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L Avaliação crítica do acompanhamento dos pacientes com bexiga neurogênica e propostas de tratamento Cristiane Hernand es da Silva* Eugênio Dumont de Paiva Borges ** RESUMO O presente estudo tem por objetivo av aliar co mo é rea li za do o acompanhamento d os pacientes com bexiga neurogêni ca secundária à lesão medular. Fo ram analisados 37 pacientes, 26 (70,3%) do sexo ma scu lino e 11 (29,7%) do sexo feminino que es ti veram inte rnad os no Hospital Arapiara no per íodo de mai o/1994 a mai o/1995. Apesar da s infecções urinárias baixas terem sido freqüentes, não observamos uma g rand e incidência de outras complicações relacionadas com o trat o urinário nesses pacientes. O man ejo vesical foi inves ti ga do em todos os casos, no tamo s a import ância da s manobra s d e esvaz iamento (Ta pping, Credé ou Valsalva) e d o ca teter ismo int e rmit ente co mo formô de prevenir o aparecimento de comp li cações do trato urinário alto. Diante da pouca sintomatologia desses pacient es, desenvo lvemos um protocolo para melhor seguim ento e tra tamento do le sa do medular com bexiga neuro gênica. UNITERMOS: Les ado medular . Bexiga neuronica. Infecção do trato urinári o. SUMMARY The objective of this current s tud y is to evaluate th e m e thod s o f management of patients who are fa ced with ne urogenic bladder probl e ms cau sed by s pinal injur y. The numb er of pati ents analyzed we re 37 of w hich 26 (70 .3%) m a les and 11 (29.7%) femal es. Ali of them we re inpatie nt s o f A rapiara Ho spital during the per i od May 1994 to May 1995. Ins pit e of th e fact that lo we r urinar y tract infections we re frequ e nt , we did not observe on any of the patients lügh incidence of other related complica ti ons to the urinilry tract. The vesical fun cti ons were inves ti gated in ali of the cases. We did observe the importance o f empt ying man euvers (Tapping, Cred é, Valsalva) and the inte rmitt ent catheterization used as a way of preventing upp er urin ary tract compli ca ti on s. In view of the poor sy mptomat ol ogy of these patie nt s, we developed a proto co l to get a follo w-up of spinal co rd injury patie nts with ne uroge ni c bladd er problems. KEY-WORDS Spinal cord injury pa ti e nt s. Ne uro genic bladd er. U rinar y tract infec ti o n. Trabalho desenvolvido no Centro de Reabilitação do Hospital Arapiara S/A. Belo Horizonte - MG. Médica re sidente do Curso de Especializaçüo em Fi siatria do Hospital Arapiam - BH Médico fisiatra, c!ujc do Departamento de Urodinâmi ca do Hospital Arapiara - BH Endereço para correspondência: Ho spital Arapiara - Av. do Co nt orno, 298.3 - Bairro San ta Efig(1nia - Belo Horizonte - MG, Bra sil Fax.: (0.31) 241-.35.36

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L

Avaliação crítica do acompanhamento dos pacientes com bexiga neurogênica e propostas de tratamento

Cristiane Hernandes da Silva* Eugênio Dumont de Paiva Borges**

RESUMO O presente estudo tem por objetivo avaliar como é rea lizado o acompanhamento dos pacientes com bexiga neurogênica secundária à lesão medular. Foram analisados 37 pacientes, 26 (70,3%) do sexo masculino e 11 (29,7%) do sexo feminino que es tiveram internados no Hospital Arapiara no per íodo d e maio/1994 a maio/1995. Apesar das infecções urinárias baixas terem sido freqüentes, não observamos uma grande incidência d e outras complicações relacionadas com o trato urinário nesses pacientes. O manejo ves ical foi inves tigado em tod os os casos, no tamos a importância das manobras d e esvaziamento (Tapping, Cred é ou Valsalva) e d o ca teterism o intermitente como formô d e prevenir o aparecimento de complicações do trato urinário alto. Diante da pouca sintomatologia desses pacientes, desenvolvemos um protocolo para melhor seguimento e tratamento do lesado medular com bexiga neurogênica.

UNITERMOS: Lesado medular. Bexiga neurogênica. Infecção do trato urinário.

