53
1º SEMESTRE DE 2009 Prof. Celso Henrique Telles Ferreira [email protected]

Leitura e Produção Textual-material de Apoio

  • Upload
    brasu

  • View
    93

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

1º SEMESTRE DE 2009

Prof. Celso Henrique Telles Ferreira

[email protected]

Page 2: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

1

1. O PROCESSO DA ESCRITA É muito comum estudantes e profissionais sentirem certa dificuldade na produção de

textos. Esse problema se deve, na maioria das vezes, à falta do hábito de leitura, de treino e

também de técnica.

Aprender a escrever é aprender a pensar. Não é possível escrever sem que se tenha

o que dizer e sem que se possa organizar o pensamento. Portanto, é necessário observar

os fatos, analisá-los, criar idéias sobre eles, ou seja, pensar.

Como falantes, somos produtores diários de comunicação e, na vida profissional,

cada vez mais se faz necessário dominar técnicas de produção de textos tanto orais como

escritos. Em função disso, é preciso conhecer os modos fundamentais de redação:

narração, descrição e dissertação.

2. TRABALHANDO O TEXTO - DISSERTAÇÃO

Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto

de vista, desenvolver argumentos.

Existem dois tipos de dissertação: o texto dissertativo expositivo e o dissertativo

argumentativo. O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e

interpretar idéias e pode ser identificado como demonstrativo: não se dirige a um

interlocutor definido e se constitui de provas as mais impessoais possíveis. Na dissertação

argumentativa – texto argumentativo, além do interlocutor não definido e da utilização de

provas impessoais, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte,

procurando persuadi-lo de que a razão está conosco.

Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de

raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apóia nos princípios da

lógica, que não se perde em especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua

vez, servem para reforçar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos

exemplos, os dados estatísticos e o testemunho.

A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e

conclusão.

2.1 ASSUNTO, TEMA, RECORTE, TESE, TÍTULO Para alcançar um bom texto, é necessário relembrar alguns pontos fundamentais

que favorecem a organização daquilo que se pretende comunicar.

Observe:

Assunto é algo amplo, genérico.

Tema é o assunto já delimitado.

Recorte é o que interessa ao autor discutir no texto.

Page 3: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

2

Tese é o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema.

Título é o nome dado ao texto, visa a atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo

referência ao tema abordado.

Veja, agora, alguns exemplos:

1. Assunto: Centros urbanos.

Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos.

Recorte: A violência em São Paulo.

Tese: A cidade de São Paulo enfrenta sérios problemas em relação à segurança da

população.

Título: O desenvolvimento urbano e violência.

2. Assunto: Tecnologia.

Tema: O avanço tecnológico no século 21.

Recorte: Os meios de comunicação e as relações sociais.

Tese: Na era da comunicação, o homem contemporâneo encontra-se cada vez mais

sozinho.

Título: O paradoxo da era da comunicação.

Outro aspecto que merece ser lembrado é a estrutura do parágrafo: introdução,

desenvolvimento e conclusão.

Em relação ao conteúdo do parágrafo vale lembrar: “Se o texto é um conjunto de

idéias associadas, cada parágrafo – em princípio, pelo menos – deve corresponder a cada

uma dessas idéias(...)” (Garcia 2003). Desse modo, cria-se um parágrafo para cada aspecto

a ser discutido no texto.

Além disso, a construção do tópico frasal – idéia núcleo do parágrafo – auxilia na

construção do parágrafo e, conseqüentemente, do texto claro e coeso.

2.2. O PLANEJAMENTO DO TEXTO I A organização do pensamento pode se dar pela construção de um gráfico ou

fluxograma. Para compreender essa técnica de planejamento de texto, ou pelo menos,

amenizar as dificuldades em relação à escrita, faremos a análise do texto a seguir. Leia-o

com atenção.

O cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras?

Antes de mais nada é necessário acabar com o mito de que o cientista é uma pessoa

que pensa melhor do que as outras. O fato de uma pessoa ser muito boa para jogar

Page 4: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

3

xadrez não significa que ela seja mais inteligente do que os não jogadores. Você pode

ser um especialista em resolver quebra cabeças. Isso não o torna mais capacitado na

arte de pensar. Tocar piano ( como tocar qualquer instrumento) é extremamente

complicado. O pianista tem de dominar uma série de técnicas distintas – oitavas, sextas,

terças, trinados, legatos, stacattos - e coordená-las, para que a execução ocorra de

forma integrada e equilibrada. Imagine um pianista que resolva especializar-se (...) na

técnica dos trinados apenas. O que vai acontecer é que ele será capaz de fazer trinados

como ninguém – só que ele não será capaz de executar nenhuma música. Cientistas

são como pianistas que resolveram especializar-se numa técnica só. Imagine as várias

divisões da ciência – física, química, biologia, psicologia, sociologia – como técnicas

especializadas. No início pensava-se que tais especializações produziriam,

miraculosamente, uma sinfonia. Isso não ocorreu. O que ocorre, freqüentemente, é que

cada músico é surdo para o que os outros estão tocando. Físicos não entendem os

sociólogos, que não sabem traduzir as afirmações dos biólogos, que por sua vez não

compreendem a linguagem da economia, e assim por diante.

A especialização pode transformar-se numa fraqueza. Um animal que só

desenvolvesse e especializasse os olhos se tornaria um gênio no mundo das cores e

das formas, mas se tornaria incapaz de perceber o mundo dos sons e dos odores. E isto

pode ser fatal para a sobrevivência.

O que eu desejo é que você entenda o seguinte: a ciência é uma especialização, um

refinamento de potenciais comuns a todos. Quem usa um telescópio ou um microscópio

vê coisas que não poderiam ser vistas a olho nu. Mas eles nada mais são do que

extensões do olho. Não são órgãos novos. São melhoramentos na capacidade de ver

comum a quase todas as pessoas. Um instrumento que fosse a melhoria de um sentido

que não temos seria totalmente inútil. Da mesma forma como telescópios e microscópios

são inúteis para cegos, e pianos e violinos são inúteis para surdos.

A ciência não é um órgão novo de conhecimento. A ciência não é a hipertrofia de

capacidades que todos têm. Isso pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. Quanto

maior a visão em profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da

especialização é conhecer cada vez mais de cada vez menos.

ALVES, Rubens. In: VIANA, Antônio Carlos et alii. Roteiro de redação:

lendo e argumentando. São Paulo, Scipione, 1998,p. 128-9.

Vamos ao trabalho! Após leitura atenta, anote as idéias principais e sublinhe as palavras que julgar

importantes para a construção do significado do texto, ou seja, as palavras-chave.

Elabore uma lista das palavras que são retomadas por sinônimos, que são

modificadas ou repetidas em cada parágrafo;

Page 5: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

4

Selecione, de cada uma das listas, a palavra que representa a idéia repetida;

Selecione, de cada parágrafo, uma frase que represente a idéia-chave nele

desenvolvida;

Faça, agora, o gráfico ou fluxograma das idéias do texto.

2.3. O PLANEJAMENTO DO TEXTO II Uma outra possibilidade de planejamento de texto é a utilização da técnica do “POR QUÊ?”

Considere a seguinte estrutura textual:

INTRODUÇÃO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3

DESENVOLVIMENTO: argumento 1+ argumento 2+ argumento 3

CONCLUSÃO: Expressão inicial + reafirmação do tema + observação final

Vejamos, agora, os passos para esse tipo de planejamento textual.

Tese: O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO

Pergunta-se: Por que O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO?

Responde-se: (argumento 1) tem havido inúmeros conflitos internacionais. (argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico. (argumento 3) permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. Conclui-se: Expressão inicial + retomada do tema + sugestão ou possibilidade (previsão)

de solução do problema.

Com esse esquema preparado, basta desenvolver as idéias selecionadas,

articulando os parágrafos de maneira clara e lógica. E, por fim, escolher um título atraente

que faça referência ao tema abordado no texto. Observe como isso pode dar um excelente

resultado:

Prepare-se para a próxima aula – alimentação temática: Durante esta semana, procure ler textos que tratem do desenvolvimento tecnológico

(benefícios, prejuízos, adaptação dos profissionais, implicação em relação ao desemprego, contribuições para a medicina, para a educação etc), para que possamos elaborar um fluxograma, ou um mapeamento de idéias sobre o assunto e desenvolver um texto organizado, claro e coeso. Quanto mais contato tiver com os meios de informação (TV, jornais, revistas, rádio, livros), maior será seu conhecimento sobre os assuntos. Por isso é muito importante ler constantemente, a fim de que seu “arquivo” de conhecimentos esteja sempre cheio e atualizado. Se suas idéias forem limitadas, seu texto também o será!

Page 6: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

5

Destruição: a ameaça constante O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem

havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.

Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia que provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis.

Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável...

Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos.

Isso posto ( sendo assim/ desse modo/ assim/ portanto) somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações futuras.

(Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo:Ed. Scipione,1988)

2.4. PRODUÇÃO DE TEXTO Faremos, agora, o processo inverso: vamos montar o texto, para isso há duas

possibilidades.

PROPOSTA 1

Reflita sobre as leituras que fez.

Delimite o tema.

Estabeleça a tese que será apresentada.

Selecione o caminho que o levará à comprovação de sua idéia.

Estabeleça a que deseja chegar com a exposição que fará em seu texto.

Page 7: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

6

Organize esse raciocínio por meio do gráfico.

Agora, transforme em texto as idéias que organizou no gráfico e, a seguir, escreva

seu texto.

PROPOSTA 2

Reflita sobre as leituras que fez.

Delimite o tema.

Estabeleça a tese que será apresentada.

Selecione o caminho que o levará à comprovação de sua idéia, para isso, utilize a

técnica do “Por quê?”

LEMBRETES

Faça sempre um rascunho do texto. Essa prática auxilia a desenvolver um texto mais claro e coerente.

Se, durante a leitura do texto, você pensar “acho que vão entender”, esse é o momento de reescrever e tornar as idéias mais claras.

EXPRESSÕES QUE AJUDAM A MELHORAR SUA REDAÇÃO

1. Para introdução de uma idéia:

Segundo Fulano ...; Sucedeu que...; Ao iniciar...; Indubitavelmente...; Ainda que...; Não

existe...; O que é...; No dia..; Ao iniciar...; Não há dúvidas que...; Não há muito tempo...;

Primeiramente...; Sabemos que...; De modo geral...; Por que...?; Era uma vez...; Propomo-

nos a ...; No início...; Aconteceu que...; Há...; Havia...; Foi uma vez...; Inicialmente...;

Voltemos nosso pensamento para...; Embora...; Temos...; Eis...; Você sabia...; Durante...;

Existem...; Observamos que...; Quando...; Supomos que...; Em primeiro lugar...; Eu...; Por

volta de...; Até meados de...; Pensamos que...; Sucedeu que...; Nestas considerações

iniciais...; A palavra...; Voltemos nossa atenção para...;

2. Para desenvolvimento da idéia:

Em segundo lugar...; Com referência a ...; Em seguida...; Outro enfoque...; Passemos

para...; A evidência adicional para confirmação...; Após as considerações iniciais...;

Continuando...; Prosseguindo...; Passamos em seguida para...; Examinemos a seguir...;

Examinemos agora...; Comparemos agora...;Depois...; Além disso...; Então...; Ora...;

Voltemos por ora a nossa atenção para...;

Page 8: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

7

3. Para contraste de várias idéias:

Mesmo que...; Por um lado...; Por outro lado...; Mas...; Porém...;Contudo...; No entanto...;

Entretanto...; Todavia...; Apesar de...; Não obstante...;

4. Resultado de idéias:

O saldo desse confronto...; Assim sendo...; Em conseqüência...; Como conseqüência...;

Então...; Como resultado do exposto...; O resultado positivo...; Portanto...; Por isso...;

Assim...; Desse modo...; Desde que...; Porque...; Conseqüentemente...; Daí...; Já que...; O

saldo positivo do exposto...; Por essa razão...; Por esse motivo...; O saldo negativo...;

5. Transição de idéias:

Concomitantemente...; Paralelamente...; Ao mesmo tempo...; Nesse ínterim...; Além disso...;

Se...; Então...; Voltemos nossa atenção para...; Se o que dissemos é verdade...;

Simultaneamente...;

6. Cronologia de idéias:

Em primeiro lugar...; Em segundo lugar...; Em Terceiro lugar...; Este...; Aquele...; Um outro...;

O primeiro...; O segundo...; Este...; O próximo...; Por último...; Depois...; Enfim...; Em

conclusão...;

7. Ênfase das idéias:

Aliás...; Deste modo...; Neste caso...; Isto é importante porque...; Os resultados óbvios são...;

Obviamente...; Os resultados significativos são...; Torna-se claro que...; Deixe me repetir

que...; Lembremos que...; Deixe-me enfatizar que...; Enfatizemos que...;Naturalmente...; É

claro que...; Frisemos que...; É obvio que...; Notemos que...;

8. Resumo de idéias:

Em suma...; Em conclusão...; Em resumo...; Em síntese...; Resumindo...; Sumarizando...;

Sintetizando...; Concluindo...; Como conclusão...; Como demonstramos...; Como vimos...; Em

poucas palavras...; Por esses...; Pelo exposto acima...;

9. Explicação das idéias:

(Poderia ser encaixado na ênfase das idéias)

...isto é; ...é o seguinte; Esclarecendo...; Explicando melhor...; Neste caso...; Com efeito...;

10. Conclusão das idéias:

(incluiria o resumo das idéias também)

Page 9: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

8

Por fim...; Finalmente...; Encerrando...; Afinal...; Enfim...

