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LUÍS CARLOS DE LIMA LEI INTRONIZAÇÃO DE VALORES ORGANIZACIONAIS: estudo de caso do CIAAR Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Eng. Márcio José Borges Rio de Janeiro 2013

LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

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Page 1: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

LUÍS CARLOS DE LIMA LEI

INTRONIZAÇÃO DE VALORES ORGANIZACIONAIS:

estudo de caso do CIAAR

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Eng. Márcio José Borges

Rio de Janeiro 2013

Page 2: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

C2013 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Lei, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais: estudo de caso do CIAAR /

Cel Av Luís Carlos de Lima Lei. - Rio de Janeiro : ESG, 2013.

63 f.: il.

Orientador: Engenheiro Márcio José Borges Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2013.

1. Análise do comportamento. 2. Comando da Aeronáutica. 3.

Formação de recursos humanos. I.Intronização de Valores Organizacionais.

Page 3: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

A minha família que sempre me apoiou

em todos meus sonhos, sendo a

motivação para estes, e esteve presente

nos momentos bons e ainda mais nos

demais de minha vida.

Page 4: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

AGRADECIMENTOS

Aos meus professores, atuais e anteriores, que plantaram e regaram a

necessidade de saber um pouco mais sobre tudo que se descortina em nossas

vidas.

Aos estagiários da Turma “Força Brasil!”, do CAEPE 2013, pelo convívio

harmonioso de todas as horas e pela amizade constante.

Ao Corpo Permanente da ESG pelos ensinamentos e orientações que me

fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a

responsabilidade de todo cidadão que ama esta pátria.

As demais pessoas, próximas ou distantes que propositadamente ou não

colaboraram e me instigaram quanto à curiosidade científica.

Page 5: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

Somente a curiosidade não envelhece conosco e fica sempre criança.

Emanuel Wertheimer

Page 6: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

RESUMO

A adaptação de profissionais já formados pela Academia a funções que

necessitem conjuntamente do conhecimento disponibilizado por este tipo de órgão

de ensino e de novas características adequadas a suas características particulares é

um desafio sempre presente, que é potencializado pelo fato da instituição destino

ser uma força armada, com características distintas das demais instituições. Estas

características diferenciadas geram uma cultura institucional a qual se pretende

adaptar o profissional com formação acadêmica e psicológica completa.

Restringindo o foco do estudo a um curso de uma escola militar, se estuda

como é realizada a aprendizagem dos valores organizacionais e a adaptação ao

serviço, tendo-se com fundo os ditames da análise comportamental, visto que nesta

escola se trabalham mais os valores do campo afetivo e psicomotor que o cognitivo,

em comparação com sistema de ensino tradicional.

Avalia-se e confronta-se a cultura organizacional com as perspectivas dos

discentes acerca do curso e da instituição onde realização a atuação profissional.

É estudada, à luz da análise comportamental, como se procede ao processo

de aprendizagem e como se pode trabalhar este processo para potencializar os

resultados.

Percebe-se que o processo de formação é bem estruturado, planejado,

conduzido e realizado, com resultados adequados à necessidade da instituição,

todavia com potencial de melhoria com a utilização dos conceitos da análise do

comportamento.

Propõem-se ações concretas para adequar a atual adaptação de novos

profissionais para o Comando da Aeronáutica aos ditames básicos da utilização

desta ciência, a análise do comportamento.

Palavras chave: Análise do comportamento. Comando da Aeronáutica.

Comportamento organizacional. Cultura organizacional. Formação de recursos

humanos.

Page 7: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

ABSTRACT

The professional’s adaptation of person already formed by the Academy to

functions that requires jointly knowledge offered by this type of teaching organ and

new characteristics appropriate to its particular characteristics is an ever-present

challenge, which is busted by the fact that the destiny’s institution be an armed force

with distinct characteristics of other institutions. These distinctive characteristics

create an institutional culture which is intended to adapt the professional academic

and psychological completed.

Restricting the focus of this study to a school and a course, study how

accomplished organizational values is learned and the service adapting done, having

to fund the dictates of behavioral analysis , because in this school it works more

affective values that psychomotor or cognitive ones, compared to traditional

education system.

Evaluates and confronted the organizational culture with the students

perspectives about the course and the institution where professional performance will

be done.

It is studied, thinking about behavioral analysis, how is realized the learning

process and how do this process can work to improve the final result.

It can be seen that the adaptation process is well structured, planned,

conducted and performed , with results suitable to the needs of the institution , but

with potential for improvement by the use of the concepts of behavior analysis.

We propose concrete actions to improve the current adaptation of new

professionals to the Air Force Command to the definitions of this basic science,

behavior analysis.

Keywords: Air Force Command. Behavior analysis. Human resources training.

Organizational behavior. Organizational culture.

Page 8: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Representação do Condicionamento Pavloviano.......................... 18

FIGURA 2 Condicionamento de uma Resposta de Medo............................... 19

FIGURA 3 Contracondicionamento.................................................................. 20

FIGURA 4 Comportamento Respondente / Comportamento Operante.......... 22

FIGURA 5 Espiral Evolutiva da Conversão do Conhecimento........................ 25

FIGURA 6 Considerações sobre o Conhecimento da Rotina da Vida Militar Antes de Ingressar no Comando da Aeronáutica..........................

35

FIGURA 7 Impressões sobre a Rigidez da Instituição Militar Anteriores ao Início do EAOT...............................................................................

35

FIGURA 8 Considerações sobre a Aceitação de Idéias Individuais na Evolução e Modificação de Processos e Atividades Antes do Início do EAOT...............................................................................

36

FIGURA 9 Considerações sobre a Possibilidade da Instituição Militar Procurar Influenciar a Mudança do Comportamento e da Atitude de seus Membros Antes do Início do EAOT..................................

37

FIGURA 10 Considerações sobre o Modo como a Instituição Militar Influenciaria a Mudança de Comportamento e Atitude de seus Membros Antes do EAOT...............................................................

37

Page 9: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CA Corpo de Alunos

CIAAR Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica

COMAer Comando da Aeronáutica

EAOT Estágio de Adaptação de Oficiais Temporários

FAB Força Aérea Brasileira

PTL Programa de Treinamento de Liderança

TMA Treinamento Militar Avançado

TMB Treinamento Militar Básico

TML Treinamento Militar de Liderança

Page 10: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 11

2 METODOLOGIA............................................................................................. 13

3 CULTURA ORGANIZACIONAL.................................................................... 15

4 PROCESSO DE APRENDIZAGEM............................................................... 17

5 PROGRAMA DE TREINAMENTO DE LIDERANÇA – PTL......................... 26

5.1 TREINAMENTO MILITAR BÁSICO – TMB (PERÍODO DE ADAPTAÇÃO).. 26

5.2 TREINAMENTO MILITAR AVANÇADO – TMA............................................. 27

5.3 TREINAMENTO MILITAR DE LIDERANÇA – TML....................................... 28

5.4 PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS NO TREINAMENTO ATUAL....... 28

6 PERFIL DOS ALUNOS................................................................................. 32

7 PESQUISA COM DISCENTES...................................................................... 34

8 PESQUISA COM CHEFES DOS EX-DISCENTES....................................... 39

9 ATIVIDADES PROPOSTAS.......................................................................... 42

9.1 TREINAMENTO DOS DOSCENTES............................................................. 42

9.2 MELHORIA DO PROCESSO DE TREINAMENTO....................................... 43

9.3 AUMENTO DO PERÍODO DE DESCANSO.................................................. 47

9.4 REVISÃO DO MANUAL DO ALUNO............................................................. 48

9.5 REVISÃO DO SISTEMA DE PUNIÇÃO......................................................... 49

9.6 TREINAMENTO DE LIDERANÇA................................................................. 52

9.7 ACIONAMENTO INTELECTUAL................................................................... 52

9.8 UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO............. 53

9.9 SEMANA DA LIDERANÇA............................................................................ 55

10 CONCLUSÃO................................................................................................. 57

REFERÊNCIAS.............................................................................................. 60

APÊNDICE A – PESQUISA COM DISCENTES............................................ 62

APÊNDICE B – FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA DINÂMICA DE OLHOS FECHADOS......................................................................................

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Page 11: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

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1 INTRODUÇÃO

O Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica - CIAAR é a escola de

formação da maioria dos oficiais do Comando da Aeronáutica, sendo responsável

pela adaptação ao serviço de cerca de 70% dos novos oficiais introduzidos no

serviço anualmente, descontando-se os oficiais temporários convocados pela Lei do

Serviço Militar (Lei n° 4.375, de 17 de agosto de 1964).

Deve-se considerar que uma força militar possui características bastante

distintas de uma empresa tradicional. Provavelmente a mais destacada é, em

determinadas situações e respeitando determinadas regras, realizar a aplicação do

componente militar do poder nacional para resolver demandas não sanadas pelas

demais manifestações deste poder.

Os novos oficiais já entram no Comando da Aeronáutica com a formação

técnica das suas especialidades (profissionais com a formação em terceiro grau e

muitas vezes especialização), contudo tem que realizar a adaptação à vida militar e

consequentemente a função a ser desempenhada como oficial.

Estes recursos humanos adentram para as fileiras da Força Aérea Brasileira –

FAB com seus valores sociais (honestidade, patriotismo, companheirismo, etc.) já

consolidados, ou com estabilidade relativa, pois já são adultos e possuem fatores

importantes da formação de sua personalidade completa. Deve-se considerar que as

escolas de formação militar tradicionais trabalham com alunos com faixa etária

reduzida, com entrada nos cursos de formação anterior aos 19 anos (pela definição

anglo-saxônica de “teen” ainda no final da adolescência). Contudo os alunos

recebidos no CIAAR já ultrapassaram esta fase de orientações para valores e há

uma lacuna nos estudos de capacidade de transmissão de conceitos para estes

profissionais militares.

Esta instituição de ensino, decorrente de sua característica de objetivo e

público, trabalha muito mais os campos afetivo e psicomotor de ensino que o

cognitivo, comparando-se com as organizações educacionais tradicionais.

Decorre deste fato o cerne de nosso problema: como os valores da cultura

organizacional são transmitidos e intronizados pelos alunos dos cursos de

adaptação de oficiais do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica com

relação aos princípios da análise comportamental, considerando a cultura

organizacional do Comando da Aeronáutica.

Page 12: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

12

Procura-se analisar a formação militar dos oficiais adaptados pelo Centro de

Instrução e Adaptação da Aeronáutica, considerando a formação profissional de

cada um, bem como o perfil social de origem de cada grupo de alunos, com as

seguintes preocupações: quais os processos envolvidos na captação de

conhecimentos pelos alunos do CIAAR; qual a metodologia aplicada aos alunos na

adaptação a vida militar; qual o perfil dos grupos formados pela instituição e se este

perfil influencia no resultado final e como estes profissionais são percebidos pelas

chefias, após a formação e no exercício de suas tarefas profissionais?

Para resolver esta problemática se analisa o processo ensino-aprendizagem

de valores sociais, baseado nos princípios da análise do comportamento. Pondera-

se como a cultura organizacional do Comando da Aeronáutica participa deste

processo de ensino-aprendizagem. Sopesa-se com relação ao Programa de

Treinamento de Liderança aplicado aos alunos dos cursos do Centro de Instrução e

Adaptação da Aeronáutica. Verificam-se as contribuições que a análise do

comportamento, confrontada com a cultura organizacional do Comando da

Aeronáutica, pode provocar na melhoria do processo de formação profissional dos

alunos do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica.

A história de cada pessoa é importante para conhecermos qual a resposta

esperada para um estímulo durante este treinamento. Naturalmente é muito difícil

em um grupo heterogêneo termos um trabalho totalmente individualizado, mas este

aspecto pode ser minimizado conhecendo os traços comuns deste grupo (idade,

condição social, grau de instrução, etc.) que podem ser elencados e o trabalho ser

realizado sob este aspecto.

Tendo em vista a personalidade já formada dos seus alunos, bem como a

história de cada grupo, busca-se verificar se na instituição CIAAR é alcançado

adequadamente:

Transmitir os valores militares e sociais a estes profissionais em fase de ingresso,

procurando verificar quais os processos envolvidos na captação de conhecimentos

pelos alunos do CIAAR;

Qual a metodologia aplicada aos alunos na adaptação à vida militar;

Qual o perfil dos grupos formados pela instituição e se este perfil influencia no

resultado final; e

Como estes profissionais são percebidos pelas chefias, após a formação e no

exercício de suas tarefas profissionais.

Page 13: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

13

2 METODOLOGIA ADOTADA

Limita-se o escopo deste trabalho aos alunos formados pelo Centro de

Instrução e Adaptação da Aeronáutica, por ser a escola de formação de boa parte

dos oficiais do Comando da Aeronáutica e é realizada em grupos com

características relativamente semelhantes, focando-se na análise de uma turma do

Estágio de Adaptação de Oficiais Temporários - EAOT. Esta turma tem

características que interessam a este estudo, pois é o curso com maior diversidade

de especialidades (profissões) entre os realizados no CIAAR, mantendo

características comuns analisadas no capítulo 6 deste trabalho.

Inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a análise do

comportamento, onde se procurou entender os ensinamentos do behaviorismo de

Skinner e as análises de Thorndik. Este campo do conhecimento foi lastreado

especialmente em informações de Moreira e Medeiros, do ano de 2007. A base

teórica principal foi também composta com os conceitos de Griffin e Moorhead, do

ano de 2007, onde analisaremos o processo de aprendizado individual em confronto

com a cultura da organização - prioridades e manifestação desta cultura nos

indivíduos - onde estes iniciam o ciclo de trabalho, apreciando como este processo

se estabelece em cada indivíduo.

A pesquisa exploratória realizada nesta bibliografia básica, visa a entender

como funciona o processo de aprendizagem, pela ótica da análise comportamental.

É realizada também uma pesquisa de campo, com alunos em início de curso

de formação, buscando as impressões destes acerca da instituição em que iniciam

suas trajetórias profissionais, identificando valores relacionados a cultura

organizacional das forças armadas. Para a coleta dos dados foi utilizado um

questionário com perguntas fechadas (Apêndice A).

Também realizamos a análise do Relatório de Validação Curricular que é

confeccionado após dois anos de exercício profissional, verificando-se o

desempenho apresentado sob a ótica da instituição.

Estes dados do processo de ensino-aprendizagem são analisados e

comparados à metodologia empregada na adaptação destes militares, o Programa

de Treinamento de Liderança – PTL, bem como a cultura organizacional do

Comando da Aeronáutica e tecem-se ações visando potencializar o resultado final e

Page 14: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

14

perenizar os comportamentos apresentados no exercício da atividade profissional

deste segmento de profissionais do Comando da Aeronáutica.

No próximo capítulo exploraremos conceitos referente a cultura

organizacional.

Page 15: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

15

3 CULTURA ORGANIZACIONAL

Todos tem dúvidas de como se portar em ambientes novos. Quais as atitudes

corretas para cada situação? Existe alguma gíria diferente naquele grupo? Quando

agir e quando se calar em uma situação nova? Qual é meu espaço neste novo

ambiente? Enfim, onde e como eu me encaixo?

Estas dúvidas são naturais e saudáveis e facilitam a adaptação. Os

profissionais contratados para uma nova função, seja por recrutamento ou concurso,

deveriam previamente ter as características adequadas à tarefa a ser realizada.

Contudo esta lógica acima exclui a importância do treinamento para atividades onde

a formação acadêmica deixa lacunas com relação a especificidades do mercado de

trabalho.

Os profissionais recrutados via concurso para os cursos de formação do

Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica já possuem a formação acadêmica

necessária à parte da tarefa a ser desempenhada, contudo existe a lacuna

representada pela adaptação à função de oficial que exercerá.

O Estatuto dos Militares, no seu Art. 36, calcado na importância do

treinamento para o exercício das atividades funcionais, informa que o oficial é

preparado, ao longo de sua carreira, para o exercício de funções de comando, chefia

e direção. Não obstante, o treinamento destes profissionais passa pela adaptação à

cultura desta nova instituição com que passam a conviver.

Temos o conceito de que “cultura organizacional é o conjunto de valores,

muitas vezes transmitidos por histórias e outros meios simbólicos, que ajuda os

funcionários a compreender quais atitudes são consideradas adequadas e quais são

inaceitáveis” (GRIFFIN; MOORRHEAD, 2007, p.399).

É no treinamento inicial que acontece esta adaptação do funcionário à

empresa. Há a necessidade que esta cultura seja realmente de conhecimento de

seus funcionários.

A cultura de uma organização não influenciará intensamente os comportamentos se os funcionários tiverem que recorrer a um manual para lembrar-se do que ela significa. Quando a cultura se torna parte das pessoas – quando elas podem ignorar o que diz o livro, pois já se imbuíram dos valores que ele descreve – terá um impacto importante nas atitudes delas (GRIFFIN; MOORHEAD, 2007, p.400).

É também no treinamento inicial que os valores culturais da instituição são

transmitidos. Estes valores culturais são aqueles que “servem de referência aos

Page 16: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

16

funcionários, de modo que a organização possa implementar suas estratégias”

(GRIFFIN; MOORHEAD, 2007, p.404), Os autores acima informam que:

em primeiro lugar, o sistema formal de recompensas deve premiar os comportamentos desejados de uma maneira valorizada pelos funcionários. Segundo, histórias sobre funcionários cujos comportamentos resumam os valores culturais precisam ser divulgadas por toda a organização. Terceiro, a organização deve promover cerimônias ou rituais que deem destaque aos funcionários cujas ações são fundamentais para a concretização do ideal empresarial (GRIFFIN; MOORHEAD, 2007, p.404-405).

Todos estes aspectos fazem parte do processo de adaptação do indivíduo à

instituição ou do processo de socialização. Nesta arte de adaptação temos que

considerar que:

entre as múltiplas dimensões da identidade dos indivíduos, a dimensão profissional adquiriu uma importância particular. Porque se tornou um bem raro, o “emprego” condiciona a construção das identidades sociais; porque sofreu importantes mudanças, o trabalho apela a sutis transformações identitárias; porque acompanha intimamente todas as mudanças do trabalho e do emprego, a formação intervém nas dinâmicas identitárias muito para além do período escolar (DUBAR, 1997, p. 4).

No mesmo trabalho acima, Dubar, citando dois filósofos da análise do

comportamento, coloca que a socialização é:

para Durkheim basicamente, uma transmissão do "espírito de disciplina" assegurada pelo constrangimento, complementada por uma "ligação aos grupos sociais" e interiorizada livremente graças à "autonomia da vontade" (DURKHEIM, 1992-19903 apud DUBAR, 1997, p.9), para Piaget, ela é, fundamentalmente, uma construção, sempre ativa e até interativa, de novas "regras do jogo", implicando o desenvolvimento autónomo da "noção de justiça" e a substituição de "regras de constrangimento" pelas "regras de cooperação (PIAGET, 1932 apud DUBAR 1997, p. 9).

Este é um processo de troca entre o indivíduo e a instituição; todavia este se

movimenta muito mais que aquela em direção à adaptação. Passaremos a estudar

como ocorre este processo de aprendizagem, luz da análise do comportamento.

Page 17: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

17

4 PROCESSO DE APRENDIZAGEM

O ser humano é um animal social. Como tal tem a tendência a viver em grupo

e a interagir dentro deste grupo, cada qual tendo sua função definida pelas

circunstâncias e competência. Os conceitos apresentados neste capítulo são

baseados principalmente no livro Princípios Básicos da Análise do Comportamento,

de Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Medeiros.

Concordando com os autores acima temos Cesar Millan (2007, p. 120),

conhecido como “encantador de cães” em um famoso programa de televisão, o qual

escreve que a maioria dos cães – assim como a maioria dos seres humanos – nasce

para ser seguidora, e não líder. Ser líder da matilha envolve não apenas dominância,

mas também responsabilidade.

Os recursos humanos contratados para as funções de oficiais das forças

armadas, exceto os recrutados pela Lei do Serviço Militar, são contratados por

concurso público. Estes profissionais não têm necessariamente “vocação” ou “perfil”

para a função a exercer, contudo a instituição que realizará o treinamento tem que

desenvolver ou aflorar as características necessárias para a atuação no universo

que estão adentrando, pois independente da forma de seleção, uma pessoa de

personalidade introvertida, na função de oficial de uma força armada terá que dirigir-

se a uma tropa, em atitude de comando e conseguir física e psicologicamente o

melhor que cada um de seus subordinados pode produzir.

Este treinamento ocorre pela transferência de conhecimento e padronização

de ações.

A fim de entendermos o processo de aprendizagem de uma nova conduta,

recorremos a. Ivan Petrovich Pavlov, que foi um fisiologista russo que estudou os

reflexos biologicamente estabelecidos, ou reflexos inatos. Este treinamento,

conhecido como Condicionamento Pavloviano, consiste em um processo e

procedimento em que um organismo aprende novos reflexos por estímulo e

resposta. Tem-se que um reflexo é condicionado a partir de outro existente.

Sabendo-se que um determinado estímulo possui com reflexo natural uma

determinada resposta, pode-se emparelhar (produzir uma associação dentro do

indivíduo) uma nova resposta ao proporcionar uma relação entre um estímulo inato a

uma resposta aprendida. O treinamento associa uma resposta desejada ou

planejada a um estímulo com resposta já previamente conhecido.

Page 18: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

18

Figura 1: Representação do Condicionamento Pavloviano. Fonte: MOREIRA; MEDEIROS (2007, p. 33)

É o treinamento utilizado, por exemplo, no treinamento de ordem unida,

quando um estímulo neutro, o toque de uma determinada sequência de notas

musicais, é condicionado ao reflexo de executar uma determinada ação, como a

mudança de direção (direita ou esquerda volver). A resposta condicionada (R2) é

conseguida ao se introduzir o estímulo neutro para aquela situação (toque de

corneta).

As emoções são, em grande parte, relação entre estímulos e respostas [são, portanto, comportamentos respondentes]. Se os organismos podem aprender novos reflexos, podem também aprender a sentir emoções [respostas emocionais] que não estão presentes em seu repertório comportamental quando nascem (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p 32–33).

Este aspecto é perceptível ao se observar a quantidade de atletas que

choram ao ouvir o hino de seu país durante uma cerimônia de premiação, ou seja,

um reflexo (se emocionar) é condicionado a partir de outro (ouvir uma melodia),

associando-se ao esforço do treinamento, as privações, as pessoas que o ajudaram,

etc.

Page 19: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

19

Figura 2: Condicionamento de uma Resposta de Medo. Fonte: MOREIRA; MEDEIROS (2007, p. 34)

Pela figura acima, verificamos que o bebê, inicialmente não demonstra medo

do rato branco e assusta-se ao ouvir o barulho estridente do martelo batendo na

bigorna, contudo após ser condicionado com estes dois estímulos em conjunto,

associa o rato branco ao barulho estridente e passa a demonstrar medo do rato, ou

seja, o bebe aprendeu a ter medo do rato.

Estas experiências simples explicam o motivo pelo qual emoções são difíceis

de controlar, pois elas

são respostas reflexas (respondentes) de estímulos anteriormente condicionados. A razão de “respondermos emocionalmente” de forma diferente aos mesmos estímulos está na história de condicionamento de cada um de nós. Todos nós passamos por diferentes emparelhamentos de estímulos em nossa vida. Estes diferentes emparelhamentos produzem nosso “jeito” característico de sentir emoções (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p 32–33).

Após compreendemos o processo de aprendizagem, segundo Moreira e

Medeiros (2007) podemos considerar que, principalmente nos estágios iniciais do

treinamento realizado pela CIAAR, ocorre o condicionamento de reações a

determinados estímulos. Levando em consideração o comportamento final desejado

– objetivo do curso de adaptação - e tendo controle do processo de treinamento –

planejamento da metodologia adequada a ser utilizada - se pode condicionar o

discente a determinadas emoções associadas a determinadas situações, que serão

reforçadas pelas tarefas diárias a serem realizadas, principalmente porque

Page 20: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

20

“estímulos que se assemelhem fisicamente ao estímulo condicionado podem passar

a eliciar a resposta condicionada em questão. Este fenômeno [em psicologia] é

chamado de generalização respondente” (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 36).

Esta técnica pode ser eficiente tanto para condicionar novas respostas quanto

para retirar uma resposta preexistente, visto que nossos discentes já iniciam suas

atividades de treinamento com um vasto repertório emocional, derivado das

experiências vividas até aquele momento em suas vidas, com conceitos e posturas

que precisam ser adaptadas as necessárias do pleno desenvolvimento de sua

atividade militar.

Figura 3: Contracondicionamento Fonte: MOREIRA; MEDEIROS (2007, p. 41)

Este tipo de condicionamento pode ou não ocorrer, existindo fatores que

aumentam a chance desta ocorrência:

Frequência dos emparelhamentos: em geral quanto mais frequente o CS [estímulo condicionado] é emparelhado com o US [estímulo incondicionado – estímulo que elicia a resposta incondicionada] mais forte será a resposta condicionada.

Tipo de emparelhamento – respostas condicionadas mais fortes surgem quando o estímulo condicionado aparece antes do estímulo incondicionado e permanece quando o US é apresentado.

Intensidade do estímulo incondicionado – um US forte tipicamente leva a um condicionamento mais forte.

Page 21: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

21

Grau de predição do estímulo condicionado – para que haja condicionamento não basta que ocorra apenas o emparelhamento US – NS [estímulo neutro – estímulo que não elicia ou estimula a resposta que será condicionada, como o som da broca do dentista antes do tratamento] repetidas vezes. Um som que ocorre sempre antes da apresentação do alimento elicidará com mais facilidade a salivação do que um som que às vezes ocorre antes da apresentação da comida, ou às vezes não ocorre (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 45).