SUMMARY The objective of this current study is to evaluate the methods of management of patients who are fa ced w ith neurogenic bladder problems caused by spinal injury. The number of patients analyzed were 37 of w hich 26 (70.3%) males and 11 (29.7%) females. Ali of them were inpatients of A rapiara Hospital during the period May 1994 to May 1995. Inspite of the fact that lower urinary tract infections were frequent, we did no t observe on any of the patients lügh incidence of other related complica tions to the urinilry tra ct. The ves ical functions were investiga ted in ali of the cases. We did observe the importance of emptying maneuvers (Tapping, Credé, Valsalva) and the intermittent catheterization used as a w ay of preventing upper urinary tract compli ca ti ons. In view of the poor symptomatology of these patients, we developed a protoco l to get a follow-up of spinal cord injury patients w ith neurogeni c bladd er probl ems.

KEY-WORDS Spinal cord injury p atients. Neurogenic bladd er. U rinary tra ct infection.

Trabalho desenvolvido no Centro de Reabilitação do Hospital Arapiara S/A. Belo Horizonte - MG. Médica residente do Curso de Especializaçüo em Fisiatria do Hospital Arapiam -BH Médico fisiatra, c!ujc do Departamento de Urodinâmica do Hospital Arapiara -BH

Endereço para correspondência: Hospital Arapiara - Av. do Contorno, n° 298.3 - Bairro Santa Efig(1nia -Belo Horizonte - MG, Brasil Fax.: (0.31) 241-.35.36

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Acla Fisiálrica 4(1): 7-13, 1997

Introdução

Os problemas relacionados com o trato urinário continuam sendo a principal causa de morbimortalidade do lesado medular. Desde que Guttman e Frankel, em 1966, introduziram o cateterismo intermitente como forma de esvaziamento vesical nos pacientes com bexiga neurogênica, seu prognóstico melhorou sensi­velmente. 1

No Brasil, havendo uma maior atenção ao comprometimento neuromotor do lesado medular, observamos ainda pouca preocupação com o trato urinário, tanto na fase aguda quanto crônica, sendo que a evolução para um quadro renal grave poderia ser evitada através de um manejo vesical e seguimento adequados desses pacientes.

Considerando que o comportamento vesical e a sua abordagem levam em conta muitas variáveis na lesão medular (local e tempo de lesão, idade, sexo, nível de cooperação e interesse do paciente, lesão completa ou incompleta, etc.) é exigida do médico uma investigação criteriosa em cada caso específico.

Portanto, uma propedêutica bem-feita e o olhar atento do médico durante o acompa­nhamento (principalmente no que se refere ao armazenamento e aos métodos de esvaziamento vesical, como também ao controle das infecções urinárias) são o pilar para uma maior sobrevida e melhor qualidade de vida desses pacientes.

Material e método

Foi realizado um estudo retrospectivo envol­vendo pacientes que estiveram internados no Hospital Arapiara no período de maio de 1994 a maio de 1995.

Dos 210 pacientes internados para reabi­litação, 37 (17,6%) apresentavam lesão medular com bexiga neurogênica, sendo 26 (70,3%) do sexo masculino e 11 (29,7%) do sexo feminino.

A média de idade encontrada foi de 37,7 anos (desvio padrão 14,26/ mediana P 40). O paciente mais novo tinha nove anos e o mais velho, setenta anos.

Foram considerados neste estudo pacientes com bexiga neurogênica secundária a lesão medular, de origem traumática, infecciosa, tumoral ou desconhecida.

Resultados

Dos 37 pacientes analisados, observamos que 13 (35,14%) apresentavam lesão cervical, 13

(35,14%) lesão torácica, 7 (18,92%) lesão lombar, 3 (8,10%) lesão toracolombar e 1 paciente (2,70%) lesão cervical e lombar.

A causa mais comum de lesão medular foi traumática (Gráfico 1).

Vinte pacientes (54,05%) apresentavam-se

GRÁFICO 1 Causas de Lesão Medular

75.68%

.Traumatism o (28)

!li Infecção (5)

oTumor (1)

[) Desconhecida (3)

FONTE: Hospital Arapiara, maio/1994 a maio/1995.

com mais de um ano de lesão e 17 pacientes (45,95%) com menos de 1 ano; 21 (56,8%) tiveram lesão incompleta, 14 (37,8%) lesão completa e 2 (5,4%) não foram classificados (Critérios ASIA/ IMSOP - Barcelona, 1992).

