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BH - ABRIL - 2008 ANO 14 - NÚMERO 126 P u b l i c a ç ã o d a S e c r e t a r i a d o T r i b u n a l d e J u s t i ç a d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s Rodrigo Albert O Conselho Nacional de Justiça lançou resolução determinando a inspeção mensal dos estabelecimentos prisionais pelos juízes de execução penal, já prevista em lei. A medida chama atenção para o assunto, num momento em que o sistema carcerário nacional ganha destaque na mídia – para constrangimento de toda a sociedade –, com os velhos efeitos colaterais de sua estrutura: superlotação, violência e rebeliões. Através das inspeções, os juízes podem verificar as condições dos presídios e oferecer soluções para os seus graves problemas. Páginas 2, 6 e 7 Justiça atenta ao problema carcerário CULTURA Cineclube TJ exibe filme de Woody Allen Página 12 ENTREVISTA Desembargador Jarbas Ladeira Página 9

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BH - ABRIL - 2008ANO 14 - NÚMERO 126

Publicação da Secretaria do Tribunalde Justiça do Estado de Minas Gerais

Rodrigo Albert

O Conselho Nacional de Justiça lançou resolução determinando a inspeção mensal dos estabelecimentosprisionais pelos juízes de execução penal, já prevista em lei. A medida chama atenção para o assunto, num momentoem que o sistema carcerário nacional ganha destaque na mídia – para constrangimento de toda a sociedade –, comos velhos efeitos colaterais de sua estrutura: superlotação, violência e rebeliões. Através das inspeções, os juízespodem verificar as condições dos presídios e oferecer soluções para os seus graves problemas.

Páginas 2, 6 e 7

Justiça atenta ao problema carcerário

CULTURA

Cineclube TJ exibe filmede Woody Allen

Página 12

ENTREVISTADesembargadorJarbas LadeiraPágina 9

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E X P E D I E N T E

Participe

Interessados em divulgar notíciasnas próximas edições do TJMG

Informativo devem encaminhar omaterial à Ascom pelo e-mail

[email protected].

Imagine o que seria viver num espaço de30 cm por pessoa, de pé o tempo todo, sembanho de sol; com instalações sanitárias econdições de higiene inadequadas, exalandoodor de suor, urina e fezes; em meio à sarna,rubéola, ferimentos e outras doenças, alémde ratos e baratas; onde as camas sãoinsuficientes e a comida é asquerosa. Diantedesse quadro, as relações são deterioradas,com uma economia peculiar, ditada pelaextorsão, suborno e comércio ilegal, comregras impostas pelo crime organizado.

A dura realidade apontada acima é realem delegacias e cadeias públicas, não só deMinas, mas de todo o Brasil. Foi denunciadapela Imprensa (jornal “Folha de S. Paulo”,revista “Super Interessante”, dentre outrosveículos), numa série de reportagens que têmsido divulgadas sobre o sistema prisionalbrasileiro.

Na revista “Super Interessante”, é abor-dada a questão das organizações criminosas,com eleição de líderes, que chegam a terpoder de “juiz”. Entre essas organizaçõesestá o Primeiro Comando da Capital (PCC),que controla nada menos que 80% dospresídios de São Paulo, cujos membros seajudam financeiramente, mesmo quando emliberdade.

A situação do sistema prisional é umlegado de muitas administrações públicas edo descompromisso da sociedade com acriminalidade gerada pelo próprio sistema. Écomum ouvirmos declarações de pessoasque tratam o crime e o criminoso como algoà parte, a merecerem duros castigos e ainsensibilidade dos “cumpridores da lei,honestos e bons”. Para refletirmos um poucosobre isso, vamos recorrer ao sociólogoamericano Robert Merton, com sua teoriaestrutural-funcionalista da criminalidade, queteve como precursor o francês ÉmileDurkheim.

Analisando a sociedade americana,

Merton fala do descompasso entre a estrutu-ra cultural, que impõe aos indivíduos osucesso como meta, e a estrutura social, quenega as mesmas oportunidades para todos.Ele descreve cinco tipos de adaptação, emresposta a essa problemática: o compor-tamento conformista é o adaptado à situa-ção; a inovação fala de desvio (comporta-mento criminoso); o ritualismo implica con-formidade absoluta com as normas institu-cionais (apego à posição, como o burocrataconformista); evasão é a saída dos mendigose drogados, por exemplo; por fim, há os queoptam pela rebelião.

Robert Merton avalia que o desvio repre-senta um fenômeno natural da sociedade e,dentro de seus limites funcionais, constituium fator necessário e útil para o equilíbrio eo desenvolvimento sociocultural. Outro as-pecto observado pelo sociólogo é a formadiferenciada como a sociedade trata aquelesque, por meios ilícitos, atingiram status ousucesso, numa demonstração do que apre-goava Maquiavel - “o fim justifica os meios.”

Inspirados em Merton, não temos dúvidade que a responsabilidade deve ser assumidapela sociedade inteira, a exemplo do que vemocorrendo com várias comunidades queadotaram o método Apac (Associação deProteção e Assistência aos Condenados). OGoverno de Minas tem apoiado o surgimentode Apacs, juntamente com o TJMG, que criouo Projeto Novos Rumos na Execução Penalpara disseminar o método.

O Executivo Estadual busca investirtambém no sistema carcerário convencionale já anunciou que, neste ano, serão aplicadosR$ 4,5 bilhões no setor. É certo que esforçostêm sido empreendidos. Porém, finalizando,gostaria de reafirmar que as soluçõesdependem de todos - das instituiçõespúblicas, iniciativa privada e comunidade. Eserão tanto melhores e mais efetivas quantomais evoluída for a nossa sociedade.

Sistema prisional e responsabilidadesOrlando Carvalho - presidente

Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

Presidente: Orlando Adão Carvalho;

1º Vice-Presidente: Cláudio Costa;

2º Vice-Presidente: Reynaldo Ximenes

Carneiro;

3º Vice-Presidente: Jarbas Ladeira;

Corregedor-Geral: José Francisco Bueno;

Superintendente de Comunicação: Alexandre

Victor de Carvalho; Secretário Especial da

Presidência: Luiz Carlos Elói; Secretária do

Presidente: Sidneia Simões; Assessora de

Comunicação Institucional: Goretti Paiva;

Gerente de Imprensa: Wilson Menezes;

Editora e Jornalista Responsável: Patrícia

Melillo - MG 04592JP; Revisão: Pedro Jorge

Fonseca; Diagramação: Shirley O. Moraes;

Arte da capa: Carlos Alberto Nunes; Fotolito e

Impressão: Lastro Editora Ltda.

