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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UFRN CENTRO DE TECNOLOGIA CT PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO HUGO ESTEVAM DE SALES CÂMARA MAPEAMENTO, INTERAÇÕES E GERENCIAMENTO DO FLUXO DE PACIENTES DA MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO MEJC NATAL/RN 2015

HUGO ESTEVAM DE SALES CÂMARA MAPEAMENTO, INTERAÇÕES E GERENCIAMENTO DO FLUXO DE ... · 2017. 11. 3. · HUGO ESTEVAM DE SALES CÂMARA MAPEAMENTO, INTERAÇÕES E GERENCIAMENTO DO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

HUGO ESTEVAM DE SALES CÂMARA

MAPEAMENTO, INTERAÇÕES E GERENCIAMENTO DO FLUXO DE

PACIENTES DA MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO – MEJC

NATAL/RN

2015

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HUGO ESTEVAM DE SALES CÂMARA

MAPEAMENTO, INTERAÇÕES E GERENCIAMENTO DO FLUXO DE

PACIENTES DA MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO – MEJC

(Defesa Dissertação de Mestrado)

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Mestrado em

Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, área de

Engenharia de Produção.

Orientador: Hélio Roberto Hékis, Dr.

Natal/RN

2015

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HUGO ESTEVAM DE SALES CÂMARA

MAPEAMENTO, INTERAÇÕES E GERENCIAMENTO DO FLUXO DE

PACIENTES DA MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO – MEJC

(Defesa de Dissertação)

Natal, 14 de dezembro de 2015.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________

Hélio Roberto Hékis, Dr.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Presidente (Orientador)

______________________________________________________________________

José Alfredo Ferreira Costa, Dr.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Membro Interno ao Programa

______________________________________________________________________

Maria da Conceição de Mesquita Cornetta, Dra.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Membro Externo ao Programa

Bruno Gomes de Araújo, Dr.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN

Membro Externo à Instituição

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UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede.

Catalogação da Publicação na Fonte.

Câmara, Hugo Estevam de Sales.

Mapeamento, interações e gerenciamento do fluxo de pacientes da Maternidade Escola Januário Cicco

– MEJC. / Hugo Estevam de Sales Câmara. – Natal, RN, 2015.

66 f. : il.

Orientador: Hélio Roberto Hékis, Dr.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia.

Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção.

1. Gestão Hospitalar - Dissertação. 2. Gestão de Processos - Dissertação. 3. Mapeamento de Processos

- Dissertação. I. Hékis, Hélio Roberto. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 614.21:658

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que

me deram forças e que estiveram

ao meu lado para que eu

conseguisse concretizá-lo.

Dedico ainda à minha família e

minha noiva Ana Raquel Nelson

que sempre me apoiou nos

momentos mais difíceis.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças e tranquilidade para que

eu pudesse chegar a esse momento.

Também sou muito grato à minha família, meus pais, Manoel e Luzinete, pelo

constante incentivo à educação. Ao meu irmão Hédipo, pelo apoio nas horas que

precisei e a minha noiva Ana Raquel por ter sonhado e contribuído muito em minha

formação acadêmica.

Gostaria de registar meu imenso agradecimento ao meu orientador e amigo, o

professor Hélio Roberto Hékis, que abriu as portas da Universidade e com sua sabedoria

me ajudou a evoluir como acadêmico e docente.

Agradeço ainda à professora Drª Conceição Cornetta por abrir as portas da

MEJC/UFRN para que eu pudesse realizar minhas pesquisas e por ter atuado como uma

grande facilitadora.

Agradeço aos companheiros de pesquisa, Lawrence, Júlia, Milena, Marcos, Gi e

Hélder que contribuíram muito para minha formação. Também gostaria de agradecer ao

amigo Rafael Monteiro, que como representante dos alunos desempenhou um papel

fundamental entre os discentes.

Agradeço aos meus amigos, mesmo aqueles por hora distante, mas que torcem e

oram pelas nossas conquistas e vitórias.

Por fim, mas não menos importante agradeço à Universidade Federal do Rio

Grande do Norte e ao Programa de Pós-Graduação da UFRN por todo o suporte

acadêmico que me foi dado durante esses dois anos de estudo e pelos excelentes

profissionais que integram estas equipes.

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CÂMARA, Hugo Estevam de Sales. Tema: Mapeamento, Interações e Gerenciamento do

Fluxo de Pacientes da Maternidade Escola Januário Cicco – MEJC. Dissertação (Mestrado

em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/Rio Grande do Norte, 2015.

RESUMO

O mapeamento de processos é uma importante ferramenta que contribui na

gestão das organizações, melhorando os níveis de produtividade, qualidade e

reciprocidade das decisões tomadas e implementadas. Ele auxilia de forma clara e

abrangente os processos organizacionais, possibilitando ao gestor obter uma visão

macro de todo o sistema. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é descrever o

mapeamento dos macroprocessos na Maternidade Escola Januário Cicco – MEJC. A

pesquisa realizada, do tipo bibliográfica e descritiva, envolveu pesquisas nos principais

bancos de dados, entrevistas e observações. O estudo analisa os pontos limitantes do

fluxo encontrado, buscando uma melhor compreensão dos fluxos dos pacientes da

maternidade, a fim de proporcionar aos gestores do setor informações que possam

contribuir na melhoria do atendimento, bem como uma visão geral do fluxo de

pacientes e nuances ocorridas no ambulatório. Como resultado, espera-se que o

mapeamento dos processos possa ser um fator relevante para a gestão organizacional da

Maternidade Escola Januário Cicco, por se tratar de um elemento que pode facilitar a

gestão da informação da organização estudada, pois a perfeita troca de informações

dentro de um sistema complexo resultará em melhorias em todas as esferas da

instituição.

Palavras-chave: Mapeamento de Processos. Gestão Hospitalar. Gestão de Processos.

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ABSTRACT

The process mapping is an important tool in the management of organizations,

allowing better levels of productivity, quality and reciprocity concerning the

implementation and decision-making. It benefits in a clear way the process organization

and assures the manager a macro vision of the system. In this sense, the objective of

this study is to describe the mapping process as it occurs in the Januario Cicco

Maternity School–MEJC. The bibliographic and descriptive research included

interviews, observations and researches in many databases. The study analyzed the

limiting points of the detected flow trying to find a better comprehension of the flow of

patients in the maternity in order to offer the gestors the information necessary to

improve the quality of the assistance as well as a general view of the flow of patients

and any change detected there. As a result, we believe that the process mapping may

become a relevant factor to the organizational management of MEJC, in view that it is

an element that can contribute to ease up the management of information studied,

considering that the perfect change of information inside a complex system will produce

improvements in all spheres of this institution.

Keywords: Process Mapping. Hospital Management. Process Management.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação dos Hospitais...........................................................................24

Figura 2 – Organizações Hospitalares: Fronteiras Conceituais.......................................27

Figura 3 – Processos........................................................................................................30

Figura 4 – Normas de padronização dos processos.........................................................33

Figura 5 – Grupo 1 do Atendimento às Gestantes Diabéticas.........................................41

Figura 6 – Grupo 2 do Atendimento às Gestantes Diabéticas.........................................42

Figura 7 – Grupo 3 do Atendimento às Gestantes Diabéticas.........................................43

Figura 8 – Pacientes com Outras Patologias...................................................................44

Figura 9 – Grupo 1 de Atendimento às Demais Patologias.............................................45

Figura 10 – Grupo 2 de Atendimento às Demais Patologias...........................................46

Figura 11 – Fluxo Geral do Setor de Emergência (MEJC).............................................49

Figura 12 – Fluxo Sala de Parto......................................................................................50

Figura 13 – Fluxo do CCO..............................................................................................50

Figura 14 – UTI Materna.................................................................................................51

Figura 15 – Parto Humanizado........................................................................................52

Figura 16 – Alto Risco.....................................................................................................52

Figura 17 – Fluxos das Enfermarias A, B e C.................................................................53

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Relação entre as dimensões e os tipos de processos.................................31

TABELA 2 – Atendimento nos demais dias...................................................................45

TABELA 3 – Níveis de gravidade por cor e tempo de atendimento...............................48

TABELA 4 – Caracterização quanto ao município de origem........................................54

TABELA 5 – Caracterização quanto ao risco.................................................................54

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LISTA DE SIGLAS

CCO – Centro Cirúrgico Obstétrico

CONASP – Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária

DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis

DMG – Diabetes Millitus Gestacional

EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

HU – Hospital Universitário

HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes

IFES – Instituições Federais de Ensino Superior

INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

MAPA – Ficha de Atendimento Diário

MEJC – Maternidade Escola Januário Cicco

MS – Ministério da Saúde

OMS – Organização Mundial da Saúde

RBS – Rede Básica de Saúde

REHUF – Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais

SAME – Serviço de Arquivo Médico e Estatístico

SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

SPE – Sala de Preparo da Enfermagem

SUS – Sistema Único de Saúde

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................14

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA................................................................14

1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA................................................15

1.3. OBJETIVOS........................................................................................................15

1.3.1. Principal...............................................................................................................15

1.3.2. Secundários..........................................................................................................15

1.4. JUSTIFICATIVAS TEÓRICO-EMPÍRICAS.....................................................15

1.5. ESTRUTURA E APRESENTAÇÃO DO TRABALHO....................................16

2. FUNDAMENTAÇÃO TÉÓRICA.......................................................................18

2.1. HOSPITAIS.........................................................................................................18

2.1.1. Histórico do sistema de saúde no Brasil..............................................................19

2.1.2. Definições de organizações hospitalares.............................................................21

2.1.3. Classificação dos hospitais..................................................................................23

2.1.4. Hospitais Universitários.......................................................................................25

2.1.5. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH ..................................29

2.2. CONCEITOS DE PROCESSOS.........................................................................30

2.3. GESTÃO POR PROCESSOS.............................................................................31

2.4. MAPEAMENTO DE PROCESSOS...................................................................32

3. METODOLOGIA................................................................................................34

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA..............................................................34

3.2. POPULAÇÃO, AMOSTRA E UNIDADE DE ANÁLISE.................................36

3.3. TIPOS, COLETA E ANÁLISE DE DADOS......................................................37

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3.3.1. Tipos de dados.....................................................................................................37

3.3.2. Etapas da coleta de dados....................................................................................37

3.3.3. Tratamento dos dados..........................................................................................38

4. A MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO ........................................39

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................54

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................58

REFERÊNCIAS..............................................................................................................60

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15

1 INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

A crescente busca da população por produtos e/ou serviços de qualidade faz

com que as organizações se empenhem cada vez mais para aprimorar seus processos. E

isso instiga a busca por modelos e técnicas de melhoria dos processos organizacionais.