Dentre as complicações mais comuns rela­cionadas com o trato urinário, observamos que 28 pacientes (75,7%) desenvolveram infecção urinária baixa no período do estudo, 3 (8,10%) apresentaram alterações do trato urinário superior e 3 (8,10%) tiveram infecção genital (orquie­pididimite, abcesso escrotal) e necessitaram de exérese testicular.

Constatou-se que os pacientes com mais de um ano de lesão apresentaram uma média de 1,6 episódios de infecção urinária / ano, sendo a média 1,9 para pacientes com menos de um ano de lesão.

Foram analisados 64 episódios de infecção urinária e notou-se que 20 (31,25%) foram acompanhados por febre e 44 (68,75%) afebris.

Escherichia coli foi o germe mais encontrado (31,25% dos episódios), seguido por Klebsiella pneumoniae (12,50%) e Streptococcus faecalis (7,82%). Em nove pacientes (14,06%) o germe causador de infecção do trato urinário (ITU) não foi identificado (tabela 1).

Cinqüenta por cento (50%) dos casos foram tratados com Norfloxacin; Nitrofurantoína foi o segundo antimicrobiano mais usado (9,38%). Ressaltamos que 14,06% dos episódios não foram tratados (tabela 2).

8 SILVA, C. H. & BORGES, E.D.r. - Avaliação crítica do acompanhamento dos pacientes com bexiga neurogênica e propostas de tratamento

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TABELA 1 Microorganismos Causadores de Infecção doTrato Urinário

Microorganismo

Escherichia coli Klebsiella pneumoniae Streptococcus faecalis Staphylococcus aureus Streptococcus sp. Proteus sp. Enterococcus faecalis Pseudomonas aeruginosa Enterobacter sp. Citrobacter freundíí Citrobacter sp. Staphylococcus sp. Morganela morgani Pseudomonas cepacia Proteus vulgaris Proteus mirabilis Não-identificado

TOTAL

Nº de episódios de infecção urinária

20 8 5 4 3 3 2 2

1 1 9

64

FONTE: Hospital Arapiara, maio/1994 a maio/1995.

Antimicrobiano usado

Norfloxacin Nitrofurantoína Amicacina Gentamicina Ciprofloxacin Pefloxacin Cloranfenicol Tetraciclina Ampicilina Amoxicilina Cefalotina Ceftriaxona Ceftazidime Imipenen Não-tratado

TOTAL

TABELA 2 Tratamento de Infecções doTrato Urinário

Nº de episódios de infecção urinária

32 6 3 2 2 2

9

64

FONTE: Hospital Arapiara, maio/1994 a maio/1995.

Actn Fisiátrica 4(1): 7-13, 1997

Porcentagem

31 ,25 12,50 7,82 6,25 4,69 4,69 3,13 3,13 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56

14,06

100,00

Porcentagem

50,00 9,38 4,69 3,13 3,13 3,13 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56 1,56

14,06

100,00

Vinte pacientes (54,05%) chegaram ao Hospital Arapiara apresentando baixa infecção urinária.

Em relação ao manejo vesical, observamos que 21 (56,8%) dos pacientes utilizavam as manobras de esvaziamento (Tapping, Credé ou

Valsalva), 9 (24,3%) usavam as manobras e o cateterismo intermitente, 5 (13,5%) urinavam espontaneamente e 2 (5,4%) pacientes faziam o cateterismo intermitente em horários regulares (gráfico 2) .

SILVA, C. H . & BORGES, E.D.P - Ava liação crítica do acompanhamento dos pacientes com bexiga neurogênica e propos tas d e tratamento

9

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Acta Fisiátrica 4(1): 7-13, 1997

GRÁFIC02 ManejoVesical

B~nobras de esvaziamento

11 ~nobras e cateterisrro interrritente

o [jJrese espontânea

[J Gateterisrno interrritenle

FONTE: Hospital Arapi ara, maio/1994 a maio/1995.

Discussão

A bexiga neurogênica é uma disfunção vesico­esfincteriana, em que a inervação sensitiva e / ou motora se encontra lesada, prejudicando a função vesical. Pode ser secundária a uma série de patologias: malformações congênitas, infecções bacterianas ou virais, doenças desmielinizantes, doenças endócrinas, tumores. 2

As infecções do trato urinário surgem como um importante agravante das disfunções vesico­uretrais, sendo que seu caráter persistente e recorrente pode levar à perda rápida e irreversível da função renal. Os fatores de risco para o seu aparecimento são a presença de volumes residuais, utilização de catéteres, alterações no esfíncter externo, etc. 2,3,4

Em nosso estudo foram avaliados três pacientes que apresentavam alterações do trato urinário superior, cujo início foi anterior à internação nesse serviço.