Ascom TJMG: Rua Goiás, 253 - 1º andar -

Centro - Belo Horizonte - MG

CEP 30190-030

Tel.: 31 3237-6551

Fax: 31 3226-2715

E-mail: [email protected]

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Ascom Fórum BH: 31 3330-2123

Tiragem: 20 mil exemplares

E D I T O R I A L

02 A b r i l / 2 0 0 8

O presidente do Tribunalde Justiça de Minas Gerais,desembargador Orlando Carvalho,empossou, no último dia 6 de março,os novos vice-presidentes do TJMG,desembargadores Reynaldo XimenesCarneiro, Cláudio Costa e JarbasLadeira, que passaram a ocupar,respectivamente, a 2ª, 1ª e 3ª Vice-Presidências.

Posses no TJMGNo último dia 18 de março, o magistradoCarlos Augusto de Barros Levenhagen to-mou posse no cargo de desembargadordo TJMG. Natural de Baependi (MG), in-gressou na magistratura em 1988. Atuoucomo juiz nas comarcas de Conceição doRio Verde, Aiuruoca, Lavras e Belo Hori-zonte, onde foi titular da 1ª Vara de FeitosTributários. O novo desembargador foi pre-sidente da Amagis, no período de 2004 a2006.

Guilherme DardanhanGuilherme Dardanhan

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para Gestão Institucional (Ceinfo), Dilmo deCastro, serve de alerta para a Adminis-tração. “Pode-se verificar que, em 2000, naPrimeira Instância, eram 709 magistrados;em 2007, 859, havendo assim um acréscimode 21% no quantitativo de magistrados.Mas, se confrontarmos com a quantidadede processos que entraram nesse período,houve um aumento de 98%”, comenta. Paraele, “fica cada vez mais evidenciada anecessidade de se buscarem caminhos esoluções, como, por exemplo, investimen-tos em infra-estrutura tecnológica”.

O presidente Orlando Carvalho des-tacou que o Tribunal já vem se modernizan-do para melhor atender a sociedade, citandoo Sistema CNJ (antigo Projudi), iniciado háoito meses no Juizado Especial da UFMG,que agiliza o andamento processual e intro-duz a Justiça sem papel.

Dilmo de Castro pondera ainda quepodem existir fatores externos a impactardiretamente a produtividade dos magis-trados e o quantitativo de processos noacervo, citando como exemplo a taxa derecorribilidade. “Pelo relatório percebe-seque o índice de julgamentos diminuiu, masuma causa disso pode ser o aumento daquantidade de recursos”, conclui.

Os relatórios de movimentação proces-sual de 2006 e de 2007 encontram-se dis-poníveis em Intranet/Consulta/Relatório deMovimentação Processual.

03

Mais que visualizar quantos processosforam distribuídos e quantos foram julgadosnos últimos dois anos, os Relatórios de Mo-vimentação Processual de 2006 e 2007, queestão disponíveis na intranet, permitem, porexemplo, dimensionar a evolução da de-manda e a capacidade de atendimento aojurisdicionado.

Segundo o presidente do TJMG, de-sembargador Orlando Carvalho, os dadosdo relatório servem como parâmetro paraserem criadas ou não novas varas. “Consi-deramos razoável, dentro da nossa realida-de orçamentária, que um juiz receba 140processos por mês. Se a distribuição der odobro, sabemos que ali precisamos criarnova vara”, observa. Entre 2000 e 2007, onúmero de varas instaladas passou de 558para 772.

O desembargador Orlando Carvalhoobservou também que os relatórios seapresentam como um excelente subsídiopara que os deputados da AssembléiaLegislativa verifiquem a necessidade daapresentação de emendas para a criação denovas varas ou comarcas. “O deputadoresolve tecnicamente, sem ter que consultaro Tribunal de Justiça. Ele consulta apenas ainformação processual que recebe mensal-mente”, relata.

A secretária executiva de Planejamentoe Qualidade na Gestão Institucional, MariaNice Fonseca, explica que, “de posse dosdados, como o acervo processual, o númerode juízes, taxas e índices, é possível planejarações, traçar políticas internas e ofereceralternativas às decisões estratégicas doTribunal”. Ela acrescenta que o relatório éum importante instrumento de consulta eapoio gerencial.

Regina Coeli, assessora de Planeja-mento, diz que o relatório serve para balizardiversos setores, como a Corregedoria-Geral de Justiça. Segundo ela, o setor de

Estágio é um outro exemplo. “O setor utili-zou a movimentação processual para definircritérios para estabelecimento do númerode estagiários para as secretarias”, lembra.

Na prática, o relatório serve tanto debase para intervenções em comarcas comoé uma forma de se evitarem novos pro-blemas, segundo afirma Renato CardosoSoares, secretário de Planejamento e Supor-te à Ação Correicional da Corregedoria-Geralde Justiça. “A partir dele, construímosindicadores de desempenho e, com basenisso, identificamos se há acúmulo de pro-cessos, atrasos em julgamentos, direcio-nando ações da Corregedoria”, esclarece.Ele ressalta que, nesses casos, pode haverpedidos de informações, inspeções técni-cas e até correições.

Os relatórios suscitam reflexão para so-lução de eventuais problemas e, de acordocom o gerente do Centro de Informações

Dados

I N S T I T U C I O N A L

A b r i l / 2 0 0 8

O que os números

do relatório processual

revelam

Letícia Lima

Gráfico presente no relatório de movimentação processual de 2007

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As atribuições da Corregedoria-Geral de Justiça deMinas Gerais vão muito além da fiscalização. Responsávelpela Justiça de 1ª Instância, a Corregedoria também possuicomo função receber as críticas dos cidadãos e buscar asolução de problemas, principalmente em relação à morosi-dade, excesso de formalidades e acessibilidade da popula-ção ao Judiciário, muitas vezes resultantes da legislaçãovigente.

Por isso, completado pouco mais de um ano demandato do desembargador José Francisco Bueno comocorregedor-geral de Justiça, realizações como a implanta-ção do processo digital, denominado Sistema CNJ (antigoProjudi), na capital, a adoção de novas ferramentas deinformática e a realização das primeiras reuniões do FórumPermanente entre a Corregedoria e a OAB trazem satisfa-ção. Mais que isso, representam o começo de uma realida-de mais eficiente para a Justiça de 1ª Instância em todo oEstado.

