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Este Curso encontra-se dividido em 5 partes distintas é uma adaptação de um curso sobre lagos de jardim com mais de 200 slides de nossa autoria, sendo a 5ª parte de autoria de Eiti Yamasaki. Por que construir um Lago de Jardim ? Lago de Flávia de Urgal - Assis - SP Valorizam imóveis e empreendimentos com seu aspecto paisagístico, simbolizando a fartura e o equilíbrio, de acordo com a sabedoria oriental .

Lagos de Jardim

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Este Curso encontra-se dividido em 5 partes distintas é uma adaptação de um curso sobre lagos de jardim com mais de 200 slides de nossa autoria, sendo a 5ª parte de autoria de Eiti Yamasaki.

Por que construir um Lago de Jardim ?

Lago de Flávia de Urgal - Assis - SP

Valorizam imóveis e empreendimentos com seu aspecto paisagístico, simbolizando a fartura e o equilíbrio, de acordo com a sabedoria oriental .

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Excelentes locais para meditação, repouso, lazer e entretenimento.

Ótimo local para reuniões informais .

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Denotam sensibilidade e bom gosto .

Tipos de Lagos (formatos) :

Lagos Formais – seguem padrões e formas básicas (círculo, quadrado, retângulo, etc...)e os materiais de acabamento externo apresentam uma disposição homogênea.

Lagos Informais – Sem formato definido – Adaptáveis. Em geral fazem parte de um arranjo paisagístico.

Podem ser externos (ao ar livre) ou internos (em ambientes confinados .

Onde construir:

0 Local deve ser plano, não estar situado em faixas de terrenos próximos à barrancos íngremes ou à montante de construções como residências ou calçadas .

Não devem estar muito próximos a árvores de grande porte cujas raízes poderiam danificar-lhe as estruturas, além da grande quantidade de folhas que gerariam excesso de matéria orgânica no mesmo, um irresistível convite à presença de amônia e algas .

O aspecto geológico do terreno também deve ser avaliado . O ideal é um solo firme que não seja muito arenoso e nem alagadiço .

Não deverá situar-se também em locais que foram objeto de aterro por entulho, devido á presença de gases no subsolo que poderiam danificar-lhe á estrutura .

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É necessário prever a incidência direta de raios solares, dando preferência aos raios matinais para um melhor controle de algas.

As paredes externas do lago deverão ainda possuir uma pequena elevação em relação ao solo a fim de que as águas pluviais não possam adentrar o lago .

Devemos observar também para que não ocorra a presença de telhados que desagüem por sobre a superfície do lago, o que traria muita sujeira e impurezas para o mesmo .

Citação:No desenho acima observamos um lago com diferentes profundidades . O contorno marrom mostra a área onde foi feita a escavação .Podemos observar também a existência de diferentes profundidades, escavação em degraus (que no caso de lago de lona auxilia a estabilidade estrutural e o acabamento final), uma vez que os pedras alí depositadas que emergem de dentro do lago ajudam a esconder a parte da lona que fica para fora do lago. As setas indicam o processo de captação e retorno da água que passa primeiro por um filtro uv e depois por um filtro mecãnico biológico impulsionada por uma bomba submersa que fica no fundo do lago . A saída da água do filtro ajuda a formar uma pequena cascata .

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Otimização de Capacidade :

Sempre que falamos em Lagos circulares estamos trabalhando com diâmetros e se você possui um diâmetro de 2,00 m, por exemplo, com certeza possui uma área de 2,00m x 2,00m = 4 m², vc. tem para construí-lo, certo ?

Se é assim, por que não construí-lo num formato quadrado ou retangular? Você ganharia muitos litros, utilizando praticamente a mesma área .

Observe que um lago circular com diâmetro de 2,00 m e profundidade de 50 cm. possuirá 1.570 litros, enquanto que um lago quadrado medindo 2.00x2.00m e profundidade de 50 cm. possuirá 2.000 litros . Haverá portanto, um ganho de 430 litros, o que é bastante substancial , representando 21,5 % do volume total de capacidade .

Citação:Resta lembrar no entanto, que um lago com formato circular possui melhor circulação de água , o que facilita os esquemas de filtragem . Alguns autores afirmam que tanques circulares podem ser autolimpantes. Alegam que quando a água se movimenta em torno do tanque, as partículas sólidas são conduzidas para o centro do tanque onde deverá estar situado o sistema de captação de água pra filtragem . Segundo opiniões este tipo de tanque deverá possuir um desnível de 1:50 (2%) na parte central (mais funda) , a fim de que as particulas a serem filtradas acumulem-se alí por gravidade . A boa movimentação de água, aliada a uma melhor oxigenação e menor contato dos peixes com as laterais do tanque também são muito apreciadas em tanques circulares. fonte : Tanques Circulares - site Peixe Bom/www.peixebom.com.br

Profundidade de um Lago :

Lagos de jardim devem ter profundidades diferentes, variando de 50 cm. a 80 cm. ou 1 metro .

Pecilotermia – adaptação e saúde dos peixes (os peixes são animais de sangue frio e procuram zonas diferentes de profundidade durante as variadas horas do dia/estações, a fim de buscar a temperatura ideal da água para seu corpo .

Grandes rochas ajudam a atenuar quedas bruscas de temperatura ocorridas durante o ano, em lagos ao ar livre .

Plantas necessitam de profundidades diferentes para um pleno desenvolvimento

Lagos escavados com degraus auxiliam o controle da pressão exercida pela água e é vital em lagos “forrados” no que diz respeito ao acabamento.

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Diferenças de profundidade auxiliam também no processo de captação de água para filtragem

Aspecto Construtivo - Materiais :

Lagos podem ser construídos de diferentes maneiras , a saber :

Alvenaria - podendo ser de concreto, solo cimento, rochas, etc...(necessitam obrigatoriamente de cálculo estrutural e acompanhamento técnico) . Característica principal : Durabilidade.

Lagos Pré moldados – podem ser de fibra, plástico especial, caixas d’água, etc...enterrados ou aparentes .

Característica principal :Adaptáveis.

Exemplo :

Lagos revestidos – podem ser de lona impermeável , mantas, geomembranas, vinil, etc...

Característica principal :Facilidade de construção .

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Liners Firestone Pondgarden

Os liners Pondgard são compostos de um material à base de borracha que é altamente flexível. A linha Firestone de Liners EPDM é de maior qualidade no mercado hoje disponível. O material é especialmente formulado para ser seguro para plantas e peixes. O EPDM permanece flexível em uma enorme amplitude de temperaturas, de -40°C a 79,4°C, permitindo sua utilização em vários ambientes e climas. O EPDM é uma borracha constituída por um polímero sintético chamado “Etileno-Propileno-Dieno-Monomero”.

A estrutura desse material não é cristalina, e não contém massa plástica modeladora que poderia migrar e levar a falhas e trincas prematuras na membrana, causando afinamento da mesma com o passar do tempo. O EPDM da Firestone apresenta resistência impressionante aos raios ultravioleta (UV), sendo isso uma característica especialmente importante nas margens dos lagos, junto da linha d’água, onde o liner fica mais exposto. Sua alta elasticidade permite um desempenho excelente na expansão e contração, permitindo ajustar-se a objetos e superfícies diversas que ficam abaixo, de fato até mesmo envolvendo-os e moldando-os sem problemas. Pode ser usado em lagos pequenos a grandes igualmente.

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Estes liners encontram-se disponíveis em versões pré-cortadas e já embaladas, bem como em rolos de 6,1 X 30,48 metros, sempre com espessura de 1,14mm. Assim, cria-se a possibilidade de montagem de lagos de vários tamanhos e formatos.

As beiradas do liner que ficam para fora são recortadas e as rebarbas recobertas com lajotas,terra ou grama , fazendo uma espécie de elevação natural nas beiradas para proteção contra águas de chuva que podem carrear detritos para dentro do lago.

Uma excelente tática para ocultar a lona é o uso de degraus na escavação . Veja :

http://www.filtroslescanjr.kit.net/lago ... basico.jpg

Quanto à maneira de esgotar o tanque , em lagos feitos de lona, fazemos apenas um ladrão de superfície utilizando uma flange de caixa d'água, não utilizando necessariamente o dreno de fundo , embora não seja impossível . . Sugiro que o diâmetro interno da mesma seja igual ou maior que 2 polegadas . Faça um esquema logo na saída da flange (parte interna do lago com cano furado ou peneira) para evitar entupimentos e transbordamentos . Faça um pequeno furo no nível máximo desejado para a linha d'água e introduza uma flange de caixa d'água dos dois lados do furo que deve encaixar-se de maneira um tanto justa na referida peça . Após isto basta rosquea-la (ela é auto vedante) , pois além da rosca possui uma borracha de vedação em ambos os lados que irá comprimir a lona , não deixando que a água venha a escapar . Depois encaixe um cano na parte externa da flange que servirá para conduzir a água de transbordo para fora do tanque . Veja :

Para esgotar o tanque , basta desencaixar o cano de pvc que parte da(s) bomba(s) situadas na parte mais funda do lago e deixar que a água derrame para fora do mesmo . Por isto é sempre interessante utilizar bombas que tenham capacidade de levantar uma coluna d'água suficiente para levar a água do fundo do lago até o filtro externo ou à área externa destinada ao esgotamento da água, independente da potência da mesma em l/h.