Para o fumante o ato de fumar está associado a uma atividade prazerosa. O

xarope de ipeca é um remédio utilizado para provocar vômitos em pessoas que

ingeriram substâncias venenosas. Caso se beba este xarope imediatamente após

fumar, o ato de fumar pode provocar vômito no indivíduo, que o contracondicionará

ao prazer provocado pelo fumo. Naturalmente este tratamento será eficaz se o

fumante aceitar as sensações desagradáveis deste condicionamento todas as vezes

que fumar.

De modo semelhante, o bebê condicionado a ter medo do rato pelo barulho

estridente pode ser contracondicionado se forem emparelhadas as emoções

causadas pelo relaxamento de uma canção de minar a presença deste rato. Após

diversos emparelhamentos de estímulos (com variações de resposta de indivíduo

para indivíduo) estas emoções serão contracondicionadas.

Este comportamento respondente explica as situações mais simples, onde um

estímulo produz uma resposta, contudo existe o Comportamento Operante, que é

aquele que produz consequências, ou seja, modificações no ambiente, e é afetado

por elas. Temos, portanto, a existência do condicionamento operante, que é o

apreendido pelas suas consequências. Exemplo claro desta situação ocorre quando

uma criança começa a ir à escola, sendo filho único e acostumada a ter todas suas

vontades atendidas prontamente. Ao fazer uma birra consegue tudo que quer

(respondente); quando começa a interagir com crianças de mesma idade este

comportamento não é mais eficiente e pedir um brinquedo a um colega “por favor”

(operante) pode ser mais eficiente que simplesmente chorar. A grande diferença é

que o respondente produz modificações apenas no indivíduo e o operante também

no ambiente.

Page 22: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

22

Figura 4: Comportamento Respondente / Comportamento Operante Fonte: MOREIRA; MEDEIROS (2007, p. 48)

O docente tem que estar preparado para interagir com o comportamento

operante do discente, em busca dos interesses institucionais. Neste ponto temos

que entender o termo manipular como haver uma possibilidade de haver um

aproveitamento institucional e ético de um fato científico, sendo que decorre disto

que

podemos manipular as consequências dos comportamentos para compreendermos melhor como a interação comportamento (resposta)-consequência (R→C) se dá e se os comportamentos das pessoas (e também de animais não humanos) são controlados pelas consequências, isto significa que podemos modificar os comportamentos das pessoas (e dos animais não humanos) programando consequências especiais para seus comportamentos (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 50).

Este tipo de ação-reação é realizado naturalmente por qualquer pessoa na

sua atividade diária, mas pode ser racionalmente estudada e planejada porque

queremos produzir uma reação chamada de Reforço que é o “tipo de consequência

do comportamento que aumenta a probabilidade de um determinado comportamento

voltar a ocorrer” (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 62). Se as situações do período

de treinamento levar a um condicionamento onde as atitudes corretas reforçarem as

respostas desejadas pela instituição e reduzir a frequência de outros

comportamentos, este teve pleno sucesso.

Naturalmente este processo deve ser conduzido com cuidado e atenção, pois

devido à maturidade e qualidade intelectual os discentes podem se sentir

manipulados ou ainda se adaptarem ao processo comportamento-consequência,

sem uma mudança de valores ou postura, isto porque, em algum momento este

treinamento terá fim e não haverá necessariamente nas atividades profissionais

diárias, situações de reforço de comportamento, com forte possibilidade de

diminuição da frequência de ocorrências anteriormente reforçadas.

Page 23: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

23

A diminuição desta frequência, ou resistência à extinção do comportamento é

influenciada pelos seguintes fatores:

Número de reforços anteriores – o número de vezes em que um determinado comportamento foi reforçado até haver quebra da contingência de reforço (extinção), ou seja, até que o reforço seja suspenso.

Custo da resposta – quanto mais esforço é necessário para emitir um comportamento, menor será sua resistência e extinção. Por exemplo, ao término de um namoro, quanto mais difícil for para o “namorado teimoso” falar com a namorada, mais rapidamente ele parará de insistir em continuar namorando.

Esquemas de reforçamento – quando um comportamento às vezes é reforçado e às vezes não o é, ele se tornará bem mais resistente a extinção do que um comportamento reforçado continuamente (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 58).

Naturalmente a este último fator é que deve ater com maior atenção durante o

período de treinamento, pois um novo comportamento a ser inserido no repertório

comportamental do indivíduo tem que ser continuamente reforçado quando for

realizado este treinamento.

Também se deve trabalhar o lado emocional das respostas, pois associar

emoção à resposta desejada tem um forte efeito para evitar a extinção do

comportamento.

Deve-se ter em mente que para termos uma adequação das respostas

provocadas, com a extinção de respostas similares não desejadas ou aproximações

sucessivas (exigir gradualmente comportamentos mais próximos do comportamento-

alvo) a fim de ensinar um novo comportamento, um fato fundamental é a

“imediaticidade do reforço, ou seja, quanto mais próximo temporalmente da resposta

o reforço estiver, mais eficaz ele será” (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 61). Caso

isto não ocorra a orientação quando da manifestação do comportamento indesejado

haverá perda de foco e de tempo neste treinamento. A correção tem que ser

imediata!

Este processo individual acima explicitado deve ser convertido para o grupo,

pois a memória do grupo reforça os comportamentos desejáveis. Grupos tendem a

ter comportamentos semelhantes, e a ética deste grupo deve ser formada, desde o

princípio, voltada para os valores e comportamentos aspirados.

O processo de transformação do conhecimento individual em coletivo é

conhecido como Conversão do Conhecimento e é o processo de socialização pelo

qual o discente passa no seu período escolar em que se procura transmitir o

conhecimento através de quatro etapas, conforme Nonaka e Takeuchi (1997, p. 68-

Page 24: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

24

70): A socialização envolve a captura do conhecimento pela proximidade física

(mesmo sendo o processo virtual); a externalização requer que o conhecimento

tácito seja transformado em símbolos compreensíveis pelos demais; a combinação

envolve a sistematização deste conhecimento de modo que o conhecimento

explícito seja passível de ser incorporado ao tácito; por fim (e reinício do processo) o

conhecimento se torna tácito pela internalização deste conhecimento pelos membros

do grupo. Este processo de conversão ocorre naturalmente dentro dos grupos e faz

com que um conhecimento transmitido de forma social passe a fazer parte do

arcabouço de conhecimentos do indivíduo.

Figura 5: Espiral Evolutiva da Conversão do Conhecimento. Fonte: Nonaka e Takeuchi, (1997, p.81)

Choo (2003, p.37) explica que

conhecimento tácito é o conhecimento pessoal, que é difícil de formalizar ou comunicar aos outros. É constituído de know-how subjetivo, dos insights e intuições que uma pessoa tem depois de estar imersa em uma atividade por um longo período de tempo [...]. Conhecimento explícito é o conhecimento formal que é fácil transmitir entre dois indivíduos e grupos. É frequentemente codificado em fórmulas matemáticas, regras, especificações e assim por diante (CHOO, 2003 apud CAVALCANTE; VALENTIM, 2010, p. 240).

Todo o processo de treinamento deve ser ancorado nestas duas

preocupações: formar o indivíduo e o grupo, privilegiando o indivíduo, sem esquecer

o grupo, nem a importância do grupo em cada um dos seus indivíduos. Este grupo a

ser formado possui características próprias que reforçam os comportamentos

individuais. Conhecer o grupo com que se trabalha é fundamental para a

consecução dos objetivos.

Page 25: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

25

Há a necessidade de fazer uma diferenciação entre condicionar e intronizar

um comportamento. O primeiro apenas faz com que o indivíduo adquira o

comportamento, mas necessita de reforço para sua manutenção. A intronização de

comportamento vai mais além, pois coloca a pessoa em contato com o estímulo, de

forma planejada e projetando a reação desta, mas a leva a raciocinar sobre a

pertinência deste estímulo, de forma crítica, de modo a aceitar ou não este novo

comportamento e a mudança é mais profunda e duradoura. Esta diferenciação na

aplicação faz-se necessária em função dos alunos em estudo neste trabalho não

estarem mais em fase de formação psicológica típica das primeiras fases da vida.

Segue-se a avaliação do Programa de Treinamento de Liderança aplicado

aos alunos do CIAAR.

Page 26: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

26

5 PROGRAMA DE TREINAMENTO DE LIDERANÇA APLICADO

O atual Programa e Treinamento de Liderança – PTL é adequado à duração

de cada curso realizado no CIAAR. No caso do EAOT, ele tem a duração de 13

semanas, divididas em três fases distintas e continuadas: treinamento militar básico,

treinamento militar avançado e treinamento militar de liderança. Estes dados foram

extraídos do documento interno do CIAAR que estabelece premissas e parâmetros

para a realização do treinamento.

5.1 TREINAMENTO MILITAR BÁSICO – TMB (PERÍODO DE ADAPTAÇÃO)

O curso inicia-se com o Treinamento Militar Básico, com duração média de

duas semanas. A duração prevista no edital do concurso é 21 dias, contudo a

duração real está condicionada ao atingimento pela turma de parâmetros subjetivos,

avaliados pelo Corpo de Alunos – estrutura da organização do CIAAR responsável

pelo contato direto com os alunos. O TMB é o início da formação militar, no qual o

estagiário é submetido a intenso treinamento, dentro de um ambiente no qual se

exige permanente sobreaviso mental, resistência física e estabilidade emocional,

além de incutirem-se profundamente valores éticos, morais, espírito de corpo,

disciplina e hierarquia. Tem ainda por objetivo informar sobre as peculiaridades do

militarismo, estimular o gosto pela profissão, a organização, o hábito da atividade

física e do estudo contínuo.

Compreende o período que se inicia com a chegada dos estagiários ao

CIAAR até o final da segunda semana (conhecido internamente como

“Quinzentena”). Durante este período os estagiários permanecem em regime de

internato. Nesta fase o instruendo recebe as orientações gerais referentes à rotina

diária, procedimentos internos e externos ao Centro de Instrução, Manual do Aluno,

ordem unida, atividade física, apresentação pessoal, Normas Padrão de Ação

(padronização de rotinas, condutas e atividades), aquisição de fardamento e espada,

apresentação das facilidades à execução das tarefas (como gráficas, venda de

espadas, possíveis locais para realização da festa de formatura, etc.), confecção das

identidades de oficial, estruturação da comissão de formatura e da sociedade

Page 27: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

27

acadêmica e serviços de escala. Este programa é comum a todos os cursos e

estágios do CIAAR.

Desafios e obstáculos serão uma constante na rotina do aluno durante o

TMB, pois assim, os limites físicos e psicológicos serão gradualmente ultrapassados,

moldando o caráter e forjando as virtudes necessárias aos futuros líderes Força

Aérea Brasileira.

Nesta fase a ideia do exemplo é intensamente reforçada na conduta de não

mentir, não ser omisso, não burlar nenhuma das regras e nem permitir que os outros

o façam.

O aluno cumpri uma rotina rigorosa, na qual aprende a antecipar-se aos

acontecimentos, planejar seu tempo livre, que será escasso, de modo a estar

sempre pronto a atender, com eficiência, às exigências da profissão militar. Neste

período é formado o espírito do grupo, o qual é fundamental para dar apoio ao

estagiário, confortá-lo nos momentos de dificuldade e saborear cada vitória.

Até o final do TMB, o aluno/estagiário continua sendo orientado,

acompanhado e intensamente cobrado em relação às regras e ao comportamento

que lhe serão ensinados e os erros individuais são revertidos ao grupo, como forma

de amadurecer mais rapidamente este grupo, forçando a coesão interna do mesmo.

5.2 TREINAMENTO MILITAR AVANÇADO – TMA

É uma sequência do TMB, sem que haja solução de continuidade. Neste

período, além de sedimentarem-se valores, habilidades, comportamentos e condutas

desenvolvidas durante o TMB, motiva-se intensamente o aluno no sentido de

orgulhar-se da FAB, do CIAAR e de si próprio.

Neste sentido, o aluno é estimulado a manter os altos padrões de

performance pessoal atingidos no TMB e a persistir na busca da excelência. São

incentivados a realizar todas as tarefas com o melhor desempenho possível, sem

que haja cobranças acerca deste aspecto. A excelência tem que ser, antes de tudo,

um hábito. A cobrança e a imputação de responsabilidades passam a ser individuais.

Menos intensamente, mas ainda controlado e sob a supervisão dos oficiais do

seu esquadrão o aluno desenvolve a capacidade de planejar e utilizar seu tempo e

Page 28: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

28

energia com maior eficiência. No EAOT ocorre do final do TMB até a oitava semana

do curso.

5.3 TREINAMENTO MILITAR DE LIDERANÇA – TML

O TML, parcela mais avançada do Programa de Treinamento de Liderança,

pautar-se no exemplo. Com o estagiário mais maduro e bem mais consciente das

suas capacidades e limitações, com o seu senso de justiça e o autocontrole mais

desenvolvidos, facilita a inserção de novos conceitos doutrinários (aproximá-los ao

máximo da realidade do oficial) e dos ensinamentos teóricos (pacote de aulas

voltadas à Chefia e Liderança) para que ele seja capaz de praticar esta liderança

ainda na escola (serviços diários, exercício de campanha, dinâmicas de grupo,

competições esportivas, etc.) baseando-se na dignidade e no respeito, sem abrir

mão da hierarquia e da disciplina.

