Figura 5- Difratogramas dos eletrocatalisadores de PtCe/C sintetizados em atmosfera de CO.

    20 40 60 80 100

    Inte

    nsi

    dad

    e /

    u.a

    .

    2 / grau

    Pt

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    PtCe 80:20

    PtCe 90:10

    Utilizou-se a equao de Scherrer (eq. 3) para calcular o tamanho mdio de cristalito.

    O pico de difrao utilizado para o clculo do tamanho de cristalito mdio foi (220), e a

    largura de meia altura foi obtida por ajuste de uma curva gaussiana. Os parmetros de rede e

    distncia interatmica da platina tambm foram calculadas, utilizando as equaes 5 e 6. Os

    tamanhos de cristalito mdio (d), parmetro de rede (aexp) e a distncia interatmica (dcfc) para

    os materiais PtCe/C, sintetizados em atmosfera de CO, esto na Tabela 3.

  • 37

    Tabela 3- Tamanho mdio de cristalito (d), parmetro de rede (aexp) e a distncia interatmica

    (dcfc) para os catalisadores de PtCe/C obtidos em atmosfera de CO.

    Catalisador d / nm aexp / dcfc /

    Pt 2,3 3,92 2,77

    PtCe 50:50 7,9 3,91 2,77

    PtCe 70:30 7,4 3,91 2,77

    PtCe 80:20 7,9 3,91 2,77

    PtCe 90:10 7,6 3,91 2,77

    Os valores de aexp e dcfc dos catalisadores foram menores que da platina, que de

    3,921 e 2,772 , respectivamente. Os valores obtidos de aexp, com exceo do 70:30, foram

    maiores ao relatado na literatura para Pt3-(CeOx)1/C, que relataram 3,912 .61

    Nas condies

    de sntese adotadas, o crio provavelmente incorporado em forma de xidos e oxi-

    hidrxidos amorfos.

    4.1.1.3 Microscopia Eletrnica de Transmisso

    A tcnica de microscopia eletrnica de transmisso foi utilizada para determinar as

    faixas de distribuio de tamanho das partculas e avaliar a disperso destas no suporte de

    carbono. A Figura 6A representa a micrografia obtida por PtCe/C sintetizado em atmosfera de

    CO, na proporo atmica 50:50 e a Figura 6C a micrografia do catalisador 70:30.

    Os histogramas obtidos para os catalisadores de PtCe/C nas propores 50:50 e 70:30

    esto representados nas Figuras 6B e 6D respectivamente. A faixa de distribuio dos

    tamanhos de partcula apresentada pelo material de proporo 50:50 variou de 0,49 a 4,46 nm

    e pelo material de proporo 70:30 variou de 1,4 a 19,2 nm. O tamanho mdio das partculas

    foi determinado por uma curva gaussiana ajustada ao histograma obtido, que forneceu o valor

    de 2,64 nm para o catalisador 50:50 e 7,1 nm para o catalisador 70:30. O tamanho mdio de

    partcula encontrado foi prximo ao valor de tamanho mdio de cristalito (d) obtido por XRD,

    de 7,4 nm para o catalisador 70:30.

  • 38

    Figura 6 Micrografias dos catalisadores PtCe/C 50:50 (A), PtCe/C 70:30 (C) e os respectivos histogramas (B) e (D).

    A discrepncia no nmero do tamanho mdio por TEM com o tamanho de cristalito de

    XRD para o catalisador PtCe/C 50:50 foi justificada pelos rendimentos da frmula Scherrer,

    que considera um volume mdio da dimenso das partculas, e partculas maiores contribuem

    de forma desproporcional, elevando os valores obtidos para d. 26

    Assim, essa variao pode

    ser justificada pela influncia de possveis aglomerados e/ou existncia de grandes partculas.