Curso - Lagos de Jardim – Parte II

Dimensionamento de Bombas para Filtragem/Problemas Comuns :

É muito comum vermos diversas pessoas (inclusive lojistas) calcularem à vazão necessária ao filtro pela potência nominal da bomba submersa. Isto é um erro bastante comum, pois existem gráficos que determinam a perda de potência das bombas, em relação à coluna d’água .

Para ser mais preciso, vamos citar um exemplo concreto . Peguemos uma excelente bomba da marca Pond Master - Mag Drive – 1800 GPH .Pouca gente sabe, mas o que determina a

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potência da referida bomba é a sigla “GPH” = Gallons per Hour (Galões por Hora) . Sabemos que um galão é aproximadamente 3,78 litros, de forma que multiplicamos 3,78x1800 = 6804 litros . Esta é a potência nominal da bomba, embora, devido à alguns ajustes internos ela caia para aproximadamente para 6.600 litros/hora .

No entanto, esta quantidade de litros refere-se ao uso da bomba numa altura = 0, ou seja, ao nível do chão. Obviamente esta bomba ficará no fundo do lago (e na parte mais funda do mesmo) e necessitará erguer no mínimo 1 metro até o topo do filtro (externo e acima do nível da água ) .

Quando isto ocorre há uma significativa perda de potência, até que não saia mais nenhuma água . A isto chamamos de “coluna d’água máxima” . No caso desta bomba, ela é bem alta = 6,5 metros .

Isto significa que se erguermos a água a 6,5 metros de altura por canos ou mangueiras com diâmetro apropriado , quando a água chegar a esta altura, a vazão será igual a zero, ou seja, não haverá água, pois a força de gravidade exercida pela coluna d’água que está dentro do cano, iguala-se à potência nominal da bomba .

No caso de uma Atman AT – 105 com potência nominal de 2000 l/h e coluna d’água de 2,5 mts(se não me engano) , a vazão final ao fim de 1,5 m de coluna d’água será de aproximadamente 800 litros (no máximo) . Isto se os canos que conduzem a água estiverem bem dimensionados .

Obs: Alguns fabricantes declaram que a vazão declarada de suas bombas ocorre a 1 pé de altura .

Com relação a este dimensionamento podemos citar que o diâmetro interno dos encanamentos variam conforme o GPH da bomba . O uso de um diâmetro errado pode fazer com que haja uma perda de potência bstante significativa .

Os diâmetros ideais são :

120 GPH = ½ POL, 350 GPH = ¾ POL, 1000 GPH = 1 POL, 1500 GPH = 1 ¼ POL 3000 GPH = 1 ½ POL.

Para saber o valor em litros (correspondente aos GPHs. de sua bomba, basta multiplicar o GPH por 3,78 = 1 galão) . Acima disso devemos recorrer ao uso de Ts, por isto algumas bombas trazem conexões extras de diâmetro maior do que o comum .

Devido a este erro (bastante comum), muitas vezes temos sido chamados para vistoriar lagos

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com equipamento de última geração que aparentemente "não funcionam"...numa análise mais detalhada, percebemos que não é o equipamento que não funciona e sim que o mesmo está mal dimensionado em termos de bombas = gph/coluna dágua/vazão final .

Ocorre que a pessoa adquire um filtro uv ou um filtro mecanico biológico que necessita de um fluxo x para funcionar a contento(2.000 litros por hora, por exemplo - dentro do filtro) . Então a pessoa (mal orientada), adquire uma bomba de 2.000 l/h, coloca-a no fundo do lago, liga tudo direitinho e percebe que sua filtragem não funciona como deveria.

Qual a explicação ? Resposta : Simples - a bomba tem potência de 2000 l/h somente a nível do solo (no fundo do lago) e o filtro para onde a referida bomba conduz a água está numa altura de 2 metros (mal chegam 400 l/h dentro do filtro) .....obviamente o fluxo de água é mínimo e a pessoa, quando percebe isso, acha que a bomba está com defeito.... seria necessário o uso de uma bomba de uns 3.500 l/h, coluna dágua e tubulução dimensionada para atingir o resultado almejado ...do contrário, obviamente a filtragem não irá funcionar a contento.

Lagos de Alvenaria - Instalações iniciais

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Antes de pensarmos em construir um lago de alvenaria, deveremos prever o sistema de drenagem e transbordo racionais do mesmo.

Todo o lago de alvenaria, deverá obrigatoriamente possuir um sistema de drenagem (ao fundo) - algo como um ralo que possua um registro externo, bem como deverá possuir um ladrão na superfície a fim de que não transborde por ocasião de chuvas ou trocas parciais de água e elimine folhas e outros corpos flutuantes indesejáveis que poderiam comprometer o sistema de filtragem .

Alguns lagos usam um sistema de skimmer (filtro de nata de partículas sólidas flutuantes associado ao ladrão na parede, outros utilizam-se de um cano central de transbordo ligado diretamente ao cano de drenagem) . Em lagos com água corrente é possível a adaptação deste cano de pvc na grelha de drenagem situada no fundo do lago. Este cano servirá como uma espécie de skimer filtrando partículas flutuantes (folhas, etc...) e quando desencaixado servirá como ralo de drenagem. Veja :

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A Escavação

O lago deverá possuir profundidades diferentes e ser escavado num esquema de degraus , sendo que na maior profundidade estará situado o dreno . Um detalhe muito importante é o nivelamento do lago, que poderá ser feito com mangueiras cheias d'água ou com níveis apropriados sob tábuas estendidas de uma extremidade à outra . Veja :

Deverá ser feita de preferência manualmente por 2 ou mais pessoas (conforme o tamanho) num serviço que termine rápido - principalmente se houver risco chuva que inundaria todo o

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buraco e faria com que as paredes desmoronassem .

A Massa para Concretagem :

A massa será feita com 1 parte de cimento para 2,5 partes de areia e 2 partes de brita . Adicione também Vedacit ou similar (conforme instruções do fabricante) na massa, pois essa medida dará mais impermeabilidade à mesma. Estes ingredientes devem ser misturados ainda secos a fim de que adquiram homogeneidade . A água deve ser introduzida aos poucos na mistura e o ponto correto da mesma irá variar conforme o tipo e a qualidade do material empregado O ideal é que a massa após molhada não ceda facilmente quando "emparedada" com a pá e este efeito se obtém com o acréscimo gradual da quantidade devida de água em relação à mistura seca .

A Concretagem

Feito isto o solo deverá ser bem compactado . Um ótimo truque para evitar problemas futuros com o concreto que reveste o lago é forrar uma lona dentro do lago antes dele, pois esta técnica fará com que o concreto seque de maneira mais lenta, retendo por mais tempo a umidade, o que evita trincas e dilatações indevidas . Você deverá lembrar que após a aplicação do concreto o volume interno do lago tende a diminuir, portanto deverá calcular bem o volume final desejado . Veja :

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Esta mistura irá sobre a lona numa altura média de 10 a 12 cm. e quando todo o interior for preenchido , coloca-se uma tela de alambrado grossa recobrindo o interior do lago ou ferragem 3/16 devidamente amarrada, formando uma malha firme com espaçamento de mais ou menos 1 palmo . Após 24 horas será dada mais uma mão de massa por cima desta malha de aproximadamente 7 cm. contendo apenas areia e cimento na proporção de 3 por 1.

Após isto deve-se utilizar um cimento polimérico do tipo SikaTop 107, Vedajá , Vedapren, etc... , conforme especificado nas instruções de uso a fim de proporcionar a devida vedação ao lago ou manta asfáltica aplicada com maçarico, conforme o tamanho do lago . Parte deste concreto pode inclusive, conforme orientação do fabricante, compor a camada que recobre as estruturas da malha .

Lembre-se sempre que um lago de alvenaria, ou mesmo de outro material em proporções um pouco maiores, só é seguro com acompanhamento Técnico.