A incorporação desses novos métodos de gestão pode impactar diretamente no nível de

satisfação dos clientes, como também na melhoria da gestão organizacional como um

todo.

No atual cenário, em que a busca pela otimização de recursos fundamentais

como tempo, estrutura e verba para a manutenção das atividades, é notório o

crescimento do número de organizações que buscam técnicas e ferramentas para ajudar

no processo gerencial, uma vez que estas são capazes de contribuir para o aumento da

vantagem competitiva da empresa, sobretudo por meio do melhoramento dos processos

produtivos.

Está cada vez mais claro que os usuários do serviço público têm elevado de

forma significativa o seu nível de exigência quanto ao atendimento das suas demandas.

Sendo assim, a qualidade e a adequação dos serviços às necessidades dos usuários são

fatores de grande importância para o bom desempenho da organização da administração

pública (CAMÕES, 2010).

Devido a esse crescimento na busca por um bom atendimento nas organizações

da administração pública, é natural que a gestão da administração pública passe por

transformações em sua visão, na sua dinâmica e flexibilidade, tendo como objetivo

principal suprir necessidades do cidadão. Sendo assim, a adoção de uma cultura

gerencial ao invés de uma cultura burocrática, possibilita mudanças nos valores

estabelecidos, formando um novo modelo de gestão nas organizações do Estado, pois

haverá uma maior contribuição do servidor, reconhecimento do seu trabalho, bem como

a sua importância para os processos produtivos da organização. Com isso, as

organizações de saúde pública terão a possibilidade de oferecer aos cidadãos melhores

resultados (BRASIL, 1997; BRESSER-PEREIRA, 1998; CMN, 2008).

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1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Quando se fala em métodos para melhoramento dos processos produtivos com

o foco no cliente, um termo central que não pode ser excluído é “Gestão por processos”,

e no ambiente hospitalar não poderia ser diferente, onde mudanças nos processos

produtivos estão diretamente ligadas ao tempo de espera ou até mesmo à vida dos

pacientes. Lima (2006, p. 44) afirma que o “mapeamento de processos” é um método

eficaz, pois busca atender as necessidades dos clientes/pacientes, é eficiente e otimiza o

uso dos recursos e serviços assistenciais limitados que os hospitais dispõem.

Nesse contexto, com a finalidade de encontrar fatores de um ambiente

organizacional que contribuam para o desenvolvimento de seus processos internos, o

presente trabalho possui o seguinte problema de pesquisa: Quais os reais benefícios

que o mapeamento dos macroprocessos podem trazer para a Maternidade Escola

Januário Cicco e para seus clientes?

1.3. OBJETIVOS

1.3.1. PRINCIPAL

Analisar o mapeamento de processos de atendimento da MEJC, e através do

dele, identificar os potenciais ganhos que a Maternidade Escola Januário Cicco teria

com a implantação de uma gestão por processos na organização.

1.3.2. SECUNDÁRIOS

A fim de se alcançar o objetivo principal, faz-se necessário definir os seguintes

objetivos secundários:

Realização do mapeamento de processos de fluxo dos pacientes da

Maternidade Escola Januário Cicco;

Identificar atividades críticas existentes na MEJC;

Contribuir, através da criação de uma metodologia de sequenciamento de

processos, para o ensino e a pesquisa da MEJC;

Apontar indicadores para melhoria da gestão dos processos da MEJC.

1.4. JUSTIFICATIVAS TEÓRICO-EMPÍRICAS

O anseio da população por melhores serviços nas unidades de saúde pública,

aliado às limitações dos recursos (físicos e financeiros) dessas organizações, faz com

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que, para atingir esses objetivos, as empresas de saúde pública do Brasil precisem

buscar métodos e ferramentas de gestão que viabilizem o pleno atendimento das

necessidades da população.

Sendo assim, este trabalho justifica-se por uma conjunção de fatores, são eles:

Em termos teóricos, a pesquisa almeja contribuir para o aperfeiçoamento

do campo científico, sendo que ainda existem diversas áreas sem estudos

investigativos acerca da gestão por processos em empresas de saúde

pública;

A entrada da EBSERH no contexto nos hospitais universitários, sendo

assim, a MEJC necessitará de métodos e elementos que fundamentem sua

gestão;

Justifica-se, também, por não ter-se conhecimento de um estudo

semelhante no setor de saúde pública, no Rio Grande do Norte;

Por fim, entende-se que estudar gestão por processos em uma organização

pública, que é referência na área de saúde no Estado, é de grande

importância para o desenvolvimento socioeconômico da região.

A partir dos diversos fatores que podem justificar a realização deste

trabalho, percebe-se que é montado um alicerce que dá suporte à pesquisa a ser

realizada.

1.5. ESTRUTURA E APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

A estrutura deste trabalho apresenta-se em sete capítulos: Introdução,

Fundamentação Teórica, Metodologia, Apresentação da MEJC, Mapeamento

do Fluxo das Pacientes, Análise dos resultados e Considerações Finais. No

Capítulo 1, foi realizada uma breve contextualização do tema a ser abordado, a

definição do problema de pesquisa, os objetivos, tanto principal como

específicos, e as justificativas teórico-empíricas.

O Capítulo 2 apresenta a Fundamentação Teórica, onde é revisada a

literatura que engloba conceitos referentes às organizações hospitalares, gestão

por processos e mapeamento de processos.

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No Capítulo 3, são apresentados os procedimentos metodológicos

utilizados, onde são expostos todos os passos para operacionalização da

pesquisa. Nesse capítulo, é feita a caracterização da pesquisa, são definidos a

população, amostra e unidade de análise, bem como os tipos, formas de coleta e

análise dos dados e as limitações da investigação.

A análise da realidade investigada, o caso da Maternidade Escola

Januário Cicco, é apresentada no Capítulo 4, onde será realizada a

caracterização da MEJC, que compreenderá a construção da linha do tempo

com os principais eventos históricos da maternidade. Além disso, é mostrado o

perfil das equipes que acompanharão a pesquisa.

O capítulo 5 apresenta os resultados esperados para o presente estudo. Já

no Capítulo 6, é apresentada a análise dos resultados obtidos com o estudo. E

por fim, no capítulo 7, são apresentadas as considerações finais sobre o estudo.

No capítulo seguinte, tem início a Fundamentação Teórica, a qual é a

base de sustentação para a discussão do tema proposto.

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19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. HOSPITAIS

O termo hospital origina-se do latim hospitium, o qual significa o local onde as

pessoas se hospedavam, em referência aos estabelecimentos fundados pelo clero, a

partir do século IV d.C., cuja finalidade era prover cuidados a doentes e oferecer abrigo

a viajantes peregrinos (GONÇALVES, 1983).

Por sua vez, Foucault (2000) lembra que existem vestígios da existência dos

hospitais há milênios, em diversas civilizações, com funções muito variadas, desde

instituições de caridade para refúgio, pensão, ou instituições dos necessitados, idosos e

enfermos. Sendo assim, nota-se que essas instituições eram vinculadas à morte e ao

isolamento social, e não à cura. Essas funções persistiram até os primórdios do século

XX.

Já na Renascença, o hospital começa a se desvincular, de forma gradativa, mas não

totalmente, das organizações religiosas, para caracterizar-se como instituição social, sob

a responsabilidade do Estado, passando a ter metas primeiramente sociais, ao invés de

religiosas (TREVIZAN, 1988).

De acordo com Seleme (1988), nesse mesmo período, a medicina muda de

“medicina da crise” para “medicina do meio ambiente”, já que neste momento o meio

circundante começa a ser importante para ela, e se soma à reorganização dos hospitais.

O médico passa a ter responsabilidades sobre o fluxo de trabalho das doenças e pela

organização do hospital, que se torna um instrumento de cura, com criações de novas

condições ambientais de isolamento e tratamento.

Dos anos 30 aos 50, o conhecimento expandiu-se e proliferou a especialização. Já na

década de 1960, até o início da década de 1970, o hospital comunitário deixa de ser

apenas um lugar de trabalho dos médicos e passa a funcionar como um centro de saúde

para diagnosticar e tratar a comunidade, com uma equipe de profissionais de saúde

(JOHNSON; SCHULZ, 1979).

O Ministério da Saúde (2002) conceitua hospital como um estabelecimento de saúde

destinado a promover e proteger a saúde, a recuperar e a reabilitar doentes, em regime

de internação para uma determinada clientela, ou de não internação, no caso de

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20

ambulatório ou outros serviços. Para Gonçalves (1983), o hospital é uma organização

completa que incorpora o avanço constante dos conhecimentos, de aptidões, da

tecnologia médica e dos aspectos finais dessa tecnologia, os quais são representados

pelas instalações e equipamentos. Neste início de século, o desenvolvimento da

tecnologia médico-hospitalar, a grande expansão dos conhecimentos, a ampliação

progressiva do campo de atuação dos profissionais de saúde e a acentuada

diversificação das especialidades médicas, são alguns dos principais fatores que

transformaram o hospital em uma instituição bastante dinâmica (CARNELUTTI, 2006).

2.1.1. HISTÓRICO DO SISTEMA DE SAÚDE DO BRASIL

A assistência médico-hospitalar no Brasil tem início com a fundação das Santas

Casas de Misericórdia. Tais organizações eram ligadas à Igreja Católica, com

finalidades de caridade e filantropia. As Santas Casas de Misericórdia foram criadas em

Portugal, em 1498, com o objetivo de proporcionar auxílio espiritual e material aos

necessitados, tendo sido um modelo amplamente difundido nas colônias portuguesas

(MARQUES, 2005). A Santa Casa de Santos é o mais antigo hospital no Brasil, e foi

fundada por Braz Cubas, em 1543 (ALMEIDA, 1944).

A estrutura do sistema público de saúde brasileiro iniciou em 1923, com as

Caixas de Aposentadorias e Pensões – CAPs, sociedades civis organizadas por

empresas que ofereciam como benefícios auxílios pecuniários e assistência médica.

Estas, foram substituídas, a partir de 1930, pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões

– IAPs, que constituíram-se como autarquias, com ampliação do controle do Estado

sobre o sistema, organizados por categorias profissionais e estabelecendo benefícios

igualitários em cada uma delas (PINOTTI, 1997).

O Ministério da Educação e Saúde foi criado pelo governo, em 1930. Para

Pinotti (1997, p. 6), o novo ministério, voltado essencialmente para a realização de

campanhas sanitárias de forma centralizada em nível nacional, buscava impor aos

estados e municípios uma estrutura de assistência às doenças endêmicas, em

dispensários, por patologia, e posteriormente, em unidades polivalentes – os centros de

saúde.

