62
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA, IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE 2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA. Pág. 1 - Secretaria de Serviços Legislativos ATA Nº 014 PRESIDENTE - DEPUTADO WILSON SANTOS O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Invocando a proteção de Deus, e em nome do povo mato-grossense, declaro aberta esta Audiência Pública, com o objetivo de debater o Ciclo de Formação Humana, implantado no Estado de Mato Grosso. Convido para compor a mesa o Exmº Sr. Deputado Saturnino Masson; o Exmº Sr. Deputado Wagner Ramos; a professora da UFMT, Alvarina de Fátima dos Santos, a nossa palestrante, a provocadora deste debate... (PALMAS) Convido, também, o Sr. Alfredo Tomoo Ojima, Assessor de Gabinete da SEDUC, neste ato representando o Secretário de Educação, Permínio Pinto Filho; o Professor Cristiano Cezario de Souza, presidente do SINTEP de Sapezal, representando, aqui, os profissionais da educação do nosso Estado; o Vereador Sebastian Ramos, neste ato representando o presidente da Câmara Municipal de Tangará da Serra. Composta a mesa de honra, convido a todos para, em posição de respeito, cantar o Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco a mesa de honra o Professor Edinaldo Gomes de Souza, Coordenador de Formação de Professores da Secretaria de Estado de Educação, o Professor Edinho. (PALMAS) Nós registramos e agradecemos, com muita honra, a presença da imprensa local e de toda a região; agradecemos a presença da Professora Lenilda Roberto de Souza, Diretora do CEFAPRO, que nos cedeu este belíssimo ambiente; agradecemos o apoio do CEFAPRO de Tangará da Serra, de forma geral; da Professora Fátima Dias de Carvalho, Diretora da Escola Estadual Paulo Freire, do assentamento Antônio Conselheiro, do município de Barra do Bugres; da Professora Josiane Santiago de Lima, da Escola Estadual Parecis, do Município de Campo Novo do Parecis; da Sra. Eliana Costa Bessa, Diretora da Escola Estadual Luiz Frutuoso da Silva, de Sapezal; do Professor Thiago Baldrighi, Diretor da Escola Estadual André Maggi, de Sapezal - muito bem Sapezal, que veio em peso -; da Sra. Paula Lopes Coelho, assessora, neste ato representando a Assessoria Pedagógica de Sapezal; da Sra. Maria Lucinéia Baruff, Secretária da Escola Estadual 07 de Setembro, de Barra do Bugres; da Sra. Sônia Maria dos Santos Filho, Coordenadora da Escola Estadual 07 de Setembro, de Barra do Bugres; do Professor Ronaldo Gomes dos Santos, Coordenador da Escola Estadual Reinaldo Dutra Vilarinho, do município de Nova Olímpia; do Professor Clodoaldo Fernandes Barbosa, Diretor da Escola Estadual Professora Francisca de Souza Alencar, de Nova Olímpia; da Sra. Katia Silene Venturi Rutz, Diretora da Escola Estadual Julieta Xavier Borges, do município de Barra do Bugres; da Sra. Márcia de Fátima Testa Neves, Diretora da Escola Evangélica Assembleia de Deus, do município de Barra do Bugres; da Professora Marilene Nadir de Souza, Diretora da Escola Estadual Cláudio Aparecido, do município de Tangará da Serra;

LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 1 - Secretaria de Serviços Legislativos

ATA Nº 014

PRESIDENTE - DEPUTADO WILSON SANTOS

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Invocando a proteção de Deus, e em

nome do povo mato-grossense, declaro aberta esta Audiência Pública, com o objetivo de debater o

Ciclo de Formação Humana, implantado no Estado de Mato Grosso.

Convido para compor a mesa o Exmº Sr. Deputado Saturnino Masson; o Exmº Sr.

Deputado Wagner Ramos; a professora da UFMT, Alvarina de Fátima dos Santos, a nossa

palestrante, a provocadora deste debate... (PALMAS)

Convido, também, o Sr. Alfredo Tomoo Ojima, Assessor de Gabinete da SEDUC,

neste ato representando o Secretário de Educação, Permínio Pinto Filho; o Professor Cristiano

Cezario de Souza, presidente do SINTEP de Sapezal, representando, aqui, os profissionais da

educação do nosso Estado; o Vereador Sebastian Ramos, neste ato representando o presidente da

Câmara Municipal de Tangará da Serra.

Composta a mesa de honra, convido a todos para, em posição de respeito, cantar o

Hino Nacional Brasileiro.

(EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também

conosco a mesa de honra o Professor Edinaldo Gomes de Souza, Coordenador de Formação de

Professores da Secretaria de Estado de Educação, o Professor Edinho. (PALMAS)

Nós registramos e agradecemos, com muita honra, a presença da imprensa local e

de toda a região; agradecemos a presença da Professora Lenilda Roberto de Souza, Diretora do

CEFAPRO, que nos cedeu este belíssimo ambiente; agradecemos o apoio do CEFAPRO de Tangará

da Serra, de forma geral; da Professora Fátima Dias de Carvalho, Diretora da Escola Estadual Paulo

Freire, do assentamento Antônio Conselheiro, do município de Barra do Bugres; da Professora

Josiane Santiago de Lima, da Escola Estadual Parecis, do Município de Campo Novo do Parecis; da

Sra. Eliana Costa Bessa, Diretora da Escola Estadual Luiz Frutuoso da Silva, de Sapezal; do

Professor Thiago Baldrighi, Diretor da Escola Estadual André Maggi, de Sapezal - muito bem

Sapezal, que veio em peso -; da Sra. Paula Lopes Coelho, assessora, neste ato representando a

Assessoria Pedagógica de Sapezal; da Sra. Maria Lucinéia Baruff, Secretária da Escola Estadual 07

de Setembro, de Barra do Bugres; da Sra. Sônia Maria dos Santos Filho, Coordenadora da Escola

Estadual 07 de Setembro, de Barra do Bugres; do Professor Ronaldo Gomes dos Santos,

Coordenador da Escola Estadual Reinaldo Dutra Vilarinho, do município de Nova Olímpia; do

Professor Clodoaldo Fernandes Barbosa, Diretor da Escola Estadual Professora Francisca de Souza

Alencar, de Nova Olímpia; da Sra. Katia Silene Venturi Rutz, Diretora da Escola Estadual Julieta

Xavier Borges, do município de Barra do Bugres; da Sra. Márcia de Fátima Testa Neves, Diretora da

Escola Evangélica Assembleia de Deus, do município de Barra do Bugres; da Professora Marilene

Nadir de Souza, Diretora da Escola Estadual Cláudio Aparecido, do município de Tangará da Serra;

Page 2: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 2 - Secretaria de Serviços Legislativos

do Professor Marco Antônio de Almeida, Diretor da Escola João de Campos Borges, do município

de Barra do Bugres; da Sra. Maria Gomes, Diretora da Escola Jonas Lopes da Silva, do município de

Tangará da Serra; da Professora Rosinei Aparecida Torres, Diretora da Escola Estadual Professora

Jada Torres, do Município de Tangará da Serra; da Professora Karini Volkmer dos Santos, Diretora

da Escola Estadual Professor João Batista, do Município de Tangará da Serra; agradecemos a

presença dos alunos da Escola Emanuel Pinheiro - cadê os alunos? Por gentileza, levantem os

braços, queremos vê-los; mais ouvi-los do que vê-los.

Agradecemos ainda a presença do Professor Bruno Ferreira Borges, Diretor da

Escola Estadual Emanuel Pinheiro, do município de Tangará da Serra; do Professor Cesar Augusto

Guedes, Diretor da Escola Estadual Padre Arlindo Ignacio de Oliveira; da Professora Maria

Aparecida Alves, neste ato representando a Diretora Rosalina Peres Parpineli, da Escola Estadual

Ramon Sanches Marques, do município de Tangará da Serra; do Professor Clodoaldo Lopes, Diretor

da Escola Municipal Jardim das Palmeiras, do município de Campo Novo do Parecis. Agradecemos

todos os professores das escolas estaduais e municipais dos municípios de Tangará da Serra, Barra

do Bugres, Nova Marilândia e toda a região; e a Professora Elizete Oliveira dos Passos, Diretora da

Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida.

Eu quero expor, de maneira bem objetiva, que na nossa concepção - do Deputado

Wagner Ramos, do Deputado Saturnino Masson e na minha -, não há nenhuma tarefa mais

importante a ser feita neste Estado, a não ser melhorar a qualidade da educação ofertada pela

máquina pública, aos meninos, às meninas, aos moços e moças deste Estado.

Eu sempre digo que tenho uma visão diferenciada. Mato Grosso tem um potencial

que talvez nenhum outro Estado tenha.

Deus nos deu um privilégio natural sem precedentes; nós somos berço das duas

grandes bacias hidrográficas, Amazônica e Platina; aqui nascem o rio Xingu, o rio Teles Pires, o rio

São Manoel, o rio Sepotuba, o rio Jauru, o rio Cuiabá, o rio São Lourenço, o Juruena, Araguaia e o

mais internacional dos rios brasileiros, o rio Paraguai. Aqui nascem todos esses rios, aqui estão as

bacias Platina e Amazônica; só nós temos, juntos, o ecossistema amazônico, pantaneiro e do

cerrado; Mato Grosso do Sul tem o Pantanal e o Cerrado, mas não tem a Amazônia.

A Amazônia tem a Amazônia, mas não tem Cerrado, nem Pantanal; só nós temos

esses três ecossistemas. Quando o mundo briga, vai à guerras pela água... Os Estados de São Paulo,

Rio de Janeiro e Minas Gerais estão desesperados para buscar a solução... Água! Nós temos aqui

fartura, em abundância, água boa e em quantidade.

Nós vamos trabalhar neste Governo a criação da Universidade Internacional da

Água, para atrair investimentos da ONU, via UNESCO, Banco Mundial, WWF, Greenpeace; nós

vamos, o Deputado Saturnino Masson, Deputado Wagner Ramos e eu, trabalhar coisas para os

nossos filhos, netos e bisnetos.

Mato Grosso não pode e não deve ser conhecido, apenas, como o Estado da soja, do

algodão e do boi, tudo isso é economia primária, barata.

Somos campeões de soja, de algodão, de girassol, de milho de pipoca, milho não sei

de que, milho não sei de que... E não chegamos a 2% do PIB nacional. O que dá dinheiro é

industrializar, é tecnologia, são ideias...

Steven Jobs inventou isto aqui...

(NESTE MOMENTO, O ORADOR MOSTRA O CELULAR.)

Page 3: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 3 - Secretaria de Serviços Legislativos

Morreu com cinquenta e seis anos, a sua empresa é a mais valiosa do mundo, vale

dez Petrobrás, vale cinco Mitsubishi, Toyota. O que vale é tecnologia, inteligência, um chip, uma

bateria de lítio.

Dia 05, lá em Mimoso, o Governador levou um menino de 14 anos, do Araguaia,

que ganhou o Prêmio Nacional de Robótica. Um guri, um moleque, lá do Araguaia, de uma

cidadezinha, não sei se é de Campinápolis ou se é de Confresa. Esse guri, com 14 anos, ganhou um

Prêmio Nacional de Robótica! Esse é o caminho que nós temos que construir em Mato Grosso, e

para isso, tudo passa pela educação.

A Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso comparece aqui nesta manhã,

oficialmente, com todo o seu aparato de taquígrafas, as nossas taquígrafas, essas moças bonitas que

estão aqui desde ontem; a nossa equipe de segurança, de televisão e de rádio. Tudo isto será gravado,

então, quando for concedida a palavra à plenária, obrigatoriamente, fale o seu nome e use o

microfone, porque tudo isto estará, depois, à disposição da Prefeitura, da Secretaria Municipal e do

CEFAPRO, porque é um documento do Parlamento Estadual, que este ano completa 180 anos de

existência.

O objetivo desta Audiência Pública é ouvir com sinceridade os alunos que estão

recebendo o Ciclo de Formação Humana, popularmente chamado de escola ciclada, alguns não

gostam... Apelidado de escola ciclada, que nós chamamos, tecnicamente, de Ciclo de Formação

Humana.

Que vocês abram a caixa de ferramentas e coloquem a boca no trombone, nós não

viemos aqui para fazer média e nós não vamos dar a nossa opinião.

O objetivo nosso é colher subsídios para a elaboração de um documento que

chegará às autoridades do Estado em julho, e a SEDUC, o Governador e a Assembleia Legislativa

vão decidir o futuro do ciclo em Mato Grosso, se mantém o ciclo ou se acaba com o ciclo; se volta a

escola seriada, se tem outro modelo.

Nós não vamos emitir a nossa opinião, o nosso papel é permitir aos nossos

profissionais da educação, aos alunos, aos dirigentes escolares, a sua opinião. Hoje quem fala, aqui,

são vocês, nós viemos aqui, principalmente, para ouvi-los.

A Srª Alvarina é professora da UFMT, é a primeira palestra que ela concede a

todos nós.

Nós estamos realizando a quarta Audiência Pública, a primeira foi em

Rondonópolis, no dia 20 de março; a segunda foi em Sinop, no dia 16 de abril; a terceira em Alta

Floresta, no dia 17 de abril; hoje é a quarta, em Tangará da Serra; amanhã é a quinta, em Cáceres;

depois faremos em Barra do Garças, São Félix do Araguaia e a última na Baixada Cuiabana.

Após uma rodada de oito Audiências Públicas, nós vamos elaborar um relatório; e

a partir daí, junto com o SINTEP, o colégio de diretores e diretoras de escolas, coordenadoras,

secretários de escola, professores, alunos, as entidades representativas dos alunos, AME, ACES,

enfim, nós queremos apresentar um documento que será de conhecimento público.

Eu quero convidar a Professora Alvarina, que é a nossa palestrante de hoje,

professora também da rede estadual de ensino, colega nossa, da rede estadual, para que ela possa

usar o tempo de 40 a 50 minutos, o que ela quiser. E, enquanto ela falar, nós não iremos abrir para

perguntas; após a fala dela, quem não quiser usar o microfone poderá fazer a pergunta por escrito,

porque a mesa fará a leitura.

Eu gostaria de receber a professora, nossa colega, com uma salva de palmas.

(PALMAS)

Page 4: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 4 - Secretaria de Serviços Legislativos

A SRª ALVARINA DE FÁTIMA DOS SANTOS – Bom dia, eu sou a Alvarina.

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Professora, só um minutinho.

Desculpe-me.

Quero convidar para compor a mesa a Exmª Secretária Municipal de Educação e

Cultura, Iolanda Garcia, neste ato representando o Professor, o meu colega Fabinho. Nós o

convidamos: vai lá Fabinho, vai lá. Os prefeitos quase não vêm, só foi a essa Audiência Pública o

Prefeito de Alta Floresta.

Também quero convidar para compor a mesa o Prefeito de Denise, o Exm°

Prefeito Pedro Tercy, representando todos os prefeitos desta região. (PALMAS)

Prefeito Pedro Tercy, meu amigo.

Por favor, Professora, a senhora está com a palavra.

A SRª ALVARINA DE FÁTIMA DOS SANTOS – Bom dia.

Peço permissão à mesa para ficar em pé e peço perdão ao Deputado Wilson Santos

para retificar: eu não sou Professora da Universidade Federal, eu fui acadêmica da Universidade

Federal, mas sou Professora da Rede Estadual de Educação, hoje lotada na Escola Historiador

Rubens de Mendonça, em Cuiabá.

O meu contato com a organização por ciclo e as discussões, das quais tenho

participado, é do tempo que permaneci como técnica no Conselho Estadual de Educação e na

Comissão de Estudos do Ciclo de Formação Humana; então, faço a retificação com relação a não ser

Professora da Universidade Federal.

Peço permissão para descer, porque professor fala em pé.

Enquanto o slide é ligado... A minha abordagem é sobre a concepção do Ciclo de

Formação Humana. Eu sou Pedagoga, há trinta e dois anos estou na educação; então, já tive a

oportunidade, em Mato Grosso, de trabalhar na educação há vinte e seis anos.

Como grande parte das pessoas, nós já lutamos na escola seriada por qualidade de

educação; assim como, depois que mudou para Ciclo de Formação Humana, os estudos continuaram

e nós continuamos, também, a luta por qualidade na educação.

Os teóricos que estudam sobre a organização do Ciclo de Formação Humana,

fazem a seguinte abordagem... Principalmente o José Carlos de Freitas, quando ele teoriza dizendo

que a escola não está nem para aprovar, nem para reprovar. Então, qual é a função da escola?

Independente do nome que se dê na sua organização, é aprendizagem.

Com os estudos sobre o Ciclo de Formação Humana, o que nós temos de

historicidade em Mato Grosso? Porque antes de chegar aqui, na nossa terra, ela era uma discussão

iniciada pelos neoliberais, em virtude dos índices de evasão e reprovação nas décadas de 80 e 90,

que eram alarmantes, e a escola seriada não estava dando conta da democratização do ensino.

Por quê? Primeiro, vinha universalização do ensino fundamental, nem se discutia

educação infantil, e com o alto índice de reprovação e o mais alarmante, a evasão escolar, a escola se

tornou para poucos, porque muitos tinham o acesso, mas poucos conseguiam fazer a terminalidade

dos estudos, ainda que lutando no Brasil pela democratização e universalização do ensino

fundamental.

Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em 1996, é que passa para o

cenário das discussões a educação básica, incluindo a educação infantil, pré-escolar; então, a partir

de 04 a 17 anos, educação básica. Deixa de ser obrigatório apenas o ensino fundamental e passa a

obrigatoriedade à educação básica, dos 04 aos 17 anos. E aí centra: o que fazer com os altos índices

de evasão e repetência?

Page 5: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 5 - Secretaria de Serviços Legislativos

Em Mato Grosso, essa discussão começou em Jaciara, quando os professores de

uma escola estadual faziam grupos de estudos, como hoje tem na escola, formação profissional, eles

já faziam grupos de estudos, naquela época, para discutir qual é o problema da evasão, o problema

da não aprendizagem e achar meios para que a educação fosse diferenciada.

E dessa iniciativa de profissionais da educação, no contexto de uma escola

estadual, agrupou outras escolas, e aí nós tivemos o Projeto Terra, que era discussão em nível de

município, em Jaciara, mas no contexto da escola estadual de educação. Assim, nasce a ideia de

tornar a organização por Ciclo de Formação Humana a política do Estado.

E quem vinha discutir? Nós já tínhamos duas bases, que já eram organização por

ciclo no Brasil e que fundamentou a formação por ciclos em Mato Grosso lá na sua gênese, em

Jaciara, que é Porto Alegre e a Escola Plural, e que já aconteceram mudanças também.

A gênese não é uma coisa que foi implantada, que começou de um gabinete para a

escola, mas da escola foi ampliando-se e fortalecendo a discussão. O foco central era a questão de

superar o que a escola seriada já não dava conta, que era a aprendizagem de qualidade e a

universalização. Então, nasce das discussões a organização escolar por Ciclo de Formação Humana

em Mato Grosso.

Fazendo um parêntese: essa discussão que eu já mencionei, começou da

preocupação neoliberal, para achar um meio de superar os altos índices de evasão e reprovação, mas

foi encampada pelos movimentos sociais não só no Brasil, mas no mundo.

(A PALESTRANTE INICIA A APRESENTAÇÃO DE QUADRO SINÓPTICO DOS TEMAS A

SEREM TRATADOS, POR MEIO DE DATA-SHOW.)

Na França, a organização por ciclos é muito forte, inclusive nas escolas

particulares, porque é uma ideia que vem da fundamentação legal, a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB), em 1996, quando diz que a organização escolar pode ser por série, por

ciclo, pedagogia da alternância ou qualquer outra forma, de acordo com o que a comunidade escolar

discute e tem a liberdade de buscar atingir os objetivos que almejam.

Marineusa Gazzetta (in memoriam) era professora da UNICAMP, trabalhou no

Projeto GerAção e no Projeto Tucum, ela dizia: “A escola pode ser muito boa, em qualquer forma de

organização, desde que ela atinja os objetivos que almejou”.

E com isso, hoje, a legislação atualizada é a Resolução nº 04/10, do Conselho

Nacional de Educação, que tem de forte - e que o ciclo já vinha discutindo desde 2000 - é a

democratização do ensino, tendo a educação como direito social. Então, se é direito social, é direito

de todos e, então, precisariam ser assegurados o acesso pela matrícula, mais a permanência, o

sucesso na aprendizagem escolar e a terminalidade dos estudos.

Lembrando que na própria LDB diz que a educação básica é de 4 a 17 anos. Então,

seria um percurso se restringirmos para o ensino fundamental, em 9 anos. O aluno inicia com 06 e,

aos 14 anos ou 15 anos, ele já daria a terminalidade ao ensino fundamental.

E em Mato Grosso a Resolução que fundamenta, legalmente, o ciclo é a Resolução

nº 262/2002, que já passou por debate no Conselho Estadual de Educação, no qual, como já

mencionei, eu era integrante da Comissão de Estudos do Ciclo de Formação Humana.

Hoje eu não trabalho mais no Conselho Estadual, mas ainda existe a Comissão de

estudos sobre o ciclo, que também fez umas audiências, em quatro regiões, visitando as escolas e

ouvindo os professores e comunidades escolares. Algumas, os pais compareceram e outras não, mas

em todas as regiões que foram realizadas, havia alunos do ensino fundamental, que também

expuseram as suas opiniões.

Page 6: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 6 - Secretaria de Serviços Legislativos

A Resolução atualizada, que é da educação básica, do Conselho Estadual de

Educação, é a Resolução nº 02/13, que também é para a educação básica, e ela traz a questão do

ciclo, que junto com a Resolução nº 262 vai organizando o pensamento pedagógico, o planejamento

pedagógico das escolas.

Que concepção nós temos dessa organização por ciclos? É a organização - a maior

delas - do tempo escolar, respeitando o tempo de vida do estudante e da estudante, porque com o alto

índice de evasão e reprovação, o que tínhamos no ensino fundamental de 1ª à 4ª séries? Alunos com

defasagem de idade, alunos já na adolescência, mas enturmados com as crianças. E isso, parece que

não, mas os interesses são diferenciados, a forma de construir compreensão também é diferenciada.

Imaginem uma criança de seis anos estudando com uma de doze anos, ou até mais.

Dentro, ainda, da concepção ideológica, a questão da interação sócio-histórica é

cognitiva e socioafetiva, por quê? Se nós trabalhamos no contexto atual o interacionismo, teorizado

na parte da cognição por Piaget, e sócio-histórico, que Vygotsky traz a abordagem da importância de

o sujeito ter autonomia na sua realidade vivida.

É a partir dessa realidade, dessa interação, que se vai construindo o diálogo, a

comunicação e vai se transformando a própria realidade em que se vive. Então, desmitifica aquela

intenção que o professor é quem sabe e ensina, e o aluno é aquele que aprende para reproduzir,

repetindo ideias já construídas.

Nesse aspecto do sociointeracionismo, o professor deixa de ser o detentor do saber,

como o próprio Deputado colocou a respeito do prêmio para o jovem de quatorze anos; o

conhecimento que ele construiu, não construiu sozinho, mas numa relação de mediação entre os

outros colegas, os saberes tecnológicos que ele pesquisa e o seu professor, que também é mediador

nessas aulas de robótica. Então, desconstrói aquela visão de escola seriada que nós tínhamos, em que

o professor era quem detinha o conhecimento e repassava para o aluno.

Hoje, para a nossa felicidade: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de

repente aprende”, já nos disse Guimarães Rosa.

Esse momento de interação sócio-histórica é que vem fazer a diferença nesse

contexto educativo, e aí a escola seriada perde o sentido, ela tem o seu valor, mas na

contemporaneidade a interação sócio-histórica grita mais alto no próprio contexto, independente da

idade, porque até na educação infantil existe essa interação, a criança não é tábula rasa, mas ela

também tem conhecimentos que precisam ser valorizados, porque ela vive uma realidade social e a

turma é oriunda de diferentes grupos. Aí a importância de nós estabelecermos as relações de

diversidade no próprio contexto escolar. Então, se nós pensássemos isso na escola seriada, nós

também deveríamos desconstruí-la para reconstruí-la.

Quais são os princípios políticos e curriculares que nós encontramos como

fundamentos da organização por ciclos? Um deles eu já disse: a educação como direito social; a

obrigatoriedade da educação básica de 04 a 17 anos; a escola pública democrática, inclusiva; o

ensino de qualidade; valorização profissional; formação integral para o exercício da cidadania;

aprendizagem processual contínua e significativa; construção da identidade, autonomia, valores

pessoais e coletivos; estudantes, sujeitos socioculturais e históricos, centro do processo de

aprendizagem; organização didática por área de conhecimento; agrupamento por idade; progressão

contínua e a negação, reprovação e repetência.

Eu volto para falar, principalmente, com relação ao ensino de qualidade, porque se

eu quero um ensino de qualidade, então passar sem saber... Porque a progressão no ciclo é contínua,

Page 7: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 7 - Secretaria de Serviços Legislativos

só que, ainda, há um entendimento que ela é automática e na concepção de ciclo não é a progressão

automática; se aprendeu vai e, se não aprendeu, também vai.

Que qualidade nós estaríamos defendendo se fosse, realmente, a aprovação

automática, como em muitos contextos é assim entendido? A formação integral para o exercício da

cidadania, aprendizagem processual, contínua e significativa.

Se o aluno não está aprendendo, quais são as estratégias necessárias e importantes

para que ele, então, aprenda? Porque se eu penso em democratização, aqui, na concepção, então é

direito de todos, para todos.

Quem trabalha muito isso é o Miguel González Arroyo, e naquele caderno que ele

escreveu para o MEC, “Indagações Curriculares”, ele faz uma reflexão sobre isso, que nós temos

uma cultura escolar de séculos, que vê na educação um parâmetro: aqueles que têm facilidades de

aprender, caminham, e aqueles que por algumas dificuldades... Aí eles são taxados de deficientes,

reprovam com uma ideia que precisa ser trabalhada com ele, o conhecimento. Se ele não construiu,

ele reprova e vai se repetir os mesmos conhecimentos, quantas vezes forem necessárias, até que ele

aprenda. Enquanto isso ou ele fica com muita defasagem de idade ou acaba evadindo da escola.

Isso é para refletirmos: se ele não está aprendendo - e aí o Miguel González Arroyo

aborda isso também, que se já identificou no contexto escolar, que a forma de aprender, as

capacidades de aprendizagem são diferenciadas, então, por que nós continuamos -, isso é fala do

Miguel Arroyo, pensando um currículo único, padrão, para atender quem tem facilidade e quem não

tem facilidade, também.

A grande reflexão que nós precisamos fazer na organização por ciclos é sobre esse

currículo, e buscar aquilo, aqui, na sua gênese, que a organização por ciclo se propunha, a reflexão e

a flexibilidade desse currículo, para que atenda as diferenças; para que atenda as diversidades que

estão na escola, porque todos nós somos iguais em direito, mas as nossas capacidades são diferentes.

Nós olhamos um grupo de crianças de quatro a cinco anos, dá a impressão que elas

estão brincando, mas é a característica delas, que aprendem brincando. E com seis ou sete anos

também aprendem brincando.

E o que vemos? As nossas crianças de seis a sete anos, quando inclui as de seis -

nós já fizemos essa reflexão no contexto de Mato Grosso, por muitos professores no processo de

formação continuada - na antecipação dos sete anos para os seis, não houve a adaptação para o

ingresso da criança de seis, mas uma antecipação de currículo, quando no advento do ensino

fundamental de nove anos.

E lá, se vocês olharem, o material de CBA I, CBA C que foi precursor do ciclo,

porque a criança com seis anos não construiu aprendizagem, ela reprova? Então, estendeu o tempo,

ampliou-se o tempo de permanência dela nesse processo de alfabetização, para que houvesse o

tempo para construir a aprendizagem e tivesse sucesso no processo de alfabetização, estendeu-se por

dois períodos.

E a partir de 2000, houve uma ampliação maior, que é esse tempo do primeiro ciclo

que a criança entra com seis e faz a terminalidade do primeiro ciclo aos oito, que é o tempo

necessário para que ela seja alfabetizada.

Muitas pessoas ficaram assustadas, lá no começo, nós questionávamos, também.

Não sabe, então continua?

Hoje, com a lei do ensino fundamental de nove anos, nós tivemos essa ampliação,

não só no ciclo, mas também no ensino fundamental, que não é ciclo. Pode ser qualquer outra

Page 8: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 8 - Secretaria de Serviços Legislativos

organização, que a lei do ensino fundamental coloca que não há processo de reprovação. Isso nós já

começamos, em 2000, em Mato Grosso, há outros estados que começaram antes.

