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Larissa Calzado Estevam MUSICA NA EDUCA<;:AO INFANTlL: MAIS QUE UM RECURSO, UMA LlNGUAGEM Monografia apresentada ao Curso de P6s-Gradua<;:ao em Educa<;:ao Infantil e Alfabetiza<;:ao da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial para obtenyao do titulo de especialista. Orientadora: Prof. Jania Maria Dozza Messagi Curitiba 2005

Larissa Calzado Estevam MUSICA NA EDUCA

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Larissa Calzado Estevam

MUSICA NA EDUCA<;:AO INFANTlL: MAIS QUE UM RECURSO, UMA

LlNGUAGEM

Monografia apresentada ao Curso deP6s-Gradua<;:ao em Educa<;:ao Infantile Alfabetiza<;:ao da Universidade Tuiutido Parana, como requisito parcial paraobtenyao do titulo de especialista.

Orientadora: Prof. Jania Maria DozzaMessagi

Curitiba

2005

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A todos que sentem, vivem e apreciam a

musica como fonte de conhecimento,

espiritualidade e imenso prazer.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e ao Marcelo, pala paciencia, conselhos e orac;oes.

A professora Jania Maria Dazza Messagi, pala orientayao do caminho a seguir.

A Deus, fonte de inspiraC;Bo, de sabedoria e da mais pura musica que oouvido

humano pode conceber, par tudo.

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SUMARIO

1 INTRODU<;:Ao ...

2 MUSICA: CONSIDERA<;:OES HISTORICO-EDUCACIONAIS ...

2.1 SURGIMENTO ...

2.2 ENSINO ...

3 MUSICA NA EDUCA<;:Ao E NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL. ...

. 6

. 9

. 9

3.1 A CRIANCA E A MUSICA .....

3.2 A MUSICA NA EDUCACAO INFANTIL. .....

. 11

. 16

. 16

. 21

4 CONSIDERA<;:OES ACERCA DA LlNGUAGEM MUSICAL: UMA REFLExA.O

TEORICO-pRA TICA .

4.1 METODOLOGIA .

4.2 ANALISE E INTERPRETACAo DOS DADOS ...

5 CONSIDERA<;:OES FINAlS ...

REFERENCIAS ...

ANEXOS ...

. 26

. 26

. 27

. .44

. ..46

. .48

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RESUMO

A primeira infancia caracteriza-se pel a fase em que a processo do desenvolvimentohumano asta sando construfdo e S8 aperfeil;.oando gradativamente. Nessa momento, acrianc;a constr6i a saber das coisas que a cercam, assim como a conhecimento de sipropria, interagindo com 0 meio ende viva. Dasse modo, 0 estudo focaliza a musicacomo uma linguagem que favorace a bem-estar, a crescimento de potencialidades, quetala diretamente ao carpa, a mente e as emoc;6es, bem como a enorme importancia desa educar a crianc;a musicalmente na idade pre-escolar, possibilitando 0 equilibrio dasdiferentes formas de interaC;80 do sar humano com a music8. Como metodologia optou-se por uma abordagem qualitativa, critica e reflexiva em uma pesquisa participante.Desla forma, realizou-se a principio uma pesquisa bibliografica, buscando na literaturapertinente documentos que ajudassem a responder as questoes levantadas naproblemalica do tema em esludo, e posleriormente a coleta de dados, dentro darealidade proposta, com a utilizac;ao de questlonario. Como procedlmento de analise ediscussao dos dados promoveu-se 0 confronto entre as informa90es coletadas e 0conhecimento te6rica a respeito do tema proposto. Sugere-se um repensar da utilizac;:aoda musica na educac;ao infantil pelos educadores de modo que ela possa dotar acrian,a de um sign~icativo instrumentode leitura e interpretac;aodo mundo.

Palavras-chave: musica; educac;ao infantll; linguagem musical

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1 INTRODUC;AO

o trabalho que ora se apresenta desenvolveu-se a partir da tematica "MUSICA

NA EDUCAyAO INFANTIL: MAIS QUE UM RECURSO, UMA LlNGUAGEM"

A musica e a tinguagem que S6 traduz em formas scnoras capazes de

expressar e comunicar sens8c;oes, sentimentos e pensamentos, par meio da

organizayao e relacionamento expressivo entre 0 som e 0 silencio. Refletindo em

relayao a educayao infantil, constata-se que ua pratica musical constitui significativa

ferramenta no processD educacional, visto ser uma atividade (construyao, performance

e/ou escuta), animada pela afetividade, que, nascendo do homem, atinge 0 homem no

seu todo" (ZAMPRONHA, 2002, p. 15).

Desse modo, considerando a musica como agente facilitador e integrador do

processo educacional e seu importante papal como multiplicador de crescimento na

escola, tomou-se como ponto de partida para a elabora(:ao desta pesquisa a seguinte

problematiza(:ao:

Qual a importiincia do trabalho com musica na Educayiio Infanti! com crianyas

de 0 a 6 anos?

Sen do assim, visando analisar as aspectos relacionados a essa problematica,

foi proposto 0 seguinte objetivo geral:

• Analisar as possibilidades de utilizayiio da musica na Educa(:ao Infanti! com

crian9as de 0 a 6 anos

E os seguintes objetivos especificos:

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• Caracterizar 0 desenvolvimento da crian9a de 0 a 6 anos e sua rela9ao com

a musica.

• Caracterizara mtisica na Educayao Infantil.

• Relatar a percep~ao de educadores sobre a utiliza~aoda mtisica no dia-a-

dia da sala de aula.

A integrayao entre os aspectos afetivos, esteticos e cognitivos, assim como a

promoyao de interayao e comunic8y8o social, conferem carater significativo alinguagemmusical. E uma das formas irnportantesde express80 humana, 0 que por si

s6 justifica sua presenya no contexto da eduC8y80, de um modo geral, e na educa9ao

infantil, particularmente.

FOi, portanto, a partir do interesse em compreender qual a importancia da

mtisica no trabalho pedag6gico com a crian~a de 0 a 6 anas, que just~icou-se a

elaborayao do presente trabalho, procurando assim ampliar a ViS80 sobre 0 tema em

quest80 no ambito escolar, bern como, propor caminhos para 0 desenvolvimento de urn

trabalho pedagogico significativocom a musica.

A construyao do trabalho lnicia-se com a abordagem sabre musica:

considerar;6es hist6rico-educacionais onde serao destacados aspectos acerca do

surgimento e do ensina da musica.

A seguir, passa-se a uma reflexao sabre a musica na educar;ao e no

desenvolvimento infantil enfocando a relac;.aoa crianqa e a musica e a presen9a da

musica na educaqao infantil, demonstrando os aspectos negativos e positiv~s que se

fazem presentes nesse contexto.

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Por tim, sao apresentadas algumas eonsideraqiJes acerea da linguagem

musical: uma reflex80 le6rico-prafica, pontuando a metodologia adotada para a

realiza9ao da pesquisa e a analise e interpretaq80 dos dados obtidos a partir da

intera9iio com educadoras atuantes na educa9ao intantil.

Pretende-se, assim, sustentando-se nas argumenta90es de d~erentes

pesquisadores e na analise reflexiva e critica da realidade investigada, despertar urn

novo olhar sobre a importancia da musica na educa~ao infanti!.

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2 MUSICA: CONSIDERAl;:OES HISTORICO-EDUCACIONAIS

Compreender a origem da musica e um desafio que instiga (e instigou) muitos

intelectuais e, por que nao dizer, tambem pessoas da vida cotidiana. Esse poderoso

vefculo de emoc;oes, sentlmentos, conhecimento, informac;ao, surgiu he urn tempo nao

determinado exatamente e constitui-se pela soma das experiemcias do ser humano que,

interagindo com 0 mundo sonora que 0 cerea, aperfeic;oou e apropriou-se dessa musica

como fonte de prazer e tambem, posteriormente, como urn importante agente no

processo educacional dos indivfduQs.

2.1 SURGIMENTO

E multo dificil definir 0 que seja musica. Nem mesma os inumeros estudiosos e

pesquisadores, investigando 0 significado da arte musical, puderam chegar a

conclus5es unanimes.

A musica e uma linguagem universal, mas com muitos dialetos, que variam de

cultura para cultura, envolvendo a mane ira de tocar, de cantar, de organizar as sons e

de definir as notas basicas e seus interval as.

Ernbara a linguagern verbal seja urn meio de comunica<;ao e de relacionamento

entre as povos, constata-se que ela naa e universal, pais cada pavo tern sua propria

maneira de expressao atraves da palavra, motivo pelo qual M milhares de linguas

espalhadas pelo globo terrestre.

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A tradi9ao musical hindu e a tradic;ao musical arabe, par exemplo, sao

diferentes da ocidental.

E como a musica tena surgido?

