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© Roberto Caparroz www.caparroz.com 1 O conteúdo deste Curso é de uso exclusivo do CPF indicado nas páginas, sendo vedada, por qualquer meio, a reprodução, venda ou distribuição deste material, sujeitos os infratores à responsabilização civil e criminal. Legislação Aduaneira Prof. Roberto Caparroz Módulo 5 Olá pessoal! Tudo bem? Hoje iniciamos o Módulo 5 do nosso curso de Legislação Aduaneira, especialmente desenvolvido para os editais de Analista Tributário e Auditor da Receita Federal 2012, ambos com provas na terceira semana de setembro. Gostaria de agradecer, como faço todas as semanas, pela excelente recepção do material, algo que me alegra e motiva, para que continuemos firmes nessa jornada maluca que é o mundo dos concursos. Vocês não acreditam o trabalho que dá escrever tudo do zero, em pouco tempo, com a devida preocupação com a qualidade do resultado. Só tenho realmente que agradecer, pois o carinho de vocês, acima de tudo, me serve de incentivo! Ao preparar o material desta semana cheguei a uma conclusão que já imaginava: o tema dos regimes aduaneiros especiais é muito grande (e importante), de forma que vamos dedicar todo este módulo somente para os regimes especiais, deixando para o próximo os temas relativos às infrações, que originalmente ficariam aqui. Em termos didáticos é realmente melhor, pois o tema das infrações (multas, pena de perdimento etc.) parte de uma premissa distinta (sanção aos operadores), enquanto os regimes buscam ajudar os empresários do comércio exterior. Com relação ao volume de informações a decisão também gerará equilíbrio, pois os regimes aduaneiros especiais compreendem mais de 230 artigos (!), ou seja, aproximadamente 25% do RA.

Legislacao Aduaneira Modulo 5

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    O contedo deste Curso de uso exclusivo do CPF indicado nas pginas, sendo vedada, por qualquer meio, a reproduo, venda ou distribuio deste material, sujeitos os infratores responsabilizao civil e criminal.

    Legislao Aduaneira

    Prof. Roberto Caparroz Mdulo 5

    Ol pessoal!

    Tudo bem?

    Hoje iniciamos o Mdulo 5 do nosso curso de Legislao

    Aduaneira, especialmente desenvolvido para os editais de Analista

    Tributrio e Auditor da Receita Federal 2012, ambos com provas na

    terceira semana de setembro.

    Gostaria de agradecer, como fao todas as semanas, pela

    excelente recepo do material, algo que me alegra e motiva, para que

    continuemos firmes nessa jornada maluca que o mundo dos

    concursos.

    Vocs no acreditam o trabalho que d escrever tudo do zero, em

    pouco tempo, com a devida preocupao com a qualidade do resultado.

    S tenho realmente que agradecer, pois o carinho de vocs,

    acima de tudo, me serve de incentivo!

    Ao preparar o material desta semana cheguei a uma concluso

    que j imaginava: o tema dos regimes aduaneiros especiais muito

    grande (e importante), de forma que vamos dedicar todo este mdulo

    somente para os regimes especiais, deixando para o prximo os temas

    relativos s infraes, que originalmente ficariam aqui.

    Em termos didticos realmente melhor, pois o tema das

    infraes (multas, pena de perdimento etc.) parte de uma premissa

    distinta (sano aos operadores), enquanto os regimes buscam ajudar

    os empresrios do comrcio exterior.

    Com relao ao volume de informaes a deciso tambm gerar

    equilbrio, pois os regimes aduaneiros especiais compreendem mais de

    230 artigos (!), ou seja, aproximadamente 25% do RA.

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    O intervalo vai do artigo 307 ao 541, embora no edital seja apenas

    um tpico!

    Assim, no prximo e ltimo mdulo, vamos tratar de

    aproximadamente 180 artigos, que representam a parte final do RA.

    importante notarmos duas coisas: nas ltimas provas, o tema

    dos regimes especiais foi um dos que mais caiu, com perguntas em

    todos os concursos!

    Alm disso, no atual certame o assunto entra em Comrcio

    Internacional e Legislao Aduaneira, para os auditores, e apenas em

    Legislao Aduaneira para os analistas (que no tero Comrcio na

    prova).

    J tratei dos regimes aduaneiros no meu livro de CI, de forma que

    o contedo substancialmente o mesmo (nem poderia ser diferente,

    pois a minha ideia acerca do assunto!).

    Portanto, vamos em frente, porque temos muitos assuntos para

    tratar!

    Grande abrao a todos,

    Roberto Caparroz

    www.caparroz.com

    [email protected]

    Twitter: @robertocaparroz

    Facebook: Roberto Caparroz de Almeida

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    Regimes Aduaneiros Especiais

    Os regimes aduaneiros especiais so excees regra geral dos

    procedimentos de importao e exportao, pois o crdito tributrio

    decorrente das operaes ficar suspenso at o advento de uma

    condio resolutiva (evento futuro que extingue o regime)

    A consequncia ser ou a transformao da suspenso dos

    tributos em iseno, quando obedecidos os prazos e condies, ou o

    pagamento dos tributos devidos, acrescidos de juros e multa, se for o

    caso, quando qualquer dos requisitos do regime escolhido for

    descumprido pelo beneficirio.

    A multa, que poder ser de mora ou de ofcio, ser calculada a

    partir da data de ingresso no regime ou do registro de exportao, sem

    prejuzo de outras penalidades especficas, normalmente de cunho

    administrativo.

    Em regra, o prazo de suspenso das obrigaes alcanadas pelos

    regimes aduaneiros especiais de at um ano, prorrogvel, a critrio da

    autoridade competente, por perodo no superior, no total, a cinco anos,

    salvo1:

    a) em casos excepcionais, por deciso fundamentada do ministro

    da Fazenda;

    b) quando a mercadoria estiver vinculada a contrato de prestao

    de servio, de interesse nacional, situao em que o prazo

    dever acompanhar a durao do contrato, inclusive no caso

    de prorrogaes.

    1 Conforme artigo 307 do Regulamento Aduaneiro.

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    Como os regimes aduaneiros conferem s mercadorias

    neutralidade tributria, dado o no recolhimento dos tributos incidentes

    durante sua vigncia, pode ser autorizada a transferncia de um regime

    para outro, observadas as restries fixadas pela Receita Federal do

    Brasil, assim como as condies e os requisitos prprios da nova

    modalidade2.

    No intuito de garantir o recebimento dos tributos e levando-se

    em conta que, muitas vezes, o regime aplicado envolve mercadorias de

    terceiros, de nacionalidade estrangeira , as obrigaes suspensas por

    fora de regimes aduaneiros especiais devero ser constitudas em

    termo de responsabilidade, firmado pelo beneficirio.

    Importante ressaltar que o termo de responsabilidade abriga

    apenas os crditos tributrios, ou seja, no inclui o valor de eventuais

    multas devidas pelo descumprimento do compromisso, at porque

    quando no momento da sua constituio existe a expectativa de que o

    responsvel atender aos requisitos legais.

    Em alguns casos, alm do compromisso firmado no termo, poder

    ser exigida do beneficirio uma garantia real ou pessoal, sob a forma de

    depsito em dinheiro (em conta vinculada do Tesouro Nacional), fiana

    idnea (normalmente prestada por instituies financeiras) ou seguro

    aduaneiro em favor da Unio.

    2 O artigo 314 do Regulamento Aduaneiro prev que a Secretaria da Receita Federal do Brasil fica autorizada a

    estabelecer hipteses em que, na substituio de beneficirio de regime aduaneiro suspensivo, o termo inicial

    para o clculo de juros e multa de mora relativos aos tributos suspensos passe a ser a data da transferncia da

    mercadoria, conforme autorizao expressa do artigo 63, I, da Lei n. 10.833/03.

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    De acordo com a legislao aduaneira3, o termo de

    responsabilidade ttulo representativo de direito lquido e certo da

    Fazenda Nacional, o que, na prtica, enseja sua cobrana executiva,

    mediante inscrio como dvida ativa.

    Antes de tais medidas, porm, a administrao pblica dever

    intimar o responsvel para que ele apresente, no prazo de dez dias,

    justificativas em relao ao descumprimento do regime, sem prejuzo da

    necessidade de reviso do processo administrativo relacionado ao

    documento, quando houver solicitao do interessado.

    A exigncia do crdito tributrio suspenso, depois de concedido

    direito de manifestao do responsvel, poder ocorrer de duas

    maneiras4:

    pela converso do depsito em renda da Unio, na hiptese de

    prestao de garantia sob a forma de depsito em dinheiro; ou

    mediante intimao do responsvel para efetuar o pagamento,

    no prazo de 30 dias, na hiptese de dispensa de garantia, ou

    da prestao de garantia sob a forma de fiana idnea ou de

    seguro aduaneiro.

