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[Dário da RepúblicaSexta-Feira, 26 de Março de 1993I Série - N°.12]

ASSEMBLEIA NACIONAL

Lei n.°°°° 2/93de 26 de Março

A Defesa Nacional é uma das principais preocupações dos órgãos de soberania do Estado Democrático e deDireito.

Para o cumprimento dos objectivos da defesa nacional preconizada na Lei Constitucional, torna-se necessárioestabelecer os princípios fundamentais de organização e funcionamento dos órgãos aos quais se incumbe a execuçãoda política de defesa nacional, como exigência coerente num Estado Democrático e de Direito.

Assim, nos termos da alínea g) do artigo 89.° da Lei Constitucional e no uso da faculdade que me é conferidapela alínea s) do artigo 66.° da mesma Lei, a Assembleia Nacional aprova e eu assino e faço publicar o seguinte:

LEI DE DEFESA NACIONAL E DAS FORÇAS ARMADAS

CAPÍTULO 1

Princípios Gerais

ARTIGO 1.°°°°Defesa Nacional

A Defesa Nacional tem por objectivos garantir aIndependência nacional, a integridade territorial e aliberdade e a segurança das populações contra qualqueragressão ou ameaça externa, no quadro da ordemconstituicional instituída e do direito internacional.

ARTIGO 2.°°°°Política de Defesa Nacional

1. A política de Defesa Nacional consiste noconjunto coerente de principios, objectivos,estratégias, orientações e medidas adoptadas paraassegurar a Defesa Nacional, nos termos definidos noartigo 1.° da presente Lei.

2. A política de Defesa Nacional tem carácterpermanente e preventivo, âmbito interministerial enatureza global.

3. O âmbito interministerial da Política deDefesa Nacional traduz-se na obrigatoriedade detodas as estruturas Governamentais concorrerem paraa sua execução.

4. A natureza global da política de DefesaNacional traduz-se na integração deuma componente militar e componentes nãomilitares.

ARTIGO 3.°°°°Objectivos da Política de Defesa NacionalA Política de Defesa Nacional persegue em

permanência os seguintes objectivos:a) garantir a Independência Nacional;b) assegurar a integridade do território;c) garantir a unidade nacional;d) salvaguardar a liberdade e a segurança das

populações bem como a protecção dos bens e dopatrimónio Nacional;e) garantir a liberdade de acção dos órgãos desoberania, o regular funcionamento dasinstituições democráticas e possibilitar arealização das tarefas fundamentais do Estadof) contribuir para o desenvolvimento dascapacidades morais e materiais da ComunidadeNacional, de modo a permitir-lhe prevenir oureagir pelos meios adequados a quaisquerameaças ou agressões;g) assegurar a manutenção ou o estabelecimentoda paz em condições que correspondam aosinteresses nacionais.

ARTIGO 4.°°°°Subordinação ao direito internacional

1. O Estado Angolano aplica e respeita osprincípios da Organização das Nações Unidas e daOrganização da Unidade Africana, preconizando asolução pacífica dos conflitos internacionais.

2. As normas de direito internacional pautarãoo Estado na defesa permanente dos interessesnacionais dentro ou fora do território angolano, dazona económica exclusiva ou dos fundos marinhos dazona marítima contígua e ainda o seu espaço aéreo.

3. O Estado Angolano reserva-se o direito aorecurso à guerra em caso de agressão efectiva ouiminente, exercendo o direito de legítima defesa,garantido pela Organização das Nações Unidas,mormente o referido no artigo 51.° da sua Carta.

4. O Estado Angolano não adere a qualquerorganizção militar internacional, nem permite ainstalação de bases militares estrangeiras emterritório nacional.

ARTIGO 5.°°°° Conceito Estratégico de Defesa Nacional

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1. O conceito estratégico de Defesa Nacionalconsiste na definição dos aspectos fundamentais daestratégia global do Estado adoptado para aconsecução dos objectivos da Política de DefesaNacional.

2. O conceito estratégico de defesa nacional éaprovado pelo Conselho de Ministros, sob propostado Ministro da Defesa Nacional ouvido o Conselhode Chefes do Estado Maior.

ARTIGO 6.°°°°Da actividade de Defesa Nacional

A actividade de Defesa Nacional deve ser asseguradapelo Estado e constitui responsabilidade especial dosórgãos de soberania e das Forças Armadas.

ARTIGO 7.°°°°Defesa da Pátria

1. A defesa da Pátria é o direito e dever maisalto e indeclinável de cada cidadão, contribuindopara a Segurança Nacional sob a forma de serviçomilitar armado ou Serviço Cívico.

2. O Serviço Militar é obrigatório, no activo ouna reserva nos termos em que a Lei Geral do ServiçoMilitar o prescreva.

3. Os objectores de consciência prestarãoserviço cívico de acordo ao estipulado na Lei Geraldo Serviço Militar.

4. Em virtude do cumprimento do serviçomilitar os cidadãos não podem ser prejudicados noseu emprego permanente nem nos demais benefíciossociais

CAPÌTULO II

Estrutura da Defesa Nacional

ARTIGO 8.°°°°Enunciado

1. A organização do Estado para a DefesaNacional é estruturada da forma seguinte:

a) órgãos de Dírecção;b) órgãos de Execução;c) órgãos Consultivos;d) órgãos de Comando.2. São órgãos de Direcção:a) Presidente da República;b) Assembleia Nacional;c) Governo;d) 1.° Ministro;e) Ministério da Defesa Nacional;f) Ministro da Defesa Nacional.3. São órgãos executivos:a) Forças Armadas;b) Órgãos militares e militarizados;c) Órgãos e serviços civis dependentes doGoverno.4. São órgãos consultivos:a) Conselho de Defesa Nacional;b) Conselho Superior Milítar;c) Conselho dos Ramos.

5. São órgãos de Comando:Conselho de Chefes de Estado Maior

SECÇÃO I

ÓRGAOS DE DIRECÇÃO

ARTIGO 9.°°°°Presidente da República

1. O Presidente da República é o Chefe deEstado e Comandante-Em-Chefe das Forças ArmadasAngolanas.

O Presidente da República como Chefe deEstado, simboliza a Unidade Nacional e representa aNação no plano Nacional e Internacional.