Enconlra-se em Jeandol (1990, p 13) uma leoria de Pilagoras, ace rca do

surgimento da musica, segundo a qual:

[ ... J cada planeta, movendo-se no espa90, emitia urn determinado som. Cad asom corresponderia a urna nota, e lodas elas, em conjunto, farmariam urnaescala, constituindo a musica das esferas, que refleliria a ordem do universo.

Teria a musica surgido do pr6prio Cosmos?

Darwin, tambem citado por Jeandot (1990, p. 13), "partindo de um ponto de

vista biologica, considerava que a musica derivava do 9rito de animais."

Andre Schaeffner vincula 0 surgimento da musica 80 interesse do homem

primitivo pelos movimentos e pelos ge5t05 par ales produzidos e pelos sons oriundos

da natureza (JEANDOT, 1990, p. 14).

Aos poucos, 0 homem aprendeu a selecionar materiais com os quais poderia

produzir sons agradaveis (a madeira preparada, a pele esticada, a corda) e encantou-

se com 0 que ouviu. A partir dar, ele destaca e produz os primeiros timbres e fascina-se

com 0 som mel6dico. E 0 despertar de sua consciencia estatica.

Durante saculos a humanidade sempre acreditou que a musica a uma

combinayao de notas dentro de uma escala, tendo dificuldade em concebe-la em

formas diferentes. Entretanto, ruidos de sapateado, sons de castanhalas, de palm as,

estalos de dedos ou de chicotes, golpes da palma da mao sobre um instrumento

musical au uma vestimenta, ou ainda gestos do cotidiano, canfiguram tambam como

legftimos participantes do universo musical.

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II

Num tra<;ado histonco acerca da a9<'io da musica sobre 0 homem, Zampronha

(2002, p. 93) relata:

As primeiras referencias Bcerca da ayao da musica sobre 0 homem remontamaos papiros medicos egipcios datados de 1.500 anos a.C, que foramdescobertos pelo antrop61ogo ingles Flandres Petrie em Kahum, por volta de1699, (...]. Esses papiros tratarn do encsntamento da musica sobre asmurheres, "estimulando· sua fertilidade.

Ainda, segundo Zampronha (2002, p. 94), "Platao recomendava-a [a musicaJ

para a saude da mente e do carpo, a cura de angustias e fobias, 0 desenvolvimento do

ca"iter e da sensibilidade, [... J."

A musica nao nasceu das reflexees de Pitagoras, nem do goto de animais ou

dos sons oriundos da natureza. Ela e resultado de lon9a5 e incontaveis vivemcias

individuais e coletivas com as sons oriundos de diversas fontes scnoras, au seja,

resulta da elaborar;ao e reelabora~o do ser humano.

Todas essas questoes sabre a essencia da musica acabam par ser respandidas

a partir das especificidades culturais de cada pava e, em casas especiais, de alguns

individuas.

2.2 ENSINO

A linguagem musical parece ter estada sempre presente na vida dos seres

humanos e desde ha muito faz parte da educa9aa de crianyas e adultos.

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Embora S8 saiba que haja controversias a respeito da musica como linguagem

au nao, acredita-se na mesma, nao como linguagem usual, mas como uma linguagem

especffica, com c6digos pr6prios.

Esse posicionamento e refor9ado pela coloca9iio de Zampronha (2002, p.

34,161):

[... 1 musica e linguagem, urn sistema de comunicarrao que utiliza 5ign05organizados de modo particular; 0 pensamento musical envolve sues propriasregras e restriyoes; [...]. Nessa linguagem organicamente construida,sustentada par regras, princfpies e leis que legitimam sua "identidade", asdiferentes combinayoes de sons adquirem urna logica intelectual e urnasignificarrao psicol6gica tais que "determinamft urn movimento direto sabre 0

ouvinte.

Nas sDciedades primitivas, musica e danC;8 expressavam alegrias, tristezas,

inquieta<;oes e animosidades da comunidade. As pessoas cantavam e dan<;avam,

exteriorizando emo<;6es; a musica era con stante e indispensavel a vida grupal. Mesmo

quando nao apresentam formas de expressao sofisticada, as manifesta<;oes musicais

constituem uma linguagem com tra<;os caracteristicos de cada sociedade.

Os gre90s sao os primeiros a pen sa rem na valoriza<;ao da linguagem musical

na educa9ao, sendo posteriormente continuada pelos reman os. Na Gracia, a musica

era considerada fator fundamental na forma9ao dos cidadaos, tanto quanto a filosofia e

a matematica, e 0 ensino come98va na infancia. "Duas eram as disciplinas

fundamentais do curriculo [... ]: educa9ao musica e ginastica [ ... ]. A educa9ao 'musica'

(no sentido de educac;ao nas musas), mais ampla que 0 atual conceito de musica,

visa va a purifica9ao da alma (mente) do individuo [ ... ]" (BEYER, 1999, p. 21).

Na Europa medieval, 0 ensino da musica encontra-se restrito aos mosteiros.

Somente em periodo posterior introduziu-se a musica em escolas e nucleos

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intelectuais, cnde a educac;ao baseava-s8 no Mestudo de disciplinas 'cientificas',

incluindo Aritmetica, Geometria, Musica e Astronomia, formando a estudo do chamado

Quadrivium"(BEYER, 1999, p. 23).

Com a Reforma, no seculo XVI, 0 ensino da musica fica cada vez mais

acessivel as crian98s e aos jovens, tal como na Gracia antiga.

No seculo XVII, apareceram na Europa duas tendemcias no ensine da musica: 0

racionalismo, que defendia 0 ensina da teoria musical, e 0 sensorialismo, que preferia a

pratica musical. No sEkulo seguinte, destaca-se a figura do fil650fo Jean-Jacques

Rousseau (1712-1788), que cria uma serie de exercicios musicais, com a objetivo de

difundir e popularizar 0 ensina de music8. Para ele Mas crianyas deveriam ter a

oportunidade de cantar melodias e can90es que correspondessem a suas

necessidades e caracteristicas mentais· (BEYER, 1999, p. 26).

E justamente na Franc;a, no sekula XIX, que 0 ensina da musica passa a ser

nal/amente valorizado, evoluindo atraves dos continuadores do trabalho de Rousseau,

as quais sao Pestalozzi (1745-1827) e seu sucessor, Froebel (1782-1852). Este,

propunha que "[nos jardins de intancia), no que se refere a educa9ao musical, as

crianc;as nao teriam que aprender a teona, mas cantavam um amplo repert6rio de

can90es de roda e de jogos musicados" (BEYER, 1999, p. 27).

No sEkulo XX, ha uma rea~o ao intelectualismo dos racionalistas e aparecem

em educa9aO os metodos ativos de Decroly, Montessori, Dalton e Parkhurst, forman do

a chamada Escola Nova. Os aspectos da Escola Nova encaram a linguagem musical

como necessaria e acessivel a todos e nao somente aos considerados bem dotados.

Os criadores dos metodos ativos outorgam a musica um papel importante dentro de

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seus sistemas educacionais, reconhecendo 0 ritmo como elemento ativo da musica e

favorecendo as atividades de expressao e cria98o.

Nas primeiras decadas do sEkula XX, recupera-se a educ8y80 musical das

crian98s, atraves da atividade e da experiencia. Destacam-se as metodos criados par

compositores, em varios paises:

Orff (1895-1982), na Alemanha, propoe que as crians;as dancem e cantem,relacionando suas primeiras nor,roes musicais a rimas, versinhos e pequenasfrases e formando gradativamente urn conjunto instrumental com as crianrras.Dalcroze (1865-1950), na Fran9a, apregoa que as primeiras noC;6es devemocorrer atraves do movimento corporal coordenado com as diferentes ritmos ealturas. Kodaly (1882-1967), na Hungria, elabora urn programa nadonal paradisserninac;:ao do canto nas escolas, oportunizando a rnilhares de crianc;:as 0

contato pratico com a musica. No Brasil, Vllla-Lobos (1951) prop6e urn trabalhosemelhante atraves do canto orfeOnico. (BEYER, 1999, p. 27)

Nas teorias psicol6gicas desenvolvimentistas, tais como a cognitivista de Jean

Piaget, a psicanalftica de Erikson e a de aprendizagem de Sears, amplia-se a

compreensao do desenvolvimento de ser humano na constrw;:ao do conhecimento.

Na visao cognitivista, 0 conhecimento musical se constr6i a partir da intera<;8o

com a ambiente, atraves de experiemcias concretas, que aos poucos levam a

abstra<;8o. A crianya se envolve integralmente com a musica e a modifica

constantemente, transformando-a, pouco a pouco, numa res posta estruturada.

Atualmente, a linguagem musical e estudada e analisada em diferentes

aspectos: como terapia, como rela<;ao importante entre certos comportamentos da

sociedade e a consumismo, com recursos dos meies de comunica<;Bo de massa, como

meio de sensibiliza<;.3o na educa<;.3o de deficientes auditivos e como auxiliar em

psicoterapia.