Qual é o significado dessa aprendizagem processual, contínua e significativa? Essa

é a grande charada do ciclo, um ciclo ser de três anos ininterruptos, para que essa criança seja

motivada, sejam apresentadas para ela diferentes formas de construir o conhecimento, porque não

aprendemos igual, nenhuma criança de seis anos aprende igual a outra, mas aprende de formas

diferenciadas. Aí, tem as múltiplas inteligências que nos dão subsídios para pensar como seria a

metodologia que nós vamos usar, aqui, para assegurar o ensino de qualidade.

Às vezes, nós ficamos olhando o macro, mas quando eu chego lá no contexto da

minha escola, eu começo a olhar não só a minha turma de oito anos, mas eu preciso olhar o processo

de alfabetização inteiro e o que se convencionou chamar o coletivo de ciclo, porque em vez de ser

uma professora com sua turma, se forem três turmas, já serão três professores para pensarem quais

são as problemáticas e buscarem estudos, ampliarem suas formações, discutirem com o coletivo todo

da escola quais são as iniciativas necessárias para que a aprendizagem seja significativa e de

qualidade, e que haja a progressão contínua e não a aprovação automática.

A concepção não traz a abordagem, que é para o aluno passar sem saber, e aí o

grande nó, Deputados, é a questão da não reprovação, porque se ele não construiu, passa; se

construiu, passa; mas o meio termo da intervenção pedagógica, nós ficamos devendo? Ou a

enturmação por idade, que é o outro grande nó.

Tem criança de oito anos que nunca estudou, parece que é tudo perfeitinho, estão

todos na escola, mas na realidade não estão. Ontem mesmo, eu tive notícias de uma criança com

nove anos que nunca foi à escola, lá em Cuiabá. Vamos nos assustar quando essa criança de nove

anos chegar à escola, onde vamos enturmá-la? Com as crianças de nove anos, a enturmação não é

por idade? Parece maluquice, não é? Ela não sabe ler, não sabe escrever, nunca foi à escola. Aí vai

para a sala de aula de crianças com nove anos? E aí? É direito dela ser enturmada com os pares, mas

só enturmar resolveu o problema? Claro que não. Então, entra outra questão, que é a formação

integral, que também está ali na concepção.

Se é formação integral, então, a enturmação com os pares de idade é importante,

mas o apoio pedagógico, a proposta de superação, é a escola que vai planejar de acordo com a

realidade daquele aluno que ela está recebendo.

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Desculpe-me interrompe-la, só para

convidar o Professor e Prefeito de Tangará da Serra, que componha conosco a mesa, Fábio Martins

Junqueira. Por favor, professor Fabinho. (PALMAS)

A SRª ALVARINA DE FÁTIMA DOS SANTOS - ...Então, isso para dizer que se

um dos princípios políticos e curriculares é a negação da reprovação e a repetência, não é verdadeiro,

porque negou a reprovação e a repetência, é a aprovação automática, mas para negar evasão e a

reprovação eu preciso ter estratégias pedagógicas que vão ser mediadas pelos professores,

acompanhadas pelo coordenador pedagógico e, também, pelo professor articulador, que há uns três

anos que vem sendo rediscutido, o papel do professor articulador. Para que? Para assegurar que

realmente os nossos alunos tenham sucesso escolar.

Isso é mérito só do ciclo? Se nós formos olhar, hoje, qualquer estrutura pela

avaliação que nós temos do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), os indicadores... Aí,

vejam bem, são indicadores de resultados, mas é para nós fazermos algo com eles e não para

ficarmos felizes ou tristes, por causa do resultado, abaixo ou acima da média.

Page 9: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 9 - Secretaria de Serviços Legislativos

Se são indicadores e esses indicadores são baixos, então, o que planejar? Como

pensar? E aí não é papel só do professor, porque com a diversidade que nós temos na sociedade, uma

das coisas que mais é colocada é a desestruturação familiar.

Nós temos outra questão também: o aluno não vem para escola e também não é só

papel da família e da escola, seria então uma ação institucional, porque nós também temos alunos

que têm bloqueios, por traumas vividos, e quem pode resolver esses bloqueios? O professor não é

psicólogo, e aí essa ação interinstitucional seria importante. E isso não é projeto só de escola, é

projeto de sociedade. Para que haja o sucesso escolar, às vezes, o aluno precisa da intervenção da

saúde, às vezes, ele até precisa da intervenção da Promotoria Pública, por causa da questão das

faltas.

Vejam bem, eu coloquei ali: a educação básica é obrigatória, mas a LDB coloca

que o aluno tem direito a 25% de faltas. E aí o acompanhamento docente e o acompanhamento dos

coordenadores, dos diretores de escola, se o aluno já está perigando os 25%, o que fazer então?

Lembram que eu falei da ação interinstitucional? Às vezes, a equipe escolar

precisa acionar o Conselho, aí não tem projeto que cai, por quê? Porque é uma ação

interinstitucional, não é o coordenador e não é o professor que vai à casa da família, porque se

chegar lá, a família vai ficar brava e pode até nos colocar para correr.

Essa ação vai além da escola, é uma ação interinstitucional, e há muitos

municípios que ainda não conseguiram essa articulação. Ele está ainda iniciando, e aí arrebenta,

aqui, na questão da progressão contínua, que vira progressão automática, o aluno não tem condição,

ele está com bloqueio de aprendizagem, como é que ele vai aprender? E o milagre não é feito pelo

professor, é uma ação que é dever do Estado, da família e da escola, também; por isso essa

importância que seja uma ação, efetivamente, interinstitucional.

A progressão contínua - ali nós temos alguns equívocos de interpretação quando

falamos o PS, o PPAP e o PASE -, o que é que significa isso? Muitas pessoas acham que são

conceitos, e muitos lugares já fizeram e não fazem mais, mas tem outros que ainda fazem aquela

comparação, assim: se cinco era a média, é OS, progressão simples, que são aqueles alunos, fazendo

comparação, ali, equivocadamente. Então, quanto vale em nota o PS? PS não é nota, PS é situação

de aprendizagem.

Aqueles alunos que não têm dificuldade no processo, eles avançam. Esses alunos

que têm facilidade de interpretar, por quê? As oportunidades dadas socialmente, na família e até

mesmo na escola, são diferenciadas, elas não são iguais para todos. E o PPAP, progressão com plano

de apoio pedagógico, são aqueles alunos que não conseguem caminhar com tanta facilidade, mas

eles precisam de processo de intervenção. Então, é conceito? É nota? Não, é uma situação de

aprendizagem que pode acontecer com qualquer um de nós.

Até eu vou pegar um exemplo bem simples: a dificuldade que muitos de nós temos

para nos dar com o celular de tecnologia mais avançada; se dermos para uma criança, ela nos ensina

rapidinho. Então, quem é que está precisando de apoio pedagógico, neste caso? Nós, e vai ter

crianças que, dependendo de como é a sua realidade no contexto onde ela vive, ela pode precisar de

mais apoio ou menos apoio.

E o PASE, plano de apoio de serviços especializados, porque a inclusão é direito de

todos, nós temos os cadeirantes, os cegos, os surdos e outros com múltiplas deficiências que vêm

para o contexto escolar. Só que quando ele chega, como é que eu, professora na minha turma, que já

tenho um número de 30 alunos, ainda vou conseguir trabalhar com esse que tem necessidades

educativas especiais e precisa dos serviços especializados?

Page 10: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 10 - Secretaria de Serviços Legislativos

Com o incentivo do MEC, muitas escolas já receberam o laboratório, a sala

multifuncional, que eu estou chamando de laboratório. Por que eu chamo de laboratório? Porque na

Resolução nº 262/02 diz que: “... para desenvolver com qualidade é preciso o laboratório de

aprendizagem”, e vira uma confusão.

O que é esse laboratório de aprendizagem?

Laboratório de aprendizagem é a escola como um todo; a sala de aula é um

laboratório; a sala de informática é um laboratório; a sala multifuncional - as escolas que têm - é um

laboratório.

Diante dessa progressão com apoio de serviços especializados, a criança consegue

desenvolver algumas situações, mas nunca vai desenvolver igual àquele que não tem as necessidades

especiais.

E o que fazer então? A discussão vem para o número de alunos que na própria

Resolução e nas Portarias da própria SEDUC, em relação à escola estadual, muitas escolas

municipais que são organizadas nos ciclos, seguem tanto a Resolução nº 262/02, como também

procuram pesquisar o que tem nas portarias para fazerem a sua adequação. Vai acertando, vai

conflitando, mas também vai achando saídas, porque esse conflito é necessário para que nós

possamos refletir, para mudar, melhorar e transformar, mas sempre caminhar progredindo.

A instituição de novos tempos e espaços escolares, esse é provocativo!... Quando

nós começamos em Mato Grosso a Organização por Ciclos era só no ensino fundamental. Educação

infantil é do município, mas se você olhar a Resolução de educação infantil de 2009, do Conselho

Nacional de Educação, aquela Resolução nº 04/2009, que é para toda a educação básica, e a

específica que é a Resolução nº 07/2010, nacional, para o ensino fundamental, você vai percebendo

que aqueles princípios que eu coloquei lá, de democratização, de ensino de qualidade e inclusão, eles

são trazidos nessas Resoluções, porque o ponto forte delas são educar e cuidar.

E o que é o cuidado? Não é ficar, lá, protegendo, mas conhecer o que ele precisa,

para que eu faça a mediação, para auxiliá-lo em seu processo de aprendizagem. Eu enquanto

professora docente, enquanto coordenadora, se for, ou professora articuladora, por quê? Porque

movimenta toda a escola, a responsabilidade não é só de quem está com a turma, mas a

responsabilidade é de todos, inclusive da mantenedora, que também precisa fazer a discussão; como

eu disse antes, é projeto da sociedade, não é projeto só da escola.

Por que é projeto de sociedade? Se o aluno que tem mais de 25% de faltas não está

na escola, onde ele está? Na prostituição infantil? No trabalho escravo? Onde está a criança, que não

está na escola? Onde está o adolescente que tem 50% de faltas? Será que só está dormindo?

Eu puxei esse exemplo, porque uma das características do adolescente é o sono,

como gosta! Hoje, tem uns que nem tanto, porque depois do facebook, então passa mais tempo

acordado, e já tem pesquisa apontando que crianças e adolescentes tidas como hiperativos, na

realidade, eles estão dormindo pouco, e as oito horas de sono necessárias para todo o funcionamento

do corpo do ser humano, inclusive do cérebro, para facilitar a aprendizagem...

Aquele tempo dos alunos - deixe-me voltar o slide - o ensino fundamental,

retratando o 1º ciclo da alfabetização – seis, sete e oito anos; o 2º ciclo – nove, dez e onze; o 3º ciclo

– doze, treze e quatorze anos.

Dá para perceber como se adapta as fases do desenvolvimento humano, de acordo

com os psicólogos, estudiosos e teóricos da educação também. Um deles é o Miguel Arroyo; Elvira

Lima é outra; porque o Miguel Arroyo vai buscar na base da psicologia, mas a Elvira Lima vai

buscar essa divisão na questão antropológica. Andrea Krug - que mudou depois - vai buscar na base

Page 11: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 11 - Secretaria de Serviços Legislativos

do desenvolvimento da linguagem. Então, as características de proximidade no desenvolvimento,

não significam que o desenvolvimento é igual, mas tem uma proximidade, aí a importância de levar

em conta essa realidade de quem é o estudante, para poder auxiliá-lo mediando atividades, mediando

conteúdo sócio-histórico-cultural, para que a aprendizagem seja desenvolvida.

E aí a provocação, ensino médio, ciclo da juventude, a Resolução nº 262/02 já traz

isso, que o ensino médio também pode ser organizado por ciclos. Então, parece que vamos passar os

alunos para a universidade sem ter aprendido.

Olha! Se for começar pensando que é dessa forma que tem que ser, então, é melhor

ele não ser mesmo organizado por ciclo, porque o que precisa é respeitar o processo de

aprendizagem do aluno, para mediar situações, a interação coletiva, aluno e aluno, professor e aluno,

para que realmente tenha sucesso no processo de aprendizagem.

E não é tarefa fácil, porque vai envolver o tempo dos professores, esse tempo dos

professores é a jornada de trabalho dele naquela escola, que geralmente são trinta horas, se for

efetivo.

Por quê? Esse tempo tem que ser dedicado para planejamento e ação coletiva,

avaliação coletiva, intervenção e apoio pedagógico necessário e definido coletivamente, superação

nos casos em que o aluno chega já com a defasagem da idade, ano escolar ou ciclo, os registros e

formação continuada; essas são algumas das ações que o professor faz na escola, que o coletivo de

professor trabalha.

E se ele tem uma jornada de trabalho nos três períodos, em qual tempo é possível

essa ação coletiva? Ela fica inviável. Então, esse professor faz as três jornadas de trabalho porque ele

quer? Aí que entra a questão da valorização profissional, que está ali no meio da concepção também,

porque se ele não tem, financeiramente, a valorização, ele precisa mesmo correr atrás dos outros dois

períodos para complementar a renda, porque sustentar uma família, nessa conjuntura social que

vivemos... Às vezes, ele ainda fica procurando uma chance de ter o quarto tempo, essa é a nossa

realidade.

Para terminar, entra a questão da avaliação. No contexto geral, avaliamos o aluno

em aprendizagem, mas dentro da concepção da organização por ciclos, toda a conjuntura precisa ser

avaliada, tanto no âmbito do projeto político-pedagógico que a escola desenvolve, mas também as

ações das mantenedoras. Se é da Secretaria Estadual de Educação ou da Secretaria Municipal de

Educação, as ações, as implementações e o fortalecimento que ela traz para fortalecer a

aprendizagem na escola também precisam ser avaliados, que é isso que está acontecendo agora nesta

Audiência Pública, é uma avaliação.

E na aprendizagem, ela precisa ser processual, diagnóstica, formativa, reflexiva e

contínua. Por quê? Se o aluno não aprendeu é paralelo ao processo de aprendizagem, não é depois.

Então, o que ele não aprendeu? Por que ele não aprendeu? E se for diferente, não tem como mediar,

ele vai ser mantido com a dificuldade.

E os aspectos qualitativos precisam predominar sobre os quantitativos. Por quê?

Lembram-se? Não aprendemos as mesmas coisas ao mesmo tempo.

Se eu tivesse que aprender robótica, eu estaria reprovada, porque eu, em

tecnologia, sei para o gasto, mas é muito pouco em relação ao que os adolescentes já dominam.

Essa ação precisa considerar as possibilidades e os avanços ocorridos, porque até

na organização seriada também considera avanço. Nós temos, lá na seriada, progressão parcial, não

temos? Por que progressão parcial? Porque vai valorizar o que o aluno já avançou, antes da

progressão parcial, se ele reprovasse, estava reprovado, ele teria que fazer todas as disciplinas

Page 12: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 12 - Secretaria de Serviços Legislativos

novamente. Então, vem a progressão parcial, que muitos também criticam: “Como? Ficam dando

chance”. A questão não é dar chance pela chance, e sim oportunizar para que ele tenha problema,

mas o problema, o desafio da aprendizagem, seja superado.

Na organização por ciclo são três situações: o professor docente avaliando,

acompanhando essa aprendizagem e cuidando, e quando esgotam as possibilidades de intervenção

do próprio docente, é que entra em cena a atuação do professor articulador, que precisamos

repensar, porque ele não é só para ser mais um profissional e nem aquele profissional, que já está

adoecido e sem condição de estar na sala, vem para o desvio de função e vai ser professor

articulador. Que sucesso nós vamos conseguir num processo de articulação pensado dessa maneira?

E o relatório descritivo que traz os conteúdos de natureza cognitiva, a mediação

docente, ele tem caráter evolutivo e caráter individualizado. Por quê? Porque você avalia

coletivamente, mas você também precisa avaliar e registrar o processo individualizado.

E o quantitativo de alunos dentro do ciclo, se é unidocência não são tantos alunos,

são até trinta, mas quando chega a partir dos onze anos e 3º ciclo, fica mais complicado, porque o

número de alunos é grande.

A própria Resolução coloca a questão de 250 alunos para cada professor, mas o

professor sozinho não consegue fazer esse acompanhamento. Por isso, a orientação lá na concepção

de que essa organização seja por áreas de conhecimentos e que haja os Conselhos de Ciclos, porque

aquilo que dentro da área de linguagem, um professor não conseguiu acompanhar, o outro está

atento. Então, soma para depois nós termos os subsídios que foram registrados no caderno de campo,

no portfólio e outros, para que assegure o processo de desenvolvimento desse relatório. Se não, nós

teremos modelos de relatórios que assemelham só os alunos, é o mesmo modelo, às vezes, troca só o

nome. É isso a qualidade do desenvolvimento de um aluno para outro; tem coisas que vão ser

bastante semelhantes, sim, mas em que elas são diferenciadas?

Talvez, até no próprio empenho que o aluno tem dentro daquilo que é sua

característica de aprendizagem, que uns tendem para a música, outros tendem para o movimento do

corpo, para a cognição; uns aprendem falando, outros só observando, ouvindo.

Essas diferenças precisam ser levadas em conta, e se o processo de aprendizagem

não estiver dando conta disso, nós ficaremos fadados ao fracasso, independente de qual seja a

organização, mas, principalmente nesta, que é a organização por ciclos.

Dentro dos seus quinze anos de história, é bem incipiente se compararmos com os

séculos que temos da escola tradicional. Então, não começamos nem a engatinhar ainda, e muitas

coisas precisam ser avaliadas para melhorar, porque da forma como está, também considerando que

nós temos a aprovação automática, que não é da concepção, mas que vai se configurando no

cotidiano escolar. Então, nós precisamos ver coletivamente, em cada município, e nessas discussões

regionais, que depois abarcam uma discussão mais de Estado mesmo, para que percebamos em que

precisamos buscar a transformação.

Agradeço a oportunidade. (PALMAS)

(O SR. DEPUTADO WAGNER RAMOS ASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 10H19MIN.)

O SR. PRESIDENTE (WAGNER RAMOS) - Muito obrigado, Professora, pela

visita a Tangará da Serra e pela palestra também.

Vamos abrir a palavra para as pessoas presentes, mas, antes disso, agradecemos a

presença do Vereador Luiz Henrique Barbosa Matias, vice-presidente da Câmara Municipal de

Tangará da Serra; do Professor Antônio Carlos da Silva, Diretor da Escola Estadual Ministro

Petrônio Portela, de São Jorge do Patrocínio, nosso amigo Carlinhos; da Professora Adriana

Page 13: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 13 - Secretaria de Serviços Legislativos

Germana Luzia, Diretora da Escola Estadual Vereador Manoel Marinheiro, também do Município de

Tangará da Serra; da Sra. Francisca Alda Ferreira de Lima, Presidente do SINTEP em Tangará da

Serra; dos Vereadores do PSDB Wagner Constantino, que está desde o início, juntamente com

Vereador Fabião, muito obrigado pela presença. Esta conosco também o Vereador Sílvio José

Somavilla, de Tangará da Serra; o suplentes de Vereador Claudinho Frare e também o Pedro

Francisco da Silva, o Vereador Pedrinho.

Gostaria também de ouvir o pessoal da assessoria pedagógica, que está aqui

conosco. Claudiomar, nós vamos abrir espaço, gostaríamos que vocês fizessem parte da mesa,

vamos solicitar uma cadeira para que vocês, representantes legais do Estado, possam participar na

mesa conosco. Solicito da nossa assessoria mais uma cadeira para o nosso amigo Claudiomar,

Assessor Pedagógico.

Com a palavra, o Vereador Sebastian Ramos, neste ato representando o presidente

da Câmara Municipal de Tangará da Serra, Vereador Romer Sator Yamashita (Romer Japonês).

O SR. SEBASTIAN RAMOS - Obrigado, Deputado Wagner Ramos.

Muito bom dia a esta mesa, minha saudação a todos, sem nominar os já

nominados, reforçando a preseça do Parlamento Municipal neste ato, nesta Audiência Pública, meus

colegas vereadores: Professor Wagner, Fabio Brito, Luiz Henrique e o Silvio, que passaram ou

devem estar por aí, bem como os demais vereadores que não puderam estar presentes em virtude de

outros compromissos e outras agendas, inclusive o nosso presidente, Romer Japonês.

Muito bom dia a todos os presentes, aos representantes da Assembleia Legislativa,

sejam muito bem-vindos a nossa cidade.

O Município de Tangará da Serra é um município pujante e precisa que a

Assembleia Legislativa venha aqui mais vezes, seja com essas ações, com Audiências Públicas ou

com outras ações, inclusive com recursos para o nosso Município e para a nossa região.

Sejam todos bem-vindos, representantes de cidades vizinhas e de outros

municípios; todos os meus colegas profissionais da educação, especialmente aos educadores o meu

carinho, o meu afeto e o meu respeito a cada um aqui presente.

Sem muitas delongas, quando o assunto é ciclo, Senhores Deputados, o propositor

Deputado Wilson Santos, que está em uma entrevista, certamente, há muito a ser conversado, há

muito a ser discutido e há muito, ainda, a ser peneirado entre escola seriada e escola ciclada. Eu fico

com a escola de qualidade, se vai ser seriada, se vai ser ciclada, se permanece, se não permanece...

(PALMAS)... Eu fico com a educação e com a escola de qualidade, Deputados presentes e o

propositor, Deputado Wilson Santos.

O nosso Município de Tangará da Serra e o Estado de Mato Grosso, inclusive,

coincidentemente nesta semana, ao celebrarmos a semana de Mato Grosso, no próximo sábado é dia

de Mato Grosso, me parece muito pertinente discutirmos uma educação, justamente nesta semana.

Inclusive, para nós de Tangará da Serra, em preparação ao aniversário do nosso

município, está aqui o Prefeito, que certamente vai também frisar essa situação. De modo que,

enquanto educador que sou e humanista, eu sonho, ainda, com a educação pensada por Paulo Freire,

pensada por Moacir Gadotti, pensada por Lev Vygotsky, aqui citado pela Professora; sonho também

com a escola pensada por Jean Piaget e com a escola inocente e humilde, pensada por Cora

Coralina, grande poetisa brasileira.

Os nossos alunos, os nossos educandos almejam e esperam uma educação, esperam

que as escolas estejam de pé, com o teto no lugar, com as paredes no lugar, com os professores

sendo valorizados, com as possibilidades de educação.

Page 14: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 14 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu vou dizer de novo: seja seriada ou ciclada, o que nós precisamos urgentemente

é de uma educação que valorize, acima de tudo, o seu profissional, porque se colocarmos uma

educação ciclada e não valorizarmos o profissional da educação... (PALMAS) Não há milagre,

Deputados, que vá curar a nossa educação.

Entendo que essas Audiências Públicas são legítimas, são coerentes, e eu desejo

muito que ao chegar à Assembleia Legislativa e ao Governo do Estado - aqui representado,

inclusive, na figura do Sr. Alfredo, que está ali e que certamente vai levar ao Secretário Permínio

Pinto o assunto aqui falado e discutido - que nós pensemos numa educação mato-grossense que

esteja atenta aos olhares do século XXI, e não uma educação jesuítica que ficou lá no século XVI e

que alguns ainda insistem em colocar em prática nos dias de hoje.

Obrigado pela oportunidade, o Parlamento Municipal agradece este espaço e deseja

que esta Audiência Pública seja proveitosa e frutífera.

Bom dia a todos! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WAGNER RAMOS) - Muito obrigado, Professor e

Vereador Sebastian Ramos, pelas palavras, é isso que queremos ouvir de todos vocês.

A nossa equipe também está pegando informações com quem desejar fazer uso da

palavra, nós estaremos à disposição.

Com a palavra, o Prefeito Municipal de Tangará da Serra, o Professor Fábio

Martins Junqueira.

O SR. FÁBIO MARTINS JUNQUEIRA – Bom dia a todos e a todas!

Cumprimento a mesa, aqui, formada pela Professora; os Deputados Wagner Ramos

e Sartunino Masson, o Sr. Alfredo, da SEDUC; a professora Alvarina, já conhecida de algum tempo;

a Secretária Iolanda; o Vereador Sebastian Ramos, representando a Câmara, estava até agora mesmo

com o Vereador Romer, num outro compromisso, e ele até me pediu para reforçar que a ausência

dele é em virtude de compromissos anteriormente agendados, que inclusive me motivaram a chegar

aqui após o início. Também o senhor que está ao lado do Vereador Sebastian Ramos, e demais

autoridades, Prefeito de Denise, Pedro Tercy; professores e professoras; assessores e vereadores aqui

presentes. É uma satisfação estar aqui a convite do Deputado Wilson Santos, que neste momento

está ocupado, falando com a imprensa, a quem nós cumprimentamos pela realização desta Audiência

Pública.

Educação é sempre motivo de muita reflexão e de muita importância. Hoje,

ouvindo a professora Alvarina fazer sua apresentação, eu me reportei a uma reflexão: nós quando

implantamos no Estado e no país o ciclo de aprendizagem, a organização do ensino fundamental, em

forma ciclada, onde houve essa implantação, o primeiro pensamento era assegurar o sucesso dos

nossos alunos e assegurar a qualidade.

Houve percalços na implantação, talvez por falta de, exatamente, formação

continuada, qualificação, um preparo antecedente, e acabou confundindo-se o ciclo com a figura da

progressão automática, e isso realmente trouxe uma série de pontos negativos e críticos para essa

questão, porque na verdade o ciclo não se confunde com a progressão automática, pelo contrário,

desde a antiga LDB, a anterior já dizia que o calendário e o ensino poderiam ser organizados na

forma seriada anual, semestral ou por outros ciclos de organização.

E o ciclo também é vinculado a tempo, a um tempo; de uma forma ou de outra,

equivale a um interregno de tempo que diferencia da seriação anual e da seriação semestral apenas

pelo prazo de duração, mas a qualidade exigida teria que ser a mesma, ou até superior, porque a

organização por ciclos atenderia a orientações metodológicas e pedagógicas de relevância, que tem o

Page 15: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 15 - Secretaria de Serviços Legislativos

apoio e a formatação definida por grandes educadores, alguns deles citados aqui pelo Vereador

Sebastian.

Apenas a Cora Coralina, citada pelo Vereador Sebastian, teve uma formação

inicial autodidata. Ela teve um ensino através de preceptores na infância, na fazenda e, depois, se

tornou uma grande autodidata, chegou a ser uma pessoa de alta formação, isso demonstra que nós

temos que pensar que no ato de ensinar e aprender tem dois polos: tem o polo daquele que está na

função de coordenar e orientar o processo educativo e aquele que é o agente destinatário do processo

educativo. Eu me preocupo bastante com a questão da confusão ocorrida entre o ciclo e a progressão

automática.

No Município de Tangará da Serra, nós implantamos há vários anos apenas o ciclo

básico de alfabetização, e a partir do 4º ano voltamos para a forma seriada anual, mas nós também

temos essa preocupação, exatamente porque ocorreram algumas situações do aluno que está no final

do ano na série na nossa organização seriada, nas séries finais do fundamental, quando por uma

questão de avaliação ele percebe a possibilidade da retenção, ele se transfere para uma escola que

adota o ciclo no ensino fundamental integral e, logicamente, ele é aprovado, pela aprovação dita

automática. Depois, no outro ano, ele pede para voltar para a escola municipal que está com a

seriação, e isso gera uma expectativa de disputa por escola em termos de qualidade, que na verdade

não deve existir de forma nenhuma.

Quando me preocupo com a questão de confundir a escola ciclada com a

progressão automática, eu me reporto a outra situação: antes de Cristo, os chineses avaliavam - o

tempo é curtinho, eu estou me excedendo, mas já vou concluir - o ensino através de exames, tipo

concurso, eu gravei bem na época no meu curso de pedagogia, que o nome dado ao estudante chinês

que concluía uma determinada fase com aplicação da avaliação, ele levava o nome de talento florido,

o diploma dado a ele, a categoria dada a ele era de talento florido.

Não desejo fazer um comparativo da educação chinesa, tão antiga, com a nossa.

Até mesmo porque a educação chinesa até uma determinada época, bastante recente, era

completamente decorativa, utiliza muito a metodologia da retenção da memória, por conta dos

signos e símbolos utilizados.

De uma forma ou de outra, nós temos uma dicotomia; nós estabelecemos uma

sistemática de avaliação no ciclo, que acabou se confundindo com a progressão automática e a

sociedade continua avaliando sistemicamente através do vestibular, para o acesso ao ensino superior,

através de “n” concursos realizados para ingresso nas carreiras, as mais diversas, no serviço público:

municipal, estadual, federal e mesmo por outras organizações, que também avaliam, sistemicamente,

o cidadão para o acesso aos cargos, a empregos e a outras situações.