A partir dos anos 1930, com a criação do sistema de previdência, intensificado

na década de 1950, as organizações hospitalares privadas, com fins lucrativos, tomaram

corpo e ganharam poderio econômico, tornando-se um importante vendedor de serviços

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21

hospitalares ao governo federal, prestando assistência especializada, de alto custo e de

baixo impacto sobre a saúde coletiva. Uma vez tendo se chegado ao limite de compra de

serviços hospitalares privados, foram erguidos imensos hospitais federais e, para

trabalhar neles, foram contratados profissionais de saúde a baixos salários.

Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde, que surgiu a partir da divisão do

então Ministério da Educação e Saúde. Esse Ministério foi desdobrado em: Ministério

da Saúde e Ministério da Educação e Cultura. No entanto, somente a partir de 1960,

houve uma preocupação maior, por parte das autoridades, em relação ao planejamento e

organização de hospitais, ficando o Ministério da Saúde responsável pela

implementação de uma política hospitalar no país. Em 1967, os IAPs são unificados

com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, estabelecendo-se a

uniformização dos benefícios para todos os contribuintes, em todo o território nacional.

Nesse momento, a assistência médica passa a ser considerada obrigatória, sendo provida

a todos os trabalhadores inseridos no mercado de trabalho e seus dependentes.

Já em 1978, é criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social –

SINPAS, que tenta dar racionalidade ao setor, sendo parte dele o Instituto Nacional de

Assistência Médica da Previdência Social − INAMPS, órgão destinado a coordenar as

atividades médicas.

Maia (2008) destaca que no início da década de 1980, o sistema médico

previdenciário de assistência à saúde mostrava sinais de sufocamento, tanto pela

inoperância dos serviços prestados quanto pela crise de financiamento advinda da

recessão econômica do período. Sendo assim, em 1981, cria-se o Conselho Consultivo

de Administração da Saúde Previdenciária − CONASP, com a finalidade de propor

normas para a prestação de assistência à saúde da população previdenciária

(BERTOLLI FILHO, 1999).

O CONASP elabora o Plano de Reorientação de Assistência à Saúde o qual

propõe três medidas básicas que vão compor os conceitos fundamentais do Sistema

Único de Saúde – SUS (PINOTTI, 1997):

Integração e articulação dos serviços de saúde nos diferentes níveis

de governo, com priorização de sua capacidade instalada;

Racionalização e restrição à compra de serviços de terceiros;

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Busca de um maior compromisso da assistência previdenciária com

os serviços básicos de saúde, articulação e integração da estrutura

da saúde pública com a medicina previdenciária.

Em julho de 1987, é aprovado o Decreto nº 94.657, instituindo o Sistema

Unificado e Descentralizado de Saúde, um programa governamental que passa a

orientar as estratégias de transição dos sistemas então existentes (saúde pública e

previdenciária) para um sistema integrado, gerido de forma descentralizada pelos

estados e municípios, tendo como perspectiva futura um sistema (público) único de

saúde.

O SUS é organizado de acordo com os princípios da universalidade, equidade e

integralidade. Seus princípios norteadores buscaram conformar um sistema de saúde

que revertesse a lógica de provisão de ações e serviços, reorientando a tendência

hegemônica da assistência médico-hospitalar por um modelo de atenção orientado para

a vigilância à saúde (MERCADANTE, 2002).

Na concepção de Rivera (1989), a criação do SUS tem sido analisada como a

reforma mais bem-sucedida na área social, desenvolvida sob o novo regime

democrático. Em sua formação, pode-se identificar a organização de significativo

movimento sanitarista, em meados da década de 1970, em um contexto marcado pela

resistência social e política ao regime autoritário. A saúde, assim como outras lutas da

sociedade brasileira por liberdades civis e bens coletivos que fossem capazes de

amenizar as desigualdades de renda e de acesso a serviços públicos, foi um dos pilares

da luta social e política durante as décadas de 1970 e 1980.

Com as mudanças do atual sistema de saúde brasileiro, foram necessárias

mudanças na condução das organizações hospitalares ao longo do tempo. A seguir,

aborda-se a forma como essas organizações estão estruturadas.

2.1.2. DEFINIÇÕES DE ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR

O hospital é uma organização que possui características próprias que o

diferenciam de outras instituições. Murray e Vanalle (2002) caracterizam o hospital

como uma empresa de prestação de serviços de finalidade social, com uma grande

complexidade operacional, em função da diversidade dos serviços prestados. Esses

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autores ressaltam, ainda, que além da prestação de serviços, o hospital agrega mais

quatro setores: a hotelaria, a farmácia, a lavanderia e o serviço de nutrição e dietética,

para a alimentação de pacientes e funcionários.

Gurgel e Vieira (2002) afirmam que a organização hospitalar é uma das mais

complexas, não pela nobreza da sua missão, mas por apresentar uma equipe

multidisciplinar com autonomia para dar assistência à saúde em caráter preventivo,

curativo e reabilitador aos pacientes. O hospital é diferente das demais organizações por

apresentar atividades que possuem características próprias, uma vez que se trata de uma

organização altamente especializada, departamentalizada e profissionalizada. Para

funcionar de forma correta, deve apresentar uma coordenação interna, motivação,

autodisciplina e ajustes informais e voluntários de seus membros (CARNELUTTI,

2006).

Feuerwerker e Cecílio (2007) afirmam que dentro do hospital a atenção ao

paciente depende do trabalho de uma gama de profissionais, sendo assim, o cuidado

recebido pelo paciente é produto de um grande número de pequenos cuidados, que vão

se complementando a partir da interação entre os vários cuidadores. Há uma complexa

trama de atos, procedimentos, fluxos, rotinas, saberes, que, em processo de

complementação e disputa, compõem o cuidado em saúde. Portanto, a necessidade de

tomar decisões a todo o tempo, é um desafio permanente dos profissionais que atuam

nas diversas áreas do hospital.

O hospital é considerado uma organização profissional ou burocracia

profissional (MINTZBERG, 2006), na qual o trabalho está centrado nas habilidades e

nos conhecimentos dos profissionais.

Para Gerges (1994), a fragmentação nas linhas de comando nos hospitais entre

as profissões identifica a existência de três grandes agrupamentos: a medicina, a

enfermagem e o corpo administrativo. Nesta seara, fica evidente a complexidade do

processo decisório no hospital, uma vez que existem diferentes pontos de vista e

interesses a serem contemplados.

Em muitos hospitais, a gestão de grande parte das funções administrativas ainda

é realizada por profissionais ligados à área da saúde, não havendo ainda uma cultura

voltada para a contratação de profissionais especializados em finanças, recursos

humanos, compras, dentre outros. Essa situação está mudando nos grandes hospitais

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privados e hospitais universitários, onde profissionais de outros segmentos estão

atuando como gestores na área da saúde (MURRAY; VANALLE, 2002).

Machado e Kuchenbecker (2007) lembram que desde a Segunda Guerra

Mundial, o mundo vem acompanhando avanços do conhecimento e da tecnologia em

diversas áreas, e a saúde é uma delas. A terapia gênica, as técnicas minimamente

invasivas e a telemedicina, são exemplos da transformação do conhecimento e sua

capacidade em elevar a qualidade de vida das populações, mas mesmo assim

permanecem algumas doenças, como hanseníase, tuberculose, malária e AIDS.

Pela ótica da gestão, acredita-se que tanto os hospitais públicos quanto os

hospitais privados necessitam ser geridos como qualquer outro tipo de empresa, isto é,

voltados para redução de custos e despesas e melhoria das receitas. Para tanto, os

hospitais são forçados a se reestruturar administrativa e tecnicamente, para que possam

enfrentar o mercado em que estão inseridos. Neste início de milênio, os serviços de

saúde, estão passando por processos de mudança no seu modo de gerenciar as ações,

buscando atender as exigências da sociedade, cada vez mais informada sobre seus

direitos e mais exigente em relação ao consumo das ações de saúde (RENNÓ; DINIZ;

MAFRA, 2007).

Sendo assim, para que as organizações hospitalares, principalmente as da área

pública, acompanhem as mudanças estabelecidas pelas novas políticas públicas, avanço

da tecnologia e exigências da sociedade, é necessário que busquem aprimorar seus

processos de gestão. Para tanto, é relevante compreender as principais classificações

apresentadas na literatura.

2.1.3. CLASSIFICAÇÃO DOS HOSPITAIS

Existem, no mínimo, cinco classificações dos hospitais na literatura

especializada, as quais podem ser vistas na Figura 1. A classificação dos hospitais

brasileiros vai de acordo com o porte, a natureza, a especificidade, a complexidade das

ações de saúde e o caráter de atendimento.

Para o Ministério da Saúde (1983), para classificar de acordo com o porte, é

levado em consideração o número de leitos. Quando apresentar até 50 leitos, o hospital

é considerado pequeno; de 51 a 150 leitos, é médio; entre 151 e 500 leitos, é grande; e

acima de 501 leitos, é extra.

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Quanto à natureza, os hospitais podem ser públicos, privados ou filantrópicos.

Um hospital é de natureza pública quando mantido pelo Governo, podendo apresentar

por estrutura jurídica características de autarquia, de empresa pública, fundação e

administração direta (CASTELAR, 1995). Já os hospitais privados, têm como fonte de

receita o pagamento de serviços prestados, doações, seguro-saúde e convênios de

medicina de grupo, cooperativas médicas, planos de administração e de autogestão

(BRASIL, 2002; CARNELUTTI, 2006). Os hospitais considerados filantrópicos são

controlados por entidades sem fins lucrativos e religiosos, como, por exemplo, hospitais

evangélicos e a Santa Casa de Misericórdia. Os hospitais universitários são vinculados

às instituições de ensino superior, podendo desenvolver ou não pesquisa.

Figura 1 – Classificação dos Hospitais

Fonte: Adaptado de Hékis (2012).

A classificação dos hospitais, quanto à especificidade, se dá em três tipos: geral

ou não especializado, especializado e misto.

Os hospitais universitários classificados como geral são aqueles que têm as

especialidades básicas, tais como: clínica médica e cirúrgica, pediatria e gineco-

obstetrícia. Eles atendem uma ou mais especialidades e pacientes com diversas

patologias, podendo ter limitação a um grupo etário ou a um determinado grupo da

comunidade ou a uma finalidade específica (RIBEIRO, 1977). Já os hospitais

classificados como especializados, são os que atuam na internação de pacientes de uma

ou mais especialidades afins. Por sua vez, os hospitais mistos possuem unidades

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denominadas mistas, estando voltados ao atendimento ambulatorial, apresentando

poucos leitos e sendo, em geral, unidades públicas.

