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Os desafios no cotidiano profissional do assistente social nas ONGs LUANA RODRIGUES* Resumo: As inúmeras mudanças ocorridas no cenário da sociedade capitalista entre 1970 e 1990, induzem o Estado a buscar respostas alternativas no trato das disparidades sociais.Partindo desse contexto, surgem as Organizações Não Governamentais(ONGs), integrantes do Terceiro Setor que passam a atuar prestando serviços sócio- assistenciais para a população em situação de vulnerabilidade social.Com a expansão do Terceiro Setor fez-se necessário que as instituições atribuíssem saberes técnicos na prestação de serviços abrindo espaço para a inserção dos assistentes sociais nesses espaços sócio-ocupacionais. O objetivo desse estudo é expor algumas reflexões a cerca do cotidiano de trabalho do assistente social feitas a partir da experiência de estágio realizado em uma instituição do Terceiro Setor. Nas considerações finais, destacam-se os conhecimentos adquiridos durante o processo de estágio. Palavras-chave-Questão Social-Ong-Serviço Social-Desafios- Intervenção Introdução: A reestruturação do capital gerou inúmeras modificações na sociedade brasileira, em consequência dessas mudanças o Estado decide partilhar com a sociedade

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Os desafios no cotidiano profissional do assistente social nas ONGs

LUANA RODRIGUES*

Resumo: As inúmeras mudanças ocorridas no cenário da sociedade capitalista entre 1970 e 1990, induzem o Estado a buscar respostas alternativas no trato das disparidades sociais.Partindo desse contexto, surgem as Organizações Não Governamentais(ONGs), integrantes do Terceiro Setor que passam a atuar prestando serviços sócio- assistenciais para a população em situação de vulnerabilidade social.Com a expansão do Terceiro Setor fez-se necessário que as instituições atribuíssem saberes técnicos na prestação de serviços abrindo espaço para a inserção dos assistentes sociais nesses espaços sócio-ocupacionais. O objetivo desse estudo é expor algumas reflexões a cerca do cotidiano de trabalho do assistente social feitas a partir da experiência de estágio realizado em uma instituição do Terceiro Setor. Nas considerações finais, destacam-se os conhecimentos adquiridos durante o processo de estágio.

Palavras-chave-Questão Social-Ong-Serviço Social-Desafios-Intervenção

Introdução:

A reestruturação do capital gerou inúmeras modificações na sociedade

brasileira, em consequência dessas mudanças o Estado decide partilhar com a

sociedade civil a responsabilidade de responder as demandas oriundas da questão

social.

Nesse cenário eclodem as ONGs atuando na prestação de serviços sócio-

assistenciais para a população que sofria com os resultados da crise do estado.

Pelo fato do serviço social ser uma profissão que atua nos processos de relação

trabalho e capital, que surge a possibilidade de inserção do assistente social nessas

instituições.

Nesse sentido, o nosso estudo parte de reflexões sobre o cotidiano do assistente

social na Assistência Social Diocesana Leão XIII a partir da leitura de realidade

institucional, onde também está sendo realizado o estágio.

Desta forma, iniciamos o estudo fazendo uma retrospectiva histórica sobre o

surgimento das instituições não governamentais em nosso país e a história e

funcionamento da instituição no município de Passo Fundo.

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Posteriormente nos dedicaremos a explicar as limitações que os assistentes

sociais enfrentam em seu cotidiano profissional, a origem dos recursos e a

compreensão do assistente social sobre o seu objeto de trabalho.

Por fim, a importância do trabalho institucional, possibilidades de intervenção

junto à instituição.

Breve histórico sobre o surgimento das ONGS no Brasil

No Brasil as ONGs surgem ao final de 1970 em consequência da trajetória das

transições democráticas em que a sociedade civil começa a se organizar no intuito de

reivindicar, maior liberdade de expressão e garantia de direitos.

O campo de novos atores ampliou o leque de sujeitos históricos em luta, pois não se tratava mais de lutas concentradas nos sindicatos ou partidos políticos.Houve, portanto, uma ampliação e a pluralização dos grupos organizados, que redundaram na criação de movimentos, associações, instituições e ONGs.(GOHN,2008,p.72)

Após a Promulgação da Constituição Federal de 1988, a euforia da conquista

de direitos garantidos pela Constituição é ofuscada pela crise econômica que o país

enfrentou na década de 90 e consequentemente ocasionando desemprego e também a

precarização do trabalho.

Diante desse cenário no ano de 1993 é criada a Lei Orgânica de Assistência

Social que em seu art.3º regulamenta o funcionamento das entidades e organizações de

assistência social.

Art. 3o  Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumulativamente, prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de direitos.§ 1o  São de atendimento aquelas entidades que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam programas ou projetos e concedem benefícios de prestação social básica ou especial, dirigidos às famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de que tratam os incisos I e II do art. 18

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Desta forma, as ONGs surgem como solução parcial para explicar a

desreponsabilização do estado, onde o governo adota como estratégia as

contrarreformas visando o crescimento econômico no país.

