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A AGENCIAMENTO (Agencement) (J.B.F.): Termo qué sérvë para designar globalmente tudo que se liga na linguagem. AGRESSIVIDADE (Agressivité) (J.B.F.): Na primeira infância, atitude do sujeito que visa a espedaçar o corpo de seus semelhantes, identificado com o seu próprio. ALIENAÇÃO (Aliénation) (J.B.F.): Relação de confusão entre si e os objetos, por falta de individualidade própria e de linguagem diferenciada. ALINGUA:O saber inconsciente, aquele que, segundo Lacan (1985 [1975], p. 190) escapa do ser falante e, portanto, sabe-se sem saber; aquele que marca o corpo (daí a linguagem não dar conta dele) com significantes, sem a mediação da significação. Ainda no mesmo seminário citado (idem, p.188), o autor acrescenta que a “alíngua serve pra coisas inteiramente diferentes da comunicação”, ou seja, não implica em “diálogo”, mas “comporta efeitos que são afetos” (idem, p.190), daí serem “corpo” – campo do real - e não palavra – campo da linguagem. Tradução adotada, a partir da publicação de Outros Escritos (Jorge Zahar, 2002), para o termo "lalangue", criado por Lacan a partir da junção do artigo la ("a") com o substantivo langue ("língua"). ANDRÓGINO (Androgyne) (J.B.F.):Ser mítico anterior à diferenciação dos sexos. AUFHEBUNG (C.M.):Para Hegel, o processo que anima o real e o racional - o ser e o pensamento - obedece a um ritmo ternário: a tese ou afirmação, a antítese ou a negação e a síntese ou a negação da negação. É esta última que constitui o momento da Aufhebung ("ultrapassamento-conservação). B BARRA (Barre) (J.B.F.):Linha indicando uma relação (entre significante e significado) e que se torna linha de separação. C CADEIA (Chaine) (J.B.F.):A linguagem enquanto formada de uma série articulada de signos. CASTRAÇÃO (Castration) (J.B.F.): Intervenção do pai, significando à criança que ela não éo falo e à mãe que ela não o tem. CLAUSURA (Clôture) (J.B.F.):Economia pela qual uma língua se baseia em um número restrito de regras e de unidades distintas. CÓDIGO (Code) (J.B.F.):Conjunto das regras da língua. COMPROMISSO (formação de) (Formation de compromis) (J.B.F.): Equilíbrio relativo pelo qual uma pulsão que forçou a barreira do inconsciente se encontra apesar disso descarregada de sua tensão. CONOTAÇÃO (Connotation) (J.B.F.): Linguagem segunda (e parasita) suportada pela linguagem primeira (corrente e "objetiva") a qual é chamada linguagem de "denotação". CORPO ESPEDAÇADO (Corps morcelé) (J.B.F.): Estado primeiro do corpo do sujeito, anteriormente a toda identificação. CORPO PRÓPRIO (Corps propre) (J.B.F.): Descoberta, graças ao espelho, da imagem global de seu corpo. D DEMANDA ou PEDIDO (Demande) (J.B.F.): Transcrição do desejo no plano da linguagem. DEMANDE (A.L.):Vertemos de presto e invariavelmente por "pedido", que

Lacan Dicionario Lacaniano

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A

AGENCIAMENTO (Agencement) (J.B.F.):Termo qu srv para designar globalmente tudo que se liga na linguagem.

AGRESSIVIDADE (Agressivit) (J.B.F.):Na primeira infncia, atitude do sujeito que visa a espedaar o corpo de seus semelhantes, identificado com o seu prprio.

ALIENAO (Alination) (J.B.F.):Relao de confuso entre si e os objetos, por falta de individualidade prpria e de linguagem diferenciada.

ALINGUA:O saber inconsciente, aquele que, segundo Lacan (1985 [1975], p. 190) escapa do ser falante e, portanto, sabe-se sem saber; aquele que marca o corpo (da a linguagem no dar conta dele) com significantes, sem a mediao da significao. Ainda no mesmo seminrio citado (idem, p.188), o autor acrescenta que a alngua serve pra coisas inteiramente diferentes da comunicao, ou seja, no implica em dilogo, mas comporta efeitos que so afetos (idem, p.190), da serem corpo campo do real - e no palavra campo da linguagem.Traduo adotada, a partir da publicao de Outros Escritos (Jorge Zahar, 2002), para o termo "lalangue", criado por Lacan a partir da juno do artigo la ("a") com o substantivo langue ("lngua").

