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Soteriologia Curso de Ministério e Teologia Para estudantes de Licenciatura e Mestrado em Estudos Teológicos

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Soteriologia

Curso de Ministério e TeologiaPara estudantes de Licenciatura e Mestrado em Estudos Teológicos

SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE MIAMI

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Brasil – Aracaju, Maio de 2011

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CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

 

Primeira Aula: Leitura das lições 1 a 3 com suas respectivas tarefas (páginas 3 a 35,

total de 33).

 

Segunda Aula: Leitura das lições 4 a 6 com suas respectivas tarefas (páginas 36 a 72,

total de 37).

Terceira Aula: Leitura das lições 7 a 12 com suas respectivas tarefas (páginas 73 a

110, total de 37).

Quarta Aula: Leitura das lições 13 a 15 (com o apêndice) com suas respectivas

tarefas (páginas 111 a 143, total de 33).

OBS:

1. As atividades de cada lição devem ser entregues ao facilitador em folha à parte, no

dia da aula, conforme cronograma acima.

2.

3. Para os estudantes de Mestrado, recomendamos a leitura do livro: Salvos Pela

Graça, de Anthony Hoekema, Editora Cultura Cristã, 272 páginas, ou outro que deverá ser

aprovado pelo facilitador do grupo.

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LIÇÃO 1: I. INTRODUÇÃO: O QUE É A SALVAÇÃO?

Eu era um novo convertido quando fui visitar um amigo não-convertido. Ele era um jovem muito decente, mas lamentavelmente, ele, como eu, havia caído nas drogas e outros males. Éramos bons amigos, pois em uns dez anos havíamos compartilhado juntas boas e más experiências. Quanto queria compartilhar minha nova fé com ele! Quando disse que era salvo, ele me perguntou, "de que?" Achava que me referia salvo ou libertado da polícia. Tratei de explicar, mas ele demonstrou não ter idéia alguma do que estava falando, não entendia o conceito bíblico da salvação.

Mas, o que é a salvação? é uma pergunta importantíssima. Outra é, como se obtém a salvação? Este estudo pretende contestar estas perguntas, e outras relacionadas ao tema da salvação. Faremos uma ênfase especial sobre a aplicação da salvação, ou seja, como a salvação chega ao ser humano. E ao final, investigaremos como alguém pode saber se é salvo ou não. Entretanto, antes de proceder com este estudo específico, é necessário voltar e tocar alguns pontos anteriores como base para este.

A. RESUMO DE TEMAS ANTERIORES

1. Deus é Soberano e SantoAntes de iniciar um estudo acerca da salvação, há de ter como fundamento um

entendimento adequado de quem é Deus. Já temos estudado sobre a pessoa e a obra de Deus o Pai, o Filho, e o Espírito Santo nos estudos anteriores a este.

Primeiramente, o fato de que Deus é soberano estabelece a base de toda a teologia. Que Deus é soberano significa que Ele é o único rei soberano de tudo o que existe porque: "em virtude de sua obra criativa lhe pertencem os céus, a terra, e tudo o que eles contém.

Reveste de plena autoridade os exércitos do céu e os habitantes da terra. Sustenta todas as coisas com sua onipotência e determina a finalidade que cada um está destinado a servir." (Teologia Sistemática, Luis Berkhof; pág. 88) A soberania de Deus é um tema dominante e básico na Bíblia. Desde a criação até a culminação, Deus se manifesta como rei soberano. É difícil escolher textos que afirmem a soberania de Deus, porque são demasiados! Entretanto, tem alguns que abarcam muito em poucas palavras, como: Salmo 115:3:" No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada".Jeremias 32:27: "Eis que eu sou o Senhor, o Deus de todos os viventes; acaso, haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim?"

O que significa a soberania de Deus enquanto a salvação? Fácil, se Deus é soberano sobre tudo, então, é soberano enquanto a salvação também. A salvação de um povo, obviamente um projeto importante para Deus, não é algo fora de seu controle ou alcance. Ele determina a salvação em todos seus aspectos igual como determina todas as outras coisas. Os textos que ensinam esta verdade também são muitos, mas basta mencionar somente dois: João 6:44: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer;e eu o ressuscitarei no ultimo dia".Efésios 1:11: "Nele, digo, no qual fomos feitos também herança, predestinado segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade..."

TAREFAS DA LIÇÃO 1:

Exercício: Leia Salmo 65 (inteiro), e escolha a melhor resposta:1. O que é Deus com relação a criação?a) Criador soberano

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b) Participantec) Criatura

2. (vs. 4) Deus abençoa o homem quando:a) o homem morreb) o homem o aceitac) Deus o escolhe

Em segundo lugar, devemos recordar que Deus é santo, perfeito, e sem contaminação do pecado. Assim, vemos que Deus não suporta o pecado. Não aceita em sua presença. O pecado e Deus são duas coisas irreconciliáveis. Então, se há pecado em algum ser, terá de existir uma separação entre Deus e ele. Habacuque 1:13 diz:" tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar;". Êxodo 34:7 "...De nenhum modo terá por inocente o culpado..."

2. O Ser Humano é PecadorAntes de entender quem é Deus, também devemos ter um entendimento adequado

sobre o pecado e a natureza caída do ser humano. Primeiro, temos que entender que o ser humano é incapaz de salvar-se por si mesmo. Note a afirmação do profeta Jeremias: "Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem a o que caminha o dirigir de seus passos." (10:23).

Isto estabelece a necessidade da salvação e a inabilidade do ser humano de salvar-se a si mesmo ( Refiro ao estudo sobre o tema, E5).

TAREFAS DA LIÇÃO 1:

Leia Gênesis 3:7 e 8 e escolha a melhor resposta:3. Ao reconhecer seu pecado, o homem e a mulhera) buscam a Deus por ajudab) se arrependemc) se escondem de Deus

Leia 1 Coríntios 2:14 e escolha a melhor resposta4. O homem natural não entende:a) a naturezab) as coisas do Espíritoc) o homem

5. O ser humano pode entender as coisas do Espírito só:a) por sua própria contab) quando decidec) por meio do Espírito

Quando entendemos as implicações destas realidades enquanto a salvação, podemos seguir mais a fundo. Principalmente, podemos ver a necessidade da salvação divina. Pois, como Deus é soberano e santo, e o ser humano é limitado e pecaminoso, a única esperança é que Deus tomou a iniciativa. E graças a seu nome, o fez!

B. APRESENTAÇÃO DO TEMA.

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"A Salvação é de Deus" (Salmo 3:8; Jonas 2:9). Deus é o autor da salvação (Hebreus 5:9). Ele começa a obra, e vai terminar (Filipenses 1:13; Hb. 12:2). Veremos através deste estudo, a atuação soberana de Deus enquanto a salvação.

C. DEFINIÇÕES.1) Soteriología: Dentro da teologia sistemática, a soteriología é o estudo da salvação.

Inclui sua origem, sua aplicação, seus resultados, e seu cumprimento.2) A Salvação, em termos bíblicos e teológicos, é a aplicação dos benefícios da obra

redentora de Cristo aos eleitos. Tem a ver com a libertação, ou o resgate, dos que estavam sob o poder do pecado e do diabo. É também a eliminação da ira de Deus por causa dos pecados. Depois da libertação do castigo, há um sentido positivo da salvação: a liberdade, e a vida nova, abundante e eterna. Tudo isto segundo a graça de Deus, que é a que atua para produzir tais resultados.

D. A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO.1. No Antigo TestamentoA idéia da salvação se desenvolve ao longo da Bíblia, começando no Jardim do Édem

(ver Gênesis capítulo 3). Depois de haver pecado, o homem e a mulher caem sob a maldição do pecado, e entram no cenário: a vergonha (v. 7), o medo e o engano (vv.8-10), as reivindicações (vv. 12 y 13). Também recebem o castigo de Deus, as maldições (vv.14-20). Mas neste mesmo contexto encontramos duas referências a salvação de Deus, a primeira é o chamado "protoevangelho" (o primeiro evangelho) do versículo 15 onde Deus diz à serpente: "e porei inimizade entre ti e a mulher, e entre tua semente e a sua semente; esta lhe ferirás a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar."

Nestas frases, Deus promete um salvador para a raça humana, que sairá da mesma. Este vencerá o inimigo ao ferir sua cabeça, ainda que seja ferido no processo. De tal modo vemos Deus garantindo a salvação.

A segunda referência à salvação neste capítulo se encontra no versículo 21: "Fez o Senhor Deus vestimentas de peles para Adão e sua mulher e os vestiu." O que terá isto a ver com a salvação? Alguém perguntaria. Bom, primeiro vemos que Deus atua para aliviar o resultado do pecado, a nudez e a vergonha. Ainda que o alívio seja temporal, vemos Deus preocupando-se de imediato pela necessidade do ser humano em sua condição caída.

Mas algo muito significativo é a maneira como Deus provê: provê peles. Peles de que? Podemos perguntar. Pois, creio que podemos supor que são peles de animais. Então, os animais têm que morrer. Adão e Eva presenciaram o que era provavelmente asprimeiras mortes na criação, o primeiro derramamento de sangue jamais visto. E foi porcausa de seus pecados. E foi para cobrir sua vergonha. Com este ato, Deus estabelece agravidade do pecado, pelo que teriam que morrer estes animais inocentes para cobri-los. Além disso, estabelece que Ele mesmo provê a salvação. Depois deste cenário, vemos no Antigo Testamento uma trajetória da salvação em termos físicos. Isto é, que a salvação toma a forma do resgate, o escape e a libertação de vários inimigos, males, perigos e/ou desastres. Como exemplos, vemos como Noé e sua família escaparam do dilúvio, Ló e os seus fogem de Sodoma, José é liberto da prisão, e Jacó e sua família se salvam de uma grande fome. Talvez o maior exemplo da salvação no A.T. é o Êxodo, com que Deus liberta seu povo escolhido com sua mão poderosa e feitos poderosos. Depois, no período dos juízes e na época dos reis, a salvação do povo de Deus se manifesta nas batalhas, milagres, e o resgate de vários inimigos.

Agora, isto não é dizer que a salvação no A.T. tem somente um componente físico. Já vimos o aspecto espiritual, ou seja, a salvação do pecado no Jardim. Além disso, se vê este mesmo aspecto nas Leis Cerimoniais, com as quais Deus proveu maneiras de cobrir o pecado com rituais, sacrifícios e ofertas. Ambos aspectos da salvação no A.T., o físico e o espiritual,

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nos dirigem para o cumprimento que Deus preparou desde o princípio: a salvação eterna que efetuou Jesus Cristo. As várias libertações e os diferentes escapes, os sacrifícios e holocaustos da lei, apontam para Cristo. São tipos, ou seja símbolos desta salvação. Cada um tem um ensinamento para nós em termos da salvação em Cristo. A libertação do povo no Êxodo, por exemplo, nos ensina sobre nossa libertação da escravidão do pecado. A celebração da Páscoa, com seu sacrifício de um cordeiro sem defeito, aponta ao sacrifício perfeito de Jesus Cristo na cruz. E assim, ao longo do A.T., Deus foi preparando o caminho para a chegada do Messias, o libertador, o Cordeiro perfeito.

2. No Novo Testamento.Já no Novo Testamento, encontramos este cumprimento. Desde o primeiro capítulo de

Mateus, a mensagem divina vem claramente: Mateus 1:21: "...e lhe porás o nome de Jesus porque ele salvará o seu povo dos pecados deles." Jesus veio para efetuar a salvação no sentido mais completo: uma salvação eterna, que liberta seu povo dos efeitos, a maldição, e o castigo do pecado. Ao longo do N.T., nos ensinamentos de Jesus, as mensagens e ministérios dos apóstolos, as epístolas e o Apocalipse, a mensagem central é a salvação do povo de seus pecados.

TAREFAS DA LIÇÃO 1:

6. Em que sentido foram os exemplos da salvação física do Antigo Testamento, uma preparação para a salvação de Jesus Cristo?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

II. A ORDEM DA SALVAÇÃO: O ORDO SALUTIS.

Vemos na Bíblia que há uma ordem, ou seja, uma cronologia na salvação. Está dado de forma clara, ainda que breve, em Romanos 8:29 e 30: "Porquanto aos que antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou;e aos que chamou, a esses também justificou;e aos que justificou, a esses também glorificou".

A "Ordo Salutis" (frase latina que significa: Ordem da salvação) não é uma ordem cronológica fixa no sentido absoluto em todos seus elementos senão, uma ordem geral. Isto é, todos os pontos não são consecutivamente fixos um traz outro. Ainda que haja alguns pontos que lógica e biblicamente vem em certa ordem, há também variações no entendimento e na aplicação. Mas há uma progressão. E a salvação é assim. É um processo que começou na mente de Deus, se concretizou no decreto de Deus da predestinação, se efetuou em Jesus Cristo, é aplicada pelo Espírito Santo, e culmina na eternidade. Quanto a nossa experiência da salvação, há um processo também. Nós somos chamados por Deus. Às vezes de uma maneira inconsciente sentimos este chamado.

Logo, há uma confissão consciente de nossa necessidade espiritual. Passamos por uma experiência de conversão, na que nos arrependemos e nos voltamos a Deus. Então, vivemos uma transformação interna e externa, na qual, com muitas lutas e tribulações, seguimos a Jesus Cristo, perseverando e crescendo até chegar ao fim, quando passamos a glória celestial.

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Esta é a experiência da salvação, em forma breve. Mas para ver com toda a amplitude o que significa a salvação, tanto em termos da experiência prática como em termos teológicos, podemos estudar uma apresentação ampla do "Ordo Salutis", baseada em Romanos 8:29-39 e outros textos. Estudaremos osseguintes elementos:1. O conhecimento de Deus, Rm. 8:29 - "...os que antes conheceu..."2. Predestinação (eleição), Rm. 8:29 - "também os predestinou..."3. Chamamento, Rm.8:30 - "a esses também chamou"4. Regeneração, ou novo nascimento, João 1:13;3:3, etc.- "gerados, ou nascidos de Deus..."5. Conversão, Atos 3:19 - "Portanto, arrependei-vos e convertei-vos..."6. Justificação, Rm. 8:30 - "a esses também justificou;"7. Santificação, Rm. 8:29 - "ser feitos conforme a semelhança de seu Filho..."8. Perseverança, Rm. 8:37-39 - "somos mais que vencedores..."9. Glorificação, Rm. 8:30 - "a esses também glorificou."

Vemos aqui, em ordem, a atividade de Deus em todos os passos da salvação. Vemos isto na gramática: Deus é o sujeito de todas estas frases. Na maioria dos casos, é Deus quem atua só, e o ser humano não tem nenhuma parte. Ainda nos pontos que tem um elemento de atividade humana, como a conversão e a santificação, é Deus quem toma a iniciativa, e o ser humano simplesmente responde.

TAREFAS DA LIÇÃO 1:

7. É o Ordo Salutis uma cronologia fixa ou exata? Sim ou Não_________Por que chamamos "ordem"

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8. Na maioria destes casos, quem é que atua?a) Deus primeiro, e o homem segundob) o homem primeiro, e Deus segundoc) o homem somented) Deus somente

Agora, o resto deste estudo seguirá a ordem que o apóstolo Paulo nos dá em Romanos capítulo 8.

A. O CONHECIMENTO DE DEUS.

Romanos 8:29: "Aos que antes conheceu,também os predestinou."Antes de tudo, existe a onisciência de Deus, o que significa que ele conhece a todos os

seres humanos antes que tenham existência física. Não é que ele somente sabe algo acerca deles, mas ele os conhece pessoalmente de maneira íntima. Este é o significado da palavra "conhecer" na Bíblia. Alguns diriam que isto significa que Deus sabia quem iria crer. Porque, a palavra "conhecer" na Bíblia não significa simplesmente "saber algo acerca de", mas também, "conhecer de maneira íntima", "conhecer de maneira seletiva". Por exemplo, Deus falou sobre seu conhecimento íntimo acerca de seu povo escolhido e de indivíduos:

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Oséias 5:3: "Conheço a Efraim, e Israel não me está oculto..."Salmo 139:1: "Senhor, tu me sondas e me conheces..."

Jesus falou sobre o dia do juízo no qual o Juiz dirá a alguns:Mateus 25:12: "Mas ele respondeu: "Em verdade vos digo que não vos conheço."

Não queria dizer que, "não sei nada sobre vocês..." Mas, que não os conhecia intimamente, porque não faziam parte de seu povo. E para seu próprio povo, Deus diz:Jeremias 29:11: "Eu é que sei que pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor pensamentos de paz e não de mal, para dar o fim que desejais."

E ali entra seu amor: "Nós o amamos a ele, porque Ele nos amou primeiro." (1 João 4:19). É o conhecimento íntimo e amoroso que Deus tem de suas criaturas.

TAREFAS DA LIÇÃO 1:

9. Deus nos escolheua) Quando se deu conta de que íamos crerb) Depois de que Adão e Eva pecaramc) Antes da fundação do mundo

B. A PREDESTINAÇÃO.

Rm. 8:29 "aos que antes conheceu, também os predestinou para que fossemfeitos conformes a imagem de seu Filho, para que Ele seja o primogênito entremuitos irmãos."

Aqui vemos que Deus tomou uma iniciativa para com os que antes conheceu. A estes com que já havia entrado em um conhecimento íntimo, que já havia amado, os predestinou, os escolheu para a salvação.

1. Definição: A Eleição é: "aquele ato eterno de Deus pelo qual, em seu soberano beneplácito, e sem tomar conta nenhum mérito visto de antemão neles, elege certo número de homens para fazê-los recipientes da graça especial e de eterna salvação" (Berkhof, p. 134)

2. A Obra de Deus de Eleição.Na Bíblia, vemos que a atividade divina se sustenta na eleição que Ele faz daqueles

com quem se relaciona. A eleição é um ato divino que foi, "desde antes da fundação do mundo"(Efésios 1:4). Quando vai salvar a raça humana, escolhe Noé. Para estabelecer um povo, Deus escolhe e chama Abraão dos Caldeus. O exemplo do povo de Israel é claro em Deuteronômio 7:6-8: "Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fosseis mais numerosos do qualquer outro povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera a seus pais..." Os profetas são escolhidos e separados por Deus (Samuel, Isaías, etc.). Também os reis do povo são escolhido por Deus (Saul e Davi). Jesus escolhe seus doze. Possivelmente o melhor exemplo é o do apóstolo Paulo, porque Deus o escolheu para a salvação, e o chamou de uma forma muito dramática. A doutrina da predestinação, ou seja da eleição, é ensinada claramente na Bíblia.

3. O Ensinamento Bíblico Sobre a Eleição.a. Palavras Bíblicas- "Eleição",e "Predestinação", com seus derivados e sinônimos quanto a Salvação:1. Hebreu (Antigo Testamento):bahar - escolher, e behir - escolhido)2. Grego(Novo Testamento): a) eklegomai - vem de duas palavras: ek - de, dentre, desde, e lego - (clássico) recolher, juntar. Então, significa recolher desde, ou escolher

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b) eklektoí- escolhidos, eleitosc) eklogué - escolhimento, eleiçãod) prooridzo - Vem de pro - antes, e horidzo - ordenar, determinar, especificar, sinalizar. Então, significa determinar com antecipação, predeterminar, pré-ordenar, predestinar 3. Frequencia: (Novo Testamento)a. eklegomai : 21 ou 22 vezesb. eklektos : 24 vezesc. eklogué : 7 :vezesd. prooridzo : 4 vezes

4. Um Resumo do Tema no Novo Testamento:Quadro A: uma lista de todos os exemplos destas palavras no Novo Testamento quando o contexto é a salvação. (as que são repetidas nos evangelhos sinóticos apresentamos uma só vez):

a. Deus como sujeito, nos quais Ele escolhe o ser humano para salvação1) Escolher/Escolhido/ Eleger/Eleito(há 43)Mateus 22:14; Mateus. 24:22; Mateus. 24:24; Mateus. 24:31; Marcos 13:20; Lucas 6:13; Lucas 10:22; Lucas 18:7; João 6:70; João 13:18; João 15:16 *; João 15:19; Atos 1:2; Atos 9:15 *;Atos 10:41; Atos 22:14; Romanos 8:33; Romanos 9:11; Romanos 11:5; Romanos 11:7;Romanos.11:28; Romanos. 16:13; 1 Coríntios. 1:27; 1 Coríntios. 1:28; Efésios. 1:4 *; Efésios. 1:11; Colossenses. 1:27; Colossenses. 3:12 *; 1 Tessalonicenses. 1:4; 2 Tessalonicensses.2:13 *; 1 Timóteo. 5:21; 2 Timóteo. 2:10; Tito 1:1; Tiago 1:18; Tiago 2:5; 1 Pedro 1:1; 1 Pedro. 1:2; 1 Pedro. 2:9 *; 1 Pedro. 5:13; 2 Pedro.1:10 *; 2 João 1:1; 2 João 1:13; Apocalipse. 17:14; 2)Predestinar/ Predestinado (há 4)Romanos 8:29; Romanos 8:30;Efesios. 1:5; Efésios. 1:11; Total: 47

b. Textos onde o ser humano aparece como sujeito, escolhendo a Deus ou asalvação

1) Escolher/Eleger:Lucas 10:42 - Há um só

2) Predestinar - nenhum(Os textos indicados com asterisco * são os que apresentam os dois lados da eleição: odivino e da responsabilidade humana). Como vemos aqui, nos textos relacionados com a salvação, que contém as palavras eleger, escolher, ou predestinar, predomina a eleição divina com uma diferença de 47 a 1.

5. Além disso entre outras palavras usadas no Novo Testamento para indicar a eleição e predestinação divina, encontramos as seguintes:a)Trair (1) João 6:44b) Ordenados (1) Atos 13:48c) Começar (1) Filipenses 1:6 *d) Abrir (1) Atos 16:14e) Ter (1) Atos 18:10f) Posto (1) 1 Tessalonicenses. 5:9g) Dar (2) João 6:37, 39

Com este estudo breve, vemos claramente que a Bíblia ensina a eleição e predestinação divina.

b. Textos que Ensinam Sobre a Eleição.

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Estudaremos alguns dos textos bíblicos que ensinam a eleição. Leia cada um destes textos, considere o ensinamento sincero e direto sobre a eleição soberana de Deus para asalvação.

1. João 6:35-45. Esta passagem fala da eleição divina em várias maneiras: "todo aquele que o Pai me dá ..."(v. 37) quer dizer que é Deus o Pai que dá os salvos a Cristo; "ninguém pode vir a mim se o Pai não o trouxer..."(v. 44). Há uma só maneira de salvação, e é quando Deus atua para trazer as pessoas a Cristo.

2. Romanos 9:13-16. Deus é soberano na eleição, porque tem o direito de "terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia..."(v.15). Esta misericórdia "não depende de quem quer...ou corre, mas de usar Deus a sua misericórdia."(v. 16). É dizer, que não podemos fazer nada para determinar nossa salvação, pois isto somente o pode fazer Deus.

3. Efésios 1:3-14. Esta passagem é como um hino à glória de Deus pela salvação dos predestinados. Vemos que desde "antes da fundação do mundo" (v. 4), Deus nos tem preparado todas as bençãos que implica a salvação, e tudo é "para louvor de sua glória."(vv. 6, 12, e 14). Paulo indica que o ser eleito não é por algum mérito próprio, mas, "segundo o beneplácito de sua vontade"(v. 5), porque Deus "faz todas as coisas conforme o conselho de sua vontade."(v. 11)

TAREFAS DA LIÇÃO 1:

10. Escreva especificamente o que diz 1 Tessalonicenses 2:13-17 sobre a eleição divina____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c. Textos com Exemplos da Eleição.Na continuação, apresentamos vários exemplos bíblicos da eleição divina para a

salvação. O Antigo Testamento está repleto, mas agora nos concentramos no Novo Testamento.1. João 15:16 - "Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vós e vos designei para que vades e deis fruto,..." Jesus escolheu aos 12 discípulos.2. Atos 9:15 - "Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido..." Paulo é escolhido por Deus de forma direta e individualmente.3.Atos 13:48 - "...e creram todos os que haviam sido destinados para vida eterna."4. Atos 16:14 - "... o Senhor abriu-lhe o coração para atender as suas às coisas que Paulo dizia."5. Atos 18:10 - "... pois tenho muito povo nesta cidade." Deus diz a Paulo de antemão que tem um povo escolhido para a salvação.

d. Símbolos Bíblicos da Eleição.Na Bíblia, Deus nos comunica de formas sinceras, como o uso de exemplos, para que

nós possamos entender conceitos difíceis. Para apresentar a eleição divina, Deus usa símbolos e exemplos. Na continuação apresentamos alguns deles.

1. Gerado e Nascido de Deus (João 1:12, 13; 1 João 3:9, etc). A salvação é como a procriação de uma criança, na qual, a criança não tem a ver com nenhuma parte de seu nascimento. Não decide ser gerado, não decide nascer, tão pouco escolhe seus pais. É algo que lhe acontece, não que ele faz. Assim é igual no espiritual. Somos gerados espiritualmente

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por Deus, que assim como os pais físicos, toma a decisão de atuar, e nascemos de Deus a seu tempo, não no nosso.

2. O Novo Nascimento (João 3:3-7; 1 Pedro 1:23). Este exemplo é similar ao anterior. Agora, Jesus faz a comparação diretamente com o nascimento. Ser salvo é nascer de novo. Dentro desta discussão, Jesus pronuncia o aspecto do mistério da decisão divina: "o vento sopra a onde quer... assim é com todo aquele que é nascido do Espírito" (João 3:8).

3. Adoção (Romanos 8:15-23; 9:4; Gálatas 4:5; Efésios 1:5). Não somos filhos de Deus por natureza. Criaturas, sim, mas filhos não (ver João 8:41-44). Então, o privilégio de ser filhos de Deus se pode comparar com a adoção. Na adoção,quem decide? Os pais,não é verdade?, assim é igual com a salvação. Deus escolhe a quem Ele vai adotar.

4. O oleiro (Isaías 64:8; Jeremias 18:4-6; Lamentações 4:2; Romanos 9:20, 21). Neste exemplo, vemos algo muito conhecido e simples: o trabalho de um oleiro é o de escolher o barro e o destino do barro. Tem todo poder sobre o barro, e o barro não tem direito de reclamar. Assim é na salvação, como o barro nas mãos do oleiro, assim somos nas mãos de Deus, quem nos forma para o destino que Ele determina.

e. As Características da Eleição:1. É uma expressão da soberana vontade de Deus, de sua divina majestade (João 1:13;

Romanos 9:15, 16; Efesios 1:5, 11).2. A eleição é necessária para a salvação por causa da depravação da raça humana.

Como está caída e morta no pecado, a humanidade não pode salvar-se a si mesma, mas que depende de uma ação e ato divino (João 6:44; Jeremías 10:23).

3. O transfundo desta eleição é a graça de Deus. Graça significa favor não merecido (Efesios 1:7-9; 2:8,9; II Timoteo 1:9).

4. Também é incondicional, não depende em nenhuma maneira do recipiente, nem de obras nem mérito, previstos ou previamente conhecidos, mas pelo puro afeto do amor de Deus (1 Pedro 1:2; Tito 3:4,5).

5. É imutável, ou seja, nunca muda. É eterna, desde a eternidade até a eternidade (Romanos 11:29; Tiago 1:17).

6. É irresistível, os verdadeiros eleitos serão salvos sem falhar (Isaías 46:9, 10; João 6:39; Atos 9:5; Romanos 9:19).

7. É justa, porque Deus é justo (Deuteronomio 32:4; Romanos 3:21 e 9:14).

4. Um Conflito Aparente e Um Balance.Muitos diriam que não aceitam a doutrina da eleição, porque é oposta a fé e o

arrependimento. É um conflito que aparentemente não enquadra; mas há uma solução simples..Olhe os dois pontos no seguinte desenho:

A. Eleição B. Fé e Arrependimento DEUS DEUS HHHHH GGGGGescolhe aos seus põem sua fé em Deus JJJJKJJ JJKJJJJ (Os Seres Humanos)

Qual lado representa a verdade, "A" ou "B"?

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Pois, a resposta é que não há que refutar um ponto ou o outro. Porque, ainda que seja aparentemente um conflito, não o é. Os dois lados nos apresentam uma parte da verdade! Desde o ponto de vista de Deus, Ele escolhe. Desde o ponto de vista do ser humano, temos que nos arrepender e ter fé. Claro, como temos estabelecido na Bíblia, Deus tem escolhido os que vão se salvar, mas além disso, Ele também tem designado a forma em que isto iria se cumprir. O evangelho, a fé, e o arrependimento são os MEIOS que Deus tem preparado para a salvação.

Então, alguém pode perguntar, "então, que é o que temos que fazer?". É uma pergunta necessária. E a resposta é fácil: nos corresponde fazer, tudo o que Deus nos mandou, sem por, nem tirar algo. E isto está revelado na Bíblia. Muitos dos versículos que apresentam a eleição, também mencionam o que o ser humano tem que fazer. Vejamos alguns exemplos:

1. Efésios 2:10:a. O que o corresponde a Deus: Ele nos fez e nos tem recriado ("feitura sua", e

"criados em Cristo"); Ele preparou as boas obras de antemão.b. O que corresponde ao ser humano: andar nas boas obras que Deus tem preparado.2. Filipenses 2:12 e 13a. O que corresponde a Deus: Deus produz em nós o desejo de cumprir, e também nos

dá a habilidade de cumprir ("o fazer").b. O que corresponde ao ser humano: ocupar-nos em nossa salvação com temor e

tremor, é dizer, levar a sério, e fazê-lo que devemos fazer.

TAREFAS DA LIÇÃO 1:Exercício. Aponte o que corresponde a Deus, e depois o que nos corresponde a nós,

segundo cada texto.11. Colossenses 3:12: a. O que corresponde a Deus:

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b. O que corresponde ao ser humano:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. 2 Ts. 5:8 e 9: a. O que corresponde a Deus:

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b. O que corresponde ao ser humano:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13. 2 Pedro 1:10: a. O que corresponde a Deus:

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b. O que corresponde ao ser humano:________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. A Reprovação.

Outro ponto que tem causado muita confusão é o da reprovação. A reprovação mesma significa, "dar por mal, falhando a prova, corrupção moral, a falta de santidade na vida." O homem pecaminoso é reprovado, que quer dizer, desqualificado, desaprovado, e refutado porque ele não pode por de pé e passar a prova da santidade. Não é a culpa de Deus. Deus não é a causa do pecado, Ver Ezequiel 18:23; 33:11.3; Romanos 1:28 e 6:23; 1 Corintios 9:27; 2 Corintios 13:5-7.

Ao mesmo tempo temos que reconhecer que há coisas que não podemos entender. Como pode ser que o ser humano é responsável, é dizer, que tem que arrepender, ter fé; mas que é Deus que escolhe? Parece um conflito lógico. Como pode ser que um Deus de amor escolhe alguns para a salvação, sem méritos algum de sua parte (deles), mas a outros não? Entretanto, antes de avaliar este ponto a luz da lógica humana, temos que conhecer o que a Bíblia nos diz de Deus, de sua revelação e de seu plano.

TAREFAS DA LIÇÃO 1:Leia os seguintes textos, e conteste as perguntas:14. Dt. 29:29 a) O que é que corresponde a Deus:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b. E ao Ser Humano:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15. Isaías 55:8,9a) O que corresponde a Deus:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b. Ao Ser Humano:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Objeções a Doutrina da Eleição e suas respectivas Respostas.

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Há muitos cristãos evangélicos que tem sido doutrinados sob a concepção arminiana da colaboração humana na salvação (sinergismo), e que possivelmente nunca tenha escutado a doutrina da pura graça de Deus. A continuar, apresentamos algumas das objeções mais comuns que os irmãos cristãos da linha arminiana fazem da doutrina da eleição. Também apresentamos aqui as respostas a tais objeções.

a. Dizem, "Não é bíblica"Resposta: Mas, estudando os textos acima se vê que a Bíblia ensina a eleição. Há 47textos no Novo Testamento que relacionam a eleição e a predestinação, além de muitosoutros que falam do chamado de Deus para a salvação, entre outras referências. Há pelomenos oito passagens que ensinam a eleição de forma detalhada.

b. Dizem: "Esta doutrina faz Deus injusto,porque dá a pessoas iguais, coisas desiguais, entretanto Atos 10:34 afirma que: "... Deus não faz acepção de pessoas ..."Resposta: No mesmo contexto da eleição, Romanos 9:14 sustém: "Que, diremos pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum" Deus é justo em si mesmo e não pode fazê-lo injusto, ver Ezequiel 18:25; Romanos 11:33. Jacó e Esaú foram vistos por Deus em forma distinta desde antes de nascer (ver Gênesis 25:21-23; Êxodo 33:19 e Romanos 9:10-13).Isto não pode considerar exceção de pessoas, porque a eleição não se sustenta em obras, méritos, em nenhum outro aspecto da pessoa. É por pura graça de Deus, como afirma Efésios 1:5: "Nos predestinou para ele, para adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade". Podemos dizer que o decreto de Deus não é um "ato de justiça", mas de senhorio e soberania (compare Mateus 20:15). Se Deus estende sua graça a uns e a outros não, nada pode obrigá-lo, pois Ele não está sob nenhuma obrigação de estendê-la a ninguém.

c. Dizem: "É cruel que Deus peça que todos se arrependam, coisa que ninguém pode fazer; então não dá oportunidade a todos."Resposta: Por causa do pecado o homem tem perdido sua capacidade de obedecer a Deus, mas isto não é culpa de Deus. Deus não é responsável pela condenação do ser humano (João 3:17,18). O hombre trouxe para si mesmo esta condenação por seus pecados contra Deus.

d. Dizem: "Não é lógico que Deus escolha, mas nós temos que crer, e arrependermos também."

Resposta: Lógico, segundo quem? Parece que é lógico para Deus, porque assim o revelou em sua palavra, a Bíblia.

e. Dizem: "A eleição elimina a necessidade do arrependimento, a obediência, a santificação, e a perseverança na fé."

Reposta: O decreto de Deus da predestinação também estabelece os meios e os recursos. Deus não só ordena o fim, porém além disso provê os recursos ou os meios para alcançar tal fim, em consequência, não se pode fazer uma dissociação dos meios e o fim categoricamente (ver 2 Tesalonicenses 2:13; Ezequiel 36:24-32; Isaías 28:26-29. A obediência, a santificação, e a perseverança na fé, devem considerar se efeitos naturais da eleição, pois estão essencialmente implicados na mesma. O verdadeiro crente vai cumprir com toda obediência, santificação, e perseverança, não para ser escolhido, senão porque é eleito, pois Deus estará com ele, e lhe abrirá o coração (Atos 16:14), e lhe favorecerá o dom da fé (Ef. 2:8,9).

f. Dizem: "A eleição faz com que o cristãos permaneçam no pecado, pois não há motivação para deixá-lo.

Resposta: O Apóstolo Paulo responde a esta objeção, dizendo: "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum . Como viveremos no pecado, nós que para ele morremos?"(Rom. 6:1, 2) e outra vez, "E daí havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum." (6:15)

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g. Dizem: "A doutrina da eleição desaloja todos os motivos para o esforço humano."

Resposta: "Se há pessoas que falam desse modo, se acostumam a fazê-lo como mera desculpa a sua indolência e desobediência." (Berkhof p.126) e, outra vez, é lógico e óbvio que Deus também tinha determinado os meios da eleição. Entre estes meios se encontra o esforço humano.

h. Dizem: "Elimina a necessidade do evangelismo."Resposta: Ao contrário, igual como a fé e o arrependimento, o evangelismo é a forma,

ou o meio que Deus também escolheu para seu plano de salvação. i. Dizem: "É motivo de orgulho para os "eleitos."Resposta: Ao contrário, é motivo de uma maior humildade, porque se entende que, em

vez de ter eu uma parte em minha própria salvação por MINHA obra de fé, ou porque EU escolhi ao Senhor, ao contrario, se reconhece que eu não tive nenhuma parte em minha eleição. Foi uma obra completa de Deus.

Concluindo, vemos que todas as objeções tem suas respostas claras. Não temos que ter medo de falar e ensinar a predestinação e a eleição. Talvez não seria apropriado tratar de evangelizar a uma pessoa não convertida com esta doutrina, mas devemos ensinar na igreja porque é uma doutrina mui proveitosa para o crescimento na fé e a edificação da igreja.

TAREFAS DA LIÇÃO 1:

16. O que o homem natural necessita para perceber e receber a graça salvadora? (veja 1 Cor. 2:14) _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17. Se os salvos são eleitos para a salvação, o que corresponde fazer os eleitos? (Escolha a melhor resposta):a) nadab) tudoc) o que Deus nos manda fazer

18. De onde vem a iniciativa para a fé e o arrependimento?a) de Deusb) de nósc) dos dois

19. Se Deus tem predestinado todos os que serão salvos, porque tem que pregar o evangelho?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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20. Que parte deve ter a doutrina da predestinação na pregação e ensinamento de nossas igrejas?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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LIÇÃO 2

C. O CHAMAMENTO DIVINO

Romanos 8:30 "Aos que predestinou, a estes também chamou" Outra vez, também vemos neste ponto principalmente a iniciativa de Deus. Aos que ele tem determinado salvar, lhes estende, em consequência, um chamado. Podemos se dizer, um duplo chamado.

1. O Chamamento ExternoPrimeiro, há um chamamento externo, isto é, o anúncio do evangelho. Este é o meio

pelo qual Deus tem determinado levar sua salvação aos confins da terra, passagens como Isaías 52:10 e Atos 1:8 demonstram que essa é a vontade de Deus. Este chamado é universal, ou seja, tem que chegar a todos. Todas as nações tem que ouvir a pregação do evangelho (Mateus 28:19; Marcos 16:15), antes que se possa dar por concluída a presente época (Mateus 24:14; 2 Pedro 3:9). Este evangelho é pregado como uma oferta completamente genuína, gratuita, e acessível. É um chamado a crer, a seguir, a obedecer; mas não são todos os que ouvem, os que se conformam a suas condições. Jesus disse em várias ocasiões: "muitos são chamados, mas poucos escolhidos" (Mateus 20:16 e 22:14). "Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação?" (Rom. 10:16). Esta realidade reafirma que "não é pela vontade da carne..., mas de Deus" (João 1:13). Pois, "... não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia" (Rom. 9:16) Então, não há nada que o ser humano tenha que fazer? Que devemos fazer para ser salvos? Resposta: "...Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo ..." (Atos 16:30, 31). O Evangelho supõe um chamamento à fe e ao arrependimento. Exige uma obediência. O ser humano tem a responsabilidade de obedecer ao chamamento. Este chamamento do evangelho não deve ser entendido como algo separado da obra de Deus tendente a salvar a seus escolhidos, mas que é ou método ou meio que Deus tem estabelecido para a salvação de seus escolhidos. Agora, contradiz o chamamento do evangelho a eleição? De nenhuma maneira, mas é um dos meios utilizados por Deus para aplicar a salvação aos escolhidos. O Novo Testamento tem um vocabulário específico para indicar a resposta que deve produzir este chamado, por exemplo: crer, obedecer, responder, arrepender-se, buscar, invocar , converter-se, etc. Contudo, é interessante notar a diferença entre "aceitar" e "receber", vejamos: -Aceitar, significa: "admitir voluntariamente uma coisa." Se usa uma só vez na Bíblia em relação com a salvação, 2 Co. 11:4. -Receber, que aparece pelo menos 31 vezes no Novo Testamento em relação especificamente com a salvação, significa, "tomar o que lhe é dado ou enviado". A diferença é óbvia: a salvação tem que ser aceita quando é dada. Não é que o escolhido tem opção de aceitá-la ou não, segundo sua avaliação ou critério. É como um presente: um está determinado a aceitá-lo quando recebe. Que filho diria a seu pai, que se faz tudo para comprar um presente especial a seu filho, "eu não quero o presente que me deste"? A experiência nos diz que quase sempre recebe. Uma omissão interessante são as palavras, "decidir/decisão" - não aparecem no Novo Testamento. Estas palavras se usam muitissimo no evangelismo hoje em día. Entretanto, devemos ajustar nosso vocabulário ao do Novo Testamento em um aspecto de tanta importância, como o da apresentação do evangelho genuíno. Este é o chamamento externo, através do qual vem a salvação: "A fé vem pela pregação, e a pregação da palavra de Deus." (Rm. 10:17)

Há muitas formas de apresentar o evangelho: a pregação, o contato pessoal, por literatura, através de dramas ou símbolos, e por ações. Também há muitas boas apresentações: A Ponte, Evangelismo Explosivo, O Caminho Real de Romanos, etc. Refiro ao estudo M5 - "Métodos de Evangelismo"

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2. O Chamamento InteriorTambém há um chamamento interior, com o que indeferidamente Deus toca o coração

de seus escolhidos para despertar neles o desejo pelas coisas espirituais. Este chamamento pode ser chamado: "O Chamamento Eficaz", porque, quem o resiste? (Rm. 9:19). Na Bíblia encontramos as palavras "Chamar/ Chamado" neste sentido, no contexto da salvação, tendo Deus como sujeito e ao ser humano como o objeto (é dizer, que Deus chama e o ser humano é o chamado). Aparecem aproximadamente 30 vezes no Novo Testamento.Mateus 9:13; João 10:3; Atos 2:39; Romanos 1:6 e 7; Romanos 8:28; Romanos 8:29; Romanos 8:30; Romanos 9:24; 1 Coríntios. 1:9; 1 Coríntios. 1:24; Gálatas 1:6; Gálatas 1:15; Gálatas 5:8; Gálatas 5:13; Efésios 1:18; Efésios. 4:4; 1 Tessalonicenses. 2:12; 1 Tessalonicenses 4:7; 1 Tessalonicenses 5:24; 2 Tessalonicenses 2:14; 1 Timóteo 6:12; 2 Timóteo 1:9; Hebreus 9:15; Hebreus 11:8; 1 Pedro 2:21; 1 Pedro 3:9; 1 Pedro 5:10; 2 Pedro 1:3; 1 João 3:1; Judas 1.

Em todos estes versículos, podemos ver que Deus chama com o propósito de salvar, e que seu propósito não se frustra. A este chamado é que denominamos "o chamamento eficaz". Nota: Os textos indicados com asterisco * são os que apresentam os dois lados do chamamento: o da obra divina e o da responsabilidade do ser humano de responder.

D. REGENERAÇÃO

João 1:12 e 13 diz: "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feito filhos de Deus a saber, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.."

Há vários símbolos bíblicos que mostram a verdade da regeneração. O texto queescolhemos indica o principal e já mencionado símbolo bíblico da eleição, que é o de ser gerados e nascidos de Deus. É notório o uso bíblico deste conceito, especialmente pelo Apóstolo João, precisamente o texto acima, que se encontra no primeiro capítulo de sua "Mágnum Opus" (maior obra), o Evangelho, estabelece a regeneração como tema central. No capítulo três, Jesus apresenta o fato de ser "nascido de novo" duas vezes, e "nascido do Espírito", duas vezes, entre os versículos 3 e 8, observe: A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos :Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer:Importa é vos nascer de novo. O vento sopra aonde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai, assim é todo que é nascido do Espírito."

Em sua Primeira Epístola geral, João volta a fazer ênfase sobre o nascimento espiritual, principalmente repetindo a frase: "nascido de Deus" (2:29; 3:9; 4:7; 5:1, 4 e 18), em torno de sete vezes. Esta fórmula faz referência a obra de Deus que produz uma mudança drástica e total, e uma posição nova: a de filho de Deus (1 João 3:1 e 2). Outra maneira de apontar esta mesma realidade é como o faz o apóstolo Paulo com os conceitos de "vida nova" e/ou "novo homem", por exemplo: Efésios 4:24: "e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade." e Colossenses 3:10: "E vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;...", Também aponta a mesma idéia ao falar de "a nova criação", por exemplo: 2 Coríntios 5:17: "E, assim, se alguém esta em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram, eis que se fizeram novas." Não podemos esquecer a riqueza do Antigo Testamento, onde lemos a oração de confissão do Rei Davi no Salmo 51:10: "cria em mim, oh Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto."

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Deus responde através de seus profetas com promessas tão ricas e significativas como esta: Ezequiel 11:19 e 20 "Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei de sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus.." Então, somos gerados, nascidos e renascidos por Deus o Espírito Santo, que nos renova e transforma produzindo assim uma mudança em nós. Este é um ato único, "uma vez para sempre", é uma obra criadora do Deus soberano, no qual o ser humano permanece completamente passivo. Vemos isto na frase de João 1:13: "Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.." O novo nascimento não é de sangue, como se fosse uma herança. Não é da vontade da carne, como se nós pudéssemos obtê-lo por meios carnais como nossas emoções, desejos, ou esforços. Tampouco vem através de nossa vontade. Nós não podemos conseguir o privilegio de sermos feitos filhos de Deus com nossos recursos. A única maneira é pela soberana e misericordiosa obra de Deus, ou seja, sua graça.

O nascimento de uma criança é um evento maravilhoso. O chamamos, "o milagre do nascimento". Assim também e, quanto mais é o nascimento espiritual, quando um filho da ira se converte em um filho de Deus. Mas nenhum bebê recém nascido pode viver se não respira, se não responde ao seu novo ambiente. O mesmo podemos dizer da regeneração, uma vez que a nova vida tem sido implantada por Deus, a nova criatura começa a florescer. Agora em uma nova realidade, como filhos nascidos de Deus, vivem o privilégio e também a responsabilidade de refletir a Deus, nosso Pai, com nossas ações, como o indica João, pois, ao ser filho de Deus, refletimos o que Deus é. 1 João 4:7 e 8 "Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus. e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." Paulo escreve sobre as implicações da nova vida: Efésios 2:10: "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas." Somos regenerados por Deus para uma vida transformada, e esta mudança é parte do processo global da salvação.

E. CONVERSÃO

Atos 3:19: "Arrependei-vos, pois, convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor venham tempos de refrigérios e que envie ele o Cristo que já vos foi designado, Jesus."

A conversão significa uma mudança de vida, expressado pela fé e o arrependimento. A verdade é que as palavras conversão e arrependimento são muito parecidas. Ambas indicam a idéia de voltar de um caminho ou mudar de rumo para entrar em outro. Inclui uma mudança de pensamento, respeito ao qual a pessoa dá passos concretos em sua vida. Supõe uma atitude ativa do ser humano.

Então, neste passo, a pessoa é ativa no sentido de que responde a obra de Deus. Como Deus esteve atuando ativamente sobre a Pessoa até agora, agora é a pessoa que demonstra os efeitos da obra divina. Claro, Deus concede e atua ativamente no arrependimento (Atos 11:18 e 2 Tm. 2:25), mas uma verdade também clara na Bíblia é que a pessoa atua conforme e conscientemente. Na Bíblia há muitos exemplos.

Na pregação dos apóstolos, temos excelentes exemplos. Pedro, no texto acima e em outros (Atos 2:38; 8:22), apresenta a fé e o arrependimento, ademais do sinal do batismo, como a essência do evangelho. Paulo também pregou o evangelho doarrependimento. Atos 17:30: "Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica os homens que todos, em toda parte, se arrependam;"

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Como vimos na parte do chamamento externo, o evangelho é o meio através do qual Deus fez chegar sua salvação às pessoas. A pregação do evangelho acompanhada da obra e do poder do Espírito Santo, conduz à salvação. O mistério de quem é escolhido, de quem tem sido ordenado para a vida eterna, a quem foi concedido o arrependimento, não é um fator que nos deve preocupar, o que nos toca é a tarefa da pregação do evangelho. O demais corresponde a Deus, e podemos estar e descansar seguros que Ele vai levar a cabo seu propósito. Quando nós pregamos, os resultados deixamos com Deus. Vemos as pessoas convertendo-se, é porque Deus está fazendo o que a Ele corresponde.

TAREFAS DA LIÇÃO 2:

21. Quais são as diferenças entre a regeneração e a conversão?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

F. A JUSTIFICAÇÃO

Romanos 8:30: "aos que chamou, a esses também justificou."A justificação é um termo forense que significa que Deus nos declara inocente pelo

sangue de Cristo. Há dois elementos na justificação, o primeiro é que Deus nos perdoa de todos os nossos pecados, e o segundo é que nos aplica a justiça de Jesus. Vemos as duas partes em textos como os seguintes: Zacarias 3:4: "Tomou este a palavra e disse aos que estavam diante dele: Tirai-lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feto que passa de ti a tua iniqüidade e te vestirei de finos trajes.." Atos 26:18: "...a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim."

1. A Remissão dos PecadosEste primeiro elemento da justificação é tão importante devido a situação da natureza

caída do ser humano, a qual fizemos referencia na introdução. O pecado que nos mancha tem que ser limpo. A corrupção carnal e espiritual tem que ser destruída. O que se encontra espiritualmente morto, tem que ser ressuscitado.

No antigo pacto, o sangue dos sacrificios de animais inocentes demonstrava a gravidade do pecado: Hebreus 9:22: "Com efeito quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue não há remissão." Em Jesús Cristo, a lei encontra seu cumprimento definitivo: Colossenses 1:14: "No qual temos a redenção, a remissão dos pecados."

Se a eleição é a chave da salvação na eternidade, a morte de Jesus na cruz é o fato chave da salvação dentro da história. A morte de Jesus, o cordeirode Deus, é a obra de Deus que sela a salvação. O sangue de um substituto pode cobrir a culpa de outro, somente se cumprir com duas condições:

1. O substituto tem que ser livre de culpa para não ter que pagar por sua própria culpa; e

2. O substituto tem que ocupar o posto do culpado, isto é, tem que ser semelhante ao culpado.

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Jesus Cristo preenche estes dois requisitos, porque ele é Deus e sem culpa, e ele é homem, então pode estar em nosso lugar. Esta obra de salvação é a obra de Deus, feita uma vez para sempre. É a base da redenção do mundo.

O tema do perdão dos pecados é muito importante para a salvação, pois, sem o perdão dos pecados, não poderíamos estar em paz com Deus. Mas também é importante ver o alcance da remissão dos pecados: para os justificados, é um perdão total. Todos os pecados passados, presentes, e futuros são perdoados. Se vê isto no fato de que a justificação é uma vez para sempre. É definitiva, nunca parcial nem rescindível. Vemos isto em textos tais como: Salmo 85:2; Jeremias 31:34; Romanos 8:1; Colossenses 2:13 e Hebreus10:14. Este é o verdadeiro consolo para nossa alma, saber que nossos pecados são perdoados.

2. A Aplicação da Justiça de Jesus Cristo. O segundo elemento da justificação é de igual importância para nossa salvação e paz com Deus: é o ato com o que Deus não aplica a justiça de Jesús Cristo. O termo jurídico é "imputação". Isto é, que se nos põe ou atribui algo que não nos corresponde; mas que se converte em algo nosso por imputação. Da mesma forma que Cristo se fez "maldição" por nós (Gálatas 3:13), nós chegamos a ser justos diante de Deus por meio de Jesús Cristo. Paulo parece que tinha em mente a idéia da imputação quando expressou as palavras da seguinte passagem: Gálatas 3:27: "porque todos quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes."

A justiça de Jesús Cristo nos cobre como uma roupa, e luzimos tudo o que ele é. Quando Deus nos olha, vê a justiça de Cristo. E assim somos feitos aceitáveis ante Deus (ver Efésios 1:6: "Deus nos faz aceitos em Cristo"). Esta imputação tem sua base na perspectiva legal e justa de Deus. Paulo explica assim: Romanos 5:18: "Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para justificação que dá vida." Vemos que a aplicação do pecado de Adão sobre toda a humanidade foi um assunto legal na justiça de Deus. Adão foi nosso representante, e então, todos sofremos as conseqüências. Mas a graça e o amor de Deus se ressaltam, porque Deus usou a mesma fórmula para aplicar-nos a justiça.

É interessante ver que Paulo não quer confusão sobre este ponto e o repita em diferentes formas em quase cada versículo entre Romanos 5:15 até o 21. Por exemplo, diz no versículo 19, que "pela obediência de um, muitos serãoconstituídos justos". Assim não fica dúvida de que a justiça de Deus se aplica aos que cremos.

TAREFAS DA LIÇÃO 2:

22. A justificação é um termo ________________ que significa que Deus nos declara__________________ pela ______________ de Cristo.

23. Quais são os dois elementos da justificação?1.___________________________________________________________________________________________________________________________________________2.___________________________________________________________________________________________________________________________________________

G. SANTIFICAÇÃO

Rm. 8:29: "para que fossem feitos conformes a imagem de seu Filho..."