Podem ainda ocorrer outras complicações relacionadas com as disfunções vésico-uretrais, dentre elas as fístulas urinárias, os abscessos periuretrais, a epididimite, a prostatite, os cálculos, além da disreflexia autonômica, que constitui risco de vida para o lesado medular. 2

Os problemas sexuais adv indos da lesão medular também influenciam significativamente a reabilitação do paciente. Sua recuperação vai depender do nível e do tipo de lesão, e uma aborda-

gem adequada será de fundamental importância para sua reintegração familiar e sociaP

Observamos uma diminuição da freqüência dos episódios de infecção urinária naqueles pacientes cuja lesão medular ocorreu há mais de um ano. Concluímos que isso se deve à estabilidade clínica que o paciente vai adquirindo com o passar do tempo, além de maior h abilidade durante manejo vesica1. 3,5 Dois pacientes chegaram a ter seis episódios de infecção urinária em um ano, porém eles apresentavam alterações anatômicas do trato urinário que propiciavam a recorrência das infecções.

Os sintomas sistêmicos (febre, mal-estar, cefaléia, lombalgia, alterações digestivas) são de grande importância para o diagnóstico precoce de infecções do trato urinário em pacientes cuja sensibilidade está alterada. 6,7 Em nosso estudo, 20 (31,25%) episódios de infecção urinária foram acompanhados por febre, possibilitando rápida avaliação e início do tratamento.

Germes gram-negativos são responsáveis pela maior parte dos casos de ITU.4 Nesse estudo, o germe causador não foi identificado em nove pacientes devido ao fato de eles chegarem ao hospital em uso de antimicrobianos sem o relatório de identificação do agente etiológico. Cerca de 10% dos episódios de ITU de repetições assintomáticas (após propedêutica adequada) não foram tratados com antimicrobianos e durante acompanhamento observamos remissão das mesmas. Em casos análogos, em que não se consegue a esterilidade da urina, bastaria apenas o acompanhamento adequado, como já se tem descrito.8

Foram internados no Hospital Arapiara 20 pacientes (54,05%) apresentando infecção urinária baixa, demonstrando o difícil controle das infecções urinárias nas disfunções vesico-uretrais e possivelmente um manejo vesical inadequado em boa parte desses casos.9 O estudo urodinâmico não só constitui papel decisivo não só na classificação do tipo de disfunção apresentada pelo paciente, como também na definição de conduta e seu seguimento.6,9

O manejo vesical adequado deve ser insti­tuído nas primeiras horas após a lesão medular, para que o paciente não apresente seqüelas definitivas secundárias à superdistensão do detrusor. O cateterismo intermitente é o pro­cedimento de escolha na fase aguda, e pode ser associado às manobras de esvaziamento (Tapping, Credé, Valsalva) e também ao uso d e drogas, pos ter iormen te. 6,9

O paciente e toda a equip e devem es ta r devidamente conscientizados quanto aos riscos de infecções de repetição, e a defini ção d e um algoritmo é útil para orientar o raciocínio clínico (Quadros 1 e 2).

10 SILVA, C. H . & BORG ES, E.D.P. - Avali ação críti ca do acompanha me nto d os pil cientes C01l1 bexiga neurogêni ca e propost8 s de trél tll ll1ento

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A cfa FisilÍtr icn 4(1): 7-13, 1997

QUADRO 1 Protocolo de acompanhamento dos pacientes portadores de bexiga neurogênica

FASE DE CHOQUE MEDULAR (ATONIA DETRUSORA)

PERDA DE URINA NOS INTERVALOS

DOS CATETERISMOS

Urografia excretora:

Uretrocistografia miccional:

Estudo urodinâmico:

Estudos de laboratório:

Controle do resíduo urinário:

LEMBRETE

CATETERISMO INTERMITENTE 6/6 h EXAME DE URINA DE ROTINA + UROCULTURA

1 x / mês

URODINÂMICA UROGRAFIA EXCRETORA

URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL

• 1 x/ano nos primeiros dois anos de lesão; • Mudar para ultra-sonografia renal caso haja estabilidade anatômica

do aparelho urinário e ausência de refluxo vesico-ureteral.

• 6/6 meses nos'primeiros dois anos de lesão.

• 3/3 meses no primeiro ano de lesão e de 6/6 meses no segundo ano de lesão; • A curto e médio prazos são os parâmetros que decidem sobre o

método de drenagem da urina.

• Exame de urina de rotina + urocultura; • 3/3 meses nos primeiros dois anos de lesão.

• A cada um a três meses, de acordo com estabilidade do paciente.

PRIMEIROS DOIS ANOS DE LESÃO

Urografia excretora ou ultra-som 1 xlano

Uretrocistografia miccional 6/6 meses

Estudo urodinâmico 3/3 meses (primeiro ano) 6/6 meses (segundo ano)

Exame de urina de rotina + urocultura 3/3 meses

1/1 mês (Fase de Choque)

SILVA, C. H . & BORGES, E.D.P - Avaliação críti ca do acompanhamento dos pac ientes com bex iga neurogênica e p ropos tas de tra tamento

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Actn Fisiátricn 4(1): 7-13, 1997

aUADR02 Protocolo de avaliação e tratamento de ITU

I UROCULTURA POSITIVA I PACIENTE COM SONDA

DE DEMORA

I I ASSINTOMÁTICOS SI NTOMÁ TICOS ASSINTOMÁTICOS

- pH 11 -+acidificantes - Igual ao tratamento de pielonefrite Igual ao tratamento dos pacientes - pH JJ ou Normal -+ hidratação aguda em cateterismo intermnitente

oral freqüente + observação

I EM CATETERISMO INTERMITENTE

I

I ASSINTOMÁTICOS SINTOMÁTICOS

- Quimioterápico por 10 a 15 dias ou acidificantes

- Repetir urocultura após 48 horas do término do tratamento

urocultura repetidamente positiva

1 GERMES IGUAIS 1 GERMES DIFERENTES

Não tratar Fazer acompanha­mento laboratorial

- Uretrocistografia miccional - Urografia excretora ou

(ultra-som) - Estudo urodinâmico etc.

- Igual ao tratamento de pielonefrite aguda

EXAMES POSITIVOS - Tratamento específico

EXAMES NEGATIVOS

Bacteriúria assintomatica

< 1 oA colônias/ml

- Quimioterapia em dose de supressão ou acidificante

- Ingestão hídrica - Quimioterapia em baixas

-+ doses ou acidificantes - Acompanhamento laboratorial

1 UROCULTURA NEGATIVA 1-+ r Acompanhamento laboratorial 1

I PACIENTE SEM SONDA

DE DEMORA

I SI NTOMÁ TICOS

(CRISE AGUDA DE PIELONEFRITE)

- Suspender antibiótico (se estiver usando)

- Colher urocultulra e hemocultura . Usar um ou mais antibióticos, de acordo com a gravidade e a suspei ta clínica do agente etiológ ico

- Ausência de resposta clinica após 48 horas: -+ mudar ant ibiótico conforme antibiograma

- Tempo de tratamento: Antibiótico ~ 1 O dias

+ - Quimioterápico por 10 a 15 dias

ou ac idificantes - Repetir urocultura após 48 horas

do término do tratamento

~ UROCULTURA REPETIDAMENTE

POSITIVA

Igual ao tratamento dos pacientes em catete rismo intermitente.

12 SILVA, C. H. & BORGES, E.D.r. - Ava liação crítica do acompanhamento dos pac ientes com bexiga neurogênica e propos tas de tratamento

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Conclusão

A perda da função vesico-uretral em pacientes com lesão medular é incapacitante e aumenta significativamente a taxa de mor­bimortalidade.

A obtenção de um armazenamento e esvaziamento vesicais mais eficazes, com dimi­nuição do resíduo urinário e da incidência de complicações, constituem uma parte funda­mental no processo de reabilitação do lesado medular.

De acordo com o exposto, desenvolvemos um protocolo para que o acompanhamento desses pacientes seja feito de maneira regular e criteriosa, tendo como finalidade última uma vida mais longa e rica para o portador de lesão medular.

Acln Fisiátricn 4(1): 7-13, 1997

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SILVA, C. H. & BORGES, E.D.P - Avaliação crítica do acompanhamento dos pacientes com bexiga neurogênica e propostas de tratamento

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