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LEIRifi-FfiTIMfl - leiria-fatima.pt · LEIRifi-FfiTIMfl Órgão Oficial da Diocese Ano V • N. Q 15 • Setembro Dezembro 1997 DIRECTOR AMÉRICO FERREIRA CHEFE DE REDACÇÃO CARLOS

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LEIRifi-FfiTIMfl Órgão Oficial da Diocese

Ano V • N. Q 15 • Setembro� Dezembro 1997

DIRECTOR AMÉRICO FERREIRA

CHEFE DE REDACÇÃO

CARLOS CABECINHAS

ADMINISTRADOR HENRIQUE DIAS DA SILVA

CONSELHO DE REDACÇÃO BELMIRA DE SOUSA

JORGE GUARDA LUCIANO CRISTINO

MANUEL MELQUÍADES SAULGOMES

PERIODICIDADE QUADRIMESTRAL

PROPRIEDADE E EDIÇÃO DIOCESE DE LEIRIA-FÁTIMA

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO SEMINÁRIO DIOCESANO DE LEIRIA

2410 LEIRIA • TELEF. (044) 832760

ASSINATURA ANUAL-2.000$00

BOQ Aniversário das Aparições de Fátima . . . . . . . . . 163

Mensagem de Natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 166

Caminhada Sinodal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167

O Espírito Santo e os Presbíteros . . . . . . . . . . . . .... . . . . . . 173

A ctos Epis copais . . . . . . . ... . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... . . . . . . . . 193

Regulamento da Administração de bens. . . . . ...... 199

Comuni cado do Conselho Presbiteral . . . . . . ... . . . . . . 201

Vida Eclesial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203

Relatórios de A ctividades de 1996 I 1997........... 207

São Simão de Litém. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. ............. 231

MENSAGEM PONTIFÍCIA

80º ANIVERSÁRIO DAS APARIÇÕES DE FÁTIMA

Venerável Irmão D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva

Bispo de Leiria-Fátima

Fraternas saudações em Cristo Senhor!

O octogésimo aniversário daquele dia 13 de Outubro de 1917, quando h ou v e no céu a prodigiosa "dança do sol", torna­-se ocasião propícia para me dirigir em espírito, dada a impos­sibilidade de o fazer fisicamente, até esse Santuário com uma prece à Mãe de Deus pela preparação do povo cristão - e de algum modo da humanidade inteira - para o Grande Jubileu do Ano 2000, e com um apelo às famílias e comunidades ecle­siais para a reza diária do Terço.

Às portas do Terceiro Milénio, olhando os sinais dos tem­pos neste século XX, Fátima conta-se certamente entre os maiores, até porque anuncia na sua Mensagem e condiciona à vivência dos seus apelos muitos dos restantes que lhe sobre­vieram; sinais como as duas guerras mundiais, mas também grandes assembleias de Nações e povos sob o signo do diálo­go e da paz; a opressão e convulsões sofridas por diversas Na­ções e povos, mas também a voz e a vez dadas a populações e gentes que entretanto se levantaram na Arena Internacional; as crises, deserções e tantos sofrimentos nos membros da Igre­ja mas também uma renovada e intensa sensação de solida­riedade e mútua dependência no Corpo Místico de Cristo, que se vai consolidando em todos os baptizados, segundo a respec­tiva vocação e missão; o afastamento e abandono de Deus da parte de indivíduos e sociedades, mas também uma irrupção do Espírito da Verdade nos corações e nas comunidades ten­do--se chegado à imolação e ao martírio para salvar a imagem

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80• ANIVERSÁRIO DAS APARIÇÕES DE FÁTIMA -----------

e semelhança de Deus no homem (cf. Gn 1, 27), para salvar o homem do homem. De entre estes e outros sinais dos tempos, como dizia, sobressai Fátima, que nos ajuda a ver a mão de Deus, Guia providente e Pai paciente e compassivo também deste século XX.

Lendo, a partir de Fátima, o afastamento humano de Deus, convém recordar que não é esta a primeira vez que Ele, sentindo-Se rejeitado e repelido pelo homem, deixa a sensa­ção, no respeito da liberdade dos homens, de afastar-Se com o consequente obscurecimento da Vida, que faz cair a noite so­bre a História, mas depois de providenciar um abrigo. Já as­sim aconteceu no Calvário, quando Deus humanado, pela mão dos homens, foi crucificado e morreu. E que fez Ele? Depois de ter invocado a clemência do Céu com as palavras "perdoa-lhes, ó Pai, porque não sabem o que fazem" (Lc 23, 34), entregou a humanidade a Maria, Sua Mãe: "Mulher, eis aí o teu filho" (Jo 19, 26). Uma leitura simbólica deste quadro evangélico permi­tiria ver espelhada nele a cena final da experiência, conheci­da e frequente, do filho que, sentindo-se incompreendido, confuso ou revoltado, abandona a casa paterna para se aden­trar na noite . . . E é o xaile da mãe que o vem cobrir no sono frio, pondo remédio ao desespero e à solidão. Sob o Manto mater­nal que, de Fátima, se estende a toda a terra, a humanidade sente voltar-lhe a saudade da Casa do Pai e do Seu Pão (cf. Lc 15, 17). Amados peregrinos, como se pudésseis abraçar toda a humanidade, peço-vos que, em seu nome e por ela, digais: "À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus. Não des­prezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai­-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita".

"Mulher, eis aí o teu filho!" Assim falou Jesus a Sua Mãe, pensando em João o discípulo amado que se achava, ele tam­bém, ao pé da cruz. A cruz, quem a não tem?! Carregá-la dia a dia, seguindo os passos do Mestre, é condição que o Evan­gelho nos impõe (cf. Lc 9, 23), certamente como uma bênção

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----------- 800 ANIVERSÁRIO DAS APARIÇÕES DE FÁTIMA

de salvação (cf. 1 Cor 2, 24). O segredo está em não perder de vista o Primeiro Crucificado, a Quem o Pai respondeu com a glória da ressurreição, e que abriu esta peregrinação de bem­-aventurados. Essa contemplação tomou a forma simples e eficaz da meditação dos mistérios do Terço, consagrada po­pularmente e recomendada com grande insistência pelo Ma­gistério da Igreja. Caríssimos irmãos e irmãs, rezem o Terço todos os dias! Peço encarecidamente aos Pastores que rezem e ensinem a rezar o Terço nas suas comunidades cristãs. Pa­ra o fiel e corajoso cumprimento dos deveres humanos e cris­tãos próprios do estado de cada um, ajudai o Povo de Deus a voltar à recitação diária do Terço, esse doce colóquio de filhos com a Mãe que receberam em sua casa (cf. Jo 19, 27).

Associando-me a esse colóquio e fazendo minhas as ale­grias e as esperanças, as tristezas e as angústias de cada um, saúdo fraternalmente quantos tomam parte, física ou espiri­tualmente, nesta peregrinação de Outubro, invocando para todos, mas de modo especial para os doentes, o conforto e a fortaleza de Deus, para aceitarem completar na sua carne o que falta aos sofrimentos de Cristo (cf. Col 1, 24), recordados daquele "mistério tremendo e nunca suficientemente medita­do" de que "a salvação de um grande número de almas depen­de das orações e mortificações voluntárias, suportadas com essa intenção, dos membros do Corpo Místico de Jesus Cris­to, e da obra de colaboração que os Pastores e os fiéis, espe­cialmente os pais e mães de família, devem prestar ao nosso divino Salvador" (PIO XII, Enc. Mystici Corporis, 1ª parte, II­-22º §). A todos, Pastores e fiéis, sirva de encorajamento a mi­nha Bênção Apostólica.

Vaticano, 1 de Outubro de 1997.

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MENSAGEM DE NATAL (Excertos)

Este ano de 1997, na perspectiva do Grande Jubileu do 3.0 milénio da era cristã, dá início a um tempo mais aberto ao Espírito Santo. É um novo e providencial apelo a que não nos deixemos subjugar pelo materialismo, nem contaminar por febres hedónicas e loucas. Lembra que devemos viver pe­lo Espírito e à luz do Espírito, para que todos os outros va­lores tenham mais sentido e façam mais comunhão.

Para o ano de 1998, em que se comemora o 50.0 aniver­sário da declaração universal dos direitos do homem, o Pa­pa João Paulo II escolheu o tema seguinte: "Da justiça de cada um nasce a paz para todos". Quer dizer que o direito é simultaneamente um dever, a paz nasce do ser e do relacio­nar-se de cada um. Respeitada integralmente a dignidade humana, floresce a paz dentro da pessoa e entre as pessoas. Sem excepções nem exclusões.

Estamos em Sínodo, o que equivale a dizer em renova­ção de pessoas e de serviços. Já muito se tem feito, com ba­se nos imperativos da "Exortação Sinodal". Desejamos fazer mais e melhor. Para bem de todos. O nosso Sínodo pretende ser exame de consciência e conversão, ao mesmo tempo que planificação e acção para um melhor futuro, que é um pre­sente continuado.

Cremos e queremos que todas as pessoas de boa vonta­de, especialmente os mais novos, se empenhem consciente­mente nesta tarefa comum de acrescentar valor à vida e de partilhar fraternalmente todos os valores. Para que, na Li­berdade e na Verdade, sejamos todos obreiros de uma socie­dade mais justa e mais feliz.

Que o Menino da Alegria e da Paz nasça no coração de todas as gentes!

Leiria, 30 de Novembro de 1997, 12 Domingo do Advento

t D. SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA

Bispo de Leiria-Fátima

CAMINHADA SINODAL Conselho Pastoral Diocesano reflecte sobre o Sí­

nodo

Na sua sessão de 14 de Junho, o Conselho Pastoral Dio­cesano incluiu na sua agenda a informação e reflexão sobre a caminhada sinodal. O Coordenador-Geral informou que se es­tava a trabalhar na redacção dos guiões para a reflexão em grupo e na elaboração de um projecto para possibilitar a par­ticipação das crianças. Os conselheiros falaram das iniciativas nas respectivas vigararias e sectores pastorais. Salientaram algumas actividades que revelam algum esforço de caminhar juntos entre paróquias e nos movimentos, mas observaram também haver uma quebra na dinâmica. Tomando consciên­cia da natural lentidão do processo de renovação, o Conselho concluiu serem necessários projectos, decisões, activar alguns serviços vitais e detectar líderes e animadores, que sejam ca­pazes de conduzir toda a comunidade.

Clero reflecte sobre o Espírito e o Sínodo

"O Espírito Santo, os presbíteros e o momento presente da caminhada sinodal" foi um dos temas abordados no Cur­so de Formação Permanente do Clero da Diocese de Leiria­-Fátima, que teve lugar em Fátima, de 23 a 27 de Setembro, com cerca de 56 padres.

Na sua intervenção, o Coordenador-Geral do Sínodo, padre Jorge Guarda, convidou os participantes a observa­rem os sinais e sintomas de esperança e de preocupação na Diocese. Depois, constatando o ambiente de insatisfação e as dificuldades devidas às resistências várias e à escassez de pessoas e meios adequados, o que pode gerar o desânimo em quantos têm a responsabilidade de guiar e animar a ca­minhada sinodal, propôs-se responder à questão: "podemos continuar a ter esperança?".

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CAMINHADA SINODAL

A resposta veio da leitura e meditação de um texto bíbli­co que relata uma experiência de caminhada do povo de Deus no deserto. Como Deus respondeu a Moisés e ao povo, multi­plicando o dom do Espírito e concedendo-o a outros, assim os padres podem ter confiança de que também têm a assistên­cia do mesmo Espírito Santo nas tarefas que lhes compete desenvolver e nas dificuldades do presente.

Da experiência de Moisés foram salientadas algumas atitudes que são fundamentais, também hoje, no trabalho pastoral: assumir-se como guia de um povo em caminho; ter a percepção profunda da realidade que yive o povo e sentir compaixão por ele; invocar o Espírito e acolher a Sua luz e os Seus dons, para ir ao encontro das necessidades das pes­soas; acolher e valorizar os acontecimentos e sinais sur­preendentes, para descobrir vias novas para servir o povo em nome de Deus; partilhar responsabilidades, multiplican­do os ministérios; informar-se e informar os fiéis sobre o an­damento da caminhada comum.

Dia da Diocese

No dia 5 de Outubro celebrou-se o Dia da Igreja Dioce­sana. Este ano, com motivo especial de festa: a inauguração do novo Órgão da Sé.

No entanto, o Bispo lembrou aos sacerdotes que este dia diocesano deveria, também, ser celebrado nas comunidades "a fim de retomar e reforçar a caminhada sinodal".

Nesse sentido, a Comissão Central do Sínodo elaborou uma série de propostas para as celebrações litúrgicas para esse domingo: festa de acolhimento às crianças da cateque­se; homilia sobre o Sínodo; compromisso dos catequistas e responsáveis da pastoral; comunicado, pelo delegado, da ca­minhada sinodal feita pela paróquia; anúncio dos novos guiões; Oração Universal específica.

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CAMINHADA SINODAL

Novos guiões- "Só com Deus podemos caminhar"

Os novos guiões para a reflexão em grupos ficaram con­cluídos a meados de Outubro.

Estes guiões, um geral e outro mais específico para os jo­vens, têm como título "Só com Deus podemos caminhar", e apresentam o tema "Os sinais de Deus na vida dos homens de hoje", que foi a provado pela Assembleia Sinodal, na sua 1 ª ses­são. Ambos abordam a mesma temática. O dos Jovens trata­-a com uma dinâmica diferente, mais ao seu estilo e com especial preocupação por utilizar a sua linguagem própria.

Os seus objectivos, tal como propôs a dita Assembleia e está patente na Exortação do Bispo Diocesano, são: promo­ver uma experiência de relação pessoal mais profunda com Deus, levar a examinar as formas como se acolhe, vive, ce­lebra e anuncia a verdade de Deus na Igreja Diocesana, e a interrogar-se sobre a fidelidade ao homem concreto e às cir­cunstâncias que caracterizam hoje o seu viver e as suas for­mas de comunicar.

Procurou-se estabelecer entre os seus quatro subtemas uma relação de progressividade. Os dois primeiros centram­-se mais na análise da vida concreta e na descoberta de Deus, que Se revela como fonte de vida; os outros debruçam­-se sobre as formas como se está a anunciar e testemunhar Deus na vida da Igreja Diocesana. Só estes últimos têm ques­tões cujas respostas e propostas serão enviadas ao Secreta­riado do Sínodo.

Para apresentar estes instrumentos de reflexão, a Co­missão Central realizou encontros vicariais destinados aos padres e aos delegados à Assembleia Sinodal, bem como um encontro para os responsáveis de movimentos e serviços dio­cesanos, os superiores de comunidades religiosas masculi­nas e femininas e os responsáveis de outras comunidades presentes na Diocese.

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CAMINHADA SINODAL

Para os encontros vicariais, foram, também, convidados os membros dos Conselhos Pastorais e os animadores da pas­toral juvenil nas paróquias.

Estes encontros começaram com uma oração bíblica, que deu o mote de esperança, confiança e alegria que deve pau­tar o início desta nova etapa de reflexão e trabalho dos gru­pos, etapa essa que foi devidamente apresentada, dando-se a conhecer o conteúdo e objectivos dos novos guiões.