2. No âmbito da Defesa Nacional e das ForçasArmadas, o Presidente da República tem ascompetências fixadas na Lei Constitucional,designadamente:

a) presidir ao Conselho de Defesa Nacional;b) nomear e exonerar o Chefe de Estado MaiorGeneral das Forças Armadas e seus Adjuntosquando existam, bem como os Chefes do EstadoMaior dos Ramos.c) nomear e exonerar os Oficiais Generais dasForças Armadas Angolanas, ouvido o Conselhode Defesa Nacional.d) conferir condecorações, nos termos da Lei;e) declarar guerra e fazer a Paz, ouvido oGoverno e após a autorização da AssembleiaNacional;f) declarar o Estado de Sítio ou o Estado deEmergêncía, nos termos da Lei.

ARTIGO 10.°°°°Comandante-em-Chefe

1. Nos termos da Lei Constitucional a funçãode Comandante-em-Chefe das Forças Armadas éexercida pelo Presidente da República.

2. Compete ao Comandante-em-Chefe:a) dirigir a Defesa e a Segurança Nacional;b) presidir ao Conselho de Chefes de EstadoMaior sempre que achar necessário;c) aprovar os sistemas de Forças e o dispositivomilitar das Forças Armadas, ouvido o Conselhode Defesa Nacional;d) promover, graduar, desgraduar os OficiaisGenerais, ouvido o Conselho de DefesaNacional.

ARTIGO 11.°°°°Assembleia Nacional

1. A Assembleia Nacional é a assembleiarepresentativa de todos angolanos e exprime avontade soberana do povo angolano, competindo-lheem matéria de Defesa Nacional e das ForçasArmadas o seguinte:

a) legislar sobre a Defesa Nacional e ForçasArmadas, nos termos da alínea g) do artigo 89.°da Lei Constitucional;

b) definir os princípios gerais de DefesaNacional sob proposta do Presidente daRepública

ouvido o Conselho de Defesa Nacional;c) aprovar o Orçamento das Forças Armadas noquadro do Orçamento Geral do Estado;

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d) autorizar o Presidente da República a declararo Estado de Sítio e o Estado de Emergência;e) autorizar o Presidente da República a declarar a guerra e fazer a Paz;f) deliberar a mobilização geral em caso deguerra ou agressão iminente;g) ratificar, aderir e denunciar tratadosinternacionais em matéria da Defesa Nacional;h) outorgar condecorações ou títulos honoríficosaos militares;i) cabe à Assembleia Nacional fixar os efectivosmilitares em tempo de paz.

ARTIGO 12.°°°°Governo

1. Compete ao Governo a definição e conduçãoda política geral de Defesa Nacional.

2. No âmbito da presente Lei, compete ainda aoGoverno:

a) promover a Defesa Nacional;b) analisar o projecto de orçamento das Forças

Armadas;c) propor ao Presidente da República adeclaração da guerra e a feitura da Paz;d) propor a Assembicia Nacional a mobilizaçãogeral ou parcial;e) elaborar projectos de lei e de decretos-leissobre a Defesa Nacional e Forças Armadas paradeliberação da Assembleia Nacional;f) negociar e concluir tratados internacionais eaprovar os tratados que não sejam dacompetência absoluta da Assembicia Nacionalou que a esta não tenham sido submetidos.

ARTIGO 13.°°°°Primeiro Ministro

1. O Primeiro Ministro é responsávelpoliticamente perante o Prsesidente da República, aquem informa directa e regularmente acerca dosassuntos respeitantes à condução da política do país

2. Compete ao Primeiro Ministro:a) coordenar toda a acção do Governo nosassuntos relacionados com a Defesa Nacional;b) participar na qualidade de membro nasreuniões do Conselho de Defesa Nacional;c) informar regularmente ao Presidente daRepública sobre a condução da política deDefesa Nacional.

ARTIGO 14.°°°°Ministério da Defesa

1. O Ministério da Defesa Nacional é o órgãoda Administração Central do Estado ao qual incumbedefinir e conduzir a política de Defesa Nacional, noâmbito das competências que lhe são conferidas pelapresente Lei, bem como assegurar e fiscalizar aadministração das Forças Armadas e dos demaisórgãos, serviços e organismos nele integrantes.

2. As Forças Armadas como instituiçãoinserem-se no Estado através do Ministério da DefesaNacional.

3. A lei fixará a estrutura orgânica doMinistério da Defesa Nacional.

4. Estão sujeitos à tutela administrativa ou afiscalização do Ministérioda Defesa Nacional asinstituições e empresas do sector que a lei ou osestatutos submetem a respectiva jurisdição.

5. Constituem, designadamente, atribuições doMinistro da Defesa Nacional:

a) promover e estimular o esforço global daDefesa Nacional garantindo o equilíbrio entre oscustos da sua componente militar e odesenvolvimento sócio-económico do País;b) promover e estimular o estudo e investigaçãodas questões atinentes à Defesa Nacional;c) definir e dirigir a Política Nacional dearmamento e infra-estruturas;d) fomentar a racionalização dos meios técnicose processos em ordem a facilitar e incrementarnas Forças Armadas o aproveitamento integral eeficaz dos meios materiais e humanosdisponíveis;e) coordenar e orientar as acções relativas asatisfação dos compromissos militares decor-rentes dos acordos de cooperação internacionalsem prejuízo das competências próprias

do Ministério das Relações Exteriores.

ARTIGO 15.°°°°Ministro da Defesa

1. Sem prejuízo das competências do Chefe doGoverno, o Ministro da Defesa Nacional assegura noquadro das directrizes traçadas pelo Governo, acoordenação da actividade interministerial emmatéria de Defesa Nacional.