. 3. LEITURA, ENTENDIMENTO DE QUESTÕES E RESPOSTA ADEQUADA

A resolução de exercícios e as respostas oferecidas a questões de provas

também compreendem o entendimento e a produção de texto. A distração aliada à

inconveniente pressa e à dificuldade em relação aos verbos de comando são as

responsáveis, na maior parte das vezes, pelo mau desempenho na solução desses

problemas.

Há que se mergulhar na leitura para melhor compreender o sentido do texto que ora

faz parte de nossa ocupação. Não adianta pular etapas, pois um bom raciocínio requer

começo, meio e fim.

É importante lembrar sempre que cada resposta é um pequeno texto e que, portanto,

deve ter introdução (muitas vezes representada pela reescrita da própria pergunta (tópico

frasal), desenvolvimento (a resposta propriamente dita) e, quando possível, conclusão

(fechamento do texto).

Na resolução de problemas, muitos alunos começam a ler a questão e, sem terminar

de ler todo o enunciado, acham que já sabem o que se está pedindo e fazem as contas.

Mas, na verdade, não sabem realmente qual é a pergunta do problema. Isso é muito ruim,

pois em muitos problemas a pergunta está justamente no finalzinho do enunciado. Por esse motivo, na maioria das vezes, uma questão muito fácil pode ser jogada fora

por causa de uma má leitura do enunciado.

Há questões que apresentam enunciados muito longos, daqueles que você já olha e

fica assustado - "isso aqui não sei". Geralmente, nesse tipo de questão, quando o aluno

chega ao fim da leitura do enunciado, já se esqueceu o que dizia o começo do problema: aí

fica nervoso e acaba considerando a questão difícil.

O que você deve fazer então?

1. Com calma, faça uma primeira leitura do enunciado para você se familiarizar com o

problema e delinear as metas a serem atingidas;

2. Numa segunda leitura, sublinhe as palavras-chave.

3. A terceira leitura possibilitará que você faça as anotações necessárias ao lado da

questão a fim de buscar uma representação gráfica para evitar abstrações

desnecessárias.

4. Liste os dados e as incógnitas - é importante ter acesso fácil, em qualquer etapa da

resolução, aos dados conhecidos e aos desconhecidos.

Page 10: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

9

5. Verifique o sistema de unidades.

6. Elabore hipóteses e escreva as equações apropriadas para delinear o problema da

forma mais clara possível.

7. Desenvolva o problema literalmente.

8. Analise o resultado. (adaptado de http:// plato.if.usp.ler/seminarios 1 resolução de problemas e de

http://vestibular.uol.com.br)

Para auxiliá-los durante esse processo, vamos analisar alguns enunciados e propor

respostas a algumas questões.

1. Um caminhão com carga de 20 toneladas e velocidade de 150 km/h trafega por uma

rodovia. No km 25, passa sob uma ponte cuja capacidade é suportar um peso de 15

toneladas. Pergunta-se o que ocorre com a ponte durante a passagem do caminhão.

2. Um trem de 150 metros de comprimento, com capacidade para transportar cerca de

200 pessoas, viaja de uma cidade a outra, movendo-se com uma velocidade

constante de 72 km/h. Durante o percurso, atravessa um túnel de 300 m de

comprimento. Sabe-se que a distância entre as duas cidades é de 2 km. Determine o

tempo gasto pelo trem após atravessar completamente o túnel.

IMPORTANTE: Os exercícios abaixo têm por finalidade apenas a interpretação dos enunciados, portanto não é necessário resolvê-los numericamente.

3. N bolas amarradas entre si por cordas idênticas de 1 m de comprimento cada, giram com velocidade angular constante de 2 rad/s em torno do ponto O, sobre uma mesa sem atrito. Qual o maior número de bolas que podem ser amarradas e giradas sem que uma das cordas se rompa, considerando-se que cada bola tem massa 0,1 kg; a massa das cordas é desprezível e cada uma suporta uma tração máxima de 42 N ?

a) Destaque a pergunta no enunciado.

b) Elabore uma resposta completa e coerente, substituindo-se o valor numérico por X

Page 11: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

10

4. Em um prédio de 20 andares (além do térreo) o elevador leva 36s para ir do térreo ao 20º andar. Uma pessoa no andar X chama o elevador, que está inicialmente no térreo, e 39,6s após a chamada a pessoa atinge o andar térreo. Determine o valor do andar X, considerando-se que não ocorreram paradas intermediárias, e que os tempos de abertura e fechamento da porta do elevador e de entrada e saída do passageiro são desprezíveis.

a) O que o problema propõe que você faça?

b) Elabore uma resposta completa e coerente, substituindo-se o valor numérico por N.

5. Um escoteiro está perdido no topo de uma montanha em uma floresta. De repente ele escuta os rojões da polícia florestal em sua busca. Com um cronômetro de centésimos de segundo ele mede 6s entre a visão do clarão e a chegada do barulho em seus ouvidos. A velocidade do som no ar vale Vs=340m/s. Calcule a distância entre o escoteiro e a polícia florestal, levando-se em conta que, como escoteiro, ele usa a regra prática de dividir por 3 o tempo em segundos decorrente entre a visão e a escuta, para obter a distância em quilômetros que o separa da polícia florestal.

a) Qual a “pergunta” do problema?

b) Elabore uma resposta completa e coerente, substituindo-se o valor numérico por X

3. Leia: “A Internet revolucionou o modo como nos comunicamos, tornando possíveis novas e infinitas

oportunidades de interagir e compartilhar informações. Mas, se, por um lado, essa revolução

contribui para o desenvolvimento acelerado de uma comunidade virtual de âmbito mundial, por

outro lado, governos e organizações privadas passaram a ter acesso e poder de processar

informações sobre os indivíduos, num ritmo cada vez mais rápido e intenso, aumentando o risco

de os indivíduos terem seus dados manipulados por terceiros sem o seu consentimento, sofrerem

invasão de privacidade ou, o que é mais grave, serem envolvidos em situações embaraçosas,

pelo uso indevido e nem sempre ético de seus dados pessoais”. (Invasão de privacidade. Um problema a ser encarado. http://www.infoguerra.com.br)

Page 12: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

11

a) Pela leitura do trecho acima, é possível inferir qual o ponto de vista do autor em relação à

revolução na comunicação causada pela Internet. Qual é ele?

b) Transcreva do texto o aspecto positivo da comunicação via Internet.

c) Desenvolva um parágrafo ( seguindo a estrutura do parágrafo dissertativo padrão) que

apresente seu ponto de vista em relação ao tema abordado no excerto acima.

4. O TEXTO ARGUMENTATIVO

O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese, pressupondo

a existência de um “auditório” (interlocutor) definido, isto é, um interlocutor específico,

adequando-se a ele com a intenção de convencê-lo, persuadi-lo (levá-lo a crer no ponto de

vista defendido, de tal forma que passe a aceitá-lo como verdadeiro). Nesse tipo de

discurso, o enunciador almeja a adesão total do interlocutor.

Ao elaborar um texto argumentativo visando a conseguir a adesão de determinado(s)

interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimensão deles e

estabelecer uma ordem de apresentação dos mesmos. Em outras palavras, deve ter

consciência da pertinência e da força dos argumentos. Sem esse conhecimento prévio, toda

argumentação pode ser contemplada com seu inimigo fatal: o fracasso.

Os argumentos são, portanto, as “provas” (raciocínio, dados, fatos) apresentadas

para demonstrar que a idéia que você pretende defender é correta. Como diz Aristóteles, os

argumentos servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas.

Page 13: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

12

Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a

saúde e a doença, não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de

escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso,

precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argumento pode, então,

ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais vantajosa que a outra.

O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o

ouvinte a admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo.

Sendo assim, podemos dizer que todo texto é argumentativo, porque todos são

persuasivos, mais ou menos explicitamente, uma vez que “ toda a ação comunicativa é

dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia e, portanto, caracterizada pela

argumentatividade”.

"Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar

informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa

'vencer junto com o outro' (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar

a relação, é falar à emoção do outro". A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per,

'por meio de, e a 'Suada, deusa romana da persuasão. (... ) Mas em que 'convencer' se

diferencia de ‘persuadir'? Convencer é construir algo no campo das idéias. Quando

convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no

terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse

alguém realiza algo que desejamos que ele realize".

(Antônio Suarez Abreu, A arte de argumentar - gerenciando

razão e emoção. São Paulo. Ateliê, 1999)

É comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como

sinônimos. Na teoria da argumentação, entretanto, eles adquirem sentidos específicos,

associando-se o primeiro conceito mais à razão, e o segundo, à emoção. Koch(1984) adota

essa distinção: "Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente à razão, através de um

raciocínio estritamente lógico e por meio de provas objetivas (... ), o ato de persuadir, por

sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento do(s) interlocutor(es), por meio de

argumentos plausíveis ou verossímeis, e tem caráter ideológico, subjetivo, temporal".

TEXTOS PARA ANÁLISE E DISCUSSÃO

Reúna-se com seu grupo de estudos e faça uma leitura atenta dos textos abaixo. Em seguida, elabore um parágrafo de, no máximo, 12 linhas que apresente o ponto de vista do grupo em relação ao assunto.

Page 14: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

13

TEXTO I Uma folga para São Pedro RONALDO FABRÍCIO São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008 __________________________________________________________________________________

Parece óbvio que o Brasil precisa redesenhar sua matriz energética, o que torna a conclusão de Angra 3 uma necessidade urgente

É injustificável achar que o Brasil vai ser para sempre dependente de São Pedro e

viver pavores cíclicos de um novo apagão, como ocorre mais uma vez agora. Nossa excessiva dependência da energia hidrelétrica não é obra do santo, mas resultado de uma antiga opção estratégica que só agora começa a ser mudada, pois está impondo ao país perda de tempo, de recursos e de oportunidades de desenvolvimento.

Se antes podíamos contar com grandes reservatórios em hidrelétricas que garantiam o fornecimento de "combustível" em períodos secos, hoje isso é impossível. Os grandes reservatórios perderam capacidade por assoreamentos devidos aos desmatamentos e pelo uso de suas águas para outras finalidades também importantes, como abastecimento e irrigação.

As novas hidrelétricas já não contam mais com tamanha capacidade de armazenamento, por problemas ambientais. Não se trata de substituir simplesmente uma fonte por outra, mas de explorar complementarmente todas as boas alternativas disponíveis dos pontos de vista econômico e ambiental. A energia nuclear é uma delas, como já constataram os países mais avançados.

O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo. São 309 mil toneladas, que equivalem em energia ao dobro das reservas de gás bolivianas ou quase 240 anos de operação do gasoduto Bolívia-Brasil, que tem capacidade para transportar 25 milhões de metros cúbicos por dia. Apesar disso, a energia nuclear representa apenas 2% da matriz brasileira, centrada na fonte hidráulica em quase 90%. A geração nuclear nos Estados Unidos, França e Inglaterra é maior hoje do que toda a energia produzida no Brasil. E a previsão é de que cresça no mundo consideravelmente até 2030.

Não faltam argumentos para que o Brasil também tome este caminho. Do ponto de vista ambiental, as usinas nucleares são defendidas hoje até por

ecologistas que antes as rejeitavam, pois comprovaram ser uma alternativa às emissões provocadas pelas centrais térmicas e à necessidade de alagamento de grandes áreas para a construção de hidrelétricas. Além de não emitirem gases causadores do efeito estufa, elas armazenam seus resíduos de forma segura, isolados do público e do ambiente.

Economicamente, a opção nuclear também é vantajosa em relação a outras energias alternativas, seja pelo rendimento, seja pelo custo de geração e até mesmo pela tarifa, que se tornou competitiva no caso do Brasil.

Tomemos o exemplo de Angra 3, projeto estratégico cuja retomada foi anunciada em 2007 sem que até agora tenha se concretizado.

A central nuclear de 1.350 megawatts pode gerar 10,9 milhões de megawatts-hora/ano, suficientes para abastecer um terço da demanda energética do Estado do Rio de Janeiro.

Uma usina eólica com a mesma capacidade, por exemplo, geraria menos da metade dessa energia a um preço bem superior e ocuparia uma área muito maior do que o quilômetro quadrado onde se concentra todo o complexo de Angra.