    Caso no seja efetuado o pagamento do crdito tributrio, o termo

    de responsabilidade ser encaminhado Procuradoria da Fazenda

    Nacional, para cobrana, obedecidos trmites previstos nos atos

    normativos de competncia da Receita Federal do Brasil5.

    3 Artigo 760 do Regulamento Aduaneiro.

    4 Conforme artigo 761, 1, do Regulamento Aduaneiro.

    5 Conforme artigo765 do Regulamento Aduaneiro, o termo no formalizado por quantia certa ser liquidado

    vista dos elementos constantes do despacho aduaneiro a que estiver vinculado.

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    Em relao aos crditos tributrios apurados aps a constituio

    do termo de responsabilidade (multas de mora e de ofcio, ou ajustes no

    clculo dos tributos devidos), a autoridade fiscal dever lavrar auto de

    infrao, que seguir rito processual prprio.

    Na hiptese de regimes aduaneiros especiais relacionados a

    mercadorias transportadas pelo modal martimo, a concesso fica

    subordinadaa informao acerca da suspenso ou iseno do

    pagamento do Adicional ao Frete para Renovao da Marinha Mercante

    (AFRMM), pelo Ministrio dos Transportes, exceto se a operao no

    sofrer a incidncia deste tributo.

    Ao longo deste mdulo vamos abordar todos os regimes previstos

    no Regulamento Aduaneiro, a saber:

    Trnsito Aduaneiro

    Admisso Temporria

    Admisso Temporria para Aperfeioamento Ativo

    Drawback

    Entreposto Aduaneiro (na importao e na exportao)

    Entreposto Aduaneiro sob controle informatizado (RECOF)

    Importante! Os regimes aduaneiros especiais possuem as seguintes caractersticas: suspenso da exigibilidade de tributos, fixao de prazo e de condies para enquadramento no regime e constituio das obrigaes fiscais em termo de responsabilidade.

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    Regime Aduaneiro Especial de Importao de Insumos

    destinados a Industrializao por Encomenda (RECOM)

    Exportao Temporria

    Exportao Temporria para Aperfeioamento passivo

    REPETRO

    REPEX

    Loja Franca

    Depsito Especial

    Depsito Afianado

    Depsito Alfandegado Certificado

    Depsito Franco

    Trnsito Aduaneiro

    O regime especial de trnsito aduaneiro permite o transporte de

    mercadorias, sob controle fiscal, de um ponto a outro do territrio

    aduaneiro, com suspenso de tributos.

    Trata-se de regime-meio, que permite a movimentao de

    mercadorias do local de origem ao local de destino no territrio

    aduaneiro, desde que ambos sejam alfandegados, sem alterao no

    status jurdico dos bens.

    Podemos dizer, portanto, que o trnsito aduaneiro ter sempre um

    regime conexo, anterior ou posterior, que determinar o tratamento

    tributrio definitivo a ser adotado em relao s mercadorias, nas

    operaes de importao ou exportao.

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    A necessidade do regime de trnsito aduaneiro decorre das

    dimenses continentais do Brasil, aliadas ao nosso processo histrico

    de colonizao.

    Basta olharmos para o mapa do Brasil para percebermos, sem

    dificuldade, que as principais cidades se encontram prximas costa

    (com algumas excees, claro), resultado da colonizao portuguesa,

    que durante sculos no se aventurou pelo interior do pas.

    Isso ensejou uma enorme concentrao populacional na faixa

    litornea (de aproximadamente 100 km de largura), com a criao de

    grandes centros urbanos, que se desenvolveram ao longo dos tempos

    e, na maioria dos casos, se tornaram capitais dos respectivos Estados.

    Como o comrcio internacional opera mediante trs modais de

    transporte, o areo, o aqutico e o terrestre, so essas as nicas

    possibilidades de entrada ou sada de pessoas ou mercadorias do pas.

    Os principais aeroportos internacionais do Brasil, ou seja, aqueles

    que possuem voos de e para o exterior, no apenas esto localizados

    nas grandes cidades, como, na prtica, concentram quase 90% do

    volume das operaes em apenas trs lugares (Cumbica, na Grande

    So Paulo, Viracopos, prximo a Campinas, e Galeo, no Rio de

    Janeiro).

    Existem outros aeroportos internacionais mais voltados para o

    transporte de passageiros, mas com volume de cargas insignificante.

    Por razes bvias, os principais portos do Brasil tambm ficam na

    regio litornea, exceo feita ao importante Porto de Manaus, que se

    localiza no corao da Amaznia (de fato, trata-se do maior porto

    flutuante do mundo).

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    Muitos pontos de fronteira terrestre se localizam na poro

    ocidental do pas, mas, devido s dificuldades de infraestrutura na

    regio (falta de estradas, pontes e mesmo grandes empresas), alm

    dos empecilhos de natureza geogrfica (reas gigantescas e

    baixamente povoadas, difcil acesso e regies de absoluta relevncia

    ambiental, como o Pantanal e Floresta Amaznica), quase todo o

    trfego comercial se restringe Argentina e ao Paraguai, com pontos de

    controle nos estados do Paran e Rio Grande do Sul.

    O cenrio sinteticamente descrito demonstra o evidente

    desequilbrio nas operaes de comrcio exterior brasileiras,

    principalmente em relao aos pontos de entrada e sada do pas, muito

    concentradas no entorno das grandes regies metropolitanas.

    Basta imaginar, a ttulo de exemplo, as dificuldades de um

    importador localizado em Goinia, que, ao adquirir mercadorias do

    exterior, ter que utilizar como ponto de entrada o Porto de Santos ou o

    Aeroporto de Viracopos. Resta claro que os custos envolvidos na

    transao sero maiores que os de um concorrente situado no Estado

    de So Paulo.

    E mais: qualquer problema operacional nos procedimentos de

    importao (como a apresentao de documentos complementares ou a

    Importante! O regime de trnsito aduaneiro foi concebido como instrumento capaz de interiorizar o despacho aduaneiro, vale dizer, levar os servios de controle pblico para mais perto dos contribuintes, importadores ou exportadores, notadamente os localizados no centro do pas.

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    necessidade de contatar e protocolizar processos administrativos)

    exigir o deslocamento at a respectiva repartio ou a manuteno de

    escritrio ou representante prximo do local.

    Na tentativa de conferir melhores condies ou, ao menos,

    minimizar os custos envolvidos, em homenagem ao princpio da

    igualdade, que deve nortear as relaes entre Estado e particulares a

    administrao brasileira concebeu o regime de trnsito, que permite

    deslocar, no tempo e no espao, o momento do controle aduaneiro e

    dos respectivos fatos geradores (critrio temporal da hiptese de

    incidncia do imposto de importao e dos demais tributos incidentes na

    importao).

    Em termos prticos, o importador do nosso exemplo poderia trazer

    a mercadoria do exterior pelo Porto de Santos (local de origem) e, sob o

    regime de trnsito aduaneiro, transferi-la para o porto seco localizado

    prximo a Goinia (local de destino)8, onde ocorrero todos os

    procedimentos aduaneiros, notadamente o registro da Declarao de

    Importao, a incidncia dos tributos devidos e o controle das

    autoridades competentes.

    O trnsito tambm oferece, sob a tica dos agentes do comrcio

    exterior, a possibilidade de escolha e comparao entre os preos e

    condies de armazenagem da mercadoria, em prol da livre

    concorrncia.

    Explicamos.

    8 O local de origem estar subordinado a uma unidade da Receita Federal do Brasil, na qual se processa o

    despacho para o trnsito aduaneiro, enquanto o local de destino aquele cuja unidade de jurisdio realizar

    a concluso do regime.

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    Os principais aeroportos do Brasil so administrados, em carter

    exclusivo, pela Infraero, empresa pblica pertencente Unio. Por

    certo, a ausncia de concorrentes leva a empresa a praticar preos

    elevados, especialmente em relao aos custos de armazenagem,

    capatazia e movimentao de cargas.

    Qualquer importador ou exportador poder utilizar o regime de

    trnsito aduaneiro para remover, imediatamente, as mercadorias dos

    aeroportos, levando-as para portos secos, que, por serem

    administrados por diversas empresas privadas, podem oferecer

    condies mais vantajosas e servios personalizados.

    Situao idntica ocorria com a administrao porturia, que

    esteve sob controle pblico at o advento da lei de modernizao dos

    portos. A partir de ento, os terminais porturios passaram a ser

    administrados por diferentes operadores privados, com concorrncia de

    preos e servios, sem prejuzo da possibilidade de o importador ou

    exportador remover as mercadorias para outros locais, por meio do

    trnsito aduaneiro.

    Para a administrao tributria a opo irrelevante, pois o

    controle aduaneiro idntico, tantos nos portos e aeroportos como nos

    recintos alfandegados dos portos secos.

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    Durante o trajeto a mercadoria no poder ser desviada ou sofrer

    qualquer alterao, de natureza fsica ou jurdica, sob pena de extino

    do regime e apurao das responsabilidades.