2. Compete em especial ao Ministro da DefesaNacional:

a) apresentar ao Conselho de Ministros todas as propostas relativas à matéria da competência

deste no domínio da componente militar da Políticade Defesa Nacional;

b) coordenar os planos das actividades própriasda Defesa Nacional bem como os respectivos

orçamentos;c) coordenar a política de armamento eequipamento das Forças Armadas sob propostado Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas;d) orientar e coordenar a investigação e ensinorelativos a Defesa;e) superintender as missões militares noestrangeiro e nomear os Adidos de Defesa;f) coordenar e desenvolver a cooperação militarcom outros Países;g) propor ao Conselho de Defesa Nacional oconceito estratégico de Defesa Nacional;

h) elaborar a definição do sistema de Forçasnecessárias para o cumprimento das missões dasForças Armadas ouvido o Conselho de Chefes deEstado Maior;i) dirigir a actividade dos órgãos e serviços deledependentes.

j) participar no Conselho de Defesa Nacional, epresidir ao Conselho Superior Militar;1) nomear e exonerar os responsáveis peloscargos e organismos dele directamentedependentes cuja designação não estejamatribuídos a outro órgão;

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m) aprovar e fazer publicar os regulamentos einstruções necessárias a boa execução das leis militares que não são da competência de outrosorganismos;n) orientar a elaboração do orçamento doMinistério da Defesa Nacional e fiscalizar a suaexecução;o) autorizar a realização de manobras eexercícios militares.3. Compete ainda ao Ministro da Defesa

Nacional controlar a correcta administração dosmeios humanos, materiais e financeiros postos àdisposição das Forças Armadas, dos órgãos, serviçose organismos dele dependentes bem como.a correctaexecução da legislação aplicável a urna e outras.

ARTIGO 16.°°°°Dependência Administrativa

1. Dependem administrativamente do Ministroda Defesa Nacional:

a) O Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas;b) Os Vice-Ministros da Defesa;c) Os responsáveis dos demais órgãos, serviços eorganismos de carácter militar colocados sob suadependência.2. O Ministro da Defesa Nacional, sempre que

entender necessário, poderá chamar os Chefes dosEstados Maiores dos Ramos para prestarem osesclarecimentos necessários.

ARTIGO 17.°°°°Outros Ministros e Secretários de EstadoTodos os outros Ministros e Secretários de

Estado são responsáveis pela execução da política deDefesa Nacional na parte que deles dependem.

SECÇÃO II

ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO

ARTIGO l8.°°°°Forças Armadas

As Forças Armadas são a componente militar daDefesa Nacional a quem compete a prossecução dosobjectivos previstos no artigo 3.°da presente Lei.

ARTIGO 19.°°°°Constituição e Isenção Política

1. As Forças Armadas Angolanas, comoinstituição do Estado são permanentes, regulares eapartidárias.

2. Os elementos das Forças Armadas nãopodem aproveitar-se da sua arma, do seu posto ou dasua função para qualquer interesse político.

ARTIGO 20.°°°°Obediência aos Órgãos de Soberania

As Forças Armadas Anolanas, sob autoridadesuprema do seu Comandante-em-Chefe, obedecemaos órgãos de soberania nos termos da LeiConstitucional e demais legislação ordinária.

ARTIGO 21°°°°Estrutura

1. A Estrutura das Forças Armadascompreende os órgãos militares de Comando e ostrês Ramos das Forças Armadas.

2. São órgãos Militares de Comando:a) Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas;b) Chefe de Estado Maior dos Ramos das ForçasArmadas;c) Conselho de Chefes de Estado Maior;3. São ramos das Forças Armadas, os

seguintes:a) Exércitob) Força Aérea;c) Marinha de Guerra.4. A lei fixará a organização superior dos

Ramos das Forças Armadas.

ARTIGO 22.°°°°Funcionamento das Forças Armadas

1. O funcionamento das Forças Armadas emtempo de Paz tem em vista a sua permanentepreparação para a defesa militar da Pátria.

2. A actuação das Forças Armadas Angolanasdesenvolve-se no respeito pela Lei Constitucional epelas leis em vigor por forma a fazer corresponder aestes diplomas, as normas e orientações estabelecidasaos seguintes níveis:

a) conceito estratégico militar; b) missões das Forças Armadas;c) sistemas de Forças;d) dispositivo.

ARTIGO 23.°°°°Conceito Estratégico Militar

1. O conceito estratégico de Defesa Nacionalconsiste na definição dos aspectos fundamentais daestratégia militar do País, conducentes aimplementação do conceito estratégico de DefesaNacional.

2. Compete ao Conselho de Chefes de EstadoMaior elaborar o conceito estratégico militar e porintermédio do Ministro da Defesa Nacionalsubmetê-lo à aprovação do Conselho de DefesaNacional.

ARTIGO 24.°°°°Missões das Forças Armadas

1. As missões genéricas das Forças Armadasconsistem em:

a) Assegurar a Defesa Militar da Nação;

b) Garantir a Ordem Constitucional.2. As missões específicas das Forças Armadas

serão definidas por Lei ou pelo Conselho de DefesaNacional mediante proposta do Ministro da DefesaNacional ouvido o Conselho de Chefes de EstadoMaior.

3. As Forças Armadas poderão desempenharoutras missões de interesse geral nos termos da alíneab) n.° 3 do artigo 39.° da presente Lei.

ARTIGO 25.°°°°Sistemas de Forças e Dispositivo

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1. A definição do sistema de Forçasnecessárias ao cumprimento das missões das ForçasArmadas compete ao Conselho de Defesa Nacionalsob proposta do Ministro da Defesa Nacional ouvidoo Conselho de Chefes de Estado Maior.

2. O dispositivo do sistema de forças éaprovado pelo Comandante-em-Chefe sob propostado Ministro da Defesa Nacional ouvido o Conselhode Chefes de Esta Maior.

ARTIGO 26.°°°° Princípio da Exclusividade

1. A componente militar da Defesa Nacional éassegurada em exclusivo pelas Forças Armadas,salvo o disposto no artigo 57.°.

2. As Forças de Segurança colaboram naexecução da política de Defesa Nacional, nos termosda lei.

ARTIGO 27.°°°°Chefe do Estado Maior General das Forças

Armadas 1. O Chefe do Estado Maior General das

Forças Armadas é o Chefe Militar de mais elevadaautoridade na hierarquia das Forças Armadas,Presidente do Conselho de Chefes de Estado Maior,membro do Conselho de Defesa Nacional e oprincipal responsável perante o Presidente daRepública, Ministro da Defesa Nacional pelaexecução das deliberações tomadas em matéria dacomponente militar da Defesa Nacional.

