235
Lenise Maria Ribeiro Ortega Belo Horizonte 2019

Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Lenise Maria Ribeiro Ortega

Belo Horizonte

2019

Page 2: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-graduação em Educação

Lenise Maria Ribeiro Ortega

ZONA DE DESENVOLVIMENTO IMINENTE

NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ON-LINE:

reflexões para subsidiar o processo ensino-aprendizagem

Belo Horizonte

2019

Page 3: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Lenise Maria Ribeiro Ortega

ZONA DE DESENVOLVIMENTO IMINENTE

NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ON-LINE:

reflexões para subsidiar o processo ensino-aprendizagem

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Educação. Orientador: Prof. Dr. José Wilson da Costa

Área de Concentração: Educação Escolar e Profissão Docente

Belo Horizonte

2019

Page 4: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Ortega, Lenise Maria Ribeiro

O77z Zona de desenvolvimento iminente nas práticas pedagógicas da educação a

distância on-line: reflexões para subsidiar o processo ensino-aprendizagem /

Lenise Maria Ribeiro Ortega. Belo Horizonte, 2019.

249 f. : il.

Orientador: José Wilson da Costa

Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Educação

1. Vigotsky, L. S. (Lev Semenovich), 1896-1934. 2. Aprendizagem – aspectos

psicológicos. 3. Prática de ensino. 4. Informática - Estudo e ensino. 5. Ensino à

distância. 6. Internet. 7. Tecnologia educacional. I. Costa, José Wilson da. II.

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em

Educação. III. Título.

CDU: 37.018.43

Ficha catalográfica elaborada por Fabiana Marques de Souza e Silva - CRB 6/2086

Page 5: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Lenise Maria Ribeiro Ortega

ZONA DE DESENVOLVIMENTO IMINENTE

NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ON-LINE:

reflexões para subsidiar o processo ensino-aprendizagem

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Educação.

Área de Concentração: Educação Escolar e Profissão Docente.

Prof. Dr. José Wilson da Costa – PUC Minas (Orientador)

Profª Drª Araci Hack Catapan – UFSC (Banca Examinadora)

Prof. Dr. Carlos Roberto Jamil Cury – PUC Minas (Banca Examinadora)

Prof. Dr. William Geraldo Sallum – CEFET MG (Banca Examinadora)

Profª Drª Maria Raquel Lino de Freitas – PUC Minas (Banca Examinadora)

Belo Horizonte, 07 de outubro de 2019.

Page 6: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

À minha mãe, Irene (in memoriam), pelo exemplo de fé, perseverança e inspiração.

Ao meu pai, Laert, por resistir à minha ausência.

Page 7: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram a chegar até aqui. Não foi

fácil, mas é preciso reconhecer que foram fundamentais em muitos momentos,

indicando caminhos, enxugando as lágrimas quando tudo parecia difícil, auxiliando

na superação dos obstáculos, aconselhando, motivando quando a energia parecia

no fim, e, acima de tudo, acreditando que eu seria capaz. Tenho muito a agradecer.

Agradeço ao meu querido e exemplar orientador, Dr. José Wilson da Costa,

que me abriu as portas, indicou um caminho e, desde a primeira vez em que nos

vimos, acreditou em minha capacidade, fazendo-me caminhar com segurança

durante a investigação. Obrigada, “Professor”, pelos encontros e horas de

discussão, por sua generosidade, por seu olhar amoroso e por me receber sempre

com um sorriso lindo. Obrigada por seus sábios conselhos e por me ensinar tantas

coisas por meio das minhas zonas de desenvolvimento iminente. Meu eterno

agradecimento pela oportunidade de realizar um sonho.

Aos meus professores no Programa de Pós-graduação em Educação da PUC

Minas, Dr. Jamil Cury, Dr. Amauri Ferreira, Dr. Teodoro Zanardi, Drª. Magali Reis,

Drª. Stela Marques, Drª. Maria Auxiliadora Oliveira (Dorinha) e Drª. Sandra Tosta,

pelos ensinamentos e discussões; e ao professor e coordenador do referido

programa, Dr. Simão Pedro Marinho.

À chefe do Departamento de Educação da PUC Minas, professora Drª Sheilla

Alessandra Brasileiro de Menezes, a quem admiro e respeito, obrigada pela

amizade, paciência e carinho que sempre me demonstrou, por me compreender e

me apoiar nesta jornada e pelas risadas que marcaram nossos encontros nesses

anos.

Às secretárias do Programa de Pós-graduação em Educação da PUC Minas,

Valéria Ermelindo e Sirlane Rodrigues, pela disposição em me ajudar com as

questões mais burocráticas.

Aos professores/tutores e estudantes do curso Informática para Internet do

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, participantes da

pesquisa, por produzirem material para este estudo, que considero tão importante.

À professora Drª. Araci Hack pelas valiosas contribuições na banca de

qualificação e por me dar a honra de tê-la novamente na defesa.

Page 8: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Ao professor Dr. Jamil Cury, meu querido amigo e conterrâneo, pelos

incentivos, conselhos, conversas saudáveis, leituras e correções do meu trabalho.

Eu tenho um orgulho enorme de conhecê-lo e trabalhar ao seu lado. Obrigada por

me inspirar a trilhar o caminho da docência.

Aos colegas do Grupo de Pesquisa Educação Tecnologia Ciência e

Sociedade (ETCS) pelos debates, pela oportunidade do convívio, pelos abraços e

conselhos, pela torcida, por me ouvirem com paciência quando estava desanimada

ou ansiosa. Especialmente à Tamara Souza que não mediu esforços para me ajudar

na primeira parte da pesquisa, meu eterno agradecimento.

Às queridas Drª Stela Arnold e Drª Iara Franco pelas leituras e/ou discussões

antes e ao longo da tese e pela generosidade de me atender, ouvir e estimular

desde quando o doutorado era apenas um sonho, inclusive me incentivando a

realizá-lo. Obrigada por ver o meu projeto nascer e acreditarem em mim. Eu as

tenho como exemplo de ética, profissionalismo e amizade.

Aos meus colegas professores do curso de Pedagogia da PUC Minas, Sérgio

Freitas, Nilza Bernardes, Antônio Cantarela e Nivânia Reis pelo incentivo e à

professora Drª. Maria da Consolação Gomes de Castro, coordenadora do curso de

Serviço Social, pelos saberes compartilhados.

À colega professora Drª. Raquel Lino, do curso de Serviço Social da PUC

Minas, por me apresentar a hermenêutica de profundidade e me seduzir com essa

metodologia. Obrigada pelas discussões teóricas, pela preciosa ajuda na reta final

do trabalho, trazendo contribuições fundamentais, e, especialmente, por me mostrar

que existe vida depois da tese.

Ao Arthur Passos, revisor da tese, por compreender minha aflição e estar

sempre pronto para me ouvir e atender à minha necessidade. Obrigada pela

paciência, compreensão e incentivo.

Às queridas Guerreiras da Oração, em especial Soninha Amorim, Vera Lins e

Solange Bonomo, por me sustentar espiritualmente, por me comover com suas

generosidades e por partilhar comigo o dom maior do amor.

Às minhas queridas amigas Eliane Monken e Laila Hamdam pelas conversas

e encontros tão importantes e calorosos. Nossas risadas alimentaram a minha

noção de felicidade.

Page 9: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas

lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras, pela torcida, pelo

carinho e cuidado comigo, me poupando dos problemas do cotidiano.

Ao meu querido marido, Décio Ortega, que trouxe novas emoções ao meu

coração. Agradeço pelo colo nas horas difíceis, pela compreensão, pelo apoio

fundamental em casa, pelo carinho de sempre, principalmente nas noites mais frias

e nebulosas, por cuidar de mim e do Lino com tanto zelo. Obrigada pela felicidade

de ter nossa família que é a causa e o alvo de todo meu amor, devoção e esforço

para ser uma pessoa melhor. Obrigada, querido, especialmente por me amar e me

fazer tão feliz.

Aos meus filhos, Davi e Milene, por me incentivarem a persistir, a ser forte e a

vencer quando meu mundo parecia desabar. Meu eterno agradecimento pelo amor e

ternura que o amor de vocês desperta em mim. Sem vocês, eu não seria quem sou.

Ao meu querido paizinho, Laert, que com seus oitenta e nove anos e alheio às

angústias do mundo contemporâneo, tem o olhar mais lindo e tocante. Obrigada

papai pela sua bênção a cada dia, por se lembrar de mim e me amar de forma tão

doce.

À minha mamãe, Irene, que hoje já não se encontra fisicamente entre nós,

mas que acreditou que um dia eu realizaria este sonho, que também era dela. Meu

eterno agradecimento pelas orações e por me ensinar a viver, a lutar e a acreditar

que Deus é bom. A saudade não passa, mas continuo a caminhada com fé, seu

maior legado. Seu amor foi essencial para mim e continua ecoando por todos os

segundos em meu coração e em minhas ações.

À Deus, meu Pai, meu amigo, meu tudo, toda honra e toda glória!

Page 10: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Aula de Voo

O conhecimento Caminha lento feito lagarta. Primeiro não sabe que sabe

E voraz contenta-se com o cotidiano orvalho Deixado nas folhas vividas das manhãs.

Depois pensa que sabe

e se fecha em si mesmo: faz muralhas,

cava trincheiras, ergue barricadas.

Defendendo o que pensa saber levanta certezas na forma de muro,

orgulhando-se de seu casulo.

Até que maduro explode em vôos

rindo do tempo que imaginava saber ou guardava preso o que sabia.

Voa alto sua ousadia reconhecendo o suor dos séculos

no orvalho de cada dia.

Mesmo o vôo mais belo descobre um dia não ser eterno.

É tempo de acasalar: voltar à terra com seus ovos

à espera de novas e prosaicas lagartas.

O conhecimento é assim: ri de si mesmo

e de suas certezas.

É meta da forma metamorfose movimento

fluir do tempo que tanto cria como arrasa

a nos mostrar que para o vôo é preciso tanto o casulo

como a asa.

Mauro Iasi

Page 11: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

RESUMO

A pesquisa teve como objetivo geral investigar, a partir das expressões dos

sujeitos participantes, de que forma os pressupostos da concepção de zona de

desenvolvimento iminente podem fornecer subsídios para o processo ensino-

aprendizagem no ambiente virtual. Em relação à organização metodológica da

pesquisa, construiu-se um plano abrangendo duas etapas: a pesquisa teórica e a

pesquisa empírica. A pesquisa teórica focalizou a concepção histórico-cultural de

Vigotsk, em específico a zona de desenvolvimento iminente, e a pesquisa empírica

desenvolveu-se no ambiente virtual de ensino-aprendizagem do curso de Informática

para Internet, oferecido na modalidade a distância on-line pelo Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Os sujeitos participantes da

pesquisa inscrevem-se em dois tipos de relações: professores/tutores e estudantes.

A coleta de dados foi realizada por meio de questionário eletrônico com perguntas

objetivas e discursivas para ambos os tipos de sujeitos, e de observações e

anotações sobre o ambiente virtual de ensino-aprendizagem. Para organizar as

análises, foi adotada a hermenêutica de profundidade de Thompson, apoiada em

três etapas: análise sócio-histórica, análise formal ou discursiva e

interpretação/reinterpretação. A pesquisa qualitativa trouxe como resultado

evidências de possibilidades de atuação pedagógica com base nos pressupostos da

concepção de zona de desenvolvimento iminente, indicando subsídios para o

processo ensino-aprendizagem no ambiente virtual.

Palavras-chave: Educação a distância on-line. Zona de desenvolvimento iminente.

Ambiente virtual de ensino-aprendizagem. Formação de professores. Processo

ensino-aprendizagem.

Page 12: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

ABSTRACT

The goal of the research was to investigate, from the expressions of the

participating subjects, how the assumptions of the Zone of Imminent Development

can provide subsidies for the teaching-learning process in the virtual environment.

Regarding the methodological organization of the research, a plan was built covering

two stages: theoretical research and empirical research. Theoretical research

focused on Vygotsky's historical-cultural conception, in particular, the zone of

imminent development, and empirical research was developed in the virtual teaching-

learning environment of the Internet Informatics course, offered online by the Centro

Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). The subjects

participating in the research fall into two types of relationships: teachers/tutors and

students. Data collection was performed through an electronic questionnaire with

both open and closed-ended questions for both types of subjects, and observations

and notes on the virtual teaching-learning environment. In order to organize the

analyses, Thompson's depth hermeneutics was adopted, supported by three stages:

socio-historical analysis, formal or discursive analysis and

interpretation/reinterpretation. The qualitative research brought as result evidence of

possibilities of pedagogical performance based on the assumptions of the zone of

imminent development conception, evidencing subsidies for the teaching-learning

process in the virtual environment.

Keywords: Online Distance Education. Zone of Imminent Development. Virtual

environment of teaching and learning. Teacher training. Teaching-learning process.

Page 13: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

LISTA DE SIGLAS

AVEA Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior

CEFET Centro de Educação Tecnológica de Minas Gerais

EAM Experiência de Aprendizagem Mediada

EPT Educação Profissional Tecnológico

MCE Modificabilidade Cognitiva Estrutural

ONU Organização das Nações Unidas

PEI Programa de Enriquecimento Instrumental

PMV Puc Minas Virtual

SEED Secretaria de Educação a Distância

SME Secretaria Municipal de Educação

TDT Teoria da Distância Transacional

UAB Universidade Aberta

ZDI Zona de Desenvolvimento Iminente

Page 14: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Dimensões do processo ensino-aprendizagem ............................. 53

Figura 2 Eixos da investigação ................................................... 80

Figura 3 Organização dos eixos estruturantes de investigação ................... 81

Figura 4 Formas de investigação da hermenêutica de profundidade ........... 87

Figura 5 Fluxograma da organização da pesquisa ....................................... 90

Figura 6 Organização de disciplina no ambiente virtual de ensino-

aprendizagem .................................................................................

203

Figura 7 Texto da página da disciplina disponibilizada no ambiente virtual

de ensino-aprendizagem ................................................................

203

Figura 8 Material da unidade da disciplina ................................................... 204

Page 15: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Recursos que os professores/tutores dominam ........................... 121

Gráfico 2 Atividades realizadas no tempo livre ............................................ 121

Gráfico 3 Formas de comunicação dos professores/tutores com os

estudantes ....................................................................................

