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131 ISSN 1981-402X

JURISPRUDÊNCIA - Ministério Público do Estado de … · Desembargador SAUL STEIL JUÍZES DE DIREITO ... Juiz de Direito de Segundo Grau JÚLIO CÉSAR MACHADO FERREIRA DE MELO Juiz

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  • 131ISSN 1981-402X

  • JURISPRUDNCIACATARINENSE

  • Repositrio de jurisprudncia, na verso impressa, autorizado pelos Registros n. 8/1985 do Supremo Tribunal Federal e n. 18/1991 do Superior Tribunal de Justia, e, na verso eletrnica, pelo Registro n. 79/2015 do Superior Tribunal de Justia.

    Ano XLII 2 semestre de 2015 N. 131 Florianpolis SC 2016

  • JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Publicao semestral do Tribunal de Justia de Santa Catarina, composta de trabalhos selecionados pela Comisso Permanente de Jurisprudncia, sob responsabilidade gerencial da 1 Vice-Presidncia, com circulao nacional. Os colaboradores da revista Jurisprudncia Catarinense, conforme dispositivo constitucional, gozam de liberdade de opinio e de crtica, e somente a eles pode ser atribuda qualquer responsabilidade civil ou criminal pelo raciocnio expendido em seus trabalhos. Todos os atos do Poder Judicirio de Santa Catarina publicados nesta revista so cpias do original. Os julgados do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justia publicados neste peridico so cpias extradas dos documentos disponibilizados nos respectivos stios eletrnicos.

    DiretorDes. Alexandre dIvanenko 1 Vice-Presidente

    Comisso Permanente de Jurisprudncia (Portaria n. 339/2016-GP)Des. Alexandre dIvanenko PresidenteJuiz de Direito de Segundo Grau Gerson Cherem IIJuiz de Direito Marcelo Pons Meirelles

    Jurisprudncia Catarinense/Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina. v. 1, n. 1

    (jul./set. 1973) . Florianpolis: TJSC, 1973.

    21cm.

    Semestral.

    Repositrio autorizado sob os n. 8/1985STF e 18/1991STJ, e na verso eletrnica

    sob o n. 79/2015-STJ.

    Disponvel em: https://busca.tjsc.jus.br/revistajc

    ISSN: 1981-402X.

    1. Santa Catarina. 2. Tribunal de Justia. 3. Jurisprudncia Santa Catarina.

    I. Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina. II. Ttulo.

  • SUMRIO

    7 COMPOSIO DO TRIBUNAL DE JUSTIA

    23 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

    43 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    107 TRIBUNAL DE JUSTIA DE SANTA CATARINA

    109 Primeira Vice-Presidncia

    115 Conselho da Magistratura

    122 rgo Especial

    173 Cmara Civil Especial

    197 Cmara Especial Regional de Chapec

    229 Grupo de Cmaras de Direito Civil

    242 Primeira Cmara de Direito Civil

    265 Segunda Cmara de Direito Civil

    294 Terceira Cmara de Direito Civil

    304 Quarta Cmara de Direito Civil

    331 Quinta Cmara de Direito Civil

    368 Sexta Cmara de Direito Civil

    438 Grupo de Cmaras de Direito Comercial

    456 Primeira Cmara de Direito Comercial

    478 Segunda Cmara de Direito Comercial

    533 Terceira Cmara de Direito Comercial

    550 Quarta Cmara de Direito Comercial

  • 580 Quinta Cmara de Direito Comercial

    600 Grupo de Cmaras de Direito Pblico

    635 Primeira Cmara de Direito Pblico

    671 Segunda Cmara de Direito Pblico

    707 Terceira Cmara de Direito Pblico

    734 Quarta Cmara de Direito Pblico

    806 Seo Criminal

    850 Primeira Cmara Criminal

    872 Segunda Cmara Criminal

    884 Terceira Cmara Criminal

    924 Quarta Cmara Criminal

    950 Primeiro Grau

    1045 DISCURSOS

    1081 RELAO DAS COMARCAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

    1103 NDICE NUMRICO

    1111 NDICE POR ASSUNTO

    1123 NDICE ONOMSTICO

  • COMPOSIO DOTRIBUNAL DE JUSTIA

  • NMERO 131 11JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    COMPOSIO DO TRIBUNAL DE JUSTIA

    (Fevereiro 2016)

    PresidenteDesembargador Jos Antnio TORRES MARQUES

    Primeiro Vice-PresidenteDesembargador ALEXANDRE DIVANENKO

    Segundo Vice-PresidenteDesembargador SRGIO IZIDORO HEIL

    Terceiro Vice-PresidenteDesembargador JAIME RAMOS

    Corregedor-Geral da JustiaDesembargador RICARDO Orofino da Luz FONTES

    Vice-Corregedor-Geral da JustiaDesembargador SALIM SCHEAD DOS SANTOS

  • NMERO 13112 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    DESEMBARGADORES

    Desembargador PEDRO MANOEL ABREU Desembargador CLUDIO BARRETO DUTRADesembargador NEWTON TRISOTTODesembargador LUIZ CZAR MEDEIROSDesembargador ELDIO TORRET ROCHADesembargador NELSON Juliano SCHAEFER MARTINSDesembargador SRGIO Roberto BAASCH LUZDesembargador Antnio do Rgo MONTEIRO ROCHADesembargador FERNANDO CARIONIDesembargador Jos Antnio TORRES MARQUESDesembargador RUI Francisco Barreiros FORTESDesembargador MARCUS TULIO SARTORATODesembargador CESAR Augusto Mimoso Ruiz ABREUDesembargadora SALETE SILVA SOMMARIVADesembargador RICARDO Orofino da Luz FONTESDesembargador SALIM SCHEAD DOS SANTOSDesembargadora MARIA DO ROCIO LUZ SANTA RITTADesembargador CID Jos GOULART JniorDesembargador JAIME RAMOSDesembargador ALEXANDRE DIVANENKODesembargador LDIO ROSA DE ANDRADEDesembargador MOACYR DE MORAES LIMA FILHODesembargador JORGE Henrique SCHAEFER MARTINSDesembargadora MARLI MOSIMANN VARGASDesembargador SRGIO IZIDORO HEILDesembargador Jos Carlos CARSTENS KHLERDesembargador JOO HENRIQUE BLASIDesembargador JORGE LUIZ DE BORBADesembargadora REJANE ANDERSENDesembargador JOEL Dias FIGUEIRA JNIORDesembargador CLUDIO VALDYR HELFENSTEINDesembargador RODRIGO Antnio da CUNHADesembargador JNIO de Souza MACHADODesembargadora SORAYA NUNES LINSDesembargadora SNIA MARIA SCHMITZ

  • NMERO 131 13JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Desembargador HENRY Goy PETRY JNIORDesembargador RAULINO JAC BRNINGDesembargador ROBERTO LUCAS PACHECODesembargador JAIRO FERNANDES GONALVESDesembargador JOS INCIO SCHAEFERDesembargador JOO BATISTA GES ULYSSADesembargador RONEI DANIELLIDesembargador LUIZ FERNANDO BOLLERDesembargador PAULO ROBERTO SARTORATODesembargador TLIO Jos Moura PINHEIRODesembargador CARLOS ALBERTO CIVINSKIDesembargador RONALDO MORITZ MARTINS DA SILVADesembargador RICARDO Jos ROESLERDesembargador ROBSON LUZ VARELLADesembargador RODRIGO Tolentino de Carvalho COLLAODesembargador SRGIO Antnio RIZELODesembargadora DENISE VOLPATODesembargador GETLIO CORRADesembargador SEBASTIO CSAR EVANGELISTADesembargador DOMINGOS PALUDODesembargador ERNANI GUETTEN DE ALMEIDADesembargador CARLOS ADILSON SILVADesembargador Rogrio MARIANO DO NASCIMENTODesembargador EDEMAR GRUBERDesembargador STANLEY DA SILVA BRAGADesembargador ALTAMIRO DE OLIVEIRADesembargador SAUL STEIL

    JUZES DE DIREITO DE SEGUNDO GRAUJuiz de Direito de Segundo Grau PAULO HENRIQUE MORITZ MARTINS DA SILVA Juiz de Direito de Segundo Grau NEWTON VARELLA JNIORJuiz de Direito de Segundo Grau GILBERTO GOMES DE OLIVEIRAJuiz de Direito de Segundo Grau RODOLFO Cezar Ribeiro da Silva TRIDAPALLIJuiz de Direito de Segundo Grau ODSON CARDOSO FILHOJuiz de Direito de Segundo Grau JOS EVERALDO SILVAJuiz de Direito de Segundo Grau VOLNEI CELSO TOMAZINIJuiz de Direito de Segundo Grau LEOPOLDO AUGUSTO BRGGEMANN

  • NMERO 13114 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Juiz de Direito de Segundo Grau JLIO CSAR KNOLLJuza de Direito de Segundo Grau JANICE GOULART GARCIA UBIALLIJuza de Direito de Segundo Grau CLUDIA LAMBERT DE FARIAJuiz de Direito de Segundo Grau FRANCISCO JOS RODRIGUES DE OLIVEIRA NETOJuza de Direito de Segundo Grau CINTHIA BEATRIZ DA SILVA BITTENCOURT SCHAEFERJuiz de Direito de Segundo Grau JORGE LUIS COSTA BEBERJuiz de Direito de Segundo Grau GUILHERME NUNES BORNJuiz de Direito de Segundo Grau EDUARDO MATTOS GALLO JNIORJuiz de Direito de Segundo Grau LUIZ ZANELATOJuiz de Direito de Segundo Grau DINART FRANCISCO MACHADOJuiz de Direito de Segundo Grau GERSON CHEREM IIJuza de Direito de Segundo Grau ROSANE PORTELLA WOLFFJuza de Direito de Segundo Grau DENISE DE SOUZA LUIZ FRANCOSKIJuiz de Direito de Segundo Grau ARTUR JENICHEN FILHOJuiz de Direito de Segundo Grau PAULO RICARDO BRUSCHIJuiz de Direito de Segundo Grau LUIZ CSAR SCHWEITZERJuiz de Direito de Segundo Grau RUBENS SCHULZJuiz de Direito de Segundo Grau JLIO CSAR MACHADO FERREIRA DE MELOJuiz de Direito de Segundo Grau LUIZ ANTNIO ZANINI FORNEROLLIJuiz de Direito de Segundo Grau HILDEMAR MENEGUZZI DE CARVALHOJuiz de Direito de Segundo Grau LUIZ FELIPE SIEGERT SCHUCH

    RGOS JULGADORES

    TRIBUNAL PLENODesembargador Jos Antnio TORRES MARQUES PresidenteDesembargador PEDRO MANOEL ABREU Desembargador CLUDIO BARRETO DUTRADesembargador NEWTON TRISOTTO Desembargador LUIZ CZAR MEDEIROSDesembargador ELDIO TORRET ROCHADesembargador NELSON Juliano SCHAEFER MARTINSDesembargador SRGIO Roberto BAASCH LUZDesembargador ANTONIO DO RGO MONTEIRO ROCHADesembargador FERNANDO CARIONIDesembargador RUI Francisco Barreiros FORTES

  • NMERO 131 15JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Desembargador MARCUS TULIO SARTORATODesembargador CESAR Augusto Mimoso Ruiz ABREUDesembargadora SALETE SILVA SOMMARIVADesembargador RICARDO Orofino da Luz FONTESDesembargador SALIM SCHEAD DOS SANTOSDesembargadora MARIA DO ROCIO LUZ SANTA RITTADesembargador CID Jos GOULART JniorDesembargador JAIME RAMOSDesembargador ALEXANDRE DIVANENKODesembargador LDIO ROSA DE ANDRADEDesembargador MOACYR DE MORAES LIMA FILHODesembargador JORGE Henrique SCHAEFER MARTINSDesembargadora MARLI MOSIMANN VARGASDesembargador SRGIO IZIDORO HEILDesembargador Jos Carlos CARSTENS KHLERDesembargador JOO HENRIQUE BLASIDesembargador JORGE LUIZ DE BORBADesembargadora REJANE ANDERSENDesembargador JOEL Dias FIGUEIRA JNIORDesembargador CLUDIO VALDYR HELFENSTEINDesembargador RODRIGO Antnio da CUNHADesembargador JNIO de Souza MACHADODesembargadora SORAYA NUNES LINSDesembargadora SNIA MARIA SCHMITZDesembargador HENRY Goy PETRY JUNIORDesembargador RAULINO JAC BRNINGDesembargador ROBERTO LUCAS PACHECODesembargador JAIRO FERNANDES GONALVESDesembargador JOS INACIO SCHAEFERDesembargador JOO BATISTA GES ULYSSADesembargador RONEI DANIELLIDesembargador LUIZ FERNANDO BOLLERDesembargador PAULO ROBERTO SARTORATODesembargador TULIO Jos Moura PINHEIRODesembargador CARLOS ALBERTO CIVINSKIDesembargador RONALDO MORITZ MARTINS DA SILVADesembargador RICARDO Jos ROESLER