O aluno é aperfeiçoado, compreendendo sua situação no contexto da Força

Aérea, sabendo que ela necessita e espera que o seu comportamento seja o de um

autêntico líder nos anos vindouros. Duração do TML é do final do TMA até o final do

curso.

5.4 PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS NO TREINAMENTO ATUAL

Manual do Aluno – ao chegarem à organização, os discentes recebem uma

coletânea de informações, o Manual do Aluno, que explica as premissas da vida

militar e as principais regras a serem seguidas na atividade. Este manual

complementa as orientações aos alunos disponibilizadas no sitio do CIAAR na

internet, ambos voltados a disseminar a cultura organizacional aos ingressantes na

instituição.

Serviços de escala – os alunos tiram serviços de Aluno de Dia, Aluno de Dia às

Esquadrilhas (parcelas da turma) e Auxiliar ao Oficial de Dia. Com estas atividades

os alunos aproximam-se da realizada do serviço a ser tirado após a formatura,

começando a vivenciar o fato de coordenar uma equipe de serviço de segurança.

Este serviço é realizado portando armamento somente após receberem instruções

Page 29: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

29

de utilização deste. Atividades acadêmicas importantes como a realização de provas

pretere o serviço de escala durante a realização destas atividades.

As Escalas de Serviço do Corpo de Alunos do CIAAR têm por principal objetivo o

desenvolvimento da capacidade de liderança dos alunos.

Nestes serviços os instruendos são colocados diante de situações que, sob o

controle dos instrutores do CA, apresentam-se complexas, pois passam a serem

coordenadores e executores diretos da rotina do CA, bem como das ordens do

Comandante do Corpo de Alunos relativas às atividades inerentes do Corpo

Discente. Dessa forma, o aluno se vê numa condição de aplicação imediata da sua

atitude militar, responsabilidade, capacidade de organização e coordenação, entre

outros.

Treinamento de ordem unida – realizado em conformidade com o Manual de

Ordem Unida do Ministério da Defesa, tem como objetivo adestrar o aluno a realizar

os movimentos isolados e em tropa, reconhecer e executar os comandos a voz e

com corneta e comandar tropas e frações de tropa, desenvolvendo a liderança sob

seus pares e subordinados. Esta atividade psicomotora é executada com atividades

teóricas e práticas.

Ambientação à audiência – pacote de aulas de técnicas de plataforma e

elaboração de aulas. Visa a melhorar a capacidade de exposição de ideias, a

desinibição e a postura a frente de grupos.

Taça eficiência – competição esportiva realizada entre as esquadrilhas do

esquadrão. O desporto é uma importante ferramenta no estímulo e desenvolvimento

da liderança. Na execução desta competição esportiva são priorizados os esportes

coletivos, bem como o comportamento da torcida.

Acionamento militar – atividade planejada onde se trabalham as reações

individuais e do grupo a uma situação de elevado estresse decorrente de um ataque

militar. Não é utilizado armamento letal e as atividades são voltadas sempre para a

preservação da segurança dos participantes. Esta atividade ocorre no período

noturno, sem o prévio conhecimento dos discentes da data e horário de realização.

É dividida em quatro momentos sequenciais: acionamento militar propriamente dito,

dinâmica perdidos na lua (explicitada em tópico abaixo), exercício de centopeia

(dinâmica física que prioriza a coordenação de esforços por uma fração do grupo) e

transposição de curso d’água (piscina) com utilização de cordas.

Page 30: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

30

Exercício de campanha - O Exercício de Campanha visa aprimorar no futuro oficial

da Força Aérea a liderança militar, a estabilidade emocional e o espírito militar, sob

condições especiais de dificuldade e tensão, submetendo-o à execução de tarefas

de campo nas quais sejam exigidas as suas qualidades como futuros oficiais.

Devido à natureza do Exercício, a rotina diária é bastante exigente, tanto física como

mentalmente. Muitos serão levados a limites que nunca alcançaram antes.

A maioria fica satisfeita de verificar quão bem sabe lidar com esse estresse. Outros

identificam fraquezas pessoais e deparando-se com experiências similares no futuro

saberão a maneira mais adequada de proceder para galgar o sucesso.

Neste exercício não é esperado a perfeição dos estagiários, pois eles estão em

treinamento e pequenos erros são admissíveis. O que se deseja é à vontade e a

determinação para agir corretamente e aprender.

Os ensinamentos passados poderão muito bem salvar suas vidas algum dia.

Todavia, o mais importante é o conhecimento que cada um irá adquirir de si mesmo

e a descoberta da capacidade, mesmo mediante o desconforto físico e à pressão

psicológica normal às instruções de campo e operações militares, de executar com

presteza diversas tarefas.

Viagens e visitas de instrução - possibilita ao aluno/estagiário o contato com

outras unidades da FAB e, consequentemente, eles tem a possibilidade de

vislumbrar a realidade do serviço e a grandeza da qual eles irão em breve fazer

parte. Durante as viagens há a possibilidade de iniciar o processo de flexibilização

da rigidez da escola, iniciando-se a mudança de postura entre o aluno e o oficial

formado.

Instrução de Chefia e Liderança – pacote de aulas e dinâmicas voltadas ao

desenvolvimento de características ligadas a liderança de grupos, à desinibição a as

atividades de chefia.

Dinâmicas de grupo – realizadas em apoio à instrução de Chefia e Liderança,

destacam-se:

o Dinâmica Perdidos na Lua. Esta dinâmica ocorre durante um

treinamento coletivo de reflexo no período do TMB e é voltada para a

solução de um problema hipotético decorrente de um pouso forçado na

lua, onde os meios de sobrevivência são restritos e devem ser

priorizados.

Page 31: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

31

o Dinâmica Observação, Memorização e Descrição. Esta dinâmica

ocorre no TMB. Demonstra ao grupo como uma notícia vai se

modificando ao ser transmitida de pessoa a pessoa e quais técnicas

devem ser utilizadas quando da transmissão de ordens para evitar a

perda de conteúdo.

o Dinâmica da Centopéia. Esta dinâmica ocorre durante um treinamento

coletivo de reflexo no período do TMB. É um exercício psicomotor onde

a coordenação de esforços é fundamental. É realizada de forma lúdica

como uma competição entre frações da tropa.

o Dinâmica dos Olhos Fechados. Realizada em duplas, aonde um aluno

conduz outro com os olhos fechados até um determinado ponto,

apenas com comandos verbais, sem toca-lo a não ser por motivos de

segurança. O conduzido não possui venda nos olhos para desenvolver

a confiança (ele “escolhe” permanecer de olhos fechados diante da

incerteza) e o condutor vai percebendo o que funciona ou não no

decorrer do processo. Não é permitido conduzir com orientações do

tipo: “siga a minha voz!”. Diversas duplas irão para os mesmos lugares

sendo que, por vezes os caminhos se cruzarão e serão iguais. Após

chegarem ao destino proposto as duplas esperam a chegada das

demais duplas. O retorno é realizado por todas as duplas de uma vez,

sendo que é escolhido um participante, que permanece de olhos

fechados, sendo guiado por todos os demais conjuntamente.

Desenvolve-se a capacidade de comunicação e se verifica o que

produz efeito no processo de transmissão de informações. No final da

dinâmica se realiza uma análise com todos os participantes verificando-

se as experiências bem e mal sucedidas. No apêndice B se propõe

uma ficha de acompanhamento desta atividade.

Neste momento passaremos a verificar como é o perfil esperado dos alunos

do Estágio de Adaptação de Oficiais Temporários.

Page 32: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

32

6 PERFIL DOS ALUNOS

O treinamento atualmente realizado com os discentes do Estágio de

Adaptação de Oficiais Temporários – EAOT, realizado no Centro de Instrução e

Adaptação da Aeronáutica – CIAAR é o Programa de Treinamento de Liderança,

que descreve o processo e baliza as ações. Dentro deste PTL existe o perfil

esperado para cada grupo de alunos, abaixo explicitado, decorrente das

especificidades do edital do concurso e da experiência adquirida pelo trabalho com

turmas anteriores.

PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO

Classe D ou C, com alguns indivíduos oriundos da classe D-. Basicamente vivem com os pais e poucos já possuíam vida financeira independente. Muitos estão no primeiro emprego.

FAIXA ETÁRIA Na média figuram entre os 25 e os 35 anos de idade.

PERSPECTIVAS NA CARREIRA

Atingirem o posto de 1º Tenente. Utilizarem o tempo que permanecerão no COMAER (máximo de nove anos) para se prepararem para novos desafios.

PERSPECTIVA NO COMAER

São oficiais temporários. Visualizam o Comando da Aeronáutica como um emprego. Para algumas especialidades receberão enquanto militares bem mais que o mercado de trabalho remunera suas especialidades. Alguns esperam ser efetivados no COMAer, embora tal situação dependa de possíveis decorrências da Lei nº 12.797, de 04 de abril de 2013, que cria dispõe sobre criação do Quadro de Apoio no Corpo de Oficiais da Ativa do COMAer. Ficarão no máximo nove anos, sendo que a partir do sexto ano sofrem forte pressão interna e familiar para a busca de novo emprego.

FATORES MOTIVACIONAIS

Desafio de se formarem, coerção e amizade do grupo, atitudes impulsivas típicas de jovens. Tudo lhes é novo e vale a pena ser vivido com intensidade.

CAUSAS IMPORTANTES

Demonstrar que suas especialidades são importantes, conhecer novas cidades e se estabelecer economicamente. Pretendem constituir família, embora não em curto prazo.

GRAU DE COMPROMETIMENTO COM O COMAER AO

INICIAR O CURSO

Baixo. Embora alguns militares encontrem no COMAer uma remuneração acima do mercado para a sua especialidade e se dediquem com afinco, tem a clara visão que este é um emprego temporário, havendo a necessidade constante de busca de outra colocação. A maioria entra para o curso apenas visando um emprego e não tem qualquer noção das exigências e peculiaridades da vida militar. Alguns chegam a pensar que trabalharão dentro de uma instituição militar, como civis [conforme pesquisa aplicada aos alunos e observação de campo].

Page 33: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

33

Ele projeta que uma nova turma de alunos do EAOT terá as caraterísticas

acima listadas, que serão utilizadas nas abordagens e procedimentos com a turma,

após uma validação destas informações com a turma em questão.

Para potencializar os resultados, este perfil esperado de grupo deve ser

confrontado com a realidade para haver pequenas adaptações ao planejamento

previamente realizado, de forma a obter o melhor desempenho possível do processo

de treinamento. Esta adaptação passa pelo conhecimento do que os discentes

sabem sobre a instituição e sobre a atividade a ser realizada após a conclusão do

estágio de adaptação.

A seguir analisaremos pesquisa social com os atuais alunos do EAOT.

Page 34: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

34

7 PESQUISA COM DISCENTES

Para que ocorra a conversão do conhecimento explanada no capítulo 4 é

importante saber o que o grupo a ser trabalhado conhece sobre o assunto para

elaboração da melhor estratégia de abordagem. Visando a elucidação deste assunto

foi aplicada uma pesquisa nos discentes do EAOT 2013 que procura retirar o

empirismo do conhecimento de campo dos instrutores e produzir uma ferramenta

mensurável acerca do tema.

Na distinção entre saberes, é possível admitir que o senso comum orienta a ação cotidiana, ao passo que a ciência busca ultrapassar a fronteiras deste cotidiano ao observar, descrever, ordenar e explicar o extraordinário. Assim, mesmo que a ciência possa relacionar-se com a vida cotidiana, é sempre na atitude de problematizar com o cotidiano que encontramos qualquer ciência em sua gênese. (MEKSENAS, 2008, p. 147).

“No fundo, o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior,

destruindo conhecimentos mal estabelecidos” (BACHELARD, 1996, p. 17 apud

MEKSENAS, 2008, p. 147).

O EAOT 2013 teve início no dia 03 de junho de 2013, com 155 (cento e

cinquenta e cinco) novos estagiários, de diversas especialidades, a saber,

administração, análise de sistemas, ciências contábeis, economia, estatística,

jornalismo, psicologia clínica, psicologia educacional, psicologia organizacional e do

trabalho, relações públicas, serviço social e serviços jurídicos. Destes novos

discentes, 152 (cento e cinquenta e dois) responderam a pesquisa apresentada no

apêndice A, versando sobre expectativas e experiências anteriores ao início do

estágio. As perguntas e respostas tabuladas estão abaixo explicitadas.

PESQUISA DE OPINIÃO - EAOT 1 – Qual era seu conhecimento sobre a rotina da vida militar antes de ingressar no Comando da Aeronáutica

Nenhum 20

Muito pequeno 56

Pequeno 34

Mediano 27

Relativamente grande 14

Grande 3

Muito grande 2

Page 35: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

35

Figura 6: Conhecimento Sobre a Rotina da Vida Militar Antes de Ingressar no Comando da Aeronáutica Fonte: Elaborado pelo Autor

2 – Pelos seus conhecimentos e impressões anteriores ao início do EAOT você considerava que a instituição militar é muito rígida?