A reconfiguração do Estado e da sociedade civil[...]vem, de FHC a Lula, permeando a realidade brasileira num processo acelerado de contrarreformas, especialmente no campo das políticas sociais, em que o empresariamento e a refilantropização passaram a delinear as formas de enfrentamento da questão social com políticas de privatização, terceirização, parcerias público-privado e fundações, práticas entranhadas na atual conjuntura, nas diferentes esferas de governo, especialmente no espectro municipal.(SIMIONATTO; LUZA,2011,p216-217)

De acordo com Behring (2003) esta ação - as parcerias - servem para ocultar as

relações contraditórias e antagônicas do sistema capitalista. Para Yasbek (2006) é uma

assistência social refilantropizada, marcando a inviabilização da Seguridade Social

como política pública e de direito universal.

A partir de então, as ONGs começam a se especializar em diversas áreas,

relacionadas as políticas sociais, porém constatou-se que era necessário técnicas para

dar conta das vulnerabilidades sociais que se apresentavam e é nesse momento que são

inseridos os Assistentes Sociais nesses espaços sócio-ocupacionais com seus

instrumentais técnicos para dar conta das demandas sociais apresentadas dentro das

instituições.

Desenvolvimento histórico da Assistência Social Diocesana Leão XIII

A Assistência Social Diocesana Leão XIII inicia sua trajetória ulterior a

Segunda Guerra Mundial, que por ter deixado consequências devastadoras nos países

envolvidos, fez com que o mundo todo unisse forças em favor das vítimas enviando-

lhes donativos inclusive o Brasil onde o estado do Rio Grande do Sul concentra uma

parte significativa de descendentes de alemães, além do nosso país os Estados Unidos

cria um Programa chamado de “Alimentos para a Paz” para poder estar auxiliando as

vítimas da guerra, esse programa teve uma repercussão tão positiva que foi decidido

expandi-lo para outros países.

No Brasil a igreja católica foi incumbida de dar continuidade ao projeto através

das Dioceses, e para dar conta da demanda as mesmas se organizaram e formaram

instituições especificas para este fim e, em 25 de março do ano de 1960, cria-se no

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município de Passo Fundo a Assistência Social Diocesana Leão XIII sob a liderança do

Bispo Dom Cláudio Colling que fazia a doação de alimentos semanalmente para as

famílias cadastradas, além da horta comunitária que auxiliava as famílias no

complemento dos alimentos que recebiam da instituição.

A primeira reforma estatutária ocorreu em junho de 1967, que passou a

chamar-se de Assistência Social Leão XIII, sendo que a Diocese passou a figurar,

apenas como membro integrante do conselho fiscal. A retirada da característica

Diocesana tinha como objetivo a mudança dos fins da instituição o que acarretou

muitas dificuldades de ordem administrativa, financeira e moral, entre os anos de 1967

e 1972, além de inúmeras pendências financeiras que só puderam ser pagas quase

trinta anos após a criação da instituição.

Com relação aos cursos profissionalizantes existentes na época, cria-se a

Escola Técnico- Industrial João XIII, pelo fato de a Assistência Social Leão XIII

dispor destes cursos, por diversas vezes foi cogitada e discutida a fusão da Assistência

Social Leão XIII e o Patronato de Menores que estava em fase final de construção,

com vistas à criação de uma Escola Técnica em conjunto, porém não foi possível

materializar essa proposta. Após diversas mudanças a Leão XIII reinicia suas

atividades sob novas expectativas já que o programa Alimentos da Paz que foi o

projeto piloto da instituição estava em fase de extinção.

Em 1972 as Caritas Diocesanas assumem o papel de reorganizar a Leão XIII,

tendo na Coordenação Geral o Pe. Osvino, hoje Dom Osvino José Both, Arcebispo

Militar do Brasil, por estarem unidas as Caritas e a Leão XIII eram confundidas como

se fossem uma mesma entidade, e depois de cumprir com o papel de que as Caritas

haviam sido incumbidas as mesmas passam a ocupar uma nova sede e separam-se da

Leão XIII.Mais uma reforma estatutária ocorre no ano de 1974, onde a instituição

passa do atendimento preventivo de famílias em situação de vulnerabilidade social

para o atendimento de crianças e adolescentes, como novo foco prioritário, isso porque

na época as estatísticas apontavam a existência de um número muito alto de menores

em situação de vulnerabilidade no município de Passo Fundo.

O primeiro Centro de juventude foi inaugurado no ano de 1976, no bairro

Victor Issler; em 1978, o Centro de Juventude II, na Vila Bom Jesus; em 1980, o

Centro de Juventude III, na São Luiz Gonzaga, nessa mesma época foi firmado um

convênio com a Kinderhilfe/Diaconia, da Alemanha onde previa o apadrinhamento das

crianças na Victor Isller.Em 1981, fora ampliado os atendimentos com a implantação

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de duas Creches: Berço da Esperança, na Vila Luiza e Rita Sirotsky, na Santa Maria.