1. Definição

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A palavra "santificação", igual que "santidade", vem da raíz, "santificar", da qual também vem a palavra "santo", que significa, "apartado para uso especial". As referências bíblicas destas palavras são muito numerosas, e muito conhecidas, como por exemplo: Levítico 11:44: "...e sereis santo, porque eu sou santo." Hebreus 12:14: "...e a santificação, sem a qualninguém verá o Senhor."A santificação é o processo de transformação e perfeição que começa com a conversão, e continua ao longo da vida cristã. Um texto em particular que ilumina esta verdade é 2 Pedro 1:5-8: "Por isso mesmo, v;os reunido toda a vossa diligencia, associai com a vossa fé a virtude; com virtude, o conhecimento; com o conhecimento o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo."

Mas também a santificação é uma obra divina que Deus efetua em nossa vida por sua graça. E é parte do propósito de nossa salvação: ser feitos conforme a imagem de Jesús Cristo.

2. A Santificação como VitóriaPodemos dizer que a santificação é uma declaração de vitória, como diz Romanos

8:37: "...somos mais que vencedores..." É uma declaração de libertação: Romanos 6:14: "Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça." Paulo não está simplesmente dando uma exortação. Está fazendo uma declaração enfática no sentido de que o pecado não exercerá domínio sobre aquele que esteja sob a graça. O Espírito Santo é o agente controlador e diretor em qualquer pessoa regenerada. Daqui o princípio fundamental: o caráter dominante de cada pessoa regenerada é a santidade e se deleita na lei do Senhor segundo o homem interior (1 Co. 2:14 e 15; Rm. 7:22).

Este deve ser o sentido em que João fala da pessoa regenerada como não praticando o pecado e como não podendo pecar (1 João 3:9; 5:18). Não se trata de que seja sem pecado (ver 1 João 1:8; 2:1). Tocante a esta liberdade do domínio do pecado, se deve também reconhecer que esta vitória sobre o poder do pecado não se tem mediante nossos esforços. Tem-se de uma vez por todas por nossa união com Cristo e a graça regeneradora do Espírito Santo. Esta vitória é a possessão de todo aquele que é nascido de novo e que é chamado eficazmente. A união com Cristo é uma união com ele na eficácia de sua morte e na virtude de sua ressurreição. Aquele que assim morreu e ressuscitou com Cristo fica liberto do pecado, e o pecado não tem domínio sobre ele.

3. A Santificação como Batalha

A vitória tem sido ganha. Mas às vezes, a batalha continua em nossas vidas. É como quase todas as guerras na história: chegava o tempo em que um lado havia ganho a vantagem de tal maneira que o fim era claramente visível; mas as batalhas continuavam, porque o inimigo não queria crer que ia perder. Tinha que pelejar até derrotar as últimas forças que pelejavam. Pois, além de ser uma declaração de vitória, a santificação é uma declaração de guerra, contra a carne, o mundo, e o diabo. A vitória não elimina todo pecado do coração e da vida do crente. Segue estando o pecado que mora no crente, como vemos em Rm. 6:20; 7:14- 25; e 1 João 1:8; 2:1). O crente não está ainda tão amoldado a imagem de Cristo, para que seja considerado santo em todo o sentido da palavra, inocente, sem contaminação e separado do pecado. A santificação tem precisamente este objeto, a eliminação de todo pecado e a

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completa conformação a imagem do Filho de Deus, para que sejamos santos, como o Senhor é santo.

Ainda que o pecado permanece, não por ele deve exercer o domínio. Há uma grande diferença entre dizer que o pecado sobrevive e que o pecado reine. Uma coisa é que o pecado viva em nós; outra que nós vivemos no pecado. Uma coisa é que o inimigo ocupe a capital; outra que um remanescente de seu exército derrotado persiga as guarnições do reino.

É necessário recordar que em uma última análise, nós não nos santificamos a nós mesmos. É Deus que nos santifica (1 Ts. 5:23). De maneira pois, que é o Espírito Santo o agente da santificação. Mas, para Ele poder atuar, é imperativo que nos demos conta de nossa total dependência do Espírito Santo. Naturalmente, nossa atividade está totalmente entregue por completo no processo da santificação. Mas não devemos confiar em nossa própria intensidade de resolução nem propósito. Porque quando somosfracos é que somos fortes.

3. Os Meios da SantificaçãoEnquanto que dependemos constantemente da atividade sobrenatural do Espírito

Santo, devemos ter em conta também que a santificação é um processo que atrai dentro de seu âmbito a vida consciente do crente. Os santificados não são passivos nem inativos n processo. Nenhuma passagem mostra isto com maior clareza que a exortação do apóstolo Paulo em Filipenses 2:12 e 13: "desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor, porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer quanto o realizar, segundo a sua boa vontade".

Vemos aqui uma relação entre nossa atividade e a obra de Deus na santificação, ou seja, o "desenvolvimento da nossa salvação". Mas não é uma relação estritamente de cooperação, como se Deus fizesse sua parte e nós fizéssemos a nossa, a maneira de que a conjunção ou coordenação de ambas produzisse o resultado desejado. Ao contrário, Deus obra em nós, e por isso, nós também obramos.

Deus nos tem dado meios, como ferramentas, para a santificação. Para manter a metáfora bélica, podemos recorrer a conhecida passagem em Efésios 6:10-18. Leia e recorde todas as maneiras em que o Senhor tem provido por nossa santificação.

Cada elemento da armadura é um dos meios por e com os quais pelejamos a boa batalha espiritual, e com os quais avançamos na santificação.

4. O Objetivo da Santificação: ser conforme a imagem de Jesus Cristo. As exortações a ação das que está contida nas Escrituras são todas com o propósito de recordar-nos que todo nosso ser está intensamente ativo neste processo que tem como sua meta o propósito predeterminante de Deus de que sejamos modelados conforme a imagem de seu Filho (Rm. 8: 29; Efésios 4:12-16; Filipenses 1:9-11). Vemos em 2 Coríntios 3:18, que: "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito."

Daí que afirmemos que a obra santificadora do Espírito consiste em umaconformação progressiva a imagem de Cristo: "de glória em glória".

TAREFAS DA LIÇÃO 2:

24. Quem é o que santifica?___________________________________________________________________________

25. Qual é a meta da santificação?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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H. PERSEVERANÇA

Volte a ler Romanos 8:32-39. Este texto nos diz mais que talvez qualquer outro texto da Bíblia. Tão claro e poderoso é seu argumento contra o temor e a insegurança espiritual. Deus está conosco, Ele nos ama. Ninguém nem nada podem contra nós; ninguém nos pode acusar; ninguém nem nada nos pode separar dEle. Não pode ser mais claro. NINGUÉM, NADA. Nem o diabo, nem nós mesmos podemos nos separar do amor de Deus, e Ponto.

1. Definição: A perseverança é o processo de manter-se firme até o fim. Podemos chamar "A Segurança da Salvação", ou, "A Perseverança dos Santos". Simplesmente significa que todos os que são verdadeiramente salvos perseveraram até o fim, e não podem perder sua salvação nem perecer eternamente.

2. A Base da SegurançaA base da segurança da salvação é a obra de Deus na salvação. O ponto básico é que a

salvação NÃO depende do que nós fazemos, senão que depende do que DEUS tem feito por nós.

a) Ele nos ESCOLHEU e PREDESTINOU.b) Deus nos chamou e amou PRIMEIRO; é

dizer, Ele começou a obra.26. Leia estes dois versículos, Filipenses 1:6 e Hebreus 12:2, e conteste a pergunta: De

quem depende a salvação?c) Ele nos justificou, nos FEZ justos, santos, sem mancha, sem pecado em seus olhos

(ver 2 Co. 5:18-21 e Romanos 8:1 "Não há condenação").d) Ele nos adotou como filhos como rejeitará seus filhos de novo? Ver 1 João 3:1 e

Rm. 8:15. Podemos ver a atitude de Deus na famosa parábola de filho pródigo (Lucas 15:11-32). Talvez seria melhor chamar esta parábola: "O Pai Paciente", porque este é o personagem principal do cenário. Ele espera pacientemente, pela volta do seu filho pródigo. E quando este volta, o pai o recebe com gozo, amor, e perdão. Assim é Deus para com os seus filhos.

Outra figura de Deus é a do bom pastor. Neste mesmo capítulo de Lucas 15, encontramos outro exemplo da atitude divina: "Que dentre vós, tendo cem ovelhas, se perde uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás da que se perdeu, até encontrá-la?"(v. 4). Quanto mais nosso Deus, o bom Pastor? Consideremos esta frase breve de Hebreus 13:5: "não te desampararei, nem te deixarei" (é uma citação do textos semelhantes em Deuteronômio 31:6; Josué 1:5 e 1 Crônicas 28:20). Deus promete que nunca vai abandonar aos seus. Mas o texto gramatical é muito mais rico e extraordinário que o espanhol indica. No texto original, ou seja, no grego, a estrutura é algo que se pode chamar "o negativo absoluto". Isto é porque aparecem cinco negativos só nesta curta frase. Seria difícil traduzi-lo literalmente, mas se fosse possível, seria algo como o seguinte: "Não, eu não te deixarei ir; não, tampouco, te desampararei por nenhum motivo."

O que Deus está dizendo é que nunca permitirá que os seus se percam; nem por eles mesmos, nem por Ele mesmo, nem por nenhum outro motivo. É uma promessa fiel. NUNCA, JAMAIS nos deixará perder.

3. A Promessa da Segurança: A Vida Eterna. "Eterna" significa algo que nunca terminará. João 3:36 diz: "O que crê no Filho tem vida eterna..." Se já temos esta vida eterna, não é possível perdê-la! Segundo o que lemos em 1 João 5:13, alguém pode saber que tem vida eterna. Então, se cremos em Jesus Cristo para nossa salvação, podemos estar seguros da vida eterna.

4. O Selo da Segurança: O Espírito Santo.Deus nos selou com o Espírito Santo. Quando Jesus prometeu em Mateus 28:20 estar conosco até o fim do mundo, não era fisicamente que ia estar. Ao contrário, em poucos dias, se foi! Mas, temos a presença divina com o Espírito Santo. Em João 14:16, lemos que o Espírito

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Santo está SEMPRE conosco. Em 2 Coríntios 5:5, Paulo nos explica que Deus nos deu o penhor do Espírito. Paulo nos diz que o Espírito Santo nos é uma prova, ou uma confirmação de nossa adoção: Romanos 8:15 e 16 diz: "...mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual chamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus."

5. A Proteção da Segurança: Deus nos cuida. Temos muitas promessas da proteção divina na Bíblia. Por exemplo, o Salmo 91 declara a proteção de Deus sobre os seus.

Esta proteção não é só temporal, mas espiritual e eterna. Veja os versículos 5 e 13, não temos que temer ao que dá medo da noite. Temos medo da escuridão, porque não vemos nada. É um temor do desconhecido. Pode ser um medo dos demônios, do diabo. O 13 refere ao leão, a serpente e o dragão. São figuras do diabo. Também pode ser medo da mesma morte. Mas não a temos que temer, porque Deus nos liberta deste temor com uma segurança espiritual e eterna. Se sabemos que em Cristo somos mais que vencedores, que temos a vida eterna, não temos que ter medo nem do diabo nem da morte! É um consolo de verdade!

A proteção de Deus se descreve também em João 10:27-29, a saber: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará das minhas mãos. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém ode arrebatar."Esta passagem diz que Jesus dá vida eterna a suas ovelhas, e que elas não perecerão jamais. Claro que não, se tem vida eterna. E agora, vemos duas vezes que estamos nas mãos de Deus. Primeiramente, Jesus diz que estamos nas suas próprias mãos. Logo, diz que estamos nas mãos do Pai. NINGUÉM pode arrebatar-nos de suas mãos!

A proteção divina inclui a proteção do pecado. Em 1 Coríntios 10:13, lemos que Deus nunca nos permitirá que sejamos tentados além do que podemos resistir. Deus está no controle, por mais das tentações que sofremos! Ele nos conhece tão bem que sabe o que podemos e o que não podemos resistir, e sempre nos protege. Romanos 8:28 tem uma promessa similar: "E sabemos que Deus faz que todas as coisas cooperam para o bem daqueles os que o amam, isto é, aos que são chamados conforme seu propósito." Deus não permitirá que nada nos tire nossa salvação, ao contrário, segue trabalhando para nosso bem. Mas, se por acaso somos enganados, como é que Jesus e os apóstolos nos advertem tanto? Pois, Jesus mesmo contesta isto em Mateus 24:24: "Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos."

Sim, há muito perigo de ser enganado. Mas não para perder a salvação. Note como Jesus diz: "enganar, SE POSSÍVEL, os próprios." Em outras palavras, NÃO É POSSÍVEL.

6. Objeções a Doutrina da Segurança da Salvação e suas Respectivas Respostas

Há alguns cristãos que não crêem na segurança da salvação, e tem algumas objeções comuns que devemos contestar.

a) Dizem: "O cristão não vigia ou persevera se é salvo"Resposta: Ao contrário, o verdadeiro cristão vigia e persevera PORQUE é salvo.b) Dizem: "O cristão peca, porque crê que não há conseqüência".Resposta: Mas, o verdadeiro cristão odeia o pecado e luta contra.c) Dizem: "Há muitos que desejam a igreja", como diz 2 Tm. 3:1-9; Rm. 9:6 e Mt.

7:21-23.Resposta: Há somente duas possibilidades:1) É cristão e a volta a Deus (como o fez Pedro), ou2) Não é cristão, nem nunca foi. Foi um falso (como Judas).d) Dizem: "Se alguém comete o 'pecado imperdoável', já não será salvo. '" ver Hb. 6:4-

6 e 10:26; Mt. 12:31.

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Resposta: O pecado imperdoável é o refutar do evangelho, e o que o faz não se salvará, porque refutou o único caminho.

TAREFAS DA LIÇÃO 2.27. É possível à alguém ter a certeza de que é um eleito?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Como?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

I. GLORIFICAÇÃO

Rm. 8:30 "...aos que justificou, a esses também glorificou."Esta é, obviamente, a última etapa na ordem. Culmina o processo no estado eterno. É o

aspecto futuro da salvação, no qual toda a obra que Deus começou com os que Ele "escolheu antes da fundação do mundo"(Ef. 1:4), e que Ele ia desenvolvendo por todos os passos que temos estudado aqui, se cumpre em uma gloriosa eternidade.

Quando será esta glorificação? Bom, sem entrar em uma discussão longa sobre a escatologia (o estudo das últimas coisas), podemos dizer que será depois da morte, e no final desta época. É interessante que Paulo o diz como se fosse um fato: diz no texto, "glorificou", verbo no tempo passado. Em um sentido, já é um fato. Deus o reservou, preparou e conservou este estado glorioso para todos os seus. Isto vem da predestinação e a segurança da salvação. Enquanto a eternidade, tudo está feito.

Mas enquanto a vida temporal, há passos todavia que tem que se cumprir. Todo ser humano tem que morrer fisicamente, mas sua alma não morre definitivamente. A Bíblia estabelece isto claramente, por exemplo:

Eclesiastes 12:7: "...e o pó volte a terra, como era, e o espírito volte a Deus que o deu."

João 11:23-26: "Declarou-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir. Eu sei, replicou Marta, que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo que vive e crê em mim não morrerá, eternamente.

Depois da morte, cada pessoa passa ao estado espiritual.Hebreus 9:27: "...está ordenado aos homens morrerem uma só vez , vindo, depois

disto o juízo."

Este juízo separará as ovelhas dos cabritos (leia Mateus 25:31-46). Os cabritos irão ao castigo eterno, mas as ovelhas receberão a recepção:

"Vinde, benditos de meu Pai, entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo."(v. 34)

Mas não é somente um estado etéreo, como muitas almas voando por ali e por lá. Senão, que fará uma ressurreição corporal, mas com um corpo glorificado.

Todo o capítulo 15 da primeira epístola aos Coríntios fala desta realidade:

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"...a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que o corpo mortal se re vista de imortalidade." (vv. 52 e 53)

Esta é a "esperança viva" (1 Pd. 1:3) de cada crente; este será o estado da glorificação de todo crente. Em outro sentido, não sabemos nem podemos saber tudo o significa este estado glorificado.

1 Co. 2:9 diz: "Mas como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração humano, o que Deus tem preparado para os que o amam."

A glorificação será algo incomparável com nossa experiência agora.2 Co. 4: 17 diz: "Porque nossa momentânea e leve tribulação produz para nós um

eterno peso de glória mais que incomparável;" Romanos 8:18 diz: "Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós."

O que sabemos é que será uma criação completamente renovada e transformada:Atos 3:21: "... a restauração de todas as coisas." 2 Pd. 3:13: "...novos céus e nova

terra onde mora a justiça".Algumas das características que a Bíblia revela são:a. Veremos a Deus (Mateus 5:8; Jó 19:26; Ap. 21:3)b. Não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem choro, nem dor (Ap. 21:4, Is.

65:25)c. Não entrará nenhuma coisa imunda, nem maldade (Ap. 21:27; 22:3)d. Toda a criação será renovada e glorificada (Rm. 8:21; Cl. 1:20)e. Haverá recompensa segunda as obras (Mt. 16:27; Lc. 6:23; 1 Co. 3:14)

A Igreja será glorificada, vestida como uma noiva para seu noivo, de linho fino (Ap. 19:8), de roupas brancas (7:9).

Seremos manifestos, semelhantes a Ele: 1 João 3:2: "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, Quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-lo tal como ele é." Muitos cristãos hoje em dia querem apropriar-se na vida presente de algo do estado glorificado. Querem experiências de glória, e as buscam como objetivo de sua vida cristã. Se pode identificar uma "teologia de glória" em muitos movimentos evangélicos, particularmente entre os pentecostais e carismáticos. Mas a Bíblia diz que aquele estado é futuro, não presente. A vida cristã do presente deve ser uma da teologia da cruz, não da glória. Vem a da glória, mas depois de passarmos pela cruz. Cuidado com o tipo de cristianismo que se ocupa principalmente em buscar experiências de glória aqui nesta vida. O que devemos buscar é a cruz de Cristo, e carregá-la.

TAREFAS DA LIÇÃO 2.28. Por que não devemos nos ocupar em buscar a "teologia da glória" aqui nesta

vida presente?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

III. CONCLUSÃO

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Este estudo tratou de cobrir o tema da salvação. É um tema amplo e muito central de toda a Bíblia, e que merece estudo cuidadoso e exaustivo. Mas, o mais importante é que é um tema que cada um de nós devemos considerar muito claramente para assegurar de que estamos dentro deste povo escolhido e selado. A única maneira é a través das provas que Deus mesmo provê. Por exemplo, como temos lido anteriormente, a primeira epístola de João tem este propósito: "para que saibais que tem a vida eterna"(5:13).

Alem do mais, encontramos esta certeza sob certas provas específicas:a. A Prova de Fé Primeiro, tem que examinar nossa crença. Se temos fé em Cristo

para a salvação, como é a única condição de salvação que a Bíblia estabelece, então, já passamos a prova. Claro, há de ter uma fé autêntica, e fé na verdade. João estabelece que temos que ter uma teologia correta, nos versículos como:

1 João 2:21: "Não vos escrevi porque não saibais a verdade, antes, porque a sabeis e porque mentira alguma procede da verdade. Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo: o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai. Aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai."

Então a primeira prova é, examinar-se se verdadeiramente tem crido em Cristo para salvação, segundo o que diz a Bíblia.

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LIÇÃO 3: A NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO

A consumação da redenção tem a ver com o que geralmente tem recebido o nome de expiação. Não se pode orientar nenhum tratamento adequado da expiação que não remonte sua fonte ao amor livre e soberano de Deus. Esta perspectiva nos dá o texto mais conhecido da Bíblia: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna" (João. 3:16 ). Aqui temos um ponto fundamental da revelação divina e, portanto, do pensamento humano. Mas, além disso, não podemos nem ousamos ir. Contudo, o ato de que seja um ponto fundamental do pensamento humano não exclui uma adicional caracterização deste amor de Deus. A Escritura nos informa que este amor de Deus do que brota a expiação e do que é a expressão é um amor discriminante. Ninguém se gloria mais neste amor de Deus que o apóstolo Paulo. «Mas Deus prova seu amor para conosco, sendo nós ainda, pecadores» (Rm. 5:8). «Que, diremos pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?» (Rm. 8:31, 32). Mas é o mesmo apóstolo quem nos resume o eterno conselho de Deus que dá o transfundo de tais declarações e que nos define o âmbito dentro do que tem significado e validez. Escreve: «Porquanto, aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos» (Rm. 8:29). E em outro lugar volta talvez ainda mais explícito quando diz: «Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade » (Ef. 1:4, 5). O amor de Deus de onde surge a expiação não é um amor indiscriminado; é um amor que escolhe e predestina. E cabe a Deus estabelecer seu amor invencível e eterno sobre uma incontável multidão é o propósito determinado deste amor que obtém a expiação.

É necessário destacar este conceito de amor soberano. Verdadeiramente Deus é amor. O amor não é algo acidental; não é algo que Deus pode decidir ser ou não ser. E ele é amor, e isso é necessário, inerente e eterno. Do mesmo modo que Deus é espírito, e luz, também é amor. Mas pertencer a mesma essência do amor eletivo reconhecer que não é inerentemente necessário para aquele amor que Deus estabelece que resulte em redenção e adoção sobre uns objetos absolutamente indesejáveis e merecedores do inferno. Foi do beneplácito de sua vontade livre e soberana, um beneplácito emanado das profundidades de sua própria bondade, que escolheu a um povo para que fosse herdeiro de Deus e co-herdeiro juntamente com Cristo.

A razão dele reside inteiramente nele mesmo e procede das decisões que são peculiarmente suas como o «Eu sou o que sou». A expiação não ganha nem constrange o amor de Deus. O amor de Deus constrange a expiação como meio de levar a cabo o determinado propósito do amor. Por isso, se deve considerar como algo estabelecido que o amor de Deus seja a causa ou fonte da expiação. Mas isto não responde a pergunta acerca da razão ou da necessidade. Qual é a razão para que o amor de Deus adotasse tal caminho para levar a cabo seu fim e cumprir seu propósito? Nos vemos obrigados a perguntar: por que o sacrifício do Filho de Deus? Por que o sangue do Senhor da glória? Como pergunta Anselmo de Canterbury: « Por que necessidade e porque razão Deus, que é onipotente, assumiu sobre si mesmo a humilhação e debilidade da natureza humana para sua restauração?» Por que não levou Deus a cabo o propósito de seu amor para com a humanidade pela palavra de seu poder e o fiat de sua vontade? Se dissermos que não podia, não impugnamos seu poder? Se dizemos que podia mas não queria, não impugnamos sua sabedoria? Estas perguntas não são sutilezas escolásticas nem vãs curiosidades. Evadi-las significa perder algo que é fundamental na interpretação da obra redentora de Cristo e perder a visão de algo de sua glória essencial. Por

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que Deus se fez homem? Por que, havendo se feito homem, morreu? Por que, morrendo, foi sua morte a morte maldita da cruz? Esta é a questão da necessidade da expiação.

Entre as respostas dadas a esta pergunta há duas de maior importância. Sendo, o primeiro, a postura conhecida como a necessidade hipotética, e segundo, a postura que podemos chamar como a necessidade absoluta conseguinte. A primeira manteve os homens tão notáveis como Augustinho e Tomás de Aquino. A segunda pode ser considerada como a mais clássica postura protestante.

A postura conhecida como a necessidade hipotética considera que Deus poderia ter perdoado o pecado e salvado seus escolhidos sem expiação nem satisfação -- havia outros meios abertos para Deus, para quem todas as coisas são possíveis. Mas o caminho do sacrifício vicário do Filho de Deus foi o que escolheu Deus em sua graça e soberana sabedoria, porque essa é a maneira em que há maior número de vantagens e na que se exibe a graça de maneira mais maravilhosa. Assim que, ainda que Deus pudesse ter salvo sem expiação, entretanto, em conformidade com seu decreto soberano, o faz assim. Sem derramamento de sangue não há remissão nem salvação. Mas nada há de inerente na natureza de Deus nem na natureza da remissão de pecado que se faz indispensável o derramamento de sangue.

A outra postura é a que chamamos de necessidade absoluta conseguinte. A palavra conseguinte nesta designação marca o ato da vontade ou decreto de Deus de salvar a quem quer que fosse. Salvar os perdidos não era uma necessidade absoluta, e sem pertencer ao beneplácito soberano de Deus. Os termos «necessidade absoluta», contudo, indicam que Deus, havendo escolhido a alguns para vida eterna por seu mero beneplácito, se encontrava sob a necessidade de levar a cabo este propósito por meio do sacrifício de seu próprio Filho, uma necessidade que surgia das perfeições de sua própria natureza. Em uma palavra, ainda que para Deus não fosse inerentemente necessário salvar, porquanto, se havia feito o propósito da salvação, era necessário ter esta salvação por meio de uma satisfação que podia ser alcançada só por meio do sacrifício substitutivo e da redenção adquirida com sangue.

Poderia parecer uma vã especulação e uma presunção fazer uma indagação assim e intentar decidir que é inerentemente necessário para Deus. Além do mais, poderia parecer que se desprende de um texto como o que diz que «sem derramamento de sangue não há remissão de pecados», que o alcance da revelação para nós é essencial o que é fato não temos remissão sem derramamento de sangue, e que estaríamos fora dos limites escriturários se disséssemos o que é indispensável de jure para Deus.

Mas não é presunçoso de nossa parte dizer que certas coisas sejam necessárias ou impossíveis para Deus. Pertence a nossa fé em Deus reconhecer que ele não pode mentir e que não pode negar a si mesmo. Estas divinas «impossibilidades» é sua glória, e que se nos negássemos contar com tais impossibilidades constituiria uma negação da glória e perfeição de Deus.

Na realidade, o que se trata é: A Escritura nos provê com evidências ou considerações sobre cuja base possamos chegar à conclusão de que esta seja uma das coisas impossíveis ou necessárias para Deus, isto é, que lhe seja impossível salvar pecadores sem um sacrifício vicário, e por isso que é essencialmente necessário que a salvação decidida livre e soberanamente devesse ser obtida pelo derramamento de sangue do Senhor da glória? As seguintes considerações escriturarias parecem demandar uma resposta afirmativa. Ao acrescentar estas considerações tem de recordar que devem ser contempladas de maneira coordenada e com efeito cumulativo.

1. Existem umas passagens que criam uma forte presunção em favor desta inferência. Em Hebreus 2:10, 17, por exemplo, considera que foi divinamente apropriado que o Pai, ao trazer muitos filhos a glória, perfeições por meio de padecimentos ao autor da salvação deles, e que lhe convinha ao mesmo Salvador ser feito em todo semelhante a seus

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irmãos. O sentido destas expressões dificilmente fica satisfeito pelo conceito de que era simplesmente ajustado à sabedoria e ao amor de Deus conseguir a salvação desta maneira. Isto é certo, naturalmente, e se mantém em base a postura conhecida como da necessidade hipotética. Mas parece que o que diz nesta passagem vai mais além. A coisa parece ser mais que as exigências do propósito da graça eram tais que os ditados do que é divinamente apropriado exigiam que a salvação se obtivesse por meio de um autor da salvação que fosse feito perfeito por meio de sofrimentos, e que isto envolvia que o autor da salvação fosse feito em todo como seus irmãos. Em outras palavras, somos levados mais além do pensamento do que é consoante com o caráter divino ao pensamento dos atributos divinos que se fizesse necessário que os muitos filhos fossem levados a glória desta maneira concreta. Se este é o caso, então, somos conduzidos ao pensamento de que há uma demanda divina que são satisfeitas pelos sofrimentos do autor da salvação.

2. Há passagens, como João 3:14-16, que sugerem de maneira bem mais decidida que a alternativa ao dom do Filho unigênito de Deus e a que ele fosse levantado sobre a árvore da maldição era a eterna condenação dos perdidos. O perigo eterno aos que estão expostos os perdidos que ficam remediados pela dádiva do filho. Mas dificilmente podemos escapar do pensamento que não há outra alternativa.

3. Passagens como Hebreus 1:1-3; 2:9- 18; 9:9-14: 22-28 ensinam de maneira muito clara que a eficácia da obra de Cristo depende da singular constituição da pessoa de Cristo. Este fato não estabelece por si mesmo o ponto que se trata aqui. Mas as considerações contextuais revelam implicações adicionais. A ênfase nestas passagens descansa na finalidade, perfeição e eficácia transcendente do sacrifício de Cristo. Esta finalidade, perfeição e eficácia são coisas demandadas pela gravidade do pecado, e se a salvação tem de ser obtida, o pecado tem de ser eficazmente quitado. É esta declaração que dá tal força à necessidade declarada em 9:23, no sentido de que tanto as figuras das coisas celestiais deviam ser purificadas com sangue de touros e cabritos, as coisas celestiais deviam ser purificadas com o sangue de nenhum outro que não fosse o Filho. Em outras palavras, declara que se trata de uma necessidade que só pode ficar satisfeita com o sangue de Jesus. Mas o sangue de Jesus é um sangue que tem eficácia e virtude necessárias só por aquele que é o Filho, o resplendor da glória do Pai e a mesma imagem da substância, o qual participou também de carne e sangue, e que por isso pode mediante um sacrifício fazer perfeitos os santificados. Desde logo, não é uma inferência injustificada chegar à conclusão de que o pensamento que aqui se apresenta é que só uma pessoa assim, oferecendo um sacrifício como este, possa confrontar o pecado quitando-o, e obrar tal purificação que assegurasse que os muitos filhos fossem atraídos à glória, ascendendo ao lugar santíssimo da presença divina. E isto é só dizer que o derramamento de sangue de Jesus era necessário para os fins contemplados e obtidos.

Há também outras considerações que possam derivar destas passagens, especialmente Hebreus 9:9-14, 22-28. São as considerações que surgem do ato de que o mesmo sacrifício de Cristo é o grande exemplo em conformidade ao que se modelou aos sacrifícios de Levíticos. E frequentemente pensamos nos sacrifícios levíticos como modelo que dava pauta para o sacrifício de Cristo. E não é imprópria esta direção de pensamento nos sacrifícios levíticos o qual nos provê de categorias em termos das quais devemos interpretar o sacrifício de Cristo, em particular as categorias de expiação, propiciação e reconciliação. Mas esta linha de pensamento não é a que caracteriza Hebreus 9. O pensamento ali é especificamente que os sacrifícios levíticos foram modelados com base na realidade celestiais que eram «figuras das coisas celestiais» (Hb. 9:23).

Por isso, a necessidade das oferendas cruas da economia levítica surgiu do fato de que a realidade segundo a que havia sido modelada era uma oferta crua, a transcendente oferenda crua por meio das que são purificadas as coisas celestiais. A necessidade do derramamento de

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sangue na ordenança levítica é simplesmente uma necessidade que surge da necessidade do derramamento de sangue no reino mais elevado do celestial.

Agora nossa pergunta é: Que classe de necessidade é a que havia no reino celestial? Era meramente hipotética, ou absoluta? As seguintes observações indicarão a resposta.

a) A ênfase do contexto é que a eficácia transcendente do sacrifício de Cristo é demandada pelas exigências que surgem do pecado. E estas exigências não são hipotéticas -são absolutas. A lógica desta ênfase sobre a gravidade intrínseca do pecado e a necessidade de sua remoção não harmoniza com a idéia da necessidade hipotética-a realidade e gravidade do pecado fazem indispensável a expiação efetiva, e isto significa que é absolutamente necessária.

b) A natureza precisa da oferenda sacerdotal de Cristo e a eficácia de seu sacrifício vão vinculadas a constituição de sua pessoa. Se houve necessidade de um sacrifício assim para quitar o pecado, ninguém mais que ele podia oferecer tal sacrifício. E isto leva a necessidade de que fosse esta pessoa a que oferecesse este sacrifício.

c) Nesta passagem, o santuário celestial em relação com o que foi derramado o sangue de Cristo é chamado verdadeiro. O contraste que se implica não é o de verdadeiro em oposição ao falso, ou de real em oposição a fictício. É o celestial em contraste com o terreal, o eterno com o temporal, o completo com o parcial, o definitivo com o provisório, o permanente com o passageiro. Quando pensamos no sacrifício de Cristo como oferecido em relação com coisas que correspondem com esta caracterização — celestial, eterna, completa, final, permanente—, não ;e acaso impossível pensar neste sacrifício como só hipoteticamente necessário no cumprimento o desígnio de Deus de levar muitos filhos a glória? Se o sacrifício de Cristo é só hipoteticamente necessário, então as coisas celestiais em relação com as que tiveram relevância e sentido foram também só hipoteticamente necessárias. E esta é, desde logo, uma hipótese difícil. O resumo desta questão é que se propõe aqui uma necessidade (Hb. 9:23) para o derramamento do sangue de Cristo para remissão dos pecados (vv. 14, 22, 26), e que se trata de uma necessidade sem reservas nem mitigação.

4. A salvação resultante da eleição da graça, com base em qualquer das posturas acerca da necessidade da expiação, é salvação do pecado e para santidade e comunhão com Deus. Mas devemos pensar na salvação assim concebida em termos que sejam compatíveis com a santidade e justiça de Deus, esta salvação deve abarcar não simplesmente o perdão dos pecados, mas também a justificação. E deve ser uma justificação que tenha em conta nossa situação como condenados e culpados. Esta justificação implica a necessidade de uma justiça que seja adequada para nossa situação. Certamente, a graça reina, mas uma graça que reinasse a parte da justiça não só não é real: é inconcebível.

Agora bem, que justiça é equivalente a justificação dos pecadores? A única justiça concebível que dará satisfação as demandas de nossa situação como pecadores e que cumprirá as exigências de uma justificação plena e irrevogável és a justiça de Cristo. Isto implica sua obediência, e por isso sua encarnação, morte e ressurreição. Em uma palavra, a necessidade da expiação és inerente na justificação e essencial para ela. Uma salvação do pecado separada da justificação é algo impossível, e a justificação dos pecadores sem a justiça divina do Redentor é impensável. Dificilmente poderemos esquivar a pertinência da palavra de Paulo: «Porque se houvesse dado uma lei que pudesse vivificar, a justiça dependeria realmente da lei» (Gl. 3:21). O que Paulo está insistindo é que se a justificação pudesse ser obtida por qualquer outro método que o da fé em Cristo, então haveria sido por aquele método.

5. A cruz de Cristo é a suprema demonstração do amor de Deus (Rm. 5:8; 1 Jo. 4:10). O caráter supremo da demonstração reside no enorme preço do sacrifício oferecido. É este custo o que tem Paulo a vista quando escreve: «Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?» (Ro.8:32). O custo do sacrifício nos assegura a grandeza do amor e garante a outorga

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de todos os outros dons da graça. Contudo, temos de perguntar: seria a cruz de Cristo uma exibição suprema do amor se não houvesse necessidade deste custo? Acaso não é certo que a única inferência sobre cuja base se nos possa apresentar a cruz de Cristo como a suprema exibição do amor divino é que as exigências que cobriu demandavam nada menos que o sacrifício do Filho de Deus? Com base nisto podemos compreender o pronunciamento de João: «Nisto está a caridade, não em que nós tenhamos amado a Deus ,mas em que ele nos amou a nós , e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados» (1 Jo. 4:10). Sem isto, ficamos privados dos elementos necessários para fazer-nos inteligível o significado do Calvário e a maravilha de seu supremo amor para conosco, os homens.

6. Finalmente, temos o argumento baseado na justiça vingadora de Deus. O pecado é a contradição de Deus, e ele tem que reagir contra isso com santa indignação. Isto significa que o pecado tem que encontrar-se com o juízo divino (cf Dt. 27:26; Ne. 1:2; Hc. 1:13; Rm. 1:17; 3:21- 26; Gl. 3:10, 13). É esta santidade inviolável da lei de Deus, o ditado imutável da santidade e a imóvel exigência da justiça, o que faz obrigatória a conclusão de que é inconcebível a salvação do pecado sem expiação nem propiciação. É este princípio o que explica o sacrifício do Senhor da glória, a agonia do Getsemani e o desamparo quando estava no madeiro de maldição.

É este principio o que subjuga na grande verdade de que Deus é justo e o justificador de aquele que crê em Jesus. Porque na obra de Cristo ficou plenamente reivindicados os preceitos da santidade e as exigências da justiça. Deus o colocou como propiciação para mostrar sua justiça. Por estas razões, ficamos constrangidos a concluir que a classe de necessidade que sustentam as considerações escrituraria é a que se pode descrever como absoluta ou indispensável. Os proponentes da necessidade hipotética não têm suficientemente em conta as exigências envolvidas na salvação do pecado e para vida eterna; não tem apropriadamente em conta os aspectos da obra de Cristo com respeito a Deus. Se temos em mente a gravidade do pecado e as exigências que surgem da santidade de Deus e que tem de ser satisfeitas na salvação do pecado, então a doutrina da necessidade indispensável nos faz inteligível o Calvário e destaca a incompreensível maravilha tanto do Calvário mesmo como do propósito soberano do amor que se obteve mediante o Calvário. Quanto mais destacamos as inflexíveis demandas da justiça e da santidade, tanto mais maravilhoso se nos aparece o amor de Deus e suas provisões.

PERGUNTAS DO ESTUDO - LIÇÃO 3:

1. Qual é a causa da obra da expiação?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. O que quer dizer “expiação”?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Que perguntas se faria a uma pessoa que questiona a necessidade da morte de Cristo? Por que duvidaria de que esta fosse necessária?

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4. Dê um exemplo de uma situação cotidiana em que possa haver una necessidade hipotética. Logo, defina “necessidade hipotética” em relação com a morte expiatória de Cristo.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Dê um exemplo de uma situação cotidiana em que possa haver uma necessidade absoluta conseguinte. Logo, defina “necessidade absoluta conseguinte” em relação com a morte expiatória de Cristo.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. É presunção dizer que para Deus algumas coisas são impossíveis e/ou necessárias?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Complete a seguinte frase utilizando estas palavras:impossível - necessário – expiação - decidido - sangue“Havendo ____________________salvar os pecadores, era ____________________ a

Deus obter de outra forma que não fosse o derramamento de _____________________ e, portanto, foi absolutamente ____________________________ um sacrifício de ____________________.

8. Quantas considerações diferentes traz o autor para demonstrar que as Escrituras dão pé para dizer que a Deus era impossível salvar os pecadores sem um sacrifício vicário? Formule um curto titulo para cada consideração. Busque que estes títulos comecem todos com a mesma letra ou utilize outra técnica que o ajude a recordá-los.

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9. Escolha as três considerações que lhe pareçam mais contundentes e baseie-se nelas para escrevê-las a um amigo que diz que se Deus quisesse salvar os pecadores sem a morte de Cristo, tinha como fazê-lo._______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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LIÇÃO 4A NATUREZA DA EXPIAÇÃO

Ao tratar acerca da natureza da expiação, é bom, inclusive, tratar de descobrir alguma categoria sob que se possam compreender os vários aspectos dos ensinamentos bíblicos. As categorias mais específicas em cujos termos a Escritura expõe a obra expiatória de Cristo são sacrifício, propiciação, reconciliação e redenção. Mas podemos perguntar com propriedade se não há algum título mais inclusive sob o que se possam agrupar estas categorias mais específicas.

A Escritura contempla a obra de Cristo como uma obra de obediência e emprega com suficiente freqüência este termo, ou o conceito designado pelo mesmo, para justificar a conclusão de que a obediência é genérica e por isso o suficientemente inclusiva como para ser considerada o princípio unificador ou integrador. Deveríamos apreciar com atenção a propriedade desta conclusão quando recordamos que a passagem do Antigo Testamento que por cima de todos delinea a imagem da expiação de Cristo é Isaías 53. Mas perguntamos: em qualidade de que se contempla o personagem sofredor de Isaías 53? Em nenhuma outra que a de servo. É com esta qualidade que se introduz: «Eis que meu servo será elevado» (Is. 52:13). E é nesta qualidade que se colhe o fruto justificador: «o meu servo, o Justo, com seu conhecimento, justificará a muitos» (Is. 53:11). Nosso mesmo Senhor esclarece todas as dúvidas acerca da validez desta interpretação quando nos define o propósito de sua vinda ao mundo em uns termos que comunicam precisamente esta conotação: «Porque eu desci do céu, não para fazer minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou» (Jo. 6:38). E inclusive com referência ao acontecimento culminante e central no cumprimento da redenção, sua morte, ele diz: «Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir.Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi do meu Pai.» (Jo. 10:17, 18). E nada poderia ser, a este efeito, mais explícito que as palavras do apóstolo: «Porque assim como pela desobediência de um homem, muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um, muitos serão constituídos justos» (Rm. 5:19). «Antes, assim mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo tornando-se em semelhança de homens, e, reconhecido em figura humana, assim mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz» (Fl. 2:7, 8; c.f também Gl. 4:4). E a epístola aos Hebreus tem também seu peculiar giro de expressão quando diz que o Filho «aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o autor da salvação eterna para todos os que lhe obedece» (5:8, 9; cf 2:10).

Esta obediência tem sido frequentemente designada como a obediência ativa e passiva. Esta fórmula, quando se interpreta de maneira apropriada, serve ao bom propósito de estabelecer os dois aspectos distintos da obra de obediência de Cristo. Mas é necessário logo de entrada descartar a fórmula de alguns mal-entendidos e más aplicações as que se submete.

a) O termo «obediência passiva» não significa que Cristo fosse passivo em nada do que fez, a vítima involuntária de uma obediência que lhe fosse imposta. É evidente que qualquer conceito desta classe contradiria o conceito de obediência. E se deve manter zelosamente que inclusive em seus sofrimentos e morte nosso Senhor não foi o receptor passivo daquele a que foi sujeitado. Em seus sofrimentos ele foi supremamente ativo, e a morte não lhe sobreveio como sobreveio a outros homens. Suas próprias palavras foram: «Ninguém me tira, mas eu a dou.» Foi obediente até a morte, como nos diz Paulo. E isto não significa que sua obediência se estendera até o umbral da morte, mas que foi obediente até o ponto de entregar seu espírito em morte e de dar sua vida. No exercício de sua vontade consciente e soberana, sabendo que todas as coisas tinham sido cumpridas e que havia chegado o mesmo momento no tempo para o cumprimento deste acontecimento, levou a cabo

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a separação de corpo e espírito, e entregou seu espírito ao Pai. Despediu seu espírito e deu sua vida. Assim, a palavra «passiva» não deveria interpretar-se como significando uma pura passividade em nada do que entrasse no campo de sua obediência. Os sofrimentos que suportou, sofrimentos que alcançaram seu ponto culminante em sua morte no madeiro maldito, constituíram uma parte integral de sua obediência e foram sofridos em prossecução da obra que havia sido dada para que a cumprisse.

b) Tampouco devemos supor que podemos assinar certas fases ou ações da vida do nosso Senhor na terra a obediência ativa, e certas fases e ações a obediência passiva. A distinção entre obediência ativa e passiva não é uma distinção de períodos. É a obra íntegra de obediência do Senhor, em todas suas fases e períodos, que se descreve como ativa e passiva, e devemos evitar o erro de pensar que a obediência ativa tem que ver com a obediência de sua vida, e a passiva com a obediência de seu sofrimento final e morte.

O verdadeiro uso e propósito da fórmula é enfatizar os dois distintos aspectos da obediência vicária de nosso Senhor. A verdade expressada repousa sobre o reconhecimento de que a lei de Deus tem as vezes sanções penais e demandas positivas. Exige não só o pleno cumprimento de seus preceitos, mas também a imposição da pena por todas as infrações e não-cumprimentos. É esta dupla exigência da lei de Deus a que se tem em conta quando se fala da obediência ativa e passiva de Cristo. Cristo como vicário de seu povo ficou sob a maldição e condenação devida ao pecado, e também cumpriu a lei de Deus em todas suas demandas positivas. Em outras palavras, afrontou a culpa do pecado e cumpriu a perfeição as demandas da justiça. Deu plena satisfação tanto as demandas penais como preceptivas da lei de Deus. A obediência passiva se refere ao primeiro, e a obediência ativa ao último. A obediência de Cristo foi vicária em levar todo o juízo de Deus sobre o pecado, e foi vicária no pleno cumprimento das demandas da justiça. Sua obediência vem ser a base da remissão do pecado e da justificação presente.

Não devemos contemplar esta obediência em nenhum sentido artificial nem mecânico. Ao falar da obediência de Cristo no temos de pensar que consistisse em um simples cumprimento formal dos mandamentos de Deus. O que a obediência de Cristo envolveu para ele é talvez expressado da forma mais notável na passagem de Hebreus 2:10-1 8; 5:8-10, onde nos diz que Jesus «aprendeu a obediência pelos seus sofrimentos», que foi feito perfeito, e que «tendo sido aperfeiçoado, veio ser fonte de salvação eterna todos os que o obedecem».

Quando examinamos estas passagens, se fazem evidentes as seguintes lições: 1)Não foi pela mera encarnação que Cristo obrou nossa salvação e assegurou nossa

redenção. 2) Não foi pela mera morte que se obteve a salvação. 3) Não foi simplesmente pela morte na cruz que Jesus veio ser o autor da salvação. 4) A morte na cruz, como exigência culminante do preço da redenção, foi levada a

cabo como o supremo ato de obediência; não foi uma morte infligida sem remédio, mas morte sobre a cruz, obrada voluntariamente e em obediência.

Quando falamos de obediência estamos pensando não só em atos formais de execução, mas também na disposição, vontade, determinação e volicion que subyacen neles e se registram nestes atos formais. E quando falamos da morte do nosso Senhor na cruz como ato supremo de sua obediência, pensamos não meramente na ação patente de morrer no madeiro, mas também na disposição, vontade e volición determinada que subyacía naquele fato patente. E além disso, nos vemos precisados a fazer esta pergunta: de onde derivou nosso Senhor a disposição e santa determinação para entregar sua vida em morte como o ato supremo de sacrifício de si mesmo e obediencia? Vemos-nos obrigados a fazer esta pergunta porque foi na natureza humana que ele deu esta obediência e entregou sua vida na morte.

E estes textos na epístola aos Hebreus confirmam não só a idoneidade mas também a necessidade desta pergunta. Porque nestes textos nos informa de maneira clara que ele

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aprendeu a obediência, e que aprendeu esta obediência pelo que padeceu. Era necessário que fosse aperfeiçoado por meio de sofrimentos e que viesse a ser autor da salvação por meio deste aperfeiçoamento. Não se tratava, naturalmente, de um aperfeiçoamento que demandasse a santificação apartando-se do pecado e para a santidade. Ele foi sempre santo, inocente, sem mancha e separado dos pecadores. Mas havia o aperfeiçoamento do desenvolvimento e crescimento no curso e caminho de sua obediência Ele aprendeu a obediência. O coração, a mente e a vontade de nosso Senhor foram amoldados – ou diremos forjados? - no forno da tentação e do sofrimento. E foi em virtude do que havia aprendido nesta experiência de tentação e sofrimento que possa, no ponto culminante fixado pelas disposições da infalível sabedoria e eterno amor, ser obediente até a morte, e morte de cruz.

Foi só como havendo aprendido a obediência no caminho de um cumprimento sem erro e sem pecado da vontade do Pai que seu coração e mente e vontade foram levados até o ponto de poder por sua vida em morte, livre e voluntariamente, sobre o madeiro maldito.

Foi por meio deste curso de obediência e de aprender obediência que foi aperfeiçoado como Salvador, isto é, foi plenamente equipado para ser constituído em perfeito Salvador. Foi o equipamento forjado através de todas as experiências de provas, tentações e sofrimentos que proveram os recursos necessários para a demanda culminante de sua comissão. Foi esta obediência, levada a sua total consumação na cruz, o que o constituiu como um Salvador todo suficiente e perfeito. E isto significa simplesmente que foi a obediência aprendida e dada ao longo de todo o curso da humilhação o que o fez perfeito como fonte da salvação.

É obediência aprendida por meio do padecimento, aperfeiçoada por meio de padecimentos e consumada no padecimento de morte na cruz que define sua obra e obteve como o autor da salvação. Foi pela obediência que conseguiu nossa salvação, porque foi por obediência que levou a cabo a obra que conseguiu.

Por isso, a obediência não é algo que possa ser concebido de maneira artificial ou abstrata. É a obediência que acudiu todos os recursos de sua perfeita humanidade, a obediência que residia em sua pessoa, e a obediência da que é sempre a perfeita manifestação. É a obediência que encontra sua eficácia e virtude permanentes nele. E nós chegamos a ser os beneficiários da mesma por nossa união com ele. É isto que serve para anunciar a significação daquele que é a verdade central de toda soteriologia, isto é, a união e comunhão com Cristo. Contudo que o conceito de obediência nos supre uma categoria inclusiva em termos da qual se possa contemplar a obra expiatória de Cristo e que estabelece de entrada a agência ativa de Cristo no cumprimento da redenção, devemos passar agora a analisar aquelas categorias específicas por meio das quais a Escritura estabelece a natureza da expiação.

PERGUNTAS DO ESTUDO - LIÇÃO 4:

1. Em quais das quatro categorias podemos falar da obra expiatória de Cristo?_____________________________________________________________________

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2. Qual é o conceito unificador que serve de fundamento para todas as quatro?_____________________________________________________________________

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3. Quais são as duas caras da obediência de Cristo?_____________________________________________________________________

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4. Quais dois erros devemos evitar ao falar da obediência passiva de Cristo?_____________________________________________________________________

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5. Explique em suas próprias palavras a natureza da obediência passiva de Cristo, e da ativa.

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6. Porque resulta deficiente definir a obra expiatória de Cristo como o ato físico de sua morte na cruz?

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7. Nos parece difícil aceitar que Jesus teve que aprender a obediência. Complicado conceber que um ser perfeito tem sido aperfeiçoado. Entretanto, assim o ensina o livro de Hebreus. Como podemos entender o que diz o Espírito Santo aqui?

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1. Sacrifício. Se vê a primeira vista no Novo Testamento que a obra de Cristo é apresentada como um sacrifício. E a única pergunta que suscita é: Que conceito de sacrifício rege este uso constante do termo sacrifício em sua aplicação na obra de Cristo? Esta pergunta pode ser contestada apenas determinando qual era o conceito de sacrifício que tinham os oradores e escritores do Novo Testamento. Imbuídos como estavam da linguagem e as idéias do Antigo Testamento, só há uma direção para buscar sua interpretação do significado e efeito do sacrifício. Qual é o conceito de sacrifício no Antigo Testamento? É muito o debate que se tem suscitado em torno desta questão. Mas podemos contentar, confiados que os sacrifícios do Antigo Testamento eram basicamente expiatórios. Isto significa que tinham relação com o pecado e com a culpa. O pecado envolve uma certa responsabilidade, uma responsabilidade que brota, por uma parte, da santidade de Deus, e, por outra, da importância do pecado como contradição desta santidade. O sacrifício era a provisão divinamente instituída mediante a qual o pecado podia ser coberto e quitado a suscetibilidade a ira e maldição divinas.

O adorador do Antigo Testamento, quando levava sua oblação ao altar, punha como vítima animal em seu posto. Ao impor as mãos sobre a cabeça da oferenda, se transferia simbolicamente à oferenda o pecado e a responsabilidade do ofertante. Este é o ponto sobre o que girava a transação.

Na essência, o conceito era que o pecado do oferente era imputado à oferenda, e que a oferenda levava, como resultado, a pena de morte. Suportava como substituto a pena ou responsabilidade devida do pecado. Evidentemente, havia uma grande desproporção entre o ofertante e a oferenda e uma correspondente desproporção entre a responsabilidade do ofertante e a pena executada sobre a oferenda. Estas oferendas eram só sombras e imagens. Entretanto, é evidente o conceito de expiação, e este significado expiatório é o que dá o transfundo para a interpretação do sacrifício de Cristo.

A obra de Cristo é de expiação, certamente expiatória, com uma virtude, eficácia e perfeição transcendentes, que não se podia aplicar a touros ou cabritos, entretanto expiatória em termos da pauta dada pelo ritual do Antigo Testamento. O significado disso que é que ele, como o grande sacrifício oferecido sem mancha a Deus, lhe foram transferidos os pecados e culpas daqueles em cujo favor se ofereceu a si mesmo em sacrifício. A causa da imputação sofreu e morreu o justo pelos injustos para levar-nos a Deus. Por um sacrifício ele tem aperfeiçoado para sempre aos santificados.

Entretanto os escritores do Novo Testamento não encontram um cumprimento literal de todas as prescrições da lei levítica na oferenda que Cristo fez de si mesmo, enquanto a sua aplicação às oferendas de animais, entretanto é bem evidente que tem ante suas mentes certas transações específicas do ritual mosaico. Por exemplo, em Hebreus 9:6-15 menciona de maneira específica às transições do grande dia da expiação, e é evidentemente com estas transações em mente e sobre a base do sentido simbólico e típico deste ritual que o escritor expõe a eficácia e perfeição do sacrifício de Cristo, e o definitivo dele mesmo. «Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não foi feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou nos Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.» (vv. 11, 12; cf vv. 23, 24).