    O beneficirio do regime de trnsito a pessoa fsica ou jurdica

    que se aproveita da suspenso dos tributos.

    Existe, ainda, a previso de regime de trnsito automtico para

    todos os bens envolvidos nas operaes de transporte internacional,

    tanto de carga como de passageiros.

    Quando embarcaes e aeronaves cruzam o pas, com destino ao

    exterior ou dele procedentes, diversos itens, como provises de bordo,

    peas de reposio e materiais consumveis so utilizados no trajeto.

    Muitos desses bens so importados, como bebidas trazidas a bordo,

    para o consumo dos passageiros.

    A legislao propicia11, nessas hipteses, o regime de trnsito

    automtico, ou seja, a suspenso dos tributos envolvidos sem a

    necessidade de qualquer procedimento administrativo especfico, at

    em razo do enorme nmero de ocorrncias.

    Como j tivemos a oportunidade de explicar, o trnsito sempre

    regime-meio, de forma que o tratamento tributrio definitivo na espcie

    ser objeto de outro regime, que lhe sucede.

    11

    Artigo 320 do Regulamento Aduaneiro.

    Ateno! O regime de trnsito subsiste do local de origem, desde o momento do desembarao para trnsito aduaneiro (que a autorizao para o incio do regime), at o local de destino, onde a unidade que o jurisdiciona atestar a chegada da mercadoria, na forma e no prazo estipulados.

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    Idntico raciocnio aplica-se aos bens de uso pessoal dos

    tripulantes e bagagem de passageiros internacionais, que tero o

    tratamento previsto pelos respectivos regimes.

    Somente podem realizar operaes de trnsito aduaneiro as

    empresas transportadoras previamente habilitadas pela Receita

    Federal, exceto no caso de empresas pblicas e de sociedades de

    economia mista que explorem servios de transporte ou, ainda, quando

    os beneficirios do regime no forem empresas transportadoras e

    utilizarem veculo prprio.

    Funcionamento do regime

    A concesso e aplicao do regime competem unidade de

    origem e so processadas no Siscomex Trnsito, que um mdulo do

    Siscomex com acesso via internet.

    No caso de transporte multimodal de carga, quando o

    desembarao no for realizado nos pontos de entrada ou de sada do

    pas, a concesso do regime de trnsito aduaneiro ser considerada

    vlida para todos os percursos no territrio aduaneiro,

    independentemente de novas concesses13.

    As regras para a concesso do despacho para o regime de

    trnsito seguem todas as exigncias normais de controle aduaneiro,

    inclusive a necessidade de anuncia de outros rgos (salvo se as

    condies presentes no momento do trnsito forem idnticas quelas

    observadas quando do licenciamento).

    13

    Artigo 325, 3, do Regulamento Aduaneiro.

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    No mesmo sentido, a Receita Federal do Brasil poder proibir a

    concesso do regime, mediante ato normativo fundamentado, para

    mercadorias sujeitas a controle especial.

    Quando da concesso do regime, caber autoridade aduaneira

    estabelecer o percurso a ser cumprido, fixar prazos para a comprovao

    da chegada das mercadorias ao destino e adotar, se for o caso, as

    cautelas necessrias segurana fiscal.

    Em regra, os dispositivos de segurana s podero ser rompidos

    na presena da autoridade aduaneira da repartio de destino, pois

    comprovam, em tese, a inviolabilidade das mercadorias transportadas.

    De forma excepcional e em razo de peculiaridades da

    mercadoria, o transporte poder ter acompanhamento fiscal, o que

    implica deslocar servidores da repartio de origem, que seguiro com

    o veculo durante todo o percurso, at o destino.

    O grande objetivo do trnsito aduaneiro, como o leitor certamente

    j percebeu, garantir que as mercadorias cheguem ao ponto de

    destino no exato estado em que deixaram a repartio de origem.

    Como na importao os tributos ainda no foram recolhidos,

    qualquer adulterao, desvio ou desaparecimento das mercadorias

    impediria a concluso do trnsito, com graves prejuzos ao controle

    Ateno! A cautela fiscal mais comum a lacrao do continer ou veculo (no caso de caminhes do tipo ba, fechados). Alternativamente, podem ser aplicados outros dispositivos de segurana (cintas metlicas ou amarras) no intuito de se impedir a abertura dos volumes ou unidades de carga durante o trajeto.

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    aduaneiro, porque as mercadorias seriam introduzidas no pas sem

    obedincia s normas legais.

    Na exportao os cuidados so igualmente importantes, porque

    existe imunidade tributria para o IPI e o ICMS, e a no concluso do

    regime de trnsito indicaria que as mercadorias estariam em circulao

    no pas de forma irregular, em vez de serem destinadas ao exterior.

    Ante o exposto, ressalte-se que o regime prev a possibilidade de

    as autoridades aduaneiras, responsveis pela concesso, realizarem a

    chamada conferncia para trnsito, que tem por finalidade identificar o

    beneficirio, verificar a mercadoria e a correo das informaes

    relativas sua natureza e quantidade, alm de atestar o cumprimento

    de exigncias efetuadas por outros rgos.

    Na prtica, a conferncia restringe-se correta identificao dos

    volumes, a partir de critrios de amostragem, porque questes de ndole

    tributria ou aduaneira s devero ser verificadas na repartio de

    destino, nas importaes, ou, ao revs, j foram adotadas na repartio

    de origem, no caso de mercadorias que destinadas exportao.

    No intuito de conferir transparncia e segurana jurdica aos

    procedimentos de conferncia, a verificao para trnsito dever ser

    realizada na presena do beneficirio do regime e do transportador, que

    so responsveis pelos tributos suspensos.

    Em regra, a verificao consiste na anlise quantitativa do peso e

    dos volumes que acomodam a mercadoria, alm das condies de

    segurana em que o transporte ser realizado.

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    O contedo deste Curso de uso exclusivo do CPF indicado nas pginas, sendo vedada, por qualquer meio, a reproduo, venda ou distribuio deste material, sujeitos os infratores responsabilizao civil e criminal.

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    As obrigaes tributrias suspensas pelo regime de trnsito

    aduaneiro devero constar de termo de responsabilidade, documento

    lavrado quando da admisso no regime, com o intuito de garantir a

    eventual liquidao e cobrana dos valores consignados.

    Todos os beneficirios (conforme o quadro que elaboramos) e o

    transportador so responsveis solidrios pelas obrigaes suspensas.

    O transportador dever apresentar a mercadoria, em perfeitas

    condies, na unidade de destino e no prazo estabelecido para o

    regime, sob pena de incorrer nas penalidades cabveis, que podem ser

    de cunho tributrio ou administrativo.

    O nus ser imputado ao transportador quando ocorrer avaria,

    substituio ou extravio de mercadorias durante o percurso sob sua

    responsabilidade. Na hiptese, o crdito tributrio ser apurado com

    base no valor devido na data da assinatura do termo de

    responsabilidade, acrescido dos encargos legais, normalmente juros e

    multas.

    O regime de trnsito aduaneiro poder ser interrompido em

    decorrncia de fatos extraordinrios, que justifiquem a medida, ou por

    determinao da autoridade aduaneira, em casos de denncia, suspeita

    ou interesse da fiscalizao, quando devero ser adotadas as

    Ateno! As mercadorias em trnsito aduaneiro podero ser objeto de procedimentos especiais de controle nos casos de transbordo, baldeao ou redestinao.

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    providncias necessrias verificao da regularidade do veculo e das

    mercadorias.

    As hipteses de interrupo so16:

    ocorrncia de eventos extraordinrios que comprometam ou

    possam comprometer a segurana do veculo ou equipamento

    de transporte;

    ocorrncia de eventos que resultem ou possam resultar em

    avaria ou extravio da mercadoria;

    ocorrncia de eventos que impeam ou possam impedir o

    prosseguimento do trnsito;

    embargo ou impedimento oferecido por autoridade competente;

    rompimento ou supresso de dispositivo de segurana; e

    outras circunstncias alheias vontade do transportador, que

    justifiquem a medida.

    O regime de trnsito concludo na repartio de destino, onde se

    procede ao exame dos documentos, verificao do veculo, dos

    dispositivos de segurana e integridade da carga. Se tudo estiver de

    acordo, ocorrer a extino do regime e a correspondente baixa do

    termo de responsabilidade firmado, pela repartio de origem.

    Quando ocorrer atraso injustificado na apresentao das

    mercadorias, o fato ser comunicado repartio de origem, que

    concedeu o trnsito, para a exigncia das penalidades cabveis e

    adoo, a critrio das autoridades, de medidas especiais de controle e

    16

    Conforme artigo 340 do Regulamento Aduaneiro.

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    acompanhamento do transportador, com o objetivo de evitar

    reincidncias.

    A constatao de qualquer fraude relativa ao controle aduaneiro,

    como a violao, adulterao ou troca dos dispositivos de segurana

    aplicados carga ensejar a instaurao de processo administrativo e a

    elaborao de representao fiscal para fins penais.