Seguem-se as implantações de mais Centros de Juventude: em 1984, o Centro de

Juventude IV, na Vila Ipiranga; em 1985, o Centro de Juventude V da Vila Luiza; em

1986, o Centro de Juventude VI José Alexandre Zachia.

É importante destacar que a Leão XIII e as Cáritas foram entidades líderes na

criação da AIPAS( Associação das Instituições Particulares de Assistência Social),

uma vez que era necessário juntar forças e evitar atividades paralelas entre si, e

contribuiu também para o início das atividades em rede, além de serem grandes

articuladoras de sugestões para a nova Constituição de 1988 e ECA e implantação do

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente-COMDICA. Nessa

mesma época os gestores da Leão XIII, percebem que seu público alvo necessitava de

diversos atendimentos e que era necessário desenvolver um trabalho de articulação

com a rede de saúde, então foi firmado convênio com a UPF – Faculdade de Medicina,

para o atendimento médico e, em 1988, com a Faculdade de Odontologia, através da

Clínica Extra-Muros Leão XIII, composta de 10 equipos dentários. Em 1989, foi criada

a Escola Agrícola Santo Antão, visando à formação de técnicos em agropecuária.

Neste local funciona, hoje, a Fazenda da Esperança feminina. Em 1995, o Centro de

Juventude Bom Jesus é transformado em Creche e é feito um convênio com a

SEC/CIEP.

Em 2003, a Escola Profissionalizante passou a denominar-se Centro de

Educação Profissional Leão XIII, quando, graças ao apoio da Kinderhilfe, passou por

uma profunda reforma e ampliação, incluindo, também, a criação da Unidade II, nas

dependências do antigo Quartel do Exército. A partir de 2005, com o auxílio da

Paróquia Skt. Matthäus, da Alemanha, são possíveis melhorias no CEP Leão XIII na

atualização tecnológica e na modernização de máquinas e equipamentos, aumentando

o número de vagas. Hoje, o CEP Leão XIII já ultrapassou a cifra de 1.900 alunos, em

24 Cursos. Assim, a Assistência Social Diocesana Leão XIII também aumentou o

atendimento total e alcançou o número de 3.600 atendimentos diários.Visando

melhorias e ampliações é construído, em parceria com uma Construtora, um Shopping

de lojas comerciais, cujos aluguéis financiarão novos Cursos no CEP Leão XIII. Em

2010, o CEP Leão XIII passa a ser chamado de Centro de Educação Sócio Profissional

Leão XIII - CESP Leão XIII.

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Estrutura e funcionamento da Instituição

A Instituição ao longo de sua trajetória amplia e melhora suas instalações a fim

de alcançar o seu objetivo de inclusão social, e capacitação para o mercado de trabalho

através de cursos profissionalizantes, e para isso o atendimento é prestado por 04

modalidades: a sede administrativa da instituição que está localizada na rua:

Paissandu,1830 Bairro: Centro que funciona em horário comercial das 08:00 as 12:00 e

das 14:00 as 18:00. Possibilitando condições de acessibilidade para todos os públicos

inclusive usuários com alguma limitação tanto física como cognitiva, visto que foram

construídas rampas para facilitar o acesso de cadeirantes, elevador com numeração em

braile para deficientes visuais, sanitários para cadeirantes, sanitários para funcionários,

auditório com capacidade para aproximadamente 100 pessoas. A Sede da instituição

também conta com os setores administrativos, de apadrinhamento, contabilidade,

coordenação de núcleos de atendimento, sala de atendimento psicológico,sala de

atendimento do serviço social,sala de reuniões e recepção.

Tanto os centros de juventude, quanto as escolas de educação infantil são

formados por: secretarias,sala de coordenação, salas de atendimentos dos alunos, sala

de psicologia, refeitório, sanitário masculino e feminino, sala de jogos, cozinha,

depósito, pátio, sala de informática, de áudio e vídeo.

Apenas a escola de educação profissional que tem em sua estrutura física uma

diferenciação, pelo fato de cada curso ofertado pela Leão XIII necessita de materiais

diferentes para atender os alunos que estão se profissionalizando em determinada área.

Percebe-se que a criação dos centros de juventude e escola de educação

infantil, foram implantados em bairros onde existe um grande numero de pessoas em

situação de vulnerabilidade social, isso mostra a importância da territorialização que

está prevista no art. 5º da Norma Operacional Básica- NOB/SUAS-2012 que refere-se

as diretrizes estruturantes do SUAS.

Porém, em alguns dos centros e escolas de educação infantil, nota-se que

alguns equipamentos como computadores são precários e alguns brinquedos também

estão bem usados e as instalações necessitam de obras de melhoria.

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Objetivos Institucionais

A Instituição tem por finalidade realizar um trabalho de “promoção humana e

cristã, junto à comunidade de Passo Fundo e recebe, diariamente, mais de três mil

crianças e jovens “carentes”, oriundos das vilas periféricas da cidade, sem distinção de

raça, gênero, religião ou ideologia”.