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A aula de musica na escola S8 transforma: ha maior liberdade dos educandos e

maior espontaneidade dos educadores, aumenta a pratica musical expressiva e criativa.

Considerando a importancia das experiencias anteriores (ao aprendizado da

musical da crian<;a como, a atenc;ao, a memorta, a percepc;ao e, prtncipalmente, sua

intera9ao com a mundo, Gainza (1988, p. 109-112) afirma:

por principia, todo canceito devera ser precedido e apoiado pela pratica emanipulaty30 ativa do sam: a exploratyao do ambiente son oro, a inventy80 econstruryao dos instrumentos, 0 usa sem preconceitos dos instrumentostradicionais, a descoberta e a valorizac;:ao do objeto sonoro. Na pedagogia comona arte, a (mica constante e 0 movimento, a busea interna e a explora(f80 darealidade circundante.

Essa afirmac;ao reforc;a, portanto, a importancia de S8 proporcionar a crian9a a

explora98o ampla do "mundo sonora" antes que se pretenda sistematizar qualquer

conceito musical para a mesma.

Martins (1985, p. 47) acrescenta que, "educar musicalmente e propiciar acrtan<;a uma compreensao progressiva da linguagem musical, atraves de experimentos

e convivencia orientada."

Oesta forma, pode-se dizer que, quanto rna is se conhecer 0 desenvolvimento

humano e a ele somar a experimenta9Bo, mais eficaz sera 0 trabalho educativo no

campo da musica.

Nesse senti do, 0 tftulo que se segue (Musica na educaq80 e no

desenvolvimento infantil), trara uma breve explana980 sobre 0 desenvolvimento da

crianya e como esta sa ralaciona com a musica.

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3 MUSICA NA EDUCAC;AO E NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

o periodo que compreende 0 desenvolvimento infantil, au seja, as primeiros

anos de vida da crian,a, caracteriza-se pela diversidade e intensidade de experiencias

e transfonnar;:oes que esta vivenciara nesse momento.

Tambem como parte fundamental desse processo esta a educa,ao (formal) que

a crianr;:8 recebera no sentido de estimular e desenvolver suas habilidades e

capacidades.

Entendendo-se, portanto, que a musica 'favorece, no educando rna crian •• J, 0

bem-estar, 0 crescimento de potenciaHdades, 0 desenvolvimento de sua equ8980

pessoal, [ ..J como uma Iinguagem que, [ ..J fala diretamente ao corpo, a mente e as

emo,oes [ ...J." (ZAMPRONHA, 2002, p. 13), torna-se relevante uma analise dos

aspectos que permeiam a relar;:8o da crianC;8 com a musica e sua influencia no

desenvolvimento infantil.

3.1 A CRIANC;:A E A MUSICA

Ao longo dos tempos, a concep980 de crian,a vai sofrendo modifica,oes assim

como a constrw;:ao historiea social, tornando impassive I apresentar-se urna concepgao

definitiva.

Numa tentativa de explicitar 0 conceito de crian •• , 0 RCN' (1998, p. 21 v.1) traz

que:

1 RCN: Referencial Curricular Nacional

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A crianlYa como todo seT humano, e urn sujeito social e historico e faz parte deurna organizar;ao familiar que esta inserida em urna sociedade, com urnadeterminada cultura, em urn determinado momento hist6rico. E profunda mentemarcada pete meio social em que se desenvolve, mas tambem 0 marea. Acrianr;a tern na familia, biologica ou naa. urn ponto de referenda fUndamental,apesar da multiplicidade de interac;oes socials que estabelece com Qutrasinstituir;6es sodais.

As crian98s possuem urn jeito muito proprio de sentir e pensar 0 mundo, que

Ihes conferem uma natureza singular. A partir das rela<;oes que estabelecem com as

pessoas com quem convive e com 0 meio que a cerea, VaG gradativamente

compreendendo 0 mundo em que vivem e, par meio das brincadeiras, expressam sua

realidade, seus anseios e desejos.

Os primeiros anos de vida da crianya sao fundamentais para 0 seu

desenvolvimento. Neste curto espayo de tempo, ela passa por diversas etapas, tanto no

espayo fisico, como no mental, no social e no emocional. Esses aspectos todos

influenciam 0 desenvolvimento da personalidade, entrelayando·se e evoluindo,

tomando cada individuo urn ser unico e diferente dos demais.

A musica esta presente em drterentes e variadas situayoes do cotidiano

possibilitando que a crianya inicie seu processo de musicalizayao de forma intuitiva. Ela

ouve a sua volta melodias curtas, cantigas de ninar, brincadeiras cantadas, parlendas

etc., e passa entao a imitar e responder criando vfnculos com a musica e construindo

urn repert6rio que Ihe pennite iniciar uma forma de comunicayao par meio dos sons.

Alguns pesquisadores citados por Diana Santiago e lima Nascimento (ABEM,

1996, p. 19) registraram a ateny80 das crianyas a musica em seus primeiros meses de

vida:

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P. Michel,[ ...), obsetvou que, aos dais meses, elas focalizam a aten\=ao em sonsmusicais provenientes de urna canc;ao ou de instrumento musical, e que aoscinco meses sua atenyao a musica pode durar meia hora. Moog e Leachafirmam que movimentos ritmicos em resposta a musica S8 iniclam entre cincoe oito meses, e que algumas das crianc;as tentam juntar-se aos jogos cantados(cf. McDonald e Simons, 1989:41-43). Merry & Merry sugerem que "a crianyapode cantar antes de falar, e algumas tentativas de expressao atraves damusica podem ser observadas em praticamente todas as crian9as~ (inMcDonald,1979:4).

Quando ainda bebes, a audiy80 de obras musicais provoca as mais diversas

rea90es: podem manter-se atentos, tranqOilos ou agitados.

Do primeira ao terceira ana de vida, os bebes ampliam as modos de expressao

musical pel as conquistas vocais e corporais. Na rela~ao com os materiais sonoras

demonstram igual interesse a toda e qualquer fonte sonora, ou seja, tocar um chocalho

ou bater uma col her despertam 0 mesmo prazer.

Sabre essa explora9iia, Jeandat (1990, p. 19) afirma que:

Ao entrar em contata com os objetos, ela [crianc;:a1 rapidamente comeya ainteragir com 0 mundo sonora, que e 0 embriao da musica, e, nessa medida,qualquer objeto que produz ruldo torna-se para ela um instrumento musicalcapaz de prender sua atenyao par muito tempo. A crianc;:a nao e um artista,nem um ser meramente contemplativo, mas antes de tudo um ser ~rftmico-mfmico", que usa espontaneamente os gestos ao sabor da sensac;:ao que elesdespertam.

Dessa fonna, a que caracteriz8 a praduc;ao musical da crianc;a nessa fase e a

explorac;ao do som e suas qualidades - altura, durac;ao, intensidade e timbre - e nao a

criac;ao ou reproduc;ao exata de melodias conhecidas.

E importante destacar que crianc;as que participam de comunidades musicais

ou cujos pais toquem instrumentos podem apresentar um desenvolvimento e controle

ritmico diferente das outras crianc;as, "demonstrando que 0 contato sistematico com a

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musica amplia 0 conhecimento e as possibilidades de realiz890es musicais" (RCN,

1998, p. 52 v. 3).

Nessa fase as crianc;as gostam muito de explorar as materiais sonores e

integram a musica as demais brincadeiras e jog os: cantam enquanto brincam,

acompanham com sons as movimentos de seus carrinhos, danQam e atribuem aos

materiais sonoras personagens, como animais, carras, maquinas, super-herois etc.

A partir dos tres anos, aproximadamente, 0 interesse da criang8 volta-se aos

jogos com movimento e musicas gestuais, estimulando a desenvolvimento motor e

ritmico.

Moog (McDONALD e SIMONS, 1989:48), citado por Santiago e Nascimento (in

ABEM, 1996, p. 21) estabeleceu a seguinte sequencia de respostas ritmicas a musica

relacionadas com a idade:

- seis meses: movimentos do corpo inteiro nao sincronizados com a musicamas, certamente, uma resposta generalizada;- dois anos: uso de movimento de brac;os e pernas; sincronizaC;8o temporariacom a pulsaC;8o em aproximadamente 10% deste grupo: ocorrencia fortuita(chance occurrence);- tres a cinco anos: declfnio da variedade de movimentos; um perlodo de praticae exploraC;8o de movimentos conhecidos;- quatro a seis anos: com a melhoria da coordenaC;8o fisica, aumenta ahabilidade para manter a tempo;- seis anos: palmas, raramente vistas antes do selda ana, faram a res pastarftmica mais camum.