ANDRGINO (Androgyne) (J.B.F.):Ser mtico anterior diferenciao dos sexos.

AUFHEBUNG (C.M.):Para Hegel, o processo que anima o real e o racional - o ser e o pensamento - obedece a um ritmo ternrio: a tese ou afirmao, a anttese ou a negao e a sntese ou a negao da negao. esta ltima que constitui o momento daAufhebung("ultrapassamento-conservao).

B

BARRA (Barre) (J.B.F.):Linha indicando uma relao (entre significante e significado) e que se torna linha de separao.

C

CADEIA (Chaine) (J.B.F.):A linguagem enquanto formada de uma srie articulada de signos.

CASTRAO (Castration) (J.B.F.):Interveno do pai, significando criana que elano o falo e me que ela no otem.

CLAUSURA (Clture) (J.B.F.):Economia pela qual uma lngua se baseia em um nmero restrito de regras e de unidades distintas.

CDIGO (Code) (J.B.F.):Conjunto das regras da lngua.

COMPROMISSO (formao de) (Formation de compromis) (J.B.F.):Equilbrio relativo pelo qual uma pulso que forou a barreira do inconsciente se encontra apesar disso descarregada de sua tenso.

CONOTAO (Connotation) (J.B.F.):Linguagem segunda (e parasita) suportada pela linguagem primeira (corrente e "objetiva") a qual chamada linguagem de "denotao".

CORPO ESPEDAADO (Corps morcel) (J.B.F.):Estado primeiro do corpo do sujeito, anteriormente a toda identificao.

CORPO PRPRIO (Corps propre) (J.B.F.):Descoberta, graas ao espelho, da imagem global de seu corpo.

D

DEMANDA ou PEDIDO (Demande) (J.B.F.):Transcrio do desejo no plano da linguagem.

DEMANDE (A.L.):Vertemos de presto e invariavelmente por "pedido", que o que o "paciente" nos faz em sua angstia. Demanda traz bolia conotaes outras (relao de poder) que no vm ao caso.

DENOTAO (Denotation) (J.B.F.):Linguagem primeira, corrente e objetiva.

DESEJO (Dsir) (J.B.F.):Segundo Freud:movimento do aparelho psquico para a percepo do agradvel e do desagradvel.Segundo Lacan:mpeto visando preencher a falha aberta pelafalta-a-ser(ver esse termo).

DESFILE (Dfil) (J.B.F.):A cadeia da linguagem enquanto coercitiva.

DESLOCAMENTO (Dplacement) (J.B.F.):Derivao de um significante sobre outro por meio de uma associao de sentido.

DIACRONIA (Diachronie) (J.B.F.):Mudana do sistema da lngua pela passagem a um outro estado.

DISCURSO (Discours) (V. FALA) (J.B.F.):Sentido extenso:A caeia falada, todo o alm da frase;Sentido restrito:Nvel da obra que escapa s regras, narativas e da competncia das regras de argumentao, de retrica.

DISCURSO (J.P.L.):No equivale, em psicanlise, nem lngua nem fala. Lacan chamou assim o tipo de relaes que podiam ter entre si cs sujeitos em funo do agenciamento que organiza os quatro termos - S barrado, S1, S2, a - que a "captura" dos sujeitos na linguagem implica. Esses quatro termos so: a bateria dos significantes (das palavras, dizendo muito rapidamente) dita S2, um (ou vrios) significante mestre S1 (o que organizou singularmente o sujeito, as palavras que para ele foram determinantes), o sujeito marcado pela linguagem e que inapreensvel (ele "se barra" sem cessar, j que apenas o "produto" da cadeia dos significantes) dito S barrado, e o "objeto a", o resto da operao significante, o que escapa sempre s palavras.Em funo da precedncia de um ou de outro desses termos, colocados assim em posio de agente, logo, em posio organizadora, haver quatro tipos diferentes de lao social: o discurso do mestre (em que o S1, logo, o significante mestre comanda) e o discurso universitrio (em que o S2, logo, o saber que comanda), o discurso histrico (em que S barrado, logo, o sujeito comanda) e o discurso analtico (em que o objetoaque comanda). Uma nica vez em sua obra (conferncia de Milo sobre o discurso psicanaltico) Lacan evocou um quinto discurso, o discurso do capitalismo, em que, aparentemente, o sujeito que comanda, mas no qual as conseqncias dessa organizao fazem com que no haja verdadeiramente lao social.