Ainda, em Hebreus 13:10-13 não podemos deixar de ver que o escritor exibe a obra de Cristo e seu sacrifício sob a forma daquelas oferendas pelo pecado a oferenda pelo pecado pelo sacerdote e a oferenda pelo pecado por toda a congregação – cujo sangue era introduzido

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no santuário, e a carne , pele e patas eram queimadas fora do acampamento. Portanto nenhuma parte da carne destas oferendas pelo pecado podia ser consumida pelos sacerdotes, o escritor o aplica a Cristo, não, desde logo, com o cumprimento literal de todos os detalhes, mas com o apreço de seu significado parabólico e típico. «Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério. » (vv. 12, 13).

Jesus, portanto, se ofereceu a si mesmo em sacrifício, e isso de uma maneira muito particular sob a forma ou figura dada pela oferenda pelo pecado da economia levitica. Ao oferecer-se desta maneira, expiou a culpa e purificou o pecado para que pudéssemos achegar-nos a Deus em plena certeza de fé e pudéssemos entrar no lugar santíssimo mediante o sangue de Jesus, tendo nossos corações limpos de má consciência e nossos corpos lavados com água limpa. Com relação a isto, devemos ter também presente o que já temos tocado: que os sacrificios levíticos foram dados em conformidade ao modelo celestial, segundo o que a epístola aos Hebreus chama «as coisas celestiais». As oferendas cruentas do ritual mosaico eram figuras da magna oferenda de Cristo mesmo, por meio das que foram purificadas as coisas celestiais (Hb. 9:23). Isto serve para confirmar a tese de que o que era constitutivo nos sacrifícios leviticos tem que haver sido também constitutivo no sacrifício de Cristo. Se os sacrifícios levíticos eram expiatórios, quanto mais devia ser expiatória a oferenda arque típica, e expiatória, recordemos, não sobre o plano temporal, provisional, preparatório e parcial, mas sobre o plano eterno, permanentemente real, do definitivo e completo. A oferenda arque típica foi, por isso, eficaz de uma maneira em que aquela que era sua mera figura não podia sê-lo. É este pensamento que se faz evidente quando lemos: «muito mais o sangue de Cristo, que, pelo espírito Eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servimos ao Deus vivo» (He. 9:14). Devemos interpretar o sacrifício de Cristo em termos das pautas levíticas porque elas mesmas haviam sido modeladas segundo a oferenda de Cristo. Mas se deve que os sacrifícios leviticos eram só figuras que devemos também reconhecer as limitações de que estão rodeadas em contraste com o caráter perfeito da própria oferenda de Cristo. E se deve a que estas limitações eram inerentes nas oferendas levíticas que não encontramos e não poderíamos esperar encontrar no sacrificio de Cristo um cumprimento literal dos detalhes dos sacrifícios levíticos. Era a desproporção entre o oferente e a oferenda e entre a culpa do oferente e o derramamento de sangue da oferenda sob o ritual do Antigo Testamento o que fazia necessária a eliminação de tal desproporção no caso do sacrificio de Cristo. A ausencia desta desproporção no sacrificio do Filho de Deus se correlaciona com a ausência em seu caso de todos os detalhes das prescrições levíticas que hubieran sido incompatíveis com o caráter transcendente e singular de seu sacrifício de si mesmo.

Não obstante, que a obra de Cristo foi oferecer-se em sacrifício pelo pecado, implica uma verdade complementaria o que se passa demasiadas vezes por alto. É que, se Cristo se ofereceu em sacrifício, foi também um sacerdote. E foi um sacerdote que se ofereceu a si mesmo. Não foi oferecido por outro. A si mesmo se ofereceu. Isto é algo que não podia ser exemplificado no ritual do Antigo Testamento. O sacerdote não oferecia a si mesmo, e tão pouco podia a vítima oferecer-se a si mesma. Mas em Cristo temos esta singular combinação que serve para exibir a singularidade de seu sacrifício, o caráter transcendente de seu oficio sacerdotal e a perfeição inerente em seu sacrifício sacerdotal. É em virtude de seu oficio sacerdotal e em pró execução de sua função sacerdotal que fez expiação pelo pecado. Certamente foi o cordeiro imolado, mas foi também o sacerdote que se ofereceu como o cordeiro de Deus para quitar o pecado do mundo. Esta assombrosa justaposição que demonstra a união que se dá no oficio sacerdotal e de oferenda expiatória. Tudo isso implica na sincera expressão que tão frequentemente citamos mas que poucas vezes apreciamos: «Se ofereceu a si mesmo sem mancha a Deus». E verifica de uma maneira mais plena o que já

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temos vimos anteriormente: que no acontecimento culminante que registrou e levou a sua consumação seu ato sacrificador ele estava intensamente ativo, e ativo, lembre-se, em oferecer a Deus a oferta que expiou toda a carga de condenação contra uma multidão que ninguém pode contar de toda nação, raça, povo e língua.

Além disso, e por último, é o reconhecimento da função sacerdotal de Cristo que vincula o sacrifício oferecido uma vez com a permanente função sacerdotal do Redentor. É o sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque. Ele é o sacerdote agora, não para oferecer sacrifício, senão como a manifestação permanente e pessoal de toda a eficácia e virtude que resultou do sacrifício oferecido uma vez por todas. E é como tal que segue fazendo intercessão por seu povo. Sua intercessão sempre continuada e prevalecedora está por completo vinculada ao sacrifício oferecido uma vez. Mas está assim vinculada porque é em sua condição de grande sumo sacerdote de nossa profissão que ele aperfeiçoou a um e continua a outro.

2. Propiciação. O termo grego que tem o sentido de nosso termo castelhano «propiciación» não aparece com freqüência no Novo Testamento. Isto pode parecer surpreendente quando consideramos que aparece com tal frequencia na versão grega do Antigo Testamento, a palavra tão frequentemente traduzida por nosso termo castelhano «expiación». Poderíamos pensar que uma palavra tão comum no Antigo Testamento grego em relação com o ritual da expiação havia sido empregada abundantemente pelos escritores do Novo Testamento. Mas não é assim.

Entretanto, este feito não quer dizer que a obra expiatória de Cristo não tenha que ser interpretada em termos de propiciação. Há passagens em que se aplica de maneira expressa a linguagem da propiciação da obra de Cristo (Ro. 3:25; Hb 2:17; 1 Jo. 2:2; 4:10). E isto significa, sem dúvida alguma, que a obra de Cristo deve ser considerada como propiciação. Mas há também outra consideração. A frequencia com que o conceito aparece no Antigo Testamento em relação com o ritual de sacrifícios, o feito de que o Novo Testamento aplica à obra de Cristo o mesmo termo que denotava este conceito no Antigo Testamento grego, e o fato de que o Novo Testamento contempla o ritual levítico como provendo a pauta para o sacrifício de Cristo, leva todos eles à conclusão de que esta é uma categoria em termos do qual não só se interpreta apropriadamente o sacrifício de Cristo, senão em termos da qual se deve interpretar necessariamente. Em outras palavras, a idéia da propiciação está tão entrelaçada na tela do ritual do Antigo Testamento que seria impossível considerar este ritual como pauta do sacrifício

de Cristo se a propiciação não ocupasse um lugar similar no grande sacrifício oferecido uma vez por todas. Esta é outra maneira de dizer que o sacrifício e a propiciação estão na mais estreita relação. A aplicação expressão do termo «propiciação» a obra de Cristo por parte dos escritores do Novo Testamento é a confirmação desta conclusão. Mas o que significa propiciação? Em hebraico do Antigo Testamento se expressa mediante uma palavra que significa «cobrir».

Em relação a este encobrimento há, em particular, três coisas a observar: 1) O encobrimento tem lugar em referencia com o pecado; 2) o efeito deste encobrimento é a purificação e o perdão; 3) tanto o encobrimento como seus efeitos tem lugar diante do Senhor (cf especialmente Lv. 4:35; 10:17; 16:30). Isto significa que o pecado cria uma situação em relação com o Senhor; uma situação que fez necessário ao encobrimento.

É esta referência a este aspecto para com Deus tanto do pecado como do encobrimento a que se deve apreciar plenamente. Pode-se dizer que se cobre o pecado, ou possivelmente a pessoa que pecou, diante da cautela do Senhor. No pensamento do Antigo Testamento só podemos dar uma interpretação a esta provisão do ritual de sacrifícios. É que o pecado suscita o santo desgosto, a ira de Deus. A vingança é a reação da santidade de Deus frente ao pecado, e a cobertura é o que provê para a remoção do santo desgosto que suscita o pecado. É evidente

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que somos levados ao umbral daquele que fica claramente denotado pela tradução grega tanto o Antigo como o Novo Testamento, isto é, o da propiciação. Propiciar significa «aplacar», «pacificar», «apaziguar», «conciliar». E e esta a idéia que se aplica a expiação obrada por Cristo.

A propiciação pressupõe a ira e o desagrado de Deus, e o propósito da propiciação é quitar este desagrado.

Enunciada de forma muito simples, a doutrina da propiciação significa que Cristo propiciou a ira de Deus e fez a Deus propício para com seu povo. Talvez não haja artigo acerca da expiação que tenha recebido as mais violentas críticas que esta. Tem sido atacado como se estivesse envolvido em um conflito interno na mente de Deus e entre as pessoas da Deidade. Se deduz que esta doutrina apresenta o Filho como levando a um Pai indignado fazia a clemência e o amor, suposição totalmente enfrentada ao fato de que o amor de Deus é a mesma fonte da que brota a expiação.

Quando se apresenta a doutrina da propiciação sob esta luz se pode criticar de maneira muito efetiva e pode ser denunciada como uma repelente caricatura do evangelho cristão. Mas a doutrina da propiciação não envolve esta caricatura com a que tenha sido mal concebida e falsamente apresentada. Por dizer algo, este grupo de crítica descuidou compreender ou apreciar algumas distinções fundamentais e principais.

Em primeiro lugar, amar e ser propício não são termos equivalentes. É falso supor que a doutrina da propiciação contempla a propiciação como aquilo que causa ou que constrange ao amor divino. É um pensamento irreflexivo do mais deplorável pretender que a propiciação da ira divina prejudica ou é incompatível com o total reconhecimento de que a expiação é a provisão do amor divino.

Em segundo lugar, a propiciação não é uma conversão da ira de Deus em amor. A propiciação da ira divina, efetuada na obra expiatória de Cristo, é a provisão do amor eterno e imutável de Deus, de maneira que por meio da propiciação de sua própria ira aquele amor pode alcançar seu propósito de uma maneira que é conforme com sua santidade e com a glória dos preceitos da mesma. Uma coisa é dizer que o Deus cheio de ira é transformado em amigo. Isto seria absolutamente falso. Outra coisa é dizer que o Deus cheio de ira é amigo. Isto é profundamente verdadeiro. Mas também é certo que a ira daquele está cheio fica propicia por meio da cruz. Esta propiciação é fruto do amor divino que o proveu. «Nisto está a caridade não, em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós , e enviou seu filho para propiciação pelos nossos pecados» (1 Jo. 4:10). A propiciação é a base sobre a qual opera o divino amor e é o canal por meio do qual flui para alcançar seu fim.

Em terceiro lugar, a propiciação não separa do amor e da misericórdia de Deus; mais destaca muito bem seu maravilhoso amor, porque mostra o valor que implica o amor redentor. Deus é amor. Mas o supremo objeto deste amor é ele mesmo. E porquanto se ama a si mesmo supremamente não pode sofrer que o que pertence a integridade de seu caráter e glória seja comprometido ou mutilado. Esta é a razão da propiciação. Deus aplaca sua própria ira na cruz de Cristo com o fim de que o propósito de seu amor para com os perdidos possa ser cumprido em conformidade com (e para reivindicação de toda a excelência que constituem sua glória). «Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue..., para que ele seja justo, e justificador daquele que tem fé em Jesus» (Ro. 3:25, 26).

A aversão contra a doutrina da propiciação propiciadora da ira divina descansa, entretanto, na falta de apreciação do que é a expiação. A expiação é aquilo que satisfaz as exigências da santidade e da justiça. A ira de Deus é a reação inevitável da santidade divina contra o pecado. O pecado é a contradição da perfeição de Deus e Deus não pode menos que sentir expulso contra aquele que é a contradição dele mesmo. Esta expulsão constitui sua santa indignação. «Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detém a verdade em injustiça.» (Ro. 1:18). O juízo de Deus contra

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o pecado é essencialmente sua ira. Se temos de crer que a expiação é o trato vicário de Deus com o juízo sobre o pecado, é absolutamente necessário manter que é o padecimento vicário daquele no que fica resumido este juízo. Negar a propiciação é minar a natureza da expiação como o padecimento vicário da pena do pecado. Em uma palavra, é negar a expiação vicária. Gloriar se na cruz de Cristo é gloriar-se em Cristo como o sacrifício propiciatório oferecido uma vez, como o propiciatório permanente e como aquele que incorpora em si mesmo para sempre toda a eficácia propiciadora da propiciação cumprida uma vez por todas. «Meus filhinhos estas coisas vos escrevo,para que não pequeis: e se alguém pecar ‘temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos , mas também pelos de todo o mundo.» (1 Jo. 2:1, 2).

3. Reconciliação. A propiciação centraliza a atenção na ira de Deus e na provisão divina para a remoção daquela ira. A reconciliação centraliza em nossa alienação a Deus e no método divino de restaurar-nos a seu favor. Evidentemente, estes dois aspectos da obra de Cristo estão estreitamente relacionados. Mas a distinção é importante. Só observando esta distinção podemos descobrir as riquezas da provisão divina para suprir as necessidades de nossa multiforme miséria.

A reconciliação pressupõe umas relações perturbadas entre Deus e os homens. Implica inimizade e alienação. Esta alienação é dupla, nossa alienação de Deus e a alienação de Deus de nós. A causa da alienação é naturalmente, nosso pecado, mas a alienação consiste não só em nossa ímpia inimizade contra Deus, mas também na santa alienação de Deus com respeito a nós. Nosso pecado tem causado separação entre nós e Deus, e nossos pecados encobrem seu rosto (cf Is. 59:2). Se separamos da palavra «inimizade» em sua aplicação a Deus todo o que pertence a natureza de malícia e maldade, como sua santa inimizade fazia a nós . É esta alienação o que contempla e resgata a reconciliação. Poderiamos pensar em consequência que a reconciliação põe fim não só na santa inimizade de Deus contra nós, mas também nossa ímpia inimizade contra ele.

Nosso termo castelhano poderia criar esta impressão de maneira muito natural. Além disso, este conceito poderia parecer sustentado tentado pelo uso do mesmo Novo Testamento. Nunca se disse de maneira expressa que Deus fosse reconciliar-se conosco, muito mais somos reconciliados com Deus (Ro. 5:10, 11; 2 Co. 5:20). E quando se emprega a voz ativa , se diz que Deus nos reconcilia para si (2 Co. 5:18, 19; Ef. 2:16; Col. 1:20, 21).

Isto parece apoiar o argumento de que a reconciliação termina nossa inimizade com Deus, e não sua santa alienação a nós. E, assim, se tem mantido quando se concebe a reconciliação por parte de Deus, e aquilo que Deus tem feito para tomar nossa inimizade em amor e que quando se concebe como resultado ,é a eliminação de nossa inimizade contra Deus.

Por consequência , se tem apresentado a reconciliação como consistindo naquilo que Deus tem feito para que nossa inimizade seja eliminada . Em uma palavra, o pensamento se centraliza em nossa inimizade, e a doutrina da reconciliação se apresenta nestes termos.

Quando examinamos a Escritura, descobriremos que o certo é o contrário. Não é a inimizade nossa contra Deus o que está em primeiro plano na reconciliação, senão na alienação de Deus no que diz respeito a nós . Esta alienação da parte de Deus surge , desde logo ,de nosso pecado; é nosso pecado que suscita esta reação de sua santidade. Mas é a alienação de Deus a nosso respeito o que fica em primeiro plano quando a reconciliação é contemplada como ação ou como resultado.

A este respeito, é necessário examinar uns quantos casos do uso da palavra «reconciliar» no Novo Testamento. Estes exemplos se aplicam ao uso da palavra em relações humanas. O primeiro é Mateus 5:23, 24.12 «Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar , e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti.Deixa ali diante do altar a tua oferta , e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta». Aqui temos

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o significado do imperativo «reconciliar-te com teu irmão» que nos interessa no momento. É preciso fazer as seguintes observações.

a) Não se supõe nem sugere que o adorador que aceite oferecer seu dom no altar sinta nenhuma malicia nem inimizade em seu coração contra o irmão com quem deve reconciliar-se. Isto poderia ser certo ou ao contrário. Mas este fator não se conta nesta situação. O fator que se dá como a razão para a interrupção no ato de adoração essencialmente que há alienação. Algo se tem introduzido nas relações das pessoas que a pessoa chamada o irmão considera um agravo por parte da pessoa que leva o dom ao altar, algo que o primeiro considera um quebrantamento doloso de relações de harmonia por parte do último.

b) Provavelmente se supõe neste caso que o adorador tenha feito algo para ofender ao outro irmão, que é culpado de alguma má conduta ou quebrantamento do afeto. Contudo , isto não é absolutamente necessário, e, seja certo ou não, devemos ter em conta o fato de que se ordena ao adorador fazer o que tem que ser feito, sem ter em conta a justiça ou a injustiça do pensamento ou juízo do irmão.

c) O que se ordena ao adorador é que se reconcilie com o irmão. O mandamento «reconciliar-se» não significa «quita tua inimizade ou malicia». Não se lhe supõe nenhuma malícia. Além do mais, se isto fosse o que se lhe ordena, não teria necessidade de deixar o altar para fazê-lo. O que se manda ao adorador é algo bem diferente. Se lhe manda que deixe o altar, que se dirija a seu irmão ofendido , e que se faça algo logo. Mas que algo é esse? É buscar solucionar o motivo da alienação ou separação por parte do irmão . Tornar as coisas bem outra vez com o irmão para que não haja razão alguma para sentir-se ofendido; fazê-lo é necessário para que haja uma reinicio das relações harmoniosas. A reconciliação como ação consiste na eliminação da razão para a discórdia; a reconciliação como resultado de um novo reinicio das relações de amizade,compreensão e paz. Por tanto, é de suma importância reconhecer que o adorador toma em conta o ato da reconciliação e a ofensa que o irmão sente; é a atitude mental da pessoa com a que se reconcilia que devemos considerar, e não inimizade alguma que ele mesmo sinta . E se empregamos a palavra «inimizade», é a inimizade por parte do irmão ofendido que fica em primeiro plano. Em outras palavras, é a «contrariedade» mantida pelo irmão ofendido a que considera a reconciliação; a reconciliação leva a cabo a eliminação desta «contrariedade».

Assim, esta passagem nos fornece uma lição muita instrutiva no que diz respeito significado de «ser reconciliado»; nos mostra que esta expressão, ao menos neste caso, centraliza o pensamento e a consideração não na inimizade da pessoa de quem se disse que é reconciliada, senão sobre a alienação na mente da pessoa com quem foi feita a reconciliação. E se o sentido que tem esta passagem é a que aparece em relação a nossa reconciliação com Deus por meio da

morte de Cristo, então o que aparece em primeiro plano quando se diz que somos reconciliados com Deus ;e a alienação de Deus a nosso respeito, a santa inimizade da parte de Deus pela qual estamos alienados dele. A reconciliação como resultado seria a relação harmônica e pacífica estabelecida devido ao que se tem eliminado a base para a alienação de Deus com respeito a nós. Nesta etapa não poderíamos afirmar que isso seja o sentido preciso da palavra «reconciliação» com referencia a nossa reconciliação com Deus. Deveremos derivar nossa doutrina de reconciliação das passagens que tratam de maneira especifica este tema. Mas Mateus 5:23, 24 nos mostra que no uso do Novo Testamento, a palavra «reconciliar» se emprega num sentido muito distinto do que poderia ser sugerido na introdução por nosso termo castelhano. Por isso, quando o Novo Testamento fala de que somos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, ou de que Deus nos reconcilia consigo mesmo, não devemos pressupor que o conceito deva apresentar-se em termos da eliminação de nossa inimizade contra Deus. Por falar prudentemente, Mateus 5:23,24 sugere uma direção de pensamento muito distinta.

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Outro caso do uso da palavra «reconciliar» que evidencia a mesma linha de pensamento é 1 Corintios 7:11. Com referência a mulher separada de seu marido, disse Paulo: «Se porém ,se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido.» Neste caso, seja qual for o grau em que a inimizade subjetiva por parte da mulher possa ter tido parte na causa da separação contemplada, é evidente que o mandamento «reconcilie-se com seu marido» não pode consistir em que deixe sua inimizade ou hostilidade subjetiva. Isto não cumpriria o propósito da exortação. E sim , o que contempla a reconciliação no final da separação e o reinicio de uma relação matrimonial idônea e harmoniosa.

A reconciliação, vista como ação, E podendo causar o fim da separação, e, como efeito, retomar uma relação matrimonial pacífica. Uma vez mais em Romanos 11:15 temos um exemplo da «reconciliação» efetiva. «Porque ,se sua rejeição é a reconciliação do mundo , qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?»É evidente que a reconciliação é um contraste com a rejeição, e que a rejeição é contrastada com a admissão. A admissão não é outra coisa que a recepção de Israel outra vez ao favor divino e a benção do evangelho. A rejeição é a expulsão de Israel do favor divino e da graça do evangelho. A reconciliação dos gentios, que é a base da rejeição de Israel, é, de maneira semelhante, a recepção aos gentios ao favor divino.

Por isso, a reconciliação dos gentios não pode ser apresentada em termos de quitar a inimizade da parte dos gentios, mas sim em termos de mudança na economia de graça de Deus quando chegou a seu fim a rejeição dos gentios e foram feitos concidadãos dos santos, e da familia de Deus (cf Ef. 2:11-22). Por mais que se tenha em conta a mudança da inimizade na fé e amor nos corações dos gentios como efeito da mudança na economia de graça e juízo de Deus, graça para os gentio e juízo sobre Israel, temos de considerar a «reconciliação do mundo» como consistente na troca de relação que Deus fez com o mundo gentio, mudança da rejeição do favor e a benção do evangelho. É a relação de Deus com os gentios o que fica em primeiro plano neste emprego da palavra «reconciliação».

Quando passamos a considerar as passagens que tratam de forma direta com a obra da reconciliação obrada por Cristo, tem que ter em conta que a reconciliação nestes outros casos não se refere a eliminação da inimizade subjetiva da pessoa da qual se disse que foi reconciliada, e sim a alienação por parte da pessoa que se disse que somos reconciliados. Veremos como este conceito o que é de aplicação a reconciliação obrada por Cristo. A reconciliação fez frente a alienação de Deus no que diz respeito a nós por causa do pecado; ao quitar o pecado, a reconciliação elimina a base desta alienação, e o efeito é paz com Deus. As duas passagens que consideraremos são Romanos 5:8-11; 2 Corintios 5:18-21. Romanos 5:8-11. Já de início, a maneira que se introduz aqui o tema da reconciliação nos aponta a direção que temos para descobrir o significado da reconciliação. «Mas Deus prova seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores» (v. 8). A morte de Cristo, como aquela que efetuou a reconciliação, é exposta como a suprema manifestação do amor de Deus para com os homens. O que é destacado é o amor de Deus tal como se expressa em uma ação tão bem definida como a morte de Cristo. Por tanto, nossa atenção é atraída não ao reino subjetivo da atitude do homem para com Deus, mas sim uma atitude divina tal como fica exibida em um acontecimento histórico.

Interpretar a reconciliação em termos do que ocorre em nossa disposição subjetiva interferiria nesta orientação. Mas há também umas razões confirmadoras mais diretas para pensar assim.

a) Paulo nos disse de maneira expressa que fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho. O tempo indica que é um feito consumado, realizado uma vez por todas quando Cristo morreu. Podemos ver quão impossível é interpretar a reconciliação como a eliminação por parte de Deus de nossa inimizade ou como a deposição da inimizade por nossa parte. É certo que Deus fez algo uma vez por todas para assegurar que nossa inimizade fosse quitada e

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que fossemos induzidos a deixar de lado nossa inimizade. Mas aquilo que Deus fez uma vez por todos não constituiria a eliminação de nossa inimizade nem o quitar de nossa inimizade. Além do mais , o argumento a fortiori que emprega Paulo nestas passagens nos daria uma construção não congruente se devêssemos observar a reconciliação como a eliminação por parte de Deus de nossa inimizade, ou a deposição da mesma por nossa parte. O argumento havia de apresentar-se de alguma maneira similar ao que segue: «Porque se nós sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida» (cf v. 10). A incongruência é evidente, e só pode remediar-se dando ao termo «reconciliar» um sentido muito diferente.

b) As palavras «reconciliados com Deus pela morte de seu Filho» (v. 10) são paralelas com as palavras «sendo justificados pelo seu sangue» (v. 9). Este paralelismo se pressupõe na seqüência do argumento. Mas a justificação é sempre um conceito legal e não se refere a nenhuma troca subjetiva na disposição do homem. Por quanto isso é assim, a expressão paralela a ela mesma, isto é, «reconciliados com Deus», deve receber um sentido judicial similar, e só pode significar aquilo que sucedeu na esfera objetiva da ação e do juízo divino.

c) A reconciliação é algo que se recebe: «pelo qual agora alcançamos a reconciliação» (v. 11). Por falar pouco, é mais irracional intentar ajustar ou acomodar este conceito a idéia da eliminação ou da deposição de nossa inimizade. O conceito, aqui, é aquele no qual se apresenta algo como tendo nos sido dado como um livre dom. Naturalmente, é certo que é pela obra da graça de Deus para conosco que somos capacitados para retornarmos da inimizade contra Deus a fé, ao arrependimento e ao amor. Mas de acordo com a Escritura esta obra posterior da graça não se descreve em termos como os empregados aqui. Podemos detectá-lo inapropriado nesta tradução se intentamos parafrasear com este conceito em mente: «pelo qual agora alcançamos a reconciliação», ou «temos recebido agora a reconciliação». Por outro lado, se consideramos a reconciliação como a livre graça de Deus na eliminação da alienação com respeito a Deus e ao receber-nos a seu favor, então tudo isso se torna coerente e cheio de significado. O que temos recebido é a reabilitação em favor de Deus. Quão coerente é com os termos da passagem e com o regozijo do apóstolo em dizer: «Nos gloriamos em Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cisto, por quem já não sofremos alienação de Deus, mas que temos sido recebidos a seu favor e paz.»

d) Paulo disse que fomos reconciliados com Deus por meio da morte de seu Filho quando éramos, todavia inimigos (v. 10). É totalmente fácil observar a palavra «inimigos» como expressando aqui, não nossa inimizade contra Deus, e sim referindo-se alienação de Deus a que tínhamos ficado sujeitos. Esta mesma palavra está empregada no sentido passivo em Romanos 11:28. Se adotarmos este sentido, a antítese instituída entre a inimizade e a reconciliação é exatamente a mesma que há entre alienação e recepção ao favor divino. Isto fortaleceria o argumento anterior quanto ao significado da reconciliação. Mas ainda que a palavra «inimigos» se compreenda no sentido ativo de nossa hostilidade para Deus, se haveria de manter o mesmo significado para reconciliação. Como poderia nenhuma outra interpretação ajustar com o argumento do apóstolo? Dificilmente se poderia dizer: «Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.» Romanos 5:8-11. Servirá para confirmar o que temos encontrado em 2 Coríntios 5:18-21 estabelecer os rasgos destacados do ensinamento desta passagem.

a) A reconciliação é descrita como uma obra de Deus. Começa com Deus e é levada a cabo por ele. «E tudo isto provem de Deus que nos reconciliou consigo mesmo» (v. 18). «Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo» (v. 19>. Esta ênfase no monergismo divino nos indica que a reconciliação é uma obra que, como tal, não inclui em seu alcance nenhuma ação humana. Como lucro, não enrola a atividade dos homens nem depende dela.

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b) A reconciliação é uma obra consumada. Os tempos nos vv. 18, 19, 21 põe isto fora de qualquer dúvida. Não é uma obra que esteja sendo levada a cabo de continuo por Deus; é algo consumado no passado. Deus não só é o único agente, mas que é o agente de uma ação já aperfeiçoada.

c) Nesta passagem se nos expõe em que consiste a reconciliação. «Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que nele fossemos feitos justiça de Deus» (v. 21). Isto nos indica claramente a vicária ação de Cristo de levar o pecado como aquilo que obteve a reconciliação. Este caráter legal da reconciliação também está exposto no versículo 19, onde «não lhes imputando os seus pecados» se relaciona com a reconciliação do mundo como explicação de que é a reconciliação, ou como a conseqüência que tem como resultado. Em qualquer de ambos os casos a reconciliação tem sua afinidade com a não imputação de transgressões mais que com qualquer cooperação subjetiva.

d) Esta obra consumada de reconciliação é a mensagem encomendado aos mensageiros do evangelho (v. 19). Constitui o conteúdo da mensagem. Mas a mensagem é aquela que é declarada como um fato. Se deve recordar que a conversão não é o evangelho. É a demanda da mensagem do evangelho e a resposta apropriada à mesma. Qualquer transformação que tenha lugar em nós mesmos é o efeito em nós daquela que se proclama que tem sido cumprida por Deus. A mudança em nossos corações e mentes pressupõe a reconciliação.

e) A exortação «Reconcilieis com Deus» (v. 20) deveria ser interpretada em termos do que temos descoberto que é o conceito mestre na reconciliação. Significa: não estejais mais em um estado de alienação de Deus, mas mais bem entrar na relação de favor e paz estabelecida pela obra reconciliadora de Cristo. Aproveitai a graça de Deus e entrai nesta posição de paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesús Cristo.

Assim, a reconciliação da que fala a Escritura como cumprida pela morte de Cristo contempla a relação de Deus para conosco. Pressupõe uma relação de alienação e leva a cabo uma relação de favor e de paz. Esta nova relação fica constituída mediante a eliminação da causa da alienação. Esta causa é o pecado e a culpa. A eliminação é levada a cabo na obra vicária de Cristo, quando ele foi feito pecado por nós para que nós chegássemos a ser justiça de Deus nele. Cristo tomou sobre si mesmo o pecado e a culpa, a condenação e a maldição daqueles em favor dos que morreram. Este é o epítome da graça e amor divinos. É a própria provisão de Deus e é o cumprimento da mesma. Deus mesmo em seu próprio Filho tem eliminado a causa de ofensa e recebemos a reconciliação. É a mensagem desta obra divina, aperfeiçoada e completa, que se nos dirige no evangelho, e a demanda da fé está cristalizada no rogo que se pronuncia em nome de Cristo e como de parte de Deus: «reconcilieis com Deus». Crê que a mensagem é factual e entrai no gozo e a benção do que Deus tem obrado. Recebei a reconciliação.

4. Redenção. A idéia de redenção não deve ser reduzida ao conceito geral de libertação. A linguagem da redenção é a linguagem da compra, e, mais especificamente, do resgate. E resgate é obter uma libertação mediante o pagamento de um preço. A evidencia que estabelece este conceito de redenção é muito abundante, e indubitavelmente deve manter-se que a redenção obtida por Cristo tem de ser interpretada em tais termos. A palavra de nosso mesmo Senhor (Mt. 20:28; Mc. 10:45) deveria por fora de toda dúvida três fatos: 1) que a obra que veio cumprir ao mundo é uma obra de resgate, 2) que a dádiva de sua vida foi o preço do resgate, e 3) que seu resgate foi de natureza substitutiva.

A redenção pressupõe alguma classe da escravidão ou de cativeiro, e, pelo, a redenção implica aquilo do que nos liberta o resgate. Assim como o sacrifício se dirige a necessidade suscitada por nossa culpa, a propiciação a necessidade que surge da ira de Deus, e a reconciliação a necessidade que brota de nossa alienação de Deus, assim a redenção se dirige

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a escravidão a que nos tem consignado nosso pecado. Esta escravidão é, naturalmente, multiforme.

Consequentemente, a redenção como compra ou resgate recebe uma grande variedade de referencias e aplicações. A redenção se aplica a cada aspecto de nossa escravidão, e nos abre as portas a uma liberdade que não é nada menos que a liberdade da glória dos filhos de Deus. Naturalmente, não temos de apremiar de maneira indevida a linguagem de compra ou redenção. Como T. J. Crawford nos recorda, não devemos intentar «delinear a obra de Cristo como uma conformidade exata com tudo o que se faz em atos humanos de redenção.» Nossas apresentações se voltariam desta maneira artificial e fantasiosa. Mas a realidade de que «nossa salvação é conseguida por um processo de comutação análoga ao pagamento de um resgate» (ibid., pág. 63) aparece claramente na mensagem do Novo Testamento. Em que aspectos contempla, então, a Escritura a redenção obrada por Cristo? Os mais evidentes disso se podem incluir sob as duas seguintes divisões:

1) A lei. Quando a Escritura relaciona a redenção com a lei de Deus, os termos que emprega devem ser observados de maneira cuidadosa. Não diz que sejamos redimidos da lei. Isto não seria uma descrição precisa, e a Escritura se abstém de tal expressão. Não somos redimidos da obrigação de amar ao Senhor nosso Deus com todo nosso coração e alma e força e mente e a nosso próximo como a nós mesmos. A lei fica resumida nestes dois mandamentos (Mt. 22:40) e o amor é o cumprimento da lei (Rm 13:10). A suposição de que sejamos libertados da lei no sentido desta obrigação introduziria uma contradição no desígnio da obra de

Cristo. Seria uma contradição a mesma natureza de Deus pensar que ninguém possa ser exonerada da necessidade de amar a Deus com todo o coração e de obedecer seus mandamentos. Quando a Escritura relaciona a redenção com a lei de Deus, emprega termos mais específicos.

a) A maldição da lei. «Cristo nos redimiu da maldição da lei, havendo-se feito maldição por nós» (Gl. 3:13). A maldição da lei é sua sanção penal. Isto é de maneira essencial a ira ou maldição de Deus, o desagrado que se encontra sobre cada infração das demandas da lei. «Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para fazê-las» (Gl. 3:10). Sem libertação desta maldição não poderia haver salvação. É desta maldição que tem resgatado Cristo seu povo, e o preço do resgate é que ele mesmo foi feito maldição. Se identificou até tal ponto com a maldição que jazia sobre seu povo que toda ela, em toda sua intensidade não mitigada, veio a ser sua. Esta maldição a levou sobre si mesmo, esgotando-a. Este foi o preço pago por esta redenção e a liberdade obtida para os beneficiários é que não há mais maldição.

b) A lei cerimonial. «Quando veio a plenitude do tempo, Deus enviou a seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para que redimisse aos que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos» (Gl. 4:4, 5). O que está aqui a vista é a redenção da servidão tutelar sob a economia mosaica. O povo de Deus sob o Antigo Testamento eram filhos de Deus pela adoção divina da graça. Mas eram como filhos menores de idade, sob tutores e administradores até o tempo apontando para o pai (cf Gl.. 4:2). E o ministro desta disciplina tutelar, pedagógica, foi a economia mosaica (cf Gl. 3:23, 24). Paulo contrasta este período de tutela sob a lei mosaica com a plena liberdade outorgada a todos os crentes, judeus ou gentios, sob o evangelho. Esta plena liberdade e privilegio chama a adoção de filhos (Gl. 4:5). Cristo veio a fim de obter esta adoção. A consideração particularmente pertinente a questão do preço pago para esta redenção é o fato de que Cristo foi feito sob a lei. Ele nasceu sob a lei de Moisés; esteve sujeito a suas condições e cumpriu suas estipulações. Nele, a lei de Moisés cumpriu seu propósito, e seu significado recebeu nele sua validez e manifestação permanentes. Portanto, ele obrou a redenção da servidão relativa e provisional da que a economia mosaica era o instrumento.

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Esta redenção tem significação não só para os judeus, mas também para os gentios. Na economia do evangelho não demanda nem aos gentios que passam pela disciplina tutelar a que esteve sujeita Israel. «Mas vinda a fé, é não estamos sob julgo, pois todos sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus» (Gl.. 3:25, 26). Esta magna graça, que todos, sem distinções nem discriminações, sejam filhos de Deus pela fé de Cristo Jesus, é o resultado de uma redenção obtida o fato de que Cristo foi feito sob a lei de Moisés e cumpriu suas estipulações e propósito.

c) A lei de obras. Cristo nos tem redimido da necessidade de guardar a lei como a condição de nossa justificação e aceitação por parte de Deus. Sem esta redenção não poderia haver nem justificação nem salvação. É a obediência do mesmo Cristo a que tem obtido nossa libertação. Porque é por sua obediência que muitos serão constituídos justos (Rm. 5:19). Em outras palavras, é a obediência ativa e passiva de Cristo que é o preço desta redenção, paciência ativa e passiva porque ele foi feito sob lei, cumpriu todas as demandas da justiça e satisfez todas as sanções da justiça.

2) Pecado. Que Cristo redimiu seu povo do pecado, segue do que se tem dito acerca da lei. A força do pecado é a lei, e onde não há lei não há transgressão (1 Co. 15:56; Rm. 4:15). Mas a Escritura também traz a redenção em relação direta com o pecado. É nesta relação que se indica claramente o sangue de Cristo como o meio pelo que se obtém esta redenção. A redenção do pecado abarca as várias perspectivas desde as que se pode contemplar o pecado. É a redenção do pecado em todos seus aspectos e conseqüências.

Isto é particularmente evidente em passagens como Hebreus 9:12; Apocalipse 5:9. O caráter inclusivo da redenção quanto a como afeta o pecado e a seus males concomitantes se exibe talvez da maneira mais clara pelo fato de que a consumação escatológica de todo o processo da redenção é designada como a redenção (cf Lc. 21:28; Rm. 8:23; Ef. 1:14; 4:30; e possivelmente 1 Co. 1:30). O fato de que se empregue o conceito de redenção para designar a total e definitiva libertação de todo mal e o cumprimento do objetivo para o que se move todo o processo da graça redentora, manifesta de maneira muito clara quão ligado está com a redenção obrada por Cristo o ganho da liberdade da glória dos filhos de Deus. E também manifesta que a redenção é constitutiva do conceito mesmo da glória consumada para o povo de Deus. Não é de estranhar, então, que a profecia do Antigo Testamento fale nestes termos (cf Os. 13:14) e que o cântico dos glorificados seja o cântico da redenção (cf Ap. 1:5, 6; 5:9). Não obstante, nesta discussão estamos pensando na redenção como uma obra cumprida por parte de Cristo. Quando se contempla a redenção neste sentido mais limitado, há dois aspectos do pecado que ficam claramente destacados como aqueles sobre os que têm efeito o ganho redentor de Cristo. São a culpa e o poder do pecado. E os dois efeitos que brotam deste ganho redentor são, respectivamente:

1) A justificação e o perdão do pecado; e 2) A libertação da contaminação e do poder do pecado. A redenção, no que toca a

culpa e enquanto seu resultado na justificação e remissão, está a vista em passagens como Romanos 3:24; Efesios 1:7; Colossenses 1:14; Hebreus 9:15. E a redenção, no que toca ao poder escravizador e contaminação do pecado, está a vista em Tito 2:14; 1 Pedro 1:18, ainda que não se possa excluir todo sentido legal nestes duas últimas passagens.

Em relação com a redenção da culpa do pecado, se apresenta de maneira clara o sangue de Cristo como resgate substitutivo e como o preço do resgate para nossa libertação. As declarações de nosso Senhor acerca da redenção (Mt. 20:28; Mc. 10:45) mostram sem dúvida alguma que ele interpretava o propósito de sua vinda ao mundo em termos de resgate substitutivo e que este resgate não era nada menos que o ato de dar sua vida. E, no uso do Novo Testamento, o ato de dar sua vida é o mesmo que o derramamento de seu sangue. Portanto, para o Senhor, a redenção consistia em um derramamento de sangue substitutivo,

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um derramamento de sangue em lugar e em favor de muitos, com o fim de adquirir mediante isso os muitos em favor dos quais ele deu sua vida em resgate. É este mesmo conceito o que se reproduz no ensinamento apostólico.

Ainda que a terminologia não seje de maneira precisa a mesma que a da redenção, não podemos perder de vista o sentido de redenção da declaração de Paulo em seu encargo aos anciãos de Éfeso quando se refere a «a igreja do Senhor, a qual ele adquiriu para si por meio de seu própria sangue» (At. 20:28). Em outras passagens se expressa abertamente o pensamento que da Paulo aqui em termos da linguagem de redenção ou de resgate quando diz de Cristo Jesus que «se deu a si mesmo por nós para redimir-nos de toda iniqüidade e purificar para si um povo de sua propriedade, zeloso de boas obras» (Tt. 2:14). Ou outra vez, quando diz Paulo que no amado «temos redenção por meio de seu sangue, o perdão de pecados segundo as riquezas de sua graça» (Ef. 1:7; cf Cl. 1:14), fica bem claro que concebe o perdão de pecados como a benção obtida pela redenção pelo sangue. E ainda que Hebreus 9:15 seja de difícil exegese, fica, entretanto, claro que a morte de Cristo é o meio da redenção com referencia aos pecados cometidos sob o antigo pacto: a morte de Cristo é eficaz como redenção com referência ao pecado.

Não podemos separar artificialmente a redenção como resgate que libera da culpa do pecado, das outras categorias nas que se deve interpretar a obra de Cristo. Estas categorias são tão somente aspectos desde os que se deve contemplar a obra de Cristo consumada uma vez por todas, e por isso se pode dizer que se combinem umas com outras.

Este fato, enquanto se aplica a redenção, aparece, por exemplo, em Romanos 3:24-26: «Sendo justificados gratuitamente por sua graça», diz Paulo, «mediante a redenção que é em Cristo Jesus, a quem Deus pos como propiciação por meio da fé em seu sangue... com o olhar de mostrar neste tempo sua justiça, a fim de que ele seja o justo, e o que justifica ao que é da fé de Jesus.» Aqui não só se nos apresenta a redenção e a propiciação, mas que haja uma combinação de conceitos que tem que ver com a intenção e o efeito da obra de Cristo, e isto mostra quão estreitamente relacionados estão estes vários conceitos. Esta passagem exemplifica e confirma o que estabelecem outras considerações, ou seja, que a redenção que libera da culpa do pecado deve ser apresentada em termos jurídicos de maneira análoga aqueles que se devem aplicar a expiação, a propiciação e a reconciliação.

A redenção que liberta do poder do pecado pode ser designada como o aspecto triunfal da redenção. Em sua obra consumada, Cristo fez algo uma vez por todas respeito o poder do pecado, e é em virtude desta vitória que ele obteve que fica quebrantado o poder do pecado em todos aqueles que são unidos a ele. É em relação com isto que se deve apreciar uma linha de ensinamento do Novo Testamento mas que é frequentemente passada por alto. É que não só se considera a Cristo como havendo morto pelo crente, senão que o crente é apresentado como havendo morto em Cristo e como ressuscitado com ele a novidade de vida.

Este é o resultado da união com Cristo. Porque por meio desta união, não só Cristo é unido a aqueles que foram dados, mas que eles são unidos com ele. Por isso, não só Cristo morreu por eles, mas que eles morreram nele e ressuscitaram com ele (cf Rm. 6:1-10; 2 Co.5:14, 15; Ef. 2:1-7; Cl. 3:1- 4; 1 Pe. 4:1, 2). É este fato de haver morto com Cristo na eficácia de sua morte e de haver ressuscitado com ele no poder de sua ressurreição que assegura para todo o povo de Deus a libertação do domínio do pecado.

Da a base para a exortação: «Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor» (Rm. 6:11), e da força a certeza apodíctica: «Porque o pecado não terá domínio sobre vós» (Rm. 6:14). É este fato de haver morto e ressuscitado com Cristo, contemplado como uma implicação da morte e ressurreição de Cristo cumprida uma vez por todas, o que prove a base do processo de santificação. E se apela constantemente ao mesmo como o apressar e incentivo para a santificação na prática do crente.

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É também aqui que podemos refletir de maneira apropriada acerca da relação da redenção com Satanás. E se deve contemplar em relação com o aspecto triunfal da mesma. Os primeiros pais da igreja cristã deram um lugar destacado a esta fase da redenção e a apresentaram em termos de um resgate pago ao diabo. Esta apresentação devino fantasiosa e absurda. Sua falsidade foi eficazmente exposta por Anselmo em sua clássica obra Cur Deus Horno.

Em reação contra esta formulação fantasiosa, porém, somos demasiado propensos a deixar de lado a grande verdade que aqueles pais intentavam expressar. Aquela verdade é a relação que tem a obra redentora de Cristo sobre o poder e a atividade de Satanás e sobre as hostes espirituais de maldade em lugares celestiais (cf Ef. 6:12). Desde logo, é significativo em relação com isto que a primeira promessa da graça redentora, o primeiro raio de luz redentora que caiu sobre nossos caídos primeiros pais, foi em termos da destruição do tentador. E esta mesma ênfase está incrustado no Novo Testamento.

Segundo nosso Senhor ia aproximando-se do Calvário e tal como petição dos gregos o havia recordado acerca da significação universal da obra que estava para levar a cabo, foi então que aproveitou a ocasião para referir-se ao triunfo sobre o supremo inimigo, e disse: «Agora é o juízo deste mundo; agora o príncipe deste mundo será lançado fora» (Jo. 12:31). E, para o apóstolo Paulo, a glória que irradiava desde a cruz de Cristo era uma glória irradiada pelo fato de que, «despojando os principados e as potestades, os exibiu publicamente, triunfando sobre eles na cruz» (Cl. 2:15). Ainda que demasiadas vezes deixamos de ter em conta a tétrica realidade da morte e nos sentimos compostos em presença da mesma, não devido a fé mas devido uma endurecida insensibilidade, não era assim no fervor da fé do Novo Testamento. Foi com profundo significado que o escritor da epístola aos Hebreus escreveu que Jesus participou de carne e de sangue «para, por meio da morte, destruir o poder o que teria o império da morte, isto é, o diabo, e livrar a todos os que pelo temor da morte estavam durante toda a vida sujeitas a servidão» (Hb. 2:14, 15).

Foi só este triunfo o que liberou aos crentes da escravidão do temor e que inspirou a confiança e a compostura da fé. Mas este triunfo teria relevância para eles porque a consciência deles estava condicionada pelo conhecimento interior do papel e da atividade de Satanás, e a confiança e a compostura entraram em seus peitos porque sabiam que o triunfo de Cristo anulava o sinistro agente que teria o poder da morte.

Assim, vemos que a redenção do pecado não pode ser concebida nem formulada de maneira adequada exceto que compreenda a vitória que Cristo obteve uma vez por todas sobre aquele que é o deus deste mundo, o príncipe da potestade do ar, o espírito que agora obra nos filhos da desobediência. Devemos contemplar o pecado e o mal em suas maiores proporções como um reino que abarca a sutileza, a destreza, a ingenuidade, o poder e a incansável atividade de Satanás e de suas legiões -«principados, potestades, dominadores deste mundo de trevas, hostes espirituais de maldade nas regiões celestes» (ver Ef. 6:12). E é impossível falar em termos de redenção do poder do pecado exceto que entre dentro do campo deste ganho redentor a destruição do poder das trevas. Assim é que podemos gozar de uma compreensão mais inteligente do que encontrou Cristo quando disse: «Esta é a vossa hora e a potestade das trevas» (Lc. 22:53) e do que obrou o Senhor da glória quando lançou o príncipe fora deste mundo (Jo. 12:31).

EXERCÍCIOS DA LIÇÃO 4.

8. Que semelhanças e que diferenças há entre o sacrifício expiatório de Cristo e os sacrifícios levíticos que o prefiguravam?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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9.O que significa “propiciação” e qual é seu propósito dentro do contexto da obra salvadora de Cristo?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. Por que é tão criticado o conceito da propiciação? Dê três razões para as quais tais críticas não são válidas.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Qual das duas afirmações seguintes reflete melhor o que Deus é?a. Deus é um Deus cheio de ira que chega a ser amigo pela propiciação de Cristo.b. Deus é um Deus cheio de ira e por vezes amigo. Em seu amor proveu a propiciação

de sua própria ira.

12. Falando da necessidade de reconciliação entre Deus e o homem. Quem tem inimizade contra quem? Ou quem se encontra alienado a quem?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13. Como podemos dizer que em Deus há inimizade sem atacar sua santidade ao dizê-lo?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

14. Reflita sobre as explicações dadas das passagens de Mateus, Romanos, e I Corintios. Logo explique a natureza da reconciliação que Cristo efetuou mediante sua morte na cruz._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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15.Depende de mim ser ou não ser reconciliado com Deus? Explique sua resposta.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

16.Que quer dizer redenção? Que situação pressupõe?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17. De quais duas coisas nos redimiu Cristo?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

18. Como temos de entender o ter sido redimidos da lei? O que implica? O que não implica?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

19. Sabemos que ter sido redimidos do pecado não significa que nunca mais voltaremos a pecar. Em que sentido, pois, gozamos de ser libertos do pecado?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

20 A qual necessidade específica do homem se dirige cada um dos quatro aspectos (sacrificial, propiciatória, reconciliadora, redentora) da obra salvadora de Deus?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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21. Qual dos quatro aspectos da obra salvadora de Deus obtém também o triunfo sobre Satanás? Como o obtém?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

22. Detenha-se um momento. Medite. Seria você capaz de entender e levar a cabo semelhante obra salvadora? Coloque-se na presença de Deus e com base no que você estudou neste capitulo dedique um tempo a celebrar com gozo, gratidão e humildade a maravilha que é esta salvação tão grande.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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LIÇÃO 5: A PERFEIÇÃO DA EXPIAÇÃO

Na polêmica protestante, este rasgo da obra da expiação de Cristo tem sido orientada contra o artigo romanista de que a obra de satisfação cumprida por Cristo não libera aos fiéis de fazer satisfação pelos pecados que tenham cometido. Segunda a teologia romanista, todos os pecados passados, tanto pelo que respeita seu castigo eterno como temporal, são apagados no batismo, como também o castigo eterno dos pecados futuros dos fiéis. Mas, pelo que respeita ao castigo temporal dos pecados posteriores ao batismo, os fiéis devem fazer satisfação bem nesta vida, bem no purgatório. Em oposição a todo conceito de satisfação humana, os protestantes mantém com razão que a satisfação de Cristo é a única satisfação pelo pecado, e que é tão perfeita e definitiva que não deixa nenhuma responsabilidade penal para nenhum pecado do crente. É certo que nesta vida os cristãos são disciplinados por seus pecados, e que tal disciplina é corretiva e santificante <produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados nela> (Hb. 12:11). E esta disciplina é penosa. Mas identificar a disciplina com a satisfação pelo pecado incide não só sobre a perfeição da obra de Cristo, mas também sobre a natureza da satisfação. «Por tanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus» (Rm. 8:1). Não deve haver mitigação alguma da polêmica protestante contra esta perversão do evangelho de Cristo.

Se permitimos por um só momento que o conceito de justificação humana se intrometa em nossa apresentação da justificação ou da santificação, haveremos, então, contaminado o rio cujas correntes alegram a cidade de Deus. E a mais grave perversão que penetra é que lhe rouba do Redentor a glória de seu lucro feito uma vez por todas. Ele fez a purificação de nossos pecados por meio de si mesmo, e se assentou a destra da Majestade nas alturas (cf Hb 1:3). Mas esta situação na que nos encontramos com referencia ao debate sobre a questão da expiação nos demanda que tenhamos conta outras formas em que tem sido prejudicada a doutrina da perfeição, e é necessário que incluamos sob este encabeçamento outros rasgos da obra consumada de Cristo.

1. A objetividade histórica. Na expiação se cumpriu algo uma vez por todas, sem participação nem contribuição de nossa parte. Se aperfeiçoou uma obra que antedata a qualquer e a todo reconhecimento ou resposta da parte daqueles que são seus beneficiários. Qualquer limitação deste feito em interesse do que se supõe que seja uma interpretação mais ética ou no interesse de interpretar a expiação em termos dos efeitos éticos que se calcula que haja de produzir em nós é a destruição da verdade da expiação. A expiação é objetiva para nós, foi levada a cabo com independência de nós, e os efeitos subjetivos que surgem dela pressupõe seu cumprimento. Os efeitos subjetivos exercidos em nosso entendimento e vontade só podem seguir em tanto que reconheçamos pela fé o significado do fato objetivo.