    2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Fre

    quncia

    / %

    Tamanho de partcula / nm

    Pt:Ce

    2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

    0

    10

    20

    Fre

    quncia

    / %

    Tamanho de partcula / nm

    PtCe 70:30

    PtCe 50:50

    A

    B

    C

    D

  • 39

    4.1.1.4 Espectroscopia Fotoeletrnica de Raios X

    O XPS fornece informaes sobre a densidade de estados eletrnicos do catalisador

    metlico. A estrutura eletrnica de um metal modificada pela adio de outros metais, pois

    estes alteram a tenso do retculo cristalino ou permitem a transferncia de carga entre os

    componentes da liga. A tcnica usada como uma ferramenta analtica porque as informaes

    das alturas e reas de pico, em relao s energias de ligao, permitem a identificao dos

    compostos presentes e fornece estimativas de sua concentrao. 62

    Os espectros de XPS dos catalisadores PtCe/C 50:50 e 70:30, em um grande intervalo

    de energia, esto representados na Figura 7. Os espectros revelam os picos dominantes de

    carbono, utilizado como suporte; h presena de oxignio e de platina. Nesta varredura no

    foi possvel observar os picos relacionados ao crio e tambm no foi identificada nenhuma

    possvel contaminao no respectivo catalisador sintetizado.

    Figura 7 Espectros de XPS obtidos para os materiais PtCe/C 50:50 e 70:30.

    1200 1000 800 600 400 200 0

    Inte

    nsi

    dad

    e /

    u.a

    .

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    Energia de Ligao eV

    O1s

    C1s

    Pt4f

    Os espectros de XPS dos orbitais 4f Pt dos catalisadores de PtCe/C 50:50 e 70:30 esto

    representados na Figura 8. Os espectros de Pt 4f foram deconvoludos em trs dubletos, que

    correspondem a diferentes estados de oxidao da Pt 4f7/2 e da Pt 4f5/2 . A linha com maior

    intensidade est centralizada em 71,30 eV para 50:50 e 71,38 para 70:30, e esta pode ser

    atribuda Pt de valncia zero, no estado metlico, bem prximo ao valor listado na literatura

    de 71,2 eV. 48

  • 40

    Figura 8 Espectros de XPS para Pt 4f e Ce 3d para os catalisadores de PtCe/C e 50:50 e 70:30.

    Ce4+

    Ce3+

    Pt0

    Pt2+

    Pt

    0Pt0

    Ce 3d

    Pt 4f

    78 75 72

    Inte

    nsid

    ade /

    u.a

    .

    PtCe 70:30

    PtCe 50:50

    910 900 890 880

    Energia de Ligao eV

    As energias de ligao obtidas para os componentes dos picos de Pt 4f7/2 esto

    demonstradas na Tabela 4, juntamente com a porcentagem atmica para cada sinal.

    Tabela 4 Energia de ligao dos componentes Pt 4f7/2 para os catalisadores PtCe/C 50:50 e 70:30, e porcentagem atmica para cada sinal.

    PtCe/C 50:50 PtCe/C 70:30 Espcie

    71,30 eV (32%) 71,39 eV (46%) Pt (0)

    72,48 eV (40%) 72,40 eV (16%) Pt (II) PtOH2 74,80 eV (28%) 74,80 eV (38%) Pt (IV) PtO2 , PtO2 . nH2O

    A Figura 8 tambm apresenta a regio do orbital 3d do Ce, no qual os espectros foram

    deconvoludos em trs dubletos. Na Tabela 5 esto apresentadas as energia dos picos de XPS

    para os catalisadores PtCe/C.

    Tabela 5 Energia de ligao dos componentes Ce 3d5/2 para os catalisadores PtCe/C 50:50 e 70:30, e porcentagem atmica para cada sinal.

    PtCe/C 50:50 PtCe/C 70:30 Espcie

    885,8; 880,3 eV (54%) 886,1; 879,0 eV (48%) Ce (III)

    882,8; 888,8; 917,2 eV(46%) 882,4; 888,6; 917,3 eV (52%) Ce (IV)

  • 41

    A composio atmica da superfcie foi estimada por XPS. Para correlacionar a

    concentrao de superfcie dos metais no catalisador de PtCe/C, utilizou-se a relao das reas

    dos espectros 4f da Pt e 3d do Ce, corrigidos pelos fatores catalogados, representados na

    equao 8 e 9. A porcentagem atmica de platina e do crio obtidas esto representadas na

    Tabela 6.