O desembargador José Francisco Bueno lembrou, nodiscurso de abertura da Correição Geral Anual, realizada emBelo Horizonte, em fevereiro, que o Sistema CNJ já é umsucesso no Juizado Especial da UFMG, onde todas as novasações já são propostas por meio eletrônico. Ele considerouum orgulho para os mineiros a implantação do processodigital - um projeto do Conselho Nacional de Justiça - noEstado. A meta agora é estender o Sistema CNJ para os

outros juizados e também para alguns setores específicosda 1ª Instância. No Juizado Especial do Barreiro, o processoeletrônico foi inaugurado no dia 4 de abril.

O corregedor Francisco Bueno destacou ainda o usodo sistema de malote digital, Hermes, que está em fase deimplantação e treinamento e vai interligar os setores doTribunal de Justiça, assim como os Foros de outras comar-cas, tornando as comunicações oficiais entre os órgãos doTJMG mais ágeis e seguras.

Elogiou também as associações dos prestadores deserviços extrajudiciais, Serjus e Recivil, pelo esforço nacriação de um banco de dados para registro dos atos que,respeitando recente legislação, podem agora ser realizadosextrajudicialmente.

O juiz diretor do Foro, Luiz Carlos Azevedo, aproveitoua oportunidade para anunciar que as habilitações decasamento da Vara de Registros Públicos passam, aindaneste semestre, a ser distribuídas por meio eletrônico etambém as ações de execução fiscal das varas municipais.“O processo virtual é a solução mais próxima para nossaJustiça”, conclui. Também foi anunciada a mudança de 10varas para um prédio alugado na Avenida Afonso Pena, oque vai permitir melhor aproveitamento de espaço noFórum Lafayette.

Entre os dias 12 e14 de março, o corregedor participoudo Encoge - Encontro Nacional do Colégio de CorregedoresGerais de Justiça -, realizado em Belém/ PA. O desembar-gador Francisco Bueno destacou a preocupação doscorregedores-gerais dos Estados e do Distrito Federal, emsintonia com o corregedor nacional de Justiça, em relaçãoao cadastramento inicial de todas as serventias judiciais dopaís. Eles trataram também de temas do interesse de todaa magistratura, com ênfase na gestão moderna do PoderJudiciário, a implantação de sistemas informatizados e auniformização taxonômica e terminológica, que consiste napadronização da nomenclatura das ações, tabela deassuntos e tabela de recursos.

Outra ação da Corregedoria, anunciada comoauxílio para solucionar a questão do excesso de demandana 1ª Instância, é o Fórum Permanente entre Corregedoria eOAB. Ele foi criado por Portaria Conjunta, em dezembro de2007, oficializando os debates que já aconteciam desdeagosto de 2006. Luiz Carlos Azevedo lembrou que muitosproblemas serão resolvidos consensualmente por essecanal de discussão.

Na primeira reunião deste ano do Fórum Permanente,realizada em fevereiro, discutiu-se a questão do acesso dosadvogados aos autos durante o prazo comum de recurso, jáobtendo propostas consensuais, que serão formatadas paraapreciação final dos representantes da Corregedoria e daOAB.

Ficou evidente a grande repercussão do FórumPermanente em todo o Estado. Na segunda reunião, realiza-da em março, compareceram advogados de Belo Horizonte,Juiz de Fora, Montes Claros e Monte Carmelo, sendo quenesta última comarca já foi realizado encontro semelhante,reunindo servidores, juízes, promotores e advogados.

C O R R E G E D O R I A

A b r i l / 2 0 0 804

O desembargador Francisco Buenodestacou a importância do FórumPermanente entre Corregedoria e OAB

Corregedoria inova na solução de problemas

Joubert Oliveira

Novidades na 1ª Instância

Encoge

Fórum Permanente

Guilherme Dardanhan

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O Conhecendo o Judiciário, doTribunal de Justiça de Minas Gerais, iniciou2008 com ênfase na interiorização do pro-grama. Em março, ele foi implantado nascomarcas de Viçosa, Divino, Manhumirim eSão Domingos do Prata. Neste mês de abril,houve lançamento em Divinópolis, no dia 2,e no dia 17 o Conhecendo o Judiciário che-ga à comarca do Serro.

Com esses lançamentos, já são 47 co-marcas do interior que desenvolvem oprograma, realizando palestras, júris simula-dos e visitas orientadas aos fóruns, comorecurso para esclarecer a estrutura e o fun-cionamento do Judiciário. A intenção é con-tribuir para a formação da cidadania decrianças, jovens e adultos e também des-mistificar a imagem de um Judiciário ina-

O Tribunal de Justiça, visando apri-morar o acesso a suas informaçõesoficiais e reduzir custos, vai adotar, apartir deste mês de abril, o Projeto Diárioda Justiça Eletrônico (DJe), seguindodeterminações da Lei nº 11.419, de de-zembro de 2006. As informações oficiaisnão serão mais publicadas no jornal“Minas Gerais” e passam a ser disponi-bilizadas somente no Portal TJMG.

Como explica a gerente de SistemasJudiciais, Maria do Carmo MartinsCarneiro, o DJe vai apresentar um novoprojeto gráfico, com assinatura digital eopções de consulta idênticas às jáexistentes no Portal. De acordo agerente, com o novo formato, haveráeconomia de gastos com assinatura epapel, uma vez que cada usuário poderáimprimir, se necessário, apenas asinformações de seu interesse.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais(TJMG), a Secretaria de Estado de Saúde, oMinistério Público e a Advocacia-Geral doEstado realizam, no período de 16 a 18 deabril, o II Seminário A Judicialização da

Saúde. O evento, que abordará a regulação,os avanços e as políticas públicas de saúdeem Minas, será no auditório do Anexo I doTJMG – rua Goiás, 229, Centro.

O seminário será aberto no dia 16, às19h, pelo presidente do TJMG, desem-bargador Orlando Carvalho, e pelo secre-tário de Estado da Saúde, Marcus ViníciusCaetano Pestana da Silva. Participam tam-bém da solenidade o procurador-geral deJustiça, Jarbas Soares; o defensor público-geral, Leopoldo Portela Júnior; o advogado-geral do Estado, José Bonifácio Borges deAndrada; o 2º vice-presidente do TJMG,desembargador Reynaldo Ximenes, e opresidente do Colégio de Presidentes dosTribunais de Justiça do Brasil, desem-bargador José Fernandes Filho.

05A b r i l / 2 0 0 8

N O T A S

Patrícia Melillo

Patrícia Melillo

Interior conhece o

Judiciário

TJ substitui

“Minas Gerais”

por Portal

Seminário discute

saúde pública

“Cidadania, direito de acesso e a judi-cialização da saúde”, “Controle jurisdicionaldos atos políticos e administrativos na saú-de pública”, “Regulação, organização doSUS e Pacto pela Saúde” e “A efetividadedo direito à saúde no Sistema Interame-ricano de Proteção” estão entre os diversostemas abordados pelo seminário.