A geração nuclear se tornou competitiva também em se tratando de tarifa. O Brasil tem déficit de 4.000 MW e não pode confiar apenas em projetos hidrelétricos disponíveis para atender essa demanda. No último leilão realizado pelo governo, em outubro passado, a energia contratada de térmicas foi negociada a um preço médio de R$ 130 o megawatt-hora, considerando que estas usinas vão operar apenas 5% do tempo. Se for necessário operar por períodos maiores, o custo do combustível será rateado entre todos os consumidores.

Page 15: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

14

Este valor é muito próximo dos R$ 140 a serem cobrados por Angra 3. Parece óbvio, portanto, que o Brasil precisa redesenhar sua matriz energética, e nesse redesenho há um bom espaço para a geração nuclear, o que torna a conclusão de Angra 3 uma necessidade estratégica e urgente. A não ser que nos conformemos com a reza coletiva a São Pedro como alternativa avançada de política energética. ___________________________________________________________________ RONALDO FABRÍCIO, 74, engenheiro civil, é vice-presidente executivo da Abdan (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares). Foi presidente de Furnas e da Eletronuclear e diretor de Engenharia da Eletrobrás. TEXTO II Quem vai pagar a conta de Angra 3? BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008 _____________________________________________________________________

Construir uma usina nuclear no Brasil será um verdadeiro saque aos cofres públicos; se criada, Angra 3 gerará pouca energia e vários problemas

Em recente artigo publicado nesta Folha ("Uma folga para são Pedro", "Tendências/Debates", 13/2/08), Ronaldo Fabrício, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares, defendeu a construção da usina nuclear Angra 3. Para justificar a opção atômica, listou argumentos sobre a suposta viabilidade econômica do empreendimento, em detrimento de alternativas como a energia eólica.

Construir uma usina nuclear no Brasil só será possível por meio de um verdadeiro saque aos cofres públicos. Se for instalada, Angra 3 vai gerar pouca energia -apenas 1.350 MW- e diversos problemas sem solução, como lixo radioativo e risco permanente de acidentes.

E, apesar do marketing para posicionar a geração atômica como resposta ao aquecimento global, sabe-se que o ciclo de vida da energia nuclear, incluindo a fabricação do combustível a partir do urânio, consome energia e gera emissões indiretas de gases estufa. Tais emissões indiretas podem, em alguns casos, equiparar-se à poluição de termelétricas fósseis.

Orçamentos estourados e problemas de cronograma são típicos da indústria nuclear, que registra uma média mundial de quatro anos de atraso na conclusão das obras. O caso de Angra 2 é emblemático: fruto do tratado Brasil-Alemanha firmado em 1975, a usina custou mais de R$ 20 bilhões e entrou em operação apenas em 2000. A construção de Olkiluoto 3, na Finlândia, está 18 meses atrasada em relação ao cronograma original e acumula perdas de quase US$ 1 bilhão.

O cronograma oficial de Angra 3 prevê que as obras da usina sejam iniciadas em 2008 -improvável, já que as licenças ambientais nem sequer foram concedidas- e terminem em 2014. Se a média de quatro anos de atraso for mantida, a usina ficará pronta só em 2018. Quanto maior o tempo de construção, maior o ônus financeiro por conta dos juros sobre o capital imobilizado para a obra.

A Eletronuclear informa que o empreendimento custará R$ 7,2 bilhões, sendo que 70% do financiamento virão de recursos do BNDES e fontes estatais, e os outros 30% de investidores internacionais, entre eles a gigante francesa Areva.

As condições do financiamento são controversas. A Eletronuclear assumiu uma taxa de retorno para o investimento entre 8% e 10% -muito abaixo das praticadas pelo mercado, que variam de 12% a 18%. Somente uma taxa de retorno tão baixa pode viabilizar a tarifa de R$ 138 MW/h anunciada pelo governo federal para Angra 3 e emprestar um verniz de competitividade ao empreendimento. A título de comparação, a energia da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, foi negociada a uma tarifa de R$ 78,87 MW/h.

Page 16: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

15

A operação a baixas taxas de juros revela o subsídio estatal à construção da usina, uma vez que o investimento público não será integralmente recuperado. Os subsídios governamentais ocultos no projeto da usina nuclear Angra 3 são perversos, porque estão disfarçados nas contas de luz dos consumidores. O Greenpeace não se opõe ao aporte de recursos públicos para setores estratégicos ao desenvolvimento do país, mas condena a falta de transparência sobre os custos reais das suas opções energéticas, impedindo que a sociedade saiba, e se manifeste, sobre como e onde seu dinheiro está sendo investido.

Em um horizonte mais amplo, o desvio de recursos públicos para a opção nuclear é um verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de um mercado de energias renováveis no Brasil.

Com os R$ 7,2 bilhões alocados para Angra 3, seria possível construir um parque eólico com o dobro da capacidade da usina nuclear em apenas dois anos sem lixo radioativo ou risco de acidentes.

Dados do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), do governo federal, mostram que cada R$ 1 bilhão empregado em programas de eficiência energética resulta em uma economia de 7.400 MW, o equivalente a 5,5 vezes a potência de Angra 3. Se uma usina nuclear custa mais de R$ 7 bilhões, pode-se concluir que cada R$ 1 bilhão investido em eficiência pode evitar investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a mesma eletricidade a partir de plantas nucleares.

Os custos econômicos, ambientais e sociais de Angra 3 são altíssimos. Apenas as verdadeiras ambições políticas e econômicas do Programa Nuclear Brasileiro -leia-se: aumento da exploração de urânio, o mercado de combustível nuclear e finalidades militares- podem explicar tal insistência com projeto tão desnecessário para o Brasil e tão ineficaz em termos de energia. ___________________________________________________________________ BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS , advogada, é coordenadora da campanha antinuclear do Greenpeace. TEXTO III Licenciar Angra 3: por quê? ROBERTO MESSIAS FRANCO São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008 _________________________________________________________________________________ Nenhuma alternativa de geração de energia pode ser descartada liminarmente. Isso porque

o Brasil retomou o desenvolvimento

Vários projetos estruturantes para o Brasil do futuro estão em análise pelo Ibama e pelos órgãos ambientais dos Estados brasileiros. Nesse cenário, nenhuma alternativa de geração de energia pode ser descartada liminarmente. O Ibama analisa com responsabilidade e rigor os impactos ambientais relativos a cada uma das opções possíveis.

Isso porque o Brasil retomou o desenvolvimento. Ninguém ignora ou é contra o crescimento do país, pois significa novas oportunidades de emprego, de desenvolvimento científico e tecnológico e de uso dos recursos abundantes. Entretanto, para a área ambiental, o desafio é enorme: é, certamente, mais fácil licenciar e controlar numa economia estagnada.

Além disso, ante as mudanças climáticas, é imperativo ter uma matriz energética com o mínimo de emissão de CO2 e, neste quesito, o país tem uma situação confortável comparada com a de outras nações do mundo.

Mas o ritmo do desenvolvimento requer mais produção de energia. A energia nuclear representa cerca de 3% na matriz energética brasileira, mesmo

com a existência de cientistas de grande capacidade, compromissados com o país, desenvolvendo tecnologias nucleares que não podem ser confundidas com usos belicosos nem bomba atômica, ao contrário, resultam em benefícios para a indústria médico-hospitalar em avançados tratamentos de doenças como o câncer, a conservação de alimentos e outras conquistas científicas.

Page 17: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

16

A produção de energia é mais uma conquista. Juntas, as usinas nucleares brasileiras formam um complexo de padrão internacional e iluminam a cidade do Rio de Janeiro. Se a energia nuclear fosse uma tecnologia obsoleta e descartável, não seria usada em grande escala na Europa e nos EUA.

O Brasil possui combustível nuclear, já descoberto e de conhecimento de todos, para 400 anos de geração de energia sem despender um só dólar com importação, ao contrário das termoelétricas, que terão de importar carvão. As hidrelétricas, por sua vez, apresentam impactos na sua construção, com áreas alagadas e populações afetadas, e não são todos os rios que mantêm volume de água suficiente para geração de energia em todas as estações do ano.

O parque eólico e o uso de energias solares, que também têm de ser considerados e estimulados, são certamente componentes da matriz energética, mas insuficientes para manter toda a atividade industrial e o consumo urbano que o país vai exigir.

As térmicas a carvão ou a óleo, em funcionamento ou em perspectiva de construção, envolvem emissão de CO2 na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, fator que não pode ser esquecido quando caminhamos para um acordo mundial pós-Kyoto para evitar mudanças indesejáveis para toda a população da Terra.

As próprias hidrelétricas na Amazônia têm uma complicada análise de custo/benefício e é necessário estudar com profundidade seu impacto sobre um rico ecossistema e sobre as populações tradicionais e indígenas.

Diante de todos os desafios impostos ao país, que retoma o caminho para o desenvolvimento da grande nação que é, o Ibama analisou a licença para Angra 3 à luz das exigências da legislação ambiental brasileira, com todo o rigor e profundidade para garantir a segurança em relação aos impactos ambientais que poderiam ocorrer em sua construção e em sua operação.

Vale lembrar que as duas unidades nucleares funcionam sem nenhum episódio de significativo risco para a população desde que entraram em operação; a licença prevê mecanismos de monitoramento, com isenção e transparência para a população local e brasileira; e foram impostas medidas compensatórias para corrigir eventuais pressões causadas por um aumento de densidade da população na região.

No caso de Angra 3, o empreendedor assumirá custos do saneamento ambiental de Angra dos Reis e Paraty, uma vez que um investimento desse porte significa uma pressão maior sobre o meio ambiente. E adotará duas preciosidades da mata atlântica regional, que são o parque da Bocaina e a Estação Ecológica de Tamoios.

Nenhuma cidade vai deixar de ter seus prédios, elevadores, computadores e chuveiros elétricos, e as indústrias vão continuar usando energia, gerando trabalho e benefícios. É sob a ótica da sustentabilidade que o licenciamento sério e responsável de Angra 3 pretende ser uma contribuição ao desenvolvimento brasileiro. _____________________________________________________________________ ROBERTO MESSIAS FRANCO , geógrafo, é presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Foi diretor-adjunto para a América Latina do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e secretário especial do Meio Ambiente (governo Sarney). 4.1.FORMAS DE ARGUMENTAÇÃO

Os argumentos são recursos lingüísticos que utilizamos para tornar nosso discurso

mais persuasivo e conquistar a adesão do auditório.

Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são

as formas de que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa à outra.

Qualquer recurso lingüístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do

enunciador é um argumento. Os argumentos mais utilizados são:

Page 18: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

17

a) Argumento de autoridade

É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como

autoridades em certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está

propondo. Isso confere ao texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um

especialista. Para o auditório, o efeito é positivo, uma vez que se acredita que as

considerações de um expert são verdadeiras.

A estratégia é adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da

consideração de que goza a autoridade citada. Se considerarmos que por meio da

argumentação se constrói um determinado objeto de saber, o discurso como um todo,

podemos dizer que a autoridade auxilia-nos a construir esse objeto. Observe:

Administrar é dirigir uma organização, utilizando técnicas de gestão para que alcance seus objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental.

Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do administrador é obter resultados por meio das pessoas que ele coordena.

A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel do "Gestor Administrativo" que com sua capacidade de gestão com as pessoas, consegue obeter os resultados esperados.

Drucker (1998, p. 2) diz que administrar é manter as organizações coesas, fazendo-as funcionar.

As principais funções administrativas são:

Fixar objetivos (planejar) Analisar: conhecer os problemas. Solucionar problemas Organizar e alocar recursos (recursos financeiros e tecnológicos e as pessoas). Comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar) Negociar Tomar as decisões. Mensurar e avaliar (controlar).

Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do Administrador: Planejar, Organizar, Controlar, Coordenar e Comandar - POCCC. Destas funções a que sofreu maior evolução foi o "comandar" que hoje chamamos de Liderança.

b)Argumento baseado no consenso É aquele que corresponde a valores em circulação na sociedade sobre os quais não

pairam dúvidas: trata-se de idéias aceitas como verdadeiras por determinado grupo social,

razão pela qual o consenso dispensa a demonstração (o que é considerado óbvio não

precisa ser comprovado para ser aceito). De certa maneira, os dados consensuais

produzem efeito semelhante ao que chamamos anteriormente de "evidência" (no discurso

científico): criam a impressão de que não há o que argumentar. De fato, só se argumenta

Page 19: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

18

para chegar a um consenso, a um ponto comum (na verdade, o ponto de vista do

enunciador).