LINHAS GERAIS

DO PROGRAMA PARA 1997/1998

Setembro

- conclusão dos guiões (geral e jovens) para a reflexão nos grupos

- apreciação dos mesmos no plenário das comissões - preparação das propostas para o Dia da Diocese e sua

apresentação - formação permanente do clero: informação e motivação

- programação da acções de formação para os Delegados da Assembleia Sinodal, animadores de grupo, clero e responsáveis de serviços e movimentos

Outubro

- encontro com direcções dos movimentos e serviços dio­cesanos

- apresentação e divulgação dos guiões para o trabalho de grupos

- acções de formação com os Delegados Paroquiais da Assembleia Sinodal e clero paroquial, por vigararias

- conclusão do projecto "Mariana" para a participação das crianças

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CAMINHADA SINODAL

Novembro

- trabalho nos grupos (Advento) - formação permanente do clero

Dezembro

- continuação dos trabalhos de grupo

Janeiro

- conclusão dos trabalhos de grupo - assembleias paroquiais e de movimentos - envio das conclusões dos grupos ao Secretariado Per-

manente - início de elaboração da síntese sobre as conclusões dos

grupos - encontro com direcções de movimentos e serviços

Fevereiro

- encontros de reflexão com os delegados à Assembleia Sinodal

- decisão sobre a temática e agenda da 2ª sessão da As-sembleia

- preparação do Documento de Trabalho para a 2ª Sessão - preparação da peregrinação diocesana

Março

- convocação da 2ª Sessão da Assembleia Sinodal e re-visão dos seus estatutos

- peregrinação diocesana a Fátima - começo da preparação da Assembleia

Abril

- preparação da 2ª Sessão da Assembleia

Maio

- 2ª sessão da Assembleia (8, 9 e 10) - redacção das actas e documentos da Assembleia

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CAMINHADA SINODAL

Junho

- publicação de nova exortação sinodal e sua divulgação - festa-mensagem para apresentação da exortação - início da elaboração de novo guião para os grupos

Nota: Este programa é apenas indicativo e não vincu­lativo, já que o ritmo e dados novos da caminhada poderão levar a alterá-lo.

EM AGENDA ...

Fevereiro 1- Concerto na Sé com o novo órgão (por Rosa Amorim).

2- 5.0 aniversário da tomada de posse do Sr. D. Serafrm como Bis­po da Diocese.

- Dia da Vida Consagrada.

11-Dia Mundial do Doente.

25 - Quarta-Feira de Cinzas.

Março

1- Concerto na Sé com o novo órgão (por Rui Paiva).

15-Dia da Cáritas (ofertório).

19 - Solenidade de S José.

-Dia do Pai.

21- IV Encontro Diocesano de representantes paroquiais da Pasto­ral da Saúde.

29 - Peregrinação Diocesana a Fátima.

Abril

5 -Domingo de Ramos.

-Dia Mundial da Juventude.

- Concerto na Sé com o novo órgão (por Paulo Alvim).

9 - Missa Crismal na Sé.

10- Ofertório para os Lugares Santos.

12- Páscoa da Ressurreição.

18- Concerto na Sé com o novo órgão (por Rita Heintz).

26- Início da Semana de Oração pelas Vocações (até 3 de Maio).

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O ESPÍRITO SANTO E OS PRESBÍTEROS

NO MOMENTO PRESENTE DA CAMINHADA SINODAL *

Introdução

Esta minha reflexão parte de duas realidades actuais: o ano dedicado ao Espírito Santo, que terá início no próximo Advento, e a caminhada sinodal da Diocese, que em breve dá novo passo com o lançamento de mais um trabalho de gru­pos de base, nas paróquias e a outros níveis (movimentos, serviços . . . ). Vou procurar pôr em realce a relação que pode existir entre o Espírito Santo e os presbíteros no momento presente do processo sinodal. Porquê este esforço? É que os presbíteros são chamados a abrir-se ao Espírito e a partici­par na caminhada comum da Diocese como pastores, com a tarefa de guiar, animar e esclarecer.

Neste trabalho proponho-me então: dar algumas infor­mações sobre o momento actual do Sínodo e as tarefas que nele são pedidas aos presbíteros, iluminar com a Palavra de Deus e a luz do Espírito a situação presente e encorajar, des­pertando uma nova atitude -interior, em ordem a reforçar a confiança e motivar o compromisso na vida pastoral.

Não pretendo tanto fazer uma dissertação sobre o tema, mas mais abrir caminho e criar condições para que o Espí­rito se torne acontecimento, acção, luz e força em cada um dos ouvintes. Gostaria de contribuir para gerar mais entu­siasmo e confiança em quantos têm responsabilidades pas­torais.

* Intervenção no Curso de Formação Permanente do Clero da Diocese, Fá­tima, 26.07.1997.

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O ESPÍRITO SANTO E OS PRESBÍTEROS

Neste trabalho sigo o método seguinte: começo por fazer uma leitura atenta da realidade presente da diocese; depois, leio um texto da Palavra de Deus e interrogo essa mesma Pa­lavra, buscando, através dela, a resposta que porventura Deus dá aos presbíteros chamados a exercer o ministério pas­toral. Espero poder apontar algumas atitudes que ajudem os pastores a desempenharem melhor a sua missão no momen­to actual da Igreja diocesana.

2. O momento actual da diocese de Leiria-Fátima e da caminhada sinodal

2.1. Uma apreciação geral

Observando com atenção a vida da Diocese, nas suas comunidades paroquiais, nos movimentos e serviços, no presbitério e nos demais fiéis empenhados, encontramos bastantes motivos de esperança (muita dedicação, especial­mente na celebrações litúrgicas e na catequese, desejo e es­forços para crescer na fé, empenho em garantir serviços e actividades, iniciativas de solidariedade e de animação). Mas há também não menos factores de preocupação: a ca­rência de pessoas empenhadas em número e com a prepa­ração necessária para animar e conduzir as comunidades, os serviços e os movimentos, as grandes dificuldades para re­novar métodos e conseguir motivar mais pessoas para par­ticiparem activamente na vida da Igreja, a constatação da diminuição de pessoas que frequentam celebrações e outro tipo de iniciativas . . .

Tudo isto causa insatisfação e queixas nas pessoas, co­mo pudemos ler nos resultados da consulta sinodal e nas con­clusões dos grupos e podemos ouvir nas conversas informais. Perante todas as dificuldades que se observam na nossa rea­lidade social e eclesial, vai-se difundindo a sensação de im-

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O ESPÍRITO SANTO E OS PRESBÍTEROS

potência face às resistências da realidade e às escassez de pessoas e meios adequados.

2.2. A avaliação da caminhada sinodal no último ano pastoral

Uma leitura da realidade presente em que predominam os tons de preocupação está patente na avaliação que a Co­missão Central do Sínodo fez relativamente ao ano pastoral passado. No relatório divulgado entre as comissões sinodais, está escrito:

a) A caminhada já leva dois anos desde o seu início. Os esforços desenvolvidos criaram esperanças e expectativas em bastante gente. Mas a percentagem de pessoas animadas e empenhadas continua a ser reduzida. Houve algumas ini­ciativas motivadas pelas caminhada comum. Todavia, pare­ce haver ainda poucos sinais e acções que concretizem a renovação, nomeadamente no que se refere ao novo espíri­to, à colaboração em projectos comuns e à criação de espaços de participação, quer nas paróquias quer nos movimentos e nos serviços diocesanos.

b) Com excepção da vivacidade na Assembleia, os jovens abrandaram a marcha. Foram visíveis as dificuldades em har­monizar e fazer colaborar o Secretariado Diocesano, entretanto renovado, os Movimentos e a Comissão sinodal. Esta, conscien­te do que lhe competia, renunciou ao protagonismo que assumi­ra no ano anterior, no início da caminhada sinodal. Tentou envolver os organismos acima mencionados num projecto co­mum de animação juvenil na peregrinação diocesana a Fátima, mas a tentativa não resultou. Sem sucesso também foram os contactos para promover a colaboração noutras iniciativas.

c) A informação sobre iniciativas das comunidades pa­roquiais, dos serviços e movimentos é muito escassa, o que torna difícil a percepção dos esforços que vão sendo feitos no

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O ESPÍRITO SANTO E OS PRESBÍTEROS

caminho para a renovação. Há ainda muito a fazer para que a comunicação social da Igreja dê o seu contributo próprio na dinâmica sinodal.

d) Os obstáculos à caminhada comum não diminuem. Mantem-se a maior parte e surgem outros : sobrecarga de trabalho das pessoas envolvidas na animação e condução, desconhecimento e incerteza nos caminhos a trilhar e nos passos a dar, inércia em muitos membros das comunidades, falta de entusiasmo e de confiança, incapacidade dos agen­tes pastorais, serviços e instituições diocesanas de se abri­rem à concretização de novos projectos . . . Não se vêem muitos esforços para renovar e inovar a acção pastoral. Não são vi­síveis os sinais de novos dinamismos e de iniciativas de no­va evangelização. Parece que a rotina absorve por completo os cuidados pastorais dos responsáveis pelas comunidades.

2.3. O trabalho que é pedido aos pastores

Nestas circunstâncias e no momento actual, aos pasto­res e responsáveis dos movimentos e serviços são-lhes pedi­dos alguns empenhos:

- implementar as medidas propostas pela Assembleia Sinodal e determinadas pelo Bispo, para a renovação das co­munidades paroquiais e desenvolvimento da pastoral juve­nil (criação ou renovação dos Conselhos Pastorais Paroquiais, aplicação do Regulamento da Administração dos Bens da Igreja na Diocese de Leiria-Fátima, constiuição de grupos de acolhimento e de animação litúrgica, implementação do ser­viço de acção social em cada paróquia, constituição de gru­pos, formação de animadores e responsáveis . . . );

- organizar o lançamento do novo guião de reflexão e promover o encontro e o trabalho em grupos;

- e tudo isto além do trabalho habitual, que já é bas­tante para ocupar e preocupar todos os agentes pastorais.

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O ESPÍRITO SANTO E OS PRESBÍTEROS

2.4. As grandes questões dos pastores

Perante a realidade observada e sentida, aos pastores mais atentos e sensíveis às dificuldades e a quantos se em­penham na acção pastoral, surgem as seguintes questões:

Face a tantas dificuldades e resistências da realidade ac­tual, podemos continuar a ter esperança? Com que espírito e atitudes havemos de enfrentar a situação que vivemos actual­mente? Será possível despertar a confiança e entusiasmo que nos leve a imprimir maior dinamismo à acção pastoral e mais vitalidade às nossas comunidades? Que soluções podemos en­contrar para os problemas com que nos deparamos nas res­ponsabilidade pastorais? Que palavra nos pode iluminar e encorajar neste momento preciso que estamos a viver?

Vamos dirigir estas questões à palavra de Deus, buscan­do nela as respostas de que precisamos. Creio que Deus nos responde, com a luz e força do Seu Espírito, quando escuta­mos e meditamos na Sua palavra (cfr DV 21; SC 7).

3. A cena bíblica em que vamos procurar ilumina­ção: Nm 11, 16-17.24-:-30

3.1. O contexto da cena:

Os israelitas, chefiados por Moisés, caminham através do deserto. A vida ali experimenta-se tão duramente que o povo cai frequentemente na tentação da revolta. O Livro dos Números dá-nos conta disso mesmo: por exemplo, só entre os capítulos 11 e 17 há referências a pelo menos 7 episódios de rebelião.

No capítulo 11, onde se insere o texto que vamos ler, fa­la-se das exigências do povo: farto do maná quotidiano, quer carne para comer. Moisés, que conduziu o povo para fora da escravidão, ouve agora os seus queixumes e observa o sofri-

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O ESPÍRITO SANTO E OS PRESBÍTEROS

mento que pesa sobre ele. Isso entristece e amargura o che­fe, que se sente sozinho e incapaz de suportar sozinho a car­ga da condução do povo e de lhe encontrar alimento naquele deserto.

Carregado de desgosto pela situação, Moisés dirige-se a Deus, reza (cfr 11, 11-15): queixa-se do seu cargo, do peso excessivo que é conduzir um povo que não é seu, da impos­sibilidade de encontrar o alimento que o povo deseja. E de­sabafa: "Não posso, eu sozinho, levar todo este povo; é muito pesado para mim". O peso da amargura é tal que faz Moisés chegar ao desespero, a ponto de dizer a Deus: "Se queres tratar-me assim, dá-me antes a morte".

Como é que Deus vai reagir? O texto dá-nos a conhecer a resposta de Deus: primei­

ro atende o seu servo Moisés; só depois satisfaz os desejos do povo.

3.2. Leitura e análise do texto:

Leiamos o que nos relata o Livro dos Números ( 11, 16--17.24-30):

Iahweh disse a Moisés: Reúne setenta anciãos de Israel, que tu sabes serem anciãos e escribas do povo. Tu os levarás à Tenda da reunião, onde perrmanecerão contigo. Eu desce­rei para falar contigo; tomarei do Espírito que está em ti e o porei neles. Assim levarão contigo a carga deste povo e tu não a levarás mais sozinho.

Moisés saiu e disse ao povo as palavras de Iahweh. Em seguida reuniu setenta anciãos dentre o povo e os colocou ao redor da Tenda. Iahweh desceu na Nuvem. Falou-lhe e tomou do Espírito que repousava sobre ele e o colocou nos setenta an­ciãos. Quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; porém nunca mais o fizeram.

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Dois homens haviam permanecido no acampamento: um deles se chamava Eldad e o outro Medad. O Espírito repou­sou sobre eles; ainda que não tivessem vindo à Tenda, estavam entre os inscritos. Puseram-se a profetizar no acampamento. Um jocem correu e foi anunciar a Moisés: "Eis que Eldad e Medad", disse ele, "estão profetizando no acampamneto". Jo­sué, filho de Nun, que desde a sua juventude servia a Moisés, tomou a palavra e disse: "Moisés, meu senhor, proíbe-os!" Res­pondeu-lhe Moisés: "Estás ciumento por minha causa? Oxa­lá todo o povo de Iahweh fosse profeta, dando-lhe Iahweh o seu Espírito!" A seguir, Moisés voltou ao acampamento e com ele os anciãos de Israel. (!)

Nesta narração podemos distinguir quatro partes:

- a resposta de Deus a Moisés (vv. 16-17); - a obediência de Moisés a Deus e a surpresa da mani-

festação do Espírito sobre os anciãos (vv. 24-25); - a manifestação surpreendente do Espírito no acampa­

mento e a inquietação que daí resulta (vv. 26-27); - as reacções diferentes de Josué e de Moisés (vv. 28-30).

3.3. A mensagem desta palavra de Deus:

Deus acolhe favoravelmente as queixas do Seu servo e responde-lhe com dois dons: multiplica o carisma de Moi­sés, concedendo parte do espírito que habitava nele a 70 anciãos para o ajudarem na condução e governo do povo; ao povo dá a carne, por ele tão desejada, mas que a muitos con­duz à morte, como se relata nos versículos seguintes (cfr Num 11, 3 1-34).

1. Texto de A BÍBLIA DE JERUSALÉM, Edições Paulinas, S. Paulo 1985. __

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Moisés faz o que Deus manda e aceita partilhar as res­ponsabilidades que lhe estavam confiadas. O texto bíblico mostra bem como, mesmo partilhada com outros, a força do espírito que actua em Moisés não enfraquece nele. É in�eres­sante confrontar este texto com um outro, do Livro do Exodo ( 18, 21-26), que apresenta provavelmente outra versão do mesmo acontecimento: segundo esse outro texto, é o sogro de Moisés que, ao visitá-lo, observa o excesso de trabalho do gen­ro no julgamento das causas do povo; dá-lhe então o conselho de escolher juízes e organizar o povo em vários grupos. Moi­sés assim faz, com grandes vantagens para ele e para o povo. Provavelmente, os anciãos e os juízes são os mesmos. As duas versões são-nos úteis na compreensão de como Deus se ma­nifesta: pode ser directamente, inspirando uma solução, ou indirectamente, através do conselho de outras pessoas.