Essa avaliação sistemática feita pela sociedade difere da avaliação que nós temos

feito nas nossas escolas, no ensino fundamental, e isso tem de fato provocado uma dificuldade muito

grande. Hoje, todo mundo busca a culpa do insucesso.

Onde é que está a culpa? A culpa no ensino superior vem do ensino médio, que

preparou mal; no ensino médio jogam a culpa para o fundamental, as séries finais; o fundamental

culpa as séries iniciais do fundamental, e daqui a alguns dias nós vamos jogar a culpa na educação

infantil, que tem uma história tão recente no país, e vamos continuar buscando culpados pelas

dificuldades que nós temos na qualidade do ensino.

Eu penso que nós conseguimos eliminar uma determinada situação, eu fui

Secretário de Educação até o final de 2003, em Tangará da Serra; no comecinho de 2004, eu deixei a

Secretaria, naquela ocasião, nós tínhamos na rede municipal de educação, cerca de doze mil alunos,

Page 16: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 16 - Secretaria de Serviços Legislativos

entre fundamental e infantil, e hoje nós estamos quase que por volta do mesmo número, um

pouquinho menos, mas em função da correção das distorções da série, da eliminação da diminuição

dos índices de reprovação, manteve-se o número.

Havia uma cifra no ensino fundamental que era alimentada pela evasão e pela

repetência muito grande ao longo dos anos, tanto nas escolas municipais quanto nas estaduais, e isso

vem sendo eliminado gradativamente. À medida que a terminalidade real é alcançada, há mais

possibilidade de investir na qualidade.

E eu – concordando, em tese, com as palavras da Professora Alvarina, quando fala

da questão do articulador - vejo que na medicina o médico cirurgião não opera sozinho, ele opera

com o médico auxiliar, com anestesista, com uma equipe de enfermagem e tal... Mas tudo bem, eu

estou falando de operação somática, no corpo físico, e o educador também provoca alterações na

formação do educando, que são verdadeiras operações mentais. E, a meu ver, esse trabalho em

equipe da educação tem que ser cada vez mais ampliado.

Hoje, nós temos um pouquinho de dificuldade, que é o limite da Lei de

Responsabilidade Fiscal, que coloca indicadores para despesas com pessoal; penso eu que o da

educação deveria ser separado, que os índices da Lei de Responsabilidade Fiscal para educação

deveriam ser mensurados separadamente do restante do quadro de pessoal, tanto do Município

quanto do Estado, até mesmo para que pudéssemos ter investimentos maiores em pessoal da

educação.

De qualquer forma, eu vim até aqui apenas para prestigiar, para ouvir um pouco,

aprender um pouco mais sobre a questão, para prestigiar o Deputado Wilson Santos e demais

Deputados, que representam a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, o Deputado

Wagner Ramos, da nossa região, e o Deputado Saturnino Masson, para estar aqui participando desta

iniciativa, parabenizar a Assembleia Legislativa pela realização do evento...

(O SR. DEPUTADO WILSON SANTOS REASSUME A PRESIDÊNCIA ÀS 10H37MIN.)

O SR. FÁBIO MARTINS JUNQUEIRA – Quero dizer que Tangará da Serra é uma

cidade que está sempre aberta para a Assembleia Legislativa e que temos o orgulho de ter dois

representantes tangaraenses, e por que não dizer três? Porque o Deputado Wilson Santos sempre

teve votação em Tangará da Serra e é amado por muitos de Tangará da Serra.

Nós, às vezes, encontramos pessoas que quando ouvem falar que o Deputado

Wilson Santos vai estar em Tangará da Serra, fala assim: “Ah, fui aluno dele no cursinho; ah, fui

aluno dele e tal...” Então, tem toda uma história na educação que merece ser louvada.

Foi um prazer estar com vocês. Muito obrigado! E desculpe-me por ter me

excedido no tempo. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Nós vamos agora ouvir a platéia.

Estão inscritas as seguintes pessoas: a Sra. Francisca Alda Rezende, a Sra. Maria Elisabete, a Sra.

Sônia Maria Santos Filho, a Sra. Eunice Maria Cipriano, o Sr. João Costa Longa, a Sra. Adriana

Germano, a Sra. Josete Ribeiro, o Sr. César Guedes, a Sra. Antônia Miranda, o Sr. Vagner

Guimarães e a Sra. Edinéia Cardoso.

Aqui ainda é bom, dá para pronunciar bem os sobrenomes, o duro é quando sobe

ali para Sinop, Alta Floresta... Menino do céu! (RISOS) É só alemão, italiano...

Vamos fazer o seguinte, cada pessoa terá em média direito a três minutos, eu sei

que alguns acabam falando quatro, cinco... Mas, em média, três minutos.

Nós queremos ouvir bastante, então vamos ouvir agora, cinco pessoas da plateia e

depois passaremos a palavra para a professora dar as respostas, caso haja alguma indagação.

Page 17: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 17 - Secretaria de Serviços Legislativos

Não tem problema se você não quer perguntar. Se quiser fazer uma

contextualização, pode fazer! Se quiser fazer uma análise, não tem nenhum problema, às vezes, a

pessoa não quer perguntar, mas tem o direito de falar o que pensa.

Com a palavra, a Professora Francisca Alda Ferreira de Lima...

Desculpem-me, só uns minutinhos, porque antes o Prefeito Pedro Tercy quer falar,

ele veio de Denise e vai fazer uso da palavra.

O SR. PEDRO TERCY – Bom dia a todos.

Eu pedi, Deputado Wilson Santos, para interromper a sequência. Eu nem poderia

estar aqui hoje, nós estamos com uns probleminhas lá no município, porque ontem foi feriado de

fato, ontem foi o dia do aniversário da cidade, e nós paramos a administração para cumprir o feriado

da cidade, e como Vossa Excelência foi Prefeito, por duas vezes, sabe que no dia seguinte “o bicho

cai”. Então, nós viemos, em primeiro lugar, em respeito à educação e, em segundo, em respeito a sua

pessoa, por ser nosso amigo, por ser educador e por ser uma pessoa extremamente ligada à área da

educação, e eu quero lhe parabenizar pela iniciativa.

Quero agradecer também a presença do nosso assessor pedagógico, o Sérgio

Furlan, os diretores da escola, o Professor Luiz, a Professora Meire; também estou vendo a

professora filha do meu amigo Terrinha, e a presença de todos os denisienses que estão por aqui.

Quero ressaltar a presença do meu Vice-Prefeito, o Abotoado, que inclusive nos

deu uma carona, de lá para cá, porque o nosso carro, Prefeito Fábio, na semana passada, sofreu uma

colisão aqui no centro de Tangará da Serra, mas faz parte. O povo do interior que chega à cidade

grande tem que bater no carro do “bicho besta”.

Antes de assumir a Prefeitura, durante minha campanha, eu dizia que seria o

prefeito da educação, falava isso, alguns davam risada – mais ou menos, vou contar uma história

bem rápida para vocês: eu assumi a educação, e a maior escola do meu município não tinha nem

água para os nossos alunos tomarem. Professores desmotivados, escolas caindo aos pedaços, ônibus

todos sucateados...

Eu quero... Ele tem nome francês, Sebastian, que fala bonito, Vereador Sebastian,

parabéns! Você nos colocou o seguinte: “Para fazer educação, primeiro, precisamos valorizar o

profissional de educação”, e foi o que nós fizemos.

Lá, Deputado Wilson Santos, nós fizemos todos os reajustes que os professores

tinham direito, sei lá se o Prefeito vai conseguir pagar ou não, mas nós fizemos e pagamos em dia, lá

se recebe em dia, não teve discussão.

Todas as nossas escolas estão reformadas, água para os alunos beberem. Eu não

sei como faziam numa escola, há 20 anos, que não tinha uma quadra para praticar esporte.

Entregamos uma quadra nova no valor de R$ 509.000,00 para a nossa população, toda a nossa frota

a caminho da escola, são treze ônibus novos, Deputado Wilson Santos, e temos dois de reserva, isso

em dois anos e quatro meses.

Nossas creches - e aí eu quero pedir a intervenção dos Deputados Wagner Ramos,

Saturnino Masson e do senhor Deputado Wilson Santos... Nós temos 150 creches paradas no Brasil,

numa empresa irresponsável chamada Casa Alta de Curitiba. Estou com R$ 850.000,00 em conta,

necessitando de creche, porque a última creche em Denise foi inaugurada em 1994.

Fui para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), andei de

joelhos, consegui uma creche para Denise, eles reabriram, me fizeram colocar o aterro, toda a

infraestrutura e viraram as costas, sem dar satisfação ao povo de Denise e para ninguém, e eu estou

com o dinheiro em conta. Então, solicito a Vossas Excelências que entrem em contato com as

Page 18: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 18 - Secretaria de Serviços Legislativos

autoridades. Eu acho que Vossa Excelência passa por essa realidade, Prefeito Fabio. Fabinho tem

três creches nessa situação. Isso é uma vergonha para o país, não se faz, Sr. Sebastian, educação

pensando desse jeito, não se faz.

Se Vossas Excelências não sabiam disso, comecem a brigar, vão a Brasília, lutem

por isso, pela informação que eu tenho. São cento e cinquenta, no Brasil, só aqui entre eu, Fabinho,

são quatro, e numa cidade onde tem uma creche em que cabem 43 crianças, essa creche para 320

crianças seria muito bem-vinda para melhorarmos a nossa educação, cuidem disso, Vossas

Excelências nos ajudarão muito. Então, fizemos muito na educação em cima do discurso e ouvindo,

hoje, o conselho do professor Sebastian.

Agora, eu tenho muito medo de uma coisa e vou alertá-los... Ele falou outra coisa

importante, falou em qualidade, e eu tenho medo de o professor perder o discurso: piso em dia,

escolas reformadas, quadra para o aluno estudar, a merenda – não sou eu, viu, Fabinho! É uma

escola que diz que sou a melhor merenda do médio norte - e aí como é que fica o nosso professor,

tem que tomar cuidado, tem que tomar cuidado.

O que é que eu fiz? Eu apliquei uma prova nos alunos, logo que eu iniciei o meu

mandato. Nossa! Foi um pandemônio em Denise. Eles ficaram loucos, mas eu precisava saber como

é que estava o meu aluno, Sebastian, como é que estava o ensino do meu aluno.

Apliquei uma prova: “Nossa, ele vai divulgar, ele vai acabar...” Não, eu precisava

saber, porque quando eu fosse falar com o professor, ele estava sabendo...

Era aquele negócio do rato e do gato, ele sabe quem sou eu, e eu sei quem é ele.

Preocupei-me quando eu vi o aluno do 7º ano colocando sapo como mamífero e

cobra como anfíbio, não ligar pontinho... Eu falei: tem alguma coisa errada. E nós temos que ver até

onde vai a responsabilidade nos processos.

Outra coisa que eu bato, e bato duro – e está aqui o pessoal lá de Denise – nós

precisamos, Sebastian - você com toda a sua sapiência, se esqueceu de falar disso -, envolver a

família na escola.

Nós temos que parar com aquele problema do pai: “Ufa! Graças a Deus, vou ficar

livre desse demônio, pelo menos por quatro horas”. E o professor: “Ufa! Graças a Deus, terminou a

aula e esse demônio vai embora para a casa dele”. É um problema nosso! Esse demônio é um

problema nosso, e nós temos que cuidar desse demônio. De que jeito? Com dedicação, cada um

assumindo o seu papel e melhorando a educação. Aí sim, a família tem que estar na escola – eu

tenho brigado por isso, e brigado duro.

Eu dou presentinho, eu faço sorteio: Ah! Dia das Mães, presente... Eu nunca vi um

povo que gosta de ganhar presente como esse povo de Denise. Aí, vai todo mundo para ganhar

presentinho. Portanto, eu peço, pelo amor de Deus, acompanhem os seus filhos; pelo amor de Nossa

Senhora Aparecida, venham para dentro da escola, acompanhem, peguem o livro do seu filho, vejam

o que ele fez hoje! É um meio.

Se vocês estão de frente para um “cara” que é contra a tal escola ciclada, esse cara

sou eu. Nossa!... (PALMAS) Esse cara sou eu! Eu não sei se é porque eu sou da moda antiga.

Observando a Professora falar aqui, a escola ciclada parece ser a melhor coisa do mundo, mas faltou

informar o povo do que é a escola ciclada. O aluno não sabe; o professor faz de conta que não sabe;

a mãe, então: é de comer? Nem sabe o que é isso... (RISOS)... Ninguém! Então, é complicado.

Eu sou da moda antiga, eu sou daquela época em que tinha: 1º ano A, 1º ano B, 1º

ano C; 2º ano, 3º ano, 4º ano, admissão; ginásio; 1ª série, 2ª série, 3ª série e 4ª série. Aí vinha: 1º

Page 19: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 19 - Secretaria de Serviços Legislativos

ano, 2º ano e 3º ano. Então, você estava preparado para o vestibular; e eu com seis anos de idade

sabia ler e escrever.

Hoje, eu tive que assinar um pacto em Denise, obrigando o aluno a ser alfabetizado

aos oito anos de idade, como se isso fosse obrigatoriedade. Não, gente! Isso é uma necessidade. E o

pacto pela educação só tem obrigação: “O Prefeito tem que assinar o pacto, que todos os alunos aos

oito anos de idade serão alfabetizados”. O que é isso? Isso é obrigação, gente!

É a mesma coisa que falar para o Deputado Wilson Santos se candidatar ao cargo

de Deputado e não vir aqui em Denise e em Tangará da Serra pedir voto. Não vai ser Deputado

nunca! Ser alfabetizado aos oito anos é necessidade, não precisa criar um pacto, é um compromisso.

Lógico que quando o cara se propõe a ser professor e você se propõe a ser aluno, é

o mínimo que se pode ter necessidade. Não, lá nós fizemos um pacto, e tem mais, fizemos a festa um

ano depois do pacto, tivemos que fazer a festa. Mas se é para melhorar, vamos fazer a festa, vamos

assinar o pacto, vamos tudo.

Eu vou dizer uma coisa para vocês: a única coisa que ainda fazia o aluno levar,

Fabinho, a educação a sério, era a tal da prova, pelo menos para dar uma pegadinha no livro. Meu

amigo, se não tem prova...

Esse negócio de: “Não, ascensão não quer dizer...” “Não sei mais o quê...” As

palavras da professora aqui - não estou criticando a senhora, não, professora, é a ideologia do

negócio. Mas o que o aluno entendeu? Se for o contrário, vocês me falam: “Se eu estudar, eu passo;

se eu não estudar, também; então, até logo e dane-se”.

Eu sou chato... Eu parei em frente de um ônibus, Deputado Wilson Santos, que

vem de um assentamento, com 18 crianças - e é caro o ônibus, estão querendo dar 1,95 por

quilômetro para nós, Fabinho, e nós gastamos 3,10 por quilômetro, Vossa Excelência sabe disso...

Eu parei em frente à porta do ônibus – que é caro, são 45 quilômetros –, e sabe quantos alunos

desceram deste ônibus e entraram para a sala de aula? E o Prefeito contando, sou chato, chuta aí,

Deputado Wilson Santos! Somente um. Não foi a metade, foi um, os demais foram todos para a rua,

um foi jogar bola, o outro foi tomar cachaça e o outro foi jogar sinuca.

Aí, terminou a hora das aulas, todo mundo voltou com o livrinho debaixo do

braço, sem uma linha escrita no caderno. Gente, eles não foram à escola.

O que eu fiz? Fundei o 2º grau, lá no meio do mato. Estão para me matar, ou seja,

cortei a mamata, estão para me matar: “Esse Prefeito desgraçado, esse miserável”.

Eu estou preocupado com aquilo que o Vereador Sebastian Ramos falou: não

quero saber se é ciclado, se é seriado, eu quero escola de qualidade. É isso que eu quero, eu me

propus, lá, a isso; é isso que eu preciso que seja feito.

Agora, numa escola onde não tem a obrigatoriedade... E se pelo menos tem uma

avaliação, num país como este, onde está todo mundo fazendo de conta, fica difícil escola de

qualidade.

Muito Obrigado.

Desculpem-me se me excedi. (PALMAS)

Vou ter que ir embora para cuidar de lá, porque, hoje, é o primeiro dia de serviço, é

difícil!

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Com a palavra, a Srª Francisca Alda

de Lima.

A SRª FRANCISCA ALDA DE LIMA – Bom dia a todos, bom dia à Mesa.

Page 20: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 20 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu sou a Professora Francisca, presidente do SINTEP, subsede de Tangará da

Serra, estou na educação de Tangará da Serra há trinta e um anos e como cidadã desde sempre.

Então, falar de escola ciclada para nós é de extrema importância.

A minha preocupação maior é quando se trata da questão da repetência, parece-me

que tem uma ansiedade muito grande em reprovar; e reprovar para quê? Vai se fazer o que, depois

que reprovar o aluno? Porque durante toda a minha vida eu vi reprovar, reprovar, reprovar, e nada

estava sendo feito para recuperar esse estudante. Então, essa ansiedade em reprovar, nós precisamos

avaliar melhor.

Aqui, também, enquanto profissionais da educação, falando de escola ciclada, nós

temos que respeitar as diferenças. Existem as diferenças dentro da escola para ser respeitada; temos

as crianças da educação especial, dentro da escola também, então, não podemos generalizar.

Nós precisamos ver o foco de tudo isso; estamos tratando a escola ciclada como

vilã, mas será mesmo que o problema é a escola ciclada?

Quando nós, profissionais da educação, somos colocados dentro de uma sala de

aula com 35 a 40 crianças, de oito a nove anos, sem uma climatização; quando 200 a 300 alunos

estão sentados no chão para fazer a refeição; quando 50% dos profissionais da educação não

passaram por um concurso público, porque esse concurso público, também, não está sendo ofertado

e não está sendo avaliado com a importância que deveria para garantir a qualidade.

Sem eximir a responsabilidade das redes, tratando das duas redes, muitos dos

nossos profissionais não têm a hora-atividade para fazer o planejamento, para corrigir a prova,

porque precisamos aplicar prova. Posso ver, como professora mais ou menos antiga, que a avaliação,

a prova ainda se faz necessária; ninguém disse que não pode dar prova, e se disse, também, não está

dentro da sala de aula e não sabe o que é necessário; quem está dentro da sala de aula com alunos é

que sabe o que precisa ser feito; o que ser avaliado etc.

Nós precisamos investir em educação e ver que o único vilão dessa história não é a

escola ciclada, precisamos observar e ir ao chão da escola, receber as visitas dos Deputados, dos

Vereadores e dos Prefeitos na escola.

Para falar de Tangará da Serra, nós temos estudantes na plateia, para nós falta até o

livro didático, que é o mínimo que se pode oferecer para uma criança dentro da escola.

Eu estava numa sala de aula, comecei com 41 alunos de quinto ano, tinha dez

livros didáticos; dez de geografia e doze de história... Então, culpar uma escola, uma forma de

ensino, que não merece o mínimo... Precisamos mudar o foco, com certeza o foco não é apenas a

escola ciclada.

Nossa valorização profissional, concurso público, livro didático, material de

qualidade. E não é comprar joguinhos de EVA (etil vinil acetato) e encher os armários da escola

desses joguinhos, que não respondem às nossas necessidades e às nossas expectativas, porque

estamos tendo necessidade.

Nós, enquanto profissionais da educação, devemos ser consultados para ver que

material realmente atende a necessidade daquela clientela, daqueles estudantes, que estão lá no

universo da escola, passando por todas as necessidades, que são propostas a eles.

Devemos debater, sim, como disse o nosso companheiro, professor Sebastian,

educação de qualidade. E para defender a escola ciclada da forma que ela está posta, precisa ser

bastante avaliada, porque são muitos atores envolvidos na educação, para garantir essa qualidade.

Nós precisamos, realmente, debater, mas onde está o problema? Onde estão, no

mínimo, os nossos livros didáticos? Onde está a merenda de qualidade? Onde está a valorização do

Page 21: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 21 - Secretaria de Serviços Legislativos

profissional de educação? Onde está a hora-atividade para o professor preparar suas aulas? Onde

está nossa quadra coberta?

É isso, companheiro, que eu gostaria de contribuir e dizer: é de extrema

importância a audiência, mas que não fique apenas no discurso, que essas audiências, realmente, se

transformem em ações.

Nós ouvimos, enquanto educadores, muitos discursos, mas as ações acontecem

lentamente, muito lentamente.

As nossas creches estão paradas, as reformas não estão acontecendo, temos que

colocar o aluno do bairro distante para vir para o centro da cidade, porque lá no bairro, onde estão

sendo construídas, três salas levarão três anos para serem construídas, e nós, de repente, fazemos

uma audiência para bater na escola ciclada, vamos bater onde nós devemos realmente, manter o foco

dessa discussão e realinhar ações que resolvam a nossa situação, enquanto cidadãos e profissionais

da educação.

Muito obrigada a todos! Boa Audiência Pública. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Com a palavra, a Sra. Maria

Elizabete, Coordenadora do Mestrado da UNEMAT e depois as Senhoras Sônia Maria Santos Filho

e Eunice Maria, que são as próximas inscritas.

A SRª MARIA ELIZABETE – Bom dia a todos os educadores aqui presentes.

Eu sou da UNEMAT, campus de Barra do Bugres. Vejo aqui vários ex-alunos de

matemática.

Eu concordo em gênero, número e grau em relação às condições das escolas e nem

convido Deputado nenhum para visitá-las, olhem para o acondicionamento deste espaço físico, a

quantidade de ares-condicionados – eu vejo vocês aqui na frente se abanando... A quantidade de

ares-condicionados para este espaço nos diz tudo: falta planejamento e seriedade.

Eu estava lembrando, eu não sei se a professora, colega da SEDUC, de velhos

tempos, se lembra, mas está fazendo – se eu não me engano – dezoito anos da implantação da escola

ciclada, hoje denominada Ciclos de Formação Humana.

Desculpem-me a seriedade, para muitos, dezoito anos de brincadeira, de falta de

seriedade, de pegar o boi pelo chifre; porque muitos falam assim: eu conseguia fazer o aluno ler e

escrever, eu não consigo mais. E não é só falta do professor, os pais lavam as mãos, a comunidade

lava as mãos, relatos de coordenadores, aos montes, e de alguns diretores - porque com esses eu

tenho menos contato - de que falta o acompanhamento, limites.

Nós professores da escola, às vezes, não damos mais limites aos alunos. Vivi isso,

aqui em Tangará da Serra, na Escola Emanuel Pinheiro em 2011, acompanhada por vários

acadêmicos, quando uma aluna me enfrentou e falou assim: “Como é que é, professora?”

Eu coloquei-a no lugar e fiz uma atividade naquele dia, que depois virou um

Trabalho de Conclusão de Curso de Matemática (TCC), que eu nem me lembro de quem mais,

porque, às vezes, o aluno precisa ver no professor a autoridade de quem sabe mais, de quem tem

mais experiência e de quem sabe o que quer, porque eu avalio que tem muitos professores que

precisam repensar qual é o seu papel na escola, qual é o meu papel enquanto educador.

Eu acredito na transformação que a educação fez em mim, enquanto sujeito

cidadão, que vem lá do interior do Rio Grande do Sul. Eu tenho 32 anos de magistério, falo que vou

me aposentar este ano, ainda, se Deus quiser! Mas eu continuo sonhando com uma educação de

qualidade, uma educação cidadã, que torne esse jovem, esse adolescente, essa criança que sonha, que

sabe muito, que usa tecnologia, de uma forma... Mas e na escola, gente? Que uso nós fazemos disso?

Page 22: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 22 - Secretaria de Serviços Legislativos

Os laboratórios de informática aqui desta cidade, como de Nova Olímpia, de

Nortelândia, de Barra do Bugres, de Rondonópolis, de Cáceres, de Sinop – em todos esses

municípios eu atuei num projeto chamado Observatório da Educação, nós trabalhamos em 22

escolas, e eu digo para vocês: estão criando telha de aranha, mofo, se tornando obsoletos, os

professores não sabem usar ou não querem usar. Dá mais trabalho, desafia mais, nos coloca em

choque, porque eu preciso dizer que eu também não sei tudo, que eu aprendo com o outro.

Desculpem-me se eu extrapolei, mas não me peçam opinião sobre continuar ou não

o Ciclo de Formação Humana.

Eu sou uma pessoa engajada na luta por uma educação de qualidade, trabalhamos

aqui sobre o IDEB, percebi que... Inclusive coordenadores sequer sabem o que é o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica, o nosso IDEB. O que é Prova Brasil? O que os índices

refletem? Como nós alteramos os índices?

Concordo em gênero, número e grau quando o Deputado Wilson Santos fala das

águas que nós temos, eu nem digo das águas, a riqueza que nosso Estado tem, só enquanto setor

primário. Cadê o secundário? Cadê o terciário? Eu sempre apresentei isso nos projetos que faço nas

CAPS, tinha um sucesso.

Estou aqui, também, para apresentar a Vossas Excelências, como um esforço de

um grupo de professores da UNEMAT de Barra do Bugres, Tangará da Serra, Sinop e Cáceres, a

proposta de um mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, que abrirá as inscrições - era para ter

aberto ontem, mas a lentidão das coisas, ainda não abriu, deve abrir na semana que vem - para nove

professores fazerem um mestrado em Ensino de Ciências e Matemática.

Isso não é solução, pessoal, é apenas mais uma tentativa de aprimoramento de

alguns professores, para ajudar a ser fermento nessa massa, que nós precisamos, sim, arregaçar as

mangas, vestir a camisa e fazer mudar, porque nós somos inteligentes, nós somos um povo

extremamente diverso e capaz.

Não dá para largar em nome de desculpa de Ciclo de Formação Humana de “não

sei o quê”, não fazer com que este Estado, com os educadores que tem, se transforme numa riqueza

cultural e diversa que nós temos.

Quem quiser me procure, a clientela mais indicada são os professores de

matemática, física, química, biologia e pedagogia.

Muito obrigada. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Com a palavra, a Srª Sônia Maria

Santos.

A SRª SÔNIA MARIA SANTOS – Bom dia, primeiro eu quero agradecer ao

Deputado Wilson Santos pela oportunidade de nos ouvir.

Ouvimos muito o Governo, os representantes e agora queremos ser ouvidos. É

muito bonito ouvir Vossas Excelências, mas nós também queremos ser ouvidos, acho que agora é

nossa vez, Vossas Excelências poderiam falar em outro momento.

Vossa Excelência falou muito bonito, gostei da sua colocação, mas desnecessária,

porque nós já sabemos o que pensam.

Por que já sabemos? Por causa disto aqui, todos conhecem este livro, todo

professor conhece este livro, isto aqui é livro de cabeceira, Deputado Wilson Santos, de todos os

funcionários da escola, mas para o governo virou calço de pé de mesa, nunca foi cumprindo o que

está neste livro, por isso a escola ciclada não funciona. (PALMAS) Porque o Governo implantou o

sistema, mas não tem condições de bancar o custo para esse sistema funcionar, o ciclo não é ruim, o

Page 23: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 23 - Secretaria de Serviços Legislativos

ciclo não teve o que precisava: verba, dinheiro; esse dinheiro não chegou na escola, nunca! E nem

espaço físico foi adequado até hoje.

Obrigado por este tablet, temos trinta professores e recebemos cinco tablets no

sorteio, nunca funcionou esta porcaria.

Muito obrigada! (PALMAS)

Desculpem-me, porque estou tremendo, eu espero esta oportunidade de ser ouvida

há dezoito anos, é muito tempo para vocês pararem para ouvirem o professor.

O Governo foi descompromissado com a escola ciclada, por isso ela não

funcionou, nós trabalhamos noite e dia, recebemos trinta horas e trabalhamos sessenta, de segunda a

segunda.

O professor é o único profissional que não tem descanso, não tem feriado nem

horário de almoço; ele almoça fazendo planejamento de aula, atendendo e dando reforço para aluno;

nenhum outro profissional faz isso, médico descansa, se o paciente não puder esperar, ele vai

morrer; o aluno não, ele tem atendimento na escola, porque o professor se desgasta para dar o que

ele precisa, mas não é o suficiente, porque nós não vamos recuperar o mundo sozinhos, não!

As nossas salas de recurso, até o ano passado as escolas eram proibidas de

lançarem um número “x” de Plano de Apoio Pedagógico (PPAP), não podia ser usado, era

informação que vinha da SEDUC; então, tínhamos que esconder os números.

“Ah, coitadinho desse aluno, é pobre, não tem nem comida!” Não é problema da

escola, é problema do governo. E eu tenho que levar em conta se esse aluno come; se ele mora com

mãe, com pai ou com a tia; se ele tem acesso à saúde.