É preciso cautela no uso desse recurso argumentativo, uma vez que o consenso é o

que todos sabem, e o texto que fala só do que todos já sabem torna-se desnecessário,

perde sua razão de ser. Não há o que argumentar, por exemplo, diante de dados

consensuais como a idéia de que o homem é mortal, a Aids é uma doença contagiosa,

homens não podem engravidar etc. Observe, por exemplo, o seguinte argumento em se

tratando da questão da escassez de água:

A escassez e o uso abusivo da água doce constituem, hoje, uma ameaça crescente ao

desenvolvimento das nações e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem estar de milhões de

pessoas, a alimentação, o desenvolvimento sustentável e os ecossistemas estão em perigo.

A luta pela água poderá levar o mundo a outra grande guerra. Alguns economistas prevêem

que, por sua importância estratégica, a água será a moeda do futuro. Mais do que o petróleo e o

ouro, ela é valiosa para a humanidade. Sem ouro ou sem petróleo o homem vive; sem água não.

(adaptado de http://www.uniagua.org.br. 06/08/2007)

c)Argumento baseado em provas concretas Trata-se da apresentação de dados que servem para comprovar a nossa tese,

criando também efeito de sentido de evidência, de realidade. Esses dados concretos, isto é,

extraídos da experiência "real", são obtidos de levantamentos estatísticos, relatórios,

pesquisas etc., em geral divulgados por fontes consideradas "fidedignas", ou seja, que

gozam de credibilidade - por exemplo, os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística), os índices da FGV (Faculdade Getúlio Vargas) etc. Do ponto de vista do

poder persuasivo, esse é um tipo de argumento forte, uma vez que cria a impressão de

realidade, o efeito de verdade (embora se saiba que números podem ser desmentidos por

números).

Vejamos um exemplo de uso desse recurso argumentativo extraído do texto "Uma

revolução silenciosa" (Folha de S. Paulo, 29/12/1996), do então presidente Fernando

Henrique Cardoso:

" ( .. ) Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha de pobreza. As classes D e E

diminuíram 17%, e as classes A e B cresceram 21 %. O rendimento dos 1 0% mais pobres

da população dobrou. ( .. ) Carne bovina, ovos, congelados, iogurte e conservas passaram a

freqüentar mais a mesa dos brasileiros. As classes D e E são responsáveis por 30% de

produtos como biscoitos, iogurte e macarrão instantâneo. Aumentou também o número de

residências com geladeira, TV em cores, freezer, produtos eletrônicos e eletrodomésticos

(... ). As vendas de cimento cresceram 12% em 1995 e 21,5% no primeiro semestre deste

Page 20: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

19

ano. (... ) Nestes dois anos de governo, 100 mil novas famílias tiveram acesso à terra. ( ... ).

Já desapropriamos, neste período, 3 milhões de hectares (... ). Na Previdência Social, o

aumento real médio dos benefícios foi de 39% entre 94 e 96 (... ). Conseguimos reduzir, de

maneira sensível, os índices de mortalidade infantil (... )"

Como se vê, o enunciador constrói uma imagem positiva de si, como o "salvador da

pátria" que resgatou o país da situação caótica em que se encontrava (antes do Plano Real),

devolvendo ao povo a esperança de transformações, a partir das realizações

"demonstradas" por meio das provas concretas. Produz, assim, a impressão de

comprometimento com os rumos da nação, de seriedade no exercício da função

presidencial. É importante dizer que se trata de uma estratégia: o discurso não diz a verdade

(o que é a verdade?); cria efeitos de verdade, ou seja, faz o auditório crer que aquilo que

parece verdadeiro de fato é verdadeiro.

d)Argumento baseado no raciocínio lógico O texto é um todo coeso, organizado, coerente - o que pressupõe que nele exista

uma progressão lógica das idéias. Utilizar satisfatoriamente esse recurso argumentativo,

então, significa estabelecer relações adequadas entre as passagens do texto, respeitando,

por exemplo, as relações de causa e conseqüência(entre o que provoca dado evento e o

resultado produzido). Tudo aquilo que afeta a maneira habitual de as pessoas raciocinarem,

associarem idéias, relacionarem proposições, afeta a lógica, logo prejudica o sentido (e,

como ocorre via de regra, a argumentatividade do texto, seu poder persuasivo).

Para ser coerente, o texto precisa, entre outras coisas, respeitar princípios lógicos

fundamentais, como o "princípio da não-contradição", por exemplo. Quer dizer que não pode

afirmar "A" e o contrário de "A": suas passagens têm de ser compatíveis entre si. Esta carta

publicada no Painel do Leitor da Folha de S. Paulo (712/2003) ilustra a questão:

"Se não punir Heloísa Helena, por quem tenho o maior apreço, o PT passará a ser mais

uma sigla que, um dia, já foi um partido político. Não estará tolhendo o direito a opinião

divergente, mas estará zelando pela unidade do partida”.

(Fábio P. Marques, São Bernardo do Campo, São Paulo)

De modo como está posto no enunciado, o que se depreende é que a não punição

da deputada implicaria o desaparecimento do PT ("A") e a preservação da unidade do PT (o

contrário de "A").

Em matéria de problemas envolvendo o raciocínio lógico, é importante também

ficarmos atentos às formas de ligar orações nas composições dos períodos e aos

Page 21: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

20

mecanismos de relação entre eles. Expressões tais como "por exemplo", "dessa forma", "por

outro lado" - que são exemplos de "articuladores lógicos do discurso" -, só servem à

coerência se usadas, respectivamente, para explicar o que foi dito anteriormente, recuperar

a "forma" em questão (o que se falou antes) e apresentar um outro aspecto do tema tratado.

Outros recursos lingüísticas que merecem igual atenção são as conjunções que

estabelecem relações temporais, marcando “anterioridade" e "posterioridade" entre os fatos

apresentados, as conjunções que estabelecem noções de causa e conseqüência, condição,

oposição, etc.

e) Argumento de competência lingüística O que interessa, aqui, não é tanto "o que dizer", mas "como dizer": grosso modo,

pode-se pensar que a competência lingüística está mais ligada à forma do que ao conteúdo.

Por melhores que sejam os argumentos do ponto de vista do conteúdo, a forma como são

expostos pode pôr tudo a perder.

Se considerarmos que a linguagem utilizada pelo é o "cartão de apresentação" do

texto, criando já de início uma boa ou uma má impressão no auditório, a competência

lingüística, isto é, o manejo lingüística hábil, adequado, tem força persuasiva. Problemas de

concordância, regência, crase, pontuação, ortografia, etc, por outro lado, são

comprometedores na medida em que desautorizam o enunciador, enquanto uma

dissertação produzida em obediência aos padrões lingüísticos formais colabora para que

dele se construa uma imagem positiva. O texto abaixo ilustra exemplarmente o quanto à

competência lingüística interfere na persuasão, afetando a imagem do enunciador. Vejamos

um trecho:

"Tropecei num jota muçulmano na semana passada. Caí de cara no chão. Pra quem não leu

a crônica da semana passada vou logo confessando que escrevi 'atinjiu' com jota e não com

ge de jeito (esta dói mais). Mas eu explico. O que eu estava dizendo que atingiu foi jato. Jato

com jota. Devo ter esquecido o dedo na tecla. A quantidade de cartas foi assustadora.

Ninguém comentou nada sobre as torres atingidas. O que doeu mesmo no leitor foi aquele

jota de jato. Bem nos alvos.

Como se não bastasse o jota, no lugar de muçulmano, escrevi mulçumano. Aqui eu poderia

mentir e dizer que foi de propósito, pois não queria atingir os muçulmanos que não tinham

nada com o atingido. Então, teria inventado a palavra 'mulçumano. E mais, que teria escrito

errado para facilitar a rima com humano. Tudo mentira. Errei mesmo. Talvez por nunca ter

visto um ' muçulmano pela frente. Aliás, nem por trás, como o Bush anda vendo ( .. ) ".

O jota muçulmano, Mário Prata, O Estado de S. Paulo, 3/10/2001

Page 22: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

21

De forma bem-humorada, o enunciador confessa que cometeu deslizes de

ortografia na crônica anterior, chamando a atenção para o fato curioso de que os erros

ganharam destaque sobre o próprio assunto de que ele falava. As cartas dos leitores são

uma prova disso: enquanto Mário Prata tratava do atentado terrorista, as cartas acusavam-

no de "atentados à língua". Apesar do tom de brincadeira do texto, trata-se de uma questão

tão importante que sua discussão mereceu uma crônica inteira.

4.3. TEXTOS PARA ANÁLISE E DISCUSSÃO

TEXTO I O texto a seguir, de autoria de Drauzio Varella, apresenta a defesa do ponto de vista

do médico a respeito da polêmica que foi gerada por um projeto de lei que proíbe a

propaganda de cigarros no país. O estudo desse texto nos levará a perceber várias formas

de argumentação. Leia-o e responda às questões propostas abaixo.

Droga pesada

Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda adolescente, porque não

sabia o que fazer com as mãos quando chegava às festas. Era início dos anos 60, e o

cigarro estava em toda parte: televisão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas

começavam a fumar em público, de minissaia, com as bocas pintadas assoprando a fumaça

para o alto. O jovem que não fumasse estava por fora.

Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro que fiquei meio

tonto, mas saí de lá e comprei um maço na padaria. Caí na mão do fornecedor por duas

décadas; 20 cigarros por dia, às vezes mais.

Fiz o curso de Medicina fumando. Naquela época, começavam a aparecer os

primeiros estudos sobre os efeitos do cigarro no organismo, mas a indústria tinha equipes

de médicos encarregados de contestar sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse

demonstrar a ação prejudicial do fumo. Esses cientistas de aluguei negavam até que a

nicotina provocasse dependência química, desqualificando o sofrimento da legião de

fumantes que tentam largar e não conseguem.

Nos anos 1970, fui trabalhar no Hospital do Câncer de São Paulo. Nesse tempo, a

literatura científica já havia deixado clara a relação entre o fumo e diversos tipos de câncer:

de pulmão, esôfago, estômago, rim, bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se sabia

até que, de cada três casos de câncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar

do conhecimento teórico e da convivência diária com os doentes, continuei fumando.

Page 23: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

22

Na irresponsabilidade que a dependência química traz, fumei na frente dos doentes a

quem recomendava abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados diante de pessoas

de idade, mulheres grávidas e crianças pequenas. Como professor de cursinho durante

quase 20 anos, fumei nas salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vício. Quando

me perguntavam: `Mas você é cancerologista e fuma?', eu ficava sem graça e dizia que ia

parar. Só que esse dia nunca chegava. A droga quebra o caráter do dependente.

A nicotina é um alcalóide. Fumada, é absorvida rapidamente nos pulmões, vai para o

coração e através do sangue arterial se espalha pelo corpo todo e atinge o cérebro. No

sistema nervoso central, age em receptores ligados às sensações de prazer. Esses, uma

vez estimulados, comunicam-se com os circuitos de neurônios responsáveis pelo

comportamento associado à busca do prazer. De todas as drogas conhecidas, é a que mais

dependência química provoca. Vicia mais do que álcool, cocaína e morfina. E vicia

depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o cigarro quatro vezes, seis se

tornam dependentes para o resto da vida.

A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o dependente entra

num quadro de ansiedade crescente, que só passa com uma tragada. Enquanto as demais

drogas dão trégua de dias, ou pelo menos de muitas horas, ao usuário, as crises de

abstinência da nicotina se sucedem em intervalos de minutos. Para evitá-las, o fumante

precisa ter o maço ao alcance da mão; sem ele, parece que está faltando uma parte do

corpo. Como o álcool dissolve a nicotina e favorece sua excreção por aumentar a diurese,

quando o fumante bebe, as crises de abstinência se repetem em intervalos tão curtos que

ele mal acaba de fumar um, já acende outro.

Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes demonstrações do domínio que

a nicotina exerce sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na

UTI entre a vida e a morte e não pára de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas

implorem. Sofre um derrame cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna

paralisada, mas com o cigarro na boca. Na vizinhança do Hospital do Câncer, cansei de ver

doentes que perderam a laringe por câncer, levantarem a toalhinha que cobre o orifício

respiratório aberto no pescoço, aspirarem e soltarem a fumaça por ali.

Existe uma doença, exclusiva de fumantes, chamada tromboangeíte obliterante, que

obstrui as artérias das extremidades e provoca necrose dos tecidos. O doente perde os

dedos do pé, a perna, uma coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente,

pedindo um cigarrinho pelo amor de Deus.

Mais de 95% dos usuários de nicotina começaram a fumar antes dos 25 anos, a faixa

etária mais vulnerável às adições. A imensa maioria comprará um maço por dia pelo resto

de suas vidas, compulsivamente. Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro

investem fortunas na promoção do fumo para os jovens: imagens de homens de sucesso,

mulheres maravilhosas, esportes radicais e a ânsia de liberdade. Depois, com ar de

Page 24: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

23

deboche, vêm a público de terno e gravata dizer que não têm culpa se tantos adolescentes

decidem fumar.