123

Gráfico 4 Percepção dos professores/tutores sobre o motivo da escolha

do curso pelos estudantes ............................................................

123

Gráfico 5 Percepção dos professores/tutores sobre a contribuição do

curso para a formação dos estudantes ........................................

124

Gráfico 6 Ano de formação dos estudantes no ensino médio ..................... 128

Gráfico 7 Ações dos estudantes no tempo livre ........................................... 130

Gráfico 8 Motivos da escolha pelo curso de Informática para Internet ........ 132

Gráfico 9 Motivos da escolha de curso em educação a distância ............... 132

Gráfico 10 Percepções sobre as ferramentas encontradas pelos estudantes

no ambiente virtual de ensino-aprendizagem do curso ................

152

Gráfico 11 Percepção dos estudantes sobre as ferramentas que utilizam

com mais frequência ....................................................................

152

Gráfico 12 Percepção dos estudantes sobre os materiais utilizados com

mais frequência pelos professores ...............................................

153

Gráfico 13 Utilização do AVEA pelos estudantes .......................................... 153

Gráfico 14 Percepção dos estudantes sobre o trabalho em grupo ................ 157

Gráfico 15 Recursos do AVEA mais usados pelos professores/tutores ........ 161

Gráfico 16 Percepção dos professores/tutores sobre ambiente virtual e

trabalho colaborativo ....................................................................

161

Page 16: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Perfil dos professores/tutores ....................................................... 119

Quadro 2 Aspectos profissionais dos professores/tutores ........................... 120

Quadro 3 Formas de comunicação usadas pelos professores/tutores ........ 120

Quadro 4 Caracterização do grupo de professores/tutores ......................... 125

Quadro 5 Perfil dos estudantes .................................................................... 126

Quadro 6 Condições de moradia dos estudantes ........................................ 127

Quadro 7 Condições econômicas dos estudantes ....................................... 127

Quadro 8 Carga horária de trabalho e tempo que os estudantes levam de

casa até o ambiente de trabalho ..................................................

128

Quadro 9 Conhecimento de informática dos estudantes ............................. 129

Quadro 10 Uso de aparelhos digitais e internet ............................................. 131

Quadro 11 Condições dos estudantes sobre o Moodle ................................. 133

Quadro 12 Caracterização do grupo de estudantes ....................................... 135

Quadro 13 Expressões dos estudantes sobre dificuldades pessoais no

processo ensino-aprendizagem, organizadas por categorias ......

139

Quadro 14 Expressões dos estudantes sobre o que depende de si próprios

para melhorar seu processo de aprendizagem, organizadas por

categorias .....................................................................................

140

Quadro 15 Percepção dos professores/tutores sobre as “principais

dificuldades pessoais” que os estudantes têm para a

aprendizagem ...............................................................................

141

Quadro 16 Percepção dos professores/tutores sobre o que “depende dos

estudantes” para melhorar a própria aprendizagem ....................

142

Quadro 17 Percepção dos professores/tutores sobre o que eles podem

fazer no AVEA para melhorar a aprendizagem dos estudantes ..

142

Quadro 18 Percepções dos professores/tutores sobre o que pode ser feito

no curso para melhorar a aprendizagem ............................

142

Quadro 19 Expressões dos professores/tutores sobre estratégias

pedagógicas de interação ............................................................

143

Quadro 20 Expressões dos estudantes sobre o que, no ambiente virtual de

ensino-aprendizagem, “mais ajuda” a ter sucesso nos estudos ..

147

Page 17: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Quadro 21 Expressões dos estudantes sobre o que, no ambiente virtual de

ensino-aprendizagem, “mais atrapalha” o estudo ........................

148

Quadro 22 Expressões dos estudantes sobre as “principais dificuldades

para aprender” que encontram no curso de Informática para

Internet .........................................................................................

149

Quadro 23 Expressões dos estudantes sobre os “principais incentivos para

aprender” que encontram no curso de Informática para Internet..

150

Quadro 24 Percepção dos professores/tutores sobre os “principais

incentivos” que os estudantes encontram no curso para a

aprendizagem ...............................................................................

151

Quadro 25 Expressões dos estudantes sobre o fórum .................................. 156

Quadro 26 Percepção dos estudantes sobre ações dos professores/tutores 157

Quadro 27 Percepções dos estudantes sobre melhorar o desempenho ....... 158

Quadro 28 Expressões dos estudantes sobre a educação a distância on-

line ................................................................................................

159

Quadro 29 Frequência das práticas dos professores/tutores ......................... 162

Quadro 30 Síntese das expressões de professores/tutores e estudantes

sobre os fatores que dificultam a aprendizagem ..........................

164

Quadro 31 Síntese das expressões de professores/tutores e estudantes

sobre o que depende dos estudantes para melhorar a

aprendizagem ...............................................................................

164

Quadro 32 Síntese das expressões de professores/tutores e estudantes

sobre os principais incentivos do curso para a aprendizagem .....

165

Quadro 33 Comparativos entre as principais expressões e percepções dos

sujeitos .........................................................................................

177

Page 18: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Frequência dos professores/tutores em ambientes e atividade

culturais ............................................................................................

122

Tabela 2 Tempo de preparação e correção de atividades .............................. 122

Tabela 3 Frequência dos estudantes em ambientes e atividades culturais .... 130

Tabela 4 Percepção dos estudantes sobre conteúdo e atividades ................. 154

Tabela 5 Percepção dos estudantes sobre ação pedagógica ......................... 154

Tabela 6 Percepção sobre a ajuda recebida quando com dificuldade na

aprendizagem ...................................................................................

155

Tabela 7 Estudantes comentam sobre o que aprendem ................................. 155

Page 19: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................ 35

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 43

2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ON-LINE: PERTINÊNCIAS

HISTÓRICAS E CAMPO DE ESTUDO ................................................

53

2.1 Tecnologia no âmbito escolar ........................................................... 53

2.2 Contexto da educação a distância on-line no Brasil ....................... 59

2.3 O ensino técnico-profissionalizante e a implantação da Rede e-

Tec no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas

Gerais ...................................................................................................

67

2.4 O curso de Informática para Internet, do Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais: apresentação do campo

da investigação ...................................................................................

69

3 TRAÇADOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: CENÁRIO,

ESCOLHAS E PERCURSOS .............................................................

75

3.1 A pesquisa empírica: campo e procedimentos de investigação .. 77

3.2 Sujeitos participantes da pesquisa .................................................. 78

3.3 Instrumentos e procedimentos para a coleta dos dados ............. 79

3.4 Procedimentos para o tratamento e análise dos dados ............... 84

3.4.1 Primeira fase da análise dos dados .................................................... 88

3.4.2 Segunda fase da análise dos dados ................................................... 88

3.4.3 Terceira fase da análise dos dados .................................................... 89

4 VIGOTSKI E A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL ............................ 91

4.1 Vigotski: considerações sobre biografia ........................................ 91

4.2 A teoria histórico-cultural de Vigotski e as transformações

provocadas pelas tecnologias contemporâneas ...........................

94

4.3 A Zona de Desenvolvimento proximal ou Iminente: que conceito

é esse? ................................................................................................

103

Page 20: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

4.4 A aprendizagem na perspectiva histórico-cultural ......................... 107

5 A PESQUISA EMPÍRICA: expressões dos sujeitos ......................... 117

5.1 O lugar de fala e a identificação dos sujeitos da pesquisa –

Primeira fase da hermenêutica de profundidade .............................

117

5.1.1 O “lugar da fala” dos Profissionais (Professores/Tutores) .................. 118

5.1.1.1 Síntese dos dados descritos: ............................................................. 124

5.1.2 O “lugar da fala” dos Estudantes ......................................................... 126

5.1.2.1 Síntese dos dados descritos: o “lugar de fala” dos estudantes .......... 134

5.2 Exploração do material e análise do conteúdo – Segunda fase

da hermenêutica de profundidade ..................................................

135

5.2.1 Primeira fase da análise do conteúdo: pré-análise ............................. 137

5.2.1.1 Percepções do estudantes sobre suas condições para a

aprendizagem .....................................................................................

138

5.2.1.2 Percepções dos Professores/tutores sobre as condições dos

estudantes para a aprendizagem .........................................................

141

5.2.1.3 Percepções dos estudantes sobre o curso .......................................... 146

5.2.1.4 Percepções dos professores/tutores sobre o Curso ............................ 151

5.2.1.5 Percepção dos estudantes sobre o ambiente virtual de ensino-

aprendizagem .......................................................................................

151

5.2.1.6 Percepção dos professores/tutores sobre o ambiente virtual de

ensino-aprendizagem ...........................................................................

160

5.2.2 Segunda fase da análise do conteúdo: exploração do material .......... 163

5.2.2.1 As percepções de professores/tutores e estudantes sobre a interação

no ambiente virtual ................................................................................

166

5.2.3 Terceira fase da análise do conteúdo: interpretação ............................ 178

5.2.3.1 As multidimensões da prática pedagógica no ambiente escolar virtual 178

5.3 Interpretação/Reinterpretação – Terceira fase da hermenêutica

de profundidade .................................................................................

184

5.3.1 A ação pedagógica mediadora na virtualidade ................................... 186

5.3.2 O protagonismo dos sujeitos da educação a distância on-line no

Page 21: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

processo ensino-aprendizagem: perspectivas social e histórico-

cultural .................................................................................................

189

5.3.3 As possibilidades de mediação no ambiente virtual de ensino-

aprendizagem .......................................................................................

202

6 CONCLUSÃO ...................................................................................... 211

6.1 A zona de desenvolvimento iminente no ambiente virtual de

ensino-aprendizagem .........................................................................

211

REFERÊNCIAS ----------------------------------------------------------------------

221

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO PROFESSORES ............................ 234

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA ESTUDANTE ..................... 243

APÊNDICE C – CHECK LIST PARA A OBSERVAÇÃO DO AVEA ... 249

Page 22: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

APRESENTAÇÃO

“Todo mundo, hoje, cruza seus próprios

simplexos e se move por outros.” Michel Serres

Inicio esta apresentação nos passos do pensamento de Michel Serres que

abre este texto, assumindo a possibilidade de cruzarmos nossos “próprios

simplexos” e nos movermos “por outros”. Penso que, ao longo da minha história,

esses movimentos se fizeram presentes e me levaram a perceber as diferentes

posições de sujeitos que ocupamos na vida social, caracterizando nossa identidade

enquanto uma processualidade histórica presente nas relações da vida cotidiana. É

com esse pensamento e inspirada no estudo histórico-cultural de Vigotski1 que

apresento as motivações que me despertaram o desejo pela provocante pesquisa

sobre o processo ensino-aprendizagem na educação a distância on-line.

Começo contando a minha trajetória escolar para, depois, adentrar no cenário

que me levou à investigação.

Estudei durante toda a educação básica na escola pública e comecei o ensino

superior em faculdade particular. Semelhantemente a muitas jovens, deixei de

cursar o ensino superior para me casar. Adulta e já com dois filhos, decidi voltar aos

estudos para, depois de formada, ajudar no orçamento doméstico. Optei pela

Pedagogia porque ouvia falar que se tratava de um curso noturno, barato e que

demandava poucos anos de estudo para a formação. Cria ainda que poderia ser

professora porque tinha facilidade para ensinar e queria ser como minha mãe e

minha irmã mais velha, ambas formadas em Pedagogia. Ingressei no ensino

superior da rede particular de ensino em 1984 e me formei dois anos mais tarde,

com habilitação em Magistério das Matérias Pedagógicas e Administração Escolar

de Primeiro Grau. Aos poucos fui me apaixonando pela Pedagogia e percebi que

não se tratava de um curso com tantas facilidades. Retomei meus estudos de

graduação em 1990, na mesma instituição, cursando também as habilitações em

1 No trabalho aqui desenvolvido, optou-se pela grafia "Vigotski", a mais comumente usada em língua

portuguesa, conforme Prestes (2010), preservando-se, nas Referências, as formas utilizadas em cada edição consultada para esta pesquisa.

Page 23: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Supervisão Escolar de Primeiro Grau e Administração Escolar de Segundo Grau,

obtendo, um ano depois, o título de Licenciatura Plena2.

Na graduação, cursei algumas disciplinas que me chamaram a atenção para

a necessidade de estudar e compreender o processo ensino-aprendizagem. Isso

ocorreu por causa do conflito existente entre o que se aprendia e o que acontecia na

própria sala de aula que frequentava. Alguns professores ensinavam a teoria da

prática de ensino, mas, na própria experiência de docência, deixavam de lado os

conceitos ministrados. Essa dualidade me incomodava e, naquela época, quando

cursei as disciplinas Didática, Psicologia da Educação e da Aprendizagem e

Currículos e Programas, ficou evidente para mim a paixão que sentia pela área de

estudo e pelo curso de Pedagogia. Ao fazer o Estágio Supervisionado de Prática e

Regência de Ensino na Educação Básica, pude observar, com mais clareza,

algumas situações que me chamavam a atenção: as dificuldades dos estudantes na

aprendizagem, o processo de formação docente e as relações entre ensino e

aprendizagem. Naquela época, fui sensibilizada por alguns estudantes que tinham

dificuldade para "acompanhar a classe" e, por esse motivo, eram considerados

atrasados. Na qualidade de estagiária, aproximava-me deles para auxiliá-los na

execução de suas atividades. Depois, quando já formada, tinha o firme propósito de

atuar em sala de aula com a finalidade de contribuir para minimizar o que me

pareciam os conflitos da prática pedagógica. Contudo, devido à escassez de vagas

para atuar nas escolas da região onde morava naquela época, passei a trabalhar em

casa com estudantes do ensino fundamental e médio que apresentavam dificuldade

na aprendizagem de determinados conteúdos. O propósito era de acompanhá-los no

seu percurso escolar e auxiliá-los na melhora de seu desempenho, ajudando-os a se

apropriar de aprendizagem a partir do que eles já sabiam. Despertavam em mim a

busca pelo conhecimento e o interesse pelo processo ensino-aprendizagem do ser

social e histórico.