DUAL (relao dual) (Relation duelle) (J.B.F.):Relao da criana pequena com a imagem da me na qual o sujeto no faz a experincia de sua prpria individualidade.

E

ECART (A.L.)estampamos como "desvio". o sentido exato na distribuio da curva de Gaus. No sentido leclairiano, o espao criado na diferena de uma superfcie. A borda permanente do formen,exempligratia, alterada (diferena) pela carcia de um dedo.

DIPO (OEdipe) (J.B.F.):Segundo Freud:Primeiro encontro da dif renciao sexuaL.Segundo Lacan:Esse mesmo encontro ligado ao acesso ordem da linguagem.

EFEITO DE SENTIDO (Effet de sens) (J.B.F.):Emprego particular dum lexema (palavra).

EGO (Moi) (J.B.F.):Instncia do indivduo enquanto ao nvel do imaginrio. Se opeSujeito(ver este termo).

EMBREADOR (Embrayeur) (Shifter) (J.B.F.):Unidade gramatical cuja funo dupla; ao mesmo tempo convencional e "existencial". Por isso relaciona a mensagem comunicada e o ato de comunicao.

ENUNCIAO (Enonciation) (J.B.F.):O ato de comunicar uma mensagem.

ENUNCIADO (Enonc) (J.B.F.):A mensagem manifestada, comunicada.

ERGENA (zona) (Zone erogne) (J.B.F.):Zona do corpo onde se concentram as pulses (os mpetos a retomar).

ESPECULAR (Spculaire) (relao) (J.B.F.):Caracteriza a relaoimaginrianoestdio do espelho(ver estes termos).

ESPELHO (estdio do) (Stade du miroir) (J.B.F.):Estdio da p meira infncia em que o sujeito est em relao com sua imagem e acaba por se identificar com ela.

ESTOFO (ponto de) (Point de capiton) (J.B.F.):Ponto de cruzamento entre o percurso do significante e a elipse deslizante do significado.

ESTRUTURA (Structure) (J.B.F.):Um todo formado de fenmenos solidrios de modo que cada um depende dos outros e no pode ser o que a no ser em relao com eles.

ETRUTURAL 1 (Structural) (J.B.F.):Designa toda disposio submetida regras lingusticas.

ESTRUTURAL 2 (Structurel) (J.B.F.):Designa toda forma de organizao referente realidade.

EU (Je) (J.B.F.):Pronome pessoal representando o Sujeito no enunciado, mas podendo tornar-se mentiroso na medida em que se coloca mais sob o regime doimaginrioque sob o dosimblico(ver estes termos).

F

"FADING" (Fadiga do sujeito) (J.B.F.):Eclipse do sujeito, produzida pelaFenda(ver este termo).

FALA ou DISCURSO (Parole) (J.B.F.):A linguagem enquanto falada concretamente segundo variaes individuais.

FALO (Phallus) (J.B.F.):O atributo paterno, significante primeiro 3e toda a cadeia de significantes inconscientes e conscientes.

FALTA-A-SER (Manque-a-tre) (J.B.F.):Condio de existncia do sujeito separado do complemento materno.

FANTASMA (Fantasme) (J.B.F.):Incio de simbolizao de um desejo inconsciente.

FENDA (Fente) (J.B.F.):Diviso entre discurso consciente e inconsciente.

FONOLOGIA (Phonologie) (J.B.F.):Cincia que estuda as rela~ entre os sons recolhidos pela linguagem.

FORCLUSO (Forclusion) (J.B.F.):Rasura definitiva de um acontecimento, de modo que no poder jamais ser lembrado.