Há outra implicação de sua objetividade histórica que é preciso destacar. É o caráter restritamente histórico daquele que foi levado a cabo. A expiação não é supra histórica nem é contemporânea. É, desde logo, certo que a pessoa que obrou a expiação pelo pecado está por cima da historia pelo que respeita a sua deidade e filiação eterna. Como Deus e Filho, ele é eterno e transcende a todas as condições e circunstancias do tempo. Ele é, junto com o Pai e o Espírito, o Deus da historia. Também é certo que, como o Filho encarnado exaltado a destra de Deus, é, em um sentido muito verdadeiro, contemporâneo. Ele vive sempre, e como o vivente que esteve morto mas que vive de novo, ele é a encarnação sempre presente e sempre ativa da eficácia, virtude e poder que brotam da expiação. Mas a expiação foi levada a cabo na natureza humana e em um tempo determinado do passado e acabado calendário de acontecimentos. Acaso poderia algo indicar mais claramente a verdade e o significado disto que a palavra do apóstolo: «Quando veio a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para que redimisse os que estavam sob a lei»? (Gl. 4:4, 5). Tanto se interpretarmos «a plenitude do tempo» como a plena medida do tempo designado

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por Deus, o período que devia transcorrer antes que Deus enviasse seu Filho, ou como aquele tempo que consuma o tempo e que da o tempo seu pleno complemento, temos de reconhecer o significado do tempo para aquela missão, que se registra e fica sinalizado pela encarnação do Filho de Deus.

A encarnação teve lugar em um ponto específico marcado pela chegada da plenitude do tempo. Não teve lugar antes de então, e, ainda que o estado encarnado seja permanente, a encarnação não voltou a ter lugar. A historia, com suas designações fixas e seus períodos bem definidos, tem significado no drama do lucro divino. O acondicionamento histórico e a situação

histórica dos acontecimentos no tempo não podem apagar nem tampouco pode subestimar sua significação. E o que é certo do acontecimento da encarnação é certo também da redenção levada a cabo. Ambos estão situados historicamente e nenhum dos dois são supra histórico nem contemporâneo.

2. A finalidade. Nas polêmicas históricas este rasgo da expiação tem sido apremiado contra da doutrina romanista do sacrifício da missa. Esta polêmica contra a blasfêmia romanista é tão necessária em nossos dias como o foi no período da Reforma. A expiação é uma obra consumada, nunca repetida e irrepetível. Entretanto, em nosso contexto moderno é necessário insistir neste ponto não só em oposição a Roma, mas também em oposição a um ponto de vista dominante dentro de círculos protestantes. Este ponto de vista é que o divino ato de levar o pecado não pode ser confinado ao acontecimento histórico do sacrifício de Jesus, mas que deve ser considerado como eterno, que a obra da expiação, encarnada na paixão de Jesús Cristo, é eterna nos céus na mesma vida de Deus, «uma obra eterna de expiação, supra temporal como o é a vida de Deus... e prosseguindo enquanto sigam cometendo pecados e haja pecadores que reconciliar». Desde logo, é muito necessário reconhecer a continua atividade sumo sacerdotal de Cristo no céu. É necessário recordar que ele incorpora eternamente em si mesmo a eficácia que se acumulou de seu sacrifício na terra, e que é em virtude daquela eficácia que ele exerce este ministério celestial como Sumo Sacerdote de nossa profissão. É sobre esta base que ele intercede em favor de seu povo. E é em razão da simpatia derivada de suas tentações terrenas que pode compadecer de nossas debilidades. Isto significa simplesmente que se deve apreciar plenamente a unidade do ofício e da atividade sacerdotal de Cristo. Mas o fato de que não devemos perturbar a unidade de suas funções sacerdotais não significa que tenhamos liberdade para confundir as distintas ações e fases de seu oficio sacerdotal.

Devemos distinguir entre a oferenda do sacrifício e a subseqüente atividade do sumo sacerdote. O que o Novo Testamento destaca é a histórica unicidade do sacrifício que expiou a culpa e que reconciliou com Deus (cf Hb. 1:3; 9:12, 25-28). Deixar de valorizar o definitivo desta unicidade é conceber erroneamente que é realmente a expiação. Na apresentação bíblica não pode conceber a expiação aparte das condições sob a que é levada a cabo. Há duas condições ao menos que são indispensáveis, a humilhação e a obediência, e estas condicionando mutuamente. Choca com todo o teor da Escritura passar a expiação a aquele reino no que nos seria impossível crer que existem estas condições.

Ademais, se pensamos na fórmula «expiação eterna no coração de Deus», devemos fazer outra vez distinções. É certo que a expiação brotou do amor eterno no coração de Deus e que foi a provisão deste amor eterno. Mas conceber a expiação como eterna é confundir o eterno e o temporal. O que o testemunho da Escritura mostra de maneira inequívoca é o verdadeiro significado para Deus daquele ganho no tempo. É a isto que atribui a expiação, e isso de maneira clara e decisiva. Nossa definição de expiação deve derivar da que fala a Escritura. E a expiação da que fala a Escritura é a obediência vicária, a expiação, propiciação, reconciliação e

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redenção levadas a cabo pelo Senhor da glória quando, uma vez por todas, obrou a purificação de nossos pecados e se assentou a destra da Majestade nas alturas.

3. A unicidade. Horace Bushnell nos tem dado o que talvez seja a mais eloquente exposição e defesa da idéia de que o sacrifício de Cristo é simplesmente a suprema ilustração e vindicação do principio de abnegação que opera no peito de cada ser amante e santo ao ver confrontado aquele ser com o pecado e o mal. «O amor é um principio essencialmente vicário por sua própria natureza», diz ele, «identificando o sujeito com outros, a fim de sofrer as adversidades e dores deles, e tomando sobre si mesmo a carga dos males deles.» «Há um Getsemani oculto em todo amor» (ibid., pág. 47). «Sustentando esta postura acerca do sacrifício vicário, devemos encontrá-lo como próprio da natureza essencial de toda virtude santa. Também nos é preciso, naturalmente, ir mais adiante e mostrar como pertence a todos demais seres bons, tão verdadeiramente como o mesmo Cristo na carne como o Pai eterno antes de Cristo, e o Espírito Santo vindo depois dele, e os anjos bons tanto antes como depois, todos eles tem levado as cargas, se tem debatido nas dores de seus sentimentos vicários pelos homens; e logo, por fim, como o cristianismo vem como seu resultado, ao gerar em nós este mesmo amor vicário que reina em todas as mentes glorificadas e boas do reino celestial; reunindo aos pés de Cristo nosso Amo, porquanto tem aprendido a levar sua cruz, e a estar com ele em sua paixão» (ibid. pág. 53).

Distinguir a verdade do erro e desentranhar as falácias nestas citações nos levaria muito além de nossos limites. É certo que o sacrifício de Cristo é a suprema revelação do amor de Deus. É certo que vida, padecimentos e morte de Cristo nos dão o supremo exemplo de virtude. É certo que aflições da igreja cumprem o que fica das aflições de Cristo e que por meio destas aflições dos crentes cumpre seu propósito a obra expiatória de Cristo.

Mas é coisa muito diferente pretender que tenhamos parte naquele que constitui o sacrifício vicário de Cristo. É indefensável e perverso por sobre os termos «vicário» e «sacrifício» uma conotação diluída que reduza o «sacrifício vicário» de Cristo a uma categoria que arrebate seu caráter único e distintivo que a Escritura lhe aplica. Desde logo, Cristo nos tem deixado um exemplo para que sigamos suas pegadas. Mas nunca se propõe que esta estimulação de nossa parte deva estender-se a obra da expiação, propiciação, reconciliação e redenção que ele cumpriu. Só temos que definir a expiação em termos escriturários para reconhecer que só Cristo a levou a cabo.

E não só isto. Que justificação temos para inferir, ou em base a que pensamento pode inferir que aquilo que é constitutivo ou que se exemplifica no sacrifício vicário de Cristo possa ser aplicável a todo amor santo ao contemplar o pecado e maldade? É só mediante uma fatal confusão de categorias que pode chegar a fazer plausível tal inferência. O que a Escritura apresenta é que o Filho de Deus encarnado, e só ele, excluindo ao Pai e ao Espírito no reino do divino, e excluindo os anjos e os homens na ordem do criado, se deu a si mesmo em sacrifício para redimir-nos para Deus com seu sangue.

Desde qualquer ângulo que contemplemos seu sacrifício encontramos que sua unicidade é tão inviolável como unicidade de sua pessoa, de sua missão e de seu oficio. Quem é Deus-homem senão só ele? Quem é o grande sumo sacerdote para oferecer tal sacrifício, senão só ele? Quem derramou aquele sangue da expiação, senão só ele? Quem entrou uma vez por todas no santuário, havendo obtido eterna redenção, senão só ele? Bem poderíamos citar as palavras de Hugh Martin. Tem sido tomada de sua mestra polêmica contra o dito de F. W. Robertson de que «o sacrifício vicário é a lei do ser». Diz Martin: «Um anúncio que parece um oráculo! É desnecessário dizer que o confrontamos com uma negação direta. O sacrifício vicário não só não é a lei do ser, senão que não é uma lei em absoluto. É uma transação divina única, solitária, sem comparação que nunca será repetida, nunca será igualada, nunca será aproximada. Foi o esplêndido e inesperado recurso da sabedoria divina, que em seu desvelamento inundou a mente dos anjos com o conhecimento de Deus. Foi o

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livre conselho do beneplácito da vontade de Deus. Foi a soberana decisão de Sua graça e amor. Se nos arrebata o amor soberano de Deus com o conceito de que o sacrifício vicário é a "lei do ser".»

4. A eficácia intrínseca. Nas polêmicas da teologia histórica este aspecto da expiação tem sido apremiado contra a doutrina Expoente de que Cristo fez algo que Deus aceita em graça em lugar da plena satisfação da justiça. A declaração da Confissão de Fé de Westminster está admiravelmente readaptada em contraste e contradição a postura Remonstrante: «O Senhor Jesus, mediante Sua perfeita obediência e sacrifício de Si mesmo, que Ele, por meio do Espírito eterno, ofereceu uma vez a Deus, tem dado plena satisfação a justiça de Seu Pai; e adquirido não só a reconciliação, mas uma herança eterna no reino do céu, para todos aqueles que o Pai lhe tem dado» É necessário conceber e formular corretamente a relação da graça de Deus com a obra expiatória de Cristo. Foi pela graça de Deus que Cristo foi dado em nosso favor. Foi por sua própria graça que ele se deu a si mesmo. Seria totalmente falso conceber a obra de Cristo como uma indução ao Pai para constrangê-lo a ser amante e cheio de graça. «Mas Deus, que é rico em misericórdia, por seu grande amor com que nos amou, ainda estando nós mortos por nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo» (Ef. 2:4, 5; cf 1 Jo. 4:9). A expiação é a provisão do amor e graça do Pai.

Mas há igual necessidade de recordar que a obra levada a cabo por Cristo foi por si mesma intrinsecamente adequada para dar satisfação a todas as exigências criadas por nosso pecado e a todas as demandas da santidade e justiça de Deus. Cristo satisfaz toda a dívida do pecado. Ele levou nossos pecados e os purificou. Não deu um pagamento nominal que Deus aceite em lugar da totalidade. Nossas dívidas não têm sido canceladas, mas liquidadas. Cristo obteve redenção e, portanto a assegurou. Ele afrontou em si mesmo e absorveu a plena carga da condenação e juízo divinos contra o pecado. Ele obrou a justiça que é a base apropriada da completa justificação e o direito a vida eterna.

A graça, assim, reina por meio da justiça para vida eterna por meio de Jesús Cristo, nosso Senhor (cf Rm 5:19, 21). Ele expiou a culpa e «com uma só oferenda tem feito perfeitos para sempre aos que são santificados» (Hb. 10:14). «Havendo sido aperfeiçoado, veio a ser fonte de eterna salvação para todos os que lhe obedecem» (Hb. 5:9). Em uma palavra, Jesus cumpriu todas as exigencias que brotavam do pecado e obteve todos os beneficios que conduzem a, e que são consumados na liberdade da glória dos filho de Deus.

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 5:

1. Contra quais erros se levanta a doutrina da perfeição da obra de Cristo?_____________________________________________________________________

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3. Quais rasgos da obra consumada de Cristo devemos manter com claridade para combater tais erros? (Neste capitulo se delineiam quatro.)

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2. Quais condições, necessárias para a expiação, não se podem dar no céu?

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3. O que quer dizer “unicidade”?_____________________________________________________________________

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4. Que argumentam quem ataca a unicidade do sacrifício vicário de Cristo?_____________________________________________________________________

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5. Qual é a idéia expressa pela frase “eficácia intrínseca” em referencia ao sacrifício de Cristo?

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LIÇÃO 6: O ALCANCE DA EXPIAÇÃO

A questão do alcance da expiação se reduz simplesmente a: Por quem fez Cristo a expiação? Em uma linguagem mais simples, todavia, é: por quem morreu Cristo? Poderia parecer que a Biblia da uma resposta inequívoca no sentido de que Cristo morreu por todos os homens. Porque lemos: «Todos nós andamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos» (Is. 53:6). Seria fácil argumentar que a expressão dos «todos» na última cláusula é tão extensa como a dos que se tem desgarrado e que se tem apartado pelo seu caminho. Se é assim, a conclusão seria que o Senhor fez cair sobre seu Filho a iniqüidade de todos os homens, e que foi feito oferenda pelos pecados de todos.

Outra vez lemos: «Vemos porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos» (Hb. 2:9). Se poderia dizer que João resolve a questão fora de toda discussão quando diz: «Ele é a propiciação por nossos pecados; e não somente pelos nossos, mas também por todo o mundo» (1 Jo. 2:2).

Entretanto, não devemos pensar que citação de uns quantos textos como os anteriores e outros que se pudessem acrescentar decide esta questão. Desde o principio até o final a Bíblia emprega expressões universais mas que não se podem interpretar como significando todos os homens distributiva e inclusivamente. Palavras como «o mundo» e «todos» e expressões como «cada um» e «todos os homens» nem sempre significa na Escritura cada membro da raça humana. Por exemplo, quando Paulo diz, com referencia a incredulidade de Israel: «E se sua queda é a riqueza do mundo... quanto mais sua plena restauração?» (Rm. 11:12), temos de supor que queria dizer que a queda de Israel trouxe as riquezas as que se refere aqui a cada pessoa que tem sido, que é agora e que será jamais no mundo? Uma interpretação assim careceria de sentido. A palavra «mundo» haveria então de incluir a Israel, que é aqui contrastada com o mundo.

E não sucede que cada membro da raça humana tenha sido enriquecido com a queda de Israel. Quando Paulo empregou aqui a palavra «mundo», se referia o mundo gentio em contraste a Israel. O contexto o deixa totalmente claro. Assim que temos um exemplo da palavra «mundo» empregado em um sentido restringido e não significa todos os homens distributivamente. Outra vez, quando Paulo diz: «Assim pois, como pela transgressão de um veio a condenação a todos os homens, da mesma maneira pela justiça de um veio a todos os homens a justificação da vida» (Rm. 5:18), temos de supor que a justificação veio a toda a raça humana, a todos os homens distributiva e inclusivamente? Este não pode ser o significado de Paulo. Ele está tratando acerca da justificação real, da justificação que é em Cristo e para vida eterna (cf vv. 1,16, 17, 21).

E não podemos crer que tal justificação passasse a cada membro da raça humana, exceto se cremos que todos os homens serão finalmente salvos, algo que é contrário aos ensinamentos de Paulo em outros lugares e o ensinamento da Escritura em geral. Por conseguinte, ainda que Paulo emprega a expressão «todos os homens» na primeira parte do versículo no sentido de todos os homens universalmente, entretanto deve estar empregando a mesma expressão na segunda parte do versículo em um sentido muito mais restringido, isto é, de todos os que serão realmente justificados. Por tomar outro exemplo, quando Paulo diz que «todas as coisas me são lícitas» (1 Co 6:12; 10:23), não significa com isso que todo o concebível era legítimo. Não lhe era legítimo transgredir os mandamentos de Deus. Estas «todas as coisas» de que fala estão definidas e limitadas pelo contexto. Se poderiam citar numerosos exemplos adicionais para mostrar que expressões desta classe, ainda que universais em sua forma, tem frequentemente uma referencia limitada e não significam cada pessoa da raça humana.

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Não é suficiente, pois, em citar uns quantos textos da Bíblia nos que apareçam termos como «mundo» e «todo» em relação com a morte de Cristo, e saltar de imediato a conclusão de que a questão está resolvida em favor da expiação universal.

Podemos mostrar facilmente a falácia deste procedimento em relação com um texto como Hebreus 2:9. Que é o que provê a denotação do «todos» na cláusula em questão? Indubitavelmente, o contexto. De quem está falando o escritor no contexto? Está falando dos muitos filhos que tem de ser levados a glória (v. 10), dos santificados que junto com o santificador todos são de um (v. 11), daqueles que são chamados irmãos de Cristo (v. 12), e dos filhos que Deus lhe deu (v. 13). É isto o que nos prove o alcance e a referencia de «todos» pelos que Cristo apreciou a morte. Cristo apreciou a morte por cada filho que devia ser levado a glória e por todos os filhos que Deus o deu. Mas não há nem a mínima justificação neste texto para estender a referencia da morte vicária de Cristo mais além daqueles que são claramente designados no contexto. Este texto mostra quão plausível de entrada pode ser uma citação, e, entretanto, quão infundado é este argumento em favor da doutrina da expiação universal.

Continuando com a análise desta doutrina, é necessário aclarar qual não é a questão. A questão não é se os homens são objeto de muitos benefícios aparte da justificação e da salvação a causa da morte de Cristo. Os incrédulos e reprovados neste mundo gozam de numerosos benefícios que se derivam do fato de que Cristo morreu e ressuscitou. O domínio mediador de Cristo é universal. Cristo é cabeça sobre todas as coisas e tem recebido toda autoridade no céu e na terra. É dentro deste domínio mediador que se dispensam todas as bênçãos que os homens gozam. Mas este domínio o exerce Cristo sobre a base e como recompensa da obra consumada da redenção. «Se humilhou a si mesmo, ao fazer-se obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo qual Deus também o exaltou, e lhe deu o nome que é sobre todo nome» (Fl. 2:8, 9). Consequentemente, por quanto todos os benefícios e bênçãos se encontram dentro do reino do domínio de Cristo, e por quanto este domínio descansa sobre sua obra consumada de expiação, os inumeráveis benefícios de que gozam sem distinção todos os homens estão relacionados com a morte de Cristo, e se pode dizer que se derivam dela de uma ou outra maneira. Se assim se derivam da morte de Cristo, é porque assim estavam dispostos que derivassem. Por isso, é apropriado dizer que o goze de certos benefícios, inclusive por parte dos não escolhidos e reprovados, cai dentro do desígnio da morte de Cristo. A negação da expiação universal não releva a negação desta relação que os benefícios de que gozam todos os homens possam ter com a morte e obra consumada de Cristo. A verdadeira questão é muito diferente.

A questão é esta: em favor de quem se ofereceu Cristo em sacrifício? Em favor de quem propiciou a ira de Deus? A quem reconciliou para com Deus no corpo de sua carne por meio da morte? A quem redimiu da maldição da lei, da culpa e poder do pecado, do poder sedutor e da escravidão de Satanás? Em lugar de quem e em favor de quem foi ele obediente até a morte, e morte de cruz? Estas são, precisamente, as questões que devem prantear e afrontar com franqueza se o tema do alcance da expiação se deve por em sua perspectiva adequada. A questão não é a relação da morte de Cristo com as numerosas bênçãos em que podem participar nesta vida aqueles que finalmente perecem, por importante que seja esta questão em si mesma e em seu posto. A questão é precisamente a referencia da morte de Cristo quando esta morte é contemplada como morte vicária, é dizer, como obediência vicária, como sacrifício substitutivo e expiação, como propiciação, reconciliação e redenção efetivas. Em uma palavra, é a conotação restrita e apropriada da expressão «morreu por» que se tem de manter em mente. Quando Paulo diz que Cristo «morreu por nós» (1 Ts. 5:10), ou que «Cristo morreu por nossos pecados» (1 Co. 15:3), não tem em mente alguma benção que possa resultar da morte de Cristo mas da que não se possa ver privado a seu devido tempo e que possa portanto perder. Está pensando na maravilhosa verdade de que Cristo o amou e se

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entregou por ele (Gl. 2:20), que Cristo morreu em seu lugar e em seu posto, e que por isso temos redenção por meio do sangue de Cristo.

Se nos concentrarmos no pensamento da redenção, poderemos, talvez, damos melhor conta da impossibilidade de universalizar a expiação. Que significa redenção? Não significa a qualidade de redimível, que sejamos situados em uma posição redimível. Significa que Cristo adquiriu e procurou a redenção. Esta é a nota triunfante do Novo Testamento sempre que toca a corda da redenção. Cristo nos redimiu para Deus com seu sangue (Ap. 5:9). Ele obteve eterna redenção (At. 9:12). Ele «se deu a si mesmo por nós para redimirmos de toda iniqüidade e purificar para si um povo de sua propriedade, zeloso de boas obras» (Tt. 2:14). É diminuir o conceito de redenção como lucro eficaz de liberação mediante preço e por poder apresentá-lo como nada menos que o eficaz cumprimento que assegura a salvação daqueles que são seu objeto. Cristo não veio para por aos homens em uma situação redimível mas para redimir um povo para si. Temos o mesmo resultado quando analisarmos de maneira apropriada o significado de expiação, propiciação e reconciliação. Ele veio para expiar pecados: «Havendo efetuado a purificação de nossos pecados por meio de si mesmo, assentou a destra da majestade nas alturas» (He. 1:3). Cristo não veio para fazer reconciliável a Deus. Ele nos reconciliou para Deus por meio de seu próprio sangue.

A mesma natureza da missão de Cristo e seu cumprimento se envolveram nesta questão. Veio Cristo para fazer possível a salvação de todos os homens, para eliminar obstáculos que se levantam no caminho da salvação e meramente fazer a provisão para a salvação, ou veio para salvar seu povo? Veio para por a todos os homens em um estado suscetível de salvação, ou veio para assegurar a salvação de todos os que estão ordenados para vida eterna? Veio para fazer redimível a todos os homens, ou veio de maneira efetiva e infalível para redimir? A doutrina da expiação tem de ser revisada de maneira radical se, como expiação, se aplica igualmente aos que finalmente perecem que aos que são herdeiros da vida eterna. Neste caso haveríamos de diluir as magnas categorias em cujos termos a Escritura define a expiação e privá-las de seu maior significado e glória. E isto não podemos fazê-lo. A eficácia salvadora da expiação, propiciação, reconciliação e redenção estão demasiadas profundamente arraigadas nestes conceitos e não ousamos eliminar esta eficácia.

Faremos bem em ponderar as palavras de nosso mesmo Senhor: «Porque desci do céu, não para fazer minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai, que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia» (Jo. 6:38, 39). A segurança é algo inerente no cumprimento redentor de Cristo. E isto quer dizer que, pelo que respeita as pessoas consideradas, o desígnio, o cumprimento e a realização final tem o mesmo alcance.

Esta doutrina recebeu o nome de expiação limitada. Pode que ser ou não uma designação justa. Mas não é o termo empregado o que é importante, é o que denota. É muito fácil levantar preconceitos contra uma doutrina assinando uma etiqueta oprobiosa e mal entendida. Tanto se a expressão «expiação limitada» é boa como se não o é, temos de ter em conta a realidade de que não ser que criamos na restauração final de todos os homens, não pode ter uma expiação ilimitada. Se universalizarmos o alcance limitamos a eficácia. Se alguns daqueles por quem foi feita a expiação e obrada a redenção perecem eternamente, então a expiação não é em si mesma eficaz. É esta alternativa a que tem que afrontar os proponentes da expiação universal. Eles têm uma expiação «limitada», e limitada com respeito àquele que incide em seu caráter essencial.

Nós não podemos aceitar isto em absoluto. A doutrina da «expiação limitada» que mantemos é a doutrina que limita a expiação aqueles que são herdeiros da vida eterna, aos escolhidos. Esta limitação assegura sua eficácia e conserva seu caráter essencial como redenção eficiente e efetiva. Com freqüência se objeta que esta doutrina é inconseqüente com o pleno e livre oferecimento de Cristo no evangelho. Isto é um grave mal-entendido e uma

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falsa representação. A verdade na realidade é que é só sobre a base desta doutrina que podemos ter um pleno e livre oferecimento de Cristo aos perdidos. Que se oferece aos homens no evangelho? Não é a possibilidade da salvação, não simplesmente a oportunidade da salvação. O que se oferece é a salvação. Para ser mais específicos, é Cristo mesmo em toda a glória de sua pessoa e em toda a perfeição de sua obra consumada o que se oferece. E é oferecido como aquele que fez a expiação pelo pecado e que obrou a redenção. Mas ele não poderia ser oferecido nessa qualidade nem caráter se não houvesse assegurado a salvação e consumado a redenção. Não poderia ser oferecido como Salvador e como aquele que encarna em si mesmo a plena e livre salvação se tão só houvesse feito possível a salvação de todos os homens ou meramente houvesse feito provisão para a salvação de todos. É a mesma doutrina de que Cristo teve e assegurou a redenção a que reveste a livre oferta do evangelho de sua riqueza e poder. É só esta doutrina a que permite uma apresentação de Cristo que é digna da glória de seu lucro e de sua pessoa. É porque Cristo ganhou e assegurou a redenção que é um Salvador todo suficiente e apropriado. É como tal que é oferecido, e a fé que demanda este oferecimento é a fé da entrega de um mesmo a ele como aquele que é a eterna encarnação da eficácia que procede da obediência consumada e da redenção conseguida.

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 6:

1. Qual das duas doutrinas, a da expiação limitada ou a da expiação universal é a que ensina que Cristo fez possível a salvação dos homens? Qual é a que ensina que efetivamente os salvou?

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2. Se aceitamos uma expiação que abarca a todos como teríamos que definir o conceito de “expiação”? Em que difere esta definição da definição bíblica?

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3. Atenta a idéia de uma expiação limitada contra o oferecimento livre e pleno do evangelho de

Cristo?_____________________________________________________________________

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Entretanto, é apropriado que o indagador faça esta pergunta: Não há também evidências mais diretas previstas pela Escritura para mostrar o alcance concreto ou limitado da expiação? Desde logo, há muitos argumentos bíblicos. Nos contentaremos com expor dois deles, não porque somente haja dois, antes porque constituem exemplos da evidência que a Escritura mesma provê para mostrar a necessidade desta doutrina.

1. O primeiro exemplo é o de Romanos 8:31-39. Não há dúvida alguma de que nesta passagem se faz duas vezes referencia explícita a morte de Cristo: «que não poupou a seu próprio Filho, antes que o entregou por todos nós» (v. 32) e «Cristo é o que morreu; mais ainda, o que também ressuscitou» (v. 34). Daí que qualquer indicação dada nesta passagem acerca do alcance seria pertinente a questão do alcance da expiação. No versículo 31, Paulo faz esta pergunta: « Que, diremos, pois? Se Deus é por nós, quem será contra nós?» Nos vemos obrigados a fazer esta pergunta: De quem está Paulo falando? Em outras palavras, qual é a denotação das expressões «por nós» e «contra nós»? A resposta é que a denotação não pode ser outra que a prevista pelo precedente contexto, isto é, aqueles que são mencionados nos versículos 28-30. Seria impossível universalizar a denotação do versículo 31 se queremos pensar biblicamente, e seria exegeticamente monstruoso romper a continuidade do pensamento de Paulo e estender a referencia do versículo 31 mais além do alcance dos mencionados no versículo 30. Isto significa, portanto, que a denotação que se tem a vista com as palavras «por nós» e «contra nós» no versículo 31 é limitada, e limitada em termos do versículo 30.

Quando passamos ao versículo 32 encontramos que Paulo emprega de novo esta expressão «por nós» e acrescenta a palavra «todos»: «que não poupou nem ao seu próprio Filho, antes o entregou por todos nós» (v. 32). Aqui se está referindo de forma expressa a todos aqueles em favor de quem o Pai entregou o Filho. E a questão é: qual é o alcance da expressão «por todos nós»? Seria absurdo insistir em que a presença da palavra «todos» tem o efeito de universalizar o alcance. O «todos» não é mais amplo que o «nós». Paulo está dizendo que a ação do Pai que está à vista teve lugar em favor de «todos nós» e a questão é simplesmente qual é o alcance do «nós». A única resposta adequada a esta pergunta é que o «nós» a vista no versículo 32 é o «nós» a vista no versículo 31. Seria violentar as normas mais elementares da interpretação supor que no versículo 32 Paulo amplia o alcance daqueles aos que se está dirigindo e que inclui a muitos mais que os incluídos em sua declaração do versículo 31. De fato, Paulo está prosseguindo sua declaração e dizendo que não só é Deus por nós, antes que também nos dará livremente todas as coisas. E a garantia disto reside no fato de que o Pai deu seu Filho em nosso favor. Para que não haja nenhuma dúvida acerca da denotação limitada das palavras «por todos nós» no versículo 32, é bom recordar que a entrega do Filho é correlativa com a livre outorga de todos os bons dons. Não podemos estender o alcance do sacrifício do Filho mais além do alcance dos outros livres dons - todo aquele em cujo favor o Pai entregou o Filho vem a ser o beneficiário de todos os outros dons da graça. Para abreviar, os contemplados no sacrifício de Cristo são também os partícipes dos outros dons da graça salvadora: « Como não nos dará também com ele todas as coisas?» Passando ao versículo 33, se faz evidente sem dúvida alguma o alcance limitado.

Porque Paulo diz: « Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus é o que justifica. Quem é o que condena?» O pensamento se move de maneira restrita dentro do âmbito definido pela eleição e a justificação, e a referência a eleição e a justificação conecta com os versículos 28-30, onde se mostra que a predestinação e a justificação são coextensivas.

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No versículo 34, Paulo se refere novamente a morte de Cristo. Faz de uma maneira significativa para o que agora nos tange em dois respeitos. Sua apelação a morte de Cristo coordena com o fato de que é Deus que justifica. E o faz com o propósito de reivindicar aos escolhidos de Deus contra qualquer acusação que pudesse ser apresentada contra eles, e para apoiar este reto, « quem acusará os escolhidos de Deus?» É os eleitos e aos justificados aos que tem em mente Paulo aqui, em sua apelação a morte de Cristo, e não há razão para sair da denotação prevista pela eleição e a justificação quando tratamos de descobrir o alcance da morte sacrificial de Cristo. O segundo respeito no que é significativo aqui sua referencia a morte de Cristo é que apela a morte de Cristo no contexto de sua sequela na ressurreição, a sessão a destra de Deus e a intercessão em favor nosso. Outra vez emprega Paulo esta expressão «por nós», e a usa agora em relação com a intercessão: «o que também intercede por nós». Duas observações tem que ver diretamente com a questão que estamos tratando. Primeiro, a expressão «por nós» neste caso deve receber a denotação restringida que já temos encontrado no versículo 31. É impossível universalizar não só devido ao alcance limitado de todo o contexto, mas também devido a mesma natureza da intercessão como verdadeira e eficaz. Segundo, devido a maneira em que se coordena nesta passagem a morte, ressurreição e intercessão de Cristo, seria totalmente injustificado dar a morte de Cristo uma referencia mais inclusiva que a que se dá a sua intercessão. Quando Paulo diz aqui que «Cristo é o que morreu», naturalmente significa que «Cristo morreu por nós», como no versículo 32 diz que o Pai «o entregou por todos nós». Não podemos dar um alcance mais amplo ao «por nós» implicado na cláusula «Cristo é o que morreu» que podemos dar ao «por nós» expressado explicitamente na cláusula «o que também intercede por nós». Por isso, vemos que somos conduzidos a suposições impossíveis se tratamos de universalizar a denotação daqueles que são mencionados nestas passagens.

Finalmente, temos a mais convincente de todas as considerações. « Quem nos separará do amor de Cristo?... Porque estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem potestades, nem o presente, nem o porvir, nem o alto, nem o profundo, nem nenhuma outra coisa criada nos poderá separar do amor de Deus, que é em Cristo Jesus nosso Senhor» (Rm. 8:35-39). Paulo está afirmando aqui da maneira mais enfática, em uma das conclusões mais retóricas de suas epístolas, a segurança daqueles de quem esteve falando. A garantia desta segurança é o amor de Deus que é em Cristo Jesus. E o amor de Deus aqui mencionado é indubitavelmente o amor de Deus para aqueles que são incluídos nele. Agora bem, a inferência inevitável é que este amor do que é impossível ser separado e que garante a glória daqueles que são abraçados nele é o mesmo amor a que se deve fazer alusão mais atrás na passagem quando Paulo diz: «que nem ao seu próprio Filho poupou, mas que o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas» (v. 32). É certamente o mesmo amor, chamado no versículo 39 «o amor de Deus que é em Cristo Jesus», o que constrangeu ao Pai a entregar seu próprio Filho. Isto significa que o amor implicado no versículo 32, o amor de dar o Filho, não pode receber uma referencia mais ampla que o amor que, segundo os versículos 35-39, assegura a eterna segurança dos que são objeto deste amor. Se não todos os homens gozam desta segurança, como pode aquele que é a fonte desta segurança e a garantia de sua possessão abraçar aos que não gozam de tal segurança? Assim, vemos que a segurança a que se refere Paulo aqui é uma segurança limitada a aqueles que são objeto do amor que foi manifestado no madeiro maldito do Calvário, e que por isso o amor exibido no mesmo Calvário é um amor discriminante e não um amor indiscriminadamente universal. É um amor que garante a segurança eterna dos que são seu objeto, e o mesmo Calvário é aquele que assegura para eles a justiça justificadora por meio da que reina a vida eterna. E isto significa simplesmente que a expiação que se cumpriu no Calvário não é por si mesma universal.

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2. O segundo argumento bíblico que podemos acrescentar em apoio da doutrina da expiação definida é o que surge do fato de que aqueles pelos que Cristo morreu também morreu em Cristo. No Novo Testamento, a maneira mais comum de expressar a relação dos crentes com a morte de Cristo é dizer que Cristo morreu por eles. Mas também há a linha de ensinamento no sentido de que eles morreram em Cristo (cf Rm. 6:3-11; 2 Co. 5:14, 15; Ef. 2:4-7; Cl. 3:3). Não podem abrigar-se dúvidas acerca da proposição de que todos aqueles pelos quais Cristo morreu também morreram em Cristo. Porque Paulo diz de maneira expressa: «Se um morreu por todos, logo todos morreram» (2 Co. 5:14)- há uma equação denotativa.

O traço significativo deste ensinamento do apóstolo para nosso presente interesse é, não obstante, que todos os que morreram em Cristo ressuscitaram com ele. Isto também afirma Paulo explicitamente. «E se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele; sabendo que Cristo, havendo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele» (Rm. 6:8, 9). Assim como Cristo morreu e ressuscitou, da mesma maneira todos os que morreram nele ressuscitaram nele. E quando perguntamos que é o que se envolvia neste ressuscitar em Cristo, Paulo não nos deixa com dúvidas: é ressuscitar a novidade de vida. «Fomos, pois, sepultados juntamente com ele para morte por meio do batismo, a fim de que como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida. Porque se fomos plantados juntamente com ele na semelhança de sua morte, assim também o seremos na de sua ressurreição» (Rm. 6:4, 5).

«Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim : que se um morreu por todos , logo todos morreram ; e ele morreu por todos , para que os que vivem, não vivam mais para si , mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou » (2 Co. 5:14, 15). «Porque já estais mortos , e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus» (Col. 3:3).

Temos, então, a seguinte sequência de proposições estabelecida pelas explícitas declarações do apóstolo. Todos aqueles pelos quais Cristo morreu morreram também em Cristo. Todos os que morreram em Cristo ressuscitaram com Cristo. Esta ressurreição com Cristo é uma ressurreição novidade de vida segundo a semelhança da ressurreição de Cristo. Morrer com Cristo é, portanto, morrer ao pecado e ressuscitar com ele a vida de nova obediência, para viver não para nós mesmos, mas para aquele que morreu por nós e ressuscitou. É inevitável a inferência de que aqueles pelos que Cristo morreu são aqueles e só aqueles que morrem para o pecado e vivem para a justiça.

Agora bem, está claro o fato de que nem todos morrem para o pecado e vivem em novidade de vida. Por isso, não podemos dizer que todos os homens, distributivamente, morreram com Cristo. Tampouco podemos dizer que Cristo morrera por todos os homens, pela simples razão de que todos aqueles pelos que morreu Cristo também morreram em Cristo. Se não podemos dizer que Cristo morreu por todos os homens, tampouco podemos dizer que a expiação é universal —é a morte de Cristo pelos homens o que constitui de maneira específica a expiação. A conclusão é evidente: a morte de Cristo em seu caráter específico como expiação foi por aqueles, e somente aqueles, que são a seu devido tempo participes daquela nova vida da que a ressurreição de Cristo é prenda e pauta. Isto nos recorda que a morte e a ressurreição de Cristo são coisas inseparáveis. Aqueles pelos que Cristo morreu são aqueles pelos quais ressuscitou, e sua atividade salvadora celestial é de alcance idêntico a seus lucros redentores obrados uma vez por todas.

PERGUNTAS DO ESTUDO LIÇÃO 6:

4. Resuma em poucas palavras o argumento mediante o qual o autor mantém que Romanos 8:31-39 ensina a expiação limitada.

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5. Tem-se a mão algum texto ou documento referente a hermenêutica (ciência da interpretação) repasse o que este expõe quanto ao papel que deve julgar o contexto em análise de uma palavra ou frase.

6. De que maneira influi o contexto sobre a interpretação da frase “por todos nós” em Romanos 8:32?

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7. De que nos serve saber que aqueles por quem Cristo morreu também tem morto nele, a hora

de buscar entender o alcance de sua expiação?_____________________________________________________________________

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Ao concluir nossa discussão do alcance da expiação, será bom refletir em uma ou duas passagens aos que tem apelado como decantando o debate em favor da expiação universal. 2 Corintios 5:14, 15 é uma destas. Em duas ocasiões neste texto diz Paulo que Cristo «por todos morreu». Mas se pode mostrar que esta expressão não deve compreender-se como distributivamente universal por meio da mesma passagem quando se interpreta a luz do ensinamento de Paulo. Temos visto logo que, segundo o ensinamento de Paulo, todos aqueles pelos que Cristo morreu morreram também em Cristo. Ele afirma a verdade aqui de uma maneira enfática: «Se alguém morreu por todos, logo todos morreram». Mas em outras passagens deixa perfeitamente claro que aqueles que morreram em Cristo ressuscitaram com ele (Rm. 6:8). Ainda que esta última verdade não seja explicitamente expressada nesta passagem, fica certamente implicada nas palavras «e por todos morreu, para que os que vivem, já não vivam para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles». Se fossemos supor que a expressão «os que vivem» é restritiva e não tem o mesmo alcance que os «todos» pelo que Cristo morreu, isto nos levaria a um conflito com as explícitas declarações de Paulo em Romanos 6:5, 8 no sentido de que os que foram plantados na semelhança da morte de

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Cristo também o serão na sua ressurreição e que os que morreram com ele viverão também com ele. A analogia no ensinamento de Paulo em Romanos 6:4-8 deve aplicar-se a 2 Corintios 5:14, 15. Por isso, a menção de «os que vivem» tem de ter o mesmo alcance que os incluídos na cláusula precedente, «por todos morreu». E porquanto «os que vivem» não abarcam toda a raça humana, tampouco pode abarcar toda a raça humana o «todos» usado na cláusula «por todos morreu». A corroboração se deriva das palavras finais do versículo 15, «antes para aquele que morreu e ressuscitou por eles».

De novo aqui se justapõem a morte e a ressurreição de Cristo e a analogia do ensinamento de Paulo em contextos similares no sentido de que os que são beneficiários da morte de Cristo o são também de sua ressurreição e, por isso, de sua vida de ressurreição. Assim que quando Paulo diz aqui: «morreu e ressuscitou por eles», a implicação é que aqueles pelos quais morreu são aqueles pelos que ressuscitou, e aqueles pelos que ressuscitou são os que vivem em novidade de vida. Assim, em termos do ensinamento de Paulo, e, de maneira específica, em termos do sentido desta passagem, não podemos interpretar o «por todos» de 2 Corintios 5:14, 15 como distributivamente universal. Bem longe de prestar apoio a doutrina da expiação universal, este texto faz o contrário.

Talvez nenhum texto da Escritura apresente um apoio mais plausível para a doutrina da expiação universal que 1 João 2:2: «E ele é a propiciação pelos nossos pecados; e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo». A extensão da propiciação a «todo o mundo» pareceria não permitir outra interpretação que o que a propiciação pelos pecados abarca os pecados de todo o mundo. Se deve dizer que a linguagem que João usa aqui concordaria perfeitamente com a doutrina da expiação universal se a Escritura demonstrasse em outro lugar que esta é a doutrina bíblica. E se deve dizer também que esta expressão, em si mesma, não daria prova nem apoio algum a uma doutrina de expiação limitada. Entretanto, a pergunta é: este texto demonstra que a expiação é universal? Em outras palavras, é esta passagem de tal maneira expressada que violamos os canones da interpretação se o interpretamos de uma maneira que seja compatível com a doutrina da expiação limitada? Porquanto há tantas razões bíblicas para a doutrina de um alcance limitado da expiação, devemos fazer esta pergunta, e quando intentamos responder a ela podemos encontrar várias razões pelas que João teve que dizer «por todo o mundo» sem implicar no mínimo que sua intenção fosse ensinar o que pretendem os proponentes da expiação universal. Há boas razões pelas que João quis dizer «por todo o mundo» bem aparte da suposição da expiação universal.

1. Era necessário a João estabelecer o âmbito da propiciação de Jesus: Não estava limitada enquanto sua virtude e eficácia ao círculo imediato dos discípulos que haviam realmente visto e ouvido e tocado o Senhor nos dias de sua peregrinação na terra (cf 1 Jo. 1:1-3), nem o circulo de crentes que estiveram diretamente sob a influência do testemunho apostólico (cf 1 Jo. 1:3, 4). A propiciação que é o mesmo Jesús se estende em sua virtude, eficácia e intenção a todos em todas as nações que por meio do testemunho apostólico vieram a ter comunhão com o Pai e o Filho (cf 1 Jo. 1:5- 7). Cada nação, tribo e povo e língua ficam neste sentido incluídos na propiciação. Era sumamente necessário que João, o mesmo que os outros escritores do Novo Testamento e que o Senhor, destacassem o universalismo étnico do evangelho e, por isso, a propiciação de Jesus como a mensagem central deste evangelho. João teria que dizer, a fim de proclamar o universalismo da graça do evangelho: «E não somente pelos nossos, mas também por todo o mundo.»

2. Era necessário a João destacar a exclusividade de Jesus como a propiciação. É esta propiciação única específica para a remissão de pecados. No contexto, João estava destacando a gravidade do pecado e a necessidade de evitar a trama da benevolência com respeito ao mesmo. Mas, em relação com isso, era imperativo recordar aos crentes que não há outro lavadouro para o pecado que a propiciação de Jesus - não há outro sacrifício pelo

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pecado. A maior necessidade do homem e a maior exibição de graça divina não conhecem outra propiciação por todo o mundo.

3. Era necessário a João recordar a seus leitores a perpetuidade da propiciação de Jesus. Esta propiciação a que se mantém como tal ao longo dos séculos – sua eficácia nunca diminui; nunca perde nada de sua virtude. E não somente é de eficácia eterna, mas que é o propiciatório perpétuo para os pecados sempre recorrentes e continuados dos crentes. Isso não alegam outra propiciação pelos pecados que seguem cometendo, como tampouco apelam a outro advogado para com o Pai pela culpa que entranham seus continuados pecados. Daí que o alcance, a exclusividade e a perpetuidade da propiciação dizem suficiente razão a João para dizer: «Não somente pelos nossos, mas também por todo o mundo». E não é necessário supor que João estava aqui enunciando uma doutrina da propiciação que é de alcance distributivamente universal. Se não é necessário encontrar uma doutrina de expiação universal, em 1 João 2:2, então este texto não estabelece a expiação universal e o significado e a intenção podem harmonizar-se com o que encontramos que é a doutrina requerida por outras considerações bíblicas.

Vale a pena observar que neste texto João fala de Jesus como a propiciação: «Ele é a propiciação por nossos pecados». É sumamente provável que esta forma de declaração assinala a «Jesus Cristo o justo» não só como aquele que fez a propiciação uma vez por todas mediante seu sacrifício na cruz, mas como aquele que é a encarnação permanente da virtude propiciatória que resulta de seu cumprimento uma vez por todas, e também como aquele que oferece aqueles que confiam nele um propiciatório sempre disponível. Este triplo aspecto no que se pode contemplar a propiciação tem o mais profundo significado para a consolação do povo de Deus, ao considerar isso qual é, por cima de toda a dificuldade criada por seu pecado, isto é, o desagrado de Deus. Cristo é o permanente propiciatório, de maneira que podem aproximar-se a ele em plena certeza de fé, sabendo que a propiciação que Cristo obrou e o propiciatório que ele segue sendo sempre constituem a garantia de que serão salvos da ira que merecem seus pecados.

É este complexo conceito o que nos faz difícil situar sequer este texto no marco de uma propiciação universal. Há aqui, como em muitos outros casos, certa concatenação pela que a eficácia que brota da expiação se justapor com a expiação. E ao tomar conta o pensamento do versículo precedente de que Jesus Cristo é nosso advogado para com o Pai, é necessário contemplar a advocacia que Jesus exerce e a propiciação que é como coisas complementares. Deve-se que Jesus obrou a propiciação e a que ele é o propiciatório permanente que é o advogado para com o Pai. Damos a propiciação um alcance muito mais além de sua advocacia, injetamos algo que é dificilmente compatível com esta complementação. Podemos ver claramente, assim, que ainda que às vezes se empreguem termos universais em relação com a expiação, não se pode apelar a estes termos para estabelecer a doutrina da expiação universal.

Em alguns casos, como temos visto se pode mostrar que o universalismo inclusivo fica excluído pelas considerações do contexto imediato. Em outros casos há razões adequadas para o emprego de termos universais sem a implicação de um alcance universal distributivamente. Por isso, não se pode derivar nenhum apoio concluinte em favor da doutrina da expiação universal em base a expressões universalistas. A questão deve decidir em base a outra evidência. Temos tratado de apresentar esta evidência. É fácil para os proponentes da expiação universal apelar de passada a uns quantos textos. Mas este método não é digno do sério estudante das Escrituras.

É necessário que descubramos qual é o verdadeiro significado da redenção ou da expiação. E quando examinamos a Escritura, encontramos que a glória da cruz de Cristo está vinculada a eficácia de seu cumprimento. Cristo nos redimiu para Deus com seu sangue, se

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deu a si mesmo em resgate para livrar-nos de toda iniquidade. A expiação é uma substituição eficaz.

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 6:

8. Explique por que é difícil utilizar II Coríntios 5:14,15 como texto que demonstre a expiação

universal._____________________________________________________________________

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9. Que considerações permitem dizer que I Jo. 2:2 não tem que estar ensinando a expiação universal, deixando aberta a possibilidade de que esta passagem harmonize com o ensinamento do resto da Escritura?

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10. A chave para compreender biblicamente o alcance da expiação é entender biblicamente a natureza da ___________________________.

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Conclusão .... Primeira ParteSó há uma fonte da que possamos derivar uma concepção apropriada da obra

expiatória de Cristo. Esta fonte é a Bíblia. Só há uma norma pela qual devamos por a prova nossas interpretações e formulações. Esta norma é a Bíblia. Sempre ronda perto de nós a tentação a sermos infiéis a este único critério. Nenhuma tentação é mais sutil e plausível que a tendência a interpretar a expiação em termos de nossa experiência humana e fazer, por isso, de nossa experiência a regra. É uma tendência que nem sempre aparece sem disfarce. Mas é a mesma tendência que soubessem ao intento de impor sobre a obra de Cristo uma interpretação que aproxime a experiência e aos lucros do homem, ao intento de acomodar nossa interpretação e aplicação dos padecimentos de nosso Senhor e obediência até a morte a medida, ou, ao menos, a analogia de nossa experiência. Há duas direções nas que podemos fazer isto.

Podemos enaltecer o significado de nossa experiência e atuação a medida de nosso Senhor, ou rebaixar a experiência e atuação de nosso Senhor a medida da nossa. A tendência e

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o resultado final são os mesmos. Rebaixamos o significado da obra expiatória de Cristo e a privamos de sua singular e distintiva glória. Esta é uma maldade da mais tenebrosa. Que experiência humana pode reproduzir o que o Senhor da glória, o Filho de Deus encarnado, padeceu e cumpriu sozinho? É certo que levamos o castigo por nossos pecados e que podemos conhecer algo da amargura. Estamos sujeitos a ira de Deus, e o aguilhão da culpa não perdoada pode refletir a terrível severidade do desagrado de Deus. Nossos pecados nos tem separado de Deus, e podemos conhecer o desfalecido vazio de estar sem Deus sem esperança no mundo. Há ainda mais que podemos conhecer da amargura do pecado e da morte. Os perdidos na condenação levarão eternamente o juízo sem alívio nem mitigação, devidos seus pecados; sofrerão eternamente na exigência das demandas da justiça. Mas só houve um, e não terá outro, que levou todo o peso do juízo divino sobre o pecado e que levou para extingui-lo. Os perdidos sofrerão eternamente para a satisfação da justiça. Mas nunca a satisfarão. Cristo satisfez a justiça. «mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos» (Is. 53:6). Foi feito pecado e maldição. Levou nossas iniqüidades. Levou a condenação não aliviada nem mitigada do pecado e a consumou. Este é o espetáculo que nos confronta no Getsemani e no Calvário. Esta é a explicação de Getsemani, com seu suor em sangue e seu clamor agonizante: «Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice» (Mt. 26:39). E esta é a explicação da mais misteriosa declaração que jamais ascendera da terra ao céu: «Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?» Mora o pensamento de que «há um Getsemani oculto em todo amor!» E mora a presunção que ousa falar de nossos Getsemani e de nossos calvários!

É zombar do mais solene espetáculo de toda a história, um espetáculo sem paralelo, único, irrepetido e irrepetível.

Aproximar este espetáculo a analogia de nossa experiência humana é exibir um estado de mente e sentimento insensível ao alfabeto do cristianismo. Aqui somos os espectadores de uma maravilha cujo louvor e glória a eternidade não poderá esgotar. É o Senhor da glória, o Filho de Deus encarnado, o Deus-homem, bebendo o cálice que deu o Pai eterno, o cálice de ais e de uma agonia indescritível. Quase vacilamos em dizê-lo. Mas deve ser dito. É Deus em nossa natureza abandonado por Deus. O clamor desde o madeiro de maldição não evidencia outra coisa senão o desamparo que é a paga do pecado. E foi um desamparo suportado vicariamente porque ele levava nossos pecados em seu próprio corpo no madeiro. Não há analogia. Ele mesmo levou nossos pecados e do povo ninguém havia com ele. Não há reprodução nem paralelo na experiência dos arcanjos nem dos maiores santos. O mais ligeiro paralelismo abateria aos homens mais santos e aos mais poderosos da hoste angélica.

Quem dirá que o sofrimento vicário do juízo sem alívio nem mitigação de Deus sobre o pecado incide negativamente sobre a iniciativa e o caráter do amor eterno? É o espetáculo do Getsemani e do Calvário, assim interpretado, o que abre ante nós as dobras de um amor indizível. O Pai não perdoou seu próprio Filho. Não perdoou nada que exigisse os preceitos da mais implacável retidão. E este é o transfundo da permissão do Filho que ouvimos quando ele diz: «que não se feita minha vontade, mas a tua» (Lc. 22:42). Mas por que? Foi para que o amor eterno e invencível pudesse encontrar a plena realização de seu impulso e propósito em redenção por preço e por poder. O espírito do Calvário é o amor eterno, e a base do mesmo a justiça eterna. É o mesmo amor manifestado no mistério da agonia de Getsemani e do madeiro maldito do Calvário que o reveste de eterna segurança o povo de Deus. «que nem ao seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?» (Rm. 8:32). « Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?» (Rm. 8:35). «Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem potestades, nem o presente, nem o porvir, nem o alto, nem o profundo, nem nenhuma outra coisa criada nos separará do amor de Deus, que é em Cristo Jesus nosso Senhor» (Rm 8:38, 39). Esta é a segurança que se tem uma expiação perfeita, e é a perfeição da expiação a que se tem.

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LIÇÃO 7: ORDEM DA APLICAÇÃO

A provisão que Deus deu em sua providência para o sustento e comodidade de homens e animais não é nem escassa nem mesquinha. Tem feito com que a terra abunde de boas coisas para dar satisfação às necessidades do homem e dos animais, e para satisfazer a si mesmo seus variados gostos e apetites. O Salmo 104 é o cântico inspirado de louvor e admiração. «Todos esperam de ti que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno. ... Abres a tua mão, e enchem-se de bens» (vv. 27, 28). «O vinho que alegra o coração do homem, o faz reluzir o seu rosto como o azeite, e o pão que fortalece o seu coração» (v. 15). E o salmista exclama: «Ó Senhor, quão variadas são tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas» (v. 24).

