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BANCO MUNDIAL JUVENTUDE E EMPREGO EM ÁFRICA A Potencialidade, o Problema, a Promessa Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

Juventude e emprego em África - The World Bank...ADI contém também um estudo intitula-do: “Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema e a Promessa.” A escolha

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BANCO MUNDIAL

Juventude e emprego em

ÁfricaA Potencialidade, o Problema,

a Promessa

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Typewritten Text
53841
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Copyright © 2009 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento/Banco Mundial, 1818 H Street, N.W. Washington, D.C. 20433, E.U.A.

Todos os direitos reservados. Feito nos Estados Unidos da América. Primeira impressão em Dezembro de 2008

Este volume é um produto dos funcionários do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento/Banco Mundial. As constatações, interpretações e conclusões expressas neste volume não reflectem, necessariamente, as opiniões dos Directores Executivos do Banco Mundial ou dos governos que representam.

O Banco Mundial não garante a exactidão dos dados incluídos nesta obra. As fronteiras, cores, denominações e outras informa-ções indicadas em qualquer mapa deste trabalho não implicam nenhum juízo por parte do Banco Mundial quanto à situação legal de qualquer território ou o endosso ou aceitação de tais fronteiras.

Direitos e AutorizaçõesO material nesta publicação está protegido por direitos de autor. A cópia e/ou transmissão de parte ou da totalidade deste traba-lho pode constituir uma violação da lei aplicável. O Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento/Banco Mundial incentiva a disseminação desta obra e, normalmente, concede prontamente autorização para reproduzir partes do trabalho.

Para a obtenção de autorização para fotocopiar ou reimprimir qualquer parte desta obra, é favor enviar o seu pedido com informa-ções completas para Copyright Clearance Center Inc., 222 Rosewood Drive, Danvers, MA 01923, E.U.A.; telefone: 978-750-8400; fax: 978-750-4470; Internet: www.copyright.com.

Todas as outras questões relacionadas com direitos e licenças, incluindo direitos subsidiários, deverão ser endereçados ao Office of the Publisher, The World Bank, 1818 H Street NW, Washington, DC 20433, USA; fax: 202-522-2422; e-mail: [email protected].

Para encomendar Africa Development Indicators 2008/09, The Little Data Book on Africa 2008/09, the Africa Development Indicators 2008/09-Multiple User CD-ROM, é favor visitar www.worldbank.org/publications. Para assinar Africa Development Indicators Online é favor visitar: http://publications.worldbank.org/ADI

Para mais informações sobre os Indicadores do Desenvolvimento de África (Africa Development Indicators) e outros produtos asso-ciados, é favor visitar www.worldbank.org/africa. Pode enviar-nos um e-mail para o endereço seguinte: [email protected]. Desenho da Capa por Word Express, Inc.

Dohatec New Media preparou a estrutura de navegação e o desenho da interface do CD-ROM Indicadores do Desenvolvimento de África 2008/09.

Créditos fotográficos: capa frente por Jonathan Ernst e capa traseira por Arne Hoel/Banco Mundial. O mapa de África foi cedido por The Map Design Unit/World Bank.

ISBN: 978-0-8213-7787-1 e-ISBN: 978-0-8213-7795-6DOI: 10.1596/978-0-8213-7787-1 SKU: 17787

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Conteúdo iii

Prefácio viAgradecimentos vii

Os Jovens e o Emprego em África:O Potencial, o Problema, a Promessa 1Introdução 1Factos estilizados acerca da juventude e dos mercados de trabalho em África 5Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada 11 e multissectorial e uma estreita monitorizaçãoConclusões 25Referências 27

Quadros de indicadores 29Parte I - Indicadores básicos e contas nacionais

1. Indicadores básicos1.1 Indicadores básicos 30

2. Contas nacionais2.1 Produto interno bruto, nominal 312.2 Produto interno bruto, real 322.3 Crescimento do produto interno bruto 332.4 Produto interno bruto per capita, real 342.5 Crescimento do produto interno bruto per capita 352.6 Renda nacional bruta, nominal 362.7 Renda nacional bruta, real 372.8 Renda nacional bruta per capita 382.9 Deflator do produto interno bruto (série em moeda local) 392.10 Deflator do produto interno bruto (série em USD) 402.11 Inflação e índice de preços ao consumidor 412.12 Índices de preços 422.13 Poupança interna bruta 432.14 Poupança nacional bruta 442.15 Despesa de consumo final do governo Despesa 452.16 Despesa de consumo final familiar 462.17 Despesa de consumo final mais a discrepância 472.18 Despesa de consumo final mais a discrepância per capita 482.19 Valor adicionado da agricultura 492.20 Valor adicionado da indústria 502.21 Valor adicionado dos serviços mais a discrepância 512.22 Formação bruta de capital fixo 522.23 Formação bruta de capital fixo do governo 532.24 Formação bruta de capital fixo do setor privado 542.25 Saldo de recursos (exportações menos importações) 55

Conteúdo

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iv África indicadores do desenvolvimento 2008/09

2.26 Exportações de bens e serviços, nominal 562.27 Importações de bens e serviços, nominal 572.28 Exportações de bens e serviços (% do PNB) 582.29 Importações de bens e serviços (% do PNB) 592.30 Balança de pagamentos e conta corrente 602.31 Estrutura da demanda 612.32 Taxas de câmbio e paridade do poder de compra 62

Parte II Objectivos de Desenvolvimento do Milénio

3. Objectivos de Desenvolvimento do Milénio3.1 Objectivo 1 de Desenvolvimento do Milénio: erradicar a pobreza extrema e a fome 643.2 Objectivo 2 de Desenvolvimento do Milénio: alcançar a educação primária universal 663.3 Objectivo 3 de Desenvolvimento do Milénio: promover a igualdade do género 67 e capacitar as mulheres3.4 Objectivo 4 de Desenvolvimento do Milénio: reduzir a mortalidade infantil 683.5 Objectivo 5 de Desenvolvimento do Milénio: melhorar a saúde materna 693.6 Objectivo 6 de Desenvolvimento do Milénio: combater o HIV/SIDA, a malária 70 e outras doenças3.7 Objectivo 7 de Desenvolvimento do Milénio: assegurar a sustentabilidade ambiental 723.8 Objectivo 8 de Desenvolvimento do Milénio: desenvolver uma parceria global para 74 o desenvolvimento

Parte III. Resultados do desenvolvimentoQuadro de resultados

4. Indicadores da Declaração de Paris4.1 Situação dos indicadores da Declaração de Paris 76

5. Desenvolvimento do setor privado5.1 Ambiente de negócios 785.2 Clima de investimentos 80

6. Comércio exterior6.1 Comércio internacional e barreiras tarifárias 826.2 Três principais produtos de exportação e suas quotas no total das exportações, 2005 846.3 Integração regional e blocos comerciais 86

7. Infra-estrutura7.1 Água e saneamento 907.2 Transporte 927.3 Tecnologia da informação e comunicações 947.4 Energia 967.5 Infra-estrutura do setor financeiro 98

Participação no crescimento8. Desenvolvimento humano8.1 Educação 1008.2 Saúde 102

9. Agricultura, desenvolvimento rural e meio ambiente9.1 Desenvolvimento rural 1069.2 Agricultura 1089.3 Meio ambiente 1109.4 Mudança climática 114

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Conteúdo v

10. Trabalho, migração e população10.1 Participação da força de trabalho 11610.2 Composição da força de trabalho 11810.3 Desemprego 11210.3 Migração e população

11. HIV/SIDA11.1 HIV/SIDA 124

12. Malária12.1 Malária 126

13. Estados e parcerias capazes 13.1 Ajuda externa e alívio da dívida 12813.2 Estados capazes 13013.3 Governança e indicadores de corrupção 13213.4 Classificação da Avaliação Institucional e das Políticas dos Países 13413.5 Indicadores da organização política 136

Parte IV: Bem-estar domiciliar14. Bem-estar domiciliar14.1 Pesquisa domiciliar de Burquina Faso 2003 13714.2 Pesquisa domiciliar dos Camarões 2001 13814.3 Pesquisa domiciliar da Etiópia 1999/00 13914.4 Pesquisa domiciliar da Libéria 2007 14014.5 Pesquisa domiciliar do Malawi 2003/04 14114.6 Pesquisa domiciliar do Níger 2005 14214.7 Pesquisa domiciliar da Nigéria 2003/04 14314.8 Pesquisa domiciliar de São Tomé e Príncipe 2000/01 14414.9 Pesquisa domiciliar da Serra Leoa 2002/03 14514.10 Pesquisa domiciliar da Tanzânia 2000/01 14614.11 Pesquisa domiciliar do Uganda 2005/06 147

Guia do usuário 149

Notas técnicas 153

Indicadores do Desenvolvimento de África CD-ROM 211

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Durante séculos, os dados foram utilizados como um instrumento para a tomada de de-cisões. Para escolher entre duas opções de políticas públicas — construir ou não uma ponte, por exemplo — os analistas recorriam a dados para avaliar os custos e benefícios de cada uma das opções e informar o decisor em conformidade. Mais recentemente, os dados passaram a ter um novo papel: um instru-mento para obrigar os responsáveis a presta-rem contas pelas decisões tomadas. Quando os dados são tornados públicos, os cidadãos podem utilizá-los para questionar as decisões dos formuladores de políticas e responsabi-lizá-los, se não imediatamente, pelo menos periodicamente através das urnas eleitorais. A publicação de boletins de notas dadas pelos cidadãos em Bangalore, na Índia; os levanta-mentos para detectar as despesas públicas no Uganda; e os índices de corrupção universais da Transparency International são apenas três exemplos do poder que os dados conferiram aos cidadãos para responsabilizar as entida-des públicas pelos seus actos.

O ADI (Indicadores do Desenvolvimento de África) visa desempenhar ambos os pa-péis. Inicialmente previsto como um instru-mento para ajudar a tomada de decisões, ao apresentar comparações transversais de vá-rios dados (discernir padrões no desenvolvi-mento africano bem como excepções a esses padrões), o ADI evoluiu no sentido de uma ferramenta em prol da transparência. Jor-nalistas, investigadores, estudantes, Organi-zações da Sociedade Civil e outros cidadãos utilizam os dados comparativos do ADI para fazer perguntas tais como: por que é que o país deles não está a ter um desempenho tão bom, em certas áreas, como outros países comparáveis; ou então, por que é que o país deles está a ter um desempenho tão notável e tão pouco reconhecimento.

Prefácio

Com vista a servir, eficazmente, de fer-ramenta em prol da transparência, qualquer conjunto de dados tem de cumprir determi-nados critérios. O primeiro é a exactidão. To-dos os dados contidos no ADI são rigorosa-mente conferidos e novamente comparados; só os dados que passem vários testes estatís-ticos aparecem no documento. Em segundo lugar, os dados têm de ser acessíveis ao pú-blico. É por esta razão que o ADI é conhecido em todo o mundo; a nova versão melhorada on-line permite um acesso fácil e uma mani-pulação dos dados que se adapta às necessi-dades e gostos de cada um. Em terceiro lugar, os dados têm de ser proeminentes — têm de dizer respeito a questões importantes para as pessoas. A versão deste ano inclui novos conjuntos de dados sobre alteração climática e governação, entre outros.

Seguindo uma tradição de dois anos, o ADI contém também um estudo intitula-do: “Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema e a Promessa.” A escolha deste tópico é óbvia. Encontrar emprego produtivo para os 200 milhões de africanos com idades entre os 15 e 24 anos é, certamente, um dos maiores desafios do continente. O que o estudo mostra, contudo, é que a pessoa jovem mediana em África é do sexo feminino, pobre, que não frequenta a escola e vive numa zona rural. Esta constata-ção — com base num exame cuidadoso dos dados — tem implicações importantes na concepção de políticas, bem como na orien-tação política das medidas destinadas aos jovens. Mais uma vez, os dados podem ter o papel duplo de informarem escolhas de polí-ticas a seguir e de habilitarem os cidadãos a exigir uma prestação de contas dos políticos.

Obiageli K. Ezekwesili Vice-Presidente, Região África

vi África indicadores do desenvolvimento 2008/09

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Indicadores do Desenvolvimento Africano (ADI) é uma obra da Região África do Banco Mundial.

Jorge Saba Arbache teve a seu cargo a gestão deste livro e obras associadas — Afri-ca Development Indicators Online 2008/09, Africa Development Indicators 2008/09— Multiple User CD-ROM e Little Data Book on Africa 2008/09. Rose Mungai chefiou o tra-balho de reunião, verificação da consistên-cia e compilação de dados. A equipa nuclear incluía Mpho Chinyolo, Françoise Genouille, Jane K. Njuguna e Christophe Rockmore. O trabalho global foi efectuado sob a orienta-ção e supervisão de Shantayanan Devarajan, Economista Chefe da Região África.

Pablo Suarez Robles prestou assistência na investigação e Harold Alderman, Mayra Bu-vinic, Louise Fox, Caterina R. Laderchi e Paul Moreno-Lopez ofereceram comentá-rios úteis sobre uma versão anterior deste estudo.

Azita Amjadi, Abdolreza Farivari, Richard Fix, Shelley Lai Fu, Shahin Outadi, William Prince, Atsushi Shimo e Malarvizhi Veera-ppan colaboraram na produção de dados. Maja Bresslauer, Mahyar Eshragh-Tabary, Victor Gabor e Soong Sup Lee participaram na actualização da Live Data Base. Mehdi Akhlaghi colaborou na produção do Little Data Book on Africa 2008/09.