A crianc;:a vai aos poucos tendo maior dominio da entoac;:ao melodica, embora

ainda sem um controle preciso da afinaQElo. Memoriza um maior repert6rio de can<;6es

e utilizando ideias ou trechos de musicas conhecidas improvisa, recria, adapta e inventa

novas canc;:oes. E comum que, brincando sozinha ou quando dada a oportunidade pelo

adulto (famfiia, educadores etc.), invente longas canc;:6es.

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Com 0 tempo, camega a cantar com maior precisao de entoaC;Elo e a reproduzir

batimentos rltmicos corporais (palmas, batidas nas pernas, pes etc.) mais elaborados,

embora a complexidade desses movimentos dependera do nivel de desenvolvimento

de cada crian"" ou grupo.

Referindo-se a a,80 que 0 ritmo provoca, Zampronha (2002, p. 45) acrescenta:

[ ... J. movimento dotado de poder educativo e disciplinador, beneficiando 0

ouvido, 0 sistema muscular e 0 sistema nervoso. 0 ouvido, porque estimulasuas qualidades receptivas; 0 sistema muscular, tendo em vista que atua dentrode urn tempo e de urna durat;:ao determinados, induzindo as musculos aresponderem numa ordem e duraryao estabelecidas; e 0 sistema nervoso, emvirtude de possibilitar ao educando desenvolver mecanismos de comportamentono tempo e no espa<;:o.

Alem de cantar, a crianya se interessa tambem em tocar pequenas melodias

nos instrumentos musicais, que Ihe desperta muita curiosidade. Po de ser estimulada a

reproduzir au compor uma melodia, e a seu interesse par muitos e variados estilos

tende a se ampliar devido ao seu melhor detalhamento auditivo.

Em relayBo a cria9Bo musical da crian9a, de acordo com Diana Santiago e lima

Nascimento (in ABEM, 1996, p. 26):

A crian<;:a pode apresentar comportarnentos criativos atraves do canto,movimento ritmico e execu<;:ao de instrumentos. Ela e criativa de variasrnaneiras: por exernplo, quando muda ou adiciona palavras novas a umacan<;:ao, quando rearranja ou mud a movimentos aprendidos para criar suapropria expressao flsica ao som, ou, ainda, quando evolui da manifesta<;:aodesordenada no instrumento para urna expresseo rnais estruturada, envolvendorepeti<;:oes e sincroniza<;:ao com a pulsa<;:ao. A crian<;:a adquire as ferramentaspara tais criac;:oes a partir do material musical que Ihes of ere cern os. Nessasatividades, as crian<;:as demonstrarn, de sua maneira, os conceitos assimilados,alem de terem ocasiao de reafirma~los, aprimora-Ios ou formar outros. Destarte,o trabalho criativo fortalece a compreensao cognitiva.

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A musica veiculada pela mldia, desperta 0 interesse da crianC;8 tanto quanta as

diferentes generos e estilos de musicas que Ihe forem proporcionadas conhecer. A

prime ira, em algumas situ8c;oes, favorece a transmissao de conteudos inadequados acrian9a, com letras repletas de girias que nao permitem a compreensao clara da

mensagem pel a crianya. Oai a importancia de S9 realizar com a crianC;8 urn trabalho de

exploraC;80 musical ampla, de contata com a musica transmitida no radio e TV, as

musicas de propaganda, as trilhas scnoras dos filmes, a musica popular, a musica

erudita, a musica folcl6rica, a musica regional, a musica de Qutros pavos e culturas, que

1he permita fazer comparac;6es e reflex6es.

A esse respeito, afirma Zampronha (2002, p. 102):

Musicas infantis, folcl6ricas, estruturas musicais etementares, sustentam umrepert6rio que dinamiza a psiquismo do educando e sua motricidadecorrespondente, favorecendo a desenvolvimento de suas potencialidades. Amedida que se amplia e se enriquece 0 repertario musical, eategorias tearieas,experienciais e fenomenolagieas sao robustecidas, permitindo ao edueando aartieula'Yao de praticas mais eomplexas e sempre libertadoras.

Dessa forma, [a crian9aJ tera a possibilidade de despertar a sensibilidade da

escuta, de uma escuta d~erenciada que conseqOentemente levara a um

desenvolvirnento do seu senso critico.

3.2 A MUSICA NA EDUCACAo INFANTIL

A rnusica no contexto da educa~o infantil vern, ao longo de sua hist6ria,

atendendo a varios objetivos, alguns dos quais alheios as quest6es pr6prias dessa

linguagern. Tern sido, em muitos casas, suporte para atender a varios prop6sitos, como

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a formaC;8o de habitos, atitudes e comportamentos: lavar as maos antes do lanche,

escovar as dentes, respeitar a farol etc.; a realiza~o de comemorac;oes relativas aD

calendario de eventos do ano Islive simbalizados no dia da arvore, dia do soldado, dias

das ma8S etc., a memOIiZ8c;8.0 de centeudos relativos a numeros, latras do atfabeto,

cores etc., traduzidos em canc;oes. Essas canc;oes costumam ser acompanhadas par

g85t05 corpora is, imitados pelas clian<;8s de forma mecimica e estereotipada.

A esse respeito Martins (1985, p. 47) comenta:

A crianc;a possui a curiosidade, a imagina<;:ao e a inquietac;ao que caracterizamo cientista e 0 artista. 0 interesse pelo experimentar e evidente e revela-se demodo espontaneo em suas atitudes. Infelizmente, a escola asfixia e neutralizaesse comportamento natural, conduzjndo a crian«j:a a um paddio decomportamento coletivo, recompensando-a sistematicamente por tersubjugadoe tolhido a curiosidade e a jmagina980.

Outra pratica corrente tem sido 0 uso de bandinhas ritmicas para 0

desenvolvimento motor, da audigao, e do dominio ritmico. Essas bandinhas utilizam

instrumentos - pandeirinhos, tamborzinhos, pauzinhos etc. - muitas vezes

confeccionados com material inadequado e conseqOentemente com qualidade sonora

deficiente. Isso reforga 0 aspecto mecanico e a imitag8oo, deixando pouco ou nenhum

espago as atividades de cria9800 ou as questoes ligadas a perCeP9800 e conhecimento

das possibilidades e qualidades expressivas dos sons.

Considerando a importancia da 89800criadora, Howard (1984, p. 69) afirma:

Ouvir, escutar a musica neo basta, evidentemente, para despertar 0 sensomusical. t:. preciso que ao menos uma vez a musica e 0 ate de faze-Ia ten hamsuscitado forte emo98o psiqujca, uma tensao motora decisjva em todo 0 ser. Ea condi9ao necessaria para tanto eo precisamente fazer musica.

Page 23: Larissa Calzado Estevam MUSICA NA EDUCA

23

o que se obselVa e justamente a falta de oporlunidade para que as clianyas

fayam, criem musica.

Ainda que esses procedimentos venham sendo repensados, muitas instituic;6es

encontram dificuldades para integrar a linguagem musical ao contexto educacional.

Constata-s8 urna defasagem entre 0 trabalho realizado na area de Musica e nas

demais areas do conhecimento, evidenciada pela realizac;ao de atividades de

reproduc;ao e imitac;ao em detrimento de atividades voltadas a criac;ao e a elaborayao

musical. Nesses contextos, a musica eo tratada como S8 fosse urn produto pronto, que

S8 aprende a reproduzir, e nao urna linguagem cujo conhecimento S8 constr6L

Jeandot (1990, p. 20) afirma:

Musica e linguagem. Assim, devemos seguir, em relac;ao a musica, 0 mesmoprocesso de desenvolvimento que adotamos quanta a linguagem falada, oseja,devemos expor a criam;:a a linguagem musical e dialogar com ela sobre e parmeio da musica.

Desse modo, estar-se-ia proporcionanda a crianc;:a a vivemcia da linguagem

musical como urn dos meios de representac;ao do saber construido pela interac;:ao

intelectual e afetiva da crianc;a com 0 meia ambiente

A musica esta presente em diversas situac;:oes da vida humana. Existe musica

para adorrnecer, musica para danc;ar, para charar as mortos, para conclamar a pava a

lutar, 0 que remanta a sua func;:ao ntualistica. "Em alguns contextos como as tribos

indigenas e comunidades musicais como Escolas de Samba, Congadas etc., as

crianC;8s entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e assim comec;:am

a aprender suas tradi\Ooes musicais" (ReN, 1998, p. 47 v. 3).

Nesse sentido, Jeandot (1990, p. 20) acrescenta que:

Page 24: Larissa Calzado Estevam MUSICA NA EDUCA

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Como acontece com a linguagem, cada civilizayao, cada grupo social, tern suaexpressao musical pr6pria. 0 educador, antes de transmitir sua pr6pria culturamusical, deve pesquisar 0 universe musical a que a criam;a pertence, eencorajar atividades relacionadas com a descoberta e com a criaCBo de novasformas de expressao atraves da musica.