FORCLUSION (A.L.):que verteVerwerfung, vocbulo do linguajar jurdico. Tradu-lo em portugus "precluso", como outrora, emPsicanalisarde Serge Leclaire, o empregamos. Porm, de indstria optamos pelo neologismo criado por M. 0. Magno: "foracluso" e, da, o verbo "foracluir". Justificativa: o neologismo ldimo: temos incluir, excluirverbi gratia, do latimin-cludere, ex-cludlere. Da o passo para foracluir de pronto:"foras-cldere". E isto Verwerfung ad amussim: o real fechado fora. Quanto ao conceito, leia-se o ltimo captulo.

FORMAO (do inconsciente) (Formation de l'inconscient) (J.B.F.):Atividade "subterrnea" do psiquismo.

G

GRAMTICA GERATIVA (Grammaire gnrative) (J.B.F.):Gramtica que estuda as regras de transformao das frases (Noam Chomsky).

GOZO (J.P.L.):Quando o termo empregado por analistas, no se deve entend-lo em sua acepo usual, ainda que nem por isso esteja dissociado dela. Com efeito, comumente o termo "gozar" remete ao gozo sexual e, a esse ttulo, deixa entender que parcialmente tem uma ligao com o prazer. Mas, simultaneamente, o gozo est alm do prazer. Alis, Lacan indicou que o prazer era uma maneira de se proteger do gozo. Da mesma forma que Freud indicava que havia um "alm do princpio do prazer". Assim, beber um vinho de qualidade pode ser qualificado de prazer, mas o alcoolismo transporta o sujeito para um gozo do qual ele seria, sobretudo, o escravo. Por extenso, a palavra pode ser utilizada para designar o prprio funcionamento de um sujeito enquanto aquele que repete infatigavelmente tal ou qual comportamento sem de modo nenhum saber o que o obriga a assim permanecer - como um rio - no leito desse gozo.

H

HIANCE (A.L.):neologicamente traduzido por hincia. Termo j justificado, alhures,Psicanalisarde Serge Leclaire. Cf. pginas internas.

HINCIA (Bance) (J.B.F.):Falha entre a falta-a-ser e o complemento materno.

I

IDEOLOGIA (Idologie) (J.B.F.):Conjunto dos significados de conotao.

IMAGINRIO (Imaginaire) (J.B.F.):Caracteriza a relao desprovida de individualidade distinta por falta dum acesso verdadeiro linguagem.

IMAGINRIO (A.V. e L.C.M.):Um dos trs registros essenciais do campo psicanaltico tambm o primeiro efeito da estruturao do sujeito para o outro. No desenvolvimento da teoria lacaniana, encontram-se as seguintes modalidades referidas ao Imaginrio: a primeira refere-se constituio da fase que localiza a passagem ao Primeiro Tempo do dipo que, com o Estgio do Espelho fundaria o modo de relao narcisista nessa dupla chamada me flica-narcisismo, relao dual estruturada pelaImagodo semelhante cuja posio na estrutura fica marcada pela onipotncia: a Metemo falo, a crianao falo ausente da me; a segunda modalidade refere-se aos efeitos que esta fase estrutura, o Eu especular (Ich-Ideal de Freud), lugar doMoi(a) em correspondncia com os objetos metonmicos do desejo (a): objetos esses que, enquanto substitutos da carncia inaugural que opera como causa, surgem sob a iluso de reais objetos da pulso; a ilusria "unidade" do sujeito a terceira modalidade e brinda o sujeito com a ltima garantia contra a exoscopia dos membros da dispcrso originria, da prematuridade e falta de defesa doin-fans. A esta modalidade pertence o estatuto dofantasmacomo cenas originrias enquanto organizadoras da dialtica das identificaes que desde esse momento se operam.A psicose pe em questo esta posio "primeira" mediante a remisso fantasia do corpo fragmentado; finalmente, o Imaginrio emerge no discurso do paciente sob a forma da demanda ao analista, lugar que o pe como fetiehe-de-identifieaes pela transferncia e com o qual acredita manter um dilogo comunicativo.O Imaginrio deve ser entendido sempre, qualquer que seja sua modalidade aqui apontada, como um efeito de desconhecimento da eficcia simblica, da operao de desejo do Outro e da estruturao edpica (castrao).

INDISTINO (Indistinction) (J.B.F.):Relao ( imagem, me) na qual a criana "cola" com aquilo com o que est frente a frente.

INSISTNCIA (Insistance) (J.B.F.):Impulso do inconsciente na linguagem.