A Maturação do Concreto

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O concreto desprende elementos altamente tóxicos aos peixes até que se adapte , elevando drasticamente o ph da água e o lago deve passar por um processo de maturação de cerca de 1 a 2 meses com constantes trocas de água até que os parâmetros da mesma estejam em condições de receber peixes, independente do processo de maturação biológica que o lago deverá passar . Nesta fase é comum que a água do lago apresenta-se com um aspecto incrivelmente azul, como uma piscina, devido a compostos liberados pelo concreto . Esta água não é salutar para a vida .

Plantas para Lagos

A introdução de plantas em lagos possuem um efeito estético e paisagístico muito bonito, além de contribuírem com a biologia, no entanto, de acordo com a espécie de peixe a ser criada, o Aquarista necessita pesar alguns prós e contras ....

Introdução de Plantas em Lagos - Vantagens

- Plantas flutuantes evitam a luz direta do sol sobre a lâmina, tendo em vista que absorvem a luz na superfície, colaborando assim para o controle de algas ,

- As plantas palustres , principalmente as flutuantes, servem de local para a desova dos peixes de água fria (kinguios e carpas).

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- Constituem excelente refúgio para os alevinos em fase de crescimento, evitando que sejam devorados por peixes maiores ,

- Absorvem, através de suas raízes, parte dos nitratos e fosfatos sempre presentes em águas eutrofizadas, competindo diretamente com as algas pela absorção destes nutrientes.

- Possuem também propriedades filtrantes, bastando para isto erguer um aguapé e notar a grande quantidade de detritos em suspensão que ele literalmente "segura" em suas raízes.

- Possuem inegável poder de absorção de metais pesados presentes na água . Principalmente o ferro, o cálcio, o manganês e o magnésio .

No caso de plantas do gênero Eleocharis , tais como os papiro, prefira sempre o mini papiro, pois o papiro comum cresce demais e pode até mesmo estourar o vaso em que se encontra plantado, alastrando-se e fugindo ao controle . Para plantá-lo, utilize um vaso de barro, pesado e grande o suficiente para manter-se em pé e equilibrado após o crescimento da planta. Como substrato, utilize humus embaixo e alguma espécie de cascalho de seixos de granulação média em cima. Isto evitará que a terra turve a água ....Veja :

Lago de Sonia Rosemberg - Itaipava - RJ

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Plantas para Lagos - Desvantagens

- Constituem excelentes fontes de alimento para os peixes de água fria, uma vez que suas raízes e folhas costumam ser arrancadas e constantemente ingeridas pelos mesmos .

- Este fato faz com que exista o acúmulo de raízes no fundo do lago , o que acaba entupindo e até mesmo queimando a bomba, devido ao travamento do impeller .

Lago de Sonia Rosemberg - Itaipava - RJ

- Reproduzem-se excessivamente nos meses quentes e podem tomar contra de toda a lâmina, comprometendo a troca gasosa da superfície e impedindo a apreciação dos peixes = personagens principais do lago .

- Quando adquiridas de fontes duvidosas, ou coletadas diretamente da Natureza, podem introduzir organismos patogênicos no lago ou trazer ovas de peixes ou insetos predadores (traíras, libélulas,etc...). Devem passar por tratamento à base de permanganato de potássio por um período de 48 horas antes de serem introduzidas no lago. Para isto basta colocá-las em um balde com água do lago onde dissolver-se-á 5

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mg. de permanganato de potássio por litro d'água .

Proteção para as plantas Devem ser controladas portanto e utilizadas principalmente na primavera, época de reprodução dos peixes de água fria . Para quem quer ter plantas flutuantes no lago aliada à presença dos Peixes de Água Fria, o ideal é que se faça uma espécie de cesta de tela em toda a superfície da lâmina em que se encontram estas plantas flutuantes (sugerimos 30 a 50 % da superfície da lâmina) , cesta esta que deverá ter uma profundidade média de cerca de 30 cm a fim de que as raízes possam ter um desenvolvimento ideal . A malha desta rede de nylon deve ser dimensionada de maneira que somente os filhotes possam passar por ela e esconderem-se entre as raízes das plantas . Isto evitará que os peixes cortem as raízes e comam as plantas e ainda servirá de berçário natural, impedindo que as crias sejam devoradas pelos Pais .

Filtro de Plantas Outra excelente alternativa quando o assunto é lago com plantas, é a construção de um canal ou uma calha, com cerca de 30 cm. de profundidade (ao lado ou em torno) do lago . Este canal, devidamente impermeabilizado, deverá possuir uma saída por transbordamento que conduza a água de volta ao lago. Dentro do mesmo colocaremos plantas do tipo aguapé . Após isto, utilizaremos uma bomba fraca que jogue a água dentro do canal. Percebam que este canal não possui comunicação direta com o lago e suas paredes ficam um pouco acima da lâmina. Desta forma, teremos construído um filtro de plantas . A principal função deste filtro é atuar no controle de algas e não permitir que os peixes de água fria devorem todas as plantas . Trata-se de uma espécie de aquaponia, onde a matéria orgânica (solução nutritiva) existente no lago alimentará as plantas, que por sua vez ajudarão no processo de filtragem , tanto mecanica (retenção de partículas em suspensão nas raízes), quanto biológica (absorção de fosfatos e nitratos), além de metais pesados . Já ví pessoas que plantaram hortaliças utilizando-se deste princípio...tufos de perlon (lã acrilíca) separando as plantas ajudam na filtragem mecanica, no desenvolvimento das raízes e na própria filtragem mecânica . Isto não quer dizer que apenas este sistema de filtragem basta para manter um lago equilibrado e com a água cristalina, a não ser que o mesmo tenha uma fonte constante de renovação de água (nascente) .... Veja um exemplo de filtro de plantas em proporções menores, adaptado para um aquário :

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Lagos Plantados

Da mesma maneira que existem aquários plantados no estilo holandês, também é possível a construção de jardins aquáticos, ao qual simplesmente chamamos de "lagos plantados" ....Para este tipo de lagos, valem todas as regras de aquapaisagismo existentes, lembrando no entanto que teremos também um ângulo de visão de cima para baixo e que algumas plantas assumirão sua forma emersa ao saírem da superfície da água e elevarem-se ... Alguns lagos, por esta característica, somados às diferentes profundidades e solo fertil assumem a forma de pauldários ....Para estes lagos, sugerimos a introdução de alguns pequenos peixes que não danifiquem as plantas, cuja função principal será a de larvófagos (consumindo larvas de mosquito, principalmente) . Peixes ideais para este papel são os poecilídeos de maneira geral (principalmente guppies e espadas) .

Veja :

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foto cedida por Toca do Peixe - Atibaia - SP

Vale lembrar que havendo diferentes profundidades , as zonas de plantio de cada espécie devem ser respeitadas, zona pantanosa, zona média, etc.... Veja :

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foto cedida por Toca do Peixe - Atibaia - SP

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foto cedida por Toca do Peixe - Atibaia - SP

Inimigos dos Peixes

Além das doenças causadas por parasitas, bactérias, viroses, etc... já conhecidas pelos usuários e expostas com propriedade pelo Dr. Rodrigo Mabília nos tópicos abaixo discriminados :

Guia Ilustrado - Doenças Bacterianas em Peixes Ornamentais autor : Dr. Rodrigo Mabília e Ricardo Assunção http://aquaforum.com.br/forum/viewtopic.php?t=757

Guia Ilustrado - Doenças Fungicas em Peixes Ornamentais autor : Dr. Rodrigo Mabilia http://aquaforum.com.br/forum/viewtopic.php?t=760

Doença dos Pontos brancos - Ictiofitiríase (Ictio) autor : Dr. Rodrigo Mabília http://aquaforum.com.br/forum/viewtopic.php?t=490

Hidropsia - Ascite Infecciosa autor : Dr. Rodrigo Mabilia http://aquaforum.com.br/forum/viewtopic.php?t=293

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Poderemos encontrar também crustáceos parasitas que podem infestar o lago, sendo os mais comuns abaixo discriminados :

Laernia - Verme Âncora autor : Dr. Rodrigo Mabília http://www.aquaforum.com.br/phpBB2/viewtopic.php?t=75

Argulus - Piolho de Peixe autor : Dr. Rodrigo Mabília http://www.aquaforum.com.br/phpBB2/viewtopic.php?t=91

Finalizando, os peixes, como quaisquer outros animais, possuem inimigos naturais . Alguns vivem na água, outros fora dela, como veremos a seguir

Bem Te Vis

Este tipo de ave, assim como outras aves do tipo "martim pescador" têm o péssimo hábito (para o Aquarista ) de alimentarem-se de peixes que caibam em sua goela .