Mesma com as transfonnar;oes da organizayao social e do papel da musica

nas sociedades modernas, ainda mantem-se certa tradic;ao do fazer e ensinar par

imitac;ao e "par ouvido", em que S8 misturam intuiC;8o, conhecimento pratico e

transmissao oral. Essas quest6es devem ser consideradas ao S8 pensar na

aprendizagem, pois 0 cantata intuitivo e espontaneo com a expressao musical desde as

primeiros anos de vida a importante ponto de partida para 0 processo de musicaliza<;ao.

Ouvir musica, aprender uma cam;ao, brincar de roda, realizar brinquedos rftmicos etc.,

sao atividades que despertam, estimulam e desenvolvem 0 g05tO pela atividade

musical, alem de atenderem a necessidades de expressao relacionadas a area afetiva,

estatica e cognitiva. Aprender musica significa integrar experiencias que envolvem a

vivencia, a percep<;ao e a reflexao, encaminhando-as para nlveis cada vez mais

elaborados.

Referindo-se a musica como linguagem, 0 RCN (1998, p. 48, v. 3) faz a

seguinte abordagem:

Compreende-se a musica como linguagem e forma de conhecimento. Presenteno cotidiano de modo intenso, no radio, na TV, em grava~aes etc., por meio debrincadeiras e manifesta~oes espontaneas ou pela interven~ao do professor oufamilia res, alem de outras situa~aes de convivio social, a linguagem musicaltern estrutura e caracterlsticas pr6prias, sendo considerada como prodw;ao,aprecia~i1o e reflexBo.

Page 25: Larissa Calzado Estevam MUSICA NA EDUCA

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Pode-se considerar ainda 0 aspecto da integra9iio do trabalho musical as

Qutras areas, jil que, par urn lado, a musica mantem cantata 85treito e direto com as

demais linguagens expressivas (movimento, expressao cenic8, artes visuals etc.), 8, par

outro, torna possivel a realiza9ao de projetos integrados.

o trabalho com musica na educac;ao infantil I portanto, deve garantlr it crian98 a

possibilidade de vivenciar e refletir sabre quest6es musicals, nurn exercicio senslvel e

expressivo que tambem oferece condi90es para 0 desenvolvimento de habilidades, de

forrnula~o de hip6teses e de elaborac;.ao de conceitos.

Algumas vivencias musicals ja realizadas com crianC;8s, bern como 0 relato e

opiniao de algumas educadoras que atuam na educa~o infantil, serno descritos no

titulo seguinte. Serao expHcitados ainda as aspectos metodo16gicos da pesquisa

realizada.

Page 26: Larissa Calzado Estevam MUSICA NA EDUCA

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4 CONSIDERAC;:OES ACERCA DA LlNGUAGEM MUSICAL UMA

REFLEXAO TEORICO-PRA TlCA

Para uma analise mais consistente sabre as aspectos que envolvem 0 trabalho

com a musica na educayao infantil, fez-s9 necessaria 0 cantato direto com a realidade

pesquisada e com as profissionais inseridos nesse contexto.

A partir dessa interayao pode-s9 estabelecer relayoes entre a pratica e a base

leorica construida e, dessa forma, desenvolver uma visao entica sobre 0 tema abordado

levando a percep9ao de aspectos positives e negatives sobre 0 mesma, dentro dessas

realidades.

4.1 METODOLOGIA

UPara S9 realizar uma pesquisa e preciso promover 0 confronto entre as dadas,

as evidencias, as informa90es coletadas sabre determinado assunto e 0 conhecimento

te6rico acumulado a respeito dele: (LUDKE, 1986, p. 1). Desta forma, a pesquisa

propasta fai desenvalvida em duas escalas e dais CM.E.I.'s da rede publica municipal

de Curitiba, a partir da coleta de dados mediante a realizayao de entrevistas.

No decorrer da pesquisa 0 apoio da teoria esteve presente, par meio da leitura

de livros e outros materiais, servindo como base de ayao tanto para a realiza<;8a das

atividades sistematicas - pre vistas no prajeto e cuja execuC;:8o se deu com 0 auxilio de

questionarios - quanta para as assistematicas - conversas ou mesmo entrevistas e

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observa90es que, nao estando previstas no planejamento, puderam contribuir para a

constru9iio da pesquisa.

As escolas e C.M.E.I.'s, que constituiram 0 universo de pesquis8, foram

previamente consultados acerca da possibilidade de realiza,ao da pesquisa proposta.

Foram adotadas tecnicas qualitativas de analise, para examinar em

profundidade os multiplos aspectos que envolvem alinguagem musical na Educa,ao

Infanti!. A pesquisa qualitativa, segundo BOGDAM e BIKLEN (citados par LUDKE e

ANDRE, 1986, p. 13) "envolve a obten9iio de dados descritivos, obtidos no contato

direto do pesquisador com a situagao estudada, enfatiza mais 0 processo do que 0

produto e S9 preocupa em retratar a perspectiva dos participantes."

A pesquisa de campo realizou-se no periodo de junho de dais mil e quatro. Para

a coleta de dados utilizou-se a tecnica de entrevista como instrumento de pesquisa.

4.2 ANALISE E INTERPRETA<;Ao DOS DADOS

Foram entrevistadas 15 educadoras, sendo 3 educadoras de turmas de

beryario, 4 educadoras de turmas de maternal, 2 educadoras de turmas de Jardim I, 2

educadoras de turmas de Jardim II e 4 educadoras de turmas de Pre-escolar. Percebe-

se nas entrevistas realizadas com as educadoras que, de urn modo geral, todas

proporcionam algum contato da crianya com a musica nas atividades pedag6gicas.

Analisando as quest6es separadamente tem-se as seguintes resultados:

Questeo 1: Voce utiliza a musiC8 como recurso pedag6gico no trabalho com

as crian9as?

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100 % das entrevistadas responderam que "sim" e algumas acrescentaram:

a) "Sim, de preferencia dentro do conteudo".

b) "Sim, procurando integrar com as diversas areas".

Esse dado demonstra que a musica tem estado presente na educagao infantil,

porem ve~se a preocupa98o de algumas educadoras em relacionar a musica ao

conteuda de Qutras areas a ser trabalho com as alunos.

Estara a musica entao, serJindo apenas como "pretexto I muleta" para 0 ensino

de Qutras disciplinas?

A esse respeito, Zampronha (2002, p. 134) afirma:

As escolas privilegiam 0 portugues, a matematica e deixam de lado suainterface musical, esse universe de funfBo poetica, da metalingOistica, dapluralidade, da densidade semantica. Se n6s pensarmos que essas disciplinas,portugues e matematica, ensinam linguagens, nao podemos deixar de refletirque musica tambem €I linguagem (nao verbal). 0 que significa dizer que constituicondic;:ao de conhecimento e de ordenac;:ao do pensamento.

Sera errado utilizar a musica integrada a outras disciplinas, uma vez que e por

si propria uma lingua gem e uma forma de conhecimento?

Ainda Zampronha (2002, p. 134), finalizando a mesma cita9ao, acrescenta:

Quem canta, escuta, Ie, e/ou toca urn instrumento musical aprende a por emordem seu pensamento. Eis por que a vinculac;:ao da musica a perspectiva deoub'os conteudos disciplinares lanc;:a os pressupostos de uma real ferramentaauxiliar da educac;:ao.

Dessa tonna, entende-se que a musica pode servir como importante ferramenta

no processo ensino-aprendizagem, "podendo (e devendo) articular-se com outras

disciplinas. outros saberes, sem perda de autonomia" (Zampronha, 2002, p. 162).

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• Questao 2: Com que freqi.iencia voce faz usa desse recurso?

As respostas fcram bastante diversificadas:

a) "Sempre".

b) "Em todo momenta". (3 educadoras)

c) "Todos as dias".(2 educadoras)

d) "Quase todos as dias". (4 educadoras)

e) "Todos as dias na hora do sono; urna vez par semana em atividades"

f) "Semanalmente"

g) "Com bastante frequencia, mais ou menes tres vezes na semana"

h) "Urna vez par bimestre",

1)"Geralmente quando 0 conteudo e complicado para as alunos".

Conforme as res pastas apresentadas percebe-se que em algum momento a

musica esta sim presente no trabalho com as crianyas, porem com urna freqOencia e

intensidade bastante variilvel em cada realidade.

Em termos quantitativQs, observa-sa que 90% das educadoras trabalha a

musica com as crian<;8s com bastante freqOencia (res pastas a-g), Mas ... , de que

maneira sera desenvolvido esse trabalho? Importara mais a quantidade ou a qualidade

com que esse trabalho e desenvolvido?

Refletindo sobre a questao da sensibilidade musical, Penna afirrna: uSe 0

educador acreditar que a questao da sensibilidade e dada ou nao de beryo, ou que, em

tennos de musica, 'nao ha nada para entender, basta escutar', entao tomara inutil 0 seu

proprio trabalho" (1990, p. 21).

