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Bandeira de Mello e Advogados Associados Breve Análise Das Principais Alterações Efetuadas No Código De Processo Civil Pela Lei N.º 10.444, de 07 de maio de 2002. José Manoel Frazão Mendes Andréa Helena Candido Di Paolo Cynthia da Fonseca Loberto Marco Antonio Baroni Gianvecchio Ivan de Oliveira Souza advogados Breve Introdução ao tema: Com a finalidade de tornar o Processo Civil um instrumento cada vez mais eficaz para a solução dos conflitos de interesse, o legislador vem realizando reformas em vários de seus institutos. Como manifestação desse escopo, temos as recentes Leis 10.352/2001, 10.358/2001 e 10.444/2002, que juntas constituem a chamada “Reforma da Reforma”, nas palavras do professor Cândido Rangel Dinamarco. No dizer do mestre Humberto Theodoro Júnior: “Nas últimas décadas o estudo do processo civil desviou nitidamente sua atenção para os resultados a serem concretamente alcançados pela prestação jurisdicional. Muito mais do que com os clássicos conceitos tidos como fundamentais ao direito processual, a doutrina tem se ocupado com remédios e medidas que possam redundar em melhoria dos serviços forenses. Idéias como a da instrumentalidade e efetividade passaram a dar a tônica do processo contemporâneo. Fala-se mesmo de ‘garantia de um processo justo’, mais do que de um ‘processo legal’, colocando no primeiro plano idéias éticas em lugar do estudo sistemático apenas das formas e solenidade do procedimento.” 1 1 Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, Vol. I, 20ª edição, ed., forense, página 9. 1

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Bandeira de Mello e Advogados Associados

Breve Análise Das Principais Alterações Efetuadas No Código De Processo Civil Pela Lei N.º 10.444, de 07 de maio de 2002.

José Manoel Frazão MendesAndréa Helena Candido Di PaoloCynthia da Fonseca LobertoMarco Antonio Baroni GianvecchioIvan de Oliveira Souza

advogados

Breve Introdução ao tema:

Com a finalidade de tornar o Processo Civil um instrumento cada vez mais eficaz para a solução dos conflitos de interesse, o legislador vem realizando reformas em vários de seus institutos. Como manifestação desse escopo, temos as recentes Leis 10.352/2001, 10.358/2001 e 10.444/2002, que juntas constituem a chamada “Reforma da Reforma”, nas palavras do professor Cândido Rangel Dinamarco.

No dizer do mestre Humberto Theodoro Júnior: “Nas últimas décadas o estudo do processo civil desviou nitidamente sua atenção para os resultados a serem concretamente alcançados pela prestação jurisdicional. Muito mais do que com os clássicos conceitos tidos como fundamentais ao direito processual, a doutrina tem se ocupado com remédios e medidas que possam redundar em melhoria dos serviços forenses. Idéias como a da instrumentalidade e efetividade passaram a dar a tônica do processo contemporâneo. Fala-se mesmo de ‘garantia de um processo justo’, mais do que de um ‘processo legal’, colocando no primeiro plano idéias éticas em lugar do estudo sistemático apenas das formas e solenidade do procedimento.”1

A seguir, serão comentadas as principais alterações e inovações que foram introduzidas no Código de Processo Civil através da Lei n.º 10.444, de 07 de maio de 2.002.

É importante salientar que, de acordo com o artigo 5º da supracitada lei, sua vigência ocorrerá após um período de vacatio legis de 3 (três) meses, ou seja, a partir de 07 de agosto de 2.002.

Artigo 2731 Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, Vol. I, 20ª edição, ed., forense, página 9.

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Redação AnteriorArt. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. § 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. § 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. § 3o A execução da tutela antecipada observará, no que couber, o disposto nos incisos II e III do art. 588. § 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.

Nova Redação

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

§ 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento.§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A.§ 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.(NR)

Comentários:

Resumidamente, segundo a ordem de importância, as alterações sofridas neste artigo são:

1º) A consagração da Fungibilidade entre as medidas cautelares e antecipação de tutela (§ 7º);

2º) Autorização da parcial antecipação de tutela nos casos de ser incontroverso um ou alguns dos fatos relevantes para julgar (§ 6º);

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3º) Aplicação à antecipação de tutela do previsto em todo o artigo 588 do CPC, referente à execução provisória, e não mais apenas seus incisos II e III;

4º) Aplicação à antecipação de tutela do artigo 461 do CPC, com o fim de garantir a efetividade da mesma. Analisando as alterações, anotou a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, sob a relatoria do Senador Osmar Dias: “A reforma do Código de Procedimentos – iniciada em 1992 com a Lei n.º 8.455, prosseguiu, em 1993, com as Leis n.ºs 8.637, 8.710, 8.718, e, em 1994, com as Leis n.ºs 8.898, 8.950, 8.951, 8.952 e 8.953 – representou verdadeira revolução no direito processual civil, e um dos tópicos de relevo, carreados pela reforma, operou-se no art. 273 do Código de Processo, que autorizou a antecipação da tutela jurisdicional, em prestígio ao princípio do fumus boni juris. Assim, as obrigações de dar passaram a ter sede no art. 273, e as obrigações de fazer ou não fazer, no art. 461 do mesmo Código. Não se há de confundir as duas formas de antecipar, total ou parcialmente, a prestação jurisdicional, previstas nos arts. 273 e 461, com o que dispõe no art. 330 do mesmo Código, continente de norma que precede à reforma, e que serve ao julgamento antecipado da lide, quando a questão de mérito é inteiramente de direito, ou quando ocorre a revelia.Portanto, antes de a reforma processual adotar o sistema da tutela antecipada, valiam pouco os indicativos processuais favoráveis ao autor da ação, ou a convicção prévia do juiz, nos casos de fumus boni juris em que não se configurava a inteireza de mérito ou a revelia, porquanto se garantia ao réu inadimplente um eventual direito futuro, em desproveito da imediatidade do crédito do autor da ação, e isso se fazia sob o pretexto da ampla defesa, sem considerar que ao autor também deve ser concedida ampla defesa do seu direito.A proposta que ora se examina, ao dirigir-se ao § 3º do art. 273, visa ampliar a remissão (hoje feita somente aos incisos II e III do art. 588 do mesmo Código), que passaria a abranger o art. 588 e seus incisos, e também o art. 461 e §§ 4º e 5º, além do art. 461-A, este último a ser introduzido. A medida traduz a vontade dos operadores do Direito, que enfrentam dificuldades quando ajuízam ações cominatórias visando a obrigação de dar, ou a de fazer ou não fazer, porquanto o embricamento dos temas tratados nos arts. 273 e 461 ainda não se mostra suficientemente claro e tem permitido tomar-se um fundamento legal por outro (CARREIRA ALVIM, J.E., Tutela Específica das Obrigações de Fazer e Não Fazer na Reforma Processual, Ed. Del Rey, 1997, p. 9/11).A alteração contida no § 6º, proposto ao art. 273, também se mostra pertinente, porque a tutela deve poder ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parte deles, mostrar-se incontroverso. Considerando-se que a tutela é antecipada exatamente porque o magistrado, em juízo de delibação, consegue perceber o provável desfecho que terá a lide, então não devem mais subsistir razões para protelar a entrega da prestação jurisdicional, ainda que não integral.É oportuna, igualmente, a alteração veiculada no § 7º, proposto ao art. 273, eis que não cabe tutela antecipada em ação cautelar, porque nela, cautelar, não há julgamento de mérito, como depreende do magistério de NERY e NERY (NERY JÚNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria Andrade, Código de Processo Civil Comentado, 4ª ed., RT 1999)”.