No entanto, a grande maioria destes passáros visualisam a presa de cima e necessitam mergulhar em pleno vôo para apanha-la . Esta é sua técnica de caça e este problema pode ser facilmente resolvido através da colocação de um sombrite por sobre a lâmina d'água. Esta providência evita ainda a incidência direta de raios solares e ajuda no controle de algas, assim como as plantas flutuantes . Em lugares onde ocorra a exist~encia destas aves algum planajamento prévio será necessário para o sucesso da manutenção do lago . Veja :

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Libélulas :

As libélulas são predadores carnívoros e vorazes constituindo grande perigo aos habitantes do seu tanque . Elas possuem um estágio intermediário entre a fase larval e adulta e este estágio é bastante longo, sendo que em algumas espécies pode durar até 2 anos . Possuem também (em sua fase aquática) um lábio modificado em forma de garra que servem para atacar, reter e matar suas vítimas e podem simplesmente dizimar um tanque inteiro de pequenos peixes em muito pouco tempo .

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Vão aparecer, com certeza, na piscina ou no lago, como assustadores míni-helicópteros de guerra, dando rasantes sobre a superfície da água.

As libélulas são insetos da ordem dos odonatos, pertencentes a duas subordens diferentes: as zigópteras (ou lavandeiras, que o povo também chama de "lavadeiras") e as anisópteras (ou cavalos-de-cão). À primeira vista, são iguais, mas as lavandeiras são mais esguias e as cavalos-de-cão, mais atarracadas. Estas voam melhor do que as lavandeiras.

Algumas espécies, mesmo que você espante, voltam sempre ao mesmo lugar, com enorme persistência - é que elas têm o hábito de patrulhar seu território, como um gavião (mesmo que, nesse caso, o "território dela" seja sua lago de jardim).

Os ovos da libélula são depositados junto aos rios e lagos ou mesmo dentro da água. Dos ovos surgem as larvas (ninfas), que desde cedo se transformam no terror da água, atacando com os ganchos curvos que possuem na boca qualquer pequeno animal que encontrem. As libélulas adultas se alimentam de moscas, besouros, abelhas, vespas e até de outras libélulas.

No caso de invasão do por larvas de libélula, o Aquarista deve esvaziar quase que completamente o lago , retirar todas as plantas flutuantes ou não existentes e fazer um tratamento de choque nestas plantas com sal grosso (libélulas detestam salinidade) e permanganato de potássio - em geral encontrararemos as larvas escondidas nas raízes das plantas . Outras larvas deverão ser capturadas manualmente . O ideal seria retirar os peixes e dar um tratamento de choque de 24 horas também dentro do lago que as larvas

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e ovos morrerão. Portanto, devemos sempre ser cuidadosos com a origem das plantas que introduzimos no lago . Elas podem estar trazendo os ovos de libélulas . Agora, no caso do Aquarista estar realmente notando a presença constante de libélulas no lago restarão duas opções : a primeira é telar completamente o lago e a segunda é introduzir bombas que causem bastante movimentação na água - isto dificulta a postura dos ovos .

Citação:Libélulas - fonte consultada : Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH COMUNIDADE BENTÔNICA Maria Júlia Martins Silva, bióloga, doutora em zoologia Fabio Miranda da Rocha, biólogo, mestrando em ecologia Fabiana Bicudo Cesar & Bruno Anzolin de Oliveira, biólogos, mestrandos em ecologia e Boletim da Universidade Federal de São Carlos (UFSC)

Tilápias

Tilápias também podem chegar aos lagos de jardim através de plantas de origem duvidosa, com suas ovas aderidas nas patas das aves aquáticas, entre outras maneiras ....assim como as traíras ...

Dada à sua prolificidade, rusticidade e capacidade de adaptação, as tilápias tendem a infestar quaquer ambiente aquático em que se firmem .

Apresentam uma grande capacidade de adaptação aos ambientes lênticos.

Suportam variações de temperaturas bastante elevadas, como a Tilápia grahami do lago Magadi, na África, onde as espécies sofrem variações de temperatura por volta de 60ºC.

Toleram baixos teores de oxigênio dissolvido na água, em torno de 1mg de oxigênio por litro d'água.

A alimentação pode variar bastante de espécie para espécie. Há tipos que se alimentam de fitoplâncton, outros de vegetais e outros com dieta variada.

A capacidade de reprodução é altíssima, sendo algumas espécies aptas a se reproduzirem com seis meses de idade. Dependendo das condições ambientais, podem reproduzir mais de quatro vezes ao ano. Têm cuidado com a prole, o que garante um elevado índice de sobrevivência. Algumas espécies realizam a fertilização dos ovos na

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boca da fêmea. Nesses casos, o macho tem nadadeiras modificadas para desempenhar tal função.

A somatória dessas características permitem a Tilápia a dominar e infestar certos ambientes.

Os machos apresentam um crescimento maior que a fêmea, fato bastante conhecido dos piscicultores, que adicionam hormonios masculinizantes na ração dos filhotes para aumentar a produção.

Podem constituir ameaça as espécies nativas (ou introduzidas) , porque predam ovos e filhotes, além de competir por espaço e alimentos.

Nos locais em que a tilápia é introduzida, há necessidade de adicionar uma espécie predadora, como o Black Bass, a Traíra ou o Tucunaré, para controlar o tamanho da população . (inviável no caso de Lagos de Jardim) .

Sistemas Fechados

Lago de Sonia Rosemberg - Itaipava - RJ

Lagos são sistemas fechados que embora possuam grande quantidade de água, não possuem renovação constante da mesma, exceto por trocas parciais efetuadas pelo Aquarista, ou pela água de chuva que cai sobre a lâmina . A água de chuva deve chegar

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ao lago apenas no sentido vertical (nunca horizontal) pois a água de enxurrada ou proveniente de telhados, poderia trazer elementos tóxicos ou indesejáveis ao mesmo....portanto devemos sempre providenciar uma proteção para que isto não ocorra.

Citação:P.S. : quando me refiro a lago como sistema fechado estou querendo expressar que não existe renovação de água constante e que se não houverem chuvas e nem tpas. ele simplesmente seca e morre e não que ele não possa ter equilíbrio próprio devido a outros fatores.

Trocas parciais mensais de cerca de 20 % do volume total ajudam bastante na saúde geral do lago, controlando níveis de fosfatos, nitratos (prevenção de algas) e retirando outros compostos por ventura nocivos ao sistema aquático.

Como sistemas fechados, precisamos sempre prever o número ideal de peixes, de plantas e a compatibilidade dos mesmos com condições climáticas, de química da água, compatibilidade entre espécies, etc....

A Descalcificação Biogênica em lagos e sua desastrosa consequência para os Peixes :

Pretendo ainda escrever um artigo específico sobre esse assunto, tal é a sua importância para a saúde dos Peixes . Vejo muitos proprietários de lagos que de uma hora para outra perdem todos os seus peixes, que não apresentavam nenhum sinal de doença, sem causas aparentes . Mas aprendí com a prática que as causas sempre existem, basta fazer uma investigação mais aprofundada e conhecer todas as possibilidades que poderiam gerar um desequilíbrio no Lago .

O que ocorre nesses casos é um processo químico conhecido como Descalcificação Biogênica . Para entender o porque da ocorrência desse processo em lagos, devemos atentar para o fato de que lagos nomalmente apresentam diversas zonas de muita turbulência, ocasionada pela existência de cascatas, chafarizes, bombas potentes, etc...Esta turbulência favorece um excessivo desprendimento do CO2 presente na água . Alguns autores afirmam, bem como nossa prática diária lidando com lagos comprovam , que algumas algas normalmente presentes nos lagos são capazes de realizar a Descalcificação Biogênica por ocasião de baixos índices de CO2 presentes na água..

Afinal, as algas (seres altamente adaptáveis e oportunistas), além de luz e oxigênio também necessitam de nutrientes para se desenvolverem e um dos principais nutrientes para este desenvolvimeto, a exemplo das plantas mais complexas é o CO2 .

Nesse processo as algas retiram o CO2 necessário ao seu desenvolvimento da reserva alcalina (kH = quantidade de carbonatos e bicarbonatos presentes na água) . Entenda-se por reserva alcalina a característica química que a água possui de manter seu pH estável. Quebrando-se a reserva alcalina, ocorre um aumento dos íons OH- e a precipitação do Cálcio, elevando-se bruscamente o pH = (medida de acidez/alcalinidade) e o GH =

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(quantidade de calcio e magnésio presentes na água) . Este processo pode ser representado basicamente pela seguinte fórmula :

(CO3)2- + H2O <--> CO2 + 2 (OH)-

Trocando-se em miúdos, em lagos onde ocorre a Descalcificação Biogênica é comum encontrarmos valores de pH acima de 9 (durante o dia) e em torno de 6 a 7 durante a noite .