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Fica, pais, claro que 0 trabalho 'diana' au 'constante' com a musica precisa

estar pautado em objetivos que possibilitem estimular as potencialidades da crian~a, 0

que signrrica ir alem do cantar mecanicamente au apenas ouvir musica de fundo.

Na resposta h va-se a atividade musical como atividade esporadica, exigindo

urn planejamento mais elaborado, uma vez que sera integrada a conteudos de outras

areas do conhecimento.

Ainda na resposta ; nota-58 uma visao do trabalho musical tambem como

atividade esporadica e de aux[lio para a melhor compreensao de urn conteudo

relacionado a cutra area do 'conhecimento. Nesse case a musica tern urn papel

secundiuio de motivar, facilitar a aprendizagem da crianya.

Ferreira (2002, p. 9), aborda essa questao da seguinte forma:

E evidente que a comunicac;ao verbal e par excelencia a primeira na escalacomunicativa humana; tambem nao e menos verdadeiro que, quando tem amusica como aliada, ganha forc;a, entre outros motivos, pelo suporte epenetrayao mais intensa que adquire a transmissao de sua mensagem original.

Eis porque a musica associada a outra disciplina toma-se uma ferramenta tao

eficiente e produtiva no auxilio a assimilac;ao dos alunos. Porem, na busca da utilizayao

equilibrada da musica, esta nao deve ser "desenvolvida para uma determinada

atividade pro pasta, mas sim uma atividade proposta faz usa dos recursos que cada

musica pode oferecer em cada caso." Sendo assim, 0 trabalho "nao compromete nem a

composiyaa musical nem as materias a serem ensinadas; desse modo, mantem cada

arte ou ciancia em seu lugar de direito" ( FERREIRA, 2002, p. 12).

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• Questao 3: Que estilo de musica (geralmente) e apresentado e como eselecionado?

A partir desta questiio, relacionando as respostas apresentadas a laixa eta ria

da turma na qual a educadora atua, tem-se os seguintes resultados:

- Educadoras de Berr;ario (crian9as de 3 meses a 2 anos):

a)"Classicas, infantis, sons instrumentais para relaxar".

b)"Musica classica, usada para relaxar, musica regional, usada para a crian98

conhecer diferentes estilos. Musica infantil, abordando temas especificos

como: partes do corpo, grande, pequeno etc ..

c) "Musicas inlantis, de acordo com 0 momento: sono, despertar, agitaC'.

Obs8Na-se a enfase dada ao usa da musica classica com essa faixa eta ria com

o objetivo de proporcionar 0 relaxamento dos bebes e crian9as. Alem da explora9iio de

temas especfficos integrados a Qutras areas do conhecimento - ciemcias, matematica

etc.

Observa-s8 aqui que a pratica musical "estimula 0 equilibrio afetivo e emocional

num plano psicol6gico profunda, propicia um sentimento de bern-estar, de calma,

relaxamento, .." (ZAMPRONHA, 2002, p. 114).

Sem deixar de lado a caracteristica da musica como conhecimento e

linguagem, as educadoras tambem incluem no repert6rio musica regional pos5ibilitando

as crian9as a cantata com deferentes estilos musicais.

- Educadora5 de Matemal (crian9as de 2 a 3 an05):

a) "1° Classica: finalidade de relaxamento e conhecimento do estilo

propria mente, com seus respectivos compositores e names das musicas

(contamos uma 'historinha' da vida do compositor). A sele9iio e leita pel a

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diversific8C;80 dos instrumentos. 2° Musicas infantis: teatrinho e/au samente

cantada, e gestos (ritmo). 3' Musica sertaneja (Festa Junina). 4'

Brincadeiras com musica"

b) "Musicas classicas para a sana e musicas infantis para atividades dirigidas".

c) "Infantis, musicas orquestradas; naD temas nenhum processo de 5e1898o",

o conteudo da resposta a explicita urn trabalho musical bastante rico e

diversificado realizado com as crianC;8s de 2 a 3 anos de idade. Nesta proposta sao

explorados as diversos aspectos da musica, envolvendo atividades de apreciayao

(audiyiio), interpreta9iio (dramatizayiio), reprodu9iio (canto), ampliayiio cultural (musica

regional), ritmo e diversao (prazer).

E importante destacar a atenyao especial das educadoras ao aspecto formal da

musica a partir da atividade em que eontam urna "historinhan sobre as compositores e 0

nome de suas musicas. 1550 demonstra clara mente que nao S8 pretende subestimar 0

potencial da crianc;a, mas sim, proporcionar-Ihe uma vivencia significativa no campo

musical.

Afinal, "elas estao prontas a aprender, sim, de um modo que Ihes e peculiar,

informalmente, no seu passo. Devem ser respeitadas" (SANTIAGO; NASCIMENTO,

1996, p. 31).

Diferentemente a essa proposta, na resposta b a musica classica desempenha

uma func;ao secunda ria - a de auxiliar 0 sono das crianc;as - nao sendo explorada na

sua totalidade. Para os momentos de aprendizagem sistematica, opta-se pela musica

infantit.

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A res posta c chama a atengao para 0 aspecto da "selegao" musical. Nesse

sentido, temMse que "as musicas escolhidas devem ser curtas, ritmicamente dina micas,

interessantes em timbre e tocadas par diferentes instrumentos solos ou em pequenas

combinagoes" (SANTIAGO; NASCIMENTO, 1996, p. 25). Faz-se necessario, portanto,

que visando uma atividade musical significativa e prazerosa, S8 estabelec;am as

abjetivos a serem alcanc;ados, as habilidades a serem estimuladas e, a selec;ao musical

coerente com a proposta da atividade.

- Educadoras de Jardim I (criangas de 3 a 4 anos):

a) "Infantis ou populares, as quais as criangas pedem. Ex: 'Borboletinha', e de

cantores como Sandy e Junior".

b) "Musicas infantis e populares. E selecionado de acordo com 0 que se quer

trabalhar e tambem S8 da oportunidade de escolherem as conhecidas",

Neste casa, a diversificaC;Bo musical mostra-se mais limitada, ha uma

preocupaC;8o em relacionar a musica ao conteudo a ser trabalhado (em Qutras areas do

conhecimento) e percebe-se a abertura para a explorayao de musicas veiculadas pela

midia. Tem-se aqui, dais aspectos a serem destacadas: urn, 0 da liberdade de escolha

que e proparcionada a crianQa, respeitando sua cultura, seus interesses, nao foryando-

a a se encaixar num padrao cultural/musical dito "0 ideal" pela educadora; outro, 0 da

utilizac;ao de musicas veiculadas pela midia, que deve ser multo bem analisada e

planejada no senti do de despertar na crianya a sensibilidade e 0 senso critico para que

ela mesma seja capaz de distinguir 0 que e "musica para os ouvidos" e "barulho"

°RCN (1998, p. 65, v. 3), sugere que:

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Hit que se tamar cuidado para naD limitar 0 cantata das crianlfas com 0repert6rio dita "infantir que e, muitas vezes, estereotipado e, nao raro, 0 maisinadequado. As canc;;oes infantis [e nao infantis} veiculadas pela midia,produzidas pela industria cultural, pouco enriquecem 0 conhecimento dascrianlfas. Com arranjos padronizados, geralmente executados par instrumentoseletronicos, limitam 0 acesso a urn universo musical mais rico e abrangente quepede incluir urna variedade de generos, estilos e ritmos regionais, nacionais einternacionais.

- Educadoras de Jardim II (crian9as de 4 a 5 anos):

a) "Musica propria para turma de jardim II: infantis e com conteudo"

b) "Os estilos sao varios: folclore brasileiro (cantigas), musica classica,

interpretac;oes de corais infantis, musicas regionais e trabalhos de musicos

locais. A seleyao e feita partindo da intenC;80 de S9 amptiar 0 conhecimento

musical das crianyas e tambem pela necessidade de musicalizar um

conteudo a ser trabalhado (ex: animais, meios de transporte, adivinhas etc.),

sendo ainda algumas musicas escolhidas pelas crianyas".

A colocag8o feita na res posta a sugere a musica infantil como a mais

apropriada para a crianga ness a faixa eta ria. Como ja afirmado por varios autores e

tambem relatado em outras propostas analisadas neste capitulo, sabe-se que quanto

mais rico e diversificado for 0 repert6rio musical apresentado (e explorado) a crianya,

mais significativa sera sua rela9ao com a musica e sua utiliza9ao dessa forma de

linguagem.

Dessa forma, al8m da musica infantil, pode-se (e deve-se) incluir no trabalho

pedagogico uma enorme diversidade de estilos musicais.

Entretanto, na resposta b observa-se uma visao de trabalho musical bastante

diversificado (variac;ao de estilos e fontes), e com uma aten9ao dada a sele9ao da

musica, que divide-se em tres pontos: a utilizayao e explorayao da musica como

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linguagem e conhecimento em si; 0 usa da musica como "auxiliadora" na aprendizagem

de conteudos de Qutras areas; e a exploraC;8o livre da musica a partir do interesse dos

alunos.