Está neste livro que deverá ter a disponibilidade de um médico para atender uma

comunidade com três mil pessoas; mas não tem um psicólogo, não tem um assistente social. Está no

livro que esses profissionais deveriam estar lá, para amparar minha escola, mas nunca consegui, em

dezoito anos, um atendimento psicológico para um aluno com indicação de professor, o professor

não é ninguém, professor não manda em saúde... (PALMAS)

Deveria o meu aluno chegar ao posto de saúde com um encaminhamento, com um

pedido de um professor, para avaliação psicológica, e ele ter acesso, mas ele não tem; a família não

tem.

Quando esse aluno consegue essa assistência, uma vez na semana, na comunidade,

é a vinte quilômetros do centro, e não tem como ele ir, porque é carente, ele vai ter gasto com

ônibus. Por isso, não vai; a família não tem condições de mantê-lo fazendo o tratamento que precisa,

que é o apoio para o professor da sala de recurso, que também não chegou até hoje!

Está neste bendito livro que a cada seis turmas de ciclo - se eu não me engano, na

página sessenta e três... Página sessenta e três: “Para cada seis turmas de ciclo, a escola tem direito a

um professor em sala de recurso”. A minha escola nunca teve isso, infelizmente.

Não adianta pedir, porque nós batemos na burocracia, quem deveria me ouvir, não

sabe do meu problema, foi o que a Srª Graziela me falou: “Se vocês não falarem, nós não vamos

adivinhar!”. Mas como é que eu vou fazê-la me ouvir? Eu consegui o telefone dela e falei, mas ela

não resolve mais o meu problema, passou para outra pessoa que eu não achei até hoje. E já estamos

com quatro meses do ano passado, quinto mês do ano, a minha escola tem quatorze turmas de ciclo e

nenhum professor na sala de recurso, até hoje o sistema não liberou, eu não posso contratar.

Quem é que dá assistência para esse aluno? Os professores, porque eles têm

obrigação de recuperar esse aluno. Ele é obrigado a recuperar de graça, trabalhar de graça para o

Page 24: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 24 - Secretaria de Serviços Legislativos

Governo, para a sociedade; fazemos o serviço que o Governo tinha que fazer e não eu, mas eu tenho

dó da população, da sociedade, então eu tenho que ajudar.

É isso que o professor pensa, eu vejo a dor dele, porque estou do lado; o Governo

não está nem aí para mim, ele nem me conhece, se me conhecesse, eu já estaria desempregada, não

seria mais contratada como professora.

Passei no último concurso público em 16º lugar, eram cinco aprovados e dez

classificados, um dos candidatos, eu não sei o porquê, reprovou, e nunca corrigiram a minha prova;

eu estou lá, classificada, dependendo... E nunca... Passou, esqueceram de mim...

O outro concurso que era para ter saído com dois anos, já tem quantos? Foi em

2006, enrolou até 2009, e já estamos em 2015. Tem quantos anos que não tem concurso público no

Estado de Mato Grosso?... (PAUSA)... Mas é porque enrolou, o edital saiu em 2006.

Demorou quatro anos para sair o concurso: renova, repete, cancela, faz de novo, faz

prova, cancela prova e faz de novo. O professor que se vire. Se o professor não tiver condições de

gastar R$ 30,00 para vir a Tangará da Serra, fazer a prova, ele não faz.

Eu conheço muitos que perderam a prova, fizeram duas vezes. O Governo não

devolveu o nosso dinheiro, o que gastamos, ficou perdido, infelizmente.

Todas as escolas têm direito a ter uma sala multifuncional, pois todas as escolas

têm alunos com problemas. Depois que as escolas passaram a receber os alunos excepcionais –

porque eu não sou contra eles serem recebidos nas escolas. Trabalhei entre quatro a cinco anos nas

APAEs, adoro os serviços das APAEs, e acho que não devem acabar – eu não sou contra eles virem

para as nossas escolas, pelo contrário, é bom para o meu aluno, que é dito normal, conhecer a

realidade.

Eu só não estou conseguindo diferenciar quem é normal ali dentro mais, está

complicado, está bem difícil, e a sala multifuncional também não vem.

Primeiro, nós tínhamos o espaço, agora somos obrigados a cedê-lo, porque a escola

é obrigada a arrumar a sala de aula se tiver alunos, pois o Governo não quer saber se tem espaço

físico, mas você é obrigada a arrumar a sala. A coordenadora tem que se virar! Então, usamos a sala

multifuncional como sala de aula em um período, porque houve a necessidade. Uma sala com mais

de quarenta alunos, e mais cinco alunos especiais, não tem como.

Um TAE – era o antigo ADI, agora é TAE –, que vai dar atendimento a este aluno

especial, segundo a lei é um TAE para cada aluno especial. E segundo a SEDUC é um para cada

cinco salas. Dois para uma turma de vinte alunos, se tiverem dois alunos especiais, lá, em situação

grave. Então eu pergunto: qual é a idade mínima para a minha escola receber o aluno especial?

A nossa reforma está parada há anos, nunca concluíram o banheiro dela. Eu tenho

aluno que usa fraldas, aluno que precisa de banho, que tem que ser trocado e não tem trocador; não

tem uma mesinha em que caiba esse aluno de onze anos, não tem banheiro adequado. O pátio dessa

escola está todo inadequado, e um TAE para cuidar de cinco alunos especiais, o coitado fica louco.

Temos um aluno que operou recentemente e corre mais do que um sacizinho, o

TAE não pode deixá-lo cair, tem que cuidar; o outro fica lá e não faz nada sozinho, e o TAE tem que

ficar do lado dele para cuidar; a outra não pode passar nervoso, porque acabou de fazer cirurgia do

coração, tem problema neurológico e sofre do coração. Se ela passar nervoso e alguém tirá-la do

sério, ela desmaia, o TAE não pode sair do lado dela também. Quem é que vai ser cuidado?

Eu deixo o meu serviço e vou cuidar de um; a Sra. Edivânia deixa o serviço dela e

vai cuidar de outro; o Gilmar sai da função dele, que é bibliotecário – e é pau para toda obra na

escola, ajuda todo mundo –, e quem é que vai cuidar do outro que sobrou? Sobrou um ainda, e aí?

Page 25: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 25 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu tenho aluno que faz coco e passa na parede. Como é que o TAE vai cuidar dele

junto com os outros? Não tem lugar para dar banho, mora com a avó. Coitadinho dele, não é? Só que

o problema não é meu, eu estou segurando problema dos outros. Alguém tem que ver isso, eu não

vou resolver o problema dos cinco.

O Governo tem obrigação de ver isso, é por isso que o Governo está lá, assistência

social, médico, atendimento médico especializado, eu tenho que trabalhar a parte pedagógica. Tirar

direito de família de educar filho e jogar nas costas de professor? Quem é o culpado? Sou eu? Vocês

são culpados do que a família não pode fazer? Eu não sou, se vocês quiserem pegar para vocês o

problema, peguem. Eu não, isso é obrigação da família. Mas o Governo faz lei afirmando que a

família não pode educar... Eu queria ver se eles tivessem cinco, seis, dez filhos... Se eles iam bater

ou não, porque é muito fácil ter um filho e só conversar.

Eu quero ver, Deputado, Vossa Excelência, ter dez filhos em volta de uma mesa

comendo arroz, e educar os dez sem bater, não perder a paciência nunca com eles. Não ser preso por

isso.

Eu quero ver o dia que Vossa Excelência falar alto com seu filho, o vizinho

denunciá-lo, e Vossa Excelência ter que responder a um processo, porque o educou da forma que

achou melhor, preparando-o para a sociedade, e depois ter que responder por isso criminalmente.

O Governo não sabe as condições que aquela família está vivendo, da situação

dela, e a família é obrigada a dar conta de tudo.

Nós não denunciamos, porque sabemos que quem será responsabilizado é a

família, não é o professor, não é a criança e não é o Governo. Eu queria muito que fosse o Governo,

porque o problema é dele. Problema social é do Governo, não é meu, eu não sou presidente, não sou

governadora e não sou deputada.

As autoridades fazem leis para amparar quem? Porque tem lei que diz que...

Aconteceu na minha escola, escola do campo, a trinta metros da BR, eu não tenho

direito a um agente de pátio; este ano, a escola foi invadida mais de três vezes. Tem BO registrado, é

pai que entrou armado, é esquizofrênico que pulou o muro, colocando em risco a vida de crianças; o

Estado não pode dar um agente de pátio, porque minha escola não está numa área de risco. Eu queria

saber o que é área de risco para o Governo, para o Estado?

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS ) – Sônia, você tem mais dois minutos.

A SRª SÔNIA MARIA SANTOS – É, para mim eles estipulam um tempinho,

desse tamanhozinho. Dezoito anos, e eu tenho que falar em cinco minutos...

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS ) - Sonia, você já falou doze minutos e

vai ter mais dois, porque tem outras “Sônias” também que querem falar.

A SRª SÔNIA MARIA SANTOS – Vamos falar dos nossos laboratórios, a minha

escola tem um laboratório – a de vocês, muitas têm laboratórios de informática –, vinte

computadores, nenhum funciona, são pré-históricos, aqueles computadores têm vinte, quinze anos,

não tem recuperação.

O Governo não manda, todo ano nós pedimos, nunca chega à pessoa certa, porque

se manda para um, tem que mandar para outro: “Ah! Tem que mandar o ofício”, “Tem que ter o

parecer do conselho”; o Gilmar faz. “Tem que ter um parecer da assessoria”, a Marlene ou a Jucélia

fazem. Na semana seguinte, ligamos para eles...

Esta aí, a minha sala de multimeios: “Ah, mas eu não achei o seu ofício, manda de

novo”. Eu informo: mas eu mandei. “Ah, mande de novo”. Quatro meses, até agora não chegou a

resposta do ofício, isso porque ele vai via malote, já encaminhamos duas vezes, e também vai via e-

Page 26: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 26 - Secretaria de Serviços Legislativos

mail; na hora que eles nos orientam a enviar, nós o enviamos novamente, não sei para onde está

indo, deve ter algum desvio, um furo no meio do caminho.

Na mesma situação andam os laboratórios de química e física, o governo não tem

dinheiro para gastar com os nossos alunos, eu tenho que me virar com material reciclado para dar

aula de física e química, porque o Governo não me dá laboratório, ele não tem dinheiro, coitadinho.

Quero saber para onde vai toda arrecadação do Estado, porque para a escola, para a

educação, não está indo; ou, se está, está caindo por algum buraco no meio do caminho, pois na

minha escola não chegou o laboratório até hoje.

A SEDUC nos deu o seguinte recado: não tem verba, não tem dinheiro para nada,

não comprem nenhum computador este ano. De novo, porque eu ouço isso há dezoito anos: não tem

dinheiro, não tem verba para isso; eu tenho que me virar, o meu aluno entende de tecnologia mais do

que eu, e ele vai conhecer por muitos anos, porque eu passo o tempo inteiro procurando livro velho

para dar aula, pesquisando na minha casa e amparando a escola; o aluno não tem acesso.

Como é que eu vou garantir qualidade, se o meu aluno não tem acesso ao material

de qualidade? Não tem como, eu não posso levar quase quinhentos alunos para a minha casa para

usar o meu computador.

Se algum Deputado quiser, disponibilize uma casa que eu levo! Mande um ônibus,

por favor, porque a minha escola trabalha com projeto e o meu aluno tem que conhecer todos esses

afluentes que Vossa Excelência falou, essas nascentes desses rios lindos. Não é, Deputado?

Só que o meu aluno não pode ir lá para conhecer, só conhece na teoria, porque

quando chega na hora da prática, o Governo não tem dinheiro para pagar ônibus, para ele conhecer,

não.

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Sônia, por favor, vamos encerrar.

A SRª SÔNIA MARIA SANTOS - Muito obrigada...

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - A senhora falou dezesseis minutos...

A SRª SÔNIA MARIA SANTOS - Muito obrigada! E eu espero que agora vocês

nos ouçam, porque somos nós, enquanto professores, que sabemos dos problemas. Deputados e

Vereadores não sabem. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado!

Com a palavra, a Sra. Eunice Maria, Assessora Pedagógica da SEDUC, e depois o

Sr. João Costa Longa Filho, que é o próximo inscrito. Nós temos doze inscritos.

A SRª EUNICE MARIA – Bom dia a todos!

Eu já ouvi muito do que eu tinha a dizer nas colocações anteriores.

Quando o Sebastian fala da qualidade da educação acima de tudo, seja por ciclo,

seja por série, o nosso foco deve ser realmente a qualidade. Então, não seria desmerecendo a

proposta da Escola Organizada por Ciclo e jogar tudo fora, porque eu vejo que em tempos de

inclusão nós não podemos mais excluir os alunos da escola, através da reprovação, como a Francisca

do SINTEP falou aqui. O que faremos com o reprovado? Qual é o objetivo que você tem em

reprovar? Quando eu era diretora, eu sempre perguntava isso para os meus professores, para a nossa

equipe.

Eu vejo na fala da professora que terminou agora, são dezoito anos de angústia, eu

reconheço que foi um momento de desabafo, mas nós também temos... Inclusive, eu estou na

educação desde 89 e fui me efetivar só em 2000, porque de 90 eu perdi o concurso e aí só 2000.

Então, como assessora pedagógica, há quatro anos na assessoria de Tangará da Serra, eu vejo

também algumas falhas.

Page 27: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 27 - Secretaria de Serviços Legislativos

Quero deixar claro que não sou contra as propostas da Escola Organizada por

Ciclos, porém acho que tem que ser revistas, existem muitas falhas, e essas falhas precisam ser

corrigidas. Como eu disse a princípio, o aluno não pode ser jogado fora, no lixo.

Na fala do Prefeito Fábio, quando diz que o município reprova o aluno e ele vai

para o Estado, enturma e volta para o Município. Isso é vergonhoso, gente!

Muitos pais procuram a assessoria e dizem que a escola municipal mandou vir aqui,

disseram que vocês recebem o meu filho, porque lá ele não tem espaço.

É preciso um diálogo coletivo, porque como diz aquele provérbio africano, é

preciso toda uma aldeia para educar uma criança. Então, é preciso que a família, a sociedade, os

políticos, os Governos, a escola, o professor, quem está na administração da escola, façam o seu

papel.

A assessoria tem um nome de pedagógica, mas nós desempenhamos,

essencialmente, de acordo com a LC nº 206, atividades administrativas, não sobra espaço para

acompanhar o pedagógico nas escolas e, às vezes, nos é cobrado.

Eu sei que este Governo que entrou agora já está preocupado com esta situação e

pretende apresentar uma proposta neste sentido, mas o que quero dizer é que hoje... Vocês que estão

nas escolas vão dizer se eu estou falando bobeira ou não.

Quem é o coordenador pedagógico? É um professor efetivo, 40 horas, que falam

para ele que vai ganhar dedicação exclusiva. Na verdade, é só um aumento de carga horária, porque

ele trabalhava 30, aumenta mais 10 horas e só. Não tem dedicação exclusiva, então, o efetivo não

quer ir para a coordenação. A coordenação pedagógica é a mola mestra da escola, por ela passar todo

o processo de ensino e de aprendizagem. Então, há mil atribuições para o coordenador pedagógico.

Tudo é cobrado desse coordenador; quem entrou, ficou um ano.

Eu tive um caso, no ano passado, de uma coordenadora excelente de uma escola do

campo, que o marido falou: “Ou você continua coordenadora ou vamos nos separar”. É claro que ela

ficou com o marido e largou a escola. E quem pegou a coordenação da escola? Quem teve coragem?

Aquele contratado que vai para lá, para trabalhar 30 horas, e são despejadas em cima dele todas

aquelas atribuições da LC nº 206, e algumas outras da portaria também.

O coitado não sabe; no fim ele sai estressado, acabado e doente. A mesma coisa

acontece com os diretores, é feito o processo de escolha de diretores. Eu quero lembrar, inclusive,

que no processo seletivo que teve no final do ano, para o cargo de assessor, eu fiz este

questionamento na banca pela qual eu passei: por que pedagógico, se eu vou cumprir

administrativamente?

Outra coisa que eu estou colocando aqui como uma indicação de assessor: para ser

diretor de escola não basta ter vontade, o coitado está lá na sala de aula, trabalhando a disciplina

dele, aí falam que qualquer um pode ser, porque a gestão é democrática, e ele quer melhorar a escola

dele, porque vê tantos problemas e vai para a direção.

Para isso, ele tem que entender de legislação, relacionamento pessoal, de gestão,

disso e daquilo, o coitado quase se mata, então, alguns vêm e falam: “Não quero mais!”, e entrega.

Ele não teve exigência de um curso de gestão a priori como pré-requisito, ele não teve, e este deve

ser dado de graça.

Ele tem que ter, por exemplo... Na última eleição... Porque este ano vai ter eleição

de novo. Pergunto aqui aos diretores presentes: quem fez curso de gestão escolar? Quem conhece as

cinco dimensões da gestão e as aplica na prática? Ninguém. Então, tem aqueles mais antigos, mas

tem os novatos. Então, o que nós temos? Gestores intimidados por uma equipe antiga, gestores que

Page 28: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 28 - Secretaria de Serviços Legislativos

não conhecem se eles vão defender o direito da categoria, se ele é SINTEP ou se é gestão; se durante

uma greve, ele entra em greve ou tenta conversar, ele não sabe nada.

O financeiro então, você entra no GPO, o que tem de... Agora é notificação

extrajudicial.

O coitado quer fazer, mas o sistema está travado. Então, o que eu solicito, para ser

mais breve, Deputado... Inclusive eu quero dizer que a sua atitude é muito louvável, porque a base

tem que ser ouvida, realmente, a professora tem razão; mas, professora, tem mais pessoas, nós

sabemos que uma oportunidade desta raramente vai aparecer, é por isso que nós precisamos falar.

Quem trabalha com gestores, precisa de curso de capacitação. Nós temos, hoje, no

Estado, 60% de professores contratados, é preciso fazer concursos, nós temos um número enorme de

pessoas se aposentando. Esse profissional que está na escola recebe o novato, mas o novato, muitas

vezes, não foi preparado para trabalhar o ciclo, lá na universidade; aí, ele vem com aquela ideia que

o ciclo não presta, porque não reprova. O pai vem com essa ideia, se deixa levar por quem está na

escola e também assume isso; não presta, porque não reprova; mas nós sabemos que o nosso foco é

na aprendizagem e não na reprovação.

É preciso, agora que vai ter concursos, abraçar quem está chegando à escola;

oferecer cursos para que essas pessoas entendam o que é ciclo, porque eu, enquanto não fui para o

CEFAPRO, também era contra, aí eu tive que entender o que era o ciclo e passei a admirá-lo, a sua

proposta original, mas assim, com todos seus mecanismos em funcionamento.

Não adianta querer uma feijoada - eu sempre cito este exemplo -, dar só feijão e

querer que saia gostosa, porque aí não dá. Portanto, é preciso que se cumpra a proposta na íntegra.

Eu vejo que é preciso que tenha mais formação. Olhem o CEFAPRO, como

formadora e coordenadora de formação que já fui, o CEFAPRO vê o sofrimento da escola e não

consegue fazer nada, porque ninguém quer ir para o CEFAPRO. Quem quer ser prejudicado na

carreira? Quem quer perder aposentadoria especial? Eu devia estar aposentada, mas passei pelo

CEFAPRO, estou aqui e vou até 2017 ainda, porque tenho tempo de carteira. Então, é preciso rever

os cargos de assessor, a carreira de assessores, a carreira do coordenador pedagógico, as atribuições

de cada um, o que realmente é o trabalho pedagógico e o que não é. Então, é isso que coloco aqui,

gente, como contribuição e eu acredito que... Gostaria de ser respaldada pela categoria, em nos dizer

se realmente o que estou falando tem fundamento ou estou falando besteira aqui. Quero perguntar:

vocês concordam?... (A PLATEIA RESPONDE COM APLAUSOS)

A SRª EUNICE MARIA - Muito obrigada!

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, professora Eunice.

Com a palavra, o Sr. João Costa Longa Filho, que também é professor e nosso

colega; após a fala do Sr. João, nós vamos passar a palavra para a professora Alvarina, para que ela

possa responder aos questionamentos.

O SR. JOÃO COSTA LONGA FILHO - Bom dia a todos.

Eu sou João Costa Longa Filho, professor da rede estadual de ensino, da área de

matemática, e servidor da Secretaria Municipal de Educação, da qual sou professor, mas trabalho na

Secretaria junto com a gestão.

É necessário, Deputados, nós fazermos uma reflexão, muito daquilo que iria ser

colocado, já foi debatido. Vou procurar ser breve para não ser redundante dentro do processo.

Não se faz educação via decreto, então, acho que Vossas Excelências vieram ouvir

sobre a escola ciclada, mas ouviram uma tempestade de ideias e situações; tenho certeza de que nas

outras cidades deve ter sido da mesma forma.

Page 29: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 29 - Secretaria de Serviços Legislativos

Quando Vossas Excelências retornarem para a Assembleia Legislativa, para

fazerem um relatório, penso que irão muito além daquilo que está estruturado, ou não. Portanto,

como já foi dito várias vezes, a estrutura em si montada é uma situação menor dentro do processo, se

nós vamos trabalhar com o ciclo de formação, se vai mudar para escola seriada, ou para outra

modalidade, isso é de menos, é preciso resgatar toda essa angústia que os senhores viram e verificar

a veracidade e a possibilidade, se estão cumprindo e melhorando toda essa organização da educação.

O Estado fez, até hoje, aquilo que era mais fácil ou, de repente, aquilo que foi

possível, penso que as intenções, lá atrás, foram muito boas. Para nós mexermos nessa proposta que

está agora, nós precisamos, também, pensar um pouco além do Estado de Mato Grosso, precisamos

ir para o Ministério da Educação. De repente, sugerir o seu processo de avaliação dos indicadores.

Quando a escola ciclada veio, veio numa série de propostas muito bonitas, como a

professora colocou, mas falando em gestão, nós tínhamos um problema grave que era a reprovação,

a repetência, nós tínhamos um índice de aprovação baixo, e viu-se nessa proposta do ciclo de

formação a possibilidade de resolver isso. Se implantarmos o ciclo, nós vamos diminuir esse índice

de reprovação, que vai ser uma grande coisa para o nosso sistema, nós vamos ter uma aprovação, lá

em cima, com isso conteremos a evasão escolar e já mataremos a terceira situação, que é a distorção

idade-série; e isso o Estado fez.

Não dá para negar que isso foi uma grande vantagem para o sistema estadual de

ensino. No município de Tangará da Serra, o nosso sistema de ensino resistiu e não fez essa opção,

nós ainda continuamos trabalhando lá no primeiro ciclo de formação, isento por uma temporada, e

continuamos com o ensino seriado, reprovando.

O resultado disso, também, não tem sido muito diferente, só que quando chegou

em 2009, o Ministério resolveu aplicar a Prova Brasil para testar a proficiência daquilo que estava

sendo feito e isso daí, nós vamos ter que conversar com os nossos gestores maiores para tratarem

dessa questão no Ministério da Educação.

Hoje, se você retroceder dentro desse processo, tirar a escola ciclada e voltar a

subir o índice de reprovação, o índice do abandono e a evasão escolar, comprometerá o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do Estado. E nenhum sistema de ensino, hoje... Teria

que ser muito seguro dentro de um processo, para você admitir que dentro de uma gestão o nosso

IDEB iria recuar.

O governo tem que ser muito corajoso para poder tomar uma atitude como essa.

Então, aquilo que foi conquista dentro do ciclo de formação, tem que ser pensado e tem ser mantido,

não retroceder dentro do processo.

O sistema de ensino de Tangará da Serra tem uma proficiência em português e

matemática um pouco melhor do que a do Estado. Ele não está 100%, não estamos satisfeitos, tem

muita coisa a fazer, mas nós perdemos no nosso IDEB, no município, pela reprovação e pela evasão

causada exatamente pela distorção idade-série. E com os instrumentos legais que foram criados pelo

Estado de Mato Grosso, só foram feitas as coisas mais fáceis até agora; se essas discussões tivessem

acontecido há dez anos e colocado, de fato, o dedo na ferida, ouvido e discutido as políticas

educacionais que solucionassem os processos que eram do aprendizado, hoje, talvez não precisasse

discutir esse fato. Você teria um IDEB forte, coerente, baseado na proficiência.

Nós fizemos aquilo que era mais fácil em termos de instrumento, aprovamos

decretos e resoluções, nós tiramos em forma de gabinete, zeramos a nossa reprovação, colocamos

em 100% a nossa aprovação; conquistamos! Certo? E a proficiência? Agora, não tem mais

Page 30: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 30 - Secretaria de Serviços Legislativos

instrumento, porque o IDEB é calculado em cima da proficiência, da evasão, da repetência e da

aprovação. Não tem mais jeito de fazer isso via decreto.

O problema da aprendizagem precisa ser resolvido, eu acho que a luta de vocês,

em construir esse instrumento, é muito maior do que se pensa, não vai ser fácil, porque uma gestão

tem que ser muito corajosa para poder assumir um Governo e falar: “Nós ficamos quatro anos nesse

Governo e o nosso IDEB abaixou”. Não por incompetência da SEDUC ou de qualquer órgão, mas

porque você muda a regra do jogo. Então, a briga de vocês vai ser ampla.

Eu gostaria que vocês levassem essa preocupação para dentro do Governo, para

que vocês fizessem essa análise, porque as coisas não são simples assim – reprovar, não dar

condições para que o aluno participe e que seja incluído. Ela também não é uma coisa legal, fere

direitos. Então, ainda tem uma discussão muito grande pela frente.

Muito obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Com a palavra, a professora Alvarina

de Fátima dos Santos, que dispõe de 10 minutos para responder essas indagações.

A SRª ALVARINA DE FÁTIMA DOS SANTOS – Excelentes contribuições, e o

que eu fui me apropriando das falas... A Sônia foi fantástica no seu desabafo de 18 anos, e ela não

está sozinha nesse desabafo.

Deu para perceber que, de formas diferentes, o que ficou retratado aqui é para

olharmos para a questão da melhoria da qualidade da estrutura física e pedagógica, porque perpassa

pela qualidade de ensino.

É verdade que muitas escolas receberam as adequações, enquanto melhoria do

aparente, mas com a universalização do ensino da educação básica, nossos espaços ficaram

pequenos, porque a demanda por educação é muito grande. E aí um pedagogo, eu vou pegar lá o

pedagogo da educação infantil, quatro e cinco anos, que é a ação, hoje, do município.

Quantos alunos são possíveis para se ter uma educação de qualidade? Porque, hoje,

eles são alunos, não são mais para receber assistência social. E na legislação... Eu gosto da

legislação, porque ela aponta parâmetros, e nós precisamos fazer mediação quando é possível;

quando não dá, que arranjos são feitos dentro do município na Educação Infantil, porque quatro e

cinco anos, hoje, são obrigatórios, mas de zero a três é direito.

Como estão as estruturas físicas das creches? Aquelas que estão, hoje, participando

do programa do Governo, que estão recebendo a estrutura – que já foram abandonadas em alguns

municípios, estão esquecidas, e precisamos cobrar isso –, elas são padrão para o Brasil todo, mas

você chega em alguns municípios, como é que está essa adequação? Porque na educação infantil,

eles são pequeninhos, onde está a janela da sala de educação infantil? A cadeirinha que eles sentam,

que o pezinho nem alcança no chão e que isso vai ser problema na coluna da criança mais tarde – às

vezes, não é mais tarde, é no presente mesmo.

Quando nós olhamos de quatro a dezessete anos, lá na escola de ensino

fundamental, nós temos a necessidade de adequação das carteiras também. Então, infraestrutura e

recursos pedagógicos parece que têm um ponto em comum, é necessário um olhar, porque se nós

falamos em qualidade, a avaliação é do todo.

E esta Audiência Pública é uma avaliação também. Em 2012 nós tivemos o

CONEC, não foi publicado o material e distribuído, mas há os registros do que os profissionais

discutiram em cada unidade escolar.

Vocês participaram do CONEC, não participaram? Foi uma ação regional. Eu,

como integrante do Conselho, também participei. E onde estão essas falas e aqueles indicadores de

Page 31: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 31 - Secretaria de Serviços Legislativos

necessidades de melhoria de infraestrutura, que lá aparece? E da questão da valorização

profissional? Pegando a fala da Sônia, não é da escola, não é do professor, mas é muito mais amplo,

por isso eu disse que é um projeto de sociedade. Então, a qualidade da educação, no chão da escola,

hoje, depende muito de quem está lá; mas também depende muito das ações interinstitucionais,

porque é o olhar de todos para cuidar da educação.