    A qualquer tempo, se for constatada falta ou avaria de

    mercadorias, poder ser realizada a vistoria aduaneira, com o objetivo

    de identificar o responsvel e dele exigir o crdito tributrio

    correspondente.

    Como a regra tributria implica responsabilidade solidria, a

    vistoria o procedimento apto a apurar quem realmente deu causa ao

    dano ou perecimento das mercadorias, razo pela qual pode ser

    realizada de ofcio ou mediante solicitao do interessado.

    A autoridade aduaneira dever marcar data e horrio para a

    vistoria, da qual participaro o depositrio, o importador e o

    transportador, bem assim qualquer outra pessoa que comprove

    interesse na situao (como o representante da seguradora, por

    exemplo).

    Quando necessrio, tambm acompanharo a vistoria aduaneira

    outras autoridades administrativas que tenham competncia para o

    controle das mercadorias.

    Na hiptese de o problema ser constatado no local de origem, a

    autoridade poder conceder o regime de trnsito depois de proferida

    deciso quanto vistoria aduaneira ou, se houver desistncia da

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    vistoria pelo transportador ou beneficirio, desde que o responsvel

    assuma as obrigaes tributrias correspondentes.

    Devido natural dificuldade de se realizar a vistoria durante o

    percurso do trnsito aduaneiro, o procedimento s ser adotado se as

    condies forem satisfatrias e a autoridade entender que a

    postergao prejudicaria o controle, ante a possibilidade de perda dos

    elementos probatrios.

    Caso no seja possvel realizar a vistoria, a autoridade lavrar

    termo circunstanciado, com a indicao das cautelas fiscais adotadas e

    a determinao de que o procedimento seja realizado na unidade de

    destino.

    A vistoria em trnsito dever ser assistida pelo importador e pelo

    transportador, sem prejuzo da possibilidade de desistncia, com

    assuno dos nus decorrentes.

    Para fins dos nossos editais, o regime de trnsito um dos mais

    provveis no concurso.

    Veja que o tema longo e merece cuidado, ok?

    Admisso Temporria

    Admisso Temporria o regime aduaneiro que permite a

    permanncia no pas de bens procedentes do exterior, por prazo

    determinado, com suspenso total do pagamento dos tributos incidentes

    na importao ou, ainda, com suspenso parcial, no caso de utilizao

    econmica.

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    O regime de admisso temporria possui vrios objetivos:

    possibilitar o ingresso de bens estrangeiros no pas, quando

    trazidos por viajantes residentes no exterior;

    permitir a insero do Brasil no cenrio cultural internacional,

    com a entrada de bens destinados realizao de shows,

    eventos, exposies, competies esportivas, feiras e

    congressos;

    autorizar o ingresso no pas de veculos matriculados em

    qualquer dos membros do Mercosul, de propriedade de

    pessoas fsicas ou jurdicas neles residentes, para fins de

    turismo.

    A admisso temporria ser automtica, sem a necessidade de

    formalizao especfica, no caso dos veculos destinados ao transporte

    internacional de passageiros ou cargas, como caminhes, embarcaes

    e aeronaves, pertencentes a empresas estrangeiras autorizadas a

    prestar o servio no pas.

    Podero ainda entrar no territrio aduaneiro, amparados pelo

    regime de admisso temporria, os bens previstos em acordos

    internacionais firmados pelo Brasil.

    Exemplos:

    1. Quando um tcnico estrangeiro vem ao Brasil, prestar assistncia

    para determinada empresa, os equipamentos e demais objetos

    necessrios ao seu trabalho entram no territrio nacional sob o

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    regime de admisso temporria, com a condio de retornarem ao

    exterior com o viajante.

    2. Quando uma grande orquestra internacional se apresenta no

    Brasil, razovel supor que cada msico trar o seu prprio

    instrumento. Assim, se um primeiro-violinista trouxer uma relquia,

    como um Stradivarius (que pode valer alguns milhes de dlares),

    por bvio que no estar sujeito ao pagamento dos tributos,

    porque o objeto ser admitido no Brasil temporariamente, durante

    a permanncia da orquestra.

    3. No caso de um evento esportivo de grande porte, como a Frmula

    1, acontece a mesma coisa: todos os carros, motores, partes e

    peas das equipes que disputaro a corrida, alm dos

    equipamentos de televiso, telemetria e muitos outros sero

    beneficiados pelo regime.

    A concesso do regime fica condicionada ao cumprimento

    cumulativo das seguintes exigncias:

    ingresso dos bens em carter temporrio;

    importao sem cobertura cambial19;

    adequao dos bens finalidade da importao;

    constituio das obrigaes fiscais em termo de

    responsabilidade;

    perfeita identificao dos bens;

    anuncia de outros rgos, se necessrio.

    19

    So os casos em que no h remessa para pagamento ao exterior. Como a admisso temporria no implica

    transferncia de propriedade da mercadoria, no h de se falar em contratao de cmbio.

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    O critrio de adequao vincula a utilizao dos bens s

    atividades informadas quando da solicitao do regime pelo

    interessado.

    Exemplo: veculos trazidos sob admisso temporria, para uma

    competio esportiva, no podero ser destinados a exposio, salvo

    se houver concordncia expressa das autoridades aduaneiras.

    Do comentrio anterior podemos extrair a principal caracterstica

    do regime de admisso temporria: os bens ingressados no Brasil

    devero retornar ao exterior, dentro do prazo fixado pela Receita

    Federal e no mesmo estado que importados.

    Portanto, os bens devem ser identificados e vistoriados quando da

    chegada ao pas e, novamente, na data de embarque para o exterior,

    como condio para a extino do regime. Qualquer falta ou

    adulterao implicar o recolhimento dos tributos suspensos, com os

    acrscimos legais, sem prejuzo de outras medidas, de natureza

    administrativa ou penal, eventualmente cabveis.

    De se notar que a concesso do regime decorre de ato

    administrativo discricionrio, a critrio da autoridade competente, que

    Importante! A perfeita identificao dos bens tem por objetivo evitar fraudes, pois a importao realiza-se com suspenso tributria, e seria possvel que o responsvel deixasse os bens no pas ou os substitusse por outros, de valor ou caractersticas inferiores, quando da devoluo ao exterior.

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    dever avaliar a importao satisfaz todas as condies previstas pela

    legislao.

    O pedido de concesso da admisso temporria poder, pois, ser

    indeferido, mediante despacho fundamentado, do qual cabe recurso

    administrativo.

    Quando autorizado o regime, o ato de concesso dever fixar o

    respectivo prazo de vigncia, contado da data do desembarao

    aduaneiro, durante o qual os bens podero permanecer no pas.

    Em razo da discricionariedade, a autoridade dever estipular

    prazo razovel e compatvel com o objetivo da permanncia dos bens

    (observado o limite de um ano, prorrogvel, como vimos), considerando,

    inclusive, possveis problemas operacionais ou logsticos, alheios

    vontade do importador.

    Isso extremamente importante, porque podem ocorrer

    imprevistos sem que o importador seja responsvel, de modo que

    prudente fixar prazo superior ao estritamente necessrio.

    Suponhamos a seguinte hiptese: uma orquestra vem ao Brasil

    para a realizao de trs concertos, durante uma semana. Se o prazo

    fixado fosse exatamente este, qualquer circunstncia imprevisvel que

    impedisse a sada dos bens (atraso nos voos, greves de funcionrios ou

    condies climticas adversas) resultaria no descumprimento do

    regime, com a cobrana, acrescida de multas, dos tributos suspensos, o

    que no faz sentido.

    O prazo, portanto, deve ser avaliado conforme a solicitao do

    interessado e o que poderamos chamar de margem de segurana,

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    salvo quando houver previso legal especfica, como nos seguintes

    casos:

    a) veculo pertencente a turista estrangeiro o prazo ser o

    mesmo da permanncia do proprietrio ou condutor autorizado

    no pas (segue, portanto, as regras aplicveis ao controle de

    imigrao e pode ser prorrogado na medida em que o

    estrangeiro obtiver extenso do perodo)20;

    b) veculo de brasileiro noresidente que retorne ao pas em

    carter temporrio prazo de 90 dias, prorrogvel, no

    mximo, at o total de 180 dias;

    c) bens de uso profissional ou pessoal de estrangeiro em

    atividade no pas o prazo ser igual ao concedido no visto

    de trabalho;

    d) bens de uso profissional ou inseridos no conceito de bagagem

    de brasileiro noresidente: prazo de 90 dias, prorrogvel at o

    limite de 180 dias;

    Os pedidos de prorrogao devero ser formulados em carter

    tempestivo, vale dizer, antes do trmino da vigncia do prazo

    estabelecido pelas autoridades aduaneiras. O perodo mximo ser

    computado de forma contnua, independente, necessrio para a

    manifestao administrativa.