O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não

admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os

nossos filhos na TV, todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas

terminantemente. Para os desobedientes, cadeia.

(VARELLA, Drauzio. ln: Folha de S.Paulo, 20 maio 2000.)

1. Qual é o ponto de vista defendido por Dráuzio Varella a respeito da proibição

da propaganda de cigarros?

2. Quais são os argumentos utilizados por ele para defender seu ponto de vista

e como se classificam?

3. O autor inicia seu texto apresentando-se como um “ex-dependente de

nicotina”, apenas no decorrer do texto é que se toma conhecimento de que

ele é médico. Reflita sobre isso e responda às seguintes questões: Qual é

sua intenção com essa apresentação inicial? Que importância tem esse fato

para a argumentação que constrói?

Page 25: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

24

4. Qual é a relação que o médico estabelece, em seu texto, entre a propaganda

tabagista e a juventude?

5. Você considera o texto convincente e persuasivo? Por quê?

TEXTO II

Novamente, reúna-se com seu grupo de estudos para elaborar uma reflexão acerca dos benefícios ou malefícios que o avanço tecnológico impõe ao homem moderno. Na elaboração de seu texto (20 linhas), utilize, pelo menos, dois dos tipos de argumentos estudados. Tome como ponto de reflexão o texto abaixo. Observação: 1. Antes de produzir seu texto, verifique no próximo item (4.4) os defeitos de argumentação. 2. Os textos devem ser entregues digitados em fonte arial 16 e espaçamento entre linhas de 1,5. O nome dos componentes do grupo deve ser colocado no verso da folha.

QUER ANDAR UM POUCO MAIS DEPRESSA?

Na maior parte da historia humana, só podíamos andar tão depressa quanto nossas

pernas pudessem levar-nos – numa jornada mais longa, apenas uns poucos quilômetros por

hora. Faziam-se grandes viagens, mas muito devagar.[...]

A motivação original para se viajar depressa deve ter sido o de fugir de inimigos e

predadores, ou, ao contrario, o de tentar alcançar inimigos ou presas. Há uns poucos

milhares de anos, fez-se uma admirável descoberta: o cavalo pode ser domesticado e

Page 26: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

25

montado. Foi uma idéia muito peculiar, pois o cavalo não evoluiu com o objetivo de servir de

montaria ao homem. [...] Mas funcionou e – especialmente depois que se inventou a roda e

a carruagem – cavalgar ou andar em veículos puxados por cavalos representou durante

milênios , a tecnologia do transporte mais avançada a disposição da espécie humana. Com

ela pode-se viajar a 15 ou mesmo 30 quilômetros por hora.

Só muito recentemente é que emergimos da tecnologia do cavalo – como prova, por

exemplo, o termo “cavalo-vapor” , utilizado para medir a potência dos veículos automotores.

Uma máquina com a potência de 375 cavalos-vapor tem mais ou menos a mesma

capacidade de puxar 375 cavalos. Uma equipe de 375 cavalos seria interessante de se ver.

Arrumada em fileiras com cinco cavalos cada, ela se estenderia por mais de 300 metros e

seria muito difícil de manobrar. Em muitas estradas as primeiras filas escapariam à visão do

condutor. E, é claro, 375 cavalos não poderiam andar tão depressa quanto um. Mesmo com

enormes manadas de cavalos, a velocidade de transporte seria apenas umas dez vezes

maior daquela proporcionada por nossas próprias pernas. Assim, as mudanças ocorridas na

tecnologia dos transportes durante o século XIX são impressionantes. Nós homens

dependemos de nossos pés por milhões de anos; dos cavalos por milhares de anos, dos

motores de combustão interna por menos de um século; e dos motores a jato há algumas

décadas. Mas esses produtos do gênio inventivo humano nos possibilitaram andar sobre a

terra e sobre as águas 100 vezes mais depressa do que a pé, milhares de vezes mais

depressa no ar e mais que dezenas de milhares de vezes no espaço.

No passado a velocidade de comunicações se igualava à velocidade do transporte.

Houve uns poucos métodos de comunicação mais rápidos – por exemplo, sinais com

bandeiras, sinais de fumaça, ou mesmo uma ou duas tentativas de se utilizar torres de

sinalização dotadas de espelhos com o objetivo de trocar sinais através do reflexo da luz do

Sol ou da Lua. [...] Com apenas algumas exceções, porém, esses métodos não se

mostraram práticos, e as comunicações continuaram a se fazer com a velocidade de um

homem ou de um cavalo. Isso mudou radicalmente. A comunicação por rádio ou telefone

tem agora a velocidade da luz – 300 mil quilômetros por segundo, ou seja, mais de 1 bilhão

de quilômetros por hora. Não se trata do último avanço nesse domínio, mas do derradeiro

avanço. Tanto quanto sabemos, a partir da Teoria Especial da Relatividade de Einstein, o

universo é constituído de tal forma (pelo menos em torno de nós) que nenhum objeto

material nem qualquer espécie de informação pode deslocar-se a uma velocidade superior

à da luz. Não se trata de um obstáculo contornável pela engenharia, como a chamada

barreira do som, mas de um limite cósmico de velocidade fundamental na tessitura da

natureza. De qualquer modo, uma velocidade superior a 1 bilhão de quilômetros por hora é

suficiente para a maioria de nossos objetivos.

O que é admirável é que, em matéria da tecnologia da informação, já tenhamos

atingido o limite máximo e nos adaptado tão bem a ele. São poucos os que chegam a perder

Page 27: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

26

o ar e a sofrer palpitações após um telefonema de longa distância, assombrados com a

velocidade da comunicação. Para nós a comunicação instantânea com qualquer parte do

globo é fato natural. [...] Na tecnologia dos transportes, porém, embora não tenhamos

atingido velocidades que sequer se aproximem da velocidade da luz, colidimos com outros

limites, de ordem fisiológica e tecnológica.

(adaptado de SAGAN, Carl. O romance da ciência. Trad. de Carlos A. Medeiros, pp.231-236. Rio de Janeiro: F. Alves, 1985. 4.4.DEFEITOS DE ARGUMENTAÇÃO

De acordo com Platão e Fiorin (2002), os principais defeitos que podem aparecer e

comprometer a legitimidade do argumento são:

1. Emprego de noções confusas

- Reagan, em defesa da liberdade dos povos latino-americanos, solicita ao

Congresso americano verbas para apoiar os movimentos contrários ao governo da

Nicarágua;

- Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, em nome da liberdade dos povos latino-

americanos, solicita, na Onu, sanções contra os Estados Unidos pelo apoio que vêm dando

aos movimentos contrários ao governo revolucionário.

O problema dos posseiros e a luta pela terra não têm sentido, pois perturbam a

ordem estabelecida.

Deve-se respeitar o professor porque, afinal de contas, na escola ele é uma

autoridade.

2. Emprego de noções de totalidade indeterminada

Todos os políticos são iguais: só querem o poder para encher os próprios bolsos.

O comunismo e o capitalismo, no fundo, são a mesma coisa.

Os países latino-americanos são diferentes em tudo: nos hábitos, nos costumes, na

concepção de vida, nos valores, etc.

3. Emprego de noções semiformalizadas

Page 28: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

27

Professores e alunos pertencem a classes sociais distintas: os primeiros, à

burguesia; os últimos, ao proletariado.

Não se deve negar ao cidadão o direito de protestar: isso já é comunismo.

4. Defeitos de argumentação pelo exemplo, pela ilustração ou pelo modelo

Dado falso

No Brasil, a maioria da população ativa ganha acima de dez salários mínimos.

Conclusão contém uma generalização indevida

Venho acompanhando pelo jornal um debate acalorada entre professores

universitários a respeito de um tema da especialidade deles: literatura moderna. O debate,

que se iniciou com dois professores e acabou envolvendo outros mais, terminou sem que se

chegasse a uma conclusão uniforme. Isso nos leva a concluir que o homem não é mesmo

capaz de entrar em entendimento e, por isso, o mundo está repleto de guerras.

Distância entre o fato narrado e a conclusão

Eram oito horas da noite: horário de verão. O sol, aos poucos caindo, parecia

mergulhar nas profundezas do mar, deixando atrás de si um rastro de cores indefiníveis e

uma atmosfera de mistério e compenetração. Contagiado por aquele momento de grandioso

espetáculo da natureza, acabei por concluir que a vida é cheia de altos e baixo e que

precisamos enfrentar com coragem as dificuldades e exultar com vibração diante do

sucesso.

Disparidade entre relato e conclusão

Na festa não havia nenhum conhecido. As pessoas que me convidaram tiveram de

sair às pressas e eu fiquei completamente só. Nunca experimentei uma solidão tão grande

no meio de tanta gente. Ia até o banheiro, olhava no espelho e minha imagem refletida era a

única cara conhecida. Tentei alguns contatos mas... que nada! O pessoal era fechado

demais. No fim, desanimado, sentei-me num sofá e fiquei plantado até quase o final da

festa.

Mas valeu. Afinal de contas voltei para casa e não me arrependi de ter ido à festa,

pois novos relacionamentos sempre acabam enriquecendo a gente.

Exemplo inconsistente

O brasileiro é um povo indolente.

Page 29: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

28

Ainda de acordo com Platão e Fiorin (2002, p.231) os desvios da norma culta mais

comumente cometidos na prática da escrita podem ser classificados em quatro grandes

níveis:

1. No nível da ortografia

a) No uso da acentuação gráfica

Ontem ele pode fazer OU Ontem ele pôde fazer ?

Esses negócios não nos convém OU Esses negócios não nos convêm?

b) No uso de sinais de pontuação

Todos esses casos estarrecedores, demonstram a gravidade da situação?

OU

Todos esses casos estarrecedores demonstram a gravidade da situação?

c) No uso das letras ao grafar as palavras

Pessoas pretenciosas OU Pessoas pretensiosas?

Ele possue OU Ele possui?

Boeiro OU Bueiro?

Excessão OU Exceção?

d) No uso do acento indicador da crase

Eu fiz referência à elas OU Eu fiz referência a elas?

Ele não perdoava a mãe OU Ele não perdoava à mãe?

2) No nível da sintaxe

A sintaxe consiste nas regras de combinação das palavras ou frases da língua.

Entre os erros mais comuns nesse domínio, podemos apontar:

a) Na sintaxe de concordância

Não faltou, durante aquele ruidoso episódio, demissões e dispensas.

Page 30: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

29

OU

Não faltaram, durante aquele ruidoso episódio, demissões e dispensas?

b) Na sintaxe de regência

Ele nunca aspirou o cargo que ocupa.

OU

Ele nunca aspirou ao cargo que ocupa?

c) Na sintaxe de colocação

Nunca vi-te OU Nunca te vi?

Uma equipe estrangeira pode vencer o torneio Governador do Estado, de basquete.

OU

Uma equipe estrangeira pode vencer o torneio de basquete Governador do Estado?

3) No nível da morfologia

a) Na conjugação verbal

A polícia interviu com violência na briga.

OU

A polícia interveio com violência na briga?

b) Na flexão dos substantivos e adjetivos

Os guarda-noturnos não saíram às ruas. OU Os guardas-noturnos não

saíram às ruas?

c) Nas palavras invariáveis

Havia menas condições. OU Havia menos condições?

Ela estava meia atrapalhada. OU Ela estava meio atrapalhada?

Page 31: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

30

4) No nível do léxico

Os bancos do país são construções que ostentam luxúria, enquanto o povo vive na

miséria.

O tráfico estava paralisado porque o semáforo quebrou.

A boa argumentação, portanto, é aquela que está de acordo com a situação concreta

do texto, que leva em conta os componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a

quem se dirige a comunicação, o assunto etc.).

Convém ainda alertar que não se convence ninguém com manifestações de sinceridade

do autor (como eu, que não costumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas

em fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo

com toda a certeza etc.). Em vez de prometer, em seu texto, sinceridade e certeza,

autenticidade e verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros

termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.

A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiro aquilo que se

diz num texto e, com isso, levar a pessoa a quem o texto é endereçado a crer naquilo que

ele diz.

MOMENTO DE PRODUÇÃO INDIVIDUAL

a) Reflita acerca do trecho apresentado a seguir e elabore um parágrafo

dissertativo, em que você possa discutir as competências e habilidades no

profissional de sua área.

“As competências e as habilidades técnicas são o mínimo exigido e não chegam a

diferenciar os profissionais de forma mais acintosa. Conhecer sua área através da ajuda de

colegas, professores, livros, revistas e experiências é o mínimo que cada um pode fazer por

si.”

Page 32: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

31

b) Desenvolva o parágrafo iniciado abaixo, de maneira a justificar e concluir a idéia

apresentada.

As Tecnologias de Informação e Comunicação estão ganhando espaço nos diferentes setores

da,nossa sociedade invadindo nossas vidas tanto no âmbito profissional quanto no âmbito pessoal.