Agradecimentos

As caixas constantes do livro e das notas técnicas desfrutaram de contribuições pres-tadas por Aziz Bouzaher (mudança climáti-ca), Sebastien Dessus (PPP), John May (tran-sição demográfica), Gary Milante (conflitos), Deepak Mishra e Mesfin Girma Bezawagaw (inflação), Pierella Paci e Catalina Gutierrez (desemprego), David Wilson e Elizabeth Lule (prevalência e incidência do VIH), Quentin Wodon (preços alimentares, papel das orga-nizações de teor religioso e pobreza e migra-ção) e Ali Zafar (zona Franco).

Aziz Bouzaher orientou o quadro sobre mudança climática e Gary Milante os qua-dros sobre conflitos e regime político.

Ann Karasanyi e Ken Omondi prestaram apoio administrativo e logístico. Delfin Go e Yutaka Yoshino apresentaram comentários e sugestões gerais.

Várias instituições forneceram dados para o ADI. O seu contributo foi altamente apreciado.

A Word Express, Inc. orientou o desenho, montagem e maquete. Dohatec New Media preparou a estrutura de navegação e o mode-lo de interface do CD-ROM dos Indicadores do Desenvolvimento de África 2008/09.

Os funcionários das Relações Exterio-res, incluindo Herbert Boh, Richard Crab-be, Lillian Foo, Gozde Isik, Valentina Kalk e Malika Khek supervisionaram a publicação e disseminação do livro e obras associadas.

Agradecimentos vii

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Introdução 1

A população mundial actual conta com cerca de 1,2 bilhão de pessoas com idades compre-endidas entre os 15 e 24 anos, um aumento de 17% em relação a 1995, ou seja, 18% da população mundial. Aproximadamente 87% dessa população jovem vive em países com economias em desenvolvimento. Em Áfri-ca, 200 milhões de pessoas situam-se nessa faixa etária, representando mais de 20% da população (Nações Unidas 2007). Em 2005, 62% da população total de África tinha me-nos de 25 anos. A taxa de fertilidade, ainda muito elevada, juntamente com a transição demográfica que gradualmente está a ocor-rer na região, provavelmente aumentarão a pressão enfrentada pelos países africanos no sentido da criação de emprego ao longo das próximas décadas.1

Em todo o mundo, e em África também, o rácio da taxa de desemprego jovem/adulto é igual a três (OIT 2006), o que indica cla-ramente as grandes dificuldades de partici-pação dos jovens no mercado de trabalho. Contudo, a elasticidade do emprego jovem face ao crescimento do PIB é baixa e apenas um quinto da registada para todos os traba-lhadores (Kapsos 2005). Consequentemente, os jovens constituíram 43,7% do total de de-sempregados no mundo, apesar de represen-tarem apenas 25% da população trabalhado-ra. Mais de um terço da população jovem do mundo ou está à procura mas não consegue encontrar trabalho, desistiu por completo de procurar emprego ou está a trabalhar mas continua a viver abaixo do patamar de pobre-za de USD 2 por dia. Na África Subsariana, três em cinco da totalidade de desemprega-dos são jovens (OIT 2006) e, em média, 72% da população jovem vive com menos de USD 2 por dia (Quadro 1).

A juventude de África não forma um gru-po homogéneo e as suas perspectivas de em-

Introdução

prego variam de acordo com a região, género, idade, nível de instrução, etnia e situação de saúde, exigindo assim medidas de interven-ção diferentes. No entanto, o típico jovem africano, conforme mostram as medianas, é facilmente identificável: é do sexo femini-no, com 18,5 anos, vive numa área rural, é alfabetizada mas não está a frequentar um estabelecimento de ensino (Quadro 2).2

País Menos de USD 2 por dia

Burundi, 1998 85,7

Costa do Marfim, 1998 46,5

Camarões, 2001 49,1

Etiópia, 2000 70,7

Gana, 1998 66,5

Quénia, 1997 54,4

Madagáscar, 2001 81,7

Moçambique, 1996 75,4

Malawi, 1997 66,3

Nigéria, 1996 92,9

Serra Leoa, 2003 68,0

Uganda, 1999 93,8

Zâmbia, 1998 86,3

SSA-13 (média) 72,1

SSA-13 (mediana) 70,7

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program (SHIP). Nota: Uma pessoa é considerada pobre se a despesa familiar total anual per capita, dividida por 365, ficar abaixo do patamar de pobreza. O patamar de pobreza de “USD 2 por dia” — USD 2,17 por dia em Paridade do Poder de Compra (PPC) aos preços de 1993 — define-se como 2,17 vezes o produto da taxa de câmbio da PPC do consumo de 1993 e o rácio da média do índice de preços do consumidor para o ano do levantamento e da média do índice de preços do consumidor para 1993. As taxas de câmbio para os IPC e a PPC foram retiradas, respectivamente, de Indicadores do Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial 2007 e PovCalNet (Banco Mundial).

Quadro 1 Incidência da pobreza entre os jovens (%) na África Subsariana

A idade jovem está definida entre os 15 e os 24 1

anos e a idade adulta entre os 25 e os 64 anos. Taxas de mortalidade mais altas para os homens 2

por conta de homicídios, conflitos relacionados com a guerra, doenças e outras causas ajudam a explicar este padrão.

Os Jovens e o Emprego em África: O Potencial, o Problema, a Promessa

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2 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

Como uma forma de escapar à pobreza, muitos jovens recorrem à migração, numa busca de melhores oportunidades. Na reali-dade, a migração para áreas urbanas é ine-vitável, e até mesmo desejável, como uma forma de melhorar a afectação de recursos humanos, especialmente em países com pe-quena extensão territorial. Sendo mais pro-vável que os jovens, e não os mais idosos, se desloquem das zonas rurais para as urbanas ou se movam entre as zonas urbanas, este aumento da migração jovem tem um vasto impacto. Aumenta a pressão sobre o empre-go sem necessariamente melhorar as condi-ções de trabalho daqueles que permanecem nas zonas rurais; faz-se sentir na prestação de bens públicos, educação, serviços de uti-lidade pública, habitação e infra-estrutura; e afecta a composição demográfica e das qualificações tanto nas zonas urbanas como rurais. Dado que cerca de 70% da população jovem africana ainda se encontra nas zonas rurais, e que as áreas urbanas têm sido mui-to lentas a criar oportunidades de emprego para a maior parte dos novos candidatos a

emprego, há necessidade de uma abordagem integrada e coerente em que as políticas ade-quadas à juventude nas áreas urbanas este-jam intimamente associadas com as políticas favoráveis aos jovens nas zonas rurais. Este tipo de abordagem é essencial, caso os go-vernos queiram moderar os impactos preju-diciais de uma rápida migração e, ao mesmo tempo, preparar a juventude rural para uma mobilidade mais compensadora.

Enquanto, nalguns países, as alterações demográficas constituem o principal factor responsável pelas elevadas taxas de desem-prego e de subemprego dos jovens, muitos dos desafios presentes no emprego dos jo-vens também podem estar relacionados com a dinâmica e as oportunidades do mercado de trabalho. A facilidade e a eficácia com que a po-pulação jovem encontra emprego dependem igualmente do grau de preparação do merca-do de trabalho para os receber e da preparação dos jovens para o mercado de trabalho.

Há um grande grupo de jovens que en-tra no mercado de trabalho muito cedo, o que afecta o seu progresso nesse mercado.

Frequenta País Localização Sexo Idade Alfabetizado Estabelecimento Ensino

Dados SHIP

Burundi, 1998 Rural 93,9% Fem. 54,9% 18 Sim 71,4% Não 25,6%

Costa do Marfim, 1998 Urbana 46,8% Fem. 51,9% 19 Sim 60,7% Não 27,6%

Camarões, 2001 Rural 56,4% Fem. 52,5% 19 Sim 82,4% Não 46,2%

Gana, 1998 Rural 57,8% Masc. 49,7% 18 Sim 65,9% Não 41,3%

Guiné, 1994 Rural 57,2% Fem. 50,6% 19 Não 30,6% Não 18,4%

Quénia, 1997 Rural 81,0% Fem. 51,9% 19 Sim 93,5% Não 42,0%

Moçambique, 1996 Rural 76,9% Fem. 52,3% 19 Sim 51,1% Não 19,2%

Mauritânia, 2000 Rural 55,5% Fem. 52,9% 18 Sim 70,2% Não 27,6%

Malawi, 1997 Rural 87,4% Fem. 52,7% 19 Sim 62,9% Não 40,1%

Nigéria, 1996 Rural 56,4% Fem. 53,8% 18 Sim 74,3% Não 46,7%

Serra Leoa, 2003 Rural 51,9% Fem. 52,4% 18 Não 43,2% Não 42,8%

São Tomé e Príncipe, 2000 Urbana 40,9% Masc. 49,9% 19 Sim 94,1% Não 25,0%

Uganda, 1999 Rural 82,8% Fem. 51,3% 18 Sim 79,0% Não 43,7%

Zâmbia, 1998 Rural 59,8% Fem. 52,8% 19 — — Não 30,2%

SSA-14 (média) — 64,6% — 52,1% — 67,6% — 34,0%

SSA-14 (mediana) — 57,5% — 52,4% — 70,2% — 35,1%

Dados LFS

Etiópia, 2005 Rural 79,6% Fem. 53,2% 19 No 49,9% — —

Madagáscar, 2005 Rural 76,0% Fem. 51,7% 19 Sim 75,2% Não 23,0%

Tanzânia, 2005 Rural 70,5% Fem. 53,1% 19 Sim 83,0% Não 28,7%

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP), Etiópia LFS 2005, Tanzânia ILFS 2005/06 e Madagáscar EPM 2005.Nota: Não está disponível.

Quadro 2 Jovem africano típico – mediana

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Introdução 3

A taxa de participação de crianças entre os 5–14 3

anos é de cerca de 30% na África Subsariana (Ban-co Mundial 2008).

A curto prazo, as famílias pobres ganham com o trabalho infantil; consequentemente, no curto prazo existem perdas de bem-estar social para as famílias rurais decorrentes das sanções impostas ao trabalho infantil.3 Mas, para o desenvolvimento a longo prazo, o tra-balho infantil comporta um custo em termos de instrução não consumada e persistência da pobreza de longo prazo.

Os ambientes de pós-conflito apresen-tam desafios específicos para a juventude (por exemplo, homens desocupados recen-temente desarmados e jovens deslocados), uma vez que nesses ambientes predominam as populações jovens, muitas das quais foram privadas de instrução, cresceram em socie-dades violentas e, muitas vezes, foram elas próprias combatentes. O emprego e a criação de emprego para os jovens deveria, portanto, ser uma componente chave dos processos de construção da paz.

A energia, qualificações e aspirações dos jovens são recursos valiosos que nenhum país se pode permitir desperdiçar, e ajudá-los a realizar o seu potencial mediante o acesso ao emprego é uma pré-condição para eliminação da pobreza, desenvolvimento sustentável e paz duradoura. Face aos imensos desafios que os jovens encontram para conseguir trabalho, o emprego da juventude tem conquistado uma proeminência crescente nas agendas de desenvolvimento, depois de, no passado, ter sido amplamente negligenciado nas estraté-gias nacionais de desenvolvimento.

O problema do emprego para os jovens está presente em todos os países de África, independentemente do seu estágio de de-senvolvimento socioeconómico, mas o con-

texto socioeconómico dá uma contribuição importante para a natureza e dimensão do problema. Enquanto consideram medidas para ajudar os jovens a fazer a transição para o mercado de trabalho e arranjar trabalho, os responsáveis pela formulação de políticas têm a sua tarefa dificultada pela falta de in-formação sobre quais são as suas opções, o que dá resultado em diferentes situações e o que já foi tentado e falhou.

Este estudo analisa estas questões. A primeira parte apresenta factos estilizados relativos aos jovens e aos mercados de tra-balho em África. A segunda parte discute as intervenções do passado em matéria de emprego da juventude na região. Defende a necessidade de uma abordagem integra-da, caso os governos queiram enfrentar as questões de emprego dos jovens de uma forma sustentável. Na realidade, os países africanos, com sectores informais de gran-de dimensão e predominância da população rural, se apenas reformarem as instituições do mercado de trabalho e implementarem políticas activas para o mercado de traba-lho provavelmente produzirão um impacto limitado. Este estudo argumenta ainda que as abordagens mais necessárias e atraentes são: a expansão de alternativas de emprego e de educação nas áreas rurais, onde vive a maior parte da juventude; promoção e fo-mento da mobilidade; criação de um clima de negócios favorável; desenvolvimento do sector privado; melhoria do acesso e da qua-lidade da formação de qualificações; resolu-ção de questões demográficas que afectem mais directamente a juventude; e redução do trabalho infantil.

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Factos estilizados acerca da juventude e dos mercados de trabalho em África 5

Factos estilizados acerca da juventude e dos mercados de trabalho em África

Em 2005, a taxa de participação no mercado de trabalho de jovens do sexo masculino era de 73,7% (OIT 2006), uma das mais altas do mundo (OIT 2006, Nações Unidas 2007).