A explicação para isso é que a noite as algas não fazem fotossíntese, cessando portanto o consumo de CO2, fazendo com que o mesmo aumente de maneira rápida, causando a queda do pH . Se ponderarmos que cada grau de pH representa 10 vezes mais ou menos o seu grau antecessor ou sucessor, numa escala que vai de 0 a 14, constataremos que estas variações ocorrem de maneira exponencial e poucos seres vivos são capazes de resistir a variações desta magnitude. Isto explica a morte repentina de peixes em lagos.

E o que devo fazer para corrigir o problema ?A solução é bem simples. Em primeiro lugar meça o nível da dureza carbonatada através do teste específico = Teste de KH - veja :

Sabemos que o KH é o responsável pelo "efeito tampão", que é a capacidade de manter o pH estável, mesmo com a adição de ácidos ou bases (compostos alcalinos). Assim sendo, eleve a dureza carbonatada do seu lago para 8 a 12 graus , o que geralmente ocasiona um pH relativamente estável em torno de 7, 2 (ideal para peixes de água fria).Para conseguir a elevação da dureza do kH sem aumentar o kH deveremos utilizar bicarbonato de sódio ou de potássio . Para saber a quantidade a ser utilizada, faça testes num reservatório de 50 litros de água e quando chegar ao nível desejado, faça os cálculos para avaliar a quantidade necessária para o lago baseada na litragem do mesmo .

Maturação de um Lago e Processos de Filtragem

Para falarmos em filtragem, é preciso antes de tudo entendermos o que é "filtragem de água" em sistemas limnicos fechados . Existem 4 tipos de filtragem : Mecânica, Biológica, Quimíca e UV .

Em lagos , utilizamos mais às duas primeiras, uma vez que a filtragem química, efetuada a base de carvão ativado, que tem como principal função adsorver compostos químicos nocivos presentes na água, não costuma ser utilizada em lagos, tendo em vista a grande quantidade de carvão ativado que seria necessária para efetuar esta filtragem de maneira eficiente e racional em lagos. Em suma, sairia muito oneroso, tendo-se em vista que o carvão perde rapidamente suas propriedades ativas (adsorventes) quando submetido a uma filtragem pesada e teria que ser contantemente substituído, lembrando-se ainda que carvão de má qualidade libera fosfato, o que poderia causar uma explosão de algas .Já a filtragem UV será tratada num capítulo à parte .

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Entendendo a Filtragem Química :

A filtragem realizada pelo carvão ativado é um dos melhores meios existentes para se clarear e limpar a água . Entende-se por carvão ativado um carvão que é submetido a temperaturas próximas de 1000 °C, a fim de que partículas nele existentes evaporem-se , fazendo com que este tipo de carvão adquira uma porosidade específica que atrairão proteínas, remédios, etc...além de algumas outras partículas e íons atraídos por eletromagnetismo num processo denominado adsorção . O carvão ativado para uso em Aquarismo pode ser encontrado na forma de granulos, pó ou resinas, além das resinas mistas (o produto Ammo Carb, por exemplo = carvão ativado + removedor de amônia) .

Entendendo a Filtragem Mecânica

A Filtragem mecânica, a grosso modo consiste em "coar ou peneirar" através de uma mídia filtrante específica todas as partículas sólidas existentes na água que são tragadas pela bomba de sucção, promovendo uma melhor qualidade da água.

Em geral, no caso de lagos são utilizados diversos tipos de "coadores" ou telas de retenção, como por exemplo o perlon (manta acrilíca) , espuma sintética, telas de nylon, geotexteis, etc.... Este é um ítem que deve ser sempre bem dimensionado para o tamanho e população do lago. Um filtro mecânico bom é aquele que é bem dimensionado para a necessidade específica do lago, não entupindo com facilidade, retendo o maior número de partículas sólidas, com a menor granulação possível, oferecendo baixa manutenção e facilidade de manuseio . Há ainda a questão estética .... um filtro não deve ser um monstrengo, um cacareco cheio de mangueiras, canos e "gambis" colocado no jardim, comprometendo todo o conjunto de espelho d'água , cascata, etc.... Não digo aquí que não seja possível fabricar seu próprio filtro, eu mesmo já me metí a fazer filtro no passado, no entanto, percebí que para fabricar um filtro realmente eficiente e com baixa manutenção , além do trabalho , os custos praticamente se equiparam a um bom filtro industrializado e com GARANTIA !

Filtros indutrializados podem realizar a filtragem mecânica de diversas maneiras, tais como :

Filtro Interno para Lagos

Trata-se de uma caixa que fica no fundo do lago (parte mais funda) ao meu ver um pouco incômoda e anti estética . Alguns destes filtros possuem um sistema de chafariz anexo à bomba, o que faz com que haja uma efetiva perda de poder de filtragem para a obtenção de um efeito ornamental (bonito, sem dúvida) . Na minha opinião, acho que deveria haver uma bomba só para o chafariz e outra para o sistema de filtragem e para ser bem sincero eu não recomendo este filtro, pois por ser interno faz com que a sujeira continue em contato direto com a água , em geral, acidificando-a, sem contar a manutenção que é dificílima, principalmente em lagos com profundidade superior a 60 cm...vc. acaba tendo que colocar o braço e a cabeça dentro da água para retira-lo e ainda corre o risco de fazer com que a mangueira se desconecte ou que o filtro tombe (o que é

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bem fácil, infelizmente) e solte uma imensa nuvem de matéria orgânica na água ....

Pessoalmente não gosto desse tipo de filtragem ....

Filtro Vertical para Lagos

Utilizada em filtros com sistema de fluxo gotejado , onde a água a ser filtrada é despejada na parte de cima e atravessa as camadas filtrantes por gravidade . Este filtro deve obrigatoriamente ficar acima da linha d'água do lago, seguindo o princípio dos vasos comunicantes. Do contrário, ficaria inundado, deslocando os materiais filtrantes, além de inviabilizar a filtragem biológica ....Estes filtros são eficientes desde que utilizados da maneira correta e são comercializados em 3 tamanhos indicados para lagos de 5.000, 8.000 e 10.000 litros, respectivamente . Podem ser enriquecidos em sua biologia com siporax (rings brancos de vidro) a fim de aumentarem a área para a colonizazação de bactérias nitrificantes e denitrificantes .

Em termos de filtragem vertical, já existem também no mercado filtros de maior porte indicados para lagos com medidas acima de 10.000 litros .Nestes filtros os resíduos sólidos e outras partículas podem ser retiradas sem mexer no material filtrante . O material filtrante com estrutura em favos de mel , a esponja e rochas de lava estão inclusos no filtro . Para aumentar ainda mais a eficiência do filtro pode-se adicionar Sera Siporax Pond na terceira câmara (tubetes brancos na ilustração) :

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Filtragem em Zig Zag

Princípio Hydro Vortex - estes filtros, em geral são utilizados para lagos bem maiores (acima de 50.000 litros) , construídos em alvenaria e podem situar-se acima ou abaixo da linha d'água. Quando ficam abaixo da linha d'água possuem em seu último estágio uma caixa de decantação onde uma bomba submersa impulsiona a água filtrada de volta ao lago, que por sua vez, transborda para um ladrão e escorre novamente para a entrada do filtro reiniciano o processo.No caso de estar acima da linha d'água, a bomba submersa fica situada dentro do lago, mandando a água para a entrada do filtro....esta água segue seu trajeto em zig zag , e sai na caixa de decantação onde transborda por gravidade de volta ao lago .

Filtragem Pressurizada

Estes filtros possuem rings na parte biológica possuindo a vantagem de poder ficar enterrado abaixo do nível da água ...esteticamente é perfeito . A água a ser filtrada é impulsionada por uma bomba submersa situada dentro do lago que atravessa uma mídia filtrante localizada nas laterais do filtro (de cima para baixo) em constante pressão . Ao chegar na parte inferior do filtro, a água passa por um cano situado no meio deste em direção à parte de cima retornando ao ponto de origem e saindo também por cima por uma outra abertura.....neste cano pode haver filtragem uv ou não (opcional) . Indicado para lagos pequenos a médios . (até 10.000 litros) .

Filtragem Biológica

Para enterdermos o conceito de filtragem biológica, necessitamos primeiro entender o que é e como funciona o Ciclo do Nitrogênio que é o princípio básico deste tipo de

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filtragem .

Resumidamente falando a sujeira transforma-se em amônia e amônio (NH3- e NH4+) .... a primeira forma chamamos não ionizada = amônia e à segunda, amônia ionizada = amônio . A amônia não ionizada = NH3-, é extremamente letal aos peixes e já oferece riscos em taxas acima de 0,05 ppm (ppm= partes por milhão) O ideal é que fique sempre zerada .