Percebe-se que a instituição possui uma identificação forte com a igreja, o que

pode vir a refletir de forma contraditória ao real objetivo das politicas sociais que são o

de garantir direitos, além disso, o termo “carentes” utilizado encontrar-se em desuso,

como está explicito na LOAS Anotada que informa sobre outras leis e decretos em

conexão com os artigos, nesse caso, o art.2º que refere-se aos objetivos da assistência

social, inciso II que trata do “ amparo às crianças e adolescentes carentes”.

A palavra “carentes”, expressa no inciso II do artigo em comento, encontrasse em desuso, tendo a Administração Pública empregado, na prática e nos documentos relacionados à política de assistência social, a expressão “em situação de vulnerabilidade e risco social”, em substituição àquela;(LOAS ANOTADA,2009,p.7)

Com relação à missão “assistir, educar e promover crianças e adolescentes,

fortalecendo os valores cristãos, a construção da cidadania e transformando sua

história e seu meio”, está sendo realizada com algumas dificuldades, principalmente no

quesito profissionais, e isso fica ainda mais evidente dentro do Centro de Juventude

Zachia, pois inúmeras vezes a coordenadora tem que deixar de fazer o que é de sua

competência para auxiliar no atendimento as crianças e adolescentes pela falta de

profissionais.

A instituição tem como objetivos:

Expressões da Questão Social Identificadas na Instituição

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Vivemos em uma sociedade cujas relações sociais são constituídas através do

modo capitalista, onde a maioria da população não acessa o básico para a sua

sobrevivência, e é nesse contexto que o assistente social se insere, no intuito de intervir

buscando ampliar e consolidar direitos dessas pessoas que encontram-se em situação

de vulnerabilidade social. Segundo Iamamoto a expressão da questão social.

“diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção, contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho –, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos” (2001, p.10).

Sendo assim, as expressões da questão social vão sendo desveladas de acordo

com a realidade que se apresenta em cada instituição, e na instituição estudada foram

identificadas: a fragilização de vínculos familiares, ausência de emprego, pouca

qualificação profissional, falta de acesso a saúde, educação, moradia, alimentação,

violação de direitos das crianças e adolescentes.

Porém, as expressões mais evidentes na instituição são as causadas pela

ausência de emprego, fragilização de vínculos familiares, no entanto verifica-se a partir

da demanda identificada na instituição o descaso do estado com relação aos problemas

sociais apresentados, pois deveria investir mais no financiamento das políticas públicas

para dar respostas a esse contingente de pessoas demandantes dessas políticas,que por

um motivo ou outro não estão conseguindo acessar o serviço.

Políticas Públicas que norteiam o trabalho da Instituição

A instituição tem como referencia a Política Nacional de Assistência Social e a

Política de Educação. Dentro da Política de Assistência Social atua nos serviços de

proteção básica e especial de média complexidade. Em consonância com o disposto no

art.6º, inciso 1º da lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993, a assistência social

organiza-se pelos seguintes tipos de proteção:

I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

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A proteção social básica possuí caráter preventivo e tem como finalidade o

fortalecimento dos vínculos sócio- familiares e comunitários, bem como o

desenvolvimento de serviços, programas e projetos locais de acolhimento, convivência

e socialização de famílias e de indivíduos, conforme identificação da situação de

vulnerabilidade apresentada.

São considerados serviços de proteção básica de assistência social aqueles que potencializam a família como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos internos e externos de solidariedade, através do protagonismo de seus membros e da oferta de um conjunto de serviços locais que visam a convivência, a socialização e o acolhimento em famílias cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos, bem como a promoção da integração ao mercado de trabalho[...](PNAS, 2004, p.36)

A proteção especial de média complexidade oferta serviços especializados para os

sujeitos que tiveram os seus direitos violados, porém não tiveram os vínculos familiares

rompidos.

II - proteção social especial: conjunto de serviços,programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

Dentro da instituição a implementação da Política de Assistência Social se dá por

meio de programas e projetos destinados a crianças e adolescentes com a finalidade de

orientar e desenvolver o apoio sócio familiar em meio aberto, e também estar

oportunizando a formação profissional de jovens e adultos inserindo-os no mercado de

trabalho.

A Política de Educação encontra-se articulada através dos projetos que incluem os

centros de juventude e escolas de educação infantil. As escolas de educação infantil fazem

parte do programa “Convivência e Educação Infantil” essas escolas foram criadas

conforme a necessidade apresentada em cada bairro onde ela está inserida, e contemplam

crianças de 0 a 6 anos, as escolas de educação infantil seguirão o disposto no art.29 da

lei nº 12.796, de   4 de abril de 2013 que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras

providências.

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Art. 29.  A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.” (NR) 

Os centros de juventude fazem parte do Programa Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculos, que contempla crianças e adolescentes matriculados na rede

pública de ensino e que frequentam os centros no turno inverso da escola, os centros de

juventude seguem o disposto no art.90 da lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, inciso I e

II.

Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de:   

I - orientação e apoio sócio-familiar;II - apoio sócio-educativo em meio aberto;

Analisando o Cotidiano Institucional

Ao analisarmos a prática cotidiana do profissional assistente social nas

instituições do terceiro setor descobrimos que o mesmo se depara com inúmeras

situações que acabam por dificultar tanto o fazer profissional quanto as relações

interpessoais, pois somos todos humanos, porém pensamos e agimos de maneiras

diferentes. Pensar sobre o cotidiano, a partir de Certeau (1996), é adentrar em um

espaço de contradições é encontrar através das situações vividas no dia a dia, maneiras

de sobreviver aos limites e dificuldades impostos pela sociedade.

O primeiro desafio que se apresenta no cotidiano profissional nas ONGs diz

respeito ao enfrentamento das expressões da questão social por meio de filantropia,

pois as ONGs são oriundas da desresponsabilização do Estado que acaba por “se

retirar, realizando o mínimo, e as “organizações sociais” e organizações de sociedade

civil de interesse público” ganham força na prestação de serviços

sociais”(DUARTE,2010,p.68) e consequentemente acabam por executar programas

relacionados com as políticas públicas de forma focalizada e fragmentada.

Nesse contexto o assistente social passa a atuar nessas instituições realizando

atendimentos voltados para grupos específicos baseados na seletividade, além disso, a

prática de voluntariado acaba por refletir de forma negativa para a prática profissional,

pois uma vez que as ações sejam transferidas para o terceiro setor serão desenvolvidas

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baseadas em ações filantrópicas que geram objetivos contrários aos propostos dentro

das legislações.

Outro desafio identificado e que se manifesta como contradição é a questão do

paradoxo do poder, onde o assistente social luta para que os direitos da classe

trabalhadora sejam garantidos, porém ele também integra a classe trabalhadora, e da

mesma forma acaba sofrendo essa opressão, e isso reflete exatamente,

o paradoxo que constitui as atividades do Serviço Social: de um lado, o profissional atua a favor dos sujeitos, especialmente quanto ao acesso universal a direitos, mas também está situado em um contexto de opressão dos sujeitos, no qual ele mesmo se insere como um reprodutor da sociedade. O assistente social, na divisão social do trabalho, é também trabalhador, constituindo-se como um especialista do trabalho – dada sua apropriação desta categoria em suas análises e suas intervenções.( PAIVA,2011,p.22)

Ainda, segundo ( Foucault 1981, apud Paiva,2011,p.23), conceituar poder é

complexo principalmente quando trata-se do sujeito, “isso porque o termo "sujeito"

tem duplo significado: designa o indivíduo dotado de consciência e autodeterminação,

mas pode significar também, que está submetido, sujeitado à ação de outros agentes”,

já que para ele todas as pessoas são dotadas de poder e também sofrem a sua ação.

Essa ação de poder dentro das instituições surgem para os assistentes sociais

como expõe Duarte(2010), “tendências desastrosas no mundo do trabalho” visto que os

assistentes sociais acabam sendo vítimas da precarização e exploração do trabalho em

função da terceirização.

No que se refere à autonomia dentro da instituição observa-se que o assistente

social a possui para executar o seu trabalho, desde que como afirma (Assis,2004 apud

Duarte,2010,p.73), sejam seguidos os “princípios ideológicos da instituição”,

caracterizando uma autonomia considerada relativa.

Com relação ao trabalho multidisciplinar e interdisciplinar é importante termos

bem claro o que significam essas duas palavras, a multidisciplinariedade se expressa

quando profissionais de diversas áreas trabalham no mesmo espaço, porém cada um

executa o seu trabalho individualmente sem compartilhar com os demais, já a

interdisciplinaridade manifesta-se quando os profissionais realizam o trabalho em

conjunto compartilhando ideias e conhecimentos para uma intervenção mais eficaz.

Observamos que na Assistência Social Diocesana Leão XIII o assistente social

trabalha em alguns casos individualmente e em outros com o auxilio dos demais

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profissionais que integram a equipe, mas para que o trabalho seja realizado de forma

completa é necessário olhar a interdisciplinaridade como,

uma lógica da descoberta, uma abertura recíproca uma comunicação entre os domínios do saber, uma fecundação mútua e não um formalismo que neutraliza todas as significações, fechando todas as possibilidades. (Sampaio et al,1983 apud Ely,2003,p.115)

Sendo assim, é de suma importância que o assistente social no seu cotidiano de

trabalho proponha estratégias que desencadeiem atividades interdisciplinares, pois a

questão da interdisciplinaridade faz parte do processo de formação do assistente social.