2. O Chefe do Estado Maior General é oprincipal conselheiro militar do Ministro da DefesaNacional.

3. O Chefe de Estado Maior General dasForças Armadas é nomeado e exonerado peloPresidente da República.

4. Em caso de exoneração ou vagatura docargo, o Conselho de Chefes de Estado Maiorsubmeterá ao Ministro da Defesa Nacional porintermédio do Chefe do Estado Maior Interino, umalista de seis nomes que preencham as condiçõeslegais para a nomeação e que o Conselho consideremais adequados para o desempenho do cargo aprover.

5. Da lista referida no número anterior, oMinistro da Defesa Nacional apresentará umaproposta de (3) nomes ao Conselho de DefesaNacional.

6. Por sua vez, o Conselho de DefesaNacional, da lista apresentada, indica um nome aoPresidente da República.

7. Se o Presidente da República discordar donome proposto, o Ministro da Defesa Nacional

solicita ao Conselho de Chefes de Estado Maior aapresentação de uma nova lista, seguindo-se depoisos mesmos trâmites.

8. No exercício das suas competências o Chefede Estado Maior General das Forças Armadas éapoiado por um Estado Maior Coordenador,denominado Estado Maior General das ForçasArmadas cuja orgânica é definida pelo Conselho deDefesa Nacional.

ARTIGO 28.°°°°Competências

1. O Chefe do Estado Maior General dasForças Armadas é o responsável pela preparação,disciplina e emprego das Forças Armadas, bem comopela coordenação dos respectivos Ramos.

2. Em tempo de Paz o Chefe de Estado MaiorGeneral das Forças Armadas, exerce o ComandoOperacional das Forças Armadas através dos Chefesdo Estado Maior dos respectivos Ramos.

3. Em tempo de guerra o Chefe de EstadoMaior General das Forças Armadas sob autoridadedo Presidente da República exerce a conduçãocompleta das Forças Armadas e outras Forçascolocadas sob sua dependência

4. Compete ao Chefe de Estado Maior Generaldas Forças Armadas:

a) participar no Conselho de Defesa Nacional;b) presidir ao Conselho de Chefes de EstadoMaior;c) apresentar ao Conselho de Defesa Nacionaldecisões tomadas pelo Conselho de Chefes deEstado Maior que careçam de homologação;d) apresentar ao Ministro da Defesa Nacional aspropostas sobre matérias relacionadas com asForças Armadas e da competência deste;e) praticar todos os actos respeitantes anomeaçao, transferência, promoção, reforma,aposentação, 'exoneração, demissão oureintegração de pessoal que lhe sejamdirectamente subordinados;f) dirigir a execução da estratégia da Defesamilitarg) planear e dirigir o emprego operacionalconjunto ou combinado do sistema de Forças eexercícios conjuntos;h) orientar e coordenar os sistemas de comando,controlo e comunicações;I) orientar e coordenar nos aspectos comuns dosRamos as actividades relativas ao pessoal,instrução, logística e finanças; j) planear e dirigir as actividades dos organismoscolocados sob sua dependência directa;k) coordenar as actividades de interesse comumàs Forças Armadas;

1) coordenar sob orientação do Ministro daDefesa Nacional a participação dos Ramos nasatisfação dos compromissos militaresdecorrentes de acordos e nas relações comorganismos militares de outros Países;m) propor ao Ministro da Defesa Nacional oestabelecimento das restrições ao exercício dedireito de propriedade, por motivo da DefesaNacional ou segurança militar;

n) orientar e coordenar as actividades decolaboração das Forças Armadas em tarefasrelacionadas com a satisfação das necessidadesbásicas e melhoria da qualidade de vida daspopulações;o) autorizar despesas orçamentadas dos órgãosdele directamente dependentes;p) propor ao Ministro da Defesa Nacional arealização de manobras e exercícios militares;

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q) promover os Oficiais Superiores e os OficiaisSubalternos a Oficiais Superiores;r) orientar e coordenar a preparação e execuçãoda mobilização militar;s) aprovar os critérios gerais relativos ao pessoaldas Forças Armadas bem como a distribuição docontingente destinado ao cumprimento doServiço Militar Obrigatório;t) propor a nomeação e exoneração dos OficiaisGenerais nos cargos.

ARTIGO 29.°°°°Chefe Adjunto do Estado Maior General das

Forças Armadas1. O Chefe Adjunto do Estado Maior General

das Forças Armadas é o colaborador directo doChefe de Estado Maior General das Forças Armadas,em tudo quanto diga respeito a direcção dos Serviçosdo Estado Maior General das Forças Armadas.

2. O Chefe Adjunto do Estado Maior Generaldas Forças Armadas é nomeado e exonerado peloPresidente da República.

ARTIGO 30.°°°°Competências Compete ao

Chefe Adjunto do Estado Maior General

Compete ao Chefe Adjunto do Estado MaiorGeneral:

a) coadjuvar o Chefe de Estado Maior Generaldas Forças Armadas no desempenhodas suasfunções;b) exercer os poderes que lhe forem delegadospelo Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas.

ARTIGO 31.°°°°Chefes do Estado Maior dos Ramos

1 Os Chefes do Estado Maior do Exército,Marinha e Força Aérea, são os Oficiais da maiselevada autoridade na hierarquia dos seus Ramos,membros de pleno direito do Conselho de Chefes doEstado Maior e os principais responsáveis pelaexecução das decisões e deliberações tomadas emmatéria de Defesa Nacional, da incumbência dosrespectivos Ramos.

2. Os Chefes do Estado Maior dos Ramosrespondem perante ao Chefe de Estado MaiorGeneral das Forças Armadas, no âmbito dasrespectivas competências, pela preparação, disciplinae emprego dos meios dos seus Ramos.

3. No exercício das suas competências o Chefedo Estado Maior de cada Ramo é apoiado por um

Estado Maior de Ramo.4. Os Chefes de Estado Maior dos Ramos são

nomeados e exonerados pelo Presidente daRepública, sob proposta do Conselho de DefesaNacional.

5. Em caso de exoneração ou vagatura docargo, o Conselho do Ramo submeterá ao Conselhode Chefes de Estado Maior através do Chefe deEstado Maior do Ramo interino, uma lista de trêsnomes que preencham as condições legais para anomeação e que o Conselho considere os maisadequados para o desempenho do cargo a prover.