  • NMERO 13116 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Desembargador ROBSON LUZ VARELLADesembargador RODRIGO Tolentino de Carvalho COLLAODesembargador SRGIO Antnio RIZELODesembargadora DENISE VOLPATODesembargador GETLIO CORRADesembargador SEBASTIO CSAR EVANGELISTADesembargador DOMINGOS PALUDODesembargador ERNANI GUETTEN DE ALMEIDADesembargador CARLOS ADILSON SILVADesembargador Rogrio MARIANO DO NASCIMENTODesembargador EDEMAR GRUBERDesembargador STANLEY DA SILVA BRAGADesembargador ALTAMIRO DE OLIVEIRADesembargador SAUL STEIL

    RGO ESPECIALDesembargador Jos Antnio TORRES MARQUES PresidenteDesembargador PEDRO MANOEL ABREUDesembargador CLUDIO BARRETO DUTRADesembargador NEWTON TRISOTTODesembargador LUIZ CZAR MEDEIROSDesembargador ELDIO TORRET ROCHA Desembargador NELSON Juliano SCHAEFER MARTINSDesembargador SRGIO Roberto BAASCH LUZDesembargador Antonio do Rgo MONTEIRO ROCHADesembargador FERNANDO CARIONI Desembargador RUI Francisco Barreiros FORTESDesembargador MARCUS TULIO SARTORATODesembargador CESAR Augusto Mimoso Ruiz ABREUDesembargador RICARDO Orofino da Luz FONTESDesembargador SALIM SCHEAD DOS SANTOSDesembargadora MARIA DO ROCIO LUZ SANTA RITTADesembargador CID Jos GOULART JniorDesembargador ALEXANDRE DIVANENKODesembargador LDIO ROSA DE ANDRADEDesembargador JORGE Henrique SCHAEFER MARTINSDesembargador SRGIO IZIDORO HEIL

  • NMERO 131 17JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Desembargador JNIO de Souza MACHADODesembargador RAULINO JAC BRNINGDesembargador RONEI DANIELLIDesembargador RODRIGO Tolentino de Carvalho COLLAO

    CMARA ESPECIAL REGIONAL DE CHAPEC CERC

    Desembargador JOO BATISTA GOS ULYSSA PresidenteJuiz de Direito de Segundo Grau RUBENS SCHULZ Juiz de Direito de Segundo Grau LUIZ ANTNIO ZANINI FORNEROLLI Juza de Direito de Segundo Grau HILDEMAR MENEGUZZI DE CARVALHOJuiz de Direito de Segundo Grau LUIZ FELIPE SIEGERT SCHUCH

    CMARA CIVIL ESPECIAL

    Desembargador JAIME RAMOS PresidenteJuiz de Direito de Segundo Grau RODOLFO Cezar Ribeiro da Silva TRIDAPALLIJuza de Direito de Segundo Grau CLUDIA LAMBERT DE FARIAJuiz de Direito de Segundo Grau LUIZ ZANELATOJuiz de Direito de Segundo Grau ARTUR JENICHEN FILHOJuiz de Direito de Segundo Grau EDUARDO MATTOS GALLO JNIOR (Cooperador)Juiz de Direito de Segundo Grau JLIO CSAR MACHADO FERREIRA DE MELO (Cooperador)

    GRUPO DE CMARAS DE DIREITO CIVILDesembargador ELDIO TORRET ROCHA PresidenteDesembargador NEWTON TRISOTTODesembargador LUIZ CZAR MEDEIROSDesembargador Antonio do Rgo MONTEIRO ROCHADesembargador FERNANDO CARIONIDesembargador MARCUS TULIO SARTORATODesembargadora MARIA DO ROCIO LUZ SANTA RITTADesembargador JOEL Dias FIGUEIRA JNIORDesembargador HENRY Goy PETRY JNIORDesembargador RAULINO JAC BRNING (substituindo Juiz GERSON CHEREM II)Desembargador JAIRO FERNANDES GONALVESDesembargador JOO BATISTA GES ULYSSADesembargadora DENISE VOLPATODesembargador SEBASTIO CSAR EVANGELISTA

  • NMERO 13118 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Desembargador DOMINGOS PALUDO (substituindo Juiz GILBERTO GOMES DE OLIVEIRA)Desembargador STANLEY DA SILVA BRAGA (substituindo Juiz JLIO CSAR MACHADO FERREIRA DE MELO)Desembargador SAUL STEILJuiz de Direito de Segundo Grau RUBENS SCHULZ (substituindo Desa. SNIA MARIA SCHMITZ)

    PRIMEIRA CMARA DE DIREITO CIVIL

    Desembargador SAUL STEIL Presidente e.e.Desembargador RAULINO JAC BRNING (substituindo Juiz GERSON CHEREM II)Desembargador DOMINGOS PALUDO (substituindo Juiz GILBERTO GOMES DE OLIVEIRA)Juiz de Direito de Segundo Grau GERSON CHEREM II (Cooperador)

    SEGUNDA CMARA DE DIREITO CIVIL

    Desembargador NEWTON TRISOTTO PresidenteDesembargador JOO BATISTA GES ULYSSADesembargador SEBASTIO CSAR EVANGELISTAJuiz de Direito de Segundo Grau JORGE LUS COSTA BEBER (Cooperador)

    TERCEIRA CMARA DE DIREITO CIVIL

    Desembargador FERNANDO CARIONI PresidenteDesembargador MARCUS TULIO SARTORATODesembargadora MARIA DO ROCIO LUZ SANTA RITTAJuiz de Direito de Segundo Grau GILBERTO GOMES DE OLIVEIRA (Cooperador)

    QUARTA CMARA DE DIREITO CIVIL

    Desembargador ELDIO TORRET ROCHA Presidente Desembargador JOEL Dias FIGUEIRA JUNIOR Desembargador STANLEY DA SILVA BRAGA (substituindo Juiz JLIO CSAR MACHADO FERREIRA DE MELO)Juiz de Direito de Segundo Grau JLIO CSAR MACHADO FERREIRA DE MELO (Cooperador)

    QUINTA CMARA DE DIREITO CIVIL

    Desembargador LUIZ CZAR MEDEIROS Presidente

  • NMERO 131 19JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Desembargador HENRY Goy PETRY JUNIOR Desembargador JAIRO FERNANDES GONALVESJuza de Direito de Segundo Grau ROSANE PORTELLA WOLFF (Cooperadora)

    SEXTA CMARA DE DIREITO CIVIL

    Desembargador Antonio do Rgo MONTEIRO ROCHA PresidenteDesembargadora DENISE VOLPATOJuiz de Direito de Segundo Grau RUBENS SCHULZ (substituindo Desa. SNIA MARIA SCHMITZ) (Cooperador)

    GRUPO DE CMARAS DE DIREITO COMERCIAL

    Desembargador CLUDIO BARRETO DUTRA PresidenteDesembargador LDIO ROSA DE ANDRADEDesembargador Jos Carlos CARSTENS KHLER (substituindo Juiz JOS EVERALDO SILVA)Desembargadora REJANE ANDERSENDesembargador CLUDIO VALDYR HELFENSTEIN (substituindo Juza CINTHIA BEATRIZ DA SILVA BITTENCOURT SCHAEFER)Desembargador RODRIGO Antnio da CUNHA (substituindo Juza DENISE DE SOUZA LUIZ FRANCOSKI)Desembargador JNIO de Souza MACHADODesembargadora SORAYA NUNES LINSDesembargador JOS INACIO SCHAEFERDesembargador TLIO Jos Moura PINHEIRODesembargador RONALDO MORITZ MARTINS DA SILVADesembargador ROBSON LUZ VARELLADesembargador Rogrio MARIANO DO NASCIMENTODesembargador ALTAMIRO DE OLIVEIRA (substituindo Juiz DINART FRANCISCO MACHADO)Juza de Direito de Segundo Grau JANICE GOULART GARCIA UBIALLI (substituindo Des. SALIM SCHEAD DOS SANTOS, Vice-Corregedor)

    PRIMEIRA CMARA DE DIREITO COMERCIAL

    Desembargador Rogrio MARIANO DO NASCIMENTO PresidenteDesembargador CLUDIO VALDYR HELFENSTEIN (substituindo Juza CINTHIA BEATRIZ DA SILVA BITTENCOURT SCHAEFER)

  • NMERO 13120 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Juza de Direito de Segundo Grau JANICE GOULART GARCIA UBIALLI (substituindo Des. SALIM SCHEAD DOS SANTOS, Vice-Corregedor)Juza de Direito de Segundo Grau CINTHIA BEATRIZ DA SILVA BITTENCOURT SCHAEFER (Cooperadora)

    SEGUNDA CMARA DE DIREITO COMERCIAL

    Desembargadora REJANE ANDERSEN PresidenteDesembargador ROBSON LUZ VARELLADesembargador ALTAMIRO DE OLIVEIRA (substituindo Juiz DINART FRANCISCO MACHADO)Juiz de Direito de Segundo Grau DINART FRANCISCO MACHADO (Cooperador)

    TERCEIRA CMARA DE DIREITO COMERCIAL

    Desembargador RODRIGO Antnio da CUNHA Presidente Desembargador TLIO Jos Moura PINHEIRODesembargador RONALDO MORITZ MARTINS DA SILVAJuza de Direito de Segundo Grau DENISE DE SOUZA LUIZ FRANCOSKI (Cooperadora)

    QUARTA CMARA DE DIREITO COMERCIAL

    Desembargador LDIO ROSA DE ANDRADE PresidenteDesembargador Jos Calos CARSTENS KOHLER (substituindo Juiz JOS EVERALDO SILVA)Desembargador JOS INCIO SCHAEFERJuiz de Direito de Segundo Grau JOS EVERALDO SILVA (Cooperador)

    QUINTA CMARA DE DIREITO COMERCIAL

    Desembargador CLUDIO BARRETO DUTRA PresidenteDesembargador JNIO de Souza MACHADODesembargadora SORAYA NUNES LINSJuiz de Direito de Segundo Grau GUILHERME NUNES BORN (Cooperador)

    GRUPO DE CMARAS DE DIREITO PBLICO

    Desembargador PEDRO MANOEL ABREU PresidenteDesembargador NELSON Juliano SCHAEFER MARTINSDesembargador SRGIO Roberto BAASCH LUZDesembargador CSAR Augusto Mimoso Ruiz ABREU

  • NMERO 131 21JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Desembargador CID Jos GOULART JniorDesembargador JOO HENRIQUE BLASIDesembargador JORGE LUIZ DE BORBADesembargador RONEI DANIELLIDesembargador LUIZ FERNANDO BOLLERDesembargador RICARDO Jos ROESLER (substituindo Juiz PAULO RICARDO BRUSCHI)Desembargador CARLOS ADILSON SILVA (substituindo Juiz PAULO HENRIQUE MORITZ MARTINS DA SILVA)Desembargador EDEMAR GRUBER

    PRIMEIRA CMARA DE DIREITO PBLICODesembargador JORGE LUIZ DE BORBA PresidenteDesembargador CARLOS ADILSON SILVA (substituindo Juiz PAULO HENRIQUE MORITZ MARTINS DA SILVA)Desembargador LUIZ FERNANDO BOLLERJuiz de Direito de Segundo Grau PAULO HENRIQUE MORITZ MARTINS DA SILVA (Cooperador)

    SEGUNDA CMARA DE DIREITO PBLICODesembargador JOO HENRIQUE BLASI PresidenteDesembargador SRGIO Roberto BAASCH LUZDesembargador CID Jos GOULART JniorJuiz de Direito de Segundo Grau FRANCISCO JOS RODRIGUES DE OLIVEIRA NETO (Cooperador)