Já a amônia ionizada (NH4+) não oferece maiores riscos quando em meio ácido, mas em meio alcalino a coisa muda de figura ... Estes dias eu conversava com o amigo Vladimir sobre isso, numa palestra que fazíamos para a equipe de vendas da Aquarium e ele conseguiu sintetizar o porque disso, de uma maneira muita clara e objetiva (como sempre) :

Citação:" Como exemplo imediato: em pH neutro a ácido, o nitrogênio amoniacal aquoso só se apresenta na forma de íon amônio (NH4+), de toxidade menor para os peixes; já em pH básico (alcalino), parte desse nitrogênio amoniacal passa à forma não ionizada e muito mais tóxico (NH3-), porque nessa forma ele cruza membranas celulares livremente... (Vladimir Xavier Simões) "

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Desta forma, com o surgimento da amônia, aumentam também o n° de Nitrossomonas, que nada mais são do que "bactérias nitrificantes", aeróbicas, consideradas benéficas, pois convertem a amônia em Nitrito (NO2) .

O Nitrito, por sua vez, também é um composto nitrogenado bastante tóxico aos peixes . Num sistema equilibrado deve estar sempre zerado, no entanto, sabemos que os peixes já são prejudicados em concentrações acima de 0,1 ppm . No entanto, da mesma forma que a Amônia, um segundo grupo de "bactérias denitrificantes = Nitrobacters ", também aeróbicas e consideradas benéficas, passando que transformam o Nitrito (NO2) em Nitrato (NO3) .

o Nitrato (NO3) serve também de nutriente, assim como à própria amônia (por incrível que pareça)e outros compostos para as plantas aquáticas. O nitrato não é tão tóxico quanto a amônia e o nitrito, porém é cumulativo e deve ser observado e controladopara que não alcance valores em torno de 40 ppm (este valor é discutível entre alguns autores) . O Nitrato pode ser retirado da água pelas trocas parciais efetuadas , assim como é amplamente absorvido pelas plantas . Em lagos com altas concentrações de nitratos é comum o aparecimento de algas verdes tornando o lago uma verdadeira sopa de ervilhas .

Percebemos aí a grande importância dos testes para todos aqueles que desejam ter um lago equilibrado . Recomendo (no mínimo) os testes de pH, kH, NH3 e NH4, Nitrito e Nitrato, bem como um desclorificante (condicionador de água) .

Um fato interessante deste processo todo, ao qual denominamos Ciclo do Nitrogênio é que somente após a conversão da amônia em nitrito por parte das nitrossomonas é que as nitrobacters tornar-se-ão ativas, convertendo o nitrito em nitratos .... Já ví gente por aí dizendo que em 1 semana um aquário pode ter pico de nitrito...isso é um completo absurdo, tendo-se em vista que o processo todo dura cerca de 40 dias, sendo que nos primeiros 20 dias é normal que haja picos de amônia e somente depois disso, as nitrobacters processarão a amônia em nitrito e o níveis deste composto nitrogenado

começarão a crescer ....

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Agora que já sabemos como ocorre o ciclo do Nitrogênio e como atuam às bactérias Nitrossomonas e Nitrobacters, resta sabermos que estas bactérias já existem naturalmente na água em alguma quantidade, aumentando conforme a disponibilidade de amônia ou nitrito. Tais bactérias, necessitam sempre de superfícies de contato para fixarem-se ...quanto maior a área de superfície de contato, maior será o número de bactérias . Além disso elas são aeróbicas, conforme já vimos . Ou seja, necessitam de 02 para desempenhar sua função. Desta forma, foram criados diversos tipos de mídias filtrantes para colonização de bactérias. Dentre elas podemos destacar as bio balls, os rings de cerâmica e os rings de vidro (siporax) .

Bio Balls - Seu desenho peculiar abaixo oferece superfícies de contato para a colonização de bactéria que farão a filtragem biológica . Necessitam no entanto de fluxo gotejado, pois não possuem porosidade .

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Rings de Cerâmica Anéis de cerâmica que apresentam boa porosidade e oferecem-se como alternativa conveniente para a colonização de bactérias. Podem ficar submersos porque a água não invade totalmente os poros existentes.

SiporaxEste material é simplesmente uma maravilha tecnológica já utilizado pela NASA para absorver compostos nocivos excretados pela urina dos austronautas. Após isto, seu uso passou a ser difundidido também no aquarismo. Para se ter um idéia do poder de fixação de bactérias do Siporax, basta dizer que um litro apenas deste produto tem a superfície de contato de uma quadra de tenis, ou seja 270 m² e equivale a cerca de 770 bio balls ou 34 litros de cerâmica comum . Pode ser utilizado em qualquer tipo de filtro de água doce Possui um poder de fixação de bactérias 34 vezes superior a qualquer outro material cerâmico considerado top de linha . . São cilindros de vidro expandido, com poros ultra pequenos e numerosos, que proporcionam uma incomparável superfície para fixação de bactérias . Devido aos tipos de poros existentes , Sera Siporax , desenvolve tanto bactérias aeróbicas como anaeróbicas proporcionando assim a remoção simultânea de nitritos e nitratos . Para explicar melhor este processo de eliminação de nitratos, num processo chamado desnitrificação, teremos que entender o tipo de porosidade apresentada pelo produto. Ocorre que esta porosidade dá-se em forma de túneis que se intercomunicam . Isso faz com que no interior desses túneis, ocorram zonas praticamente anóxicas, com taxas de oxigenio inferiores 1 mg/l, ambiente propício para a ação de bactérias anaeróbicas (que fazem a conversão do nitrato em nitrogênio gasoso) . Pode ser usado de forma submersa.

Filtragem UV

Como eliminar a água verde ?

A filtragem por radiação ultra violeta destina-se principalmente a acabar com as algas de lagos que sofrem explosões das mesmas . Em geral a causa dessas explosões são luz solar excessiva, combinada com excesso de nutrientes e oxigênio . Este excesso de nutrientes pode ter várias causas, muitas delas já explicadas no decorrer deste Curso, tais como :Excesso de alimentos, alimento de baixa qualidade, superpopulação, liberação de fosfato por carvão ativado de má qualidade, excesso de nitratos, carreamento por águas pluviais de elementos orgânicos ou químicos que causem alterações bruscas na água e alimentam algas, inexistência ou deficiência de filtragem mecânica, má circulação de água,

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incorreto dimensionamento de filtragem, inexistência de plantas , poeira, folhas que caem sobre a lâmina, etc....

Poderíamos ainda enumerar diversos outros motivos que apontassem a causa deste esverdeamento da água....mas cada caso é um caso e nos estenderíamos demais tentando fazer isso... se quiserem se aprofundar no assunto, recomendo que leiam esse artigo assim sendo, embora achemos que o correto seria procurar a causa do esverdeamento da água e tentar combate-la, existe uma solução definitiva e eficaz para isto, que além de combater algas, promove uma espécie de esterilização da água do lago , evitando o risco de doenças aos peixes . Trata-se do filtro ultra violeta .

Sopa de Ervilhas

Citação:Luz Ultra Violeta = "Tipo de luz consistindo de uma faixa específica de comprimento de onda. As lâmpadas utilizadas para produzir luz ultra-violeta, denominadas de bactericidas nas lojas de material elétrico, são concebidas ter uma faixa próxima de 254 nanometros, para produzir o maior efeito sobre o DNA de organismos vivos. Ela tem sido empregada para a desinfecção de água desde 1910. A eficiência da luz depende de diversos fatores, incluindo, potência, tempo de uso, limpeza, distância entre o bulbo e o organismo a ser morto, duração da exposição, e limpidez da água. Como um guia para

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avaliação, as algas e bactérias requerem uma dose de 15.000 - 30.000 mW-sec/cm2, enquanto os protozoários precisam de 45.000 mW-sec/cm2. A regra básica é de que quanto maior o patógeno, maior a dose requerida. Isso não se aplica a determinados virus. fonte :Glossário de Aquarismo www.peixebom.com.br

Por esta definição podemos perceber que filtros ultra violeta devem ser dimensionados para as necessidades específicas dos tipos de organismos que desejamos eliminar . Outro ponto muito importante é que as pessoas não tentem construir estas engenhocas, pois uma breve exposição da retina (por segundos) à radiação destas lâmpadas, ainda que involuntária, provoca cegueira irreversível . A melhor coisa a ser feita é adquirir um filtro industrializado que segue em sua construção as devidas normas de segurança e manuseio para o usuário .