O evento terá como convidada espe-cial a ministra do Supremo Tribunal Federal,Carmem Lúcia Antunes Rocha, que irá falar,no dia 18, sobre “O Art. 196 da Constituiçãoe a judicialização da saúde”. E contaráainda com a participação de desembar-gadores do TJMG: José NepomucenoSilva, que preside conferência no dia 17;Vanessa Verdolim, que profere, no dia 17, apalestra “O interesse público na observân-cia do contraditório em ações judiciais parafornecimento de medicamentos ou proce-dimentos de saúde”; e Geraldo AugustoAlmeida, que preside a conferência do últi-mo dia do seminário.

cessível, distante e conservador. As ativi-dades, tanto na Capital quanto no interior,demonstram que os magistrados estãosaindo de seus gabinetes para irem aoencontro da comunidade.

O programa, dirigido para universitá-rios e estudantes do ensino médio e funda-mental, assim como para outros grupos or-ganizados da sociedade, iniciou suas ativi-dades em 1999. O Conhecendo o Judiciário

se desenvolve através de palestras dejuízes e visitas orientadas de estudantes àsede do TJMG e aos fóruns.

Para auxiliar as atividades, foram de-senvolvidas quatro publicações: "Tudo Le-gal no Tribunal", destinada ao públicoinfanto-juvenil, e "Poder Judiciário em MinasGerais", "Juizados Especiais" e "TJ Respon-

As publicações do Conhecendo o

Judiciário serão adaptadas para áudio-CD, o que possibilitará a inserção dosdeficientes visuais no programa

de", destinadas ao público jovem e adulto.O programa conta, ainda, com um vídeoinstitucional sobre o Judiciário mineiro.

A fim de atender ao público comnecessidades especiais, todas as publi-cações do Conhecendo o Judiciário serãoadaptadas para o formato áudio-CD. As“cartilhas faladas” irão possibilitar a inser-ção dos deficientes visuais no programa.Além disso, o vídeo será disponibilizadocom uma edição legendada para atenderaos surdos-mudos.

Os lançamentos nas comarcas do inte-rior são realizados mediante solicitação dospróprios juízes diretores de foro. Mais infor-mações sobre o programa podem ser ob-tidas pelo telefone (31) 3247-8946 ou peloe-mail [email protected].

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S I S T E M A P R I S I O N A L

No final do ano passado, o ConselhoNacional de Justiça (CNJ) lançou aResolução nº 47, que determina a inspeçãomensal dos estabelecimentos penais pelosjuízes de execução penal. A medida nãotraz grandes novidades do ponto de vistajurídico: seu conteúdo reforça pontos daLei de Execução Penal, de 1984, especial-mente no que diz respeito à competênciados juízes.

Porém, a Resolução tem o mérito dechamar a atenção de magistrados e opiniãopública para o assunto num momento emque o sistema carcerário ganha destaquepor mazelas causadoras de vergonha etristeza: superlotação, violência, rebeliões econdições precárias.

Talvez seja este o objetivo: mostrar apreocupação do Judiciário com a questão ecom a busca de soluções. “A resolução visaestimular o juiz a se engajar no problemacarcerário, mostrar ao juiz que está inerteque ele deve agir, pois seu envolvimentopropicia o engajamento da sociedade civile, talvez, a minoração do problema”, afirmao desembargador Alexandre Victor deCarvalho, superintendente de Comunicaçãoe membro da 5ª Câmara Criminal do TJMG.

“As inspeções já eram prática dosmagistrados mineiros. Porém, não havia umcontrole efetivo de sua periodicidade”,afirma Renato Cardoso Soares, diretor daSecretaria de Padronização, Suporte aoPlanejamento e à Ação Correicional (Sepac),

órgão da Corregedoria-Geral de Justiça.Anualmente, durante as correições ordiná-rias, já eram exigidas informações sobre ascondições dos estabelecimentos, comopossível superlotação, existência de celaspara mulheres, além de se fazerem reco-mendações e sugestões. Condições precá-rias e necessidade de providências sãorelatadas imediatamente à Secretaria deEstado da Defesa Social (Seds).

No dia 9 de janeiro deste ano, ocorregedor-geral de Justiça, desembarga-dor José Francisco Bueno, publicou reco-mendação para que os juízes “dirijam redo-brada atenção às condições carcerárias detodos os estabelecimentos prisionais epenitenciários da respectiva comarca, pro-cedendo à inspeção local e elaborandorelatório circunstanciado das condições decarceragem”.

De acordo com Renato Cardoso, “to-das as providências preconizadas pela Re-

solução já estão sendo tomadas, inclusivealgumas estão sendo antecipadas”, como aprodução do formulário-padrão para coleta

de informações. Os juízes mineiros já estãorepassando as informações para a Correge-doria, que irá tabular os dados e enviá-losao CNJ.

A Resolução coloca em foco umaquestão fundamental: a necessidade deesforços cooperativos. “A execução penalnão é um processo jurisdicionalizado aoextremo, é um processo misto, híbrido”,afirma Alexandre Victor. A administração dosistema prisional é responsabilidade doPoder Executivo, que detém a gestão daspenitenciárias e de seus funcionários,respondendo pela integridade física e moraldos presos. Já os benefícios e gravamescarcerários são de competência do Judi-ciário.

Através das inspeções, os juízespodem verificar não só as condições físicasdos estabelecimentos, mas se a populaçãocarcerária está tendo seus direitos tute-lados pela Defensoria Pública, se há possi-bilidade de conceder benefícios penais –como progressão de regime, livramentocondicional e remissão – e, assim, reduziressa população.

De acordo com dados do Executivo,até 2002 existiam cinco mil vagas emMinas. Entre 2003 e 2007, foram criadasmais treze mil e, para 2008, estão previstasmais cinco mil. O investimento nos últimosquatro anos ultrapassa R$16 bilhões, o quefaz de Minas o Estado que mais investe emsegurança pública no país. Esses númerosmostram grande empenho para tentarsolucionar os problemas, acumulados aolongo de décadas.