O dom do Espírito não se manifesta só num local deter­minado e associado a um ritual: age para além das condições determinadas pelo homem e surpreende sempre, quando aparece. Moisés, contrariamente a Josué, apresenta uma grande abertura de alma: não só não limita as manifesta­ções do Espírito mas desejaria que também todo o povo re­cebesse tal dom do Senhor. Há aqui um indício de que é o Senhor quem dá o Seu Espírito, para além de fazer partilhar o espírito de Moisés, e que aquele pode ser dado a todos. De facto, segundo Philippe Gruson, este texto parece indicar a superação da perspectiva dum espírito exclusivo para os res­ponsáveis e abre horizontes para a aceitação dum carisma profético extensivo a todos, que Isaías anunciará (Is 11,9) e, igualmente, Jeremias: "Todos Me conhecerão, grandes e pe­quenos" (Jer 31,34). (2)

2. ln VÁRIOS, O Espírito Santo na Bíblia, Cadernos Bíblicos, nº 39, Difuso­ra Bíblica, Lisboa 1992, p. 5.

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Moisés aparece aqui como um verdadeiro guia do povo e um autêntico homem de Deus: identifica-se de tal modo com o povo que sofre com e por ele e intercede diante de Deus pa­ra que o salve, aceitando mesmo morrer, se não puder ser atendido no seu pedido de perdão para o povo (cfr Num 11, 15; Ex 32, 32-33); o próprio Deus revela a relação íntima que há com o seu servo: "falo-lhe face a face" (Num 12,8).

Como é que Moisés age em favor do povo, como seu che­fe? Ele escuta o povo, reza a Deus e age, segundo as ordens de Deus, em favor daqueles que tem a missão de governar e con­duzir: escolhe colaboradores, organiza o povo, reparte tarefas com outros e conta com eles em várias ocasiões (cfr Ex 17,5; 18,22; 24, 1-2.9-11; Num 16,25).

3.4. A relação deste texto com os presbíteros.

Que ligação há entre este texto e nós, presbíteros? A tradição cristã, depois da Tradição Apostólica de Hipó­

lito (séc III), cita este texto para fundamentar a existência do colégio dos presbíteros reunidos com o seu bispo. Ali se diz: "Th congregaste Moisés e os presbíteros e os encheste do 'Thu Espí­rito, que tinhas dado ao teu servo" . . . A Vulgata, na sequência do Targum, traduziu assim o versículo 25 do livro dos Núme­ros: "Eles puseram-se a profetizar e não mais pararam". Com tais expressões afirma-se a permanência do Espírito, anteci­pando assim o Pentecostes, conclui Philipe Gruson (3) (Cader­no Bíblico n2 39, p.5)

O ritual da ordenação dos presbíteros continua esta mes­ma tradição. De facto, na oração de ordenação reza-se o se­guinte: "No deserto, comunicastes o espírito de Moisés a setenta homens prudentes para o coadjuvarem e lhe facilitarem o go­verno de um povo inumerável" (Oração consecratória).

3. ln VÁRIOS, O Espírito Santo na Bíblia, p. 5.

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4. Da experiência de Moisés para o nosso ministé­rio: os cuidados do pastor

O que nos inspira o Espírito Santo para a nossa vida de presbíteros, na situação presente, mediante a palavra que procuramos meditar? O perfil e o agir pastoral de Moisés, tal como os encontramos no texto que meditámos, podem vir em nossa ajuda nas circunstâncias e nos passos que somos cha­mados a dar na caminhada sinodal. Destaco sete atitudes pastorais que se relacionam com o momento presente que vi­vemos na diocese.

4.1 . O presbítero, guia de um povo em caminho

Moisés, em nome de Deus, é o guia de um povo em ca­minho pelo deserto. Esta é a primeira característica que emerge da figura de Moisés. A caminhada encontra dificul­dades, situações duras, carências e saturação. Perante elas, o passado parece melhor do que o presente, porque então ha­via o que não se tem agora. O guia é responsabilizado e con­testado. Como pode ele continuar a ser pastor de um povo em rebelião?

A caminhada pastoral e sinodal da Igreja Diocesana de Leiria-Fátima encontra também obstáculos e situações difí­ceis, como vimos antes. Chegamos a sentirmo-nos incapazes de encontrar soluções para os problemas. Então, queixamo­-nos e começamos a ter saudades do passado, do tempo em que não tínhamos estes problemas. Até nos parece ter sido melhor não nos termos metido neste projecto. Estamos a vi­ver um momento em que este tipo de reações pode facilmen­te emergir em muitos dos presbíteros e outros fiéis.

Perante as dificuldades e problemas do momento presen­te, antes de mais, é necessário termos a noção de que estamos a percorrer um caminho e, por isso, há que observar a situa-

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ção de onde se saíu e as experiências já vividas. Importa tam­bém ter consciência da meta para a qual nos dirigimos. Mui­to nos ajuda sabermos observar o caminho já percorrido e compreendermos o valor e o sentido das experiências que vi­vemos. Essa análise ajudará a colocar na justa dimensão o presente, como um momento de uma sequência. Toda a vida cristã, a nível pessoal e eclesial, é uma peregrinação, uma ca­minhada. O modelo de Sínodo que adoptámos tem estas ca­racterísticas de caminhada em comum e exige uma atenção constante aos sinais do Espírito na vida, em confronto com a palavra de Deus. É importante ter objectivos e algum planea­mento. Mas não pode ser um planeamento fechado, onde tu­do está previsto; há-de ser um planeamento aberto, que conta com imprevistos e tem necessidade de observar, discernir e decidir ao ritmo das exigências da caminhada. É um modelo que se aproxima mais da experiência da Igreja primitiva.

4.2. Percepção profunda (e não superficial) da realida­de que vive o povo

Moisés teve percepção profunda da situação em que se encontrava o povo: ouvi-o e compreendeu o significado pro­fundo das suas queixas e insatisfações. E sofreu por causa do povo e das suas atitudes.

Na caminhada com;um, é indispensável ouvir, observar e atender às queixas, insatisfações e sofrimento das pessoas e tentar compreender bem, em profundidade e não à super­fície, o que se passa. Só na medida em que identificamos e interpretamos os sinais e sintomas de sofrimento e dos an­seios profundos é que podemos ser mensageiros da Boa No­va e ministros da salvação para aqueles a quem nos dirigimos. Os acontecimentos e os problemas constituem mensagens e provações à fidelidade e perseverança.

A caminhada da diocese propõe-nos alguns meios para

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termos um conhecimento mais realista e profundo da reali­dade: consulta, grupos sinodais, constituição dos conselhos pastorais. O próximo guião vai propor-nos uma análise dos sinais de Deus na vida dos homens de hoje. Se soubermos aproveitar tais meios de informação e de percepção, teremos elementos úteis para conhecer os anseios das pessoas. Pode­mos então procurar os meios para lhe anunciarmos a Boa Nova e lhes facilitarmos o acesso ao dom da salvação de que a Igreja é instrumento e servidora.

4.3. Identificação com o povo, sentir compaixão por ele

O pastor que não sofre os problemas do povo dificilmen­te se põe à procura de soluções e se inquieta. Preferirá a co­modidade e preocupar-se-á mais com os seus interesses e as condições da sua vida do que com as carências da comu­nidade. Tenderá a menosprezar estas e então as iniciativas que toma pouco terão a ver com as necessidades reais das pessoas. A caridade pastoral será fraca e a pastoral da cari­dade desajustada às situações.

Moisés identificou-se com o sofrimento do povo e sofreu com ele e por ele. E tal compaixão levou-o a inquietar-se até resolver o problema. É uma compaixão assim que leva Deus a denunciar e destituir os pastores de Israel "que não se preocupam com o meu rebanho, porque eles se apascentam a si mesmos" (Ez 34,8) e a assumir, Ele mesmo, o cuidado pe­lo seu povo: "Como um pastor cuida do seu rebanho, quando está no meio das suas ovelhas dispersas, assim cuidarei das minhas ovelhas e as recolherei de todos os lugares por onde se dispersaram em um dia de nuvem e de escuridão. Trá-las­-ei dentre os povos, reuni-las-ei dentre as nações estrangei­ras e reconduzi-/as-ei para o seu solo ... Apascentá-las-e i em um bom pasto ... Aí repousarão ... Buscarei a ovelha que esti­ver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei

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a que estiver fracturada e restaurarei a que estiver abatida. Quanto à gorda e vigorosa, guardá-la-ei e apascentá-la�i com o direito." (Ez 34, 12-16).

A mesma atitude de amor e dedicação às pessoas en­contramos em Jesus: ao percorrer as cidades e povoados, pre­gando o Evangelho e curando toda a sorte de doenças e enfermidades, vê a multidão cansada e abatida como ove­lhas sem pastor e tem compaixão dela. Reconhece então que a messe é grande e os trabalhadores são poucos. Toma, por isso, providências: recomenda a oração e envia os seus dis­cípulos em missão (cfr Mt 9, 35 - 10,1ss).

A caminhada sinodal constitui um apelo a sairmos da comodidade e intranquilidade ou a pôrmo-nos a caminho com as nossas comunidades e com toda a Diocese, para pro­curarmos novos caminhos para a acção pastoral, irmos ao encontro das muitas pessoas que estão fora, termos a ousa­dia de incomodar quem está indiferente, convidar a integrar grupos, a caminhar connosco (cfr Sermão de S. Agostinho so­bre os Pastores, LH IV, p. 3 17-3 18). Não podemos descul­par-nos com o facto de que já temos trabalho suficiente. Talvez não nos seja exigido mais trabalho, o que se nos pe­de é um trabalho diferente, o contar com os outros e colabo­rar com eles. A concretização de algumas medidas apontadas nos grupos e assembleias paroquiais e vicariais, a constitui­ção ou renovação dos conselhos pastorais, a implementação do RABI, a reorganização dos grupos sinodais e outras ini­ciativas podem constituir a forma de manifestarmos a nos­sa identificação com o povo e a inquietação por encontrar soluções para os problemas que sentimos.

4.4. Invocar o Espírito e acolher a sua luz e os seus dons

Deus é a única solução dos impasses pastorais, das so­luções impossíveis para os homens. Moisés compreendeu is-

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so mesmo, ao experimentar não ter saída para a situação que vivia o povo. E é a Deus que se queixa, lembrando que foi o próprio Deus quem gerou o povo e nomeou Moisés como seu servo à frente do povo. Foi uma oração muito sofrida. Tam­bém Jesus nos deu um exemplo na sua vida e nas suas indi­cações: dedica-se muito à oração e, perante a escassez de trabalhadores, em primeiro lugar, manda pedir ao Dono da seara que envie trabalhadores necessários.

A oração e a liturgia têm a primazia na acção pastoral. O ministério pastoral não é, antes de mais, uma questão de disponibilidade de pessoas e meios, de formação, de planea­mento e de execução de actividades. É, em primeiro lugar, urna iniciativa divina. Só com Deus podemos encontrar a so­lução para os problemas pastorais que encontramos. É Deus o pastor do Seu povo. Dele recebemos as indicações, a ordem e a força para o ministério. Somos ministros, servos de Deus.

A proposta aprovada na Assembleia Sinodal para o novo guião aponta para a descoberta da primazia de Deus na vida de cada pessoa, das comunidades e da própria Igreja. "Só com Deus podemos caminhar" é, significativamente, o título do no­vo guião que está prestes a ser difundido. Esta centralização em Deus resulta da percepção de que todos os problemas en­contrados na consulta e nas conclusões dos grupos estão liga­dos à ausência de Deus. Daí as convicções mencionadas na proposta: Auscultados os homens e ouvidas as suas queixas e inquietações, chega o momento de nos juntarmos à solicitude de Deus que nos confidencia, como outrora a Moisés: "Eu ouvi as queixas dos filhos de Israel e vi também como os egípcios os maltratam" (Ex 3,9); só em Deus e na comunhão com Ele, a Igreja subsiste e encontra o sentido da sua missão, e só a vivên­cia da Boa Nova tornará clara a presença de Deus nas vidas pessoais e nas estruturas da Igreja, e tornará credível um tes­temunho no mundo. (Instrumento de trabalho para a 1ª ses­são da Assembleia Sinodal, nº 5.2.2 e 5.2.3).

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A invocação do Espírito, a abertura a Ele e a docilidade para se deixar guiar constitui uma atitude pastoral de prio­ridade absoluta. Sem ela corre-se seriamente o risco de se estar a fazer a própria obra e não a de Deus, de estar a edi-. ficar o próprio reino e não o de Deus. Neste mesmo sentido é indispensável prestar um cuidado especial com as celebra­ções litúrgicas, não tanto nos aspectos formais, quanto na experiência e na expressão comunitária do louvor e da súpli­ca a Deus. A renovação da liturgia é uma proposta muito re­petida pelos fiéis na consulta e no grupo. O trabalho das equipas de liturgia e com elas, se bem formadas, pode abrir caminho a mudanças, que pouco a pouco aparecerão. É igual­mente importante proporcionar momentos de oração, de me­ditação da palavra de Deus e de cultivo da vida espiritual em vários âmbitos, para revitalizar e desenvolver a vida es­piritual dos fiéis.

4.5. Acolher e valorizar os acontecimentos e sinais sur­preendentes

Moisés reconheceu os dons do Espírito e soube respei­tá-lo, mesmo quando se manifestou inesperadamente e fo­ra do lugar de culto. E, segundo a versão do Livro do Êxodo, soube escutar e acolher os conselhos de outros (do sogro, por exemplo) e distanciar-se deles com discernimento (por exempo, quando Josué o aconselha a proibir os dois homens de profetizar), quando viu que não seria bom agir contra o Espírito.

Os conflitos, tensões, problemas, crises, são momentos que apelam à busca de soluções e a tomar medidas inovado­ras. E as surpresas trazem-nos mais exigências e incómodos, mas também nos abrem novas perspectivas. O verdadeiro pastor sabe enfrentar com fé e criatividade tais situações. Do mesmo modo, a sabedoria pastoral faz reconhecer e acolher

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as manifestações e dons do Espírito onde quer que eles apa­reçam; não teme o incómodo nem a confusão, mas promove a comunhão, a colaboração e a coordenação dos dons para o bem e edificação de todos. Ninguém é dono do Espírito. Ele mani­festa-se com soberana liberdade. Ignorar ou desprezar os ca­rismas e experiências dos outros é ficar mais pobre.

O espírito sinodal convida-nos a acolher as ideias e ex­periências dos outros e a confrontar as próprias com os ou­tros, num trabalho e caminhada em comum. A reflexão nos grupos é um meio excelente para a partilha de ideias e para a busca em comum de soluções, numa abertura às inspira­ções do Espírito. As assembleias, sejam elas paroquiais, vi­cariais, de movimento, diocesanas e, sobretudo, a sinodal constituem espaços de reflexão e discernimento comunitá­rio, onde o Espírito se pode manifestar tanto nos pastores como em qualquer outro fiel.

Nos cuidados pastorais há que tentar, com audácia e co­ragem, iniciativas e vias novas. A vida pastoral não pode ser uma repetição de acções que se vão fazendo por tradição. O Sínodo vai-nos exigindo a adopção de medidas novas ou a renovação de processos ou serviços na acção pastoral. É im­portante também empenhar-se, sempre que possível, em projectos comuns, de modo que se torne visível a diversida­de da colaboração na edificação da única obra que é a mis­são da Igreja no mundo. E o contributo dos outros pode revelar-se muitas vezes como ajuda preciosa.