Os jovens representam 36,9% da popula-ção em idade produtiva, mas correspondem a 59,5% do total dos desempregados, valor muito superior ao da média mundial em 2005 (43,7%), o que reflecte as graves deficiências da procura de trabalho na região (OIT 2006). A quota de jovens desempregados entre o nú-mero total de desempregados pode chegar a atingir 83% no Uganda, 68% no Zimbabwe e 56% na Burkina.4

O desemprego entre os jovens é frequen-temente superior ao desemprego entre os adultos (Quadro 3).

O desemprego da juventude está mais acentuado nas zonas urbanas (Quadro 4) e é mais elevado entre os que possuem uma ins-trução superior e os que provêm de famílias abastadas. Em média, o desemprego entre os que possuem o ensino secundário é até três vezes mais elevado do que entre aqueles que não possuem nenhum grau de instrução, e o desemprego é duas vezes mais alto entre os jovens provenientes de famílias no quin-to (ou mais elevado) quintil de rendimento comparativamente àqueles que se situam no primeiro quintil de rendimento (Figura 1).5

O desemprego, conforme definido pela OIT, é 4

considerado cada vez mais inadequado para ca-racterizar os mercados de trabalho dos países de baixo rendimento (Cling et al. 2006; Fares et al. 2006; Banco Mundial 2006, entre outros). O de-semprego da juventude não fornece uma descri-ção completa e adequada das dificuldades com que os jovens se deparam no mercado de trabalho. De facto, em países com pobreza generalizada, a taxa de desemprego pode ser enganadora porque a maior parte dos jovens não se pode permitir estar desempregada. As dificuldades do mercado de tra-

balho podem ser melhor representadas pelas me-didas de qualidade do emprego ou pelas medidas do subemprego. A título ilustrativo, o desemprego da juventude era apenas 0,8% no Malawi, 2,1% na Burkina e 0,7% em Ruanda (Nações Unidas 2007). Logo, o desemprego não deveria ser a principal componente da estratégia de emprego dos jovens ou o principal indicador de desempenho dos resul-tados dos mercados de trabalho em África.Estabelecer a distinção entre rural e urbano está 5

cada vez mais difícil, especialmente com a expansão das zonas semi-urbanas, onde uma grande propor-ção das populações confia nas actividades agrícolas para atender às necessidades de sobrevivência.

Empregados Desempregados Fora da força de trabalho

Jovens Adultos Jovens Adultos Jovens Adultos

Dados SHIP

Burundi, 1998 70,4 95,8 0,3 0,4 29,3 3,8

Costa do Marfim, 1998 51,4 81,8 3,0 2,9 45,6 15,3

Camarões, 2001 42,7 80,9 7,2 4,7 50,1 14,4

Gana, 1998 17,7 78,4 31,3 8,7 51,0 12,9

Guiné, 1994 69,9 87,8 8,3 5,3 21,8 6,9

Quénia, 1997 20,8 58,2 3,7 1,1 75,5 40,7

Moçambique, 1996 22,0 59,5 2,2 1,4 75,8 39,1

Mauritânia, 2000 28,4 50,4 3,1 3,4 68,6 46,2

Malawi, 1997 20,3 58,8 1,3 1,5 78,4 39,7

Nigéria, 1996 23,1 76,7 5,5 1,2 71,4 22,1

Serra Leoa, 2003 40,4 85,4 52,5 10,2 7,1 4,4

São Tomé e Príncipe, 2000 32,8 68,1 4,1 0,8 63,1 31,1

Uganda, 1999 17,9 66,0 0,7 0,6 81,4 33,4

Zâmbia, 1998 38,7 77,7 6,7 4,2 54,6 18,1

SSA-14 (média) 35,5 73,3 9,3 3,3 55,3 23,4

SSA-14 (mediana) 30,6 77,2 3,9 2,2 58,9 20,1

Dados LFS

Etiópia, 2005 72,8 86,5 2,9 1,9 24,3 11,6

Madagáscar, 2005 71,7 93,3 1,7 2,6 26,6 4,1

Tanzânia, 2005 74,4 93,5 4,9 1,9 20,7 4,6

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP), Etiópia LFS 2005, Madagáscar EPM 2005 e Tanzânia ILFS 2005/06.

Quadro 3 Distribuição de jovens e de adultos por situação laboral (em %)

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6 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

Os jovens têm maior probabilidade do que os adultos de trabalhar no sector informal e menor probabilidade de ter um emprego as-salariado ou trabalhar por conta própria. Em

2005, na Etiópia, 81,4% e 12,5% dos jovens estavam empregados respectivamente no sector informal e no trabalho por conta pró-pria, face a 43% e 49,6% dos adultos.

Há maior probabilidade de os jovens tra-balharem mais horas ao abrigo de acordos de trabalho inseguros e intermitentes, caracte-rizados por baixa produtividade e pagamen-to reduzido. O subemprego é mais corrente entre os jovens do que os adultos e mais predominante nas zonas rurais do que nas urbanas (Figuras 2 e 3).6

Os jovens estão sobretudo empregados na agricultura (Figura 4), onde representam 65% do emprego total (OIT 2007).

Nas zonas rurais, os jovens trabalham mais horas e gastam uma grande parte do seu trabalho em tarefas domésticas. Na Eti-ópia rural, trabalham 43 horas por semana, em contraste com as 31 horas de trabalho nas zonas urbanas. Dessas 43 horas de tra-balho, os jovens rurais gastam 31 horas com tarefas domésticas (buscar água, apanhar lenha e outras actividades), face às 22 horas gastas nessas tarefas nas áreas urbanas.

SSA – 16 países (média)

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP).

Rácios de desemprego entre os jovens por nível de educação e quintis ponderados das despesas familiarestotais per capita

Figura 1

0

5

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15

20

Sem escolaridade

Ensino primário incompleto

Ensino primário completo

Secundário completo

ou terciário

SSA – 14 países (média)

0

5

10

15

20

1º Quint 2º Quint 3º Quint 5º Quint4º Quint

Empregada Desempregada Fora da força de trabalho

Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

Dados SHIP

Burundi, 1998 14,9 74,0 5,2 0,0 79,9 26,0

Costa do Marfim, 1998 31,5 73,6 5,1 0,6 63,4 25,9

Camarões, 2001 25,9 55,6 12,5 3,1 61,6 41,3

Gana, 1998 16,2 18,7 36,7 27,4 47,1 53,9

Guiné, 1994 40,0 92,2 16,2 2,4 43,8 5,4

Quénia, 1997 36,2 17,2 8,4 2,6 55,4 80,2

Moçambique, 1996 20,9 22,4 3,5 1,7 75,6 75,9

Mauritânia, 2000 17,6 37,0 5,4 1,2 77,0 61,8

Malawi, 1997 14,5 21,2 2,6 1,1 82,9 77,7

Nigéria, 1996 22,9 23,3 6,4 4,8 70,7 71,9

Serra Leoa, 2003 22,9 56,6 67,9 38,2 9,2 5,2

São Tomé e Príncipe, 2000 30,5 36,3 3,2 5,4 66,4 58,3

Uganda, 1999 25,6 16,3 2,3 0,4 72,1 83,3

Zâmbia, 1998 16,6 53,6 11,9 3,2 71,5 43,2

SSA-14 (média) 24,0 42,7 13,4 6,6 62,6 50,7

SSA-14 (mediana) 22,9 36,7 5,9 2,5 68,6 56,1

Data LFS

Etiópia, 2005 40,7 81,1 10,0 1,0 49,3 17,9

Madagáscar, 2005 50,5 78,4 4,6 0,7 44,9 20,9

Tanzânia, 2005 56,0 82,1 13,4 1,3 30,6 16,6

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP), Etiópia LFS 2005, Madagáscar EPM 2005 e Tanzânia ILFS 2005/06,

Quadro 4 Distribuição da juventude urbana e rural por situação laboral (em %)

A taxa de subemprego refere-se ao total dos su-6

bempregados, expressa como uma proporção do total dos empregados. Uma pessoa é classificada como subempregada se o número total de horas tra-balhadas durante a semana for inferior a 30. Relati-vamente à Etiópia e à Tanzânia, uma pessoa é con-siderada subempregada se, adicionalmente, estiver disponível para trabalhar mais horas. Esta informa-ção não está disponível para os outros países.

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Factos estilizados acerca da juventude e dos mercados de trabalho em África 7

A juventude rural ligada à agricultura está em desvantagem em termos de situa-ção de emprego, comparativamente àqueles que se dedicam a actividades não agrárias (Quadro 5).

A África Subsariana tem a taxa de con-clusão do ensino primário mais baixa de qualquer região (60% face a 91% na região do Médio Oriente e Norte de África, 98% na região da Ásia Oriental e Pacífico, 99% na re-gião da América Latina e Caraíbas e 86% em todas as regiões em 2005). Em 2002, mais de um terço da população jovem na região ainda era analfabeta (OIT 2006).

A população jovem urbana tem ao seu al-cance mais oportunidades de educação, per-manecendo mais anos no sistema escolar e entrando na força de trabalho mais tarde do que os jovens rurais. No Burundi, 57% dos jovens das zonas urbanas frequentam a esco-la, contrastando com 23% nas zonas rurais; nos Camarões, as percentagens são de 48% e 24%; em Moçambique, de 30% e 15% (Gar-cia e Fares 2008).

O subemprego é mais provável entre jovens do sexo feminino, que também têm maior probabilidade de estar fora da força de trabalho (Quadros 6 e 7).

As jovens trabalham mais horas do que os homens e têm maior tendência a envolver-se em actividades fora do mercado. Na Etiópia, trabalham 48 horas por semana contra 32 horas para os homens. Dessas horas, gastam 36 horas por semana em actividades domésti-cas, em contraste com as 15 horas de trabalho masculino nessas tarefas (Etiópia LFS 2005).

As jovens têm menor nível de instrução e de matrículas escolares. Na Serra Leoa (2003), 53% dos jovens e 33% das jovens frequentavam a escola, ao passo que no Uganda (1999) os valores eram de 53% e 35%, respectivamente (dados SHIP). Em 2005, os rácios líquidos de matrículas es-colares masculinas e femininas em África eram de 71% e 65% no ensino primário e 28% e 23% no ensino secundário, respecti-vamente. O rácio bruto de matrícula escolar de jovens do sexo masculino no ensino ter-ciário era de 6%, enquanto o de jovens do sexo feminino era de 4%.

A juventude de África segue dois cami-nhos na sua transição para a vida de tra-balho: muitos vão directamente trabalhar, com pouco proveito da instrução oficial, en-

Jovens Adultos

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP), Etiópia LFS 2005, Madagáscar EPM 2005 e Tanzânia ILFS 2005/06.

Taxas de desemprego entre jovens e adultosFigura 2

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Tanz

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05

Urbana Rural

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP), Etiópia LFS 2005, Madagáscar EPM 2005 e Tanzânia ILFS 2005/06.

Taxas de desemprego entre jovens de zonas rurais e urbanasFigura 3

70

60

50

40

30

20

10

5

Cam

arõe

s 01

Etió

pia

05

Gana

98

Guin

é 94

Mad

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5

Moç

ambi

que

96

Mau

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0

Mal

awi 9

7

Nigé

ria 9

6

Serra

Leo

a 0

3

Tanz

ânia

05

Trabalhadores familiares Emprego com salário Trabalho por conta própria não remunerados

Agric. Não-agric. Agric. Não-agric. Agric. Não-agric.

Etiópia, 2005 2,2 20,2 14,8 45,1 83,0 34,7

Madagáscar, 2005 3,6 37,7 10,0 22,7 86,4 39,6

Tanzânia, 2005 1,5 19,6 82,5 42,1 16,0 38,3

Fonte: Etiópia LFS 2005, Madagáscar EPM 2005 e Tanzânia ILFS 2005/06

Quadro 5 Distribuição dos jovens trabalhadores rurais nos sectores agrícola e não agrícola por situação laboral (em %)

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8 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

Os que entram directamente no mercado de trabalho estão mal preparados, o que os torna muito vulneráveis às mudanças de-mográficas e de procura. Logo, têm maior probabilidade de ficar presos a empregos de baixa produtividade.

Crianças e jovens começam cedo a traba-lhar — um quarto das crianças com idade entre 5–14 anos estão a trabalhar e estima-se que 31% das crianças com idades compre-endidas entre 10–14 estejam a trabalhar. No Burundi, este número chega a 50% (Garcia e Fares, 2008).

Muitos jovens deslocam-se das áreas ru-rais para as urbanas, em busca de mais opor-tunidades. Na Etiópia, 53% dos migrantes da zona rural para a urbana são jovens e as principais razões que os levam a migrar são o acesso à educação (57%) e a procura de tra-balho (22%) (Etiópia LFS 2005).

Os jovens migrantes do sexo masculino têm maior probabilidade de estar desem-pregados e fora da força de trabalho do que os seus congéneres não migrantes (Garcia e Fares 2008).

Os residentes nas zonas urbanas têm menor probabilidade de estar empregados do que os jovens recentemente migrados das zonas rurais para as urbanas. Contudo, os migrantes recentes que estão empregados têm maior probabilidade de trabalhar em empregos inseguros. Na Etiópia, a probabi-lidade é três vezes maior de estarem envolvi-dos em actividades informais.

Os jovens migrantes rurais recentes têm um nível de instrução mais alto do que os residentes em áreas rurais, mas menos ins-trução do que os residentes urbanos nati-vos, o que sugere uma auto-selecção. Na Etiópia, 74,9% dos migrantes jovens recen-tes eram analfabetos ou só tinham o ensi-no primário, comparativamente a 57% dos jovens residentes urbanos nativos e 97,7% dos jovens residentes em zonas rurais (Eti-ópia LFS 2005).