Isso vem ocorrendo, principalmente, devido

4. O TEXTO DESCRITIVO

A descrição é uma espécie de retrato verbal de um determinado objeto. É descritivo

o texto que tem por finalidade retratar algo, de forma que o interlocutor possa, por meio das

palavras, criar mentalmente a imagem do objeto descrito.

É importante ressaltar que como não há escrita sem intenção, descreve-se para

atingir determinados objetivos, tais como:

o exaltar ou criticar.

o analisar conteúdos.

o fazer conhecer, direta ou indiretamente, o objeto descrito.

Ao descrever, a pessoa seleciona as palavras que pretende usar para que possa

convencer o interlocutor. Se há um desejo de convencer, de fazer com que o interlocutor

enxergue de acordo com a visão de mundo do enunciador, o texto descritivo possui uma

função argumentativa.

Sendo assim, a descrição pretende ser um retrato verbal. Todavia, pretende retratar

aquilo que os olhos do enunciador vêem que, muitas vezes, pode não corresponder à

realidade.

COMO CONSTRUIR UM TEXTO DESCRITIVO?

Page 33: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

32

É muito comum a dificuldade na criação de um texto descritivo, pois a sensação é de

que há muito a dizer e não se sabe por onde começar, ou ainda o que é ou não relevante

para que se atinja o objetivo do texto.

Uma boa maneira de solucionar esses problemas é observar, analisar e classificar as

idéias que se tem acerca do objeto da descrição.

Elaborar uma lista (ou um quadro) com idéias que vão ocorrendo sobre o que se quer

descrever e, a seguir, organizar essas informações, separando-as em grupos que se

coordenam é um bom começo.

A descrição técnica deve apresentar precisão vocabular e exatidão de pormenores.

Deve esclarecer, convencendo. Pode-se descrever objetos, mecanismos ou processos,

fenômenos, fatos, lugares, eventos.

Determinar o ponto de vista e o objetivo do texto são muito importantes na

construção do texto descritivo, deles depende a estrutura do texto: o que será descrito? que

aspecto será destacado? quais são os pormenores mais importantes? que ordem será

adotada para a descrição? a quem se destina o texto: ao técnico ou ao leigo?

Observe os exemplos:

I – DESCRIÇÃO TÉCNICA

O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de

câmbio, a qual, por sua vez, está fixada nos coxins de borracha na extremidade bifurcada do

chassi. Os cilindros estão dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de

cilindros tem um cabeçote comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são

comandadas por meio de tuchos e balancins. O virabrequim, livre de vibrações, de

comprimento reduzido, com têmpera especial nos colos, gira em quatro pontos de apoio e

aciona o eixo excêntrico por meio de engrenagens oblíquas. As bielas contam com mancais

de chumbo-bronze e os pistões são fundidos de uma liga de metal leve. (Manual de instruções (Volkswagem). In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon, Rio de

janeiro: Editora FGV, 1996, p.388.)

II – DESCRIÇÃO DE PROCESSO

Transmissão de um programa de rádio

Os sons que se produzem dentro do campo de ação do microfone são por estes

captados e transformados em corrente elétrica equivalente. Estas correntes, devido ao fato

de serem extremamente fracas, são conduzidas a um pré-amplificador de microfone, que as

amplifica convenientemente, depois do que são transferidas para um amplificador de

grandes dimensões, chamado modulador. Existe no equipamento transmissor um circuito

gerador de alta freqüência, que fornece a onda a ser irradiada pela Estação. Esta onda R. F.

Page 34: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

33

(alta freqüência) será misturada com as correntes de som amplificadas pelo modulador e

transmitidas no espaço por meio de antena transmissora. (Martins, º N., Curso pratico de rádio, p. 127. In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon,

Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.398.)

5. TEXTO NARRATIVO

Contar histórias é uma atividade comum nas relações humanas, faz parte do ato de

comunicação, não só na vida particular, mas também na profissional. Usamos aspectos da

narração quando precisamos produzir relatórios, textos técnicos, e-mails e outros textos que

fazem parte do cotidiano de qualquer profissional.

Escrevemos para contar o que acontece, com quem, onde, como, por que e para

quê. Esses são os elementos do processo narrativo e que também devem estar presentes

no relato. Veja:

O que é apresentado?

Quem participa da situação?

Por que a situação ocorre?

Onde (em que lugar) ocorre?

Quando ocorre? .

Como era e agora é a situação?

Observe, a seguir, exemplos de textos que apresentam trechos narrativos e descritivos.

TEXTO I

A NOVA MINI-ESCAVADORA KUBOTA DA DUROMIN

A Duromin, representante para Portugal de equipamentos industriais

da marca Kubota, aproveitou a última edição da FEMOP para apresentar a mini-escavadora

KX080-3. Esta nova Mini da Kubota oferece uma alta manobrabilidade e elevados

rendimentos, graças a uma avançada tecnologia. Dispõe de um motor de injecção directa

V3800Di com uma potência de 47,8 kW, 3.769 c.c. e funciona a 2.200 rpm. Combinado com

um sistema hidráulico avançado, o motor ajuda a maximizar a força de escavação e reduzir

ao mínimo o nível de ruído, o consumo de combustível e as emissões de gás.

Page 35: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

34

A máquina oferece ao operador uma singular força de escavação, muito equilibrada

entre a força de penetração da lança e a força de escavação do balde.

Este equipamento tem uma largura de 2,20 m que respeita as dimensões standard

de transporte, o que facilita o seu traslado de uma obra para outra. A KX080-3 combina o

Sistema de Controlo Inteligente Kubota, função que permite o controlo do caudal de óleo

para o circuito auxiliar segundo as necessidades ou o implemento a utilizar. Além disso,

dispõe de sistema hidráulico load sensing (sistema de detecção de carga) que assegura um

trabalho mais suave, sem sobressaltos, independentemente da carga. Isto permite que o

óleo hidráulico flua segundo a opção específica do movimento da alavanca do operador,

característica que permite a redução do consumo de combustível e garante um óptimo

funcionamento nas operações a realizar.

É uma máquina que oferece uma grande facilidade de manutenção, já que tem três

capots de acesso ao seu interior para facilitar a melhor e mais rápida inspecção.

A cabina oferece uma segurança máxima ao operador graças a sua estrutura de

protecção anti-capotamento. Por outro lado, conta com um sistema anti-roubo de série que

faz com que a máquina apenas se ponha em marcha com a chave correspondente. (http://www.abolsamia.pt/feiras_ind/femop_2006/femop06.asp)

TEXTO II Daten apresenta seus novos PCs

Dois novos novos modelos de computador estão chegando às principais lojas do

mercado: o Daten Home PC e o Daten Xtreme PC. Produzidos pela Daten Tecnologia,

empresa instalada no Brasil desde 2001, cada modelo tem suas características próprias e

visa atingir públicos diferentes.

O Home PC (R$ 3.999,00 ao consumidor) é um produto voltado a uso multimídia.

Com características apropriadas para música, imagem e Internet. É equipado com sistema

operacional Windows Vista Home Premium e processador AMD Athlon 64 X2 3800 + Dual

Core. Apresenta leitor e gravador de CD e de DVD, controle remoto Windows Vista Media

Center para navegação na Internet, antena wireless e teclado Microsoft Media Center

Page 36: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

35

wireless com TrackBall. Oferece ainda placa que permite a sintonia e recepção de canais de

TV e Rádio FM.

Já o Daten Xtreme PC é apropriado para aficionados em games. O sistema

operacional Microsoft Windows Vista Ultimate e processador AMD Athlon X2 4200+ Dual

Core, e, placa aceleradora de vídeo Sapphire ATI 1950GT, com 512MB, deixam o

computador mais rápido, e apresenta as imagens mais realistas, necessidades básicas em

qualquer jogo de computador. Além disso, mouse e teclado desenvolvido especialmente,

agiliza os controles para a utilização dos games.

MOMENTO DE PRODUÇÃO

Selecione uma das gravuras abaixo, observe-a com atenção e, em seguida, fazendo

uso das informações que teve acerca da narração e da descrição, produza um texto em que

você mencione as características e o funcionamento do objeto da imagem. Utilize o espaço

abaixo para a construção de seu texto.

TEXTO I

Page 37: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

36

TEXTO II

Espaço para produção do texto.

Page 38: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

37

6. ELABORAÇÃO DE RELÁTORIO

A elaboração de relatórios é prática comum em empresas, escritórios, escolas,

universidades e tem por finalidade:

providenciar o registro de um trabalho executado, de modo que toda a informação

possa ser aproveitada posteriormente;

apresentar e discutir informações e ainda fornecer recomendações que possam guiar

os responsáveis nas tomadas de decisões e definições;

manter os demais membros da organização informados sobre investigações,

ocorrências, etc.

Apesar de ser uma prática cotidiana, muitas pessoas encontram grande dificuldade na

elaboração desses textos. Um dos maiores problemas é atingir a clareza e a objetividade.

que podem ser alcançadas observando-se alguns procedimentos, essa prática poderá se

transformar em um trabalho mais fácil e eficiente. 6.1. Conceito

Relatórios são comunicações ou registros produzidos pelos membros de uma

organização, por estudantes, por pesquisadores. Podem ser simples cartas ou

memorandos, quadros, gráficos, tabelas.

6.2. Tipos de relatórios Os relatórios podem ser contábeis, científicos, de pesquisa, de cobrança, de vendas,

de rotina, de inspeção, de aula, de experiência em laboratórios, de estágios, de ocorrência,

de manutenção, de acidentes, de atividades, de visitas, de viagens etc. Pode-se dizer,

ainda, que são formais, informais, para fins especiais, analíticos e informativos.

ATIVIDADE Suponha a seguinte situação: O departamento onde você trabalha precisa saber o

que está ocorrendo entre as empresas Microsoft e Yahoo. Você obteve os fatos e deve,

então, encaminhá-los à sua empresa. Utilize as informações constantes no texto abaixo,

publicado na revista Veja de 13/02/2008 e elabore o relatório de que sua empresa precisa.

Page 39: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

38

Vem aí a Microhoo!

Para enfrentar o Google, a empresa de Bill Gates oferece 44,6 bilhões de dólares pelo Yahoo!

Julia Duailibi

No início dos anos 1980, a Microsoft percebeu que o grande filão da indústria da tecnologia não estava na carcaça dos computadores. Estava nos softwares, os sistemas que equipam todas as máquinas. Com base nessa visão, a empresa construiu um império global. Hoje, no entanto, programas como editores de textos e planilhas estão cada vez mais disponíveis na internet – inclusive gratuitamente. O futuro da companhia, portanto, depende de uma nova epifania. E para onde foi o ouro do mundo digital? Pergunte ao Google. Em 2006, o site faturou 10,6 bilhões de dólares. No ano passado, a cifra atingiu 16,6 bilhões – um aumento de 56,6% em doze meses. Tudo graças à receita crescente com anúncios associados às buscas feitas na internet. Diante desse fenômeno, a companhia fundada por Bill Gates tentou entrar nesse ramo criando sua própria ferramenta de busca, o Live Search. Em vão. A novidade conquistou modestíssimos 2,9% das pesquisas feitas na rede – o Google detém 62,4%. Mas a Microsoft volta agora à carga. Na sexta-feira (1º), fez uma oferta de 44,6 bilhões de dólares para comprar o Yahoo!, o segundo site de busca da web e o número 2 em faturamento com anúncios on-line no mercado americano.

A Microhoo!, como a eventual empresa foi apelidada, teria fôlego para enfrentar a predominância do Google. Por isso, a Microsoft ofereceu um dos maiores valores em transações entre companhias de tecnologia desde o estouro da bolha das pontocom, em 2000. As conversas entre as duas empresas começaram em 2006, mas sempre emperravam na resistência do criador e presidente do Yahoo!, Jerry Yang, que reassumiu o comando do portal em meados do ano passado. Na semana passada, Yang limitou-se a dizer que procura "alternativas" à proposta. Elas incluem até a possibilidade de uma parceria com o próprio Google. A situação do Yahoo! não é confortável. Seus acionistas já assimilaram a idéia de que, sozinha, a companhia criada por Yang não vai conseguir fazer frente ao domínio do Google. O valor de 34 dólares por papel do Yahoo!, em outubro de 2007, desabou para 18 dólares no

Page 40: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

39

início do mês. Foi aí que o presidente da Microsoft, Steve Ballmer, viu a oportunidade surgir. Para driblar a resistência de Yang, fez uma proposta de compra diretamente aos acionistas do Yahoo! – tecnicamente chamada de uma oferta hostil.

