Lei PE 15.226 Código de Proteção Animal

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Lei N 15226 DE 07/01/2014

Publicado no DOE em 8 jan 2014

Institui o Cdigo Estadual de Proteo aos Animais, no mbito do Estado de Pernambuco.

O Governador do Estado de Pernambuco:Fao saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPTULO IDAS DISPOSIES GERAIS

Art. 1 Institui o Cdigo Estadual de Proteo aos Animais, estabelecendo normas para a proteo dos animais no Estado de Pernambuco, visando a compatibilizar o desenvolvimento socioeconmico com a preservao ambiental, em consonncia com o que dispe o art. 32, da Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e demais dispositivos aplicados espcie.

Art. 2 vedado:

I - ofender ou agredir fsica e psicologicamente os animais, sujeitando-os a qualquer tipo de experincia capaz de causar sofrimento fsico ou emocional, ou dano, bem como as que criem condies inaceitveis de existncia;II - manter animais em local desprovido de asseio ou que lhes impeam a movimentao, o descanso ou os privem de ar e luminosidade natural;III - obrigar animais a trabalhos exorbitantes ou que ultrapassem sua fora;IV - exercer a venda de animais em ambiente pblico, exceto em pet shops, com a referncia dos canis de origem e laudo veterinrio comprovando a sade do animal, quando for o caso;V - enclausurar animais com outros que os molestem ou aterrorizem;VI - sacrificar animais com venenos ou outros mtodos no preconizados pela Organizao Mundial da Sade - OMS e Organizao Mundial de Sade Animal - OIE e regulamentados pelo Conselho Federal de Medicina Veterinria nos programas de profilaxia da raiva, da leishmaniose ou qualquer outra zoonose de risco fatal.

CAPTULO IIDOS ANIMAIS SILVESTRESSeo IFauna Nativa

Art. 3 Consideram-se espcies da fauna nativa do Estado de Pernambuco as que so originrias deste Estado e que vivam de forma selvagem, inclusive as que esto em migrao, incluindo-se as espcies de peixes e animais marinhos da costa pernambucana.

Art. 4 Os animais silvestres de qualquer espcie, em qualquer fase de seu desenvolvimento, bem como os seus ninhos, ovos e abrigos, so considerados bens de interesse comum do Estado de Pernambuco, exercendo-se este direito respeitando os limites que a legislao estabelece.

Seo II

Fauna Extica

Art. 5 A fauna extica compreende as espcies animais no originrias do Estado de Pernambuco que vivam em estado selvagem.

Art. 6 Nenhuma espcie poder ser introduzida no Estado de Pernambuco sem prvia autorizao de rgo(s) competente(s).

Art. 7 Todo vendedor de animais pertencentes fauna extica dever possuir certificado de origem e licena de importao fornecida pela autoridade responsvel.

Pargrafo nico. No caso de o vendedor ou possuidor no apresentar a licena de importao, ser(o) confiscado(s) o(s) animal(is) e encaminhado(s) ao rgo competente deste Estado que tomar as providncias necessrias.

Seo IIIDa Pesca

Art. 8 So de domnio pblico todos os animais e vegetao que se encontrem nas guas dominiais.

Art. 9 Toda alterao no regime dos cursos de gua, devido a obras, implicar em medidas de proteo que sero orientadas e fiscalizadas por entidade estadual competente.

CAPTULO IIIDOS ANIMAIS DOMSTICOSSeo IDos Animais de Carga

Art. 10 . Ser permitida a trao animal de instrumentos ou veculos agrcolas e industriais, somente pelas espcies bovinas, equinas e muares dentro das especificaes de porte e peso suportado pelas espcies.

Art. 11. Os proprietrios ficam obrigados a realizar o cadastramento de animais de carga no rgo definido em decreto do Poder Executivo e devem se submeter s exigncias da legislao de defesa sanitria especfica para cada espcie de animal.

Art. 12. vedado:

I - atrelar animais de diferentes espcies no mesmo veculo;II - utilizar animal cego, enfermo, extenuado ou desferrado em servio, bem como castig-lo;III - fazer viajar animal a p por mais de 10 (dez) quilmetros sem lhe dar descanso;IV - fazer o animal trabalhar por mais de 4 (quatro) horas seguidas sem lhe dar descanso, gua e alimento;V - locomoo e uso de animais para fi ns de trao animal em vias urbanas de grandes cidades no mbito do Estado de Pernambuco;VI - manter os animais soltos em estradas e vias urbanas.

Seo IIDo Transporte de Animais

Art. 13 . Todo o veculo de transporte de animais dever estar em condies de oferecer segurana, proteo e conforto adequados ao animal.

Art. 14. vedado:

I - transportar em via terrestre por mais de 12 horas seguidas sem o devido descanso;II - transportar sem a documentao exigida por lei;III - transportar animal fraco, doente, ferido ou em adiantado estado de gestao, exceto

para atendimento de urgncia.