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP), Etiópia LFS 2005, Madagáscar EPM 2005 e Tanzânia ILFS 2005/06.

Quota de trabalhadores jovens na agricultura (em %)Figura 4

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Cost

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Homens Mulheres

Dados SHIP

Camarões, 2001 26,3 40,7

Gana, 1998 22,2 30,0

Guiné, 1994 4,4 16,3

Moçambique, 1996 33,6 42,0

Mauritânia, 2000 63,1 66,9

Malawi, 1997 26,5 36,7

Nigéria, 1996 6,1 6,7

Serra Leoa, 2003 2,9 7,4

SSA-8 (média) 23,1 30,8

SSA-8 (mediana) 24,3 33,4

Dados LFS

Etiópia, 2005 12,0 16,4

Madagáscar, 2005 15,1 23,2

Tanzânia, 2005 13,5 12,4

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP), Etiópia LFS 2005, Madagáscar EPM 2005 e Tanzânia ILFS 2005/06.

Quadro 6 Taxas de subemprego entre jovens do sexo masculino e feminino (em %)

Definição de Expectativa de Frequência Escolar 7

da UNESCO: “Número de anos que se espera que uma criança permaneça na escola ou na universi-dade, incluindo os anos repetentes. É a soma dos rácios de matrícula, específicos da idade, para o ensino primário, secundário, pós secundário não terciário e terciário.” (Fonte: Base de Dados do Instituto de Estatísticas da UNESCO.)

quanto outros entram na força de trabalho depois de algum tempo no sistema formal de ensino. A expectativa estimada de fre-quência escolar situa-se entre 2,9 anos no Níger (2002) e 4,4 na RDC (1999) e 11,7 nas Maurícias ( 2002) e 12,4 na África do Sul (2001).7 Salvo raras excepções, a expec-tativa estimada de frequência escolar é mais alta para o sexo masculino.

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Factos estilizados acerca da juventude e dos mercados de trabalho em África 9

Em 1999–2003 a elasticidade do empre-go dos jovens relativa ao crescimento do PIB na África Subsariana era 0,62, inferior aos 0,90 em 1995–1999 (Kapsos 2005).

Antes dos 24 anos de idade, a maior parte das jovens do sexo feminino já tinha casado mas, em muitos países, casam-se ainda mais cedo. Em Moçambique, 47% das mulheres já estavam casadas antes dos 19 anos; no Chade, 49%; na Guiné, 46%; no Mali, 50%; na Serra Leoa, 46%; no Níger, 62% ( Nações Unidas 2007). A idade mediana do primeiro casamen-to para as mulheres é tão baixa como 15,2 no Níger (1998), 15,8 no Chade (1997), 16,1 na Guiné (1999), 16,3 no Mali (2001) e 16,7 na Etiópia (2000) e no Senegal (1997).8

A maternidade ocorre muito cedo. Em 2003, em Moçambique, 58% das mulheres na faixa dos 15–24 anos já tinham dado à luz pelo menos uma vez e 18% da popula-ção masculina nesta faixa de idade eram pais. Estes números são respectivamente 57% e 17% no Malawi (2004), 57% e 7% no Níger (2006), 53% e 10% no Chade (2004), 47% e 15% no Uganda (2006) e 47% e 17% no Gabão (2000). A idade mediana no primeiro nascimento é 17,9 no Níger (1998), 18,2 no Chade (1997), 18,6 na Guiné (1999) e 18,7 no Gabão (2000), Mali (2001) e Moçambi-que (1997).9

As jovens do sexo feminino que foram mães têm um grau de instrução muito infe-rior àquelas que não foram mães (Quadro 9).

Esses factos estilizados sugerem que os jovens, em geral, são um grupo vulnerável que enfrenta desafios no mercado de traba-lho mas também indicam que os jovens liga-dos à agricultura e as jovens do sexo femini-no se deparam com desafios especialmente mais intensos.

Empregados Desempregados Fora da força de trabalho

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

Dados SHIP

Burundi, 1998 67,4 72,8 0,4 0,3 32,2 26,9

Costa do Marfim, 1998 53,4 49,4 3,0 3,0 43,6 47,6

Camarões, 2001 43,6 41,8 8,5 6,0 47,9 52,2

Gana, 1998 15,7 19,7 29,0 33,7 55,3 46,6

Guiné, 1994 66,3 73,4 6,6 9,9 27,1 16,7

Quénia, 1997 23,5 18,3 4,6 2,8 71,9 78,9

Moçambique, 1996 28,6 16,0 3,7 0,7 67,7 83,2

Mauritânia, 2000 36,4 21,2 4,1 2,2 59,5 76,6

Malawi, 1997 21,9 18,9 2,0 0,8 76,1 80,3

Nigéria, 1996 27,1 19,6 7,9 3,4 65,0 77,0

Serra Leoa, 2003 31,5 48,5 60,6 45,2 7,9 6,3

São Tomé e Príncipe, 2000 47,4 18,2 5,3 2,8 47,3 78,9

Uganda, 1999 22,1 13,9 1,0 0,5 76,9 85,6

Zâmbia, 1998 38,1 39,3 8,1 5,5 53,8 55,3

SSA-14 (média) 37,4 33,6 10,3 8,3 52,3 58,0

SSA-14 (mediana) 34,0 20,5 5,0 2,9 54,6 66,0

Dados LFS

Etiópia, 2005 78,7 67,7 2,2 3,4 19,1 28,9

Madagáscar, 2005 72,3 71,1 1,3 2,0 26,4 26,9

Tanzânia, 2005 74,9 74,0 4,1 5,5 21,0 20,5

Fonte: Survey-Based Harmonized Indicators Program do Banco Mundial (SHIP), Etiópia LFS 2005, Madagáscar EPM 2005 e Tanzânia ILFS 2005/06.

Quadro 7 Distribuição dos jovens do sexo masculino e do sexo feminino por situação laboral (em %)

Matrículas no ensino primário

Masc. (% bruta) 99

Fem. (% bruta) 87

Masc. (% líquida) 71

Fem. (% líquida) 65

Matrículas no ensino secundário

Masc. (% bruta) 35

Fem. (% bruta) 28

Masc. (% líquida) 28

Fem. (% líquida) 23

Matrículas no ensino terciário

Masc. (% bruta) 6

Fem. (% bruta) 4

Fonte: WDI 2007.Nota: Taxa bruta de matrícula é o rácio total de matrículas, independentemente da idade, para a população do grupo etário que oficialmente corres-ponde ao nível de instrução indicado. O rácio líquido de matrículas é o rácio entre as crianças na idade escolar oficial, com base na Classificação Internacional Padronizada de educação de 1997, que estão inscritas na escola, e a população da idade escolar oficial correspondente.

Quadro 8 Rácios de Matrículas Escolares, 2005

Para a coorte de mulheres com idades entre 25–29 8

anos, na altura do levantamento. (Fonte: ORC Ma-cro, 2004. Measure DHS STATcompiler).Para a coorte de mulheres com idades entre 25–9

29 anos, na altura do levantamento. (Fonte: ORC Macro, 2004. Measure DHS STATcompiler).

Page 18: Juventude e emprego em África - The World Bank...ADI contém também um estudo intitula-do: “Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema e a Promessa.” A escolha

Sem instrução Primária Secundária Superior

Deram à luz Não deram à luz Deram à luz Não deram à luz Deram à luz Não deram à luz Deram à luz Não deram à luz

Benim, 2006 69,2 32,7 20,6 26,0 9,9 39,3 0,3 2,0

Burkina Faso, 2003 82,4 60,9 12,7 19,0 4,8 19,3 0,0 0,8

Camarões, 2004 24,5 9,4 43,0 32,4 32,2 55,5 0,3 2,7

Chade, 2004 71,8 58,9 21,4 26,3 6,6 14,4 0,2 0,4

Etiópia, 2005 73,6 36,1 20,4 41,5 5,6 20,7 0,3 1,7

Gabão, 2000 5,6 3,4 37,4 29,7 56,0 64,4 1,0 2,5

Gana, 2003 26,7 10,9 27,6 19,4 45,3 66,3 0,4 3,4

Guiné, 2005 79,4 47,4 12,3 23,9 8,0 28,3 0,2 0,4

Quénia, 2003 10,3 4,7 70,2 60,8 18,3 29,5 1,2 5,0

Lesoto, 2004 1,4 0,3 62,2 53,1 36,1 45,9 0,3 0,7

Madagáscar, 2004 28,1 13,9 54,5 42,8 17,0 40,7 0,3 2,7

Malawi, 2004 12,5 4,0 70,8 66,2 16,5 28,7 0,1 1,1

Mali, 2006 79,9 55,0 12,3 17,1 7,6 26,8 0,2 1,1

Moçambique, 2003 38,1 19,7 56,4 60,3 5,4 19,7 0,1 0,4

Namíbia, 2000 9,2 2,9 28,4 31,2 61,7 65,3 0,7 0,6

Níger, 2006 86,9 65,3 10,1 17,1 3,0 17,2 0,0 0,5

Nigéria, 2003 53,7 17,5 21,0 18,6 24,0 57,9 1,3 6,0

Ruanda, 2005 24,4 9,2 69,9 80,9 5,4 9,5 0,3 0,4

Senegal, 2005 70,4 42,4 24,1 33,3 5,3 23,4 0,2 0,9

Suazilândia, 2006 6,4 1,7 35,1 32,2 56,6 63,3 1,9 2,8

Tanzânia, 2004 27,5 16,7 68,2 66,8 3,8 15,3 0,5 1,2

Uganda, 2006 12,1 2,9 68,0 58,9 18,0 33,2 1,9 5,0

Zâmbia, 2002 12,8 6,4 61,1 50,4 25,0 41,2 1,1 2,0

23-SSA (média) 39,4 22,7 39,5 39,5 20,5 35,9 0,6 1,9

23-SSA (mediana) 27,5 13,9 35,1 32,4 16,5 29,5 0,3 1,2

Fonte: Levantamentos Demográficos e de Saúde.Nota: Jovens do sexo feminino que deram à luz pelo menos uma vez são as jovens para quem o número total de crianças nascidas (incluindo crianças que morreram) é, pelo menos, igual a um.

Quadro 9 Distribuição de jovens do sexo feminino que deram ou não à luz por nível de escolaridade alcançado (em %)

10 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

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Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada e multissectorial e uma estreita monitorização 11

Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada e multissectorial e uma estreita monitorização

urbanas; maternidade precoce; e o difícil aces-so aos meios que permitam aos jovens envol-ver-se produtivamente na economia. Esses desafios são agravados pelos conflitos e pela discriminação baseada no género, etnia, raça, religião, cultura, saúde ou situação familiar, o que também requer uma acção resoluta.

Intervenções anteriores destinadas a apoiar os jovens trabalhadores na África Subsariana: o que é que sabemos?O Banco Mundial compilou um inventário global das intervenções concebidas para inte-grar os jovens no mercado de trabalho (Puerto 2007, Rother 2006). Onze dos 29 programas na África Subsariana abrangidos pelo inven-tário têm uma abordagem ampla e de servi-ços múltiplos. Na maior parte dos casos, es-ses programas dependem quase inteiramente do financiamento externo concedido por instituições dadoras internacionais, por or-ganismos bilaterais e suas agências nacionais de implementação. Esses programas incluí-am elementos cujo alvo era ajudar os jovens a começar os seus próprios negócios, combi-nados com elementos de desenvolvimento de qualificações e formação profissional. Sete programas centravam-se exclusivamente em aumentar as oportunidades para jovens empresários. Abrangiam, normalmente, mó-dulos para ajudar os jovens a começar o seu próprio negócio, proporcionando orientação na redacção de propostas de projectos e de planos de negócios; condução de estudos de viabilidade; aconselhamento em requisitos le-gais; e maior acesso ao crédito e empréstimos para arranque das actividades. Um exemplo dessa categoria de programas, o Youth Dairy Farm Project no Uganda, dá apoio aos jovens mediante formação na gestão de criação de gado e de produtos agrícolas, que os jovens depois vendem. Seis programas centravam-

Face aos desafios enfrentados pelos jovens nos mercados de trabalho em África, con-forme indicado pelos factos estilizados, para se assegurar aos jovens que é possível pro-curar com êxito um emprego poderá reque-rer acções concertadas e de longo prazo, que abrangem uma vasta gama de políticas e pro-gramas. Na verdade, o sucesso não poderá ser alcançado e sustentado através de interven-ções fragmentadas e isoladas. Uma resposta de políticas públicas exigirá uma colaboração com as famílias e comunidades em múltiplos sectores, tanto nas zonas rurais como urba-nas, e a criação de políticas que evoluirão ao longo de períodos de tempo ampliados e va-riados. Uma orientação abrangente, mas de importância fundamental, para se responder ao desafio do emprego dos jovens é a neces-sidade de uma estratégia integrada para o de-senvolvimento, o crescimento e a criação de emprego rurais. Este tipo de política integra-da deve cobrir todos os aspectos da procura e da oferta do mercado de trabalho e levar em conta a mobilidade dos jovens dos meios rurais para os urbanos. Deve, assim, ser com-binada com intervenções direccionadas com o propósito de ajudar os jovens a superar as desvantagens na entrada e permanência no mercado de trabalho.