No tocante à complexidade das ações de saúde, os hospitais são classificados

em: baixa, média e alta complexidade. Hospitais de baixa tecnologia, baixo poder de

tratamento e diagnóstico, são considerados de pequena complexidade; já aqueles que

possuem um porte tecnológico não muito avançado, mas que têm a capacidade de gerar

desempenho suficiente para a organização, são classificados como sendo de média

complexidade; aqueles que apresentam alta tecnologia e poder de tratamento de

situações alto risco, como casos de transplantes, são tidos como de elevada

complexidade (TORRES, 2003).

Em se tratando do caráter de atendimento, os hospitais podem ser classificados

em: de internação, ambulatoriais e hospital-dia. Aqueles hospitais classificados como de

internação, são os que fazem atendimento do tipo internação do paciente. Já os

ambulatoriais, são aqueles que atuam somente no atendimento ambulatorial. O hospital-

dia pertence ao grupo de hospitais que atuam na internação hospitalar de curta duração,

tendo um aspecto intermediário entre a assistência ambulatorial e a internação.

A classificação descrita anteriormente abrange também os hospitais universitários,

objeto deste estudo. Vale ressaltar que esses hospitais têm função importante na

sociedade em que estão inseridos, visto que atuam com dinamismo na prestação de

serviço, tanto de saúde como de pesquisa e ensino.

2.1.4. HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

A bibliografia especializada expõe diferentes terminologias que descrevem as

unidades hospitalares ligadas ao ensino. Entretanto, vale ressaltar as diferenças

existentes entre cada uma delas, para melhor entender o papel dos Hospitais

Universitários – HU’s no contexto hospitalar do Brasil, como é o caso da MEJC-UFRN.

Médici (2001) enfatiza que o entendimento tradicional define um HU como uma

extensão de um estabelecimento de ensino em saúde, como é o caso das faculdades dos

cursos de saúde, tais como medicina, enfermagem e nutrição, que são responsáveis pelo

treinamento universitário na área da saúde.

Segundo o Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004), em um

seminário científico, organizado em 1995 pela Organização Mundial da Saúde – OMS,

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ficou definido que um hospital universitário é um centro de atenção médica com ações

de saúde de alta complexidade que:

• tem papel imprescindível no atendimento médico de nível terciário;

• apresenta um forte laço em atividades de ensino e pesquisa relacionadas

ao tipo de atendimento médico realizado;

• atrai grande concentração de recursos físicos, humanos e financeiros em

saúde;

• exerce um importante papel político na localidade em que está inserido,

dadas a escala, dimensão e custo com que trabalha.

Os Hospitais de Ensino tiveram sua definição mais recente dada em abril de

2004, quando foi publicada uma Portaria Interministerial de nº 1000 do MEC/MS,

afirmando que os Hospitais de Ensino são as Instituições Hospitalares que servem de

campo para prática de atividades curriculares na área da saúde, sejam Hospitais Gerais

e, ou especializados, de propriedade da instituição de Ensino Superior, pública ou

privada, ou ainda, formalmente conveniados com Instituições de Ensino Superior

(IFES).

A partir da referida portaria, fica evidenciada a terminologia utilizada para as

organizações hospitalares ligadas ao ensino médico, como pode ser visualizado na

figura 2.

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Figura 2 – Organizações Hospitalares: Fronteiras Conceituais

Fonte: Adaptado de Hékis (2012).

Os hospitais de ensino devem apresentar alguns pré-requisitos, para que haja

uma formação adequada dos profissionais da área de saúde. São eles:

• abrigar atividades curriculares de internato da totalidade dos estudantes de,

pelo menos, um curso de medicina, e atividades curriculares de outro curso de

graduação superior da área de saúde;

• abrigar programas de residência médica regularmente credenciados pela

Comissão Nacional de Residência Médica;

• garantir, por iniciativa própria e/ou por meio de convênio firmado com a

instituição de ensino superior, ou ainda apresentar projeto institucional para o

desenvolvimento de atividades regulares de pesquisa.

Dentre os hospitais classificados como de ensino, existe um grupo bem restrito,

que são os HU’s vinculados às Instituições Federais de Ensino Superior – IFES, caso do

MEJC/UFRN. De acordo com o Ministério da Saúde, a conexão desses hospitais com a

universidade se dá sob a forma de unidade suplementar, com financiamento

compartilhado, paritariamente, entre as áreas de Saúde e da Educação, em um sistema

de pactuação que inclui o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Para Médici (2001), a autonomia do funcionamento dos hospitais universitários

vem sofrendo grandes modificações, tanto no tocante às funções definidas nos sistemas

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de saúde quanto à subordinação, progressiva, à lógica desses sistemas. Os hospitais

universitários, nas duas últimas décadas do século XX, vivenciaram uma crise crônica.

Vasconcelos (2004) destaca que o modelo burocrático e hierárquico para

articular a gama de serviços e suportar, de forma racional, o gigantismo da organização,

mostrou-se inadequado. Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Gerges (1994)

destaca a complexidade do sistema administrativo dessas organizações, devido à

heterogeneidade de poder existente entre os membros da direção geral, da medicina, da

enfermagem e da administração.

Além disso, a presença de um grande número de pessoas que exercem atividades

diferentes, abrangendo desde funcionários da instituição até alunos de diversificados

níveis de ensino e cursos, faz com que esse tipo de hospital se torne um sistema de

maior complexidade e dificuldade de ser gerenciado do que os de outras instituições.

Corroborando isso, Hékis (2012) afirma que esses hospitais são responsáveis:

• pela formação de profissionais da área de saúde, tanto em nível de

graduação como de pós-graduação;

• por formular e implementar novos modelos de assistência, gestão de

trabalho e gestão hospitalar;

• por produzir e difundir conhecimentos, como, por exemplo, a assistência

especializada à saúde, tornando-se um local apropriado para realizar, descobrir e

divulgar novos procedimentos os quais expressam a reorganização do trabalho

na área da saúde.

Como foi mostrado, os hospitais são organizações atípicas, as quais fazem jus a

estudos, atenção e pesquisas aprofundadas sobre os seus processos de gestão e

inovação. Por essa razão, na sequência, destaca-se a inovação e seus modelos.

2.1.5 EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES – EBSERH

A EBSERH:

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[...] é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação e

tem a finalidade de prestar serviços gratuitos de assistência médico-

hospitalar, ambulatorial e de apoio e diagnóstico, bem como

terapêutico à comunidade. Além disso, presta apoio às instituições

públicas federais de ensino ou instituições congêneres de serviços de

apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à

formação de pessoas no campo da saúde pública (BRASIL, 2014).

O objetivo da EBSERH é garantir as condições necessárias para que os hospitais

universitários federais prestem assistência de excelência no atendimento às necessidades

de saúde da população, de acordo com as orientações do SUS, bem como ofereçam as

condições adequadas para a geração de conhecimento de qualidade e formação dos

profissionais dos diversos cursos da universidade à qual pertence (BRASIL, 2014).

Contudo, no início da criação da empresa, algumas entidades ligadas aos

estudantes de Psicologia, Medicina, Enfermagem e outras, elaboraram manifesto contra

a gerência da empresa nos hospitais universitários. Acreditavam que o problema era a

falta de investimento em pessoal, por parte do Governo, através de concursos, o que

levou à precariedade dos serviços. A saída encontrada pelas universidades foi a

terceirização dos serviços, o que gerou um grande endividamento (CONEP et al, 2012).

Embora o temor do manifesto esteja relacionado à perda de autonomia das

universidades, ao controle social e caráter público dos hospitais, os autores afirmaram

que as fontes de financiamentos dos hospitais universitários e a abertura dessas fontes

aos interesses privados seriam os pontos principais da questão.

Já Aquino (2014) defende que a desvinculação de diversos profissionais de

saúde e a flexibilização dos contratos de trabalho futuro constituem outra questão

problemática. O SUS defende que o vínculo entre os profissionais de saúde e usuários

potencializa a efetividade do atendimento e previne gastos desnecessários, e isso se

perderia, visto que a EBSERH irá contratar sob o regime celetista e não estatutário.

Entretanto, em meio a esses temores, o Governo destinou cerca de 500 milhões,

de reais no ano de 2011, aos 46 hospitais universitários no país. O previsto para o ano

de 2014 era de 970 milhões de reais, segundo o Portal Brasil.

Atualmente, a MEJC está sob a gestão da EBSERH, com recursos

disponibilizados pelo Programa de Nacional de Reestruturação dos Hospitais

Universitários Federais (REHUF) e contratualização com a Secretaria Municipal de

Saúde – SMS e Recursos do SUS.

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2.2. CONCEITOS DE PROCESSOS

Para Juran (1995), um processo pode ser definido como uma série sistemática de

ações direcionadas para a consecução de uma meta. Já Campos (1999), define que

processos são operações sucessivas e/ou paralelas que proporcionam um resultado,

geralmente como parte de um ciclo global de produção, de um produto ou de um

serviço.

Laurindo e Rotondaro (2006), processo é somente a forma como é desenvolvida

uma atividade. Johansson et al. (1995) afirmam que processo é o conjunto de atividades

ligadas que tomam um insumo (input) e o transformam para criar um resultado (output),

conforme apresentado na figura 3. Teoricamente, a transformação que nele ocorre deve

adicionar valor e criar um resultado que seja mais útil e eficaz ao recebedor acima ou

abaixo da cadeia produtiva.

Figura 3 – Processos

Fonte: elaborado pelo autor.

Coutinho e Chagas (2009) afirmam que na administração de serviços, os

processos são realizados de forma interativa com o cliente, e é por esse motivo que se

torna necessário detalhar toda a sequência da operação. Por isso, faz-se necessário

entender o funcionamento dos elementos tangíveis das operações, mas sem esquecer os

elementos intangíveis, pois estes atuam como apoio às operações realizadas.

Segundo Davenport e Short (1990), a classificação dos processos pode ser

dividida em três grandes dimensões: (1) tipo de organização, (2) tipo de objetos

manipulados e (3) tipo de atividade realizada durante o processo. O Quadro 1 mostra a

relação entre as dimensões dos processos com os tipos de processos.

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Tabela 1 – Relação entre as dimensões e tipos de processos

Fonte: Davenport e Short (1990, p. 15).

A NBR ISO 9004:2010 mostra que

[...] os processos são específicos para uma organização e variam

dependendo do tipo, tamanho e nível de maturidade da organização.

Convém que as atividades no âmbito de cada processo sejam

determinadas e adaptadas à dimensão e às características da

organização.

Quando há a necessidade de interligar esses processos, com a finalidade de obter

métodos e procedimentos que possam atender melhor a expectativa dos clientes, se faz

necessário o entendimento de conceitos básicos de gerenciamento de atividades por

processos.