    20

    Na hiptese de embarcao de esporte ou recreio de turista estrangeiro, o prazo de permanncia poder ser

    prorrogado at o limite mximo de dois anos, se o turista formular tempestivamente o pedido, em razo de

    ausncia temporria do pas.

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    Aps o vencimento, o pedido de prorrogao no poder ser

    conhecido e a circunstncia acarretar a cobrana da multa de R$

    500,00 ou 10% sobre o valor aduaneiro (dos dois o maior).

    Nos casos em que a admisso temporria estiver vinculada a

    contrato de prestao de servios por prazo certo, a vigncia do regime

    ser a prevista no instrumento, renovvel na mesma medida que este,

    obedecido o limite mximo de cinco anos, que s poder ser

    ultrapassado se o contrato for de relevante interesse nacional, conforme

    deciso expressa do ministro da Fazenda.

    As obrigaes tributrias suspensas em decorrncia do regime

    sero consignadas em termo de responsabilidade, de acordo com os

    requisitos j examinados. A garantia poder ser expressamente

    dispensada mediante ato normativo especfico da Receita Federal.

    importante frisar que, pelas prprias caractersticas do regime, o

    responsvel pela garantia dever ser uma empresa brasileira,

    alcanvel pela legislao tributria nacional. Isso porque na admisso

    temporria os bens pertencem a pessoas, fsicas ou jurdicas,

    residentes no exterior.

    Assim, apesar de no ocorrer a transferncia de propriedade, o

    interessado pelo evento, feira, congresso ou, ainda, a empresa que ir

    se beneficiar dos servios tcnicos no pas, dever firmar o termo de

    responsabilidade e assumir o nus relativo aos tributos e eventuais

    penalidades decorrentes do no cumprimento das condies

    estabelecidas no ato de concesso do regime.

    Na hiptese de os bens admitidos no regime sofrerem danos, o

    interessado poder solicitar a reduo proporcional da garantia em

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    virtude do sinistro, mediante apresentao de laudo pericial elaborado

    por rgo oficial competente.

    A reduo no ser concedida se ficar comprovado que houve

    dolo ou culpa do beneficirio ou, ainda, utilizao em finalidade diversa

    da autorizada.

    Extino do Regime

    Como vimos, o ciclo natural da admisso temporria compreende

    a entrada dos bens no pas, sua utilizao conforme previsto na

    legislao e o posterior regresso ao exterior, dentro do prazo assinalado

    pelas autoridades aduaneiras.

    Todavia, diversas circunstncias podem alterar a sequncia,

    inclusive com a possibilidade de permanncia definitiva dos bens no

    Brasil.

    Dado que todos os regimes especiais so temporrios, vejamos

    quais as providncias, em relao aos bens, que devero ser adotadas

    para a extino da admisso e baixa do termo de responsabilidade:

    Reexportao a hiptese natural, que implica a devoluo

    ao proprietrio no exterior, que poder ser feita em parcelas,

    respeitado o prazo do regime.

    Entrega Fazenda Nacional, sem nus ou despesas, desde

    que a autoridade aduaneira concorde em receb-los (nesse

    caso promover, posteriormente, a destinao dos bens,

    mediante incorporao ao patrimnio pblico, leilo etc.).

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    Destruio, com custos suportados pelo interessado, tambm

    no intuito de afastar as obrigaes tributrias; contudo, se da

    destruio sobrarem resduos24 economicamente apreciveis,

    estes devero ser despachados para consumo, com o

    pagamento dos tributos incidentes.

    Transferncia para outro regime especial (como o de

    entreposto aduaneiro, por exemplo, que o caso mais comum

    na espcie).

    Despacho para consumo, ou seja, a nacionalizao dos bens,

    com o ingresso definitivo na economia domstica, recolhimento

    dos tributos devidos e obedincia legislao sobre

    licenciamento de importaes.

    A reexportao ser obrigatria no prazo de 30 dias25, contados

    da deciso que indeferir pedido de prorrogao do regime de admisso

    temporria ou negar qualquer das providncias anteriormente

    solicitadas pelo interessado (entrega Fazenda Nacional, destruio,

    transferncia para outro regime ou despacho para consumo).

    O regime de admisso temporria tambm ser extinto pela

    exportao de produto equivalente quele recebido do exterior por fora

    24

    O artigo 312 do Regulamento Aduaneiro, em relao aos resduos, estabelece que: Nos regimes aduaneiros

    especiais em que a destruio do bem configurar extino da aplicao do regime, o resduo da destruio, se

    economicamente utilizvel, dever ser despachado para consumo, como se tivesse sido importado no estado em

    que se encontra, sujeitando-se ao pagamento dos tributos correspondentes, ou reexportado. 1o A autoridade

    aduaneira poder solicitar laudo pericial que ateste o valor do resduo. 2o No integram o valor do resduo os

    custos e gastos especificados no art. 77 (transporte e seguros).

    25 O prazo de 30 dias , em regra, peremptrio, salvo se a vigncia do regime dispuser de perodo superior.

    Exemplo: faltando sessenta dias para o trmino do prazo de admisso temporria, o interessado protocoliza

    pedido de prorrogao, negado pela autoridade aduaneira. Nesse caso, poder manter os bens no pas at o fim

    do prazo original.

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    de garantia e importado ao amparo de iseno, quando se tratar de

    partes, peas e componentes destinados a reparo, reviso ou

    manuteno de aeronaves.

    No mesmo sentido, se empresas brasileiras realizam exportaes

    de produtos nacionais, o eventual retorno destes ao pas, para conserto

    ou substituio, tambm ocorrer mediante admisso temporria,

    regime que ser extinto quando o bem for novamente remetido ao

    exterior.

    De se notar que, na hiptese anterior, o bem destinado ao exterior

    poder no ser aquele admitido no regime, quando no houver

    possibilidade de reparo e o fabricante nacional enviar ao cliente produto

    novo, em substituio ao defeituoso. Ainda assim, a equivalncia

    econmica gerada pela operao permite a extino da admisso

    temporria, sem o recolhimento de qualquer tributo.

    O crdito tributrio26 consignado no termo de responsabilidade

    ser exigido se o responsvel no adotar qualquer das medidas

    previstas para a extino do regime, nas seguintes hipteses:

    vencimento do prazo, sem pedido de prorrogao;

    passados 30 dias do indeferimento do pedido de prorrogao

    de prazo ou dos requerimentos relativos extino do regime,

    contados a partir da cincia da deciso, sem que o beneficirio

    tenha providenciado a reexportao dos bens;

    no caso de apresentao de bens autoridade aduaneira que

    no correspondam queles que efetivamente ingressaram no

    pas;

    26

    O valor do crdito tributrio constitudo no termo de responsabilidade representa direito lquido e certo da

    Fazenda Nacional, inclusive para fins de execuo fiscal.

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    utilizao dos bens em finalidade diversa da que justificou a

    concesso do regime;

    destruio ou perecimento dos bens, por culpa ou dolo do

    beneficirio do regime (importante no confundir com a

    destruio a pedido do interessado).

    Antes de exigir o crdito tributrio, cabe Receita Federal do

    Brasil notificar o responsvel para, no prazo de dez dias, manifestar-se

    acerca das circunstncias e exercer o direito a contraditrio e ampla

    defesa no processo administrativo correspondente.

    O responsvel dever, no prazo de 30 dias, recolher a multa por

    descumprimento do regime e providenciar a reexportao dos bens, ou,

    se desejar, efetuar o registro da declarao de importao, com o

    pagamento dos tributos devidos, juros de mora e multa28.

    A efetiva cobrana do crdito dar-se- mediante converso do

    depsito em renda ou execuo da garantia prestada mediante fiana

    ou seguro aduaneiro. Na hiptese de a garantia ter sido dispensada, o

    responsvel ser intimado a recolher os valores devidos, no prazo de 30

    dias.

    Para valores apurados em procedimento posterior assinatura do

    termo de responsabilidade, decorrentes de penalidades ou ajustes na

    base de clculo dos tributos, a exigncia do crdito adicional ser

    formalizada em auto de infrao, de responsabilidade da unidade que

    concedeu o regime ou apurou os fatos.

    28

    As duas multas do pargrafo referem-se ao artigo 709 do Regulamento Aduaneiro, fixada em R$ 500,00 ou

    10% do valor aduaneiro (dos dois, o maior valor).

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    Admisso Temporria para Utilizao Econmica

    Caso determinado bem venha a ser admitido temporariamente no

    pas com o intuito de utilizao econmica, ou seja, para a produo de

    outros bens ou servios, dever recolher o Imposto de Importao (II),

    Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as contribuies para o

    PIS/PASEP e COFINS, proporcionalmente ao prazo de permanncia no

    territrio aduaneiro29.

    Os valores sero apurados razo de 1% ao ms, durante a

    vigncia do regime, sobre o montante total que seria devido numa

    importao comum.