O ano de 1997 foi muito importante para o meu crescimento profissional,

porque marca meu interesse pela pós-graduação em Educação na Pontifícia

Universidade Católica de Campinas, onde fui aprovada para cursar o mestrado. A

necessidade de estar em constante aprofundamento das teorias educacionais para a

compreensão das questões pedagógicas, emergentes da prática e das

2 Antes da Lei n. 9.394/1996, os cursos de licenciatura no Brasil dividiam-se em duas categorias:

curta e plena. Nos dias atuais, toda licenciatura é plena.

Page 24: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

interações/mediações na sala de aula, conduziu-me a estudos acadêmicos mais

aprofundados, permitindo-me recriar a prática e descobrir teorias e tecnologias

educacionais mais adequadas à realidade dos estudantes. Assim, despertava em

mim, a necessidade de investigar, pesquisar e descobrir.

Ao ingressar no programa de mestrado, estudei as dificuldades que os

estudantes tinham para aprender determinados conteúdos, refletidas no atraso

escolar de um grupo de doze adolescentes do ensino fundamental, a partir dos

subsídios teóricos centrados na teoria da modificabilidade cognitiva estrutural,

desenvolvida por Reuven Feuerstein3, e na aplicação do seu programa de

enriquecimento instrumental (PEI) como instrumento de desenvolvimento do

potencial de aprendizagem dos estudantes com fraco funcionamento cognitivo.

A escolha por esse autor se deu quando percebi que seu instrumento de

intervenção apoiava-se na concepção de Vigotski de zona de desenvolvimento

iminente (ZDI)4 e colocava em prática a sua teoria. O resultado me fez

vislumbrar concretamente que a ascendência cognitiva não só pressupõe a

dinâmica das relações de mediação entre os sujeitos, como também estratégias

inovadoras para a prática docente.

A abordagem de Feuerstein, fortemente ancorada na teoria de Vigotski,

possibilitou-me a abertura para novas escolhas pedagógicas, refletidas na minha

própria prática docente, conduzindo-me a adotar propostas metodológicas mais

adequadas ao processo ensino-aprendizagem e ao uso das tecnologias da

informação e da comunicação.

Fiz a defesa da dissertação em outubro de 1998 e, quatro meses depois,

fui convidada a assumir a disciplina História da Educação do curso de

Pedagogia, na mesma faculdade em que havia me graduado. Foi um período

3 Professor e psicólogo israelense, criador da teoria da modificabilidade cognitiva estrutural (MCE),

da teoria da experiência da aprendizagem mediada (MLE) e do programa de enriquecimento instrumental (PEI).

4 A tese de Zoia Prestes (2010), “Quando não é quase a mesma coisa: análise de traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil: repercussões no campo educacional”, demonstra os equívocos na seleção dos termos "proximal", "potencial" e "imediato” para a tradução do termo zona blijaichego razvitia. Para a autora, este termo tem sido traduzido para o português de diferentes maneiras: zona de desenvolvimento "próximo, proximal, potencial, imediato". No entanto, seu trabalho esclarece que o termo blijaichego significa, em russo, o adjetivo "próximo" no grau superlativo sintético absoluto. Assim, ela defende que, por se tratar do que é "o mais próximo, proximíssimo", a tradução mais apropriada do termo russo para o português seria "zona de desenvolvimento iminente". No trabalho aqui desenvolvido, optou-se por manter o termo "zona de desenvolvimento iminente", embora a expressão mais familiar para o público de pesquisadores, estudantes e professores brasileiros seja zona de desenvolvimento proximal.

Page 25: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

difícil, pois a instituição havia passado de faculdade a centro universitário, e as

cobranças por uma sala de aula de qualidade, publicações e participação em

eventos educacionais eram frequentes. Depois de dois anos de docência, fui

convidada a assumir, além da sala de aula, a coordenação do curso de

Pedagogia e a docência em cursos de pós-graduação lato sensu, bem como a

coordenação de um projeto institucional que pretendia ampliar o espaço de

formação acadêmica dos graduandos do curso de Pedagogia, na tentativa de

viabilizar, por meio de atividades pedagógicas direcionadas, a ampliação da relação

entre teoria e prática. A partir das experiências de docência, coordenação e

acompanhamento escolar, percebi o início de um processo formativo que

envolvia o diálogo com pesquisadores de outras realidades e a utilização de

ferramentas eletrônicas e de comunicação que haviam surgido recentemente.

Foi naquela época que comecei a me interessar pela educação a

distância on-line e, em pouco tempo, envolvi-me em programas que ofereciam

cursos de formação a distância.

Em 2000, optei por realizar o doutorado, que a própria instituição em que

eu trabalhava oferecia, em parceria com a Universidad de Extremadura, na

Espanha, por meio da educação a distância on-line. Após dois anos e meio de

estudos, fiz a defesa da tesina com o título “Influência da formação do

Programa de Enriquecimento Instrumental – PEI nas estratégias de

mediação verbal do professor” e obtive o diploma de Estudos Avançados do

Programa de Doutorado em Formação do Docente Universitário, do

Departamento de Ciências da Educação. O objetivo desse estudo, como o título

indica, foi verificar a influência da formação do PEI nas estratégias de mediação

verbal dos professores e analisar os critérios que distinguem a experiência de

aprendizagem mediada, com base na zona de desenvolvimento iminente.

Naquela época, eu pensava que a forma como o professor sequencia o conteúdo

teórico na sala de aula, bem como as estratégias que utilizava para conhecer o que

o estudante já sabia a respeito de determinado conteúdo, passavam pelo princípio

fundamental do que Vigotski chamou de zona de desenvolvimento iminente, que se

dá quando o professor exerce a função de mediador entre o que o estudante já sabe

e o que ele ainda irá descobrir. Nesse sentido, o conhecimento dos objetos, dos

saberes, da cultura e das experiências dos estudantes constitui um instrumento

potencial que auxilia o professor na escolha de estratégias de mediação adequadas

Page 26: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

para o processo de aprendizagem. Contudo, por causa da não validade, em

território brasileiro, do curso de doutorado em que havia ingressado, optei por

não finalizar essa pós-graduação e passei a investir meus esforços na

aprovação num programa nacional, validado pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Em 2004, surgiu a oportunidade de trabalhar em Belo Horizonte, na Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), inicialmente como docente no

curso Normal Superior e, logo em seguida, como docente no curso de Pedagogia,

cargo em que permaneço até o momento, lecionando também na pós-graduação

lato sensu. Depois, surgiram outras oportunidades de trabalho, como a do Centro

Universitário Newton Paiva, em 2006, onde permaneci trabalhando por sete anos,

simultaneamente a meu trabalho na PUC Minas.

Em 2009, fui indicada para a coordenação do curso de Pedagogia do Centro

Universitário Newton Paiva, o qual passaria a ser oferecido na modalidade a

distância on-line. Esse desafio me estimulou à busca pela compreensão da natureza

dessa proposta de formação. Foi um momento de conflito, pois meu curso de

Pedagogia fora realizado dentro da sala de aula, com professores presentes em

todas as aulas e com rotinas bem organizadas e dirigidas, tendo trazido grandes

contribuições para a minha formação profissional. Além de coordenar o curso, fui

professora de disciplinas da graduação e da pós-graduação, para as quais elaborei

o material didático e desenvolvi pesquisas científicas, o que constituiu experiência

bastante complexa, mas inegavelmente enriquecedora.

Vale abrir um parêntese e lembrar que a modalidade de educação a distância

teve sua origem no Brasil no início do século XX e que ao longo dos anos foi

construindo uma história polêmica e ao mesmo tempo desafiadora do ponto de vista

educacional. Mesmo assim, ela foi uma das formas encontradas para auxiliar na

profissionalização de pessoas que buscavam conhecimentos para se empregar no

comércio. Começando com os cursos por correspondência, passando pelo rádio e

pela televisão e chegando aos computadores, notebooks e smartphones, a

educação a distância inovou-se e avançou, trazendo aos brasileiros moradores de

regiões distantes dos grandes centros a inclusão e a possibilidade de estudar e

melhorar suas condições de vida. Para muitos de nós, jovens e adultos, a educação

oferecida na modalidade a distância foi, e continua sendo, a oportunidade de estudo

e de qualificação profissional que propicia a inserção no mercado de trabalho.

Page 27: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Apesar da longa história da educação a distância e de sua presença já antiga no

campo científico, os estudos realizados sobre seu universo costumam focalizar

dados estatísticos sobre evasão, aprovação, curso etc., e poucas vezes se

encontram pesquisas voltadas para o processo ensino-aprendizagem, aspecto

fundamental para o cenário educacional dessa modalidade.

Em 2013, na PUC Minas, além de lecionar nas disciplinas presenciais, fui

chamada para trabalhar com disciplinas virtuais na graduação e na pós-graduação

lato sensu. A busca pela organização do conteúdo, das atividades, dos exercícios,

das avaliações e das propostas para os fóruns de discussão foi, sem dúvida, uma

experiência que acrescentou saberes ao meu desenvolvimento profissional,

consolidados no processo histórico-cultural.

No final de 2014, assumi a coordenação do acompanhamento tutorial na PUC

Minas Virtual (PMV), atuando diretamente com os tutores, que acompanhavam as

atividades pedagógicas dos ambientes virtuais, orientavam os estudantes e

gerenciavam a plataforma. Também era minha tarefa capacitar, junto à equipe de

apoio pedagógico, os docentes que atuavam na educação a distância on-line na

PUC Minas. Permaneci nessa função até o início de 2016.

As experiências como professora, coordenadora de curso e pesquisadora na

rede particular de ensino superior me permitiram não apenas repensar como as

tecnologias contemporâneas ampliam e democratizam o acesso à educação, mas

também refletir sobre a prática pedagógica, considerando os estudos acadêmicos e

o desenvolvimento de programas de cursos de educação a distância on-line. Todo o

conjunto de estudos, pesquisas, apresentações de trabalho e o questionamento de

minha própria atividade pedagógica levaram-me a indagar: até que ponto as

ferramentas tecnológicas utilizadas na educação a distância on-line dificultam ou

propiciam a interação de professores e estudantes?

Neste percurso de mais de quinze anos na educação a distância on-line, pude

observar avanços em muitos aspectos, tais como a melhoria da qualidade das

plataformas, o crescimento da acessibilidade à banda larga pelos usuários, as

propostas pedagógicas desenvolvidas nos cursos, os formatos dos materiais em

diferentes mídias e softwares educativos, e, a cada dia, diferentes tecnologias são

produzidas e disponibilizadas para toda a sociedade. Contudo, tais avanços e

tecnologias não são prontamente aproveitados, em larga escala, nos ambientes

educativos. Quando se considera, por exemplo, o processo ensino-aprendizagem,

Page 28: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

pautado, mesmo na educação virtual5, pelo modelo pedagógico do ensino

presencial, fica evidente que há muito o que se investigar e descobrir. Para superar

parte dessa lacuna, o estudo, apoiado na teoria histórico-cultural de Vigotski,

concentra-se no processo ensino-aprendizagem no cenário mais contemporâneo da

educação a distância, oferecida na versão on-line. Intenciono desenvolver esse tema

aprofundando os conhecimentos sobre a educação a distância, sobre os

instrumentos pedagógicos usados na experiência on-line de ensino-aprendizagem e

sobre o pressuposto de mediação da zona de desenvolvimento iminente que tanto

tem instigado os pesquisadores a produzir conhecimento. Assim, cruzando meus

próprios simplexos e me movendo por outros, vou alimentando minha intensa paixão

pelas interações e mediações que se estabelecem no encontro com o outro e no

processo ensinar-aprender.

5 Segundo Lemos (2002, p. 172), o termo virtual não é novo, pois, no início do século XVIII, foi usado

no campo da ótica para descrever a imagem refratada e refletida de um objeto e, no século XIX, no campo da física, ao se criar o conceito de velocidade virtual de partículas para descrever “o comportamento das partículas subatômicas”. Lemos explica que, na informática, “a palavra virtual aparece na década de 70, quando a IBM lança um produto-conceito chamado de memória virtual, introduzindo em seus mainframes”, e que essa ideia de realidade virtual “desponta com o desenvolvimento de mundos artificiais formados por imagens de síntese. O computador, como máquina de simulação, é, por si só, uma meta-máquina que, virtualmente, agrega uma enormidade de outras máquinas ou ferramentas virtuais (processador de texto, de imagem, de som, de vídeo [...]”.

Page 29: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

1 INTRODUÇÃO

Tu és aquele que escreve e é escrito. Edmond Jabès

O objeto desta pesquisa foram as expressões dos sujeitos da educação a

distância on-line sobre o processo ensino-aprendizagem, analisadas à luz da

concepção teórica de Vigotski e de seu conceito de mediação e zona de

desenvolvimento iminente.

O interesse pela temática nasceu das inquietações e provocações que, ao

longo dos anos, a educação a distância tem despertado nos docentes e

pesquisadores das instituições de ensino, em diferentes partes do mundo, e das

incertezas e críticas sobre a natureza da educação on-line.

O problema localiza-se, especialmente, na oferta de curso na modalidade a

distância on-line, que tem exigido do campo educacional outro posicionamento

frente ao planejamento do processo ensino-aprendizagem e trazido desafios aos

profissionais da educação. Trata-se, sobretudo, de profissionais que tiveram sua

formação inicial dentro da sala de aula, com professores presentes em todas as

aulas, rotinas de estudo individual ou em grupo, com interações presenciais, e que,

ao entrar em contato com a educação a distância on-line, deparam-se com um

ambiente de ensino diferente. Às vezes, eles percebem o tamanho do desafio que a

modalidade on-line apresenta, mas, em outras, agem como se estivessem no

ambiente presencial, apoiando-se em referências muito antigas e na concepção do

ensino tradicional (MORAN, 2011). Nessa perspectiva, boa parte dos professores

que ministram aulas no ensino presencial, comprometidos com sua responsabilidade

profissional e com o esforço de promover a aprendizagem dos estudantes, encontra-

se incomodada com o crescente uso de tecnologias da informação e da

comunicação nos ambientes escolares e busca uma maneira de sintonizar seus

procedimentos didático-pedagógicos com os interesses de aprendizagem dos

estudantes. Mas não faltam posicionamentos divergentes sobre os efeitos positivos

ou negativos do ciberespaço6 e do uso das chamadas tecnologias digitais no espaço

escolar ou mesmo na sociedade em geral. No ambiente escolar, o desafio

6 Lèvy (1999, p. 92) define o ciberespaço como “o espaço de comunicação aberto pela interconexão

mundial dos computadores e das memórias dos computadores”.