A provisão que Deus fez para a salvação dos homens é ainda mais notavelmente multiforme. Porque esta provisão tem a vista a multiforme da necessidade do homem e exibe a abundância abundante da bondade, sabedoria, graça e amor de Deus. Esta superabundância aparece no conselho eterno de Deus acerca da salvação. Aparece no cumprimento histórico da redenção pela obra de Cristo uma vez por todas; e aparece na aplicação da redenção de maneira continuada e progressiva, até que alcance sua consumação na liberdade da glória dos filhos de Deus.

Quando pensamos na aplicação da redenção, não devemos pensar nela como um ato simples e indivisível. Compreende uma série de atos e de processos. Por mencionar alguns, temos o chamamento, a regeneração, a justificação, a adoção, a santificação, a glorificação. Todos estes são distintos, e nenhum deles pode ser definido em termos do outro. Cada um tem seu próprio significado, função e propósito na ação e graça de Deus.

Deus não é autor de confusão, e portanto ele é o autor da ordem. Há boas e concluintes razões para pensar que as várias ações da aplicação da redenção, algumas das quais tem sido mencionadas, tem lugar em uma certa ordem, e que esta ordem tem sido estabelecida pela disposição, sabedoria e graça divinas. É bem evidente para cada um que seria impossível começar com a glorificação, porque a glorificação está no extremo final do processo como sua culminação e consumação, e é apenas menos evidente que a regeneração tem de preceder a santificação. Um homem tem de ser, logo, renascido antes de ser progressivamente santificado. A regeneração é o início de ser santificado, e a santificação é a continuação. Por isso, unicamente se demanda o mais elementar conhecimento destes diversos termos para ver que não podemos manipulá-los e mesclá-los da maneira que melhor nos pareça. Mas podemos também contemplar umas quantas passagens da Escritura para mostrar que se implica claramente uma ordem ou disposição nos vários passos da aplicação da redenção.

Se tomarmos, antes de tudo, textos tão conhecidos como João 3:3, 5, veremos que nosso Senhor disse a Nicodemos que aquele que não nasce de novo, não pode ver o reino de Deus, e que aquele que não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

Evidentemente, ver o reino de Deus e entrar nele pertence a aplicação da redenção, e nosso Senhor indica que exceto pelo novo nascimento, a regeneração, não se pode ver ou entrar no reino de Deus. Disso segue que a regeneração é anterior, e seria plenamente impossível inverter a ordem e dizer que um homem é regenerado ao ver o reino de Deus ou entrar nele. Não, se entra no reino de Deus mediante a regeneração. Como disse Jesus outra vez (Jo. 3:6), «o que é nascido do Espírito, espírito é». Podemos também examinar um texto estreitamente relacionado com este, 1 João 3:9: «Todo aquele que é nascido de Deus, não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.» Aqui João está tratando, indubitavelmente, da libertação do poder reinante do pecado. Esta libertação forma parte da aplicação da redenção. Mas o texto demonstra que a razão pela qual uma pessoa é libertada do poder reinante do pecado é que tem nascido de Deus, e a razão pela qual continua com esta liberdade do poder dominante e diretivo do

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pecado é que a semente de Deus permanece nele. Aqui temos claramente a ordem de causa a explicação. O novo nascimento é a causa e explicação do estado de liberdade do domínio do pecado, e é portanto anterior a esta liberdade. A pessoa regenerada não comete o pecado que é para morte (1 Jo. 5:16), e a razão disso é que tem nascido de Deus e que a semente de Deus está sempre nele para guardá-lo daquele mortífero e irreparável pecado.

Ainda mais adiante, contemplemos João 1:12. Podemos centrar nossa atenção nos dois temas com os que tratam este texto, isto é, a recepção de Cristo e a outorga de autoridade para vir a ser filhos de Deus.

Podemos chamá-los de maneira apropriada fé e adoção. O texto diz de maneira distinta que «a todos os que receberam aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus». A outorga desta autoridade, que podemos agora, para nossos efeitos, identificar com a adoção, pressupõe a recepção de Cristo, ou seja, a fé no seu nome. Isto equivale dizer que a adoção pressupõe fé, e por isso que a fé é anterior à adoção. Assim que deveríamos seguir a ordem de fé e adoção.

Finalmente, podemos considerar uma passagem em Paulo, Efésios 1:13: «Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.» O selado com o Espírito Santo é o que segue escutando a palavra da verdade e crendo. Ouvir e crer são portanto anteriores na ordem, e não se pode fazer que sigam o selado do Espírito.

Estes poucos textos tem sido apresentados para simplesmente mostrar que há uma ordem que se deve manter, e que não pode ser invertido sem violar o claro sentido destes textos. Estes textos demonstram a realidade da ordem, e mostram que não é uma lógica vazia afirmar a ordem divina na aplicação da redenção. Há uma lógica divina neste assunto, e a ordem em que insistimos deveria ser nem mais nem menos que o que as Escrituras apresentam como a disposição divina.

Estes textos, não obstante, não nos tem levado muito longe para descobrir qual é a ordem de disposição em relação com muitas das ações que compreendem na aplicação da redenção. Tem estabelecido umas poucas coisas, desde logo, mas só umas poucas. Quando damos uma enumeração mais completa dos vários passos ou aspectos - chamamento, regeneração, conversão, fé, arrependimento, justificação, adoção, santificação, perseverança, glorificação, podemos ver que ficam várias questões sem determinar. O que é primeiro, o chamamento ou a justificação? É a fé anterior a justificação, ou o inverso? Vem a regeneração antes do chamamento?

Há uma passagem da Escritura que arroja muita luz sobre esta questão. É Romanos 8:30: «E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.» Aqui temos três atos da aplicação da redenção: chamamento, justificação e glorificação. Aparecem nesta ordem no texto. E surge a pergunta: É esta a ordem disposta para sua aplicação e acontecimento, ou acaso a ordem no texto é simplesmente uma ordem de conveniência, de maneira que Paulo podia igualmente haver adotado outra ordem?

Tem-se que dizer algo como introdução: é que inclusive se a ordem houvesse sido diferente, com a justificação primeiro e o chamamento segundo, não ficaria por isso transtornado o principal pensamento da passagem. O principal pensamento é a conjunção invariável e seqüência destes atos divinos e sua indissolúvel conexão com o propósito eterno de Deus de prévio conhecimento e predestinação. Porque aqui temos uma cadeia de ligações irrompíveis que começam com o prévio conhecimento e que terminam com a glorificação.

Mas há razões aborrecedoras para pensar que a ordem que segue Paulo no versículo 30-chamamento, justificação, glorificação-é a ordem de sequência segundo a disposição divina. Estas razões não há que buscá-las muito longe. Há tantas indicações da ordem nesta

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passagem como um todo, que não podemos por mais que concluir que a ordem de sequencia lógica está disposta ao longo da mesma.

1. No versículo 28 aparece a indicação da ordem na expressão «chamados conforme seu propósito». Isto significa que o propósito provê a pauta ou o plano segundo o que tem lugar o chamamento. Por isso, o propósito é anterior ao chamamento, e neste caso, naturalmente, é eternamente anterior. O propósito não é outro que aquele que se desenvolve no versículo 29 como consistindo em prévio conhecimento e predestinação. Por isso, no versículo 28 temos uma clara indicação de ordem.

2. O mesmo sucede no versículo 29. Não é nosso interesse agora expor o significado do termo traduzido «de antemão conheceu» nem sua relação com a palavra «predestinou». Tudo o que é necessário observar agora é que há uma progressão de pensamento desde a presciência a predestinação. De novo, temos aqui uma indicação de ordem que não nos permitirá inverter os elementos envolvidos.

3. Nos versículos 29 e 30 temos uma cadeia de acontecimentos que encontram sua fonte no prévio conhecimento e seu final na glorificação. Não podemos inverter estes dois. Não só há prioridade e posterioridade, mas uma classe particular de tal ordem, isto é, prévio conhecimento como a fonte última e glorificação como fim último.

4. O mesmo se aplica tanto ao prévio conhecimento e a predestinação com referência aos três atos mencionados no versículo 30. O prévio conhecimento e a predestinação são anteriores ao chamamento, a justificação e a glorificação, e ademais eternamente anteriores. É inconcebível a inversão.

5. Inclusive dentro dos atos mencionados no versículo 30, atos que caem dentro da esfera da aplicação da redenção e que por isso são temporais em distinção aos do conselho eterno de Deus no versículo 29, estamos também obrigados a descobrir uma ordem de prioridade. A glorificação não pode ser anterior ao chamamento e a justificação: tem que ser posterior a ambas. Por isso, seja qual seja a verdade acerca da ordem do chamamento e da justificação em sua mútua relação, a glorificação tem que ser posterior a ambas.

Assim que a única questão pendente é se o chamamento é anterior à justificação, ou o inverso. Deveremos concluir que, já que são tão numerosas as indicações de uma ordem disposta nesta passagem como um todo, a ordem que Paulo segue com referência ao chamamento e a justificação tem que ser a desejada ordem de disposição e progressão lógica.

Pensar de outro modo seria uma violação de todas as considerações pertinentes. Consequentemente, temos de inferir que Romanos 8:30 nos provê de um amplo esboço da ordem da aplicação da redenção, e que esta ordem é: chamamento, justificação, glorificação. E, assim, temos que contestar uma pergunta, que não tem sido, todavia respondida, que na ordem da aplicação da redenção o chamamento precede a justificação. E poderíamos não fazê-la pensando assim se houvéssemos recorrido a nossos próprios raciocínios lógicos.

A seguinte questão que podemos tratar é a relação da fé com a justificação. Há diferença de opinião acerca desta questão entre teólogos ortodoxos, alguns mantendo que a justificação é anterior, e outros a inversa. Se tem de compreender que do que estamos tratando agora não é em absoluto o decreto eterno de Deus de justificar. Isto, desde logo, é anterior a fé, e se fossemos chamar isto «justificação eterna» (um mau emprego dos termos), então a tal seria anterior a fé, assim como o propósito de Deus é sempre anterior a cada fase da aplicação da redenção. Ademais, se empregamos o termo justificação como sinônimo virtual da reconciliação (como pode suceder em Romanos 5:9), então também esta justificação é anterior a fé, assim como o cumprimento da redenção é sempre anterior a sua aplicação.

Mas não estamos agora tratando acerca do decreto eterno de justificar nem da base da justificação na obra cumprida uma vez por todas por Cristo, senão acerca da justificação presente, que cai dentro do âmbito da aplicação da redenção. Com referência a esta justificação, a Escritura declara sem dúvida alguma que somos justificados pela fé, de fé, por

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meio da fé e sobre a base da fé (ver Rm 1:17; 3:22, 26, 28,30; 5:1; Gl 2:16; 3:24; Fl 3:9). Desde logo, pareceria impossível evitar a conclusão de que a justificação tem lugar sobre a base do acontecimento da fé ou por meio da fé como instrumento. Deus justifica aos ímpios que crêem em Jesus, em uma palavra, aos que crêem. E isto significa simplesmente que na justificação se pressupõe a fé, e a condição prévia a justificação, não porque sejamos justificados sobre a base da fé ou pela razão de que sejamos justificados por causa da fé, mas só pela razão de que a fé é o instrumento designado por Deus por meio do que ele dispensa esta graça.

Há outra razão pela qual deveríamos crer que a fé é anterior a justificação. Já temos visto que o chamamento é anterior à justificação. E a fé está conectada com o chamamento. Não constitui o chamamento. Mas é a resposta inevitável de nosso coração e mente e vontade ao chamamento divino. Neste assunto, o chamamento e a resposta coincidem. Por esta razão, deveríamos esperar que porquanto o chamamento é anterior a justificação, assim mesmo o é a fé. Esta inferência fica confirmada pela expressa declaração de que somos justificados pela fé.

Estamos agora em uma posição de dar o seguinte esboço, algo aumentado, da ordem na aplicação da redenção: chamamento, fé, justificação, glorificação. Se pensarmos em termos escriturais, não é difícil inserir outro passo. É o da regeneração. A sua vez, tem que ser anterior a fé. Muita controvérsia gira sobre esta questão, e não é preciso entrar em todos os aspectos desta controvérsia. Ademais, não será possível neste capítulo dar toda a evidência que estabelece a prioridade da regeneração. Muita desta evidência se apresenta mais adiante. Será suficiente por agora recordar que como pecadores estamos mortos em delitos e pecados. A fé é um ato de toda a alma de confiança amante e de entrega própria. E disto somos incapazes até que somos renovados pelo Espírito Santo. Foi disto que testificou Cristo quando disse que ninguém podia ir a ele exceto aquele que fosse dado pelo Pai e exceto que o Pai o trouxera (Jo. 6:44, 65). E, uma vez mais, temos de recordar João 3:3: «Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus».

Certamente, ver o reino de Deus é o ato de fé, e, se é assim, esta fé é impossível sem regeneração. Por isso, a regeneração tem que ser anterior à fé. Podemos então afirmar, sobre esta base, que a ordem é regeneração, fé, justificação.

Isto não soluciona a questão quanto à ordem de vinculação com o chamamento e a regeneração. É a regeneração antes do chamamento eficaz, ou o inverso? Há argumentos que se poderiam apresentar em favor da prioridade da regeneração. Não estaria em jogo nada importante se adotasse esta ordem, é dizer, a ordem de regeneração, chamamento, fé, justificação, glorificação. Entretanto, há uma consideração de peso (que se desenvolverá mais adiante), isto é, que, segundo o ensinamento da Escritura, é o chamamento o que recebe uma ênfase distintiva e proeminência como aquela ação de Deus pelos que os pecadores são trasladados das trevas a luz e introduzidos a comunhão de Cristo. Este rasgo do ensinamento do Novo Testamento cria a clara impressão de que a salvação como possessão real conhece seu começo em um chamamento eficaz da parte de Deus, e que este chamamento, por quanto é o chamamento de Deus, leva em seu seio toda a eficácia operativa pela que é feito efetivo. É o chamamento e não a regeneração o que possui este caráter. Por isso, se pode acrescentar mais em favor da prioridade do chamamento.

Assim, se temos os seguintes elementos, e nesta ordem: chamamento, regeneração, fé, justificação e glorificação, temos estabelecido tudo o que é de importância fundamental para a questão. Os outros passos podem ser facilmente incluídos e situados em seu lugar apropriado. O arrependimento é o irmão gêmeo da fé -não podemos pensar em um sem o outro, e por isso o arrependimento é justaposto a fé. A conversão é simplesmente outro nome para o arrependimento e a fé justapostos, e por isso ficaria incluído no arrependimento e a fé. A adoção vem, evidentemente, depois da justificação –não poderíamos pensar que alguém fosse adotado a família de Deus sem haver sido antes aceito por Deus e feito herdeiro da vida

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eterna. A santificação é um processo que começa, poderíamos dizer, com a regeneração, encontra sua base na justificação, e deriva sua graça energizadora da união com Cristo que tem lugar no chamamento eficaz. Ao ser um processo contínuo em lugar de um ato momentâneo como o chamamento, a regeneração, a justificação e a adoção, é apropriado que seja situado depois da adoção na ordem da aplicação. A perseverança é concomitante e complemento do processo de santificação, e poderia ser situado apropriadamente tanto antes como depois da santificação.

Com todas estas considerações presentes, a ordem na aplicação da redenção se encontra é chamamento, regeneração, fé e arrependimento, justificação, adoção, santificação, perseverança, glorificação. Quando se pesa cuidadosamente esta ordem, se encontra que há uma lógica que evidencia e destaca o princípio governante da salvação em todos seus aspectos: a graça de Deus em sua soberania e eficácia. A salvação é do Senhor em sua aplicação, assim como em sua concepção e execução.

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 7:

1. Dê duas razões pelas quais podemos pensar que se existe uma ordem na qual os diferentes aspectos da redenção obrada por Cristo são aplicados ao crente.

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2. Qual seria o esquema da ordem da aplicação da redenção segundo este capítulo? Você está de acordo?

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LIÇÃO 8: O CHAMAMENTO EFICAZ

No capítulo anterior foi dito que há muitas boas razões para crer que a aplicação da redenção começa com o chamamento eficaz de Deus aos pecadores que estão mortos em delitos e pecados. Se admitia que se poderiam apresentar considerações em favor de por primeiro a regeneração e que não se poria nada fundamental em perigo para esta forma. As razões para por o chamamento de Deus em primeiro lugar se farão mais evidentes depois que tenhamos estabelecido o ensinamento bíblico sobre esta questão do chamamento eficaz.

Podemos falar de maneira apropriada de um chamamento que não é em si mesmo eficaz. Este é frequentemente mencionado como o chamamento universal do evangelho. As propostas da graça no evangelho que se dirigem a todos os homens sem distinção alguma são muito reais, e temos de manter esta doutrina com todas suas implicações para a graça de Deus, por uma parte, e para a responsabilidade e privilégio do homem, pela outra. Não é impróprio referir-se a esta proposta universal como um chamamento universal. É de todo provável que seja este o chamamento que se faz referência em Mateus 22:14: «Muitos são chamados, e poucos escolhidos.» E há diversos textos no Antigo Testamento aos que se poderia apelar em apoio desta conclusão.

Mas é coisa muito notável que no Novo Testamento, quando se empregam de maneira específica com referência a salvação, os termos para chamamento se aplicam quase exclusivamente, não ao chamamento universal do evangelho, mas ao chamamento que introduz aos homens a um estado de salvação, e que por isso é eficaz.

Apenas há algum caso onde se empregam os termos para designar a proposta indiscriminada da graça no evangelho de Cristo. Daqui que o sentido praticamente uniforme é o que está determinado por umas passagens tão bem conhecidos como Romanos 8:30: «Aos que predestinou, a esses também chamou.» 1 Coríntios 1:9: «Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados a comunhão com seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor.» 2 Pedro 1:10: «Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição» (cf Rm. 1:6, 7; 1 Co. 1:26).

Esta é a razão pela que geralmente falamos deste chamamento como eficaz. Com apenas uma exceção, o que o Novo Testamento quer dar a entender com as palavras «chamar», «chamado», «chamamento», não é nem mais nem menos que o chamamento que é eficaz para salvação.

O autor. Em relação com o sujeito deste encabeçamento, há duas coisas determinadas que se devem observar.

1. Deus é o autor. «Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados a comunhão com seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor» (1 Co. 1:9). «Participa das aflições pelo evangelho segundo o poder de Deus, quem nos salvou e chamou com chamamento santo» (2 Tm. 1:8, 9). Neste sentido, o chamamento é um ato da graça e do poder de Deus, que são a regeneração, a justificação e a adoção. Não nos chamamos a nós mesmos, não nos pomos a nós mesmos apar por vontade soberana, como tampouco nos regenerarmos, justificarmos ou adotarmos a nós mesmos. O chamamento é um ato de Deus, e de Deus somente. Este fato deveria fazer-nos profundamente consciente de quanto dependemos da graça soberana de Deus na aplicação da redenção. Se o chamamento é o passo inicial para chegarmos a ser participantes verdadeiros da salvação, o fato de que Deus seja o autor nos recorda de maneira enérgica que a pura soberania da obra de salvação de Deus não se suspende no ponto da aplicação, esse momento do desígnio e do cumprimento objetivo. Pode haver quem não goste desta doutrina. Mas se assim é, isso se deve a que somos contrários a graça de Deus e queremos atribuir à prerrogativa que pertence a Deus. E sabemos onde teve sua origem esta atitude.

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2. É Deus Pai quem é o agente especifico no chamamento eficaz . Somos muito propensos a esquecer este aspecto do ensinamento bíblico. Pensamos no Pai como a pessoa da Trindade que planejou a salvação e como o agente específico na eleição. E pensamos de maneira apropriada quando fazemos. Mas deixamos de discernir outras ênfases da Escritura, e desonramos o Pai quando pensamos nele como o mero desenhista da salvação e a redenção. O Pai não está muito longe da execução daquilo que ele dispôs em seu conselho eterno e cumpriu na morte de seu Filho; ele entra na mais íntima relação com seu povo na aplicação da redenção, ao ser ele ator específico e particular no início desta aplicação.

A evidência para apoiar isto é copiosa e concluinte. Quando Paulo diz: «E aos que predestinou, a estes também chamou» (Rm. 8:30), é evidente que o autor da predestinação é o autor do chamamento.

E no versículo anterior o autor da predestinação é distinguido da pessoa que é chamada «seu Filho»: «Aos que de antemão conheceu, também os predestinou a ser modelados conforme a imagem de seu Filho. » Só do Pai pode dizer que predestinou ao modelo conforme a imagem de seu Filho, pela simples razão de que o Filho é o Filho só com respeito ao Pai. Assim mesmo, em 1 Corintios 1:9, quando Paulo diz: "fiel é Deus, pelo qual fostes chamados a comunhão com seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor", se mantém a mesma inferência, porque a pessoa que chama se distingue da pessoa cuja comunhão são introduzidos os chamados, e a pessoa assim distinguida é a pessoa que tem com o Filho a relação de Pai. E este não pode ser outro que a primeira pessoa da Deidade, aqui designada, como tantas vezes no Novo Testamento, pelo nome pessoal de "Deus". Outras passagens são igualmente claras a este respeito (ver Gl. 1:15; Ef. 1:17, 18; 2 Tm. 1:9). Também será apropriado em relação a isto recordar 1 João 3:1: «Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus. » É muito provável que a palavra «chamados» significa mais que meramente «nomeados» e que se refira a ação eficaz de Deus o Pai por que somos «chamados» a ser filhos de Deus.

É Deus o Pai de maneira específica e eminente que chama eficazmente por sua graça . A natureza. Deixamos freqüentemente de darmos conta do rico significado dos termos bíblicos porque no uso comum as mesmas palavras têm sofrido um grande desgaste.

Isto é certo com respeito à palavra «chamamento». Temos de compreender o sentido desta palavra quando se emprega neste contexto, devemos usar a palavra «citação». A ação por que Deus faz do seu povo partícipe da redenção é a de uma citação. E por quanto seje uma citação de Deus, é uma citação eficaz.

Não associamos normalmente a palavra «citação» a eficácia precisa para a obediência a esta citação. Uma citação emitida por um tribunal não nos da energia por si mesma para comparecer ante o tribunal.

Nos da justificação e obrigação para comparecer, mas não nos leva por si mesma ante o tribunal. Isto depende de nossa força e vontade. Ou talvez dependa da força aplicada pelos alguaciles se somos presos e forçados a acudir. Com a citação de Deus é coisa muito distinta. A citação fica investida da eficácia por qual somos levados ao destino designado-somos eficazmente introduzidos na comunhão de Cristo. Há algo determinado no chamamento de Deus; por seu poder e graça soberanos não pode deixar de cumprir sua vontade. Deus chama as coisas que não são, como se fossem (cf Rm. 4:17).

Junto com o fato da eficácia temos a verdade de sua imutabilidade. «Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis» (Rm. 11:29). Nada demonstra melhor o argumento acerca deste rasgo do chamamento que Romanos 8:28-30, onde se afirma que o chamado é conforme o propósito de Deus e encontra seu lugar no centro daquela inviolável cadeia de acontecimentos que tem seu começo no antecipado conhecimento de Deus e sua consumação na glorificação. Isto significa simplesmente que o chamamento eficaz assegura a perseverança, porque está baseado na segurança do propósito e da graça de Deus.

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O chamamento é também supremo, santo e celestial (Fl. 3:14; 2 Tm. 1:9; Hb. 3:1). É supremo, santo e celestial enquanto sua origem e enquanto a seu destino. Mas provavelmente é o caráter do chamamento o que é destacado em particular. A vida a que é introduzido o povo de Deus é de tal caráter que os separa da comunhão deste presente mundo mal e lhes divide um caráter de acordo a esta consagração. Estamos acomodados com a impiedade, concupiscência e sociedade deste mundo, é porque não temos sido chamados eficazmente pela graça de Deus. Os chamados são «chamados a serem de Jesus Cristo» (Rm. 1:6), chamados a serem sua propriedade e posse peculiar, e por isso são «chamados a serem santos» (Rm. 1:7). Os chamados devem exemplificar em sua conduta o chamamento por meio do que tem sido chamados a não ter comunhão com as obras infrutuosas das trevas. Aqui temos uma série de considerações que apremiam as obrigações intrínsecas ao chamamento de Deus. A soberania e eficácia do chamamento não relaxam a responsabilidade humana, mas que baseiam e confirmam esta responsabilidade. A magnitude da graça potencia a obrigação. Esta é, em efeito, a exortação de Paulo: «Rogo vos, pois, eu, o prisioneiro do Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados» Ef. 4:1).

A pauta. Quando fazemos algo inteligente e com Sabedoria, o fazemos com desígnio e em seguimento de um plano. Construímos uma casa seguindo o plano arquitetônico. Fazemos um traje seguindo um padrão. Quão preeminentemente certo é isto do mesmo Deus! Para Deus, levar a cabo uma ação constitui um perfeito cumprimento do plano proposto. E este é seu próprio propósito e graça dados em Cristo Jesus antes que o tempo fosse (2 Tm. 1:9; cf Rm. 8:28). É preciso observar os seguintes rasgos desta pauta:

1. É a pauta de um propósito estabelecido. Quando Deus chama homens e mulheres, não é devido a uma decisão ao azar, arbitrária, repentina. O pensamento de Deus esteve ocupado neste acontecimento desde a eternidade passada. Por isso, o momento e as circunstâncias estão fixadas por seu próprio conselho e vontade.

2. É eterno. Temos refletido suficientemente acerca da maravilha de que o pensamento, interesse e propósito de Deus estiveram ocupados desde a eternidade na graça que é finalmente outorgada no tempo? Não podemos pensar em termos de eternidade; nós não temos um pensamento eterno. Só o pensamento de Deus possui este atributo porque unicamente ele é eterno. Quando tratamos de pensar acerca da eternidade, damos conta dos limites de nossa compreensão, e nos recorda que a eternidade nos é algo incompreensível. Mas devemos pensar na eternidade, e pensar nela de tal maneira que quanto mais conscientes sejamos dos limites de nosso entendimento, tanto mais se potencia nosso apreço da maravilha do propósito e graça eternos de Deus.

3. É em Cristo que se tem trazido a pauta: «mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus» (2 Tm. 1:9). Sob um encabeçamento anterior, se pos ênfase sobre a verdade de que Deus o Pai é eminentemente o agente do chamamento eficaz. Não devemos pensar no Pai como distante do povo de Deus na aplicação da redenção: ele é o agente específico do início da mesma. Mas devemos recordar que o chamamento nunca tem lugar aparte de Cristo. Nada mostra isto com maior clareza que o fato de que o conselho do Pai nas idades eternas com respeito ao chamamento, a concepção e proposta do mesmo não foi aparte de Cristo. O povo de Deus não é contemplado sequer no propósito da graça aparte de Cristo (cf Rm. 8:29; Ef. 1:4). Temos aqui um índice da perfeita harmonia e conjunção das pessoas da Deidade naquelas operações que são abarcadas na economia da salvação. É uma coordenação que se remete a fonte mesma da salvação.

A prioridade. Como já foi dito antes, não se arriscaria nenhuma grande questão com consequências teológicas ou exegéticas se considerasse a regeneração como logicamente anterior ao chamamento. Mas há razões para crer que o chamamento é o primeiro passo na aplicação da redenção.

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1. É o chamamento o que se apresenta na Escritura como aquele ato de Deus pelo que somos realmente unidos a Cristo (cf 1 Co. 1:9). E, desde logo, é a união com Cristo o que nos une a graça interiormente operativa de Deus. A regeneração é o começo da graça salvadora operando interiormente.

2. O chamamento é um ato soberano de Deus só, e devemos defini-lo em termos da resposta que se suscita no coração e na mente da pessoa chamada. Quando se toma isto em conta, é mais razoável apresentar a regeneração como aquilo que é obrado interiormente pela graça de Deus a fim de que possamos dar ao chamamento de Deus a resposta apropriada e necessária. Neste caso, o novo nascimento vem depois do chamamento e prévio a resposta por nossa parte. Provê o vínculo entre o chamamento e a resposta da parte da pessoa chamada.

3. Não é em absoluto provável que Paulo, em Romanos 8:28-30, ao estabelecer os esboços da ordem seguido na aplicação da redenção, começasse com um ato de Deus que não fosse o primeiro na ordem. Em outras palavras, é totalmente provável que começasse com o primeiro, assim como termina com o último. Este argumento se fortalece com a consideração de que segue a salvação até sua fonte última na eleição de Deus.

Desde logo, segue a aplicação da redenção a seu começo quando diz: «Aos que predestinou, a esses também chamou». E, assim, o chamamento seria o ato inicial da aplicação.

4. Todos os aspectos da aplicação da redenção encontram sua explicação no propósito eterno da graça de Deus todos eles são conforme o propósito eterno de Deus. Mas no Novo Testamento se põe uma ênfase especial sobre o fato de que este chamamento é em conformidade com este propósito eterno (cf Rm. 8:28-30; 2 Tm. 1:9). É apropriado inferir que esta ênfase aparece pela mesma razão de que a dependência de todo o processo de aplicação sobre o propósito eterno não poderia ficar exibida de maneira mais clara que mostrando que o ato inicial de aplicação procede do propósito eterno da graça.

Por tais razões como estas há boas bases para a conclusão de que a aplicação da redenção começa com a soberana e eficaz citação pela qual o povo de Deus é introduzido a comunhão de Cristo e a união com ele, para que chegue a ser partícipe de toda a graça e virtude que residem nele como Redentor, Salvador e Senhor.

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 8:

1. Qual é a diferença entre chamamento eficaz e chamamento universal? Dê um texto que fale de cada um.

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2. Qual é o sentido predominante dos termos do chamamento no Novo Testamento?

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3. O que implica que seja Deus Pai o que chama o pecador a salvação?_____________________________________________________________________

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4. Quais qualidades encontramos ao olhar na Bíblia a natureza do chamamento eficaz?

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5. Quais características em Deus nos dão a pauta para entender seu chamamento eficaz?

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LIÇÃO 9: A REGENERAÇÃO

Temos encontrado que a aplicação da redenção começa com um chamamento eficaz mediante o que Deus o Pai introduz aos homens a comunhão de seu Filho. Entretanto, um chamamento eficaz tem que conservar a resposta apropriada da pessoa chamada. É Deus quem chama, mas não é Deus quem responde o chamamento: quem responde é a pessoa a quem se dirige o chamamento. E esta resposta tem que incorporar o exercício do coração, da mente e da vontade da pessoa a quem toca. É neste ponto que nos vemos levados a fazer esta pergunta: Como pode uma pessoa morta em delitos e pecados, cuja mente é inimizade contra Deus, e que não pode fazer o que é agradável a Deus, responder a um chamamento a comunhão de Cristo? A comunhão nunca é unilateral: sempre é mútua. Por isso, a comunhão de Cristo tem de envolver o abraço de Cristo em fé e amor. E como pode uma pessoa com o coração depravado e cuja mente é inimizade contra Deus abraçar aquele que é a suprema manifestação da glória de Deus? A resposta a esta pergunta é que a contestação crente e amigo que demanda o chamamento é algo moral e espiritualmente impossível por parte de um que está morto em delitos e pecados. "os que são da carne não podem agradar a Deus" (Rm. 8:8). E nosso mesmo Salvador nos dá uma expressão inequívoca a esta impossibilidade quando diz: «Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer»; <Ninguém pode vir a mim, se não tem sido dado por meu Pai> (Jo. 6:44). O fato é que há uma total incongruência entre a glória e virtude aos que são chamados os pecadores, por uma parte, e a condição moral e espiritual dos chamados, por outra. Como pode resolver esta incongruência e vencer a impossibilidade?

É a glória do evangelho da graça de Deus que provê para esta incongruência.O chamamento de Deus, por quanto é eficaz, conserva em si a graça operativa pela

qual a pessoa chamada é capacitada para responder ao chamamento e abraçar a Jesus Cristo tal como é livremente oferecido no evangelho. A graça de Deus chega até as mais profundidades de nossa necessidade e satisfaz todas as exigências da impossibilidade moral e espiritual inerente em nossa depravação e incapacidade. E esta graça é a graça da regeneração. É quando tomamos em conta o poder e a graça regeneradora de Deus que se resolve a contradição entre o chamamento de Deus e a pecaminosa condição dos chamados. «Vos darei também um coração novo, e porei um espírito novo dentro de vós» (Ez. 36:26). Deus leva a cabo uma mudança radical e penetrante, que não se pode explicar em termos de nenhuma combinação, permutação ou acumulação de recursos humanos, uma mudança que não é nada menos que uma nova criação por parte daquele que chama as coisas que não são como se fossem, que falou e foi fato, que mandou, e foi.

Isto, em uma palavra, é a regeneração. Não há nenhuma passagem da Escritura mais relevante que as palavras de nosso Senhor a Nicodemos. São palavras familiares, mas quantas vezes seu sentido mais evidente é ignorado ou distorcido. O modo da regeneração é verdadeiramente misteriosa, e é isto o que indica Jesus nesta passagem quando diz: <O vento sopra de onde quer, e ouves seu som; mas não sabes de onde vem, nem aonde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito> (Jo. 3:8).

Mas há lições claras acerca da necessidade e do caráter do novo nascimento que se encontram aqui no primeiro plano do ensinamento de Jesus. Quando nosso Senhor afirma que o nascimento sobrenatural de que se fala é indispensável para ver e entrar no reino de Deus, desde logo significa com "ver" o discernimento espiritual do que fala Paulo em 1 Corintios 2:14, e por «entrar» se refere aquele mediante o qual chegamos a ser membros reais do reino de Deus e, por isso, participes da benção que é a membresia. Podemos centrar a atenção sobre o versículo 5: "Aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus".

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Muita diferença de critério tem girado em torno da questão: o que quer dizer Jesus com «água» neste texto? Alguns crêem que Jesus se referia ao batismo cristão como lavamento de regeneração, e os que crêem na regeneração batismal sugerem apelar a este texto em apoio de sua doutrina.

Para começar, deveria observar que Jesus não diz batismo: diz água. Não devemos dar por suposto que significa batismo, a não ser que haja alguma razão especial para pensar que ao empregar a palavra «água» devia estar referindo a água do batismo. Mas não há necessidade de considerar que a palavra «água» neste texto faça referência ao rito do batismo e há boas razões para pensar que tem outro sentido e referencia. Deveríamos manter em mente a situação na que Jesus falou estas palavras. Havia iniciado um diálogo com Nicodemos acerca de uma questão intensamente religiosa. Em termos desta conversação, nada há mais razoável que supor que Jesus queria comunicar a Nicodemos uma idéia de sentido religioso que seria diretamente pertinente ao tema que lhes interessava. Agora, que idéia religiosa esperaríamos que fosse comunicada a mente de Nicodemos mediante o uso da palavra «água»? Naturalmente, a idéia associada com o uso religioso da água naquela tradição e prática religiosas que provinham o mesmo contexto da vida e profissão de Nicodemos. E isto significa o sentido religioso da água no Antigo Testamento, nos ritos do judaísmo, e na prática cotidiana. Quando dizemos isto, há uma resposta. O uso religioso da água, isto é, o significado simbólico religioso da água, apontava em uma direção, e esta direção é purificação. Todas as considerações relevantes conduziriam Nicodemos àquela mensagem. E aquela mensagem ficaria focada em sua mente em um pensamento natural: a indispensável necessidade de purificação para a entrada no reino de Deus.

Era algo característico do ensinamento de Jesus por o dedo diretamente sobre o pecado e necessidade característicos daqueles com quem tratava. O pecado característico dos fariseus era a própria complacência e a pretensão da própria justiça. O que necessitavam era ficar convencidos de sua própria contaminação e da necessidade de uma purificação radical. É esta lição que a expressão «nascido da água» haveria comunicado de uma maneira sumamente eficaz.

A entrada ao reino de Deus só poderia ser obtida mediante a purificação da contaminação do pecado. A água de purificação é, por assim dizer, o ventre do que devia sair aquela nova vida que dá entrada ao reino de Deus e que faz idôneo para a membresia no mesmo. Este é o aspecto purificador da regeneração. A regeneração tem de desfazer o passado ademais de reconstituir para o futuro. Tem que limpar do pecado ademais de recrear em justiça.

Não se pode duvidar de que «nascido do Espírito» se refere ao nascimento pelo Espírito Santo (cf v. 8 e Jo 1:13; 1 Jo 2:29; 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18). Por isso, é um nascimento de caráter divino e sobrenatural. E é assim devido que o Espírito Santo é a fonte e o agente do mesmo.

Se tem que observar de maneira particular que é o que se implica nesta expressão familiar «nascido do Espírito». Não está claro de tudo se o sentido exato da palavra traduzida «nascido» é o de gerar ou o de dar a luz. Segundo o uso desta palavra no Novo Testamento, poderia ser qualquer das duas coisas. Se é o primeiro, então o pensamento está modelado na ação do pai na procriação humana: o pai gera. Se no segundo, o pensamento está modelado segundo a ação da mãe: a mãe dá a luz, o filho nasce da mãe. Não podemos estar seguros acerca do qual é o sentido preciso aqui. Mas não constitui uma diferença essencial para a verdade expressada.

Tanto se pensamos em ser gerados do Espírito ou em ser nascidos do Espírito, uma coisa é certa: somos instruídos por nosso Senhor de que para entrar no reino de Deus dependemos da ação do Espírito Santo uma ação do Espírito Santo que se compara com aquela da parte de nossos pais mediante a que nascemos neste mundo. Somos tão dependentes

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do Espírito Santo como da ação de nossos pais em relação com nosso nascimento natural. Não fomos gerados por nossos pais porque assim o decidimos. E não nascemos de nossas mães porque o decidimos. Simplesmente, fomos gerados e nascemos. Não decidimos nascer.

Esta é a simples, mas frequentemente descuidada verdade que nosso Senhor nos ensina aqui. Não temos uma percepção espiritual do reino de Deus nem entramos nele porque quisemos ou decidimos. Se este privilégio é nosso, é porque assim quis o Espírito Santo, e tudo isso descansa sobre a decisão e ação do Espírito Santo. Ele gera ou da nascimento quando e onde quer. Acaso não é este o argumento do versículo 8? Jesus compara ali a ação do Espírito com a ação do vento.

O vento sopra — isto serve para ilustrar a fatalidade, a certeza, a eficácia da ação do Espírito. O vento sopra onde quer - isto reforça a soberania da ação do Espírito. O vento não está a nossa disposição nem sujeito a nossa vontade. Tampouco a ação regeneradora do Espírito. Não sabes de onde vem, nem aonde vai. A obra do Espírito é misteriosa. Tudo aponta a soberania, eficácia e inescrutabilidade da obra do Espírito Santo em regeneração.

É o Espírito Santo quem opera esta mudança. O leva a cabo porque ele é a fonte do mesmo. O leva a cabo por meio do modo de geração. E por quanto o leva a cabo deste modo, ele é o único autor e agente ativo.

Tem-se dito frequentemente que somos passivos na regeneração. Esta é uma declaração certa e apropriada. É simplesmente o sumario do que o Senhor nos tem ensinado aqui. Pode ser que não gostemos.

Pode ser que venhamos reagir contra. Pode ser que não concorde com nossa maneira de pensar e que não esteja de acordo com as expressões gastadas pelo tempo que são a moeda de nosso evangelismo, mas se reagimos contra isso, faremos bem em recordar que este rejeição é uma recusa contra Cristo. E que responderemos quando comparecermos diante dele, cuja verdade temos refutado e cujo evangelho temos distorcido? Mas bendito seja Deus que o evangelho de Cristo é um evangelho de regeneração soberana, eficaz e irresistível. Se assim não fosse porque na regeneração somos passivos, sujeitos a ação da que só é o agente, não haveria evangelho em absoluto. Porque a não ser que Deus, mediante sua graça soberana e operativa, houvesse tornado nossa inimizade em amor e nossa incredulidade em fé, nunca poderíamos haver dado a resposta de fé e amor.

João 3:5 expõe os dois aspectos desde os que se deve contemplar o novo nascimento: purifica a contaminação de nossos corações e recria em novidade de vida. Os dois elementos deste texto: «nascido da água» e «nascido do Espírito», correspondem com os dois elementos da imagem no Antigo Testamento: «Então, aspargirei sobre vós água limpa, e ficareis limpos; de todas vossas imundícias e de todos vossos ídolos os limparei. Vos darei um coração novo, e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra, e vos darei um coração de carne» (Ez. 36:25, 26). Esta passagem pode ser considerado muito apropriada como o paralelo velho testamentário de João 3:5, e não há nem razão nem justificação para por nenhuma outra interpretação sobre "nascido da água" que a de Ezequiel 36:25: «Aspargirei sobre vós água limpa, e ficareis limpos.» Estes elementos, o purificador e o renovador, não devem ser considerados como acontecimentos separados. São simplesmente os aspectos que constituem esta mudança total por meio do que os chamados de Deus são trasladados da morte para vida, e do reino de Satanás ao reino de Deus, uma mudança que provê a todas as exigências de nossa condição passada e as demandas da nova vida em uma mudança que tira a contradição do pecado e que nos faz aptos para a comunhão do Filho de Deus.

Foi o apóstolo João quem nos registrou o discurso de nosso Senhor a Nicodemos. João havia aprendido bem sua lição, e em particular a lição de que a regeneração é o ato de Deus, e de Deus somente, que os homens nascem de novo «não de sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade de homem, mas de Deus» (Jo. 1:13). Tem inscrito este ensinamento de maneira indelével também sobre sua primeira epístola. Aparece uma referência explícita a

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regeneração em várias ocasiões naquela primeira epístola (1 Jo. 2:29; 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18). A ênfase principal nestas passagens se dá sobre o fato de que há uma concomitância invariável ou coordenação da regeneração e outros frutos da graça. Em 2:29 é a concomitância (conjunção) da divina geração e fazer justiça; em 3:9, da geração divina, por uma parte, e de não praticar o pecado e a incapacidade de pecar, pela outra; em 4:7, da geração divina e do amor; em 5:1, da geração divina e crer que Jesus é o Cristo; em 5:4, da geração divina e triunfo sobre o mundo; em 5:18, da geração divina e não pecar e a imunidade ao contato com o maligno. Como veremos mais adiante, este é uma ênfase muito significativa, e nos adverte contra qualquer perspectiva acerca da regeneração que a separe dos outros elementos da aplicação da redenção.

Na maior parte destas passagens tudo o que se declara explicitamente é esta verdade da concomitância invariável da regeneração e destas outras bênçãos da graça. Mas em 3:9 nos informa expressamente acerca de algo mais, isto é, a relação que tem a regeneração com as outras graças particulares mencionadas neste texto. «Todo aquele que é nascido de Deus, não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.» Não só se declara que a pessoa que nasceu de novo não peca, mas que também nos informa da razão pela qual não peca. Não peca porque a semente de Deus permanece nele.

Agora bem, esta semente permanente alude claramente a divisão divina que teve lugar na geração divina. É esta geração divina, junto com suas consequências permanentes, que faz que a pessoa já não peque. Por isso, a regeneração é lógica e casualmente prévia o não pecar. E, uma vez mais, João nos diz que «não pode pecar, porque é nascido de Deus», uma declaração expressa no sentido de que a regeneração é a causa de que esta pessoa não possa pecar. De maneira que a razão de que uma pessoa não possa pecar é que esta pessoa está regenerada-não se pode inverter a ordem. Portanto, este versículo nos informa que a regeneração é a fonte e explicação da ruptura com o pecado que é característica de toda pessoa regenerada.

Assim, temos encontrado em 1 João 3:9 um principio que deve ser de aplicação aos outros textos citados nesta epístola, ainda que o princípio não seja expressamente mencionado nestes outros textos. A inferência fica confirmada quando comparamos 3:9 com 5:18. Esta última passagem diz: «Sabemos que todo aquele que é gerado de Deus, não peca, mas antes, o que é gerado de Deus se guarda, e o maligno não o toca» (V.M.). O pensamento aqui é muito similar ao de 3:9. De fato, é em parte idêntico, com uma ligeira variação de termos. Se o que temos encontrado certo em 3:9 se aplica ao que se ensina em 3:9, também deve ser de aplicação ao que se ensina em 5:18. E isto significa que a razão pela qual uma pessoa não peca é que foi gerada de Deus, e que a razão pela qual o maligno não toca uma pessoa é porque foi gerada de Deus. A regeneração é a explicação lógica e causal da abstinência do pecado e da liberdade frente ao toque do maligno.

Naturalmente, não é nosso propósito agora determinar o que significa exatamente esta liberdade frente ao pecado, esta incapacidade de pecar e esta imunidade a invasão do maligno. Tudo o que nos interessa por agora é simplesmente estabelecer a relação que a regeneração mantém com estas características da pessoa regenerada.

Por isso, nos vemos forçados a concluir, sobre a base de 3:9 e 5:18, que a relação estabelecida nestes dois textos se aplica também a todos os demais. Por isso, em 2:29 devemos inferir que a razão pela qual a pessoa considerada faz justiça é que é gerada de Deus. E assim no resto das passagens. Em 4:7 se deve considerar a regeneração como a causa do amor; em 5:1, a causa da crença de que Jesus é o Cristo; em 5:4, a causa de vencer ao mundo.

Por isso, temos todo um catálogo de virtudes: a crença de que Jesus é o Cristo, a vitória sobre o mundo, a abstinência do pecado, o domínio próprio, a incapacidade de pecar, a isenção de ser tocados pelo maligno, a atuação em justiça, o amor a Deus e ao próximo. E

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tudo isso é o fruto da regeneração. Se deveria observar quão inclusivo e representativo é este catálogo.

Cobre a ampla margem da virtude demandada pelo supremo chamamento de Deus em Cristo Jesus. Na ordem em que tem sido especificada mais acima, tal como Bengel o expressava em outro contexto, a fé encabeça a banda, e o amor fecha a retaguarda.

Se deveria observar de maneira especial que inclusive a fé em que Jesus é o Cristo é efeito da regeneração. Esta é, naturalmente, a clara implicação de João 3:3-8. Mas o apóstolo João se esforça aqui em não deixar dúvidas algumas sobre isso. A regeneração é o início de toda graça salvadora em nós, e toda graça salvadora em exercício de nossa parte procede da fonte da regeneração.

Não somos nascidos de novo por meio da fé ou do arrependimento ou da conversão; nos arrependemos e cremos porque temos sido regenerados. Ninguém pode dizer com verdade que Jesus é o Cristo exceto pela regeneração do Espírito, e esta é uma das formas em que o Espírito Santo glorifica a Cristo. O abraço de Cristo em fé é a primeira evidência de regeneração, e unicamente assim podemos saber que temos sido regenerados. A prioridade da regeneração poderia suscitar a impressão de que uma pessoa poderia estar regenerada e ainda não convertida.

Estas passagens em 1 João deveriam servir para corrigir tal errônea impressão. Temos que recordar de novo que a ênfase principal nestas passagens é a inevitável concomitância da regeneração com as outras graças mencionadas. «Todo aquele que é nascido de Deus, não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus» (3:9). «Todo que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que tem vencido o mundo, nossa fé» (5:4). «Sabemos que todo aquele que é gerado de Deus, não peca, mas antes, o que é gerado de Deus se guarda, e o maligno não lhe toca» (5:18, V.M.). Quando colocamos juntos estes textos, estes declaram de maneira expressa que cada pessoa regenerada tem sido liberta do poder do pecado, vence o mundo pela fé de Cristo e exercita aquele domínio próprio pelo que já não é mais escravo do pecado nem do maligno.

Isto significa, quando se reduz seus mais sinceros termos, que a pessoa regenerada é convertida e exercita fé e arrependimento. Não devemos pensar na regeneração como algo que possa ser abstraído dos exercícios salvadores que são seu efeito. Por isso, teremos de concluir que nas outras passagens (2:29; 4:7; 5:1) os frutos que se mencionam -fazer justiça, o amor e conhecimento de Deus, crer que Jesus é o Cristo são uns concomitantes tão necessários da regeneração como os frutos mencionados em 3:9; 5:4, 18. Isto simplesmente significa que todas as graças mencionadas nestas passagens são as consequências da regeneração, e não só consequências que mais tarde ou mais cedo sigam a regeneração, mas frutos inseparáveis da regeneração. Portanto, se nos adverte e avisa que ainda que a regeneração é a ação de Deus, e de Deus somente, jamais devemos conceber esta ação como separável das atividades da graça salvadora por nossa parte, e que são os efeitos necessários e apropriados da graça de Deus em nós. O apóstolo João havia aprendido de seu Senhor, e o que ensina nesta epístola é, em outros termos, exatamente o que Jesus ensinou em seu discurso a Nicodemos. Se é certo que ninguém entre no reino de Deus exceto pela regeneração (Jo. 3:3, 5), também é certo que todo o que tem nascido de novo tem entrado no reino de Deus. Se a regeneração é a via de entrada, então os regenerados tem entrado, e, ao fazê-lo, vem ao reino de Deus e são membros do mesmo.

Esta é, de novo, a clara lição de Jesus em João 3:6: «o que é nascido do Espírito, espírito é», é dizer, a pessoa nascida do Espírito Santo vem a ser morada do Espírito Santo e a ser dirigido por ele. A pessoa regenerada não pode viver em pecado e ser inconversa. Tampouco pode viver em uma abstração neutra. É de imediato um membro do reino de Deus, é espírito, e sua ação e conduta tem de ser acordes a esta nova cidadania. Na linguagem do apóstolo Paulo: "Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que

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tudo se fez novo" (2 Co. 5:17). Há numerosas outras considerações que se derivam da Escritura e que confirmam esta grande verdade de que a regeneração é uma transformação tão radical, penetrante e eficaz que imediatamente se registra na atividade consciente da pessoa de que se trata nos exercícios da fé e do arrependimento e da nova obediência. Demasiadas vezes o conceito que se mantém acerca da conversão é tão superficial e elementar que deixa de explicar em absoluto a maravilhosa mudança de que a conversão é o fruto. E todo o conceito do que se envolvera na aplicação da redenção volta tão atenuado que tem pouco ou nenhum parecido com o que ensina o evangelho.

A regeneração está na base de toda mudança no coração e na vida. É uma mudança maravilhosa porque é o ato de nova criação de Deus. Um evangelismo barato e chamativo tem mostrado a tendência de privar o evangelho que proclama aquele poder invencível que é a glória do evangelho da graça soberana. Que a igreja venha a pensar e a viver de novo em termos do evangelho que é poder de Deus para salvação.

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 9:

1. O que queria dizer Jesus ao assegurar a Nicodemos que se não nascesse da água não poderia ver o reino de Deus?

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2. Qual é a importância da frase “nascer do Espírito?_____________________________________________________________________

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3. A quem atribui a Escritura a obra de regeneração?_____________________________________________________________________

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4. É o ser humano ativo ou passivo na regeneração? É isto bom ou mal?_____________________________________________________________________

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5. Quais são as duas facetas ou os dois aspectos da regeneração ou novo nascimento?

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6. O que quer dizer o termo “velho testamentário”?_____________________________________________________________________

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7. O que quer dizer o termo “concomitância”? Explique em que sentido se fala de concomitância em relação com a obra da regeneração.

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8. Qual vem primeiro, a regeneração ou a conversão? Explique sua resposta._____________________________________________________________________

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9. Jaime pensa que a conversão (fé e arrependimento) é antes da regeneração. Jorge pensa o contrário. Cada um se encontra em seu púlpito fazendo um chamado evangelístico. Escreva as palavras que Jaime utilizaria. Escreva as que Jorge utilizaria. Tem alguma transcendência esta diferença doutrinária no campo da evangelização? Dê sua opinião.

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LIÇÃO 10: A ELEIÇÃO INCONDICIONAL

Exposição da doutrina: A doutrina da eleição tem de considerar só como uma aplicação particular da doutrina geral da predestinação ou pré-ordenação, tanto se relaciona com a salvação dos pecadores. E como as Escrituras tratam principalmente da redenção dos pecadores, esta parte da doutrina da eleição compartilhando todos os elementos da doutrina geral. E por ser a obra de uma pessoa moral e infinita, é apresentada como a determinação eterna, absoluta, imutável e efetiva de sua vontade, respeito aos objetos de suas operações salvíficas.

As Escrituras nos ensinam acerca de um decreto Divino e eterno, o qual (e independente de qualquer diferença entre os homens, ou o merecimento pessoal disto), separa a raça humana em dois grupos, ordenando um a vida eterna e outro a morte eterna.

No que os homens em geral respeita, o dito decreto não é senão o conselho de Deus a respeito daqueles, que tiveram uma oportunidade supremamente favorável em Adão para alcançar a salvação, mas que a perderam. Devido a sua queda, são culpados e

estão corrompidos; seus motivos são maus e não podem alcançar por si mesmos a salvação. Perderam todo direito a misericórdia de Deus, e Ele pôde em toda justiça (como se fez com os anjos caídos) deixá-los sofrer a pena por sua desobediência. Entretanto, os eleitos são resgatados deste estado de culpa e pecado e são trazidos a um estado de bem-aventurança e santidade.