    Em relao parte suspensa, ou seja, diferena entre o valor

    recolhido proporcionalmente e o total de II, IPI, PIS e COFINS, dever o

    beneficirio constituir termo de responsabilidade, nos mesmos moldes

    do regime de admisso temporria, inclusive a possibilidade de

    prestao de garantia.

    A admisso temporria com utilizao econmica muito utilizada

    no caso de arrendamento operacional (leasing operacional) para bens

    29

    Nos termos no artigo 376 do Regulamento Aduaneiro, o pagamento proporcional dos tributos no se aplica:

    I at 31 de dezembro de 2020: a) aos bens destinados s atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de

    petrleo e de gs natural constantes da relao a que se refere o 1o do artigo 458 (REPETRO); e b) aos bens

    destinados s atividades de transporte, movimentao, transferncia, armazenamento ou regaseificao de gs

    natural liquefeito, constantes de relao a ser estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; e II at

    4 de outubro de 2023, aos bens importados temporariamente e para utilizao econmica por empresas que se

    enquadrem nas disposies do Decreto-lei n. 288, de 28 de fevereiro de 1967, durante o perodo de sua

    permanncia na Zona Franca de Manaus, os quais sero submetidos ao regime de admisso temporria com

    suspenso total do pagamento de tributos.

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    O contedo deste Curso de uso exclusivo do CPF indicado nas pginas, sendo vedada, por qualquer meio, a reproduo, venda ou distribuio deste material, sujeitos os infratores responsabilizao civil e criminal.

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    de capital, ou seja, grandes equipamentos que sero empregados na

    produo de outros bens ou servios, como a construo de estradas,

    tneis e demais obras de engenharia, para as quais no existe

    equipamento nacional apropriado.

    Assim, o regime ser concedido por prazo igual ao do contrato de

    arrendamento operacional, de aluguel ou de emprstimo, renovvel na

    mesma medida destes. No caso de extino antecipada do regime, o

    valor porventura recolhido no ser objeto de devoluo ou

    compensao.

    Admisso Temporria para Aperfeioamento Ativo

    O regime de admisso temporria para aperfeioamento ativo

    permite o ingresso de mercadorias estrangeiras ou desnacionalizadas,

    que sofrero beneficiamento ou conserto no territrio nacional, com

    suspenso de tributos, desde que ocorra sua posterior reexportao.

    Com o ingresso do Brasil no cenrio comercial globalizado, torna-

    se comum a necessidade de que certos bens sejam introduzidos (ou

    retornem) no pas para fins de aperfeioamento, com agregao de

    valor (como no caso de upgrades ou melhorias tcnicas, por exemplo).

    As condies para a concesso do regime exigem que a operao

    esteja prevista em contrato de prestao de servios (inclusive os de

    garantia), que o beneficirio seja pessoa jurdica sediada no Brasil, que

    as mercadorias pertenam a pessoa domiciliada no exterior e que a

    admisso ocorra sem cobertura cambial.

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    No mais, a modalidade segue as normas previstas para o regime

    de admisso temporria.

    Drawback

    O regime de drawback tem por objetivo incentivar as exportaes,

    mediante o ingresso, no territrio aduaneiro, de insumos ou produtos

    intermedirios de procedncia estrangeira que sero utilizados na

    industrializao de bens posteriormente exportados.

    O beneficirio do regime ser a empresa brasileira habilitada a

    efetuar operaes de comrcio exterior que, por meio do drawback,

    poder adquirir mercadorias a preos internacionais (entenda-se:

    desonerada dos impostos incidentes na importao), o que enseja

    maior competitividade dos produtos finais.

    Existem trs modalidades bsicas de drawback, cada qual

    destinada a um tipo de benefcio tributrio especfico33:

    Suspenso do pagamento dos tributos exigveis na importao

    de mercadoria a ser exportada aps beneficiamento ou

    destinada fabricao, complementao ou ao

    acondicionamento de outra a ser exportada.

    Iseno dos tributos exigveis na importao de mercadoria, em

    quantidade e qualidade equivalentes utilizada no

    beneficiamento, fabricao, complementao ou

    acondicionamento de produto exportado.

    33

    Artigo 383 do Regulamento Aduaneiro.

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    Restituio, total ou parcial, dos tributos pagos na importao

    de mercadoria exportada aps beneficiamento, ou utilizada na

    fabricao, complementao ou no acondicionamento de outra

    exportada.

    A ideia principal veiculada pelo regime a de que ocorra no

    territrio nacional uma agregao de valor em relao ao produto final

    exportado.

    A concesso do drawback, em regra, compete Secretaria de

    Comrcio Exterior (SECEX), que analisar o resultado econmico

    positivo a ser gerado pela empresa (comparao entre os volumes de

    importao e exportao dos itens submetidos ao regime).

    O drawback no se aplica importao de mercadorias cujo valor

    do imposto de importao seja inferior ao limite mnimo fixado pela

    CAMEX nem s operaes com petrleo e derivados, salvo a

    importao de coque calcinado de petrleo e nafta qumica.

    Drawback Suspenso

    a modalidade de drawback mais comum, pois possibilita que

    empresas com vocao para a exportao adquiram mercadorias

    Ateno! As mercadorias que podero ser objeto do regime de drawback incluem, entre outras, matrias-primas, produtos semielaborados, partes, peas, equipamentos e animais que sero beneficiados no pas ou que participaro do processo produtivo de outros bens.

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    estrangeiras com a suspenso dos tributos incidentes na importao,

    desde que firmado o compromisso de que tais matrias-primas ou

    produtos intermedirios sero utilizados na industrializao de produtos

    posteriormente destinados ao exterior.

    O modelo permite melhor fluxo de caixa em relao ao processo

    produtivo, pois evita o desembolso de valores para pagamento dos

    tributos, ao contrrio do regime comum de importao, que s permitiria

    vantagens posteriores (em razo da exportao), mas somente a ttulo

    de compensao.

    O pedido do interessado ser processado pelo Siscomex e

    conter informaes relativas movimentao pretendida para as

    importaes e exportaes, bem como a vinculao entre os bens

    objeto do regime a aqueles que comporo o produto final.

    O ato concessrio ser vlido por um ano, prorrogvel uma vez,

    por igual perodo, exceto no caso de bens de capital, cujo longo ciclo de

    produo permite que o regime seja concedido por at cinco anos.

    Desde novembro de 2001, todo o procedimento realizado por

    meio de mdulo especfico do Siscomex, chamado drawback eletrnico,

    com as seguintes vantagens:

    Importante! A concesso e a fiscalizao acerca do cumprimento do regime de drawback suspenso competem ao Departamento de Operaes de Comrcio Exterior, no mbito da SECEX.

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    informatizao de todas as etapas (solicitao, autorizao,

    consultas, alteraes e baixa);

    tratamento administrativo automtico nas operaes

    parametrizadas;

    acompanhamento das importaes e exportaes vinculadas

    ao regime.

    A importao das mercadorias vinculadas s operaes

    autorizadas no Sistema Drawback Eletrnico dever estar amparada

    por licena de importao, com a devida anuncia dos rgos

    intervenientes.

    O desembarao aduaneiro das partes, peas e dos componentes

    submetidos ao regime de drawback suspenso ficar condicionado

    assinatura de termo de responsabilidade, sem prejuzo da exigncia de

    prestao de garantia, que ser reduzida na medida em que forem

    comprovadas as exportaes.

    A empresa beneficiria assume o compromisso de utilizao

    integral dos insumos importados no processo produtivo destinado

    exportao, sendo possvel a deduo de at 5% do total a ttulo de

    perdas ou resduos.

    Por se tratar de regime suspensivo de tributao criado para

    estimular as exportaes, a venda dos produtos fabricados no mercado

    interno somente poder ocorrer aps o pagamento de todos os tributos

    incidentes, com os devidos acrscimos legais.

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    Exemplo: a empresa brasileira X solicitou o regime especial de

    drawback para a importao de mil componentes eletrnicos (chips) que

    sero utilizados na fabricao de miltelefones celulares a serem

    exportados. Na operao, ficaram suspensos R$ 100,00 relativos aos

    tributos incidentes na importao (II, IPI e ICMS, por hiptese). Com a

    exportao dos produtos finais, extingue-se o regime suspensivo e o

    respectivo crdito tributrio. Todavia, se o fabricante, por qualquer

    motivo, resolver vender os celulares no mercado domstico, dever

    recolher, previamente, o valor dos tributos devidos, com os acrscimos

    legais.

    Na hiptese de o beneficirio deixar de cumprir o compromisso

    previsto no ato concessrio, as partes, peas e os componentes

    admitidos no regime de drawback suspenso devero ser objeto dos

    seguintes procedimentos, em at 30 dias do prazo fixado para

    exportao:

    devoluo ao exterior ou reexportao;

    destruio, sob controle aduaneiro, s expensas do

    interessado;

    destinao para consumo das mercadorias remanescentes,

    com o pagamento dos tributos suspensos e dos acrscimos

    legais devidos; ou

    entrega Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas e

    nus, desde que a autoridade aduaneira concorde em receb-

    las.