A questão fundamental, que ficou em todas as falas, foi a inclusão, e o projeto de

sala multifuncional é do MEC, é ele que manda instrumentos, e também tem alguns critérios que nós

precisamos rever e até discuti-los com o MEC, porque na resolução do Conselho Estadual, com a

inclusão, as APAEs – de acordo com o que está na resolução hoje, porque na prática não está

acontecendo –, as APAEs e a Pestalozzi seriam Centros de Apoio Pedagógico a todos os alunos

daquele município que tenha APAE ou Pestalozzi, para que esse aluno tivesse esse atendimento

multifuncional.

Se fosse de saúde: fonoaudiólogo, fisioterapeuta, assistência social e outros

recursos também. O aluno da educação especial seria incluso um período, mas em outro ele poderia

frequentar os Centros, que essas escolas de educação especial seriam transformadas. É um caminho.

Vai resolver?

Só quero dizer que nós aprendemos a fazer, fazendo. Nesses dezoito anos de

organização por ciclo, nós aprendemos muita coisa fazendo, não é Sônia? E ainda tem muito a se

fazer para alcançarmos essa qualidade que esperamos.

O professor quando falou da evasão e da reprovação, elas ainda são o calcanhar de

Aquiles. Dezoito anos se passaram, porque o ciclo veio para mudar aquela realidade da escola

seriada, mas nesses dezoito anos ainda está no caminho, engatinhando ainda... Eu não escrevi o

nome do último professor que falou... (PAUSA) João... Ele é muito feliz quando coloca a questão de

como é apurado o IDEB, a questão da evasão, da reprovação, mas também a proficiência.

E quanto à evasão e à reprovação, nós melhoramos no Estado de Mato Grosso,

porque você chega lá, olha no indicativo de formação docente, a maioria é com graduação,

especialização, mestrado... Mas também atingimos a permanência do aluno na escola, porque está

dado o acesso, os municípios têm o FICAI para ir atrás dos alunos que somem da escola, mas

precisamos melhorar a proficiência. E aí? Se olharmos antes da implantação do ciclo, vemos

também os indicadores que precisaríamos melhorar.

Esta é a pergunta que muitos fizeram: reprovar é a solução? O que vai fazer com

quem reprovou? Vamos ter um regresso naquilo que o Professor João pontua aqui?

A caminhada está bem avançada para retroagirmos, mas essa questão do

investimento e com todas as dificuldades na organização por ciclo, nós somos referência nacional

em gestão escolar, Escola Luiza Nunes Bezerra, vocês têm conhecimento disso lá em Juara.

Como é que esse pessoal trabalha? Fazendo como vocês colocaram aqui, às vezes

não tem o apoio pedagógico, todo mundo vira apoio, até pais vão para esse apoio, para ajudar esses

alunos e, então, desenvolver um projeto de escola, porque não adianta olharmos na escola. Como a

assessora do processo de gestão pedagógica falou, às vezes, o diretor é eleito e tem um projeto de

escola que ele abandona para implantar um novo e em dois anos não dá conta.

E essa escola que é referência em gestão escolar no Brasil, começou o seu Projeto

Político Pedagógico nos anos 90. Quando eu cheguei nessa escola - porque eu fui professora lá -,

eles já tinham um projeto de escola e não de diretor. E aí, a cada ano, precisava de uma nova

autorização para funcionamento da escola, porque passa tudo isso, uma nova autorização para

funcionamento da escola é a cada cinco anos, e dentro desses cinco anos, como é que é feita a

Page 32: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 32 - Secretaria de Serviços Legislativos

avaliação, para ela ter a renovação da autorização? Isso é a escola quem avalia e nós sentimos falta

na organização por ciclos, porque na LC nº 262 já coloca que quando completasse cinco anos,

precisaria fazer uma avaliação e quem iria avaliar era a sociedade, só que essa avaliação aconteceu

só em 2012. Então, o que é que acontece? Em 2012 já houve mudança de governo e começamos a

ouvir os professores através desta Audiência Pública. Então, evasão e reprovação é um foco a ser

pensado.

E a questão da nossa formação? Porque alguém também falou assim: “E a

formação inicial do professor, como está se dando?” De que forma esse professor sai?

Nós já sabemos que tem muitas discussões tanto da UNEMAT quanto da UFMT,

com relação a essa formação inicial do professor, mas ainda há necessidade e vai sempre haver a

necessidade da formação continuada. Então, é como se fosse uma articulação jurídica, mais a

financeira e a administrativo-pedagógica; então, formando um tripé de que todos precisam

participar, inclusive as famílias, como já foi dito aqui.

Agora, ser contra ou a favor de ciclo, eu acho que já foi pontuado para quem falou,

não é o caso, mas vamos discutir qualidade. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Obrigado, professora! A senhora

ainda vai voltar a falar no final. Tem mais sete inscritos aqui.

Eu quero só pontuar aqui, senão ficam bravos comigo... Quero agradecer as

presenças do Sr. Roberto Castro, Coordenador da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, deste

município; do Professor Luiz Carlos, Diretor da Escola Dr. Presidente Marques, do Município de

Denise; do Sr. Sérgio Roberto de Morais, Assessor Pedagógico de Denise; da Professora Maria

Barroso, Coordenadora da Creche Tânia Arantes, aqui de Tangará da Serra; da Sra. Nelzita Santana

da Silva, Coordenadora Pedagógica da Escola Estadual Marechal Cândido Rondon, de Campo Novo

dos Parecis; da Sra. Laura Cristina Galvão, Coordenadora da Escola Estadual Júlio Müller, em Barra

do Bugres; da Sra. Rosimeire, Diretora da Escola Sagrado Coração de Jesus, do Município de

Denise; da Sra. Maria de Fátima Alves de Brito, Chefe do Departamento Pedagógico da Secretaria

Municipal de Educação de Tangará da Serra; do Professor Abínio Pinto, Diretor da Escola Estadual

Pedro Alberto, de Tangará da Serra; do Sr. Sérgio Andrilho, Diretor da Escola Estadual 13 de Maio,

do Município de Tangará da Serra; da Sra. Ângela Cristina, Diretora da Escola Estadual Ernesto Che

Guevara, de Tangará da Serra; do Professor Saulo Scariot, Diretor da Escola Estadual Dr. Élcio de

Souza, de Tangará da Serra; da Professora Valéria Constantino de Guimarães, Diretora da Escola

Estadual Patriarca da Independência, no Distrito de Progresso; da Sra. Rosângela Ferreira,

Coordenadora da Escola Estadual 29 de Novembro, em Tangará da Serra; do Sr. Claudiomar Pedro

Silva, Assessor Pedagógico, do Município de Tangará da Serra; do Sr. Gilmar Santana Neves, que

neste ato representa o Grêmio Estudantil.

Os estudantes terão que falar aqui, se não tiver nenhum inscrito, o Gilmar falará.

Eu quero só fazer três pontuações: a escola ciclada reprova, também, senhores!

Certo? Só não reprova no primeiro ciclo, no segundo ciclo reprova, o aluno volta e faz o último ano

do ciclo anterior...

(PARTICIPANTES DA PLATEIA MANIFESTAM-SE SIMULTANEAMENTE.)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - A legislação permite. Não é, Alfredo?

No primeiro ciclo não reprova...

(O SR. ALFREDO DIALOGA COM O PRESIDENTE DA MESA - INAUDÍVEL.)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - No último ano do primeiro ciclo pode

ter também, mas daqui a pouco a SEDUC vai colocar para vocês.

Page 33: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 33 - Secretaria de Serviços Legislativos

(PARTICIPANTES DA PLATEIA MANIFESTAM-SE SIMULTANEAMENTE.)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Uma coisa é a legislação e a outra

coisa é a prática. É por isso que nós temos que estar aqui, ouvindo e conversando. Tem muita coisa

que já se tornou tácita, que se tornou costume e passa a ser verdade.

Segunda observação que quero fazer aqui: Professor Fábio, eu achei

superinteressante, Tangará da Serra tem tanto a escola ciclada quanto a escola seriada, tem as duas

coisas. Os primeiros três anos, o aluno vai de ciclada, o resto do ensino fundamental vai de seriada e

todo o segundo grau é seriado... Não! Eu não sei se está certo! Nós estamos... E nem sei se está

errado, eu só estou achando interessante, porque pelo que penso, pelo que sei, é uma exceção. Não é

isso, Alfredo? A maioria... Ou está sendo implantado gradualmente? (PAUSA)

E dizer, também, que nós estamos aqui para ouvir!

Teve uma colega professora que colocou... Eu entendi, até acho que entendo

porque ela faz essas observações, mas quero dizer que aqui não trazemos posição do Governo, aqui

não é a posição do Governo, quem está aqui é o Parlamento.

É a Assembleia Legislativa que convidou o Executivo, e ele encaminhou os seus

representantes, Professor Alfredo e Professor Edinho, os dois são da SEDUC, mas esta Audiência

Pública não é do Governo do Estado, é da Assembleia Legislativa.

Nós queremos ouvir sem contaminar o debate, essa é a nossa obrigação, e todos os

que falaram, tiveram todo o respeito da mesa e continuarão tendo, nós vamos passar a palavra ao

representante da SEDUC, para que ele responda alguns questionamentos, mas ainda temos alguns

inscritos: Sra. Adriana Germano, Diretora da escola Manoel Marinheiro; a colega Professora Jozete

Ribeiro; o colega Professor Cesar Guedes; a colega Professora Antônia Miranda; o colega Professor

Wagner Guimarães; a Professora Edineia Cardoso e a diretora do CEFAPRO – esses são os

inscritos.

Alguém que por ventura já se sentiu respondido, está satisfeito com a resposta,

quer abster-se da inscrição? (PAUSA) Todos mantêm.

Então, com a palavra o professor, técnico de carreira efetivo da SEDUC, Sr.

Alfredo.

O SR. ALFREDO TOMOO OJIMA – Bom dia a todos. Cumprimento a mesa, em

nome do Deputado Wilson Santos. É com muito prazer que nós encontramos outro professor, que é

Prefeito, isso é muito importante.

Eu gostaria de iniciar a minha colocação dizendo que sou da rede desde 1989,

trabalhei durante oito anos na gestão do Ex-Governador Dante de Oliveira, e muitas das propostas

que hoje estão em vigência, foram conquistas juntamente com o sindicato, que nós conseguimos a

Lei nº 7.040, da gestão democrática; a Lei Complementar nº 49, que trata dos sistemas; a Lei

Orgânica de Profissionais da Educação Básica (LOPEB) e a Lei Complementar nº 50, que são

marcos na política de Mato Grosso e também de referência em nível nacional.

Esse foi um processo de construção e também, volto a reafirmar, foi naquele

período em que foram criados doze CEFAPROs, um aqui em Tangará da Serra e, possivelmente,

ampliados para quinze CEFAPROs.

O que marca uma gestão, um governo? É o seu marco legal. Então, nós temos já

todo esse caminhar, inclusive em 2002, foi discutida a implantação da Escola Organizada em Ciclos,

a Resolução nº 262 foi referendada pelo Conselho e se tornou a política pedagógica da SEDUC.

Page 34: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 34 - Secretaria de Serviços Legislativos

O que nós observamos? Eu fiz parte no final daquele governo, e naquela ocasião,

Deputado Wilson Santos, nós na equipe do Dante não tínhamos essa visão de que perderíamos -

digamos assim - a continuidade da gestão.

Todas as pesquisas apontavam para a continuidade do nosso trabalho. O que é que

aconteceu naquele momento? Nós perdemos uma eleição, entrou outra gestão e ficou aquela

situação...

Nós tínhamos todo o material preparado para fazer capacitação; inclusive, a

professora Eunice deveria estar, naquela época, acompanhando o trabalho do CEFAPRO.

Nós fizemos a seguinte opção: se nós deixássemos todo aquele material da

formação – inclusive o exemplar que a professora mostrou aqui – que nós tínhamos preparado

dentro da Secretaria, poderia acontecer de a equipe nova desconsiderar aquele material e nem

entregar para as escolas. Então, nós resolvemos encaminhar para todas as unidades escolares e

CEFAPROs, no sentido de que as escolas pudessem assimilar e incorporar à proposta e dar

continuidade.

Após esse período, eu saí da Secretaria e estou retornando este ano para a SEDUC.

Durante esse período estive no Município de Cuiabá, nós fizemos parte da equipe – naquela ocasião,

do Prefeito Wilson Santos –, e lá no município nós retomamos essa questão da implantação das

Escolas Organizadas por Ciclos. Lá, inclusive, foi uma experiência pioneira, uma das primeiras

escolas da prefeitura que teve o Projeto Escola Sarã, que era a implantação na rede municipal.

Nós resgatamos lá esse processo, e no ano passado nós saímos do município para

retornar ao Estado. E durante esse período, eu queria frisar dois aspectos, Deputados: nós temos uma

coisa muito positiva que Vossa Excelência colocou lá, que é a retomada da questão da proposta

pedagógica organizada em ciclos e a questão da implantação do Programa Escola com Saúde. Esse

Programa foi implantado em parceria com a Secretaria de Saúde, envolvendo uma equipe

multidisciplinar, com médicos, enfermeiras, dentistas, fisioterapeutas e psicólogos, e funcionou

muito bem, inclusive eu era um dos articuladores desse programa.

Ele atendia aquelas crianças que tinham deficiência e dificuldade, nas escolas, de

aprendizagem, e uma das coisas que nós mais observávamos era a grande leva de alunos que tinham

dificuldade de aprendizagem e eram encaminhados a psicólogos.

Os psicólogos faziam o atendimento e depois encaminhavam para atendimento

personalizado. Esse atendimento personalizado implicava a presença dos pais. Os pais compareciam

uma, duas vezes e na terceira eles não compareciam mais, porque o problema não estava na criança,

o problema estava na família.

Outro fato muito grave que nós observamos foi o seguinte: há uma incidência

muito grande de situações dentro da família, onde a criança de quatro, cinco e seis anos sofre abuso

sexual. Isso é uma coisa que nos detectamos no trabalho que fizemos.

Hoje o programa não continua mais, infelizmente, mas há uma proposta no sentido

de tentarmos retomar isso em nível de Estado. É um trabalho que estamos fazendo um estudo,

porque nós entendemos o seguinte...

O que observamos na rede pública? Quando fazem o atendimento dentro da

unidade escolar, todos os alunos são atendidos compulsoriamente.

Se deixarmos para o pai ou a mãe procurar a rede, eles não participam. E aí, a

criança fica naquela situação... É um programa que nós estamos analisando com bastante cuidado e

carinho, para implantarmos na rede.

Page 35: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 35 - Secretaria de Serviços Legislativos

Outro aspecto importante: o Prefeito, naquela ocasião, assinou um convênio com a

UNESCO. O que era esse convênio? Programa de Avaliação Institucional, ele era um programa

praticamente inédito naquela ocasião, era caro, mas com resultado muito importante.

Durante esse período, houve um processo de implantação. Hoje, nós temos lá o

sistema implantado em que a avaliação... É como o professor João colocou, acontece o quê? A Prova

Brasil, no quarto e no último ano. Então, o que aconteceu? Nós implantamos um processo de

avaliação em todos os anos. Portanto, nós temos como fazer o monitoramento desse aluno, como

está a sua dificuldade de aprendizagem, de cada ano, e não apenas um dado que venha lá do MEC.

Neste aspecto foi muito importante, porque criou a cultura da avaliação, esse é um

ponto fundamental para que possamos discutir tanto a questão da escola em ciclo como a seriada

também. Nós temos que ter o processo de avaliação contínua.

A Escola Organizada em Ciclos exige muito trabalho, porque você tem que fazer o

acompanhamento direto, todo dia, toda hora; isso dá muito trabalho, mas o resultado é muito

compensador.

E nós criamos, no final do ano passado, um sistema para monitorar e avaliar os

professores, avaliar o trabalho dos diretores, através de um sistema criado para avaliação.

Esse é um trabalho que foi de iniciativa do Prefeito Wilson Santos, que deu certo e

que nós também queremos fazer em nível de Estado.

Outro aspecto que quero frisar para vocês é que estou no Governo há um pouco

mais de 120 dias, fiz parte da equipe de transição e, naquela equipe de transição, o relatório que

recebemos da Secretaria de Educação era muito diferente da realidade que nós encontramos.

Quando nós pegamos a Secretaria no início do ano, tivemos várias surpresas:

atraso no repasse dos transportes escolares dos municípios – o Prefeito está aqui e sabe dessa

dificuldade. Nós tivemos que repassar duas parcelas do transporte escolar que estavam atrasadas de

2014.

O orçamento implantado foi feito no ano passando, sendo que de um bilhão e

novecentos milhões previstos no orçamento; um bilhão, oitocentos e sessenta é para a folha de

pagamento.

O Governador Pedro Taques e o Secretário de Educação Permínio Pinto, em

comum acordo, estabeleceram como prioridade a questão da reforma administrativa. Na SEDUC foi

feita uma reforma no aspecto de reduzir as secretarias adjuntas; nós tínhamos quatro e reduzimos

para duas; tínhamos 116 cargos de confiança e reduzimos para 65 cargos de confiança.

Lá na sede, nós tínhamos 1.080 servidores e hoje temos pouco mais de 80

servidores.

Qual o objetivo de tudo isso? Para que os recursos da Educação fossem destinados

para a ponta da Educação, que são as escolas, os alunos e os professores – que estão lá na ponta da

Educação.

Nesse sentido, foi feito outro compromisso pelo Governador, que assegurou que

este mês é uma data especial para todos os profissionais, é o mês da data-base. Eu queria colocar

para vocês que isso está assegurado, é um compromisso firmado pelo Governador, de assegurar o

ganho real, mais a reposição da inflação.

Há um bochicho por aí falando que não haverá aumento, e coisa e tal, mas apesar

de toda essa dificuldade econômica – todos sabem que o Brasil está passando por uma situação

econômica muito grave, a arrecadação está caindo, os repasses estão caindo, os municípios sabem

muito bem disso, Prefeito, porque estão tendo muita dificuldade financeira também –, todo esse

Page 36: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 36 - Secretaria de Serviços Legislativos

esforço está sendo feito para que possamos garantir e assegurar essa questão do cumprimento com os

profissionais da educação.

Agora, o orçamento foi elaborado em 2014; as normativas também foram em

2014; então, nós teremos várias dificuldades ainda este ano.

Na verdade, nós estamos arrumando a casa, planejando para que no próximo ano

possamos tirar e sanar vários problemas que foram colocados aqui.

Neste ano, nós estamos colocando abertamente, pedindo a compreensão e

colaboração de todos, porque ainda é um ano de fazermos ajustes e consertos, para que possamos

colher alguma coisa a partir do ano que vem.

Outra coisa importante que queremos colocar para os senhores: este prédio ainda

não foi recebido pelo Secretário de Estado de Educação; então, muitas coisas que vocês colocaram

aqui, como a falta de ar-condicionado, que falta isso, que falta aquilo, na verdade, a obra ainda não

foi entregue até hoje.

Essa é uma situação que enfrentamos não só nesta escola, nós temos escolas que já

recebemos, mas que estão interditadas, porque não tem condição de funcionamento, porque o projeto

foi muito mal feito. Além do projeto ser mal feito, foi mal executado, e infelizmente os gestores

anteriores tiveram coragem de pagar essas obras. É uma situação que ainda estamos administrando e

vamos fazer um trabalho diferenciado, o projeto da Secretaria de Educação será feito por uma equipe

tecnicamente mais capacitada, para que não haja esse erro de execução de projetos.

Outro ponto importante que quero colocar para vocês é que a SEDUC já tem uma

comissão constituída pela SEDUC, Conselho Estadual de Educação, União Nacional dos Dirigentes

Municipais de Educação (UNDIME), Comissão de Educação da Assembleia Legislativa e pelo

Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público do Mato Grosso (SINTEP), para discutir a Escola

Organizada em Ciclos, para que possa ser feito um trabalho de debate na comunidade escolar e uma

conferência escolar, e quem vai definir isso será o plano de trabalho dessa comissão.

A professora da UNEMAT colocou para nós que a UNEMAT vai oferecer um

mestrado em física, química e matemática; eu sei que a academia muitas vezes... Nós temos uma

distância entre a realidade e a necessidade que temos na rede.

Nós ainda temos, professora, uma deficiência muito grande de professores nessas

áreas, se nós pudéssemos trabalhar com prioridade, gostaria muito de contar com a parceria no

sentido de que a universidade oferecesse licenciatura nessas áreas e ainda não o mestrado, porque

ainda temos deficiência muito séria no ensino médio.

Essa questão dos contratos que vocês colocaram, é devido a essa situação; nós não

temos profissionais formados exatamente nessas áreas.

Quero pontuar que já existe uma comissão trabalhando com o sindicato e a

Secretaria de Gestão e Planejamento, para elaboração do edital para concurso público que sairá ainda

este ano.

Era isso, obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Muito bem, o Sr. Alfredo continuará

aqui. Se houver mais questionamentos, ele voltará a usar a palavra. Então, voltamos agora à plateia,

que é a razão principal desta Audiência Pública.

Com a palavra, a Sra. Adriana Germano, Diretora da Escola Estadual Vereador

Manoel Marinheiro e, em seguida, o Sr. Josete Ribeiro.

Já são 12h05min, nós não podemos sair daqui depois das 18 horas, porque

educação é assunto sério, nós temos fome de educação, não é isso? Essa é a nossa fome.

Page 37: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 37 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu fico vendo gente barrigudinha aí, querendo comer. Comer o quê, meu filho?

Você tem que ficar seis meses sem comer, eu ainda posso comer um pouquinho, você não, Alfredo.

(RISOS)

Com a palavra, a Professora Adriana Germano.

A SRª ADRIANA GERMANO LUZIA – Bom dia a todos!

Eu acho que uma Audiência Pública deste porte deveria ser extensa, o dia todo,

para que todos pudessem colocar as suas opiniões.

Sobre a questão da Organização por Ciclo, eu acredito que a maioria das pessoas já

fez suas colocações.

Eu vou reiterar as falas que as pessoas já fizeram na questão de primar no que o

Professor Sebastian colocou, que antes de discutirmos Escola Organizada por Ciclo de Formação

Humana ou escola seriada, nós temos que primar pela questão do direito da aprendizagem dentro das

escolas.

E para que nós tenhamos direito de aprendizagem dentro das escolas, perpassa por

vários aspectos que já foram colocados, como a formação do professor e, principalmente, vamos nos

ater mais ao Ciclo de Formação de Mato Grosso, que já está colocado – como a professora pontuou

aqui – há dezoito anos, e há quatorze no ensino fundamental.

A nossa preocupação é na questão de que não pode ficar no senso comum, já que

há uma discussão tão ampla, Deputado Wilson Santos, apenas dizer assim: “Ah, o ciclo está todo

errado”, durante esses quatorze anos em que se implementou, como bem colocou o Sr. Alfredo – eu

fiquei feliz após a sua fala, em saber que o senhor está na SEDUC, para saber que a gestão anterior

que começou com a escola ciclada, colocou daquela forma repentina para as escolas, pensando para

que as escolas tivessem conhecimento e buscassem se apropriar.

Então, sobre o ciclo, nós esperamos da nova gestão da SEDUC e dos nossos

representantes o mesmo olhar, ver as fragilidades que nós ainda temos na implantação do Ciclo de

Formação Humana, observar os avanços que foram conseguidos para a rede estadual, como o

Professor Costa Longa pontuou com relação ao IDEB, como zerar e nós começarmos um novo

projeto.

Como a professora bem colocou, quando nós vamos na gestão... Eu estou no

quarto ano à frente da direção e já estou na educação há 14 anos, desde 2001, consegui o meu

primeiro contrato como interina. Nós chegamos à escola e temos que ver um projeto de escola, a

realidade da escola. A mesma coisa é a gestão, os nossos representantes, os políticos têm que ver o

que está falho no Ciclo de Formação Humana, como foi bem colocado pelos nossos colegas, todas as

fragilidades.

Um ponto que eu coloco, é a questão que falamos, que é a qualidade, todo mundo

coloca que existe no Brasil – não temos que pensar só no Estado de Mato Grosso, nós temos que

considerar Mato Grosso localizado Brasil, e o Brasil em relação ao que as grandes potências fazem

na área da educação.

Por que na Inglaterra os alunos terminam os estudos na idade correta para entrar no

mercado de trabalho? Não há reprovação. Mas por que nos países ricos não há reprovação? Porque

lá a educação já caminhou, tem os subsídios, tem o custo aluno-qualidade.

O que é o custo aluno-qualidade? É todo o mecanismo, a infraestrutura, todo apoio

pedagógico que está na CONAE. Participei da CONAE, participei da CONEC, sempre fiz

contribuições para pensar quais são as fragilidades e o que precisamos para melhorar; e penso que

ainda tenho 20 anos na educação, como a professora indignada... Também compreendo... Eu não

Page 38: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 38 - Secretaria de Serviços Legislativos

acredito que não deve ser feito de forma simplista, tem que ser analisados todos os aspectos que os

colegas e a professora convidada colocaram, para que nós possamos avançar.

Na educação, precisamos dos apoios, desses subsídios. Quais seriam os subsídios?

Uma coisa que eu coloco como gargalo,na implantação do Ciclo de Formação Humana é a questão

dos apoios pedagógicos, dos articuladores, de todas as funções que viriam para implementar esse

direito à aprendizagem dos alunos.

Sr. Alfredo, a primeira legislação, a Resolução nº 262/2002 do Conselho Estadual

de Educação é perfeita para ser cumprida, do jeito que a Organização por Ciclo precisa. Na

Resolução nº 262/2002 fala – como a professora abriu e leu nas páginas daquele caderno – quantos

alunos para ter um articulador, lá coloca a questão de que a enturmação não é automática. Na

Resolução nº 262/2002 coloca, é um coletivo de professores e na CONEC de 2012, Sr. Alfredo, nós

sugerimos tudo.

É preciso que a gestão da SEDUC considere esse levantamento da CONEC de

2012, porque os profissionais da educação participaram dela ativamente. Lá foram colocadas todas

as angústias, mas infelizmente, por troca de gestão, ela não foi divulgada para nós. E nós

necessitamos, a partir dessa sugestão da CONEC, não desconsiderar, porque lá o professor que está

no chão da escola já sugeriu tudo, já colocou tudo o que deve ser colocado, Deputado Wilson

Santos, para melhorarmos o nosso sistema estadual.

Outra coisa que foi colocada, não adianta retrocedermos, por quê? Como a

professora colocou aqui, nós trabalhamos, hoje, na perspectiva do direito da qualidade social da

educação, e o direito da qualidade social da educação é trabalhar com a diversidade de alunos que

chegam à escola. Então, se nós somente reprovarmos, o que será desses alunos que não conseguem e

que não são atendidos na sua individualidade de atendimento que o ciclo possibilita?

Então, os recursos... É na seriada que precisa ter professor de apoio pedagógico,

precisa ter superação para os alunos que têm dificuldade diferenciada. Independentemente de ser

seriado, precisa dos recursos humanos, dos projetos necessários de apoio pedagógico.

Senão, como Vossa Excelência colocou, a industrialização, nós como bons

professores de História... O Brasil só vai melhor quando os alunos terminarem a educação, quando a

maioria dos cidadãos terminar na fase correta. Senão, eles evadem no ensino médio, e esses alunos,

uma vez evadidos no ensino médio, não conseguem entrar no mercado de trabalho. E a tecnologia, a

industrialização que Vossa Excelência colocou bem na sua fala... Eu vou firmando, então, com

relação ao posicionamento, e ver os avanços que teve, e não é ir às fragilidades que nós precisamos.

Enturmação não pode ser automática, tem que ser como está na Resolução nº 262;

então, no mínimo, vamos pedir como foi no CONEC, em coro, que se cumpra a Resolução nº 262

para a organização do ciclo.

Muitos aqui já falaram com relação aos recursos, mas um colega pediu... Além

desses apoios, nós precisamos da qualidade e de investimento. O aluno precisa da escola equipada,

equiparada, é o custo aluno-qualidade. Precisamos dos recursos didáticos necessários para uma boa

aprendizagem, mas nós temos alguns gargalos.

O Professor Alfredo já explicou, mas o colega pediu...

Nós temos muitas dificuldades em fazer educação nas escolas. Por quê? Vamos

dizer em relação ao ano passado; em relação ao ano passado, para a rede estadual, no último repasse

do PDE, na quarta parcela, o capital não veio. O capital é para investir e para melhorar - eu acho que

muitos diretores querem falar –, para melhorar aquele computador do laboratório que não funciona

Page 39: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 39 - Secretaria de Serviços Legislativos

há muito tempo. Eu sou diretora e tem um monte de coisas na minha escola que não funciona, como

este ar-condicionado aqui. Então, o capital não veio.