Os não eleitos são simplesmente deixados em seu estado de ruína e são condenados por sua incredulidade. Este castigo não é imerecido, já que Deus está tratando não unicamente como homens, mas como homens pecadores. “Estes homens e anjos, assim predestinados ou preordenados, são designados particular e inalteravelmente”. E seu número é tão certo e definido que nem se pode aumentar nem diminuir.

"Aqueles da raça humana que são predestinados a vida, Deus, antes da fundação do mundo, conforme seu propósito eterno e imutável e ao conselho secreto e beneplácito de sua vontade, os escolheu em Cristo. Para a glória eterna. E isto por sua livre graça e puro amor, sem a previsão da fé ou boas obras, ou a perseverança em ditas obras, em nenhuma outra coisa na criatura, como condição ou causa que o mova a isso. E o tem feito tudo para louvor de sua gloriosa graça.

"Assim como Deus designou os eleitos, para a glória, também, pelo eterno e livre propósito de sua vontade, tem predestinado todos os meios que tem de conduzir estes a dita glória. Portanto, os eleitos, havendo caído em Adão, são redimidos por Cristo, e a seu devido tempo, chamados eficazmente a fé em Cristo pelo Espírito Santo e são justificados, adotados, santificados e guardados por seu poder mediante a fé para salvação. Ninguém é redimido por Cristo eficazmente, chamado, justificado, adotado, santificado ou salvo, mas unicamente os eleitos. "É de suma importância que entendamos com clareza esta doutrina da eleição divina, já que nosso conceito de dita doutrina determinará nosso conceito de Deus, do homem, do mundo e da redenção.

"Jamais nos convenceremos como deveríamos, de que nossa salvação procede e emana da fonte da misericórdia gratuita de Deus, por mais que não tenhamos compreendido sua eleição eterna. Pois ela, por comparação, nos ilustra a graça de Deus, enquanto que não adota indiferentemente a todos a esperança da salvação. Senão que dá a uns o que a outros nega. O ignorar do dito princípio tira mérito da glória divina, e serve ademais como obstáculo a humanidade". Admitimos que a doutrina suscita perguntas muita intrincadas na mente de certas pessoas "que não há nada que alguns considerem mais irrazoável, que isto, que de toda a humanidade alguns sejam predestinados a salvação e outros a perdição.

Provas Bíblicas:

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A primeira pergunta que devemos formular é: observamos esta doutrina nas Escrituras? Consultemos a epístola de Paulo aos Efésios. Ali lemos: "Nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para que fossemos santos e sem mancha diante dele, em amor havendo predestinado para ser adotados filhos seus por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade" (Ef.1:4,5).

Em Rm.8:29,30: lemos sobre a cadeia dourada de redenção que se estende desde a eternidade passada até a eternidade futura: "Porque aos que antes conheceu, os predestinou para que fossem feitos conforme a imagem de seu Filho, para que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou".

Conhecidos de antemão, predestinados, chamados, justificados, glorificados sempre as mesmas pessoas incluídas em cada grupo. E onde um de ditos fatores está presente, todos os demais também estão presentes no princípio. Paulo usou o verbo no tempo passado porque para Deus o propósito é realizado em principio no momento que é concebido, o que indica a absoluta certeza de seu cumprimento.

"Estes cinco elos dourados" estão unidos em uma cadeia inquebrável, de tal maneira que todos eles, a quem Deus separa em seu amor, são conduzidos por sua graça, passo a passo, para a grande consumação dessa glorificação que culmina na prometida conformidade a imagem do Filho de Deus. É a eleição, como podemos ver, a que faz tudo, "porque aos que antes conheceu.... a esses também glorificou".

As Escrituras apresentam a eleição como algo que ocorre no passado, sem consideração a méritos pessoal, e totalmente soberana: "Pois não havia ainda nascido, nem haviam feito ainda nem bem nem mal, para que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, (não pelas obras mas por quem chama), disse: o maior servirá o menor. Como está escrito: a Jacó amei, mas a Esaú aborreci" (Rm.9:11,12).

Agora bem, se a doutrina da eleição não é verdade, exortamos então que nos diga que significam estas palavras do apóstolo. Esta passagem nos mostra de modo ilustrativo, a soberana aceitação de Isaque e o rechaço de Ismael, assim como a eleição de Jacó e não de Esaú, antes de seu nascimento, e antes que houvesse feito bem ou mal. Nos ensina explicitamente que o assunto da salvação não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que tem misericórdia.

E, atende quem quer, e, ao que quer endurecer, endurece. De maneira direta, nos apresenta a Deus como o oleiro que faz os vasos que procedem de sua mão, cada um para o fim designado, de modo que com cada um faz segundo sua vontade.

A realidade é que dificilmente encontraremos palavras mais explícitas que ensinem a predestinação. Ainda se não existissem outras palavras inspiradas que as que temos citado do apóstolo Paulo, (tão claras e inequívocas são essas) deveríamos sentir constrangidos a admitir que a doutrina da eleição é parte das Escrituras. Se aceitamos a inspiração das Escrituras, e se aceitamos que os escritos dos profetas e os apóstolos foram inspirados pelo Espírito de Deus e (por isso) são infalíveis, então as ditas palavras concernentes a doutrina deveriam ser suficientes.

Cristo disse explicitamente a seus discípulos "Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário eu vos escolhi a vós e vos designei para que vades e deis frutos" (Jo.15:16). A vontade divina nunca depende da criatura para chegar a suas determinações. A soberania desta eleição divina é também ensinada por Paulo quando nos diz que Deus mostrou seu amor para conosco, em que sendo ainda pecadores, Cristo morreu por nós (Rm.5:8). Podemos ver que Deus nos brinda com seu amor não porque éramos bons, mas apesar de sermos maus. É Deus quem escolhe e atrai o pecador para si (Sl.65:4). O arminianismo tira das mãos de Deus esta eleição e a coloca nas mãos do homem.

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Nos dias mais escuros da apostasia de Israel, como em toda outra época, foi o principio da eleição a que estabeleceu uma diferença entre a humanidade e permitiu a preservação de um remanescente.

"Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou" (1Reis.19:18). Estes sete mil não se sustentaram por sua própria força; nos diz claramente que Deus os reservou para si mesmo, a fim de que chegassem a ser um remanescente.

É por amor aos eleitos que Deus governa o curso da história (Mc.13:20). Eles são "o sal da terra" e a "luz do mundo"; e eles são, através da história, os poucos por meio de quem os muitos são abençoados. Deus abençoou a casa de Potifar por causa de José, e dez justos tivessem salvado a cidade de Sodoma. Sua eleição, por suposto, envolve a oportunidade de ouvir o evangelho e receber os dons da graça, já que sem estes meios o grande fim da eleição não poderia obter. De fato, eles são eleitos a tudo o que a idéia da vida eterna inclui.

É óbvio que Deus escolhe algumas nações para que recebessem maiores bênçãos espirituais e temporais que outras. Esta forma de eleição tem sido bem ilustrada na nação judia, em certas nações e comunidades européias, e em certas nações da América. O contraste é bem marcado quando comparamos a estas nações com outras, tais como China, o Japão, a Índia, África. etc.

Através do A.T., afirma repetidas vezes que os judeus eram um povo escolhido. "De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi" (Amós. 3:2). "Não fez assim a nenhuma outra nação" (Sl.147:20). "Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; O Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosse o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra" (Dt.7:6). "Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fosseis mais numerosos do que qualquer povo, porque éreis o menor de todos os povos, mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera a teus pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito." (Dt.7:7,8). "Tão somente o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê" (Dt.10:15).

Quando o Espírito Santo proibiu Paulo de pregar o Evangelho na província da Ásia, apresentando a visão de um homem na Europa que lhe rogava dizendo: "passa a Macedônia e ajuda-nos", uma parte do mundo ficou excluída soberanamente dos privilégios do Evangelho, enquanto que outra parte recebeu ditos privilégios. Foi a eleição soberana de Deus que levou o evangelho aos povos da Europa e mais tarde a América, enquanto que muitos deste, e do norte, e do sul foram deixados nas trevas. Não podemos apontar a razão, por exemplo, de por que foi a semente de Abraão, e não a dos Egípcios ou Assírios, a que Deus escolheu; ou por que Grã Bretanha ou América do Norte, que no princípio quando Cristo apareceu na terra se encontravam em um estado de tão completa ignorância, possam hoje em tão alto grau grandes privilégios espirituais. As diferenças nas diferentes nações têm de atribuir única e exclusivamente a boa vontade de Deus.

Uma terceira forma de eleição que ensinam as Escrituras é a de indivíduos aos meios externos da graça, como o são o escutar e ler o Evangelho, a associação com o povo de Deus, e o compartilhar os benefícios da civilização que tem surgido onde o Evangelho tem penetrado. Não há pessoa que teve oportunidade de decidir em que época particular da história do mundo, ou em qual país, ou de qual raça havia de nascer, uma criança nasce com saúde, riquezas, e honra, em uma terra favorecida, em um lar cristão, e se cria em meio de todas as bênçãos que acompanham a plena luz do Evangelho. Outra criança, nasce em pobreza e desonra, de pais maus e separados, e destituído de influências cristãs. Todas estas coisas são determinadas por Deus de maneira soberana. Certamente ninguém insistiria em que a criança favorecida tenha mérito pessoal que poderia ser a causa desta diferença.

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Ademais, Não foi Deus mesmo quem determinou criar nos seres humanos, a sua imagem, quando muito bem poderia criar nos, bois, cavalos ou cachorros? Quem aceitaria dos animais irracionais que proferissem injúrias contra Deus por considerar sua condição na vida como algo injusto?

Todas estas distinções se devem a soberana providencia de Deus e não a eleição humana. "Os Arminianos" tem tratado de reconciliar tudo isto com suas noções defeituosas e equivocadas da soberania divina e com suas doutrinas não bíblicas da Graça Universal e da Redenção Universal; mas eles mesmos não têm estado satisfeitos com seus intentos de explicar estas coisas, e comumente tem procedido a admitir que haja mistérios nestes assuntos que não podem explicar e que, por tanto, devem atribuir à soberania de Deus e a seus conselhos inescrutáveis.

Ademais, pode se dizer que em geral as condições externas que rodeiam o indivíduo se determinam seu destino, ao menos até o ponto daqueles que não ouvem o Evangelho não tem oportunidade de se salvar.

Os calvinistas sustêm que Deus não só trata com a humanidade em sua totalidade, mas com os indivíduos que em efeito são salvos, e que ele elegeu pessoas particulares a vida eterna e todos os meios necessários para alcançar a vida. Admitem que algumas passagens que mencionam a eleição se referem somente a eleição de nações ou a eleição de privilégios externos. Mas sustém que muitas outras passagens ensinam claramente uma eleição de indivíduos a vida eterna. Há alguns entretanto, que negam por completo que haja tal coisa como uma eleição. A palavra mesma assusta, entretanto, somente no Novo Testamento as palavras "eklektos, ekloga, e eklego" eleito, eleição e escolher, aparecem umas 48 vezes.

Outros aceitam o termo, mas o tratam de explicar a sua própria maneira. Professam crer em uma eleição incondicional, baseada, como supõe, em fé e obediência previstas de antemão por Deus. Tais explicações, como poderão notar, anulam o verdadeiro sentido do termo, e ademais reduz a eleição a um mero reconhecimento ou profecia de que em um tempo futuro certos indivíduos tem de possuir ditas qualidades.

A eleição inclui não só aos homens mas também aos anjos já que estes também são partes da criação de Deus e estão sob seu governo. Alguns destes são santos e felizes, outros são pecaminosos e miseráveis. Cremos na predestinação dos anjos, pelas mesmas razões que cremos na predestinação de seres humanos. As Escrituras fazem referência a "anjos escolhidos" (1Tm.5:21), e santos anjos (Mc.8:38), em contraste com anjos maus ou demônios. Dizem as Escrituras que "Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas que lançando-os no inferno, os entregou a prisões de escuridão para ser reservados ao juízo" (2Pd.2:4). A Bíblia fala também do "fogo eterno preparado para o Diabo e seus anjos" (Mt.25:41). E, que, "anjos e não guardaram sua dignidade, mas que abandonaram sua própria morada, os tem guardado na escuridão, em prisões eternas, para o juízo do grande dia" (Jd.6). E, "Miguel e seus anjos lutavam contra o Dragão e, lutavam o Dragão e seus anjos" (Ap.12:7).

Estas passagens nos ensinam que "há duas classes de Espíritos, anjos santos e anjos pecadores, servos de Cristo e servos de Satanás, todos os anjos foram criados em um estado de santidade e felicidade e habitaram; na região chamada o céu (a santidade e a bondade de Deus são prova suficiente de que nunca os houvesse criado de outra maneira).

Os anjos maus voluntariamente caíram de seu estado original ao pecar, e foram excluídos para sempre do céu e da santidade. “Aqueles que mantiveram seu estado original foram eleitos por Deus a esse estado de santidade e bem-aventurança no qual tem sido confirmado para sempre”. Paulo não trata de explicar como Deus pode ser justo ao mostrar sua misericórdia no que quer e passar por alto. Em resposta a objeção: "Por que, pois, culpa? (Aqueles a quem não tem estendido sua misericórdia), ele (Paulo) simplesmente resolve tudo na soberania de Deus contestando: "Mas quem és tu, ó homem, para discutires com Deus? Porventura pode o objeto perguntar a quem o fez: porque me fizeste assim? Ou não tem o

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oleiro sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra, e outro, para desonra? (Rm.9:20,21). (Note que Paulo não diz que é de diferentes classes de barro, mas, da mesma massa, que Deus como oleiro, faz um vaso para honra e outro para desonra).

Paulo não intenta tirar Deus de seu trono para trazê-lo a nossa razão humana, para ser questionado e examinado. Os conselhos secretos de Deus, os quais ainda os anjos adoram com temor e anelam mirar neles, não são explicados em detalhe, mas que nos diz que são conformes a sua boa vontade. E após declararmos estas coisas, é como se Paulo estendesse sua mão para impedirmos que tratemos de ir mais adiante.

Talvez tenha sido certa a suposição arminiana de que a todos os homens é dada suficiente graça e que a cada um se recompense ou se castigue conforme o uso ou o abuso de tal graça, então não houvesse tido nenhuma dificuldade para resolver.

Provas Bíblicas2 Ts.2:13; Mt.24:24; Mt.24:31; Mc.13:20; 1Ts.1:4; Rm.11:17; 1Tm.5:21; Rm.8:33;

Rm.11:5; Tito.1:1; 1Pe.1:2; 1Pe.2:9; 1Pe.5:13.

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 10:

1. Que doutrina é tão somente uma aplicação particular da doutrina geral da predestinação? Qual é sua área particular de aplicação?

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2. Verdadeiro ou Falso: “A doutrina da eleição divina ressalta a misericórdia de Deus.” Explique sua resposta.

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3. Quando as Escrituras fala da eleição em que tempo a apresentam? É dizer quando sucede, sucedeu ou sucederá?

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4. Jesus Cristo fala da eleição durante sua vida neste mundo?_____________________________________________________________________

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5. Em quais três sentidos diferentes vemos que as Escrituras fala da manifestação da eleição divina? (O primeiro seria o sentido individual.)

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6. Quantas vezes no Novo Testamento aparecem a palavras “eleito, eleição, escolher”?______________________________________________________________________

7. A Bíblia fala da eleição com respeito aos anjos?_____________________________________________________________________

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8. Por que se diz que uma eleição baseada no que Deus previu que a pessoa faria não é realmente eleição?

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9. Que resposta encontramos em Romanos para a objeção de que a eleição é incompatível com a justiça de Deus?

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LIÇÃO 11: A EXPIAÇÃO LIMITADA

Esta doutrina não significa que se pode limitar o valor ou o poder da expiação que Cristo fez. O valor da expiação depende e é medido pela dignidade da pessoa que a fez, e como Cristo sofreu como uma pessoa Divino-Humana, o valor de seu sofrimento é infinito. Os escritores da Bíblia afirmam que "O Senhor da Glória" foi crucificado (1Cor.2:8); que homens ímpios mataram ao "Autor da vida" (At.3:5).

A expiação por tanto, é infinitamente merecedora e tivesse podido salvar a cada membro da raça humana se essa tivesse sido a vontade de Deus. A expiação é limitada só no sentido de que era destinada para salvar a certos indivíduos em particular, e por conseguinte, é aplicada unicamente a certos indivíduos; e dizer aos salvos.

Às vezes surgem maus entendidos sobre este ponto devido a suposição equivocada de que nós ensinamos que Cristo sofreu um tanto por uma alma e outro tanto por outra, e que houvessem sofrido mas, se mais indivíduos pudessem ser salvos. Cremos que se ainda uns poucos pudessem ser perdoados e salvos, uma expiação de valor infinito teria sido necessária a fim de fazê-los seguros destas bênçãos, e se muitos ou ainda todos os homens pudessem ser perdoados e salvos ,o sacrifício de Cristo teria sido amplamente suficiente como a base da salvação destes. Assim como é necessário que uma planta necessita do calor do sol para que possa crescer sobre a terra, de igual maneira é para que toda a terra seja coberta de vegetação. Visto que o pecador cometeu uma ofensa contra uma pessoa de infinita Dignidade, nada que não fosse um sacrifício de infinito valor podendo assim expiar sua culpa.

O PROPÓSITO E A APLICAÇÃO DA EXPIAÇÃO SÃO LIMITADOS

Ainda que o valor da expiação seje suficiente para salvar a toda a humanidade, unicamente salva aos escolhidos. Apenas são salvos aqueles que são regenerados e santificados pelo Espírito Santo. A razão por que Deus não aplica a Graça a todos os homens, não tinha sido completamente revelada, quando se sustém que a expiação é universal, se destrói seu valor inerente. Se a expiação se aplica a todos os homens e alguns se perdem, então a conclusão é que a expiação só se faz objetivamente "possível" a salvação de todos os homens, mas na realidade "não salva ninguém". De acordo com a teoria arminiana, a expiação só oferece aos homens a possibilidade de cooperar com a Graça Divina e de salvar-se a si mesmos, se assim o desejam, mas mostremos primeiro homem curado de câncer, que ainda continua morrendo de câncer, e então aceitaremos o quadro de uno lavado de pecado, que ainda continua perecendo na incredulidade. A natureza da expiação determina sua extensão. Se a expiação unicamente fez possível a salvação, então se aplica a todos sem exceção, mas sem efetivamente "garantido" a salvação, então se aplica apenas aos eleitos.

Para nós a expiação é como uma ponte estreita que cruza de um lado a outro de um rio; para o arminiano é como uma ponte muito larga que só chega a metade do rio.

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 11:

1. O que é o que determina o valor da expiação que Cristo fez? O número de pessoas a quem é aplicada ou a natureza da pessoa que a levou a cabo?_____________________________________________________________________

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2. Em que sentido é limitada a expiação de Cristo?_____________________________________________________________________

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3. Explique mais amplamente a metáfora da ponte que o autor utiliza no final deste capitulo

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***A ADOÇÃOA adoção é um ato da graça de Deus distinto e adicional aos outros atos de graça que

se encontram inclusos na aplicação da redenção. Dizer isto podia parecer de todo desnecessário. Acaso o mesmo termo e o significado específico que vá com ele não implicam claramente sua natureza distintiva?

Mas não é supérfluo enfatizar o fato de que é um ato distintivo que releve seus próprios privilégios peculiares. É particularmente importante recordar que não é o mesmo que justificação ou regeneração. Demasiadas vezes tem sido considerado como simplesmente um aspecto da justificação ou como outra forma de expressar o privilégio conferido por regeneração. É muito mais que qualquer ou que ambos atos de graça.

A justificação significa nossa aceitação para com Deus como justos e o cumprimento do direito a vida eterna. A regeneração é a renovação de nossos corações segundo a imagem de Deus. Mas por si mesmas estas bençãos, por mais preciosas que sejam, não indicam o que se confere mediante ao ato de adoção. Por adoção os redimidos chegam a ser filhos e filhas do Senhor Deus Todo Poderoso; são introduzidos e recebem os privilégios da família de Deus. Nem a justificação nem a regeneração expressam precisamente isto. Um texto que estabelece o caráter especial da adoção é João 1:12:

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"Mas a todos quantos o receberam, aos que crêem em seu nome, deu-lhes o poder de serem feito filhos de Deus" Chegamos a ser filhos de Deus pela concessão de um direito ou o conferimento da potestade, e isto se dá aqueles que crêem no nome de Jesus.

Mas há algumas coisas que dizer acerca da relação da adoção com estes outros atos da graça.

1) Ainda que a adoção seja distinta nunca pode separá-la da justificação e da regeneração. A pessoa justificada sempre é receptora da origem. E os que recebem poder de ser feitos filhos de Deus são os que, como se indica em João 1:13, «Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus».

2) A adoção é, como a justificação, um ato judicial. Em outras palavras, é a aprovação de uma posição, ou de um posto, não a sucessão dentro de nós de uma nova natureza ou caráter. Tem a ver com uma relação e não com a atitude ou disposição que nos capacita para reconhecer e cultivar esta relação.

3) Os adotados na família de Deus recebem assim mesmo o Espírito de adoção mediante ao que podem reconhecer sua origem e exercitar os privilégios que vão com o mesmo. «E, porque sois filhos, Deus enviou a nossos corações e Espírito de seu Filho, o qual clama: Aba, Pai!» (Gl. 4:6; cf Ro. 8:15, 16). O Espírito de adoção é a consequência, mas isto não constitui a adoção por si mesma.

4) Há uma estreita relação entre adoção e regeneração. Tão estreita é esta relação que alguns diriam que somos filhos de Deus tanto por participação da natureza como por ata de adoção. Há evidência escrituraria que poderia apoiar esta inferência. Existem duas formas pelas que podemos vir a ser membros de uma família humana: podemos nascer em seu seio, ou podemos ser adotados no seio dela. O primeiro é por sucessão natural, o segundo é por uma ação legal. Pode ser que a Escritura nos presenteie como entrando na família de Deus: por geração e por adoção. Entretanto, isto não parece concluído. Em todo caso, há uma interdependência muito estreita entre o ato regenerador da graça de Deus (a regeneração) e o da adoção. Quando Deus adota homens e mulheres em sua família, ele assegura que não só podem ter os direitos e privilégios de filhos e filhas sujos, mas também a natureza ou disposição congruente com tal posição. Isto o faz mediante a regeneração - os renova segundo sua imagem em conhecimento, justiça e santidade. Deus nunca tem em sua família aos que são alheios a seu ambiente, espírito e posição. A regeneração é o pré - requisito da adoção. E o mesmo Espírito Santo que nos regenera é também o enviado aos corações dos adotados, clamando: Aba, Pai. Mas a adoção mesma não é simplesmente regeneração, nem é o Espírito de adoção - o primeiro é o pré-requisito, o segundo é conseqüente.

A adoção, como implica claramente o termo, é um ato de transferência de uma família alheia a família de Deus. Este é certamente o ponto culminante da graça e do privilégio. Não ousaríamos conceber de tal graça e muito menos pretender aparte da própria revelação e segurança da parte de Deus. Abruma a imaginação a causa de sua assombrosa condescendência e amor. Só o Espírito pode ser o selo da mesma em nossos corações.

«Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram , nem jamais penetrou em cora;cão humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito ; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus» (1 Co. 2:9, 10). É só quando há a conjunção do testemunho da revelação e o testemunho interior do Espírito em nossos corações que podemos escalar este pináculo da fé e dizer com confiança e amor confiados: Aba, Pai.

A adoção tem a ver com a paternidade de Deus em relação com os homens. Quando pensamos na paternidade de Deus, é necessário fazer certas distinções. Há, primeiramente, a paternidade de Deus que é exclusivamente trinitária, a paternidade do Pai, a primeira pessoa da Trindade, em relação com o Filho, a segunda pessoa. Isto se aplica só a Deus Pai em sua eterna e necessária relação com o Filho e só com o FILHO. É única e exclusiva. Ninguém,

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nem sequer o Espírito Santo, é o Filho neste sentido. Não se aplica nem a anjos nem a homens. Na moderna teologia se diz as vezes que os homens, pela adoção, vem a participar da Filiação de Cristo, e assim entram na vida divina da Trindade. Esta é uma confusão grave, um grande erro. O eterno Filho de Deus é o unigênito e ninguém participa nesta Filiação, assim como Deus Pai não é o Pai de ninguém mais no sentido em que é o Pai do unigênito e eterno Filho.

Em relação com os homens, há o que as vezes tem recebido o nome da paternidade universal de Deus. É certo que há um sentido no que se pode dizer que Deus é o Pai de todos os homens. Em criação e providência ele dá vida e alento e todas as coisas a todos os homens. Nele todos vivemos e nos movemos e somos. Nesta relação que se faz referência a ele em passagens como Atos 17:25-29, Hebreus 12:9 e Tiago 1:18. Por quanto somos linhagem de Deus, porquanto ele é o Pai dos espíritos e o Pai das luzes, pode ser escriturário referir-se a esta relação que Deus tem com todos os homens em criação e providência como uma de paternidade, e portanto de paternidade universal.

Há outras passagens na Escritura que pareceriam falar de maneira mais explícita desta relação em termos de paternidade, mas quando se examinam com cuidado, se pode mostrar em alguns casos que não se referem a esta paternidade, e outros mais provavelmente se referem a uma paternidade muito mais específica e restringida. Por exemplo, em Malaquias 2:10: «Não temos todos um mesmo pai? Não nos criou um mesmo Deus?», não é coisa absolutamente certa que a alusão seja a criação original e a Deus como Pai de todos os homens em virtude da criação. O que se necessita observar, em todo caso, é que é relativamente umas poucas ocasiões na Escritura em que se faz referência a relação que Deus tem com os homens a causa da criação e da providência geral em termos da paternidade de Deus. O termo «Pai» aplicado a Deus, e o título «filho de Deus» aplicado aos homens, se reservam uniformemente na Escritura para aquela relação particular que fica constituída pela redenção e adoção. Isto nos ensina a lição de que a grande mensagem da Escritura tocante a paternidade de Deus, a mensagem sumarizada em um texto como «porque não recebestes o espírito de escravidão, para que outra vez estando em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Abba Pai!» (Rm. 8:15), ou na oração que Jesus ensinou a seus discípulos a orar: «Pai nosso que estás nos céus» (Mt. 6:9), não é a da paternidade universal de Deus, mas a mensagem daquela relação do mais específico e íntimo que Deus estabelece com os que crêem no nome de Jesus. Dar a mensagem da paternidade universal de Deus no lugar daquela que está constituído pela redenção e a adoção é anular o evangelho; significa a degradação desta relação do mais elevado e rico a nível daquela relação que todos os homens sustentam com Deus por criação. Em uma palavra, significa privar o evangelho de seu significado redentor. E alenta aos homens no engano de que nossa condição de criaturas é a garantia de adoção na família de Deus.

A grande verdade da paternidade de Deus e da filiação que Deus outorga aos homens é uma verdade que pertence a aplicação da redenção. Não é mais certa com respeito a todos os homens que o são o chamamento eficaz, a regeneração e a justificação. Deus chega a ser o Pai de seu próprio povo pelo ato da adoção. É a maravilha desta graça que fez o apóstolo João exclamar: «Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fossemos chamados filhos de Deus» (1 Jo. 3:1, VM.). Surge a questão: quem deve ser considerado como o Pai dos que são adotados na família de Deus? É Deus considerado como as três pessoas da Trindade, ou é especificamente Deus Pai? E quando o povo de Deus se dirige a Deus como Pai, a quem se dirige? É a Deidade - Pai, Filho e Espírito Santo ou o Pai, a primeira pessoa da Deidade? É a esta questão que devemos dirigir nossa atenção.

Há diversas considerações procedentes das Escrituras que nos indicam que é Deus Pai o que é Pai, e que por adoção os filhos do povo de Deus vêm a ser filhos da primeira pessoa da Trindade.

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Pelo menos, a Escritura indica que quando se contempla a Paternidade de Deus em relação com os homens é especificamente o Pai que entra nesta relação com eles.

1. O título «Pai» é o nome distintivo da primeira pessoa da Trindade.Este título pertence a ele em primeiro lugar, porque nas relações das pessoas da

Deidade entre si, somente ele é Pai, assim como a segunda pessoa somente é Filho e a terceira pessoa somente é Espírito Santo. Quando nosso Senhor falou do Pai e se dirigiu ao Pai, foi sempre a primeira pessoa da Trindade a quem teria em mente. É a primeira pessoa que é Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

2. Em João 20:17 temos uma palavra cheia de instrução de nosso Senhor. Ali diz João de Jesus que diz a Maria Madalena: «não me detenhas, porque ainda não subi ao meu Pai, mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus». Está claro que quando Jesus disse: «que eu subo a meu Pai», não poderia referir-se a outro que a primeira pessoa da Trindade, o Pai. Logo, quando prossegue: «Subo a meu Pai», não significava outro mais que a primeira pessoa, porque só o Pai poderia Jesus chamar «meu Pai». Mas a importante observação para nosso atual propósito é que a mesma pessoa a que Jesus chama «meu Pai» também chama o Pai dos discípulos; o Pai a quem Jesus estava a ponto de subir era não só seu Pai, mas também o Pai dos discípulos. É a mesma pessoa do Pai, ainda que o distintivo da relação com o Pai é zelosamente mantido por nosso Senhor. Não diz ele: «Subo a nosso Pai», mas «Subo a meu Pai e a vosso Pai, a meu Deus e a vosso Deus».

3. Jesus chama frequentemente o Pai, a primeira pessoa da Trindade, «meu Pai que está no céu». A forma de expressão varia ligeiramente, mas sempre tem o mesmo sentido. E também, ao falar a seus discípulos, emprega a mesma classe de expressão: «vosso Pai que está no céu». Quando Jesus se refere a seu próprio Pai no céu, não pode referir-se a outro que ao Pai. Por isso, a similaridade de expressão no título: «vosso Pai que está no céu», nos conduz a conclusão de que esta a vista a mesma pessoa, e que é o Pai quem é contemplado como Pai dos discípulos.

4. No Novo Testamento em geral, o título «o Pai» é indubitavelmente o nome pessoal da primeira pessoa da Trindade. Nas epístolas de Paulo, com muita frequência se usa o título «Deus» também como o nome pessoal da primeira pessoa em distinção ao Filho e ao Espírito. Em diversas passagens, também, a primeira pessoa recebe o nome de «o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo» (Rm. 15:6; 2 Co. 1:3; 11:31; Ef. 1:3; Cl. 1:3; 1 Pe. 1:3). Não pode duvidar de que se trata do Pai em distinção ao Filho e ao Espírito. O mesmo sucede com o título «Deus o Pai» ou seu equivalente (Ga. 1:1; Ef. 6:23; Fp. 2:11; 1 Ts. 1:1; 2 Ts. 1:2; 1 Tm. 1:2; 2 Tm. 1:2; Tt. 1:4; 1 Pe. 1:2; 2 Pe. 1:17; 2 Jo. 3; Jd. 1; Ap. 1:6).

Em quase todas estas passagens se distingue a Deus Pai do Filho e em 1 Pedro 1:2 do Espírito Santo. Agora, a importante observação para o que agora nos ocupa é que quando Deus é chamado o Pai dos crentes, temos uma estreita similaridade de expressão com as que encontramos nos casos citados, nos que não pode haver dúvida alguma de que a pessoa da Trindade a vista é o Pai, a primeira pessoa. Em Romanos 1:7 temos a saudação: «Graça e paz a vós, da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo» (ver igualmente 1 Co. 1:3; 2 Co. 1:2; Gl. 1:3; Ef. 1:2; Fp. 1:2; Fm. 3; cf Gl. 1:4; Fp. 4:20; Cl. 1:2; 1 Ts. 1:3; 3:11, 13; 2 Ts. 1:1, 2).

Nas passagens como estas não só achamos a similaridade de expressão nos títulos «Deus o Pai» e «o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo», mas que também a pessoa denominada «Deus nosso Pai» é distinguida de «o Senhor Jesus Cristo». E isto significa simplesmente que a pessoa que é chamada «nosso Pai» é distinta do Senhor Jesus Cristo.

Isto equivale dizer que é o Pai quem é nosso Pai. Neste mesmo contexto, 2 Tessalonicenses 2:16 ilustra bem o distintivo da primeira pessoa como a pessoa a vista na relação paterna que Deus sustenta com os homens: «E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo,

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nosso Deus e Pai, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança console os vossos corações e vos conforte em toda boa palavra e obra.»

Sobre a base desta evidência somos conduzidos a conclusão de que quando se pensa em Deus em termos de adoção como «nosso Pai celestial» ou «nosso Pai», é a primeira pessoa da Trindade, a pessoa que é especificamente o Pai, quem está a vista.

O povo de Deus são os filhos de Deus o Pai, e ele tem com eles esta exaltada e íntima relação. Este fato destaca o maravilhoso da relação estabelecida pela adoção. A primeira pessoa da Trindade não é só o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, mas que é também o Deus e Pai dos que crêem no nome de Jesus.

Por suposto, a relação de Deus como Pai com o Filho não deve ser identificada com a relação de Deus como Pai com os homens.

A geração eterna não deve ser identificada com a adoção. Nosso Senhor manteve a distinção. Ele não incluiu aos discípulos consigo nem chamou o Pai em comunidade com eles como «nosso Pai». Ele disse a seus discípulos: «Vós, pois, orareis assim: Pai nosso que estás nos céus» (Mt. 6:9). Ele não orou, e na realidade não pôde orar com eles a oração que lhes ensinou a orar. E a Maria Madalena disse: «Subo a meu Pai e a vosso Pai, a meu Deus e a vosso Deus» (Jo. 20:17).

Mas ainda que defira a relação da Paternidade, é a mesma pessoa que é Pai do Senhor Jesus Cristo no inefável mistério da Trindade quem é o Pai dos crentes no mistério de sua graça adotiva. Deus o Pai não é só o agente específico no ato da adoção; também constitui aqueles que crêem no nome de Jesus em seus próprios filhos. Poderia acaso algo revelar a maravilha da adoção ou certificar a certeza de sua tendência e privilégio de maneira mais eficaz que o fato de que o Pai, a causa de quem são todas as coisas e por meio de quem são todas as coisas, quem fez aquele que é a fonte da salvação perfeito por meio de sofrimentos, chegue a ser por ato da graça o Pai dos muitos filhos que ele levará a glória? E esta é a razão pela qual o autor da salvação não se envergonha de chamar irmãos, e que possa exultar com gozo inenarrável: «Eis aqui, eu e os filhos que Deus me deu» (Hb. 2:13).

PERGUNTAS DE ESTUDO - LIÇÃO 11:

1. Qual é a relação que existe entre a adoção e a justificação? Entre a adoção e a regeneração? São a mesma coisa?

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2. Todo ser humano é filho de Deus? Explique._____________________________________________________________________

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3. Que diferença há entre a condição de filho de Deus que posso ter e a condição de filho que pertence a Jesus Cristo? Por que é importante manter a distinção?

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4. Por que podemos dizer que quem é Pai dos escolhidos é a primeira pessoa da Trindade e não todas as três pessoas da mesma?

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5. Pense em dois casos de aconselhamento nos que a doutrina da adoção pode ser de ajuda para a pessoa necessitada. Descreva-os.

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LIÇÃO 12: A SANTIFICAÇÃO. AS PRESSUPOSIÇÕES

A santificação é um aspecto da aplicação da redenção. Há uma ordem na aplicação da redenção, e a ordem é progressiva até que alcance sua culminação na liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm. 8:21, 30). A santificação não é o primeiro passo na aplicação da redenção; pressupõe outros passos como o chamamento eficaz, a regeneração, justificação e adoção. Todos estes tem uma estreita relação com a santificação. Os dois anteriores passos ou aspectos, que são particularmente pertinentes para a santificação, são o chamamento e a regeneração. A santificação é uma obra de Deus em nós, e o chamamento e a regeneração são atos de Deus que tem seus efeitos imediatos em nós. O chamamento se dirige nossa consciência e suscita uma resposta em nossa consciência. A regeneração é a renovação que se registra em nossa consciência nos exercícios da fé e do arrependimento, amor e obediência. Há também outras considerações que exibem a relevância particular do chamamento e da regeneração com respeito ao processo da santificação. É pelo chamamento que somos unidos a Cristo, e é esta união com Cristo a que vincula o povo de Deus com a eficácia e a virtude por meio da que são santificados. A regeneração é obrada pelo Espírito Santo (Jo. 3:3, 5, 6, 8) e por meio deste ato o povo de Deus vem a ser habitado pelo Espírito Santo.

Em termos do Novo Testamento, ocorrem «espirituais». A santificação é de maneira específica a obra deste Santo Espírito habitador e diretor.

Uma consideração da máxima importância que se deriva da prioridade do chamamento e da regeneração é que o pecado fica destronado em cada pessoa que é eficazmente chamada e regenerada. O chamamento une a Cristo (1 Co. 1:9), e se a pessoa chamada fica unida a Cristo, permanece unida a ele em virtude de sua morte e do poder de sua ressurreição; é morto ao pecado, o velho homem tem sido crucificado, o corpo do pecado ficou destruído, o pecado não tem o domínio (Rm. 6:2-6, 14). Em Romanos 6:14 Paulo não está simplesmente dando uma exortação. Está fazendo uma declaração no sentido de que o pecado não exercerá domínio sobre aquele que esteje sob a graça. No contexto da uma exortação em uma linguagem muito similar, mas aqui está fazendo uma negação enfática: «Porque o pecado não terá domínio sobre vós.» Se contemplamos a questão desde a perspectiva da regeneração, chegamos a mesma conclusão. O Espírito Santo é o agente controlador e diretor em qualquer pessoa regenerada. Daqui o princípio fundamental, a disposição retora: o caráter dominante de cada pessoa regenerada é a santidade «espiritual» e se deleita na lei do Senhor segundo o homem interior (1 Co. 2:14, 15; Rm. 7:22).

Este deve ser o sentido em que João fala da pessoa regenerada como não praticando o pecado e como não podendo pecar (1 Jo. 3:9; 5:18). Não se trata de que seja sem pecado (cf 1 Jo. 1:8; 2:1).

O que João está destacando é seguramente o fato de que a pessoa regenerada não pode cometer o pecado que é para morte (1 Jo. 5:16), não pode negar que Jesus é o Filho de Deus e que veio em carne (1 Jo. 4:1-4), não pode abandonar de novo a iniqüidade, se guarda, e o maligno não o toca.

Maior é o que está no crente que o que está no mundo (1 Jo. 4:4). Temos de apreciar este ensinamento da Escritura. Cada um que tem sido chamado eficazmente por Deus e que tem sido regenerado pelo Espírito tem obtida a vitória nos termos de Romanos 6:14 e 1 João 3:9; 5:4, 18. E esta vitória é real ou não é nada. É uma recusa ao testemunho do Novo Testamento e uma distorção do mesmo falar dela como meramente potencial ou posicional. É tão real e prática como qualquer coisa compreendida na aplicação da redenção é real e prática.

Tocante a esta liberdade do domínio do pecado, se deve também reconhecer que esta vitória sobre o poder do pecado não se obtém mediante um processo, nem por nossos esforços ou trabalho com este fim. Obtém-se de uma vez por todas por união com Cristo e a graça regeneradora do Espírito Santo. Os perfeccionistas têm razão quando insistem em dizer que

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esta vitória não a obtemos nós nem se chega a ela esforçando ou trabalhando por isso; estão corretos quando mantém que é um ato no tempo alcançado pela fé. Mas também cometem três radicais erros, erros que distorcem toda sua apresentação da santificação.

1) Não alcançam a reconhecer que esta vitória é a possessão de todo aquele que tem nascido de novo e que é chamado eficazmente.

2) Apresentam a vitória como separável do estado de justificação.3) A apresentam como algo muito diferente ao que apresenta a Escritura - a

apresentam como estar isentos de pecar ou como isenção do pecado consciente. É um erro empregar estes textos em apoio de qualquer outra postura acerca da vitória que a que ensinam as Escrituras, isto é, a radical ruptura com o poder e amor ao pecado que é necessariamente possessão de cada um dos que tem sido unido com Cristo. A união com Cristo é união com ele na eficácia de sua morte e na virtude de sua ressurreição - aquele que assim morreu e ressuscitou com Cristo fica liberto do pecado, e o pecado não terá domínio sobre ele.

O OBJETO DA SANTIFICAÇÃO

Esta libertação do poder do pecado obtida pela união com Cristo e da contaminação do pecado obtida pela regeneração não elimina todo pecado do coração e da vida do crente. Segue havendo o pecado que mora no crente (cf Rm. 6:20; 7:14-25;. 1Jo.1:8; 2:1). O crente não está ainda tão moldado a imagem de Cristo como para ser santo, inocente, sem contaminação e separado dos pecadores. A santificação tem precisamente este objeto, e tem como sua meta a eliminação de todo pecado e a completa conformação a imagem do Filho de Deus, para que seja santo como o Senhor é santo. Se tomamos o conceito da santificação total a sério, nos vemos conduzidos forçadamente a conclusão de que não será culminada até que o corpo de nossa humilhação seja transformado a semelhança do corpo da glória de Cristo, quando o corruptível se revestir de incorruptibilidade e o mortal se revestir de imortalidade (Fl. 3:21; 1 Co. 15:54).

Devemos dar conta da seriedade do objeto da santificação. Há vários respeitos no que se deve contemplar:

1. Todo pecado no crente é uma contradição da santidade de Deus. O pecado não muda seu caráter como pecado porque a pessoa em quem mora e por quem seja cometido seja crente. É certo que o crente mantenha uma nova relação com Deus. Não há condenação judicial para ele e a ira judicial de Deus não descansa sobre ele (Rm. 8:1). Deus é seu Pai e ele é filho de Deus. O Espírito Santo mora nele e é seu advogado. Cristo é o advogado do crente para com o Pai. Mas o pecado que reside no crente e que comete é de tal caráter que merece a ira de Deus e se suscita o desagrado paterno de Deus por este pecado. Assim, o pecado que permanece, que mora, é a contradição de todo o que ele é como pessoa regenerada e filho de Deus. É a contradição do mesmo Deus, em cuja imagem fora recriado. Sentimos o temor da solicitude do apóstolo quando diz: «Filhinhos, vos escrevo estas coisas para que não pequeis» (1 Jo. 2:1). Para que não haja nenhuma disposição a tomar o pecado como algo suposto, para contentar-se com o status quo, para gratificar o pecado, ou para converter a graça de Deus em dissolução, João tem o zelo de chamar aos crentes a lembrança de que todo aquele que tem esperança em Deus «se purifica a si mesmo, assim como ele é puro» (1 Jo. 3:3), e que tudo o que está no mundo, «os desejos da carne, a cobiça dos olhos, e a soberba da vida, não provem do Pai, mas do mundo» (1 Jo. 2:16).

2. A presença do pecado no crente envolve o conflito em seu coração e vida. Se há pecado restante, que mora dentro, há de haver o conflito que descreve Paulo em Romanos 7:l4. É inútil argumentar que este conflito não seje normal. Se há pecado em qualquer grau em um em quem mora o Espírito Santo, então há tensão, há contradição dentro do coração daquela pessoa. O certo é que quanto mais santificada está a pessoa, quanto mais moldada

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esteje a imagem de seu Salvador, tanto mais deve reagir em refutar toda falta de conformidade a santidade de Deus. Quanto mais profunda sua apreensão da majestade de Deus, quanto maior a intensidade de seu amor para Deus, quanto mais persistentes seus anelos por alcançar o prêmio do alto chamamento de Deus em Cristo Jesus, tanto mais consciente será da gravidade do pecado que permanece e tanto mais aguda será sua repugnância contra o mesmo. Quanto mais se aproxime o lugar santíssimo, tanto mais se dará conta de sua pecaminosidade e clamará: «Miserável homem sou» (Rm. 7:24). Não foi este o efeito em todo o povo de Deus ao entrar em uma mais estreita proximidade a revelação da santidade de Deus? «Ai de mim! estou perdido; porque sou homem lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos exércitos» (Is. 6:5). «Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza. » (Jó 42:5, 6,).

A verdadeira santificação bíblica não tem afinidade com a própria complacência, que ignora ou deixa de tomar conta a pecaminosidade de toda falta de conformidade a imagem daquele que era santo, inocente, sem contaminação. «Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. » (Mt. 5:48).

3. Deve haver uma constante e crescente apreço de que ainda que o pecado permanece, não por isso deve exercer o domínio. Há uma total diferença entre que o pecado sobreviva e que o pecado reine, entre o regenerado em conflito com o pecado e o não-regenerado complacente com o pecado. Uma coisa é que o pecado viva em nós; outra que nós vivamos em pecado.

Uma coisa é que o inimigo ocupe a capital; outra que seu exército derrotado fustigue as guarnições do reino. É do maior interesse para o cristão e do maior interesse para sua santificação que saiba que o pecado não tem domínio sobre ele, que as forças da graça redentora, regeneradora e santificante têm sido aplicadas naquilo que é central em seu ser moral e espiritual, que ele é morada de Deus pelo Espírito, e que Cristo tem sido constituído nele a esperança de glória. Isso equivale dizer que tem que considerar morto certamente ao pecado, mas vivo para com Deus por meio de Jesus Cristo seu Senhor.

É a fé desta realidade o que provê a base para a exortação e o incentivo ao cumprimento da mesma: «Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como instrumento de justiça.» (Rm. 6:12, 13). Nesta questão o indicativo se encontra na base do imperativo, e nossa fé no fato é indispensável para a execução do dever. A fé de que o pecado não terá domínio é a dinâmica no serviço fiel a justiça e a Deus, de maneira que possamos ter o fruto para santidade e como fim a vida eterna (Rm. 6:17, 22).

É o objeto da santificação que o pecado seja mais e mais mortificado, e a santidade alimentada e cultivada.

O AGENTE DA SANTIFICAÇÃO

É necessário recordar que na última análise nós não nos santificamos a nós mesmos. É Deus quem santifica (1 Ts. 5:23). De maneira específica, é o Espírito Santo o agente da santificação. Neste contexto se tem que fazer algumas observações.

1. O modo da operação do Espírito na santificação está rodeado de mistério. Não conhecemos o modo da morada do Espírito nem o modo de sua operação eficiente nos corações e mentes e vontades do povo de Deus mediante a que são progressivamente purificados da contaminação do pecado e mais e mais transformados segundo a imagem de Cristo. Entretanto, não devemos prejudicar o fato de que a obra do Espírito em nossos corações se reflita em nossa consciência e conhecimento interior; enquanto que não devemos

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desdenhar a santificação o reino do subconsciente nem deixar de reconhecer que a santificação traz a sua órbita todo o campo da atividade consciente de nossa parte, devemos, contudo, apreciar o fato de que há uma atividade da parte do Espírito Santo que sobrepassa a análise ou a introspecção por nossa parte. Os efeitos desta atividade constante e ininterrupta entram no campo de nossa consciência, do entendimento, o sentimento e a vontade. Mas não devemos supor que a medida de nosso entendimento ou experiência seja a medida da operação do Espírito. Em cada movimento concreto e particular do crente no caminho da santidade há uma atividade energizadora do Espírito Santo, e quando intentamos descobrir qual é o modo deste exercício de sua graça e poder é quando nos damos conta de quão longe estamos de poder determinar a obra secreta do Espírito.

2. É imperativo que nos demos conta de nossa total dependência do Espírito Santo. Naturalmente, não temos de esquecer que nosso esforço deve estar totalmente comprometido com o processo da santificação. Mas não devemos confiar em nossa própria intensidade de resolução nem propósito. É quando somos fracos que somos fortes. É pela graça que estamos sendo salvos, tão certamente como que temos sido salvos. Se não somos aguçadamente conscientes de nossa própria impotência, então podemos fazer do uso dos meios de santificação fonte que fomente a própria justiça e orgulho, e com isso derrotar o objeto da santificação. Não temos que apoiar-nos nos meios da santificação, mas no Deus de toda graça. O moralismo próprio impulsiona a soberba, e a santificação promove a humildade e a contrição.

3. É como o Espírito de Cristo e como o Espírito daquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos que o Espírito Santo santifica. Não podemos pensar que o Espírito opera em nós aparte do Cristo ressuscitado e glorificado. O processo santificador não só depende da morte e ressurreição de Cristo em sua iniciação; também depende da morte e ressurreição de Cristo em sua continuação. É pela eficácia e virtude que procedem do Senhor exaltado que se leva a cabo a santificação, e esta virtude pertence ao Senhor exaltado por causa de sua morte e ressurreição. É pelo Espírito que se comunica esta virtude.

Talvez a passagem mais significativa em conexão com isto seja 2 Corintios 3:17, 18, onde Paulo diz que o Senhor é o Espírito, e logo indica que o processo de mudança pelo qual somos transformados a imagem do Senhor é «pelo Espírito do Senhor», ou, talvez com maior precisão, «o Senhor do Espírito». Seja qual for a forma em que interpretemos a expressão ao final do versículo 18, é evidente que a obra santificadora do Espírito não só consiste em uma conformação progressiva a imagem de Cristo, mas que também depende da atividade do Senhor exaltado (cf 1 Co. 15:45). É a peculiar prerrogativa e função do Espírito Santo glorificar a Cristo tomando das coisas de Cristo e mostrando-as ao povo de Deus (cf Jo. 16:14, 16; 2 Co. 3:17, 18). É o Espírito que mora em nós quem faz isto, e como o advogado com os crentes (Jo. 14:16, 17).

OS MEIOS DA SANTIFICAÇÃO

Enquanto que dependemos constantemente da atividade sobrenatural do Espírito Santo, devemos ter em conta também que a santificação é um processo que atrai dentro de seu âmbito a vida consciente do crente. Os santificados não são passivos nem inativos no processo. Nada mostra isto com maior clareza que a exortação do apóstolo: «Desenvolvei a vossa salvação, com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o efetuar segundo a sua boa vontade » (Fl. 2:12, 13). A salvação a que se faz referência aqui não é a salvação já possuída, mas a salvação escatológica (cf 1 Ts. 5:8, 9; 1 Pe. 1:5, 9; 2:2). E nenhum texto estabelece de maneira mais sucinta e clara a relação da obra de Deus com nossa obra.

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A obra de Deus em nós não permanece suspensa porque nós realizemos. Tampouco é a relação estritamente de cooperação, como se Deus fizesse sua parte e nós

fizéssemos a nossa de maneira que a conjunção ou coordenação de ambas produzisse o resultado desejado. Deus realiza em nós, e nós também fazemos. Mas a relação é que devido que Deus faz, nós fazemos.

Toda obra de nossa salvação por nossa parte é o efeito de Deus obrando em nós, não o querer com exclusão ao fazer nem o fazer com exclusão do querer, mas tanto o querer como o fazer. E esta obra de Deus se dirige ao fim de capacitarmos para querer e fazer o que a ele agrada. Aqui temos não só a explicação de toda atividade aceitável por nossa parte mas que temos também o incentivo para nosso querer e fazer. O que o apóstolo está apremiando é a necessidade de obrar nossa própria salvação, e o alento que ele dá é a certeza de que é Deus mesmo quem obra em nós. Quanto mais persistentemente e ativos estamos na obra, tanto mais persuadidos podemos estar de que toda a graça e poder energizador é de Deus.

As exortações a ação das que está impregnada a Escritura são todas com o propósito de recordar nos que todo nosso ser está intensamente ativo neste processo que tem como sua meta o propósito predestinador de Deus de que sejamos modelados conforme a imagem de seu Filho (Rm. 8: 29). Paulo diz de novo aos filipenses: «E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o dia de Cristo, cheios de frutos da justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.» (Fp. 1:9-11). E Pedro, de maneira semelhante: «Por isso mesmo, vós, reunido toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. » (2 Pe. 1:5-8). É desnecessário multiplicar as citações.

O Novo Testamento está saturado desta ênfase (cf Rm. 12:1-3, 9-21; 13:7-14; 2 Co. 7:1; Gl. 5:13-16, 25, 26; Ef. 4:17-32; Fp. 3:10- 17; 4:4-9; Cl. 3:1-25; 1 Ts. 5:8-22; At. 12:14- 16; 13:1-9; Tg.1:19-27;2:l4~26;3:13~l8;1Pe l:13- 25;2:l1-13,17; 2 Pe. 3:14-18; 1 Jo. 2:3-11; 3:17- 24).

A santificação envolve a concentração do pensamento, do interesse, do coração, da mente, da vontade e do propósito sobre o premio do supremo chamamento de Deus em Cristo Jesus e o compromisso de todo nosso ser com estes meios que Deus instituiu para o alcance deste destino. A santificação é a santificação das pessoas, e as pessoas não são máquinas; é a santificação de pessoas renovadas conforme a imagem de Deus em conhecimento, justiça e em santidade. A perspectiva que oferece é conhecer como somos conhecidos e ser santos como Deus é santo. Todo aquele que tem esta esperança em Deus se purifica a si mesmo, assim como ele é puro (1 Jo. 3:3).