4.6. Partilhar responsabilidades, multiplicando os mi­nistérios

As mudanças que se vão verificando na vida das pes­soas e das sociedades reflectem-se também nas comunida­des cristãs e na Igrela local. Por isso, torna-se necessário adaptar serviços ou criar outros novos consoante as neces-

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sidades. Assim, o pastor zeloso, para ser fiel quer ao povo quer a Deus em nome de quem serve aquele, tem de abrir­-se a soluções novas para os problemas que se enfrentam e ousar aplicar essas soluções, depois do devido discernimen­to. No nosso tempo, é mesmo necessário partilhar respon­sabilidades e distribuir tarefas por outros que possuam as condições adequadas. Nesse sentido há que identificar ca­rismas, diversificar ministérios e cuidar da formação de quem os assume.

Moisés aceitou essa indicação e apressou-se a escolher as pessoas adequadas às funções. A mesma atitude face a uma nova situação tiveram os apóstolos ao escolherem os servidores das mesas na comunidade helenista de Jerusa­lém (cfr Act 6, 1-7).

A exortação sinodal, na sequência de orientações ante­riores, determina a constituição dos Conselhos Pastorais Pa­roquiais e aponta a organização de outros serviços. Podemos fazê-lo apenas porque está mandado e para não nos incomo­darem, ou investir nesses orgãos como forma de multiplicar serviços e como meios dos quais tiramos o melhor proveito, porque aprendemos a trabalhar com eles e cuidamos da for­mação e valorização de quantos neles participam. A organi­zação dos grupos sinodais constitui uma oportunidade para a procura de novos animadores e a abordagem de pessoas que estão fora dos nossos círculos habituais.

4. 7. Informar-se e informar

Moisés comunicou ao povo o que ouviu de Deus, as in­dicações que Ele lhe dera. E um jovem correu a comunicar a Moisés o que acontecera no acampamento. Os documen­tos do NT dão-nos abundantes dados sobre a circulação de notícias na Igreja primitiva, por via oral ou escrita, median­te mensageiros ou pelo relato dos protagonistas. Assim se

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comunicava a vida e o caminho que o Evangelho ia percor­rendo.

A dinamização e renovação da Igreja, objectivo preten­dido com o Sínodo, requer a circulação de informação, a par­tilha de experiências, a comunicação de ideias e projectos. Tudo isso pode enriquecer toda a comunidade.

O Boletim Informativo do Sínodo surgiu como meio pa­ra comunicar actividades, ideias, projectos e acontecimen­tos, em ordem a dinamizar a Igreja diocesana. Mas existem também os outros meios de comunicação da Igreja. A infor­mação sobre o que se vai fazendo ou que acontece não é um meio de se promover ou vangloriar. É fazer circular a vida. Todos deveríamos comunicar mais o que observamos ou que acontece à nossa volta relacionado com a caminhada da Igre­ja diocesana, pois as experiências e iniciativas de uns mui­to podem iluminar e incentivar outros.

5. Juntos na caminhada no presente ano pastoral

O programa previsto para a caminhada sinodal no pre­sente ano pastoral ( 1997-98) prevê os seguintes momentos: em Outubro, far-se-á o lançamento do novo guião "Só com Deus podemos caminhar" e do guião jovem, para a reflexão em grupo. Para isso, haverá encontros a nível vicarial com padres e leigos, e uma assembleia dos serviços e movimen­tos diocesanos. Em todos eles serão apresentados os guiões e dadas indicações para a reorganização dos grupos. O tem­po previsto para as reuniões destes serão os meses seguin­tes. Em Janeiro, deverão realizar-se assembleias paroquiais e de movimentos para partilhar as conclusões e ponderar quais das propostas apresentadas poderão ser implementa­das para renovar os campos analizados pelos grupos. A ní­vel diocesano, recebidos os dados enviados pelos grupos,

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far-se-á uma síntese que deverá ser reflectida em ordem ao documento de trabalho para a Assembleia sinodal.

Em Fevereiro, deverá ser tomada a decisão sobre a te­mática e a agenda da segunda sessão de trabalho da Assem­bleia Sinodal, prevista já para os dias 8, 9 e 10 de Maio. Como preparação, realizar-se-ão encontros de reflexão com os delegados à mesma assembleia e com as direcções dioce­sanas dos serviços e movimentos, além dos trabalhos mais imediatos de convocação e de elaboração dos documentos de trabalho.

Após reunião da Assembleia, nos meses de Maio e Ju­nho, serão redigidas as actas e documentos da mesma e pre­parada nova exortação sinodal pelo Bispo diocesano. Este documento será divulgado por toda a diocese com a promo­ção de iniciativas adequadas ao efeito.

Entretanto, em tempo oportuno, será divulgado o "Pro­jecto Mariana". Trata-se da edição de propostas e materiais para envolver as crianças na caminhada comum. É dirigido a todos os educadores da fé que trabalham com as crianças, na família, na catequese, nas escolas ou mesmo noutros âm­bitos. O seu aproveitamento contribuirá para que as crian­ças também sejam informadas e envolvidas na caminhada sinodal, podendo mesmo dar o seu contributo.

Neste caminho, cremos que o Espírito nos guia e assis­te. Os presbíteros, guiados pelo mesmo Espírito, procurarão estar informados e informar os fiéis, mediante o Boletim, reuniões e todos os meios ao seu alcance. Poderão aprovei­tar também a liturgia, para envolver o povo na atenção aos sinais do Espírito e na oração. O lançamento do novo guião constitui um desafio a preparar bem a reorganização dos grupos e a formação de outros novos, convidando gente ain­da não envolvida e mesmo afastada . . .

Como disse antes, os grupos poderão ser espaços em que o Espírito sugere novas ideias e abre caminho a projectos

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inovadores. Depois do conveniente discernimento acerca da validade e oportunidade das medidas sugeridas, é necessá­rio começar a concretizar as que forem aprovadas em assem­bleia ou nos conselhos pastorais . Entretanto, crendo que o Espírito agiu na Assembleia Sinodal e no Bispo, os presbíte­ros hão-de empenhar-se na realização do que ja está apro­vado quer a nível local ou do movimento ou serviço quer a nível diocesano.

Conclusão

Podemos continuar a ter esperança, quando a realidade vivida na diocese e sua caminhada sinodal apresenta tantas dificuldades e obstáculos e a sensação de impotência parece invadir bastante gente? A esta e a outras questões procura­mos responder, depois de termos observado atentamente a si­tuação da diocese. Auscultado o Espírito Santo, que nos fala quando lemos e meditamos a Palavra de Deus, concluímos que a nossa esperança não se fundamenta tanto na realida­de que nos envolve mas mais na garantia que a meditação da experiência de Moisés nos trouxe de que Deus ouve as nossas queixas e insatisfações e multiplica os seus dons com os quais podemos continuar a caminhadat sem sermos im­pedidos pelas dificuldades encontradas. A semelhança de Moisés, que, com a ajuda de Deus, pode guiar o povo, inter­ceder por ele, comunicar-lhe as palavras do Senhor, conso­lá-lo e infundir-lhe coragem, assim os presbíteros da diocese de Leiria-Fátima, com a força do Espírito, serão capazes de guiar as comunidades na caminhada comum, em ordem à re­novação para maior eficácia da missão da Igreja em favor dos homens de hoje.

P. Jorge Manuel Faria Guarda

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ACTOS EPISCOPAIS DECRETO

Tendo analisado com toda a solicitude alguns casos da pastoral de conjunto e depois de ouvir as pessoas mais di­rectamente em causa, havemos por bem:

L Aceitar o pedido de resignação, por razões de saúde e idade, do Rev. Cónego Francisco Vieira da Rosa, que desde há 26 anos tem sido Pároco de Regueira de Pontes e nomear para o substituir o Rev. P. Vítor José Mira de Jesus, que até ao presente tem desempenhado as funções de ecónomo do se­minário diocesano.

2. Aceitar o pedido de transferência do Rev. P. Francisco Jorge, que desde há mais de doze anos tem sido Pároco da Ma­rinha Grande, e nomeá-lo Pároco de Casal dos Bernardos, substituindo o Rev. P. Manuel Ferreira, que tinha pedido pa­ra ser dispensado dos encargos paroquiais nesta paróquia e continua Pároco de Caxarias.

3. Nomear Pároco da Marinha Grande o Rev. P. Alcides Rocha Santos Neves, que há mais de 22 anos tem sido Páro­co de Vieira de Leiria.

4. Aceitar o pedido de resignação, por motivo de idade e de saúde, do Rev. P. Virgílio Pedrosa Crespo, Pároco de Ba­jouca há quase dezassete anos, e nomear Pároco da referida paróquia da Bajouca o Rev. P. Abel José da Silva Santos, ac­tual Pároco do Souto da Carpalhosa, há doze anos.

5. Nomear, por benigna anuência do respectivo Supe­rior, o Rev. P. António Paulo da Costa Madureira (S.M.M.) Director do Secretariado Diocesano da Pastoral das Voca­ções, Pároco do Souto da Carpalhosa.

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ACTOS EPISCOPAIS

6. Nomear o Rev. P. Bertolino Vieira, até à data vigário paroquial da Marinha Grande e Capelão da BA5, Pároco de Vieira de Leiria.

Os Párocos cessantes mantêm a jurisdição paroquial até à tomada de posse do respectivo sucessor, o que deve ocorrer dentro de trinta dias, a contar desta data, com excepção dos nomeados Párocos de Bajouca e do Souto da Carpalhosa, que tomarão posse dentro de noventa dias. As nomeações são, de acordo com o c. 522, por cinco anos renováveis, com excepção do novo Pároco nomeado para o Souto da Carpalhosa que é ad experimentum por um ano.

Aos Rev. Párocos cessantes agradecemos, diante de Deus e da Comunidade, todo o trabalho realizado, e fazemos votos para que os novos Párocos sejam bem acolhidos e auxiliados, dentro do espírito de renovação sinodal em curso na nossa Diocese. Mais recomendamos que, para além do dinamismo colegial e vicarial da pastoral de conjunto, seja promovida e apoiada toda a iniciativa de comunidade sacerdotal.

Leiria, 28 de Agosto de 1997, festa de Santo Agostinho, Cc-Padroeiro da Diocese de Leiria-Fátima.

t D. SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA

Bispo da Diocese de Leiria-Fátima

DECRETO

De acordo com as normas do C.D.C., perante as neces­sidades pastorais e tendo ouvido as pessoas em causa, have­mos por bem:

L Reconduzir, dada a anuência expressa do respectivo Superior Maior, o Revº P. Carlos da Silva Pires (I.M.C.), nas

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ACTOS EPISCOPAIS

funções de capelão do Santuário de Nossa Senhora do Rosá­rio de Fátima, até finais do próximo ano de 1998;

2. Confirmar a nomeação do Rev2 P. Dr. Artur Ribeiro Oliveira como capelão do Santuário de Nossa Senhora do Ro­sário de Fátima;

3. Confirmar a nomeação do Rev2 P. Fernando Pereira Ferreira, que é e continua pároco de Amor, como capelão do Mosteiro de Santa Clara, de Monte Real, da Ordem das Ir­mãs Clarissas do Desagravo, em substituição do Rev2 P. Ma­nuel Duarte Alexandre;

4. Oficializar a anuência para que o Revº P. Dr. Adelino Filipe Guarda seja membro da Equipa Formadora do Semi­nário Maior de Coimbra.

Leiria, 8 de Setembro de 1997, festa da Natividade da Virgem Santa Maria.

t D. SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA

Bispo da Diocese de Leiria-Fátima

DECRETO

Havemos por bem:

L Nomear Vigário paroquial dos Pousos o Rev. P. ABí­LIO DOMINGUES FERNANDES LISBOA, com os poderes e deveres que constam dos cc. 545-552 e com delegação ge­ral para assistir a matrimónios, segundo o c. 1111, § 2.

2. Nomear Vigário paroquial de Marrazes o Rev. P. FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS PEREIRA, com os po-

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ACTOS EPISCOPAIS

deres e deveres que constam dos cc. 545-552 e com dele­gação geral para assistir a matrimónios,segundo o c. 1111, § 52.

3. Nomear Director diocesano das "Obras Missionárias Pontifícias" o Rev. P. VÍTOR JOSÉ MIRA DE JESUS, que substitui nas mesmas funções o Rev. P. RAUL RODRIGUES CARNIDE, a quem agradecemos todo o serviço prestado.

4. N amear Ecónomo do Seminário diocesano o Rev. P. JOSÉ AUGUSTO PEREIRA RODRIGUES, que substitui nas mesmas funções o Rev. P. VÍTOR JOSÉ MIRA DE JE­SUS, a quem agradecemos todo o serviço prestado.

Leiria, 17 de Setembro de 1997.

t D. SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA

Bispo da Diocese de Leiria-Fátima

DECRETO

Havemos por bem:

L Nomear Director do Secretariado Diocesano da Edu­cação Cristã da Infância e Adolescência o Rev. P. JOA­QUIM DE ALMEIDA BAPTISTA, que substitui o Rev. P. JOSÉ LOPES BAPTISTA, a quem agradecemos todos os serviços prestados. O Rev. P. Joaquim de Almeida Baptis­ta entra em exercício a partir desta data e apresentará no prazo de trinta dias a constituição da equipa, para homo­logação.

2. Nomear Director da Gráfica de Leiria o Rev. P. BOA­VENTURA DOMINGOS VIEIRA, que substitui nas mesmas

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ACTOS EPISCOPAIS

funções o Rev. P. JOAQUIM DE ALMEIDA BAPTISTA, a quem agradecemos todos os serviços prestados.

3. Criar o SECRETARIADO DIOCESANO DO ENSINO DA IGREJA NAS ESCOLAS DO 12 CICLO e nomear a se­guinte equipa responsável:

Filomena Maria Pereira Gil Mª Alexandra de Seixas Rodrigues Remédio Cristina Maria do Carmo Lhano Eleutério da Silva Maria da Conceição de Jesus Lavado Catarina.

Consituímos Moderador desta equipa o Rev. P. Dr. Ma­nuel dos Santos José.

4. Criar o núcleo diocesano da ASSOCIAÇÃO DOS EN­FERMEIROS E PROFISSIONAIS DE SAÚDE (ACEPS) e aprovar a sua direcção assim constituída por um período de três anos:

Maria dos Anjos Coelho Rodrigues Dixe Maria Custódia Leão Potra Susana Cristina Monteiro Guerra Maria Helena Inácio João e Vítor Manuel Lourenço Barata.

Nomeamos assistente desta equipa o Rev. P. JOÃO VIEIRA TRINDADE.

Leiria, 22 de Setembro de 1997.

t D. SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA

Bispo da Diocese de Leiria-Fátima

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ACTOS EPISCOPAIS

CONSTITUIÇÃO DO SECRETARIADO DIOCESANO

DA EDUCAÇÃO CRISTÃ DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

O P. Joaquim de Almeida Baptista, dando cumpri­mento ao prescrito no Decreto episcopal, com data de 22 de Setembro de 1997, ponto 1, apresentou ao Bispo da Dioce­se a seguinte constituição do SDECIA, solicitando homo­logação:

Ana Cristina Gomes Pereira

Carlos João Pinheiro Fernandes Pe. Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas

Emília Maria Sousa Lopes

Joaquim Manuel Oliveira Pereira

Maria Cristina Gameiro Nogueira

Maria da Graça Silva Pinho Fernandes

Maria José Santos Pereira Silva

Maria Teresa Carvalho Brites

Ir. Raúla Margarida Neves Abreu

Esta equipa, assim constituída, foi homologada pelo Bis­po da Diocese, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, em 21 de Novembro de 1997.

Em relação às nomeações episcopais, em carta dirigida ao clero da Diocese, com data de 1 de Dezembro de 1997, o Bispo da Diocese declara o seguinte: As nomeações episco­pais serão, de futuro, por períodos de 6 anos, e devem assim ser entendidas as que até ao presente foram fei­tas para um quinquénio.

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REGULAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO DE BENS

DA IGREJA NA DIOCESE DE LEIRIA-FÁTIMA

JQ ADITAMENTO

Considerando que o "Regulamento da Administração de Bens da Igreja na Diocese de Leiria-Fátima", promulgado em 1 de Dezembro de 1993 e que entra em vigor em 1 de Ja­neiro de 1998, encerra algumas lacunas e suscita algumas dúvidas, havemos por bem, tendo ouvido a Comissão que consta do artº 90 do R.A.B.I., estabelecer quanto segue:

1 - O suplemento previsto no artº 72º é da responsabili­dade da entidade (ou entidades) ao serviço da qual (das quais) o sacerdote se encontra, e deve ser concedido conforme os ter­mos de remuneração fixada nos artºs 73º e 75º.

2. - O telefone e o fax são instrumentos necessários às actividades pastorais, e por isso pertence às entidades refe­ridas no artº 76º assumir as despesas do aluguer e do seu uso, responsabilizando-se o sacerdote pelo pagamento das despesas no uso estritamente pessoal.

3 - O contributo de 2% previsto no artº 88º é da respon­sabilidade do Fundo Paroquial e passa a ser apenas de 1% sobre as receitas ordinárias.

4 - As igrejas não paroquiais (centros de culto público), no teor do parágrafo 2º do art 61º do Regulamento devem en­tregar para o Fundo Paroquial um contributo entre 2% e 5% das suas receitas ordinárias.

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REGULAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO DE BENS

5 - Compete ao Fundo Paroquial remunerar os serviços pastorais prestados pelo clero não paroquial ou outros, ten­do presente que o uso de transporte pessoal é contabilizado na base das tabelas em curso.

6 - O vencimento mensal a conceder à empregada do­méstica a tempo inteiro é o que a Lei Laboral Portuguesa de­terminar.

7 - O Fundo Paroquial pagará 4/5 do vencimento (in­cluindo os 21% para a Segurança Social) da empregada do­méstica do Pároco, dado que também ela está ao serviço da Comunidade Paroquial, ou atribuirá ao Pároco um suple­mento correspondente.

8 - Os livros de contas são apresentados no Economato Diocesano

Leiria, 1 de Dezembro de 1997.

t SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA

Bispo de Leiria-Fátima

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COMUNICADO DO CONSELHO PRESBITERAL

No dia 20 de Outubro, reuniu-se o Conselho Presbite­ral da Diocese de Leiria-Fátima, no Seminário Diocesano.

O Bispo da Diocese abriu os trabalhos com uma referên­cia à segunda etapa do Sínodo Diocesano, que está cm cur­so. Estão a ser distribuídos os novos guiões que orientarão os trabalhos de estudo e reflexão nos grupos.

Foram apresentados alguns assuntos que mereceram uma breve reflexão:

- As últimas mudanças de padres realizadas na diocese;

- As áreas de estudo dos padres que a diocese envia pa-ra se especializarem no estrangeiro;

- A implantação do Regulamento da Administração dos Bens da Igreja, que vigorará em toda a diocese a partir de 1998. O Conselho sugeriu que o Bispo Diocesano publicasse uma nota sobre o tema.

Os trabalhos incidiram principalmente sobre dois dos temas agendados:

- A relação entre o Presbitério e o Seminário, o último ponto dum documento de trabalho apresentado pela Equipa Formadora do Seminário, intitulado "Alguns pontos de refle­xão para o debate sobre o Seminario Diocesano". A este pro­pósito, afirmou-se a necessidade de o Seminário estabelecer frequentes contactos com os padres e de os párocos acolhe­rem com amizade os seminaristas das suas paróquias ou aqueles que recebem no âmbito das actividades pastorais aos fins de semana.

A respeito dos alunos que terminaram os estudos de Teo­logia e fazem um estágio pastoral antes da ordenação sacer-

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COMUNICADO DO CONSELHO PRESBITERAL

dotal, sugeriu-se que a Equipa Formadora do Seminário pro­mova encontros com os párocos para os informar acerca da finalidade deste estágio e do modo como deve decorrer.

- Analisou-se também o documento apresentado pelo presidente da Comissão Diocesana das Comunicações So­ciais, sobre a comunicação social da Igreja.

Ficaram agendadas as reuniões do próximo ano de 1998: 16 de Fevereiro, 18 de Maio e 19 de Outubro.

Este ano de 1998, o segundo do triénio de preparação para o jubileu do ano 2000, é «dedicado de modo particular ao Espírito Santo e à sua presença santificadora no seio da Comunidade dos discípulos de Cristo" (TMA 44). Em ordem a possibilitar uma vi­vência mais intensa deste ano, na perspectiva apontada pelo Papa, muitos têm sido os subsídios pastorais e catequéticos publicados. Também a Comissão Litúrgica da Comissão Central do Grande Jubileu do Ano 2000, em Dezembro de 1997, publicou um volume de subsídios litúrgicos, com o título "Vinde, Espírito Santo".

O volume articula-se em quatro partes. Na primeira faz-se uma síntese doutrinal da presença e acção do Espírito Santo na liturgia da Igreja.

A segunda parte apresenta um itinerário através do ano li­túrgico, com formulários diversos para os vários tempos litúrgi­cos. Aí se acentuam as referências ao Espírito Santo, à virtude da esperança, ao sacramento da Confirmação e à Virgem Maria.

A terceira parte propôe uma série de textos e formulários pa­ra a oração universal. Sugerem-se orações conclusivas para os Domingos do Advento, Quaresma, Páscoa e Tempo Comum, e for­mulários completos para o Tempo Pascal e para os dias que vão da Ascensão ao Pentecostes, bem como para algumas solenida­des e celebrações da Confirmação.

A quarta parte recolhe indicações e textos para diversas ce­lebrações, encontros de oração e preces diversas.

Estes subsídios litúrgicos poderão revelar-se de grande im­portância para a vivência deste ano dedicado ao Espírito Santo.

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VIDA ECLESIAL Serra de S. António festeja bodas de diamante

Criada em 19 de Agosto de 1922 pelo Bispo D. José Al­ves Correia da Silva, a paróquia da Serra de Santo António, da vigararia de Porto de Mós, festejou com solenidade os 75 anos da sua existência.

Às 9 horas do dia de aniversário, tocaram festivamente todos os sinos da igreja matriz e foram lançados 75 foguetes de canhão. Às 15 horas celebrou-se uma missa solene presi­dida pelo Vigário Geral, Monsenhor Henrique Fernandes da Fonseca. De realçar a grande colaboração dos jovens e do grupo coral.

Já no salão paroquial, realizou-se uma sessão solene onde se falou sobre a freguesia e as suas origens.

A festa terminou com um beberete oferecido a toda a as­sistência pelas senhoras da paróquia.

Inauguração da igreja do Vale da Pedra

No dia 2 1 de Setembro, domingo, inaugurou-se a nova igreja (remodelada e aumentada) do lugar do Vale da Pedra, paróquia do Souto da Carpalhosa.

Do programa constou a presença do Sr. Bispo que pre­sidiu à celebração da missa e descerrou uma lápide alusiva ao acontecimento.

No final, todos os presentes conviveram ao som de vá­rios ranchos folclóricos da região.

Bodas de prata do Pe. Fernando Ferreira

No dia 15 de Agosto, a paróquia de Amor comemorou a passagem do 25º aniversário da ordenação sacerdotal do seu pároco, Padre Fernando Ferreira, natural de Carvide.

Depois da Santa Missa, seguiu-se um almoço partilha­do no salão paroquial, onde algumas pessoas usaram a pa-

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VIDA ECLESIAL

lavra para realçar o valor sacerdotal e humano do homena­geado, no seu agir apostólico.

Pe. Abílio recebido festivamente nos Milagres

"Deus não é um passatempo de fim de semana!". Esta frase, tirada da homilia proferida pelo Pe. Abílio Lisboa, po­de dizer-se que marcou a celebração da sua Missa Nova e expressou nitidamente o espírito com que este novo sacer­dote encara o dom que Deus lhe quis dar.

A celebração da Missa Nova do neo--sacerdote realizou­-se no dia 7 de Setembro, no Santuário do Senhor Jesus dos Milagres, paróquia de onde é natural.

No final da celebração, o Pe. Abílio recebeu cumprimen­tos das centenas de pessoas presentes e inaugurou a abun­dante merenda para a qual todos foram convidados.

Missa nova do Pe. Francisco José

No dia 14 de Setembro, porque era dia de festa para to­da a comunidade, a igreja, as ruas e o recinto da colectivida­de do Casal Novo, paróquia de Amor, estavam ornamentados, porque se ia assistir a um grande acontecimento na vida de toda a paróquia. O neo--sacerdote, Pe. Francisco José, ia ce­lebrar a sua missa nova na paróquia natal.

Na homilia que proferiu deixou várias mensagens entre as quais que "sou sacerdote para servir".

A seguir à missa recebeu cumprimentos de todos os pre­sentes e convidou-os a deslocarem-se ao Casal Novo, onde lhes foi servido um farto copo de água.

Abertura da Escola Teológica de Leigos

"Festas e o Culto ao Espírito Santo" foi o tema da con­ferência de abertura do novo ano lectivo na Escola de Forma-

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VIDA ECLESIAL

ção Teológica de Leigos. A sessão realizou-se na aula mag­na do seminário diocesano, no dia 1 de Outubro. O conferen­cista foi o Dr. Luciano Coelho Cristino.

Para o presente ano, a Escola apresentou três propostas: o curso geral de formação teológica, a formação musical-li­túrgica e, a novidade deste ano, as formações especiais des­tinadas aos membros de conselhos pastorais e das comissões paroquiais.

Escuteiros de Leiria em congresso

Passados 75 anos da sua implantação em Portugal, o Corpo Nacional de Escutas, a fim de celebrara a efeméride, encontra-se em congresso. A par deste, nacional, Leiria tam­bém quis fazer o seu.

Nos dias 21 e 22 de setembro, os agrupamentos de es­cuteiros da região, juntaram-se para conversar acerca da sua situação actual, por forma a encontrarem pistas que vi­sem uma adaptação das metodologias às necessidades dos jovens de hoje. Lema: "Uma leitura para o presente . . . uma id�ia para o futuro".

O programa do congresso teve como ponto alto a festa realizada na noite de sábado, dia 20. Uma festa que contou com a participação de vários agrupamentos da diocese que, para além do convívio, serviu para a divulgação do seu his­torial e momento presente.

O Grande Órgão é inaugurado

Com a presença do próprio Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, a Igreja diocesana viveu no dia 4 de Outu­bro um dia importante. Numa cerimónia solene, a Sé en­cheu-se de gente para assistir à bênção do grande órgão.

Após a bênção pelo Bispo da Diocese, D. Serafim, os pre­sentes tiveram a oportunidade de ouvir o primeiro concerto

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VIDA ECLESIAL

executado no instrumento. Franz Stoiber, um dos maiores músicos de órgãos de tubos da actualidade, iniciou o seu re­pertório em grande com a indispensável "tocata e fuga em ré menor" de Bach.

D. Serafim, manifestou-se contente pela inauguração, mais ainda por acontecer no âmbito das comemorações dos 450 anos da diocese e dos 80 anos da sua restauração.

Mensagens do Papa:

- Dia Mundial do Doente (11 de Fevereiro): o próximo Dia Mundial do Doente vai ser celebrado no Santuário de Loreto. Foi o próprio Papa João Paulo II que o anunciou, numa men­sagem dirigida aos fiéis do mundo inteiro, em que refere que "o lugar escolhido, recordando o momento em que o Verbo Se fez carne no seio da Virgem Maria por obra do Espírito Santo, exor­ta a fixar o olhar no mistério da Encarnação". Embora se diri­

ja a todos, o Papa não deixa de falar especificamente para as comunidades eclesiais, os doentes e os operadores no campo da saúde e da pastoral.

- Quaresma de 1998: o tema proposto para este tempo for­te é retirado do Evangelho de S. Mateus - 'Vinde, benditos de Meu Pai, porque era pobre, marginalizado, e Me acolhestes" (cf Mt 25, 34-36). O Papa apela à reflexão sobre o problema da po­breza e sobre as implicações que tem para cada cristão.

- Dia Mundial de Oração pelas Vocações (3 de Maio): o te­ma escolhido para este ano vai ao encontro do tema proposto pe­lo Papa para este segundo ano do triénio de preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000: "O Espírito e a Esposa dizem: vem!" (Ap. 22, 17). Diz o Papa na mensagem: "neste ano, quere­mos nos dirigir com muita confiança ao Espírito Santo, para que conceda à Igreja de hoje e de amanhã o dom de numerosas vocações".

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

SECRETARIADO DIOCESANO DA EDUCAÇÃO CRISTÃ DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Introdução

Como serviço diocesano, este Secretariado vem insistin­do na necessidade de todas as paróquias fazerem anualmen­te a avaliação e planificação da catequese, para que se possa, cada vez mais, contribuir para a renovação pessoal, comuni­tária e das estruturas, numa fidelidade permanente a Deus e a cada pessoa na sua situação concrecta.

Por isso, vimos elaborando anualmente o respectivo rela­tório, que nos ajudará a trabalhar e melhorar o serviço neste sector prioritário na Igreja, como Ela própria vem afirmando desde o Concílio Vaticano II.

Cada vez mais sentimos a necessidade urgente de se investir na Catequese para adultos. Por isso, seria bom que as Comunidades Cristãs ao investir na catequese, não pen­sassem apenas nas crianças, mas que se abrissem e cami­nhassem para uma catequese para todas as fases etárias, como nos lembra João Paulo II em C.T., n2 45: "ninguém na Igreja de Jesus Cristo deveria sentir-se dispensado de re­ceber catequese" pois vivemos num tempo difícil para a fé, que exige uma formação mais sólida e mais cuidada. (C.T. n2 56 e 57).

Tem havido um certo esforço de ajuda aos pais das crian­ças. Temos consciência de que sem este trabalho, de facto, a catequese não poderá atingir os seus objectivos. Sabemos que é um trabalho árduo, lento e exigente. Exige perseve­rança, constância, sem desânimos, confiantes de que a obra

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

não é nossa, mas sim d'Aquele que nos chama a colaborar activamente com Ele, na Obra de salvação, não esquecendo a Sua promessa: "Eu estarei sempre convosco . . . ".

A nossa diocese está em caminhada sinodal. Esta cami­nhada é um convite urgente a uma renovação interior, pes­soal. Aceitar este desafio é assumir conscientemente caminhar na esperança acreditando que a catequese só se renovará se nos renovarmos, contribuindo assim para a renovação da nos­sa Igreja.

1. Prioridades

Tendo em conta os objectivos deste Serviço Diocesano, as prioridades do Secretariado, como nos anos anteriores, si­tuam-se nas seguintes vertentes da Educação Cristã:

1 . 1 - Promover a formação de Catequistas, principal­mente com o Curso de Iniciação Catequística, a Escola de Catequistas, Retiros e outras Acções pontuais.

1.2 - Apoiar os Catequistas de Adolescentes.

1.3 - Incentivar o trabalho de colaboração, em comple­mentaridade, com os pais das crianças e adolescentes.

2. Acções realizadas ao longo do ano 1996-1997

2 . 1 - XXVII Encontro Diocesano de Catequistas, no dia 29 de Setembro com a participação de cerca de 500 catequis­tas. O Tema do Encontro foi: "Ser Catequista numa Igreja em renovação".

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

A dinâmica deste Encontro foi preparada nas paróquias pelos catequistas, a partir dum guião de estudo elaborado pelo Secretariado e enviado em Junho a todas as paróquias. Apareceram trabalhos muito bons que foram ainda mais en­riquecidos com a reflexão feita pela Irmã Maria Isolinda, aproveitando todo o trabalho feito para ajudar a caminhar, apelando para a formação permanente se queremos renovar a catequese e, consequentemente a Igreja.

2.2 - Escola Diocesana de Catequistas que, de Outubro a Maio, teve a frequência média de 150 catequistas vindos de 37 paróquias das 73 de toda a Diocese. O Tema estudado e reflectido ao longo do ano foi sobre Jesus Cristo. Ajudaram nesta reflexão, com muita profundidade, os Padres Carlos Cabecinhas e António Paulo Madureira.

2.3 - Formação para Catequistas de Adolescentes. Este Secretariado Diocesano em conjunto com o Secre­

tariado Diocesano da Pastoral Juvenil, promoveu um encon­tro de formação para Catequistas de Adolescentes nos dias 30 de Novembro e 1 de Dezembro. Animou este encontro de Formação uma Equipa de Aveiro.

2.4 - Cursos de Iniciação Catequística Realizaram-se 8 Cursos tendo participado cerca de 200

catequistas abrangendo as paróquia de Reguengo do Fetal, Milagres, Regueira de Pontes, Pataias, Amor, Leiria, Par­ceiros, Marinha Grande, Maceira e Minde.

2.5 - Realizou-se um Retiro Diocesano para Catequis­tas, de 28 de Fevereiro a 3 de Março com 54 participantes que foi orientado pelo Rev.do Padre Aníbal Castelhano.

2.6 - De 8 a 11 de Fevereiro realizou-se o XXV Encon­tro Interdiocesano, promovido pelas dioceses do Centro: Lei-

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

ria-Fátima, Lisboa, Portalegre-Castelo Branco, Santarém e Setúbal. O tema desenvolvido foi: Jesus Cristo, Salvador e Evangelizador.

3. Avaliação

3.1 - Embora achando útil toda a formação que foi da­da aos catequistas, nas várias vertentes, continuamos a sen­tir cada vez mais a falta de pessoas com capacidade e disponibilidade para dar esta formação.

3.2 - Verifica-se que já há paróquias que apostaram se­riamente nos catecismos porque se têm preocupado com a formação dos seus catequistas. Na medida em que forem as comunidades a assumir a catequese renovada teremos tam­bém comunidades renovadas.

3.3 - A formação dos catequistas e a própria organização da catequese deveriam ser mais assumidas pelas paróquias e vigararias. Algumas parecem não vislumbrar grandes ho­rizontes.

3.4 - Verifica-se que é urgente chamar pessoalmente os catequistas, com critérios de escolha. Que não se convide nin­guém apenas para fechar um buraco em aberto, sem cons­ciência da missão que vai desempenhar na Igreja. Isto será matar a eficácia da catequese, embora se tenha consciência de que a obra é do Espírito, sabemos que é preciso ser bom instrumento nas Suas mãos.

3.5 - A opção preferencial pelos adolescentes continua a ser urgente, até porque a maior dificuldade reside na falta de Catequistas minimamente preparados para esta fase etária.

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

3.6 - Constata-se que há divergências, de paróquia pa­ra paróquia, quer na pedagogia catequética utilizada, quer nos conteúdos a transmitir, quer ainda na idade da recepção dos sacramentos, particularmente o Crisma.

3. 7 - Ainda permanece uma certa identificação do ensino da doutrina cristã, que as vezes se prioriza nalgumas paró­quias, e a catequese que faz caminhada com os catequizandos, pega na vida e dá-lhe um sentido profundo à luz da Palavra de Deus.

4. Esperanças

Embora continuem a aparecer algumas nuvens nesta diocese de Leiria-Fátima, no que diz respeito à catequese, agora apontamos só as esperanças: entre elas enumeramos algumas:

4 .1 - A Igreja já ouve mais os educadores e tem para eles uma palavra de esperança.

4.2 - Há já muitos catequistas que sentem a necessida­de urgente de se prepararem bem para a missão, quer pre­parando convenientemente as catequeses semanais quer participando em encontros, cursos de formação, Escola de Catequistas, Escola Teológica, Retiros . . .

4.3 - Vai-se notando um grande esforço em caminhar com os adolescentes.

4.4 - Há tentativas de renovação da catequese.

4.5 - Cada vez mais se está a apostar num trabalho sé­rio com as famílias dos catequizandos.

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

4.6 - São muitos os párocos que se preocupam e interes­sam pela catequese bem feita e pela formação dos seus cate­quistas.

5. Desafios

As esperanças levam-nos à audácia de nos deixarmos desafiar. Sentimos, por isso, que é urgente:

5.1 - Descobrir o modelo de Catequista nas comunida­des Cristãs: Catequistas que buscam a identidade cristã, que acreditam, que se comprometem, que estudam e celebram a fé na comunidade e ainda que, em dinamismo de vida, fazem caminhada com os catequizandos.

5.2 - Fazer cada vez mais e melhor, a ligação entre a ca­tequese, família e comunidade paroquial de forma que a ca­tequese não se torne "propriedade" apenas de alguns, mas que seja fruto do esforço de todos.

5.3 - Provocar o diálogo frequente com a família dos ca­tequizandos, particularmente os pais.

5.4 - Continuar, a nível diocesano, a formação específi­ca dos catequistas, por meio dos Cursos de Iniciação e Esco­la de Catequistas.

5.5 - Ajudar a diocese a apostar seriamente na cateque­se para todas as idades, com prioridade na catequese dos adultos. Sem esta, a catequese da infância dificilmente de processa com normalidade e eficácia.

5.6 - Aceitar que a catequese não prepara apenas, nem principalmente para os sacramentos, mas contribui para a

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

maturação da fé, prepara para a vida, que se há-de teste­munhar na comunidade cristã.

5. 7 - Promover reuniões de formação para os catequis­tas, pelo menos ao ritmo mensal. Elas devem ser o oxigénio para a caminhada dos mesmos catequistas.

5.8 - Apostar com todo o empenho nos dez anos de cate­quese, como caminhada catecumenal, antes da juventude.

O Secretariado Diocesano

SECRETARIADO DIOCESANO DO ENSINO DA IGREJA NAS ESCOLAS (2º e 3º Ciclos e Secundário)

Introdução

O Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Esco­las da Diocese de Leiria-Fátima continua a acompanhar os professores de Educacão Moral e Religiosa Católica no seu trabalho junto dos alunos e da escola, para que a respectiva disciplina seja um espaço de formação humana e cristã, abrin­do ao Transcendente e provocando o diálogo sereno entre a Fé e a Ciência. Será assim uma accão eclesial, pois os mesmos professores estão nas suas escolas em nome da Igreja e des­ta devem ser mensageiros qualificados.

1. Objectivos

Segundo o decreto da criação deste Serviço Diocesano, são seus objectivos:

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

1 . 1 - Promover uma adequada e permanente formação dos professores de Educação Moral e Religiosa Católica.

1.2 - Ajudar os mesmos professores a serem uma pre­sença viva da Igreja, pois o verdadeiro rosto de Jesus Cristo deve transparecer em todos os seus comportamentos, tanto na escola como fora dela, de modo que aula se torne credível e seja desejada pelos alunos e pais, e ainda por todos os que trabalham na escola.

1.3 - Criar espaços de partilha e diálogo, para que mais facilmente se consiga que os alunos descubram a Igreja, co­mo comunidade de fé viva, comunidade de salvação, na co­munhão com Deus e com os homens e optem por Ela.

1.4 - Acolher e favorecer as iniciativas dos professores.

1.5 - Como Órgão executivo do Bispo diocesano, realizar as necessárias acções burocráticas na relação entre a escola e o mesmo Bispo.

2. Critérios pastorais para a colocação dos Pro­fessores de Educação Moral e Religiosa Católica

Em 12 de Dezembro de 1993, o Bispo desta diocese de Leiria-Fátima, aprovou as seguintes Normas Pastorais:

2. 1 - A Igreja deseja que os professores de Educação Mo­ral e Religiosa Católica sejam sua presença em todo o "espa­ço escola", não apenas junto dos alunos, mas também junto dos outros professores e de toda a comunidade escolar, em constante corresponsabilidade, se esquecer a família dos alu­nos e as associações de pais.

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

2.2 - O Bispo de diocese é sempre o garante do profes­sor (Decreto-Lei 407/89, Art2 9) e o responsável pela sua co­locação em determinada escola, seja ou não por concurso.

Através dos Serviços competentes julgará cada caso de per si e tudo executará através dos mesmos, neste caso o Se­cretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas desta Diocese de Leiria-Fátima, seu órgão executivo.

2.3 - Na análise da proposta de cada professor, o Bispo da Diocese terá em conta os seguintes factos e índices:

2.3. 1 - O trabalho desenvolvido nas escolas onde leccio-nou.

2.3.2 - O testemunho de vida cristã na família, na Igre­ja e na sociedade.

2.3.3 - O compromisso pastoral na diocese, na escola e na comunidade paroquial.

2.3.4 - As aptidões naturais e a vocação para o trabalho com adolescentes ou jovens, com os colegas professores de outras áreas e com os Responsáveis da Educação.

2.3.5 - A frequência às "reciclagens" ou encontros de for­mação, propostos pelos Serviços competentes.

2.3.6 - A habilitação própria específica e o tempo de ser-viço.

3. Escolas do ensino público - alunos ,

No Ano Lectivo 1996/1997 dos 18.785 alunos, que fre­quentam as diversas escolas do Ensino Público, da área geo-

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

gráfica da diocese de Leiria-Fátima, inscreveram-se na au­la de Educação Moral e Religiosa Católica 7.625 alunos, do 5º ao 12º ano, que dá uma percentagem de 40,6%.

Estiveram assim distribuídos pelos diversos anos:

52 Ano 2.060 = 88% 6º Ano 1.841 = 76% 72 Ano 1.554 = 57,4% 8º Ano 1.059 = 41,5% 9º Ano 744 = 29,7%

10º Ano 269 = 10% 11º Ano 65 = 3,45 12º Ano 33 = 2%

4. Escolas particulares e colégios católicos

Nas Escolas Particulares e Colégios Católicos, matricu­laram-se 6.955 alunos, dos quais 6.045 increveram-se na disciplina de Educacão Moral e Religiosa Católica, que equi­vale a 87%.

5. Escolas públicas e particulares

Funcionam na área da Diocese de Leiria-Fátima 35 Es­colas assim distribuídas:

Escolas do E .B. 1 º, 2º e 3º Ciclos . . . . . . . . . . . . 2 Escolas do E.B. 2º Ciclo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Escolas do E.B. 2º e 3º Ciclos . . . . . . . . . . . . . . 13 Escolas Secundárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Escolas Particulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

6. Professores

Leccionam na diocese de Leiria-Fátima trinta e nove (39) professores de Educacão Moral e Religiosa Católica, não incluindo os dos Colégios Católicos sendo:

Professores do quadro, de nomeação efectiva . . . . . . . . 12

Com habilitação própria, profissionalizados, mas não no quadro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Com habilitação própria, não profissionalizados . . . . . 7

Com habilitação Suficiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

De referir que, do total de professores, 7 são sacerdotes, 1 religiosa e 3 1 são leigos. Destes são 20 homens e 19 mulheres.

7. Acções de formação

Ao longo deste ano o Secretariado promoveu uma accão de formação permanente, para todos os professores. Decor­reu no Seminário Diocesano de Leiria nos dias 12 e 13 de Novell)bro de 1996, versou o tema "Os Média na Educação" e foi orientado pelo Dr. Carlos Liz.

8. Formação e informação ao público

Referimos ainda todo o trabalho de informação aos alu­nos, encarregados de educação, escolas e paróquias, antes do termo das aulas. Para este efeito, foi enviado, a todas as paróquias e a cada professor, um cartaz elaborado pelo Se­cretariado Nacional da Educação Cristã para sensibilização das comunidades paroquiais e escolar.

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

9. Esperanças e desafios

9.1 - Tendo em conta que os adolescentes e jovens bus­cam espaços de amizade, de diálogo franco e amigo, esta au­la deverá ir ao encontro dos seus anseios.

9.2 - Sabendo que a cultura adquirida precisa de ser ilu­minada pela Verdade em espírito crítico e criativo, ao encon­tro do Transcendente, os professores de EMRC são desafiados a serem verdadeiros educadores, tendo em conta a formação global da pessoa humana.

9.3 - Partindo da certeza de que muitos alunos têm bastante esperança na Igreja, esta é desafiada a priorizar a qualidade, quer no que diz respeito aos professores, quer no que diz respeito aos conteúdos, quer ainda à pedagogia a utilizar.

O Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas

SECRETARIADO DIOCESANO DA PASTORAL DAS VOCAÇÕES

I - Objectivos propostos

12 - Inserir na dinâmica da Pastoral Diocesana a dimen­são vocacional.

22 - Organizar a pastoral vocacional nas vigararias.

32 - Sensibilizar adolescentes e jovens para a descober­ta da vocação.

' 42 - Formar animadores vocacionais.

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II - Actividades realizadas

- Uma semana vocacional na paróquia de Colmeias.

- Um encontro vocacional para adolescentes nas paró-quias de: Arrabal, Aljubarrota, Matas, Freixanda, Pousos e Milagres.

- Uma Festa de Natal, uma caminhada e um acantona­mento para adolescentes.

- Um encontro vocacional para jovens nas Vigararias de: Leiria, Porto de Mós e Milagres.

- Uma assembleia Diocesana de Animadores Vocacio­nais Paroquiais.

- Realização da Semana dos Seminários e da Semana de Oração pelas Vocações.

- Participação no Curso de Formação para animadores Vocacionais Paroquiais em Fátima.

- Sete encontros de Oração jovem "Shemá" em colabo­ração com a Pastoral Juvenil.

- Elaboração de 3 números do Jornal "SIM" e de guiões de vigílias de oração.

- Encontros de preparação imediata para o crisma nas paróquias de: Gondemaria, Calvaria, Maceira e Parceiros.

- Uma vigília e oração pelas vocações na paróquia de Calvaria para a Vigararia de Batalha; no Seminário Diocesa­no para a Vigararia de Leiria; na Capela do Seminário Mon­fortino para a Vigararia de Fátima e Institutos Religiosos.

- Reza do Terço na Capelinha das Aparições com inten­ção vocacional.

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- Um encontro para Animadores Vocacionais e catequis­tas no centro paroquial da Batalha para a Vigararia da Ba­talha.

- Uma semana de sensibilização vocacional no Centro de Estudos de Fátima.

- Nove encontros do Secretariado para programar, exe­cutar e avaliar as actividades.

III - A Pastoral Vocacional na Diocese

O Secretariado, para melhor realizar a sua acção, preci­sa de todos, sacerdotes, religiosos, leigos, animadores vocacio­nais, famílias, jovens e adolescentes. Será nesta comunhão pastoral que as comunidades poderão despertar para as vo­cações sacerdotais e para as vocações de especial consagração. Neste sentido, a composição de equipa do Secretariado abar­ca todas as vocações para dar testemunho abrangente das vo­cações na Igreja.