    Tabela 6 - Porcentagem atmica dos catalisadores PtCe/C estimadas pelos dados de XPS.

    Catalisador Pt Ce

    PtCe 50:50 73% 27%

    PtCe 70:30 74% 26%

    Para correlacionar a concentrao de superfcie dos metais nos catalisadores de PtCe/C

    50:50 e 70:30, utilizou-se a relao das reas dos espectros 4f da Pt e 3d do Ce, corrigidos

    pelos fatores catalogados. A equao utilizada foi:

    (8)

    onde: (nPt) = frao atmica da Pt; (nCe)= frao atmica do Ce; (APt) = rea total dos orbitais

    Pt 4f ; (ACe) = rea total dos orbitais Ce 3d; (aCe) = fator de correo do crio, de 24,7; e (aPt)

    = fator de correo da platina, de 15,9.

    Considerando que a amostra apenas apresenta platina e crio, a soma da frao

    atmica de platina com a frao atmica do crio deve ser igual a 1, como apresentado na

    equao 9.

    (9)

    4.1.1.5 Espectroscopia de Absoro de Raios X

    A tcnica XAS, sobre condies eletroqumicas in situ, foi utilizada para avaliar as

    caractersticas eletrnicas e estruturais dos tomos de platina nos eletrocatalisadores PtCe/C.

    Os experimentos foram realizados na borda L3 da Pt (11,564 keV), na regio de

    XANES (X-ray Absortion Near-Edge Structure). Para essa caracterizao fsica, foram

    utilizadas clulas eletroqumicas com aberturas especiais para a passagem do feixe de raios X,

  • 42

    de modo que a radiao interage apenas com o eletrodo de trabalho. Para os experimentos, o

    eletrodo de trabalho foi polarizado a 500 mV e 900 mV vs ERH.

    Os espectros de XANES obtidos esto apresentados na Figura 9. A absoro da borda

    L3 da Pt corresponde a transio 2p3/25d, na forma de um pico, denominado de linha branca.

    A magnitude deste pico est relacionada com a ocupao do estado eletrnico 5d da platina e

    quanto maior a intensidade, menor a ocupao deste orbital. 52

    Em 500 mV (Fig. 9A), potencial na regio de dupla camada eltrica no qual no

    ocorre processos faradicos, a concentrao de PtCe/C 70:30 apresenta maior magnitude de

    linha branca que o catalisador PtCe/C 50:50. Em 900 mV (Fig. 9B), ocorre a oxidao da

    platina, e mesmo nessas condies, possvel analisar o efeito eletrnico do crio na banda da

    Pt. O aumento da intensidade da linha branca da platina com o aumento do potencial

    explicado pelo aumento de espcies oxigenadas na superfcie. Neste potencial, o material

    PtCe/C 70:30 tambm apresentou a magnitude maior na linha branca.

    Figura 9 Espectros de XANES in situ na borda L3 da Pt para os materiais PtCe/C, em 500 mV (A) e 900 mV (B).

    11,5 11,6 11,7 11,80,0

    0,4

    0,8

    1,2

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    Ab

    sor

    o n

    orm

    aliz

    ada

    / u

    .a

    Energia / keV

    500 mV

    11,5 11,6 11,7 11,80,0

    0,4

    0,8

    1,2

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30Abso

    ro

    norm

    aliz

    ada

    / u.a

    Energia / keV

    900 mV

    4.1.2 Caracterizao Eletroqumica

    Os catalisadores de PtCe/C foram caracterizados eletroquimicamente em duas

    configuraes: clula de trs eletrodos, com o eletrodo de trabalho em forma de camada

    ultrafina; e clula unitria de 5 cm2.

    4.1.2.1 Testes em camada ultrafina

    Para os testes em camada ultrafina, a caracterizao foi feita em dois meios: cido (0,5

    mol.L-1

    de H2SO4 ) e etanlico cido (0,5 mol.L-1

    de H2SO4 e 1,0 mol.L-1

    de C2H5OH).