Page 30: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

44

apresentado aos professores é incorporar as tecnologias contemporâneas ao

cotidiano e, naturalmente, usá-las de forma intencional nos procedimentos

pedagógicos para o desenvolvimento satisfatório do processo ensino-aprendizagem.

A esse respeito, Catapan (2001, p. 189) afirma que a “exploração da Tecnologia de

Comunicação Digital no processo do trabalho pedagógico não é apenas uma

questão de escolha, é uma questão de necessidade emergente na cibercultura”.

Assim, quando se trata do magistério no ensino a distância on-line, a prática docente

parece ainda mais assustadora para muitos professores, pois os desafios são

enormes: ter domínio do ambiente virtual de ensino-aprendizagem, tanto do ponto

de vista pedagógico quanto do tecnológico, contar com uma infraestrutura

tecnológica adequada, saber usar os recursos do computador, realizar um

planejamento de atividades em consonância com o mundo virtual etc.

Moore (1991) aponta que a educação a distância é, ao mesmo tempo, causa

e consequência de mudanças significativas na compreensão do que é educação e

da forma como ela deve ser organizada. Peters (2004) esclarece que a educação a

distância é um formato de ensino-aprendizagem indefinido e não fixo, que sempre

esteve em permanente estado de transição, desde sua origem, há cerca de

duzentos anos7. Sua dinamicidade sempre esteve fortemente relacionada às

diferentes gerações das tecnologias da informação e da comunicação que, no

decorrer dos tempos, têm sido atualizadas com novos e mais sofisticados recursos.

Segundo Peters (2004), o que distinguiu e caracterizou a educação a distância antes

do uso do computador foram a pedagogia adotada para essa modalidade de ensino

e a forma de entrega do material. Nessa concepção, entende-se que toda criação

tecnológica está vinculada à etapa correspondente de um processo social no qual

ela tem origem. Para além dessa perspectiva, vive-se um momento tecnológico em

que produtores e usuários, na condição de agentes em rede de transformações e

inovações, não se distinguem (LATOUR, 2000). Compreende-se, então, que a

tecnologia passa para a dimensão de um modo de ser e viver (NEGROPONTE,

1995), evidenciando-se alterações nos processos de aprendizagem, principalmente

na educação a distância on-line, assentada nos sistemas tecnológicos. Diante desse

cenário, tornam-se necessárias propostas pedagógicas que não só incorporem

7 A origem dos cursos a distância foram os cursos por correspondência (PETERS, 2001; BRINDLEY;

WALTI; ZAWACKI-RICHTER, 2004; REIS, 2002).

Page 31: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

45

adequadamente as inovações tecnológicas, mas que sejam capazes de atender às

novas demandas do processo educativo formal. (CONCINI; FIGUEIREDO, 2009).

Esse fato alimenta uma importante discussão que reflete os rumos da

educação numa sociedade cada vez mais interconectada por redes de tecnologia

digital e pela produção e publicação de materiais pedagógicos on-line que revelam o

interesse social pelo tema, ainda que, em muitos sentidos, partam de pressupostos

tradicionais, no tocante às possibilidades, no âmbito educativo, das “tecnologias do

ciberespaço”8. Segundo Lévy (1999), as tecnologias digitais promoveram a produção

e a circulação dos conteúdos multimidiáticos e a interconexão de quase tudo; por

isso, os sistemas individuais foram incrementados por meios de expansão, e os

sistemas cognitivos coletivos adquiriram condições de se constituir como inteligência

coletiva. Conforme Klinge (1997) aborda, é necessário refletir sobre tais condições,

para não se cair na ingenuidade de se defender o desenvolvimento tecnológico

como promotor de benefícios contínuos ao conjunto de seres vivos. Contudo, não se

pode negar a penetração cada vez mais intensa da tecnologia na sociedade

contemporânea nem as transformações sociais que o desenvolvimento tecnológico é

capaz de promover.

No contexto atual, é possível encontrar inúmeros cursos a distância

oferecidos na modalidade on-line, difundidos em diferentes partes do mundo por

meio da internet e que têm como suporte a comunicação pedagógica e a formação

profissional. Também é possível identificar o desenvolvimento crescente de

softwares, aplicativos e tecnologias de rede, criados ou adaptados para servir ao

mercado educativo presencial. A sociedade encontra-se diante de um cenário

educacional que tem sido transformado pelo incremento tecnológico e que necessita

ser investigado, pois coloca em xeque o modelo educativo estruturado no mundo

ocidental do século XIX, que busca prover os estudantes de saber acumulado e

restringe o acesso a tal saber ao espaço sacral da escola, compreendida como locus

do conhecimento. Trata-se de uma prática pedagógica que implica tempo e espaço

de aprendizagem bastante rígidos e definidos. Porém, se considerarmos a evolução

da tecnologia e dos meios de comunicação via internet, as mídias móveis e as redes

sociais, bem como a inserção desses meios no cotidiano social de seus produtores,

8 Compreendidas por Lévy (1999, p. 17) como “um conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de

práticas, atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.”.

Page 32: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

46

mais evidente se torna a necessidade de se compreender o cenário educativo atual,

os produtos que ele oferece e demanda9. A urgência de se refletir e compreender

propostas pedagógicas que estejam sintonizadas com os progressos tecnológicos

contemporâneos é motivo de interesse de muitos estudos (ZANOTTI, 1984; LIMA,

2002; SILVA, 2015; BOHN, 2011; MALANGE, 2005; SILVA, 2006; MADEIRA, 2009;

RAMOS, 2012; MELO, 2012; SANTOS, 2014).

Cada vez mais, observa-se a tecnologia contemporânea sendo integrada à

vida social do ser humano, atendendo às suas necessidades culturais de interação e

refletindo mudanças significativas que a internet tem provocado na sociedade

(GUIZZO, 1999). Como diz Serres (2012, p. 41), as tecnologias contemporâneas

“nos obrigam a sair do formato espacial inspirado pelo livro e pela página” e olhar

para o mundo descentrado, em constante movimento e atualização. Porém, mesmo

tendo contato e experiências diários com recursos tecnológicos inseridos no

cotidiano social, como internet banking, caixa eletrônico, e-mail, smartphone, tablets,

armazenamento em nuvem, realidade aumentada, aplicativos com as mais diversas

finalidades, redes sociais, comunicação via videoconferência na web, produção de

vídeos etc., muitas pessoas, sejam elas professores, estudantes ou educadores, não

têm incorporado tais avanços tecnológicos nas práticas escolares.

O início do século XXI foi marcado por esforços que promoveram tecnologias

facilitadoras da vida social. Essas tecnologias tornaram as pessoas mais próximas

umas das outras e a informação, mais disponível e acessível. Como dito, porém, o

conhecimento que as tecnologias contemporâneas proporcionam nem sempre é

aproveitado para fins educacionais, o que, muitas vezes, estabelece uma distância

entre o cotidiano escolar e a vida social. No caso das tecnologias voltadas para a

realidade escolar, as pesquisas nacionais e internacionais10 refletem as novas

relações que se desenham a partir dos avanços tecnológicos e de seus impactos

nos espaços educativos, que precisam ser repensados com urgência para dar conta

de demandas mais emergentes.

Um exemplo dessas novas relações é a circulação da livre expressão e

informação como condição para a democracia social e o exercício da cidadania,

conforme apontam Melo e Tosta (2008). Tais aspectos submetem os espaços ao

9 Sobre as transformações ocorridas na demanda escolar, veja-se Serres (2015). 10 Preti (1996), Imbernon (2008), Voges (2009), Martins (2009), Santos (2010), Harasin (1999; 2005;

2011), Xavier (2013), Lima (2014), Lyra (2014), entre outros.

Page 33: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

47

desenvolvimento tecnológico e à sua forma de propagação na sociedade

contemporânea. Os referidos autores, destacam que a leitura dos signos

disseminados pela tecnologia se alicerça na leitura do mundo, proporcionada pela

educação. Inserem-se, nesse contexto, as transformações socioculturais e

tecnológicas que a chegada dos computadores e da internet promoveu também no

campo educacional, em particular no ensino e nos processos pedagógicos. Com

esse olhar, fica claro que os espaços formais de educação são chamados a

encontrar novas maneiras de organizar suas práticas educativas visando à efetiva

aprendizagem, a partir de um processo contínuo de interação com as propostas

tecnológicas mais recentes, produzidas nas diferentes culturas, uma vez que, quanto

mais se dominam os códigos culturais, mais oportunidades existem para se entender

o mundo em que se vive e seus avanços tecnológicos.

Sem dúvida, a reflexão acerca da perspectiva formativa – presencial ou a

distância – da atual geração de estudantes é necessária, pois a formação desses

sujeitos tem impacto direto no desenvolvimento sociocultural da humanidade. Os

educadores, em sintonia com a permanente transformação das tecnologias da

informação e da comunicação e com os recursos digitais cada vez mais adequados

aos estilos de vida das novas gerações, podem tornar os espaços educativos mais

movimentados, atualizados, atrativos, criativos e ativos e promover aprendizagens.

O tema da educação a distância on-line demanda investigações elucidadoras

dos procedimentos didático-pedagógicos adotados pelos professores/tutores no

processo ensino-aprendizagem e de seus impactos na aprendizagem dos

estudantes. A hipótese que emerge da experiência do cotidiano escolar, porém, é

que muitos professores pensam a educação a distância on-line apoiados na

concepção mais tradicional de ensino.

Para verificar tal hipótese, adotam-se como pressupostos teóricos os estudos

de Vygotsky (1931a) sobre a zona de desenvolvimento iminente, e, conduzindo-se

pela teoria histórico-cultural, propõe-se responder às seguintes questões: i) como se

estabelece o processo ensino-aprendizagem no contexto da educação a distância

on-line?; ii) quais são as estratégias metodológicas adotadas pelos professores no

processo ensino-aprendizagem no contexto da educação a distância on-line?; iii) de

que modo os pressupostos de Vigotski sobre a zona de desenvolvimento iminente

estão presentes nas propostas metodológicas do processo ensino-aprendizagem da

educação a distância on-line? Essas questões despertaram o interesse em

Page 34: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

48

compreender, a partir da experiência vivida dos sujeitos, o processo ensino-

aprendizagem nesse ambiente.

Considerando-se os questionamentos relacionados à educação a distância

on-line, de forma geral, e ao processo ensino-aprendizagem, mais particularmente,

propõe-se como objetivo geral da pesquisa investigar, a partir das expressões dos

sujeitos que dela participam, de que forma os pressupostos da concepção de zona

de desenvolvimento iminente podem fornecer subsídios para o processo ensino-

aprendizagem no ambiente virtual. Buscou-se compreender o processo ensino-

aprendizagem na educação a distância on-line por meio das expressões dos sujeitos

e à luz da concepção histórico-cultural de Vigotski.

A investigação está relacionada ao fato de que as pesquisas sobre educação

a distância on-line, embora tenham aumentado nos últimos anos, ainda são bastante

reduzidas, principalmente quando se consideram as contribuições da teoria

vigotskiana, no tocante à zona de desenvolvimento iminente, como fundamento para

o processo ensino-aprendizagem nessa modalidade de ensino.

O estudo realizado por Costa e Ortega (2019), ao longo de 2016 e 2017,

sobre a educação a distância e o processo ensino-aprendizagem revelou essa

carência quando fez o levantamento das teses e dissertações produzidas nos

últimos trinta anos no Brasil. Os autores utilizaram o descritor “zona de

desenvolvimento proximal” na consulta a 54 base de dados, o que possibilitou

encontrar inicialmente 13.174 trabalhos. Com o uso do critério de “busca avançada”,

os dados foram refinados, indicando 852 estudos, que, por sua vez, foram

organizados em quatro temáticas: sala de aula, educação a distância, tecnologia e

necessidades especiais. Os resultados apontaram que, apesar de o conceito de

“zona de desenvolvimento proximal” ter sido bastante recorrente nas pesquisas

realizadas nas últimas três décadas no Brasil, ainda há poucas investigações

referentes à “educação a distância” e à “zona de desenvolvimento proximal”. Ao

analisar o objeto de estudo desses trabalhos, constatou-se que as pesquisas

realizadas até aquele momento ainda eram incipientes e demandavam

investigações, especialmente se consideradas as pesquisas que investigam o

processo ensino-aprendizagem na educação a distância on-line à luz da teoria de

Vigotski (COSTA; ORTEGA, 2019).

Desse modo, ao propor esta pesquisa, deu-se continuidade ao compromisso

ético e político de contribuir com os estudos reveladores da trajetória histórica da

Page 35: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

49

educação brasileira e que trazem inúmeras marcas da exclusão e descaso sociais

(FRANCISCO FILHO, 2001; ORTEGA, 1998; 2009; 2011). Vale destacar que a

educação a distância on-line tem impactado o cenário nacional com o uso das

tecnologias digitais, provocando questionamentos e alterações no modo de ensinar-

aprender (GOMES, 2014; NEVES, 2011; LITTO; FORMIGA, 2009; CATAPAN, 2001;

COSTA; OLIVEIRA, 2004; COSTA; MATTOS, 2010; (COSTA; ORTEGA,

2018); ALMEIDA, 2008; MILL; FIDALGO 2007). Tais estudos evidenciam as lacunas

da educação nacional, que têm privado muitos brasileiros de seus direitos e revelado

a urgência de uma educação efetivamente democrática.