    TERCEIRA CMARA DE DIREITO PBLICODesembargador PEDRO MANOEL ABREU PresidenteDesembargador CSAR Augusto Mimoso Ruiz ABREU Desembargador RONEI DANIELLIJuiz de Direito de Segundo Grau JLIO CSAR KNOLL (Cooperador)

    QUARTA CMARA DE DIREITO PBLICO

    Desembargador NELSON Juliano SCHAEFER MARTINS PresidenteDesembargador RICARDO Jos ROESLER (substituindo Juiz PAULO RICARDO BRUSCHI)Desembargador EDEMAR GRUBER

  • NMERO 13122 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Juiz de Direito de Segundo Grau PAULO RICARDO BRUSCHI (Cooperador)

    SEO CRIMINAL

    Desembargador RUI Francisco Barreiros FORTES PresidenteDesembargador MOACYR DE MORAES LIMA FILHODesembargador JORGE Henrique SCHAEFER MARTINS Desembargadora MARLI MOSIMANN VARGASDesembargador ROBERTO LUCAS PACHECODesembargador PAULO ROBERTO SARTORATODesembargador RODRIGO Tolentino de Carvalho COLLAODesembargador SRGIO Antnio RIZELODesembargador GETLIO CORRADesembargador ERNANI GUETTEN DE ALMEIDAJuiz de Direito de Segundo Grau VOLNEI CELSO TOMAZINI (substituindo Desa. SALETE SILVA SOMMARIVA)Juiz de Direito de Segundo Grau LUIZ CSAR SCHWEITZER (substituindo Des. CARLOS ALBERTO CIVINSKI)

    PRIMEIRA CMARA CRIMINAL

    Desembargadora MARLI MOSIMANN VARGAS PresidenteDesembargador PAULO ROBERTO SARTORATOJuiz de Direito de Segundo Grau LUIZ CSAR SCHWEITZER (substituindo Des. CARLOS ALBERTO CIVINSKI) (Cooperador)Juiz de Direito de Segundo Grau CSAR MACHADO FERREIRA DE MELO (Cooperador)

    SEGUNDA CMARA CRIMINAL

    Desembargador SRGIO Antnio RIZELO Presidente e.e.Desembargador GETLIO CORRAJuiz de Direito de Segundo Grau VOLNEI CELSO TOMAZINI (substituindo Desa. SALETE SILVA SOMMARIVA) (Cooperador)

    TERCEIRA CMARA CRIMINAL

    Desembargador RUI Francisco Barreiros FORTES PresidenteDesembargador MOACYR DE MORAES LIMA FILHODesembargador ERNANI GUETTEN DE ALMEIDA

  • NMERO 131 23JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Juiz de Direito de Segundo Grau LEOPOLDO AUGUSTO BRGGEMANN (Cooperador)

    QUARTA CMARA CRIMINAL

    Desembargador JORGE Henrique SCHAEFER MARTINS PresidenteDesembargador ROBERTO LUCAS PACHECO Desembargador RODRIGO Tolentino de Carvalho COLLAOJuiz de Direito de Segundo Grau NEWTON VARELLA JNIOR (Cooperador)Juza de Direito de Segundo Grau CINTHIA BEATRIZ DA SILVA BITTENCOURT SCHAEFER (Cooperadora)

    CONSELHO DA MAGISTRATURA

    Desembargador Jos Antnio TORRES MARQUES PresidenteDesembargador ALEXANDRE dIVANENKO 1 Vice-PresidenteDesembargador RICARDO Orofino da Luz FONTES Corregedor-Geral da Justia Desembargador SRGIO IZIDORO HEIL 2 Vice-PresidenteDesembargador JAIME RAMOS 3 Vice-PresidenteDesembargador SALIM SCHEAD DOS SANTOS Vice-Corregedor-Geral da JustiaDesembargador SRGIO Roberto BAASCH LUZDesembargador MARCUS TULIO SARTORATODesembargador RONALDO MORITZ MARTINS DA SILVADesembargador RICARDO Jos ROESLERDesembargador SRGIO Antnio RIZELODesembargador ERNANI GUETTEN DE ALMEIDA

    COORDENADORIA DE MAGISTRADOS

    Juiz CARLOS ROBERTO DA SILVA

    SECRETARIA-GERAL DO TRIBUNAL DE JUSTIA

    Secretrio Juiz JEFFERSON ZANINI

    JUZES-CORREGEDORES

    Juiz Corregedor CYD CARLOS DA SILVEIRA Juza Corregedora MARIA PAULA KERN Juza Corregedora SIMONE BOING GUIMARES Juiz Corregedor LUIZ HENRIQUE BONATELLIJuza Corregedora LLIAN TELLES DE S VIEIRA

  • NMERO 13124 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    JUZES AUXILIARES DA PRESIDNCIAJuiz Auxiliar LUS FELIPE CANEVERJuiz Auxiliar ALEXANDRE MORAIS DA ROSA

    JUIZ AUXILIAR DA PRIMEIRA VICE-PRESIDNCIAJuiz Auxiliar MARCELO PONS MEIRELLES

    CHEFE DE GABINETE DA PRESIDNCIAMICHELE HORTZ

    DIRETORIA-GERAL ADMINISTRATIVACLEVERSON OLIVEIRA

    DIRETORIA-GERAL JUDICIRIARICARDO ALBINO FRANA

  • SUPREMO TRIBUNALFEDERAL

  • NMERO 131 27JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Habeas Corpus 129.446, do Mato Grosso do SulRelator: Min. Teori ZavasckiPacte.(s): Marcelo Gana FalcoImpte.(s): Defensoria Pblica da UnioProc.(a/s)(es): Defensor Pblico-Geral FederalCoator(a/s)(es): Superior Tribunal de Justia

    EMENTA

    EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. LESO CORPORAL PRATICADO EM AMBIENTE DOMSTICO (ART. 129, 9, DO CP). SUBSTITUIO DA REPRIMENDA CORPORAL. IMPOSSIBILIDADE. INVIABILIDADE DE MITIGAO DO ART. 44 DO CP.1. A execuo do crime mediante o emprego de violncia circunstncia impeditiva da substituio da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, nos termos do art. 44 , I, do CP.2. Interpretao que pretenda equipar os crimes praticados com violncia domstica contra a mulher aos delitos submetidos ao regramento previsto na Lei dos Juizados Especiais, a fim de permitir a converso da pena, no encontra amparo no art. 41 da Lei 11.340/2006.3. Ordem denegada.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidncia do Senhor Ministro CELSO DE MELLO, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigrficas, por unanimidade, em indeferir o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Dias Toffoli.

    Braslia, 20 de outubro de 2015.

    Ministro Teori ZavasckiRelator

  • NMERO 13128 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STFHABEAS CORPUS

    RELATRIO

    O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR):

    Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado contra acrdo da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justia proferido no REsp 1.529.606/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura. Consta dos autos, em sntese, que (a) o paciente foi condenado pena de 3 meses de deteno, em regime aberto, pelo crime de leso corporal praticado em ambiente domstico (art. 129, 9, do CP), com a concesso de sursis pelo prazo de 2 anos; (b) inconformado, apelou para o Tribunal de Justia do Estado de Mato Grosso do Sul, que, por maioria, negou provimento ao recurso; (c) buscando a possibilidade de substituio da pena privativa de liberdade por sano restritiva de direitos, interps, com base no voto vencido, embargos infringentes, que foram acolhidos pelo Tribunal de origem; (d) contra essa deciso, o Ministrio Pblico estadual interps recurso especial, que foi provido pela Ministra Relatora do STJ para afastar a substituio da reprimenda corporal; (e) a defesa interps, ento, agravo regimental, improvido, em acrdo assim ementado:

    (...)

    1. A jurisprudncia deste Superior Tribunal de Justia tem se firmado no sentido de que a prtica de delito ou contraveno cometido com violncia ou grave ameaa no ambiente domstico impossibilita a substituio da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Precedentes.

    2. Agravo regimental a que se nega provimento.

    Neste habeas corpus, a impetrante sustenta, em suma, que, em crimes de menor potencial ofensivo, tal como no caso, possvel a substituio da sano privativa de liberdade por restritiva de direitos, desde que a pena alternativa no se resuma ao pagamento de cestas bsicas, de prestao pecuniria ou de multa, isoladamente, como expressamente probe o art. 17 da Lei 11.340/2006. Requer, liminarmente, a suspenso dos efeitos da deciso impugnada, com o restabelecimento do acrdo de

  • NMERO 131 29JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STF HABEAS CORPUS

    segundo grau concessivo da substituio. No mrito, pede a confirmao da liminar pleiteada.

    O pedido de liminar foi indeferido.

    Em parecer, a Procuradoria-Geral da Repblica manifestou-se pela denegao da ordem.

    o relatrio.

    VOTO

    O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR):

    1. A substituio da pena privativa de liberdade imposta por sanes restritivas de direitos encontra-se condicionada ao preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos elencados no art. 44 do Cdigo Penal, cuja redao, no que importa, a seguinte:

    Art. 44. As penas restritivas de direitos so autnomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redao dada pela Lei n 9.714, de 1998)

    I aplicada pena privativa de liberdade no superior a quatro anos e o crime no for cometido com violncia ou grave ameaa pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;(Redao dada pela Lei n 9.714, de 1998)

    Portanto, a execuo do crime mediante o emprego de violncia circunstncia impeditiva do benefcio. verdade que, com advento da Lei 9.099/1995, acentuada parcela da doutrina passou a sustentar que a vedao abstrata prevista no art. 44, ao menos em relao aos crimes de menor potencial ofensivo, implicaria violao ao princpio da proporcionalidade. Em linhas gerais, defende-se que no haveria razo para impedir a converso da reprimenda a autores de delitos (p. ex., leso corporal leve, art. 129, caput, CP) que poderiam, em tese, ser agraciados com a transao penal ou suspenso condicional do processo.

  • NMERO 13130 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STFHABEAS CORPUS

    2. Todavia, essa linha argumentativa no tem espao em relao ao crime de leso corporal praticado em ambiente familiar. Primeiro, porque a pena mxima prevista para esse delito de trs anos, o que impede a transao penal (delito que no se encaixa na definio de menor potencial ofensivo, art. 61, Lei 9.099/1995). Segundo, e principalmente, por fora do comando proibitivo previsto no art. 41 da Lei Maria da Penha:

    Art. 41. Aos crimes praticados com violncia domstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, no se aplica a Lei n 9.099, de 26 de setembro de 1995.

    dizer, o principal fundamento aplicao da Lei 9.099/95 daqueles que militam pelo abrandamento do art. 44 do Cdigo Penal deixa de existir quando o cenrio de crime de leso corporal no seio familiar. Registre-se, a propsito, que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto da ADC 19 e da ADI 4.424, decidiu que o art. 41 da Lei 11.340/2006 no contraria, sob nenhum aspecto, a Constituio da Repblica.

    Nesse contexto, perde sustento a alegao de que o art. 17 da Lei 11.340/06 autorizaria a substituio da pena corporal por sanes restritivas de direitos quando o crime cometido com violncia. Ora, no parece crvel imaginar que a Lei Maria da Penha, que veio justamente tutelar com maior rigor a integridade fsica das mulheres, teria autorizado a substituio da pena corporal, mitigando a regra geral do art. 44, I, do Cdigo Penal, que a probe.

    3. No caso, o paciente foi condenado por leso corporal praticado contra mulher em ambiente domstico e familiar. Eis o que consta da sentena:

    a verso da ofendida est alicerada na laudo de exame de corpo de delito de fls. 10/11, que relata equimoses e escoriaes e conclui que a examinada apresenta vestgios de leso corporal leva cujas caractersticas so compatveis de terem sido produzidas conforme poca relatada no histrico, por ao contundente, que demonstra as leses sofridas, prova bastante para comprovar a autoria delitiva.

  • NMERO 131 31JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STF HABEAS CORPUS

    Nessas circunstncias, revela-se irrepreensvel a negativa de converso da pena, sentena, alis, que est em consonncia com o seguinte precedente desta Segunda Turma:

    Habeas corpus. 2. Leso corporal leve praticada no mbito domstico ou familiar. Lei 11.340/2006. Condenao. Deteno. Pena inferior a 4 anos. Crime cometido com violncia pessoa. 3. Substituio da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos. Impossibilidade. Art. 44, I, do CP. 4. Constrangimento ilegal no caracterizado. 5. Ordem denegada (HC 114703, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, DJe de 2/5/2013).

    4. Ante o exposto, denego a ordem de habeas corpus.

    o voto.

  • NMERO 13132 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Extradio 1.394 Distrito FederalRelator: Min. Teori ZavasckiReqte.(s): Governoda ArgentinaExtdo.(a/s): Horacio MagnelliProc.(a/s)(ES): Defensor Pblico-Geral Federal

    EMENTA

    EXTRADIO. CLUSULA DO ACORDO EXTRADICIONAL FIRMADO ENTRE OS ESTADOS PARTES DO MERCOSUL, A REPBLICA DA BOLVIA E A REPBLICA DO CHILE QUE IMPEDE A ENTREGA DO SDITO ESTRANGEIRO PARA EXECUO DE SENTENA QUANDO A PENA AINDA POR CUMPRIR FOR INFERIOR A SEIS MESES. INDEFERIMENTO.

    1. O acordo de extradio firmado entre os Estados Partes do Mercosul (Repblica Argentina, Repblica Federativa do Brasil, Repblica do Paraguai e Repblica do Uruguai), a Repblica da Bolvia e a Repblica do Chile promulgado pelo Decreto 5.867/2006, contempla clusula (artigo 2, item 2) que impede a entrega do sdito estrangeiro para execuo de sentena quando a pena ainda por cumprir no Estado requerente seja inferior a seis meses.

    2. Na verificao de pena remanescente a ser executada pelo Estado requerente imprescindvel que seja computado o lapso temporal em que o estrangeiro permaneceu preso no aguardo do julgamento do pedido extradicional (art. 91, II, Lei 6.815/1990). Precedentes.

    3. A hiptese dos autos revela que a pena remanescente resulta inferior a seis meses.

    4. Extradio indeferida.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a Presidncia do Senhor Ministro CELSO DE MELLO, na conformidade da ata de

  • NMERO 131 33JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STF EXTRADIO

    julgamentos e das notas taquigrficas, por unanimidade, em indeferir o pedido de extradio, revogar a priso cautelar anteriormente decretada, ordenar a imediata expedio de alvar de soltura em favor do extraditando, se por al no estiver preso, e determinar a comunicao do cumprimento do alvar de soltura a esta Corte, Misso Diplomtica do Estado requerente e ao Senhor Ministro da Justia, nos termos do voto do Relator. Falou, pelo extraditando, o Dr. Gustavo Zorta da Silva, Defensor Pblico Federal. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro DiasToffoli.

    Braslia, 20 de outubro de 2015.

    Ministro Teori ZavasckiRelator

    RELATRIO

    O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR):

    1. Trata-se de pedido de extradio de Horacio Magnelli, nacional argentino, apresentado ao Ministrio das Relaes Exteriores (Nota Verbal 313/2015) pelo Governo da Repblica Argentina, encaminhado ao Ministrio da Justia por meio de ofcio 111/2015, com base no art. IV do Tratado de Extradio firmado entre Brasil e Argentina em 15.11.1961 e promulgado pelo Decreto 62.979/1968, por fora de decreto condenatrio proferido no dia 22.5.2009 pelo Tribunal em lo Criminal 5, sito na cidade de Quilmes, Provncia de Buenos Aires (sic), que condenou o nominado na pena de seis anos de recluso em razo de resultar penalmente responsvel do crime de abuso (violncia) sexual gravado pela conjuno carnal (artigos 45 e 119, pargrafo 3, do Cdigo Penal Argentino), fato cometido na cidade de Ranelagh, Comarca de Berazategui, no dia 16 de agosto de 2006 em prejuzo de Yesica Elizabeth Marta Staffolani (fl. 59v.).

  • NMERO 13134 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STFEXTRADIO

    Documentao apresentada pelo Estado requerente indica que o aludido tribunal considerou que no dia 16 de agosto de 2006, na madrugada, no interior do domiclio da rua 369 V, 1472, da cidade de Ranelagh, comarca de Berazategui, uma pessoa de sexo masculino, quando Yesica Elizabeth Marta Staffolani estava dormindo, se jogou sobre ela, tirando suas calas, tapando sua boca, exigindo-lhe manter relaes sexuais com ele. Que apesar da resistncia oposta pela vtima, o homem conseguiu tirar o resto das roupas de Staffolani para depois ter conjuno carnal (fl. 52).

    O pedido foi regularmente encaminhado pelo Ministro de Estado da Justia, por meio do Aviso 510/2015-MJ, de 24 de abril de 2015 (fl. 2), instrudo com cpia de documentos recebidos por via diplomtica (fls. 5/78).

    2. Por meio da Nota Verbal 1432/2014, o Governo da Repblica Argentina apresentou pedido de priso preventiva para fins extradicionais do nacional argentino Horacio Magnelli (fl. 4 da PPE 739). A cautelar foi decretada em 29.12.2014 (fls. 7/9) e efetivada em 23.1.2015, na capital do Estado de Santa Catarina (fl. 27).

    3. Deleguei ao Juiz de Direito Mrcio Schiefler Fontes, magistrado instrutor convocado para atuar neste Gabinete, a conduo do interrogatrio do extraditando, nos termos dos arts. 3, III, da Lei 8.038/1990, 85 da Lei 6.815/1980 e arts. 21-A, 209 e 210, do RISTF. O ato teve lugar em 15.5.2015 na 6 Vara Federal da Seo Judiciria de Santa Catarina (fls. 103, 134/137), na forma do art. 85 da Lei 6.815/1980.

    4. A defesa formulou requerimento de revogao da priso cautelar em razo do excesso injustificado de prazo na formalizao do pedido extradicional, por fora do artigo VI, 2, do Tratado de Extradio entre o Brasil e a Argentina (fls. 46/51 e 105/113), o que foi indeferido (fls. 131/133).

    5. A defensoria pblica da Unio, por intermdio do ncleo de Santa Catarina, apresentou defesa escrita perante o juzo ordenado (fl.

  • NMERO 131 35JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STF EXTRADIO

    103), alegando que: (a) o ru foi condenado em 22.5.2009 pena de 6 (seis) anos de recluso para cumprimento em regime domiciliar; (b) permaneceu preso por 4 (quatro) anos e 9 (nove) meses; (c) teve a priso domiciliar revogada em 20.5.2011, em razo de sua fuga; (d) deixou de cumprir 1 (ano) e 3 (trs) meses da pena; (e) o crime est prescrito desde 20.5.2015 j que a prescrio deve ser regulada pelo tempo que resta de pena (art. 113); (f) deve ser computado o perodo em que o estrangeiro esteve preso no territrio brasileiro no aguardo do julgamento do pedido extradicional; (g) a pena remanescente inferior ao mnimo exigido pelo art. 77, IV, da Lei 6.815/1980 para concesso do pleito; (h) ausncia de documentao que evidencie o quantum exato de pena resta a ser cumprida; (i) excesso de prazo na formalizao do pedido extradicional; (j) o Estado requerente deixou de fornecer elementos que atestem as condies mnimas exigidas para o regular cumprimento da pena. Por fim, requereu o indeferimento do pedido, com a expedio do competente alvar de soltura.

    6. O Ministrio Pblico, por equvoco, assinalou que a defensoria pblica da Unio deixou de apresentar defesa tcnica do extraditando, sem atentar para o fato de que a defesa fora apresentada em meio eletrnico (fls. 103). Por outro lado, manifestou-se pelo deferimento do pedido extradicional (fls. 144/148).

    7. Intimada, a defensoria pblica da Unio, por meio da assessoria de atuao no Supremo Tribunal Federal, reiterou o pleito pelo indeferimento da extradio veiculado na defesa tcnica (fls. 151/154).

    o relatrio.

    VOTO

    O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR):

    1. O pedido de extradio formulado pelo governo da Repblica Argentina se justifica no decreto condenatrio proferido no dia 22.5.2009 pelo Tribunal en lo Criminal 5, sito na cidade de Quilmes, Provncia de

  • NMERO 13136 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STFEXTRADIO

    Buenos Aires (sic), que condenou o nominado na pena de seis anos de recluso em razo de resultar penalmente responsvel do crime de abuso (violncia) sexual gravado pela conjuno carnal (artigos 45 e 119, pargrafo 3, do Cdigo Penal Argentino), fato cometido na cidade de Ranelagh, Comarca de Berazategui, no dia 16 de agosto de 2006 em prejuzo de Yesica Elizabeth Marta Staffolani (fl. 59v.)

    2. O pedido atende aos requisitos formais exigidos na legislao de regncia, que alm da Lei 6.815/1980 engloba o acordo de extradio firmado entre os Estados Partes do Mercosul, promulgado pelo Decreto 5.867 de 2.8.2006, pois instrudo com cpia autntica da sentena condenatria proferida por autoridade competente (fls. 9/19) e dos demais documentos exigidos pelo art. 80 da Lei 6.815/1980, com a redao conferida pela Lei 12.878/2013 (fls. 5/49).

    3. No caso, informaes prestadas pelo Estado requerente (fl. 155) defensoria pblica da Unio do conta de que i) o extraditando foi preso pelo processo que originou o pedido de extradio em 16 de agosto de 2006, tendo sido concedida a deteno domiciliar em 27 de novembro de 2006; ii) em 22 de maio de 2009, sobreveio sentena condenatria, pena de 6 anos, tendo sido mantidas as condies impostas no momento da concesso da priso domiciliar; iii) em 20 de maio de 2011, revogou-se a priso domiciliar, em virtude de denncia formulada pela concubina do extraditando; iv) em 30 de maio de 2011, foi o extraditando declarado em rebeldia, ordenando-se sua captura, pelo fato de o policial no o ter encontrado.

    Tais informaes, alis, encontram eco no interrogatrio, quando o extraditando informou que j teria cumprido 4 (quatro) anos e 9 (nove) meses da pena em priso domiciliar (fl. 103).

    4. O citado acordo de extradio firmado entre os Estados Partes do Mercosul (Repblica Argentina, Repblica Federativa do Brasil, Repblica do Paraguai e Repblica do Uruguai), a Repblica da Bolvia e a Repblica do Chile, promulgado pelo Decreto 5.867/2006, contempla

  • NMERO 131 37JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STF EXTRADIO

    clusula (artigo 2, item 2) que impede a entrega do sdito estrangeiro para execuo de sentena quando a pena ainda por cumprir no Estado requerente seja inferior a seis meses: Se a extradio for requerida para a execuo de uma sentena exige-se, ademais, que a parte da pena ainda por cumprir no seja inferior a seis meses.

    5. Em caso anlogo, esta Corte j se manifestou pela incidncia de clusula prevista em tratado extradicional que veda a extradio, quando a durao do restante da pena a ser cumprida for inferior a nove meses, aplicada a detrao penal em razo do tempo em que [o extraditando] esteve preso aguardando o desfecho do processo de extradio (Ext 938, Rel. Min. CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, DJ de 1/7/2005).

    6. Na verificao da pena remanescente a ser executada pelo Estado requerente, certo que devem ser computados os perodos referentes priso preventiva - no curso de inqurito, da ao penal e da extradio (Ext 731, Rel. Min. MARCO AURLIO, Tribunal Pleno, DJ de 23-4-1999).

    A garantia da detrao penal prevista tanto no art. 91, II, Lei 6.815/1980, quanto no art. 17 do Acordo firmado entre os Estados Partes do Mercosul, objetiva impedir que a priso cautelar, no Brasil, quando decretada para fins extradicionais, culmine por prorrogar, indevidamente, o lapso temporal da pena de priso a que estar eventualmente sujeito, no Estado requerente, o sdito estrangeiro cuja entrega foi reclamada ao Governo brasileiro (Ext 1171, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, DJe de 24/6/2010).

    7. possvel constatar, portanto, que o extraditando efetivamente permaneceu preso de 16.8.2006 at 30.5.2011, tendo cumprido 4 (quatro) anos, 9 (nove) meses e 14 (quatorze) dias da pena imposta.

    J no Brasil, o estrangeiro foi preso em 23.1.2015, por fora de decreto de priso preventiva para fins de extradio exarado em 29.12.2014, permanecendo custodiado at a presente data.

  • NMERO 13138 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STFEXTRADIO

    Considerando que o perodo em que o extraditando ficou detido no territrio brasileiro deve ser detrado da pena a ser cumprida (arts. 91, II, Lei 6.815/1980 e 17 do Acordo firmado entre os Estados Partes do Mercosul), tem-se que a pena remanescente (porque j houve trnsito em julgado para a acusao fl. 155) resulta, a partir de 9.10.2015, inferior a seis meses, pelo que incide a clusula restritiva disposta no artigo 2, item 2, do j aludido acordo de extradio.

    8. Ante o exposto, indefiro o pleito extradicional, determinando a revogao da priso cautelar de Horacio Magnelli, com imediata expedio do alvar de soltura, independentemente de publicao do acrdo, cujo cumprimento dever ser comunicado a esta Corte, ao Ministrio da Justia e representao diplomtica do Estado requerente.

    o voto.

  • NMERO 131 39JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Ag. Reg. Na Petio 5.856 Distrito FederalRelator: Min. Celso de MelloAgte.(S): Anderson Adriano Reis e SilvaAdv.(A/S): Anderson Adriano Reis e SilvaAgdo.(A/S): Dilma RousseffProc.(A/S)(Es): Advogado-Geral da Unio

    EMENTA

    AO POPULAR AJUIZAMENTO CONTRA A PRESIDENTE DA REPBLICA PRETENDIDA DECRETAO DA PERDA DO MANDATO PRESIDENCIAL E DA PRIVAO DOS DIREITOS POLTICOS FALTA DE COMPETNCIA ORIGINRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL REGIME DE DIREITO ESTRITO A QUE SE SUBMETE A DEFINIO CONSTITUCIONAL DA COMPETNCIA DA CORTE SUPREMA DOUTRINA PRECEDENTES AO POPULAR NO CONHECIDA RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.

    A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal quer sob a gide da vigente Constituio republicana, quer sob o domnio da Carta Poltica anterior firmou-se no sentido de reconhecer que no se incluem na esfera de competncia originria da Corte Suprema o processo e o julgamento de aes populares constitucionais, ainda que ajuizadas contra atos e/ou omisses do Presidente da Repblica. Doutrina. Precedentes.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sesso Plenria, sob a Presidncia do Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigrficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de agravo, nos termos do voto do Relator. Ausentes, neste julgamento, os Ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

  • NMERO 13140 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STFAG. REG. NA PETIO

    Braslia, 25 de novembro de 2015.

    Ministro Celso De Mello

    Relator

    RELATRIO

    O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO (Relator): Trata-se de agravo regimental, tempestivamente interposto, contra deciso que no conheceu da ao popular que a parte ora recorrente ajuizou contra a Senhora Presidente da Repblica.

    Inconformada com esse ato decisrio, a parte ora agravante interpe este recurso, insistindo no processamento de referida ao.

    Por no me convencer das razes apresentadas pela parte recorrente, submeto apreciao do Egrgio Plenrio do Supremo Tribunal Federal o presente recurso de agravo.

    o relatrio.

    VOTO

    O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO (Relator): Entendo no assistir razo parte recorrente, eis que a deciso agravada ajusta-se, com integral fidelidade, diretriz jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou na matria ora em exame.

    Com efeito, tal como tive o ensejo de assinalar ao proferir a deciso recorrida, reconheo no competir a esta Suprema Corte atribuio para apreciar, em sede originria, a ao popular proposta pelo demandante, ora agravante.

    A jurisprudncia constitucional do Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido ora mencionado, destacando, em inmeros precedentes, a absoluta falta de competncia originria desta Corte para

  • NMERO 131 41JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STF AG. REG. NA PETIO

    o processo e julgamento de aes populares, ainda que ajuizadas contra o Presidente da Repblica e/ou outras autoridades que disponham de prerrogativa de foro ratione muneris perante o Supremo Tribunal Federal (AO 772-QO/SP, Rel. Min. MOREIRA ALVES Pet 129/PR, Rel. Min. MOREIRA ALVES Pet 296/MG, Rel. Min. CLIO BORJA Pet 713/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO Pet 1.546-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO Pet 2.018-AgR/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO Pet 3.152-AgR/PA, Rel. Min. SEPLVEDA PERTENCE Pet 3.422--AgR/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO Pet 5.239/DF, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, v.g.):

    Competncia. Ao Popular contra o Presidente da Repblica. A competncia para processar e julgar ao popular contra ato de qualquer autoridade, inclusive daquelas que, em mandado de segurana, esto sob a jurisdio desta Corte originariamente, do Juzo competente de primeiro grau de jurisdio. Agravo regimental a que se nega provimento. (RTJ 121/17, Rel. Min. MOREIRA ALVES grifei)

    AO ORIGINRIA. QUESTO DE ORDEM. AO POPULAR. COMPETNCIA ORIGINRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NO-OCORRNCIA. PRECEDENTES.

    1. A competncia para julgar ao popular contra ato 3de qualquer autoridade, at mesmo do Presidente da Repblica, , via de regra, do juzo competente de primeiro grau. Precedentes. (). (AO 859-QO/AP, Red. p/ o acrdo Min. MAURCIO CORRA grifei)

    AO POPULAR. AUSNCIA DE COMPETNCIA

    ORIGINRIA DO STF.

    A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal quer sob a gide da vigente Constituio republicana, quer sob o domnio da Carta Poltica anterior firmou-se no sentido de reconhecer que no se incluem na esfera de competncia originria da Corte Suprema o processo e o julgamento de aes populares constitucionais, ainda que ajuizadas contra atos do Presidente da Repblica, das Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal ou de quaisquer outras autoridades cujas resolues estejam sujeitas, em sede de mandado de segurana, jurisdio imediata do STF. Precedentes. (Pet 1.641/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

  • NMERO 13142 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STFAG. REG. NA PETIO

    oportuno destacar, neste ponto, que a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, defrontando-se com pretenso jurdica semelhante ora em exame, coincidentemente deduzida pelo mesmo-autor popular que promove a presente demanda, proferiu deciso consubstanciada em acrdo assim ementado:

    AO POPULAR AJUIZAMENTO CONTRA JUZES DO TRABALHO AUSNCIA DE COMPETNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL AO POPULAR DE QUE NO SE CONHECE PARECER DA PROCURADORIA-GERAL DA REPBLICA PELO NO PROVIMENTO DO RECURSO RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. O PROCESSO E O JULGAMENTO DE AES POPULARES CONSTITUCIONAIS (CF, ART. 5, LXXIII) NO SE INCLUEM NA ESFERA DE COMPETNCIA ORIGINRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

    O Supremo Tribunal Federal por ausncia de previso constitucional no dispe de competncia originria para processar e julgar ao popular promovida contra qualquer outro rgo ou autoridade da Repblica, mesmo que o ato cuja invalidao se pleiteie tenha emanado do Presidente da Repblica, das Mesas da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal ou, ainda, de qualquer dos Tribunais Superiores da Unio. Jurisprudncia. Doutrina. (). (Pet 5.191-AgR/RO, Rel. Min. CELSO DE MELLO)

    No constitui demasia assinalar que a competncia originria do Supremo Tribunal Federal, por qualificar-se como um complexo de atribuies jurisdicionais de extrao essencialmente constitucional e ante o regime de direito estrito a que se acha submetida , no comporta a possibilidade de ser estendida a situaes que extravasem os rgidos limites fixados, em numerus clausus, pelo rol exaustivo inscrito no art. 102, I, da Carta Poltica, consoante adverte a doutrina (MANOEL GONALVES FERREIRA FILHO, Comentrios Constituio Brasileira de 1988, vol. 2/217, 1992, Saraiva) e proclama a jurisprudncia desta prpria Corte (RTJ 43/129 RTJ 44/563 RTJ 50/72 RTJ 53/776 RTJ 159/28, v.g.).

  • NMERO 131 43JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STF AG. REG. NA PETIO

    Esse regime de direito estrito a que se submete a definio da competncia institucional do Supremo Tribunal Federal tem levado esta Corte Suprema, por efeito da taxatividade do rol constante da Carta Poltica, a afastar do mbito de suas atribuies jurisdicionais originrias o processo e o julgamento de causas de natureza civil que no se acham inscritas no texto constitucional tais como aes populares (RTJ 141/344, Rel. Min. CELSO DE MELLO Pet 352/DF, Rel. Min. SYDNEY SANCHES Pet 431/SP, Rel. Min. NRI DA SILVEIRA Pet 487/DF, Rel. Min. MARCO AURLIO), aes civis pblicas (RTJ 159/28 , Rel. Min. ILMAR GALVO Pet 3.087-AgR/DF , Rel. Min. AYRES BRITTO) ou aes cautelares , aes ordinrias, aes declaratrias e medidas cautelares (RTJ 94/471, Rel. Min. DJACI FALCO Pet 240/DF, Rel. Min. NRI DA SILVEIRA Pet 1.738-AgR/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO Pet 4.089-AgR/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).

    Essa orientao jurisprudencial, por sua vez, tem o beneplcito de autorizados doutrinadores (ALEXANDRE DE MORAES, Direito Constitucional, p. 180, item n. 7.8, 6 ed., 1999, Atlas; RODOLFO DE CAMARGO MANCUSO, Ao Popular, p. 129/130, 1994, RT; HELY LOPES MEIRELLES, ARNOLDO WALD e GILMAR FERREIRA MENDES, Mandado de Segurana e Aes Constitucionais, p. 192/193, item n. 6, 35 ed., 2013, Malheiros; HUGO NIGRO MAZZILLI, O Inqurito Civil, p. 83/84, 1999, Saraiva; MARCELO FIGUEIREDO, Probidade Administrativa, p. 91, 3 ed., 1998, Malheiros, v.g.), cujo magistrio tambm assinala no se incluir na esfera de competncia originria do Supremo Tribunal Federal o poder de processar e julgar causas de natureza civil no referidas no texto da Constituio, ainda que promovidas contra agentes pblicos a quem se outorgou, ratione muneris, prerrogativa de foro em sede de persecuo penal ou ajuizadas contra rgos estatais ou autoridades pblicas que, em sede de mandado de segurana, esto sujeitos jurisdio imediata do Supremo Tribunal Federal.

  • NMERO 13144 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STFAG. REG. NA PETIO

    A ratio subjacente a esse entendimento, que acentua o carter absolutamente estrito da competncia constitucional do Supremo Tribunal Federal, vincula-se necessidade de inibir indevidas ampliaes descaracterizadoras da esfera de atribuies institucionais desta Suprema Corte, conforme ressaltou, a propsito do tema em questo, em voto vencedor, o saudoso Ministro ADALCIO NOGUEIRA (RTJ 39/56-59, 57).

    Manifesta, pois, a falta de competncia originria do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar a ao popular ajuizada pelo ora recorrente, considerado o que dispe, em norma de direito estrito , o art. 102, I, da Constituio.

    Sendo assim, e em face das razes expostas, nego provimento ao presente recurso de agravo, mantendo, em consequncia, por seus prprios fundamentos, a deciso ora agravada.

    o meu voto.

  • SUPERIOR TRIBUNALDE JUSTIA

  • NMERO 131 47JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Sentena Estrangeira Contestada n 11.962 - ex (2014/0121085-1)Relator: Min. Felix FischerRequerente: P R CAdvogado: Tiago Campos Rosa e outro(s)Requerido: F P CAdvogados: Haroldo Guilherme Vieira Fazano Gabriel Mingrone Azevedo Silva

    EMENTA

    SENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA. ANULAO DE CASAMENTO RELIGIOSO. INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 12 DO DECRETO LEGISLATIVO N. 698/2009 E ART. 12 DO DECRETO 7.107/2010. ARGUIO DE INCONSTITUCIONALIDADE REJEITADA. IMPOSSIBILIDADE JURDICA DO PEDIDO. PRELIMINAR NO ACOLHIDA. REQUISITOS DA HOMOLOGAO PRESENTES. PEDIDO DEFERIDO.

    I - O art. 12 do Decreto Legislativo n. 698/2009, bem como o art. 12 do Decreto Federal n. 7.107/2010 (ambos com a mesma redao) dispem que a homologao de sentenas eclesisticas em matria matrimonial ser realizada nos termos da legislao brasileira atinente a matria, de modo que, confirmadas pelo rgo superior de controle da Santa S so consideradas sentenas estrangeiras e devero ser homologadas de acordo com a legislao brasileira vigente. Arguio de inconstitucionalidade que se rejeita.

    II - Nos termos do art. 216-A, 1, do RISTJ, sero homologados os provimentos no judiciais que, pela lei brasileira, tiverem natureza de sentena. Preliminar de impossibilidade jurdica do pedido no acolhida.

    III - Com o advento da Emenda Constitucional n. 45/2004, o processamento e o julgamento dos pedidos de homologao de sentena estrangeira passaram a integrar o rol das competncias deste Superior Tribunal de Justia (art. 105, I, i, da Constituio Federal).

    IV - Ao promover a homologao de sentena estrangeira, compete a esta Corte verificar se a pretenso preenche os requisitos agora preconizados

  • NMERO 13148 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJSENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    no seu Regimento Interno (Emenda Regimental n. 18, de 17/12/2014), mais especificamente aos comandos dos artigos 216-C, 216-D e 216-F, o que se verifica, in casu, devidamente atendidos.

    V - Como bem elucidado pelo d. Subprocurador-Geral da Repblica, a assinatura do Acordo entre o Brasil e a Santa S relativo ao Estatuto Jurdico da Igreja Catlica no Brasil tem suporte no art. 19, 1, da Constituio, que autoriza a colaborao entre o Estado e confisses religiosas em prol do interesse pblico [...] vale salientar quanto ao procedimento, que o Cdigo de Direito Cannico assegura plenamente o direito de defesa e os princpios da igualdade e do contraditrio.

    Arguio de inconstitucionalidade rejeitada.

    Homologao deferida.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justia, por unanimidade, rejeitar a arguio de inconstitucionalidade e deferir o pedido de homologao de sentena estrangeira, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

    Os Srs. Ministros Joo Otvio de Noronha, Humberto Martins, Maria Thereza de Assis Moura, Herman Benjamin, Napoleo Nunes Maia Filho, Jorge Mussi, Og Fernandes, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonalves e Raul Arajo votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Ausentes, justificadamente, as Sras. Ministras Nancy Andrighi e Laurita Vaz e o Sr. Ministro Luis Felipe Salomo.

    Braslia (DF), 04 de novembro de 2015 (Data do Julgamento).

    Ministro Francisco FalcoPresidente

    Ministro Felix FischerRelator

  • NMERO 131 49JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ SENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Trata-se de pedido de homologao de sentena eclesistica de anulao do matrimnio do requerente, P. R. C., com a requerida, F. P. C., ambos brasileiros, qualificados nos autos, proferida pelo eg. Tribunal Interdiocesano de Sorocaba/SP (fls. 178-193), confirmada por decreto do eg. Tribunal Eclesistico de Apelao de So Paulo (fls. 197-198) e, posteriormente, pelo eg. Supremo Tribunal da Assinatura Apostlica, no Vaticano (fls. 210-212).

    Citada por carta de ordem, a requerida, s fls. 236-247 e 292-295, apresentou contestao suscitando, inicialmente, a inconstitucionalidade do art. 12 do Decreto Legislativo n. 698/2009 (que aprovou o texto do acordo firmado entre o Brasil e a Santa S, relativo ao Estatuto Jurdico da Igreja Catlica no Brasil) e do art. 12 do Decreto Federal n. 7.107/2010 (que por sua vez homologou o referido acordo), ao argumento de que estes - de idntica redao - no poderiam equiparar uma deciso eclesistica, de natureza administrativa, a uma deciso jurisdicional.

    Alega, como preliminar, a impossibilidade jurdica do pedido, por entender que no cabe ao Poder Judicirio brasileiro homologar deciso eclesistica seja do Brasil ou do vaticano, por no se tratar de ato jurisdicional (fl. 237).

    Aduz, ademais, a ausncia, no processo de origem, da interveno de rgo do Ministrio Pblico, o que inviabilizaria todo o procedimento, nos termos do art. 82 do Cdigo de Processo Civil ptrio.

    Ressalta, ainda, que o Estado brasileiro laico, no tendo relao jurdica com a Igreja catlica, sendo o pedido, por isso, atentatrio soberania nacional.

    A d. Procuradoria-Geral da Repblica, em parecer de fls. 282-287, manifestou-se pela improcedncia da alegada inconstitucionalidade do

  • NMERO 13150 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJSENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    Decreto 7.107/2010 (fl. 284) e, consequentemente, pelo deferimento do pedido de homologao.

    A requerida, na petio de fls. 282-287, reiterou as razes apresentadas em sede de contestao e registrou a existncia, perante a justia brasileira, de ao de converso de separao judicial em divrcio. Pleiteou nova vista dos autos ao MPF, para analisar as ponderaes expostas nesta petio a respeito da putatividade do casamento em relao a ela (fl. 295), pois contraiu matrimnio de boa-f e esta questo no teria sido discutida no feito cuja sentena pretende-se homologar.

    O Ministrio Pblico Federal, fl. 311, reiterou o parecer anterior, em sentido favorvel homologao.

    Rplica s fls. 317-318.

    o relatrio.

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Pretende o requerente a homologao de sentena eclesistica de anulao do seu matrimnio com a ora requerida.

    Por outro lado, aduz a requerida, na contestao, a inconstitucionalidade do art. 12 do Decreto Legislativo n. 698/2009 e do art. 12 do Decreto Federal n. 7.107/2010, de modo que submeto o presente incidente col. Corte Especial, para deliberao.

    Os dispositivos ora questionados possuem a mesma redao, que ora transcrevo, verbis:

    O casamento celebrado em conformidade com as leis cannicas, que atender tambm s exigncias estabelecidas pelo direito brasileiro para contrair o casamento, produz os efeitos civis, desde que registrado no registro prprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebrao.

  • NMERO 131 51JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ SENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    1. A homologao das sentenas eclesisticas em matria matrimonial, confirmadas pelo rgo de controle superior da Santa S, ser efetuada nos termos da legislao brasileira sobre homologao de sentenas estrangeiras.

    Com efeito, cumpre consignar que o Decreto Legislativo n. 698/2009 aprovou o texto do acordo firmado entre o Brasil e a Santa S, relativo ao Estatuto Jurdico da Igreja Catlica no Brasil, assinado na Cidade-Estado do Vaticano, em 13/11/2008. Por sua vez, o Decreto Federal n. 7.107/2010 homologou o referido acordo.

    Na exposio de motivos do Sr. Ministro de Estado das Relaes Exteriores, interino, restou destacado que o objetivo do presente acordo consolidar, em um nico instrumento jurdico, diversos aspectos da relao do Brasil com a Santa S e da presena da Igreja Catlica no Brasil, j contemplados na Conveno de Viena sobre Relaes Diplomticas, na Constituio Federal e em demais leis que configuram o ordenamento jurdico brasileiro. As diretrizes centrais seguidas pelas autoridades brasileiras na negociao do Acordo com a Santa S foram a preservao das disposies da Constituio e da legislao ordinria sobre o carter laico do Estado brasileiro, a liberdade religiosa e o tratamento equitativo dos direitos e deveres das instituies religiosas legalmente estabelecidas no Brasil. Cabe ressaltar que o estabelecimento de acordo com entidade religiosa foi possvel neste caso, por possuir, a Santa S, personalidade jurdica de Direito Internacional Pblico (grifei).

    Tenho que no assiste razo ora requerida acerca da alegada inconstitucionalidade. Isso porque o supracitado art. 12 apenas institui que a homologao de sentenas eclesisticas, em matria matrimonial, ser realizada de acordo com a legislao brasileira, e confirmadas pelo rgo de controle superior da Santa S, que detm personalidade jurdica de direito internacional pblico.

    Ademais, o 1 do art. 216-A do Regimento Interno do STJ prev a possibilidade de serem homologados os provimentos no judiciais que, pela lei brasileira, tiverem natureza de sentena.

  • NMERO 13152 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJSENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    Nesse sentido, no julgamento da Sentena Estrangeira n. 6.516/VA (no contestada), em que se buscava a homologao de sentena eclesistica de anulao de matrimnio, de minha relatoria, destaquei que se tratava do primeiro caso a ser examinado em conformidade com o disposto no acordo firmado entre o Brasil e a Santa S, relativo ao Estatuto Jurdico da Igreja Catlica no Brasil (Decreto 7.107/2010). Consignei, naquela oportunidade, que, de acordo com o referido decreto, as decises eclesisticas confirmadas pelo rgo superior de controle da Santa S so consideradas sentenas estrangeiras para efeitos de homologao, de modo que, presentes os pressupostos contidos no art. 17 da LINDB e nos arts. 5 e 6 da Resoluo n. 9 de 2005 do Superior Tribunal de Justia, homologuei o ttulo judicial estrangeiro, em deciso proferida aos 16 de maio de 2013 (DJe de 22/5/2013).

    Ante o exposto, rejeito a arguio de inconstitucionalidade ora suscitada.

    No que tange alegada impossibilidade jurdica do pedido, a preliminar no merece ser acolhida. Isso porque, conforme acima explicitado, esta Corte Superior admite a homologao de decises no judiciais, desde que possuam natureza de sentena, nos termos do art. 216-A, 1, do Regimento Interno do STJ, verbis:

    Ttulo VII-A

    Dos processos oriundos de Estados Estrangeiros

    Captulo I

    Da Homologao de Sentena Estrangeira

    Art. 216-A. atribuio do Presidente do Tribunal homologar sentena estrangeira, ressalvado o disposto no art. 216-K.

    1. Sero homologados os provimentos no judiciais que, pela lei brasileira, tiverem natureza de sentena .

    Acerca do mrito do pedido de homologao, insta consignar que, com o advento da Emenda Constitucional n. 45/2004, o

  • NMERO 131 53JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ SENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    processamento e o julgamento dos pedidos de homologao de sentena estrangeira passou a integrar o rol das competncias deste Superior Tribunal de Justia (art. 105, I, i, da Constituio Federal).

    Desde ento, ao promover a homologao de sentena estrangeira, compete a esta Corte verificar se a pretenso atende aos requisitos agora preconizados no seu Regimento Interno (Emenda Regimental n. 18, de 17/12/2014), mais especificamente aos comandos dos artigos 216-C, 216-D e 216-F, verbis:

    Art. 216-C. A homologao da sentena estrangeira ser proposta pela parte requerente, devendo a petio inicial conter os requisitos indicados na lei processual, bem como os previstos no art. 216-D, e ser instruda com o original ou cpia autenticada da deciso homologanda e de outros documentos indispensveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou juramentado no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira competente, quando for o caso.

    Art. 216-D. A sentena estrangeira dever:

    I - ter sido proferida por autoridade competente;

    II - conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente citadas ou ter sido legalmente verificado a revelia;

    III - ter transitado em julgado.

    Art. 216-F. No ser homologada a sentena estrangeira que ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pblica.

    No demais registrar, tambm, que o pargrafo nico do art. 216-H do referido Regimento Interno prev a possibilidade da parte requerida apresentar contestao, mas adverte que esta somente poder versar sobre a inteligncia da deciso aliengena e a observncia dos requisitos acima elencados, no havendo possibilidade, no juzo homologatrio, de discusso acerca do mrito da sentena estrangeira.

    O requerente pleiteia a homologao de sentena eclesistica de anulao de matrimnio, proferida pelo eg. Tribunal Interdiocesano de Sorocaba/SP (fls. 178-193), confirmada por decreto do eg. Tribunal

  • NMERO 13154 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJSENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    Eclesistico de Apelao de So Paulo (fls. 197-198) e, posteriormente, pelo eg. Supremo Tribunal da Assinatura Apostlica, no Vaticano (fls. 210-212).

    In casu, verifico que o pleito encontra-se em conformidade com os dispositivos supra transcritos, tendo sido apresentados pelo requerente os seguintes documentos: cpia autntica das sentenas proferidas pelos tribunais ptrios - Tribunal Interdiocesano de Sorocaba e Tribunal Eclesistico de Apelao de So Paulo (fls. 178-193 e 197-198) - e cpia autenticada da deciso de confirmao proferida pelo eg. Supremo Tribunal da Assinatura Apostlica, chancelada por autoridade consular brasileira perante a Santa S (fls. 208-209) e traduzida por profissional juramentado no Brasil (fls. 210-212).

    No que tange s afirmaes da ora requerida acerca da laicidade do Estado brasileiro, e alegada ausncia de interveno do Ministrio Pblico no processo de origem, transcrevo, por oportuno, trecho do bem elaborado parecer da d. Procuradoria-Geral da Repblica, in verbis:

    Quanto contestao, no cabe o argumento da laicidade do Estado: o Estado brasileiro no confessional, mas tampouco ateu [...] e a laicidade do Estado no significa, por certo, inimizade com a f [...].

    O que vedado ao estado aconfessional sancionar juridicamente normas tico-religiosas prprias f de uma confisso [...], e no que, em prol do bem comum, concordem em relao a princpios em que, como no caso, h convergncia entre lei civil e as leis cannicas.

    Donde a improcedncia da alegada inconstitucionalidade do Decreto 7.107/2010, sendo que a assinatura do Acordo entre o brasil e a Santa S relativo ao Estatuto Jurdico da Igreja Catlica no brasil tem suporte no art. 19, 1, da Constituio, que autoriza a colaborao entre o Estado e confisses religiosas em prol do interesse pblico [...]vale salientar quanto ao procedimento, que o Cdigo de Direito Cannico assegura plenamente o direito de defesa e os princpios da igualdade e do contraditrio, sendo que nas causas que tratem da nulidade ou dissoluo do casamento sempre atuar o defensor do vnculo, que, por ofcio est obrigado a apresentar e expor tudo o que razoavelmente se puder aduzir contra a

  • NMERO 131 55JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ SENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    nulidade ou dissoluo (Cn. 1432) e, mais, a sentena favorvel nulidade do matrimnio ser submetida a reexame necessrio pelo tribunal de segundo grau (Cn. 1682) (fls. 2-3 e 286, grifei).

    Portanto, o carter laico do Estado brasileiro no impede a homologao de sentenas eclesisticas, tanto que nosso Pas reconhece a personalidade jurdica das Instituies Eclesisticas, nos termos do art. 3 do Decreto Legislativo n. 698/2009.

    Por fim, ressalte-se que as alegaes da requerida acerca da putatividade do casamento em relao a ela e a existncia de ao de converso de separao judicial em divrcio perante a justia brasileira no constituem bice homologao ora pretendida, at porque no h possibilidade, neste juzo homologatrio, de discusso acerca do mrito da sentena estrangeira, porquanto estranha ao prprio objeto da homologao.

    Nesse sentido:HOMOLOGAO DE SENTENA ARBITRAL ESTRANGEIRA. ALEGAO DE OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DE INCOMPETNCIA DO JUZO ARBITRAL. INEXISTNCIA. REQUISITOS FORMAIS PREENCHIDOS. DEFERIMENTO DO PEDIDO.

    1. A sentena estrangeira encontra-se apta homologao, quando atendidos os requisitos dos arts. 5 e 6 da Resoluo n. 9/2005/STJ: (i) prolao por autoridade competente; (ii) devida cincia do ru nos autos da deciso homologanda; (iii) trnsito em julgado; (iv) chancela consular brasileira acompanhada de traduo por tradutor oficial ou juramentado; (v) a ausncia de ofensa soberania ou ordem pblica.

    2. Na situao especfica de homologao de sentena arbitral estrangeira, a cognio judicial, a despeito de manter-se limitada anlise do preenchimento daqueles requisitos formais, inclui a apreciao das exigncias dos arts. 38 e 39 da Lei n 9.037/1996.

    3. Em linhas gerais, eventuais questionamentos acerca do mrito da deciso aliengena, salvo se atinentes eventual ofensa soberania nacional, ordem pblica e/ou aos bons costumes (art. 17, LINDB), so estranhos aos quadrantes prprios da ao homologatria.

  • NMERO 13156 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJSENTENA ESTRANGEIRA CONTESTADA

    4. Pedido de homologao de sentena arbitral estrangeira deferido (SEC n. 6.761/EX, Corte Especial, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 16/10/2013, grifo meu).

    Ante o exposto, defiro o pedido de homologao.

    o voto.

    Ministro Felix FischerRelator

  • NMERO 131 57JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    Recurso Especial N 1.479.039 - Mg (2014/0223163-4)Relator: Ministro Humberto MartinsRecorrente: Cmara de Dirigentes Lojistas de Belo HorizonteAdvogado: Patricia Loyola Franca Canabrava e Outro(s)Recorrido: Estado de Minas GeraisProcurador: Diogenes Baleeiro Neto e Outro(s)

    EMENTA

    CONSUMIDOR E ADMINISTRATIVO. AUTUAO PELO PROCON. LOJISTAS. DESCONTO PARA PAGAMENTO EM DINHEIRO OU CHEQUE EM DETRIMENTO DO PAGAMENTO EM CARTO DE CRDITO. PRTICA ABUSIVA. CARTO DE CRDITO. MODALIDADE DE PAGAMENTO VISTA. PRO SOLUTO. DESCABIDA QUALQUER DIFERENCIAO. DIVERGNCIA INCOGNOSCVEL.

    1. O recurso especial insurge-se contra acrdo estadual que negou provimento a pedido da Cmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte no sentido de que o Procon/MG se abstenha de autuar ou aplicar qualquer penalidade aos lojistas pelo fato de no estenderem aos consumidores que pagam em carto de crdito os descontos eventualmente oferecidos em operaes comerciais de bens ou servios pagos em dinheiro ou cheque.

    2. No h confuso entre as distintas relaes jurdicas havidas entre (i) a instituio financeira (emissora) e o titular do carto de crdito (consumidor); (ii) titular do carto de crdito (consumidor) e o estabelecimento comercial credenciado (fornecedor); e (iii) a instituio financeira (emissora e, eventualmente, administradora do carto de crdito) e o estabelecimento comercial credenciado (fornecedor).

    3. O estabelecimento comercial credenciado tem a garantia do pagamento efetuado pelo consumidor por meio de carto de credito, pois a administradora assume inteiramente a responsabilidade pelos riscos creditcios, incluindo possveis fraudes.

    4. O pagamento em carto de crdito, uma vez autorizada a transao, libera o consumidor de qualquer obrigao perante o fornecedor, pois este dar ao consumidor total quitao. Assim, o pagamento por carto

  • NMERO 13158 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJRECURSO ESPECIAL

    de crdito modalidade de pagamento vista, pro soluto, implicando, automaticamente, extino da obrigao do consumidor perante o fornecedor.

    5. A diferenciao entre o pagamento em dinheiro, cheque ou carto de crdito caracteriza prtica abusiva no mercado de consumo, nociva ao equilbrio contratual. Exegese do art. 39, V e X, do CDC: Art. 39. vedado ao fornecedor de produtos ou servios, dentre outras prticas abusivas: (...) V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; (...) X - elevar sem justa causa o preo de produtos ou servios.

    6. O art. 51 do CDC traz um rol meramente exemplificativo de clusulas abusivas, num conceito aberto que permite o enquadramento de outras abusividades que atentem contra o equilbrio entre as partes no contrato de consumo, de modo a preservar a boa-f e a proteo do consumidor.

    7. A Lei n. 12.529/2011, que reformula o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia, considera infrao ordem econmica, a despeito da existncia de culpa ou de ocorrncia de efeitos nocivos, a discriminao de adquirentes ou fornecedores de bens ou servios mediante imposio diferenciada de preos, bem como a recusa venda de bens ou prestao de servios em condies de pagamento corriqueiras na prtica comercial (art. 36, X e XI). Recurso especial da Cmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte conhecido e improvido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justia: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, com ressalva do ponto de vista do Sr. Ministro Herman Benjamin. Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes (Presidente), Mauro Campbell Marques e Assusete Magalhes votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Braslia (DF), 06 de outubro de 2015 (Data do Julgamento)

    Ministro Humberto MartinsRelator

  • NMERO 131 59JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ RECURSO ESPECIAL

    RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator):

    Cuida-se de recurso especial interposto pela CMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE BELO HORIZONTE CDL/BH, com fundamento no art. 105, III, alnea c, da Constituio Federal, contra acrdo do Tribunal de Justia do Estado de Minas Gerais assim ementado:

    MANDADO DE SEGURANA COLETIVO PREVENTIVO CMARA DE DIRIGENTES LOJISTAS DE BELO HORIZONTE RELAO DE CONSUMO PREOS DIFERENCIADOS DE ACORDO COM A FORMA DE PAGAMENTO (CARTO DE CRDITO, CHEQUE OU DINHEIRO) PRTICA DE CONSUMO ABUSIVA COGNCIA DOS ARTIGOS 39, V, E 51, IV, DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR SEGURANA DENEGADA SENTENA MANTIDA.

    1. O Mandado de Segurana consubstancia remdio de natureza constitucional destinado a proteger direito lquido e certo contra ato ilegal ou abusivo de poder emanado de autoridade pblica. Se o conjunto probatrio dos autos no evidencia, de plano, a ocorrncia desses fatos, a denegao da ordem se impe.

    2. A cobrana de preos diferenciados por uma mesma mercadoria para o pagamento vista, mediante dinheiro ou cheque, e para aquele efetuado por meio de carto de crdito, constitui prtica abusiva, em evidente vulnerao aos artigos 39, V, e 51, IV, do Cdigo de Defesa do Consumidor (fl. 340, e-STJ).

    Os embargos de declarao opostos pela CDL/BH foram rejeitados (fls. 355/363, e-STJ).

    Nas razes do recurso especial, a CDL/BH aponta divergncia jurisprudencial em relao ao entendimento do STJ, em particular no tocante interpretao dos arts. 39, V, e 51, IV e 1, do CDC, citando os REsps 1.178.360/SP, 1.181.256/AL, 266.664/MG, da minha lavra, e o REsp 229.586/SE, da relatoria do Min. Garcia Vieira.

  • NMERO 13160 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJRECURSO ESPECIAL

    Sustenta, tambm que:certo que restou fartamente demonstrado nos autos que a impossibilidade do desconto para aquele que no se vale do carto de crdito, isto , para o cliente que paga vista, importa em prejuzo para tal consumidor, eis que os preos esto definidos para cima, embutidos os custos da utilizao do carto de crdito.

    Ademais, a venda por intermdio do carto de crdito beneficia o consumidor que tem um maior prazo para pagamento, o que no ocorre com o consumidor que efetua suas compras vista (dinheiro ou cheque), e que, por assim ser, tem o direito de beneficiar de descontos.

    Alm disso, inexiste no ordenamento jurdico ptrio qualquer lei que obrigue o comerciante a praticar os mesmos preos de venda vista - em dinheiro ou cheque - quelas efetuadas com cartes de crdito.

    E atribuir uma interpretao restritiva aos arts. 39, V, e 51, IV e 1, da Lei n. 8.078/1990, afirmando que a prtica da diferenciao de preos configuarada como vantagem excessiva no condiz com o entendimento do Superior Tribunal de Justia. (fls. 370/371, e-STJ).

    Pugna pela reforma do acrdo recorrido, concedendo-se o pleito, a fim de que o PROCON/MG se abstenha de autuar ou aplicar penalidades aos lojistas associados.

    Apresentadas as contrarrazes (fls. 443/447, e-STJ), sobreveio juzo de admissibilidade positivo na instncia de origem (fls. 456/459, e-STJ).

    , no essencial, o relatrio.

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator):

    DA CONTROVRSIA

    O recurso especial impugna julgado de apelao que manteve sentena que denegou mandado de segurana coletivo preventivo, com pedido de liminar, impetrado pela CMARA DE DIRIGENTES

  • NMERO 131 61JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ RECURSO ESPECIAL

    LOJISTAS DE BELO HORIZONTE CDL/BH contra ato reputado ilegal atribudo ao Secretrio Executivo do Instituto de Defesa do Consumidor de Minas Gerais PROCON/MG.

    A segurana pretendida pela CDL/BH visa a que a autoridade apontada como coatora, sem prejuzo de suas atribuies fiscalizatrias, se abstenha de autuar ou aplicar qualquer penalidade aos lojistas associados pelo fato de no estenderem aos consumidores que pagam suas compras com carto de crdito os descontos eventualmente oferecidos em operaes comerciais de bens ou servios pagos em dinheiro ou cheque.

    O acrdo estadual, mantendo a sentena de primeiro grau, negou provimento apelao interposta pelo CDL/BH, por entender que a pretenso dos lojistas viola os arts. 39, V, e 51, IV, do CDC, no havendo direito ao que foi pedido.

    De plano, afasta-se o bice da Smula 7/STJ quanto anlise da denegao da segurana, uma vez que a aferio de eventual direito lquido e certo depende, in casu, to somente de matria de direito.

    DOS CONTRATOS DE CARTO DE CRDITO

    I DA DISTINO ENTRE CONSUMIDOR, EMISSOR E FORNECEDOR NOS CONTRATOS DE CARTO DE CRDITO (INEXISTNCIA DE CONFUSO)

    O preo vista deve ser estendido tambm aos consumidores que pagam em carto de crdito, os quais faro jus, ainda, a eventuais descontos e promoes porventura destinados queles que pagam em dinheiro ou cheque.

    Tal proposio se ampara na constatao de que, nas compras realizadas em carto de crdito, necessria uma distino jurdica entre consumidor, emissor (eventualmente, administrador) e fornecedor.

    A uma, existe uma relao jurdica entre a instituio financeira (emissora) e o titular do carto (consumidor), o qual obtm crdito e

  • NMERO 13162 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJRECURSO ESPECIAL

    transfere quela a responsabilizao pela compra autorizada mediante o pagamento da taxa de administrao ou mesmo de juros oriundos do parcelamento da fatura.

    A duas, h uma relao jurdica entre a instituio financeira (empresa emissora e, eventualmente, administradora do carto de crdito) e o estabelecimento comercial credenciado (fornecedor). A emissora do carto credencia o estabelecimento comercial e assume o risco integral do crdito e de possveis fraudes.

    Para que essa assuno de risco ocorra, o estabelecimento comercial repassa emissora, a cada venda feita em carto de crdito, um percentual dessa operao, previamente contratado.

    A trs, tambm existe uma relao jurdica entre o consumidor e o estabelecimento comercial credenciado (fornecedor). Aqui, o estabelecimento comercial, quando possibilita aos consumidores efetuarem a compra mediante carto de crdito, incrementa a atividade comercial, aumenta as vendas e obtm lucros, haja vista a praticidade do carto de crdito, que o torna uma modalidade de pagamento cada vez mais costumeira.

    II DA COMPRA EM CARTO DE CRDITO COMO COMPRA VISTA

    O estabelecimento comercial tem a garantia do pagamento das compras efetuadas pelo consumidor por meio de carto de credito, pois a administradora assume inteiramente a responsabilidade pelos riscos do crdito, incluindo as possveis fraudes.

    O pagamento por carto de crdito, uma vez autorizada a transao, libera o consumidor de qualquer obrigao ou vinculao junto ao fornecedor, pois este dar ao comprador total quitao. Assim, o pagamento por carto de crdito modalidade de pagamento vista, pro soluto, porquanto implica, automaticamente, extino da obrigao do consumidor perante o fornecedor.

  • NMERO 131 63JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ RECURSO ESPECIAL

    A diferenciao entre o pagamento em dinheiro, cheque ou carto de crdito caracteriza, portanto, prtica abusiva no mercado de consumo, a qual nociva ao equilbrio contratual.

    a exegese do art. 39, V e X, do Cdigo de Defesa do Consumidor:Art. 39. vedado ao fornecedor de produtos ou servios, dentre outras prticas abusivas:

    (...)

    V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

    (...)

    X - elevar sem justa causa o preo de produtos ou servios .

    Ademais, a Lei n. 12.529/2011, que estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrncia, entre outros, considera infrao ordem econmica, a despeito de culpa ou de ocorrncia de efeitos nocivos, a discriminao de adquirentes ou fornecedores de bens ou servios mediante imposio diferenciada de preos, bem como a recusa venda de bens ou prestao de servios em condies de pagamento corriqueiras na prtica comercial.

    Confira-se o art. 36, X e XI, da Lei n. 12.529/2011:

    Art. 36. Constituem infrao da ordem econmica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que no sejam alcanados:

    (...)

    X - discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou servios por meio da fixao diferenciada de preos, ou de condies operacionais de venda ou prestao de servios;

    XI - recusar a venda de bens ou a prestao de servios, dentro das condies de pagamento normais aos usos e costumes comerciais; .

    Nesse sentido, o seguinte precedente que expressa a evoluo do entendimento desta Corte:

    RECURSO ESPECIAL - AO COLETIVA DE CONSUMO - COBRANA DE PREOS DIFERENCIADOS PRA VENDA DE

  • NMERO 13164 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJRECURSO ESPECIAL

    COMBUSTVEL EM DINHEIRO, CHEQUE E CARTO DE CRDITO - PRTICA DE CONSUMO ABUSIVA - VERIFICAO - RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

    I - No se deve olvidar que o pagamento por meio de carto de crdito garante ao estabelecimento comercial o efetivo adimplemento, j que, como visto, a administradora do carto se responsabiliza integralmente pela compra do consumidor, assumindo o risco de crdito, bem como de eventual fraude;

    II - O consumidor, ao efetuar o pagamento por meio de carto

    de crdito (que s se dar a partir da autorizao da emissora), exonera-se, de imediato, de qualquer obrigao ou vinculao perante o fornecedor, que dever conferir quele plena quitao. Est-se, portanto, diante de uma forma de pagamento vista e, ainda, pro soluto (que enseja a imediata extino da obrigao);

    III - O custo pela disponibilizao de pagamento por meio do carto de crdito inerente prpria atividade econmica desenvolvida pelo empresrio, destinada obteno de lucro, em nada referindo-se ao preo de venda do produto final. Imputar mais este custo ao consumidor equivaleria a atribuir a este a diviso de gastos advindos do prprio risco do negcio (de responsabilidade exclusiva do empresrio), o que, alm de refugir da razoabilidade, destoa dos ditames legais, em especial do sistema protecionista do consumidor;

    IV - O consumidor, pela utilizao do carto de crdito, j paga administradora e emissora do carto de crdito taxa por este

    servio (taxa de administrao). Atribuir-lhe ainda o custo pela disponibilizao de pagamento por meio de carto de crdito, responsabilidade exclusiva do empresrio, importa em oner-lo duplamente (in bis idem) e, por isso, em prtica de consumo que se revela abusiva; V - Recurso Especial provido. (REsp 1.133.410/RS, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/03/2010, DJe 07/04/2010.)

    Por conseguinte, constitui prtica abusiva a situao em que o fornecedor determina preos mais favorveis para o consumidor que paga em dinheiro ou cheque em detrimento daquele consumidor que paga em carto de crdito.

  • NMERO 131 65JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ RECURSO ESPECIAL

    DA VEDAO DAS CLUSULAS ABUSIVAS NO DIREITO DO CONSUMIDOR

    Extrai-se do acrdo recorrido o seguinte excerto (fls. 344/347, e-STJ):

    Sobreleva consignar que a discusso do caso vertente gira em

    torno da possibilidade, ou no, de se cobrar preos diferenciados pela mesma mercadoria em decorrncia do pagamento realizado atravs de dinheiro, cheque ou carto de crdito. Isto , a controvrsia versa sobre a ausncia de descontos nas vendas mediante utilizao de carto de crdito e a existncia desse desconto nas vendas mediante pagamento em moeda corrente ou em cheque, configurando, portanto, vulnerao s normas de proteo contidas na Lei n 8.078/1990 que instituiu o Cdigo de Defesa do Consumidor.

    sabido que a possibilidade de pagamento atravs de cartes de crdito agrega valor empresa, haja vista que atrai maior clientela e, por outro lado, garante o efetivo pagamento, vez que a Administradora se responsabiliza pela compra efetuada pelo consumidor, ainda que este se torne inadimplente. Diante disso, quando se efetua o pagamento atravs do carto de crdito, tem-se compra vista, pois ali se finda a relao entre o consumidor e o lojista. Destarte, torna-se irrelevante o fato de o valor ser recebido posteriormente, porquanto a relao entre o consumidor e o lojista j se esgotou.

    Ressalta-se, ainda, que o custo decorrente desta disponibilizao do pagamento atravs de carto de crdito inerente atividade desenvolvida pelos lojistas, e por estes deve ser suportado, sob pena de repartir os riscos da atividade ao consumidor. De mais a mais, h que se levar em considerao que o comerciante no obrigado a disponibilizar aludida forma de pagamento (carto de crdito), mas se assim optou, deve arcar com tal nus.

    Com efeito, a cobrana de preos diferenciados por uma mesma mercadoria para o pagamento vista, mediante dinheiro ou cheque, e para aquele efetuado por meio de carto de crdito, constitui prtica abusiva, em evidente vulnerao aos arts. 39, V, e 51, IV, do Cdigo de Defesa do Consumidor.

    (...).

    Com tais consideraes, nego provimento ao recurso, mantendo inalterada a sentena de primeiro grau, por seus prprios fundamentos.

    Custas recursais, pela apelante (fls. 344/346, e-STJ).

  • NMERO 13166 JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJRECURSO ESPECIAL

    Com efeito, o Cdigo de Defesa do Consumidor zeloso quanto preservao do equilbrio contratual, da equidade contratual e, enfim, da justia contratual, os quais no coexistem ante a existncia de clusulas abusivas.

    Para Claudia Lima Marques:Assim, institui o CDC normas imperativas, as quais probem a utilizao de quaisquer clusulas abusivas, definidas como as que assegurem vantagens unilaterais ou exageradas para o fornecedor de bens e servios, ou que sejam incompatveis com a boa-f e a equidade (v. art. 51, IV, do CDC).

    O Poder Judicirio declarar a nulidade absoluta destas clusulas, a pedido do consumidor, de suas entidades de proteo, do Ministrio Pblico e mesmo, incidentalmente, ex officio. A vontade das partes manifestada livremente no contrato no mais o fator decisivo para o direito, pois as normas do Cdigo instituem novos valores superiores, como o equilbrio e a boa-f nas relaes de consumo. Formado o vnculo contratual de consumo, o novo direito dos contratos opta por proteger no s a vontade das partes, mas tambm os legtimos interesses e expectativas dos consumidores. O princpio da equidade, do equilbrio contratual cogente. A lei brasileira, como veremos, no exige que a clusula abusiva tenha sido includa no contrato por abuso do poderio econmico do fornecedor, como exigia a lei francesa, ao contrrio, o CDC sanciona e afasta apenas o resultado, o desequilbrio, no exige um ato reprovvel do fornecedor. A clusula pode ter sido aceita conscientemente pelo consumidor, mas se traz vantagem excessiva para o fornecedor, se abusiva, o resultado contrrio ordem pblica, contrrio s novas normas de ordem pblica de proteo do CDC e, portanto, a autonomia de vontade no prevalecer. (MARQUES, Claudia Lima. Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor. 4. ed. So Paulo: RT, 2013, p. 233/234.)

    O art. 51 do Cdigo de Defesa do Consumidor traz rol meramente exemplificativo de clusulas abusivas, num conceito aberto que permite o enquadramento de outras abusividades que atentem contra o equilbrio entre as partes no contrato de consumo, de modo a preservar a boa-f e a proteo do consumidor.

    Como bem reconheceu o Tribunal de origem, o lojista que, para mesmo produto ou servio, oferece desconto ao consumidor que paga

  • NMERO 131 67JURISPRUDNCIA CATARINENSE

    STJ RECURSO ESPECIAL

    em dinheiro ou cheque em detrimento daquele que paga em carto de crdito estabelece clusula abusiva apta a transferir os riscos da atividade ao adquirente, lembrando-se que tal abusividade independe da m-f do fornecedor.

    Tampouco vinga o argumento do recorrente de que no h lei especfica que vede o oferecimento de condies mais favorveis s compras realizadas em dinheiro ou cheque, uma vez que tanto o Cdigo de Defesa do Consumidor quanto a Lei n. 12.529/2011 abrangem perfeitamente a situao, protegendo o consumidor de tais diferenciaes.

    Foroso concluir que, em virtude da evoluo do entendimento desta Corte no tocante inadivel tutela do consumidor, os precedentes trazidos pela recorrente no mais se prestam soluo da controvrsia nos dias atuais.

    Ante o exposto, conheo do recurso especial e nego-lhe provimento.

    como penso. como voto.

    Ministro Humberto MartinsRelator

  • NMERO 13168 JURISPRUDNCIA CATARINEN