Entendendo-se a interdisciplinaridade como postura profissional e princípio constituinte da diferença e criação, compreender-se-á que o Serviço Social – uma vez que articula diferentes conhecimentos de modo próprio, em um movimento crítico entre a prática-teoria e a teoria-pratica – é uma profissão interdisciplinar por excelência. Assim, para o Serviço Social a interação com outras áreas é particularmente primordial: seria fatal fazer-se isolado ou cativo.A interdisciplinaridade o enriquece e direciona-o no sentido de romper com a univocidade de discurso, de teoria, para abrir-se a uma interlocução diferenciada com os outros. Isso implica romper com dogmatismos muitas vezes incultado no interior da profissão.(Rodrigues,2000 apud Ientz,2012,p.34-35)

Inclusive a interdisciplinaridade é um dos deveres do assistente social e está

previsto no art. 10 alínea d do código de ética do assistente social.

Percebemos também que a questão do gênero está muito presente dentro da

instituição, pois a profissão de assistente social historicamente foi integrada por

mulheres e dentro da instituição apenas um homem integra a equipe de assistentes

sociais.

Gênero é um elemento das relações sociais baseadas nas diferenças entre o masculino e o feminino e constitui-se numa categoria analítica que amplia a visão da realidade, permitindo espaços para diferenças entre homens e mulheres.(Scott,1995 apud Stancki,2000, p.3)

Verificamos com isso que ainda há predominância do sexo feminino ocupando

cargos de assistentes sociais dentro das instituições.Isso é comprovado também através

de uma pesquisa realizada pelo CFESS no ano de 2005, “Assistentes sociais no Brasil:

Elementos para estudo do perfil profissional”, onde a categoria conta com 97% de

assistentes sociais do sexo feminino e 3% do sexo masculino.

Então com esses dados podemos entender que a questão da feminilidade é uma

característica herdada dos primórdios da profissão e que se estende ainda, nos dias de

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hoje. “O Serviço Social, como profissão eminentemente feminina, tem, neste fato, o

seu primeiro elemento de subalternidade, na medida em que se insere em sociedades

marcadas e regidas por padrões patriarcais e “machistas”(MONTAÑO,2007,p.98-

99).No entanto, não podemos deixar de mencionar a luta dos movimentos feministas

na busca por igualdade de direitos.

Efetivamente não pode se pensar o desenvolvimento de uma profissão eminentemente feminina se não se relevar a inserção da mulher no mercado de trabalho, e essa inserção não pode ser explicada se não a partir de uma tensa e contraditória luta feminista por ampliar seus espaços na sociedade. (MONTAÑO,2007,p.100)

Através dessas lutas que o Serviço Social surge como profissão, porém como

afirma Montaño (2007), ainda que a profissão tenha se constituído em um espaço de

“inserção social e ocupacional para as mulheres” isso não garante uma efetiva posição

de igualdade feminina(social, ocupacional, política)”, o que contribui para a

continuidade da subalternidade com relação as profissões masculinas.

Recursos Financeiros

A Assistência Social Diocesana Leão XIII, por ser uma instituição filantrópica

tem seus custos financeiros pagos por meio de parcerias de empresas e convênios além

de doações da comunidade inclusive de outros países como é o caso da Alemanha.

Com relação a captação de recursos através de projetos é realizada pelo setor

financeiro.

Caracterização do Processo de Trabalho do Assistente Social

A compreensão a cerca do processo de trabalho do assistente social na

instituição estudada é realizada através da identificação de como a questão social se

manifesta dentro do espaço sócio-ocupacional, e para isso é importante que o

profissional realize uma leitura de realidade que vá além do que está explícito “é

necessário fazer um esforço e se desligar da realidade cotidiana e penetrar em outros

campos de significação, é preciso que se abandone a linguagem e a visão rotineira do

mundo”(DUARTE,2007,p.33), ou seja, uma análise além das aparências,

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considerando o que existe por de trás do que é apresentado por meio das imposições

institucionais e das requisições dos usuários.

Nesse sentido o profissional deve compreender o seu processo de trabalho

como um “conjunto de atividades prático-reflexivas voltadas para o alcance de

finalidades”[...] (GUERRA,2000,p.3), desta forma é possível entender que o processo

de trabalho do assistente social visa a transformação de uma realidade.

Partindo dessas reflexões o profissional no contexto de uma ONG, compreende

que seu objeto de trabalho no sentido amplo é a questão social, porém a assistente

social afirma que é fundamental saber o que se apresenta na realidade que está nas

expressões causadas pela ausência de emprego, desqualificação profissional e

fragilização de vínculos familiares que são as mais evidentes na instituição e nas

inúmeras outras expressões que podem vir como o resultado das relações entre

trabalho e capital.

Além disso, identificar o objeto de trabalho não se constitui em uma tarefa

fácil, pois é necessário conhecimento teórico para poder compreender o que acontece

no dia a dia do fazer profissional, já que é a partir dessa compreensão que é possível

intervir no intuito de contribuir para transformar a realidade que se apresenta.

O objeto de trabalho [...] é a questão social. É ela em suas múltiplas expressões, que provoca a necessidade da ação profissional junto à criança e ao adolescente, ao idoso, a situações de violência contra a mulher, a luta pela terra etc. Essas expressões da questão social são a matéria-prima ou o objeto do trabalho profissional.( IAMAMOTO ,2000, p. 62)

Além do mais, a articulação entre as dimensões ético- política, técnico

operativas e técnico-metodológicas, é peça fundamental para a realização da finalidade

do processo de trabalho do assistente social que no caso da instituição seria a

prevenção de situação de risco social, o fortalecimento de vínculos familiares, a

inserção dos usuários da política de assistência social no mundo do trabalho entre

outros.

Tendo em vista a execução dos programas e projetos desenvolvidos na

instituição, a assistente social utiliza como meios e instrumentos, o prévio

conhecimento sobre a Política de Assistência Social, voltada para os Programas de

Geração de Emprego e Renda como o (Acessuas Trabalho), ECA além de uma análise

da realidade do usuário e a capacidade da linguagem como principal recurso de

trabalho, pois segundo Sousa,

Page 15: leitura de realidade Leão XIII.doc

E é a partir das formas de comunicação que se estabelecem no espaço das instituições onde trabalha o assistente social que este profissional poderá construir e utilizar instrumentos e técnicas de intervenção social. (SOUSA, 2008, p.125)

Portanto, o trabalho do assistente social na instituição estudada, não se

caracteriza apenas em responder as demandas apresentadas, mas principalmente em

um exercício diário de problematização dessas demandas, o que não acontece no

primeiro contato com o usuário.

O profissional, utiliza os instrumentais na tentativa de estabelecer um vinculo

com o usuário, considerando que a realidade vivida por ele é dotada de complexidades,

e particularidades.

A importância do Trabalho desenvolvido na Instituição

A Assistência Social Diocesana Leão XIII, presta seus serviços para

comunidade passofundense há 52 anos, é uma das únicas instituições filantrópicas que

tem uma grande abrangência de núcleos de atendimento nos bairros do município de

Passo Fundo.

Para tanto, é de suma importância falar sobre o trabalho desenvolvido pela

instituição, pois através de seus programas e projetos beneficia inúmeras crianças,

adolescentes, bem como suas famílias.

Também destacamos aqui, o excelente trabalho desenvolvido pelos

profissionais do serviço social que atuam intervindo, no intuito de estar contribuindo

para mudar a realidade dos indivíduos em situação de vulnerabilidade social

Com relação aos gestores, coordenadores, funcionários, observa-se o empenho

e dedicação por parte dos mesmos em estar dando continuidade aos projetos

desenvolvidos e a competência com que desempenham as suas funções.

Apesar das dificuldades enfrentadas pela instituição, pois sua fonte de recursos

provém da comunidade e de entidades parceiras, sabe-se que é uma instituição que

merece destaque por ser do Terceiro Setor e estar caminhando na busca da garantia de

direitos dos cidadãos do município de Passo Fundo.

Page 16: leitura de realidade Leão XIII.doc

Considerações Finais:

Este estudo buscou trazer algumas reflexões a respeito do funcionamento, e

também sobre o processo de trabalho do assistente social durante o estágio realizado na

Assistência Social Diocesana Leão XIII, além dos desafios enfrentados pelos

profissionais do serviço social dentro da instituição.

A trajetória da instituição é marcada por significativos avanços principalmente

quando são inseridos os profissionais do serviço social na instituição, porém o trabalho

do(a) assistente social no terceiro setor envolve, ainda, como vimos no decorrer do

estudo um complexo de questões que acabam por dificultar o fazer profissional no

cotidiano de trabalho, e essas dificuldades surgem para que os assistentes sociais

possam encontrar soluções para esses impasses.

A experiência do estágio possibilitou um maior conhecimento do fazer

profissional, das demandas, intervenções, além dos programas e projetos executados

pela instituição, porém é necessário aprofundar esse conhecimento através de

intervenções que serão realizadas pelo estagiário no campo, com isso poderemos

adquirir experiência quando estivermos sendo inseridos no mercado de trabalho.

Além disso, pude identificar algumas demandas e realizar algumas propostas de

intervenção, que podem ser executadas na instituição, acredito que não será uma tarefa

fácil, no entanto com dedicação conseguirei chegar a realizar uma ação que possibilite

contribuir para mudar uma realidade.

Constatamos também nesse estudo através do estágio que os espaços de onde

surge, o terceiro setor se apresentam de forma contraditória ao Serviço Social, pelo

interesse de algumas classes na expansão do terceiro setor na sociedade.

No entanto, vejo a instituição com um potencial em expansão que precisa ainda

de muitas mudanças, mas que por meio da contribuição dos assistentes socais e da

comunidade poderá vir a ser uma instituição de referência na execução da Política

Pública de Assistência Social e de Educação.