Preliminarmente, é importante salientar que as alterações promovidas neste artigo denotam a relação que existe entre o instituto da Antecipação de Tutela e a Tutela Cautelar, que são espécies do gênero Tutelas de Urgência.

De maneira simplista, pode-se dizer que a tutela antecipada consiste no poder que o juiz tem de antecipar, provisoriamente e desde que atendidos os requisitos legais, os efeitos da sentença que será proferida ao final do processo.

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Já no caso das tutelas cautelares o que se busca é assegurar o eficaz desenvolvimento de outro processo que poderá ser de cognição ou execução. Garante que estes dois últimos não sejam inúteis. Não se trata de antecipar os efeitos da sentença de mérito, pois o que será decidido em uma ação cautelar é apenas e tão-somente se a efetividade do processo principal (cognição ou execução) sofreu algum risco, e não se a parte tem ou não razão de impor sua pretensão à outra.

O que mais chama a atenção nas mudanças deste artigo é a redação de seu § 7º (parágrafo sétimo). Trata-se da consagração da Fungibilidade entre a tutela cautelar e a antecipação de tutela. Com a adoção de tal fungibilidade, os reformadores sinalizam no sentido de que muito do que é disciplinado a respeito das tutelas cautelares deverá ser aplicado à antecipação de tutela. Na verdade, lançou verdadeira “pá de cal” no entendimento daqueles que teimavam em não enxergar o instituto como meio de efetivação do direito e se perderam no tecnicismo exagerado, em detrimento da finalidade pragmática.

Esse parágrafo, ao disciplinar que: “Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.”, deve ser interpretado também como a possibilidade de o juiz, uma vez pleiteada uma medida de natureza cautelar, concedê-la a título de antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos legais. Portanto, existe fungibilidade entre medida cautelar e antecipação de tutela e vice-versa.

Para muitos doutrinadores, tal parágrafo não trouxe nada de novo, porque o magistrado não está vinculado à qualificação jurídica apresentada pelo autor, mas aos fatos por ele narrados, pois ao juiz incumbe solucionar a lide segundo o direito aplicável à espécie, “iura novit curia”. Nosso sistema processual civil adotou a Teoria da Substanciação, segundo a qual o que importa para a solução da lide são os fatos narrados pelo autor. Apesar de terem razão quanto a este aspecto, o grande mérito desta menção repousa no fato de ser pedagógica, deixando claro que isso é possível. Nas palavras do mestre Cândido Rangel Dinamarco: “Este parágrafo (§ 7º) tem porém a virtude de ser explícito e específico, abrindo caminho à exorcização do fantasma da radical distinção entre medidas cautelares e antecipatórias.”2

No tocante ao § 6º do artigo ora em comento, algumas considerações devem ser feitas.

Dispõe o § 6º: “A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.”

À primeira vista, o artigo passa a idéia de que a antecipação da tutela fundada na incontrovérsia só seria possível nos casos em que o autor pleiteia dois ou mais pedidos cumulados. Tal interpretação deve ser afastada desde logo, pois

2 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, pág. 94.4

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é perfeitamente possível a antecipação da tutela (parcial) quando apenas parte do único pedido se mostrar incontroverso.

O que seria essa incontrovérsia?

Respondendo a tal indagação, merece destaque, novamente, a lição do professor Cândido Rangel Dinamarco: “A incontrovérsia, tomada pelo novo parágrafo como fundamento para antecipar a tutela, consiste na ausência de um confronto de afirmações em torno de um fato alegado pelo autor. Se afirmo um fato e o réu o nega, a controvérsia assim instaurada gera uma questão de fato; se afirmo e o réu não nega, não haverá questão alguma a respeito e esse ponto, por ser pacífico, terá a seu favor a presunção de corresponder a verdade (art. 302). O juiz reputa existente o fato confessado ou ao menos não impugnado, sem necessidade de prova (ônus da impugnação específica dos fatos: art. 302 c/c art.334, incs. II e III)”.3

Diante do que foi explanado pelo ilustre jurista, por que o juiz não pode julgar antecipadamente a causa se um ou alguns dos fatos trazidos são incontroversos?

R: Porque nosso processo civil não admite o julgamento antecipado da lide parcial, ou seja, quando apenas um ou alguns dos fatos forem incontroversos (necessitando provar outros) só será possível, de acordo com o § 6º do artigo 273, a parcial antecipação de tutela, ou seja, quando a parte que for incontroversa gerar, por si só, direito autônomo.

Ainda comentando o § 6º do artigo 273, é interessante notar que diante da existência de um fato incontroverso, o juiz poderá dispensar a exigência do periculum in mora, ou fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, e antecipar a lide pautado somente na incontrovérsia existente. E, ainda, dada a altíssima probalidade de acerto e quase que absoluta irrevogabilidade, a antecipação da tutela fundada na incontrovérsia, poderá ser deferida desprezando-se o disposto no § 2º do artigo 273, que veda a antecipação de tutela de efeitos irreversíveis.

Finalizando os comentários sobre o § 6º do artigo 273 do Código de Processo Civil, observa-se que o espírito da reforma leva à interpretação de que não só os pedidos cumulados pelo autor em sua inicial dão origem a demandas reunidas em um só processo. Na composição do objeto do processo determinada pretensão pode ser trazida pelo réu ou por terceiro; por exemplo, quando há reconvenção ou no pedido contraposto e oposição interventiva (artigo 59), respectivamente. Nem por isso o processo deixará de ser uno, embora reúna demandas distintas que dão ao seu objeto o cunho de composto.

Segundo o professor Dinamarco: “A existência de pedidos cumulados pelo autor é apenas uma das hipóteses em que, a teor do que está na lei, se permite parcial antecipação de tutela. Esta será cabível sempre que a

3 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, página 95.5

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incontrovérsia sobre algum fato, ou alguns, permita formar convicção segura quanto a uma parcela do objeto do processo."4

O § 3º deste artigo, ao fazer remissão ao artigo 588 do CPC (execução provisória), artigo 461, §§ 4º e 5º (que tratam da tutela específica) e artigo 461-A, buscou no próprio estatuto processual civil garantir maior efetividade à antecipação de tutela, senão vejamos:

1ª Remissão: artigo 588 do CPC, sem exclusão do inciso I.

- dispensa da caução a ser prestada pelo exeqüente, de acordo com a nova redação do artigo 588, I, tornando, porém, certa a responsabilidade deste perante o executado, no caso de desfazimento da execução provisória e ocorrência de danos.