Intervenções direccionadas mas coerentes deveriam ter em conta os desafios específicos do género e da idade dos jovens; as aspira-ções da juventude que não correspondem às realidades do mercado de trabalho; a falta de experiência profissional que os torna menos atraentes aos olhos dos empregadores; o difí-cil acesso ao ensino e à formação e a sua baixa qualidade, especialmente nas zonas rurais; a falta de organização e voz para garantir que as suas necessidades sejam consignadas em políticas e programas; a concentração demo-gráfica e a migração das zonas rurais para as

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12 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

se sobretudo na formação de qualificações para os jovens e quatro programas visavam melhorar o funcionamento dos sistemas de formação existentes para os jovens. Estes úl-timos pretendiam melhorar os sistemas de formação profissional altamente fragmenta-dos e orientados para os insumos mediante a actualização das instalações de formação pro-fissional; a melhoria da qualidade dos centros de formação; o aperfeiçoamento da qualidade da instrução; e a actualização dos processos destinados a equilibrar a procura e a oferta de mão-de-obra por meio de melhores sistemas de coordenação e de informação. Por último, um programa caracterizava-se por tornar o mercado de trabalho melhor para os jovens: o programa de obras públicas da África do Sul abrange projectos de infra-estrutura, o sector ambiental e o sector social e visa aumentar a intensidade de mão-de-obra dos programas financiados pelo governo e criar oportunida-des de emprego em programas públicos am-bientais.

As intervenções nos países mais pobres em geral enfocaram jovens empresários e seguiram um esquema de programas de ser-viços múltiplos. Essas intervenções contras-tam com a situação dos países de rendimen-to médio, como por exemplo África do Sul e Namíbia, onde as amplas abordagens de ser-viços múltiplos foram usadas predominante-mente para integrar na força de trabalho os jovens desempregados, principalmente por meio da prestação de programas de forma-ção de qualificações.

Os trabalhadores jovens eram o principal centro de atenção da maior parte das inter-venções de emprego incluídas no inventário. Vinte e dois dos 29 programas (76%) visa-vam exclusivamente jovens trabalhadores, enquanto sete programas estavam abertos a trabalhadores desempregados de todos os grupos de idade. A maior parte dos progra-mas destinados a jovens trabalhadores visa-vam melhorar as perspectivas de emprego para os jovens empreendedores, formação de qualificações, ou implementação de uma abordagem de serviços múltiplos. Oito pro-gramas centravam-se em áreas urbanas, seis em zonas rurais e 15 em ambas as zonas.

Onze dos 29 programas dirigiam-se a jo-vens do sexo feminino e três programas visa-vam jovens trabalhadores com deficiências. Além disso, 12 programas destinavam-se a

jovens com baixo rendimento e 17 a jovens com níveis baixos de ensino formal. De re-ferir que a etnia não pareceu ser um critério de selecção. Em geral, podem observar-se complementaridades significativas nos alvos dos programas. Por exemplo, a maioria dos programas que visam os jovens de baixo ren-dimento também visam jovens com baixo ní-vel de escolaridade. Observa-se uma tendên-cia semelhante nos programas que têm por alvo mulheres ou jovens com deficiências, os quais, ao mesmo tempo, visam jovens de fa-mílias de baixo rendimento com nenhum ou com baixo nível de instrução.

No entanto, as avaliações do impacto dos programas — um elemento precioso para orientar a política a seguir — têm sido muito baixas na África Subsariana e até inferiores às de qualquer outra região em desenvolvi-mento. Isto pode explicar-se, em parte, pelo pequeno número de programas de emprego para jovens na região, a fraca disponibilidade de dados e ao facto de as avaliações raramen-te acompanharem os resultados posteriores ao programa.

Em geral, os programas na África Sub-sariana incluídos no inventário não foram avaliados adequadamente. Enquanto, por exemplo, 11 programas incluíam informa-ções sobre resultados brutos no mercado de trabalho, 16 programas não dispunham de qualquer informação sobre resultados ou então desconhecia-se o nível de avaliação. Apenas dois tinham informações suficientes para dar a indicação de um impacto positivo. No caso de 10 programas — incluindo três programas para formação de empresários, três programas para formação de qualifica-ções, um programa “destinado a fazer com que os sistemas de formação funcionem me-lhor para os jovens”, um programa de obras públicas e dois programas de serviços múlti-plos — uma tentativa de avaliação, baseada nas limitadas informações disponíveis, iria apontar para um impacto positivo nos resul-tados do mercado de trabalho. No entanto, não é claro se os benefícios excederam os custos associados com a implementação dos programas em todos os casos.

Dois programas (PCY Uganda e a Inicia-tiva de Cooperação Suíça-África do Sul), que tiveram uma abordagem ampla e de serviços múltiplos, e para os quais foi feita uma aná-lise de impacto, receberam as notas mais ele-

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Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada e multissectorial e uma estreita monitorização 13

vadas relativamente à qualidade das suas in-tervenções. Estes programas produziram um impacto positivo nos resultados dos merca-dos de trabalho e foram eficazes em função do custo. O PCY segue uma abordagem in-tegrada e multidimensional para a promoção das necessidades das crianças e dos jovens nas áreas de trabalho social para os jovens e com eles, informações e aconselhamento, actividades de empreendedorismo e de em-prego por conta própria e desenvolvimento de qualificações locais.

De acordo com o inventário, parece que as intervenções de sucesso na região estão, muitas vezes, associadas com um pacote de serviços multifacetados e integrados, tais como formação de qualificações, promoção do empreendedorismo e contemplação de elementos sociais. Adicionalmente, os pro-gramas destinados a reforçar o empreende-dorismo também parecem produzir resulta-dos satisfatórios em muitos casos.

Relativamente a todos os programas com avaliações de impactos positivos incluídos no inventário — 73 dos 289 programas imple-mentados em 84 países em todo o mundo —, parece que as abordagens amplas, de serviços múltiplos, tiveram um resultado melhor do que a média. Na América Latina, os Progra-mas Jovenes, por exemplo, foram amplamen-te analisados e citados como uma história de sucesso no que toca a assistir jovens tra-balhadores em países em desenvolvimento (Banco Mundial 2007). Usam um modelo impulsionado pela demanda que tem por alvo os jovens economicamente desfavorecidos, promovem a participação do sector privado e estimulam a competição entre os prestado-res de formação. Têm tido êxito na colocação em empregos e no aumento dos salários, mas tornaram-se particularmente caros para al-guns países, onde têm sido substituídos por intervenções menores e mais centradas.10 Os programas de empreendedorismo também ti-veram desempenho superior à média. Apesar da baixa frequência das intervenções e das avaliações, esta categoria de programa apre-senta melhorias no emprego e salários dos jovens. Globalmente, os programas relaciona-dos com a formação profissional tiveram rela-tivamente menos sucesso do que a média.

Enquanto os programas de emprego dos jovens forem relativamente raros nos países da África Subsariana, serão necessárias ava-

liações mais sistemáticas e cuidadosas do desempenho do programa para se poderem tirar conclusões firmes para as políticas. As avaliações, quando existem, normalmente não analisam o efeito das intervenções para as políticas.

As particularidades dos países africanos e a falta de informações e avaliações mais sistemáticas quanto ao que funciona levam à necessidade de discutir e explorar áreas para intervenções. Este estudo discute, em seguida, as áreas que deveriam ser incluídas como elementos importantes nas agendas de desenvolvimento e que têm por objectivo responder às necessidades de emprego dos jovens em África.

Expandir as oportunidades de empregos ruraisA população rural de África é muito elevada e uma proporção substancial da mão-de-obra está associada à agricultura, tornando as ac-tividades rurais uma parte fundamental da equação do emprego jovem. A não ser que as zonas urbanas consigam criar um número maciço de empregos, o que se afigura impro-vável porque a maior parte dos países ainda não iniciou a sua transição para a industriali-zação, qualquer agenda de desenvolvimento tem de reconhecer que, no curto prazo, só as actividades rurais, agrárias ou não, podem

Estimativas dos custos unitários dos Programas 10

Jovenes vão desde os USD 600 até cerca de USD 2 000 por participante atendido. Nas avaliações do impacto de todos os programas existem evidên-cias de que houve um aumento da probabilidade de emprego e do salário dos participantes após conclusão do programa, comparados com os do seu grupo de controlo. Embora caro, mostraram-se eficazes em função do custo. As primeiras evi-dências do Peru indicam que o efeito positivo dos ganhos deverá durar pelo menos sete anos para que o PROJoven produza um ganho positivo lí-quido. Uma recente versão longitudinal do parea-mento baseado no escore de propensão (propensity score matching) do PROJoven mostra uma taxa de rentabilidade interna positiva, consistentemente superior a 4%. Na República Dominicana, o in-vestimento em formação é recuperado ao fim de dois anos. Embora o programa tenha produzido resultados positivos na América Latina, não signi-fica que funcionará necessariamente noutros con-textos. São, portanto, necessários projectos piloto e uma avaliação cuidadosa dos resultados, se os governos pretenderem replicá-los em África.

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14 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

efectivamente dar ocupação à maioria dos novos candidatos a emprego.

Há questões conceptuais relacionadas com as especificidades das economias e mer-cados de trabalho africanos. Na verdade, os mercados de trabalho nos países em desen-volvimento, particularmente na África Sub-sariana, são diferentes dos de outros países na medida em que a maior parte da força de trabalho se distribui por empregos informais, emprego por conta própria ou inactividade. Os mercados rurais de trabalho remunerado são muito reduzidos e quase todos os jovens ocupados praticam actividades na agricultura de subsistência ou na produção doméstica não remunerada e aí o desemprego é tradicional-mente muito baixo. As condições de trabalho na agricultura são particularmente desfavorá-veis e podem ser arriscadas. Este facto, a par do baixo rendimento e perspectivas limitadas de melhoria do nível de vida e do nível de edu-cação, incentiva os jovens à migração.

Escolhas bem equilibradas em investimen-tos intensivos em empregos na agricultura e outras actividades rurais não agrícolas podem criar oportunidades imediatas de emprego de curto prazo mais facilmente ao alcance dos jovens. Em combinação com estratégias locais adequadas de desenvolvimento econó-mico, essa abordagem pode gerar mais em-pregos sustentáveis. De facto, um estudo na Libéria (FAO/OIT/Ministério da Agricultura 2007) demonstrou que a agricultura moder-na tem potencial considerável para a criação de empregos e de riqueza, podendo absorver grande número de futuros migrantes jovens ou jovens que actualmente inundam as cida-des em situação de subemprego. No entanto, isso exige estratégias destinadas a tornar a agricultura uma opção suficientemente atrac-tiva para eles, com a adoção de alternativas à agricultura de subsistência e a introdução de melhorias na comercialização e na produtivi-dade, por meio de mudanças tecnológicas e apoio à infra-estrutura. As recentes mudan-ças no mercado global de alimentos, na ciên-cia e tecnologia e numa série de instituições que afectam a competitividade estão a criar novos desafios à competitividade dos peque-nos agricultores, mas também novas oportu-nidades de geração de rendimento.

Para se criar empregos, será necessário um progresso mais célere a fim de aumen-tar a produtividade agrícola e conectar as

populações pobres aos mercados. Um cres-cimento sustentado que reduza a pobreza rural exigirá um crescimento significativo no valor acrescentado agrícola e abordagens multissectoriais que solucionem os hiatos e apoiem as agro-indústrias, assim como a di-versificação rural. Para a criação de empregos que aumentem os rendimentos rurais e o bem-estar e, consequentemente, retenham os jovens é necessário aumentar os inves-timentos em irrigação, gestão dos recursos hídricos e pesquisa e extensão; maior núme-ro de serviços públicos rurais; e aumento do uso de sementes de melhor qualidade, ferti-lizantes e práticas agrícolas aperfeiçoadas. É também necessário contemplar a vulnerabi-lidade aos choques relacionados com o tem-po e a capacidade limitada dos agricultores, os incentivos distorcidos (incluindo políticas governamentais) que mantêm os agriculto-res numa actividade de subsistência, o mau funcionamento dos mercados de insumo/produto e a fraca capacidade institucional para gerir o risco de insegurança alimentar. Um aumento do investimento em estradas rurais, electricidade rural e comunicações permitirá que as zonas rurais tenham melho-res ligações às oportunidades de mercado.

Também são necessários investimentos na educação rural para se aumentar a produ-tividade rural e o bem-estar dos habitantes das áreas rurais. Como os jovens trabalhado-res rurais de hoje podem vir a ser os trabalha-dores urbanos de amanhã, é vital investir no capital humano nas áreas rurais, não apenas como uma fuga à pobreza no sector agrícola, mas também como um meio de criar opor-tunidades que permitam às pessoas migrar com êxito e contribuir para o crescimen-to económico das cidades (Banco Mundial 2009). De facto, migrantes com maior nível de educação têm maior probabilidade de mi-grarem com êxito.

Como a mobilidade é maior entre os jo-vens, também são eles os que têm maior pro-babilidade de mudar de sectores e tirar par-tido das novas oportunidades (ver Caixa 1). Assim, as políticas concebidas para desenvol-ver os sectores agrícola e não agrícola terão um efeito particularmente pronunciado nos jovens, mesmo quando eles não sejam o seu alvo específico. A promoção de pequenas e médias empresas rurais que utilizem novas tecnologias, por exemplo, pode ter um im-

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Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada e multissectorial e uma estreita monitorização 15

pacto diferencial na juventude, dada a facili-dade que os jovens têm de usá-las.

