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Prticas Restaurativas: Um Novo Paradigma de Justia

Lgia Fernandes da Silva

Alex Eduardo Gallo

Vernica Bender Haydu

Departamento de Psicologia Geral e Anlise do Comportamento

Universidade Estadual de Londrina

Julho de 2015

Quando se comete um crime ou delito, em geral, a forma de resposta a esse ato

ocorre a partir da aplicao de uma pena, que visa culpar o indivduo pelo

comportamento ilegal. Os dados crescentes de reincidncia e aumento da criminalidade

denotam que talvez esse no seja o melhor caminho para lidar com o problema da

criminalidade. Diante disso, a proposta da Justia Restaurativa surge como uma

alternativa para a consequenciao de crimes.

O modelo tradicional de justia evidencia as leis vulneradas e tem como foco

principal culpar e punir do transgressor. Alm disso, concentra a deciso sobre os

delitos nas mos de profissionais representantes do ofensor, da vtima e do Estado,

sendo o juiz o responsvel pela imposio da pena, que muitas vezes no tem relao

com o delito. Como resultado, observa-se que a punio e a ameaa de punio nem

sempre previnem novos delitos.

De acordo com a proposta restaurativa, a transgresso no entendida

exclusivamente como uma falha do indivduo, mas como um problema social e

comunitrio, que deve ser tratado com empatia, conforme afirma Tiveron (2009). Tendo

isso em vista, a Justia Restaurativa ergue-se sobre trs pilares: os danos e as

necessidades das vtimas, as obrigaes do ofensor, e o engajamento dos demais

envolvidos e interessados na resoluo do conflito. As intervenes dos processos

restaurativos, portanto, visam levar o ofensor a assumir a responsabilidade e no a

culpa, por suas aes. uma alternativa que surge com o propsito de ampliar o leque

de possibilidades de interveno nos contextos penal e criminal.

As prticas mais comumente empregadas em processos restaurativos so as

mediaes, reunies comunitrias, crculos de resoluo de conflitos ou encontros

restaurativos em grupo. Essas prticas ocorrem em ambientes de informalidade, onde

vtima e ofensor so postos em dilogos mediados por uma pessoa treinada. O objetivo

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que as partes envolvidas cheguem juntas a uma concluso sobre a melhor forma de

proceder diante das repercusses do delito.

No Brasil alguns projetos piloto tm sido implantados e prticas isoladas vm

ganhando fora, a partir das inciativas de alguns grupos de pessoas engajados na causa.

Em geral, essa metodologia aplicada no mbito escolar, com a participao de

crianas e adolescentes, envolvidos em diferentes tipos de conflito. A Justia

Restaurativa tambm pode ser aplicada como medida alternativa para adolescentes em

conflito com a lei. Dentre os principais delitos aos quais so aplicadas medidas

restaurativas, figuram ameaas de roubos, furtos, agresses fsicas, ofensas verbais e em

alguns casos de crimes violentos, como roubos e estupros (Silva, 2007).

Em sntese, entende-se que a Justia Restaurativa tem seu surgimento justificado

pela necessidade de mudana de paradigma, no que tange consequenciao de crimes.

Alm disso, essa mudana de paradigma no deve ser restrita aos tribunais, mas pode

ser praticada cotidianamente por toda a sociedade civil, a partir da inteirao sobre o

assunto, e aplicao na vida diria.

Referncias

Tiveron, R. (2009). Promover justia com perdo e alteridade: a proposta da Justia

Restaurativa. Universitas Jus, 19, 35-61.

Silva, K. D. R. (2007). A Justia Restaurativa e sua aplicao no Brasil. Braslia: Universidade

de Braslia, UnB. Recuperado de

http://www.fesmpdft.org.br/arquivos/1_con_Karina_Duarte.pdf.