Prática estabelecida

Os juízes devemapresentar sugestõese ‘colocar a mão na

massa’ para realmentemudar o sistema”‘

Estabelecimentospenais na mira doJudiciário

Parceria para obterresultados

Rachel Barreto

Patrícia Melillo

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“No que toca ao Judiciário, tambémestamos fazendo um esforço muito grande.Há problemas, mas estamos tentandoresolver”, afirma Alexandre Victor. Deacordo com o desembargador, o número dejuízes hoje, em Minas, é insuficiente, espe-cialmente na área de execução penal, mashá barreiras ligadas ao orçamento e à Lei deResponsabilidade Fiscal que limitam acriação de novas vagas. “Apesar da sobre-carga de trabalho, os juízes têm feitoum esforço hercúleo para ‘dar conta do re-cado’”, destaca.

“Os juízes devem apresentar suges-tões e ‘colocar a mão na massa’ para real-mente mudar o sistema”, acredita JuarezMorais de Azevedo, juiz titular da VaraCriminal e da Infância e Juventude de NovaLima e membro do Conselho Estadual deCriminologia e Política Criminal.

“Aqui, temos feito de tudo. O problemade Nova Lima está praticamente equaciona-do”. A cidade já conta com uma unidademasculina da Associação de Proteção eAssistência ao Condenado (Apac), com 86vagas, e irá começar a construção de umaunidade feminina ainda este ano. Háprevisão para a construção de um centro deinternação provisória para menores, com 20vagas (oito femininas e doze masculinas), ede uma nova cadeia.

O juiz destaca a importância da colabo-ração entre Poder Judiciário, Ministério

Experiência bem-sucedida

Cadeias superlotadas e em condições precárias:situação que está sendo mudada com esforços doJudiciário e do Executivo

Cursos profissionalizantes ede artesanato estão entre asalternativas oferecidas pelaApac para a recuperação doscondenados, evitando aociosidade

O juiz JuarezMorais de Azevedoe a tornozeleiraeletrônica:alternativa poderáaté mesmo evitar oencarceramento

Público, Prefeitura, Polícia, empresários ecomunidade para a consecução dos obje-tivos. “Estamos trabalhando juntos para aefetivação dessas medidas, que vão trazersegurança para a cidade e melhores condi-ções para os apenados”.

Outra novidade a ser implantada na ci-dade nos próximos meses é o uso de torno-zeleiras eletrônicas por presos do regimesemi-aberto. O projeto, pioneiro em Minas,permitirá monitorar por satélite os deslo-camentos dos usuários. A implantação re-presentará economia na administração dosistema carcerário e, num futuro próximo,pode até mesmo ser uma alternativa para oencarceramento. “É outra forma de restrin-gir a liberdade, com o auxílio da tecnolo-gia”, defende Juarez.

O caso de Nova Lima exemplifica osesforços mais gerais que o Judiciário mi-neiro vem empreendendo para mudar a si-tuação do sistema carcerário. As Apacs,cuja disseminação é promovida através doProjeto Novos Rumos na Execução Penal,do TJMG, já estão em 16 municípios e emfase de implantação em outros 64, repre-sentando uma bem-sucedida alternativa dehumanização do sistema prisional noEstado.

As penas e medidas alternativas(PMAs) também estão crescendo noEstado. Nos 11 municípios que atende, oPrograma Central de Penas Alternativas

Agência Brasil

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Alternativas

Apesar da sobrecargade trabalho, os juízestêm feito um esforço

hercúleo para ‘dar conta dorecado’. Há problemas,mas estamos tentandoresolvê-los”‘

(Ceapa-MG) monitorou 8.369 medidas em2007, contra apenas 500 em 2002. Já oSetor de Fiscalização de Penas Substitu-tivas (Sefips), do Fórum Lafayette, registrou1.784 beneficiários de penas alternativasem 2007, sendo furto, uso de tóxicos eporte ilegal de armas os delitos de maiorincidência. Dados do Programa de Fomentoàs Penas e Medidas Alternativas, do Minis-tério da Justiça, mostram uma das vanta-gens das PMAs: o baixo índice de reinci-dência (entre 2 e 12%) em comparação como das penas privativas de liberdade (entre70 e 85%).

É importante também investir na pre-venção. Em Minas, houve uma redução decerca de 20% no número de crimes violen-tos entre 2003 e 2007. Se o número decrimes diminui, temos não só cidades maisseguras, como um ótimo efeito colateral:estabelecimentos penais mais vazios, queoferecem melhores condições de recupera-ção aos detentos.

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novo modelo de gestão admi-nistrativa de suporte à presta-ção jurisdicional. A equipe,composta por 115 servidores, éresponsável por garantir o supri-mento de bens e serviços, acorreção e a legalidade dos pro-cedimentos relativos a con-tratos firmados pelo Tribunal, oque inclui uma gama de ativi-dades, que vão desde comprade materiais de consumo atélicitação de obras de enge-nharia. “As metas estabelecidaspelo presidente Orlando Carva-lho, que englobavam a revisãode todos os contratos adminis-trativos, o saneamento das defi-ciências na gestão de contratose a extinção do Contrato nº 414,já resultam em redução de cus-tos para o Tribunal”, ressalta adiretora executiva da Dirsep,Selma Michaelsen Dias.

A extinção do Contrato nº414/2002, que abrangia em umsó instrumento serviços de na-tureza variada e categorias pro-fissionais diversificadas, repre-sentou uma redução de, aproxi-madamente, 50% no quadro deterceirizados. Por sua vez, a no-va licitação para suprir os servi-ços de apoio administrativo esuporte operacional, necessá-rios ao funcionamento do TJ, foisubdividida em sete lotes e ge-rou uma economia de 22 mi-lhões por ano.

G P D

Eficiência reconhecida

Nanci Andrade e Juliana Matos

Com a realização de licita-ções em 2007, o Tribunal deJustiça de Minas Gerais (TJMG)contabilizou uma economia de18 milhões de reais, aproxima-damente 30%, comparando-seaos preços obtidos com as mé-dias de mercado. O trabalho de-senvolvido nessa área está sen-do reconhecido nacionalmente.No III Congresso Brasileiro dePregoeiros, realizado no Estadodo Paraná, o TJ conquistou oPrêmio 19 de Março, na catego-ria Pregão, com maior númerode “caronas”, ou seja, órgãospúblicos que aderiram à licita-ção do TJ, o que ratifica preço,qualidade e condições de con-tratação do objeto licitado.

No mesmo congresso, foilançado o livro Termo de Refe-

rência Nacional, de autoria dojuiz Jair Eduardo Santana, pro-fessor e escritor de diversos ar-tigos e obras jurídicas. Na publi-cação, um termo de referênciaelaborado pelo TJ foi apresenta-do como modelo a ser seguidopor outros órgãos. O termo cita-do refere-se à licitação de pres-tação de serviço de confecção,controle e armazenagem, trans-porte, distribuição e entrega deselo de fiscalização.