Com a criação de empregos e de opor-tunidades de ensino, as áreas rurais podem tornar-se mais atraentes para os jovens traba-lhadores, atrasando, assim, eventualmente, a migração rural/urbana. Trata-se de um as-sunto da maior importância que os governos deveriam tentar minorar para impedir o cres-cimento do desemprego e do subemprego da juventude urbana e a degradação do bem-es-tar nas já congestionadas cidades africanas.

A migração da juventude pode alterar sig-nificativamente a composição da população rural, o que apresenta os seus próprios desa-fios ao desenvolvimento rural, porque a mi-gração é muitas vezes selectiva. Os que par-tem são em geral os mais novos, com mais instrução e melhor qualificados profissional-mente. A migração jovem pode, portanto, diminuir o grau de empreendedorismo e de educação entre a população restante. Acres-ce que a migração pode alterar a composição do género nas populações rurais. Mas a mi-gração também apresenta vários benefícios, pois diversifica os riscos, contribui para o rendimento rural através das remessas e au-menta o conhecimento e as oportunidades. O desafio, então, é encontrar o conjunto apropriado de incentivos que faça com que a migração jovem contribua o máximo para elevar os níveis de vida, tanto nas zonas ru-rais como urbanas.

As oportunidades de emprego para a ju-ventude rural não se encontram apenas na agricultura, mas também fora deste sector. Contando com as povoações rurais, o sector rural não agrícola representa cerca de 20% das oportunidades de emprego na África Subsariana. A história do desenvolvimento económico mostra que o desenvolvimento do sector não agrícola está associado com o aumento da produtividade no campo. As inovações tecnológicas aumentam a produ-tividade da lavoura, libertando mão-de-obra para o sector rural não agrícola. A faixa de oportunidades nas áreas rurais é bastante mais vasta do que pode parecer à primeira vista.

A economia rural não agrícola pode gerar uma quota significativa das receitas rurais, valor que tem aumentado em vários países. As receitas são significativamente mais ele-vadas em actividades não agrícolas, sobretu-

do por causa das diferenças de qualificações. Em alguns casos, essa quota de rendimento mais elevada é o resultado do fracasso dos cultivos ou de outros choques adversos no sector agrícola. Na maioria dos casos, porém, o aumento da produtividade no sector agrí-cola faz subir o rendimento agrário e, con-sequentemente, a procura de bens e serviços produzidos fora da agricultura. As evidências internacionais demonstram que a produtivi-dade do trabalho é maior nesses casos, quan-do medida em função do valor acrescentado por trabalhador.

Se bem que a agricultura ainda seja a maior fonte de receitas rurais em África, as quotas de rendimentos provenientes de ac-tividades rurais não agrícolas no rendimen-to total já são relativamente altas e estão a aumentar. A pequena participação do sector não agrícola no emprego sugere que tem potencial para contribuir substancialmente para a criação de emprego e de rendimento. Na América Latina, por exemplo, cerca de metade da população jovem nas zonas rurais e mais de 65% daqueles que se situam en-tre os 25–34 anos trabalham em actividades não agrícolas (Banco Mundial 2007).

A procura de mão-de-obra jovem não au-mentará sem uma economia rural dinâmica tanto no sector agrícola como fora dele. Tor-na-se, portanto, vital um clima de investi-mento propício a par de infra-estruturas ade-quadas que preparem as aldeias e vilas para os negócios e a urbanização. Na verdade, as Avaliações do Clima de Investimento rural revelam constrangimentos consideráveis ao investimento rural, incluindo o acesso ao crédito, direitos de propriedade sobre a terra, abastecimento insuficiente de energia, baixa qualidade das estradas e infra-estruturas, falta de estruturas legais em bom funciona-mento e fraca governação.

Melhorar o clima macroeconómico e de investimento Se bem que a melhoria do clima de investi-mento não seja um elemento específico da juventude, a verdade é que pode ter um im-pacto significativo nos jovens ao criar mais e melhores empregos. De facto, o crescimento económico e a criação de emprego beneficiam a maior parte dos participantes no mercado de trabalho, incluindo os jovens. Quando a

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16 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

procura de mão-de-obra é intensa, o emprego de jovens e a participação da força de traba-lho tanto para homens como para mulheres aumenta, ao mesmo tempo que a taxa de de-semprego dos jovens tende a baixar.11

Os governos devem criar um melhor cli-ma de investimento, combatendo custos, riscos e barreiras injustificados à competi-ção. Podem fazê-lo garantindo a estabilidade e segurança política, melhorando o ambiente regulador e fiscal favorável ao investimento e

Nos países pobres, onde poucos podem permi-11

tir-se estar desempregados, a procura crescente de mão-de-obra provavelmente terá impacto mais na qualidade do que na quantidade de empregos.

Caixa 1 Fugir à pobreza pela migração: experiências de Burkina Faso

Num estudo recente, o International Movement ATD Fourth World conta a história da vida de Paul, um jovem que vivia nas ruas de Oua-

gadougou quando deixou a sua aldeia a cerca de 35 km da capital em busca de oportunidades. Como outras crianças da rua, Paul nunca

aceitou ser tratado como “criança da rua”, pois esse tratamento era pejorativo. Paul levou vários anos para regressar à sua aldeia, em parte

por causa da vergonha que sentia por ter acabado na rua. Mas conseguiu estabilizar a sua vida regressando à sua aldeia e voltando mais

tarde para a cidade, onde a vida lhe está a correr bem.

A história de Paul sublinha o modo como as condições de emprego para os jovens na pobreza são, muitas vezes, compostas por uma

corrente de actividades num processo de tentativa e erro, em busca de um modo de vida decente. Durante quatro anos passados na aldeia

após o seu regresso de Ouagadougou, Paul teve um trabalho sazonal na horta do seu tio. Mais tarde, esse tio deu-lhe a oportunidade de

cultivar e vender ele próprio os produtos hortícolas e conseguir algum lucro pessoal. Depois, ajudou um outro tio a trabalhar com um tractor

e foi pago pelo trabalho desempenhado. Ainda com um outro tio, foi vender roupas num mercado local e um outro familiar introduziu-o

na actividade de compra e venda de frangos aos comerciantes que vinham da cidade.Com amigos e familiares fez tijolos de barro que

depois vendia como material de construção. Também criou galinhas, cabras e porcos. Basicamente, em todas as actividades em que Paul

participava estava envolvido um familiar ou um membro da comunidade, o que indica que a qualidade dos elos sociais entre os membros

da comunidade é essencial para o acesso dos jovens ao trabalho e à formação.

Depois de quatro anos na sua aldeia, Paul partiu de novo para Ouagadougou. Conforme explicou, “Na aldeia não se consegue viver da

agricultura sem fazer comércio. Vim para Ouagadougou em busca de dinheiro para começar o meu comércio. Quero vender roupas novas

na aldeia: chapéus, bonés e roupa desportiva Nike. Conto poder trabalhar na minha aldeia e quero ajudar os meus pais e os meus irmãos”.

Pouco depois de ter chegado à cidade, Paul encontrou emprego num restaurante. Encontrou também alojamento perto. O emprego do

Paul consiste em vender frango assado. Está encarregado da caixa registadora, o que significa que o dono do restaurante confia nele. Paul

ainda vai à aldeia no terceiro domingo do mês, que é dia de mercado. Visita os pais e a avó, deixando-lhes algum dinheiro. Guarda as suas

economias na aldeia, com um tio. Assim, mesmo tendo o Paul ido viver à cidade para encontrar melhores oportunidades de trabalho, ainda

se identifica como membro da sua família e da aldeia. Descreve o seu projecto futuro da seguinte forma: “Vou começar a vender durante

o período das festas. Quando começar a fazer negócio, deixo de trabalhar no restaurante. Tomarei conta dos meus familiares durante a es-

tação das chuvas e dar-lhes-ei comida. Os meus irmãos mais novos podem aprender comigo a serem comerciantes. Podem vir ajudar-me,

levar coisas para vender e percorrer o mercado”.

Pode-se concluir da história da vida de Paul que ele e a sua família saíram da pobreza e que o emprego na capital teve um papel positivo

neste processo? Provavelmente sim, pelo menos em certa medida. Hoje em dia, Paul tem melhor situação económica do que antes, mesmo

que possua apenas um emprego informal e potencialmente instável, como a maior parte dos outros jovens em Burkina Faso. Actualmente,

um dos objectivos essenciais de Paul é a capacidade de sustentar a família. Ele mede o sucesso das suas actividades em parte pela sua

capacidade de sustentar os pais e irmãos. Como Paul disse, a título de conclusão, das suas experiências: “Tenho um emprego e isso é bom.

Quando não se tem emprego, não se sabe o que fazer para arranjar dinheiro. Uma outra coisa boa é que estou perto da minha aldeia, posso ir

visitar a minha família e voltar. Tenho sorte porque se for viver para a aldeia irei sempre encontrar trabalho e as pessoas vão sempre mostrar-

me o que fazer”. Ao mesmo tempo, a história mostra que a migração em busca de melhor emprego é, muitas vezes, um processo repetido,

principalmente quando o migrante continua no seu país, e que pode implicar custos substanciais, como o prova o tempo em que Paul foi

forçado a viver nas ruas de Ouagadougou, perdeu contacto com a família e lhe faltou o apoio que esses contactos podem prestar.

Fonte: Wodon (2008)

proporcionando a infra-estrutura necessária. A facilitação do comércio e políticas indus-triais adequadas também podem desempe-nhar um papel chave no clima de negócios da região. No caso de África, que é um lugar de alto risco e custo elevado para se fazer negó-

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Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada e multissectorial e uma estreita monitorização 17

cios, as melhorias no clima de investimento podem ser rapidamente acompanhadas da criação de empregos.

A expansão do comércio universal alterou a produção em todo o mundo. Como os jovens têm mais capacidade para responder à cres-cente procura de mão-de-obra, essas mudan-ças podem favorecê-los. Os jovens também podem ser particularmente atraentes para empresas em sectores da economia novos e em crescimento, porque têm mais facilidade de adaptação aos novos métodos de produção do que os trabalhadores mais velhos.

A disponibilidade de mão-de-obra jo-vem mais barata pode, em parte, estimular o crescimento industrial comandado pelo investimento directo estrangeiro. Porém, à medida que ocorre o processo de crescimen-to dinâmico, aumenta também a procura de uma mão-de-obra mais instruída, capaz de se adaptar às novas tecnologias com conhe-cimento, qualificações e comportamento adequados. Na realidade, as oportunidades em sectores mais dinâmicos podem servir de incentivo para que os jovens adquiram mais qualificações. Em 48 países em desen-volvimento, considerou-se que os aumen-tos nas exportações de vestuário e sapatos como uma quota do PIB estavam positiva-mente associados com os subsequentes au-mentos nas matrículas masculina e femini-na no ensino secundário. Para o país médio, a duplicação das exportações de vestuário e calçado como quota do PIB eleva a frequên-cia escolar feminina em 20–25% (Gruben e McLeod, 2006).

A reduzida criação de empregos observada em praticamente todas as economias da Áfri-ca Subsariana, independentemente das suas características geográficas e demográficas, ní-vel de rendimento e da adopção ou não de re-formas, sugere que a explicação da economia da oferta pode estar incompleta. No entanto, a pequena dimensão dos mercados internos e regionais e o baixo poder de compra dos consumidores tornam as empresas reféns da produção de pequena escala e da baixa produ-tividade e ajudam a explicar a limitada pro-cura de mão-de-obra e os tipos de empregos criados. A limitada actividade económica é, portanto, uma determinante importante do desemprego e subemprego da juventude. A resolução desses problemas requer o cresci-mento do emprego num nível sustentado.

Políticas macroeconómicas bem concebidas que equilibrem os objectivos de estabilidade macroeconómica com a geração de emprego são de importância primordial. Dado que o emprego dos jovens é altamente dependen-te da situação de emprego generalizada, são fundamentais as políticas para incrementar e sustentar um crescimento económico rico em empregos para a integração bem-sucedida dos jovens no mercado de trabalho.

Durante as últimas décadas, o crescimen-to na África Subsariana tem sido simultane-amente baixo e muito volátil, o que ajuda a explicar o fraco clima de investimento e a reduzida criação de empregos. Na verdade, a volatilidade reduz o horizonte temporal e os incentivos para o investimento a longo prazo, aumentando os riscos. O baixo cresci-mento de longo prazo de África foi resultado dos bons e maus tempos para as suas econo-mias, as quais apresentavam taxas de cresci-mento e de declínio surpreendentemente al-tas que ocorriam quase com igual frequência. Existem, agora, provas suficientes de que as variáveis económicas, sociais, de governação e institucionais são consideravelmente dife-rentes durante os episódios de aceleração e de desaceleração, e que a redução da volati-lidade do crescimento e o impedimento dos colapsos do crescimento são de importância crítica para o crescimento sustentável e a criação de empregos.