2.3. GESTÃO POR PROCESSOS

Segundo Azevedo (2010), a gestão de processos pode ser entendida como um

agrupamento de atividades interligadas que acontecem numa organização, seja ela

pública ou privada, estando relacionada diretamente com os objetivos da missão da

organização. Essa forma de gestão possibilitará o aumento da produtividade das

organizações, não obstante, precisa de mudanças expressivas nas práticas gerenciais e

culturais das organizações (DAVENPORT, 1994; PAIM, 2002).

Segundo Paula e Valls (2014), dentre os diversos benefícios da implementação

da Gestão por Processos estão: visão sistêmica e horizontal dos processos; otimização

na utilização dos recursos; melhoria na comunicação entre os departamentos envolvidos

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no processo; processos e atividades claramente definidos; identificação de mudanças a

serem feitas; atendimento das necessidades dos clientes.

Os benefícios da adoção dos métodos e ferramentas de gerenciamento de

processos são de grande valia para todas as organizações, inclusive para as organizações

de saúde, pois necessitam do envolvimento de diversas equipes, muitas vezes

multidisciplinar, para a avaliação e solução dos problemas que estão inseridos nas

rotinas dos profissionais da saúde. Reiterando tal pensamento, Schmiedel et al. (2015),

afirma que quanto maior a complexidade da coordenação de trabalho através do sistema

produtivo, maior a necessidade de desenvolver a capacidade de gerir processos Sendo

assim, o conhecimento das técnicas e ferramentas da gestão de processos é de grande

importância para as organizações de saúde.

2.4. MAPEAMENTO DE PROCESSOS

O mapeamento do fluxo permite identificar as atividades e controlar

inconsistências que estão presentes nas organizações. Sem estabelecer o

sequenciamento das atividades e processos, é difícil garantir a repetitividade do

processo, pois depende muito das pessoas, o que eleva a probabilidade de ocorrer

problemas (GUPTA; SRI, 2012).

Já Alvarenga et al. (2013), apresenta o mapeamento de processos como uma

técnica utilizada para compreensão da forma como um trabalho flui dentro de uma

organização ou sistema. É uma técnica que usa de diagramas de fluxo de processo que

fornecem detalhes das sequências das tarefas executadas.

O diagrama permite compreender o estado atual, possibilitando a identificação

de problemas, limitações e oportunidades na realização do estudo. Pois necessitam ser

bastante amigáveis visualmente (HARON, 2015).

A premissa básica do mapeamento de processos é descrever corretamente cada

fluxo das atividades presentes na organização (ALVES FILHO, 2011). Ao elaborar o

mapeamento de processos, faz-se necessário seguir uma série de normas de

padronização, que são utilizadas para garantir a consistência e facilidade na sua

implementação (GUPTA; SRI, 2012).

A figura 4 nos mostra o padrão estabelecido para a criação dos mapas de

processos.

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Figura 4 – Normas de padronização dos processos

Fonte: Gupta e Sri (2012).

Outra função do mapeamento é o registro e a documentação histórica da

organização. Tendo em vista que o aprendizado constitui-se de conhecimento e

experiência transmitidos pelas pessoas é desejável perenizar tais aprendizados, uma vez

que há o risco de perda de funcionários e lições valiosas de muitos anos (VILLELA,

2000).

O capítulo seguinte apresentará os procedimentos metodológicos utilizados neste

trabalho.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo, serão apresentados o método e os procedimentos técnicos para

execução da pesquisa. Primeiramente, apresentar-se-ão os conceitos relativos à

caracterização da pesquisa. Em seguida, é feita uma abordagem acerca da população,

amostra e unidade de análise, a qual é seguida pelos instrumentos de coleta e análise de

dados. Por fim, são expostas as limitações desta pesquisa.

Será realizado um estudo de caso na MEJC/UFRN, instalada na cidade de

Natal/RN. Na primeira etapa da pesquisa, serão realizadas entrevistas para levantamento

de dados e, na segunda etapa, será realizada uma análise do atual cenário da instituição.

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Entende-se por pesquisa o ato dinâmico de questionamento, indagação e

aprofundamento consciente, na tentativa de desvelamento de determinados objetos. É a

busca de uma resposta significativa a uma dúvida ou a um problema. Logo, a pesquisa é

uma atividade voltada para a solução de problemas, através do emprego de processos

científicos (CERVO; BERVIAN, 1983; BARROS; LEHFELD, 1989).

De acordo com Denzin e Lincoln (2006, p. 390), a pesquisa pode se dividir em

duas abordagens: “A pesquisa qualitativa é um campo interdisciplinar, transdisciplinar

e, às vezes, contra disciplinar que atravessa as humanidades, as ciências sociais e as

ciências físicas”. A pesquisa quantitativa torna-se diferente da qualitativa, pois um erro

no questionário observado após a aplicação, pode inviabilizar o resultado.

Para Maanen (1979a, p. 520), a pesquisa quantitativa tem por objetivo traduzir e

expressar o sentido dos fenômenos do mundo social: trata-se de reduzir a distância entre

o indicador e o indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação.

Segundo Franco et al. (2003), a primeira razão para se conduzir uma pesquisa

quantitativa é descobrir quantas pessoas de uma determinada população compartilham

uma característica ou um grupo de características. Ela é especialmente projetada para

gerar medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística.

Assim, uma análise quantitativa apresenta os dados em percentuais. Através da

análise quantitativa, juntamente à qualitativa, é possível buscar resultados mais

concretos que possam evidenciar quais fatores mais contribuem para o desenvolvimento

de inovações dentro da organização.

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Quanto à natureza da pesquisa, ela pode ser dividida em básica ou aplicada. A

pesquisa básica objetiva gerar conhecimentos novos e úteis para o avanço da ciência,

sem aplicação prática prevista. Já a pesquisa prática, visa à geração de conhecimentos

para aplicação prática e dirigida a soluções de problemas específicos, tendo uma

finalidade imediata (MATIAS-PEREIRA, 2010; SILVA; MENEZES, 2005).

A pesquisa que aqui será desenvolvida é de natureza aplicada, uma vez que o

intuito do trabalho é elucidar informações que possam ser úteis a outras organizações no

desenvolvimento de ambientes que sejam propícios à inovação.

A classificação da pesquisa, levando em conta os objetivos, pode ser

exploratória, descritiva ou explicativa. Para Gil (2010), a pesquisa exploratória busca

desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, pois visa à formulação de

problemas mais precisos ou hipóteses de pesquisa para estudos vindouros. Ainda

segundo esse autor, é comum que se usem nessas pesquisas o levantamento

bibliográfico, entrevistas não padronizadas e estudos de caso.

Segundo Gil (2010), as pesquisas de caráter descritivo buscam levantar opiniões,

atitudes e crenças de uma população, suas técnicas mais comuns são o questionário e a

observação sistemática. Já as pesquisas explicativas, concentram-se em eliminar os

problemas em sua causa raiz, onde geralmente se utiliza a pesquisa experimental ou ex

post facto (MATIAS-PEREIRA, 2010; GIL, 2010). Assim, o trabalho a ser

desenvolvido terá o caráter exploratório e descritivo, para poder atingir os objetivos

lançados, tendo em vista que busca-se uma atuação prática.

Quanto aos procedimentos técnicos, existem diferentes abordagens, sendo elas a

pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a pesquisa experimental, o levantamento

de dados, o estudo de caso, a pesquisa ex post facto, a pesquisa-ação e a pesquisa

participante. Nesta pesquisa, serão utilizados a pesquisa bibliográfica e o estudo de

caso.

A pesquisa a ser desenvolvida se iniciará com o embasamento teórico sobre os

assuntos que serão abordados, para tanto, serão utilizados materiais disponíveis em

artigos de periódicos nacionais e internacionais, livros, testes e dissertações disponíveis,

caracterizando-se como uma pesquisa bibliográfica.

Para Gil (2009), o levantamento bibliográfico feito de forma preliminar pode ser

compreendido como um estudo exploratório, uma vez que tem como finalidade

familiarizar o aluno com a área de estudo na qual está interessado. Ainda segundo o

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autor, familiarizar o aluno com a área em questão é de extrema importância para que em

sua formulação, o problema, saia de forma clara e precisa.

Nesse sentido, Vergara (2009) enfatiza que a pesquisa bibliográfica objetiva

prover o levantamento e a seleção de toda bibliografia publicada sobre o assunto a ser

pesquisado em livros, revistas, jornais, folhetins, monografias, teses e dissertações,

colocando o pesquisador em contato direto com todo o material já escrito sobre o

assunto. Com o intuito de fundamentar os procedimentos da pesquisa, utilizou-se, então,

a pesquisa bibliográfica.

Yin (2001) conceitua o estudo de caso como o método que examina o fenômeno

de interesse em seu ambiente natural, pela aplicação de diversas metodologias de coleta

de dados, visando obter informações de múltiplas entidades. O estudo de caso

representa uma maneira de se investigar ou aplicar um assunto em uma organização

individual.

Conforme Yin (2001), o estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo

dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e

o contexto não estão claramente definidos.

3.2. POPULAÇÃO, AMOSTRA E UNIDADE DE ANÁLISE

Universo ou população é o conjunto de elementos que se deseja investigar e que

apresentam pelo menos uma característica em comum. Já a amostra, é a seleção de uma

porção ou parcela da população, de forma a ser o mais representativo possível. A ideia

básica que está por trás da amostragem é proporcionar informações relevantes de toda a

população, partindo da coleta de dados em alguns elementos desta (MATTAR, 1999;

MARCONI; LAKATOS, 1982).

Diante do exposto, e na intenção de pesquisar uma organização que apresente as

características de atuar no setor de saúde e ser referência no Rio Grande do Norte, nos

quesitos de pesquisa e tecnologia, será escolhida a MEJC. Dessa forma, a organização

será escolhida de modo intencional, e não probabilístico.

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3.3. TIPOS, COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

A coleta de dados, de acordo com Marconi e Lakatos (1991), é a etapa da

pesquisa em que os instrumentos definidos são aplicados, objetivando a coleta dos

dados previstos. Corroborando esse pensamento, Diehl e Tatim (2004) afirmam que

cada instrumento ou procedimento possui suas vantagens e desvantagens, dessa forma,

se adaptando mais ou menos aos objetivos de cada pesquisa. No estudo em questão, a

coleta de dados buscará informações necessárias ao seu desenvolvimento, as quais

podem ser obtidas de diferentes maneiras.

3.3.1. TIPOS DE DADOS

Os dados a serem coletados configuram-se como primários e secundários. Para

Andrade (1993), os dados primários são aqueles que foram coletados pela primeira vez

pelo pesquisador, para a solução do problema. Esses dados podem ser coletados por

meio de entrevistas, questionários e observação. Nesta pesquisa, os dados primários

serão coletados por meio de entrevistas não estruturadas, com a finalidade de

compreender o fluxo dos processos de atendimento na MEJC.