O Google ficou alerta. Na semana passada, o presidente da empresa, Eric Schmidt, contra-atacou. Criticou a negociação, alegando que provocaria uma concentração excessiva no mercado. Isso é questionável. O Yahoo! é o primeiro em um tipo de anúncio on-line definido como display (banners ou janelas que aparecem na tela quando o usuário acessa determinado site). Essa versão da propaganda na internet movimentou quase 5 bilhões de dólares no ano passado. Nos outros segmentos, no entanto, a situação do Google ainda é confortável. Mesmo se a Microsoft levar o Yahoo!, a companhia manterá a liderança nos chamados links patrocinados, aqueles que aparecem na página de resultados depois de o usuário fazer uma busca. Em geral, a propaganda com os links proporciona o dobro da receita proveniente dos displays. O Google também lidera nos anúncios e serviços moldados de acordo com os hábitos de navegação e consumo dos usuários. É por isso que a Microsoft não vai virar líder em buscas da noite para o dia. Mas, unida ao Yahoo!, a empresa criada por Gates talvez encontre usuários em número suficiente para firmar-se de vez no mundo on-line.

Algumas considerações a respeito da redação eletrônica.

Escrever na Internet não é diferente de redigir no papel, mas exige atenção e cuidado.

As técnicas redacionais e a gramática não mudaram só porque estamos na Internet. E erros são inúmeros. A desculpa é a rapidez e a digitação, entretanto isso não justifica textos sem sentido, erros de concordância, pontuação, acentuação e ortografia.

Com os textos cada vez mais curtos e objetivos, os erros que aparecem são imediatamente percebidos.

Devemos cuidar mais do que escrevemos, porque nossa imagem profissional também passa pelo e-mail.

Page 41: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

40

Para redigir bem: Use frases curtas com palavras simples. Cuide do vocabulário. Cada parágrafo deve ter no máximo cinco linhas para que o texto seja claro. Verifique se os parágrafos estão interligados, pois se um deles não se harmoniza

com o outro, é porque faltam idéias precisas entre eles.

Expressões Evitáveis na Redação Comercial A clareza de um texto, em geral, está relacionada com frases curtas, utilização de vocabulário simples e eliminação de palavras desnecessárias. SE VOCÊ AINDA USA TROQUE POR Levamos ao conhecimento de V.Sa. Informamos Durante o ano de 2003 Em 2003 Devido ao fato de que Por causa Acusamos o recebimento de Recebemos Temos a informar que Informamos Vimos solicitar Solicitamos Até o presente momento Até o momento Conforme segue abaixo relacionado Relacionado a seguir Estas expressões ainda são usadas... (acredite se quiser) Tomamos a liberdade... Tanto tomou que escreveu... Como dissemos acima... se já disse, está repetindo por quê? Tem a presente a finalidade de... Expressão desnecessária. Você escreveria uma carta sem finalidade? Vimos por meio desta... Você viria por meio de outra? Certos de sua compreensão... Se o texto for convincente, ele compreenderá Limitads ao exposto, encerramos... O ponto final já indica todo esse palavrório Sem mais para o momento... Se já acabou, não escreva mais nada

7. TEXTOS JORNALÍSTICOS

A função do jornal é basicamente a comunicação. É um dos meios mais rápidos de

ficarmos informados a respeito do que acontece no mundo. Dentro do jornal há várias

sessões, que por sua vez abrigam vários tipos de texto. Há algumas características que são

comuns a todos estes textos, enquanto há outras que servem para individualizá-los.

Os textos jornalísticos são, com freqüência, expositivos, ou seja, apresentam fatos e

suas circunstâncias, com análise de causas e efeitos, de forma aparentemente neutra ou

não. Em geral, as redações recomendam que as idéias sejam apresentadas de forma clara

e objetiva.

Page 42: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

41

Para a publicação de uma notícia, leva-se em conta: proximidade do fato, impacto

proeminência, aventura, conflito, conseqüência, humor, raridade, sexo, idade, interesse

pessoal humano, importância, utilidade, oportunidade, suspense, originalidade, repercussão.

Na divulgação do fato noticioso, é necessário reconhecer três aspectos: a

informação, a interpretação e a opinião. Freqüentemente, a informação baseia-se no quê, a

interação no porquê, e a opinião apóia-se em juízos de valor. As informações são

apresentadas em ordem decrescente de importância ou relevância, seguindo assim o uma

técnica chamada pirâmide invertida. Ou seja, a base do texto (conteúdo mais importante)

fica em cima e o ápice (conteúdo mais superficial) embaixo.

O primeiro parágrafo do texto é chamado de “lide” ou “lead” (inglês) e carrega o

conteúdo mais denso da matéria, as principais informações. Esse recurso é usado para que

as pessoas possam ter acesso fácil e rápido à informação e tenham a oportunidade de

selecionar as matérias que realmente lhes interessam para prosseguir com a leitura.

Geralmente o título da matéria é baseado no lide.

Vejamos alguns dos mais característicos tipos de textos jornalísticos e suas

principais características:

Artigo

Tipo de texto em que prevalece uma opinião pessoal baseada em análise da

situação ou dos fatos. Se consistente, apresenta naturalidade, densidade e concisão. Em

geral, o artigo procura explicar um fato, e sua motivação apóia-se no desejo do jornalista em

informar, ou interpretar, ou persuadir.

Editorial Texto jornalístico que analisa um assunto de forma valorativa, a partir do ponto de

vista da empresa jornalística. Há certo dogmatismo em todo editorial que, em conseqüência,

é marcado pela adjetivação, por juízos de ponderação, reclamação ou indignação.

Crônica

Tipo de texto jornalístico que se caracteriza particularmente pelo estilo descontraído

que a faz situar entre o jornalismo e a literatura. De um lado, o jornalista interessa-se pela

atualidade da informação (o termo crônica provém de cronos, que significa tempo); de outro,

tem em vista superar a fugacidade da notícia e, portanto, ultrapassar os fatos.

Tradicionalmente, crônica é relato de fatos dispostos em ordem cronológica.

Page 43: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

42

Nota

Texto curto composto apenas pelo lide. Normalmente trata de algum assunto de fácil

compreensão e assimilação e que seja do interesse do leitor. Algo que já tenha sido

noticiado ou que não possui detalhes relevantes para serem descritos.

Notícia

Deve ser recente, inédita, ligada à realidade, objetiva, de interesse público, os fatos

relatados devem estar próximos do público, provocar impacto, ter interesse pessoal e

humano, ser relevantes para a sociedade, ser originais. Caracteriza-se pela linguagem

direta e formal. Tem caráter informativo e é escrito de forma impessoal, freqüentemente

fazendo uso da terceira pessoa. Inicia-se com o lide e se segue com o corpo da notícia.

Enquanto na primeira parte estão registradas as principais informações do fato, no corpo do

texto estão presentes os detalhes (relevantes ou não), as causas e as conseqüências dos

fatos, como, onde e com quem aconteceu, e a sua possível repercussão na vida das

pessoas que estão lendo. Pode ter ou não um público alvo (jovens, políticos, idosos,

famílias), caso tenha a linguagem poderá ser adaptada para o melhor entendimento.

Reportagem

Enquanto a notícia sintetiza o fato e pode ser ou não ampliada, a reportagem trata de

assuntos não necessariamente relacionados a fatos novos. Na reportagem, busca-se certo

conhecimento do mundo, o que inclui investigação e interpretação. A reportagem exige

conhecimento de antecedentes, adição de minúcias complementares à notícia e adequação

da linguagem ao leitor. Tem por essência a descrição e caracterização de eventos. Para

isso a reportagem conta com algumas perguntas que, ao serem respondidas, formarão a

estrutura da reportagem. Em Inglês chamamos as perguntas a seguir de WH Questions, e

elas servem para melhor estruturar a reportagem: O quê?, Como?, Quando?, Onde?,

Porquê?, Quem?.

TEXTOS PARA ANÁLISE E DISCUSSÃO

a) Identifique a que gênero textual pertencem os textos a seguir.

b) Justifique sua resposta, destacando elementos do texto.

Page 44: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

43

TEXTO I

Conversa de pescador

O planalto e a Fazenda estimulam a crença num sério debate dentro do governo

para elevar a poupança fiscal do país. O presidente Lula, reza a versão difundida, está

preocupado com a marcha da inflação e os perigos da crise global.

Conversa de pescador, a julgar pelas atitudes que a gestão petista toma. O governo,

solidário a sua base sindical e partidária, patrocina um arrastão de aumento nas despesas

permanentes e de aparelhamento no Executivo.

Anteontem, a Câmara terminou de aprovar a medida provisória que aumenta o

salário de 1,4 milhão de servidores. Serão R$ 8 bilhões em despesas extras apenas neste

ano. A conta total do pacote de bondades de Lula, a ser paga religiosamente por seus

sucessores nas próximas décadas, será de R$ 30 bilhões anuais.

Servidores desempenham funções importantes na sociedade. Mas o que dizer da

função social do Ministério da Pesca, recém-instituído por medida provisória, com o milagre

adicional da multiplicação de postos de confiança? Criou-se um cardume de 150 cargos

para apaniguados - além da abertura de mais 600 por concurso- no intuito declarado de

fazer deslanchar a pesca e a aqüicultura neste país.

Se uma Secretaria da Pesca ligada à Presidência já parecia tão estranha como um

peixe-boi, içá-la à condição de ministério não tem cabimento. A atividade pesqueira pode

muito bem ser incentivada por meio do Ministério da Agricultura. Ou teremos de criar

ministérios para segmentos como a rizicultura, a bananicultura ou a sericultura.

O Ministério da Pesca, obviamente, não responde a nenhuma necessidade da

economia ou da organização racional da administração. Trata-se de nova concessão política

de Lula ao PT de Santa Catarina. Algum mistério, contudo, ainda permanece. Tanta força

política concedida a um pequeno núcleo regional petista não há de vir, decerto, das

qualidades do pescado catarinense. Folha de S. Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008.

TEXTO II

Muito além da comida

Clóvis Rossi

SÃO PAULO - O acadêmico Arnaldo Niskier resgatou a seguinte frase, como "talvez a mais

forte" do presidente Lula em seu encontro da semana passada com intelectuais: "Quero, ao

final do meu mandato, que o povo brasileiro tenha o direito de comer mais e melhor".

Page 45: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

44

Se é só isso, presidente, dever cumprido. É óbvio que, ao final de seu mandato, o

brasileiro estará comendo mais e melhor (já está, aliás). Mais: o brasileiro estará também

vivendo melhor (já está, aliás), salvo uma inenarrável catástrofe, que não está à vista.

Parabéns, portanto. Basta? Nem remotamente. No mesmo dia em que a Fundação

Getúlio Vargas mostrava que a pobreza diminuiu e que a classe média engordou, a ONU

informava que o Brasil não cumprirá as metas de expansão da rede de esgoto. No dia

seguinte, o Ministério da Educação informava que nenhum curso universitário pago

alcançou o nível de excelência.

O que tem uma coisa a ver com a outra? Tudo. Subir na vida não é só uma questão

de ter mais renda ou de comer mais. É também uma questão de ter acesso a bens primários

(esgoto) ou de qualidade (ensino superior). Como todo mundo sabe, o pobre ou a nova

classe média são obrigados a buscar o ensino universitário privado porque a escola pública

em que fazem os cursos básicos não lhes dá formação suficiente para derrotarem nos

vestibulares da escola pública os competidores da classe média tradicional.

É aí que entra a insatisfação dos entusiastas de políticas públicas, mesmo lulistas de

sempre, como Frei Betto, que insistem em que os programas sociais do governo foram

incapazes de provocar uma mudança estrutural no país.

Mudança estrutural significaria, como é óbvio, saneamento básico, ensino, saúde e

toda a conhecida lista de etcs. Resta saber se Lula terá tempo e energias para, nos 2,5 anos

que lhe restam, ir além de mais comida. Faça a sua aposta.

Folha de S. Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008.

TEXTO III Novo conceito tira 214 cursos da "lanterna" Sem a mudança de critério adotada pelo MEC, esses cursos teriam notas 1 e 2 e seriam considerados como sem qualidade

O governo criou um novo indicador, que também leva em conta a satisfação dos estudantes

no Enade e o perfil do corpo docente

A mudança de critério adotada pelo MEC para avaliar as universidades fez com que

214 cursos deixassem de estar nos patamares mais baixos (notas 1 e 2), considerados pelo

próprio governo como sem condições de qualidade para funcionar e que sofrerão

fiscalização mais próxima do ministério.

Na outra ponta, 86 deixaram de ser considerados "referência" (nota 5). A análise

inclui as 16 áreas avaliadas pelo MEC.

Page 46: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

45

A diferença ocorre porque, neste ano, o governo federal criou um novo indicador, o conceito

preliminar.

Ele considera o desempenho e a evolução dos estudantes no Enade (o antigo

Provão), o perfil do corpo docente (como número de professores com dedicação integral) e

a percepção dos alunos, com base nos questionários do Enade.

Até 2007, o MEC adotava como padrão para avaliar os cursos apenas os dados referentes à

prova (conceito Enade).

Se fosse mantida essa lógica, 722 cursos ficariam com notas 1 ou 2 (42% a mais do

que no conceito preliminar).