A Diretoria Executiva deGestão de Bens, Serviços e Pa-trimônio (Dirsep) é um exemplode eficiência na prática desse

A equipe da Dirsep realizou 130 licitações em 2007, gerandouma economia de 18 milhões

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prestação jurisdicional e forne-cem suporte para as atividadesdo TJMG”, acrescenta.

A Assessora Jurídica daDirsep, Adriana Lage de FariaNavarro, informou que foi incre-mentada a negociação dos con-tratos, o que ocasionou, no míni-mo, a manutenção dos preçospactuados e, em muitos casos, aredução do valor do contratado.

Os resultados obtidos nasdiversas áreas integrantes daDirsep devem-se, sobretudo, àlegalidade de seus procedimen-tos, que é verificada pela Asses-soria Técnica e Jurídica para aGestão de Bens, Serviços ePatrimônio (Ascont), e ao traba-lho em parceria com todas asáreas, em especial, com a Audi-toria Interna (Audit), no sentidode aprimorar e melhorar os pro-cedimentos de licitação e acom-panhamento de contratos.

Para o gerente de Comprasde Bens e Serviços, MarceloSeriema, a modalidade de pre-gão está consolidada e a ado-ção do sistema de registro depreço para as compras rotinei-ras, que não impacta prelimi-narmente o orçamento do TJ,confere praticidade ao processoe gera economia na aquisição.

De acordo com o gerentede Suprimento e Controle Patri-monial, Henrique Campolina, ocontrato firmado com transpor-tadoras dará continuidade aoprocesso de revitalização dascomarcas, com a troca de mo-biliário para o novo padrão ergo-nométrico, desenvolvido e apro-vado pelo Tribunal. “Todos os

esforços na me-lhoria da estruturarefletem-se na

Pregão

Divulgação

Juiz Eduardo Santana (à esquerda) lança livro e TJ leva prêmio porPregão para compra de microcomputadores

Guilherme Dardanhan

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uma verificação para apurar atéque ponto as Centrais estão cum-prindo sua finalidade. Precisamoster um conhecimento completoda situação para podermos agir ecorrigir o que não estiver funcio-nando direito. E, então, veremosse há necessidade de implantaçãode mais Centrais de Conciliação.

TJMG Informativo – Quaissão seus planos em relação aosprojetos inovadores do Tribunal?

JL: Já estou estudando cadaprojeto para identificar se há pro-blemas, onde eles estão e assimequacioná-los. Vamos prosseguirno desenvolvimento do métodoApac (Associação de Proteção eAssistência aos Condenados), doPAI-PJ, procurando expandi-los aomáximo. Inclusive, já acertei como desembargador Joaquim Andra-de (coordenador do Projeto Novos

Rumos na Execução Penal) parafazermos visitas às Apacs emfuncionamento em Itaúna, NovaLima, Santa Luzia e em outros lo-cais. Sei que está em andamentoa expansão das Apacs pelo inte-rior e pretendo dar todo o apoio aesse trabalho.

O desembargadorJarbas Ladeiraassumiu em março a3ª Vice-Presidênciado Tribunal de Justiçade Minas Gerais como intuito de expandiros projetosinovadores dainstituição. Além daatribuição de efetuar,juntamente com o 1ºvice-presidente, aanálise dos recursosa seremencaminhados aoSupremo TribunalFederal e ao SuperiorTribunal de Justiça, odesembargador está àfrente da Assessoriade Gestão daInovação (Agin),responsável porprojetos como oNovos Rumos naExecução Penal, asCentrais deConciliação, asEquipes de Apoio, oJuizado deConciliação e oPrograma de AtençãoIntegral ao PacienteJudiciário (PAI-PJ).Mineiro deCataguases, odesembargador gostade aproveitar aspoucas horas vagasque tem para jogarxadrez, modalidadena qual já se sagrouvice-campeãomineiro. Às vésperasde completar 37 anosde magistratura,Jarbas Ladeiraaceitou a 3ª Vice-Presidência como umnovo desafio. Nestaentrevista conta oque se poderáesperar de suagestão.

E N T R E V I S T A d e s e m b a r g a d o r J a r b a s L a d e i r a

Renata Ferrer

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O desafio da inovação

TJMG Informativo – Aconciliação vem se firmandocomo uma das principais me-tas da Justiça brasileira emineira. Como o senhor avaliaesse momento e o que aindapode ser feito para que a men-talidade do acordo cresça e seenraíze definitivamente?

JL: Acho que podemos di-vulgar ainda mais a conciliação.Eu já tive a oportunidade deajudar diretamente nas Centraisde Conciliação e sei que são umamaneira econômica e mais rápi-da de resolver questões. Quantoaos Juizados de Conciliação, quesão informais, é preciso incen-tivar a adoção dessa alternativa,ao invés de se buscar sempre amanifestação da Justiça ou adecisão do juiz. Não podemosparar de disseminar a concilia-ção, temos de dar ênfase à fina-lidade do acordo.

TJMG Informativo – Umaforma de concretizar isso seriaa criação de mais Centrais deConciliação?

JL: Já estamos fazendo

Desembargador Jarbas Ladeira é o novo3º vice-presidente do TJMG

Guilherme Dardanhan

TJMG Informativo – Como osenhor, que foi presidente daComissão de Tecnologia daInformação por mais de cincoanos, analisa o atual momentodo Tribunal nesse setor? O quemais há a fazer no sentido demodernizar a Justiça mineira?

JL: Nós passamos por umasituação atípica, porque tivemosde trocar 80% dos nossos funcio-nários do setor de Informática,que eram terceirizados. Entãohouve concurso, posse, treina-mento; passamos e ainda esta-mos passando por um momentode transição. Mas acredito que asituação esteja se normalizando, epodemos agora reforçar a ênfasenos projetos que envolvem aInformática. Nesse sentido, aquiloque puder irei fazer. A ministraEllen Gracie, quando presidentedo CNJ, investiu muito no nossoTribunal, e temos então que pro-curar corresponder. Estamos aju-dando a desenvolver o SistemaCNJ (ex-Projudi) e o Juizado Espe-cial Cível da UFMG é um exemplodisso: está todo informatizado ejá funciona praticamente sem usode papel. Hoje, a Tecnologia daInformação está nas mãos do de-sembargador Fernando Botelho,um grande entusiasta da informá-tica, tanto que já foi nomeado parao Comitê Gestor do Sistema CNJ,ao lado do juiz André Leite Praça.O trabalho deles tem sido impor-tantíssimo para a modernizaçãodo Tribunal. Acredito que a Tecno-logia da Informação da Justiçamineira está em boas mãos.