He que se lembrar, todavia, que, por mais lico e diversificado que seja 0

trabalho musical com as crianC;8s, sempre havera novas descobertas a fazer e noves

horizontes a desvendar.

- Educadoras do Pre-escolar (crianl'as de 5 a 6 anos):

a) UN€IO escolho muito pelo estilo de musica (mais lento DU uma musica mais

agitada), mas sim a musica que retrata melhor a canteudo que sera dado",

b) "Musica infantil e ludica, gestual, atual"

c) "Musica infantil (cantigas), folclore e trabalhos bem produzidos".

d) "Musica infantil e pelo tema; em outros momentos: inicio do dia,

descontragao" .

Mais uma vez, na resposta a, evidencia-se 0 aspecto da utiliz8yao da musica

como 'facititadora" da apreensao de conteudos diversos (em Qutras areas do

conhecimento).

Cabe ressaltar, conforme Ferreira (2002, p. 26) que:

A persuasc\io e a efici~nclada musica no ensino nao se questiona, mas, [...],nao devemos nunca esquecer que a musica, nem por sonho, restringe-seapenas a isso. Trata-se de uma arte extremamente rica e que disp6e de farto evasto repert6rio acessivel em qualquer lugar do nosso planeta.

As demais respostas enfatizam igualmente 0 usa da 'musica infantH', sendo que

na resposta b e destacada a exploraC;80 dos gestos na atividade musical e na c

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percebe-se 0 cuidado na seleC;8o de "trabalhos [musicaisl bern produzidas" objetivando

a qualidade e a diversidade musical apresentada as crianyas .

• Questao 4: Que metodologia voce aplica na utiliza,ao da musica?

- Educadoras de Beryario (crian9as de 3 meses a 2 anos):

a) "Musica como meio de estimulaC;8o dos sentidos, coordenac;ao motora".

b) "Nas brincadeiras com as bebes; cantar as masmas canc;6es de ninar que

seus pais cantam".

c) "Usanda a musica como material de apaio em temas do planejamento e

tambem como forma da cnanc;a aprender diferentes estilos musicais"

Embora a faixa ala ria referida seja a mesma, a proposta metodol6gica S8

diferencia.

Na resposta a, nao est. claro qual a metodologia aplicada, mas sim 0 objetivo 0

qual sera Westimula~o dos sentidos" e a "coordenac;ao motara".

Explicitando a tecnica de aplicac;ao da musica, a resposta b valoriza 0 Ucantar"

para as crianc;as, relacionando tambem 0 aspecto afetivo dessa atividade, pois as

educadoras reforyam 0 vinculo das crianyas com seus pais ao cantarem as mesmas

canc;5es que estes cantam para os filhos (no dia-a-dia).

Referindo-se ao 'cantar' para crian9a, Jeandot (1990, p. 18), fala que "[ ... J a

relayao [da crianya] com a musica e imediata, seja atraves do acalanto da mae e do

canto de outras pessoas, seja atraves dos aparelhos sonoras de sua casa. Em todas as

civilizac;6es costuma-se acalentar os bebes com cantos e movimentos".

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A res posta c tambem nao esclarece a metodologia, mas a prop6sito da

atividade musical (nessa realidade) de auxiliar 0 desenvolvimento de temas diverses,

bern como ampliar 0 universo musical da crianC;8.

- Educadoras de Maternal (crianyas de 2 a 3 anos):

a) "Apresentay80 da musica; historia (breve) e nome do compositoc exploray80

dos 6rga05 dos sentidos, audic;ao, tato; movimentac;:ao do corpo e/ou

relaxamento; no momento de dar uma~ ordem u; acompanhar datas

comemorativas; motiv8C;80; musicas acompanhadas de objetos da

bandinha"

b) uBrincadeiras de roda, danya da cadeira, desenho continuado, danya livre, e

danya com gesticulay80".

c) "Dramatizac;ao, relaxamento, brincadeiras, danC;8, entre Qutros",

Na primeira resposta (a) ve-se uma metodologia bastante diversificada com

atividades que compreendem a escuta da rnusica e da historia da mesma, a audiC;8o

com a movimentaC;8o, a audic;ao com 0 relaxamento, a relac;ao da musica com a data

comemorativa e a exploraC;8o de instrumentos musicais.

As demais respostas (a,b) apresentam alguns aspectos em comum como as

brincadeiras e a danya.

A respeito dessa relay80 da musica com 0 movimento corporal, Jeandot (1990,

p. 19) considera que:

As crian~as gostam de acompanhar as musicas com movimentos do carpo, taiscomo palmas, sapateados. danr;;as, volteios de caber;;a [...]. E e a partir dessa

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relacao entre 0 gesto e 0 sam que a crian~a - ouvindo, cantando, imitando,danc;:ando- constr6i seu conhecimento sabre mlisica, [.. .].

Porianto, 0 usa de uma metodologia que privilegie (tambem) a interac;ao da

crianC;8 com a musica atrav8S dos gestos e do movimento corporal, certamente estara

contribuindo de modo significativo para 0 saber musical da crianC;8.

- Educadoras de Jardim I (crian9as de 3 a 4 anos):

a} "Canto com ales, usa uma hist6ria e a cantiga referente a hist6ria; quando a

musica e popular ales cantam tendo 0 conhecimento de casa OU pedem os

CD's. Obs: musicas classicas, rock, jazz, samba, de vez em quando para

ales diferenciarem as tipos de musica,"

b) "Canto juntamente com as crianc;as, levando~as a fazer ge5t05. Quando a

musica e popular, eles cantam musicas ja conhecidas ou escutam nos

CD's"

Ambas as respostas destacam a pratica do canto com as crian9as, utilizando

musica popular, oportunizando a crianc;a expressar 0 conhecimento que traz da

realidade onde mora e ainda a utiliza9Bo do CD como fonte sonora.

Alem disso, observa-se na resposta a a atividade musical a partir da contaC;Bo

de uma historia, 0 que remete ao papel de estimulador da memoria, uma vez, que

nesse tipo de atividade a crian9a estara compreendendo e registrando com mais

facilidade 0 conteudo da historia ouvida.

A escuta de diferentes estilos musicais e proposta no sentido de desenvolver a

discrimina9Bo auditiva das crianc;as.

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De acordo com Santiago e Nascimento (1996, p. 25):

Para cantar urna canc;ao, mover-ser ritmicamente a musica au tocar urninstrumenta, e necessaria ouvir atentamente. Contudo, audi980 atenta tambemsignifiea ouvir musica feita par outros. Neste contexte, urn repert6rio amplo, queinclua musica popular, te[clariea, regional, incidental, erudita, etnica, enfim,todas as musicas. deve ser selecionado.

- Educadoras de Jardim 11 (crian9as de 4 a 5 anos):

a) "A Lingua Portuguesa atraves da escrita e da lingua gem oral, a cantar em 5i,

a dramatizayao, em brincadeiras de roda, etc",

b) "Utilizo a canto de formas diversas: eu cantando para/com eles, eles

cantando para a turma, com variayao de tons, velocidade e altura na mesma

musica, etc. Sempre que passivel, enamos ge5t05 para a musica. Tambem

utilizamos CD's para conhecermos musicas novas".

A primeira res posta traz a ideia do trabalho interdisclplinar sugerindo a usa da

escrita (da musica). Propoe-se ainda a dramatizayao e a musica nas brincadeiras.

Na segunda resposta, ha uma proposta diversificada de trabalho musical que

tem como metodologia a canto - de variadas formas - , a exercfclo de criar gestos para

as musicas e a escuta de CD's.

Para as crian9as, a atividade de cantar representa uma possibilidade (e

oportunidade) de expressar sentimentos e ideias. Porem, diante desse 'convite ao

canto' na sala de aula, alguns aspectos devem ser observados, os quais sao aqui

abordados par Santiago e Nascimento (1996, p. 23) , baseando-se em pesquisas de

outros autores:

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De acordo com Smith, estas canc;oes udeveriam conter muita repeti9~10 depad roes mel6dicos e ritmicos", e, segundo Kirkpatrick, ·canc;6es com intervalosdescendentes e poucos saltos na melodia sao mais facilmente cantadas". Deve~se cantar sabre muitos, vatiados assuntos. As canc;oes contribuemenormemente na aquisic;ao de vocabultulo, que na faixa emria de 2 a 5 anos sedesenvolve em um Titmo de 500 a 600 palavras por ana.

- Educadoras de Pre-escolar (crian9as de 5 a 6 anos):

a) "Ouvir todos a musica em silencio. Depois cantar duas au tres vezes a

musica com a professora. Depois fazer uma interpretaC;80 junto com as

alunos".

b) "Com CD, leitura e cantando em grupos diversos"

c) "Partir do conhecimento, Quvir 0 CD, cantando"

d) "Com CD, cantada com variaC;8o de vozes, interpretando, criargestos".