Construir um campo investigativo sobre o processo ensino-aprendizagem

para a educação a distância on-line, aos olhos da autora deste trabalho, pareceu

motivador e despertou o interesse em estudar a temática e promover novas leituras,

mais condizentes com a realidade das demandas pedagógicas. Entendeu-se a

necessidade de aprofundar o conhecimento a respeito desse contexto e

compreender as relações de ensino-aprendizagem que se estabelecem no ambiente

on-line, a partir, porém, das percepções11 dos próprios sujeitos desse campo. Nesse

tocante, destaca-se o interesse simultâneo das comunidades acadêmicas,

estudantes, professores, gestores, empresários e dos múltiplos objetivos do governo

brasileiro, os quais têm utilizado a educação on-line como ferramenta de formação

inicial e continuada nas diferentes áreas do conhecimento e, principalmente, na

formação de professores. Assim, ao considerar as percepções de

professores/tutores e estudantes sobre o processo ensino-aprendizagem da

educação a distância on-line se torna relevante por propiciar elementos para a

investigação sobre os pressupostos da concepção de Zona de Desenvolvimento

Iminente e seu uso no ambiente virtual, trazendo importantes contribuições para a

compreensão desse contexto e das problemáticas que o ensino-aprendizagem no

ambiente virtual apresenta, seja na formação, atualização e aprimoramento de

profissionais, seja na melhoria das práticas pedagógicas.

A pesquisa poderá contribuir sensivelmente para as mudanças pretendidas no

âmbito da educação nacional oferecida na modalidade a distância on-line, sobretudo

com a ampliação da oferta e acessibilidade aos inúmeros estudantes excluídos da

11 Nesta tese, o vocábulo “percepções” correspondem àquilo que o sujeito observa a partir do histórico de suas vivências passadas; ou seja, a forma como o sujeito interpreta as informações e experiências do seu mundo social.

Page 36: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

50

escola. Destaca-se também que a investigação aqui proposta diz respeito à própria

trajetória da pesquisadora, que encontrou na temática da formação de professores

um espaço de reflexão da própria prática pedagógica.

Em relação à organização metodológica da pesquisa, construiu-se um plano

abrangendo duas etapas: a pesquisa teórica e a pesquisa empírica. A pesquisa

teórica focalizou a concepção histórico-cultural de Vigotski, em específico a zona de

desenvolvimento iminente, e a pesquisa empírica desenvolveu-se no ambiente

virtual de ensino-aprendizagem do curso de Informática para Internet, oferecido na

modalidade a distância on-line pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais (CEFET-MG). Os sujeitos participantes da pesquisa se inscrevem em

dois tipos de condição social e de relações: i) os professores/tutores, aqueles que

preparam o conteúdo a ser ensinado no curso, acompanham o planejamento

didático-pedagógico e fazem as mediações presencial e on-line, e ii) os estudantes,

aqueles que estão matriculados no curso para adquirir conhecimento profissional. A

realização desta pesquisa no âmbito do ensino médio técnico profissionalizante, ao

dar voz a docentes e discentes, possibilitou conhecer suas percepções, colocando

sob suspeita verdades já produzidas sobre a educação a distância on-line. A coleta

de dados foi realizada por meio de questionário eletrônico com perguntas objetivas e

discursivas para ambos tipos de sujeitos, e de observações e anotações sobre o

ambiente de ensino-aprendizagem. Para organizar as análises, foi adotada a

hermenêutica de profundidade de Thompson (2011), apoiada em três etapas: i)

análise sócio-histórica, ii) análise formal ou discursiva e iii)

interpretação/reinterpretação. Trata-se de uma metodologia escolhida por valorizar

os aspectos culturais, desenvolver uma interface com a teoria de Vygostsky (1931a)

e proporcionar a análise qualitativa.

A concepção analítica tomou por base o ambiente virtual de ensino-

aprendizagem (AVEA) como elemento mediador do processo ensino-aprendizagem

(S) das interações do estudante (E) e do professor/tutor (P), possibilitando retratar

uma dada realidade do ponto de vista da experiência dos sujeitos atuantes nesse

ambiente. As evidências da realidade dos sujeitos e as possibilidades mediadoras

do ambiente on-line de ensino-aprendizagem foram consideradas a partir de um

plano com três dimensões: a máquina, o homem e a virtualidade12. Nessas

12 No sentido de ser “pragmaticamente real”, como expresso por Clark (2011).

Page 37: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

51

dimensões, as relações produzidas permitiram compreender o ambiente virtual como

um sistema regulador de dois subsistemas que dele fazem parte, constituídos por

professor/tutor e estudantes, os quais interagem em diferentes níveis perceptíveis. A

Figura 1 foi construída na tentativa de representar essas dimensões.

Figura 1 – Dimensões do processo ensino-aprendizagem

Fonte: Elaborada pela autora, 2018.

Assim, o ambiente virtual de ensino-aprendizagem promove o

interfaceamento e a dinâmica dialógica entre professores/tutores e estudantes,

admitindo-se a interação dos dois subsistemas com as ferramentas do sistema, nas

condições de contornos virtuais de suas relações. Essa é a dinâmica mediada pelas

tecnologias disponíveis, na qual o processo ensino-aprendizagem se efetiva.

Virtualiza-se o ambiente enquanto um sistema ecológico que permite a

“autoesorganização”13 de cada subsistema. Ou seja, projeta-se um ambiente/espaço

que promove a organização própria dos sujeitos, com base nas suas relações com o

outro, humano ou não, por meio da tecnologia que se virtualiza. A mediação nesse

sistema é feita por meio dos instrumentos simbólicos, conforme Vygotsky (1995)

aponta, expressos na tecnologia disponível no ambiente, como o texto escrito, as

imagens, o podcast, o chat e o fórum, quem compõem o sistema simbólico em que

13 Palavra cunhada pela autora deste trabalho e por seu orientador devido à ausência de um

vocábulo dicionarizado relativo à ideia pretendida. Significa a “capacidade de elaborar condições organizatórias internamente, dentro de e por si próprio”.

Page 38: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

52

os sujeitos desenvolvem suas representações mentais e constroem o conhecimento

na e pela interação com o outro.

Conhecer o cenário de possibilidades de mediação, de interação e de

diálogos que os professores/tutores estabelecem com os estudantes na educação a

distância on-line, com características correspondentes a zonas de desenvolvimento

iminente, impôs importantes desafios à pesquisadora, imprescindíveis, todavia, à

compreensão do processo ensino-aprendizagem da modalidade. O desenvolvimento

e a divulgação de propostas com tais características são importantes para a

formação de professores, principalmente daqueles que já atuam na educação a

distância on-line ou que pretendem nela atuar.

As partes do trabalho, ao se desenvolverem, alcançaram os objetivos

específicos da pesquisa. Assim, além desta Introdução, seguem as partes que

apresentam um breve contexto da tecnologia no ambiente escolar e da educação

brasileira, em especial a educação a distância on-line oferecida pelo CEFET – MG

no curso de Informática para Internet; a parte teórico-metodológica, que apresenta

os procedimentos desenvolvidos na pesquisa; a parte dos desdobramentos

consolidados na fundamentação teórica, desenvolvida na perspectiva histórico-

cultural de Vygotsky (1931a); a parte empírica, que apresenta os dados coletados a

partir das expressões dos professores/tutores e estudantes que vivenciaram o

processo ensino-aprendizagem no curso; e a parte em que se procede a uma

análise qualitativa na abordagem da hermenêutica de profundidade de Thompson

(2011). Na conclusão, apresenta-se uma reflexão sobre as compreensões que a

pesquisa promoveu e o seu resultado.

É nesse contexto de potencialidades e limitações que o estudo aqui

apresentado pode contribuir para compreender melhor a educação a distância on-

line e auxiliar na proposição de iniciativas que enriqueçam o conjunto do campo

teórico-prático dessa modalidade de ensino.

Page 39: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

53

2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ON-LINE: PERTINÊNCIAS HISTÓRICAS E

CAMPO DE ESTUDO

““A generation which ignores history has no past – and no future”

Robert Heinlein

Pretende-se, neste capítulo, focalizar a educação a distância on-line no

Brasil14 e discorrer sobre o curso técnico-profissionalizante de Informática para

Internet do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. O texto inicia-

se com um breve panorama da tecnologia no âmbito escolar e da educação a

distância on-line no Brasil, a partir dos anos 1990, e contextualiza historicamente o

cenário do campo de estudos da educação técnico-profissional de nível médio

oferecido na modalidade a distância on-line.

2.1 A tecnologia no âmbito escolar

Abordar a questão da tecnologia no âmbito escolar implica, necessariamente,

delimitar os contornos que balizarão o contexto da reflexão que aqui se pretende

desenvolver. Parte-se do pressuposto de que o próprio conceito de tecnologia pode

ser compreendido a partir de diferentes concepções, dependendo da vertente

assumida, conforme aponta Gama (1986, p. 14-16): i) como doutrina fundamental

para o conhecimento das relações, ordem e divisão de disciplinas; ii) como modo

pelo qual as pessoas fazem as coisas; iii) como estudo de atividades dirigidas para a

satisfação das necessidades humanas que produzem alteração no mundo material;

iv) como ferramentas de artista, processo e produto que põe em evidência o trabalho

humano para satisfazer os desejos do homem; v) como processos pelos quais o

homem se faz a si próprio, incluindo métodos empregados para transformar seu

meio; vi) como conjunto de conhecimentos empregados na produção e

comercialização de bens e serviços; vii) como ligada à técnica e, nesse caso, como

conjunto de instrumentos e hábitos que viabilizam a produção; e viii) como

conhecimentos de efeitos sociais e ambientais da aplicação das técnicas. Na

perspectiva de Gama (1986), evidenciam-se as diferentes vertentes que opõem os

14 Para informações mais pormenorizadas sobre a história da educação a distância no Brasil, vejam-se Alves (2011), Nunes (2010), Maia; Mattar (2007), Marconcin (2018), Vidal; Maia (2010), Hermida; Bonfim (2006), Litto; Formiga (2009).

Page 40: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

54

que pensam que a tecnologia é neutra, trazendo a ideia de progresso social; os que

lhe atribuem um papel negativo, considerando a ciência e a técnica como aliadas na

manutenção de uma sociedade desigual; e os que a tratam como a maravilha do

mundo contemporâneo.

Vieira Pinto (2005, p. 219-220), ao analisar o termo tecnologia, menciona,

pelo menos, quatro significado principais: i) como logos da técnica – a teoria, a

ciência, o estudo, a discussão da técnica, compreendendo as artes, as habilidades

do fazer, as profissões, os modos de produzir alguma coisa; ii) como equivalente à

técnica – as duas palavras são sinônimas e equivalentes, o que gera perigosos

enganos no julgamento de problemas sociológicos ou filosóficos; iii) como conjunto

de todas as técnicas – aplica-se tanto às civilizações do passado quanto às

condições contemporâneas vigentes em qualquer grupo social; e iv) como

ideologização da técnica – a palavra “tecnologia” refere-se à ideologia da técnica.

Ao comparar as diversas acepções do termo tecnologia apresentadas por

Gama (1986) e Vieira Pinto (2005), percebe-se que ele pode ser empregado por

estudiosos de diferentes áreas, com propósitos bastante distintos, e que seu uso

pode ser confuso e até contraditório, conforme o posicionamento que se assuma.

Como reforça Frigotto (1989/2009), a tecnologia pode ser considerada como

instrumento de dominação, como patrimônio da humanidade, como ideologia, como

fenômeno social etc. No entanto, aqui se propõe a reflexão conforme o

entendimento de tecnologia como expressão da dinamicidade de uma sociedade,

pois o homem confere-lhe forma de acordo com suas necessidades, valores e

interesses e a utiliza segundo as atividades que desenvolve (LÉVY, 2017). Volta-se

para uma compreensão da tecnologia a partir da consciência crítica que acolhe e

promove a criação tecnológica porque vê nela um bem que o homem faz a si

mesmo. Esse posicionamento faz sentido principalmente quando se considera que

não há um campo de conhecimento substancial, no tocante à educação e sua

relação com o fenômeno tecnológico, em que se possa apoiar, talvez por conta da

falta de estudos sobre seus efeitos, positivos e negativos, e de uma reflexão crítica

sobre a sua centralidade (GHIRALDELLI, 2011).

Castells (2005) é bastante elucidativo ao afirmar que a tecnologia é condição

necessária, embora não suficiente, para a emergência de uma nova forma de

organização social. O autor entende que a tecnologia está bastante difundida entre

os mais diversos domínios da existência humana. Ao fazer um amplo estudo sobre o

Page 41: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

55

conceito de tecnologia, ele aponta, de modo consistente, que o uso de tecnologia faz

parte da vida humana, estando presente nos hábitos de alimentação, nas formas de

trabalho e nas mais variadas formas de educação. Ghiraldelli (2011) considera o

homem como o único animal que produz essencialmente aquilo que expressa suas

necessidades e, depois, lida com as contradições com a realidade que cria.

Tendo em vista a concepção de Gama (1986), o conceito de tecnologia

aproxima-se da essência da técnica, da visualização do seu papel e da

compreensão da razão das inúmeras transformações sociais que ela propicia ao

longo do tempo. Nessa perspectiva, infere-se que a transformação social e a

tecnologia não podem ser teorizadas isoladamente, mas, ao contrário, devem ser

compreendidas como indispensáveis à cultura material compartilhada

historicamente. Concebe-se, assim, o conceito de sistema socioecotecnológico a

partir da compreensão do processo mediador do homem com seu mundo e seu

modo de transformá-lo dialeticamente, redefinindo suas potencialidades e objetivos

éticos, históricos e sociais. Tal posicionamento repercute as condições internas e

externas do sujeito histórico e a essencialidade do ser humano em toda sua

capacidade de aprender e desenvolver-se em sociedade, negociando e

transformando seu relacionamento com a tecnologia em benefício próprio.

Considerando-se que a formação e o desenvolvimento da cultura tecnológica

na educação fomentam a familiarização com as últimas novidades produzidas e que

o contato com elas permite alterar qualitativamente os métodos e as formas

organizacionais de ensino, a grande conquista é a criação de uma base para o

domínio das tecnologias, especialmente quando se pensa nas diferentes habilidades

técnicas e nas atividades profissionais que os estudantes poderão adquirir e utilizar.

Contudo, vale perguntar: como as tecnologias afetam as diferentes culturas,

especialmente as de países menos desenvolvidos, e nelas se efetivam? Em

relatório, a ONU (2016) revela que o acesso às tecnologias na educação – no caso,

a digital – é extremamente desigual, que tal desigualdade tem diminuído muito

lentamente e que os países menos desenvolvidos têm feito todo o possível para

alcançar os que já são desenvolvidos.