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A Jurisprudência do Tribunalde Justiça de Minas Gerais(TJMG) conta, desde fevereiro,com novo acervo para consultano Portal: os acórdãos indexados.O procedimento de indexaçãosintetiza aspectos mais relevan-tes dos acórdãos, com o detalha-mento das informações nelescontidas, utilizando vocábulos ju-rídicos e não jurídicos que pos-sam auxiliar na identificação datemática de pesquisa. Segundo agerente de Jurisprudência e Pu-blicações Técnicas, Rosane Bas-tos, das decisões são extraídasinformações, tais como referên-cias legislativas, jurisprudenciais,processos relacionados e acór-dãos no mesmo sentido, dentreoutras, o que “contribui para umresultado de pesquisa mais céle-re e eficaz”.

Desenvolvida pela Escola Ju-dicial Desembargador Edésio Fer-nandes (Ejef), por meio da Gerên-cia de Jurisprudência e Publica-ções Técnicas (Gejur) e da Coor-denação de Indexação de Acór-dãos (Coind), com o apoio técni-co da Diretoria Executiva de Infor-mática (Dirfor), essa nova modali-dade de tratamento dos acórdãosé uma inovação no Judiciáriomineiro. Além de Minas Gerais, aindexação é utilizada pelo Su-perior Tribunal de Justiça (STJ) epelo Tribunal de Justiça do RioGrande do Sul. O público-alvo é

formado por magistrados e seusassessores e pelos demais opera-dores do Direito.

Para o 2º vice-presidente doTJMG e superintendente da Ejef,desembargador Reynaldo Xime-nes Carneiro, “o acervo de acór-dãos indexados proporcionaráuma inovação no tratamento e naorganização da jurisprudênciadeste Tribunal”. O superintenden-te destaca que esse trabalho teveinício na gestão anterior, do de-sembargador Antônio Hélio Silva,e terá continuidade na atualadministração.

As informações relevantesde cada acórdão são apresenta-das em um resumo com o nomede espelho do acórdão. A siste-mática implantada em Minas ba-seia-se em modelo adotado noSTJ. De acordo com a gerente,“esse é o principal diferencial donovo acervo, visando simplificar aconsulta de forma qualitativa,sendo também o resultado dostrabalhos de indexação realizadospela Coind”, explica Rosane.

Outra inovação, desenvolvi-da pela Coind, com o apoio técni-co da Informática, é uma ferra-menta que possibilita a recupera-ção de dados mediante associa-ção das palavras e expressões

pesquisadas e suas variantes, fa-zendo com que o consulente nãoperca a pesquisa por utilizar ex-pressões similares às que cons-tam das decisões. Um acórdãorelativo a “colisão de veículos”,por exemplo, pode ser encontra-do através da busca por “aciden-te de trânsito”.

A Coind já indexou, desdeabril de 2007, cerca de 2 milacórdãos, referentes à parte doacervo publicado a partir de 2006no Diário do Judiciário, na RevistaJurisprudência Mineira (volumes178, 179 e 180) e nas Coletâneasde Ementas - Pesquisa Proativa,incluindo, também, os acórdãosautorizados pelos desembarga-dores para publicação (os chama-dos “autorizados excedentes”).Essas decisões colegiadas deve-rão conviver com o acervo tra-dicional já existente na rede. Umadas estratégias futuras do setor é

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S E R V I Ç O

Reinaldo M. Gomes

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O serviço está disponível noPortal TJMG atrávés do link

consultas/jurisprudência/acórdãos indexados

indexar os acórdãos por temasmais pesquisados, a exemplo derecentes alterações legislativas eassuntos polêmicos que trazementendimentos divergentes. Oserviço está disponível no PortalTJMG através do link consultas/jurisprudência/acórdãos indexa-dos.

A Dirfor ofereceu a assis-tência especializada de infor-mática na execução do projeto decriação do banco de acórdãosindexados a partir de uma solici-tação da Ejef. Conforme explica agerente de Sistemas JudiciaisInformatizados, Maria do CarmoMartins Carneiro, foi apresentadoum protótipo, antes do desenvol-vimento do sistema definitivo. “Aparte técnica é simples e sóbria”,informa a gerente, destacandoque o acórdão é um dos prin-cipais produtos do TJMG: “Re-presenta um patrimônio intelec-tual da instituição, acessado pelopúblico interno e externo”, avalia.Maria do Carmo acredita que otrabalho poderá se aprimorar coma contribuição da comunidadepesquisadora.

Outras informações podemser obtidas pelo telefone 3247-8965 (Coind) ou pelo [email protected].

lém de MinasGerais, aindexação éutilizada pelo

Superior Tribunal deJustiça (STJ) e peloTribunal de Justiçado Rio Grande do Sul

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Indexação de acórdãos facilita a consulta

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I N T E G R A Ç Ã O

Palestra inaugura

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ciada pelo país durante décadas se tornouinimiga da Administração Pública. Pois a úni-ca preocupação era resolver o problema in-flacionário enquanto outras questões eramnegligenciadas.

De acordo com Anastasia, o temaAdministração Pública “passou do porão dacasa à sala de visita”, mostrando-se umaexigência e passando a constar da agendanacional. Ele descreveu o quadro encon-trado em Minas, em 2002, motivando o cha-mado “choque de gestão”, tendo em vista adesorganização administrativa então vigentee a dificuldade de, naquele quadro, seremimplementadas ações governamentais.

O vice-governador enfocou, ainda, a im-portância de se estabelecerem metas e re-sultados para que a gestão se torne eficien-te e ressaltou a necessidade de se mostrarà sociedade que o governo funciona, atrain-do valores e inteligências para o serviço pú-blico.

Após a palestra, o desembargadorOrlando Carvalho apresentou os resultadosobtidos no TJMG com base no Gerencia-mento pelas Diretrizes (GPD). Destacou onúmero de processos distribuídos, julgadose encerrados na Justiça de 1ª Instância, na2ª Instância e nos Juizados Especiais. Citoumecanismos adotados para a agilização dosserviços prestados, como a diminuição dotempo de tramitação processual e a implan-tação do processo eletrônico (Sistema CNJ)

“Administrar é estar, constantemente,diante de vários desafios, críticas e deman-das, buscando atender às prioridades. Pro-curamos sempre chegar ao ideal ou, pelomenos, dar mais um passo para alcançarmelhorias, embora não tenhamos dúvidasde que haverá sempre o ‘por fazer’”. Essasreflexões fizeram parte do discurso do pre-sidente do TJMG, desembargador OrlandoCarvalho, ao abrir, no dia 13 de março, asatividades do Circuito de Integração. O pro-grama é um instrumento permanente de co-municação entre os diversos segmentos dainstituição, com a finalidade de difundir a-ções gerenciais e incentivar a participaçãode todos nos processos de gestão.