Discordo totalmente 5

Discordo 8

Discordo parcialmente 24

Nem concordo nem discordo 12

Concordo parcialmente 33

Concordo 60

Concordo totalmente 14

Figura 7: Impressões sobre a Rigidez da Instituição Militar Anteriores ao Início do EAOT Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 36: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

36

3 - Pelos seus conhecimentos e impressões anteriores ao início do EAOT você considerava que a instituição militar aceitaria de bom grado a participação das idéias individuais na evolução e modificação de seus processos e atividades?

Discordo totalmente 8

Discordo 49

Discordo parcialmente 32

Nem concordo nem discordo 11

Concordo parcialmente 32

Concordo 22

Concordo totalmente 3

Figura 8: Considerações sobre a Aceitação de Idéias Individuais na Evolução e Modificação de Processos e Atividades Antes do Início do EAOT. Fonte: Elaborado pelo Autor

4 - Pelos seus conhecimentos e impressões anteriores ao início do EAOT você considerava que a instituição militar procurava influenciar a mudança do comportamento e da atitude de seus membros?

Discordo totalmente 0

Discordo 6

Discordo parcialmente 5

Nem concordo nem discordo 2

Concordo parcialmente 31

Concordo 73

Concordo totalmente 38

Page 37: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

37

Figura 9: Considerações sobre a Possibilidade da Instituição Militar Procurar Influenciar a Mudança do Comportamento e da Atitude de seus Membros Antes do Início do EAOT. Fonte: Elaborado pelo Autor.

5 – Caso tenha concordado, pelo menos parcialmente, com a questão nº 4, de que modo isto ocorreria? Pode-se apontar mais de uma alternativa.

Exemplo dos seus membros 79

Pressão nos seus integrantes 64

Legislação punitiva 79

Destaque dos melhores 46

Recompensa financeira 3

Recompensa administrativa 4

Adoção de regras rígidas 9 Alocação em futuras funções por desempenho 25

Figura 10:Considerações sobre o Modo como a Instituição Militar Influenciaria a Mudança de Comportamento e Atitude de seus Membros Antes do EAOT. Fonte: Elaborado pelo Autor.

Page 38: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

38

Analisando este resultado de pesquisa, verifica-se que há um pequeno

conhecimento dos discentes da rotina a ser seguida após a conclusão do estágio.

Isto se explica pela baixa faixa etária dos alunos, atrelada ao desconhecimento da

sociedade quanto às rotinas dos quarteis, fato este derivado do distanciamento auto

imposto pela instituição perante a sociedade.

O desconhecimento gera opiniões desprovidas de sólida fundamentação,

aproximando o imaginário de preconceitos de fácil digestão pela comunidade. Um

destes preconceitos é que a instituição militar é muito rígida com seus integrantes.

Este receio de ingressar em uma organização muito rígida pode afastar potenciais

candidatos competentes que muito colaborariam com a evolução desta organização.

Outro fato demonstrado pela pesquisa é que se considera que a instituição

militar não aceita a participação de seus membros com ideias individuais na

evolução e modificação de seus processos e atividades.

O fato dos discentes considerarem que a instituição militar procura influenciar

a mudança de comportamento e da atitude de seus membros, algo natural, saudável

e esperado de um processo de treinamento, dentro de limites éticos, pode gerar

nestes discentes uma preparação para não intronizar os conceitos e valores a serem

transmitidos.

Este é o maior problema causado pelos preconceitos existentes, muitos deles

suscitados ou ao menos existentes com a conivência organizacional, onde jovens

com formação universitária e selecionados por concurso público concorrido, entram

para a instituição preparados para adequarem-se apenas superficialmente a esta,

protegendo-se de aprofundar na cultura institucional.

A pesquisa ainda aponta quais as principais ferramentas utilizadas nesta

mudança de comportamento e atitude: exemplo de seus membros, legislação

punitiva e pressão nos seus integrantes. Temos dois pontos negativos e apenas um

positivo nestes aspectos (exemplo de seus membros), mas mesmo este pode ser

trabalhado internamente para ser bloqueado no processo de treinamento, evitando o

espelhamento de comportamentos ao invés da intronização dos comportamentos.

Todavia há de se verificar também como a organização percebe o resultado

do treinamento realizado, atestando a adequabilidade do resultado final deste

processo.

Em complemento a esta pesquisa, exporemos a seguir a pesquisa realizada

com chefes de alunos formados em curso semelhante realizado há dois anos.

Page 39: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

39

8 PESQUISA COM CHEFES DO EX-DISCENTES

O CIAAR, por determinação do Departamento de Ensino – DEPENS, órgão

responsável pela política de ensino com COMAer, ao qual é subordinado, realiza o

Relatório de Avaliação do Desempenho Pós-curso, com a finalidade de apresentar a

aquele órgão a pesquisa em pauta, para servir de instrumento e evolução do

processo ensino-aprendizagem, focando-se principalmente como ferramenta de

validação curricular do processo.

Esta pesquisa revela como é avaliado pelas chefias o desempenho destes

militares, sendo uma ferramenta indireta (fase não ser este o objetivo original que

motiva a elaboração deste instrumento) de aferição da qualidade dos resultados do

processo de formação dos mesmos. Há de se considerar certa leniência nesta

avaliação em função do fato de que uma avaliação desfavorável significa a não

renovação anual do contrato de trabalho e consequente perda da mão de obra.

Os dados aqui apresentados são referentes à turma do EAOT formados em

2010, com a pesquisa realizada em 2012 (dois anos após a formatura no EAOT e de

exercício de suas funções) com 30 % (parâmetro estatístico adotado) dos chefes

imediatos destes militares. Neste relatório foram consultadas 21 (vinte e uma)

organizações militares diferentes.

Este grupo constava com a seguinte distribuição por especialidades:

Administração – ADM (1), Analista de Sistemas – ANS (4), Assistente Social – ASS

(5), Arquitetura – AQT (1), Biblioteconomia – BIB (2), Ciências Contábeis – CCO (4),

Economia – ECO (1), Educação Física – EFI (03), Enfermagem ENF (2), Estatística

– EST (1), Fisioterapia – FIS (4), Fonoaudiologia – FON (1), Jornalista – JOR (2),

Magistério Língua Espanhola – LME (2) Magistério Língua Inglesa - LMI (2),

Museologia – MUS (1), Pedagogia – PED (3), Psicologia – PSI (2), Relações

Públicas – REP (3), Serviços Jurídicos – SJU (6) e Terapia Ocupacional – TOC (1).

Distribuição dentro do histórico das demais turmas deste curso.

Serão transcritas as observações mais importantes referentes ao objetivo

deste trabalho:

Page 40: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

40

DESCRIÇÃO DO FATOR QUANTITATIVO APONTADO (%)

EXCELENTE ÓTIMO BOM REGULAR DEFICIENTE

Desempenho militar (conhecimento de leis e

normas que fundamentam uma organização militar).

38 28 24 10 -

Cumprimento e à aplicação da legislação militar.

46 20 26 8 -

Marcialidade e capacidade de comandamento durante

formaturas e outras atividades.

36 34 18 12 -

Manutenção do preparo físico.

38 34 22 6 -

Apuro e correção no uso de uniformes e na

apresentação pessoal.

60 26 14 - -

Aceitação e cumprimento das decisões superiores.

64 22 10 3 1

Execução das tarefas pertinentes ao serviço de

Oficial de Dia. 44 20 20 4 12

(não observado)

Desempenho na Chefia e na Liderança.

42 32 18 8 -

Aplicação dos princípios da disciplina e da hierarquia

na condução dos subordinados.

40 28 22 10 -

Iniciativa e proatividade. 42 30 20 8 -

Capacidade decisória. 32 30 30 8 -

Capacidade de julgar com critério e isenção, baseado

em ampla análise dos processos envolvidos.

32 34 26 8 -

Capacidade de planejamento.

42 28 24 6 -

Firmeza de atividades e coerência nos

procedimentos. 44 24 26 6 -

Comportamento, dentro do meio militar, de acordo com as normas éticas e regras

sociais.

66 24 8 2 -

Comportamento, fora do meio militar, de acordo com as normas éticas e regras

sociais.

64 22 8 - 6 (não observado)

Controle emocional ao lidar com as situações adversas

à rotina de trabalho: excelente.

54 26 12 6 2

Obs: o não observado do item “execução das tarefas pertinentes ao serviço de Oficiais de Dia” deve-se ao fato de algumas organizações militares não possuem o serviço de Oficial de Dia em suas instalações e estes militares realizam esta tarefa

Page 41: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

41

em outras locais fisicamente distantes, sem o acompanhamento próximo de seus chefes imediatos.

Os resultados apresentados demonstram claramente, de modo geral, o

processo de treinamento é bem sucedido, contudo também demostram claramente

que existe um enorme espaço para a melhoria deste processo de formação de

recursos humanos, onde se verifica que há uma perda de qualidade dos conceitos

transmitidos em um curto período de dois anos, visto que a escola tem um nível de

cobrança sempre da proficiência, retratado na pesquisa como excelente ou, no

máximo, ótimo para o desempenho em qualquer aspecto relacionado com valores e

dedicação.

No presente momento passa-se a sugerir medidas a serem adotadas para

potencializar os resultados apresentados atualmente neste processo em análise.

Page 42: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

42

9 ATIVIDADES PROPOSTAS

Pela pesquisa com chefes existente no capítulo 7 verifica-se que os objetivos

gerais do Programa de Treinamento são alcançados, todavia existe um caminho a

ser percorrido na busca da excelência do processo.

Algumas ações serão listadas visando esta excelência, depois de explicitadas

acima as características, qualidades e deficiências percebidas.

9.1 TREINAMENTO DOS DOCENTES

Em face de não apresentação de dados versando sobre o treinamento

específico dos docentes, percebe-se que o elo menos trabalhado em todo o

processo de formação é o instrutor. Há a necessidade de existir um treinamento

específico a estes, onde todas as características sejam plenamente estudadas e os

objetivos sejam do conhecimento de todos, em detalhes, visando a melhor cobrança

e entendimento da motivação ode cada ação a ser implementada.

A experiência dos instrutores e docentes propicia o sucesso alcançado, mas

esta experiência não é trabalhada em plenitude. Cada partícipe do método deve ter

conhecimento do todo e não apenas da atividade sob sua responsabilidade. É

preciso entender quais são as atividades predecessoras e quais se seguem a sua

instrução. Deve também entender quais os objetivos específicos da sua parte e

como tem que serem cobrados.

Antes do início do curso há de ocorrer uma séria de aulas – em caráter de

estudos e debates - a todo o efetivo envolvido na formação dos alunos descrevendo

a sequência de atividades e serem realizadas, os objetivos de cada fase, o grau de

cobrança em cada uma delas e haver um treinamento de como será realizada esta

cobrança. Tais procedimentos efetivariam a qualidade do trabalho a ser realizado

pelo corpo docente. A grande experiência dos instrutores e do sistema na realização

deste tipo de curso a mais de dez anos, com sucesso, não pode ser motivo para que

cada indivíduo tenha suas verdades e conhecimentos. Há de ter uma transferência

de conhecimentos adquiridos nestes anos de atividades. A cobrança aos alunos tem

que ser de todos de modo equânime, de modo que os discentes percebam que o

Page 43: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

43

processo de treinamento ocorre de forma coerente em qualquer local onde se

encontram recebendo instrução.

9.2 MELHORIA DO PROCESSO DE TREINAMENTO

Além da preparação prévia também há a necessidade de melhorar o processo

de treinamento, principalmente das atividades psicomotoras (ordem unida e

treinamento de tiro, por exemplo). O conteúdo a ser transmitido é por demais

extenso para a carga horária disponível.

As instruções exemplificadas no parágrafo acima, fundamentais para a

adaptação ao exercício da atividade profissional militar ficam reduzidas a níveis

mínimos e tem que ser aproveitas em plenitude. Nestes treinamentos o grupo deve

ser reduzido a menor fração possível, de modo que cada instrutor esteja atento a

menor quantidade de pessoas possível, individualizando este treinamento e

possibilitando atenção aos menores detalhes (desvios).

O domínio psicomotor de aprendizagem, predominante em atividades físicas

como correr, atirar ou realizar um treinamento de ordem unida tem

cinco estágios: percepção, posicionamento, execução acompanhada, mecanização e domínio completo do movimento. A percepção consiste na atenção prestada pelo aprendiz aos movimentos componentes da ação completa, suas conexões, e consequências. O segundo estágio da aprendizagem de uma atividade psicomotora é o posicionamento. Neste ponto, o aprendiz ajusta seu corpo para executar os movimentos, porem ainda não os executa. O terceiro estágio, denominado execução acompanhada, refere-se àquele no qual o aprendiz executa de modo hesitante os movimentos componentes da ação global. O quarto componente da taxionomia, mecanização, refere-se as ações complexas executadas correta e inconsciente pelo aprendiz. As sequências de movimento estão automatizadas e são rotineiras para o indivíduo. Na última categoria, domínio completo de movimentos, o indivíduo já seria capaz de executar as ações motoras automaticamente e sem erro (ZANELLI; BORGES-ANDRADE; BASTOS, 2004, p. 251).