Vejam bem, não veio capital e muitas escolas, através de seus diretores, mandaram

a prestação de contas certinha em janeiro, agora veio a ordem dizendo: “Está errado, então vocês

reprogramam o capital, porque, senão, não bate a prestação”. Então, a escola reprograma, porque

subentende que estamos pensando “Acho que vai vir, porque tem que reprogramar”, mas não tem

garantia que esse capital, essa verba do ano passado vai vir.

A segunda parcela do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) do ano

passado, no âmbito federal, também não está tendo investimento, então, nós precisamos... Os nossos

Deputados... Nós já estamos sabendo do corte, da austeridade, de toda a questão no âmbito nacional,

mas não investir em educação é penalizar o futuro, é punir o futuro do nosso país! Então, a segunda

parcela também do PDDE não veio, e ficam mandando e-mail: “Talvez vai vir... Talvez vai vir até

dezembro”. E para fazer a prestação de contas precisa reprogramar, e nós ficarmos crentes que talvez

vai vir.

E os equipamentos que estão estragados em nossas escolas? O Professor da Escola

Estadual Laura Vieira de Souza pediu para eu fazer essas colocações. O recurso é insuficiente, até

hoje só vieram dois repasses da merenda. Para ele, que a realidade é de escola pequena, é muito

difícil trabalhar hoje. Acho que subiu um pouquinho, subiu para quarenta centavos, porque eram

trinta e três centavos desde a política nacional de 2008 do FNDE. Então, teve um acréscimo de sete

centavos no sétimo repasse da merenda 2014. Portanto, não tem como, isso agrega o custo aluno-

qualidade, vamos bater nisso.

Também está vindo para o meio do ano o PDE deste ano de 2015, mas o Sr.

Alfredo já orientou, e o PDDE, nada, também só veio a primeira parcela, e já está a tempo da

segunda parcela de 2015, do PDE, plano de desenvolvimento da Secretaria.

Senhores, antes ciclo e antes seriação, nós temos que contextualizar, nos tempos

em que nós vivemos, temos que reorganizar a escola, porque hoje, a sociedade e os pais - mesmo

que de forma ainda muito falha - sabem que têm direito à aprendizagem, independente de ser seriado

ou ciclado, mas precisa dos instrumentos para os alunos aprenderem dentro da sala de aula, dentro

das escolas. Então, se é seriado, vai precisar de um atendimento para esse aluno que não acompanha

o mesmo ritmo, não basta excluir, porque esse excluído vai roubar nossa casa e não tem detenção

para todo mundo.

Os instrumentos que ciclo tem e nós percebemos no âmbito nacional, o pacto da

alfabetização na idade certa, como o Prefeito colocou, ele já vem na perspectiva de atender o que já

está na proposta do ciclo e pedindo que as escolas seriadas também se adaptem. Então, vamos focar

no que é necessário para a aprendizagem, o que deu certo e o que tem que se reorganizar, como São

Paulo fez: reorganizou o Ciclo de Formação Humana, mas nunca apagou o caminhar. Como a

professora colocou: o caminhar que nós temos de vinte anos.

Nós temos um caminhar. São Paulo reorganizou. Escutem a categoria e vamos

reorganizar o que precisamos, juntos.

Muito obrigada pela oportunidade. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, Professora e Diretora

Adriana.

Com a palavra, a Professora Josete Ribeiro e depois o Sr. Cezar Guedes.

A SRª JOSETE RIBEIRO – Bom dia a todos e todas!

Page 40: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 40 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu quero dar continuidade ao pronunciamento da Adriana. Acho que é uma grande

injustiça mexer no ciclo sem levar em conta a estrutura de escola. Então, vocês estão percebendo aí

que a estrutura de escola que nós temos deixa a desejar, precisa ser melhorada.

Eu gostaria de chamar atenção, especialmente, para um item que é a condição de

trabalho dos professores: os professores têm que ser os autores de qualquer mudança dentro da

escola organizada em ciclo, lá no chão da escola, a partir daquilo que tem de experiência vivenciada

até aqui.

Agora, para fazer isso, é necessário que o professor tenha esse tempo, e é esse

tempo que está em jogo. A maioria dos nossos professores tem de duas a três jornadas de trabalho.

Não é possível pensar esse contexto de escola, mal pegar o livro didático, trabalhar o que está ali e

pronto; fazer avaliação - a avaliação continua sim, os professores continuam avaliando da sua forma.

O que nós precisamos é pensar, sim, qual a condição de trabalho dos professores. E

aí entra na questão remuneração. Para você manter, hoje, o professor com um único vínculo –

inclusive, é uma das metas do Plano Nacional e do Plano Estadual de Educação que o professor

tenha um único local de trabalho, que se dedique exclusivamente, integralmente o seu tempo àquele

local de trabalho; para fazer, para pensar, repensar, por exemplo, escola organizada em ciclo ou

mesmo a seriada, as suas formas de avaliação, se vai reprovar, se não vai reprovar, por quê.

Agora, isso custa e custa alto, educação é cara! Já dizia Anísio Teixeira que

educação é um dos serviços sociais mais caros e que merece ter investimento, porque é para a

humanidade, é a formação da humanidade.

A Adriana lembrou aqui do custo aluno-qualidade, é isso mesmo; nós temos

bandeiras de luta de mais de 20 anos, pela implantação de um custo aluno-qualidade e que parte dele

seja encaminhado para remuneração de professores. Que a remuneração de professores seja uma das

melhores remunerações, como são os países ricos e que têm a educação com um parâmetro alto de

qualidade. Os professores são os profissionais mais reconhecidos e mais bem remunerados.

Agora, isso é imposto, por exemplo: Mato Grosso aumentou a nossa energia em

30% de ICMS, um dos Estados que mais aumentou a energia foi o Estado de Mato Grosso, de ICMS

e todos os outros impostos; além disso, os 10% do PIB, que é uma velha bandeira de luta da

educação, e atualmente os recursos do petróleo, que é uma das nossas grandes riquezas e que rende

muitos recursos, isso tem que ser revertido para a educação do povo brasileiro.

Se não houver isso, não tem como mudar ciclo, mudar seriado, mudar qualquer

tipo. É ter o professor no único local de trabalho. Hoje, o que o professor ganha correndo de uma

escola para outra, ele tem que ganhar isso, e um pouco mais, numa única escola.

E aí o Legislativo tem muito a fazer mesmo, o nosso querido Deputado Saturnino

Masson,... (PALMAS)... O nosso companheiro Deputado Wagner Ramos e Deputado Wilson Santos

são autoridades para isso hoje. Como é que vamos melhorar esses salários dos professores e garantir

que novos recursos sejam aplicados na educação?

Eu tenho certeza de que o Município de Tangará da Serra, por exemplo, não teria

condições, hoje, de ter professor num único local, mesmo que a rede estadual e a rede municipal

tentem, não vai ter condições de ter o professor numa única escola, ganhando o que ele ganharia

trabalhando nas duas escolas.

Qual é o desafio que nós temos? Quanto ainda nos falta para isso? Nós temos que

começar a trabalhar com os cálculos matemáticos. Quanto tempo nos resta para chegar à

implementação do custo aluno-qualidade? O que significa isso? Esse custo, quanto custa esse aluno

Page 41: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 41 - Secretaria de Serviços Legislativos

tendo o professor trabalhando integralmente e mais a estrutura que a escola ainda não possui...

Então, eu acho que o caminho é esse.

Quero parabenizar os Deputados por estarem aqui discutindo isso conosco.

Muito obrigada! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Nós é que agradecemos, professora

Josete.

Com a palavra, o Sr. Cezar Guedes, e em seguida a Professora Antônia Miranda.

O SR. CEZAR GUEDES – Bom dia!

Eu quero, Deputado Wilson Santos, em seu nome cumprimentar esses amigos que

compõem a Mesa, porque hoje estamos aqui, mesmo sendo uma Audiência Pública, até mesmo na

condição de amigos, porque somos parceiros. Por isso que nessa questão, pelo fato de Vossa

Excelência ser Professor de formação também, esse é o momento de cumprimentar.

E quero cumprimentar a todos aqui e lembrar que o Município de Campo Novo do

Parecis está presente até este momento. Nós fizemos questão de ficar aqui. Nós estamos em alguns

professores, profissionais de Educação. Então, a todos, tenhamos a certeza de que vale a pena.

Eu só quero dizer a todos algo a mais: dói!... Está doendo muito ainda, foi uma

facada na educação. Essa facada foi dada há quase quinhentos anos, no caso do Brasil, numa época

colonial em que se privilegiava uma igreja e os educandos eram aqueles que, se soubessem rezar,

estariam salvos. Então, é uma educação de ratio studiorum que se massificou. A educação servia

para alguém.

Mesmo no Brasil Império, quando se chegou a uma educação de liceu, lembrando

aqui Aristóteles, uma educação peripatética. Você tinha algo, um pouco mais, que formou pessoas:

escritores, pensadores, que no início do século XX até chegaram a fazer um manifesto para que a

educação não servisse a ninguém, mas isso retrocedeu, porque no Brasil República, a serviço do

capital, nós temos uma educação seriada em que nós fomos formados. Servia para alguém que tinha

o domínio, e agora que nós estamos num processo histórico, entrando para um momento de

educação que vai servir a todos, uma formação humana, não podemos deixar essa faca continuar

fincada no coração da educação.

Então, eu peço que o Legislativo, aqui com esta Audiência Pública, possa sair

dessa mesmice que temos enquanto politicagem no Brasil. Não estou me referindo diretamente aos

que aqui estão, mas estou dizendo que estamos numa época em que se fala e que se diz o que é

prioridade.

Ontem, o Secretário estava em Campo Novo do Parecis – está lá hoje ainda – e eu

fiz esta fala no sentido de que basta, chega!...

A prioridade nós sabemos... E no ano que vem haverá eleição e terá novamente

prioridades. Então, nós temos que tirar essa faca, fazer a educação estar a benefício de todos, não

dessa igreja, não daquele poder, não de outras situações, porque é muito bom o povo continuar sem

saber, isso agrada a quem tem poder. Seja de igreja, de futebol, de política, seja do poder que for,

agrada e nós não queremos isso.

Nós profissionais da educação, como Vossas Excelências bem sabem, nós

queremos uma educação de qualidade. Se este governo que está sendo aí representado, puder de fato

fazer isso, estaremos de parabéns, sabemos que vai longe; mas os Deputados podem, sim, fazer

algumas coisas, como ciclo, três anos... Então, o contratado tem que ter uma garantia de três anos,

para que haja uma sequência, o efetivo também fazer essa...

Page 42: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 42 - Secretaria de Serviços Legislativos

Nós temos uma proposta de formação humana de ciclo por três anos, diretamente,

e o contrato ainda continua seriado, isso tem que mudar, isso não pode existir. Então, este é papel do

Legislativo: forçar e fazer acontecer, e também é necessário trabalhar essas questões no Congresso

Nacional, precisamos sim, nós queremos educação de qualidade, e em Campo Novo se quer isso.

Podem ir a Campo Novo do Parecis quando for preciso, como já estiveram o Deputado Wagner

Ramos, o Deputado Saturnino Masson, no momento em que o Governador esteve em nossa escola,

Escola Padre Arlindo, e nós dissemos isto: queremos sim educação de qualidade, portanto, tirem a

faca do coração da educação. Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Nós é que agradecemos a

participação do colega Professor Cezar.

Com a palavra, a Professora Antônia Miranda, e em seguida o Sr. Wagner

Guimarães.

O SR. ANTÔNIA MIRANDA - Bom dia a todos!

Cumprimento todos da Mesa, todos os profissionais aqui presentes.

Vejo um momento ímpar e quero parabenizar a iniciativa da Assembleia

Legislativa, e não poderia deixar de falar um pouquinho, ainda que seja para repetir as falas aqui,

porque também eu entendo que foram muitos poucos momentos nesses dezoito anos de ciclo, que

nós tivemos a oportunidade de falar a respeito.

Meu nome é Antônia, sou professora há vinte anos também, tenho uma caminhada

bastante significativa, pelo menos para mim, dentro da educação, desde bem novinha enquanto

professora, eu sempre procurei participar de todos os momentos da educação e buscar formação

profissional para mim.

Hoje, eu estou como professora formadora no CEFAPRO de Tangará da Serra, e

entendo que o professor precisa estar a todo momento buscando essa formação, essa compreensão;

eu acho muito louvável todas as memórias das pessoas mais velhas relativas à forma como elas

foram educadas, mas eu não aplaudo quem, hoje, reprova o ciclo; não aplaudo, porque eu entendo

que a sociedade vem numa constante evolução, as famílias evoluíram.

E hoje, dentro da sala de aula, as nossas crianças reproduzem a educação que elas

recebem em casa, nós também reproduzimos. Então, nós ali na sala de aula, não cabe mais ficarmos

só pensando no passado, como eu fui educada, como o meu pai e a minha mãe me educaram. Tudo

isso é muito válido, mas nós temos que pensar o hoje, o agora. E nesse hoje e agora não cabe mais

uma educação exclusiva, uma educação que reprova; que diz você não pode prosseguir, tem que

parar aqui. Cabe, sim, refletir a todo momento sobre o desafio que está em nossas mãos, encararmos

cada criança, ali, como um desafio para nós elevarmos o aprendizado dela, trabalharmos com

qualidade na sala de aula.

Eu me reporto muito à sala de aula porque todas as políticas públicas serão

concretizadas nas mãos do professor, e o professor vai receber o resultado dessa evolução que está

ali, no reflexo do aluno.

Diante desse contexto da mudança de famílias que nós temos hoje, não cabe mais

voltar atrás. Então, nós temos que... Como o Professor João colocou, a educação caminhou num

processo de matricular as pessoas, de alfabetizá-las, incluir todo mundo no processo, e agora nós

estamos caminhando, evoluindo no pensamento de melhorar a qualidade da educação.

Esse é o momento de voltar o olhar para melhorar a qualidade. É isso que se fala

agora, e para melhorar essa qualidade da educação, a educação precisa de mais investimento. Por

Page 43: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 43 - Secretaria de Serviços Legislativos

isso, eu acho muito válido falarmos aqui com a Assembleia Legislativa, que volte esse olhar para

investir na educação.

Esse investimento é na infraestrutura física e também humana, porque o professor

precisa de formação teórica o tempo todo. Por isso, eu defendo muito o Centro de Formação, nós

temos um papel muito grande, uma tarefa muito importante de estarmos juntos com esse professor,

refletindo sobre os problemas da sala de aula, buscando conhecimento teórico para melhorar essa

prática da sala de aula, para alcançar uma educação de qualidade, mas à medida que nós estudamos,

nós alcançamos conhecimento, vamos compreendendo que estamos amarrados em muita coisa,

esbarramos em muita coisa.

Não é só o querer, não é só o conhecer. Quanto mais nós conhecemos, quanto mais

compreendemos, mais entendemos que para melhorar a aprendizagem, esbarramos em muita coisa.

Aquela criança que não consegue aprender é o nosso desafio de todo dia e, muitas

vezes, para ela aprender, precisa de um diagnóstico multidisciplinar, e isso não foi garantido, ainda,

dentro da escola ciclada. Ela precisa de um diagnóstico que, às vezes, a família não tem condições

de fornecer para aquela criança.

Nós, professores, ficamos barrados ali, e nenhuma teoria dá mais conta, porque nós

não estamos imbuídos da competência de diagnosticar aquela criança que precisa de um diagnóstico

de um profissional da área da saúde e de outras áreas, para compreendermos mais e buscarmos mais

suporte para auxiliar essa criança que necessita aprender, que não consegue acompanhar dentro do

tempo normal da sala de aula, aquela aprendizagem que é oferecida. Então, neste sentido, olhar a

educação...

Eu quero reportar a uma mensagem anônima que a educação é a maior provisão na

jornada rumo ao futuro. Então, temos que colocar realmente isso. Nós precisamos investir na

educação.

A ideia da escola ciclada é linda, é maravilhosa e precisa ser efetivada nas nossas

escolas, não é retroceder à escola seriada. É um retrocesso muito grande que não vai nos levar a

nada. Então, nós estamos caminhando, agora, é no processo de melhoria, de buscar a qualidade. E

para se efetivar essa qualidade é preciso investir de verdade na formação dos professores, no

subsídio, que o professor precisa ali, o professor desespera.

E nós, enquanto professor formador, ao ouvi-los... Nós lemos, discutimos as

teorias e ouvimos o professor: E aí, o que eu faço? O aluno está assim... Porque ele esbarra em outro

profissional que ele precisa, ele chama a família, e a família não tem como dar esse suporte ou a

família nem vai à escola. Então, há que se olhar mais para esse suporte físico e humano que a escola

precisa, para promover a qualidade social da educação.

Obrigada! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, Professora Antônia

Miranda.

Com a palavra, o Professor e Vereador Vagner Constantino Guimarães.

O SR. VAGNER CONSTANTINO GUIMARÃES – Bom dia, quase boa-tarde a

todos.

É uma satisfação enorme estar aqui participando, Deputado Wilson Santos,

Deputado Saturnino Masson, Deputado Wagner Ramos, Prefeito, demais autoridades, senhores e

senhoras.

Vou pegar um pouquinho da linha do meu colega Sérgio Guedes, ele falou nos três

anos. Se nós estamos em ciclo, que pelo menos o contrato dos professores fosse de três anos.

Page 44: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 44 - Secretaria de Serviços Legislativos

Vou ficar numa situação muito mais conflituosa, Sérgio e colegas.

Hoje, a situação que está, e quando falamos que precisamos da melhoria da

educação, Deputado, nós temos que analisar o seguinte: o ano letivo inicia em 09 de fevereiro; a

atribuição ainda está sendo dia 09, dia 10, dia 11, dia 12 para os interinos; você mata o início do ano

letivo quando você atrasa esse processo. Como é que esse professor que nem sabe qual turma vai

pegar, se prepara para ir à sala de aula?

A indústria dos pontos, a fórmula de atribuição tem que ser repensada, Sr. Alfredo,

não dá para se sacrificar professores fazendo formações por causa de uma industrialização dos

pontos para fazerem atribuição de aula. Os professores têm, sim, que fazer formação, mas não é uma

formação para não ficar para trás dos outros. Se eu sou um mau professor e minha colega é uma

excelente professora, está dando aula no ciclo, está indo muito bem, e eu não estou nem aí, mas

tenho muito mais pontos que ela; na hora que a turma dela organiza, eu pulo dentro e pego essa

turma; isso não tem sequência.

Nós temos que analisar que a educação... Como disse o meu colega e Vereador

Sebastian, que também faz parte da Comissão de Educação e Esportes da qual sou presidente, a

Professora Azenate Carvalho também faz parte da Comissão... Nós temos discutido muito isso, nós

temos que chegar, nós temos que fazer o Governo entender isso, e nós não estamos falando isso

hoje. Eu estava ao lado da colega Edalina, como os demais colegas que estão aqui, nós participamos

de tudo quanto é coisa; formação de ciclo, desde o início, desde 2000, o primeiro encontro no TTC

aqui em Tangará da Serra, da CONAI, de todas as conferências, nós estamos apontando problemas e

precisamos solucioná-los.

O ciclo não é mal, e eu não sou contra ele, o que precisa é dar garantias que as

coisas aconteçam naquilo que foi firmado e fazer as melhorias. Pegar um exemplo claro do ciclo,

como é que ele pode ser bom, se nós não pensamos em nada, em aumentar... Sair das 800 horas, são

800 horas anuais, não tem mais nada. O aluno chega às sete e vai embora as onze. Por que não

pensar em aumentar a carga horária? Por que não melhorar a carga horária?

Pensou-se agora no Programa Ensino Médio Inovador, e nós temos uma

dificuldade para os alunos participarem desse programa, alunos que até agora, neste exato momento,

não estão participando das aulas porque têm dificuldades, Alfredo, com transporte. Eu estive lá,

Prefeito, apontei essa situação ao Secretário e pedi para ele encarecidamente: será que esse problema

é em virtude da necessidade de um ônibus? Qual é a solução para que os alunos possam frequentar

as aulas?

Não pode... Alunos que precisam, que são carentes, não terem direito de continuar

uma hora a mais. Eu tive formação com 1200 horas, está aqui meu professor, foi diretor da minha

escola, o Prefeito. Eu tive formação com 1200 horas, fiz magistério, eu tinha contraturno, eram

várias aulas no contraturno. Hoje, para os nossos alunos são oitocentas horinhas. Então, nós temos

que analisar que precisamos melhorar muitos pontos, e esses pontos são importantes.

Concordo com o Sérgio, há muitas coisas que a Assembleia Legislativa pode fazer,

inclusive essa questão de estudar mesmo a possibilidade de um concurso; da questão de contratação

por tempo maior de professores interinos, para formação do ciclo; da estabilização dos professores

dentro dos ciclos; da concorrência só dentro do ciclo, para que você tenha uma formação específica.

De repente, a pessoa é um bom alfabetizador, fica sem aula e obrigado a ir para os últimos anos do

ciclo; então, nós temos que estudar caminhos que se resolvam, mas de forma nenhuma nós podemos

pensar que podemos perder alguns avanços.

Page 45: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 45 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu acho que não se deve pensar em estimular de novo a evasão, não se pode pensar

de novo em criar dificuldades para que você continue com repetência, mas de maneira nenhuma nós

podemos manter a qualidade da educação da forma que está. A educação está penalizando os que

mais precisam; as escolas sozinhas não são capazes de resolver os problemas da sociedade, a escola

precisa de união de forças.

Hoje é muito difícil ser diretor de escola. O Carlinhos, da São Jorge, está lá atrás;

esse menino está há setenta e cinco quilômetros daqui, lá não tem comunicação, Deputado Wilson

Santos, com pouquíssimos recursos você coloca comunicação lá dentro – não tem comunicação.

Ninguém entrega a merenda na escola dele, ele tem que buscar no carro de sua propriedade. A

educação no campo sofre, pede socorro; não tem uma quadra coberta... Como falaram aqui, essa

dificuldade é enorme! (PALMAS)

O município sozinho não dá conta, temos que ser claros; precisa melhorar o valor

do recurso do transporte escolar, R$ 0,80 é pouco demais, o nosso município divide, lá em cima, em

Sapezal, lá em Conquista do Norte. São municípios muito extensos, com muita rede de transporte

escolar. Então, as coisas não são simples, as coisas não são fáceis.

Eu vi uma vez um programa que iria qualificar a alimentação, um programa para

atender o povo na rua, que com R$ 1,00. Seria ótimo, daria para fazer um restaurante bom para o

pessoal comer na rua. Eu falei: beleza! A escola já dá esse exemplo, porque ela faz com R$ 0,30,

com R$ 0,30 ela faz a alimentação do povo! Tem que se analisar. (PALMAS)

Nós temos o Projeto Mais Educação, é ótimo, é bom. Nós queremos que as crianças

fiquem o tempo todo dentro da escola. Nós temos esse Projeto Mais Educação, mas esse projeto está

sem recurso! Quem economizou, está tocando e torcendo para sair essa assinatura e a liberação dos

recursos para o Projeto Mais Educação. Então, as coisas não estão funcionando, nós não estamos

aqui inventando.

Precisamos melhorar o sistema; nós temos hoje... Eu tenho na minha escola “n”

professores que não conseguem fazer o diário. Como que eu não faço o diário? Como que o sistema

não funciona? Então, essas pendências é que devem ser resolvidas, a estrutura das escolas é que deve

ser resolvida, para que tenhamos condições de ter uma educação melhor.

Subsídio dos professores é ótimo!... Eu gostaria... Eu tenho 27 anos dando aula,

tenho 27 anos nas duas redes, não aconselho ninguém a ficar nas duas redes. Para você chegar com

saúde, você tem que ter muita sorte, e depois poder viver a aposentadoria tem que ter duas vezes

sorte, se é que nós vamos chegar lá - eu não aconselho. Mas com uma rede ganhando salário de um

professor de 30 horas, que ganhamos com vinte e sete anos trabalhando, é o suficiente, gente? Dá

para nós? Temos que fazer bico! Não dá!

Ontem, o Alexandre Garcia foi perfeito na fala dele. A maioria dos assessores de

Vereadores deste Brasil afora... Não estou falando de Deputado Estadual, nem de Deputado Federal,

nem de Senador, nem de Ministro, nem de ninguém, estou falando que a maioria dos assessores de

vereadores ganham igual ou melhor do que os professores, sem nenhuma obrigação com a formação.

É isso que temos que analisar. Nada contra os assessores, nada contra ninguém, mas será que não

tem milagre que possa melhorar a questão da educação, a questão dos recursos? E o pior, os recursos

existem, mas eles não são bem distribuídos. É isso.

Muito obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Com a palavra, a Professora Edineia

Cardoso e, em seguida, a última inscrita, Professora Lenilda Roberto de Souza.

A SRª EDINÉIA CARDOSO – Bom dia a todos!

Page 46: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 46 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu quero iniciar a minha fala apresentando alguns dados, pesquisa com os

professores do primeiro ciclo, em Campo Novo dos Parecis, a respeito do Ciclo de Formação

Humana que estamos debatendo agora em Mato Grosso.

Segundo as pesquisas levantadas, 80% dos professores não tiveram nenhuma

formação sobre o Ciclo de Formação Humana; 66% não conhecem a proposta do ciclo. O que eles

conhecem é o que está no sistema, que tem os blocos, que tem o PPAP e o OS. Oitenta por cento não

acreditam que o currículo do ciclo e do seriado mudou, é a mesma coisa. Cem por cento dos

professores acreditam que o ensino ciclado piorou e 92% acreditam que a avaliação classificatória

não é motivo de evasão escolar.

Então, nós temos o sistema ciclado em Mato Grosso, nós vimos - eu não sou

contra o ciclo, a proposta dele é boa, só que ele está... Eu não sei, colocaram o ciclo, mas o trabalho

é em série ainda. Nós, enquanto professores que estamos na educação, sabemos que é isso. Eles

colocaram o nome ciclo, mas ainda estamos trabalhando em série.

Então, a minha sugestão, Deputados, enquanto professora alfabetizadora, nós

sabemos que se a base de uma casa não é bem construída, desmorona, e na educação é a mesma

coisa.

O primeiro ciclo é primeira, segunda e terceira fase. A minha sugestão é que seja o

primeiro ciclo, enquanto contas do Governo - vamos colocar assim -, teria condições para que seja

de dedicação exclusiva, pelo menos o primeiro ciclo, que é a base.

Por que dedicação exclusiva? Porque, como já foi colocado numa fala, nem

sempre é culpa do aluno, se eu estou com dedicação exclusiva, eu posso trazer os pais para a escola;

trabalhar diretamente com o aluno e com os seus pais.

Então, nós pensamos em coisas que possam minimizar os danos da educação de

Mato Grosso, porque os índices de evasão e de repetência diminuíram, porém a proficiência é muito

baixa. Portanto, não podemos falar que o ciclo está com a qualidade que nós almejamos.

A minha sugestão também é que se comece de imediato – se a proposta continuar

em ciclo em Mato Grosso – uma formação para os professores a respeito do ciclo; uma formação

que eu, há quatro anos, em Mato Grosso, não tive nenhuma. Para não dizer que nunca teve nada,

teve leitura da Resolução de modo muito tradicional, que o professor termina os trabalhos em sala de

aula e vai ler aquilo lá, e vai aprender o quê? Nada.

Eu fiz o Pacto pela Educação. Eu defendo o pacto porque não fiz magistério, a

minha didática era pobre e com o pacto eu consegui melhorar a minha didática. Então, se for para

pensar na formação do ciclo para os professores, que seja nos moldes do pacto, porque ele é mais

fácil e mais dinâmico para você aprender.

Também, eu deixo a minha fala no seguinte: nós precisamos mudar totalmente as

estruturas das escolas. Como todos falaram, não tem articulação. Nós vamos dar reforço na mesa do

refeitório. A poeira de Mato Grosso, todos sabem como é; como vamos chegar, nós não sabemos

como é que vamos fazer.

Então, para minimizar os danos – porque não podemos acreditar que tudo será

mudado, porque já é utopia –, começar com formação do professor, porque o que adianta o professor

trabalhar o ciclo, se ele não sabe o que é.

Investir na estrutura: que tenha pelo menos a sala de articulador e a sala para

professor trabalhar o reforço. E a dedicação exclusiva também, porque eu felizmente consigo e

posso trabalhar só 30 horas, e como alfabetizadora eu preciso de mais horas para que o meu aluno

possa ter todas as competências que ele precisa nos três anos.