Todas as acções realizadas obedeceram a um projecto elaborado previamente, tendo em consideração o plano dio­cesano em vigor, a continuidade da acção pastoral e a ne­cessidade de abrir para novas perspectivas de pastoral vocacional. É nossa intenção passar duma acção pastoral fragmentária e dispersa, caindo por vezes nalgum activis­mo, para uma acção programada, tendo em consideração o projecto do Secretariado e as solicitações pastorais das co­munidades cristãs.

Todas as actividades realizadas tinham um grande ob­jectivo: - sensibilizar a diocese para o permanente estado de vocação da acção pastoral. Em múltiplas situações, os páro­cos e animadores vocacionais sentem essa urgência, noutras,

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é ainda necessário um trabalho de motivação vocacional pa­ra que as comunidades cristãs despertem para uma pasto­ral que seja verdadeiramente vocacional.

A diocese vai, progressivamente, tomando consciência da necessidade de efectuar um salto de qualidade na pasto­ral vocacional. De facto, a pastoral das vocações não pode ser vista como tarefa de alguns, como se fossem delegados de al­guém, mas compreendida como um objectivo fundamental das comunidades cristãs. No Seminário são cultivados os gérmens vocacionais. Todos devem sentir-se comprometidos na pastoral vocacional.

De todas as actividades realizadas pelo Secretariado me­recem particular destaque as seguintes acções: - sensibiliza­ção vocacional junto dos adolescentes, numa colaboração estreita entre pastoral vocacional e pastoral catequética, po-· dendo desta forma construir-se uma ponte entre o Secretaria­do e o Pré-seminário para um acompanhamento vocacional; - dinamização da Semana de Oração pelas Vocações, e pela primeira vez aproveitamos o Tempo Litúrgico da Páscoa como um Tempo favorável para a sensibilização vocacional das co­munidades, sobressaindo, desta forma, o Tempo Pascal como Tempo Vocacional; - formação de animadores vocacionais pa­roquiais sendo de notar, devido à solicitude pastoral do páro­co, um maior empenhamento dos animadores nas várias acções de índole vocacional realizadas nas paróquias ao longo do ano.

Os encontros de oração parajovens decorreram da me­lhor forma. Atendendo aos condicionalismos, infelizmente pouco compreendidos por alguns, tomámos a decisão de, em colaboração com a Pastoral Juvenil, decentralizar o encon­tro de oração "shemá" e propor a sua realização nas viga­rarias. Este desafio foi bem acolhido pelas equipas vicariais

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e, hoje, o encontro de oração jovem é uma realidade na dio­cese. Mensalmente centenas de jovens encontram-se para rezar. Estamos em crer que esta é uma boa forma de evan­gelizar os jovens e de despertar vocacional, já que ajuda o jovem a olhar para o alto abrindo-se, desta forma, ao cha­mamento de Deus.

IV - Olhar o futuro ...

Vamos continuar com a acção pastoral já iniciada. Esta­mos conscientes de que as vocações não são fruto de geração espontânea, mas o resultado da abundância dos dons de Deus e do testemunho e esforço pastoral. Neste sentido, va­mos continuar a dinamizar as Comunidades Cristãs, acom­panhar adolescentes e jovens na descoberta da sua vocação, continuar a formar animadores vocacionais paroquiais e aproveitar a acção sinodal da diocese para que a pastoral vo­cacional seja entendida como um dos objectivos fundamen­tais de toda a comunidade cristã.

O Director do Secretariado

Pe. António Paulo da Costa Madureira

CÁRITAS DIOCESANA DE LEIRIA

Introdução

A Cáritas Diocesana de Leiria sente-se depositária de um capital grande de esperança não só da Igreja como tam­bém da parte de muitas pessoas ou instituições que, de uma

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

ou de outra forma, lhe testemunham o seu apoio, ou contam com ela em situações de maior dificuldade.

Tentamos persistentemente não defraudar estas legíti­mas expectativas e não iludir a confiança dos que esperam da Cáritas, como instrumento da acção social organizada da Diocese de Leiria-Fátima, algum suplemento de remédio pa­ra os seus males.

Experimentamos, porém, a permanente tensão entre a realidade condicionada que somos e as necessidades novas, em extensão e profundidade, a que gostaríamos de poder corresponder. Uma inquietação que tomamos como postura saudável de recusa à instalação acomodada e que se abre à criatividade, inovação e descoberta de formas novas de pre­sença e de resposta.

Ainda que nos preocupem mais as omissões do que nos alegram as realizações, pensamos ser legítimo reconhecer também, nas páginas que se seguem, algum valor à acção realizada. Trata-se de um trabalho cujo mérito se deve a quantos nos apoiaram continuamente ou, das mais diversas formas, nos transmitiram a sua compreensão e estímulo re­vigoradores.

No relatório anual que a seguir se apresenta, a Cáritas a todos tem presente, testemunhando o mais vivo apreço e reconhecimento por tão meritórias colaborações.

I - Organização interna

Tradicionalmente muito escasso o número de colabora­dores remunerados da Cáritas, o seu número ficou reduzido apenas a duas unidades desde o final de 1994. Entendemos desnecessário referir as dificuldades então experimentadas

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e agravadas nos primeiros meses de 1996 com a doença da responsável da casa do Pedrógão. Nessa ocasião difícil, foi o vigor e a dedicação do voluntariado da Cáritas que, em con­gregação de esforços, ultrapassaram debilidades estruturais, permitindo que a casa continuasse sempre disponível e não fossem afectadas as actividades mais importantes da insti­tuição.

A afectação à Cáritas, a tempo parcial, do teólogo Pau­lo Adriano Jorge dos Santos, desde o mês de Julho, atenuou as dificuldades, não apenas quanto à organização das coló­nias de férias, como também por abrir novas possibilidades de trabalho com as paróquias ao nível da formação/reanima­ção de grupos de acção social locais, além do necessário e va­lioso apoio noutras áreas de actividade.

Ao nível administrativo, a empregada D. Maria do Car­mo garantiu o regular tratamento das operações de contabi­lidade e expediente, fez o atendimento de quantos se dirigem à Cáritas e colaborou dedicadamente em todas as situações que requeriam o seu apoio.

II - Acção social e pastoral

1. Serviço de atendimento

Apesar de vir privilegiando o relacionamento com os grupos locais de apoio, e encaminhar para eles os carentes de auxílio que a demandam directamente, a Cáritas sempre teve a preocupação de a todos atender com a máxima solici­tude e de prestar de imediato o apoio possível em cada cir­cunstância.

Foram recebidas e atendidas 153 pessoas.

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RELATÓRIOS DE ACTNIDADES DE 1996/1997

2. Serviço de roupeiro

Registou desusada procura no ano em apreço, tendo si­do distribuídas a Conferências de S. Vicente de Paulo, ou­tros grupos e particulares, mais de 2.280 peças.

O tratamento, selecção e arrumação da roupa usada en­tregue à Cáritas, foi garantido regularmente por um grupo de colaboradoras em regime de voluntariado.

3. Outros serviços

A Cáritas pôs ao serviço de doentes carenciados:

2 cadeiras de rodas;

6 camas articuladas para doentes acamados.

Prestou ajudas diversas a grupos locais para acções de apoio nas respectivas comunidades, que totalizaram 330 contos.

4. Ajuda alimentar

4.1 . Programa comunitário

Foram movimentados cerca de 41.016 quilogramas de géneros de primeira necessidade, tendo todas as operações de carga, descarga, armazenamento e distribuição, sido efec­tuadas por colaboradores coluntários da Cáritas.

Desejamos na presente ocasião, salientar o inestimável apoio que nos foi prestado para as operações de transporte pelo Ex-Comando do Regimento de Artilharia de Leiria.

Desta acção, feita em estreita colaboração com as Con­ferências, Párocos e Juntas de Freguesia, beneficiaram 3.485 pessoas.

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

4.2. Fundação Artur Barreto

Por conta da Fundação Artur Barreto, a Cáritas distri­buiu na área geográfica abrangida, verbas para apoio a aju­da alimentar que somaram 578 contos.

5. Dia Cáritas

Tem já longa tradição o Dia Nacional da Cáritas, cele­brado no 311 Domingo da Quaresma, neste ano a 2 de Março.

A celebração de âmbito nacional ocorreu em Santarém, com a participação do Presidente da Direcção da Cáritas de Leiria.

Na semana precedente, a Cáritas divulgou as principais actividades que tem vindo a relizar e difundiu através da co­municação social mensagens de apelo à solidariedade e par­tilha.

Teve lugar, na mesma ocasião, o peditório público para as actividades da Cáritas nos maiores centros urbanos: Lei­ria, Marinha Grande, Vieira de Leiria, Pataias, Aljubarro­ta, Maceira, Batalha, Porto de Mós, Mira de Aire, Minde, Ourém e Fátima. O montante apurado nessas localidades foi de 2.028.5 16$00.

6. Formação

6.1. de âmbito global

Em cumprimento do plano de acção previamente defini­do, realizou-se na casa do Pedrógão, em 10 de Novembro, um encontro de formação para a acção sócio-caritativa. Aberto a

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todos os grupos, contou com a activa participação de 160 pes­soas, de todos os pontos da diocese e foi orientada pelo Dr. Acácio Catarina, Presidente da Cáritas Portuguesa. Versan­do a temática da "Pastoral e Atendimento", constituiu uma jornada de formação sobre aspectos muito práticos do aten­dimento a praticar pelos grupos de acção social nas respecti­vas comunidades.

6.2. de âmbito local

Na linha de actuação preconizada pela Cáritas Portu­guesa, deu-se início a um ciclo de formação junto das comu­nidades locais. Assim, e para as paróquias de Pedreiras, Calvaria, Juncal e Aljubarrota, tiveram lugar, nas Pedrei­ras, duas sessões de formação para a acção social, nos dias 28 e 29 de Fevereiro sob a orientação do Dr. Carlos Neves, da Cáritas de Coimbra, e que contou com cerca de 40 parti­cipantes.

Também para as paróquias da Ortigosa, Souto da Car­palhosa e Carreira realizaram-se, na Ortigosa, dois encon­tros nos dias 14 e 15 de Março, com o mesmo orientador, com 20 participantes.

Na Carreira, em 14 de Maio, o Presidente da Direcção e o Assistente Religioso participaram também num encontro tendente à constituição de um grupo de solidariedade na­quela freguesia.

7. Relações com outras entidades

A Cáritas participou em todas as Assembleias Gerais da organização e esteve presente em Santarém nas activi­dades que assinalaram o Dia Nacional da Cáritas.

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RELATÓRIOS DE ACTIVIDADES DE 1996/1997

Colaborou activamente com o Secretariado Nacional da Acção sócio-caritativa na promoção e divulgação da XIV Se­mana Social realizada em Fátima em 9-12/09/96.

Prosseguiu a sua colaboração com o mesmo Secretaria­do relativamente ao inquérito nacional sobre a acção social de matriz cristã, tendo sido recolhidos 87 inquéritos.

III - A casa da praia

É um espaço que, mantido em boas condições de utiliza­ção durante todo o ano, constitui em si mesmo um serviço da Cáritas a toda a diocese, justificando que os cuidados de con­servação e de funcionamento absorvam uma boa fatia dos recursos da Cáritas.

Em 1996 foi concluído o arranjo do telhado com a coloca­ção de uma subtelha em toda a cobertura daquela casa. Pa­ra este fim específico, é-nos muito grato referir, entre outros, os apoios que recebemos do Ministério da Solidariedade e Em­prego através da Segurança Social de Leiria, Governo Civil de Leiria, Câmara Municipal de Leiria, Santuário de Fátima e Junta de Freguesia de Coimbra, aos quais a Cáritas mani­festa, uma vez mais, público reconhecimento.

Foi na casa do Pedrógão que, em 1996 como, de resto, nos anos precedentes, tiveram lugar as actividades de maior vulto da Cáritas que a seguir se especificam.

1. Colónia de Férias de crianças e adolescentes

Funcionaram 4 turnos de crianças e 1 de adolescentes, num total de 339 participantes. Vieram de 39 paróquias, sen­do a seguinte distribuição por concelhos:

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Batalha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Leiria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244

Ourém . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134

Pombal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Porto de Mós. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

77 monitores, jovens de ambos os sexos, em regime de voluntariado, garantiram as funções de acompanhamento e animação, constituindo para todos uma rica experiência de serviço e doação que alegremente testemunharam.

As colónias de férias representaram para a Cáritas um encargo de 1.345 contos.

2. Estada de idosos

Porventura menos conhecidas do que as actividades com crianças, a disponibilização da Casa do Pedrógão para a es­tadia dos vários grupos de idosos constitui um valioso servi­ço que motiva apreciação muito positiva dos utilizadores.

É um espaço que favorece a aproximação das pessoas e a construção de laços de solidariedade indispensáveis a uma vida com a qualidade e atenção de que são merecedores.

Os 231 idosos que lá passaram as suas férias provieram dos seguintes concelhos:

Ferreira do Zêzere . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Ourém. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Porto de Mós . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Tomar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Pombal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

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3. Outros grupos

Para além dos grupos atrás mencionados, a casa do Pe­drógão foi frequentada por mais 1.097 pessoas. Foram prin­cipalmente grupos de escuteiros, grupos paroquiais e outros que, em acções formativas de índole social, espiritual e cul­tural, escolheram aquele local como o mais favorável para as suas actividades.

Publicamos apenas os relatórios dos serviços diocesanos que nos chegaram às mãos, mas haveria muitas outras acti­vidades a registar. Também os diversos movimentos e obras presentes na Diocese promoveram muitas e variadas activi­dadas, não nos sendo contudo possível publicar os seus rela­tórios e actividades.

A vida da Igreja diocesana não se limita àquilo que é re­gistado e relatado.

Dois documentos recentes dos Dicastérios Romanos merecem a nossa atenção e reflexão.

O primeiro é a "Instrução sobre os Sínodos Diocesanos" da Con­gregação dos Bispos e da Congregação da Evangelização dos Povos. Es­te documento foi publicado na Lumen de Novembro e Dezembro de 1997 (pag. 43-53). O facto da Diocese de Leiria-Fátima se encontrar em ca­minhada sinodal é convite a aprofundar quer os princípios teológicos dos Sínodos Diocesanos, quer as normas práticas que a eles se referem.

O segundo documento é a "Instrução acerca de algumas questões sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério dos sacerdo­tes". Este documento é da responsabilidade conjunta de várias Con­gregações Romanas e foi publicado na edição em Português de L'Osservatore Romano N.0 47, de 22 de Novembro de 1997. Após uma exposição dos princípios teológicos relativos ao sacerdócio comum e ao sacerdócio ministerial, a Instrução apresenta um capítulo de "dispo­sições práticas". Embora o documento não seja inovador, vem relem­brar as orientações da Igreja no que se refere à colaboração dos fiéis leigos com os sacerdotes.

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SÃO SIMÃO DE LITÉM - RETALHOS

PARA A SUA HISTÓRIA Não conheço a origem da palavra Litém, nem sequer o

seu significado original. Parece que o vocábulo "luletem", don­de proveio Litém, era utilizado nas antigas línguas árabes.