Finalizando, não achamos conveniente alguns sistemas de integração de filtros uv com filtros de filtragem vertical . O sistema é bem simples . O filtro uv é encaixado em cima do tambor (filtro vertical) . A bomba submersa manda água primeiro para o filtro uv, que após atravessa-lo, segue por uma mangueira para o filtro vertical, passa pelas camadas filtrantes e retorna ao lago. Ao meu ver existe um problema aí : como a água passa primeiro pelo uv (com toda a sujeira tragada pela bomba submersa a filtragem uv não é satisfatória) . Filtro uv serve para matar microorganismos que não são retidos pela filtragem mecânica . Este excesso de sujeira em suspensão prejudica a filtragem uv. Também não é possível a colocação do filtro uv na saída do filtro vertical . Isto não funciona. O filtro uv precisa fazer com que a água passe numa velocidade x (bem mais lenta que o filtro vertical) e isto causaria o estrangulamento da vazão do filtro vertical, fazendo com que as bio balls ficassem submersas, perdendo-se a filtragem biológica . Em minha opinião é necessário usar uma bomba dimensionada para a filtragem uv e esta bomba deve possuir um pré filtro de espuma antes da válvula de sucção, a fim de separar as partículas destinadas á filtragem mecânica, das algas e outros micro organismo . Deve também haver outra para a filtragem mecânica/biológica, esta obviamente, sem o pré filtro . Somente assim alcançaremos uma boa filtragem . Já em filtros pressurizados a coisa rola bem mais fácil, pois pelo fato de serem pressurizados basta ligarmos o sistema uv na saída do mesmo (obedecendo a vazão de 100 l/h por watt de uv) que o problema estará resolvido.

ALIMENTANDO SEUS PEIXES EM UM LAGO DE JARDIM. p/ Eiti Yamasaki

Introdução:

Um lago de jardim é uma miniatura de um pedaço da Natureza, mas com certas limitações. Essas limitações referem-se, principalmente, à ausência de alimentos naturais “abundantes” e de um enorme volume de água que torna a relação Biomassa/volume tão baixa, em um lago

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natural. Em um lago de jardim, é necessário que o hobbysta forneça as condições necessárias para o sustento do lago. Dentre essas condições, as mais importantes são, portanto, a nutrição dos peixes e a qualidade da água. Embora o assunto desse texto seja a “alimentação dos peixes”, será inevitável a abordagem sobre a qualidade da água, uma vez que os dois assuntos estão interligados. Uma dieta equilibrada proporcionará o máximo desenvolvimento dos peixes com o menor impacto na qualidade da água. Toda substância que o organismo do peixe não digerir será eliminada para a água, poluindo-a. Na Natureza, isso não é um problema já que o volume de água é muitas vezes maior, tornando mínima a concentração desse poluente na água Também devido à sua dimensão, a quantidade de microorganismos decompositores será bem maior e, portanto, existe um equilíbrio maior. No entanto, nos lagos de jardim essas substâncias não digeridas tendem a acumular tornando-se um verdadeiro problema. A fim de garantir a qualidade da água do lago, devemos ter um ótimo sistema de filtragem, principalmente biológica, em um lago. Mas obviamente uma boa alternativa para diminuir esse problema, seria gerando menos substâncias não digeridas.

A dieta dos peixes:

Em um lago, não temos tanto controle sobre quais alimentos estão disponíveis aos peixes. Algas, plantas aquáticas e insetos, por exemplo, podem estar servindo como alimentos naturais. Por isso, juntamente com as rações, estaremos incluindo todos esses tipos de alimentos como integrantes da “dieta dos peixes”. Mas devido à variação da disponibilidade desses alimentos, consideraremos a ração como base dessa dieta. Dificilmente uma ração sozinha conseguirá suprir 100% das necessidades dos peixes. Por isso é comum utilizarmos mais de um tipo de ração – Ração de base e Ração complementar – para nos certificarmos de que os peixes estão sendo nutridos de maneira adequada. Os cinco nutrientes mais importantes para os peixes são: - Aminoácidos (proteínas): a deficiência de aminoácidos (que formam a proteína) prejudicará diretamente o crescimento e o ganho de massa dos peixes. Dificultará o aproveitamento de proteínas, agravando ainda mais os problemas anteriores e, em casos mais extremos, afetará o mecanismo de resposta imunológica, tornando o peixe mais susceptível a doenças. - Lipídios (gordura): a deficiência de ácidos graxos essenciais (provenientes dos lipídeos) também prejudicará o crescimento dos peixes. Outros sintomas de deficiência dessa substância são a perda de pigmentação, ulcerações nas nadadeiras, respiração ofegante e stress. - Carboidratos: carboidratos também são fontes de energia. No entanto, os peixes não conseguem digerir adequadamente os carboidratos, que devem estar presente em concentração inferior a 35% da dieta. - Vitaminas: os sintomas da deficiência de vitaminas dependerão que quais vitaminas faltam na dieta dos peixes. o Vit. A: anorexia, perda de coloração, inchaço nos olhos, deformação do opérculo, etc. o Vit. B1: diminuição da taxa de crescimento, perda de equilíbrio, esmaecimento de coloração, etc. o Vit. B2: perda de apetite, hemorragia na epiderme, etc. o Vit. B3: natação irregular, hemorragias, perda de apetite, etc.

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o Vit. B5: perda de apetite, hemorragia externa, problemas nervosos, etc. o Vit. B6: natação irregular, perda de equilíbrio, perda de apetite, etc. o Vit. B12: ataques nervosos, danos no tecido nervoso, anemia cerebral, etc. o Vit. C: má formação óssea, diminuição da resistência à infecções, etc. o Vit. D: deformações ósseas, etc. o Vit. E: desfavorece acasalamento, exoftalmia (aumento do globo ocular), etc. o Vit. H: diminuição no crescimento, etc. o Vit. K: hemorragia nos olhos e na pele, etc. o Vit. M: escurecimento da pele, etc. - Minerais: assim como as vitaminas, os minerais são essenciais para o bom funcionamento do organismo do peixe. Os sintomas de deficiência mineral novamente dependerão dos minerais que estão faltando. Os peixes absorvem os minerais não somente da dieta, mas também do ambiente em seu redor. A água contém muitos minerais que os peixes absorvem através das brânquias.

É importante estar ciente das funções dos nutrientes no organismo dos peixes para poder dimensionar a importância de uma dieta adequada. Por isso, é altamente recomendável a leitura complementar de outros artigos sobre o assunto (sugestão: Alimentação e Nutrição por Rodrigo G. Mabília).

A Ração:

Os critérios para a escolha da ração dos peixes devem ser os mesmos que levamos em consideração ao escolher nossos próprios alimentos. A primeira verificação que devemos fazer é quanto ao frescor da ração. Uma ração fresca é muito importante para o desenvolvimento saudável e bem estar dos peixes. Grande parte dos nutrientes de qualquer ração acaba se deteriorando com o passar do tempo, perdendo parte de suas propriedades. Em outras palavras, uma ração velha não possui o mesmo poder atrativo (palatabilidade) nem os mesmos valores nutricionais de uma ração fresca. Por isso, é muito importante verificar a data de fabricação da ração. Caso ela tenha sido fabricada há mais de dois anos e meio, evite compra-la e procure um outro lote mais novo, em outro estabelecimento. A maioria dos grandes fabricantes de ração produz suas rações em larga escala para reduzir custos, estocando e exportando-as em seguida. No entanto, como já foi mencionado, a maioria dos nutrientes acaba deteriorando-se com o tempo. As vitaminas que são tão importantes para o bom funcionamento dos órgãos, são os primeiros a perderem suas propriedades, principalmente em o contato com o ar atmosférico. Óleos também acabam degenerando tornando-se rançosos e assim, não atendendo às necessidades energéticas dos peixes. É importante que todos os valores nutricionais da ração sejam calculados após seu cozimento e extrusão. Adquirindo uma ração fresca, é importante saber por quanto tempo ela permanecerá assim. Depois de aberta a embalagem, a ração entra em contato com o oxigênio e umidade do ar atmosférico. Isso acelera o processo de deterioração da ração, que se iniciou logo após sua fabricação. Note que o processo de deterioração ocorre mesmo dentro da embalagem, embora em velocidade muito inferior. Não há como parar completamente esse processo e é justamente por isso que mesmo com a embalagem fechada, existe uma data de validade.

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Compre sempre a quantidade de ração suficiente para ser consumida no menor tempo possível. Depois de aberta, utilizar toda a ração em um ou no máximo dois meses. Após esse período, os valores nutricionais da ração serão mais baixos. Sinta o cheiro da ração também para ajudar a determinar se a ração ainda está boa. Ela deve ter um cheiro forte de carnes. Caso possua um cheiro diferente disso ou mesmo se não tiver cheiro, é sinal de que a ração já não está boa e é preferível descartá-la a arriscar a saúde dos peixes. As pessoas que costumam guardar a ração na geladeira, a fim de preservar mais os nutrientes, devem tomar cuidado ao abrir a embalagem para que a água não se condense na ração. É preciso esperar a ração atingir temperatura ambiente para depois abri-la.