A metodologia relatada na resposta a inclui 0 exercicio da escuta (para

apreensao da musical, do canto e da interpreta9ao. Entretanto, esse encaminhamento

metodol6gico acaba por limitar as muitas possibilidades de explora980 da musica, e

novamente se ve foco da atividade voltada a outra area do conhecimento - no caso, a

lingua portuguesa.

o uso do CD, igualmente citado nas demais respostas (b,G,d), aparece como

recurso bastante utilizado na escola, pela sua praticidade, durabilidade e versatilidade,

mesmo porque, atualmente os (novos) trabalhos no campo da musica ja nao sao mais

comercializados na fonna de fita cassete e/ou disco de vinil. Todavia, 0 usa desse

recurso encontra, por vezes, 0 obstaculo da falta de recursos financeiros por parte dos

educadores, 0 que aeaba limitando 0 acesso - tanto dos alunos quanta dos educadores

- a urn repert6rio musical muito mais amplo.

Fazendo referencia a essa realidade, afirma Penna (1990, p. 25):

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Atualmente, numa sociedade urbana e industrial, onde a difusao da cultura emuito mais intensa, rapida e diversificada do que em Qutros mementos e Qutrosespa90s, estaria a disposit;ao dos indivlduos urn universe musicalextremamente amplo e rico, farmada pela musica de diversas epocas, dediferentes formas e estilos. Ista em terrnos de urna "possibilidade pura", leorieae potencial, porque a "possibilidade real" de usufruir dessa possibilidade nao edada a lodos. Para cada indivldua, a escolha e 0 "consumo" de musica estaodirecionados e limitados pelos instrumentos de apropria~ao, pelos esquemasperceptivos de que dispoe.

As demais respostas tambem mencionam a pratica do canto com as crianC;8s

(b,c,d,) de fonna dinamica (b,d): diversificando as grupos, variando as vozes, criando

gestos etc. Evidencia-se nessa atividade a possibilidade de estimular as crianyas em

diversos aspectos como, par exemplo, 0 afetivo a partir dos gestos que envolvam 0

toque ou expressao de afeto, a social quando a crianya esta inserida neste au naquele

grupo de vozes, 0 cognitiv~ ao exercitarem sua criatividade na cria~o de gestos que

expressem a mensagem da musica, e outros.

Nesse senlido, afirma Zampronha que "a pratica musical alimenta (diversas)

habilidades assegurando, ao mesmo tempo, expressao, relac;6es com 0 universo fisico

e social, autonomia e adaplabilidade as condi9oes do meio" (ZAMPRONHA, 2002, p.

128).

• Questao 5: Qual a sua opiniao em rela~o a utiliza~o da musica no trabalho

pedag6gico?

Na analise desta questao - da mesma forma como nas quest6es 1 e 2 - , serao

apresentadas de forma geral as respostas elaboradas. Sao elas:

a) UOe extrema importancia para 0 auxilio do trabalho".

b) "Eo muilo importante para seu desenvolvimento".

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c) "A musica e importante pois cria um ambiente descontraido e de interesse

para a crian9CI, sendo mais facil aplicar a planejamento".

d) "E urna das lingua gens mais proximas a crianya, portanto fundamental para

seu desenvolvimento integral (afetivo, cognitiv~, motor...)". (duas

educadoras)

e) "6timo, deveria ser melhor explorado".

f) ~A utilizayao da musica e olima par que acalma as crianc;.as, desenvolve a

coordenaC;8o corporal"

g) "As can90es sao atimas, chamam a alen9iio, lrabalham a linguagem,

divertem, geslos, expressao corporal, mem6ria",

h) "A utiliza9iio da musica e indispensavel no trabalho pedagagico, pois

desenvolve a atenc;ao, memoria, desenvolve a expressao corporal, diverte,

alem de trabalhar a linguagem".

i) "Sua utllizac;ao e a proprio aprendizado, 0 relaxamento, a sociabilidade, a

intera9iio e 0 interagir (individuale coletivo)".

j) UA utilizayao da musica possibllita estimular diversos aspectos do

desenvolvimento da crianC;8, como 0 afetivD, motor, sensorial, cognitiv~,

social, e representa urna forma de linguagem com a qual ela pode S9

expressar".

k) "E urn recurso alimo, pois serve para relaxar os alunos, como para urn

incentivo em aprender rnelhor urn conteudo".

~Importantepois estimula a oralidade, tira a inibi'Y80, explora 0 ludico".

rn) "Desenvolve 0 rilmo, 0 emocional, tudo"

n) uToma a aula rnais dinarnica, animada, com rna is urn recurso a ser uUlizado".

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Em grande parte das respostas apresentadas pode-s8 encontrar express6es

como "importante", "fundamental", "6tima", "indispensaveln ao se referir a utiliZ8<;80 da

musica no trabalho pedag6gico (com criangas). Esse dado demonstra que, dentro da

realidade analisada, a atividade musical tern 0 seu espaC;D dentro do processo de

ensino-aprendizagem visando 0 desenvolvimento da crian<;8.

E passfvel tambem perceber, que nas considerac;oes de varias educadoras a

musica apresenta diversas possibilidades de uso pod en do agir sabre a crianC;8 de

maneira global. E, de fato, "a musica e urn poderoso agente de estimulac;ao motara,

sensorial, emocional e intelectual" (ZAMPRONHA, 2002, p. 20).

Entretanto, com exceyao de quatro respostas (d, g, h, J), observa-se a "nao"

apropriac;ao e exploraC;Elo da musica enquanto linguagem, "que S9 relaciona com

experiencias humanas, transcende a pura experiemcia sensorial, [ ... ], favorece no

educando 0 desenvolvimento de sentidos e significados, propondo novas formas de

sentir e pensar [ ...j" (ZAMPRONHA, 2002, p. 158).

Isto pode ser observado em algumas opini6es que refon;:am a utiliza9ao da

musica como 'facilitadora' do conteudo a ser aplicado e de 'incentivo' ao aprendizado

do aluno.

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5 CONSIDERA~6ES FINAlS

A musica, eVidentemente, esta presente na construc;ao do conhecimento das

crian,as na lase da educa,ao inlantil e e, reconhecidamente, um recursofagente de

suma importancia nesse processo do desenvolvimento infantil. Essa importancia se

caracteriza - conforme 0 relata das educadoras entrevistadas - a partir de propostas de

atividades musicais que convidam 0 aluno a relaxar, a ouvir, a criar, a expressar-s8

atrav8s do cantar, do movimento corporal, a explorar instrumentos musicais, a estimular

sua mem6ria, sua atenyao, seus sentidos, a desinibir-se, ou seja, que buscam urn

desenvolvimento integral do educando.

A analise te6rica tambem salienta a importancia da musica na educ8yao infantil

destacando que 0 trabalho musical "efetua 0 desenvolvimento dos instrumentos de

percepc8o, expressao e pensamento [ ...], de modo que a individuo se tome capaz de

apreender cnticamente as varias manifestac;6es musicais disponiveis em seu ambiente

.. J" (PENNA, 1990, p. 37).

Entretanto, no confronto dos dad as coletados com a subsidio teonco, consta-se

que, em algumas realidades da educac;ao infantil, a utilizac;ao da musica ainda nao edevidamente valonzada no sentido de levar a crianc;a a conhece-Ia em todas as suas

formas e explora-Ia como urn conhecimento em si, apresentando-se distintamente de

outras areas do conhecimento.

Oessa forma, cabe aos educadores compreender que a musica constitui uma

possibilidade expressiva privilegiada para a crianC;8 e que, se trabalhada no sentido de

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enriquecer seu repert6ria musical e despertar seu sensa musical, estara contribuindo

para 0 desenvolvimento e equilibria de sua vida afetiva, intelectual e social.

"Tern que formar na crian~ a musicista, que talvez nao disponha de uma

bagagem tecnica amp la, mas sera capaz de sentir, viver e apreciar a musica" [Grifo do

autor] (JEANDOT, 1990, p. 21).

Acredita-se que, a partir deste trabalho, urn pequeno passo rumo a essa

perspectiva ja foi dado, porem, muito ainda precisa ser avanyado.

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Departamentode Politica da Educa,ao Fundamental.Coordena,ao Geral de Educa,ao

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Sao Paulo: UNESP, 2002.

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ANEXOS

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ANEXO 1

ENTREVISTA

1- Voce utiliza a musica como recurso pedag6gico no trabalho com as crianyas?

2- Com que frequencia voce faz usa desse recurso?

3- Que estilo de musica (geralmente) e apresentado e como e selecionado?

4- Que metodologia voce aplica na utiHzar;80 da musica?

5- Qual a sua opiniao em relar;ao a utiliza<;ao da musica no trabalho pedagogico?