6. O Conselho de Chefes do Estado Maioraprovará a lista apresentada ou solicitará a indicaçãode novos nomes e submeterá ao Ministro da DefesaNacional por intermédio do Chefe de Estado MaiorGeneral das Forças Armadas os três nomes queconsidere mais adequados.

7. O Ministro da Defesa Nacional apresentarádois nomes ao Conselho de Defesa Nacional, que sediscordar solicitará a indicação de novos nomes.

8. O nome aprovado pelo Conselho de DefesaNacional será proposto ao Presidente da República.

9. Se o Presidente da República discordar donome proposto o Ministro da Defesa Nacional poderápropor um dos outros dois nomes ou solicitar atravésdo Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas a indicação de mais um nome ou aapresentação de nova lista, seguindo-se depois osmesmos trâmites.

ARTIGO 32.°°°°Competências

1. Compete ao Chefe de Estado Maior de cadaRamo:

a) dirigir, coordenar e administrar o respectivoRamo;b) apresentar para aprovação do Chefe de EstadoMaior General das Forças Armadas, os projectosde proposta de orçamento do respectivo ramo edirigir a correspondente execução;c) definir a doutrina de emprego e a organização,apetrechamento e instrução do seu Ramod) elaborar os programas gerais de orçamento eequipamento do respectivo ramo e submetê-lo aoChefe de Estado Maior General das ForçasArmadas;c) elaborar as bases gerais de administração dopessoal do Ramo e submetê-lo ao Chefe deEstado Maior;d) decidir e assinar as promoções do respectivoRamo, até a patente de capitão ou equivalentenos termos da lei;

g) nomear, exonerar, graduar, desgraduar osOficiais das funções do respectivo Ramo, semprejuízo da competência conferida a outrasentidades militares;h) apresentar ao Chefe de Estado Maior Gemeraldas Forças Armadas as necessidades dosrespectivos Ramos em pessoal;I) propor ao Chefe de Estado Maior General daForças Armadas os planos e normas dasoperações de recrutamento, bem como damobilização militar;

j) adoptar medidas de carácter social relativas àsremunerações dos militares, coordenando-as comas adaptadas pelos outros Ramos através doChefe de Estado Maior General das ForçasArmadas;k) apresentar ao Chefe de Estado Maior Generaldas Forças Armadas as necessidades dorespectivo Ramo, no respeitante ao apoio dosServiços conjuntos;1) administrar a justiça e a disciplina norespectivo Ramo nos termos da lei;

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m) definir as necessidades dos respectivosRamos em infra-estruturas militares,n) autorizar as despesas orçamentadas dosrespectivos Ramos;o) solicitar a autorização do Chefe de EstadoMaior General das Forças Armadas para realizarmanobras e exercícios militares dos respectivosRamos e dirigí-las

ARTIGO 33.°°°°Mandatos

1. O Chefe de Estado Maior General dasForças Armadas e os Chefes de Estado Maior dosRamos, são nomeados por um período de quatro anosprorrogáveis pelo mesmo período, sem prejuízo dafaculdade de exoneração por limite de idade,incapacidade física permanente ou violaçãocomprovada das leis e regulamentos militares.

2. Após a constituição das Forças ArmadasAngola quanto ao primeiro mandato vigorará odisposto no no.° 2 do artigo 10.° da Lei de RevisãoConstitucional.

ARTIGO 34.°°°°Substituição do Chefe do Estado Maior General

das Forças ArmadasEm caso de ausência ou impedimento, o chefe de

Estado Maior General será substituído pelo ChefeAdjunto do Estado Maior General das ForçasArmadas ou, na ausência deste, pelo mais antigo deentre os Chefes de Estado Maior dos Ramos.

ARTIGO 35.°°°°Forças de Segurança e de Defesa Nacional1. Para efeitos do no.° 3 do artigo 57.°

consideram-se Forças de Segurança todos oselementos militarizados organizados na PolíciaNacional.

2. A Defesa Civil é uma organização devoluntários civis destinada a auxiliar em tempo deguerra o esforço de Defesa Nacional levado a cabopelas Forças Armadas.

3. Em tempo de guerra, as Forças deSegurança e de Defesa Civil integram a estratégiamilitar da Defesa Nacional sob dependência directado Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas, nos termos do artigo 57.° desta Lei.

4. As Forças referidas no no.° 1 desenvolverãoem tempo de Paz planos de acções relevantes quelhes permitam fazer face a eventualidade da guerra.

ARTIGO 36.°°°°Órgãos e Serviços Civis

1. Cada Ministro e Secretário de Estadoatribuirá a um serviço do seu Ministério ou Secretariaas responsabilidades pelo desenvolvimento ouacompanhamento das deliberações políticas ouestratégicas de relevo específico para a DefesaNacional no âmbito do respectivo sector.

2. O serviço referido no número anterior seráresponsável pela direcção técnica dos planos deemergência ou de mobilização que digam respeito aorespectivo sector.

3. No Ministério da Defesa Nacional existirãoa todo o momento informações sobre os planosexistentes de emergência e de mobilização para oEstado de Sítio, de Emergência e para a situação deguerra.

SECÇÃO III

ÓRGÃOS CONSULTIVOS

ARTIGO 37.°°°°Conselho de Defesa Nacional

O Conselho de Defesa Nacional é o ÓrgãoConsultivo para os assuntos relativos a DefesaNacional e a organização, funcionamento e disciplinadas Forças Armadas dispondo da competênciaadministrativa fixada na presente Lei.

ARTIGO 38.°°°°Composição do Conselho de Defesa Nacional

1. O Conselho de Defesa Nacional é presididopelo Presidente da República e tem a seguintecomposição:

a) Primeiro Ministro;b) Ministro da Defesa Nacional;c) Ministro do Interior;d) Ministro das Relações Exteriores;e) Ministro das Finanças;f) Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas.2. Poderão participar no Conselho de Defesa

Nacional outras entidades, sempre que para o efeitosejam conconvocadas pelo Presidente da República.

ARTIGO 39.°°°°Competência do Conselho de Defesa Nacional

1. Compete ao Conselho de Defesa Nacionalpronunciar-se sobre todas as questões relevantes emmatéria de Defesa Nacional e Forças Armadas, quelhe sejam submetidas pelo Presidente da República,Ministro da Defesa Nacional e Chefe de EstadoMaior General das Forças Armadas no âmbito dasrespectivas competências.

2. Compete ainda ao Conselho de DefesaNacional emitir pareceres sobre os seguintesassuntos:

a) estruturação da Defesa Nacional;b) princípios Gerais da Defesa Nacional;c) plano geral de armamento e equipamento;d) legislação relativa à organização da Defesa

Nacional, bases gerais de organização,funcionamento e disciplina das Forças Armadas,condições de emprego destas no Estado de sítioou no Estado de Emergência;e) organização da protecção civil, da assistênciaàs populações, protecção dos bens públicos eparticulares em caso de guerra;f) aprovação de convenções internacionais decarácter militar;g) declaração da guerra e feitura da paz.3. No âmbito das suas funções administrativas

compete ao Conselho de Defesa Nacional:a) aprovar o conceito estratégico militar,definir as missões específicas das Forças

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Armadas e o sistema de forças necessáriasao seu cumprimento;b) definir os termos em que as ForçasArmadas podem desempenhar outrasmissões de interesse geral;c) orientar a execução da mobilização geralou parcial, deliberada pela AssembleiaNacional;

d) propor ao Presidente da República anomeação e exoneração, promoção, graduação edesgraduação dos Oficiais Generais das ForçasArmadas, sob iniciativa do Conselho de Chefesde Estado Maior.

ARTIGO 40.°°°°Conselho Superior Militar

1. O Conselho Superior Militar é o principalórgão Consultivo Militar do Ministro da DefesaNacional.

2. O Conselho Superior Militar é presididopelo Ministro da Defesa Nacional e tem a seguintecomposição:

a) Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas;b) Vice-Ministros da Defesa;c) Chefes do Estado Maior dos Ramos.3. O Ministro da Defesa Nacional pode, por

iniciativa própria, ou a pedido de qualquer um dosmembros do Conselho, convidar quaisquer entidadesa participar nas reuniões do Conselho em que sejamtratados assuntos da sua especialidade.

4. O Conselho Superior Militar reúneordinariamente uma vez por mês eextraordinariamente sempre que para tal forconvocado pelo Ministro da Defesa Nacional.

ARTIGO 41.°°°°Competências do Conselho Superior MilitarCompete ao Conselho Superior Militar dar

pareceres sobre os assuntos seguintes:a) matérias da competência do Conselho deMinistros, relacionadas com a Defesa Nacionalou com as Forças Armadas;b) matérias da competência do Conselho deDefesa Nacional;c) matérias da competência do Ministro daDefesa Nacional;d) outras matérias que lhe forem superiormente

submetidas.

ARTIGO 42.°°°°Conselho dos Ramos

1. Em cada um dos Ramos das ForçasArmadas existe um Conselho do Ramo, presididopelo respectivo Chefe do Estado Maior.

2. Poderá haver ainda Conselho de Armas ede especialidades dos Ramos.

3. A composição, competência e modo defuncionamento dos Conselhos serão fixados na leiorgânica de cada Ramo.

SECÇÃO IV

ÓRGÃOS DE COMANDO

ARTIGO 43.°°°°Conselho de Chefes de Estado Maior

O Conselho de Chefes de Estado Maior é oórgão de comando a quem compete a análise dasgrandes questões das Forças Armadas, no âmbito dacomponente militar da Defesa Nacional e da sualigação às componentes dependentes do Governo.

ARTIGO 44.°°°°Composição

1. O Conselho de Chefes de Estado Maior épresidido pelo Chefe de Estado Maior General e écomposto pelos Chefe Adjunto de Estado MaiorGeneral e Chefes de Estado Maior dos Ramos dasForças Armadas.

2. O Presidente da República na qualidade deComandante-Em-Chefe pode quando entenderneccssário presidir o Conselho de Chefes de EstadoMaior.

3. Quando o Presidente da República presidir areunião do Conselho de Chefes de Estado Maior, oPrimeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacionalpoderão ser convidados a participar.

4. Em matéria da sua competência o Ministroda Defesa Nacional pode ouvir o Conselho de Chefesde Estado Maior quando considere conveniente

5. O Presidente do Conselho de Chefes deEstado Maior pode convidar outras entidadesMilitares ou civis a participar nas reuniões.

ARTIGO 45.°°°°Atribuições

1. O Conselho de Chefes de Estado Maiorpronuncia-se sobre todas as questões que lhe foremsubmetidas pelo Presidente da República, Ministroda. Defesa Nacional, Chefe de Estado Maior Generaldas Forças Armadas e Chefe do Estado Maior dosRamos, no âmbito das suas respectivas competências.

2. Compete ao Conselho de Chefes de EstadoMaior:

a) propor ao Conselho de Defesa Nacional porintermédio do Ministro da Defesa Nacional oconceito estratégico da Defesa Nacional;b) elaborar o conceito estratégico militar porintermédio do Ministro da Defesa Nacional e

submetê-lo a aprovação do Conselho de DefesaNacional;c) propor ao Conselho de Defesa Nacional porintermédio do Ministro da Defesa Nacional adefinição do sistema de Forças;d) propor ao Comandante-Em-Chefe porintermédio doMinistro da Defesa Nacional osplanos estratégicos militares;e) propor ao Comandante-Em-Chefe porintermédio do Ministro da Defesa Nacional odispositivo das Forças Armadas;f) propor ao Ministro da Defesa Nacional osPlanos orçamentais das Forças Armadas;g) apreciar o estado de preparação combativa emoral das Forças Armadas;

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h) definir as necessidades de recrutamento;i) dirigir as operações de recrutamento;j) definir a política de uniformização do materiale equipamento das Forças Armadas;k) propor ao Conselho de Defesa Nacional, por intermédio do Ministro da Defesa Nacional, a promoção, graduação, desgraduação, anomeação e exoneração de Oficiais Generais.l) pronunciar-se sobre a nomeação dos Oficiaispara os altos cargos das Forças Armadas sobproposta dos respectivos Ramos.

CAPÍTULO III

Participação na Defesa Nacional

ARTIGO 46.°°°°Da convocação

Os Cidadãos nacionais estão sujeitos aobrigações militares e serão convocados para asForças Armadasna medida em que as necessidades o exijam, nostermos da Lei Geral do Serviço Militar.

ARTIGO 47.°°°°Regime geral de mobilização e requisição1. Em caso de guerra ou de agressão iminente,

a Assembleia Nacional delibera a mobilizaçãomediante proposta do Conselho de Defesa Nacional.

2. Da mobilização resulta:a) a requisição de todos os recursos humanos emateriais indispensáveis a defesa;b) a convocação de pessoas com obrigaçõesmilitares na medida em que as circunstânciasexijam;c) o desencadeamento de medidas de defesamilitar e de âmbito não militar;d) a sujeição das pessoas mobilizadas aoRegulamento de Disciplina Militar nos termosfixados.3. A mobilização pode ser geral ou parcial,

podendo esta ser temporária, regional ou sectorial,conforme seja escalonada no tempo, por zonas doterritório nacional, por sectores de actividade.

4. Lei especial fixará os cargos públicos cujostitulares são dispensados das obrigações damobilização enquanto exercício das suas funções.

ARTIGO 48.°°°°Natureza da mobilização

Consoante os recursos fiquem na dependênciadas Forças Armadas ou das autoridades civis, amobilização será militar ou civil.

ARTIGO 49.°°°°Actualização de cadastros

1. As estruturas Governamentais, Serviços eOrganismos dele dependentes, os órgãos locais doEstado, as Empresas Públicas e Privadas, instituiçõesconsideradas de interesse colectivo deverãoactualizar os cadastros do seu pessoal, material einfra-estruturas para efeitos de eventualmobilização de acordo com a Lei.

2. Compete ao Ministro da Defesa Nacionalcoordenar os planos de mobilização de acordo comas prioridades que forem definidas.

3. Todos os bens móveis e imóveis podem serrequisitados mediante justa indemnização.

CAPITULO IV

Situação de guerra

ARTIGO 50.°°°°Definição

A situação de guerra decorre desde a declaraçãode guerra pelo Presidente da República, mediante aautorização da Assembleia Nacional até a feitura daPaz.

ARTIGO 51.°°°°Dever de resistência activa e passiva

1. É dever geral dos cidadãos e das ForçasArmada a passagem a resistência por todos os meiospossíveis nas áreas do Território Nacional ocupadaspelo inimigo.

2. É dever de todos titulares dos órgãos desoberania impedidos-de funcionar livremente, agir nosentido de os reconstituir e criar condições quepermitam orientar a resistência visando restabelecer aIndependência e a soberania.

ARTIGO 52. °°°°Organização em tempo de guerra

1. A organização do País para a situação deguerra deve assentar nos seguintes princípios:

a) empenho total na prossecução das finalidadesda guerra e ajustamento da economia nacional aoesforço da guerra;b) mobilização e requisição dos recursosnecessários à Defesa Nacional;c) prioridade na satisfação das necessidadesdecorrentes de predomínio da componentemilitar.

ARTIGO 53.°°°°Competência para a direcção e condução da

guerra1. A Direcção Superior da guerra compete ao

Presidente da República.2. A condução militar de guerra compete ao

Chefe do Estado Maior General das Forças Armadascoadjuvado pelos Chefes do Estado Maior dosRamos.

3. Em situação de guerra o Conselho de DefesaNacional passa a funcionar em sessão permanenteassistindo o Presidente da República em tudo o quediz respeito a. condução superior da guerra.

ARTIGO 54.°°°°Competência do Conselho de Defesa Nacional em

situação de guerra1. Compete em especial ao Conselho de

Defesa Nacional:a) aprovar os planos de guerra;b) definir e aprovar os teatros e zonas de

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operações;c) propor ao Presidente da República anomeação e exoneração dos Comandantes poriniciativa do Chefe de Estado Maior General dasForças Armadas;d) aprovar os planos das orientações gerais dasoperações militares;e) aprovar as cartas de comando destinadas aosComandantes;f) estudar e propor medidas adequadas asatisfação das necessidades das Forças Armadase da vida colectiva.2. As cartas de comando serão aprovadas pelo

Presidente da República e assinadas pelo Chefe deEstado Maior General das Forças Armadas.

ARTIGO 55.°°°°Participaçãp no Conselho de Defesa Nacional

em situação de guerraEm situação de guerra, a participação no

Conselho de Defesa Nacional poderá ser alargada aoutras entidades a indicar pelo Presidente daRepública.

ARTIGO 56.°°°°O Governo

O Governo através do Primeiro-Ministromanterá o Conselho de Defesa Nacionalpermanentemente informado sobre todos os bensafectos Defesa Nacional.

ARTIGO 57.°°°°As Forças Armadas

1. Em situação de guerra as Forças Armadasadquirem o papel predominante na Defesa Nacional eo País empenha todos os recursos necessários noapoio às acções militares.

2. Declarada a guerra o Chefe de Estado MaiorGeneral das Forças Armadas assume a conduçãointegral das Forças Armadas, das Forças deSegurança e da Defesa Civil, tendo como adjuntos osChefes do Estado Maior dos Ramos, o ComandanteGeral da Polícia Nacional e o Comandante Geral daOrganização da Defesa Civil.

3. Durante a guerra, as Forças do Ministério doInterior e as da organização nacional da Defesa Civilficarão colocadas, para efeitos operacionais, sob oComando do Chefe de Estado Maior General dasForças Armadas, por intermédio dos respectivosComandantes Gerais.

4. Os Adjuntos referidos no n.° 2 respondemperante o Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas pela execução das directivas superiores egarantem a actuação das respectivas Forças.

5. O Conselho de Chefes de Estado Maiorassiste em permanência o Chefe do Estado Maior dasForças Armadas na condução das operações militarese pronuncia-se sobre as propostas de nomeação dosComandantes dos Teatros de Operações militares.

6. Compete ao Chefe de Estado Maior Generaldas Forças Armadas apresentar ao Conselho deDefesa Nacional a definição dos teatros e zonas deoperações militares, bem como as propostas das suascartas de Comando.

ARTIGO 58.°°°°Prejuízos e Indemnizações

1. O Estado não se obriga a indemnizar osprejuízos resultantes directa ou indirectamentedas acções de guerra.

2. Os prejuízos resultantes da guerra são daresponsabilidade do agressor e em consequência seráreivindicada a respectiva indemnização nos acordosde paz.

CAPÍTULO V

Disposições finais e transitórias

ARTIGO 59.°°°°Serviço de Informações militares

1. Os Serviços de Informações Militares dasForças Armadas ocupar-se-ão exclusivamente deinformações militares no âmbito das missões que lhessão atribuidas por Lei.

2. A coordenação dos serviços de informaçõesmilitares existentes no âmbito das Forças Armadas,compete ao Conselho de Chefes do Estado Maior.

3. A fiscalização dos serviços de informaçãomilitar compete ao Chefe de Estado Maior Generaldas Forças Armadas e Chefes do Estado Maior dosRamos.

ARTIGO 60.°°°°Emprego das Forças Armadas em Estado de Sítio

e Estado de EmergênciaLei própria regula o emprego das Forças

Armadas no Estado de Sítio e Estado de Emergência.

ARTIGO 61.°°°°Organização Nacional de Defesa Civil

1. A Organização Nacional de Defesa Civil éestruturada com o fim de garantir a protecção edefesa de objectivos de grande interesse Nacional,tais como empresas, fábricas, edifícios públicos,

monumentos, barragens hidro-eléctricas, pontes,estradas, transportes e outros meios de comunicaçãoe populações contra possíveis investidas dosinimigos bem como para apoiarlocalmente os regimes decretados de Estado de Sitioou de Emergência.

2. A Organização Nacional de Defesa Civil,que se rege por lei própria, íntegra a estruturaorgânica do Ministério da Defesa Defesa Nacional.

ARTIGO 62.°°°°Armamento do Ministério do Interior

O tipo e características do armamento para oMinistério do Interior serão definidos pelos Ministrosda Defesa e do Interior.

ARTIGO 63.°°°°Nomeações e promoções

1. As nomeações e promoções até ao posto de

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capitão ou equivalente são da competência do Chefedo Estado Maior do Ramo respectivo.

2. As nomeações e promoções a OficialSuperior e de Oficial Superior são da competênciado Chefe de Estado Maior General das ForçasArmadas, sob proposta do Chefe do Estado Maior doRamo respectivo.

3. As nomeações e promoções a OficialGeneral e de Oficiais Generais ou equivalente são dacompetência do Presidente da República, sobproposta do Conselho de Defesa Nacional poriniciativa do Conselho de Chefes de Estado Maior.

4. Dos actos definitivos executórios quedecidam da não promoção de um militar a qualquerposto cabe sempre recurso para o Tribunalcompetente, tendo o recorrente direito a consulta doprocesso individual e a requisiça de certidões.

ARTIGO 64.°°°°Condição Militar

1. Compete a Assembleia Nacional definir asbases gerais do Estatuto geral dos Militares e dosprincípios das respectivas carreiras.

2. Compete ao Conselho de Defesa Nacionalpromover legislação referente aos Oficiais, Sargentose Praças do quadro permanente, dentro do quadrodefinido pelo Estatuto Geral dos Militares.

ARTIGO 65.°°°°Exercícios de Direitos Civis e Políticos

1. Os militares gozam de todos direitos,liberdades e garantias dos restantes cidadãos, salvo odisposto nos números abaixo referidos.

2. O exercício dos direitos de expressão,reunião, manifestação, associação, petição colectiva ecapacidade eleitoral passiva dos militares no quadropermanente a agentes militarizados, será objecto dasrestrições seguintes:

a) fazer declarações públicas de carácter políticoou quaisquer outras que ponham em risco a coesão e disciplina das Forças Armadas oudesrespeitam o dever de isenção política o

apartidarismo dos seus elementos;b) fazer declarações públicas, sem autorizaçãosuperior, que abordem assuntos respeitantes as Forças Armadas, excepto se tratar de artigos denatureza exclusivamente técnica, inserida empublicações das Forças Armadas;c) convocar ou participar em qualquer reunião decarácter político ou sindical, excepto quandotrajarem a civil e sem usar da palavra nem fazerparte da mesa ou exercer qualquer outra função;d) convocar ou participar em qualquermanifestação de carácter político partidário ousindical;e) ser filiado em associações de natureza políticapartidária ou sindical, nem participar em quaisquer actividades profissionais com competênciadeontológica e no âmbito exclusivo destascompetências.f) promover ou apresentar petições colectivasdirigidas aos órgãos de soberania ou aosrespectivos superiores hierárquicos sobre assuntosde carácter político ou respeitantes às ForçasArmadas;g) ser eleito para Presidente da República,Assembleia Nacional e outros órgãos do poderlocal.3. O disposto nas alíneas c), d) e e) deste artigo

não é aplicável à participação em cerimónias oficiaisnem em conferências ou debates promovidos porInstitutos ou Associações sem natureza de PartidoPolítico.

4. Não pode ser recusado em tempo de Paz, opedido de reserva irreversível, apresentado com o fimde possibilitar a candidatura a eleições para qualquerdos casos referidos na alínea g).

5. Não são aplicáveis aos militares e aos agentesmilitarizados as normas constitucionais referentes aosdireitos dos trabalhadores.

6. Os cidadãos que se encontram a prestarserviço militar obrigatório, ficam sujeitos ao dever deisenção política, partidária e sindical.

ARTIGO 66.°°°°Justiça e disciplina

As exigências específicas da legislação aplicávelàs Forças Armadas em matéria de justiça e dedisciplina, serão regulados respectivamente peloCódigo de Justiça Militar e pelo regulamento dedisciplina militar.

ARTIGO 67.°°°°Regulamentação

A presente Lei será regulamentada por decretono prazo de 90 dias contados a partir da data da suapublicação.

ARTIGO 68.°°°°Dúvidas

As dúvidas suscitadas na aplicação da presente

Lei serão esclarecidas por decreto do Presidente daRepública.

ARTIGO 69.°°°°Revogação

É revogada toda a legislação que contrarie odisposto na presente Lei.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional.Publique-se.Luanda, aos 26 Março de 1993

O Presidente da Assembleia Nacional, FernandoJosé de França Dias Van-Dúnem

O Presidente da República, José Eduardo dosSantos