Page 47: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 47 - Secretaria de Serviços Legislativos

É preciso rever a educação do Estado de Mato Grosso, sim! Tem coisas que são

urgentes, nós não podemos esperar, e precisam ser revistas.

E a questão da prova, discutiu-se muito sobre a prova. No livro que a professora

mostrou aqui, que eu também tenho, fala que a prova também é uma forma de avaliação sim, só que

ela não pode ser feita só como nota para o aluno, mas como uma verificação de aprendizagem.

Então, eu acredito que o nosso primeiro passo, como sugestão, é a formação dos

professores e pensar sobre a dedicação exclusiva, pelo menos, do primeiro ciclo, para que nós

possamos minimizar esses danos que temos há dezoito anos.

Essa é minha fala. Obrigada! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Obrigada, professora Edinéia. A

senhora é de qual escola?

(A SRª EDNÉIA FALA FORA DO MICROFONE – INAUDÍVEL.)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) – Escola Estadual Parecis.

Com a palavra, a nossa Diretora do CEFAPRO, a Sra. Lenilda Roberto de Souza,

que nos cedeu o auditório e não cobrou nada.

A SRª LENILDA ROBERTO DE SOUZA - Bom dia a todos!

O legal de nós ficarmos por último, é porque todos já falaram e tem um número

menor de pessoas para nos bater lá fora, se falarmos alguma coisa... (RISOS) Mas brincadeiras à

parte.

Eu gostaria, para não me tornar muito repetitiva, só de dar as boas-vindas, sei que

deveria ter dado no início desta Audiência, mas já estamos finalizando-a, então, desejo um bom

retorno a todos. Dizer que é uma satisfação muito grande recebê-los aqui em nosso Centro de

Formação. Muito obrigada, Deputado, por essa oportunidade.

Quero pontuar três coisas que eu acredito que não foram contempladas aqui: nós

não podemos fechar uma discussão tão importante como esta, numa única fala, que é a não

reprovação, isso não podemos mesmo. Nós, como profissionais, temos que ter isso muito claro, que

discutir Ciclo de Formação Humana, parte do humano primeiramente; e nós estamos aí, há dezoito

anos, como já colocaram muito bem aqui, e ainda não nos apropriamos do que é realmente o Clico

de Formação Humana, parte desse princípio.

Quero registrar, também, a importância da nossa formação continuada. Não estou

aqui defendendo o CEFAPRO, certo? Porque, antes de estar diretora, eu sou educadora há trinta

anos, já perpassei por vários momentos do Estado e nunca vi um momento que a educação teve tanto

espaço para discussão quanto agora. Tantos projetos para serem analisados, é claro, nós não vamos

pegar o pacote, colocar debaixo do braço e levar para casa, temos que discuti-lo, sim. Mas, em

nenhum momento desses trinta anos, teve tanta oportunidade para se discutir como agora.

De quem é o privilégio? Nosso mesmo, porque nós fomos para o embate, isso aqui

não foi conquistado com facilidade, não! Isso foi conquistado através de lutas! Eu tenho marca na

canela, de briga sindical.

E o terceiro ponto, para não avançar muito, porque já extrapolamos no horário, é

lembrar que a formação continuada está aí quase paralela ao Ciclo de Formação Humana! E nós

ainda não nos apropriamos dela, nós ainda não construímos esse espaço na nossa escola, dessa

formação continuada.

Nós temos um espaço lá, sim, que é a sala do educador, mas a formação continuada

como direito nosso, direito adquirido, gente!... O Governo não foi bonzinho e disse assim: “De hoje

Page 48: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 48 - Secretaria de Serviços Legislativos

em diante, vocês irão ganhar para estudar”. Em momento nenhum! Nós conquistamos isso através de

lutas, e tem gente que está chegando depois disso que não sabe.

A equipe gestora da escola tem que chamar esse profissional que está chegando,

como já foi dito aqui em outros momentos, e trabalhar isso; colocar no seu acolhimento - se eu não

me engano, foi a assessora que se lembrou disso -, acolher esse pessoal que está chegando; dizer:

“Olha, nós temos uma organização”, como a colega falou, que ela está com quatro anos - ela veio de

outro Estado, provavelmente. A nossa política é essa, agora, em que ponto ela precisa ser

melhorada? Nós vamos definir juntos, porque quem faz a educação somos nós, não é o Governo, não

é a equipe que sentou para pensar em formação, mudar de série para ciclo. De jeito nenhum, quem

faz o dia a dia, lá na escola, sou eu.

Não é admissível que o aluno fique três anos em um ciclo e vá para o segundo sem

saber, a não ser que ele tenha problema; e isso já foi discutido aqui, que nós precisamos sim – e nós

vamos cobrar – do apoio pedagógico e tudo mais.

Só lembrando mais uma coisinha, para fechar o assunto a respeito da formação

continuada. Além de formação continuada, nós precisamos trazer para o interior da nossa escola,

Coordenadores e Diretores que estão aqui, trazer para a nossa discussão a formação inicial também,

e chamar a UNEMAT e a UFMT para discutirmos.

Eu estive nos últimos dias lá, numa avaliação dos cursos... Porque nós, aqui, como

Centro de Formação, às vezes, trazemos os profissionais para a discussão, Deputado, e nós vamos

perceber na nossa fala que o que faltou não foi a formação continuada e, sim, lá na inicial, porque

ficou um vácuo. Não é que está errado, não, não, não... É porque ficou uma lacuna, e essa lacuna

precisa ser discutida e preenchida, senão, a educação não vai avançar.

Mais uma vez, muito obrigada a todos, é uma honra muito grande...

Não vou pedir desculpas, porque a culpa não é minha, e o ar também não está

estragado, ele é novinho, é porque é um só, e o espaço é muito grande, com muitas pessoas não é

mesmo possível que mantenha o espaço gelado.

O nosso Centro de Formação está aberto para a sociedade. Nós vimos fazendo o

que podemos aqui, sem nenhum pedido de desculpas, mas na medida do possível, Deputado, nós

estamos aqui para promover esses momentos – e espero que tenhamos mais, porque não se esgota

aqui.

O Ciclo de Formação Humana é uma proposta – e temos aí 18 anos que não

conseguimos manter o currículo, gente! Você pega um PPP, como estudamos no ano passado, cadê

os assessores? Cadê os diretores da escola? Porque nós pegamos os PPPs das escolas para serem

analisados e lá não contempla a proposta da escola, o que realmente a escola precisa para o primeiro

ciclo, o perfil de entrada e o perfil de saída em cada ciclo.

Nós precisamos definir isso, gente, e nós que temos que fazer, lá na nossa escola, o

espaço de formação continuada. É pouco? É, mas isso é o mínimo! Oitenta horas? É o mínimo. A

escola poderá organizar-se em 100, 200... A escola é que sabe, mas nós precisamos ter essa

discussão, lá na nossa escola, o perfil de entrada e o perfil de saída. É claro que tem toda parte

estrutural que eu não vou deixar de dizer, porque vocês mesmos estão vendo que nós, aqui, também

não temos.

Eu tenho formadores em sala, aqui, sem ar-condicionado. Tem sala de formador

que não tem ar-condicionado. E na sala de aula e na assessoria pedagógica também não tem. Tem

um espaço lá, de formação, onde hoje à noite iremos, que também não tem. Tudo isso nós

precisamos discutir.

Page 49: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 49 - Secretaria de Serviços Legislativos

Eu quero mais uma vez agradecer e parabenizar a equipe, dizer que é uma honra

muito grande para o CEFAPRO, além de ceder esse espaço, participar desses momentos.

Sintam-se todos acolhidos – minha fala não é despedida, mas eu estou me

despedindo – e que tenham um bom retorno às suas casas, e que ao chegar lá, todos encontrem os

entes queridos do jeito que os deixaram, porque, além de educadores, nós somos uma espécie de

mãe, gostamos e zelamos pelos nossos, assim como na nossa escola.

Muito obrigada e felicidades a todos!

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Obrigado, Professora e Diretora,

colega Lenilda.

Passo a palavra ao Professor Edinho, Coordenador de Formação e Capacitação dos

docentes e diretores, que também é professor efetivo, concursado da rede estadual e que está lá na

SEDUC.

O SR. EDINALDO GOMES DE SOUSA - Boa tarde a todos e a todas.

Eu quero cumprimentar o Deputado Wilson Santos por esta iniciativa brilhante;

quero cumprimentar todos os educadores do Polo de Tangará da Serra em nome dos meus colegas

do CEFAPRO.

Primeiramente, eu quero dizer que a SEDUC já tomou posição em relação àquilo

que entende de educação. A posição da SEDUC é que os nossos alunos têm direito a uma educação

de excelência e é essa educação que nós vamos oferecer aos nossos alunos. É uma educação integral,

em que ao mesmo tempo que nós valorizamos o conhecimento científico, sabemos da importância

do conhecimento científico, também não podemos nos furtar de oferecer uma educação humana e

social. Então, essa é a posição da SEDUC, uma educação de excelência.

E aí, a principal ação da SEDUC, que não é fácil – e aí, eu quero usar as palavras

do Rubens Alves –, é despertar os nossos educadores desse sono profundo. É um sono profundo que

é trazido em função de muita angústia, de muita surra, de muito pedido de socorro, e o Estado não

fez nada até agora, não tem feito. Então, nós precisamos...

Se o professor não assumir esse compromisso, não estiver feliz, não estiver

contente, não adianta modalidade, não adianta prédio bonito, não adianta nada. Então, o nosso

principal foco é o professor, para que possamos ofertar uma educação de excelência. E como nós

conseguimos despertar os nossos professores? Valorizando-os.

Não é possível mais continuarmos nesse sentido, que um professor dê aulas em

três, quatro escolas. Não é porque nós queremos, nós somos obrigados, senão minha filha não come;

minha esposa não pode ir ao médico e eu não tenho qualidade de vida. É urgente a necessidade da

dedicação exclusiva, nós precisamos dialogar essa questão, porque aí eu vou viver aquela escola,

vou me dedicar àquela escola. Então, nós estamos tomando posição, com relação a essas questões.

Com relação à escola, a SEDUC... E aí mais uma vez, reportando a Moacir

Gadotti, que vai dizer que “A escola é um lugar bonito, é um lugar de alegria, é um lugar de

confraternização, apesar de faltar tudo, naquela escola ainda há o que há de melhor, ainda há o

essencial, há gente.”

Nós sonhamos, nós acreditamos e a SEDUC vai lutar para que as nossas escolas

sejam um espaço de produção de conhecimento científico e também um espaço de socialização. A

escola não pode resolver tudo, mas a escola pode dar respostas para muitas coisas, porque somos nós

educadores, e a escola consegue enxergar o que os olhos não vêem, aquela criança que não aprende,

aquela criança que é mal-educada, que é fechada, ela está nos fazendo um pedido de socorro, e é isso

que nós fazemos.

Page 50: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 50 - Secretaria de Serviços Legislativos

Por isso, companheiros, a nossa missão não é fácil, porque nós precisamos olhar

para vocês, vocês precisam olhar para a SEDUC e sentir segurança naquilo que nós estamos falando,

os nossos olhos precisam brilhar, e aí a SEDUC tem que deixar de ser aquela instituição de

inquisição, só de cobrança.

Não, a ideia nossa, a ideia do Secretário Permínio é de que a SEDUC seja a nossa

referência. Quando eu me lembrar da SEDUC, quando eu passar pela SEDUC, vou dizer: aquele ali

é meu espaço, é ali que sou defendido, é ali que sou respeitado, é ali que sou valorizado.

É isso que defendemos. Como falou o Alfredo, estamos começando agora, não é

desculpa, vai ser um ano, ainda, de difíceis questões financeiras, mas dias melhores estão por vir,

não tenham dúvida disso.

Quero dizer que nós estamos vivendo um momento muito bom, se aqui alguém

tem alguma... Diretor, coordenador, professor, que busca a SEDUC e não é atendido, é uma

orientação totalmente adversa, porque todos os Superintendentes e Coordenadores estão intimados a

prestar serviço de excelência.

Se eu não resolvo o problema, eu tenho que dar a resposta, e a nossa resposta tem

que ser imediata; então, se ainda não está acontecendo isso, não deveria estar acontecendo mais; não

podemos resolver, mas resposta nós temos como dar.

Para finalizar, quero dizer que estamos vivendo um momento muito importante.

Por quê? Porque nós temos uma Assembleia Legislativa que foi renovada, está com ideias novas;

nós temos ali um Presidente da Comissão de Educação que é professor, que foi prefeito, que foi o

único da região Centro-Oeste que recebeu o selo Prefeito Amigo da Criança. Quando ele esteve lá, o

índice da educação subiu em vinte posições, se tornando uma das melhores da região Centro-Oeste.

Esse professor é o ex-prefeito Wilson Santos. Então, nós estamos bem com ele na coordenação da

Comissão de Educação da Assembleia Legislativa.

Nós temos um Secretário que, apesar de não ser professor, nos demandou essa

forma de ver a educação diferenciada. Nós precisamos construir essa relação com os nossos

educadores; uma relação verdadeira, honesta e justa; essa é a determinação do nosso Secretário.

Nós temos um Governador que é filho de professora, que é neto de professora, que

é professor e que acredita que nós só vamos sair dessa condição de país subdesenvolvido, país em

desenvolvimento para um país de uma boa qualidade de vida, país desenvolvido, se investirmos na

educação. Esta é a palavra do nosso Governador: todos os esforços para a educação pública de Mato

Grosso, que os nossos alunos têm direito.

Além disso, nós temos aí o que há de melhor, que apesar de estar sofrendo, apesar

das angústias, apesar das lágrimas, nós temos ainda uma grande quantidade de professores e

professoras que acreditam e querem que a nossa educação melhore. E é isso que nos fortalece, é a

esperança de vocês, é aquilo que não deixaram morrer, o que há de melhor, é o meu acreditar numa

educação.

Por isso, ainda temos neste ano muitas dificuldades, mas não tenham dúvidas,

caríssimos amigos e amigas, de que nós estamos entrando num novo momento da educação básica

deste Estado. Não tenham dúvida disso, e que nós precisamos construir uma relação justa e honesta,

para que nós possamos conseguir os nossos objetivos.

Nós não vamos conseguir isso sem você que está na sala de aula, não temos a

menor condição. Por isso, é um convite que fazemos: dêem esse tempo para nós, continuem

cobrando, mas venham conosco, porque estamos vivendo um novo momento da educação pública

deste Estado.

Page 51: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 51 - Secretaria de Serviços Legislativos

Muito obrigado e uma boa-tarde a todos. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, Professor Edinho.

Eu quero agora, consultar a Secretária se ela quer usar da palavra. (PAUSA)

Com a palavra, a Secretária Municipal de Educação, Iolanda Garcia.

A SRª IOLANDA GARCIA – Boa tarde a todos!

Eu quero mais uma vez registrar que é louvável este momento dessas discussões e

a presença da Assembleia Legislativa em nosso município, mas os nossos agradecimentos aos

nossos profissionais da educação, que veem a nossa persistência quando o nosso tema é relevante e,

como disse a Sra. Lenilda, muitas coisas que temos, hoje, são conquistas de profissão e de luta.

Queremos relembrar quantos anos temos de carreira, do que nós participamos, e

justamente dizer que a história da educação foi construída pelos educadores. Nós ainda temos que

lutar, mas nós temos uma caminhada consolidada.

E quero dizer que em nenhum momento, aqui, foi colocado que o que temos do

ciclo precisa ser mexido na proposta, ele precisa ser consolidado no que temos para a educação de

qualidade.

A Secretaria de Educação agradece a oportunidade de participar. Nós também

temos alguns pontos já diagnosticados, que precisam de uma intervenção imediata, e estamos

trabalhando para isso. Mas temos também avanços, quando se fala em proficiência, quando se fala

em estrutura, de repente, mais consolidada, mais próxima, e sabemos também em que precisamos

avançar ainda, colocar e atender a comunidade.

Já fomos os professores que saímos atrás do aluno para vir para dentro da escola e

hoje trabalhamos exatamente para garantir esse direito da escola, mas não queremos também

assumir o papel da sociedade, como foi muito bem colocado aqui.

Meus agradecimentos a esta participação, pela oportunidade que nos foi dada e

colocamos a Secretaria de Educação à disposição de Vossas Excelências, professores, colegas

visitantes de outros municípios também, para trocarem ideia conosco e participarem da formação

humana da nossa sociedade.

Obrigada! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado!

Com a palavra, o professor e Prefeito Fábio Martins Junqueira. O Prefeito Fabinho

pediu para fazer as suas últimas considerações.

O SR. FÁBIO MARTINS JUNQUEIRA - Eu fiz algumas anotações, bem rápidas,

sobre tudo que ouvi aqui.

Uma delas é a questão da formação do educador. As nossas universidades não

estão trabalhando na formação do educador em consonância com a realidade educacional que nós

temos no país, por isso, há uma distorção muito grande na hora do professor ir para a sala de aula,

sair da universidade e ir para a sala de aula. É um desencontro muito grande com a realidade e a

parte teórica obtida na universidade.

Outro gargalo que precisa ser trabalhado e que, talvez, dependa de um trabalho

feito pela Assembleia Legislativa, pelos Deputados, em outra instância de poder que é o Congresso

Nacional, Deputados Federais e Senadores, para que haja uma modificação no sistema, não no

sistema educacional apenas.

O Brasil precisa de um novo pacto, o Pacto Federativo que nós temos, hoje, judia

das pessoas. Por que judia das pessoas? Porque é organizado de forma a que todo recurso tributário

Page 52: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 52 - Secretaria de Serviços Legislativos

se centralize nas mãos do Governo Federal, e isso não é de pouca data, não. Isso vem de anos e anos,

olha lá se não remonta ao período imperial.

O fato é que hoje 65% das receitas tributárias deste país estão nas mãos do

Governo Federal; aproximadamente 20% nas mãos dos vinte e sete Estados e, aproximadamente,

15% nas mãos dos 5.560 municípios. Inversamente a isso, nós temos as responsabilidades para o

povo – para atender as necessidades da população – nas mãos dos dois entes que têm o menor

volume de recurso.

A segurança nas mãos, quase que integral, do Estado; a educação, dividida

concorrentemente entre Município e Estado; a saúde, praticamente, nas mãos dos municípios, com

um pouquinho de participação do Estado, e a União muito pouco, em todos os aspectos.

Hoje, nós estamos recebendo informações de que o Sistema Único de Assistência

Social (SUAS) promoverá uma paralisação no país, estão se organizando no país para uma

manifestação dentro dos próximos dias, em virtude de que os recursos do SUAS, estão com meses e

meses de atraso.

Há uma colocação de competências cada vez maiores para os municípios e para os

Estados também, sem a competente repartição tributária. O país só mudará se houver um

chamamento que, inclusive, venha do público para essa repactuação, que passa pela nova divisão

tributária. Enquanto continuar do jeito que estão, não vai mudar muito, porque 25% dos recursos da

educação no município vão continuar sendo os 25% da educação do pouco que os municípios têm;

os 25 % dos Estados, vai continuar sendo o pouco que os Estados têm.

Nós ouvimos a fala do Deputado Wilson Santos dizendo que quase R$

2.000.000.000,00 do orçamento da SEDUC, R$ 1.900.000.000,00 é folha de pagamento. O que isso

demonstra? Isso demonstra que a pactuação tributária que nós temos no país não é suficiente. Não dá

para fazer o que se pretende. É o mesmo problema com o SUS, os valores repassados pelo Governo,

via SUS, para manutenção das unidades de Saúde da Família e outros órgãos da saúde, são

insuficientes para tudo. É vergonhoso, não dá, não dá mesmo para falar que dá para fazer alguma

coisa.

É a mesma coisa na linha da merenda escolar. Um pouquinho para fazer o muito

na merenda. Se faz com esforços das escolas, porque tem também a complementação da família, a

criança não come só na escola, come em casa também. Mas, fora isso, os valores são insuficientes

para desenvolver políticas públicas importantes.

Outra questão, existe uma cifra negra aí, quando falamos que essa nova

sistemática diminuiu a evasão, tem uma cifra negra que não é registrada; ela não é registrada por

conta da aprovação automática, mas continua havendo evasão, sim. Ainda continua havendo evasão

nas escolas, os indicadores estão maquiados – eles estão maquiados –, teria que se modificar.

Eu concordo em gênero, número e grau com a educadora lá da Escola Parecis, de

Campo Novo, Professora Edinéia, a respeito disso. Esses indicadores não estão retratando a

realidade.

Aqui no Município de Tangará da Serra, nós estamos fazendo uma intervenção

pedagógica, um processo de intervenção, para fazermos uma avaliação, porque o Governo criou

Provinha Brasil, Prova ANA e outros mecanismos de avaliação, e nós, aqui, que já tivemos uma

avaliação institucional no passado, estamos retomando essa avaliação com critérios próprios; vamos

avaliar o português, a matemática e outras disciplinas, na série inicial, no fim do ciclo, no meio do

outro ciclo, na série final do Ensino Fundamental, para também termos uma ideia institucional do

que está acontecendo, porque nós não temos controle de quem elabora essas avaliações em nível de

Page 53: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 53 - Secretaria de Serviços Legislativos

Governo Federal, de como são e quais são os critérios para essa avaliação. E aí vem de cima uma

avaliação, não participa do processo, aqui, com o professor. Mede e fala: olha, está muito mal.

Então, vamos tentar avaliar aqui, institucionalmente, local, já fizemos uma primeira avaliação

diagnóstica, tem aí um processo de intervenção e neste ano nós vamos fazer uma avaliação dessas

intervenções, o que é que isso vai nos dar de suporte para avaliar as intervenções que nós temos que

fazer no processo como um todo. Não apenas no aspecto da relação professor-aluno, também na

questão do prédio, das instalações, de todos os aspectos, em todas as áreas.

O que eu acho é que tem que bater duro, que essa divisão tributária tem que ser

modificada, tem que ter um novo pacto federativo, em que os recursos cheguem de verdade nos

Estados e nos municípios, que são os entes da federação que trabalham as políticas públicas, que

executam as políticas públicas propriamente ditas. E nós temos uma relação inversa.

Desculpe ter demorado. (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, Prefeito; muito

obrigado, Professor Fabinho.

Passo a palavra para nossa palestrante, para que ela faça as últimas respostas e as

suas considerações finais. Depois ouviremos os dois Deputados; não sei se o Alfredo ainda quer

falar? (PAUSA)

Com a palavra, a Professora Alvarina.

A SRª ALVARINA DE FÁTIMA DOS SANTOS - A partir da fala da Diretora do

CEFAPRO, eu quero dizer da questão da apropriação da concepção do Ciclo de Formação Humana

e remeter ao seguinte: se é formação humana, não há reprovação, retenção. E aí tem uma confusão

com o Ciclo de Aprendizagem, então, nos nossos estudos precisamos ter claro quais são, realmente,

os conceitos de Ciclo de Formação Humana e no que ele se difere de Ciclo de Aprendizagem.

No Ciclo de Aprendizagem, como já foi pontuado aqui, no primeiro ciclo não tem

a reprovação, mas no último ano de cada ciclo, nos ciclos posteriores, reprovam. Isso é ciclo de

aprendizagem.

No Ciclo de Formação Humana a progressão é continuada, não é automática. E

com os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, nós temos as estratégias que precisam

ser melhor planejadas por nós, que estamos na ação e, também, por quem implementa.

Isso já é discussão de longa data, não é, Edinho? No processo de formação do

CEFAPRO, na formação, principalmente, dos coordenadores pedagógicos, para trabalhar o apoio

pedagógico do articulador que trabalhava, antes, quando tínhamos essa figura no cenário da escola, a

intervenção pedagógica do professor, que já foi pontuado por vocês, o quanto já fazem e, também, a

questão nessa apropriação e o apoio pedagógico, entra também no cenário a superação. Então, se o

aluno ainda precisa de tempo maior para construir a sua aprendizagem, completar o seu processo de

construção de conhecimento no Ciclo de Formação Humana, temos a proposta de superação, na qual

o aluno permanece até um ano para superar as dificuldades que ele tem, que ainda possa apresentar.

Portanto, tem diferenciações.

Outra questão que eu preciso pontuar, é que quando o Prefeito Fábio diz: “Começa

com o ciclo, e os alunos saem do ciclo para a série”... E aí é o cuidado que nós, educadores, temos

que ter com essa questão, porque, se o aluno inicia num processo, ele precisa dar continuidade a esse

processo; e quando passamos de ciclo para série, na mesma escola, nós interrompemos e começamos

outra ideia, interrompendo o ciclo. Então, são coisas que precisamos refletir, do ciclo para a série e

da série para o ciclo. Lembrar que, legalmente, nós precisamos assegurar que o aluno inicie o

processo e termine, nós precisamos da terminalidade.

Page 54: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 54 - Secretaria de Serviços Legislativos

Essa questão acontece em vários municípios: os primeiros anos do ensino

fundamental ficam para a Prefeitura, a Secretaria Municipal e a continuidade no segundo e terceiro

ciclos ficam para o Estado.

Também precisamos refletir sobre o seguinte: você lida com o ensino fundamental

de nove anos, que inicia com seis e termina com quatorze ou quinze. Esse projeto, então, é coletivo?

Município e Estado? Por quê? O aluno não é do Estado ou do Município, ele é aluno do sistema de

ensino de Mato Grosso.

Então, independentemente se a responsabilidade mantenedora é do Município ou é

do Estado, mas esse projeto pedagógico, como é coletivo, precisa ser discutido entre esses gestores

dentro do próprio município. Por quê? Aqui ele está aprendendo uma coisa – vocês mesmos

colocaram isso –, ele está aprendendo uma coisa aqui, não está avançando, porque a escola é seriada.

Aí, pega transferência, muda a modalidade de ensino, porque não reprova, e depois ele não

reprovou, volta para ser enturmado na seriação novamente. E fica assim, nessa baila, de uma escola

para outra, só para resolver a situação, para não ficar reprovado.

Esse projeto precisa ser discutido, enquanto o currículo de escola se desenvolve

naquele município. Às vezes tem diferenças entre campo e cidade, dentro de uma instância que é

essencialmente agrícola, mas para quem mora no setor urbano, o currículo é totalmente diferenciado,

não leva nem em conta a sua própria contextualização, que deveria desenvolver os conteúdos

voltados para a educação do campo, essencialmente agrícola.

Portanto, essas questões que parece que não influenciam muito, aí quando você vai

avaliar currículo e educação, influenciam bastante. Então, quando vamos pensar em currículo

escolar, essa discussão precisa ser ampliada para além do portão da escola, de cada escola. As

escolas precisam se unir nessa discussão e alinhar o currículo que se desenvolve para aquela

localidade, para os seus moradores, e sempre é muito bom. Eu gosto de discutir Ciclo de Formação

Humana, porque se o direito é de todos, nós precisamos segurar nas mãos e assegurar, realmente,

esse direito de todos.

Onde encontrei isso? No início, quando eu me referi, ali, 32 anos de profissão, só

que na organização seriada, a minha turma, na porta, assim... Eu nem conhecia ainda Vygotsky e

Wallon, porque eu fiz magistério, mas em cima da porta da minha sala de aula para crianças de seis

anos, porque ainda não era ensino fundamental, era educação infantil, a plaquinha era sala de

desenvolvimento humano, e eu não conhecia nem Vygotsky, nem Wallon, porque no magistério

minha formação era behaviorista, era comportamental. Mas tinha algumas coisas que na minha

experiência eu não achava bacana, então, eu ficava procurando meios de como ser melhor, e nunca,

mesmo trabalhando na seriada, eu não era favorável, nunca fui favorável à reprovação, eu sempre fui

favorável à produção da aprendizagem, construção de saberes, dentro de uma realidade vivenciada e

que o sujeito fosse ativo nessa realidade.

Acredito e gosto muito da formação humana, mas sempre temos o senso crítico de

avaliar e perceber o que nós, coletivamente, precisamos melhorar. Então, por essa oportunidade de

discutir de novo o Ciclo de Formação Humana, eu agradeço o convite, agradeço essa oportunidade

de estar discutindo com vocês.

Muito obrigada! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Muito obrigado, Professora. Com

certeza a senhora será convidada para novas rodadas. Nós gostamos muito.

Com a palavra, o Sr. Alfredo da SEDUC, que fará, também, suas considerações

finais.

Page 55: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 55 - Secretaria de Serviços Legislativos

O SR. ALFREDO TOMOO OJIMA - Gostaria de anunciar para vocês que na

próxima semana o Secretário de Educação estará aqui em Tangará da Serra, e nessa ocasião ele

aproveitará para conhecer as escolas daqui de Tangará da Serra, e conversará com vocês, com o

pessoal do CEFAPRO, da assessoria pedagógica e das unidades escolares também.