Encorajar e apoiar o empreendedorismoUm dos factores principais responsável pela elevada taxa de subemprego da juventude em África é a falta de empregos produtivos que respondam à oferta de mão-de-obra jovem. Uma alternativa para se reduzir o subemprego é estimular o empreendedorismo, uma força impulsionadora da iniciação de ideias de ne-gócios, da mobilização humana e de recursos financeiros e físicos e do estabelecimento e expansão de empresas. O empreendedorismo não é específico dos jovens, mas pode desen-cadear o potencial económico da juventude e fornecer-lhe modos de vida alternativos. Uma cultura empresarial e de empreendedorismo é de importância vital. As sociedades que apre-ciam o empreendedorismo e promovem os seus valores e normas podem criar uma classe de jovens empreendedores dinâmica e vibran-te. Há provas empíricas que demonstram que, quando se educam as mentes dos jovens num

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18 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

comportamento empreendedor, aumentando assim a confiança para tomarem riscos calcu-lados, aumenta também a incidência de adop-ção do empreendedorismo como uma opção de carreira.

A população jovem, em particular do sexo feminino nas zonas rurais, depara-se com desafios particulares. Têm menor capital sob a forma de qualificações, conhecimento e ex-periência, poupanças e crédito e um acesso mais difícil às redes de negócios e fontes de informação. A fraca representação dos jo-vens na formulação e adopção de políticas é uma outra questão. Não têm nem influência nem conexões com associações e redes re-presentativas da actividade económica que, normalmente, colaboram com o governo em matéria de políticas relevantes. O aumento da sua capacidade para participar na criação de associações e de defesa de políticas pode ser a resposta para essa situação de desvan-tagem. As jovens empreendedoras deparam-se com barreiras adicionais, pois em muitas culturas o seu papel na família e na socieda-de impede-as de tentar oportunidades em novos negócios. Por esse motivo, é mais pro-vável que se encontrem em actividades da economia informal, no emprego por conta própria, sendo menos provável que sejam empresárias que dão emprego a terceiros.

O empreendedorismo da juventude pode ser maximizado através de programas e estratégias que enfrentem as barreiras ao desempenho dos negócios, identifiquem os jovens com instinto empresarial e talento a ser alimentado, incentivem as qualificações necessárias e ajudem os novos empresários a desenvolver os seus negócios. O desenvol-vimento bem-sucedido dos negócios dos jo-vens depende do acesso fácil a serviços bem integrados, tais como formação em gestão, programas de mentores de negócios, servi-ços financeiros, apoio na conquista de acesso aos mercados e oportunidades para estabele-cimento de redes (ver Caixa 2).

Na maior parte dos países, a forma de emprego em crescimento mais rápido é a empresa doméstica não agrícola. Este sector já representa 24% da força de trabalho no Uganda e 30% no Senegal. Este emprego é primordialmente urbano, embora também haja um importante sector rural não agrícola. Os agentes da economia informal deveriam ser revitalizados para se melhorar a qualida-

de do emprego e aumentar a produtividade. O sector dos serviços oferece imensas possi-bilidades, tanto nas zonas rurais como urba-nas. Incentivar o crescimento e o sucesso das empresas do sector informal, sem encorajar actividades ilegais ou a evasão fiscal, poderá levar à criação de uma variedade de empre-gos produtivos para a juventude.

Melhorar o acesso à educação e às qualificaçõesAs perspectivas de emprego de um jovem es-tão estreitamente associadas com a educação recebida. O acesso ao ensino básico é ampla-mente reconhecido como um meio eficaz de combate ao trabalho infantil e à erradicação da pobreza. De facto, um grau mais elevado de instrução e de qualificações produz im-portantes benefícios económicos e sociais. Os trabalhadores jovens não qualificados são mais vulneráveis aos choques económi-cos, têm menor probabilidade de encontrar trabalho, têm mais probabilidades de ficar amarrados a empregos de baixa qualidade com menos oportunidades de desenvolver o seu capital humano e também são mais vul-neráveis às mudanças demográficas. Na Eti-ópia, as coortes da faixa etária jovem têm um impacto muito maior sobre a probabilidade de os jovens sem qualificações nas zonas ur-banas encontrarem emprego do que os que possuem maior grau de instrução (Garcia e Fares 2008).

Educação e qualificações são vitais para se aumentar a produtividade e o rendimen-to. Para se elevar a produtividade é necessá-ria uma mudança tecnológica que,por seu turno, só é possível se houver qualificações novas e mais elevadas. Os levantamentos do clima de investimento mostram que mais de um quinto de todas as firmas em países em desenvolvimento tão diversos como a Argé-lia e a Zâmbia consideram a falta de qualifi-cações e de instrução dos trabalhadores um dos grandes obstáculos ao seu funcionamen-to (Banco Mundial 2007). É importante le-var em conta estes factores para efeitos de planejamento de políticas. O investimento de capital e a introdução de novas tecnolo-gias, sem a presença de uma força de traba-lho local qualificada e educada, significam que a juventude local estará mal preparada para ocupar os empregos emergentes. Por outro lado, a existência de gente altamente

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Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada e multissectorial e uma estreita monitorização 19

qualificada e instruída sem oportunidades de emprego conduzirá à migração para o ex-terior ou desencadeará frustrações com con-sequências negativas.

Tem havido melhorias significativas nas matrículas no ensino primário na maior parte da região, mas o acesso à educação e a respectiva qualidade ainda são questões da maior importância, sobretudo nas áreas ru-rais. A falta de acesso à educação tem-se re-velado uma das principais razões para a mi-gração da juventude: foi citada por 57% dos jovens etíopes que migraram recentemente das zonas rurais para as urbanas (Etiópia LFS 2005). Embora os levantamentos junto às empresas em África sugiram que a falta de qualificações dos trabalhadores não este-ja entre as queixas principais, uma observa-ção mais detalhada indica que as empresas de melhor qualidade, como por exemplo as grandes companhias estrangeiras em secto-res exigentes (indústrias de exportação em oposição ao sector retalhista), se queixam bastante da falta de qualificações.

A reacção a um maior acesso ao ensino pode ser significativa, conforme o parece indicar o resultado da abolição de propinas para o ensino primário no Quénia e Uganda. Esta acção produziu grandes aumentos nas matrículas escolares e teve um forte impacto nas taxas de conclusão do quarto e quinto grau das crianças de famílias pobres. Mas há outros custos que também podem dificultar as oportunidades dos pobres frequentarem a escola. Nalguns países, por exemplo, a distância à escola foi considerada um obstá-culo à adesão ao programa (Banco Mundial 2008).

Igualmente importante para o sucesso das políticas de emprego dos jovens é a for-mação de qualificações técnicas específicas, altamente procuradas pelo sector privado (por exemplo, proficiência em inglês, cana-lizadores, mecânicos e contabilistas), sendo também relevantes para o êxito das políti-cas de emprego dos jovens nas zonas rurais. É necessário expandir as oportunidades de formação públicas para se proporcionar um melhor acesso aos jovens desfavorecidos das zonas urbanas e rurais, aos menos ins-truídos e às raparigas.12 De facto, na medida em que as mulheres que participam no mer-cado de trabalho têm uma fertilidade mais baixa, maior poder de negociação e melhor

afectação de recursos a nível familiar, os programas de oportunidades de emprego que tenham por alvo as raparigas podem trazer consequências benéficas de grande alcance.

As políticas deviam incluir a introdução de novos fundamentos nos sistemas de de-senvolvimento de qualificações, tais como: padrões ocupacionais nacionais; desenvol-vimento de currículos que realcem tanto a aquisição de conhecimento e entendimento como a demonstração do desempenho ocu-pacional; avaliação das qualificações com base na demonstração de competências; qua-lificações adicionais para empregabilidade a par de formação ocupacional; financiamento centrado no desempenho e resultados das instituições de Ensino Profissional e Técnico e de Formação Profissional (Technical and Vocational Education and Training – TVET) (ver Caixa 2); e reconhecimento e certifica-ção de qualificações para ajudar os jovens a procurar empregos na economia formal. A prestação de formação pública técnica e pro-fissional tem sido, no entanto, menos que adequada, pois é frequente oferecer opor-tunidades de prática insuficientes e tender a favorecer empregos de “colarinho branco” no sector dos empregos urbanos remunera-dos; fornecer cursos que são frequentemen-te rígidos e demasiado padronizados para responder às necessidades de qualificações múltiplas do mercado de trabalho; e mui-tas vezes inclui pouca responsabilização e incentivos reduzidos para monitorização e ajustamento às alterações na procura de qualificações nos sectores formal e informal (Adams 2008).

A aprendizagem informal é uma forma importante de fornecer qualificações na eco-nomia informal, sobretudo aos jovens mais pobres e menos instruídos. Os governos e parceiros sociais precisam de analisar os sis-temas de aprendizagem informais e fornecer orientação e apoio a este sistema com a in-trodução de regulamentos (tais como a dura-ção máxima da formação por ofício com vista

Os baixos níveis rurais de ensino, resultados 12

fracos da aprendizagem, dispersão das popula-ções, demanda limitada e baixa recuperação dos custos são desafios que estão presentes na pres-tação de serviços de formação de qualidade nas zonas rurais (Bennell 2007).

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a impedir a exploração dos aprendizes); me-lhorar os processos de aprendizagem através da formação de mestres artífices e prestação de incentivos para estes artífices; assistência nos testes e certificação de aprendizes diplo-mados; inclusão de aulas nocturnas teóricas e de alfabetização para os aprendizes nas instituições públicas de ensino/formação; e oferecer uma dedução fiscal aos aprendizes, dando uma oportunidade de formação pro-fissional a muitos mais jovens.

Um outro elemento importante de um programa eficaz seria a elaboração de programas de ensino como uma segunda oportunidade para os que abandonaram a escola. Exemplos desse tipo encontram-se no Uganda e Malawi, onde os projectos dos fundos sociais estão a dar formação aos jovens locais nos centros de formação de propriedade das comunidades. Esta forma-ção podia ter um efeito rápido e intenso nas populações particularmente sensíveis (in-cluindo jovens grávidas e mães novas). Me-tade dos jovens com 19 anos que frequenta a escola está no nível primário no Malawi (Banco Mundial 2007). É, no entanto, im-

portante avaliar cuidadosamente os rácios de custo/benefício desses programas, que tendem a ser caros.

Com vista a obter uma utilização óptima dos investimentos nos sistemas de educação e de formação, as políticas relacionadas com a educação e as qualificações precisam de ser integralmente sincronizadas com outras políticas e programas de produtividade, cres-cimento do rendimento e criação de empre-gos. Essas políticas têm também de consi-derar o fluxo de investimentos de capital na economia. Assim, é essencial a coordenação interministerial e a colaboração entre as dife-rentes partes intervenientes.

Responder às questões demográficasA população de África está a crescer rapida-mente e a experimentar uma transição demo-gráfica lenta. As projecções indicam que não irá estabilizar antes de 2050. Essa transição tem implicações fiscais, políticas e sociais que vão desde um aumento dos custos da educa-ção e da saúde aos riscos de perturbação so-cial. A transição demográfica faz da juventude o activo mais abundante que a região possui,

Caixa 2 Programa de cupões Jua Kali no Quénia

Um dos mais conhecidos programas neste domínio é o programa de cupões de Jua Kali no Quénia, criado em 1997 como um programa

piloto, sob os auspícios do Projecto de Tecnologia e Formação das Micro e Pequenas Empresas. Ao abrigo deste tipo de programa, emitem-

se cupões aos jovens desempregados que podem pessoalmente seleccionar um prestador de formação com base nas suas necessidades

e objectivos, em vez de a selecção ser feita por uma instituição burocrática. O programa de cupões visa conceder aos beneficiários a capa-

cidade de adquirir formação no mercado aberto e, assim, promover a competição entre os fornecedores privados e públicos. A abordagem

deverá melhorar a qualidade da formação e reduzir os custos, enquanto assegura, ao mesmo tempo, uma melhor harmonização entre o

participante e o curso de formação. No âmbito do programa piloto Jua Kali, qualquer um que seja elegível para a formação recebe um cupão

que pode ser trocado no prestador de formação escolhido. Os participantes pagam apenas 10% do custo do cupão, cabendo ao governo

subsidiar os restantes 90%. Os mestres artífices foram os principais prestadores de formação, respondendo à procura dos clientes. Embora

o esquema de cupões Jua Kali não se tenha centrado inteiramente na juventude, a maioria daqueles que receberam formação eram jovens

e desfavorecidos. Ao abrigo deste programa, foram emitidos 37 606 cupões a empresários e empregados nas empresas com cinquenta

trabalhadores ou menos, ao longo do período 1997–2001. Há provas de que o esquema teve um impacto positivo naqueles que receberam

formação e que fomentou o emprego, activos e negócios para as empresas que participaram (comparativamente a um grupo de controlo).

Essas conclusões dizem respeito a um pequeno grupo de população que foi servido pelo programa piloto; não há provas de resultados/

impacto numa amostra (nacional) de maior dimensão. O estabelecimento desse esquema foi caro e complexo, e tem sido difícil eliminar pau-

latinamente os subsídios ao programa de cupões. Entre as lições aprendidas com a experiência inclui-se o seguinte: esse tipo de esquema

deveria ser administrado pelo sector privado em vez de um ministério do governo (como é o caso do Quénia); o esquema deveria incluir uma

cláusula de actualização dos prestadores de formação, especialmente das pequenas empresas; e deveria promover o desejo de os clientes

pagarem pela formação. É necessária uma estratégia de saída, a não ser que os subsídios continuem eternamente. Mas, acima de tudo, a

experiência Jua Kali sugere que existe margem para utilização dos cupões num sistema que vise com mais precisão os mais vulneráveis.

Fonte: Johanson e Adams (2004).