CAPTULO IVDOS SISTEMAS INTENSIVOS DE ECONOMIA AGROPECURIA

Art. 15 . Consideram-se sistemas intensivos de economia agropecuria os mtodos cuja caracterstica seja a criao de animais em confinamento, usando para tal fim um alto grau de tecnologia que permita economia de espao e trabalho, e o rpido ganho de peso.

Art. 16. Ser passvel de punio toda a empresa que utilizar o sistema intensivo de economia agropecuria que no cumprir os seguintes requisitos:

I - os animais devero receber gua e alimento, atendendo-se, tambm, s suas necessidades psicolgicas, de acordo com a evoluo da cincia, observadas as exigncias peculiares de cada espcie;II - os animais devem ter liberdade de movimento de acordo com as suas caractersticas morfolgicas e biolgicas;III - as instalaes devem atender s condies ambientais de higiene, circulao de ar, iluminao e temperatura.

Pargrafo nico. No ser permitida, em nenhuma hiptese, a engorda de aves, sunos e outros animais por processos mecnicos, qumicos e outros mtodos que sejam considerados cruis.

CAPTULO V

DOS ANIMAIS DE LABORATRIO

Seo I

Da Vivisseco

Art. 17. Considera-se vivisseco os experimentos realizados com animais vivos em centros de pesquisas.

Art. 18. Os centros de pesquisas devero ser devidamente registrados nos rgos competentes e tero que possuir um Mdico Veterinrio como responsvel tcnico.

Art. 19. proibida a prtica de vivisseco sem uso de anestsico, bem como a sua realizao em estabelecimentos escolares de ensino fundamental e mdio.

Pargrafo nico. Os relaxantes musculares parciais ou totais no sero considerados anestsicos.

Art. 20. Com relao ao experimento de vivisseco proibido:

I - realizar experincias com fins comerciais, de propaganda armamentista e outros que no sejam de cunho cientfico humanitrio;II - utilizar animal j submetido a outro experimento ou realizar experincia prolongada com o mesmo animal.

Art. 21. Nos locais onde est autorizada a vivisseco, dever constituir-se uma comisso de tica, composta por, no mnimo, 03 (trs) membros, sendo:

I - um (01) representante da entidade autorizada;II - um (01) veterinrio;III - um (01) representante da sociedade protetora de animais.

Art. 22. Compete comisso de tica fiscalizar:

I - a habilitao e a capacidade do pessoal encarregado de prestar assistncia aos animais;II - se esto sendo adotados os procedimentos para prevenir dor e o sofrimento do animal, tais como aplicao de anestsico ou analgsico;III - denunciar ao rgo competente qualquer desobedincia a esta Lei.

Art. 23. Todos os centros de pesquisas devero possuir os recursos humanos e materiais necessrios a fi m de zelar pela sade e bem-estar dos animais.

CAPTULO VI

DAS DISPOSIES FINAIS

Art. 24 . Para a imposio e gradao das penalidades referentes s infraes definidas nesta Lei sero considerados:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infrao e suas consequncias para a sade e o bem estar do animal;II - as circunstncias atenuantes ou agravantes;III - os antecedentes do infrator, quanto ao descumprimento da legislao de crimes ambientais com relao matria;IV - a situao econmica do infrator, no caso de multa, podendo esta ser substituda por trabalho no mbito da causa animal.

Art. 25. Sem prejuzo da obrigao do infrator reparar o dano por ele causado ao animal e da aplicao das sanes civis e penais, as infraes indicadas nesta Lei sero punidas, isoladas ou cumulativamente, com as seguintes sanes administrativas:

I - advertncia por escrito;II - multa simples, que variar de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais);III - multa diria, no caso de no cessao dos maus tratos;IV - resgate dos animais pelos rgos competentes e apreenso de produtos e subprodutos, instrumentos, apetrechos, equipamentos e veculos de qualquer natureza, utilizados na infrao.

1 Nos casos de reincidncia especfica, caracterizados pelo cometimento de nova infrao, da mesma natureza e gravidade, a multa corresponder ao dobro da anteriormente imposta.

2 Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infraes, sero aplicadas, cumulativamente, as sanes a elas cominadas.

3 As penalidades previstas neste artigo podero ser aplicadas cumulativamente com a penalidade de multa.

Art. 26. O Poder Executivo definir o rgo estadual encarregado de fiscalizar o cumprimento das disposies desta Lei.

Art. 27. O Poder Executivo regulamentar a presente Lei.

Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

Palcio do Campo das Princesas, Recife, 07 de janeiro do ano de 2014, 197 da Revoluo Republicana Constitucionalista e 192 da Independncia do Brasil.

EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOSGovernador do EstadoFRANCISCO TADEU BARBOSA DE ALENCARTHIAGO ARRAES DE ALENCAR NORES

O projeto que originou esta Lei de autoria da Deputada Terezinha Nunes - PSDB.