No caso da ordem unida, esta atividade envolve destreza física e rápido

raciocínio para entender as ordens de comando e executa-las em uníssono com ao

restante da tropa. Há de se adequar, em conjunto, a percepção do que deve ser

feito, a execução perfeita do movimento e o tempo de sua execução. Para

potencializar este processo, devem ser montados vídeos curtos demonstrando a

correção desta execução, de modo a serem exibidos aos discentes imediatamente

antes de cada atividade de treinamento. A visualização do correto é importante para

a execução nas fases iniciais e intermediárias do treinamento. Estes vídeos devem

Page 44: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

44

estar disponíveis para a consulta dos alunos fora do horário de treinamento em rede

interna ou externa de dados.

Este tipo de treinamento ocorre normalmente com mais de dois tempos de

aula seguidos, chegando a durar uma manhã inteira. A demonstração dos exercícios

a realizar naquele treinamento por 15 minutos atiça a percepção visual de como se

executará a tarefa, restringindo o treinamento ao tempo de execução em conjunto e

pequenos acertos individuais.

O discente tem que, previamente, conhecer o que vai ser trabalhado em cada

atividade, os comportamentos respondentes e operantes envolvidos e como lidar

com cada situação. Tudo tem que ser constantemente avaliado, não esquecendo as

diferenças individuais e culturais porque comportamentos de desvio sempre devem

ser esperados.

Deixar de agir conforme as normas, ou se desviar, ocorre quando um membro de um grupo viola uma norma do grupo [neste caso o grupo maior-instituição militar]. O desvio sinaliza que o grupo não esta controlando o comportamento de um de seus membros (GEORGE; JONES, p. 548).

Os comportamentos de desvio devem ser extintos reforçando-se o correto e

punindo os desviados. A metodologia empregada deve levar o aluno à generalização

de comportamentos, apresentando-se situações onde haverá similaridade com

outras situações reais da vida após o termino do treinamento, o que projeta a

elaboração de atividades semelhantes ao cotidiano da atividade militar. “A

generalização é um processo importante porque permite que novas respostas sejam

aprendidas de forma mais rápida, não sendo necessário a modelagem direta da

mesma resposta para cada novo estímulo” (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 102).

Afinal não temos que aprender cada vez que olhamos para uma mesa que aquilo é

na realidade uma mesa.

Para termos a possibilidade de levar os discentes a abstrair os

comportamentos desejados há a necessidade de treinamento continuado,

reforçando-se os desejados e extinguindo os demais. O comportamento desejado é

uma sequência de comportamentos simples na ordem correta de execução, portanto

a sequência de comportamentos a que o aluno é exposto também deve ser

planejada visando a melhoria do processo, assim como neste treinamento também

deve ocorrer na ordem correta, estabelecendo-se o comportamento final (desejável)

atrelado à cultura organizacional.

Page 45: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

45

“Para otimizar a aprendizagem de uma cadeia comportamental, ela deve ser

estabelecida de trás para frente, ou seja, da última para a primeira resposta emitida”

(MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 138). Isto tem que ser fruto de um amplo trabalho

multidisciplinar com a participação de agentes da Divisão de Ensino (coordenação

dos discentes e do setor de avaliação), Corpo de Alunos (acompanhamento diário

das rotinas e desempenhos), psicopedagogia, pedagogos, psicólogos, Batalhão de

Infantaria (devido as instruções de ordem unida e tiro), sob a coordenação do

Comando do CIAAR.

O ato de liderar é um comportamento bastante estudado tanto na sociologia

quanto na administração. Diversas características são associadas ao líder ou ao ato

de liderar: carisma, capacidade de influenciar, conhecimento, oportunidade,

capacidade agregativa, capacidade de condução, confiança, respeito, intuição,

sacrifício, capacidade de motivar, etc. Esta lista nunca seria completa e conclusiva

principalmente que também não se concluiria uma lista de situações onde a

liderança seria necessária, mas características e comportamentos comuns podem

ser estabelecidos. A análise destes “comportamentos raiz” da liderança leva a

elaboração das principais características a reforçar no treinamento e a planejar

atividades com este objetivo.

Este trabalho deverá ser realizado anteriormente ao início das atividades

acadêmicas, visando estabelecer os parâmetros desejáveis para o treinamento dos

docentes para as atividades acadêmicas, visto a competência destes para a

transmissão de conceitos de sua área de conhecimento (expertise), contudo estes

não necessariamente detém conhecimento do processo de formação como um todo,

nem das características a serem reforçadas. Os instrutores tem que ser treinados

para reforçar ao máximo todos os comportamentos coerentes com o comportamento

final desejado.

O acompanhamento deve ocorrer em reuniões entre os principais atores

deste treinamento, para análise das anotações feitas pelos instrutores em todas as

atividades realizadas. Estas anotações devem ocorrer em formulários pré-planejados

onde estejam explícitos os comportamentos desejados, os desvios esperados e as

medidas corretivas a serem adotadas. Há a possibilidade de tabulação dos

resultados apresentados para melhor visualização da evolução apresentada

individualmente e em grupo.

Page 46: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

46

Este acompanhamento é extremamente importante para gerar informações

que possam vir a ser necessárias em um Conselho de Desempenho Acadêmico, que

ocorre quando um discente é reprovado com base no Plano de Avaliação em vigor e

há a necessidade institucional de verificação das medidas administrativas a adotar.

Todo este processo é chamado de Análise Funcional do Comportamento.

A análise funcional nada mais é do que a busca dos determinantes da ocorrência do comportamento. Sob a perspectiva behaviorista radical, esses determinantes estão na interação do organismo com o meio. Skinner defende a existência de três níveis de causalidade do comportamento, que, em maior ou menor medida, estarão sempre atuando em confluência na ocorrência ou não de uma resposta de um comportamento:

Gênese – a nossa interação com o meio advém da evolução de nossa espécie.

Ontogênese individual – aprendizagem por experiências individuais com o meio.

Ontogênese sociocultural – nosso comportamento será determinado por variáveis grupais, como moda, estilo de vida, preconceitos, valores, etc. Nosso contato com a cultura estabelecerá a função reforçadora ou aversiva da maioria dos eventos. Além disto, podemos aprender pela observação de modelos e por instruções, o que compreende a aprendizagem social responsável pela emissão de grande parte dos comportamentos humanos (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 146).

A análise funcional procura identificar as relações entre o comportamento e

que tipo de consequências ele produz, procurando

predizer o comportamento [...] [ou seja o] ato de conhecer um pouco melhor o que já conhecemos sobre em que circunstâncias as pessoas fazem o que fazem, pensam o que pensam ou sentem o que sentem [e] controlar o comportamento [sabendo-se que] quando falamos controlar comportamento, o que se quer dizer é dispor as condições necessárias e suficientes para que o comportamento se torne provável de ocorrer (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 162-163).

Decorre desta aprendizagem social a necessidade dos discentes serem

expostos constantemente aos valores da cultura organizacional. De igual

importância está a necessidade de trabalhar no comportamento do grupo, visto que

a individualização do comportamento passa pela gênese e ontogênese individual,

mas complexas de serem trabalhadas.

Deve-se atentar para possíveis respostas de contracontrole (apresentar o

comportamento desejado apenas na presença dos instrutores), devido ao fato deste

comportamento ser esperado quando o discente é exposto a um estímulo não

agradável, não desejável ou ainda quando este percebe uma tentativa institucional

de manipulação do comportamento. Esta resposta não é facilmente percebida pela

instituição e não acarretará mudança de comportamento.

Page 47: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

47

O treinamento também deve trabalhar os aspectos emocionais, pois os

resultados serão mais duradouros, contudo este campo é de acompanhamento mais

intrincado. É importante que a emoção trabalhada seja explicitada aos alunos após o

término da atividade, explicando-se o objetivo daquele treinamento específico. A não

adoção deste tipo de ação gera a perda da confiança do aluno na instituição por

acreditar que estaria sendo manipulado.

Após a conclusão do curso, a atividade diária produzirá uma redução dos

comportamentos nos níveis anteriores, pelo falta de treinamento, falta de cobrança

e, muitas vezes, falta de exemplo, contudo espera-se que os comportamentos

tenham sido intronizados e o reforço necessário possa ocorrer sem uma alta

frequência.

9.3 AUMENTO DO PERÍODO DE DESCANSO.

Historicamente o treinamento militar é extenuante física e mentalmente. É

realizado sob pressão mental. Esta pressão é necessária para condicionar a

realização de tarefas sob estresse mantendo-se a concentração na atividade, o que

aconteceria naturalmente em uma situação de conflito.

Uma das melhores e mais fáceis maneiras de colocar um grupo sob estresse

é reduzir as horas de descanso, contudo as atividades psicomotoras dependem de

alto grau de concentração. O período de sono dos discentes tem que ser

aumentado.

O elevado nível de estresse no início do treinamento militar faz-se necessário

visto as características peculiares da atividade militar. É necessário que o indivíduo

seja confrontado, de forma controlada, com suas reações, visto as demais situações

da atividade cotidiana, como coordenar uma equipe de segurança, armado, durante

o serviço de Oficial de Dia.

Naturalmente um treinamento militar não pode ser uma “colônia de férias” e a

adequação da rotina individual a baixa disponibilidade de tempo faz parte do

treinamento desejado, sem relevar o tempo mínimo para o descanso. A pressão

psicológica durante a realização das tarefas é suficiente para elevar o nível de

estresse e terá maior efeito em mentes relativamente descansadas. O poder de

concentração e a percepção da atividade realizada são muito reduzidos pela fadiga

Page 48: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

48

decorrente da falta de sono. O aluno descansado pode ser submetido durante os

treinamentos à carga de estresse mais elevada, mantendo-se a performance

desejada.

Instruções de como relaxar após um dia cansativo devem ser aplicada aos

alunos, ensinando como se atingir mais rapidamente as fase de sono profundo e

como isto altera o aproveitamento do período de descanso.

As atividades psicomotoras devem ser o mais concentrado possível, de modo

a melhorar a percepção da realização. Deve-se atentar para não ultrapassar a fadiga

física e mental dos discentes.

Devem ocorrem, para os discentes e docentes, treinamentos especiais ou

atividades direcionadas (uso da voz, psicologia da liderança, etc), tudo balanceado

de modo a termos o necessário nível de estresse mantendo a capacidade de

aquisição de conhecimentos.

9.4 REVISÃO DO MANUAL DO ALUNO.

O Manual do Aluno é um documento (livro) que é distribuído aos alunos antes

do início do curso e sua leitura estimulada, pois contem as regras a serem aplicadas

aos discentes. Os ensinamentos contidos no Programa de Treinamento de

Liderança devem ser adicionados ao Manual do Aluno, no que couber, evitando que

dinâmicas sejam de conhecimento prévio dos alunos. O conhecimento prévio, bem

direcionado, potencializa o processo de aprendizagem, visto que o patamar inicial do

conhecimento é diferenciado.

Este material pode ser disponibilizado eletronicamente aos alunos antes do

início do curso, via internet, de modo que estes cheguem ao CIAAR com algum nível

de conhecimento sobre o assunto. É esperado que esta ação não tenha grande

eficácia, contudo a pesquisa realizada com os alunos sobre as impressões destes

sobre a vida militar projeta a possibilidade destes ao menos lerem o material devido

ao receio das possíveis cobranças ao iniciarem o curso. A Instituição deve fazer uso

destas impressões dos discentes, a seu favor, antes e durante a realização das

atividades acadêmicas.

Os vídeos sobre ordem unida podem fazer parte de uma versão digital do

Manual do Aluno, disponibilizado a estes.

Page 49: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

49

9.5 REVISÃO DO SISTEMA DE PUNIÇÃO

O controle individual e do grupo pela punição é lícito e necessário, fazendo

inclusive parte da cultura militar. Contudo o aluno em período de adaptação à cultura

organizacional tem dificuldade de entender como que não arrumar uma cama, ou

não o fazer com perfeição, pode acarretar a perda de liberdade durante um final de

semana.

Temos que ter em mente que treinando um grupo temos que atentar para os

indivíduos e o grupo ao mesmo tempo. A punição individual será sempre

interpretada pelo grupo como uma agressão externa a este. A punição tem que ter

um caráter educacional e, para tal, tem que ser digerida corretamente pelo indivíduo

e pelo grupo.

A punição [neste contexto] destina-se a eliminar comportamentos inadequados, ameaçadores ou, por outro lado, indesejáveis de um dado repertório, com base no princípio de que quem é punido apresenta menor possibilidade de repetir seu comportamento (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 69-70).