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 12:

1. Qual pessoa da Trindade é a que está à frente da obra da santificação?_____________________________________________________________________

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2. De que maneira são a regeneração e o chamamento eficaz necessários precursores da santificação?

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3. É a santificação do crente um fato real e atual ou algo potencial?_____________________________________________________________________

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4. Como obtém o crente a vitória sobre o poder do pecado?_____________________________________________________________________

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5. Quais são os três erros que se apresentam na interpretação da santificação que dão os perfeccionistas?

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6. Qual é o objeto da santificação? Por quais três razões é imprescindível que se chegue a este objeto da santificação na vida do crente?

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7. Sendo o Espírito Santo o agente da santificação, em que plano fica o esforço que nós possamos fazer?

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8. De qual contexto é impossível afastar a obra santificadora do Espírito?_____________________________________________________________________

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9. Em quais das duas atitudes diferentes desencadeiam a dependência do Espírito para a santificação, por um lado, e a busca da própria moralidade, por outro?

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10. Qual é a relação entre a obra que faz Deus para nossa santificação e o uso que nós fazemos dos meios previstos para obter a mesma?

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11. Cite alguns textos que falam da responsabilidade que o crente tem frente a sua santificação.

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12. Quais são alguns meios que Deus estabeleceu para que cheguemos a ser santos?

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LIÇÃO 13: A PERSEVERANÇA DOS SANTOS

A experiência, a observação, a história bíblica e certas passagens da Escritura parecem prover argumentos muito poderosos contra a doutrina que tem sido chamada «a perseverança dos santos». Não está o registro bíblico, assim como a história da igreja, cheio de exemplos dos que naufragaram na fé? E não lemos que «é impossível que os que uma vez foram iluminados e provaram do dom celestial, e foram feitos partícipes do Espírito Santo, e assim mesmo provaram a boa palavra de Deus e os poderes do século vindouro, e caíram, sejam outra vez renovados para arrependimento»? (Hb. 6:4-6) Não disse acaso nosso Senhor: «Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Todo ramo que não dá fruto, o tira... O que em min não permanece, é lançado fora como o ramo, e seca»? (Jo. 15:1, 2, 6) Se, confrontado com os fatos da história e com passagens da Escritura como os citados, há de se dizer que a interpretação da Escritura acerca desta questão não é tarefa para os indolentes. O que significa apostasia? O que significa na Escritura por cair?

A fim de por a doutrina da perseverança em sua justa perspectiva, é necessário conhecer o que não significa. Não significa que todo aquele que professa fé em Cristo e que é aceito como crente na comunhão dos santos esteja seguro por toda a eternidade e que possa manter a certeza da salvação eterna. O Senhor mesmo advertiu a seus seguidores nos dias de sua carne quando disse aqueles judeus que criam nele: «Se vós permaneceis em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.» (Jo. 8:31, 32).

Estabeleceu um critério mediante o que deviam distinguir os verdadeiros discípulos, e este critério é a continuação na palavra de Jesus. É precisamente o que encontramos em outra passagem onde Jesus diz: «O que perseverar até o fim, este será salvo» (Mt. 10:22). É o critério aplicado assim mesmo na epístola aos Hebreus, onde o escritor diz: «Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou aos céus, conservemos firmes a nossa confissão » (Hb. 4:14). É a mesma lição que constitui a carga do ensinamento de Jesus em João 15 em relação com a parábola da vida e dos ramos. «O que em mim não permanece, é lançado fora como o ramo, e seca» (Jo. 15:6). A prova crucial da verdadeira fé é a perseverança até o fim, permanecer em Cristo e continuar em sua palavra.

Esta ênfase da Escritura deveria ensinar-nos duas coisas: 1) Nos provê o sentido de recair, da apostasia. É possível dar todas os sinais externos de fé em Cristo e de obediência a ele, testificar por um tempo uma boa confissão e mostrar grande zelo por Cristo e seu reino, e logo perder todo interesse e voltar indiferente, se não hostil, as demandas de Cristo e de seu reino. É a lição da semente semeada em pedregais - a semente brotou em seguida, mas quando o sol se levantou, a queimou, pois não tinha raízes (cf Mr. 4:5, 6, 16, 17). Naturalmente, há muita variação nesta classe de pessoas. Alguns parecem convertidos, servem com entusiasmo durante um certo tempo, e logo, de repente, se esfriam. Desaparecem da comunhão dos santos. Outros não mostram o mesmo entusiasmo.

Seu apego a fé em Cristo nunca tem sido demasiado evidente. Mas, com o passar do tempo, fica precário e tênue, e finalmente o vínculo fica totalmente roto-não anda mais no caminho dos justos. 2) Temos de apreciar a distância e as alturas as que uma fé temporária pode levar aqueles que a tem. Isto aparece com certa extensão na parábola do semeador. Os comparados com uma semente semeada em pedregais receberam a palavra com gozo e continuaram por um tempo esta experiência prazerosa. Em termos da semelhança, houve o talo, e as vezes pode aparecer a espiga. Não há apenas germinação, mas também crescimento. O único defeito é que nunca aparece o grão abundante na espiga. Em maior grau nos apresenta a nossa atenção na linguagem da epístola aos Hebreus quando se refere aqueles que «foram iluminados e provaram do dom celestial, e foram feitos partícipes do Espírito Santo, e assim mesmo provaram a boa palavra de Deus e os poderes do século vindouro» (Hb. 6:5, 6).

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Nos incomoda o pensar nos termos desta descrição como aplicáveis aos que possam recair. Mas nos falam de forças operantes no reino de Deus e da influência que estas forças podem exercer sobre aqueles que finalmente mostram que não haviam sido afetados de maneira radical e salvadora pelas mesmas.

É acerca deste mesmo fato de apostasia da fé e suas correspondentes experiências que Pedro trata em 2 Pedro 2:20-22.

Não se pode duvidar de que Pedro teria em mente as pessoas que tinham o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, que haviam conhecido o caminho da justiça, e que mediante ele haviam escapado das contaminações do mundo, mas que se haviam de novo enredado nestas contaminações e que se haviam apartado do santo mandamento que lhes havia sido dado, de maneira que «lhes tem acontecido aquele provérbio tão verdadeiro: O cão volta a seu vômito, e a porca lavada a revolver se na lama». Assim, a mesma Escritura nos leva a conclusão de que é possível ter uma experiência muita enaltecedora, enobrecedora, reformadora e entusiasmante do poder e da verdade do evangelho, entrar em tal estreito contato com as forças sobrenaturais que operam no reino da graça de Deus, de modo que estas forças produzam efeitos em nós para que a observação humana que são dificilmente distinguíveis dos produzidos pela graça regeneradora e santificante de Deus e, entretanto, não ser participantes de Cristo nem herdeiros da vida eterna. Uma doutrina da perseverança que não chegue a ter em conta tal possibilidade, e sua realidade em certos casos, é uma doutrina distorcida, e ministra uma omissão que é totalmente contrária aos interesses da perseverança. Na realidade, deixa de ser em absoluto a doutrina da perseverança.

Isto nos leva a uma melhor compreensão da aptidão e expressividade da designação: «A perseverança dos santos». Não é no melhor interesse da doutrina envolvida em seu lugar pela designação «A segurança do crente», não porque este último seja um erro por si mesmo, senão porque a primeira fórmula está disposta de uma maneira muito mais cuidadosa e inclusiva. A mesma expressão «A perseverança dos santos» por si mesma prevêem contra todo conceito ou insinuação no sentido de que um crente esteje seguro, isto é, seguro enquanto a sua salvação eterna, com independência de até que ponto possa cair em pecado e recair da fé e da santidade. E guarda contra desta maneira de apresentar a posição do crente porque esta maneira de enunciar a doutrina é perniciosa e perversa. Não é certo que o crente esteje seguro por muito que caia em pecado e infidelidade.

Por que não é certo? Não é certo porque declara uma combinação impossível. É certo que o crente peque; possa cair em um grave pecado e andar errante por um longo tempo. Mas também é certo que um crente não pode abandonar ao pecado; não pode ficar sob o domínio do pecado; não pode fazer-se culpado de certas classes de infidelidade.

Por isso, é absolutamente errôneo dizer que um crente está seguro com independência da sua posterior vida de pecado e infidelidade. A verdade é que a fé de Jesus Cristo é sempre dependente da vida de santidade e fidelidade. E, por isso, nunca é apropriado pensar de um crente com independência dos frutos em fé e santidade.

Dizer que um crente está seguro, seja qual seja o grau de sua adição ao pecado em sua vida posterior, é tirar a fé de Cristo de sua mesma definição, e ministra aquele abuso que converte a graça de Deus em dissolução. A doutrina da perseverança é a doutrina de que os crentes perseveram; não se pode destacar suficiente que é a perseverança dos santos.

E isto significa que os santos, os unidos a Cristo pelo chamamento eficaz do Pai e em quem mora o Espírito Santo, perseverarão até o fim. Se perseveram, se mantém, continuam firmes. Não se trata de que vão ser salvos com independência de sua perseverança ou continuidade, senão que certamente perseverarão.

Consequentemente, a segurança que possuem é inseparável de sua perseverança. Não é isto que Jesus disse? «Aquele que perseverar até o fim, será salvo.» É neste mesmo sentido que Pedro escreve aqueles que tem a esperança viva de «uma herança incorruptível,

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incontaminada e imarcescível , reservada nos céus.» Estes são os que são «guardados pelo poder de Deus mediante a fé, para alcançar a salvação que está preparada para ser revelada no último tempo» (1 Pe. 1:4, 5). Há três coisas particularmente dignas de menção:

1ª São guardados;2ª são guardados por meio da fé;3ª são guardados até o final consumação, a salvação que há de ser revelada no último

tempo.Não é persistir por um pouco de tempo, mas até o fim, e não é persistir com

independência da fé, mas mediante a fé. Não nos refugiemos então em nossa ociosidade nem nos alentemos em nossa concupiscência em base a abusada doutrina da segurança do crente.

Em troca, apreciemos a doutrina da perseverança dos santos, e reconheçamos que podemos manter a fé de nossa segurança em Cristo só enquanto a que perseveremos em fé e santidade até o fim. Não era nada menos que a meta da ressurreição para vida e glória o que teria Paulo em mente quando escreveu: «Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo –me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus» (Fp. 3:13, 14).

A perseverança dos santos nos recorda de forma muito intensa que só os que perseveram até o fim são verdadeiramente santos. Não alcançamos o prêmio do supremo chamamento de Deus em Cristo Jesus de maneira automática. A perseverança significa a dedicação de nossas pessoas a mais intensa e concentrada devoção aqueles meios que Deus ordenou para alcançar seu propósito salvador. A doutrina escrituraria da perseverança não tem afinidade com o quietismo e o antinomianismo que são tão dominantes nos círculos evangélicos.

Mas ainda que é certo que só aqueles que perseveram são santos, permanece a questão: perseverarão os santos? Está ordenado e previsto por Deus de tal maneira que aqueles que verdadeiramente crêem em Deus perseverarão até o fim? A resposta a esta pergunta é um enfático se. Aqui é tão importante negar o princípio arminiano de que os santos podem «cair da graça» como o é contrarrestar a presunção e licença antinomiana.

Por suposto, é verdade que a expressão «cair da graça» aparece na Escritura (Gl. 5:4). Mas Paulo não está aqui tratando acerca da questão de que se um crente pode cair do favor de Deus e finalmente perecer, mas acerca do apartamento da pura doutrina da justificação da graça em contraste a justificação pelas obras da lei. O que Paulo está dizendo na realidade é que se tratamos de justificar-nos pelas obras da lei em qualquer maneira ou grau, temos abandonado a justificação pela graça ou caído totalmente da mesma. Na justificação não podemos ter uma mescla da graça e obras. Se incluímos obras em qualquer grau, então temos abandonado a graça e somos devedores para fazer toda a lei (cf Gl. 5:3). Este ensinamento de Paulo acompanha toda a questão da perseverança. Porque nenhum artigo de nossa fé é mais importante na promoção da perseverança que a doutrina da justificação é somente pela graça e por meio da fé. Mas Paulo não está aqui tratando com crentes que caem da graça de Deus. Isto seria incongruente com o próprio ensinamento de Paulo em outras passagens em suas epístolas. Na realidade, é o próprio ensinamento de Paulo que podemos apelar em primeiro lugar para estabelecer a posição de que os santos perseverarão.

Quem são os «santos» nos termos do Novo Testamento? São os que são chamados a ser santos, os chamados de Jesus Cristo (Rm. 1:6, 7). É de todo impossível separar o que o Novo Testamento significa pela condição de santo do chamamento eficaz mediante o que os pecadores são introduzidos à comunhão de Jesus Cristo (1 Co. 1:9). Agora temos de perguntar: Quais são, no ensinamento de Paulo, as relações deste chamamento que constitui a uma pessoa como santo?

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Se nos diz em Romanos 8:28-30. Temos aqui uma cadeia irrompível de acontecimentos que procedem do propósito eterno de Deus em antecipado conhecimento e predestinação a glorificação do povo de Deus. É impossível separar o chamamento deste marco. Os chamados o são conforme a seu propósito (v. 28); o propósito é antecedente ao chamamento. E isto é o que Paulo diz outra vez nos versículos 29 e 30, onde expõe o propósito de Deus em termos do prévio conhecimento e a predestinação: «Aos que de antemão conheceu, também os predestinou... e aos que predestinou, a esses também chamou.»

Ademais, assim como o chamamento tem seus antecedentes no antecipado conhecimento e predestinação, assim tem suas consequentes em justificação e glorificação: «e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou» (v. 30). Em relação com o tema presente, não podemos evitar o significado desta passagem. Estes que agora nos ocupam são santos, os chamados de Jesus Cristo; são aqueles que são justificados pela fé de Jesus Cristo.

Um verdadeiro cristão não pode ser definido com termos inferiores que um que tem sido chamado e justificado. E, portanto, a pergunta é: pode alguém que foi chamado e justificado recair e não alcançar a salvação eterna? A resposta de Paulo é inesquivável: os chamados e os justificados serão glorificados.

Igualmente, vamos à direção oposta, chegamos ao mesmo resultado. Os chamados sãoos que tem sido predestinados para ser modelados conforme a imagem do Filho de

Deus (v. 29). É possível pensar que seja frustrado o propósito predestinador de Deus? Nem sequer um arminiano dirá isto. Porque crê que Deus predestina para salvação eterna aqueles que ele prevê que perseverarão até o fim e se salvarão.

Devemos dar-nos conta de que é o que está em jogo nesta controvérsia. Se os santos podem recair e perder-se eternamente, então os chamados e justificados podem recair e perder-se. Mas isto é o que o apóstolo inspirado diz que não sucederá nem pode suceder: aqueles aos que Deus chama e justifica, também os glorifica. E esta glorificação não é nada menos que a conformação a imagem do mesmo Filho de Deus. É a isto a que se refere Paulo quando diz que Deus «transfigurará o corpo de nosso estado de humilhação, conformando ao corpo da sua glória (isto é, de Cristo) (Fp. 3:21), e que chama em Romanos 8:23 «a adoção, a redenção de nosso corpo». A negação da perseverança dos santos destrói o sentido explícito do ensinamento do apóstolo.

Poderíamos descansar o argumento da doutrina da perseverança sobre esta passagem. Mas a Escritura nos provê com adicional confirmação. É bom recordar as palavras daquele que falou como jamais homem algum falou; que descendeu do céu para fazer a vontade daquele que lhe havia enviado, para que de tudo o que o Pai havia dado não perdera nenhum, senão que o ressuscitara no último dia (Jo. 6:39). Certamente, ninguém negará que um santo em termos do Novo Testamento é um que crê em Cristo. Um santo é um crente. E o que diz Jesus acerca do crente?

«E esta é a vontade daquele que me enviou: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia» (Jo 6:40). E devemos entreter sequer a mais remota suspeita de que esta vontade do Pai vá ficar frustrada? Jesus nos assegura aqui que não será assim, porque ele nos define a seqüela. Não só diz que é a vontade do Pai que todo aquele que crê nele tenha vida eterna, mas que «eu o ressuscitarei no último dia». Para que não tenhamos dúvida quanto ao caráter desta ressurreição no último dia, nos informa no versículo precedente que esta ressurreição no último dia está em contraste com a perda de qualquer coisa que o Pai o haja dado. Em outras palavras, a ressurreição no último dia de que ele está falando é que: Jesus é a ressurreição que vai unida para assegurar que aquele que o Pai o deu não se perca: «E esta é a vontade do Pai, que me enviou: Que de todo o que me tem dado, não se perca nenhum, senão que o ressuscite no último dia» (v. 39). E não nos dá Jesus a certeza mais clara de que um crente não pode perecer quando diz: «Ao que

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vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora »? (v. 37). Recorrer a ele é simplesmente crer nele. E a segurança que Jesus apresenta e garante alcança plenamente a ressurreição para vida no último dia.

Mas isto não é tudo. Faremos bem em examinar ainda mais estes discursos de Jesus tal como estão registrados no evangelho de João. Jesus diz também: «Todo o que o Pai me dá, virá a mim» (6:37). Sempre que há o dom da parte do Pai há o consequente ou concomitante inevitável de chegar a Cristo, e dizer, e crer nele. Mas também é certo que sempre que um vir a Cristo há também a doação da parte do Pai, porque Jesus também disse que ninguém pode vir a mim, se o pai não o trouxer (6:44) e se por meu pai lhe não for concedido e (6:65). Neste discurso haveremos de considerar a doação de homens a Cristo e a atração de homens a Cristo por parte do Pai como dos aspectos do mesmo acontecimento, duas maneiras em que se pode contemplar o mesmo acontecimento. A atração do Pai contempla o acontecimento como uma ação exercida sobre os homens: a doação a Cristo como dádiva da parte do Pai ao Filho. É impossível pensar nestes aspectos como separáveis. Em resumo, temos que ninguém pode chegar a Cristo se o Pai não conceder. E já temos encontrado nas palavras expressas de Jesus que cada um que é dessa forma chegar a Cristo e crer Nele. Por isso, a doação da parte do Pai e chegar a Cristo da parte dos homens é algo inseparável um não pode existir sem o outro, e onde há um, há o outro.

Se voltarmos agora a João 10, encontraremos, sobre este transfundo, uma confirmação concluinte da verdade de que os crentes no podem perecer. Jesus fala de novo daqueles que lhe tem sido dados pelo Pai. Não podemos dissociar a doação a que se faz referência aqui da doação a que se faz referência em João 6, ainda que Jesus introduza una nova designação mediante a que caracteriza as pessoas de que se trata, isto e, que são suas ovelhas. O que é que Jesus disse? «Meu Pai , que mas deu, é maior do que todos; ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um. » (10:29, 30). Quando perguntamos qual o sentido disso , que ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai , o encontramos nas palavras precedentes de Jesus: «E dou lhes a vida eterna ; e nunca hão de perecer , e ninguém as arrebatará da minha mão » (10:28).

O que Jesus está tratando aqui é evidentemente a segurança infalível daqueles que tem sido dados pelo Pai: «nunca hão de perecer». E esta mesma segurança está garantida no fato de que ninguém os arrebatará de sua mão. E para confirmar esta verdade foi que ele disse: «Meu Pai que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.» A garantia da infalível preservação é que as pessoas dadas ao Filho estão na mão do Filho, e porém dadas ao Filho, seguem misteriosamente estão nas mãos do Pai. Não podem ser arrebatados da mão de nenhum deles. Esta é a herança daqueles que são dados pelo Pai. Mas devemos recordar que todos os que são dados a Cristo chegam a Cristo, isto é, crêem Nele, e todos os que crêem Nele são os que lhe tem sido dados. Por isso, não é simplesmente daqueles que tem sido dados pelo Pai que Jesus está falando em João 10:28,29; se refere também a crentes. Temos visto nas passagens de João 6 que os que são dados são crentes, e que os crentes são os que são dados. Por isso, de todos os crentes, isto é, de todos os que chegam a Cristo nos termos de João 6:37, 44, 45, 65, se pode dizer, com base na autoridade daquele que é a verdade, o verdadeiro Deus e a vida eterna, que os crentes no nome de Jesus nunca perecerão e que serão ressuscitados no último dia na ressurreição dos bem aventurados. Na linguagem de Paulo, «posso chegar à ressurreição dos mortos» (Fil. 3:11). Quantas razões temos nesta verdade para maravilhar-nos da graça de Deus e da imutabilidade de seu amor. É a indissolubilidade do vinculo do pacto da graça de Deus o que rege esta preciosa verdade revelada por Deus. «Porque as montanhas se desviarão, e os outeiros tremerão ; mas a minha benignidade não se desviará de ti , e o concerto da minha paz não mudará , diz o Senhor, que se compadece de ti» (Is. 54:10).

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PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 13:

1. O que NÃO significa a doutrina da perseverança dos santos?_____________________________________________________________________

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2. Quais são as situações e/ou passagens bíblicas que nos fazem duvidar de que possa haver tal coisa como a perseverança dos santos?

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3. Qual é o sentido bíblico da idéia da apostasia?_____________________________________________________________________

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4. Explique o fundamental da palavra “santos” dentro da fórmula, “a perseverança dos santos”.

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5. A doutrina da perseverança dos santos não serve a um suposto crente que quer defender sua postura de filho de Deus apesar de levar uma vida vazia de santidade. Por que?

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6. Ao falar Paulo, em Gálatas 5:4, de “cair da graça” a que está se referindo?_____________________________________________________________________

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8. O ato predestinador de Deus na salvação argumenta fortemente contra que os crentes possam “cair da graça”. Por que?

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9. Que pronunciamentos de Jesus lançam luz sobre este tema da perseverança dos santos?

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10. Tendo em conta o exposto neste capitulo, interprete Hebreus 6:4-6._____________________________________________________________________

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LIÇÃO 14: A UNIÃO COM CRISTO

Nestes estudos estamos tratando com a aplicação da redenção. Os leitores inteligentes poderão ter-se perguntado por que não tinha até este ponto algum tratamento da união com Cristo. Evidentemente, é um aspecto importante da aplicação da redenção, e, se não o tivéssemos conta, não só seria defeituosa nossa apresentação da aplicação da redenção, mas que nossa perspectiva da vida cristã ficaria gravemente distorcida. Nada é mais central e básico que a união e comunhão com Cristo.

Entretanto, há uma boa razão pela qual o tema da união com Cristo não deveria ser coordenado com as outras fases da aplicação da redenção com as que temos tratado. A razão é que a união com Cristo é por si mesma uma questão muito ampla e extensa. Não é simplesmente um passo na aplicação da redenção; quando se contempla em seus aspectos mais amplos, em conformidade ao ensinamento da Escritura, sob cada aspecto da aplicação da redenção. A união com Cristo é na realidade a verdade central de toda a doutrina da salvação, não só em sua aplicação, mas também em seu cumprimento uma vez por todas na obra consumada de Cristo.

Certamente, todo o processo da salvação tem sua origem em uma fase de união com Cristo, e a salvação tem o propósito de consumar as outras fases da união com Cristo. Isto se pode ver claramente se recordamos aquela breve expressão que é tão comum no Novo Testamento: «Em Cristo.» É aquilo que significa por «em Cristo» que temos em mente quando falamos de «união com Cristo». É bem evidente que a Escritura aplica a expressão «em Cristo» a muito mais que a aplicação da redenção. É verdade que um certo aspecto da união com Cristo pertence estritamente a aplicação da redenção. Disto trataremos mais adiante. Mas não trataríamos de maneira adequada acerca desta questão da união com Cristo se não estabelecemos, ante tudo, seu significado mais amplo. Não poderíamos apreciar o que cai dentro da aplicação da redenção se não o relacionássemos com o que é mais amplo.

Podemos ver a amplitude da união com Cristo se exploramos os ensinamentos da Escritura em respeito a mesma. Quando o fazemos, vemos quanto se estende para atrás e para adiante.

A fonte da salvação mesmo na eterna eleição do Pai é «em Cristo». Paulo disse: «Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como, também nos elegeu nele antes da fundação do mundo» (Ef. 1:3, 4). O Pai escolheu desde a eternidade, mas escolheu em Cristo. Não podemos compreender tudo o que está envolvido, mas o fato está bem claro de que não houve eleição do Pai na eternidade da parte de Cristo. E isto significa que os que serão salvos não foram sequer contemplados pelo Pai no conselho final de seu amor predestinado por parte da união com Cristo - foram escolhidos em Cristo. Por mais que nos retrocedamos no seguimento da salvação até sua fonte, encontramos «união com Cristo»; não é algo recente está aí desde o começo.

Também se deve ao fato de que o povo de Deus estava em Cristo quando ele entregou sua vida em resgate, e nos redimiu mediante seu sangue, que lhes foi sido lograda a salvação para eles; são descritos como unidos a Cristo em sua morte, ressurreição e exaltação ao céu (Ro. 6:2-II; Ef. 2:4-6; Col. 3:3,4). «No amado», disse Paulo, «temos a redenção pelo seu sangue» (Ef. 1:7). Por isto, não deveríamos pensar na obra da redenção obrada de uma vez por todas por Cristo parte da união com seu povo que foi levado a cabo na eleição parte do Pai antes da fundação do mundo. Em outras palavras, nunca deveríamos pensar na redenção com abstração das misteriosas disposições do amor, sabedoria e graça de Deus mediante as que Cristo foi unido a seu povo e seu povo foi unido a ele quando ele morreu no maldito madeiro e ressuscitou dentre os mortos. Esta é simplesmente outra maneira de dizer que a igreja é o corpo de Cristo e que «Cristo amou a igreja, e se entregou a si mesmo por ela» (Ef. 5:25).

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É em Cristo que o povo de Deus é criado de novo. «Somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras» (Ef. 2:10). Aqui Paulo insiste na grande verdade de que somos salvos pela graça, não por obras. A salvação tem seu início na graça de Deus. E isto é certificado pelo fato de que nós somos salvos por uma nova criação em Cristo. Não deveria surpreender-nos que o começo da salvação em possessão real seja em união com Cristo, porque temos falado já que

é em Cristo que a salvação teve sua origem na eleição eterna do Pai e que é em Cristo que a salvação foi lograda uma vez por todas pelo sangue redentor de Cristo. Não poderíamos pensar em tal união com Cristo como suspendida quando o povo de Deus chega a ser partícipe real da redenção: é nascido de novo em Cristo. Mas não só a nova vida tem seu início em Cristo; também continua por virtude da mesma relação com ele. É em Cristo que se conduz a vida e conduta do cristão (Ro. 6:4; 1 Co. 1:4, 5; cf 1 Co. 6:15-17). A nova vida que vivem os crentes a vivem na comunhão da ressurreição de Cristo; em tudo são enriquecidos nele em toda palavra e em todo conhecimento. É em Cristo que morrem os crentes. Tem dormido em Cristo ou por meio de Cristo e estão mortos em Cristo (1 Ts. 4:14, 16). Poderia algo ilustrar com mais clareza a indissolubilidade da união com Cristo que o fato de que esta união não fica desfeita pela morte? A morte, naturalmente, é real: o espírito e o corpo ficam separados. Mas os elementos separados da pessoa seguem unidos a Cristo. «Preciosa é aos olhos de Deus a morte de seus santos» (Sal. 116:15).

Finalmente, é em Cristo que o povo de Deus ressuscitara e será glorificado. É em Cristo que os filhos de Deus serão vivificados quando tocar a última trombeta e os mortos ressuscitem incorruptíveis (1 Co. 15:22). E com Cristo que serão glorificados (Ro. 8:17).

Assim, vemos que a união com Cristo tem sua fonte na eleição de Deus o Pai antes da fundação do mundo, e que tem sua culminação na glorificação dos filhos de Deus. A perspectiva do povo de Deus não é estreita; é ampla e dilatada. Não está confinada ao tempo e ao espaço; tem a extensão da eternidade. Sua órbita tem dois focos; o primeiro é o amor eleito de Deus o Pai nos conselhos da eternidade, e outro é a glorificação com Cristo na manifestação de sua glória.

O primeiro não tem principio; o outro não tem fim. A glorificação com Cristo em sua vinda será só o começo de uma consumação que abrangerá o século dos séculos . «E assim estaremos sempre com o Senhor» (1 Ts. 4:17). É uma perspectiva com um passado e com um futuro, mas nem o passado nem o futuro estão limitados pelo que conhecemos como nossa história temporal. E devido a história temporal cai dentro desta perspectiva, tem significado e esperança. O que é que liga o passado, presente e futuro na vida de fé e na esperança de gloria? Por que mantém o crente ao pensamento do conselho determinado de Deus com tal gozo? Por que pode ter paciência em meio das perplexidades e adversidades do presente? Por que pode ter uma certeza confiada com referência ao futuro e regozijar-se na esperança da glória de Deus? E porque não pensar no passado, presente ou futuro separadamente da união com Cristo. E a união com Cristo agora em virtude de sua morte e do poder de sua ressurreição que certifica a realidade de sua eleição em Cristo antes da fundação do mundo: é abençoado pelo Pai com toda benção espiritual nos lugares celestiais em Cristo, assim como nos elegeu em Cristo desde antes da fundação do mundo (cf Ef. 1:3, 4). E tem selo de una herança eterna porque é em Cristo que é selado com o Espírito Santo da promessa como penhor de sua herança até a redenção da possessão adquirida (cf. Ef. 1: 13, 14).

E tem o selo de uma herança eterna porque é em Cristo que é selado com o Espírito Santo da promessa como penhor de sua herança até a redenção da possessão adquirida (cf Ef. 1: 13, 14).

A parte da união com Cristo, não podemos contemplar o passado, presente ou futuro com nada mais que temor e tremor de uma eternidade sem Cristo. Mediante a união com

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Cristo, muda toda a complexidade do tempo e da eternidade, e o povo de Deus pode regozijar-se com um gozo inefável e glorificado.

A união com Cristo é um tema muito inclusivo. Abarca toda a amplitude da salvação desde sua fonte primária na eleição eterna de Deus até sua culminação final na glorificação dos escolhidos. Não é meramente uma fase da aplicação da redenção; abrangendo a cada aspecto da redenção, tanto em seu cumprimento como em sua aplicação. A união com Cristo liga tudo junto e assegura que Cristo aplica e comunica eficazmente a redenção a todos aqueles para quem a tem adquirido.

Mas a união com Cristo constitui uma parte importante da aplicação da redenção. Não chegamos a ser verdadeiros partícipes de Cristo até que se aplica eficazmente a redenção. Paulo, ao escrever aos crentes em Éfeso, os lembra que eles foram escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo, mas também os lembra que houve um tempo em que eles estavam «sem Cristo, excluídos da cidadania de Israel e estrangeiros quanto aos pactos da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo» (Ef 2:12), e que eram «por natureza filhos da ira, o mesmo que os demais» (Ef. 2:3).

Ainda que haviam sido escolhidos em Cristo antes dos tempos eternos, entretanto estavam sem Cristo até que foram chamados eficazmente a comunhão do Filho de Deus (1 Co. 1:9). De modo que é pelo chamamento eficaz de Deus o Pai que os homens são feitos partícipes de Cristo e entram no desfrute das bênçãos da redenção. Unicamente então conhecem a comunhão de Cristo.

Qual é a natureza desta união com Cristo que é levada a cabo pelo chamamento de Deus? Há várias coisas que se devem dizer como resposta a esta pergunta.

1. É espiritual. Poucas palavras no Novo Testamento têm sido submetidas a mais distorção que a palavra «espiritual».. Frequentemente se usa para denotar o que é pouco mais que um vago sentimentalismo. «Espiritual», no Novo Testamento, se refere àquele que é do Espírito Santo. O homem espiritual é a pessoa em quem mora o Espírito Santo e que é controlada por ele, e um estado mental espiritual é um estado mental produzido e mantido pelo Espírito Santo. Por isso, quando dizemos que a união com Cristo é espiritual, queremos dizer, antes de mais nada, que o vínculo desta união é do Espírito Santo mesmo. «Pois todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo, quer judeus quer gregos, quer servos quer livres, e todos temos bebido de um Espírito» (1 Co. 12:13, marg.; cf 1 Co. 6:17, 19; Rm. 8:9-l1; 1 Jo. 3:24; 4:13).

Não é necessário apreciar muito mais que temos feito a estreita interdependência de Cristo e do Espírito Santo nas operações da graça salvadora. O Espírito Santo é o Espírito de Cristo; o Espírito é o Espírito do Senhor e Cristo é o Senhor do Espírito (cf Rm. 8:9; 2 Co. 3:18; 1 Pe. 1:11). Cristo mora em nós se seu Espírito mora em nós, e mora em nós pelo Espírito. A união com Cristo é um grande mistério. Que o Espírito Santo seja o vínculo de união, o que não diminui o mistério, mas esta verdade arroja uma grande luz sobre o mistério e também protege o mistério contra conceitos sensíveis, por uma parte, e um puro sentimentalismo, por outra.

Isto nos leva a observar, assim mesmo, que a união com Cristo é espiritual porque é uma relação espiritual do que temos em vista. Não é a classe de união que temos na Divindade - três pessoas em um só Deus. Não é a classe de união que temos na pessoa de Cristo duas naturezas em uma só pessoa. Não é a classe de união que temos no homem, onde corpo e alma constituem um ser humano. Não é simplesmente a união de sentimento, afeto, entendimento, mente, coração, vontade e propósito. Aqui temos uma união que não podemos definir de maneira específica. Mas é uma união de um caráter espiritual intenso congruente com a natureza e obra do Espírito Santo, de maneira que de uma forma real que ultrapassa nossa capacidade de análise, Cristo mora em seu povo e seu povo mora nele.

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2. É místico. Quando empregamos a palavra «mística» em conexão com isto, é bom tomar como nosso ponto de partida desde a palavra «mistério» tal como se emprega na Escritura. Somos suscetíveis a empregar a palavra para designar algo que é totalmente inteligível e do que não podemos ter nenhuma compreensão. Não é este e o sentido da Escritura. Em Romanos 16:25, 26, o apóstolo estabelece os pontos para compreender este termo. Ali Paulo se refere a «a revelação do mistério que tem se mantido em silêncio desde tempo eterno, mas que tem se manifestado agora, e que mediante as Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, se tem dado a conhecer a todas as pessoas pela obediência da fé». Há quatro coisas que se devem observar acerca deste mistério:

1) Foi mantido secreto desde tempos eternos -era algo oculto na mente e no parecer de Deus.

2) Não seguiu mantendo -se oculto –foi manifestado e dado a conhecer em conformidade a vontade e ao mandamento de Deus.

3) Esta revelação da parte de Deus foi mediada por meio da (e depositada na) Escritura - foi revelado as nações, deixando de ser um segredo.

4) Esta revelação é dirigida para que todas as nações possam vir à obediência da fé. Por tanto, um mistério é algo que os olhos não tem visto nem o ouvido tem ouvido nem entrou no coração do homem, mas que Deus nos revelou por seu Espírito, e que por revelação e a fé chega a ser conhecido e apropriado pelos homens.

Que a união com Cristo é um mistério assim é coisa evidente. Ao falar da união com Cristo, e compará-la com a união que existe entre marido e mulher, Paulo diz: «Grande é este mistério; mas digo isto a respeito de Cristo e da igreja» (Ef. 5:32). E outra vez fala Paulo «das riquezas da glória deste mistério entre os gentios; que é Cristo em vós, a esperança da glória», e o descreve como «o mistério que havia estado oculto desde os séculos e gerações passadas, mas que agora tem sido manifestado a seus santos» (Cl. 1:26, 27). A união com Cristo é mística porque é um mistério. O fato de que seja um mistério destaca seu grande preço e a intimidade da relação que envolve.

A ampla gama de semelhanças empregadas pela Escritura para ilustrar a união com Cristo é muito notável. O nível mais elevado do ser, se compara com a união que existe entre as pessoas da Trindade na Deidade. É angustiante, mas é assim (Jo. 14:23; 17:21-23). O nível mais baixo se compara com a relação que existe entre as pedras de um edifício e a principal pedra angular (Ef. 2:19-22; 1 Pe. 2:4, 5). Entre estes dois limites há uma variedade de semelhança tomada de diferentes níveis de ser e relação. Se compara com a união que existiu entre Adão e toda sua posteridade (Rm. 5:12-19; 1 Co. 15:19-49). Se compara com a união que existe entre o marido e a mulher (Ef. 5:22-33; cf Jo. 3:29). Se compara a união que existe entre a cabeça e os outros membros do corpo humano (Ef. 4:15, 16). Se compara com a relação da vide e os ramos (Jo. 15). Daqui temos a analogia tirada dos vários estratos do ser, ascendendo desde o reino do inanimado até a mesma vida das pessoas da Deidade.

Isto deveria ensinar-nos um grande princípio. É óbvia que não devemos reduzir a natureza e o modo de união com Cristo a medida da classe de união que existe entre a principal pedra angular e as outras pedras no edifício, nem a medida da classe da união que existe entre a vide e os ramos, nem a da cabeça com os outros membros do corpo, nem sequer a do marido com a mulher. O modo, natureza e classe de união diferem nos diferentes casos. Há semelhanças mas não identidade. Mas do mesmo modo que não podemos reduzir a união entre Cristo e seu povo ao nível da união que existe nestes outros estratos de ser, tampouco podemos elevá-la a união que existe dentro da Deidade. A semelhança aqui tampouco significa identidade. A união com Cristo não significa que sejamos incorporados a vida da Deidade. Esta é uma das distorções as que tem sido submetida esta grande verdade. Mas o processo do pensamento pelo que tem sido adotada esta perspectiva descuida um dos mais sinceros princípios que devem governar nosso pensamento, isto é, que analogia não significa

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identidade. Quando fazemos uma comparação não fazemos uma equação. De todas as classes de união ou unidade que existem para as criaturas, a união dos crentes com Cristo é a mais sublime. O maior mistério do ser é o mistério da Trindade –três pessoas em um Deus. O grande mistério da piedade é o mistério da encarnação, que o Filho de Deus fez-se homem e se manifestou na carne (1 Tm. 3:16). Mas o maior mistério das relações para as criaturas é a união do povo de Deus com Cristo. E o mistério da mesma está testemunhado por nada menos que o fato de que seja comparada com a união que existe entre o Pai e o Filho na unidade da Deidade.

Chegou a ser costume usar a palavra mística para expressar o misticismo que entra no exercício da fé. É necessário que nos demos conta de que existe um misticismo inteligente no exercício da fé. Os crentes são chamados à participação de Cristo, e participação significa comunhão. A vida da fé é uma vida de união e comunhão vivas com o exaltado e sempre presente Redentor. A fé se dirige não só a um Redentor que veio e que levou a cabo uma vez por todas, uma obra de redenção. Se dirige a ele não meramente como aquele que morreu, mas como aquele que ressuscitou e que vive para sempre como nosso grande sumo sacerdote e advogado. E devido a que a fé se dirige a ele como Salvador e Senhor vivente, a comunhão chega ao centro de seu exercício. Não há comunhão entre os homens que seja comparável com a comunhão com Cristo —ele tem comunhão com seu povo e o povo tem comunhão com ele em um amor recíproco consciente. «Ao qual, não o havendo visto amais; no qual, não o vendo agora mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso» (1 Pe. 1:8). A vida da fé é a vida de amor, e a vida de amor é a vida de participação, ou de comunhão mística com aquele que vive para sempre para fazer intercessão por seu povo, e que pode compadecer-se de nossas debilidades. É comunhão com aquele que tem uma inesgotável reserva de compaixão para com as tentações, aflições e debilidades de seu povo, porque foi tentado em tudo igual que eles o foram, ainda que sem pecado. A vida da verdadeira fé não pode ser a de um frio assentimento metálico. Tem de ter a paixão e o calor do amor e da comunhão porque a comunhão com Deus é a coroa e a culminação da verdadeira religião.

«E a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo» (1 Jo. 1:3). A união com Cristo é a verdade central de toda a doutrina da salvação. Todo aquilo a que o povo de Deus tem sido predestinado na eterna eleição de Deus, tudo o que tem sido assegurado e procurado para eles no cumprimento da redenção uma vez por todas, todo aquele do que tem vindo a ser os reais participes na aplicação da redenção, e tudo o que pela graça de Deus chegarão a ser no estado de glória consumada fica abarcado dentro do âmbito da união e da comunhão com Cristo. Como temos visto antes nestes estudos, é a adoção na família de Deus como filhos e filhas do Senhor Deus Todo-poderoso o que dá ao povo de Deus a culminação da benção e do privilégio. Mas não podemos pensar na adoção aparte da união com Cristo. É significativa que a eleição em Cristo antes da fundação do mundo seja a eleição para a adoção de filhos. Quando Paulo diz que o Pai escolheu um povo em Cristo antes da fundação do mundo para que fossem santos acrescentados também que em amor os predestinou para ser adotados filhos por meio de Jesus Cristo (Ef. 1:4, 5).

Evidentemente, a eleição a santidade é paralela a predestinação a adoção –são duas formas de expressar a mesma grande verdade.

Nos expressam as diferentes facetas que pertencem a eleição do Pai. Por isto, a união com Cristo e a adoção são aspectos complementares desta assombrosa graça. A união com Cristo alcança seu sentido na adoção, e a adoção tem sua órbita na união com Cristo. O povo de Deus são «herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo» (Rm. 8:17). Todas as coisas são suas, seja a vida ou a morte, ou as coisas presentes ou as coisas por vir, todas são suas, porque eles são de Cristo, e Cristo é de Deus (1 Co. 3:22, 23). Estão unidos a aquele em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento e estão completos naquele que é a cabeça de todo principado e potestade.

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É da plenitude insondável da graça e a verdade, da sabedoria e do poder, da bondade e do amor, da justiça e fidelidade que residem nele que o povo de Deus recebe para todas suas necessidades nesta vida e para a esperança da vida vindoura. Portanto, não há verdade mais idônea para compartilhar confiança e fortaleza, consolação e gozo no Senhor, que a da união com Cristo. Também impulsiona a santificação, não só porque toda a graça santificadora se deriva de Cristo como o Redentor crucificado exaltado, mas também porque o reconhecimento da comunhão com Cristo e do excelso privilégio que isso envolve incita a gratidão, a obediência e a devoção. A união significa também comunhão, e a comunhão constrange a um andar humilde, reverente e amante com aquele que morreu e ressuscitou para poder ser nosso Senhor. «Mas o que guarda sua palavra, neste verdadeiramente o amor de Deus se tem aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. O que diz que permanece nele, deve andar como ele andou» (1 Jo. 2:5, 6). «Permanecei em mim, e eu em vós. Como a ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na vida, assim tampouco vós, se não permaneceis em mim» (Jo. 15:4).

Há outra fase da questão da união com Cristo que não se deve omitir. Se passarmos por alto, faria um sério defeito em nosso entendimento e apreciação das implicações desta união. São as implicações que surgem das relações de Cristo com as outras pessoas da Trindade e de nossas relações com as outras pessoas da Trindade devido a nossa união com Cristo. Jesus mesmo disse: «Eu e o Pai somos um» (Jo. 10:30).

Deveríamos, pois, esperar que a união com Cristo nos levasse a uma relação similar com o Pai. Isto é exatamente o que o mesmo Senhor nos diz: «O que me ama, guardará minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada » (Jo. 14:23, marg.). O pensamento é angustiante, mas é inequívoco: o Pai, assim como Cristo, vem e faz sua morada com o crente. Talvez ainda mais de destacar seja outra palavra de Jesus: «Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vieram a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um , como nós o somos ;eu neles , e tu em mim , a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade ,para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste , como também amaste a mim » (Jo 17:20-23).

E não é somente o Pai quem é unido aos crentes e mora neles. Jesus nos diz assim mesmo da morada do Espírito Santo: «E eu rogarei ao Pai , e ele vos dará outro consolador , a fim de que esteja para sempre convosco , o Espírito da verdade , que o mundo não pode receber , porque não no vê , nem o conhece ; vós o conheceis , porque ele habita convosco e estará em vós» (Jo. 14:16,17). É uma união, portanto, com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo o que conserva consigo a união com Cristo. É o testemunho do mesmo Jesus que reiteram os apóstolos quando João diz: «Ora a nossa a comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo» (1 Jo. 1:3); e Paulo: «E se alguém não tem o Espírito de Cristo esse tal não é dele» (Rm. 8:9). É um conceito demasiado limitado que temos da união com Cristo, e por isso mesmo distorcido, se só pensamos em Cristo como mantendo esta íntima relação com o povo de Deus.

Aqui temos, logo, um misticismo em seu plano mais sublime. Não é o misticismo de um vago e inteligível sentimento ou arrebatamento. É o misticismo da comunhão com o Deus vivo e verdadeiro, é comunhão com o Deus vivo e verdadeiro porque -e só porque- é comunhão com as três distintas pessoas da Deidade na estrita particularidade que pertence a cada pessoa naquela magna economia da relação salvadora para nós. Os crentes conhecem ao Pai e tem comunhão com ele em seu caráter e operação próprios e distintos como o Pai.

Conhecem o Filho e tem comunhão com seu caráter e operação distintos como o Filho, o Salvador, o Redentor, o exaltado Senhor. Conhecem o Espírito Santo e tem comunhão com

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ele em seu caráter e operação próprios e distintos como o Espírito, o Advogado, o Consolador e o Santificador. Não é uma infeliz confusão de um êxtase arrebatado.

É uma fé solidamente embasada na revelação depositada para nós na Escritura, e é a fé que recebe ativamente aquela revelação pelo testemunho interior do Espírito Santo. Mas é também uma fé que agita as mais profundas fontes de emoção em arrebatamentos de amor e gozo santos. Os crentes entram no lugar santíssimo da comunhão com o Deus trino e um, e o fazem porque tem sido ressuscitados juntos e feitos sentar juntos em lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef. 2:6). Sua vida está escondida com Cristo em Deus (Cl. 3:3). Se acercam com plena certeza de fé, cercados seus corações de má consciência e lavados seus corpos com água limpa, porque Cristo não tem entrado em um santuário feito de mão, mas no céu mesmo para apresentares por isso na presença de Deus (Hb. 9:24).

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 14:1. Qual é o sentido amplo da “união com Cristo? Enumere as áreas que abarca._____________________________________________________________________

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2. Por que é incorreto dizer que a “união com Cristo” seja uma fase da aplicação da redenção?

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3. Quais as duas palavras se pode definir a natureza da união com Cristo?_____________________________________________________________________

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4. Se dizemos que a união com Cristo é mística que esclarecimentos devemos ter em conta?

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5. Com que outros mistérios compara a Bíblia a união entre Cristo e o crente?

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6. A união com Cristo significa que chegamos a ser parte da Deidade?_____________________________________________________________________

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7. O que é misticismo inteligente?_____________________________________________________________________

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8. Quais são os efeitos práticos que tem a doutrina da união com Cristo na vida diária do crente?

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9. A união com Cristo implica necessariamente a união com quem mais?

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LIÇÃO 15: A GLORIFICAÇÃO

A glorificação é a fase final da aplicação da redenção. É o que leva a consumação o processo que começa com o chamamento eficaz. Certamente, é a culminação de todo o processo da redenção.

Porque a glorificação significa a chegada à meta a que foram predestinados os escolhidos de Deus no propósito eterno do Pai e envolve a consumação da redenção obtida e assegurada pela obra vicária de Cristo.

Mas, quando tem lugar a glorificação? Aqui é onde é necessário apreciar que é realmente a glorificação e como vai ser levada a cabo. A glorificação não se refere a bem-aventurança na que entram os espíritos dos crentes na morte. É certo que então os santos, pelo que respeita seus espíritos sem corpo, são feitos perfeitos em santidade e passam de imediato a presença do Senhor Cristo. Estar ausentes do corpo significa estar presentes com o Senhor (cf 2 Co. 5:8). A presença com Cristo em seu estado de glória não pode concordar com nenhuma das contaminações do pecado -os espíritos dos santos são «os espíritos dos justos feitos perfeitos» (Hb. 12:23). O Catecismo Breve recapitula a verdade quando diz: «As almas dos crentes são a sua morte feitas perfeitas em santidade, e passam de imediato a glória; e seus corpos, estando ainda unidos a Cristo, repousam em seus sepulcros até a ressurreição.» Entretanto, por gloriosa que seja glorificação constitui a consumação. É a união com Cristo o que vincula todas as fases do amor e da graça redentora.

Foi em Cristo que todo o povo de Deus foi escolhido antes da fundação do mundo. Foi em Cristo que foram redimidos por seu sangue ele amou a igreja e se deu a si mesmo por ela. Os que formavam o povo de Deus foram vivificados juntamente com Cristo, e juntamente ressuscitados e juntamente feitos sentar em lugares celestiais em Cristo Jesus (cf Ef. 5:25; 2:5, 6). Cristo obrou a redenção ganhando sua igreja com o desígnio de «apresentar a si mesmo como uma igreja gloriosa, que não tenha mancha nem ruga nem coisa semelhante, mas que seja santa e sem mancha» (Ef. 5:27). Quando o desígnio do céu alcança seu grande final, Cristo voltará de novo na glória de seu Pai.

Virá também em sua própria glória: será «a manifestação gloriosa de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo» (Tt. 2:13). Mas isto será também a revelação dos filhos de Deus (Rm. 8:19). Fará uma perfeita coincidência da revelação da glória do Pai, da revelação da glória do Filho e da liberdade da glória dos filhos de Deus. A glorificação dos escolhidos coincidirá com o ato final do Pai na exaltação e glorificação do Filho. «E filhos, também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se é que padecemos juntamente com ele, para que juntamente com ele sejamos glorificados» (Rm. 8:17). Há aqui uma congruência celestial que exemplifica a maravilha do amor, da sabedoria e do poder divino, assim como também vindica a glória de Deus. «Só o Senhor será exaltado naquele dia» (Is. 2:11).

A glorificação é um acontecimento que afetará todo o povo de Deus junto no mesmo momento no tempo no cumprimento do propósito redentor de Deus. Levará a cabo a culminação final do propósito e da graça que foram dados em Cristo Jesus antes dos tempos da eternidade (cf 2 Ti. 1:9). Estas verdades a respeito da glorificação do povo de Deus são complementares a outros artigos da esperança cristã.

1. A glorificação está associada e vinculada com a vinda de Cristo em glória. A vinda de Cristo de maneira visível, pública e gloriosa não atrai muitos que professam o nome de Cristo. Parece demasiadamente superficial para a perspectiva mais avançada e madura dos cristãos da atualidade. Esta atitude é muito parecida aquela acerca da que Pedro advertiu seus leitores: «Nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa de sua Vinda? Porque desde os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação» (2 Pe. 3:3, 4). É a

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mesma classe de incredulidade que sustem dúvidas acerca do nascimento virginal de nosso Senhor, ou que nega a expiação substituta, ou que escarnece o pensamento da ressurreição corporal e física de nosso Senhor que pode mostrar-se indiferente ante a gloriosa vinda de nosso Senhor nas nuvens do céu.

E esta incredulidade se volta particularmente grave quando escarnece a mesma idéia do regresso do Senhor de maneira corporal, visível e pública. Se esta convicção e esperança não se encontram no centro de nossa perspectiva para o futuro, é porque as mais essenciais bases de nosso sistema de pensamento estão desprovidas do caráter cristão. A esperança do crente se concentra na vinda do Salvador pela segunda vez, sem relação com o pecado, para salvação. Paulo chama isto «a esperança bem aventurada e a manifestação gloriosa de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo» (Tt. 2:13).

O crente que conhece aquele em quem tem crido e que ama aquele a quem não tem visto diz: «Amém; sim, vem, Senhor Jesus» (Ap. 22:20). Tão indispensável é a vinda do Senhor para a esperança da glória, que a glorificação não tem significado algum para o crente sem a manifestação da glória de Cristo. A glorificação é glorificação com Cristo.

Elimine o último e temos privado a glorificação dos crentes daquele que lhes capacita para esperar este acontecimento com confiança, com gozo inefável e glorificado. «Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação de sua glória vos regozijeis e alegreis» (1 Pe. 4:13).

2. A glorificação dos crentes está associada e vinculada com a renovação da criação. Não é só os crentes que tem de ser libertos da escravidão da corrupção, mas que a mesma criação o será. «Porque a criação foi submetida a vaidade, não por sua própria vontade, mas por causa do que a submeteu» (Rm. 8:20). Mas «a criação mesma será libertada da servidão da corrupção, a gloriosa liberdade dos filhos de Deus» (Rm. 8:21).

E quando se cumprirá esta glória da criação? Paulo não nos deixa duvidando. Nos diz de maneira expressa que o final do gemido e das dores de parto da criação, que está gemendo e com dores de parto devido a escravidão da corrupção, não será outro que «a adoção, a redenção do nosso corpo» (Rm. 8:23).