Necessidades dos Peixes:

Outro aspecto que deverá ser considerado na escolha da ração é a necessidade atual dos peixes (em termos energéticos, principalmente). Os peixes são animais pecilotérmicos, isto é, a temperatura de seus corpos é proporcional à temperatura ao seu redor (normalmente permanece 0,2~0,5ºC acima da temperatura da água). Por isso, os peixes não gastam energia para manter a temperatura do corpo, como nós humanos. Portanto, o metabolismo dos peixes varia de acordo com a temperatura da água e isso explica a baixa necessidade protéica dos peixes, em relação aos mamíferos em geral. Mesmo durante o verão, quando o metabolismo dos peixes é mais elevado, evite rações cujos níveis de proteína excedam 38%. A quantidade de extrato etéreo (gordura) também deve ser limitada em 8%. No caso de peixes de água fria (Kingyos e Carpas) esse nível não deve ultrapassar os 6%. Nas épocas mais frias do ano, quando a temperatura da água chegar em torno de 20ºC, forneça uma ração mais pobre em proteína e gordura. Níveis entre 32~26% são os mais indicados já que os peixes não conseguiriam digerir quantidades superiores a essas, durante essa época do ano. Aos 15ºC, a quantidade de nutrientes que os peixes conseguem assimilar é muito pequena. Nesse período há praticamente uma estagnação em seu crescimento. Dessa forma, é necessário alimentá-los muito pouco e, dependendo da ocasião, é melhor nem alimenta-los já que há o risco do peixe não digerir o alimento, que acaba permanecendo em seu intestino – que pode fermentar, liberando toxinas no organismo do peixe. Abaixo de 8ºC, os peixes iniciam a hibernação e mesmo que lhes forneçam alimentos, eles não comerão. Outro detalhe que deve ser observado é a idade dos peixes. Durante cada fase da vida, os peixes possuem necessidades nutricionais diferentes. Alevinos necessitam de uma dieta muito mais energética que peixes adultos devido à diferença de desenvolvimento-crescimento. Carpas por exemplo, apresentam sua maior taxa de crescimento até os 3~4 anos de idade. Depois disso, seu ritmo de crescimento começa a desacelerar sendo que aos 6~7 anos de idade esse torna-se bem lento. Após 10~12 anos, as carpas já não crescem mais. Assim, devemos estar diminuindo os níveis de proteína e lipídeos da dieta dos peixes, de acordo com essa variação da taxa de crescimento e de acordo também com a temperatura da água, que está diretamente ligada ao seu metabolismo.

Tipo de Ração:

Caso existam peixes de diferentes tamanho no mesmo lago, alimente primeiro os maiores. Como a granulação da ração para peixes adultos é maior, os peixes mais jovens não comerão

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tanto essa ração. De qualquer forma, os peixes maiores sempre levam vantagens na hora da refeição e por isso seriam os primeiros a se alimentarem. Depois que estes já estiverem satisfeitos, alimente os peixes mais jovens com ração de menor granulometria. Nesse momento cabe a discussão sobre os alimentos floculados. Na realidade alimentos em flocos não são indicados para lagos. Os peixes teriam que ingerir um volume muito grande de flocos para conseguirem níveis nutricionais equivalentes de uma alimentação granulada (para entender melhor, pense que um granulado é muito mais concentrado que um floco). O fato de os flocos afundarem na água com mais facilidade é outro fator que o desfavorece. Na realidade, a maioria dos peixes que temos em lagos de jardim (refiro-me a Kingyos e Carpas) alimenta-se no fundo do lago. Sendo assim, teoricamente um alimento que afunde seria o mais ideal e portanto, o fato de o floco afundar com mais facilidade não seria uma desvantagem, mas, na verdade, uma vantagem. No entanto, como esses peixes alimentam-se em todas as regiões da água, damos preferência pela ração flutuante para “obrigar” o peixe a chegar à superfície do lago. Dependendo da extensão do lago, muitas vezes não é possível apreciar os peixes com muitos detalhes. Um excelente momento para essa apreciação é durante as refeições. Utilizando uma ração flutuante, forçaremos os peixes a chegarem à superfície da água e assim poderemos observa-los melhor. Durante essa observação, não devemos apenas apreciar a beleza dos peixes. Esse é o momento ideal para estarmos verificando também a saúde geral deles. Saberemos com mais precisão o quanto estão comendo e caso hajam sobras, conseguimos retira-las com mais facilidade. Portanto, são inúmeras as vantagens da ração flutuante, principalmente granulada.

Quantidade de Ração:

Muitas dúvidas surgem quanto à quantidade ideal de ração que devemos oferecer aos peixes. Poder-se-ia dizer que 2~3% da massa do peixe seriam a quantidade diária ideal de ração. No entanto, essa regra é bastante geral e na prática torna-se bastante inviável sua aplicação. O primeiro motivo é a diferença de qualidade entre as rações. Rações de boa qualidade apresentam índices de digestibilidade muito altos, comparadas às rações de baixa qualidade. Ou seja, embora as quantidades fornecidas sejam as mesmas (2,5% por exemplo), o aproveitamento será diferente e conseqüentemente o desenvolvimento será diferente (o mesmo raciocínio vale para a quantidade de nutrientes de cada ração). Outro motivo para essa regra não ser sempre válida é a quantidade de alimentos que os peixes ingerem, além da ração. É comum os peixes encontrarem, no lago, outros alimentos, que acabam entrando em sua dieta, alterando então a quantidade de ração que precisamos oferecer-lhes.

Freqüência de Alimentação:

Na Natureza, os peixes ficariam praticamente o dia inteiro em busca de alimento e portanto, normalmente, comeriam pequenas quantidades mas várias vezes ao dia. Se possível, é dessa maneira que devemos alimentar nossos peixes também. Estudos indicam que os peixes que se alimentam três vezes ou mais ao dia, desenvolvem-se até 60% mais que os peixes alimentados apenas uma vez ao dia. Ou seja, se um peixe necessita de 30 gramas de ração diariamente, é preferível oferecê-la em três porções de 10 gramas, a somente uma porção de 30 gramas.

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Entre 20~25ºC, carpas demoram cerca de 3 a 4 horas para digerir um alimento. Por isso, evite mantê-los sem alimentação por tempo superior a esse período. Dessa forma, é possível aproveitar os nutrientes da ração da melhor maneira possível.

Qualidade da Ração:

Voltando à discussão sobre a digestibilidade da ração, podemos dizer que ela está diretamente relacionada ao seu processo de fabricação. Podemos ilustrar o processo de fabricação da seguinte forma: - A escolha dos ingredientes e compostos ideais para compor uma dieta equilibrada, com nutrientes de qualidade e estáveis; - O descarte das partes dos ingredientes que não serão absorvidos pelos peixes (ossos, cascas, etc.); - O tempo e forma de preparo, que inclui tempo de cozimento para que não haja a perda de nutrientes; - O processo de formação da ração em si (processo de extrusão por exemplo.) - A forma e método de embalagem da ração, para que os nutrientes não se percam enquanto a ração não for utilizada. Mesmo que de maneira simplificada, é possível notar que o processo de produção não é nada simples e que cada etapa desse processo requerem atenção e cuidados especiais. Cada cuidado a mais em cada etapa da produção, garantirão um alimento de melhor qualidade, mas conseqüentemente a um custo mais elevado. O que deve-se considerar portanto, é o custo-benefício de uma ração, e nunca apenas o seu custo.

Conclusão:

A nutrição dos peixes é algo de extrema importância para o bom funcionamento de um lago e principalmente à saúde dos peixes. Peixes saudáveis são mais exuberantes e mais ativos, enriquecendo, assim, qualquer lago. Alimentação é um assunto sério e que deve estar sempre sob a atenção do hobbysta para que possa ter resultados cada vez mais satisfatórios. Para isso, esse artigo encerra-se por aqui sugerindo a leitura de outros artigos e textos, tanto em livros quanto na própria internet. Sugestões de leitura:

Alimentação e Nutrição de Peixes Ornamentais - Parte 1 por Dr. Rodrigo G. Mabília

Alimentação e Nutrição de Peixes Ornamentais - Parte 2 por Dr. Rodrigo G. Mabília

Alimentação e Nutrição de Peixes Ornamentais - Parte 3 por Dr. Rodrigo G. Mabília