Temos então a punição positiva que diminui a possibilidade do

comportamento ocorrer pela adição de um estímulo aversivo (punitivo) ao ambiente

e a punição negativa que diminui a probabilidade deste acontecimento pela retirada

de um estímulo reforçador do ambiente. Como exemplo de punição positiva temos

uma reprimenda ao se realizar propositalmente de forma inadequada uma tarefa no

treinamento e de negativa a suspensão do licenciamento do aluno durante um

determinado período de tempo ao fazer a mesma atitude.

A abolição da punição é vista na sociedade disciplinar e de controle como utopia, uma bela utopia a ser compartilhada, e é desta mesma maneira que muitos tratam o fim da penalização, como algo nobre que anuncia o futuro, mas que deve ficar para este mesmo futuro (PASSETTI, 1999).

A punição é licita dentro da tradição militar, deve ser executada quando

necessário, até mesmo para que o aluno tenha esta ferramenta no seu repertório de

ações a adotar após sua formação. Entretanto existem diversos modos de reforçar

um comportamento e a punição é apenas um deles, os quais serão explorados a

partir deste momento.

Page 50: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

50

No campo do sistema de recompensa/punição o mais comum é o reforço

positivo, que é positivo porque aumenta a possibilidade do comportamento reforçado

acontecer ou porque a modificação produzida no ambiente é a adição de um

estímulo. Se a criança chorar para receber um doce e conseguir, vai associar o

choro a conseguir seu intento; de modo semelhante se fizer alguma atividade bem

realizada e receber publicamente um elogio, tenderá a repedir o comportamento.

Temos que nos acostumar mais com o elogio!

No lado oposto do espectro temos os estímulos aversivos, que reduzem a

freqüência dos comportamentos que o produzem (reforço negativo). Se este mesmo

militar realizar uma tarefa com desdém e for imediatamente punido (entenda-se o

imediato como temporariamente havendo a capacidade do indivíduo associar o

comportamento à punição) tenderá a não mais realizar este comportamento. “A

relação de contingência é chamada de reforço [porque houve um aumento na

freqüência/probabilidade de um comportamento] negativo [porque a conseqüência

foi a retirada de um estímulo do ambiente].” (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 65).

Segundo os autores citados acima (2007, p. 69), existem dois

comportamentos ligados e este aspecto: o comportamento de fuga, que faz com que

o indivíduo se retira (fuja) da situação e o comportamento de esquiva, que faz com

que ele evite situações semelhantes. Estes dois comportamentos devem ser

evitados nos alunos ao se dosar as situações indesejadas, em acompanhamento

diário pelos instrutores, verificando-se os limites do grupo para a aceitação da

pressão.

A punição sempre trará uma reação. Deve-se estar preparado para este tipo

de consequência, aceita-la e até mesmo utiliza-la como reforço positivo ao grupo.

Respostas extremas são esperadas principalmente no início do processo de

treinamento. “No momento em que os organismos entram em contato com estímulos

aversivos, é observada a elicidação de várias respostas emocionais [raiva, choro,

palpitação, tremores, transpiração excessiva, etc.]” (MOREIRA; MEDEIROS, 2007,

p. 75). Esta resposta, em cada atividade executada pode e deve ser planejada ou,

ao menos, prevista, de modo a ser utilizada em prol do reforço dos comportamentos

pelo grupo.

O instrutor, naturalmente, tenderá a ter uma reação emocional em reflexo à

apresentada pelo grupo que conduz. Esta sua reação será tão mais adequada aos

objetivos da instrução quanto mais previstos a reação do grupo for e quanto mais ele

Page 51: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

51

puder conduzir este processo conscientemente. Do mesmo modo há de se atentar

para a reação do grupo à punição e a quem a aplica, para evitar que o esperado

respeito à instituição e absorção de conceitos não se transforme em medo ou

aversão à mesma, supressão de outros comportamentos desejados ou, ainda pior, o

boqueio aos ensinamentos a serem transmitidos. O peso das ações e o

planejamento antecipado são fundamentais ao resultado final.

O contracontrole é o efeito mais indesejado do processo de controle. Ele

acontece quando a dose é exagerada podendo causar revoltas e rebeliões. Em um

ambiente de escola militar ele tem uma face ainda mais perversa. Estas reações não

são explícitas ao sistema, mas certamente significam que este grupo foi perdido. A

confiança do grupo na instituição estará perdida e este grupo apenas se adequará

ao comportamento solicitado, não intronizando estes valores. A duração do curso é

pequena e também o tempo que o grupo, conscientemente ou não, vai manter o

comportamento exigido será facilmente suportável. O acompanhamento da evolução

e da reação do grupo é fundamental para evitar este tipo de situação.

O contracontrole é evitado levando-se em consideração os motivos pelo qual

punimos e exageramos na punição:

Imediaticidade da consequência: quem pune para suprimir um comportamento é negativamente reforçado de forma quase imediata [o reforço também ocorre em quem aplica a punição porque percebe uma reação a sua ação, neste caso, a adequação ao comportamento pretendido].

Eficácia não depende da punição: para controlarmos positivamente um comportamento, temos que identificar quais eventos serão reforçados para o indivíduo [e para o grupo]. Além disso, mesmo os reforçadores primários não são eficazes o tempo todo. Caso o organismo não esteja privado do reforçador em questão, este não será eficaz.

Facilidade no arranjo das contingências: existem alternativas ao controle aversivo [...] entretanto elas dão mais trabalho de organizar do que as contingências de controle aversivo (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 79-80).

Naturalmente existe alternativas a punição. O necessário é extinguir o

comportamento para não haver a necessidade da punição. Para isto diversos

estímulos devem ser utilizados ao mesmo tempo. O planejamento deve listar as

ações a serem adotadas em cada tipo de atividade e os estímulos adequados em

cada tipo de reação. É de se esperar que não seja cobertas todas as situações que

venham a ocorrer, contudo o planejamento cobrirá parte significativa das situações e

facilitará, por similaridade, a adoção da atitude mais coerente nas demais.

Page 52: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

52

9.6 TREINAMENTO DE LIDERANÇA

A liderança modernamente é uma atividade que possui características

específicas para cada situação, é a chamada liderança situacional. Esse conceito

repousa em uma relação funcional em que “o líder é percebido por um grupo como o

possuidor ou controlador dos meios para a satisfação de suas necessidades”

(CHIAVENATO, 2001, p. 158). Estas qualidades serão adequadas a cada situação

da vida cotidiana ou profissional. Este é o motivo pelo qual qualquer lista de

qualidades de um líder certamente será incompleta.

Entretanto, uma lista básica de habilidades pode ser elaborada, embora não

conclusiva: honestidade, confiabilidade, compromisso, encorajar as pessoas, possuir

atitude positiva e entusiástica, demonstrar amor pelo que faz, caráter, confiança,

tenacidade, capacidade de aceitar desafios, humildade, tratar as pessoas com

respeito, visão e criatividade são algumas das características desejáveis.

Estas características podem ser treinadas, com dinâmicas, palestras, estudos

de caso e principalmente vivenciando experiências e estes comportamentos podem

ser incorporados ao repertorio individual. Os valores de um líder podem, portanto,

serem desmembrados em comportamentos mais simples que podem ser treinados e

acompanhados durante este processo.

9.7 ACIONAMENTO INTELECTUAL

Esta atividade, a semelhança do acionamento militar descrito no item 8.4, faz

parte da proposta de treinamento militar, onde o discente passará por uma atividade

voltada a vivenciar situação de estresse à semelhança da atividade militar passível

de ocorrer durante sua carreira, contudo adequado ao seu grau hierárquico.

Este evento é composto de aulas preparatórias voltadas para a constituição

da FAB e do Ministério da Defesa – MD e as principais teorias voltadas para a

aplicação do poder, do poder militar e do poder aéreo. Após este embasamento

teórico, os discentes deverão, em grupo, elaborar um trabalho intelectual versando

sobre a análise dos motivos históricos para determinas decisões políticas voltadas à

FAB, a alocação de uma unidade área em determinadas regiões do país e as

motivações para esta alocação.

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53

Deve-se realçar que este trabalho em grupo, não tem como prioridade a

qualidade e profundidade intelectual do resultado do relatório final, mas

principalmente é uma dinâmica onde se vivencia o conflito de elaboração de um

trabalho de cunho intelectual em grupo, sem que haja relação de hierarquia entre

seus membros e com tempo reduzido para sua elaboração. Visa a propiciar a

experiência de elaborar um trabalho de cunho intelectual cansado e sob estresse,

verificando individualmente seus limites e potencialidades.

A restrição de tempo e o grau de estresse são conseguidos ao se terminar as

aulas preparatórias à meia noite do dia do acionamento e o início das orientações

deste trabalho logo em seguida, com o término do tempo para sua elaboração às

seis horas da manhã deste mesmo dia.

O grupo necessariamente terá que se organizar internamente para a

realização desta pesquisa e relatório. É dado acesso a internet, bem como material

de pesquisa de apoio.

Os relatórios apresentados por cada grupo deverão passar por uma correção,

qualificando se os mesmos de forma a dar um retorno sobre a lógica das decisões

apresentadas. Naturalmente os trabalhos que não atinjam um nível mínimo de

qualidade deverão ser refeitos na primeira oportunidade.

Deve-se ressaltar que o nível esperado por uma força armada para seus

oficiais, mesmo nos primeiros postos, é voltado ao planejamento e a realização de

tarefas predominantemente intelectuais e não através de serviços físico, exceto os

combatentes diretos que não são formados pelo CIAAR.

Devido ao cansaço gerado pela atividade, a ser realizada no período de

adaptação, o grupo deverá ter um período de descanso na manhã seguinte ao

evento sem atividades acadêmicas. De forma semelhante as demais dinâmicas, esta

deverá ter um acompanhamento próximo quanto a execução e ao aproveitamento

didático dos ensinamentos adquiridos.

9.8 UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO

O treinamento atual é realizado baseado no comportamento desejado e da

experiência dos instrutores, contudo a experiência pode ser transformada em ciência

Page 54: LEI, Luís Carlos de Lima. Intronização de valores organizacionais

54

se os princípios da análise do comportamento, descritas no capítulo 4 forem usados

em plenitude.

Esta utilização passa pelo planejamento antecipado da atividade a ser

realizada, a percepção do desempenho inicial do grupo, a reação esperada a cada

estímulo a ser empregado e a astúcia para saber qual atitude adotar em cada

comportamento apresentado durante a tarefa, bem como a análise posterior do

desempenho, visando uma possível correção posterior (reforço de aprendizagem) de

algum desvio considerado fora de uma margem de aceitação.

O apêndice B exemplifica uma sugestão de ficha de acompanhamento de

atividade a ser empregada durante a realização de um determinado treinamento.

Esta ficha deve ser elaborada antes da realização do mesmo e ser o resultado da

análise do comportamento esperado pelo grupo (experiências anteriores) e da

reação deste aos estímulos da atividade (estímulo condicionado e resposta

condicionada conforme um estímulo incondicionado e resposta incondicionada).

Para potencializar o resultado deste processo é mais eficaz se ter em mente

que o melhor acompanhamento é realizado em pequenos grupos, por um instrutor

treinado e voltado a poucas pessoas. O treinamento anterior nivelará o desempenho

destes instrutores.

Várias são as vantagens em se manter um grupo relativamente pequeno[...] Em comparação aos membros de grandes grupos, os participantes de pequenos grupos tendem a (1) interagir mais uns com os outros e achar mais fácil coordenar seus esforços, (2) ser mais motivados e comprometidos, (3) achar mais fácil trocar informações (GEORGE , JONES, 2008, p. 542).

Outra vantagem do grupo pequeno é que o instrutor tem menos indivíduos

para prestar atenção e corrigir, havendo uma melhor correção dos desvios

individuais.

Para cada atividade pode ser montado um formulário de acompanhamento

explicitando o estágio inicial do subgrupo, os aspectos (comportamentos) a se

desenvolver, as reações esperadas, os comentários e informações a registrar e

transmitir. A análise das informações colhidas por esta ferramenta possibilitará a

certificação da correção da aplicação do método ou da necessidade de atividades

complementares, preferencialmente antes de se trabalhar com outros conceitos.

Sugerimos a sequencia a ser implementada: determinação do comportamento

a se trabalhar, decomposição em comportamentos mais simples, verificação dos

comportamentos inatos atrelados a este processo, elaboração da atividade ou

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dinâmica propriamente dita, preparação teoria dos discentes com os conhecimentos

prévios necessários ao melhor aproveitamento da atividade, correção de rumos

durante a realização da atividade e coleta de informações, análise das informações

colhidas e correção de rumos, em caso de necessidade.

Os alunos precisarão entender o que estão fazendo, o motivo daquela

atividade e o objetivo a atingir. Naturalmente o processo terá etapas onde os alunos

realizem atividades sem o conhecimento prévio dos objetivos, evitando uma

preparação prévia, um bloqueio ou uma defesa aos comportamentos a serem

trabalhados, contudo esta “explicação” do que foi realizado deve ocorrer no primeiro

momento possível. As experiências vivenciadas devem ser exploradas ao máximo e

isto passa pela discussão do realizado, em confronto com a teoria previamente

informada, de modo a termos a sedimentação dos conhecimentos face ao

previamente disponibilizado, a experiência vivida e o planejado a luz da análise

funcional do comportamento.