L

LANGAGE (A.L.):quase sempre traduzimos por "linguagem"; por vezes "fala" se impunha, visto que se tratava diretamente daquilo com que o analista lida.

LEI DO PAI (Loi du pre) (J.B.F.):Manifestaes pelas quais o pai, detentor do falo, representa a linguagem, a cultura, e instaura a configurao familial das trs individualidades.

LETRA (Lettre) (J.B.F.):A linguagem em suas transcries cultura j na escrita.

LNGUA (Langue) (J.B.F.):Instituio social de signos codificveis.

LINGUAGEM (Langage) (J.B.F.):Termo que recobre ao mesmo tempo a lngua e a fala (langue/parole).

M

MSCARA (Masque) (J.B.F.):O papel que se atribui ou se deixa atribuir o sujeito no plano da linguagem e da vida social.

METFORA (Mtaphore) (J.B.F.):Segundo Jakobson e Lacan, subtituio de significantes por uma similaridade de significao.

METALINGUAGEM (Mtalangage) (J.B.F.):Linguagem que por objeto descrever uma outra linguagem.

METONMIA (Mtonymie) (J.B.F.):Segundo Jakobson e Lacan, substituio de significantes por uma contigidade de significao.

N

NARCISISMO (Narcissisme) (J.B.F.):Caracterstico da relao de identificao entre o Ego (Moi) e: a me, a imagem, o outro.

NECESSIDADE (Bsoin) (J.B.F.):Transcrio no organismo dafalta-a-ser(ver este termo).

NEUROSE (Nvrose) (J.B.F.):Maneira (deficiente) de percorer a ordem da linguagem segundo relaes que permaneceram imaginrias (recalcadas).

N BORROMEANO (J.P.L):Objeto matemtico advindo da topologia e utilizado por Lacan desde 1972 para mostrar a articulao dos trs registros, Real, Simblico e Imaginrio. O n borromeano se caracteriza pelo enlaamento de trs "anis" ou "cordinhas de barbante" tal que a ruptura de um acarreta o desligamento dos trs. Tratava-se tambm da figura inscrita no braso de famlias dos borromeanos que assim selava sua indissolvel amizade com outras grandes famlias italianas.

NOM-DU-PRE (A.L):neologicamente, Nome-do-Pai. Os hfens na grafia coalescem a palavra-valise no conceito tcnico lacaniano.

O

OBJETO a (J.P.L.):Propriamente falando, trata-se da "inveno" de Lacan, e segundo seus prprios termos. O objetoa o objeto causa do desejo. No representvel como tal, "perda" implicada pela fala, mas que vai dar lastro ao conjunto da cadeia significante, ele vai, por isso, dar ao sujeito "sua consistncia" - consistncia paradoxal, j que s se sustenta por essa perda.

OUTRO (Autre) (J.B.F.):Toda a ordem da linguagem que constitui ao mesmo tempo a cultura trans-individual e o inconsciente do sujeito.

OUTRO (J.P.L.):Lacan muito rpido escreveu Outro - outro com uma letra maiscula - para distingui-lo do parceiro. Trata-se aqui, ento, de um lugar, que em particular o lugar da linguagem, situado para alm de qualquer pessoa e onde se situa o que anterior ao sujeito e que, entretanto, o determina. a me que ocupa o lugar de primeiro Outro para o sujeito, o que quer dizer que ela que torna presente para a criana essa cena em que sua subjetividade vai ser construda por palavras exteriores a ela prpria antes que ela se aproprie delas. A me, ento, empresta seu corpo a ser para a criana esse lugar do Outro, que tambm o lugar da linguagem, o lugar dos significantes.

P

PARADIGMA (Paradigme) (J.B.F.):Oposio significante entre dois ou mais termos.

PAROLE (A.L.):normalmente vertido por "fala", o que de cotio. Mas, s vezes, empregamos simplesmente "palavra". Dizemos, com efeito: "Com fulano a palavra". "Tomo a palavra..."

PASSE (A.L.):passe. J. Lacan, a fim de restituir a formao de analista verdade, suprime a chamada psicanlise didtica, elimina o "rito inicitico" e prope o conceito de passe..Passe resume-se nesse difcil conceito: "O analista no se autoriza seno por si mesmo". A multifacetada utilizao imaginria que passe pode embrear, quer para passantes quer para passadores, exige profundo exame. O termo vem mencionado no prefcio de Lacan; a autora, contudo, no o ventila.