O convidado do dia foi o professor evice-governador do Estado, AntônioAugusto Anastasia, que proferiu palestrasobre “Gestão no Serviço Público”. Aoapresentar o palestrante, o desembargadorOrlando Carvalho definiu-o como “umhomem de bem”. “E não digo isso comintuito de, simplesmente, tecer elogios.Acredito que as pessoas de bem precisamser valorizadas e reconhecidas publica-mente”, completou.

Ao iniciar a palestra, o vice-governador,em consonância com as palavras do desem-bargador Orlando Carvalho, afirmou quesempre há a sensação de que se tem algopor fazer. “Quanto mais se faz, mais se écobrado”, enfatizou. Lembrou que a Admi-nistração Pública, dadas suas dimensões ecaracterísticas, tem uma demanda infinita.

Anastasia falou da importância de seintroduzirem mudanças e valores da gestãoempreendedora a partir do seu corpogerencial. Destacou que, historicamente, aAdministração Pública nunca foi considera-da relevante, ficando sempre em um terrenoperiférico.

Segundo o palestrante, a inflação viven-

nos Juizados.O evento foi prestigiado por vários

magistrados, entre eles o 2º vice-presidentedo TJMG e superintendente da EscolaJudicial Desembargador Edésio Fernandes(Ejef), desembargador Reynaldo XimenesCarneiro; o 3º vice-presidente, desembarga-dor Jarbas Ladeira; e o presidente do Con-selho de Supervisão e Gestão dos JuizadosEspeciais, desembargador José FernandesFilho, além de gestores e servidores.

O programa é uma realização da Asses-soria de Comunicação Institucional (Ascom),em parceria com a Escola Judicial e com aSecretaria Executiva de Planejamento eQualidade na Gestão Institucional (Seplag),do TJMG.

A palestra integrou a primeira fase doCircuito de Integração. A segunda contarácom encontros semanais com servidores,terceirizados e estagiários. E a terceira faseserá realizada após a conclusão do Redese-nho da 1ª Instância, com encontros regio-nais.

Administração Pública

Resultados

Cronograma

Circuito de

Integração

Vanderleia Rosa

tema AdministraçãoPública “passou doporão da casa à sala

de visita”, mostrando-se umaexigência e passando aconstar da agenda nacional

OAntônio Augusto Anastasia falou sobre

“Gestão no Serviço Público”

Guilherme Dardanhan

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IMPR

ESS

O

Daniel Oliveira

C U L T U R A

A Patagônia é uma região belíssima, com paisagens espetaculares,tanto no lado argentino quanto no lado chileno. As agências locais oferecemdiversas excursões e passeios, a partir de cidades como Ushuaia, ElCalafate, Punta Arenas e El Chaltén.

É muito gratificante ver a limpeza e a organização dos parquesnacionais e os cuidados exigidos pelos guias turísticos, preocupados coma preservação da natureza e com a prestação de um serviço de qualidade.

A partir de El Calafate, na Patagônia Argentina, um dos passeios maisbonitos e impactantes é ao Glaciar Perito Moreno (foto), um dos 356 doParque Nacional Los Glaciares, declarado, em 1981, Patrimônio Natural daHumanidade pela UNESCO. Trata-se do glaciar mais famoso, pois, alémde ter uma superfície de 195 km², oferece um fenômeno natural único: aruptura de imensos blocos de gelo, que caem sobre o rio com um estrondode trovão – um espetáculo impressionante!

É uma viagem que, realmente, vale a pena, muito linda e prazerosa.

Patrícia Pereira Silva – Cetaq/Unidade Francisco Sales

se apaixona pela namorada do irmão de Chloe,Nola Rice (Scarlett Johansson), uma mulher tãovoluptuosa quanto instável. Preso na teia criadapor si mesmo entre as duas mulheres, Wilton sevê obrigado a fazer uma escolha entre a razão (ariqueza e a estabilidade de Chloe) e a paixão (aquímica explosiva com Nola).

Ao trocar Nova York, seu cenário habitual,por Londres, os diálogos ágeis de Woody Allendeixam a comicidade em segundo plano, emfavor de uma crítica social ferina, em que acapital inglesa ainda obedece a estratos sociaisvitorianos. Na análise fria e cínica do caráter deseus personagens, Match point é herdeiro deuma tradição literária que passa pelo francêsÉmile Zola, pelo português Eça de Queiroz epelo russo Fiódor Dostoievski – cujo clássicoCrime e castigo é citado diretamente no filme.

À forte carga moral desses livros, contudo,Woody Allen acrescenta o elemento da sorte,como essa manifestação do inesperado queisenta a vida de um sentido simplista de justiçaou punição. No fim das contas, o cinismo deAllen mostra que a sorte acompanha seu prota-gonista porque ele é esperto – principalmentepara saber que ninguém tem todas as respostase é por isso que as pessoas confiam em supers-tições.

Match point será exibido no Cineclube TJ

no próximo dia 24 de abril. A sessão será às 19h,no auditório da Unidade Francisco Sales - av.Francisco Sales, 1446, térreo -, com comentáriosdo desembargador Sérgio Braga. Curador damostra, ele faz apontamentos que relacionam oconteúdo do filme ao universo do Direito e daJustiça.

A sorte reside naquele espaço entre o quese pode controlar e o que não se pode. Para oprofessor de tênis Chris Wilton, protagonista deMatch point (2005), ela está no local da rede emque a bola resvala “e, por um segundo, decidese segue para o outro lado ou cai para trás”.

Essa digressão, feita por Wilton logo noinício do filme, é a metáfora utilizada pelo diretorWoody Allen para representar os momentos emque a vida de alguém pode seguir para um ououtro lado – o sucesso total ou o fracassoabsoluto –, independentemente de sua moral oucaráter. Simplesmente por um golpe de sorte.

Na história, Chris Wilton (Jonathan Rhys-Meyers) é o professor de tênis de classe médiaque vê no romance com a aluna Chloe (EmilyMortimer) a chance rápida e fácil de ascendersocialmente. No meio do caminho, porém, ele

C L I C K D O L E I T O R

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Match point é golpe de sorte noCineclube TJ

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