    A B

  • 43

    4.1.2.1.1 Meio cido

    Tem sido relatado que interao entre um metal nobre, como a platina, com Ce,

    aumenta a atividade cataltica. A ao de promoo do CeO2 atribuda: a capacidade de

    armazenamento de oxignio a baixas temperaturas; maior redutibilidade na presena de Pt;

    maior disperso da Pt sobre CeO2 e preveno da sinterizao das partculas do metal. Espera-

    se que os tomos de oxignio presentes na rede do xido de crio possam direta ou

    indiretamente estar envolvidos na remoo de CO, que formado durante a eletro-oxidao

    do etanol. 60

    A Figura 10 representa os voltamogramas em meio cido dos catalisadores obtidos em

    atmosfera de CO. Os picos observados entre 0,05 a 0,3 V vs EHR esto relacionados a

    adsoro e dessoro de H2. As propores 50:50, 70:30 e 80:20 apresentaram cargas

    prximas nesta regio enquanto a proporo de 90:10 apresentou a maior delas.

    De acordo com a microscopia eletrnica de transmisso, a composio 50:50

    apresentou menor tamanho mdio de partcula, comparado a composio 70:30, assim esse

    material provavelmente apresenta maior rea ativa que os outros catalisadores.

    Segundo Corradini, ao avaliar materiais de composio semelhante, mas sintetizados

    com a adio do precursor com variao de tempo, observa-se a relao direta do tamanho

    mdio de cristalito e do tamanho mdio de partcula. 43

    Figura 10 - Voltamogramas dos catalisadores de PtCe/C em 0,5 mol.L-1

    de H2SO4 a 20 mV.s-1

    em atmosfera de argnio.

    0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

    -0,10

    -0,05

    0,00

    0,05

    I /

    mA

    E / V

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    PtCe 80:20

    PtCe 90:10

    0,0 0,2 0,4 0,6

    -0,2

    0,0

    0,2

    Pt ETEK

    Realizou-se strippings de CO para avaliar a rea ativa dos materiais. A Figura 11

    representa a subtrao do primeiro ciclo do stripping de CO de uma linha de base (A) e as

  • 44

    curvas do primeiro ciclo para as diferentes propores dos catalisadores de PtCe/C (B). Na

    Figura 11(B) o catalisador PtCe/C 50:50 apresentou o pico de oxidao de CO

    aproximadamente no mesmo potencial que a Pt, em 0,78 V vs ERH, representado no grfico

    pela linha tracejada. O catalisador PtCe/C 70:30 apresentou um pico em 0,73 V, o PtCe/C

    80:20 um pico em 0,71 V e o PtCe/C 90:10 um pico em 0,67 V. A presena de crio promove

    a oxidao do CO em potenciais menores do que a platina. Quanto maior a concentrao de

    crio no catalisador, mais prximo do potencial de oxidao da platina o potencial do

    catalisador se encontra. A concentrao que melhor evidenciou a oxidao do CO em menor

    potencial foi a PtCe/C 90:10.

    A literatura afirma que o favorecimento da oxidao de CO com incio em menores

    potenciais que o observado na platina policristalina, pode ser observado por vrios fatores, e

    entre os principais esto: efeito eletrnico, e por facilitar o mecanismo bifuncional, por

    gerao de espcies oxigenadas em menores potenciais. 61

    Figura 11 - Curvas do 1 ciclo do stripping de CO (A) e curvas obtidas da subtrao do 1

    ciclo do stripping de CO por uma linha de base (B), para os catalisadores de

    PtCe/C, v: 5 mV.s-1

    .

    0,2 0,4 0,6 0,8 1,0-0,05

    0,00

    0,05

    I /

    mA

    E / V

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    PtCe 80:20

    PtCe 90:10

    0,4 0,6 0,8 1,00,000

    0,006

    0,012

    0,018

    I /

    mA

    E / V

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    PtCe 80:20

    PtCe 90:10

    A rea ativa dos catalisadores foi determinada atravs da integrao da rea abaixo dos

    picos observados na Figura 11(B). Os valores obtidos esto na Tabela 7.

    A

    B

  • 45

    Tabela 7- Quantidade de Pt (mg), tamanho de cristalito (nm) e rea ativa (cm2) das diferentes

    propores dos eletrocatalisadores PtCe/C.