PENIS (Pnis) (J.B.F.):O rgo sexual masculino, no sentido anatmico.

PLENO (discurso) (Parole pleine) (J.B.F.):O discurso de interpretao e de cura, emitido pelo psicanalista.

PSICOSE (Psychose) (J.B.F.):Deficincia radical - efeito daforcluso(ver este termo) - que se traduz por uma inaptido a relacionar corretamente o significante ao significado ou o significado ao significante.

PULSO (Pulsion) (J.B.F.):Impeto que invade a criana por causa de suafalta-a-ser(ver este termo).

R

REAL, O (A.V. e L.C.M.):Juntamente com o Imaginrio e o Simblico, constitui um dos registros mediante os quais Lacan explicita o campo da Psicanlise e a antropognese da espcie humana. O Real aparece como um corte na estrutura do Sujeito. Este corte, operado pelo entrecruzamento dos outros dois registros, aparece nos esquemas lacanianos como uma linha de correspondncias entre o a da estruturao doMoie opetit aconfigurador do objeto-Me-significante primordial do desejo, emergncia do Id freudiano. A toro dessa linha representada pela Banda de Moebius, caracterizando nela o passo "imvel" de externo a interno, eliminando assim para uma topologia do sujeito a mera realidade externa composta por coisas extcnsas. O real equivale pulso de Freud e, como tal, o que no tem pertinncia no discurso psicanaltico. O real opera como causa e persegue constantemente o sujeito que se encontra protegido pela cena invarivel que ofantasma(imbricao dos dois registros). Quando esta tela fracassa, quando no oferece o controle da mediao entre as relaes que o sujeito do Inconsciente tem. com o objeto de seu desejo, o real aparece no vivido do sujeito em todas essas modalidades bizarras em que parece que a "realidade" no est presente: alucinao, fenmeno do outro, ato incontrolado, etc. O Real o absolutamente heterogneo e sua relao com o objeto e a falta aparece mediado pela ordem significante segundo a articulao do Falo que, como representante primordial, participa eminentemente do Real. O Real no objeto de definio, mas de evocao. Aparece no discurso enquanto comanda o desconhecimento. Sempre fora do jogo no ato psicanaltico, fora do jogo especular do imaginrio, o real tem a ver com a falta-a-ser, com a ruptura fundamental, com a operao significante e o desejo. O real escapa simbolizao e se situa margem da linguagem. O primeiro efeito do real, tambm inacessvel, o objeto do desejo como lugar de uma falta impossvel de ser preenchida, produzida como resto, como desperdcio, como algo cado que seduz e engendra a busca. O Real , portanto, o informe, o que sempre aparece construdo precariamente, falsamente: impossvel. O Real, diz Lacan, sempre sem fendas... e no h meio de apreend-lo a no ser por intermdio do simblico.

RECALCAMENTO (Refoulement) (J.B.F.):Ocultao dum acontecimento, de uma cena. . . na zona inconsciente do psiquismo.

REFENDA (Refente) (J.B.F.):Tudo que o sujeito construiu na ignorncia de sua diviso, dafenda(ver este termo) primeira.

REFERNCIA-REFERENTE (Rrecence-rferend) (J.B.F.):Funo da linguagem pela qual os interlocutores se referem realidade que toma o nome de Referente.

RELAO SEXUAL (J.P.L.):Conhece-se a formulao clebre de Lacan segundo a qual "No h relao sexual". O que ele assim queria fazer entender que, pelo fato de sua "captura" na linguagem, homem e mulher nunca se encontram completamente, que h sempre um resto - como quando se divide cem por trs - e que, certamente, a existncia desse resto - irredutvel - faz fracassar toda esperana de complementaridade dos sexos. Ademais, a relao com esse resto no a mesma para os dois sexos: com efeito, o homem "todo" flico e a mulher "no toda". Por isso, o que uma mulher espera de um homem no o que um homem espera de uma mulher. Da pertinncia desse aforismo certamente se pode deduzir a constatao da pemanncia das dificuldades da vida conjulgal.