Muito embora se desconheça o seu significado antes de ser utilizado como topónimo (nome de localidade), contudo, no século XII, Litémjá caracterizava três centros populacio­nais rurais, a nível de freguesia, geograficamente muito pró­ximos: S. Tiago de Litém, S. Simão de Litém e Santa Maria de Litém, posteriormente designado por Santa Maria de Ver­moil. Donde se pode inferir que "Litém" queira significar ter­ra fértil, vergel fecundo, mata frondosa.

São Simão na pré-história?

Perde-se na noite das suposições, a data do primitivo povoamento da região. Não chegou ao meu conhecimento qualquer notícia sobre a estância de qualquer objecto lítico, de pedra lascada ou polida, encontrado no seu território. Contudo, meu saudoso pai contava-nos que por ali havia "pe­dras de raio" ou "coriscos" a quem se prestava culto em dias de trovoada. Sabendo nós que os objectos hierofânicos popu­larmente designados por esses nomes, eram os machadinhos de pedra polida do período do neolítico (3.000-5.000 antes de Cristo), podemos supor que por ali já existira o homem pré-histórico.

No museu do Seminário de Leiria encontra-se um ma­chado de alvado, de bronze, encontrado no lugar do Brejo, nas proximidades de São Simão de Litém. O seu comprimen-

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S. SIMÃO DE LITÉM

to é de 16 centímetros; a profundidade do alvado 7 centíme­tros. O gume, ligeiramente encurvado, com 6 centímetros de diâmetro, apresenta desgastes, o que supõe que foi utiliza­do. Falta-lhe urna das duas argolas e está quase todo reves­tido de espessa camada "ferrosa", indicativo de que esteve enterrado durante muito tempo. A sua cronologia poder-se­-á situar cerca de mil anos antes de Cristo. Este achado não documenta de per si que foram os habitantes do Brejo que o utilizaram. Outros povos poderiam tê-lo trazido para ali. Mas corno há outros documentos antigos encontrados na zo­na, aos poucos, vamo-nos convencendo da antiguidade dos nossos progenitores.

O Litém no período da romanização

Todos sabemos que o povo romano fundou um dos mais vastos impérios da Antiguidade. Em finais do século III antes de Cristo já ocupavam parte da Península Ibérica e sucessivamente dominaram-na completamente, manten­do domínio sobre ela durante cerca de 600 anos, impondo suas leis, costumes e a sua língua mesmo. Da sua perma­nência entre nós ficaram muitos e diversificados documen­tos, alguns deles encontrados ultimamente, nas nossas zonas do Litérn. Refiro-me sobretudo a monumentos fune­rários, impropriamente também chamados cipos, com ins­crições latinas, consagrados aos deuses Manes, as almas dos mortos a quem prestavam culto, não viessem eles in­comodar os vivos.

Um desses monumentos funerários encontrei-o junto da capela do Arnal, talvez no ano de 1977. A sua inscrição, em latim, refere-se a dois escravos que foram libertos por al­guém, cujo nome se desconhece, porque o campo epigráfico

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S. SIMÃO DE LITÉM

da pedra está muito deteriorado. A esse nosso desconhecido dedicam esse monumento, por testamento. Um desses liber­tos chamava-se Rustico e do outro, talvez do sexo feminino, desconhece-se o nome completo, pois apenas se conseguem decifrar três grafemas: "tar". A sua possível tradução, em português, será: "Rústico e . . . tar . . . , libertos e herdeiros, por testamento, mandaram fazer" (este monumento).

O cipo é de pedra lioz, rija e de tom rosado, e do primei­ro século da era cristã. Em 28 de Dezembro de 1989, em dois semanários de Leiria, publiquei um breve estudo sobre uma inscrição romana de um outro cipo, ainda inédita, que en­contrara meses antes, junto da capela de Santo António, que João de Barros mandara edificar, entre o denso arvoredo, pa­ra aí ser sepultado. O senhor Adelino Rodrigues, morador na Quinta de São Lourenço, que a conservara durante al­gum tempo nos cómodos da sua casa, disse-me que a havia trazido de junto da velha casa de João de Barros e que esti­vera colocada no patamar da escada que dava acesso à va­randa do conhecido escritor. E tudo leva a crer que sim, atendendo ao desgaste que se verifica numa das faces do re­ferido monumento funerário. A pedra tambem é de lioz ro­sado, muito semelhante à do Arnal, datando do primeiro século da nossa era. O epitáfio nela gravado, em latim, é do seguinte teor: "Diis Manibus. Rufinae, Lubaeci filiae, anno­rum quadraginta, Oculatia mater ponendum curavit. Sit ti­bi terra levis". O que quer dizer em português: "Aos Deuses Manes. A mãe Oculácia mandou fazer (este monumento) a Rufina, filha de Lubeco, de quarenta anos. Que a terra te se­ja leve".

O nome Rufina, nome latino, já prova que a população indígena, possivelmente a residir na ribeira do Litém, à me­dida que os romanos ali iam chegando, ia assumindo, pouco a pouco, o seus hábitos onomásticos.

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S. SIMÃO DE LITÉM

Na vizinha freguesia de Abiul, em 1987, foi achado um outro cipo funerário romano que referencia nomes de duas famílias: Sapídia e Pólia, de origem desconhecida, mas tal­vez itálica.

Estes três monumentos funerários, encontrados tão per­to uns dos outros, indiciarão a existência de alguma estação romana, nas redondezas? Talvez. E o "esporão" de Vila Pou­ca parece ser mais um dado a ajuntar a esta suposição. Mas os nossos arqueólogos terão a última palavra. E as quatro "vilas" de São Simão: Vila Pouca, Vila Verde, Vila Gateira e Vila Galega, não serão outros documentos a afirmar a exis­tência dessa estação romana, sabendo-se que a palavra la­tina "villa" significa quinta, casa de campo?

São Simão nos escritos medievais

Deixemos de peregrinar através das conjecturas que en­volvem as nossas raízes mais remotas. Eu também me sinto compreendido no topónimo Litém, pois sou natural de Santa Maria de Litém (Vermoil). Vamos fixar-nos em momentos mais próximos de nós, historicamente documentados. Para tanto, o ilustre historiador Dr. Saul António Gomes, empres­tar-nos-á alento através do seu excelente artigo "A popula­ção e o povoamento de Leiria do século XII ao XVI", publicado no órgão oficial da diocese "Leiria-Fátima", ano III, págs. 225-317.

Um documento de Santa Cruz de Coimbra parece indi­car que "Litém", já era freguesia, com matriz própria, no ano de 1189. E um outro documento datado de 1211 assina­la que a projecção geográfica do concelho de Leiria, ligada à organização paroquial, compreendia dez paróquias: cinco sedes paroquiais urbanas, dentro da vila: Santa Maria, S.

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Pedro, Santiago, Santo Estêvão e S. Martinho, e cinco sedes paroquiais rurais: S. Miguel das Colmeias, S. Salvador do Souto, S. João de Espite, S. Simão de Litém e Santa Maria de Litém. Mas é muito provável que a fundação das mencio­nadas paróquias se situe antes de finais do século XII.

Entre 1135 e 1300, já são referidos os topónimos Litém, Arnal e lugares vizinhos: Ranha, Carnide, Cavalaria (Calva­ria), Bouça, Crasto . . .

O étimo Vermoil que parece indicar toponímia moçára­be, aparece posteriormente, no século XIII, possivelmente trazido por comunidades migrantes, oriundas das regiões castelhano-leonesas. Até aqui, a freguesia era designada Santa Maria de Litém. Os nomes das localidades acima elencadas, sugerem campos cultivados ou terrenos arbori­zados.

João de Barros, o autor das Décadas da Índia, residiu durante vários anos, na quinta de São Lourenço, situada na ribeira do Litém. Ali escreveu a maior parte dos seus livros. Dentro da sua quinta havia um olival com 585 pés. Aquelas oliveiras que ainda se vêem, velhinhas, perto da ponte de ferro, não teriam sido pertença dele? Possuía também uma mata com 1.500 carvalhos, landeiros e rameiros, de rama­rias frondosas donde pendiam bolotas em abundância. Se­ria esta mata coincidente com a zona verde de Vila Pouca, prolongand<:r-se ao longo do ribeiro da Tronca, ou ter-se-á de situar do outro lado do rio Arunca, para as bandas de São Vi­cente ou Pinhete?

Na parte urbana da quinta, quase pegada à casa do grande mestre quinhentista da nossa língua, estivera, até há pouco tempo, uma ermida da invocação de São Lourenço. Conheci essa capela. Dentro dela havia um letreiro sobre uma sepultura. Infelizmente, o camartelo da destruição de-

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S. SIMÃO DE LITÉM

moliu esse monumento histórico e somente . . . porque era pre­ciso alargar a estrada . . . (contradições) . . . A nossa quinta do Litém ficou mais pobre. As imagens de São Lourenço e de Santa Catarina que os nosos avoengos ali veneraram, desa­pareceram.

Felizmente, resta-nos a capela de Santo António que João de Barros mandou edificar, ali perto, do lado sul do rio Arunca, para aí ser sepultado o que veio a acontecer em 21 de Outubro de 1570. Nessa capela ainda se encontram dois elementos preciosos do século XVI, testemunhas da sua cons­trução: o arco manuelino da capela-mor e um pano de azu­lejos, tipo mudéjar, constitutivo do frontal do altar. João de Barros que teria acompanhado a construção daquela ermi­da, teria tonificado o seu espírito à sombra gratificante das muitas árvores solitárias ainda ali existentes, a convidar a doce recaibão.

São Simão nos tempos modernos

Os dados estatísticos conhecidos do ponto de vista po­pulacional, situam-se no século XVI. pelo censo de 1527, sa­bemos que São Simão de Litém tinha 54 fogos e 216 habitantes nvma área de 3.887 hectares, a mais pequena em território e a menos populosa das freguesias rurais do concelho de Leiria. Os seus moradores estavam, ao tempo, distribuídos por estes lugares: Gracieira 6 fogos; Vila Ga­teira e Vila Verde 4 fogos; Casal da Cartaria e o do Ribeiro e Pisões em volta 14 fogos; Aldeia das Ferrarias e Pomares e Casal da Mosca e Moinho do Porto e Moinho de Diogo de Almeida e Casal do Bacharel Álvaro Fernandez e Vila Ga­lega e Azenha de Gil Afonso 25 fogos; Aldeia do Arnal e Fei­til 5 fogos.

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S. SIMÃO DE LITÉM

Os lugares de Cadavais, Barrosa, Marra, Murzeleira e Casal da Falgareira vêm referidos como integrados na fre­guesia de Vermoil.

O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, escrito em meados do século XVII, menciona 5 ermidas, ao tempo existentes na freguesia: no lugar da Gracieira, uma ermida da invocação de Nossa Senhora da Piedade; nas Ferrarias, na quinta dos Barros, outra, da invocação de São João Bap­tista; outra, da invocação de Santo Elói, junto à quinta do Pinheiro; outra, na Albergaria, da invocação de Nossa Se­nhora da Consolação; no lugar de Ruge-Água, outra, da in­vocação de Santa Marta. E entre esta freguesia e a de Espite, outra, da invocação de São Miguel das Antas.

Poucos documentos restam destas ermidas. Conhece-se uma imagem gótica de Santo Elói, do século XV. Mas julgo que nunca esteve entronizada na referida ermida junto da quinta do Pinheiro, mas numa outra, da mesma invocação, que, segundo o Couseiro se situaria nas proximidades da Quinta dos Claros, "entre os dois moinhos".

Nos tempos contemporâneos

O Inventário Artístico de Portugal ( 1955) refere que, nos topos do transepto da igreja paroquial, há duas maquinetas com imagens antigas, uma das quais a Senhora da Piedade, escultura de pedra policromada do século XVII. Não conse­guimos identificar nenhuma destas esculturas. Teriam desa­parecido. No museu do Seminário encontra-se uma Pietá, ou seja uma escultura de Nossa Senhora da Piedade, de ma­deira, mas de época posterior, muito danificada porque foi sujeita a várias pinturas efectuadas por "artistas" sem gos­to e sem preparação. Seria esta imagem a que foi venerada na ermida da Gracieira?

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S. SIMÃO DE LITÉM

Quando era pequeno e frequentava a escola primária fui ao Arnal, à festa de Santo Amaro, que se celebrava em mea­dos de Janeiro. Recordo-me de que entrei na capela antiga onde estava a imagem de um santo, de cor escura, barbas compridas e com um pau na mão.

De tanto me ter habituado a olhar a capela nova, cons­truída ali perto, nos anos 60, nunca mais lá fui. E, no último sábado, 6, (!) resolvi regressar, para, volvidos mais de cin­quenta anos, reviver as impressões da primeira ida à festa do Arnal. Algures, reencontrei a imagem escura de Santo Amaro, com barbas compridas, olhos muito abertos e um bá­culo incompleto na mão. Era a mesma.

Cruzámos atentamente os olhares e o Santo pareceu­-me dizer: "Sou do século XVIII, tenho mais de duzentos anos; habitei uma capela bonita, cujos traços arquitectóni­cos foram alterados na travessia do tempo, mas cujas pare­des iniciais, em parte, se conservam. Sou o documento mais antigo do lugar, a atestar a identidade religiosa e a feição comunitária deste povo. Gostaria de regressar à minha an­tiga capela, habitar aquelas paredes primitivas, minhas contemporâneas, depois de serem retiradas as adjacências posteriores. Mesmo que entronizado numa ermida mais mo­desta do que a primeira, gostaria de continuar a ser o pro­tector do lugar, a alimentar, nos terrenos da História, as raízes fidalgas, cultuais e culturais do bom povo do meu Ar­nal".

Prometi divulgar o seu pedido e ajudar a reconstruir, no mesmo sítio, o seu solar. Ele sorriu-se. Ofereceu-me a sua fotografia e eu retirei-me confiante.

1. 6 de Julho de 1996.

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S. SIMÃO DE LITÉM

Na igreja matriz, além do retábulo de modesto entalha­mento dourado, do século passado, pouco há a referir quer quanto a perfis arquitectónicos quer artísticos. De salientar, as obras de beneficiação em curso, no seu interior, equilibra­das e bem sucedidas. Pena é que o seu exterior continue des­caracterizado ar qui tectonicamen te.

O povo de São Simão é um povo ordeiro, trabalhador, pie­doso e bairrista. Até meados deste século, a agricultura cons­tituía a sua quase e única fonte de subsistência. A ausência de meios de comunicação viária e rodoviária mantinha-o pra­ticamente isolado. A este isolamento atribuo aquela peculiar pronúncia da língua, com ditongação característica, o que constituía motivos para os povos vizinhos entreterem imita­ções irónicas, galhofeiras e imaginativas, a que eu próprio não fui indiferente.

Era a fonia do ditongo "ei" que oferecia o bordão nuclear das diversões imitativas que prenchiam as sachas do milho e os serões da aldeia. A imigração interna e externa que se avolumou em finais da década de 50, a escola, os transpor­tes, a utilização dos meios de comunicação auditiva nacio­nal fez desaparecer aquele "enclave", singular quanto ao uso fónico da língua.

Os últimos trinta anos emprestaram desusados alentos às gentes de São Simão. Graças ao seu espírito empreende­dor, iniciativas renovadas e bairrismo saudável, hoje, podem situar-se, sem favor, na galeria dos povos que mais têm pro­gredido, a todos os níveis, nos vários quadrantes do mundo. Honra lhes seja !

Padre Américo Ferreira

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LEIRIA-FÁTIMA, publicação quadri­

mestral, que arquiva decretos e pro­

visões, divulga critérios e normas de

acção pastoral e recorda etapas Im­

portantes da vida da Diocese.

Depósito Legal N2 64587/93

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