No Brasil, observa-se um esforço no sentido de democratizar o acesso à

informação e ao conhecimento. Desde o aparecimento da televisão, na década de

1950, até os dias atuais, com o uso dos aparelhos móveis, como os celulares com

internet, o acesso à informação foi expandido, permitindo que milhares de brasileiros

Page 42: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

56

ampliassem seu conhecimento e a forma de sua construção. A televisão, um dos

veículos de comunicação mais difundido, hoje está quase universalizada no país.

Segundo dados do IBGE (2016), apenas 2,8% da população não possui o aparelho

em casa. A mesma pesquisa aponta que 45,3% dos brasileiros têm computador em

casa, 92,6% possuem celular com internet e 69,3% têm internet em casa. Os

números revelam os avanços tecnológicos da população brasileira e,

consequentemente, o aumento no acesso à informação nos mais diferentes níveis e

sentidos, fazendo ver os esforços políticos e econômicos realizados. Contudo, é

importante destacar que, apesar dos progressos, identifica-se defasagem em

regiões mais carentes do país, como o Norte e o Nordeste. Outro aspecto

interessante da pesquisa do IBGE (2016) é que ela não revela como é a utilização

das tecnologias móveis na educação e quais são os impactos que elas trazem à

aprendizagem e desenvolvimento cognitivo de seus usuários.

Ao refletir sobre o que se aprende na escola e o que é funcional ao mundo do

trabalho e da produção, Ghiraldelli (2006) esclarece que as relações escolares não

reproduzem linearmente as relações capitalistas e que o objetivo da escola é alienar

a consciência dos estudantes. Ele diz ficar intrigado com o “avanço e a natureza do

pensamento econômico na educação, reduzindo, sob esta vertente, a questão

educativa — uma relação política e social — a uma mera relação técnica”

(GHIRALDELLI, 2006, p. 10). O autor aponta que os produtos do trabalho humano

na sociedade capitalista são criados não em função da sua “utilidade”, mas da

“troca”, e que, do ponto de vista educativo, não são “de interesse dos que se

educam, mas do mercado. Neste contexto o ato educativo, definido como uma

prática eminentemente política e social, fica reduzido a uma tecnologia educacional.”

(GHIRALDELLI, 2006, p. 66). Sua crítica também se relaciona à questão dos

sistemas de microcomputadores e circuitos fechados de televisão, em cuja

disseminação, segundo o estudioso, faz-se um grande esforço. “Multiplicam-se os

seminários sobre tecnologia educacional e a propaganda por intermédio dos meios

de comunicação de massa dessa tecnologia.” (GHIRALDELLI, 2006, p. 158). Para

ele, a disseminação indiscriminada do instrumental tecnológico não se relaciona às

necessidades propriamente educativas, mas a “uma indústria que precisa

comercializar suas mercadorias.” (GHIRALDELLI, 2006, p. 158). O pesquisador

comenta que toda tecnologia contém o sentido da técnica e carrega um conteúdo

Page 43: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

57

ideológico porque todo objeto incorpora em si uma ideia, originada no pensamento

de alguém, pertencente a uma sociedade determinada, em que existem interesses.

Parece importante refletir sobre essa análise e questionar o papel da

educação na promoção de rupturas das ideologias reproduzidas para a manutenção

de uma ação pedagógica reduzida a uma questão técnica – a uma tecnologia

educacional – que intenciona “ajustar requisitos educacionais a pré-requisitos de

uma ocupação no mercado de trabalho de uma dada sociedade. Trata-se da

perspectiva instrumentalista e funcional de educação.” (GHIRALDELLI, 2006, p. 15).

Para superá-la, Ghiraldelli destaca a importância de os professores dos ambientes

escolares auxiliarem os estudantes na formação uma consciência crítica sobre o

conhecimento tecnológico recebido, pois, em sua leitura, esse conhecimento está

ligado ao sistema produtivo capitalista.

[...] tomando-se a prática escolar como uma prática social cuja função precípua não é a da produção de um saber específico, mas, pelo contrário, de um saber não-específico, geral, que se articula com o desenvolvimento das condições técnicas e sociais de produção em diferentes níveis e mediações, esta prática guarda uma relação efetiva com a estrutura econômico-social capitalista. Há contudo, um outro aspecto que normalmente passa despercebido nas análises sobre o papel da escola dentro do sistema produtivo. Trata-se do fenômeno da tercialização da sociedade. O sistema educacional se constitui, em si mesmo, numa ampla gama de atividades que se articulam especialmente com o processo de realização da mais-valia. Sistema que tende, nos países onde o capitalismo é mais avançado, a se constituir num local onde mais e mais pessoas são levadas a um prolongamento "forçado" de sua escolaridade, como forma de contemporizar sua entrada no mercado de trabalho (GHIRALDELLI, 2006, p. 155).

Frente às demandas sociais e tecnológicas observadas no cenário

contemporâneo, a necessidade de transformar o modelo escolar instituído é uma

realidade, sendo imperioso alterar a postura docente e trazer para esse âmbito as

condições para a formação de um estudante crítico e atento à sua cultura e aos

percursos políticos. Nesse sentido, a escola desempenharia um papel fundamental

na formação dos estudantes. Entende-se que, por meio do favorecimento das

condições escolares pautadas na concepção crítica (SAVIANI, 2003), os estudantes

teriam a chance de ampliar sua visão de mundo e transformar suas práticas

cotidianas ao fazer uso dos elementos culturais produzidos e amplificados a partir da

cultura. Importa pensar sobre o processo educativo atual e as forças políticas que o

controlam e enfrentar os desafios que se apresentam. Assim, cabe perguntar: como

Page 44: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

58

serão as aulas? Como o uso de diferentes tecnologias na educação escolar poderá

produzir uma formação crítica e inovadora?

Observa-se que, hoje em dia, em alguns contextos educativos, estão em uso

tecnologias digitais como tablets, smartphones e netbooks, mas é importante

perguntar: por que, em muitas instituições de ensino, elas não fazem parte da

prática escolar? Como os professores as têm usado? Qual tem sido o

aproveitamento de recursos provenientes dessas tecnologias, como as redes sociais

on-line, a computação em nuvem, a impressão 3D e, de forma mais sofisticada, a

biometria e até a realidade aumentada, todos eles carregados de ideologias?

Na perspectiva de Schlünzen Júnior (2009), a modalidade a distância on-line

pode oferecer soluções favoráveis aos problemas educacionais brasileiros, desde

que se considere uma abordagem que garanta a interação, o diálogo e a

colaboração de professores e estudantes. Para o autor, esses elementos

condicionam a natureza da aprendizagem e a construção do conhecimento.

Segundo outros pesquisadores, o uso da informática, da internet e de softwares

educativos como fonte ativa de pesquisas proporciona aos estudantes uma nova

dinâmica no processo de construção de conhecimento (COSTA; OLIVEIRA, 2004;

PAIS, 2005; SACCOL, 2011; ILLERA, 2004) e, certamente, contribui com as

possibilidades de inovação dos espaços educativos, sejam eles oferecidos na

modalidade presencial ou a distância on-line.

Sobre a educação a distância on-line, Moore e Kearsley (2010) apontam ser

necessário e prudente considerar também os desafios que se apresentam e que

revelam a complexidade e as controvérsias em torno das transformações sociais,

pois, no caso dessa modalidade de ensino, destacam-se diferentes padrões de

ensino e com expectativas mais elevadas do que na modalidade presencial. Esses

autores afirmam que a educação a distância on-line é tida como deficiente por boa

parte da comunidade acadêmica, porque se lhe associa a falta de uma experiência

social comunitária com ricas interações pessoais, capazes de promover

efetivamente as aprendizagens sociais.

Não há dúvida de que as tecnologias expressam toda a dinamicidade de uma

sociedade e de sua cultura. Refletir sobre os atores inseridos na cultura, os

artefatos, os conhecimentos produzidos e as relações que se estabelecem entre tais

elementos pressupõe um deslocamento dinâmico das ações da sociedade

contemporânea, e, nesse sentido, as tecnologias têm impactado os processos

Page 45: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

59

formativos. Mas, para compreender suas relações e domínios, importa que os

agentes humanos intervenham, propondo o questionamento e a formação humana

dos estudantes e capacitando-os a pensar criticamente sobre o processo de

apropriação, uso e criação de tecnologias, principalmente as que transformaram as

formas de comunicação, promovendo a superação da disjunção espaço-tempo

(VARELA, THOMPSON, ROSCH, 2003).

2.2 Contexto da educação a distância on-line no Brasil

Conforme aponta Mota (2009), a educação a distância, durante todo o século

XX, foi pouco expandida no Brasil, pois se partia da concepção de que o ensino

formal não deveria ser realizado a distância. Segundo o autor, somente no final

desse século e, ainda assim, de forma incipiente, a Lei n. 9.394/1996, referente às

diretrizes e bases da educação nacional (LDBEN), proporcionou abertura para que a

educação a distância conquistasse credibilidade e reconhecimento legal como uma

modalidade de ensino. Os fatores culturais, políticos e econômicos podem explicar a

resistência brasileira ao movimento de educação a distância on-line,

especificamente, e às inovações pedagógicas e tecnológicas na escola, como um

todo.

Diferentemente, a partir da segunda metade do século XX, países

desenvolvidos, como os Estados Unidos, Japão, China, Alemanha, passaram a

investir fortemente em tecnologia moderna, e o que antes era considerado um

componente de segurança nacional americana se transformou em microcosmo

social internacional. Criaram-se redes sociais, promoveram-se transações

comerciais, e incrementou-se a educação (MERKLE; RICHARDSON, 2000).

Segundo estes autores, nos anos de 1960, os programas americanos, utilizados nos

computadores em rede, apresentaram limitações no tocante a uma linguagem

comum para se trocar dados e armazená-los a fim de serem recuperados

futuramente. No final dos anos de 1970, com a solução dessas limitações, o correio

eletrônico tornou-se o principal motivo de uso da internet15 entre os pesquisadores,

porque forneceu um veículo de comunicação de fácil acesso para trocar informações

15 A internet no Brasil tem início em 1990, mas seu desenvolvimento maior se dá a partir de 1994,

quando ela ultrapassa as fronteiras acadêmicas e chega ao ouvido do povo brasileiro. Guizzo (1999) apresenta sua história detalhadamente.

Page 46: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

60

dentro da comunidade acadêmica global. Em pouco mais de dez anos, essa

tecnologia permitiu a conectividade dos computadores domésticos a uma matriz

mundial de computadores, favorecendo diálogos em tempo real e download de

software. Esse avanço representou o início de uma era em que a nova tecnologia de

mídia não só se tornou popular entre milhões de usuários de computador, como

também favoreceu as interações sociais por ele mediadas (MERKLE;

RICHARDSON, 2000).

A internet chega ao Brasil no final de 1988, por meio de experimentos da

microeletrônica no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e da

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que algum

tempo depois criou a rede ANSP (Academic Network at São Paulo) (VALENTE;

ALMEIDA, 2003). Em 1989, o Ministério da Ciência e Tecnologia lançou um projeto

inovador chamado Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com a missão de

captar recursos para a difusão da tecnologia e da internet Brasil afora, apoiado por

uma rede acadêmica on-line nacional. Para isso, foi implantado o primeiro backbone

(“espinha dorsal”, o sistema central de computadores), mudando a realidade do país

em termos de inovação nos espaços educacionais (LEMOS; LÈVY, 2010). Vale

lembrar que, segundo Almeida (2008), até a década de 1970, as atividades relativas

a tecnologias na educação no Brasil ocorreram por iniciativas isoladas de grupos de

pesquisadores pioneiros. Somente no final dos anos oitenta é que essa realidade

começou a mudar.

A partir da década de 1990, o uso do computador passou a ser rapidamente

incorporado na educação, especialmente no ensino superior, adotando-se o uso de

ferramentas como banco de dados, planilhas eletrônicas, processador de textos,

apresentações gráficas, expedientes de comunicação como e-mails, lista de

endereços e salas de bate-papo, e recursos como disquete, CD-ROM, sites e

materiais de aprendizagem (MAIER; WARREN, 2000). Destaca-se o surgimento da

World Wide Web, em 1993, momento decisivo na história da educação mediada por

tecnologias digitais. Assim, a educação a distância, cujas etapas remontam aos

tempos dos cursos oferecidos por correspondência, rádio e televisão, sofreu

impactos, que foram logo assimilados para publicar conteúdos e promover

interações. No fim desse período, a LDBEN, em seu artigo 80, destacou a educação

a distância como campo em desenvolvimento, e várias universidades formalizaram

iniciativas relativas a essa modalidade de ensino (BRASIL, 2017). O ponto

Page 47: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

61

culminante da época nesse sentido foi a criação da Secretaria de Educação a

Distância (SEED), do Ministério da Educação (MEC), em 1996.

Em seguida, surgiram plataformas com sistema de administração de

atividades educacionais destinado à criação de comunidades em ambientes virtuais

voltados para a aprendizagem on-line sistematizada, como, por exemplo, a Aulanet,

da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), em 1997, e a

Teleduc, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 1998. Coutinho

(2009, p. 311) define a aprendizagem on-line sistemática, estruturada na forma de

curso, como “ação cuja mediação tecnológica se faz por meio da conexão em rede

para distribuição de conteúdo educacional e desenvolvimento de objetivos definidos

antecipadamente”. As plataformas que desenvolveram esse tipo de aprendizagem,

com auxílio das tecnologias dos anos 2000, revolucionaram a educação a distância,

trazendo ferramentas diferentes para o processo ensino-aprendizagem. O Moodle,

de 2001, o Proinfo, do MEC, de 2006, e o Amadeus LMS, da Universidade Federal

de Pernambuco (UFPE), de 2007, propiciaram um crescimento escalonar da

educação a distância (GARBADO; QUEVEDO; ULBRICHT, 2001).