Considerando a complexidade da tarefa de treinamento e pouco tempo,

nenhuma oportunidade deve ser desperdiçada, ou utilizada menos que a totalidade.

O nível intelectual dos discentes possibilita que estes acompanhem a lógica do

processo.

9.9 SEMANA DA LIDERANÇA

As diversas atividades e dinâmicas voltadas a trabalhar as características de

liderança podem ser agrupadas em atividades sequencias, partindo da atividade que

trabalha o comportamento mais simples a mais elaborada. Estas atividades

seguiriam a lógica já apresentada neste trabalho, com preparação para cada evento,

realização acompanhada com monitor para cada subgrupo, análise do desempenho

atingido e reorientação se necessária.

Para potencializar a evolução individual entre os estágios do domínio

psicomotor (percepção, execução acompanhada, mecanização e domínio completo

do movimento) os aspectos pertinentes a cada fase e a periodicidade do treinamento

devem ser aumentados, com a concentração das atividades de um determinado

treinamento específico.

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O Comando da Aeronáutica está construindo novas instalações para o CIAAR

no município de Lagoa Santa – MG, em face da impossibilidade física de aumentar o

quantitativo de oficiais formados para a instituição na atual configuração.

Considerando este fato pode-se ter nestas novas instalações uma área preparada

para os exercícios de campo voltados para liderança. Estes exercícios seriam

compostos de atividades de grupo, onde a realização de cada tarefa dependeria

essencialmente da participação de todo o grupo, de forma coordenada e, portanto,

com uma liderança ativa. Sugere-se um trabalho entre o CIAAR e o IPA (Instituto de

Psicologia da Aeronáutica) para a elaboração deste programa que poderia, inclusive,

ter a doutrina e instalações utilizadas pelas demais escolas de formação do

COMAer.

Caso a programação do curso não comporte esta atividade isolada, ao menos

deve haver um sequenciamento planejado destas atividades.

Passaremos a tecer sugestões a serem adotadas, em função das

considerações acima realizadas.

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10 CONCLUSÃO

A adaptação de profissionais já capacitados em suas especialidades a um

labor com características diferenciadas do senso comum a aquela atividade propicia

desafios e a possibilidade de potencializar o resultado final deste produto.

Tendo como norte o estudo desta situação, à luz da análise comportamental,

e considerando a cultura organizacional do Comando da Aeronáutica, a quem

prestarão serviço após este período de adaptação, se procurou avaliar a formação

militar dos oficiais capacitados pelo Centro de Instrução e Adaptação da

Aeronáutica, considerando a formação profissional de cada um, o perfil social de

origem de cada grupo de alunos e a avaliação realizada pelos chefes dois anos após

o término do treinamento inicial, de onde se observou como o sistema afere este

profissional na realização de sua lida.

O trabalho baseou-se em pesquisa exploratória sobre os mecanismos de

aprendizagem de adultos, concernentes com a análise comportamental, pesquisa

realizada com alunos, sobre as expectativas destes quanto ao curso e a instituição

com quem iniciavam relação trabalhista e pesquisa com os chefes de alunos de

semelhante perfil, focada na análise do desempenho profissional no COMAer.

A adaptação destes profissionais à carreira militar é baseada no Programa de

Treinamento de Liderança, que faseia esta formação e estabelece as linhas

principais deste processo, assim como as principais atividades a realizar.

Cada grupo de alunos de turmas de cursos de mesmos atributos possui

características previsíveis, considerando as físio-sociais, como idade média, grau de

instrução e classe social de seus integrantes. Do estudo destas características

esperadas, confrontadas com a realizada observada em cada turma que inicia o

curso, advêm abordagens com potenciais perspectivas de serem as mais adequadas

a adotar.

Contudo faz-se necessário, também, verificar o que estes profissionais têm

com imagem da instituição a que adentram, seu conhecimento prévio e como,

consequentemente, se prepararam mentalmente para esta formação.

Há disponível uma ferramenta que parece ser muito útil ao objetivo deste

trabalho, que é a pesquisa realizada com chefes de profissionais de perfil

semelhante à turma estudada, focada no desempenho profissional alcançado dois

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anos após o início do exercício da atividade profissional, e consequentemente do

término do período de adaptação.

A arte de treinar pessoas exige conhecimento, planejamento antecipado,

coordenação de esforços e dedicação. Treinar adultos com formação universitária

certamente é um desafio diferenciado, mas merece ser realizado.

A tradição militar pauta o exercício desta atividade em quatro preceitos

básicos da vida militar: HONRA, HIERARQUIA, DISCIPLINA e EXCELÊNCIA. Os

alunos tem que constantemente serem expostos, em instruções e pelo exemplo, a

estes preceitos.

Muita atenção deve ser dada no processo de formação do grupo, visto que

este será o primeiro grupo da força armada que o aluno fará parte, sua turma.

Entretanto o objetivo do treinamento é a adequação individual ao grupo Comando da

Aeronáutica. Independente de apreciações individuais o aluno deve entender que na

vida militar a confiança supera até mesmo a amizade.

É extremamente importante que o aluno seja exposto aos conceitos e valores

da cultura organizacional do Comando da Aeronáutica e que lhe seja dado

oportunidade de racionalmente avaliar a correção e a adequabilidade destes

conceitos. Ele não pode apenas ter que exercer estes valores, ele tem que desejar

exercê-los.

Sugere-se a aplicação de uma pesquisa nos ex-alunos formados a 5 (cinco)

anos sobre as qualidades e deficiências na formação para ter uma ferramenta de

comparação com a que atualmente é aplicada nos chefes destes profissionais. Esta

pesquisa deve ter espaço para que se abordem as atividades que não foram

realizadas e quais foram desnecessárias, aproveitando-se a maturidade destes na

realização das tarefas e distanciamento emocional do processo de formação.

Fica claro no corpo do trabalho que as características a trabalhar

prioritariamente são de difícil definição e priorização, de onde decorre que deve

ocorrer um trabalho, a ser realizado por órgão superior, elencando as competências

necessárias para os futuros oficiais. Estas competências balizariam a revisão do

processo de formação, bem como a adequação dos métodos utilizados no processo

de ensino-aprendizagem, adequando-os as necessidades da função a exercer.

Deve ser realizada uma pesquisa entre os atuais alunos para levantar o nível

financeiro e educacional das famílias destes. Este trabalho deve funcionar para

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possibilitar o respeito ao multiculturalismo e diferenças sociais, adequando isto as

necessidades da força.

Existe um perfil esperado dos alunos, com perspectiva de conhecimento do

que os motiva a ingressar e permanecer na instituição. Sabem-se também quais

características do exercício da atividade profissional pós-formação são consideradas

menos eficientes pelos chefes destes ex-alunos. Sabe-se ainda como ocorre o

processo de aprendizagem no campo afetivo. Deve-se, portanto, trabalhar estas

características visando a potencialização dos resultados, a permanência dos valores

no período pós-curso e a melhora dos recursos humanos do Comando da

Aeronáutica.

O Comando da Aeronáutica possui um instituto que necessita de maior

participação nesta atividade, o Instituto de Psicologia da Aeronáutica. Os estudos

apresentados neste trabalho podem ser aprofundados pelos profissionais deste

órgão, elaborando novas atividades, refinando a previsão de comportamentos,

ações a implementar e ampliando o conhecimento do processo de aquisição de

repertório comportamental desejado pelo COMAer.

A observação cuidadosa do processo de treinamento e do resultado que se

percebe da avaliação pós-curso resulta da certeza de que o processo ensino-

aprendizagem é realizado de forma correta, responsável, planejada e eficiente, mas

também abre espaço para a verificação de que, aplicando os conceitos de análise

comportamental, este processo pode ser potencializado.

Por fim verifica-se que o objetivo de todo processo de treinamento

institucional é prover adestramento a comportamentos condizentes com a cultura

organizacional, voltados para o comportamento ético, a responsabilidade e a

iniciativa, adaptando a mão-de-obra já especializada pela academia tradicional as

especificidades de uma força militar, onde cada indivíduo fornece sua contribuição

para, no caso do Comando da Aeronáutica, cumprir sua destinação constitucional,

qual seja: “Manter a soberania no espaço aéreo nacional, com vistas a defesa da

Pátria”.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – Pesquisa com Discentes

PESQUISA DE OPINIÃO Esta pesquisa é totalmente confidencial e não deve ser identificada. O objetivo desta pesquisa é o levantamento de dados para utilização em trabalho de cunho científico na Escola Superior de Guerra, cujo tema de estudo é a Formação de Pessoal para o Comando da Aeronáutica. Favor responder qual alternativa melhor retrata sua percepção nos temas abaixo antes do início do curso (Estágio de Adaptação de Oficiais Temporários). 1 – Qual era seu conhecimento sobre a rotina da vida militar antes de ingressar no Comando da Aeronáutica ( ) nenhum ( ) muito pequeno ( ) pequeno ( ) mediano ( ) relativamente grande ( ) grande ( ) muito grande 2 – Pelos seus conhecimentos e impressões anteriores ao início do EAOT você considerava que a instituição militar é muito rígida? ( ) discordo totalmente ( ) discordo ( ) discordo parcialmente ( ) nem concordo nem discordo ( ) concordo parcialmente ( ) concordo ( ) concordo totalmente 3 - Pelos seus conhecimentos e impressões anteriores ao início do EAOT você considerava que a instituição militar aceitaria de bom grado a participação das idéias individuais na evolução e modificação de seus processos e atividades? ( ) discordo totalmente ( ) discordo ( ) discordo parcialmente ( ) nem concordo nem discordo ( ) concordo parcialmente ( ) concordo ( ) concordo totalmente 4 - Pelos seus conhecimentos e impressões anteriores ao início do EAOT você considerava que a instituição militar procurava influenciar a mudança do comportamento e da atitude de seus membros? ( ) discordo totalmente ( ) discordo ( ) discordo parcialmente ( ) nem concordo nem discordo ( ) concordo parcialmente ( ) concordo ( ) concordo totalmente 5 – Caso tenha concordado, pelo menos parcialmente, com a questão nº 4, de que modo isto ocorreria? Pode-se apontar mais de uma alternativa. ( ) exemplo dos seus membros ( ) pressão nos seus integrantes ( ) legislação punitiva ( ) destaque dos melhores ( ) recompensa financeira ( ) recompensa administrativa ( ) adoção de regras rígidas ( ) alocação em futuras funções por desempenho Grato pela colaboração!

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APÊNDICE B

Ficha de Acompanhamento da Dinâmica de Olhos Fechados

DINÂMICA OLHOS FECHADOS

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE: esta dinâmica destina-se a demonstrar a importância da

confiança na formação do grupo e a importância deste no crescimento da qualidade de todos

os indivíduos, bem como na capacidade de transmitir, receber informações e utiliza-la

corretamente. A comunicação intergrupo é exercitada durante o treinamento. Na primeira

fase, aonde apenas um conduz e um é conduzido, deve-se atentar para a atitude do conduzido,

sua reação à informação recebida e a sua postura (andar relaxado ou braços levantados, por

exemplo). Na segunda fase, onde todo o grupo que realizou o mesmo circuito na primeira fase

conduz o retorno de apenas um indivíduo, deve-se verificar a capacidade do conduzido em

captar a quantidade de informação necessária e adequada e nos condutores a coordenação de

esforços, da capacidade de calar-se para não atrapalhar alguém que esteja colaborando e o

momento de participar ou não da atividade.

MACRO GRUPOS TRABALHADOS: pensar, falar e coordenar.

CARACTERÍSTICAS ANTERIORES DO GRUPO OU COMPONENTES DESTE:

Ansiedade ( ) Medo ( ) Timidez ( ) Estrelismo ( )

Voz baixa ( ) Voz sem clareza ( ) Baixa coordenação motora ( )

Dispersão ( ) Insegurança ( ) Voz alta demais atrapalhando outras duplas ( )

EVOLUÇÃO OBSERVADA:

Melhora da atenção ( ) Melhora da coordenação entre os membros ( )

Melhora da capacidade de ouvir ( ) Melhora da capacidade de calar-se pelo grupo ( )

Colaboração indireta no processo ( ) Indiferença para com o processo ( )

Utilização de linguagem clara ( ) Utilização de linguagem clara ( )

ATITUDES CORRETIVAS PÓS-ATIVIDADE:

Ansiedade, medo: ou timidez: informar que é um apenas um exercício.

Estrelismo: lembrar da importância do trabalho em grupo.

Voz baixa, voz alta demais voz sem clareza: informar que as pessoas realizarão o que

entenderam do que foi transmitido.

Dispersão, insegurança: realçar a importância do foco na atividade.

Baixa coordenação motora: relembrar da importância do treinamento para toda atividade.

PONTOS POSITIVOS OU NEGATIVOS OBSERVADOS: