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LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999 Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal PROF.: RODRIGO CARDOSO

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LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999

Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal

PROF.: RODRIGO CARDOSO

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CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbitoda Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dosdireitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo eJudiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.

§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e daestrutura da Administração indireta;

II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;

III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

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LEI N. 9.784/1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO NA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 PRINCÍPIOS

2.1 PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

3 DIREITOS DO ADMINISTRADOS

4 DOS DEVERES DO ADMINISTRADO

5 INÍCIO DO PROCESSO

6 INTERESSADOS

7 COMPETÊNCIA

8 IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

9 FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

10 COMUNICAÇÃO DOS ATOS

11 INSTRUÇÃO

12 DEVER DE DECIDIR

13 MOTIVAÇÃO

14 DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO

15 ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

15.1 RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO 15. 2 R ECURSO PRÓPRIO E IMPRÓPRIO 15.3 REVISÃO DO PROCESSO 15.4 DECISÃO ADMINISTRATIVA QUE CONTRARIA ENUNCIADO DE SÚMULA

VINCULATE

16 CONTAGEM DOS PRAZOS

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Olá! Seja bem vindo (a) ao curso da Lei ° 9.784/99. Caso não me conheça, sou Rodrigo Cardoso, professor de Direito Administrativo do Gran Cursos. Atualmente, sou servidor do TRT 10ª Região, sei de todas as dificuldades do concurseiro. O caminho é difícil, mas gratificante ao fim. O Direito faz parte de minha vida desde os tempos da graduação. Sou concurseiro como você, a única diferença é que estudo o direito há bastante tempo. Agora é a sua vez de ser aprovado em concurso público! Se você está lendo o presente material é porque decidiu estudar com foco e dedicação. Vamos lá! Confie em você, sua capacidade é infinita.

1 INTRODUÇÃO A Lei n. 9.784/1999 estabelece regras para o processo administrativo no âmbito

federal. Não há "folha solta" na administração, qualquer solicitação inicia um processo administrativo que irá ter capa, será autuado e terá numeração.

Considere que um segurado se dirija a um posto de atendimento do INSS para requerer sua aposentadoria, ou mesmo, que um particular peça ao IBAMA licença ambiental, ou um servidor solicite, perante seu órgão, licença para tratar de interesses particulares. Em todas situações apresentadas será instaurado processo administrativo.

Por essas razões a Lei n. 9.784/1999 consta no edital do seu concurso, pois, provavelmente, você irá trabalhar dando andamento ou mesmo decidindo processo administrativo.

Você não pode esquecer que há processo administrativo nas três funções do Estado. A função típica do Poder Judiciário e dar andamento e julgar os processos judiciais, do Poder Legislativo consiste na elaboração das leis. O processo típico do Poder Executivo é o processo administrativo. Veja só: mo Pode Legislativo há licitação pública, que é exemplo de processo administrativo; servidor do Poder Judiciário pode solicitar licença para capacitação ou mesmo solicitar o parcelamento de suas férias, nesses casos, teremos a instauração de processo administrativo.

ATENÇÃO! O processo administrativo é típico do Poder Executivo, sendo considerado atípico

no Poder legislativo ou Judiciário. A Lei n. 9.784/1999 tem características de lei federal, visto que é aplicada apenas na

tramitação dos processos administrativos dentro da Administração Pública Federal (Executivo, Legislativo e Judiciário Federal). Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, em razão de suas autonomias, podem criar suas próprias regras a respeito de seus processos administrativos.

Por fim, vale destacar que as normas contidas na Lei n. 9.784/1999 têm caráter genérico e subsidiário, nesse sentido o art. 69 disciplina que “os processos administrativos

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específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei”. Sendo assim, os processos administrativos específicos, como é o caso do Processo Administrativo Disciplinar (regulado pela Lei n. 8.112/1990); os processos tributários, regulados pelo Código Tributário Nacional, ou seja, as leis referentes a processos administrativos específicos continuam sendo normalmente aplicadas.

DIRETO DO CONCURSO

1 (CESPE/TCU/AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO/2013) As disposições da referida lei aplicam-se aos órgãos e às entidades que integram o Poder Executivo federal, mas não aos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário, que dispõem de disciplina própria relativamente aos processos de natureza administrativa.

Comentário: as disposições da Lei n.º 9.784/1999, aplicam-se aos órgãos e às entidades que integram o Poder Executivo federal, bem como aos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário. Atenção: os Estados, DF e os Municípios possuem autonomia política para elaboração de norma sobre processo administrativo.

2(CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA: JUDICIÁRIA/2012) Os preceitos dessa lei aplicam-se à administração pública direta e indireta no âmbito do Poder Executivo federal, mas não alcançam os Poderes Legislativo e Judiciário da União, que dispõem de autonomia para editar atos acerca de sua organização e funcionamento quando no desempenho de função administrativa. Comentário: a Lei n 9.784/99 é aplicada aos Poderes Legislativo e Judiciário da União.

Vamos trabalhar a partir de agora todos os Capítulos da Lei Nº 9.784/99, que são muito bem redigidos tornando a Lei bem didática. Essa Lei é bem simples e direta, não havendo a necessidade de decreto para explicar ou detalhar qualquer matéria. Vamos lá. 2 PRINCÍPIOS

Ao agir, o administrador público, deve atender aos princípios que orientam as atividades administrativas. No caput do artigo 37 da CF constam de forma expressa os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiências. Isso que dizer que o agente público ao agir, deve atender no mínimo, os mencionados princípios.

No mesmo sentido, o art. 2º da Lei n 9.784/99 também traz alguns princípios expressos, ou seja, na condução do processo administrativo deve ser observados aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Vamos comentar todos os princípios expressos na Lei, a saber:

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● legalidade: exige que o processo administrativo seja conduzido com base em lei e no direito.

● finalidade: o processo administrativo deve ser conduzido de modo a satisfazer o interesse público e não o interesse particular.

● motivação: indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão. ● razoabilidade: adequação entre meios e fins. Critério de bom senso, o administrador deve

ter uma atitude equilibrada. ● proporcionalidade: “princípio da proibição de excesso”. A edição do ato deve ser

proporcional ao dano ou ao perigo. Segundo a Lei n. 9.784/1999 a proporcionalidade “veda a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”.

● moralidade: atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé. ● ampla defesa (art. 5º, LV, CF): possibilidade de utilização de todos os meios, pelo

acusado, para provar sua inocência. ● contraditório (art. 5º, LV, CF): é necessário que seja dado ao acusado a oportunidade de

manifestar-se a respeito de todos os fatos a ele imputados e de todas as provas contra ele produzidas.

● segurança jurídica: veda a aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública. O princípio da segurança jurídica não permite que novas orientações extraídas de interpretações firmadas pela Administração sobre determinadas matérias tenham aplicação retroativa.

 ●interesse público: é decorrente da impessoalidade (vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades).

● eficiência: (art. 37, caput da CF/1988).

2.1 PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

Vimos acima os princípios expressos no art. 2º da Lei nº 9.784/99. No entanto, há princípios não expressos na lei que informam o processo administrativo. Tais princípios são classificados como "princípios implícitos". Com base na doutrina de Hely Lopes Meirelles, o processo administrativo deve observância constante aos princípios: da oficialidade (impulso oficial), do informalismo, e da verdade material.

OFICIALIDADE (PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL)

Compete à Administração a movimentação dos processos administrativos, mesmo os

iniciados pelo particular. Por esse princípio, após o início do processo, mesmo os iniciados pelo particular, aquele passa a pertencer ao Poder Público, a quem compete seu impulsionamento, até a decisão final. Diferentemente do processo administrativo, é o judicial, naquele a Administração movimenta o processo mesmo que o particular não dê prosseguimento; no judicial, cabem às partes impulsionar o processo, sob pena da paralisação. INFORMALISMO

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Pelo princípio do informalismo são dispensados ritos sacramentais e formas rígidas para o processo administrativo. Bastam as formalidades estritamente necessárias à obtenção da certeza jurídica e à segurança processual. Esse princípio é justamente para beneficiar o particular, pois não é necessária a participação, em regra, de advogado.

Meirelles (2008, p. 696) leciona que o processo administrativo deve ser simples, despido de exigências formais excessivas. No entanto, “quando a lei impõe uma forma ou uma formalidade, esta deverá ser atendida, sob pena de nulidade do procedimento”.

Outra característica dos processos administrativos é que o interessado tem a faculdade de atuar pessoalmente sem o acompanhamento de um advogado. Mesmo nos processos administrativos instaurados para o fim de aplicação de sanções disciplinares a servidores públicos não é exigido a presença de advogado, é esse o conteúdo da Súmula Vinculante n. 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.

VERDADE MATERIAL

O princípio da verdade material retrata uma das diferenças entre os processos

administrativos e judiciais. Por esse princípio o importante é conhecer o fato efetivamente ocorrido. Importa saber como ocorreu o fato no mundo real. As provas podem ser apresentadas em qualquer fase do processo.

Nos processos judiciais vale “o que não está nos autos, não está no mundo jurídico”. Partindo do princípio da verdade material é aceito a reforma em prejuízo reformatio in pejus. Logo, por exemplo, se uma pessoa jurídica em um processo fiscal levar duas multas e recorrer, e por acaso for acolhido que uma delas é indevida, poderá haver outro recurso para uma instância superior, logo, esta poderá reformar a decisão, mantendo a multa que foi invalidada primeiramente. Isso decorre da verdade material, que é proibida nos processos judiciais.

3 DIREITOS DO ADMINISTRADOS O particular tem alguns direitos que devem ser assegurados quando for parte

interessada em processo administrativo. O art. 3 da Lei prevê os seguintes direitos:

Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:

I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;

II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;

III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;

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IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei.

Vimos que a lei do processo administrativo federal disciplina uma lista exemplificativa

de direitos dos administrados perante a administração no decorrer dos processos. Vale dizer que o Poder Público deve atender, também, ao disciplinado no art. 5º, LXXVIII, da CF/1988, que estabelece a condução do processo nos seguintes termos: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Essa determinação constitucional é conhecida como princípio da celeridade processual.

Ainda sobre os direitos dos particulares, o art. 69-A, prevê tratamento diferenciado na tramitação do processo, em razão da condição pessoal da parte. Messe caso, o processo deverá receber informação que sua tramitação será diferente, ou seja, mais rápido que os demais.

Esse direito de prioridade na tramitação do processo é justificado pela situação pessoal do administrado.

Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) I – pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) II – pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) III – (Vetado) (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) IV – pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) §1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa competente, que determinará as providências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009) §2º Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído pela Lei n. 12.008, de 2009)

DIRETO DO CONCURSO

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3(CESPE/TRE-ES/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA: JUDICIÁRIA) O administrado tem o direito de ter ciência da tramitação dos processos administrativos nos quais figure na condição de interessado, bem como o direito de ter vista dos autos e o de obter cópias de documentos neles contidos, mediante autorização prévia da autoridade hierarquicamente superior. Comentário: foi visto que o administrado tem o direito assegurado pela Lei nº 9.784/99 de ter ciência da tramitação dos processos administrativos nos quais figure na condição de interessado, bem como o direito de ter vista dos autos e o de obter cópias de documentos neles contidos, não precisando de qualquer autorização prévia da autoridade hierarquicamente superior. Esses direitos já são garantidos por lei, caso seja negado, é viável mandado de segurança. 4 (CESPE/ANAC/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) No processo administrativo, o administrado será, obrigatoriamente, assistido por advogado, de modo que lhe sejam garantidos a ampla defesa e o contraditório.

Comentário: a participação de advogado é facultativa.

4 DOS DEVERES DO ADMINISTRADO

O administrado não possui apenas direitos no processo. O art. 4º prevê alguns

deveres dos administrados perante a administração em que tramitar o processo.

Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:

I - expor os fatos conforme a verdade;

II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

III - não agir de modo temerário;

IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.

Considere que o administrado apresente um documento falso nos autos do processo. Nesse caso, o administrado descumpriu o dever de lealdade, boa-fé e de ética com a administração.

Lembre-se: o princípio da moralidade deve ser atendido pela administração e pelo particular que manter qualquer relação com o Poder público.

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5 INÍCIO DO PROCESSO

Conforme dispõe o art. 5º, o processo administrativo pode ser iniciado pela Administração (de ofício) ou pelo interessado (a pedido). É comum a Administração iniciar o processo, como por exemplo: processo decorrente de fiscalização realizada pela ANVISA em laboratório farmacêutico, para investigar a conduto de servidor público, para apurar ilegalidade praticada pelo particular etc. Também, o processo pode ter seu início após solicitação do particular, como por exemplo: para obtenção de alvará de funcionamento, requerimento para porte de arma, requerimento para obter a CNH etc. Importante você lembrar em sua prova que o processo pode iniciar a pedido ou de ofício.

Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.

O art. 6º orienta que o requerimento inicial do interessado deve ser formulado por escrito, salvo nos casos em que for admitida solicitação oral, e conterá os seguintes elementos:

I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

II - identificação do interessado ou de quem o represente;

III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;

IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;

V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.

O pedido inicial do administrado deve ser por escrito, salvo quando for admitida

solicitação oral. Sendo admitido pedido de forma oral, o servidor redigirá o pedido para que fique registrado no processo.

O interessado, ao formular um pedido a administração deve indicar a qual órgão ou autoridade o pedido será enviado. Ainda, tem que ter a identificação do interessado (nome, RG etc). O interessado tem que informar endereço válido para receber as devidas informações do processo, senão como a administração vai dar ciência da decisão do processo. A formulação do pedido é essencial, até para a administração saber o que o particular pretende com o processo.

ATENÇÃO!

Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário (art. 8º).

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A informação acima é muito cobrada em prova. Significa que se vários interessados tiverem pedidos idênticos, poderão ser agrupados em um único requerimento e, por consequência será iniciado único processo administrativo. Desse modo, considere que trinta pessoas tenham a intenção de fazer o mesmo pedido a administração, pela celeridade processual poderá ser realizado em único requerimento todos os pedidos, sendo iniciado único processo administrativo.

6 INTERESSADOS

Vamos entender qual ou quais pessoas podem participar do processo administrativo. É certo que quem iniciou é o sujeito do processo.

A Lei traz as pessoas físicas ou jurídicas que podem ser parte em processo, a saber:

Art. 9o São legitimados como interessados no processo administrativo:

I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação;

II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;

IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos.

Nota-se que artigo acima prevê que pessoa física, como por exemplo, uma empresa ou mesmo indústria podem ser parte do processo. A pessoa física também, que é o que sempre chamamos de administrado.

Também, aquele que não iniciou o processo, mas que a decisão do mesmo possa interferir no patrimônio jurídico da pessoa. Vamos exemplificar: considere que o proprietário de uma área rural pretenda obter alvará para instalar um matadouro de animais. Nesse caso, os moradores vizinhos podem peticionar ao processo tentando interferir para não ser concedido o alvará, pois é certo que irá gerar poluição, desmatamento etc. Assim, mesmo sem ter iniciado o processo as pessoas que se sentirem prejudicadas podem participar do mesmo.

Também são legitimados as associações, bem como qualquer organização representava, como por exemplo: associação de bairro, de servidores públicos, sindicato etc.

ATENÇÃO! São considerados capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de 18

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anos.

7 COMPETÊNCIA

O assunto que veremos agora é de extrema importância, pois é cobrado de forma específica em questões que envolvem a Lei nº 9.784/99, bem como, no tema atos administrativos. Vamos lá!

O elemento primeiro do ato administrativo é a “competência”. Essa se traduz no poder que a lei concede aos agentes e órgãos para a realização das atividades administrativas.

A Lei em estudo inicia o tema da seguinte forma:

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Decorre que a competência é irrenunciável, não podendo o órgão ou agente público deixar de praticar suas competências quando solicitado pelo particular ou mesmo no dever de agir. Na parte final do artigo, a lei autoriza a delegação e avocação de competência. O art. 12 esclarece melhor a possibilidade de delegação:

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

A delegação de competência ocorre em todo momento na administração. Considere que o direito de uma escola entre de férias, o vice- diretor que será o substituto. Nesse caso, o vice-diretor receberá a delegação das competências do diretor, praticando os atos de competência daquele.

O PULO DO GATO

Você tem que lembrar em sua prova que não há necessidade de hierarquia para ocorrer a delegação de competência. Poderá ocorrer delegação entre órgãos do mesmo nível. Em Brasília, local que gravo as vídeos aulas, o DETRAN-DF delegou parte de sua competência para a PM-DF, que é a possibilidade de fiscalizar o trânsito. Não há qualquer hierarquia entre essas pessoas e mesmo assim ocorreu delegação.

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Foi visto que, em regra, a competência poderá ser delegado, só não será admitida se houver impedimento legal. O art. 13 da em estudo proíbe a delegação das seguintes competências:

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Sei que você entendeu que nos casos acima não pode ocorre a delegação, mas que tal memorizar para lembrar na prova. Então lembre-se que o NOREX não pode ser delegado.

N ormativo O R ecurso administrativo E xclusiva X

Características da delegação:

●O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.

● O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

● As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado (quem pratica o ato). O delegante (quem delega) não responde por eventual ato ilegal praticado pelo delegado.

Agora vamos a avocação de competência. Avocar significa chamar para si a competência de um subordinado. Na avocação de competência há necessidade de haver subordinação, logo o chefe avoca a competência do subordinado, bem como órgão superior avoca competência de órgão subalterno. È o que consta no art. 15 da lei em estudos:

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Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

DIRETO DO CONCURSO

(CESPE 2016/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO) Conforme a Lei n.º 9.784 /1999, que trata dos atos administrativos, são indelegáveis a) a edição de atos normativos e as matérias de competência exclusiva do órgão. b) a elaboração de ofícios e a avaliação de recursos administrativos. c) a decisão de recursos administrativos e as matérias de competência privativa de autoridade. d) a revisão de atos administrativos e a edição de atos normativos. e) as matérias de competência exclusiva e a publicação de edital. Comentário: vimos que a edição de atos normativos e as matérias de competência exclusiva do órgão não podem ser delegadas..

8 IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Impedimento e suspensão tem relação com a proibição ou não do agente público praticar ato do processo. O impedimento gera a incapacidade absoluta de praticar o ato; o servidor fica absolutamente impedido de atuar no processo. O servidor impedido deve comunicar o ato à autoridade competente, abstendo-se de atuar, sob pena de incorrer em falta grave, para efeitos disciplinares. Considere: será que o servidor poderá participar de processo administrativo no qual a parte interessada seja seu pai? Com certeza ficará impedido e deverá expor tal fato no processo.

O art. 18 da lei em estudos, prevê os casos que geram impedimento.

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:

I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou

representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;

III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Já o art. 20 estabelece regras para a suspeição. Essa não gera impossibilidade/proibição de praticar o ato do processo quando a suspeição não for

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arguida/trazida ao processo. Se ninguém declara a suspeição o agente poderá normalmente praticar atos no processo. Veja a redação do artigo:

Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.

Segundo essa orientação a suspeição é disciplinada como faculdade da parte

interessada, visto que a lei não estabelece para o servidor a obrigação de se declarar suspeito, como ocorre no caso de impedimento.

  Ambos os institutos tornam o ato anulável, passível de convalidação por uma

autoridade competente, que não esteja na situação de impedimento ou suspeição.

Por fim, o indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo (art. 21). Isso quer dizer que sendo questionada a suspeição no processo, esse continuará sendo impulsionado normalmente. O processo não será paralisado/suspenso após o particular alegar suspeição de autoridade.

9 FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

O que mais é cobrado nesse capítulo é o art. 22, que estabelece:

Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.

Lembra que trabalhamos o princípio do informalismo? Então, esse artigo que dá suporte a esse tão importante princípio. Lembre-se em sua prova que os atos do processo são informais, só sendo formal se lei específica exigir. Desse forma, deve ser dispensada qualquer burocracia que vise a atrapalhar, retardar ou retirar direito do administrado.

Algumas características do processo:

● Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo (língua portuguesa) , com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.

● Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. Seguindo o informalismo, o agente público possui competência para autenticar os documentos.

● Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.

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● Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.

O art. 24 estabelece prazo genérico de cinco dias, podendo ser prorrogado por mais cinco dias, quando não houver prazo específico. Entenda: se a Lei não estabelecer prazo para a prática do ato processual, será utilizado o prazo genérico de cinco dias, prorrogáveis por igual período.

Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.

10 COMUNICAÇÃO DOS ATOS

O particular deve ser intimado das decisões do processo ou da realização de diligências. Se necessário o comparecimento do particular à repartição, deverá ser ele intimado com no mínimo três dias úteis de antecedência.

O §3º do art. 26 estabelece que “a intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado”. Quando a Administração pretender intimar interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial (§4º do art. 26).

A intimação por meio de edital somente deverá se realizada quando não for possível a intimação pelos outros meios autorizados pela lei, como: ciência no processo, via postal, por telegrama etc.

O mais cobrado messe capítulo é o art. 27, que tem a seguinte redação.

Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.

Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao interessado.

Sendo o particular intimado para praticar algum ato no processo, o seu desatendimento não o prejudicará. Sua omissão não representa renúncia de direito, muito menos o reconhecimento da verdade de qualquer fato. DIRETO DO CONCURSO 6(ESAF/MI/ANALISTA/2012) O desatendimento, pelo particular, de intimação realizada pela Administração Pública Federal em processo administrativo

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a) não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. b) não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, mas constitui renúncia a direito pelo administrado, se se tratar de direito disponível. c) importa o reconhecimento da verdade dos fatos, mas não constitui renúncia automática a direito pelo administrado, tratando-se de direito indisponível. d) importa o reconhecimento da verdade dos fatos, e a renúncia a direito pelo administrado. e) opera extinção do direito de defesa, por opção do próprio particular. Comentário: foi visto que o desatendimento de intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.

11 INSTRUÇÃO

Este é o Capítulo mais extenso da Lei, pois detalha todo os trâmites do processo. A instrução destina-se a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão. É a fase do processo que se destina ao levantamento de todas as provas e elementos capazes de confirmar ou refutar os fatos alegados.

Na instrução do processo são inadmissíveis provas obtidas por meios ilícitos. A lei que estamos estudando prevê a possibilidade de haver consulta pública na qual

a Administração procura obter a opinião, através de petição, dos administrados sobre assuntos relevantes discutidos no processo. É o seguinte o teor do art. 31 da Lei n. 9.784/1999: Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada.

O art. 32 prevê a possibilidade de realização de audiência pública, que também é

uma forma de consulta, e tem como função obter manifestações orais e provocar debates em sessão pública realizada para debater sobre matéria específica.

A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas.

Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.

Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos

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documentos ou das respectivas cópias. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar

documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.

Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. Nesse caso, considere que para ser concedido um alvará de licença para construir o particular tenha que apresentar documento provando que é proprietário do terreno ao qual se dará a construção e, ainda, que o interessado não apresente o exigido. Nessa situação, o processo será arquivado, pois não há como a administração fornecer o alvará de construção sem a divida prova.

Quando deve ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo.

ATENÇÃO!

● Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso.

● Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.

Vamos entender: considere que para ser autorizada a instalação de linha de

transmissão de energia elétrica em área Federal há necessidade de parecer de órgão ambiental, sendo o referido parecer obrigatório (tem que ter) e vinculante (vincula a decisão do administrador no processo). Se o parecer não for emitido, o processo não poderá ter prosseguimento, pois o conteúdo do parecer decidirá o resultado do processo.

De outro lado, se o parecer for obrigatório mas não vinculante e não for emitido pela autoridade competente no prazo estabelecido, o processo poderá ter prosseguimento e decido sem o parecer.

Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.

Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.

O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final do processo elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente.

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DIRETO DO CONCURSO

7 (CESPE/AGUNIÃO/ PROCURADOR FEDERAL) Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo pode ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. Comentário: Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não poderá ter prosseguimento, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. 8 (FCC/TRT 23ª REGIAÕ/ANALISTA JUDICIÁRIO/2016) Em dois processos administrativos distintos, de âmbito federal, constatou-se a obrigatoriedade de ser ouvido órgão consultivo, devendo os respectivos pareceres serem emitidos no prazo de quinze dias, porém não foram apresentados. No primeiro processo, o parecer era obrigatório e vinculante e deixou de ser emitido no prazo fixado. No segundo processo, o parecer era obrigatório mas não vinculante e também deixou de ser emitido no prazo fixado. Nos termos da Lei n° 9.784/1999 e independentemente da responsabilização cabível, a) apenas na segunda hipótese, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa. b) em ambas as hipóteses, os processos não terão seguimento até que os pareceres sejam apresentados. c) apenas na segunda hipótese, o processo poderá ter prosseguimento, mas a decisão só será possível após a apresentação do parecer. d) em ambas as hipóteses, os processos poderão ter prosseguimento; no entanto, apenas no segundo caso, poderá ser decidido com sua dispensa. e) em ambas as hipóteses, os processos terão seguimento normalmente, independentemente do momento da apresentação dos pareceres. Comentário: o primeiro processo deverá ficar paralisado; no segundo o processo poderá ter prosseguimento e decido com dispensa do parecer.

12 DEVER DE DECIDIR

Concluída a instrução, a Administração tem o prazo de até 30 dias para emitir a decisão, esse prazo poderá ser prorrogado, desde que motivado, por mais 30 dias (art. 49). Disciplina o art. 48 que a “Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência”.

Não confunda em sua prova: não há prazo par a instrução do processo, o prazo de

trinta dias, prorrogáveis por mais trinta, é para decidir o processo. Após o término da instrução (que não há prazo) a autoridade que estiver conduzindo peticiona ao processo informando o fim da instrução. Após esse ato processual que começa a contar o prazo para decisão.

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DIRETO DO CONCURSO

9 (CESPE 2015/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO) No processo administrativo, após o encerramento da fase de instrução probatória, o poder público tem prazo de trinta dias para tomar a decisão, sendo possível a prorrogação por igual período, desde que devidamente motivada. Comentário: o poder público tem 30 dias para decidir o processo, após o término da instrução (que não tem prazo certo). O prazo para decisão poderá ser prorrogado por mais trinta dias, desde que devidamente motivada. 10 (FCC/TRT 2ª REGIÃO/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO) A respeito das disposições da Lei n° 9.784/99 que estabelece normas básicas sobre o processo administrativo, no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração, analise as seguintes proposições: I- Os preceitos da Lei n° 9.784/99, também se aplicam aos órgãos do Poder Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. II- São legitimados como interessados no processo administrativo, entre outros, aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada. III- No processo administrativo podem ser objeto de delegação, pela autoridade competente, entre outros, a edição de atos de caráter normativo e a decisão de recursos administrativos. IV- No processo administrativo pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. V - A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até noventa dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada. Responda: a)Somente as proposições l,ll e IV estão correta. b)Somente as proposições l,III e V estão correta. c)Somente as proposições ll,lll e IV estão corre d)Somente as proposições II,III e V estão corretas. e)Todas as proposições estão corretas.

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Comentário: não pode ser delegada competência para edição de atos normativos e para decidir recurso administrativo, logo o item três esta errado. O prazo para decidir o processo é de trinta dias, podendo ser prorrogado por igual período. Por essa razão o item cinco está errado. 13 MOTIVAÇÃO

Em regra, os atos devem ser motivados. A motivação é a explicação por escrito do

porquê da prática do ato processual. Assim, quando a administração aplica uma multa, deve explicar ao particular o motivo de sua aplicação. Quando a Agencia de Saúde interdita um estabelecimento, deve justificar por escrito o motivo da interdição.

A doutrina assinala que os atos devem ser motivados, os poucos atos que não precisão de motivação representam exceção. Penso que a Lei nº 9.784/99 foi redundante ao trazer lista exemplificativa de atos que devem ser motivados, pois, os atos, e não apenas os constantes abaixo devem ser motivados.

O art. 50 da lei em estudo exemplifica alguns atos de motivação obrigatória, a saber:

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

Como já dito, não são só apenas os atos transcritos no artigo acima que devem ser motivados. Di Pietro leciona “que a motivação é, em regra, necessária, seja para os atos vinculados, seja para os atos discricionários, pois constitui garantia de legitimidade, que tanto diz respeito ao interessado como à própria Administração Pública; a motivação é que permite a verificação, a qualquer momento, da legalidade do ato, até mesmo pelos demais Poderes do Estado”.

Por fim o §1º do art. 50 disciplina que “a motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato”.

Essa motivação com base em parecer ou decisão a doutrina classifica como “motivação aliunde”, ou seja, motivação alienígena, de outro lugar.

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14 DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO

A desistência do processo poderá ser requerida a qualquer momento pelo

interessado. O art. 51 estabelece que “o interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis”.

Se houver vários interessados no processo, a desistência ou renúncia atinge somente a quem a tenha formulado (§1º do art. 51).

A desistência ou a renúncia do interessado não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que é de interesse público o seu prosseguimento (§2º do art. 51). Então, mesmo o interessado pedindo o arquivamento do processo, pode a administração dar prosseguimento ao mesmo se o conteúdo for de interesse público.

DIREITO DO CONCURSO

A respeito do processo administrativo, julgue os itens seguintes.

11 (CESPE 2013/BACEN/ANALISTA) O interessado que der início a um processo administrativo não poderá desistir do pedido formulado, devendo o processo tramitar até seu julgamento final.

Comentário:: como visto, o interessado poderá desistir do processo a qualquer tempo.

15 ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

Embora a Lei n. 9.784/1999 tenha como objetivo estabelecer regras referentes ao

processo administrativo, seus mandamentos têm grande influência na teoria dos atos administrativos.

Os atos ilegais devem ser anulados pela própria Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. Já a revogação só é realizada pela própria Administração. Nesse sentido, o art. 53 disciplina que “Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”.

Então o ato ilegal deve ser anulado e o ato legal poderá ser revogado se tornar-se inconveniente ou inoportuno.