Já os dados secundários, são aqueles que estão à disposição do pesquisador em

boletins, livros, revistas, periódicos, dentre outros, e possibilitam solucionar problemas

já conhecidos e explorar áreas onde os problemas ainda não se cristalizaram o suficiente

(MARKONI; LAKATOS, 2000). No estudo em questão, os dados secundários serão

coletados por meio de documentos organizacionais e do sítio da organização e serão

utilizados na caracterização do objeto a ser estudado.

3.3.2. ETAPAS DA COLETA DE DADOS

Este trabalho se dividirá em duas etapas principais:

Pesquisa bibliográfica;

Estudo de caso para levantamento dos dados (Análise da Realidade

Investigada).

A pesquisa se iniciará com informações obtidas a partir de pesquisas

bibliográficas que estão disponíveis na forma de livros, teses e dissertações, revistas, no

sítio da empresa analisada, artigos e trabalhos científicos que estejam disponíveis em

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periódicos e bases de dados como Portal de Periódicos Capes, Scielo, Scopus e Web of

Knowledge.

No primeiro momento da segunda etapa, análise da realidade observada, serão

efetuadas visitas à organização e realizadas entrevistas não estruturadas para um

levantamento inicial das informações. As entrevistas serão, primeiramente,

desenvolvidas com os gestores da organização, a fim de que sejam elucidados os

principais atores envolvidos diretamente com os processos.

Num segundo momento, após serem definidos os atores responsáveis pela

execução do fluxo de trabalho, serão realizadas entrevistas com os responsáveis diretos,

tendo como objetivo mapear o fluxo dos processos de atendimento na organização.

3.3.3. TRATAMENTO DE DADOS

De acordo com Yin (2001), a análise dos dados consiste na tabulação, exame ou

recombinação das evidências coletadas, buscando compreender, esclarecer, validar ou

refutar os objetivos iniciais do estudo.

Os dados foram obtidos por meio de um questionário não estruturado, tendo como

objetivo entender o fluxo de pessoas dentro da MEJC. Em seguida, os dados serão

colocados no software MS Visio. Além disso, os dados coletados com o questionário

serão interpretados com o auxílio do referencial teórico apresentado neste trabalho, para

que possam ser respondidos os objetivos desta pesquisa.

Já os dados secundários, que serão obtidos por meio de documentos

organizacionais e do sítio da organização, serão utilizados na caracterização do objeto a

ser estudado.

Estando definido o problema de pesquisa e a metodologia a ser utilizada, bem

como o embasamento teórico necessário para o prosseguimento da investigação, será

iniciado o procedimento para que se atinjam os objetivos aqui propostos. O capítulo

seguinte buscará analisar a realidade investigada na organização a ser estudada, a

MEJC.

Na sequência, serão mostrados alguns dados a respeito da organização hospitalar

que será estudada.

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4 A MATERNIDADE ESCOLA JANUÁRIO CICCO – MEJC/UFRN

Em 1927, o terreno onde está localizada a maternidade foi doado pelo então

Prefeito de Natal, Omar O’Grady, cujo mandato foi de 1924 a 1930 (SILVA et al,

2013). A construção teve início em 1932, ficando pronta no início da década de 1940.

Contudo, somente foi inaugurada em 1950. Tal lapso de tempo se deu em função da

Segunda Guerra Mundial, já que Natal serviu de base para os Estados Unidos. O

hospital foi sede do Quartel General das Forças Aliadas e Hospital de Campanha

(UFRN, 2014).

Somente após a guerra é que o então Dr. Januário Cicco retomou o prédio, que

foi reformado e inaugurado no dia 02 de fevereiro de 1950, recebendo o nome de

Maternidade de Natal. Em 1952, Dr. Januário Cicco falece e, em 1961, o hospital

passou a ser denominado Maternidade Escola Januário Cicco.

A MEJC é vinculada a UFRN e a EBSERH e atua como hospital de referência

terciária do SUS. A Maternidade atua em solucionar problemas de alta complexidade da

saúde da mulher e, assim funciona como um campo de ensino e aplicação prática para

as profissões das diversas áreas do conhecimento, cumprindo um grande trabalho de

ensino, pesquisa e atenção à população mais necessitada.

Dispõe de uma estrutura de 37 consultórios, sendo 04 consultórios na Unidade

de Pronto-Atendimento. Também possui 104 leitos hospitalares, dos quais 66 são de

Cuidados Intensivos e Semi-intensivos.

Este capítulo será apresentado os fluxos de pacientes do ambulatório de pré-natal

de alto risco e da urgência. O mapeamento do ambulatório de pré-natal será dividido em

duas partes. Inicialmente será apresentado o fluxo das pacientes diabéticas, em seguida

o fluxo das pacientes com outras patologias, e por fim, foi apresentado o mapeamento

do fluxo das paciente da urgência da MEJC.

4.1 Mapeamento do Fluxo das Pacientes

Para facilitar o processo de elaboração deste estudo, e devido às diferenças dos

fluxos, este capítulo apresentará o mapeamento do fluxo das pacientes dividido em duas

partes: na primeira etapa, elaborou-se o mapeamento do fluxo das gestantes no

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ambulatório, e na segunda, foi realizado o mapeamento do fluxo das pacientes no setor

de urgência.

a. Ambulatório (Pré - Natal)

Para melhor entendimento do fluxo das pacientes gestantes no ambulatório da

MEJC, esta seção foi dividida em duas partes: a primeira abordará o mapeamento de

fluxo das pacientes diabéticas, enquanto a segunda, tratará dos demais atendimentos do

setor ambulatorial da MEJC.

i. Pacientes Diabéticas

Segundo dados do Ministério da Saúde, no sistema público de saúde brasileiro

cerca de 8% das gestantes com mais de 20 anos são portadoras de Diabetes Mellitus

Gestacional (DMG), o que coincide com dados de estudo realizado em 2003, na MEJC

(CORNETTA,2003). Ao entrevistar a equipe responsável pelo pré-natal da MEJC,

constatou-se que o atendimento às gestantes diabéticas é uma das atividades mais

críticas realizadas na maternidade, devido à soma entre a demanda de gestantes

agendadas para primeira consulta de pré-natal proveniente de Natal e do interior do

estado e aquelas em consulta de retorno.

O processo tem início quando a gestante vem ao ambulatório com

encaminhamento, e, a partir dele, pode ser agendada para a primeira consulta ou

encaminhada para a internação, caso necessite iniciar o tratamento medicamentoso.

Durante o acompanhamento pré-natal, a qualquer momento, ou no final da gestação, ela

poderá ser internada para início ou ajuste de insulina, ou mesmo para o parto.

Em uma visão mais geral, o processo começa na Sala de Preparo da

Enfermagem (SPE), setor onde três técnicas de enfermagem realizam medições do perfil

glicêmico, peso corporal e verificação da pressão arterial, atendimento que ocorre uma

vez por semana.

As pacientes consultadas são aquelas previstas no mapa de atendimento gerado

pelo Serviço de Arquivo Médico e Estatístico (SAME), o qual é entregue na SPE

diariamente. Os dados do mapa de atendimento são anotados, e esse procedimento

facilita o controle do atendimento pelas técnicas de enfermagem, que podem informar

às pacientes para quais salas de consulta serão encaminhadas. Os dados referentes ao

perfil glicêmico, pressão arterial e peso das pacientes, são anotados nos cartões de pré-

natal da gestante. Em seguida, as pacientes são encaminhadas para palestra sobre temas

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relativos à gestação com uma equipe multiprofissional. Após esse momento, as

mulheres serão divididas em três grupos descritos a seguir.

O grupo 1, que será representado pela Figura 5, abrangerá a chegada da paciente

na SPE, a passagem pela palestra com a equipe de multiprofissionais, o café da manhã

no refeitório, voltando à sala inicial para a segunda medição do perfil, chegando até o

atendimento médico, caso a segunda medição de perfil tenha alteração.

As pacientes do grupo 2 (Figura 6) são aquelas que não estão agendadas para

consulta e serão avaliadas pelo resultado do perfil glicêmico, podendo ser feita

intervenção no tratamento e agendado novo retorno. O grupo 3 (Figura 7) abrangerá as

gestantes que passarão por consulta pré-natal, e, caso seja necessário, serão solicitados

exames laboratoriais ou indicada a finalização da gravidez com internação para o parto

(MEJC ou outros hospitais), ou será agendado retorno para nova consulta no

ambulatório.

Figura 5 – Grupo 1 do Atendimento às Gestantes Diabéticas

Fonte: Autor

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Descrevendo melhor a Figura 5, observa-se que durante a utilização da

metodologia roda de conversa multiprofissional, as pacientes têm a oportunidade de

trocar informações entre si, expor suas dúvidas sobre a gravidez e receber informações

relevantes sobre saúde, gestação de risco e cuidados no controle da diabetes, conceitos

úteis que proporcionam mais segurança e conhecimento para a gestante. Após esse

momento, as pacientes são submetidas à segunda parte do perfil glicêmico, uma hora

após o desjejum.

Figura 6 – Grupo 2 do Atendimento às Gestantes Diabéticas

Fonte: Autor

Na Figura 6, é descrito o fluxo de pacientes do grupo 2. Após a segunda medição

de glicemia, as gestantes são encaminhadas para os grupos de avaliação do perfil

glicêmico (endocrinologista), ou irão para a consulta agendada de pré-natal.

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44

As pacientes que estão com consulta naquele dia serão encaminhadas aos

consultórios médicos de acordo com o mapa de atendimento. Enquanto aguardam as

consultas, as pacientes passam pela nutricionista ou, a depender da fase de gestação,

será realizada a avaliação do bem-estar fetal, através do exame de cardiotocografia. Esse

exame e as consultas costumam ocorrer concomitantemente às consultas agendadas.

No final das consultas médicas, as técnicas de enfermagem recolhem os

prontuários das pacientes atendidas, para a composição dos mapas de atendimentos

realizados e encaminham para o SAME.

Figura 7 – Grupo 3 do Atendimento às Gestantes Diabéticas

Fonte: Autor

Após as consultas médicas, caso seja necessária a realização de exames

complementares, a paciente será encaminhada, para a agendamento de ultrassonografia

ou de exames a serem realizados no Laboratório de Microbiologia, ambos situados no

próprio prédio da MEJC, ou para a realização de outros exames laboratoriais a serem

realizados no laboratório de análises clínicas do Hospital Universitário Onofre Lopes

(HUOL). O fluxo do grupo 3 é representado pelo fluxograma da Figura 7.

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Caso não seja necessária a realização desses exames, a paciente será agendada

para nova consulta, pode ser encaminhada para internação clínica ou, ainda, no

momento oportuno, para a realização do parto. O local do parto dependerá da origem da

paciente (município), como também do seu estado de saúde.

ii. Pacientes com outras patologias

Os demais dias, comparando-se com as segundas-feiras, são relativamente mais

tranquilos, com o fluxo seguindo sem maiores sobressaltos. Note-se a Figura 8, abaixo:

Figura 8 – Pacientes com outras patologias

Fonte: Autor

O atendimento dos demais dias é dividido conforme o quadro abaixo:

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Dias da Semana Patologia

Segunda-Feira Diabéticas

Terça-Feira Hipertensão e Cardiopatias

Quarta-Feira Hipertensão

Quinta-FeiraMiscelânea e Avaliação dos Encaminhamentos das

pacientes do município do Natal

Sexta-Feira Doenças Infectocontagiosas

Tabela 2 – Atendimento nos demais dias

Fonte: Autor.

Às terças-feiras, o atendimento ocorre para pacientes com hipertensão e

cardiopatia. O processo começa com na SPE, onde as pacientes terão verificadas a

pressão arterial e a massa corpórea. Após o registro dos dados, seguem para consulta

com os médicos ou para uma cardiologista.

De forma semelhante ao apresentado no fluxo das pacientes das segundas feiras,

será mostrado em dois grupos. O grupo 1 é mostrado na figura 9:

Figura 9 – Grupo 1 de Atendimento às demais patologias

Fonte: Autor

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Tal qual o atendimento das segundas-feiras, nos demais dias também o mapa do

atendimento é levado à SPE, e as técnicas de enfermagem anotam os dados das

pacientes, levando em seguida o mapa para os consultórios. Após as consultas, os livros

de agendamento de cada sala são levados para a seção de Arquivo, onde serão abertos

prontuários e feito o agendamento das consultas futuras. E, de modo análogo, ocorre às

quartas, quintas e sextas-feiras. A ressalva é para o dia de quinta-feira, pois neste dia

ocorre a classificação de risco de pacientes oriundas de Natal. A classificação de risco

serve para definir se a paciente é um caso de alto risco e de qual tipo, ou seja, diabética,

hipertensa, cardiopata etc.

Outra ressalva para o dia de quinta-feira é que o atendimento ocorre para as

pacientes que possuem patologias que não as citadas anteriormente, tais como

problemas renais, hepáticos, psiquiátricos, doenças hematológicas (do sangue) etc.

Às sextas-feiras, as pacientes com doenças infectocontagiosas recebem

atendimento. Pode haver pacientes com doenças sexualmente transmissíveis (DST),

infecções pulmonares, entre outras patologias.

O grupo 2 para os demais dias equivale ao grupo 3 do atendimento às diabéticas.

Nota-se na Figura 10.

Figura 10 – Grupo 2 do Atendimento das demais patologias

Fonte: Autor.

Da mesma forma que no atendimento das segundas-feiras, caso precise de

exames complementares, a paciente terá três opções: o Laboratório de Microbiologia,

que fica no próprio prédio do complexo da maternidade; será encaminhada ao Hospital

Universitário Onofre Lopes (HUOL); ou, ainda, para realização de ultrassons ou

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consulta com nutricionista, sendo estes últimos marcados na sala que funciona dentro do

ambulatório, chamada de Sala do Meio.

Como se viu antes, se não for necessário realizar tais exames, a paciente está

liberada para retornar numa consulta agendada, ou ainda encaminhada para internação e

realização do parto, tendo como final do processo estudado o nascimento. O local do

parto, conforme dito anteriormente, dependerá da origem da paciente, se é do município

do Natal ou do interior. Caso seja de Natal, e a depender da região, será encaminhada

para a própria MEJC ou para o Hospital Santa Catarina. Quando é oriunda das demais

cidades, a paciente é encaminhada para sua cidade de origem.

b. Urgência

Nesta seção, será apresentado o fluxo geral das pacientes do setor de urgência da

MEJC. O mapeamento do fluxo das pacientes no setor de urgência é de grande

relevância, pois se trata de um setor onde o tempo é um fator decisivo para a

manutenção da vida. Oliveira (2011) afirma que a urgência representa situações em que

o atendimento pode ser prestado em tempo menor que duas horas. Ao analisar o setor de

urgência, nota-se que um dos grandes complicadores é a entrada das gestantes no setor,

pois esta tende a ser espontânea, e não planejada. Além dessa dificuldade de prever e

planejar o quantitativo de pacientes entrantes no sistema da MEJC, as diversas vias de

entrada podem agravar a situação do setor, bem como o provimento dos recursos para o

perfeito atendimento às gestantes.

As pacientes da urgência têm como vias de entrada o encaminhamento das redes

estadual e municipal de saúde, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU),

o encaminhamento do ambulatório especializado, como também a procura espontânea

das próprias pacientes. Em entrevistas não estruturadas com a equipe do hospital, notou-

se que a diversificação na entrada é um fator complicador para o setor de urgência, e

que a MEJC necessita de métodos orientados por modelagem matemática para a

realização de previsão da demanda.

Após a entrada da paciente na maternidade, é realizado o primeiro atendimento

na recepção, onde é gerado o boletim de entrada. Em seguida, a paciente é encaminhada

para o setor de classificação de risco. Segundo Nishio (2011), a classificação de risco

segue o protocolo de classificação de risco que obedece às condições apresentadas na

Tabela 3.

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Tabela 3 – Níveis de gravidade por cor e tempo de atendimento

Fonte: Nishio e Franco (2011).

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), a triagem de

classificação será realizada por meio de protocolos predeterminados, por profissionais

de saúde de nível superior e que possuam treinamentos específicos. Após a triagem, as

pacientes são encaminhadas aos consultórios médicos. Após o atendimento, a paciente

deverá ter sua referência garantida, por meio de encaminhamentos realizados. A Figura

5 mostra o fluxo completo do setor de urgência da MEJC.

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Na avaliação médica é vista a necessidade de internação da paciente, ou de

adotar algum tipo de atendimento especializado. Como observado no fluxo, caso a

paciente não necessite de internação, é decidido se ela deve ser encaminhada ao

ambulatório para receber um atendimento especializado ou para receber o

acompanhamento na RBS. Caso a paciente necessite de internamento, a equipe da

MEJC decidirá se o atendimento ocorrerá na maternidade ou se ela encaminhada para a

internação em outra unidade de saúde.

Caso a paciente siga o fluxo dentro da MEJC, dependendo da sua enfermidade,

ela poderá seguir oito caminhos distintos: Sala de Parto (Figura 12), Centro Cirúrgico

obstétrico (Figura 13), UTI Materna (Figura 14), Unidade de Parto Humanizado (Figura

15), Enfermaria de Alto Risco (Figura 16), Enfermaria A, Enfermaria B e Enfermaria C

(Figura 17). Para melhor compreensão do fluxo total, foi necessária a elaboração dos

fluxos dessas unidades em separado, tendo em vista melhor organização visual do fluxo

Figura 11 – Fluxo geral do setor de emergência (MEJC)

Fonte: Autor

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51

do setor de urgência. O primeiro caminho possível a ser analisado é a Sala de Parto, a

partir da qual paciente poderá seguir outros fluxos, conforme apresentado na figura 12.

Figura 12 – Fluxo Sala de Parto

Fonte: Autor

A Figura 13 retrata o fluxo sobre o Centro Cirúrgico Obstétrico (CCO). Ao

analisá-la, tem-se a perfeita compreensão do setor, onde existem 3 possibilidades de

entrada e 5 possibilidades de saída. Um fluxo com diversas entradas expressa a

complexidade do setor, tendo em vista a preparação das equipes e o restabelecimento

dos recursos a serem utilizados pela equipe médica. Sendo assim, o CCO é um setor que

necessita de atenção quanto à previsão de demanda e estudos de tempos e movimentos e

gerenciamento do tempo de preparação.

Figura 13 – Fluxo do CCO

Fonte: Autor

A UTI materna também necessita de grande atenção, pois assim como o CCO,

trata-se de um setor complexo e com grandes variabilidades de entradas. Segundo o

Relatório de Dimensionamento dos Serviços Assistenciais da EBSERH (2013), a MEJC

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conta com 6 leitos para atendimento na UTI materna, e esse dimensionamento deve

estar em perfeita harmonia com as potenciais demandas do setor.

O Setor de Parto Humanizado tem como possibilidades de entrada o

encaminhamento do Setor de Emergência, do Alto Risco e da UTI Materna. Segundo

Alves (2015), o Setor de Parto Humanizado é um importante aliado das instituições de

saúde, pois contribui para a redução do número de cesárias e intervenções cirúrgicas

desnecessárias, acarretando em um menor risco para a gestante, proporcionando maior

acompanhamento e redução dos custos oriundos das intervenções cirúrgicas.

Figura 14 – UTI Materna

Fonte: Autor

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Figura 15 – Parto Humanizado

Fonte: Autor

A Figura 16 representa o fluxo do Setor de Alto Risco, um setor de grande

complexidade, e que assim como os demais pode apresentar elevadas taxas de

ocupação, devido ao incorreto ou inexistente dimensionamento da demanda espontânea

da MEJC.

Figura 16 – Enfermaria de Alto Risco

Fonte: Autor

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A Figura 17 trata das enfermarias A, B e C. Nelas, são representadas as entradas

e saídas do setor. Nesse fluxo é notória a complexidade, por se tratar também de um

setor de extrema importância para o fluxo de atendimento e níveis de qualidade de

atendimento da maternidade.

Figura 17 – Fluxo das Enfermarias A, B e C

Fonte: Autor

Analisando os fluxos apresentados no setor de urgência, observa-se que a

demanda é espontânea e sem muitas possibilidades de previsão totalmente confiável.

Aliado a essa realidade, a MEJC situa-se em um ambiente de grande complexidade, pois

possui setores de grande nível de especialização da equipe, medicamentos e

equipamentos utilizados. No próximo capítulo, serão abordados as análises e potenciais

soluções para a rotina da MEJC.

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55

5 Análise dos Resultados

No tocante ao estudo realizado, é importante compreender a chegada das

pacientes ao ambulatório da MEJC, elas podem ser oriundas das Unidades Básicas de

Saúde de Natal e de outros municípios do Rio Grande do Norte. Além disso, o serviço

de Urgência Obstétrica da instituição também pode encaminhar as gestantes que

apresentaram alguma intercorrência. O quantitativo de pacientes recebido de setembro

de 2014 a janeiro de 2015, na MEJC, está disposto na Tabela 4.

Tabela 4 – Categorização quanto ao município de origem

Fonte: Lopes (2015).

Origem nº %

Natal 221 40,2%

Interior 322 58,5%

Não Informado 7 1,3%

Total 550 100%

Categorização Quanto ao Município de

Origem

Segundo a análise realizada por Lopes (2015), do total de encaminhamentos,

65% eram de gestação de alto risco, 23% eram pacientes com risco habitual e, 12%

faltavam dados confirmatórios ou não foram informados. Esses dados estão

apresentados na tabela abaixo.