Por outro lado, o número de cursos com nota 5 também subiria, de 48 para 134

(180% de acréscimo).

O presidente do Inep (instituto do MEC que realiza a avaliação), Reynaldo

Fernandes, diz que não houve intenção de diminuir o número de cursos com notas baixas

ou no "topo".

As avaliações divulgadas pelo MEC são utilizadas como propaganda por escolas

para atrair alunos aos seus vestibulares.

"Primeiro, desenvolvemos a nova metodologia. Depois, vimos que isso iria ocorrer",

afirmou. "Quisemos tornar a avaliação mais completa. Agora, para ter nota 5, é preciso ir

bem em tudo. E, para ir mal, também precisa ir mal em tudo." Folha de S. Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008.

TEXTO IV

MAQUIAGENS HOMENAGEIAM COMPETIÇÃO

Modelo exibe maquiagem feita para os Jogos Olímpicos de Pequim. O evento

começa, oficialmente, na próxima sexta-feira. O site da escola chinesa de arte e design Mao

Geping (www.maogp.com) fez concurso de maquiagem com temas relacionados à

competição esportiva, como bandeiras de países participantes e anéis olímpicos.

Folha de S. Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008.

TEXTO V

Biodiesel gaúcho move o Brasil Energia mais limpa

Marta Sfredo

Terá origem no Rio Grande do Sul a maior parte do biodiesel que começa a ser

adicionado de forma obrigatória, na proporção de 2%, a partir de 1º de janeiro. Com o maior

volume vendido nos leilões realizados pelo governo federal para garantir os estoques do

Page 47: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

46

primeiro semestre de 2008, as usinas gaúchas garantiram a liderança da nova etapa da

evolução do país rumo aos combustíveis renováveis.

O Rio Grande do Sul será o maior produtor porque vendeu 20% de todo o biodiesel

negociado nos leilões feitos para abastecer o mercado do novo combustível no primeiro

semestre de 2008 - explica Arnoldo de Campos, coordenador do Programa de Biodiesel

pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Entre os motivos da liderança gaúcha, estão a tradição no cultivo da soja, que hoje

representa a maior parte da matéria-prima do biodiesel, e a predominância da agricultura

familiar, condição para concessão do selo social. Outro aspecto importante é a preparação

das quatro grandes usinas de biodiesel instaladas no Estado para transformar capacidade

instalada em produção efetiva, avalia Campos. Somadas, as indústrias do Rio Grande do

Sul teriam capacidade para atender a quase metade do abastecimento nacional previsto

para 2008, de 840 milhões de litros. Juntas, têm potencial de produção de 400 milhões de

litros.

Considerado um dos grandes testes para a adoção do biodiesel no Brasil, a

transformação de capacidade instalada em produção efetiva deve ditar a rapidez da

evolução da mistura dos 2% iniciais para uma proporção maior. Ontem, o ministro interino

de Minas e Energia, Nelson Hubner, avisou que ainda em 2008 o governo pensa em elevar

o percentual para 3% de forma autorizativa, isto é, não obrigatória. Esse acréscimo já tem a

chancela da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. A medida está

em análise porque existe capacidade para 2,5 bilhões de litros - três vezes mais do que o

necessário para atender ao abastecimento da nova mistura do combustível, chamado de B2.

A proporção de 2% de biodiesel em todo o diesel vendido no país a partir do dia 1º terá

"tolerância zero", segundo Edson Silva, superintendente de abastecimento da Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O posto que descumprir a

norma poderá ser fechado:

A partir de zero hora do dia 1º, todo posto terá de estar vendendo o B2.

Ontem ainda havia controvérsias sobre o tipo de exigência que seria feita no varejo. É ponto

pacífico que todo diesel entregue pelas distribuidoras às revendas tenha de ser B2. A 72

horas da mudança, porém, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de

Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) ainda sustentava que os postos poderiam oferecer

produto com proporção diferente de 2%, para poder consumir os estoques restantes de

diesel puro.

Desconhecemos essa orientação, acredito que houve um mal-entendido - disse

ontem o vice-presidente executivo do Sindicom, Alísio Vaz.

Na avaliação do Sindicom, seria "operacionalmente impossível" substituir todos os estoques

a tempo. Mas para os donos de postos a regra está clara: quem não conseguir esgotar o

Page 48: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

47

armazenamento de diesel puro não pode misturar com o B2, porque o produto ficaria fora de

especificação.

Tem de deixar separado, de alguma forma, e fazer uma justificativa para a ANP -

recomenda o vice-presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e

Lubrificantes do Estado (Sulpetro), Adão Oliveira.

ZERO HORA, 28 de dezembro de 2007.

TEXTO VI

A OUTRA NOITE

Rubem Braga

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva,

tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até

Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua

cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas,

colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.

Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado para

voltar-se para mim:

-O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar

lá em cima?

Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra -

pura, perfeita e linda.

-Mas, que coisa...

Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois

continuou guiando mais lentamente. Não se sonhava em ser aviador ou pensava em outra

coisa.

-Ora, sim senhor...

E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito

obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente

de rei.

Page 49: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

48

TEXTO GÊNERO CARACTERÍSTICAS

1.

2.

3.

4.

5.

6.

8. COMO FAZER PARA RESUMIR UM TEXTO

Ler não é apenas passar os olhos no texto. É necessário saber extrair dele o que é

mais importante, facilitando o trabalho da memória. Saber resumir as idéias expressas em

um texto não é difícil.

Resumir um texto é reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse.

Para se realizar um bom resumo, são necessárias algumas recomendações:

1. Ler todo o texto para descobrir do que se trata.

2. Reler uma ou mais vezes, sublinhando frases ou palavras importantes. Isto ajuda a

identificar.

3. Distinguir os exemplos ou detalhes das idéias principais.

4. Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes idéias do texto,

também chamadas de conectivos: "por causa de", "assim sendo", "além do mais",

"pois", "em decorrência de", "por outro lado", "da mesma forma".

5. Fazer o resumo de cada parágrafo, porque cada um encerra uma idéia diferente.

6. Ler os parágrafos resumidos e observar se há uma estrutura coerente, isto é, se

todas as partes estão bem encadeadas e se forma um todo.

7. Num resumo, não se devem comentar as idéias do autor.

8. O tamanho do resumo pode variar conforme o tipo de assunto abordado. É

recomendável que nunca ultrapasse vinte por cento da extensão do texto original.

Page 50: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

49

9. Nos resumos de livros, não devem aparecer diálogos, descrições detalhadas, cenas

ou personagens secundárias. Somente os personagem, os ambientes e as ações

mais importantes devem ser registradas.

Fonte: BISOGNIN, Tadeu Rossato - Descoberta e Construção - Ed. FTD

9. RESENHA

Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar

cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem.

O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade (um jogo

de futebol, uma comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um

romance, uma peça de teatro, um filme).

A resenha, como qualquer modalidade de discurso descritivo, nunca pode ser completa e exaustiva, já que são infinitas as propriedades e circunstâncias que envolvem o

objeto descrito. O resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos

pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma intenção

previamente definida.

Imaginemos duas resenhas distintas sobre um mesmo objeto, o treinamento de

atletas para uma copa mundial de futebol: uma resenha destina-se aos leitores de uma

coluna esportiva de um jornal; outra, ao departamento médico que integra a comissão de

treinamento. O jornalista, na sua resenha, vai relatar que um certo atleta marcou, durante o

treino, um gol olímpico, fez duas coloridas jogadas, encantou a platéia presente e deu vários

autógrafos. Esses dados, na resenha destinada ao departamento médico, são simplesmente

desprezíveis.

Com efeito, a importância do que se vai relatar numa resenha depende da finalidade

a que se presta.

Numa resenha de livros para o grande público leitor de jornal, não tem o menor

sentido descrever com pormenores os custos de cada etapa de produção do livro, o

percentual de direito autoral que caberá ao escritor e coisas desse tipo.

A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem nenhum julgamento ou

apreciação do resenhador, ou crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações

estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou.

A resenha descritiva consta de:

a) uma parte descritiva em que se dão informações sobre o texto (ou acontecimento):

nome do autor (ou dos autores);

título completo e exato da obra (ou do artigo);

nome da editora e, se for o caso, da coleção de que faz parte a obra;

lugar e data da publicação;

Page 51: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

50

número de volumes e páginas.

Pode-se fazer, nessa parte, uma descrição sumária da estrutura da obra (divisão em

capítulos, assunto dos capítulos, índices, etc.). No caso de uma obra estrangeira, é útil

informar também a língua da versão original e o nome do tradutor (caso se trate de

tradução).

b) uma parte com o resumo (síntese) do conteúdo da obra:

indicação sucinta do assunto geral da obra (assunto tratado) e do ponto de vista

adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom, etc.);

resumo (síntese) que apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.

Na resenha crítica, além dos elementos já mencionados (itens a e b), entram

também comentários e julgamentos do resenhador sobre as idéias do autor, o valor de sua

obra, etc.

EXEMPLO DE RESENHA

Livro

MEMÓRIA - ricas lembranças de um precioso modo de vida

O Diário de uma garota (Record, Maria Julieta Drummond de Andrade) é um texto

que comove de tão bonito. Nele o leitor encontra o registro amoroso e miúdo dos pequenos

nadas que preencheram os dias de uma adolescente em férias, no verão antigo de 41 para

42.

Acabados os exames, Maria Julieta começa seu diário, anotado em um caderno de

capa dura que ela ganha já usado até a página 49. É a partir daí que o espaço é todo da

menina, que se propõe a registrar nele os principais acontecimentos destas férias para mais

10 tarde recordar coisas já esquecidas.

O resultado final dá conta plena do recado e ultrapassa em muito a proclamada

modéstia do texto que, ao ser concebido, tinha como destinatária única a mãe da autora, a

quem o caderno deveria ser entregue quando acabado.

E quais foram os afazeres de Maria Julieta naquele longínquo verão? Foram muitos,

pontilhados de muita comilança e de muita leitura: cinema, doce-de-leite, novena, o Tico-

Tico, doce-de-banana, teatrinho, visita, picolés, missa, rosca, cinema de novo, sapatos

novos de camurça branca, o Cruzeiro, bem-casados, romances franceses, comunhão,

recorte de gravuras, Fon-Fon, espiar casamentos, bolinho de legumes, festas de

aniversário, Missa do Galo, carta para a família, dor-de-barriga, desenho de aquarela,

mingau, indigestão... Tudo parecia pouco para encher os dias de uma garota carioca em

férias mineiras, das quais regressa sozinha, de avião.

Page 52: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

51

Tantas e tão preciosas evocações resgatam do esquecimento um modo de vida que

é hoje apenas um dolorido retrato na parede.Retrato, entretanto, que, graças à arte de

Julieta, escapa da moldura, ganha movimentos, cheiros, risos e vida.

O livro, no entanto, guarda ainda outras riquezas: por exemplo, o tom autêntico de

sua linguagem, que, se, como prometeu sua autora, evita as pompas, guarda, não obstante,

o sotaque antigo do tempo em que os adolescentes que faziam diários dominavam os

pronomes cujo/a/os/as, conheciam a impessoalidade do verbo haver no sentido de existir e

empregavam, sem pestanejar, o mais -que-perfeito do indicativo quando de direito...

Outra e não menor riqueza do livro é o acerto de seu projeto gráfico, aos cuidados de

Raquel Braga. Aproveitando para ilustração recortes que Maria Julieta pregava em seu

diário e reproduzindo na capa do livro a capa marmorizada do caderno, com sua lombada e

cantoneiras imitando couro, o resultado é um trabalho em que forma e conteúdo se casam

tão bem casados que este Diário de uma garota acaba constituindo uma grande festa para

seus leitores. Marisa Lajolo JORNAL DA TARDE, 18 jan. 1986.

Page 53: Leitura e Produção Textual-material de Apoio

52

Bibliografia: ABAURRE, Maria Luiza et alii. (2003). Português: língua e literatura. 2. ed. São Paulo:

Moderna.

CASTRO, Adriane Belluci Belório de et alii .(2000). Os degraus da leitura. São Paulo: Edusc.

EMEDIATO, Wander (2004). A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São

Paulo: Geração editorial.

FARACO, Carlos Alberto & TEZZA, Cristóvão. (1999). Prática de texto: língua portuguesa

para nossos estudantes. 7. ed. Petrópolis: Vozes.

FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. (1995). Para entender o texto: leitura e

redação. 11. ed. São Paulo: Ática.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. (2001). Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2.

ed. São Paulo: Cortez.

PACHECO, Agnelo de Carvalho. (1988). A dissertação: teoria e prática. 19 ed. São Paulo:

Atual

SAVIOLI, Francisco Platão et alii. (2004). Coleção Anglo de Ensino. São Paulo: Anglo.

SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997.

TERRA, Ermani & NICOLA, José de.(1997).Gramática, literatura e redação. São Paulo:

Scipione.