O art. 55 admite a possibilidade da convalidação dos atos administrativos defeituosos. Com o advento da lei do processo administrativo federal, ficou pacificada a possibilidade de convalidação, pois a doutrina até então não admitia a possibilidade da convalidação dos atos administrativos.

A convalidação representa a correção de ato que possui vício sanável. É o que consta no art. 55 da Lei em estudo:

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Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

15.1 RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de

mérito (art. 56). A Lei n. 9.784/1999 autoriza a interposição de recurso administrativo para combater suas próprias decisões. Nesse caso, estamos diante do denominado recurso hierárquico (decidido por autoridade superior à que proferiu a decisão recorrida)

O art. 57 estabelece que o recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. Isso que dizer que haverá no máximo dois recursos, como, por exemplo: cabe um recurso da primeira decisão, que levará o processo a ser decidido em segunda instância, e outro recurso para combater a decisão proferida na segunda instância, que levará o processo a ser decidido em terceira instância. Vale lembrar que outras leis específicas podem disciplinar processos com mais de três instâncias ou com menos instâncias recursais.

O §1º do art. 56 disciplina que “o recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, aqueles, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior”. Vale repetir: antes de ser encaminhado o recurso à autoridade superior, a autoridade que proferiu a decisão recorrida terá de manifestar-se quanto à possibilidade de reconsideração (possibilidade de modificar a decisão que ela própria proferiu), no prazo de cinco dias, contudo, se não houver reconsideração, o recurso será encaminhado para autoridade superior – recurso hierárquico.

O prazo para interpor recurso, não havendo disposição específica, é de dez dias contados da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida, restando à autoridade decidir o recurso no prazo de trinta dias (podendo ser prorrogado por igual período mediante justificativa) a partir do recebimento do recurso.

O prazo de 10 dias para interpor recurso é preclusivo, desse modo o recurso interposto fora do prazo não será reconhecido. O art. 58 da lei em estudo arrola os legitimados para interpor recurso administrativo: I – os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II – aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida; III – as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV – os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

Questão relevante a respeito do provimento do recurso é disciplinada no art. 63, o qual estabelece a seguinte regra:

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Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: I – fora do prazo; II – perante órgão incompetente; III – por quem não seja legitimado; IV – após exaurida a esfera administrativa.

Contudo, o §2º do art. 63 possibilita, em decorrência da autotutela administrativa, que “o não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa”.

Em regra, a lei estabelece a inexigibilidade de caução para interposição de recurso administrativo. Essa inexigibilidade é disposta nos seguintes termos (§2º do art. 56): §2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.

Assim, a lei deixou oportunidade para outras leis específicas adotarem ou não a necessidade de depósito de valores como garantia como condição para a interposição de recursos em processos administrativos.

Contudo, o Supremo Tribunal Federal entende ser inconstitucional a existência, mesmo que estabelecida em lei, de caução como condição de admissibilidade de recursos em processos administrativos concernentes a tributos. Para o STF, a exigência dessa ordem configura ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Esse posicionamento foi cristalizado na redação da Súmula Vinculante n. 21, que tem a seguinte redação: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

Decorre, então, que, se alguma lei estipular exigência de depósito ou arrolamento de bens como condição de admissibilidade de recursos em processo administrativo, será inconstitucional nessa parte.

O art. 61 dispõe que: salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo. Isso quer dizer que, em regra, o recurso só possui efeito devolutivo (será apreciado por outra autoridade), isso significa que a Administração não fica impedida de praticar o ato que esteja sendo revisionado por outra esfera administrativa.

Como exemplo, temos a interdição de um estabelecimento comercial realizado pelos fiscais da vigilância sanitária. Nesse exemplo, se o interessado entrar com um recurso questionando o ato de interdição, o estabelecimento continuará fechado até a decisão do recurso (efeito devolutivo), se esse tivesse efeito suspensivo o estabelecimento seria primeiro reaberto, e posteriormente decidido o recurso.

Contudo, o efeito suspensivo pode ser excepcionalmente concedido conforme disciplina o parágrafo único do art. 61, a saber: “havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso”.

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12 (CESPE 2015/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO) Em regra, os recursos administrativos, quando interpostos pelos interessados, têm efeito suspensivo.

Comentário: em regra o recurso possui efeito devolutivo, ou seja, a matéria será

reavaliada por autoridade superior. 15. 2 RECURSO PRÓPRIO E IMPRÓPRIO A doutrina classifica o recurso hierárquico em próprios e impróprios. Para Maria Sylvia

Zanella Di Pietro e José dos Santos Carvalho Filho, os recursos hierárquicos próprios são aqueles que tramitam internamente dentro dos órgãos ou entidades. São dirigidos à autoridade imediatamente superior dentro do mesmo órgão em que o ato foi praticado. Temos como exemplo, o recurso dirigido ao diretor-geral de um órgão para rever decisão de diretor de departamento do mesmo órgão.

O recurso hierárquico próprio dispensa previsão legal ou regulamentar expresso, pois deriva do poder hierárquico. Mesmo que não haja previsão legal, é lícito ao interessado dirigir-se à autoridade superior àquela que praticou o ato, requerendo sua revisão.