Tabela 5 – Caracterização Quanto ao Risco

Fonte: Lopes (2015)

n % nº % nº %

Natal 161 72,9% 42 19,0% 18 8,1%

Interior 193 59,9% 81 25,2% 48 14,9%

Não Informado 4 57,1% 2 28,6% 1 14,3%

Total 358 65% 125 23% 67 12%

Categorização Quanto ao Risco

Origem Faltam DadosAlto Risco Risco Habitual

Segundo Lopes (2015), dos encaminhamentos oriundos do município de Natal

72,9% corresponderam a gestações de alto risco, enquanto 19,0% não correspondiam a

uma gestação de alto risco e 8,1%, faltavam dados confirmatórios. Já no interior, o

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percentual de gestações que eram realmente de risco foi 59,9%, 25,2% caracterizado

como gestação de risco habitual e 14,9%, faltaram dados para a confirmação.

Através dessa análise, percebe-se que 35% das pacientes não são de alto risco.

Com isso, afirma-se que se tem um bom percentual de oportunidade de ganho utilizando

ferramentas para auxiliar os médicos na Rede Básica de Saúde - RBS de origem das

pacientes, resultando na redução do fluxo no interior da MEJC, como também

reduzindo o stress das pacientes devido às viagens do interior até a capital potiguar.

Uma das ferramentas que devem ser utilizadas para a melhoria desses índices da MEJC

é a Telessaúde. Para Silva (2014), a telessaúde pode ser definida como uma maneira

inovadora de se pensar nos processos de saúde, eliminando a barreira da distância,

usando as tecnologias da informação e telecomunicação disponíveis no mercado.

Para Santos (2014), a telessaúde tem um grande potencial pois possibilitará ao

usuário do serviço público de saúde maior acesso a aos serviços básicos de saúde, além

de aumentar a qualidade e contribuir para a formação profissional. O terceiro ponto

apresentado por Santos, está bem centrado ao objetivo explicitado de um Hospital

Escola, como também ao objetivo geral do projeto de telessaúde no Brasil.

Dentro do aspecto da Telessaúde, um outro elemento que pode contribuir para a

equalização das demandas da MEJC é a teleconsultoria, que segundo a Portaria GM/MS

2.546/11 em seu artigo 2°, apresenta o conceito de teleconsultoria como:

[...] consulta registrada e realizada entre trabalhadores,

profissionais e gestores da área de saúde, por meio de instrumentos de

telecomunicação bidirecional, com o fim de esclarecer dúvidas sobre

procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas ao processo

de trabalho [...] (Brasil, 2011).

Para Piropo e Amaral (2015) a teleconsultoria pode ser executada por duas

formas distintas: em tempo real, realizada por vídeo conferência; ou ainda por meio de

trocas de mensagens off-lines. O isso permitirá a redução dos números de

encaminhamentos inadequados à MEJC.

Os encaminhamentos inadequados ocasionam uma sobrecarga no atendimento

por necessidade de avaliação da adequação do encaminhamento. As pacientes do

município de Natal são avaliadas às quintas-feiras, pela manhã, e as do interior, são

distribuídas entre as salas de consulta num total de 9 (nove) pacientes por dia,

totalizando uma média de 56 mulheres por semana, com atendimento para a avaliação

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do encaminhamento e marcação da primeira consulta. Um problema observado é a

limitação do espaço físico para reunir a equipe multiprofissional e todas as gestantes.

Atualmente, o local reservado para a reunião das gestantes possui uma capacidade

média de 12 lugares, porém a quantidade de gestantes agendadas é superior à

capacidade instalada. Isso traz uma ineficiência no alcance do objetivo da palestra, que

é transmitir informações de extrema importância num curto período de tempo.

Ao chegar no ambulatório, as pacientes procuram a SPE para verificação da

pressão a arterial, peso e realização da verificação em jejum do perfil glicêmico. Esses

dados são anotados no cartão de pré-natal e anexados aos prontuários, que em seguida

são distribuídos entre três consultórios médicos, por ordem de chegada das pacientes.

Todas as pacientes são informadas pelas técnicas de enfermagem da SPE em qual sala

ocorrerá a consulta, para maximizar o fluxo no interior do ambulatório. Antes da

consulta, as mulheres são encaminhadas ao refeitório para o desjejum, e, após duas

horas, nova glicemia capilar é realizada. As pacientes que fizeram o perfil glicêmico

passam por um atendimento extra, não contabilizado como consulta, embora avaliado

pelos médicos do setor, para que sejam tomadas as providências necessárias, o que pode

incluir o encaminhamento à emergência do hospital.

Os livros de agendamento percorrem as salas de consulta, o SAME e a SPE. Os

médicos preenchem o livro com as datas previstas para que as gestantes retornem, e esse

tempo depende do período da gestação em que se encontra a paciente. Do consultório,

os livros retornam para a SPE, onde os agendamentos são transcritos para uma folha de

atendimento diário (MAPA), sendo enviados para o SAME. Este serviço é realizado

semanal e manualmente, o que pode acarretar em perdas de informação e produtividade

ao setor.

Paralelamente à consulta médica, enquanto aguardam, as gestantes são atendidas

pela nutricionista, ou são submetidas ao exame de cardiotocografia. Segundo

observação dos funcionários do setor, as pacientes demonstram certa preocupação em

saber em que momento serão atendidas, o que eleva o estresse natural e as deixa com

receio de perder a consulta médica. Este receio não se justifica, mas a situação

psicológica gerada pelo estado de gravidez pode interferir na percepção das gestantes. A

sugestão é que se faça um trabalho de conscientização maior junto às pacientes, que

pode ser realizado durante a espera pela consulta.

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A ida da paciente para realização de exames laboratoriais adicionais no prédio

do HUOL, onde são feitos exames de sangue e urina, por exemplo, é um fator

complicador, haja vista que há uma distância física separando a MEJC do HUOL. A

gestante precisa ir ao laboratório a primeira vez para pegar uma ficha de marcação,

outra vez para marcar o exame, uma terceira vez para fazer a coleta do material e, por

fim, para buscar o resultado do exame. Essa burocracia é um fator que modifica a

qualidade do acompanhamento da gestação de alto risco.

Para o setor de Urgência da MEJC, os maiores problemas observados estão

relacionados à demanda, que oscila bastante em relação ao tempo. Uma solução inicial

que deve ser adotada é a introdução de estudos de previsão de demandas através do

método de regressão, com isso o profissional da saúde poderá alinhar o R² aproximando

para 1, e tal medida resultará em adequação dos recursos às demandas do setor. Outro

potencial de melhoria está na introdução de uma simulação computacional no setor de

emergência da MEJC. Tal simulação permitirá aos gestores da maternidade observar

quais os setores ou equipamentos gargalos, bem como medir a taxa de ocupação dos

leitos, e assim otimizar a utilização do setor. A adoção dessas duas medidas será de

grande importância para a maternidade, tendo em vista que contribuirá com diversos

setores da MEJC, desde compras, farmácia, limpeza, ensino e pesquisa.

Por fim, a internação para o parto na MEJC vai depender de vagas e da região de

origem da paciente. As pacientes das zonas Leste e Sul de Natal têm prioridade para

internamento, enquanto as das zonas Norte e Oeste, serão encaminhadas para outras

maternidades, como a do Hospital José Pedro Bezerra, conhecido como Hospital Santa

Catarina.

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6. Considerações Finais

Levando em consideração a revisão bibliográfica, os objetivos pretendidos com

este trabalho e os dados coletados e analisados a partir das entrevistas não estruturadas

realizadas com os profissionais de saúde dos setores do ambulatório de pré-natal e

urgência da MEJC, o objetivo principal deste trabalho foi analisar o mapeamento de

processos de atendimento da MEJC.

Em resposta ao problema de pesquisa desta dissertação, foi possível perceber,

através deste que trabalho que a realização do mapeamento permitiu identificar alguns

gargalos no fluxo de atendimento às gestantes, o que denota perda de eficiência no

objetivo de atendimento, e, ao mesmo tempo, permite desafogar os setores gargalos da

MEJC. A implantação da informatização dos prontuários eletrônicos, de um banco de

dados e a adoção de uma gestão de informações relacionando gestantes e patologias,

medicamentos usados, número de consultas, quais médicos atenderam, facilitarão

bastante o apoio de informações e a tomada de decisão dos gestores, tendo uma visão

mais clara sobre os atendimentos. Além do sistema de informação, a utilização de

técnicas de gerenciamento da produção trará grandes benefícios aos diversos setores da

MEJC.

Neste sentido, respondendo ao primeiro e ao segundo objetivos específicos, foi

possível realizar o mapeamento dos processos de fluxo das pacientes da MEJC, como

também identificar as atividades críticas existentes nos setores estudados na

Maternidade. Em conformidade ao terceiro objetivo específico esta dissertação poderá

contribuir para eventuais futuros trabalhos sobre a redução dos gargalos nos fluxos de

pacientes da MEJC. E por fim, ao analisar os fluxos criados neste trabalho foi possível

apontar indicadores para a melhoria da gestão como, por exemplo, previsão da demanda

na urgência, como também a caracterização das pacientes quanto ao risco.

Embora se tenha obtido êxito nesta pesquisa, foi possível detectar como fator

limitante a não possibilidade de generalização dos resultados para outros ambientes

hospitalares, tendo em vista as especificidades presentes em cada ambiente. Outro fator

limitante foi a dificuldade de encontrar estudos sobre a temática específicas em

hospitais do Rio Grande do Norte.

De acordo com a metodologia aplicada, deve-se pensar em uma atuação

conjunta dos governos em prol da melhoria do atendimento, com políticas bem

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estruturadas e voltadas para capacitar os municípios a atender mais e melhor as

gestantes, realizando avaliações adequadas.

Trabalhos futuros podem ser realizados dentro da Maternidade Escola Januário

Cicco – MEJC/UFRN, uma vez que é considerada uma maternidade referência no

estado do Rio Grande do Norte em ensino, pesquisa e extensão, dessa forma, fazendo-se

o mapeamento dos processos das demais áreas da MEJC possibilitará a maior

compreensão da equipe, bem como a introdução de outras ferramentas de gestão que

facilitarão a melhoria de performance da Instituição.

Outra recomendação de trabalho futuro, é o estudo acerca dos indicadores,

utilizando-se a ferramenta de pesquisa deste trabalho. Uma possibilidade é a verificação

da eficiência e eficácia da expansão da telessaúde e teleconsultoria na MEJC, sendo

estas ferramentas apontadas como possível solução para a elevada demanda atual da

Maternidade Escola Januário Cicco.

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