Isto significa simplesmente que não só os crentes esperam a ressurreição, mas que a mesma criação está esperando este acontecimento. E o que espera é aquilo no que terá parte, isto é, «a liberdade da glória dos filhos de Deus». Esta é a maneira em que Paulo expressa a mesma verdade que se expressa em outras passagens como novos céus e nova terra.

Nas palavras de Pedro: «Aguardamos, novos céus e nova terra, em que habita a justiça» (2 Pe. 3:13). E Pedro associa esta regeneração cósmica com aquele que os crentes esperam e apressam: «a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos ardendo se fundirão» (2 Pe. 3:12).

Assim, quando pensamos na glorificação, não estamos mantendo uma perspectiva estreita. É em um cosmos renovado, novos céus e nova terra, no que devemos pensar como o marco da glória do crente, um cosmos liberado de todas as consequências do pecado, no que não fará mais maldição, mas no que a justiça terá uma plena possessão e uma morada imperturbável. «Não entrará nela coisa alguma que contamine, que cometa abominação e mentira, mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro» (Ap. 21:27). «E ali nunca mais haverá maldição contra alguém, e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verá o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome» (Ap. 22:3, 4).

Uma das heresias que tem afligido a igreja cristã e que tem tido êxito em contaminar a corrente do pensamento cristão desde o primeiro século de nossa era até o presente tem sido a heresia de considerar a matéria, isto é, a sustância material, como a fonte do mal. Tem aparecido em numerosas formas. Os apóstolos tiveram que combatê-la em seus tempos, e a evidência disso aparece muito clara no Novo Testamento, especialmente nas epístolas. João, por exemplo, teve que combatê-la na forma particularmente agravada de negar a realidade do

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corpo de Cristo como da carne. E por isso teve que escrever: «Muitos falsos profetas se tem levantado pelo mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne, veio de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne, não é de Deus» (1 Jo. 4:4-3). O significado disto é que a confissão de Cristo Jesus é a confissão no sentido de que ele veio em carne, e que a negação disto é plenamente uma negação de Jesus. Com referência a esta heresia, a prova da ortodoxia era confessar a carne de Jesus, é dizer, que ele veio com um corpo material, de carne.

Outra forma em que apareceu esta heresia foi a de considerar a salvação como consistindo na emancipação da alma ou do espírito do homem dos impedimentos e laços da associação com o corpo. A salvação e a santificação progridem até o ponto em que a alma imaterial vence as influências degradantes que emanam do material e carnal.

Este conceito pode ser feito aparentar muito formoso e «espiritual», mas é simplesmente «belo paganismo». É um golpe direto contra a doutrina bíblica de que Deus criou o homem com corpo e alma, e que era muito bom. Também se dirige contra a doutrina do pecado, que ensina que o pecado teve sua origem e assento no espírito do homem, não no material e carnal.

Esta heresia apareceu também de maneira muito sutil em relação com o tema da glorificação. A direção que tomou neste caso tem sido tocar a corda da imortalidade da alma. Este parece uma ênfase muito inocente e apropriada, e, naturalmente, há alguma verdade na declaração de que a alma é imortal. Mas sempre que o foco do interesse e ênfase passa a imortalidade da alma, então se produz um grave desvio da doutrina bíblica da vida e glória imortal. A doutrina bíblica da «imortalidade», se podemos empregar este termo, é a doutrina da glorificação. E a glorificação é ressurreição.

Sem a ressurreição do corpo do sepulcro e a restauração da natureza humana a sua integridade segundo a pauta da ressurreição de Cristo ao terceiro dia e segundo a semelhança da natureza humana glorificada na que aparecerá nas nuvens do céu no grande poder e glória, não há glorificação. Não é o vago sentimentalismo e idealismo tão característico daqueles cujo interesse é meramente a imortalidade da alma. Aqui temos a concretização da esperança cristã recapitulada na ressurreição para vida eterna e indicada pela vinda de Cristo do céu com voz do arcanjo e a trombeta de Deus.

De maneira semelhante, a esperança cristã não é indiferente ao universo material a nosso redor, o cosmos criado por Deus.

Foi sujeito a vaidade não por vontade própria; foi amaldiçoado pelo pecado do homem; foi desfigurado pela apostasia humana. Mas será liberto da escravidão da corrupção, e sua libertação será coincidente com a consumação da redenção do povo de Deus. As duas coisas não só são coincidentes como eventos, mas que são correlativas quanto a esperança.

A glorificação tem proporções cósmicas. «Mas nós, segundo a promessa, aguardamos novo céus e nova terra, em que habita a justiça» (2 Pe. 3:13). «Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai (...) para que Deus seja tudo em todos» (1 Co. 15:24, 28).

PERGUNTAS DE ESTUDO LIÇÃO 15:

1. Pode falar da glorificação aparte da ressurreição de nossos corpos? Por que alguns quiseram fazê-lo?

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2. Repasse e afirme seu entendimento da doutrina da glorificação preparando um estudo bem simples, Oxalá dirigido a crianças, sobre o tema. (Nota: O que o estudo seja simples não quer dizer que deva carecer de informação completa, mas que esta se deve apresentar de forma resumida e bem concreta.)

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A Eleição

Sermão pregado no Domingo, 2 de Setembro, 1855 por Charles Haddon Spurgeon

Na Capela New Park Street, Southwark, Londres.

"Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo." 2 Tessalonicenses 2: 13, 14.

Se não houvesse nenhum outro texto nas Sagradas Escrituras exceto este, penso que todos deveriam ser obrigados a receber e reconhecer a verdade desta grandiosa e gloriosa doutrina da eterna eleição que Deus fez de Sua família. Mas parece que há um prejuízo muito arraigado na mente humana contra esta doutrina. E ainda que a maioria das outras doutrinas seja recebida pelos cristãos professantes, algumas com cautela, outras com gozo, entretanto esta doutrina parece ser desprezada e descartada com freqüência. Em muitos de nossos púlpitos se consideraria grande pecado e alta traição, pregar um sermão sobre a eleição, porque não poderiam converter seu sermão no que eles chamam um discurso "prático." Creio que eles têm-se apartado da verdade neste assunto. Qualquer coisa que Deus tem revelado, a tem revelado com um propósito. Não há absolutamente nada na Escritura que não possa converter, sob a influência do Espírito de Deus, em um discurso prático: pois "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil" para algum propósito de proveito espiritual. É verdade que não se pode converter em um discurso sobre o livre arbítrio (isso sabemos muito bem), mas se pode converter em um discurso sobre a graça imerecida: e o tema da graça imerecida é de resultados práticos, quando as verdadeiras doutrinas do amor imutável de Deus são apresentadas para que obrem nos corações dos santos e dos pecadores. Agora, eu confio que hoje, alguns de vocês que se assustam com o simples som desta palavra, dirão: "vou escutá-la com objetividade; vou fazer a um lado meus prejuízos; vou ouvir simplesmente o que este homem tem que dizer." Não fechem seus ouvidos nem digam de entrada: "é doutrina muito elevada." Quem te autorizou que a chames muito alta ou muito baixa? Por que queres opor a doutrina de Deus? Recorda o que lhes ocorreu aos rapazes que zombaram do profeta de Deus, exclamando: "Calvo, sobe! Calvo, sobe!" Não digas nada contra as doutrinas de Deus, para evitar que saia do bosque uma fera e te devore a ti também. Há outras calamidades além do manifesto juízo do céu: tem cuidado que não caiam sobre tua cabeça. Coloque de lado teus preconceitos: escuta com calma, escuta desapaixonadamente: ouve o que diz a Escritura. E quando receber a verdade, se Deus agrada em revelá-la e manifestá-la a tua alma, que não te dê vergonha confessá-la. Confessar que ontem estavas equivocado, é somente reconhecer que hoje sois um pouco mais sábios. E em vez de que seja algo negativo para ti, de honra a teu conceito, e demonstre que estás melhorando no conhecimento da verdade. Que não tenhas vergonha de aprender, e colocar de lado tuas velhas doutrinas e pontos de vista, e adotar isso que podes ver de maneira mais clara na Palavra de Deus. Mas se não vê que esteja aqui na Bíblia, sem importar o que eu diga, ou a que autoridade faço referência, te suplico, por amor de tua alma, que rejeites o que digo. E se desde este púlpito alguma vez ouve coisas contrárias a Sagrada Palavra, recorda que a Bíblia deve ser o primeiro, e o ministro de Deus deve estar submetido a Ela. Nós não devemos estar sobre a Bíblia quando pregamos, mas que devemos pregar com a Bíblia sobre nossas cabeças. Depois de tudo que temos pregado, estamos muito

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conscientes que a montanha da verdade é mais alta do que nossos olhos podem discernir. Nuvens e escuridão rodeiam por cima, e não podemos distinguir seu pico mais elevado. Entretanto, vamos tratar de pregar o melhor que podemos. Mas como somos mortais e sujeitos a equivocar-nos, vocês mesmos devem julgá-lo. "Provai os espíritos se são de Deus;" e se estando de joelhos dobrados maduramente, vocês serão guiados a rejeitar a eleição (coisa que eu considero totalmente impossível) então a descartem. Não escute a quem pregam a eleição, mas crêem e confessem aquilo que vêem que é a Palavra de Deus. Não posso agregar nada mais a maneira de introdução. Então, em primeiro lugar, vou referir a veracidade desta doutrina: "de que Deus os escolheu desde o princípio para salvação." Em segundo lugar, vou tratar de demonstrar que esta eleição é absoluta: "Ele vos escolheu desde o princípio para salvação," não para santificação, mas "mediante a santificação pelo Espírito e a fé na verdade." Em terceiro lugar, esta eleição é eterna porque o texto diz: "de que Deus vos escolheu desde o princípio." Em quarto lugar, é pessoal: "Ele vos escolheu." E logo vamos a refletir sobre os efeitos desta doutrina: ver o que produz; e finalmente, conforme a capacidade que nos deu Deus, vamos tentar considerar suas conseqüências, e ver se em efeito é uma doutrina terrível que conduz a uma vida licenciosa. Tomaremos a flor, e como verdadeiras abelhas, vamos comprovar se há algo de mel ali; se algo bom está contido nela, ou se é um mal concentrado e sem mistura.

I. Em primeiro lugar devo demonstrar que a doutrina é VERDADEIRA. Permitam-me começar com um argumentum ad hominem (argumento do homem); vou falar de acordo com suas diferentes posições e cargos. Alguns de vocês pertencem a Igreja de Inglaterra, e me dá gosto ver que há muitos presentes hoje aqui. Ainda que certamente diga de vez em quando coisas muito duras acerca da Igreja e o Estado, entretanto amo a velha Igreja, pois há nessa denominação muitos ministros piedosos e santos eminentes. Agora, eu sei que vocês são grandes crentes no que os Artigos declaram como doutrina correta. Vou dar uma mostra do que os Artigos afirmam no relativo à eleição, de tal forma que se crêem nos Artigos, não podem refutar esta doutrina da eleição. Vou ler um fragmento do Artigo 17 que se refere à Predestinação e a Eleição: "A predestinação para vida é o propósito eterno de Deus, por meio do qual (antes que os fundamentos do mundo fossem postos) Ele decretou de maneira permanente por Seu conselho secreto para nós, libertar da maldição e condenação àquelas pessoas que Ele elegeu em Cristo dentre toda a humanidade, e trazê-los por meio de Cristo a salvação eterna, como vasos feitos para honra. De onde quem tem sido dotado com benção tão excelente de Deus, são chamados de acordo com propósito de Deus por Seu Espírito que obra no momento devido; eles obedecem ao chamado pela graça; são justificados gratuitamente; são feitos filhos de Deus por adoção; são conformados a imagem do Unigênito Filho Jesus Cristo; eles caminham religiosamente em boas obras, e ao final, pela misericórdia de Deus, alcançam a vida eterna." Então, penso que qualquer membro dessa denominação, se em efeito é um crente sincero e honesto em sua Igreja, deve ser um pleno crente da eleição. É verdade que se vêem outras partes do Ritual anglicano, encontrará coisas contrárias às doutrinas da graça imerecida, e totalmente alheias ao ensinamento da Escritura. Mas se olha os Artigos, não pode deixar de ver que Deus tem escolhido o seu povo para vida eterna. Entretanto não estou perdidamente apaixonado por esse livro como talvez vocês estejam; eu apenas estou utilizando esse artigo para lhes demonstrar que se pertence à igreja oficial da Inglaterra não deveriam se opor de maneira nenhuma a essa doutrina de predestinação. Outra autoridade humana pela qual posso confirmar a doutrina da eleição é o antigo credo dos Valdenses. Se lerem o credo dos antigos Valdenses, que elaboraram em meio ao ardente fogo da perseguição, verão que estes renomados professantes e confessores da fé cristã, receberam e abraçaram muito firmemente esta doutrina, como parte da verdade de Deus. Ele copiou de um velho livro um dos Artigos de sua fé: "Que Deus salva da corrupção e da condenação àqueles que Ele tem escolhido desde a fundação do mundo, não a causa de nenhuma disposição, fé, ou

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santidade que ele tinha previsto de antemão a eles, mas por sua pura misericórdia em Cristo Jesus seu Filho, deixando de lado a todos os demais, segundo a irrepreensível razão de sua soberana vontade e justiça." Então não é uma novidade o que eu prego; não é uma doutrina nova. Encanta-me proclamar estas velhas doutrinas poderosas, que são chamadas com o sobrenome de Calvino, mas que são seguras e certamente a verdade revelada de Deus em Cristo Jesus. Por esta verdade eu faço uma volta ao passado, e conforme avanço, vejo um pai atrás do outro, um confessor atrás do outro, um mártir atrás do outro, pôr de pé para dar-me a mão. Se eu fosse um pelagiano, ou um crente da doutrina do livre arbítrio, teria que caminhar por muitos séculos completamente só. Aqui e ali algum herege de caráter não muito honrado poderia levantar-se e chamar-me irmão. Mas tomando estas coisas como a norma de minha fé, eu vejo a terra dos antepassados povoada por meus irmãos; vejo multidões que confessam o mesmo que eu, e reconhecem que esta é a religião da própria igreja de Deus. Também lhes dou um extrato da antiga Confissão Batista. Nós somos Batistas nesta congregação (pelo menos a maioria de nós) e gostamos de ver o que escreveram nossos próprios antecessores. Faz aproximadamente uns duzentos anos os Batistas se reuniram, e publicaram seus artigos de fé, para por um fim a certos reportes contra sua ortodoxia que se haviam difundido pelo mundo. Vou referir agora a este velho livro (que eu acabo de publicar) e posso ler o seguinte: Artigo Terceiro: "Pelo decreto de Deus, para manifestação de Sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados ou preordenados para vida eterna por meio de Jesus Cristo, para louvor de Sua graça gloriosa; outros são deixados para atuar em seus pecados para sua justa condenação, para louvor de Sua justiça gloriosa. Estes homens e estes anjos que são assim predestinados e preordenados são particularmente e imutavelmente designados, e seu número é tão exato e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído. Aquelas pessoas que estão predestinadas para vida, Deus, desde antes da fundação do mundo, de acordo com Seu eterno e imutável propósito, e ao secreto conselho e bom agrado de Sua vontade, os tem elegido em Cristo para glória eterna por Sua graça imerecida e amor, sem que haja nenhuma coisa na criatura como uma condição ou causa que haja movido a Deus para essa eleição." No que consistem estas autoridades humanas, a verdade, não lhes dou muita importância. Não me importa o que dizem, seja a favor ou contra esta doutrina. Somente me refiro a elas como um tipo de confirmação da fé de vocês, para mostrar-lhes que apesar de que me tachem de herege e de hipercalvinista, tenho o respaldo da antiguidade. Todo o passado está do meu lado. O presente não me importa. Deixe-me o passado e terei esperança no futuro. Se o presente me ataca, não me importa. Ainda que inúmeras igrejas aqui em Londres tenham esquecido as grandes e fundamentais doutrinas de Deus, não importa. Se tão um pequeno grupo nosso ficar só mantendo firmemente a soberania de nosso Deus, se nossos inimigos nos atacam, aí! e ainda nossos próprios irmãos, que deveriam ser nossos amigos e colaboradores, não importa. Basta com que possamos contar com o passado; o nobre exército de mártires, o glorioso esquadrão dos confessores, são nossos amigos; os testemunhos da verdade vêm a defender-nos. Se eles estão do nosso lado, não poderemos dizer que estamos sós, mas que podemos exclamar: "E eu farei que fiquem em Israel sete mil, cujos joelhos não se dobraram ante Baal." Mas o melhor de tudo é que Deus está conosco. A única grande verdade é sempre a Bíblia, e unicamente a Bíblia. Queridos leitores, vocês não crêem em nenhum outro livro que não seja a Bíblia não é certo? Se eu pudesse demonstrar isto me baseando em todos os livros da cristandade; se eu pudesse recorrer a Biblioteca de Alexandria, para comprovar sua verdade, não o creria mais do que vocês crêem porque está na Palavra de Deus. Selecionei uns quantos textos para lermos. Gosto de citar abundantemente os textos quando temo que vocês possam desconfiar de uma verdade, a fim de que estejam o suficientemente convencidos para que não haja lugar a dúvidas, se é que em verdade não crêem. Permitam-me então mencionar um catálogo de textos nos qual o povo de Deus é chamado eleito. Naturalmente, se o povo é chamado eleito, deve haver uma eleição. Se Jesus Cristo e Seus apóstolos estavam

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acostumados a descrever os crentes por meio do título de eleitos, certamente devemos crer que o eram, pois do contrário o termo não significaria nada. Jesus Cristo diz: "E se o Senhor não houvesse abreviado aqueles dias, ninguém seria salvo; mas por causa dos escolhidos que ele escolheu, abreviou aqueles dias." "Porque se levantarão falsos Cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possíveis, ainda aos escolhidos." "E então enviará seus anjos, e juntará seus escolhidos dos quatro ventos, desde o extremo da terra até o extremo do céu." (Marcos 13: 20, 22, 27) "E acaso Deus não fará justiça a seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Se tardará em responder-lhes? (Lucas 18: 7) Poderíamos selecionar muitos outros textos, que contenham a palavra "eleito," ou "escolhido," ou "preordenado," ou "designado," ou a frase "minhas ovelhas," ou alguma descrição similar, mostrando que o povo de Cristo é diferente do resto da humanidade. Mas vocês têm suas concordâncias, e não os vou importunar com mais textos. Através das epístolas, os santos são constantemente chamados "os eleitos." Em sua carta aos Colossenses, Paulo diz: "Vestí-vos, pois, como escolhidos de Deus, santos e amados, de entranhável misericórdia." Quando lhe escreve a Tito, chama a si mesmo: "Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, conforme a fé dos escolhidos." Pedro diz: "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai." E se vamos a João, encontraremos que gosta muito dessa palavra. Diz: "O ancião a senhora eleita;" e fala de: "tua irmã, a eleita." E sabemos onde está escrito: "A igreja que está na Babilônia, eleita juntamente convosco." Eles não se envergonham dessa palavra naqueles dias; não tinham medo de falar dela. Em nossos dias essa palavra tem sido revestida com uma diversidade de significados, e as pessoas têm mutilado e desfigurado a doutrina, de tal forma que a tem convertido em uma verdadeira doutrina de demônios, o confesso. E muitos que se chamam a si mesmos crentes, tem passado as filas do antinomianismo. Mas apesar disto, por que tem de envergonhar-me disso, se os homens a pervertem? Nós amamos a verdade de Deus ainda em meio a tormenta, da mesma maneira que quando é elogiada. Se houvesse um mártir que nós amávamos antes que fosse levado ao suplício, o amaríamos, todavia mais enquanto está sendo atormentado. Quando a verdade de Deus está sendo atormentada, não por isso vamos catalogar como uma falsidade. Não gostamos de vê-la no suplício, mas a amamos ainda quando é martirizada, pois podemos discernir quais deveriam ter sido suas justas proporções se não houvesse sido atormentada e torturada pela crueldade e invenções dos homens. Se vocês lêem muitas das epístolas dos pais da Antigüidade, encontrarão que sempre escrevem ao povo de Deus como "eleito." Certamente, o termo conversacional comum usado pelos primitivos cristãos entre si, em muitas das igrejas, era o de "eleito." Frequentemente usavam o termo para chamar entre si, mostrando que era uma crença geral que todo o povo de Deus era manifestamente "eleito." Agora vamos a uns textos que provam positivamente esta doutrina. Abram suas Bíblias no evangelho de João 15: 16, e ali verão que Jesus Cristo tem elegido Seu povo, pois Ele diz: "Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi a vós, e vos designei para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; para que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos dê." E logo no versículo 19: "Se fosse do mundo, o mundo amaria os seus; mas porque não sois do mundo, antes eu vos elegi do mundo, por isso o mundo vos aborrece." Logo no capítulo 17, versículos 8 e 9: "Porque as palavras que me deste, os tenho dado; e eles as receberam, e tem conhecido verdadeiramente que vim de ti, e tem crido que tu me enviaste. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas pelos que me deste; porque teus são." Lemos em Atos 13: 48: "Os gentios, ouvindo isto, se regozijavam e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que estavam ordenados para vida eterna." Podem intentar retorcer este versículo, mas diz: "ordenados para vida eterna" tão claramente, que não cabe nenhuma dúvida em sua interpretação; e nos tem sem cuidado os diferentes comentários que se fazem sobre ele. Creio que quase não é necessário que lhes recorde o capítulo 8 de Romanos, pois confio que vocês conheçam muito bem esse capítulo e o entendam. No versículo 29 e seguintes, diz: "Porque aos que antes conheceu, também os predestinou para

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que fosse feitos conformes à imagem de seu Filho, para que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou. Que, pois, diremos a isto? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes por todos nós entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" Tampouco seria necessário ler todo o capítulo 9 de Romanos. Entretanto que nesse capítulo permaneça na Bíblia, nenhum homem será capaz de provar o arminianismo; entretanto isso esteja escrito ali, nem as mais violentas contorções desses textos poderão exterminar da Escritura, a doutrina da eleição. Lemos alguns versículos como estes: "(para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), disse: O maior servirá o menor." Logo passemos ao versículo 22: "Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos de ira preparados para perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas de sua glória, em vasos de misericórdia que para gloria preparou de antemão. Passemos para Romanos 11:7: "Que diremos pois? O que Israel busca isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou, e os mais foram endurecidos." e no versículo 5 do mesmo capítulo, lemos: "Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça." Sem dúvida todos vocês recordam a passagem de 1 Corintios 1: 26-29: "Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne nem muitos poderosos, nem muitos de nobres nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus." Também recordam a passagem em 1 Tessalonicenses 5: 9: "Porque Deus não nos destinou para ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo." E logo tem o texto que estamos analisando, o qual, penso, seria suficiente. Mas, necessitam mais textos, podem encontrá-los buscando-os com calma, se não temos obtido eliminar suas suspeitas de que esta doutrina não é verdadeira. Me parece, amigos meus, que esta surpreendente quantidade de versículos deveria fazer tremer a quem se atreve a burlar esta doutrina. Que diremos daqueles que frequentemente a tem desprezado, e tem negado sua divindade, que tem atacado sua justiça, e tem atrevido a desafiar a Deus e o chamam de tirano Todo poderoso, quando tem escutado que Ele elegeu um número específico para vida eterna? Você que refuta essa doutrina, pode, tirá-la da Bíblia? Você pode tomar a faca de Jehudí e extirpá-la da Palavra de Deus? Quer ser como a mulher aos pés de Salomão que aceitou que a criança fosse dividido em duas metades, para que pudesse ter tua metade? Acaso não está aqui na Escritura? E não é teu dever inclinar ante ela, e mansamente reconhecer que não a entende: recebê-la como a verdade ainda que não pudesse entender seu significado? Não vou tentar demonstrar a justiça de Deus ao eleger alguns e ter passado por alto a outros. Não me corresponde reivindicar a meu Senhor. Ele falará por Si mesmo e em efeito o faz: "Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus? Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: porque me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra?" Quem é aquele que dirá a seu pai: "que tens gerado?" Ou a sua mãe: "que trouxe ao mundo?" "Eu Jeová, e ninguém mais que eu, que formo a luz e crio as trevas, que faço a paz e crio a adversidade. Eu Jeová sou o que faço tudo isto." Quem és tu para que discuta com Deus? Tema Sua vara; inclina-te e submete a Seu cetro; não impugnes Sua justiça, nem denuncies Seus atos ante teu próprio tribunal, oh, homem! Mas há quem diz: "Deus é cruel quando elege um e passa por alto outro." Então, eu lhes perguntaria: Há alguém hoje que deseja ser santo, que deseja ser regenerado, que deseja abandonar o pecado e caminhar em santidade? "Sim, há," diz alguém, "Eu quero." Então Deus te elegeu. Entretanto outro diz: "Não; eu não quero ser santo; não

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quero deixar minhas paixões nem meus vícios." Por que te queixas, então, de que Deus não te elegeu? Pois se houvesse sido eleito, não gostaria, segundo o está confessando. Se Deus te elegesse hoje a santidade, tu dizes que não te importa. Acaso não está reconhecendo que prefere a bebedeira à sobriedade, a desonestidade a honestidade? Ama os prazeres deste mundo mais que a religião; então, por que reclama que Deus não te elegeu para a religião? Se ama a religião, Ele te elegeu para a religião. Se a deseja, Ele te elegeu para ela. Se não a deseja, que direito tem de dizer que Deus deve ter dado aquele que não deseja? Supondo que tivesse em minha mão algo que você não valoriza, e que eu dissesse que vou dar para tal pessoa, você não teria nenhum direito de reclamar de que não estou dando a você. Não poderia ser tão néscio de queixar porque alguém mais obteve aquilo que não te importa. De acordo com a própria confissão de vocês, há muitos que não querem a religião, não querem um novo coração e um espírito reto, não querem o perdão de seus pecados, não querem a santificação; não querem ser eleitos a estas coisas: então, por que se queixam? Vocês consideram tudo isto como coisas sem valor, e então por que se queixam de Deus, que deu essas coisas a quem Ele elegeu? Considere que essas coisas são boas e tem desejos delas, então estão disponíveis para ti. Deus da abundantemente a todos aqueles que desejam; e antes que nada, Ele põe o desejo neles, de outra forma nunca o desejariam. Se amar estas coisas, Ele te elegeu para elas, e pode obtê-las; mas se não é assim, quem é você para criticar a Deus, quando é tua própria vontade desesperada que te impede amar estas coisas. Quando é teu próprio eu o que te faz odiá-las? Suponha que um homem que vai pela rua diz: "Que lástima que não haja um assento disponível para mim na capela, para poder ouvir o que este homem tem a dizer." E suponha que diz: "Odeio esse pregador; não suporto sua doutrina; mas ainda assim, é uma lástima que não haja um assento disponível para mim." Esperariam vocês que alguém diga isso? Não: de imediato diriam: "a esse homem não lhe importa. Por que haveria de preocupar que outros alcancem o que valorizam e que ele despreza?" Não ama a santidade, não ama a justiça; se Deus me elegeu para estas coisas, te ofendeu por isso? "Ah! Mas," diz alguém, "eu pensei que isso significa que Deus elegeu uns para ir ao céu e a outros para ir ao inferno." Isso é algo totalmente diferente da doutrina evangélica. Ele elegeu uns homens a santidade e a justiça e por meio delas, ao céu. Não deve dizer que os eleitos simplesmente para ir ao céu e a outros para ir ao inferno. Ele te elegeu para a santidade, se ama a santidade. Se qualquer de vocês querem ser salvos por Jesus Cristo, Jesus Cristo o elege para ser salvo. Se qualquer de vocês deseja ter a salvação, esse foi eleito para a salvação, se a deseja sinceramente e ardentemente. Mas se você não a deseja, por que haveria de ser tão ridiculamente tonto de queixar porque Deus dá isso que não quer a outras pessoas?

II. Desta forma tratarei de dizer algo em relação a verdade da doutrina da eleição. E agora, rapidamente, deixe-me dizer-lhes que a eleição é ABSOLUTA: isto é, não depende do que nós somos. O texto diz: "de que Deus os haja escolhido desde o princípio para salvação;" mas nossos oponentes afirmam que Deus elege uns homens porque são bons, que os elege a causa diversas obras que tem feito. Agora, em resposta a isto, nós perguntamos, que obras são essas pelas quais Deus elege Seu povo? Acaso é o que chamamos comumente "obras da lei," obras de obediência que a criatura pode levar a cabo? Se for assim, nós lhes respondemos: "se os homens não podem ser justificados pelas obras da lei, não parece muito claro que possam ser eleitos pelas obras da lei; se não podem ser justificados por suas boas obras, tampouco podem ser salvos por essas obras." Portanto o decreto da eleição não posso ter sido formado sobre a base de boas obras. "Mas," dizem outros, "Deus o elegeu porque conhecia de antemão sua fé." Agora, Deus é o que da fé, portanto não pode ter elegido a causa de sua fé, que Ele conhecia de antemão. Suponhamos que houvesse vinte mendigos na rua, e eu determinasse dar dinheiro a um deles. Poderia alguém dizer que eu decidi dar esse dinheiro, que eu elegi dá-lo, porque conhecia de antemão que ele aceitaria esse dinheiro? Isso seria uma tolice. De igual modo, dizer que Deus elegeu uns homens porque conhecia de antemão que eles

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haveriam de ter a fé, que é a salvação em embrião, seria tão absurdo que não vale a pena nem escutar. A fé é o dom de Deus. Toda virtude vem Dele. Portanto, fé não pode ter eleito aos homens, porque é Seu dom. A eleição, estamos convencidos disso, é absoluta, e completamente independente das virtudes que adornam aos santos posteriormente. Ainda que um homem fosse tão santo e devoto como Paulo; ainda que fosse tão valente como Pedro, ou tão amante como João, ainda assim não poderia exigir nada a seu Criador. Todavia não conheci nenhum santo de nenhuma denominação, que tenha pensado que Deus o salvou porque viu de antemão que teria estas virtudes e méritos. Agora, meus queridos irmãos, as melhores jóias que um santo pode luzir jamais, são jóias elaboradas por seu próprio designo, não são de puríssima qualidade. Há sempre um pouco de barro mesclado nelas. A graça mais elevada que poderíamos possuir, tem algo de mundano mesclado nela. Sentimos isto na medida em que nos refinamos mais, quando temos maior santificação, e nossa linguagem deve ser sempre: "Eu sou o primeiro dos pecadores; Jesus morreu por mim."

Nossa única esperança, nosso único argumento, pende da graça manifestada na pessoa de Jesus Cristo. E tenho a certeza que devemos rechaçar e desprezar completamente qualquer pensamento que nossas virtudes, que são dons de nosso Senhor, semeadas por sua destra, puderam ser a causa de Seu amor. E devemos cantar a todo o momento:

"O que havia em nós para que merecêssemos apreço ou que produzisse deleite no Criador? Foi unicamente, Pai, e sempre devemos cantar, Porque pareceu bom a seus olhos."

"Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia:" Ele salva porque quer salvar. E se me perguntarem por que ele me salvou, só posso dizer, porque Ele quis. Acaso havia algo em mim que me pudesse recomendar diante de Deus? Não, não havia nada recomendável em mim. Quando Deus me salvou, eu era o mais inferior, perdido e arruinado da raça. Estava diante dele como um bebê desnudo, banhado em meu próprio sangue. Verdadeiramente, eu era impotente para ajudar a mim mesmo. Oh, quão miserável me sentia e me reconhecia! Se vocês tinham algo que os tornara aceitáveis a Deus, eu nunca o tive. Eu estaria contente de ser salvo por graça, por pura graça, sem nenhuma outra mistura. Eu não posso presumir de nenhum mérito. Se tu podes fazê-lo, muito bem, eu não posso. EU devo cantar:

"Graça imerecida unicamente do princípio ao fim, Tem ganhado meu afeto e mantido minha alma muito firme."

III. Em terceiro lugar, esta eleição é ETERNA. "De que Deus os tenha escolhido desde o princípio para salvação. Alguém pode me dizer quando foi o princípio? Faz anos. Criamos que o principio deste mundo foi quando Adão foi criado; mas temos descoberto que milhões de anos antes disso, Deus estava preparando a matéria caótica para fazer uma adequada morada para o homem, pondo raças de criaturas sobre a terra, que morreram e deixaram para trás as marcas de sua obra e sua maravilhosa habilidade, antes de criar ao homem. Mas isso não foi o princípio, pois a revelação aponta a um período quando este mundo foi formado, aos dias quando as estrelas matutinas foram planejadas;quando, como gotas de orvalho dos dedos da manhã, as estrelas e as constelações caíram gotejando da mão de Deus; quando, de Seus próprios lábios, saiu a Palavra que pos em marcha as pesadas órbitas; quando com Sua própria mão enviou aos cometas, que como raios, vagaram pelo céu, até encontrar um dia sua própria esfera. Regressaremos a idades remotas, quando os mundos foram feitos e os sistemas formados, mas nem sequer temos acercado ao princípio todavia. Até que não tenhamos ido ao tempo quando todo o universo dormia na mente de Deus e não havia nascido todavia, até que entremos na eternidade onde Deus o Criador vivia só, e todas as coisas dormiam dentro dele, toda a criação descansava em Seu onipotente pensamento gigantesco, não haveremos todavia adivinhado o princípio. Podemos caminhar para atrás, e atrás, e atrás, ao longo de todas as idades. Podemos voltar, se nos permite usar essas estranhas

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palavras, ao longo de eternidades inteiras, e entretanto nunca chegar ao princípio. Nossas alas se poderiam cansar, nossa imaginação se poderia extinguir; e ainda que pudesse superar ao raio que brilha majestosamente, com poder e velocidade, pronto se cansaria muito antes de poder alcançar o princípio. Mas Deus elegeu Seu povo desde o princípio; quando o intocado éter não havia sido sacudido pelo vôo do primeiro anjo, quando o espaço não teria orelhas, ou mais ainda, quando não existia, quando reinava o silêncio universal, e nem uma só voz em nenhum sussurro turbava a solenidade do silêncio, quando não havia nenhum ser, nem movimento, nem tempo, nem nada senão só Deus, só em Sua eternidade; quando não se escutava o hino de nenhum anjo, e não se teria a assistência dos querubins, muito antes que nascessem os seres viventes, ou que as rodas da carroça de Jeová foram formadas, ainda antes, "no princípio era o Verbo," e no princípio o povo de Deus era um com o Verbo, e "no princípio Ele os escolheu para vida eterna." Então, nossa eleição é eterna. Não vou me deter para demonstrar isto, somente passo por estes pensamentos de maneira rápida para beneficio dos jovens principiantes, para que possam entender o que queremos dizer por eleição eterna e absoluta.

IV. A continuação, a eleição é PESSOAL. Aqui também, nossos oponentes têm intentado derribar a eleição dizendo-nos que é uma eleição de nações e não de pessoas. Mas aqui o apóstolo nos diz: "Deus os tem escolhido desde o princípio." Dizer que Deus não elegeu pessoas senão a nações é a tergiversação mais miserável que se tem feito sobre a terra, pois a mesmíssima objeção que se apresenta contra a eleição de pessoas, se podem apresentar contra a eleição de uma nação. Se não fosse justo eleger uma pessoa, seria, todavia mais injusto eleger uma nação, posto que as nações não sejam senão a união de multidões de pessoas, e eleger uma nação pareceriam, todavia um crime maior e gigantesco (se a eleição fosse um crime) que eleger uma pessoa. Certamente eleger dez mil seria considerado algo pior que eleger um; distinguir toda uma nação do resto da humanidade parece uma maior extravagância nos atos da divina soberania, que eleger um pobre mortal e passar por alto a outro. Mas que são as nações senão homens? Que são os povos inteiros senão combinações de diferentes unidades? Uma nação está constituída por esse indivíduo, e por esse outro, e por aquele outro. E se me diz que Deus elegeu os judeus, eu respondo então, que Ele elegeu este judeu, e a esse judeu e aquele judeu. E se você diz que Ele elege a Inglaterra, então eu digo que Ele elege a este homem inglês, e esse homem inglês e aquele homem inglês. Assim que depois de tudo se trata da mesma coisa. Então, a eleição é pessoal: assim deve ser. Qualquer que ler este texto, e outros textos similares, verá que a Escritura continuamente fala do povo de Deus, considerando a cada indivíduo, e fala de todos eles como sendo os sujeitos especiais da eleição.

"Filhos somos de Deus pela eleição, os que cremos em Jesus Cristo; Por um desígnio eterno graça soberana recebemos aqui."

Sabemos que é uma eleição pessoal. V. O outro pensamento é (pois meu tempo voa muito rapidamente e me impede sobre

estes pontos) que a eleição produz BONS RESULTADOS. "De que Deus os tenha escolhido desde o princípio para salvação, mediante a santificação pelo Espírito e a fé na verdade." Quantos homens confundem completamente a doutrina da eleição! E como serve minha alma quando recordo os terríveis males que se tem acumulado pela perversão e o rechaço dessa gloriosa porção da verdade gloriosa de Deus! Quantos não há por aí que se tem dito a si mesmos: "eu sou um eleito," e se tem sentado preguiçosamente, e pior ainda tem dito: "eu sou o eleito de Deus," e com ambas as mãos tem feito a maldade! Rapidamente tem corrido a todo tipo de imundícia, porque tem dito: "eu sou o filho escolhido de Deus, e portanto independentemente de minhas obras, posso viver como me dê vontade, e fazer o que eu quiser." Oh, amados! Permita-me solenemente advertir a cada um de vocês que não levem isso muito longe; ou melhor, que não convertam essa verdade em um erro, pois não a

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podemos estirar muito. Podemos passar por sobre os limites da verdade; podemos converter isso que teria a intenção de ser doce para nosso consolo, em uma terrível contribuição para nossa destruição. Digo-lhes que houve milhões de pessoas que tem ido à ruína por entender de maneira equivocada a eleição; que tem dito: "Deus me elegeu para o céu e para vida eterna;" mas a eles se esqueceu que está escrito que Deus os elegeu: "mediante a santificação pelo Espírito e a fé na verdade." Esta é a eleição de Deus: uma eleição para santificação e para fé. Deus elege Seu povo para que seja santo, e para que seja um povo de crentes. Quantos de meus leitores são crentes? Quantos membros de minha congregação podem por sua mão no coração e dizer: "Eu confio em Deus que tem sido santificado?" Há alguém entre vocês que possa dizer: "eu sou um eleito" enquanto posso recordar-lhe como blasfemou a semana passada? Um de vocês diz: "eu confio ser um dos eleitos", mas eu o recordo acerca de um ato de depravação cometido dentro dos últimos seis dias. Alguém mais diz: "eu sou um eleito" mas eu posso olhar a cara e dizer: "eleito!" tu não passas de um maldito hipócrita! Outros dirão: "eu sou eleito", mas eu posso recordar que eles se esquecem do propiciatório e não oram. Oh, amados irmãos! Nunca pensem que são eleitos a menos que sejam santos. Podem vir a Cristo como pecadores, mas não podem vir a Cristo como pessoas eleitas enquanto não podem ver sua santidade. Não interpretem mal o que estou dizendo; não digam "eu sou um eleito," pensando que podem viver em pecado. Isso é impossível. Os eleitos de Deus são santos. Não são puros, não são perfeitos, não são sem mancha; mas tomando sua vida em seu conjunto, são pessoas santas. São marcados e são distintos dos demais: e nenhuma pessoa tem o direito de considerar-se eleito exceto em sua santidade. Pode ser eleito, e estar todavia nas trevas, mas não tem direito de crer que é eleito; ninguém pode vê-lo, não há nenhuma evidência. Pode ser que o homem viva algum dia, mas está morto. Se vocês caminham no temor de Deus, tratando de agradá-lo e obedecendo a Seus mandamentos, não tenham a menor dúvida que o nome de vocês está escrito no livro da vida do Cordeiro, desde antes da fundação do mundo. E para que isto não resulte muito elevado para ti, considere o outro sinal da eleição, que é a fé, "crer a verdade." Quem quer que creia na verdade de Deus, e crê em Jesus Cristo, é um eleito. Com freqüência me encontro com pobres almas, que temem e se preocupam em relação a este pensamento: "Como, se eu não sou um eleito!" "Oh, senhor," dizem eles, "eu sei que pus minha confiança em Jesus; sei que creio em Seu nome e confio em Seu sangue; mas e se apesar disso não sou um eleito?" Pobre criatura querida! Não sabes muito acerca do Evangelho, pois do contrário jamais falaria assim, pois todo aquele que crê é eleito. Quem é eleito, são eleitos para santificação e fé; e se tens fé, tu serás um dos eleitos de Deus; pode saber e deve saber, pois é uma certeza absoluta. Se tu, como um pecador, olha para Jesus Cristo no dia de hoje, e diz:

"Nada em minhas mãos trago, Simplesmente em Tua cruz me apego,” tu és um eleito. Não tenho medo que a eleição assuste aos pobres santos ou aos pecadores. Há muitos teólogos que dizem a pessoa que pergunta: "a eleição não tem nada a ver contigo." Isso é muito mau, porque a pobre alma não deve ser calada dessa maneira. Se pudesse silenciar essa alma, poderia estar bem, mas vai seguir pensando a respeito, e não poderá evitar. Digo mais: se crê no Senhor Jesus Cristo, é um eleito. Se abandona Ele, é um eleito. Eu te digo hoje, (eu, o primeiro dos pecadores) eu te digo em Seu nome, se vem a Deus sem nenhuma obra de tuas mãos, entrega ao sangue e a justiça de Jesus Cristo; se quer vir agora confiar nele, tu é um eleito: tem sido amado por Deus desde antes da fundação do mundo, pois não poderia ter feito isso ao menos que Deus não te houvesse dado o poder de fazê-lo e não te elegido para que o fizesse. Agora, pois é salvo e está seguro se vem e se entrega a Jesus Cristo, e deseja ser salvo e ser amado por Ele. Mas não pense de nenhuma maneira que algum homem pode ser salvo sem fé e sem santidade. Não pensem queridos ouvintes, que algum decreto, promulgado nas escuras idades da eternidade, vai salvar suas almas, ao menos que creiam em Cristo. Não fiquem aí tranqüilos imaginando que vocês vão ser salvos, sem fé e sem santidade. Essa é a

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heresia mais abominável e maldita, que tem levado a ruína a milhões de pessoas. Não utilizem a eleição como uma almofada sobre a que podem recostar e dormir, pois isso os levará a ruína. Deus não quer que eu lhes prepare almofadas muito confortáveis para que vocês possam descansar comodamente em seus pecados. Pecador! Não há nada na Bíblia que possa atenuar teus pecados. Mas se está condenado oh, homem! Se está perdida oh, mulher! Tu não vais encontrar nesta Bíblia nem uma gota que refresque tua língua, nem uma doutrina que diminua tua culpa; tua condenação será inteiramente por tua culpa, e teu pecado será merecidamente recompensado, porque tu crês que não estás condenado. "Mas vós não creais, porque não sois minhas ovelhas." "E não quereis vir a mim para que tenhais vida." Não imaginem que a eleição excusa o pecado (não sonhem com isso) nem se sussurrem na doce complacência do pensamento de sua irresponsabilidade. Vocês são responsáveis. Devemos proclamar ambas as coisas. Devemos aceitar a soberania divina, e devemos reconhecer a responsabilidade humana. Devemos aceitar a eleição, mas devemos falar a seus corações, devemos proclamar a verdade de Deus ante vocês; devemos falar a vocês, e recordar isto, que se bem é certo que está escrito: "Em Mim está tua ajuda;" também está escrito: "Te perdeste, oh Israel."

VI. Agora, finalmente, quais são as verdadeiras e legítimas tendências de um correto conceito da doutrina da eleição. Primeiro, direi como moverá aos santos a doutrina da eleição sob a benção de Deus; e em segundo lugar, que fará pelos pecadores se Deus bendiz essa doutrina a favor deles. Primeiro, eu penso que para um santo é uma das doutrinas mais despojadas de todo o mundo, para tirar toda a confiança na carne, e toda segurança em qualquer outra coisa exceto em Jesus Cristo. Quão frequentemente nos envolvemos em nossa própria justiça, e nos adornamos com falsas pérolas e as pedras preciosas de nossas próprias obras e lucros. Começamos a dizer: "Agora vou ser salvo, porque possuo esta evidência a outra." Em vez disso, somente a fé desnuda salva. Essa fé, e unicamente ela nos une ao Cordeiro sem tomar em conta as obras, ainda que a fé produza obras. Quão frequentemente nos recarregamos em alguma obra, que não é a do nosso Amado, ou confiamos em algum poder que não é o poder que vem do alto. Então se queremos despojar-nos deste falso poder, devemos considerar a eleição. Fazer uma pausa, à alma minha, e considerar isto. Deus te amou antes que tivesse um ser. Deus te amou quando estavas morto em teus delitos e pecados, e enviou Seu Filho para que morresse por ti. Ele te comprou com Seu precioso sangue antes que pudesse balbuciar Seu nome. Acaso, então, pode estar orgulhoso?

Repito, não conheço nada, nada, que seja mais humilhante para nós que esta doutrina da eleição. Às vezes me tenho prostrado ante ela, enquanto trato de compreendê-la. Tenho aberto minhas asas, e como a águia, me remonto para o sol. Meu olho tem sido firme, e minha asa vigorosa, durante um tempo; mas, conforme me acercava ela, um pensamento se apoderava de mim: "Deus os tem escolhido desde o princípio para salvação," e me perco em seu resplendor, tenho sentido vertigem ante esse poderoso pensamento e dessa altura que a maré desaprumou minha alma, prostrada e quebrantada, balbuciando: "Senhor, eu não sou nada, sou menos que nada. Por que eu? Queridos amigos, se querem ser humilhados, estudem a eleição, pois os fará humildes sob a influência do Espírito de Deus. Aquele que está orgulhoso de sua eleição não é um eleito; e aquele que é humilhado por ela, pode crer que é eleito. Tem todas as razões para crer que o é, pois é um dos efeitos mais benditos da eleição, que nos ajuda a humilhar-nos diante de Deus. De novo. A eleição no cristão deve fazê-lo muito intrépido e muito ousado. Ninguém será tão intrépido como aquele que crê que é um eleito de Deus. O que importam a ele os homens, se é eleito por seu Criador? Que importa os gorjeios desapreciáveis de alguns pardaizinhos quando sabe que ele é uma águia de categoria real? Acaso importará que o mendigo o mostre, quando corre por suas veias o sangue real do céu? Se toda a terra se levanta em armas, ele habita em perfeita paz, pois ele está no lugar secreto do tabernáculo do Todo-poderoso. "Eu sou de Deus," afirma, "eu sou diferente dos

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demais homens. Eles são de uma raça inferior. Acaso não sou nobre? Acaso não sou um dos aristocratas do céu? Acaso não está escrito meu nome no livro de Deus?” Preocupa-lhe o mundo? De nenhuma maneira: como o leão que não se preocupa com latido do cão, ele sorri frente a seus inimigos; e quando estes se acercam demasiado, se move e os faz em pedaços. Que importa seus inimigos? "Se move entre seus adversários como um gigante; enquanto os homenzinhos caminham olhando para cima sem entendê-lo." Seu rosto é de ferro, seu coração é de pedra: que importa aos homens? Mais ainda, se um ataque universal se levantasse desde todo o mundo, ele sorriria disso, pois diria:

"O que tem feito de Deus seu refúgio, Encontrará sua mais segura morada." "Sou um de Seus eleitos. Sou escolhido de Deus e estimado; e ainda que o mundo me

aborreça, não tenho medo." Ah! vocês que confessam a fé mas que estão com o mundo, alguns de vocês são tão flexíveis. Há poucos cristãos como carvalhos hoje em dia, que podem resistir à tormenta; e direi por que. É porque vocês mesmos não crêem que são eleitos. O homem que sabe que é eleito, será demasiado orgulhoso para pecar; não se humilhará para cometer os atos que faz a gente comum. O crente desta verdade dirá: "Quer que eu comprometa meus princípios? Que eu mude minha doutrina? Que faça um lado de meus pontos de vista? Que esconda o que creio do que é certo? Não! Posto que eu sei que sou um dos eleitos de Deus, ainda ante os ataque dos homens vou dizer a verdade de Deus, sem importar-me com que digam os homens." Nada pode fazer a um homem mais ousado que sentir que é um eleito de Deus. Quem sabe que tem sido eleito de Deus, não temerá nem terá medo. Mais ainda, a eleição nos faz santos. Nada pode fazer a um cristão mais santo, sob a influência cheia de graça do Espírito Santo, que o pensamento que ele é eleito. "Pecarei, diz, sabendo que Deus me elegeu? Acaso vou transgredir depois de tanto amor? Acaso me apartarei depois de tanta misericórdia e terna bondade? Não, meu Deus; posto que Tu me tens eleito, eu te amarei; eu viverei para Ti:

"Já que Tu, meu Deus eterno, Te tens convertido em meu Pai." Eu vou entregar a Ti para ser teu para sempre, pela eleição e pela redenção,

entregando-me a Ti, e consagrando-me solenemente a teu serviço." E agora, por último, para os não-convertidos. Que diz a eleição a vocês? Primeiro, vocês, ímpios, os vou excusar por um momento. Há muitos de vocês que não gostam da eleição, e eu não posso culpá-los por isso, pois escutei muitos pregadores pregar sobre a eleição, que terminaram dizendo: "Não tenho nem uma só palavra que dizer ao pecador." Agora, eu digo que vocês devem sentir desagrado por uma pregação assim, e eu não os culpo por isso. Mas, digo, tenham ânimo, tenham esperança, oh vocês pecadores, porque há uma eleição. Longe de desanimar e perder a esperança, é uma coisa muito alentadora e cheia de gozo que haja uma eleição. Que passaria se eu disser que ninguém possa ser salvo, que ninguém está ordenado para vida eterna? Acaso não temeriam, torcendo suas mãos com desespero, dizendo: "então, como seremos salvos, se não somos eleitos?" Mas, digo, que há uma multidão de eleitos, incontáveis. Todo um exército que nenhum mortal pode contar. Portanto tem ânimo, tu pobre pecador! Desprezar teu abatimento. Acaso não pode ser eleito como qualquer outro? Pois há inumeráveis multidões de eleitos. Há gozo e consolo para ti! Portanto não só te peço que tenha ânimo, mas que vá e proves ao Senhor. Recorda que se não fosse eleito, não perderia nada ao fazê-lo. Que disseram os quatro leprosos? "Vamos pois agora, e passemos ao exército dos sírios; se eles nos derem a vida, viveremos; e se nos derem a morte, morreremos." Oh, pecador! Vem ao trono da misericórdia que elege. Pode morrer neste instante. Vê a Deus; e ainda supondo que Ele te rechaçasse, supondo que com Sua mão em alto te ordenasse que vá (algo impossível) ainda assim não perderia nada em ir; não estarás más condenado por isso. Ademais, supondo que está condenado, terias pelo menos a satisfação de alçar teus olhos desde o inferno e dizer: "Deus, eu te pedi misericórdia e Tu não quiseste dá-la; a busquei mas Tu recusaste outorgá-la." Isso nunca dirá, oh pecador! Se tu viesse a Ele e pedisse, tu vais receber o que pede;

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porque nunca rejeitou ninguém! Mas ainda que haja um número definido de eleitos, entretanto é certo que todos os que buscam, pertencem a esse número. Deve ir e buscar; e se sucede que tu resultes ser o primeiro em ir ao inferno, diga aos demônios que pereceste dessa maneira; diga ao diabos que tu éres um rejeitado, depois de ter vindo como um pecador culpado a Jesus. Te digo que isso desonraria ao Eterno (com todo respeito a Seu nome) e Ele não permitiria que tal coisa sucedesse. Ele é muito zeloso de Sua honra e não poderia permitir que um pecador dissesse algo como isso.

Mas, ah, pobre alma! Não basta com que pense assim, que não vai perder nada se vem; há, todavia um pensamento mais: ama a eleição no dia de hoje? Está disposto admitir sua justiça? Diz: "sinto que estou perdido; o mereço; se meu irmão é salvo eu não posso murmurar a respeito. Se Deus me destrói, o mereço; mas se Ele salva a pessoa que está sentada junto a mim, Ele tem todo o direito de fazer o que lhe apraz com seu, e eu não perdi nada por isso." Pode dizer isso com toda honestidade desde o profundo do teu coração? Se for assim, então a doutrina da eleição tem tido seu efeito correto em teu espírito, e tu não estás longe do reino de Deus. Está sendo trazido onde deve estar, onde o Espírito quer que esteja; e sendo isto assim o dia de hoje, pode ir em paz; Deus perdoou teus pecados. Não sentiria assim se não houvesse sido perdoado; não sentiria assim se o Espírito de Deus não estivesse fazendo Sua obra em ti. Então, regocija-te nisto. Deixa que tua esperança descanse na cruz de Cristo. Não pense na eleição, mas em Jesus Cristo. Descansa em Jesus: Jesus ao início, em todo momento, e por toda a eternidade.