Para Di Pietro (2012, p. 801), os recursos hierárquicos impróprios são aqueles dirigidos à autoridades ou órgãos não integrados na mesma hierarquia daquele que proferiu o ato. Não decorrem da hierarquia, como, por exemplo, o recurso contra ato praticado por dirigente de autarquia, interposto perante o Ministério a que a mesma se ache vinculada ou perante o Chefe do Poder Executivo, como, também, o recurso interposto perante tribunais administrativos, como o Tribunal de Impostos e Taxas ou o Conselho de Contribuintes.

O termo “impróprio” significa que entre o órgão controlado e o controlador não há relação hierárquica de subordinação, e sim uma relação de vinculação, já que se trata de pessoas diversas ou de órgãos pertencentes a pessoas diversas. Por esse motivo quando houver recurso contra o ato do Presidente de uma fundação pública estadual para o Secretário Estadual ou para o Governador do respectivo Estado, temos exemplo de recurso impróprio. Vale observar que a admissibilidade desse recurso depende de lei expressa, pois nesse caso não há relação de hierarquia (CARVALHO FILHO, 2008, p. 892).

13 (ESAF/MF/ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE) cerca dos recursos

administrativos, analise as assertivas abaixo classificando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta.

( ) A exigência de garantias de instância fere os princípios do contraditório e da ampla defesa, bem como o direito de petição. ( ) Para que o recurso administrativo possua efeito devolutivo, é necessária a expressa previsão legal. ( ) Para que o recurso hierárquico seja classificado como próprio, é necessário que o ato controlado provenha de agente ou de órgão vinculado ao agente ou ao órgão controlador.

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( ) O recurso interposto contra decisão do Banco Central do Brasil que aplicou penalidade por infração à legislação cambial, perante o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, órgão colegiado do Ministério da Fazenda, pode ser classificado como recurso hierárquico impróprio.

a) V, F, F, V b) V, V, V, F c) F, V, F, V d) F, F, V, V e) V, V, F, V Comentário: o primeiro item está correto, pois, a exigência de garantia para interpor

recurso é inconstitucional; a segunda está errada, pois não há necessidade de previsão legal para o recurso ter devolutivo; o terceiro item está errado, pois, para haver recurso hierárquico é necessário que o ato controlado provenha de agente ou de órgão subordinado ao agente ou ao órgão controlador, e não apenas vinculado ; no item quatro o recurso é classificado como impróprio.

15.3 REVISÃO DO PROCESSO O art. 64 estabelece que o órgão competente para decidir o recurso poderá

confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. E no caso da decisão recorrida ocorrer gravame à situação do recorrente (reformatio in pejus), este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.

De forma diversa, o art. 65 que dispõe sobre a revisão do processo administrativo não se admite o agravamento das sanções (reformatio in pejus).

A revisão é o instrumento jurídico utilizado, a pedido do interessado ou de ofício, para rever processo já decidido pela Administração. Assim, surgindo fatos novos que mudem a decisão já proferida em processo administrativo, poderá haver a revisão com o objetivo de abrandar ou mesmo cancelar a decisão que prejudicou de algum modo o particular.

O art. 65 da Lei n. 9.784/99, estabelece que:

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

Desse modo, na revisão do processo não é admitida a reforma em prejuízo

(reformatio in pejus). Vale dizer que no recurso administrativo é admitida a reforma para prejudicar o

recorrente. Entenda: no recurso o processo ainda não chegou ao fim, ainda não há uma decisão definitiva. Por essa razão, se o particular se utilizar do recurso para tentar conseguir algum benefício, este na verdade poderá agravar sua situação no processo. Já na revisão, o processo já chegou ao fim, já tem uma decisão final, no entanto aparecendo

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algum fato novo que demonstre a inadequação da sanção aplicada, o processo poderá ser revisto. O pedido de revisão do processo não poderá agravar a situação do particular perante a administração.

O PULO DO GATO No recurso é admitida a reforma em prejuízo, no processo de revisão não se admitida,

o objetivo é abrandar ou excluir a penalidade imposta.SO CONTRA SÚMULA DO STF 15.4 DECISÃO ADMINISTRATIVA QUE CONTRARIA ENUNCIADO DE SÚMULA

VINCULATE Caso o recorrente alegar que a decisão administrativa contrariou enunciado de

súmula vinculante editada pelo STF, “caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso” (§3º do art. 56).

Não reconsiderada a decisão que contrariou o enunciado de súmula vinculante, a autoridade encaminhará o recurso ao órgão competente para decidir o recurso, a qual explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso (art. 64-A).

Finalmente, se o interessado entender que a administração violou enunciado de súmula vinculante, poderá propor reclamação perante o STF, no entanto deverá primeiramente esgotar as vias administrativas (art. 7º da Lei n. 11.417/2006).

Nos termos do art. 64-B se “acolhida pelo Supremo Tribunal Federal à reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar às futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal”.

16 CONTAGEM DOS PRAZOS

Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se

da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento (art. 66). Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair

em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal. Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do

vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.

GABARITO

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1E, 2E, 3E, 4E, 5A, 6A, 7E, 8A, 9C, 10A, 11E, 12E, 13A