2ª Remissão: artigo 461, §§ 4º e 5º.

- garante à antecipação de tutela maior efetividade, estendendo a esta o tratamento dado pelo Código de Processo Civil à tutela específica.

Novamente, invoca-se a sempre acertada lição do professor Dinamarco: "Fica agora acima de qualquer dúvida que, nos casos regidos por aquele (artigo 461), o juiz tem o poder de impor multas periódicas destinadas a persuadir o obrigado a cumprir o que na tutela antecipada se lhe ordena (remissão ao art. 461, § 4º) e que também outras medidas poderão ser manejadas com o objetivo de persuasão ou de consumar os resultados que o obrigado não haja querido produzir (remissão ao art. 461, § 5º - infra, n. 173)”.5

3ª Remissão: artigo 461-A

Não tem utilidade prática tal remissão porque apenas manda que se aplique o artigo 461 e seus parágrafos às obrigações de entrega de coisa, não trazendo implicações à matéria referente à antecipação de tutela.

Por fim, o § 3º deste artigo emprega a expressão efetivação ao invés de execução, pois nem sempre a efetivação da tutela antecipada se fará por uma execução. Primaram os reformadores pelo rigor terminológico.

Artigo 275

Redação AnteriorArt. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: I - nas causas, cujo valor não exceder 20 (vinte) vezes o maior salário mínimo vigente no País; II - nas causas, qualquer que seja o valor:a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução;

4 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, página 99.5 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, página 103.

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f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial;g) nos demais casos previstos em lei.Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas.

Nova RedaçãoArt. 275. Observar-se-á o procedimento sumário:I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo;II - nas causas, qualquer que seja o valor:a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução;f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial;g) nos demais casos previstos em lei.Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas.

Comentários:

Antes de analisar este artigo, é importante estabelecer a diferença entre processo e procedimento.

Processo é o meio posto à disposição de todas as pessoas para que estas busquem a solução dos conflitos que lhe afligem.

Procedimento é “o modo e a forma por que se movem os atos do processo”.6

É, em outras palavras, a exteriorização do processo, que pode assumir diferentes formas em razão de diversos fatores.

O Código de Processo Civil, ao tratar do processo de conhecimento, regula o procedimento comum e os procedimentos especiais. O procedimento comum se divide em Ordinário e Sumário.

A adoção do procedimento sumário seguirá o disposto no artigo, ora em comento, segundo critérios ligados ao assunto da lide e ao valor da causa.

Estabelecia o inciso I deste artigo:

Artigo 275.”Observar-se-á o procedimento sumário:6 Amaral Santos, Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 3ª edição, volume II, n.º 350, página 82.

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I – nas causas, cujo valor não exceder 20 (vinte) vezes o maior salário mínimo vigente no país;”

A lei n.º 10.444/02, ao prescrever que as causas cujo valor não exceder a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo serão submetidas ao procedimento sumário, procurou ajustar o texto do Código de Processo Civil às Leis que tratam dos Juizados Especiais Estaduais (lei 9.009/95) e Federais (lei 10.259/01), as quais submetem as causas até o valor de quarenta salários mínimos e sessenta salários mínimos, respectivamente, ao julgamento destes.

Sobre o tema escreveu o professor Dinamarco (com base no projeto 144/01, antes da edição da lei que alterou o inciso ora em comento, atribuindo ao procedimento sumário as causas de até 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo e não mais até 20 (vinte) vezes este valor): “Seria sistematicamente mais harmoniosa a elevação do teto do procedimento sumário a uma quantia superior a de ambos os juizados, ou seja, superior a sessenta salários mínimos. Fosse ao menos instituído um teto para o procedimento sumário na Justiça Federal e outro na dos Estados. A incoerência denunciada consiste em permitir que sejam propostas nos juizados causas de valor superior àquele que cabe no procedimento sumário, quando a cognição neste é exauriente (ou quase) e, naqueles, bastante sumarizada. Que pequenas causas são essas, de valor igual ou superior às que são processadas mediante um procedimento comum, com os formalismos do processo civil comum?” 7

Ao interpretar este inciso não se pode deixar de lado o disposto no parágrafo único do mesmo artigo, no sentido de que o procedimento sumário não se aplica nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas.

Artigo 280

Redação AnteriorArt. 280. No procedimento sumário:I - não será admissível ação declaratória incidental, nem a intervenção de terceiro, salvo assistência e recurso de terceiro prejudicado;II - o perito terá o prazo de quinze dias para apresentação do laudo; III - das decisões sobre matéria probatória, ou proferidas em audiência, o agravo será sempre retido.

Nova Redação

Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.(NR)

Comentários:

A lei n.º 10.444/02 deu nova roupagem ao artigo 280 do Código de Processo Civil. As alterações são as seguintes:

7 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, página 119/120.8

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1º - Tornou-se possível a denunciação da lide às seguradoras (que passa a ser a única hipótese em que será admissível a intervenção de terceiros no procedimento sumário).

Segundo Dinamarco: “A possibilidade de denunciar a lide às seguradoras vinha sendo reclamada pelos operadores do direito em geral, inclusive pelos juízes, porque o veto geral contido no inc. I do artigo 280 dificultava insuportavelmente a efetivação das obrigações resultantes dos contratos de seguro de responsabilidade civil. Sendo demandado em juízo por uma responsabilidade dessas (notadamente em matéria de acidentes com veículos), o segurado haveria de suportar por si só todo o processo, aguardando o desfecho e a execução, e só depois pensar em vir a juízo postular o reembolso a cargo da seguradora (ação de regresso: CPC, art. 70, inc. III).”8

2º - Supressão do inciso II e adoção do prazo do procedimento comum ordinário para que o perito apresente seu laudo.

Com a supressão do inciso II do artigo 280 do Código de Processo Civil, o prazo que o perito terá, no procedimento sumário, para apresentar o seu trabalho, será o mesmo prazo do procedimento ordinário, ou seja, 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento, de acordo com o caput do artigo 433 do Código de Processo Civil.

Com esta alteração, segundo muitos doutrinadores, espanca-se a afirmação de que a instrução no procedimento sumário é sumária.

3º - Supressão do inciso III do artigo 280 do Código de Processo Civil,

Com esta supressão aplica-se ao procedimento sumário o que vale para o ordinário, ou seja, aplica-se o § 4º do artigo 523 do Código de Processo Civil, que com a redação dada pela lei 10.352/01, dispõe:

“§ 4.ºSerá retido o agravo das decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento e das posteriores à sentença, salvo nos casos de dano de difícil e de incerta reparação, nos de inadmissão de apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida.”

Conclui-se que não é mais vedada a utilização do agravo de instrumento quando a decisão recorrida versar a respeito de matéria probatória, ao contrário do que dispunha o inciso III redação anterior do artigo 280.

Artigo 287

Redação AnteriorArt. 287. Se o autor pedir a condenação do réu a abster-se da prática de algum ato, a tolerar alguma atividade, ou a prestar fato que não possa ser realizado por terceiro, constará da petição inicial a cominação da pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença (arts. 644 e 645).