Em 2005, publicou-se o Decreto n. 5.622/2005, a fim de normatizar a

educação a distância e expandi-la com oferta de cursos e programas de educação

superior pelo país, em instituições públicas ou privadas. Nesse mesmo ano, com o

objetivo de desenvolver a modalidade de educação a distância, criou-se o sistema

Universidade Aberta do Brasil (UAB), instituído pelo Decreto n. 5.800/2006, com a

proposta prioritária de oferecer formação inicial e continuada a professores em

efetivo exercício na educação básica, mas que ainda não haviam se graduado, e

formação continuada aos já graduados e a dirigentes, gestores e outros profissionais

da educação básica da rede pública (BRASIL, 2017a). Além da criação do sistema

da Universidade Aberta do Brasil (UAB) em instituições da rede pública de ensino,

também se autorizou a oferta de educação a distância on-line em instituições de

ensino da rede privada.

Em 2007, embasado pela LDBEN, especialmente no tocante à seção sobre a

educação profissional e tecnológica, originou-se, pelo Decreto n. 6.301/2007, o

sistema Escola Técnica Aberta do Brasil. Esse decreto seria, mais tarde, revogado

pelo Decreto n. 7.589/2011, que instituiu a Rede e-Tec Brasil, com a finalidade de

desenvolver a educação profissional e tecnológica na modalidade de educação a

distância on-line. A proposta constituiu-se em uma das ações do Plano de

Page 48: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

62

Desenvolvimento da Educação no âmbito da política de expansão da educação

profissionalizante do Ministério da Educação (BRASIL, 2016).

De acordo com o Censo da Educação Superior, realizado em 2015 pelo

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), "há

no país 1.473 mil cursos superiores a distância ofertados, cujo crescimento é de

10% ao ano, desde 2010. São mais de 1,3 milhão de estudantes matriculados, com

crescimento de 50% entre os anos de 2010 e 2015" (BRASIL, 2017b).

Em 18 de janeiro de 2011, a Secretaria de Educação a Distância foi extinta

com uma nota do MEC, o que só ocorreu de fato meses mais tarde, por meio do

Decreto n. 7.480/2011. No ano seguinte, esse decreto foi revogado pelo Decreto n.

7.690/2012, que dispõe sobre a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos

cargos do Ministério da Educação. Com a extinção da SEED, nasceu a Secretaria

de Regulação e Supervisão do Ensino Superior do Ministério da Educação (SERES)

(MORAES, 2011).

O Decreto n. 7.690/2010 foi revogado pelo Decreto n. 9.057/2017, que

considera a educação a distância como

a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017c).

A popularização das tecnologias digitais da informação e da comunicação a

partir da internet propiciou a expansão da educação na modalidade on-line também

para o ensino técnico-profissionalizante de nível médio, devido às demandas do

mercado de trabalho. Essa expansão se refletiu na formação de professores para

atuação no contexto dessa proposta. O objetivo era familiarizar esses profissionais

com os equipamentos digitais de informação e comunicação, sobretudo nas

circunstâncias específicas das práticas pedagógicas.

A articulação entre o avanço do conhecimento científico e o dinamismo

tecnológico tem promovido a ampliação do universo didático-pedagógico e trazido

aos espaços escolares o desafio da permanente e desejável melhoria das condições

objetivas do ensino a distância on-line (BEHRENS; MORAN; MASETTO, 2000).

Mas, embora a sociedade esteja, por um lado, impregnada de aparato tecnológico

Page 49: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

63

cada vez mais sofisticado, essa modalidade de ensino, por outro, tem lidado, no

Brasil e em outros países, com críticas e dificuldades, o que limita a sua oferta.

São notáveis os avanços da educação a distância on-line em muitos

aspectos, tais como a qualidade das plataformas, a maior acessibilidade dos

usuários à banda larga, os modelos de cursos e os formatos dos materiais em

diferentes mídias. No entanto, ainda há muito o que se descobrir e incrementar na

oferta da educação a distância on-line, já que, a cada dia, novas tecnologias, como

os softwares e aplicativos, são produzidas e disponibilizadas para toda a sociedade

sem que sejam prontamente aproveitadas e colocadas em prática, em larga escala,

nos ambientes educativos. Nesse sentido, as instituições de ensino são desafiadas a

superar afirmações emanadas do senso comum, profundamente enraizadas e

raramente questionadas. Pode-se citar, por exemplo, duas afirmações dessa

natureza: i) a de que o ensino a distância on-line não pode fornecer a "presença do

professor", suficiente para superar a distância em termos de espaço, lugar e

intimidade; e ii) a de que o desempenho dos estudantes de um curso de educação a

distância on-line é inferior ao dos estudantes que frequentam as salas de aulas do

ensino presencial.

A respeito da primeira afirmação, Saba (2004, p. 2) aponta, criticamente, que

"[…] a comparação de interação no contexto de sala de aula com os tipos que

ocorrem na educação a distância torna-se difícil, se não irrelevante". Mesmo assim,

comparações desse tipo, extremamente comuns, ecoam diferenças significativas na

forma de realização e oferta das respectivas propostas educativas e alimentam o

senso comum de que o modelo presencial é mais eficaz do que o modelo a

distância, devido à presença do professor no cotidiano escolar.

No tocante à segunda afirmação, um corpo substancial de boas pesquisas

demonstra não haver diferença entre o desempenho dos estudantes do ensino on-

line e do presencial. Gomes (2014), por exemplo, não encontra correspondência

entre o preconceito que ainda se revela contra o ensino a distância e os dados

objetivos analisados e divulgados pelo INEP e pelo MEC acerca dessa modalidade

de ensino. O autor também afirma que a comparação entre o desempenho dos

estudantes do ensino a distância on-line e o dos estudantes do ensino presencial

Page 50: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

64

com os mesmos perfis no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE)

em 2005, 2006 e 2007 conduz a resultados praticamente idênticos.16

Independentemente das diferenças de desempenho ou de proximidade

espacial entre os ensinos a distância on-line e presencial, uma maneira muito

comum de comparar programas é inserir os dois "lugares" no terreno comum por

meio de distância transacional17 (MOORE, 1972; MOORE, 1980; MOORE;

KEARSLEY, 1996). Segundo os autores citados, esse conceito corresponde a uma

construção pedagógica relativa que prevê as transações entre um docente e um

estudante para operar entre três variáveis: diálogo, estrutura e aprendizagem

autônoma. O diálogo é compreendido como a forma de interação que educandos e

educadores estabelecem para se comunicar um com o outro, a estrutura é entendida

como a extensão da capacidade de resposta às necessidades individuais do

discente, e a aprendizagem autônoma é vista como o compromisso de si mesmo –

no caso, o estudante – com a autodireção e o estudo.

Moore e Kearsley (1996) destacam ainda que os programas de educação a

distância diferem segundo a extensão do diálogo, sua estrutura interna e as

características de aprendizagem de cada estudante. Conforme sublinham os

pesquisadores, a educação a distância on-line pode ter, em sua estrutura, um alto

ou baixo grau de diálogo e autonomia do educando. Eles também afirmam que o

diálogo entre o professor/tutor e o estudante pode ser alcançado com as tecnologias

disponíveis, defendendo ser importante que docentes e discentes aprendam a usá-

las considerando-se a zona de desenvolvimento iminente, proposta por Vigotski.

Vigotski propôs que os seres humanos controlam as funções mentais naturais

por meio de artefatos mediadores socioculturalmente construídos, que fomentam a

atividade de pensamento (LANTOLF; THORNE, 2005). Esses artefatos culturais,

segundo Petrina (2004), são mediadores da atividade humana, em cujo sistema

estão sempre situados. Nas práticas educativas formais, a zona de desenvolvimento

iminente se configura como uma possibilidade concreta de intervenção pedagógica,

fundamental para a aprendizagem do conhecimento socialmente construído.

Vygotsky (1987) explica que a zona de desenvolvimento iminente consiste na

distância entre o nível atual de desenvolvimento do sujeito, determinado pela sua

16 Dados publicados no jornal O Estado de S. Paulo, em 19 de julho de 2009. 17 A teoria da distância transacional (TDT), desenvolvida por Moore (1972), é derivada do conceito

de transação, elaborado por Dewey (DEWEY; BENTLEY, 1949) e que expressa a interação do ambiente, dos indivíduos e dos padrões de comportamento numa determinada situação.

Page 51: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

65

capacidade atual de resolver problemas individualmente, e o nível de

desenvolvimento potencial, determinado pela solução de problemas com a

orientação de outra pessoa mais experiente, ou em colaboração com os pares.

Trata-se, concretamente, das condições que favorecem a construção do

conhecimento. Na prática, segundo Vigotski, o “atual desenvolvimento” consiste no

que a pessoa já conhece e domina sobre determinado conteúdo, e o

”desenvolvimento potencial” refere-se ao nível de intervenções de que a mesma

pessoa precisa para conhecer e dominar determinado conteúdo. Numa perspectiva

qualitativa, quanto mais potencial a pessoa tiver, menos intervenções mediadoras do

conhecimento lhe serão necessárias, e vice-versa.

Para Vygotsky (1987), a linguagem e o contexto social são os instrumentos

que potencializam a zona de desenvolvimento iminente. No caso da educação

escolar, é necessário que o professor conceba, prepare e coloque em prática tarefas

de ensino-aprendizagem que promovam o uso dos instrumentos potencializadores

do processo de construção do conhecimento dos estudantes a partir de experiências

de aprendizagens mediadas18.

Na visão de Moore e Kearsley (1996), programas de multimídia, livros,

palestras em vídeo, estudos de caso, fóruns de discussão e outros artefatos podem

fornecer estímulos sociais necessários e importantes, embora não suficientes por si

sós, para a aprendizagem. O que importa é realizar mediações que contemplem o

processo ensino-aprendizagem, rompendo com a concepção tradicional de ensino

(DAVIDOV, 1987).

Garcia Aretio (1995) antevê o potencial da educação a distância on-line nas

décadas seguintes e constrói seu próprio conceito de educação a distância,

apontando que ela

é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que pode ser massivo e substitui a interação pessoal na sala de aula entre professor e estudantes como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria, que propicia uma aprendizagem independente e flexível aos estudantes (GARCIA ARETIO, 1995, p. 50).19

18 O termo experiência de aprendizagem mediada (EAM) é de autoria de Feuerstein, Klein e

Tannenbaum (1994) e significa a promoção de processos mediadores para tornar os sujeitos mediados mais capazes de superar limites na apreensão e na solução de problemas.

19 No texto original: "es um sistema tecnológico de comunicación bidirecional, que puedes ser masivo y que substituye la interacción personal em la aula de profesor y alumno como médio preferente de enseñanza, por la acción sistemática y conjunta de diversos recursos didácticos y

Page 52: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

66

Na perspectiva de Garcia Aretio (2001), o mundo da educação não pode

ignorar a realidade tecnológica como objeto de estudo e, menos ainda, como

instrumento para a formação de cidadãos que já se organizam historicamente na

sociedade por meio de ambientes virtuais. Para ele, as instituições de ensino, ao

pretender formar pessoas qualificadas e preparadas para viver no mundo

contemporâneo, precisam repensar o ato de ensinar e se apropriar das inúmeras

contribuições que as tecnologias da informação e da comunicação oferecem para

criar mecanismos didáticos e pedagógicos que favoreçam efetivamente o

aprendizado contínuo e dinâmico para o trabalho e para a vida na sociedade

contemporânea. Nesse viés, a educação a distância on-line dá um passo importante

em direção às conquistas sociais de acesso à educação, pois modifica os horizontes

“espaciotemporais”20 (GARCIA ARETIO, 2001) da escola e contribuem para a

reflexão sobre o processo ensino-aprendizagem, que tantas inquietações traz ao

mundo acadêmico.

Moore e Kearsley (2010) sinalizam que o crescimento da educação a

distância on-line no contexto do ensino implica alterações importantes na estrutura

de instituições que com ela decidirem se envolver. Como Vigotski (1931) destaca,

uma ruptura fundamental na sociedade acontecerá se houver transformação na

consciência e no comportamento humanos, o que evidencia a definição do homem

como ser transformador do mundo social. Ganha ênfase também a educação, que,

para Vigotski,

desempenha papel central na transformação do homem, no percurso social consciente de novas gerações e deve ser a base para alteração do tipo humano histórico. As novas gerações e suas novas formas de educação representam a rota principal que a história seguirá para criar o novo tipo de homem (VYGOTSKY, 1931b).

Nessa concepção, encontra-se boa parte das condições postuladas por

Vigotski para a transformação cultural do processo de conhecimento. Essa

transformação não se faz sem rupturas com o que está estabelecido, sem supressão

das bases da realidade, do construído, mas implica novo modo de pensar a

sociedade e as forças que mantêm suas contradições.

el apoyo de uma organización y tutoria, que propician el aprendizaje independiente y flexible de los estudiantes" (GARCIA ARETIO, 1995, p. 50).

20 Mantido o termo espanhol usado por Garcia Aretio (2001).

Page 53: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

67

Evidentemente, a educação a distância on-line ainda apresenta inúmeros

problemas, relacionados, por exemplo, à sua concepção, implementação,

organização, material didático e proposta pedagógica. Este item, especialmente,

requer reflexão, sobretudo se forem considerados os indicadores de qualidade

estabelecidos pelo INEP e pelo MEC em 2007. O desenvolvimento da educação a

distância on-line correrá riscos se os investimentos econômico, material e

pedagógico nesse campo não forem empregados à luz de uma compreensão mais

ampla de sua pedagogia, de seus processos educativos, de suas condições

didáticas e de seus impactos no processo ensino-aprendizagem. A consciência do

potencial da educação a distância on-line, das tendências tecnológicas e de seu uso

pedagógico é imprescindível para que qualquer benefício real possa ser obtido pelas

instituições educacionais que oferecem essa modalidade de ensino.

A modalidade educacional a distância se expandiu no Brasil somente nos

últimos vinte anos, em meio às necessidades de formação de profissionais

qualificados para lidar com as demandas advindas da “sociedade em rede”, como

apontou Castells (1999). Mas até que ponto essa modalidade educacional,

considerada no cenário político-nacional como uma solução para certos problemas

regionais da educação brasileira, servirá como parâmetro para se pensar a

educação do futuro? Haveria um plano de educação a distância on-line para todos

os níveis de ensino? Os investimentos na educação a distância on-line seriam

suficientes para transpor os problemas inerentes ao processo ensino-

aprendizagem? Não resta dúvida de que esse cenário é, no mínimo, instigante, e

que conhecer melhor as experiências pedagógicas da educação a distância on-line é

ir em busca da novidade, da descoberta e dos alicerces que fundamentam e

constituem o conhecimento teórico desse campo educacional.