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Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada e multissectorial e uma estreita monitorização 21

tornando-a assim numa janela de oportuni-dade. Na verdade, a Ásia Oriental adoptou as políticas e instituições correctas e conseguiu colher o dividendo demográfico de uma enor-me força de trabalho com poucos dependen-tes, sendo que parte do Milagre Asiático é atribuído ao dividendo demográfico.

A pressão demográfica de uma grande coorte de jovens que entra no mercado de trabalho pode afectar adversamente as pers-pectivas de emprego da população jovem. Na Etiópia, a dimensão da coorte de jovens já reduziu a sua probabilidade de emprego. Na Tanzânia, o aumento da coorte de jovens aumentou a incidência do desemprego entre os jovens urbanos, especialmente entre a população urbana jovem do sexo feminino, e aumentou a inactividade entre os jovens urbanos do sexo masculino (Garcia e Fares 2008). Face ao grande e crescente número da população jovem, os países africanos te-rão de reconhecer que será um desafio en-contrar empregos para a maior parte dos novos candidatos a trabalho, especialmente nas cidades, e que é provável que o sector informal continue a desempenhar um papel chave como uma fonte de oportunidade de emprego durante muito tempo ainda. (Fox e Gaal 2008).

Embora a taxa bruta de natalidade tenha estado a cair, especialmente entre jovens mu-lheres, ainda é bastante elevada face a outras regiões — 39 por 1 000 na África Subsariana comparativamente a 14 na Ásia Oriental e Pacífico, 20 na América Latina e Caraíbas, 24 no Médio Oriente e Norte de África e na Ásia Austral, e 20 em todas as regiões em 2006.13 Este facto tem repercussões no mercado de trabalho para a mãe, pai e filhos. De facto, a maternidade precoce, uma questão muito séria em África, tem um impacto substancial no desenvolvimento de qualificações e mer-cado de trabalho e na progressão da carreira, comprometendo assim a probabilidade das jovens mães investirem na educação e en-contrarem bons empregos (ver Caixa 3). Está comprovado que a alta fertilidade torna as jovens mães reféns, especialmente nas zonas rurais, das actividades domésticas e de baixa produtividade. Programas de saúde reprodu-tora e sexual, facilmente acessíveis e eficazes, destinados a jovens do sexo feminino podem desempenhar um papel vital na resolução dessa questão.

Contemplar a Juventude em Ambientes de Violência e de Pós ConflitoA África Subsariana tem sido palco de nume-rosos conflitos armados, onde os jovens têm sido ao mesmo tempo vítimas e perpetrado-res da violência. Só o período de 1990–2000 assistiu a 19 grandes conflitos armados em África, desde guerras civis à guerra de 1998–2000 entre a Eritreia e a Etiópia. As crian-ças e os jovens participam cada vez mais nos conflitos armados como soldados activos. Muitos dos jovens fazem-no por causa da pobreza. A região tem milhares de antigos combatentes jovens — 100 mil só no Sudão. Num estudo, a pobreza chocante e a falta de esperança foram unanimemente identifica-das como os grandes motivadores para os 60 combatentes entrevistados (Human Rights Watch, 2005).

Reconhece-se cada vez mais que os as-pectos não económicos da pobreza, tais como a falta ou insuficiência de serviços essenciais, a falta de oportunidades de so-brevivência e de educação e a não partici-pação dos jovens nos processos de tomada de decisões e de formulação de políticas são

Taxa bruta de natalidade indica o número de 13

nados-vivos que ocorreram durante o período, por mil indivíduos da população média desse pe-ríodo. Fonte: WDI 2007.

Caixa 3 Iniciativa para as Adolescentes

A Iniciativa do Banco Mundial para as Adolescentes começou como uma parceria do

sector público e privado no montante de USD 3 milhões, entre o governo da Libéria,

Grupo Banco Mundial e Fundação Nike. Numa fase piloto, expandir-se-á a pelo me-

nos outros seis países de baixo rendimento ou em período de pós conflito, contando

com a participação adicional de novos dadores, governos, fundações e corpora-

ções. A iniciativa promove o controlo do poder económico das jovens mulheres,

ao facilitar o seu percurso para o emprego produtivo. Na Libéria, foi desenvolvido

um novo modelo de formação de qualificações correspondente às necessidades do

mercado e destinado a mulheres entre os 15–24 anos, com a adopção de estruturas

de incentivos para maximizar o acesso a empregos remunerados ou ao emprego

bem-sucedido por conta própria. Este modelo será levado para os outros países

piloto e, se aí tiver êxito, para muitos outros. Além disso, dependendo do ambiente

económico, serão adicionadas intervenções tais como formação de qualificações

para o desenvolvimento de negócios, incentivos à colocação profissional e assistên-

cia, acesso ao microfinanciamento e programas de aconselhamento e aprendizado.

Fonte: Gender Equality as Smart Economics Newsletter, Plano de Acção do Grupo Banco

Mundial, Setembro de 2008.

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22 Juventude e Emprego em África — A Potencialidade, o Problema, a Promessa

sério, o que não é o caso da maioria dos paí-ses africanos. Não obstante, políticas activas do mercado de trabalho podem desempe-nhar um papel importante na melhoria das condições do mercado de trabalho nas áreas urbanas em rápido crescimento da região e onde a procura de gente qualificada esteja a aumentar.

Um dos obstáculos ao estabelecimento de correspondência entre a oferta e a procura de mão-de-obra jovem é a falta de informa-ções sobre o mercado de trabalho e as qua-lificações para procurar emprego. Indepen-dentemente do estado de desenvolvimento de um país, as informações sobre o mercado de trabalho, técnicas de procura de empre-go e orientação da carreira têm um papel importante no que toca a ajudar os jovens a escolher suas carreiras e podem produzir melhores resultados caso os empregos ve-nham a existir. As informações sobre o mer-cado de trabalho melhoram a quantidade e a qualidade da correspondência entre empre-gadores e candidatos a emprego, reduzem os períodos de desemprego e aumentam a eficiência do mercado de trabalho. A reco-lha, análise e disseminação das informações sobre o mercado de trabalho têm um papel central na informação dos jovens em busca de emprego sobre as oportunidades existen-tes e no fornecimento de indicações para a concepção de políticas e programas. Adicio-nalmente, a existência de informações do mercado, fiáveis e actualizadas, é essencial para a concepção e monitorização das in-tervenções em prol do emprego dos jovens. Os jovens também precisam de ter acesso à orientação profissional e sobre o mercado de trabalho que lhes permita entender esse mercado e seleccionar a ocupação certa para a qual serão preparados. Assim se reduzirá o tempo de procura de emprego e se permitirá a utilização do conhecimento e qualificações adquiridas através de formação no emprego. Para serem eficazes, os serviços de emprego precisam de estar sempre a par dos requisi-tos em constante mutação do mercado de trabalho e oferecer pacotes de serviços direc-cionados que atendam tanto as necessidades dos jovens como dos empregadores.

As regulações do mercado de trabalho também são um elemento importante das políticas para promover a eficiência e a equi-

condições que promovem o envolvimento dos jovens nos conflitos. Os conflitos im-pedem as crianças de obterem uma educa-ção decente e de aprenderem qualificações úteis. Não possuindo qualquer capital social real, muitos sentem-se excluídos da socie-dade comum e procuram fazer parte de uma milícia armada, onde se sentem aceites (In-tegrated Regional Information Networks, 2007). Qualquer que seja a razão, o confli-to ocasiona grandes perdas nos recursos, aumentando assim a pobreza. Juntamente com a pobreza, o conflito aliena ainda mais os jovens da sociedade e entrava a sua ca-pacidade de participar integralmente no de-senvolvimento, mesmo depois de o conflito ter terminado.

São precisos programas especificamen-te concebidos para atender às necessidades dos jovens em países afectados por conflitos. Esses programas deveriam incluir o reconhe-cimento de qualificações anteriores através da certificação, como na Eritreia; formação profissional de antigos combatentes com deficiências, como na Serra Leoa. Deveriam também dar um tratamento mais equilibra-do aos dois géneros e não ignorar as enor-mes necessidades de emprego da população jovem do sexo feminino.

Melhorar as condições do mercado de trabalhoTêm sido cada vez mais utilizadas em vá-rios países políticas e programas activos de mercado de trabalho com vista a aumentar a procura de jovens trabalhadores e melhorar a sua empregabilidade. A sua função é servir de mediadores entre a oferta e a procura de mão-de-obra, mitigar as falhas na educação e no mercado de trabalho e promover a eficiên-cia, equidade e crescimento. Com o alvo e a implementação adequados, esses programas podem beneficiar efectivamente os jovens desfavorecidos. Podem também ajudar os trabalhadores rurais a encontrar melhores oportunidades de emprego, estabelecendo a sua ligação com empregos nas zonas urbanas e semi-urbanas, o que permite às famílias co-meçarem a sair da pobreza. Esses programas são úteis, porém, nos países onde a falta de correspondência entre os candidatos a em-prego e as vagas existentes é um problema

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Uma resposta das políticas exige uma abordagem integrada e multissectorial e uma estreita monitorização 23

dade no mercado de trabalho. No entanto, a legislação relativa à protecção salarial e de emprego dos jovens continua a suscitar controvérsia no debate sobre emprego da juventude. Nos países onde o cumprimen-to da lei de trabalho é reduzido e os em-pregos remunerados são muito limitados, como acontece em muitos países africanos, trata-se de um problema menor. Os códigos trabalhistas têm sido, no entanto, frequen-temente considerados uma potencial causa do elevado desemprego dos jovens. Para os países em desenvolvimento a questão não é se se deve ou não regular, mas qual o tipo e o nível de regulação adequada para se obter as melhores formas de protecção dos jovens, que são normalmente vulneráveis e insegu-ros, sem que isso iniba as empresas formais de os contratarem.

Uma governação pública boa e eficaz é fundamental para uma concepção, imple-mentação e impacto exitosos das regulações, políticas e programas de trabalho. Os aspec-tos essenciais de uma boa governação in-cluem o estado de direito e instituições para a representação de todos os interesses e para o diálogo social. O diálogo social é um ele-mento central no desenvolvimento de inter-venções eficazes e credíveis destinadas a pro-mover o emprego para a população jovem. Exige parceiros fortes, independentes e bem informados. A participação da população jo-vem em organizações constituídas por sócios e seu envolvimento nos processos de tomada de decisões que afectam o seu emprego e as suas condições de trabalho são igualmente importantes para promover a inclusão social e o avanço da democratização.

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Conclusões

panaceia. O planeamento das intervenções de formação profissional precisa de ser bem articulado com outras políticas económicas e os desafios terão de ser bem entendidos para que as intervenções possam ser efica-zes, sobretudo quando um grande número de países está a reformar os seus sistemas de formação. Será necessário dar uma atenção especial às necessidades de formação na eco-nomia informal.

Há um reconhecimento redobrado da ne-cessidade de trabalhar em parceria. A grande responsabilidade de promover o emprego para os jovens cabe aos governos. Logo, será necessária coerência, coordenação e coopera-ção entre todas as instituições e organismos do governo, tanto a nível central como local. Mas o desafio é enorme e a responsabilida-de ultrapassa o nível nacional. É uma tarefa que exige uma intensificação dos esforços para uma acção conjunta de forma concer-tada e efectiva. Governos, parceiros sociais, sociedade civil e comunidade internacional, bem como a própria população jovem, todos têm um contributo importante a dar a esse processo.

Por último, como se viu acima, o empre-go jovem não é uma questão isolada: reflecte as condições económicas, geográficas, de-mográficas e outras e as particularidades de cada país. As políticas específicas da juven-tude serão mais eficazes quando alinhadas com outras políticas e prioridades e quando levarem em conta os contextos económicos e sociais. O principal desafio para os gover-nos, contudo, está em determinar o modo de estabelecer a ponte entre a perspectiva de curto e de longo prazo e identificar as polí-ticas apropriadas para absorver a população jovem na economia.

Uma resolução bem-sucedida ao desafio do emprego da população jovem requer uma resposta coerente e integrada que reconhe-ça as particularidades de África, em especial a enorme quota de população jovem rural, características de género e demográficas e mercados de trabalho reduzidos. Em muitos países as intervenções têm incidido em pro-gramas com um âmbito restrito, limitados no tempo e com uma propensão para benefi-ciar as zonas urbanas. Cada vez mais, a prio-ridade política associada ao emprego dos jo-vens levou os responsáveis pela formulação de políticas a reconhecer que a consecução de trabalho e emprego produtivo para os jo-vens implica uma acção de longo prazo, que abranja uma série de políticas económicas e sociais centradas na procura e oferta de mão-de-obra e responda à dimensão quantitativa e qualitativa do emprego jovem. Essas polí-ticas e programas precisam de ser integra-das em contextos de desenvolvimento mais amplos e de ter na sua composição os dois elementos seguintes: uma estratégia integra-da para o crescimento e aumento do número de postos de trabalho tanto nas zonas rurais como urbanas, e intervenções direccionadas para ajudar os jovens a superar as barreiras específicas que enfrentam para entrar e per-manecer no mercado de trabalho.

A criação de emprego pode ser apoiada pelo crescimento que envolva um grande número de empregos, com especial incidên-cia em sectores atraentes para os jovens, e escolha de investimentos com uma forte necessidade de empregos. O potencial de empreendedorismo é elevado mas, para ser bem explorado, são necessárias medidas es-pecíficas. A formação profissional é uma área de intervenção fundamental, mas não é uma

Conclusões 25

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Referências

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