    Catalisador Tamanho de

    cristalito/nm

    rea

    ativa/cm2

    mg de Pt

    PtCe 50:50 7,9 0,50 23,27

    PtCe 70:30 7,4 0,36 30,58

    PtCe 80:20 7,9 0,81 33,91

    PtCe 90:10 7,6 0,59 37,04

    4.1.2.1.2 Meio etanlico cido

    A atividade para eletro-oxidao de etanol dos catalisadores sintetizados em atmosfera

    de CO foi avaliada por voltametria cclica, polarizao linear e cronoamperometria em

    solues de 0,5 mol L-1

    de H2SO4 e 1,0 mol L-1

    de etanol.

    Os voltamogramas dos materiais normalizados pela rea ativa esto representados na

    Figura 12. As atividades catalticas dos materiais sintetizados esto prximas, sendo que as

    atividades do PtCe/C 50:50 e do PtCe/C 70:30 esto superiores a atividade da platina. Os

    catalisadores com adio de Ce apresentaram potencial de incio de oxidao de etanol

    menores que a Pt pura, em torno de 0,40 V vs ERH.

    Figura 12 - Voltamogramas dos catalisadores de PtCe/C em 0,5 mol.L-1

    de H2SO4 e 1,0

    mol.L-1

    de C2H5OH a 10 mV.s-1

    em atmosfera de argnio.

    0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

    0,0

    0,3

    0,6

    0,9

    1,2

    j /

    mA

    .cm

    -2

    E / V

    Pt ETEK

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    PtCe 80:20

    PtCe 90:10

    As polarizaes lineares obtidas em etanol esto representadas na Figura 13. As

    densidades de corrente dos catalisadores apresentam valores prximos, sendo o catalisador

  • 46

    com maior quantidade de crio (PtCe/C 50:50) o que apresentou maior valor, porm ainda

    inferior a densidade de corrente da platina.

    Figura 13 - Voltamogramas lineares dos catalisadores de PtCe/C em 0,5 mol.L-1

    de H2SO4 e

    1,0 mol.L-1

    de C2H5OH a 1 mV.s-1

    e suas respectivas derivadas. Representao com

    normalizao pela rea obtida por stripping de CO.

    0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6 Pt ETEK

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    PtCe 80:20

    PtCe 90:10

    j /

    mA

    .cm

    2

    E / V

    0,4 0,6 0,8 1,0

    -2

    0

    2

    Pt ETEK

    PtCe 50:50

    PtCe 70:30

    PtCe 80:20

    PtCe 90:10

    j/

    E /

    mA

    .cm

    -2 V

    -1

    E / V

    Ao lado dos voltamogramas lineares na Figura 13 esto representadas as curvas das

    derivadas pelo potencial. Dois picos positivos principais so observados: um pico em

    potenciais altos, prximos a 0,74 V para PtCe/C e em 0,79 V (pico 1) para Pt/C; e outro a

    mais baixo potencial, no intervalo de 0,66-0,68 V (pico 2). A presena desses picos sugerem

    diferentes adsorbatos ou mudanas nas taxas de reao. Como listado na literatura para outros

    metais como Sn e Ru, Ce no promove melhora da Pt na quebra da ligao C-C, mas os

    principais produtos da oxidao de etanol so acetaldedo e cido actico. conhecido que

    que a formao de acetaldedo e cido actico podem ocorrer por mecanismos diferentes15,17

    .

    Por exemplo, o etanol . pode ser adsorvido dissociativamente em stios de Pt, tanto por

    adsoro de O- ou C-, formando acetaldedo. Esses processos paralelos de adsoro de etanol/

    dessoro de acetealdedo ocorrem em diferentes potenciais. Assim que o acetaldedo

    formado, este se adsorve em stios da Pt, gerando espcies Pt-CH3-CO:

    Pt + CHO-CH3Pt-(CO-CH3)ads+ H+

    + e (11)

    Mas na presena do Ce, ocorre a formao de espcies OH- em menores potenciais

    que a Pt, devido a ativao da gua, confor