REPRER (A.L.):reprage, letra, "reparar", "reparo". "No reparou que D. Severina tinha um xale que Ihe cobria os braos" (M. de Assis). Todavia, de onde em onde, lanamos mo de "notar", "demarcar", pois no caberia o sentido original.

RETRICA (Rhtorique) (J.B.F.):Classificao das figuras de estilo e de argumentao. Conjunto dos significantes de conotao. Remete Ideologia(ver este termo).

S

SABER (Savoir) (J.B.F.):Resistncia do sujeito verdade da linguagem, pelas iluses imaginrias de conhecimento objetivo que ele se oferece.

SEMBLANTE (J.P.L.):A categoria de Semblante, para Lacan, no remete ao falso semblante. Ao contrrio, o Semblante designa o que organiza a vida psquica para alm do que seria uma aparncia por oposio a uma essncia. O Semblante deve ser relacionado com a Verdade. Assim, pelo fato da falta e da defasagem introduzida pela linguagem, no difcil dar-se conta de que somos todos um pouco divididos, nunca completamente garantidos do que afirmamos, sempre um pouco no Semblante - mas irredutvelmente e, ento, sem nenhuma conotao pejorativa. Tal , antes, nossa verdade de humanos.

SEMNTICA (Smantique) (J.B.F.):Cincia dos signos do ponto vista dos signicados.

SEMIOLOGIA (Smiologie) (J.B.F.):Cincia dos signos do ponto de vista dos significantes.

SIGNIFICADO (Signifi) (J.B.F.):No sentido semiolgico:parte ' signo que est "escondida", imaterial.No sentido lacaniano:aquilo a que remete o significante, mas que, no inconsciente, inarticulvel.

SIGNIFICANTE (Signifiant) (J.B.F.):No sentido semiolgico:parte do signo que perceptvel (visvel, audvel).No sentido lacaniano:a definio acima aceita no que se refere ao consciente. No inconsciente, o significante o que pode se articular em um sistema, uma cadeia (a partir do significante primeiro, o falo).

SIGNO (Signe) (J.B.F.):O todo formado por um significante e um significado.

SIMBLICO (Symbolique) (J.B.F.):No sentido lacaniano: coextensivo a toda a ordem da linguagem.

SMBOLO (Symbole) (J.B.F.):No sentido semiolgico:signo qual as relaes entre significantes e significados comportam uma certa analogia.

SINCRONIA (Synchronie) (J.B.F.):Abstrao segundo a qual um sistema estudado independente do tempo (cronolgico).

SINDOQUE (Synecdoque) (J.B.F.):Figura de retrica que nom com maior exatido o modo de substituio de sentido designado sob o nome de "metonmia".

SINTAGMA (Syntagme) (J.B.F.):Relao de combinao entre dois ou mais signos copresentes.

SINTOMA (Symptme) (J.B.F.):Signo enigmtico de um conflito inconsciente.

SISTEMA (Sistme) (J.B.F.):No sentido extenso:Sinnimo de cdigo.No sentido restrito:Conjunto de operaes paradigmticas (ver paradigma).

SUBSTITUTO (Substitut) (J.B.F.):Significante em posio de alternativa em relao a um ou a vrios outros.

SUJEITO (Sujet) (J.B.F.):O ser humano atingindo sua individualidade prpria numa configurao familial a trs: o pai, a me , criana.

T

TRIDICA (relao) (Relation triadique) (J.B.F.):Relao onde os trs "papis" (o pai, a me, a criana) se explicitaram.

V

VAZIO (discurso) (Parole vide) (J.B.F.):Fala aparentemente insignificante, "neutra", do psicanalista para que o paciente "esvazie" tudo o que construiu.

VERDADE (Verit) (J.B.F.):Momento do discurso pleno, da interpretao, da cura, o sujeito e o psicanalista concordando sobre a ordem simblica.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS(J.P.L.)= Jean-Pierre Lebrun - MELMAN, Charles. O homem sem gravidade, Ed. Companhia de Freud.(J.B.F.)= FAGES, J. B. Para compreender Lacan, Ed. Rio.(A.L.)= LEMAIRE, A. Jacques Lacan uma introduo, Ed. Campus.(A.V. e L.C.M.)= Vallejo, A. e Magalhes, L.C. LACAN: OPERADORES DA LEITURA. Ed. Perspectiva.

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