8 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, página 121.9

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Bandeira de Mello e Advogados Associados

Nova Redação

Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o, e 461-A).(NR)

Comentários: Analisando as alterações, dispôs a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, sob a relatoria do Senador Osmar Dias: “A alteração direcionada ao art. 287 substitui o vocábulo condenação por pedido do autor, com remessa ao art. 461, § 4º, e ao art. 461-A, este último, a ser introduzido, nos termos da proposta ora examinada. Com isso, o autor poderá requerer ao juiz que o executado seja multado por deixar de entregar o objeto do litígio, ou, ainda, se deixar de fazer algo a que esteja obrigado, ou se o fizer, quando lhe for defeso. A proposta inova ao excluir a obrigação de fazer realizada por pessoa estranha à relação processual, e também ao substituir o vocábulo condenação (do réu) pela expressão que seja imposta ao réu. Por fim, inova ao proceder a remissão aos arts. 461, § 4º, e 461-A, e não mais aos arts. 644 e 645 do mesmo Código de Processo, dispositivos aqueles que, melhor que estes, darão suporte técnico mais consistentes a pedidos de aplicação de multa.”

Tratou este artigo de aprimorar o instituto da astreinte.

O que são astreintes?

As astreintes, segundo lição do mestre Alcides Mendonça Lima, “correspondem a uma coação de caráter econômico, no sentido de influírem no ânimo do devedor, psicologicamente, para que cumpra a prestação de que está se esquivando”. São utilizadas, na forma de multa pecuniária, com o fim de constranger indiretamente o executado a cumprir obrigação de fazer ou não fazer.

A mudança sofrida por este artigo tem por objetivo deixar claro que mesmo diante da ausência de pedido do autor, no sentido de que seja imposta multa diária ao réu (astreintes), esta poderá ser fixada de ofício pelo magistrado em sentença ou após esta, atendendo ou não a pedido expresso da parte.

Segundo Dinamarco, “O emprego da forma verbal poderá postular, associado à expressa remissão ao art. 461, § 4º, é claramente movido pelo intuito de compatibilizar o art. 287 com a possibilidade de imposição das astreintes em sentença ou depois desta, com ou sem pedido expresso da parte – e isso é feito em oposição à redação da Reforma de 1994, portadora da fórmula imperativa constará da petição inicial, em que se insinuava a intenção de condicionar a cominação à indispensável formulação de um pedido específico. O intuito de compatibilizar é afirmado de modo explícito na justificativa do projeto número 144/01.”9

9 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, página 243.10

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Dentro, ainda, das alterações sofridas na redação do artigo 287 do Código de Processo Civil, destacam-se:

1º - Foi dada maior amplitude às situações passíveis de astreintes, pois estas servirão, segundo a nova redação, para constranger aqueles que relutam em cumprir obrigações consistentes em entregar coisa.

Agora, com a Reforma, estas obrigações se valerão da execução conforme os artigos 461 e 461-A do Código de Processo Civil, garantindo, assim, maior efetividade ao processo.

2º - Utilização da expressão “prestar ato” no lugar “de prestar fato que não possa ser realizado por terceiro”. Desta forma, a aplicação do artigo, ora em comento, não se restringe somente a garantir o cumprimento de obrigações de natureza infungível, mas também para ser aplicado a todas as prestações fungíveis, que podem ser realizadas por terceiros. Foi seguida a linha do Artigo 461 do Código de Processo Civil, que ao mencionar as obrigações de fazer ou de não-fazer, deixa de especificar se são fungíveis ou infungíveis.

Artigo 331

Redação AnteriorArt. 331. Se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes e a causa versar sobre direitos disponíveis, o juiz designará audiência de conciliação, a realizar-se no prazo máximo de 30 (trinta) dias, à qual deverão comparecer as partes ou seus procuradores, habilitados a transigir. § 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. § 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.

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Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.

§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.

§ 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.

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§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos do § 2o." (NR)

Comentários:A grande inovação trazida pela Reforma a este artigo diz respeito ao saneamento do processo por escrito (§ 3º), que ocorrerá “se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova, nos termos do § 2º”.Tal inovação é tida, por muitos doutrinadores, dentre eles Cândido Rangel Dinamarco, como um retrocesso, pois mesmo nos casos de direitos indisponíveis, onde é impossível a transação, a supressão dessa audiência preliminar (assim denominada pela lei 10.444/02), impossibilita que o juiz fixe (em audiência, na presença das partes e seus advogados) os pontos controvertidos da lide, decida questões processuais pendentes e determine as provas a serem produzidas, providências que agora serão tomadas por escrito. E mais, o magistrado, de acordo com seu convencimento (artigo 131 do CPC), decidirá que em determinadas situações a conciliação provavelmente não se realizará, e diante de sua conclusão saneará o processo por escrito.

Outras questões são ventiladas pela lei em comento:

- necessidade de se intimar a parte para comparecer à audiência;

- possibilidade de a parte poder ser representada na audiência por preposto, com poderes para transigir.

No tocante à última questão, ensina Cândido Rangel Dinamarco: “O comparecimento do preposto já vinha sendo praticado antes, mesmo em sede de processo civil. A nova redação do artigo 331 tem, porém, o mérito da explicitude, a evitar dúvidas a respeito da possibilidade dessa representação e da eficácia dos atos realizados pelo preposto. Mas, também como antes, admite-se que o advogado da parte, detendo poderes para transigir, participe das negociações em audiência, sem estrita necessidade do comparecimento da própria parte ou de um preposto.”10

Artigo 461

Redação AnteriorArt. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

10 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, página 111.12

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§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287).§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 5o Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção de resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial

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Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287).§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva." (NR)

Comentários:Analisando as alterações, dispôs a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, sob a relatoria do Senador Osmar Dias: “O ponto seguinte da proposição é dirigido ao art. 461 (caput e § 5º, com aditamento de § 6º), e tem o objetivo de tornar efetiva a tutela jurisdicional ou a obtenção do resultado prático determinado, e a flexibilização do valor e da periodicidade da multa, quando se mostre insuficiente ou excessiva. Ademais, a medida acrescenta a hipótese de multa por tempo de atraso, que se coaduna com a filosofia de, em tempo hábil, realizar-se a compensação do credor.

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Ressalte-se que a aplicação de multa é essencial ao interesse público, para tornar coercitiva a decisão judicial, e a sua flexibilidade deve mesmo ajustar-se à dinâmica do processo e às suas circunstâncias determinantes, quando se mostre excessiva e financeiramente insuportável para o réu e sua família, ou, ao contrário, se revelar-se insignificante a ponto de o seu pagamento causar indiferença ao devedor.”

Este artigo trata da chamada tutela específica das obrigações de fazer ou não-fazer.

Em decorrência da reforma do Código de Processo Civil em 1994, foi dispensada a instauração de um processo de execução (autônomo) com o fim de executar sentenças que condenassem a um fazer ou não-fazer, enfim, criou-se uma alternativa à execução ex intervalo.

O Artigo 461 e seus parágrafos buscam dar efetividade aos processos que versem sobre obrigações de fazer ou não-fazer.

De acordo com o Professor Cândido Rangel Dinamarco, “O novo artigo 461 do Código de Processo Civil abriu caminho para o reconhecimento de que o sistema processual contém dois sistemas executivos, ou duas espécies de execução, a saber: a) a execução forçada, regida pelo Livro II do Código, e composta de meios de sub-rogação que dispensam qualquer concurso da vontade do obrigado e (b) a execução por coerção, consistente em pressionar a vontade deste para que cumpra. Chega-se com isso ao binômio proposto por Chiovenda, sendo lícito falar em medidas de coerção e medidas de sub-rogação, agora postas no mesmo nível no sistema brasileiro da execução civil.”11

E, explicitando o papel do artigo ora em comento, conclui o mesmo autor:

“O sistema instituído mediante a edição do novo artigo 461 do Código de Processo Civil, ali implantado pela primeira Reforma em 1994, é de execução por coerção e não por sub-rogação, porque atua sobre a vontade do obrigado, sem prescindir dela. Funciona em mera continuação do processo de conhecimento, sem a formal instauração do processo executivo.”12

Na busca pela implementação desta espécie de execução, o Judiciário ganhou mecanismos de pressão, para que o devedor cumprisse sua obrigação (fazer ou não-fazer). São eles:

- imposição de multa periódica (astreintes), com a finalidade de pressionar o devedor renitente a cumprir a obrigação;

- possibilidade de alterar uma decisão contida em uma sentença condenatória a fim de oferecer ao credor um “resultado prático equivalente ao do adimplemento”;

- adoção das chamadas “medidas de apoio” (§ 5º), onde o resultado será produzido por ato imperativo do próprio Estado-Juiz, sem a participação volitiva do obrigado renitente.11 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, página 223, 2002.12 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, página 224, 2002.

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No que diz respeito à utilização das medidas coercitivas acima descritas, não se pode esquecer que garantirão não só o cumprimento de uma sentença definitiva como dos efeitos oriundos do Artigo 461 do Código de Processo Civil, que em seu § 3º permite a antecipação de tutela “sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.”

Interessante observação feita pela doutrina diz respeito ao fato de que o Artigo 461 e seus parágrafos constituem exceções aos princípios de que a sentença deve corresponder ao pedido (pelos §§ 4º e 5º do mesmo artigo o magistrado está autorizado a impor astreintes e outras medidas de coerção, com ou sem prévio pedido do autor) e ao que o juiz não pode inovar no processo de conhecimento após a sentença.

Quais foram as mudanças do Artigo 461 do Código de Processo Civil, em função da Lei 10.444/2002?

São elas:

1º - Com relação ao § 5º

Ficou salientado que o juiz poderá fixar as chamadas astreintes sempre que necessário for para o cumprimento da obrigação. O momento da fixação das astreintes não se restringe apenas às sentenças ou decisão que antecipa os efeitos da sentença.

Comentando o assunto, leciona Dinamarco: “sempre que algum acontecimento ulterior demonstre a necessidade de cominar para fazer cumprir, será admissível a superveniência da cominação. Essa possibilidade é razoavelmente inferida da nova redação dada ao §5º do art. 461, que inclui a imposição de astreintes entre as medidas que o juiz pode aplicar no curso dos atos de imposição dos resultados impostos pela sentença (antes da Reforma da Reforma o § 5º não aludia a elas).”13

2º - O Novo § 6ºTratou este parágrafo de adequar o instituto das astreintes às situações supervenientes.

Novamente transcreve-se os ensinamentos de Cândido Rangel Dinamarco: "Também da Reforma da Reforma é o novo § 6º do art. 461 do Código de Processo Civil, pelo qual se traz para o estatuto da execução específica uma regra que antes estava em seu artigo 644, ou seja, no capítulo do processo de execução por obrigações de fazer ou de não-fazer. Trata-se da autorização, dada ao juiz, de adequar às astreintes as necessidades supervenientes à decisão que as aplica, mediante (a) alteração da periodicidade de sua incidência, (b) elevação de seu valor ou (c) redução deste.”14 13 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, página 238, 2002.14 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, página 241. 2002.

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Novo Dispositivo que passa a integrar o Código de Processo Civil:

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.

§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.

§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.

§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461." (NR)

Comentários:

O artigo 461–A resultou da necessidade de estender os benefícios da tutela específica das obrigações de fazer ou não fazer às obrigações de entregar coisa.

Desta forma, só não se poderão utilizar da chamada execução sine irtervallo, as obrigações pecuniárias, pois estarão submetidas somente a um processo de execução autônomo, no caso a execução por quantia certa contra devedor solvente.

A respeito desse novo artigo escreveu Cândido Rangel Dinamarco:

“No tocante as obrigações de entregar coisa, o novo art. 461 – A não cuidou da alteração do decisum mediante a imposição de medida destinada a produzir resultado equivalente (461, caput). Limitou-se a estender a elas a técnica de executar sine intervallo (sentença mandamental – infra, n. 162), com a aplicação das medidas de persuasão representadas pelas astreintes e das diversas medidas de apoio destinadas a produzir diretamente o resultado (art. 461, §§ - infra, n.175).”15

O § 1º, do artigo ora em comento, deixa patente que estarão submetidos ao instituto da execução específica as obrigações de entregar coisa certa individualizada e as obrigações de entregar coisas ainda não individualizadas.

Interessante observação, em relação ao § 1º, foi feita por Dinamarco, que dispõe: “É estranha a disposição, contida no § 1º em exame, segundo a qual, cabendo a escolha ao autor, ele a fará na petição inicial. Não existe petição inicial nessa execução pelos moldes dos arts. 461 e 461-A, pela simples razão de que esta não se faz em um processo novo, mas em prosseguimento ao

15 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, página 225, 2002.16

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cognitivo (supra, nn. 157).” E, ainda, “Uma interpretação razoável do novo dispositivo deve concluir que a escolha, a ser feita pelo autor, virá na petição com que pedir as medidas inerentes ao art. 461 – A c/c art.461.”16

O § 2º deste artigo, ao dispor que: “Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.”, traz medidas que, por atingirem diretamente o bem, sem atuação do devedor renitente, não poderiam ser aplicadas às obrigações de fazer ou não-fazer.

Em função deste artigo, as medidas de busca e apreensão de coisa móvel ou imissão provisória na posse de bem imóvel serão agora implementadas sem a necessidade de instauração de um processo de execução autônomo.

Artigo 588

Redação AnteriorArt. 588. A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva, observados os seguintes princípios: I - corre por conta e responsabilidade do credor, que prestará caução, obrigando-se a reparar os danos causados ao devedor;II - não abrange os atos que importem alienação do domínio, nem permite, sem caução idônea, o levantamento de depósito em dinheiro;III - fica sem efeito, sobrevindo sentença que modifique ou anule a que foi objeto da execução, restituindo-se as coisas no estado anterior.Parágrafo único. No caso do no IlI, deste artigo, se a sentença provisoriamente executada for modificada ou anulada apenas em parte, somente nessa parte ficará sem efeito a execução.

Nova Redação

Art. 588. A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:

I - corre por conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os prejuízos que o executado venha a sofrer;

II - o levantamento de depósito em dinheiro, e a prática de atos que importem alienação de domínio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução idônea, requerida e prestada nos próprios autos da execução;

III - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior;

IV - eventuais prejuízos serão liquidados no mesmo processo.

16 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, página 249, 2002.17

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§ 1o No caso do inciso III, se a sentença provisoriamente executada for modificada ou anulada apenas em parte, somente nessa parte ficará sem efeito a execução.

§ 2o A caução pode ser dispensada nos casos de crédito de natureza alimentar, até o limite de 60 (sessenta) vezes o salário mínimo, quando o exeqüente se encontrar em estado de necessidade." (NR)

Comentários:

A Reforma da Reforma, com destaque para as leis n.º 10.358/2001 e 10.444/2002, trouxe muitas inovações ao Processo de Execução, buscando aprimorá-lo e compatibilizá-lo a outros institutos, que também foram objeto da Reforma.

Segundo Cândido Rangel Dinamarco: “A tônica maior da nova redação trazida pelo proj. n.º 144/01 foi a busca de um equilíbrio entre a facilitação da execução provisória, para efetividade da tutela oferecida ao credor; e a segurança do devedor ameaçado ou talvez mesmo prejudicado por uma execução que depois pode revelar-se injusta.”17

As principais alterações no artigo 588 do Código de Processo Civil são:

1º - Dispensa da caução para dar início à execução provisória.

Tal dispensa já vinha sendo admitida pela doutrina e jurisprudência, pois a exigência de caução mostrava-se incompatível com a execução provisória, cujo escopo é satisfazer da maneira mais célere possível os interesses do credor. Entretanto, o legislador não deixou de lado os direitos do devedor, ao prescrever no inciso I que a execução provisória “corre por conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os prejuízos que o executado venha a sofrer.”

2º Possibilidade da prática de atos (na execução provisória) que importem em alienação do domínio e a exigência de caução como condição para a promoção de ato que possa ocasionar dano ao executado.

A Reforma operada no inciso II deste artigo procurou resguardar de maneira mais ampla os interesses do devedor e inovou ao possibilitar que na execução provisória sejam praticados atos que importem em alienação do domínio, resultando numa maior efetividade processual. Além de citar expressamente, como sujeitos à prévia caução, o levantamento do depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação do domínio, acrescentou ao inciso a expressão genérica “prática de atos que importem alienação do domínio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado”. Ainda, dentro do mesmo inciso, a expressão “requerida e prestada nos próprios autos da execução” significa que a caução deve ser requerida pelo executado ou pelo exeqüente, sendo dispensada a instauração de um processo cautelar, nos moldes dos artigos 826/838 do Código de Processo Civil.

17 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, página 255, 2002.18

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3º Liquidação, no próprio processo de execução provisória, dos eventuais prejuízos experimentados pelo devedor.

Na busca de maior rapidez na indenização do executado é que foi prevista no inciso IV deste artigo, a liquidação de eventuais prejuízos no mesmo processo de execução provisória.

4º Dispensa da caução nos créditos de natureza alimentar.

Dispõe o § 2º deste artigo: “A caução pode ser dispensada nos casos de crédito de natureza alimentar, até o limite de 60 (sessenta) vezes o salário mínimo, quando o exeqüente se encontrar em estado de necessidade.”

Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que tal dispositivo só tem aplicação no que diz respeito ao inciso II deste artigo, pois em relação ao inciso I a caução é dispensada.

Em segundo lugar, três são os requisitos para que se dê a dispensa:

- crédito de natureza alimentar;

- crédito até o limite de 60 (sessenta) vezes o salário mínimo;

- que o exeqüente se encontre em estado de necessidade.

Com relação à dispensa, cabe aqui observar que se o crédito (de natureza alimentar, e presente o estado de necessidade do exeqüente) for superior a 60 (sessenta) salários mínimos, o credor poderá promover a execução provisória, com dispensa da caução, até este limite, podendo executar o excesso após o trânsito em julgado da decisão.

Artigo 604

Redação AnteriorArt. 604. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor procederá à sua execução na forma do art. 652 e seguintes, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo.

Nova RedaçãoArt. 604. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor procederá à sua execução na forma do art. 652 e seguintes, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo.

§ 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência; se os dados não forem, injustificadamente,

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apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor e a resistência do terceiro será considerada desobediência.§ 2o Poderá o juiz, antes de determinar a citação, valer-se do contador do juízo quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária. Se o credor não concordar com esse demonstrativo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.(NR)

Comentários

Este artigo, desde sua gênese (1994), tem por escopo a celeridade processual, pois a instauração de um processo de liquidação é dispensada “quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético.”

Sobre o assunto, leciona Humberto Theodoro Júnior: “Com o advento da Lei n.º 8.898, de 29/06/94, restou abolida a judicialidade da liquidação por simples cálculo. Permite-se agora, com a atual redação do art. 604, que o próprio credor elabore o demonstrativo do montante da dívida na data de instauração da execução, desde é claro que tudo se faça mediante simples cálculo aritmético. Para esse fim, a petição inicial da execução será instruída com memória discriminada e atualizada do cálculo.”18

Desta forma, o processo de liquidação sobrevive apenas para as chamadas obrigações ilíquidas, já que as obrigações que dependam apenas de cálculo aritmético são na verdade obrigações líquidas.

Quais foram as principais inovações introduzidas neste artigo, por força da Lei 10.444/2002?

São elas:

- Adoção de medidas implementadoras do caput.

O parágrafo §1º deste artigo tem a missão de tornar possível a elaboração do cálculo pelo credor, que muitas vezes se via impedido de realizá-los por razões de ordem econômica ou por não ter acesso à documentação necessária.

Dispõe esse novo §1º “Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência; se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor e a resistência do terceiro será considerada desobediência.”

18 Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, volume II, 20ª edição, editora forense, 1997, página 95.

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Portanto, diante da inércia do devedor ou de terceiro quanto ao fornecimento de dados para que o credor efetue os supracitados cálculos, presumir-se-ão corretos os apresentados pelo credor e a resistência do terceiro será considerada desobediência, passível de processo criminal pela prática prevista no Artigo 330 do Código Penal.

- Cálculo do contador em face de evidente excesso de execução.

O magistrado poderá, mesmo nos casos em que os cálculos possam ser feitos pelo credor, utilizar os préstimos do contador do juízo, quando:

- os valores apresentados pelo credor lhe parecerem exagerados em face da decisão exeqüenda. Neste caso, se o credor não concordar com os cálculos feitos pelo contador do juízo, a execução prosseguirá pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor estipulado pelo contador.

- nos casos de assistência judiciária; direito à justiça gratuita, onde o cálculo feito pelo contador do juízo poderá atender tanto ao credor quanto ao devedor hipossuficiente.

Artigo 621 Redação Anterior

Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo, será citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação, ou, seguro o juízo (art. 737, II), apresentar embargos.

Nova RedaçãoArt. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação ou, seguro o juízo (art. 737, II), apresentar embargos.

Parágrafo único. O juiz, ao despachar a inicial, poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo.(NR)

Comentários:

Em primeiro lugar, com a Reforma da Reforma, este artigo tem sua aplicação voltada apenas aos títulos executivos extrajudiciais.

Tal restrição é decorrência do novo artigo 461 – A, que submete a execução de obrigação de entrega de coisa certa, embasada em título executivo judicial, aos preceitos relativos à execução específica (artigo 461 e seus parágrafos). Nestes casos ocorrerá a execução sem intervalo, feita como extensão do processo de conhecimento, sendo desnecessário o nascimento de um processo de execução autônomo.

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Em segundo lugar, o parágrafo único deste artigo confere ao magistrado a prerrogativa de fixar as chamadas astreintes, com o fim de coagir o devedor renitente a cumprir a obrigação assumida.

Artigo 624

Redação AnteriorArt. 624. Se o devedor entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-á por finda a execução, salvo se esta, de acordo com a sentença, tiver de prosseguir para o pagamento de frutos e ressarcimento de perdas e danos.

Nova Redação

Art. 624. Se o executado entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-á por finda a execução, salvo se esta tiver de prosseguir para o pagamento de frutos ou ressarcimento de prejuízos.(NR)

Comentários:

Com a Reforma deste artigo, foram suprimidas as palavras “de acordo com a sentença”, pois como já foi dito anteriormente, o processo (autônomo) de execução para entrega de coisa certa só será aplicado quando constar tal obrigação de título executivo extrajudicial, pois no caso desta obrigação ser fundada em título executivo judicial, a execução será específica, nos termos do artigo 461 – A do Código de Processo Civil.

Artigo 627Redação Anterior

Art. 627. O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não Ihe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente. § 1o Não constando da sentença o valor da coisa, ou sendo impossível a sua avaliação, o credor far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial.§ 2o O valor da coisa e as perdas e danos serão apurados em liquidação de sentença.

Nova Redação

Art. 627. O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não Ihe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente. § 1o Não constando do título o valor da coisa, ou sendo impossível a sua avaliação, o exeqüente far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial.

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§ 2o Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos.(NR)

Comentários:

Foram suprimidas as seguintes palavras:

- “não constando da sentença o valor da coisa”;

- “liqüidação de sentença”.

As alterações na redação deste artigo foram lançadas com o objetivo de extirpar do capítulo referente ao processo de execução para entrega de coisa (artigos 621/631) qualquer referência a título judicial, pois, como já salientado, nestes casos terá lugar a execução sine intervallo, com fundamento nos artigos 461 e 461 – A do Código de Processo Civil

Artigo 644

Redação AnteriorArt. 644. Na execução em que o credor pedir o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, determinada em título judicial, o juiz, se omissa a sentença, fixará multa por dia de atraso e a data a partir da qual ela será devida. Parágrafo único. O valor da multa poderá ser modificado pelo juiz da execução, verificado que se tornou insuficiente ou excessivo.

Nova Redação

Art. 644. A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo com o art. 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste Capítulo.(NR)

Comentários:Analisando as alterações, anotou a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, sob a relatoria do Senador Osmar Dias: ”O art. 644 proposto recomenda que a sentença exarada na ação que vise à obrigação de fazer ou de não fazer observe o disposto no art. 461, com as alterações a ele direcionadas no projeto. A obrigação de fazer é a que tem por objeto a prática de um ato pelo devedor, e a de não fazer a que tem por pressuposto uma abstenção, isto é, a omissão ou tolerância. A proposta, por isso, reduzirá a aflição dos operadores do Direito, que poderão contar com procedimento dotado de maior clareza. Atualmente, a grande maioria das ações da obrigação de fazer ou não fazer recorrem, de modo incerto, tanto ao art. 273 quanto ao 461, porque redigidos de modo obscuro. Com isso, conclui-se que o proposto ao tópico é pertinente.”

Mais uma vez, os reformadores salientaram a necessidade de aplicar-se as normas referentes à tutela específica (artigo 461, execução sine intervallo), no que diz respeito às obrigações de fazer e não-fazer constantes de títulos executivos judiciais.

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Artigo 659

Redação AnteriorArt. 659. Se o devedor não pagar, nem fizer nomeação válida, o oficial de justiça penhorar-lhe-á tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios. § 1o Efetuar-se-á a penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que em repartição pública; caso em que precederá requisição do juiz ao respectivo chefe.§ 2o Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.§ 3o No caso do parágrafo anterior e bem assim quando não encontrar quaisquer bens penhoráveis, o oficial descreverá na certidão os que guarnecem a residência ou o estabelecimento do devedor.§ 4o A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora, e inscrição no respectivo registro.

Nova RedaçãoArt. 659. Se o devedor não pagar, nem fizer nomeação válida, o oficial de justiça penhorar-lhe-á tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios. § 1o Efetuar-se-á a penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que em repartição pública; caso em que precederá requisição do juiz ao respectivo chefe.§ 2o Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.§ 3o No caso do parágrafo anterior e bem assim quando não encontrar quaisquer bens penhoráveis, o oficial descreverá na certidão os que guarnecem a residência ou o estabelecimento do devedor.§ 4o A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art. 669), providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, o respectivo registro no ofício imobiliário, mediante apresentação de certidão de inteiro teor do ato e independentemente de mandado judicial.§ 5o Nos casos do § 4o, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, a penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, será realizada por termo nos autos, do qual será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e por este ato constituído depositário.(NR)Comentários:

Este artigo trata basicamente do registro da penhora e de sua oponibilidade a terceiros.

Com relação ao parágrafo 4º, pode-se dizer que seu objetivo foi deixar de modo claro que o registro da penhora não é condição para intimação do executado para oferecer seus eventuais embargos à execução. Tal registro somente serve para que a penhora tenha eficácia plena perante terceiros, cabendo ao exeqüente as devidas providências junto ao ofício imobiliário.

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Dispõe a exposição de motivos do Projeto 144/01 do Senado Federal:

“O atual art. 659, § 4º, resultante da lei n.º 8.953, de 13 de dezembro de 1994, de alto alcance na prevenção das fraudes e no resguardo dos direitos de terceiros de boa-fé que venham a adquirir imóvel já penhorado, suscita no entanto relevante dúvida: se o registro da penhora é integrativo do próprio ato complexo, o prazo para embargos somente terá início após tal registro; se, todavia, é requisito de eficácia, para oponibilidade da penhora perante terceiros, a intimação da penhora deverá fazer-se logo após lavrado o auto respectivo”.

Dando seqüência lógica ao disposto acima, prevê o projeto:

“Na trilha da doutrina e da jurisprudência majoritárias, o projeto dilucida tal controvérsia, adotando a segunda orientação: a exigência do registro não impede a imediata intimação do executado, constituindo-se o registro em condição de eficácia plena da penhora perante os terceiros, cabendo ao exeqüente as devidas providências junto ao registro imobiliário.”

Porém, de suma importância é a observação pelo Professor Dinamarco: “não feito o registro, nem por isso fica o adquirente a salvo das conseqüências da fraude de execução, porque seu conhecimento não é presumido de modo absoluto, mas o autor pode sempre prová-lo.”19

Com relação ao § 5º, o mesmo torna possível a penhora do imóvel por termo nos autos, portanto, viabiliza que esta se realize em foro distinto daquele em que se situa o bem, sem a necessidade de solicitar os préstimos de outro juízo (desnecessidade de expedição de carta precatória). Para que se dê a efetivação de tal penhora, o exeqüente deverá exibir em juízo uma certidão de matrícula do imóvel, para provar que este pertence ao executado.

Por fim, este mesmo parágrafo dispõe que da penhora realizada por termo nos autos, “será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e por este ato constituído depositário.”

Artigo 744

Redação AnteriorArt. 744. Na execução de sentença, proferida em ação fundada em direito real, ou em direito pessoal sobre a coisa, é lícito ao devedor deduzir também embargos de retenção por benfeitorias.§ 1o Nos embargos especificará o devedor, sob pena de não serem recebidos:I - as benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias;II - o estado anterior e atual da coisa;III - o custo das benfeitorias e o seu valor atual;IV - a valorização da coisa, decorrente das benfeitorias.§ 2o Na impugnação aos embargos poderá o credor oferecer artigos de liquidação de frutos ou de danos, a fim de se compensarem com as benfeitorias.§ 3o O credor poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou depositando:I - o preço das benfeitorias;

19 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, 2002, página 270.25

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II - a diferença entre o preço das benfeitorias e o valor dos frutos ou dos danos, que já tiverem sido liquidados.

Nova Redação

Art. 744. Na execução para entrega de coisa (art. 621) é lícito ao devedor deduzir embargos de retenção por benfeitorias.

§ 1o Nos embargos especificará o devedor, sob pena de não serem recebidos:

I - as benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias;

II - o estado anterior e atual da coisa;

III - o custo das benfeitorias e o seu valor atual;

IV - a valorização da coisa, decorrente das benfeitorias.

§ 2o Na impugnação aos embargos poderá o credor oferecer artigos de liquidação de frutos ou de danos, a fim de se compensarem com as benfeitorias.

§ 3o O credor poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou depositando:

I - o preço das benfeitorias;

II - a diferença entre o preço das benfeitorias e o valor dos frutos ou dos danos, que já tiverem sido liquidados.

Comentários:

Duas foram as modificações sofridas neste artigo que trata dos embargos por retenção de benfeitorias:

1ª - adequou-se à nova realidade (artigo 461-A), que eliminou do sistema processual civil a instauração de processo de execução por título judicial para a entrega de coisa, suprimindo-se a expressão “execução de sentença proferida em ação real”;

2ª - o Artigo 744 só se aplicará à execução para a entrega de coisa fundada em título executivo extrajudicial, por isso o artigo 4º da Lei 10.444/2002, dispõe:

“Art. 4º O art. 744 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, passa a integrar o Capítulo III do Título III do Livro II...”, que trata exatamente dos embargos à execução fundada em título extrajudicial.

Artigo 814

Redação AnteriorArt. 814. Para a concessão do arresto é essencial:I - prova literal da dívida líquida e certa;

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II - prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo antecedente. Parágrafo único. Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para efeito de concessão de arresto, a sentença líquida ou ilíquida, pendente de recurso ou o laudo arbitral pendente de homologação, condenando o devedor no pagamento de dinheiro ou de prestação que em dinheiro possa converter-se.

Nova RedaçãoArt. 814. Para a concessão do arresto é essencial: I - prova literal da dívida líquida e certa; II - prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo antecedente. Parágrafo único. Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para efeito de concessão de arresto, a sentença, líquida ou ilíquida, pendente de recurso, condenando o devedor ao pagamento de dinheiro ou de prestação que em dinheiro possa converter-se."(NR)

Comentários:

Em uma primeira leitura deste artigo, logo se verifica que a menção ao laudo arbitral foi suprimida de seu parágrafo único.

Essa supressão ocorreu porque com o advento da Lei de Arbitragem, a sentença arbitral (e não laudo) ganhou eficácia própria, independentemente de homologação, sendo inclusive considerada Título Executivo Judicial (artigo 584, III, do CPC), quando condenatória. Portanto, a Lei 10.444/2002 realizou uma adequação terminológica neste artigo.

Portanto, constitui fumus boni juris, para o fim de concessão do arresto, tanto a sentença proferida pelo árbitro quanto a sentença proferida pelo juiz togado, desde que observadas as exigências do parágrafo único do artigo em comento.

Sobre o tema, escreve o professor Dinamarco: “Diante disso, falar em ‘sentença, líqüida ou ilíqüida, pendente de recurso, condenando o devedor’ etc., como está na atual redação daquele parágrafo, é incluir tanto a sentença proferida por juiz, agente estatal, como pelo árbitro como tal constituído pelas partes. Tanto uma como outra dessas sentenças, com requisitos postos no parágrafo do art. 814, são suficientes indicadores do fumus boni juris para o fim de concessão do arresto.”20

A Seção III do Capítulo V do Título VIII do Livro I da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973

Redação Anterior

20 Cândido Rangel Dinamarco, A Reforma da Reforma, editora malheiros, página 126, 2002.27

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Do Saneamento do Processo – artigo 331 do CPC

Nova Redação

“Da Audiência Preliminar". – artigo 331 do CPC

Comentários:

Analisando as alterações, dispôs a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal, sob a relatoria do Senador Osmar Dias: “Por fim, a renomeação da Seção III do Capítulo V do Título VIII do Livro I é justificada, porque, efetivamente, não se trata de audiência de conciliação que, como visto acima, pode até não ocorrer. Na verdade, a tentativa é de conciliação, mas em audiência preliminar, ocorra ou não a conciliação nessa oportunidade. De igual forma, adequada é a inclusão do art. 744, último do Capítulo II, na condição de primeiro artigo do Capítulo III (Título IIII do Livro II), em razão de tratar especificamente de execução.”

Bibliografia:

Dinamarco, Cândido Rangel. A Reforma da Reforma, editora Malheiros, 2002;

Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, v. I, II, editora Forense, 20ª edição;

Nelson Nery Júnior e Rosa Maria Andrade Nery, Código de Processo Civil Comentado, editora Revista dos Tribunais, 4ª edição;

Tucci, José Rogério Cruz e, Lineamentos da Nova Reforma do CPC, editora Revista dos Tribunais, 2002;

Site:www.senado.gov.br/web/senador/odias/Trabalho/Pareceres/ Pareceres/Parecer2002/parPLC144_01CCJ.htm - 28k

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