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    Atualmente, a legislao prev35, ainda, a possibilidade de

    concesso do regime de drawback suspenso para a importao de

    matrias-primas, produtos intermedirios e componentes destinados

    fabricao, no pas, de mquinas e equipamentos a serem fornecidos

    no mercado interno, em decorrncia de licitao internacional36, contra

    pagamento em moeda conversvel proveniente de financiamento

    concedido por instituio financeira internacional, da qual o Brasil

    participe, ou por entidade governamental estrangeira ou, ainda, pelo

    Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social, com recursos

    captados no exterior.

    Por fim, poder ser concedido o regime de drawback, na

    modalidade de suspenso, para mercadoria importada, de forma

    combinada ou no, com mercadoria adquirida no mercado interno,

    para37:

    emprego ou consumo na industrializao de produto a ser

    exportado;

    emprego em reparo, criao, cultivo ou atividade extrativista de

    produto a ser exportado.

    Drawback Iseno

    A modalidade de drawback iseno tem por objetivo a reposio

    de estoques, ou seja, a importao, em igual quantidade e qualidade,

    35

    Artigo 384, 3, do Regulamento Aduaneiro. 36

    Considera-se licitao internacional, no contexto da legislao aduaneira, aquela promovida tanto por pessoas

    jurdicas de direito pblico como por pessoas jurdicas de direito privado do setor pblico e do setor privado (o

    conceito alcana, portanto, todas as entidades da administrao pblica direta e indireta). 37

    Vide artigo 384-A, do Regulamento Aduaneiro.

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    de insumos, matrias-primas ou produtos intermedirios que foram

    empregados em mercadorias j exportadas.

    Caso o interessado demonstre que na primeira importao os

    tributos foram recolhidos, poder realizar nova operao, agora com o

    benefcio da iseno, sob o argumento de que os insumos anteriores

    deixaram o pas e, portanto, no precisariam ser onerados.

    De se notar que o regime tem por objetivo neutralizar, sob o ponto

    de vista financeiro e tributrio, o efeito de importaes de insumos que

    geraram exportao de produtos finais.

    A competncia para a concesso do regime pertence Secretaria

    de Comrcio Exterior, como na hiptese do drawback suspenso. O

    leitor deve ter percebido que, embora os dois regimes de drawback

    tenham consequncias tributrias, a prevalncia do incentivo s

    exportaes deslocou a competncia, que seria, em tese, da Receita

    Federal do Brasil, para o mbito da SECEX.

    O ato concessrio do regime de drawback iseno dever dispor

    sobre38:

    valor e especificao da mercadoria exportada;

    especificao e classificao fiscal na Nomenclatura Comum

    do Mercosul das mercadorias a serem importadas, com as

    quantidades e os valores respectivos, estabelecidos com base

    na mercadoria exportada; e

    valor unitrio da mercadoria importada, utilizada no

    beneficiamento, fabricao, complementao ou

    acondicionamento da mercadoria exportada.

    38

    Conforme artigo 394 do Regulamento Aduaneiro.

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    Ao expedir a autorizao, caber SECEX estabelecer o alcance

    das importaes que contemplar produto ou produto e empresa, alm

    de fixar o prazo para habilitao no regime.

    Os atos tero carter normativo (geral, em razo do produto) ou

    especfico (para a combinao empresa e produto, com as respectivas

    quantidades autorizadas).

    Exemplo: a empresa brasileira Y importa regularmente

    componentes eletrnicos (chips), com o pagamento de todos os tributos

    incidentes, para a fabricao de telefones celulares que so vendidos

    no mercado domstico. Excepcionalmente, recebeu uma proposta

    irrecusvel do exterior para a venda de milaparelhos, aceitando-a

    prontamente. Por conta disso, solicitou SECEX o regime de drawback

    iseno, com o objetivo de importar outros milcomponentes, para

    reposio dos estoques, sem o pagamento do II, IPI e ICMS. Autorizado

    o regime, foi-lhe concedido prazo para a realizao das novas

    importaes, mediante a efetiva comprovao da exportao dos

    celulares, j que os insumos utilizados no precisariam ser tributados.

    Drawback Restituio

    Na modalidade de drawback restituio, o exportador solicita a

    devoluo, em espcie, do valor dos tributos pagos, relativos a insumos

    utilizados na fabricao de produtos j exportados.

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    Sob tais condies, poderamos afirmar que se trata de

    procedimento de compensao tributria e no de restituio, como d

    a entender a designao legal.

    Somente nas hipteses em que o interessado efetivamente

    requeresse a devoluo em dinheiro caberia empregar a expresso

    restituio, circunstncia rara, porque o prazo para devoluo costuma

    ser longo, de sorte que os importadores normalmente preferem o crdito

    fiscal para utilizao em novas operaes.

    Ressalte-se que o regime s faz sentido se o interessado desejar

    importar bens diversos dos anteriores, pois, do contrrio, seria mais

    simples solicitar o drawback iseno.

    O regime ser aplicado pela unidade aduaneira que jurisdicionar o

    domiclio do estabelecimento produtor.

    Exemplo: a empresa brasileira Z importa componentes

    eletrnicos (chips), com o pagamento de todos os tributos incidentes,

    para a fabricao de telefones celulares que so vendidos no mercado

    domstico. Entretanto, devido constante evoluo tecnolgica,

    passar a produzir novos modelos, que no mais utilizaro aquela

    gerao de componentes. Com 500 itens antigos em estoque, recebe

    proposta para venda ao exterior do modelo defasado, advinda de um

    Importante! Como a restituio, no mais das vezes, realizada por meio de crdito fiscal a ser utilizado em importaes posteriores, o regime, ao contrrio dos anteriores, dever ser concedido pela Receita Federal do Brasil, que o rgo encarregado da administrao tributria no pas, sem necessidade de participao da SECEX.

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    pas com tecnologia ainda incipiente. Produz e exporta os aparelhos,

    razo pela qual solicita Secretaria da Receita Federal o regime de

    drawback restituio, no intuito de receber crdito tributrio equivalente

    ao valor pago em relao aos componentes antigos.

    Entreposto Aduaneiro

    O regime especial de entreposto aduaneiro, na importao e na

    exportao, o que permite o armazenamento de mercadorias, sob

    controle fiscal, em recintos alfandegados de uso pblico, com

    suspenso dos tributos incidentes.

    Trata-se de modalidade muito interessante para os empresrios,

    porque possibilita que as mercadorias, enquanto depositadas (portanto,

    ainda sem o recolhimento dos tributos), sejam submetidas s seguintes

    operaes:

    exposio, demonstrao e testes de funcionamento;

    industrializao, nas suas diversas modalidades;

    manuteno ou reparo.

    Variantes de entreposto aduaneiro existem em praticamente todos

    os pases, pois conferem agilidade e custos reduzidos para os

    empresrios locais, em virtude de os tributos s serem devidos na

    medida em que ocorre a circulao econmica dos bens (mediante

    venda ou transferncia a terceiros, por exemplo).

    Isso permite melhor alocao dos recursos, sem a necessidade de

    se estocar tributos com as mercadorias, o que enseja maior liquidez e

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    capital de giro ao negcio, condies essenciais para a competitividade

    das empresas.

    Entreposto Aduaneiro na Importao

    A base operacional do entreposto aduaneiro na importao so os

    recintos alfandegados de uso pblico (normalmente dentro de portos

    secos), nos quais as mercadorias ficam armazenadas com suspenso

    de tributos.

    O regime pode ainda ser concedido nas seguintes hipteses39:

    permanncia de bens de natureza tcnica ou cultural,

    destinados a exposio em feiras, congressos, mostras ou

    atividades semelhantes, realizados em recinto de uso privativo,

    previamente alfandegado para tal fim, por perodo que alcance

    no mais que os 30 dias anteriores e os 30 dias posteriores aos

    fixados para incio e trmino do evento;

    mercadorias armazenadas em instalaes porturias de uso

    privativo misto, operadas mediante autorizao da Receita

    Federal do Brasil;

    plataformas destinadas pesquisa e lavra de jazidas de

    petrleo e gs natural em construo ou converso no Brasil,

    contratadas por empresas sediadas no exterior;

    estaleiros navais ou outras instalaes industriais localizadas

    beira-mar, destinadas construo de estruturas martimas,

    plataformas de petrleo e mdulos para plataformas.

    39

    Artigo 405 do Regulamento Aduaneiro.

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    No caso de industrializao de produtos, podero ser utilizados

    recintos localizados em reas especficas, com grandes vantagens

    logsticas, que recebero a seguinte denominao: aeroporto industrial,

    plataforma porturia industrial ou porto seco industrial.