REFERÊNCIAS:

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Page 21: leitura de realidade Leão XIII.doc

Considerações Finais:

Page 22: leitura de realidade Leão XIII.doc

Este estudo buscou trazer algumas reflexões a respeito do funcionamento, e

também sobre o processo de trabalho do assistente social durante o estágio realizado na

Assistência Social Diocesana Leão XIII, além dos desafios enfrentados pelos

profissionais do serviço social dentro da instituição.

A trajetória da instituição é marcada por significativos avanços principalmente

quando são inseridos os profissionais do serviço social na instituição, porém o trabalho

do(a) assistente social no terceiro setor envolve, ainda, como vimos no decorrer do

estudo um complexo de questões que acabam por dificultar o fazer profissional no

cotidiano de trabalho, e essas dificuldades surgem para que os assistentes sociais

possam encontrar soluções para esses impasses.

A experiência do estágio possibilitou um maior conhecimento do fazer

profissional, das demandas, intervenções, além dos programas e projetos executados

pela instituição, porém é necessário aprofundar esse conhecimento através de

intervenções que serão realizadas pelo estagiário no campo, com isso poderemos

adquirir experiência quando estivermos sendo inseridos no mercado de trabalho.

Além disso, pude identificar algumas demandas e realizar algumas propostas de

intervenção, que podem ser executadas na instituição, acredito que não será uma tarefa

fácil, no entanto com dedicação conseguirei chegar a realizar uma ação que possibilite

contribuir para mudar uma realidade.

Constatamos também nesse estudo através do estágio que os espaços de onde

surge, o terceiro setor se apresentam de forma contraditória ao Serviço Social, pelo

interesse de algumas classes na expansão do terceiro setor na sociedade.

No entanto, vejo a instituição com um potencial em expansão que precisa ainda

de muitas mudanças, mas que por meio da contribuição dos assistentes socais e da

comunidade poderá vir a ser uma instituição de referência na execução da Política

Pública de Assistência Social.

Page 23: leitura de realidade Leão XIII.doc

No entanto, não podemos deixar de expor aqui os significativos avanços que a

instituição apresenta ao longo de sua história na execução da politica de assistência,

principalmente quando houve a inserção dos profissionais do serviço social na

instituição, isso possibilitou um olhar técnico e práticas baseadas na lógica da

cidadania e na perspectiva dos direitos, percebemos isso quando nos referimos aos

centros de juventude e escolas de educação infantil que são uma forma de potencializar

o aprendizado que as crianças e jovens recebem em suas escolas, os cursos

profissionalizantes que são disponibilizados com a finalidade de inserir os usuários da

política de assistência social no mercado de trabalho.

Percebe-se com isso, que a politica de assistência social está sendo executada

baseada nos ideias de benemerência e filantropia dos primeiros momentos da

assistência social onde a doutrina da igreja exercia uma grande influencia.

Page 24: leitura de realidade Leão XIII.doc

REFERENCIAS:

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CAPITALISMO, TERCEIRO SETOR E SERVIÇO SOCIAL: REFLEXÕES SOBRE O ESPAÇO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NAS ONGs UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Autora: Alessandra da Silva Cabral Teixeira Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Montaño RIO DE JANEIRO 2011 http://www.ess.ufrj.br/monografias/106080376.pdf Desatando os NÓS: uma experiência do Serviço Social na área da Educação e da Cultura Fabrícia Vellasquez Paiva Março de 2011

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http://www.pg.pr.gov.br/cmas/wp-content/uploads/2013/01/NOB-SUAS-2012-1.pdf

As (re)configurações das demandas ao serviço

social no âmbito dos serviços públicos de saúde*

Suely de Oliveira Bezerra**

Maria Arlete Duarte Araújo http://www.scielo.br/pdf/rap/v41n2/02.pdf

http://portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf

YASBEK, Maria Carmelita. A Assistência Social na prática profissional: história e

perspectiva. Serviço Social e Sociedade. São Paulo. Ano XXVII, n.85, p. 123-132.

Março, 2006.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Page 26: leitura de realidade Leão XIII.doc

e adolescentes que frequentam os centros, no intuito de conscientizá-los de que

seus filhos estão sendo beneficiados com aquele serviço e também que a participação

deles irá potencializar o exercício da cidadania.

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Ainda nessa época percebe-se que dentro da instituição existia uma ligação muito estreita entre a igreja e o serviço social seguindo a lógica do paternalismo, da caridade e do assistencialismo, pois a igreja encarava a questão social como “ uma questão religiosa e moral no contexto de uma sociedade percebida como um todo unificado e harmônico em que a desigualdade social é natural e inevitável [...]”(SILVA e SILVA,2006).

Essas mudanças ao longo da trajetória da entidade mostram que a inserção dos profissionais do Serviço Social na instituição foi de suma importância na mudança de visão da instituição que nesse momento começa a deixar de lado a lógica da caridade e passa a olhar os usuários atendidos como cidadãos de direitos, instigando-os a exercitar as suas capacidades e cria nesse mesmo ano os Centros de Juventude nos bairros onde as crianças e adolescentes frequentariam até atingirem a idade de cursar os já referidos cursos profissionalizantes.