Outro ponto, que quero abordar está relacionado com a questão do Plano

Municipal de Educação. Aqui, em Tangará da Serra, Sr. Prefeito, o Plano Municipal está na fase de

conferência? Esta finalizando? Já tem o documento base e agora vai para conferência? (PAUSA)

A SRª IOLANDA GARCIA - Nós realizamos, aqui, Sr. Alfredo, os eixos

temáticos do plano, por conferências temáticas e está faltando três conferências para finalizarmos o

documento base para a Assembleia Geral.

O SR. ALFREDO TOMOO OJIMA - Esse é um momento muito importante, eu

acho que a participação tanto da rede estadual como da rede municipal é um momento muito

importante para que possamos discutir essas políticas e também essa questão que foi colocada, que

na rede municipal uma parte está ciclada e a outra está seriada, e na estadual está ciclada.

São estratégias que nós temos em nível nacional, em nível estadual e em nível

municipal, e vocês poderão debater e discutir as metas para os próximos dez anos. Então, é

fundamental que haja a participação efetiva dos profissionais, dos diretores, do pessoal do

CEFAPRO, para que possamos enriquecer esse trabalho de articulação com os municípios.

Atualmente, eu estou coordenando, em nível estadual, a elaboração do Plano

Municipal de Educação. Nós estamos, ainda, com um pouco mais de vinte municípios que não

conseguiram fechar o diagnóstico, mas a nossa proposta é que até o dia 24 de junho todos os

municípios tenham os seus planos municipais aprovados, que é um instrumento de planejamento

muito importante para a educação do município e, também, do Estado e do Brasil. É a primeira vez

que nós vamos ter uma articulação de planos municipais, estaduais e o Plano Nacional de Educação,

todos voltados com algumas metas estabelecidas em nível nacional.

Gostaria de reforçar o convite para que vocês participem e, novamente, agradecer a

Assembleia Legislativa, a presença do Deputado Wilson Santos, por trazer essa discussão

qualitativa. É um momento muito importante, porque nós estamos discutindo como nós aprendemos.

Esse é um ponto fundamental, porque nós temos, hoje, estrutura de escola do século XIX, nós temos

professores do século XX e alunos do século XXI. Esses desafios somente serão superados com o

envolvimento de todos, debatendo, discutindo e propondo mudanças.

Muito obrigado! Uma boa-tarde! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Passo a palavra ao Deputado Wagner

Ramos, que foi um dos principais incentivadores para que nós escolhêssemos o polo de Tangará da

Serra, juntamente com o Deputado Saturnino Masson, e vocês estão de parabéns pelos dois

Deputados. Tangará da Serra ficou muito tempo sem deputado, e eu sou do tempo do Jaime Muraro.

Eu estou no meu terceiro mandato, com intervalo de 16 anos. Quem olha para

mim, acha que eu sou novo, eu sou avô de cinco netos, comecei nessa estrada, há muito tempo.

Quando cheguei à Assembleia Legislativa, em 1991, lá estavam os representantes aqui de Tangará

da Serra, que eram o Jaime Muraro e o Porfírio. Eu sou desse tempo, do século passado. Eu não me

lembro de Tangará da Serra, dessa região ter dois Deputados Estaduais de uma vez só. Então, vocês

têm que montar nesses cabras e carcar esporas neles, fazer o resultado aparecer.

O município sofreu muito com aquelas brigas, sai prefeito, entra prefeito, vai

prefeito, bota prefeito, vice-prefeito, presidente da câmara. Eu me lembro muito bem de tudo isso,

até vereador foi assassinado por aqui. Tangará da Serra perdeu muito com aquilo, perdeu muito

Page 56: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 56 - Secretaria de Serviços Legislativos

tempo com aquilo, muitas empresas que queriam vir para cá, foram para Sorriso, Primavera do

Leste, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Lucas do Rio Verde, porque havia um ambiente muito ruim

politicamente. Eu espero que os dois possam juntos somar forças e trazer tudo o que puderem para

Tangará da Serra, porque essa região merece.

Com a palavra, o nobre Deputado Wagner Ramos.

O SR. WAGNER RAMOS - Muito obrigado, Deputado Wilson Santos.

Eu quero cumprimentar a todos os presentes neste evento tão importante e dizer

que hoje, especificamente nesta data, nesta Audiência Pública, nós tiramos vários aprendizados.

Eu quero cumprimentar o Prefeito Fábio Martins Junqueira, que está vivendo um

momento interessante, já que, na próxima semana, é o aniversário da cidade de Tangará da Serra,

Deputado Wilson Santos. Eu quero aproveitar a oportunidade para convidar todos os visitantes aqui,

das cidades vizinhas, para participar conosco das atividades, cumprimentar o representante da

SEDUC e os professores que estão aqui até esse horário, atentamente, acompanhando esta Audiência

Pública, discutindo diversos assuntos.

Nós tiramos um grande aprendizado aqui, por mais que entendamos as

necessidades, as reivindicações que são feitas neste momento, nós temos sempre muito o que fazer

pela educação. E hoje, nesta Audiência Pública, Deputado Wilson Santos, juntamente com o

Deputado Saturnino Masson, nós estávamos na estrada de lá para cá e pensando na quantidade de

pessoas que viriam para esta Audiência Pública. Chegamos a pensar: será que vai ter gente ou não

vai ter, e vemos a qualidade de pessoas que estão aqui hoje, acompanhando esta Audiência Pública.

Então, hoje, é o momento sincero de parabenizá-los. Nós vemos aqui pessoas de

Nova Olímpia, Barra do Bugres, Porto Estrela, Sapezal, Denise, Arenapólis, Campo Novo dos

Parecis, toda a região aqui presente para discutir esse sistema.

A Assembleia Legislativa estará, ao longo de oito Audiências Públicas requeridas

e coordenadas pelo Deputado Wilson Santos, avaliando tudo aquilo que vai ser discutido em todos

os polos, envolvendo praticamente o Estado de Mato Grosso nessa discussão.

Então, também lhe parabenizo, Deputado, pela iniciativa e tenho certeza de que ao

final disso tudo nós vamos encontrar um denominador para que o nosso Governador, Pedro Taques,

possa avaliar qual é o pensamento da sociedade e brigar com o Governo Federal, os Deputados,

Senadores e, principalmente, com a própria categoria, para discutir um futuro melhor para a

educação do nosso Estado. Portanto, parabéns a todos vocês que participaram. Podem ter certeza de

que nós sofremos muito, Deputado Wilson Santos, na gestão passada, com diretor e professor

cobrando melhorias nas salas de aula, na própria escola.

Há situações, aqui em Tangará da Serra, que ocorreram, que o povo pediu para

aumentar o muro da escola, dois metros de altura, porque bandidos estavam indo atrapalhar a sala de

aula, à beira da janela da escola, interferindo, e o professor sem saber o que fazer, para tomar

providências em relação a isso. Então, é um absurdo o que tem acontecido na área da educação e,

principalmente, por falta de investimento do Estado e do Governo Federal.

Eu digo isso acreditando muito no novo modelo de gestão que o Governador Pedro

Taques quer implantar em nosso Estado de Mato Grosso. Ainda é cedo para fazermos as cobranças,

mas tenho certeza de que ao longo desse período ele irá conseguir colocar aquilo que tem em mente

e, com certeza, melhorar o nível educacional no Estado de Mato Grosso.

Muito obrigado a todos.

Parabéns a vocês que permaneceram até agora. (PALMAS)

Page 57: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 57 - Secretaria de Serviços Legislativos

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Passo a palavra ao nosso ex-Prefeito,

decano da Assembleia Legislativa, que fez questão de estar conosco aqui, membro titular da

Comissão de Constituição, Justiça e Redação, daquela Casa; o nosso amigo, Deputado Saturnino

Masson, popular “Satu”.

O SR. SATURNINO MASSON - Quero cumprimentar o Deputado Wilson Santos

e parabenizá-lo por esta Audiência Pública; o Deputado Wagner Ramos; os assessores da SEDUC; o

Prefeito Fabio; cumprimentar a todos e a todas aqui presentes e parabenizá-los porque apesar do

avançado da hora, quase duas, vocês permaneceram, saíram poucas pessoas, isso é importante.

E aqui foi discutido um assunto da mais alta relevância, eu acredito que esse

trabalho vai gerar frutos importantes, não é Deputado Wilson Santos? Porque foi tudo catalogado,

tudo gravado, e em outras audiências foram dessa forma também.

E juntamente agora com técnicos da Secretaria, com a equipe do Governo do

Estado, nós estamos esperançosos que o Governador Pedro Taques irá, sim, com sua equipe... E

também poderá contar com a Assembleia Legislativa, não só com estes três presentes aqui, mas com

os vinte quatros Deputados, para que possamos aprovar projetos importantes para todas as áreas,

para o segmento das indústrias, da infraestrutura, da saúde, que está com muita dificuldade no

Estado, mas, especialmente, para a educação, que é a mola mestra.

Quero me despedir nesta tarde cumprimentando e deixando um abraço a todos.

Coloco-me à disposição dos professores e coordenadores de Tangará da Serra e da região, o nosso

gabinete está à disposição, da mesma forma o Deputado Wilson Santos, o Deputado Wagner Ramos,

o meu gabinete, a minha equipe, minha assessoria está à disposição para receber as demandas, as

cobranças, nós queremos ser um portal desta região. Então, muito obrigado, uma abraço a todos e

que Deus os acompanhe em seu retorno. Obrigado! (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Eu quero fazer algumas

considerações para encerrar esta Audiência Pública.

Primeiro, dizer à professora que ela me ensinou e eu aprendi. Eu não sabia que o

Ciclo de Formação Humana não reprovava, e a senhora fez a correção que é o ciclo de aprendizagem

que faz essa retenção, depois com as salas de superação - estamos sempre aprendendo.

Quero falar um pouquinho que nesses quatorze anos... Na verdade, em Mato

Grosso o Ciclo chegou em 2001, no finalzinho da gestão do Governador Dante de Oliveira; em

Cuiabá chegou em 1998, no meio da gestão do Prefeito Roberto França; e no Brasil chegou primeiro

em Minas Gerais, em São Paulo, em Mato Grosso do Sul, mais ou menos no início dos anos 80.

E por que chegou esse modelo? Chegou com aquele movimento que balançou o

Brasil, da redemocratização, da Lei da Anistia Política, das Diretas Já. Aquele momento, Fabinho,

que o Brasil viveu, para enterrar o regime militar e renascer a democracia. E também os

profissionais da educação embalaram nesse momento histórico e propuseram uma nova escola para

o País. Então, desde o início dos anos 80, a ideia nascida na França, em 1943, influenciada por esses

filósofos, sociólogos, educadores Piaget, Wallon... Todos eles influenciaram uma nova escola para o

mundo.

E o mundo europeu também, ao terminar a segunda guerra, queria um novo

mundo, um novo padrão de relação entre as pessoas. Então, veja você que a educação está sempre

associada às mudanças, sempre associada. Quando os ventos da democracia começam a soprar no

Brasil, os profissionais também querem uma nova escola. E ela vem daí, em alguns Estados e

Municípios mais rapidamente, e em outros mais demoradamente.

Page 58: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 58 - Secretaria de Serviços Legislativos

Quero dizer ao Professor Cesar Guedes – está aí ainda, Cesar? – que lá no Egito

poucos sabiam ler e escrever, os faraós eram analfabetos, só os escribas dominavam a leitura e a

escrita. Aqui, na idade média é o domínio da igreja católica, só os padres, os bispos, os monges

sabiam ler e escrever, e a grande parte da educação no Brasil foi feita pela escola.

A escola laica e republicana demorou muito para surgir, quando ela surge, não

consegue atender a massa, pouquíssimos tinham acesso à educação. Somente agora, no início dos

anos 2000, é que o Brasil universalizou o acesso ao ensino fundamental.

Posso afirmar com segurança que mais de 50% dos jovens brasileiros não

conseguem chegar ao 2º grau. Temos uma das piores taxas de escolaridades da América do Sul, não

estou dizendo do mundo, da América do Sul. Então, o desafio deste país é educação.

A Coreia do Sul, há 40 anos, não era nada, era uma republiqueta de banana.

Singapura, China, tudo isso é capital humano que está se buscando.

Educação pelo amor de Deus!

A soja vai passar, como passou a borracha, como passou a poaia, como passou a

erva-mate, o algodão vai passar, essa produção primária vai passar.

Este Estado é berço das bacias Amazônica e Platina, nascedouro das melhores

águas do país, isto é dinheiro nas mãos de quem sabe, isto é riqueza nas mãos de quem sabe – mas

tem que saber. E quem tem que dar ao povo conhecimento e sabedoria? O Estado! Seja ele

municipal, estadual ou nacional. É a figura do Estado.

E aqui foram faladas frases maravilhosas, esta aqui, do Professor Wagner: “A

educação está penalizando os que mais precisam”.

A classe média alta e os ricos não estão nem aí para a educação pública. Que se

lixem a educação ciclada, seriada, joguem tudo na lata de lixo.

Quanto menos pessoas como nós que viemos das classes “c”, “d” e “e”, tiverem

acesso à educação de qualidade, melhor - não querem nem saber de nós. Querem os nossos filhos

como empregadas domésticas, vigilantes noturnos, açougueiros. Não que essas profissões sejam

demeritórias, mas porque pagam muito pouco. Há uma segregação social, sim, neste país. Eu sou

filho de uma lavadeira e costureira. Só cheguei aonde cheguei, porque a educação me trouxe aqui.

A minha profissão é só professor, eu sou licenciado em ciências de curta duração.

Não sou fazendeiro, não sou médico, não sou empresário, não sou dentista, não sou agrônomo, eu

não sou nada disso. Eu sou professor de 1º grau, do ensino fundamental. Não consegui nem me

formar em licenciatura plena em física. Fiz um semestre e ficou faltando dois semestres.

A educação transforma as pessoas, só Deus e a educação, na minha concepção,

transformam as pessoas.

Antes de ontem, um bugrinho, um indiozinho, lá de Mimoso, todo mundo batendo

palmas para ele, Rondon – dos quatro lados sanguíneos, três são de índios: Guarás, Terenas e

Bororos. É o maior herói deste País! O homem mais homenageado pelo mundo é brasileiro! Tem um

museu, lá em Nova York, daquele filme “Uma noite no museu”, um pedaço é só das coisas de

Rondon. Tem um Estado chamado Rondônia. Tem um meridiano chamado Rondon. Ele foi indicado

duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

Por quê? Porque estudou. Foi ao exército, formou-se como professor de

matemática e ciências; estudou, adquiriu conhecimento; se não estudasse, estava lá no Pantanal até

hoje, como pescador, como vaqueiro.

E não tem tarefa para os políticos neste País – ainda subdesenvolvido em muitos

aspectos – mais importante do que a educação. O resto é enxugar gelo, é enxugar gelo!

Page 59: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 59 - Secretaria de Serviços Legislativos

E quem são os nossos professores? Primeiro, há um ditado que diz que os

professores são os únicos, Deputado Wagner Ramos e Deputado Saturnino Masson, que têm um

lugar garantido no céu, porque ser professor num país deste, para ganhar R$ 1.500,00, R$ 1.600,00,

R$ 1.800,00, tem que ter um lugar reservado no céu.

O professor, Deputado Saturnino Masson, não tem ambição material nenhuma. Ele

já faz uma opção no vestibular, sabendo que aquela profissão não vai lhe enriquecer nunca

materialmente, que ele vai viver a duras penas, criar a sua família num padrão de vida abaixo da

classe média. Quem tem um coração desprendido das riquezas materiais, não é um ser normal.

Tem uma passagem da Bíblia que diz que nenhum rico vai entrar no reino dos

céus: “É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico...” O dinheiro é um

ópio, é uma droga, ele entorpece e droga. E quem tem dinheiro, quer ter mais; eu convivo com essas

pessoas e fico impressionado. Se o cara viver quinhentos anos, não consegue acabar com a grana que

tem, mas ele quer mais, quer mais e quer mais... Quer ir para a Revista Forbes, quer mais um avião,

dois aviões, casa em Paris, casa em Nova York, casa em São Paulo, casa em Brasília... Meu Deus, é

uma loucura! Ele vira escravo do dinheiro e não é o inverso.

Então, um profissional que não tem esse sentimento, Deputado Wagner Ramos e

Deputado Saturnino Masson, ele é diferenciado.

Tivemos uma experiência importante em Cuiabá, nós pegamos Cuiabá na vigésima

primeira posição no IDEB, dentre as vinte e seis capitais do Brasil - Brasília e as vinte e seis capitais

estaduais. Em cinco anos, trouxemos Cuiabá da vigésima primeira posição para a sétima posição no

IDEB.

Como isso foi feito? Nós fizemos um pacto, para começar, com o SINTEP. Eu

entreguei a Subsecretaria da Educação da capital para o SINTEP. Mandaram uns três doidos, lá, para

mim; e nós mais doido ainda, deu doido com doido. Oito anos de gestão, não teve um dia de greve

na educação de Cuiabá, nem meio dia de greve, mas triplicamos o piso em Cuiabá.

Todos os professores ganharam computadores – não desse “canhaim, canhaim”

que você mostrou aqui, esse é “canhaim, canhaim” – e computadores de última geração, do Grupo

Itaú, que ganhou a concorrência. Eu comprei dois mil computadores, todos os dois mil professores

em sala de aula receberam computador.

Sabe como eu fiz, Prefeito Fábio? Eles pagavam um terço do computador e a

Prefeitura dois terços, e ficava como patrimônio do professor. Se o senhor quiser, inclusive, eu

tenho o contrato para passar. Esse é o mínimo, não dá para dar aula mais sem ter pelo menos um

computador, não tem mais como, meu filho, um professor não ter um computador, tem que ter de

última geração. Isso é investir, não é gastar, é investir em capital humano. Ele vai ter acesso a filmes,

vai ter acesso a mapas, a dados estatísticos, tudo ali reunido, não precisa ir à biblioteca atrás de

livros, igual doido.

Criamos oito programas pedagógicos – e o Alfredo falou aqui, oito – para a

disciplina de matemática, que é o bicho papão. Criamos um programa chamado “Matemática, qual é

o problema?”. Para o professor, não é para o aluno, não. Fizemos rodas de conversa...

Eu pegava a região de Cuiabá e reunia trinta a quarenta professores de matemática,

a tarde inteira, e eu junto com eles. Como você ensina essa equação do segundo grau? Como é que

você trabalha tabuada? Aquele mais adiantado dividia com os demais colegas a sua experiência de

sucesso, rodas de conversa aos sábados pela manhã, aos sábados à tarde.

Para a educação no campo, criamos uma metodologia própria, específica. Cuiabá

tem vinte e quatro escolas da rede na zona rural, são quase cinquenta mil alunos em Cuiabá.

Page 60: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 60 - Secretaria de Serviços Legislativos

Esse garoto com deficiência física e mental, nós viramos referência do MEC

Nacional. Pegamos com aproximadamente sessenta crianças e deixamos com mais de oitocentas

crianças.

A elite cuiabana, que tem filhos com deficiência física ou mental, tirou os seus

filhos das escolas filantrópicas e privadas e trouxe para a rede municipal. Lá, eu tinha um TDI, um

técnico em desenvolvimento infantil, para cada criança que necessitava, por sala.

E o que é que acontecia com aquele menino com deficiência? Ele crescia, porque

os mais habilitados o puxavam para crescer e passavam a ver que o mundo não era perfeito. E não é

porque ele não anda que não pode pensar, que não pode dar um sorriso, um abraço, um beijo

gostoso, ser feliz também. Já desde cedo os sãos fisicamente, mentalmente, convivendo com a

diversidade, com o diferente e respeitando as diferenças.

Ganhamos um prêmio nacional, África Brasil/2009, a melhor política de promoção

de igualdade racial de órgãos públicos do Brasil. Melhor do que a do Ministério, das Secretarias de

Estado, foi a de Cuiabá.

O que é que eu fiz? Cumpri a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB). O que é que Darcy Ribeiro pôs lá na LDB, como relator? Tem que ter no ensino fundamental

conteúdo programático sobre a África. Capacitamos duzentos professores da rede municipal, depois

eles voltaram para a sala de aula, ensinando história e cultura da pátria-mãe.

Além de levar conhecimento, sabe o que isso provocou? Reduziu a quase zero a

taxa de discriminação racial entre os coleguinhas, porque eles passaram a saber que muitos que

vieram na condição de escravos eram engenheiros, médicos e generais de exército na África; dotados

de inteligência privilegiada; preparados fisicamente e emocionalmente; e produziram essa cultura

multirracial que é o Brasil.

Prêmio nacional! Ganhamos o Prêmio da Fundação Privada Abrinq “Prefeito

Amigo da Criança”. O único Prefeito do Centro-Oeste, o único de Mato Grosso, quatro anos de

avaliação.

E eu resolvi voltar à política motivado principalmente pela educação. Educação não

tem partido – “PA”, “PB”, “PC”. Da mesma forma que criticamos alguns momentos da postura

dessa igreja, daquela igreja e daquela; partido também um dia está aqui, outro dia já sumiu,

desapareceu, acabou, fundiu.

Educação está acima de qualquer partido, educação está acima da prefeitura, a

educação é mais importante do que o Prefeito e do que a Prefeitura, tudo junto. Educação é mais

séria do que o Governador, do que o Presidente, muito mais séria. A figura do Estado é abstrata, a

figura do País é abstrata. O que existe é o município de fato. A educação é mais séria do que

qualquer dessas coisas.

Deixei Cuiabá com o segundo maior piso do Brasil. Quando saí de lá, há cinco

anos, o piso para 20 horas era R$ 1.700,00, só perdia para Campo Grande naquele momento.

Eu fiz algumas observações e fiquei feliz quando o Sr. Alfredo anunciou o

concurso este ano, tem que ser anual. Por quê? Porque o professor, que é contratado... Eu fui

interino, entrei em 1981, no Governo Frederico Campos. Dei aula na Escola Estadual de 1º e 2º

Graus Eurico Gaspar Dutra, no Porto, antigo Ginásio Brasil. Eu fui interino, fiquei oito meses sem

receber – assim que era, não sei se ainda é. Se ainda é, eu vou dar uma paulada em você, Alfredo.

Vamos ver se muda neste Governo nosso - é brincadeira... Fiquei trabalhando oito meses sem

receber, depois recebi um monte de dinheiro também.

Page 61: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 61 - Secretaria de Serviços Legislativos

Professora Alvarina, esse é outro problema que não foi falado aqui, o professor

contratado. E aí um absurdo, mais de 50% dos docentes da rede estadual, mais de 50% são

contratados. Jogar campeonato com garoto amador não dá, meu filho. Mais de 50% da rede estadual

de docentes é constituída por professores contratados.

O rapaz que faz engenharia, dá aula de geografia. Outro faz lá arquitetura: “Só

sobrou história, vai lecionar história”... E ele começa no ciclo, ele dá aula no primeiro ano e pinta

um emprego melhor, um estágio, ele abandona tudo e vai embora.

Então, a maioria dos contratados são voláteis. No máximo, ele dá aulas, um ano no

ciclo, como disse a professora. No ciclo tem que haver, pelo menos no primeiro, a dedicação

exclusiva. Os professores que começarem, têm que trabalhar os três anos do ciclo. Então, Alfredo,

essa questão do contrato, eu vou perturbá-los lá.

Nós teremos que fazer concurso todos os anos. É claro que sempre haverá um

espaço para o contratado, porque é um segmento que é tocado, muito mais, pelas mulheres. Boa

parte, ainda, muito moça, jovem, tem muita gravidez, e você tem que vir com a contratação. Sempre

haverá espaço para o contratado, mas não pode o contratado ser a maioria, o rabo balançar o

cachorro. Aí, é uma loucura. Então, professor Fábio, o Vereador Fábio já foi embora? (PAUSA)

Ficou bravo comigo por falar.

Sabe por que o Ciclo não prestou? Eu falo sempre para a minha mulher: hoje, eu

amo você mais do que no dia em que te conheci, mais do que no dia em que me casei, porque o

tempo nos ensinou, sofremos muito. Filho doente, ali, aquelas noites, juntos, fomos aprendendo,

convivendo com os defeitos, aceitando, fomos virando um só.

A escola ciclada foi empurrada goela abaixo, foi o meu Governo que fez isso, o

então Governo Dante de Oliveira. Nós nos enamoramos, nós não conquistamos. Os professores não

foram consultados, não foram avisados, não foram preparados, tiveram que aceitar uma imposição

do Estado: “a partir de amanhã acabou a escola seriada, joguem os seus diários todos fora; agora,

mudou tudo, agora é escola ciclada”.

Nunca fizeram um seminário, uma capacitação de cem horas, uma capacitação de

duzentas horas, mil horas. “Ninguém me avisou, que loucura é essa?” Então, houve uma imposição

autoritária do modelo ciclado e paradoxalmente é até irônico, porque é uma forma muito mais

democrática de ensinar, mas a forma de introduzir a escola ciclada foi autoritária.

Se você for dar um colar de pérolas a sua mulher: “Pega aí, comprei para você”...

O encaminhamento, às vezes, é tão ou mais importante que a substância.

Eu já vi pessoas comprando, Deputado Saturnino Masson, presente de aniversário,

anel, colar de ouro... Aí chega: “Amor, hoje é seu aniversário...” Já vi o cara comprar suspiro,

colocar na caixa, colocar papel celofane, fazer a fitinha e o cartão: “Você será sempre...” A mulher

desmancha! “Eu ia passando ali e peguei essa flor para você, meu bem”. A forma de encaminhar as

coisas também é importante na vida.

Você falar com o seu filho no meio de pessoas ou reservadamente... Tudo tem o

seu momento, o seu jeito de acontecer. Infelizmente, a escola ciclada foi imposta a fórceps, e é claro

que ninguém gosta.

A maioria dos professores, a maioria é contra, é antipática, em que pese com o

passar do tempo reconhecer teoricamente que é um avanço, que é a modernização.

Agora, Alfredo, nós não vamos, em minha concepção, atingir os objetivos da

escola ciclada, do Ciclo de Formação Humana ou mesmo do Ciclo de Formação de Aprendizagem,

se nós não dermos o pneu e o motor para o carro andar. Pega o carro e fala: “Está aqui este carro, vai

Page 62: LEI N° DE DE DE 1999. - al.mt.gov.br... Hino Nacional Brasileiro. (EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO.) O SR. PRESIDENTE (WILSON SANTOS) - Convido para compor também conosco

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA DEBATER O CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA,

IMPLANTADO NO ESTADO DE MATO GROSSO, REALIZADA NO DIA 07 DE MAIO DE

2015, ÀS 09 HORAS, EM TANGARÁ DA SERRA.

Pág. 62 - Secretaria de Serviços Legislativos

lá em São Paulo para mim; só que está faltando o motor e os quatros pneus”... Como é que você vai

sair daqui, filho?

É mais ou menos a visão que tenho, nós precisamos introduzir as salas de

superação, nós precisamos fazer os concursos anualmente, fazer disso uma regra. Nós precisamos

melhorar os salários, nós precisamos manter a boa relação com o sindicato que representa todos os

profissionais de educação, nós precisamos arrumar mais dinheiro para educação. Além de arrumar

mais fontes de financiamento, nós temos que melhorar a qualidade do gasto, aumentar a autonomia

administrativa e financeira das escolas, avançar na gestão democrática, ouvir mais os alunos. O alvo

não é o professor, não; a escola nasceu em razão do aluno, o aluno que é alvo, ele que é o objetivo, o

objetivo é o aluno.

Quero agradecer a todos e dizer que fiquei até emocionado com uma fala de uma

pessoa, porque a educação é seria, Senhores, não tem nada mais importante que educação.

Eu termino nossa Audiência Pública e convido a todos a ficarem em pé para

cantarmos o Hino de Mato Grosso.

Encerro com a frase daquele grande empresário, que nunca foi educador, Antônio

Ermírio de Moraes, que escreveu um livro com o seguinte título: “Educação, pelo amor de Deus!”

Muito obrigado, Tangará da Serra! Valeu a presença.

(EXECUÇÃO DO HINO DE MATO GROSSO.)

Equipe Técnica:

- Taquigrafia:

- Amanda Sollimar Garcia Taques Vital;

- Ariadne Fabienne e Silva de Jesus Carvalho;

- Cristiane Angélica Couto Silva Faleiros;

- Cristina Maria Costa e Silva;

- Dircilene Rosa Martins;

- Donata Maria da Silva Moreira;

- Isabel Luíza Lopes;

- Luciane Carvalho Borges;

- Tânia Maria Pita Rocha.

- Revisão:

- Verenice Correa de Moraes da Costa.