    De forma simples, poderamos dizer que, nas hipteses

    anteriores, a prpria fbrica seria instalada dentro dos recintos, o que

    permitiria a importao dos insumos, partes e peas e sua imediata

    transferncia para a linha de produo, com reduo nos custos e

    riscos, especialmente os relativos ao transporte.

    Podem ser beneficirios do regime de entreposto aduaneiro na

    importao:

    o promotor do evento, no caso de feiras, exposies etc.;

    A empresa contratada por pessoa jurdica estrangeira, que

    opera as plataformas de petrleo e gs natural ou aquela que

    administra os estaleiros navais no pas;

    o consignatrio da mercadoria entrepostada, nos demais

    casos.

    O prazo de permanncia dos bens no regime de entreposto

    aduaneiro na importao de um ano, prorrogvel por perodo no

    Importante! As mercadorias admitidas no regime devero ser importadas com ou sem cobertura cambial e podero ser nacionalizadas, com posterior despacho para consumo ou exportao, pelo consignatrio ou pelo adquirente.

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    superior, no total, a dois anos, contados da data do desembarao

    aduaneiro de admisso. Ser admitida, em casos especiais, nova

    prorrogao, respeitado o limite mximo de trs anos.

    Quando o regime for concedido a empresrios que explorem

    jazidas minerais ou a construo de estruturas navais, o prazo dever

    ser idntico ao do contrato firmado com o cliente no exterior.

    Terminado o perodo concedido para o regime, a mercadoria

    entrepostada dever ter uma das seguintes destinaes, no prazo de 45

    dias, sob pena de ser considerado abandonado:

    despacho para consumo, pelo consignatrio ou adquirente;

    reexportao;

    exportao;

    transferncia para outro regime aduaneiro especial ou aplicado

    em reas especiais.

    Exemplo: a empresa W pretende importar veculos de luxo do

    exterior que, alm do alto valor unitrio, sofrem, ainda, gravosa

    incidncia tributria , na expectativa de revend-los no mercado

    domstico. Aps analisar a legislao, decide optar pelo regime de

    entreposto aduaneiro na importao. Assim, promove a importao de

    dezveculos do exterior, sem cobertura cambial; a grande vantagem da

    operao reside no fato de que as mercadorias admitidas no regime se

    beneficiam da suspenso dos tributos incidentes. Isso permite que a

    empresa armazene os veculos no recinto alfandegado, sem ter de

    desembolsar o valor relativo ao crdito tributrio. Na medida em que

    conseguir vender os automveis no mercado interno, a empresa W os

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    despachar para consumo, j em nome do adquirente, com o

    pagamento de todos os tributos devidos. O procedimento enseja grande

    vantagem operacional e financeira, pois a carga tributria somente ser

    suportada quando da efetivao da venda. Se, ao trmino do prazo

    concedido para o regime, alguns carros no tiverem sido vendidos, o

    importador poder devolv-los ao exterior, desde que tal clusula tenha

    sido previamente acertada com o fabricante.

    Entreposto Aduaneiro na Exportao

    Trata-se de regime especial que permite o armazenamento de

    mercadorias destinadas a exportao, nas modalidades comum (com

    suspenso do pagamento de tributos) ou extraordinrio (em prol de

    empresas comerciais exportadoras, conhecidas como trading

    companies, com direito utilizao dos benefcios fiscais de incentivo

    exportao antes do embarque para o exterior).

    O regime comum de entreposto na exportao subsiste a partir da

    entrada das mercadorias no local de armazenagem e, no regime

    extraordinrio, a vigncia se inicia com a sada dos bens do

    estabelecimento do produtor.

    De se notar que o regime extraordinrio objetiva favorecer o

    exportador, que pode se valer dos incentivos fiscais oriundos da

    operao antes da sada dos bens do pas, desde que as mercadorias

    tenham sido remetidas para o local do entreposto.

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    Trata-se, portanto, de antecipao de benefcios, sob condio

    ulterior da efetiva exportao (ocorre, na espcie, a exportao jurdica

    dos bens, previamente sada fsica do Brasil).

    O prazo de permanncia da mercadoria no entreposto depende da

    modalidade adotada:

    para o regime comum o prazo ser de um ano, prorrogvel por

    igual perodo, mantida a possibilidade excepcional de nova

    prorrogao, at o limite mximo, portanto, de trs anos;

    para o regime extraordinrio, o prazo ser de 180 dias,

    admitida a transferncia tempestiva para o regime comum.

    O beneficirio ter 45 dias, aps o encerramento do regime, para

    adotar, em relao s mercadorias entrepostadas, uma das seguintes

    providncias41:

    iniciar o despacho de exportao;

    na hiptese de regime comum, reintegr-la ao estoque do seu

    estabelecimento;

    em qualquer outro caso, pagar os impostos suspensos e

    ressarcir os benefcios fiscais porventura frudos em razo da

    admisso no regime.

    Responsabilidade Tributria

    41

    Artigo 415 do Regulamento Aduaneiro.

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    O contedo deste Curso de uso exclusivo do CPF indicado nas pginas, sendo vedada, por qualquer meio, a reproduo, venda ou distribuio deste material, sujeitos os infratores responsabilizao civil e criminal.

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    Prof. Roberto Caparroz Mdulo 5

    A autoridade aduaneira que jurisdiciona o regime poder exigir, a

    qualquer tempo, a apresentao das mercadorias a ele submetidas, no

    sentido de promover auditoria das quantidades e dos estoques.

    O depositrio ser responsvel, no caso de extravio ou dano das

    mercadorias, pelo pagamento42:

    dos impostos suspensos, da multa, de mora ou de ofcio, e dos

    demais acrscimos legais cabveis, quando se tratar de

    mercadoria submetida ao regime de entreposto aduaneiro na

    importao, ou na modalidade de regime comum, na

    exportao;

    dos impostos que deixaram de ser pagos e dos benefcios

    fiscais de qualquer natureza acaso auferidos, da multa, de

    mora ou de ofcio, e dos demais acrscimos legais cabveis, no

    caso de mercadoria submetida ao regime de entreposto

    aduaneiro, na modalidade de regime extraordinrio, na

    exportao.

    Compete Receita Federal do Brasil fixar, mediante ato de sua

    competncia, regras adicionais ao regime de entreposto aduaneiro, na

    importao e exportao, notadamente quanto aos requisitos e

    condies de admisso, natureza das atividades desenvolvidas e

    formas de extino.

    Entreposto Industrial sob Controle Aduaneiro Informatizado (RECOF)

    42

    Conforme artigo 417 do Regulamento Aduaneiro.

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    O contedo deste Curso de uso exclusivo do CPF indicado nas pginas, sendo vedada, por qualquer meio, a reproduo, venda ou distribuio deste material, sujeitos os infratores responsabilizao civil e criminal.

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    O RECOF permite ao beneficirio importar, com ou sem cobertura

    cambial, mercadorias com suspenso do pagamento de tributos, sob

    controle aduaneiro informatizado que, depois de submetidas a

    operaes de industrializao, sero destinadas a exportao43.

    Trata-se de regime aduaneiro especial utilizado por grandes

    empresas, submetidas a controle informatizado das operaes de

    importao e posterior exportao, por meio de software especfico,

    homologado pela Receita Federal do Brasil, que faz a auditoria dos

    procedimentos.

    A fiscalizao das mercadorias admitidas no RECOF efetuada

    de modo individualizado, por estabelecimento importador de cada

    empresa habilitada, mediante anlise das informaes lanadas no

    sistema.

    O RECOF traz como grande vantagem a agilidade e reduo dos

    custos relativos ao despacho aduaneiro, j que as mercadorias nele

    admitidas possuem tratamento diferenciado, que proporciona maior

    velocidade nos procedimentos de importao.

    43

    Admite-se, dentro dos limites legais, o despacho para consumo (venda no mercado domstico) de parte dos

    bens importados, desde que submetidos a processo de industrializao.

    Ateno! A contrapartida do benefcio a assuno, pela empresa, de compromissos especficos de exportao. Na prtica, o RECOF uma espcie de regime agregado, que contempla as vantagens oferecidas pelo drawback e entreposto aduaneiro.

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    O contedo deste Curso de uso exclusivo do CPF indicado nas pginas, sendo vedada, por qualquer meio, a reproduo, venda ou distribuio deste material, sujeitos os infratores responsabilizao civil e criminal.

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    Conquanto seja questionvel sua utilizao apenas por grandes

    empresas, em face do princpio da igualdade (a habilitao no regime

    exige patrimnio lquido superior a R$ 25 milhes para indstrias e R$ 5

    milhes para empresas prestadoras de servios), o problema no tem

    sido objeto de discusso no judicirio, razo pela qual evitaremos, nesta

    obra, aprofundar o assunto, a fim de evitar dvidas para os

    concurseiros.

    Como vimos, parte dos bens aceitos no regime poder ser

    despachada para consumo, no estado em que foram importados ou

    depois de submetidos a processo de industrializao. Para as

    mercadorias que no sofrerem qualquer alterao, a legislao prev,