2.3 O ensino técnico-profissionalizante e a implantação da Rede e-Tec no

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Em estudo sobre a educação profissional, Conciani e Figueiredo (2009)

consideram que as escolas de artífices constituíram a origem da Rede Federal de

Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Segundo os autores, a trajetória de

aprendizagem tecnológica apresenta níveis crescentes de complexidade, divididos

em quatro fases: i) criação dos Liceus de Artes e Ofícios; ii) construção de uma rede

Page 54: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

68

de educação profissional que propunha ampliar o leque de cursos oferecidos para a

formação da força de trabalho manufatureiro diversificado; iii) articulação do ensino

secundário à educação profissional, permitindo ao egresso o acesso ao ensino

superior; e iv) capítulo da LDBEN dedicado à educação profissional. Os

pesquisadores afirmam que a singularização da educação profissional contribuiu

para que, no bojo da reforma do Estado na década de 1990, o nível médio da

educação profissional passasse a se relacionar de forma dependente com o nível

técnico do ensino médio.

O Decreto n. 2.208/1997 institucionalizou a dicotomia estrutural da educação

do ensino técnico, ao distinguir as matérias profissionalizantes e das de caráter

propedêutico. O texto, porém, foi revogado pelo Decreto n. 5.154/2004, que

recupera, em parte, a reintegração da educação profissional, ao desobrigar as

escolas de ofertarem apenas o nível técnico subsequente ao ensino médio. Os

Centros Federais de Educação Tecnológica foram implantados gradativamente,

conforme orienta a Lei n. 8.948/1994.

O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) é

uma Instituição de ensino profissional centenária, tendo sua origem no Decreto-Lei

n. 7.566, assinado pelo então presidente Nilo Peçanha, em 23 de setembro de 1909.

Ao longo dos anos, recebeu diferentes nomes, como, em 1941, Escola de

Aprendizes e Artífices de Minas Gerais, com o qual foi inaugurado, e, em 1941,

Liceu Industrial de Minas Gerais. No ano seguinte, transformou-se em Escola

Técnica de Belo Horizonte. Em 1969, foi nomeado Escola Técnica Federal de Minas

Gerais e, finalmente, em 1978, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas

Gerais, quando passou a oferecer o ensino superior.

O CEFET é a maior Instituição de ensino tecnológico de Minas Gerais. Suas

unidades, somadas às três localizadas em Belo Horizonte, distribuem-se em onze

campi no estado, em áreas com intenso desenvolvimento industrial: Leopoldina

(Zona da Mata), Araxá (Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba), Divinópolis (Oeste de

Minas) Timóteo (Vale do Aço), Varginha, Nepomuceno (Sul de Minas), Curvelo e

Contagem. Autarquia federal brasileira vinculada ao Ministério da Educação, a

instituição oferece hoje cursos de nível médio técnico e superior, na graduação e

pós-graduação stricto e lato sensu.

A educação profissional e técnica mudou bastante ao longo da sua história, e

o CEFET-MG conseguiu acompanhar as inovações industriais e tecnológicas

Page 55: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

69

trazidas pelo desenvolvimento social. Considerando-se as primeiras aulas, voltadas

para a capacitação quase artesanal na Escola de Aprendizes Artífices, até o ensino

com o uso de novas tecnologias, praticado atualmente, é possível observar a

seriedade da instituição na formação de profissionais para os diferentes setores de

serviços, tanto do ponto de vista técnico quanto crítico. Por isso, o CEFET-MG

identifica que seus egressos estão aptos a responder às demanda sociais, propondo

soluções e assumindo responsabilidades pelos projetos desenvolvidos em sua área

de formação.

2.4 O curso de Informática para Internet do Centro Federal de Educação

Tecnológica de Minas Gerais: apresentação do campo da investigação

Em 2007, foi criado o sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec), com o

objetivo de oferecer educação profissional e tecnológica a distância, visando ampliar

e democratizar o acesso a cursos técnicos de nível médio, públicos e gratuitos, em

regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (BRASIL,

2007). O modelo de educação a distância on-line a ser oferecido seguiria o que já

existia e era usado pela Universidade Aberta do Brasil. Partia-se do princípio de

que a educação a distância é aquela que acontece por meio da mediação didático-

pedagógica dos processos de ensino e de aprendizagem com a utilização de meios

e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores

desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL,

2015b).

O Ministério da Educação foi responsável pela assistência financeira na

elaboração dos cursos, cuja instituição ficou a cargo dos estados, distrito federal e

municípios, que deveriam providenciar estrutura, equipamentos, recursos humanos,

manutenção das atividades e demais itens necessários. Assim, teve início o Projeto

e-Tec, e o MEC, por intermédio da Secretaria de Educação Profissional e

Tecnológica e da Secretaria de Educação a Distância (SETEC), tornou público o

edital de convocação das instituições interessadas em participar do projeto, na

tentativa de expandir a oferta de educação profissional técnica de nível médio.

Entre os objetivos do projeto, constantes do edital, procurava-se:

estabelecer rede nacional de escolas de ensino profissionalizante, por meio de seleção de escolas públicas de ensino fundamental, ensino médio

Page 56: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

70

e ensino técnico, para democratizar, expandir e interiorizar a oferta de cursos de educação profissional técnica, públicos e gratuitos, de nível médio e na modalidade de educação a distância, de renomadas instituições públicas de ensino do País (BRASIL, 2007b, p. 60).

Buscou-se utilizar as escolas públicas para a criação de oferta de programa

e cursos de educação profissional técnica de nível médio na modalidade a

distância. Foram convocadas a prover educação a distância on-line as

instituições públicas federais, estaduais ou municipais que ministram Ensino Técnico de Nível Médio (Universidades, Centros de Educação Tecnológica, Faculdades de Tecnologia, Escolas Técnicas e Escolas Agrotécnicas), a apresentarem propostas de Cursos de educação profissional técnica de Nível Médio concomitantes ou subseqüentes ao Ensino Médio, na modalidade de educação a distância, a serem ofertados nas Escolas Públicas selecionadas (BRASIL, 2007b, p. 60).

Também foram convocados os municípios interessados em apresentar

propostas de adequação de escolas públicas de ensino fundamental e médio e de

escolas técnicas para serem polo da oferta de ensino técnico de nível médio, na

modalidade de educação a distância, em convênio com as instituições selecionadas:

universidades, centros de educação tecnológica, faculdades de tecnologia, escolas

técnicas e escolas agrotécnicas.

Atento às necessidades sociais, o Centro Federal de Educação Tecnológica

de Minas Gerais, credenciando-se em 2008, respondeu ao referido edital propondo

três cursos técnicos: Eletrônica, Planejamento e Gestão da Tecnologia da

Informação, e Meio Ambiente. As Instituições polo, municipais e estaduais,

escolheram aquelas com as quais gostariam de se conveniar para a oferta de curso

(BRASIL, 2008).

Em 2009, instituiu-se no CEFET-MG o Núcleo de Ensino a Distância, com o

principal objetivo de introduzir novas metodologias, colaborando para a melhoria do

processo ensino-aprendizagem.

Em 2010, os cursos foram lançados e os polos escolhidos localizavam-se nas

cidades de Timóteo, Porteirinha, Almenara e Campo Belo, em parceria com a

Secretaria Municipal de Educação (SME), que cedia o espaço escolar para o

atendimento presencial aos estudantes. O responsável pela gestão no polo foi

indicado pela referida secretaria, e não pela diretoria do CEFET-MG.

Em 2011, os projetos pedagógicos foram reformulados, mas os polos foram

mantidos com professores contratados e que não trabalhavam no CEFET-MG.

Page 57: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

71

Esses professores foram contratados e o pagamento realizado por meio de bolsa.

Para compor o quadro docente, exigiu-se que o profissional tivesse experiência de

três anos de magistério no ensino superior, demanda um pouco distante da adotada

para o ensino técnico presencial, que requeria apenas experiência de magistério no

ensino técnico e uma experiência prática.

A exigência de experiência do professor em ensino superior não foi o único

problema enfrentado pelos coordenadores dos três cursos oferecidos. Inicialmente,

o Ministério da Educação dispunha, além das bolsas para pagamento dos

professores, um pacote para financiamento de livros, materiais didáticos, passagens,

diárias e insumos e um pacote para as bolsas desvinculadas dos aspectos

operacionais mais gerais. Também se previa o pagamento de aulas presenciais nos

polos, que distavam muito da sede. Revelou-se pouco viável, por exemplo, atender

aos polos de Almenara e Porteirinha, considerando-se sua localização e a

dificuldade em realizar aulas presenciais e até avaliações.

Ainda em 2011, o CEFET-MG convidou o Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) da região para assumir os polos mais

distantes, e à equipe responsável transferiram-se a expertise, os materiais de aula,

as apostilas e a documentação do curso. Ao mesmo tempo, solicitou-se ao MEC a

criação de outros dois novos polos, levando-se em conta a experiência com o início

do projeto.

O Projeto e-Tec cresceu muito no Brasil inteiro ao longo dos anos e

transformou-se, por meio do Decreto n. 7.589/2011, em Rede e-Tec, que se voltou

para a capacitação profissional e continuada de jovens estudantes matriculados e de

egressos do ensino médio, bem como dos respectivos professores (BRASIL, 2011).

É importante mencionar, porém, que, em 6 de setembro de 2012, foi publicada a

Resolução n. 6, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Profissional Técnica de Nível Médio (BRASIL, 2012). O artigo 3º desse documento

estabelece que "a Educação Profissional Técnica de Nível Médio é desenvolvida nas

formas articulada e subsequente ao Ensino Médio, podendo a primeira ser integrada

ou concomitante a essa etapa da Educação Básica", o que sinalizou avanços para a

educação profissional. Contudo, em seu artigo 40, que trata da formação docente, é

possível perceber que ela ainda não será realizada de modo específico ao ensino

profissionalizante:

Page 58: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

72

A formação inicial para a docência na Educação Profissional Técnica de Nível Médio realiza-se em cursos de graduação e programas de licenciatura ou outras formas, em consonância com a legislação e com normas específicas definidas pelo Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2012, p. 12).

O Documento Base da Educação Profissional Técnica de nível médio

integrada ao ensino médio (BRASIL, 2007b), produzido pela Secretaria de Educação

Profissional e Tecnológica (EPT), aponta os problemas com a constituição do corpo

docente para a educação profissional e assume que a "formação dos profissionais

para o ensino médio integrado deve guardar suas especificidades, mas também

precisa estar inserida em um campo mais amplo, o da formação de profissionais

para a educação profissional e tecnológica" (BRASIL, 2007b, p. 34). Em outras

palavras, a formação deve ultrapassar técnicas didáticas e ensino dos conteúdos e

obedecer a três eixos fundamentais, em constante interação e diálogo: "a)

conhecimentos específicos de uma área profissional; b) formação didático-político-

pedagógica; c) integração entre a EPT e a educação básica" (BRASIL, 2007, p. 35).

Nessa perspectiva, a formação de professores para atuar na educação profissional

técnica de nível médio necessita de um projeto político que apresente mudanças na

cultura pedagógica, rompendo com os conhecimentos fragmentados da cultura

tecnicista da lógica do mercado e da política econômica, e esteja em consonância

com a formação do sujeito para a vida em sociedade, o qual tenha, na sua formação

e atuação profissionais, a realização de seu projeto de vida.

Devido à política econômica e às privações financeiras sofridas pelo

Ministério da Educação, não houve, em 2013 e 2014, oferta de cursos na

modalidade a distância on-line, a qual fora autorizada pelo Conselho do CEFET-MG

somente no final de 2014.

Algumas percepções da autora deste trabalho sobre o cenário político-

econômico brasileiro permitiram inferir que as confusões, indecisões e paralisações

ocorridas no ano de 2015 impactaram diretamente os processos de funcionamento

dos cursos a distância. Inclusive, observou-se que muitas instituições realizaram o

vestibular, mas não receberam a tempo os recursos financeiros para levar o projeto

adiante.

Em 2016, houve eleição para a direção do CEFET – MG e modificações no

Ministério da Educação, que refletiram no projeto da Rede e-Tec. Com as mudanças

no governo, a Rede e-Tec transformou-se em MédioTec, que propunha a formação

Page 59: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

73

profissional em parceria com os setores produtivos, econômicos e sociais. O

governo estabeleceu que as vagas para os candidatos seriam definidas a partir do

mapeamento das necessidades do mundo do trabalho e de renda, consideradas as

prospecções de crescimento econômico e social das diferentes regiões brasileiras,

de forma que houvesse um equilíbrio entre os cursos e as demandas (BRASIL,

2017d). Assim, era o governo que informava quem seriam os estudantes e

desenhava, desse modo, o referido mapa. Nesse mapa, os centros tecnológicos

preenchiam as ofertas, que seriam encaminhadas para estados e municípios onde

se verificavam as demandas.

O Ministério da Educação estabeleceu que 70% das vagas fossem destinadas

aos estudantes em situação de vulnerabilidade social e que houvesse, no máximo,

15% de evasão e reprovação desse público. Desde então, não foi lançada nenhuma

turma no CEFET-MG, ou seja, a Instituição não aderiu ao Medio-Tec. No entanto,

ampliou-se o número de polos, criados quase todos dentro de unidades do CEFET-

MG, totalizando dez polos.

No final de 2017, a nova gestão promoveu melhorias e alterações na estrutura

física do Núcleo de Educação a Distância do CEFET-MG, o que refletiu, de forma

positiva, nas condições dos cursos oferecidos nessa modalidade. Em busca de

melhorar ainda mais a qualidade dos cursos, algumas inovações pedagógicas estão

em processo de implantação – como a mudança na metodologia dos projetos que

garante até 20% de atividades presenciais no polo, com aulas promovidas por um

professor mediador –, mas que dependem de abertura de concurso público ou

contratação por bolsa. Sem dúvida, trata-se de um dos desafios a serem vencidos,

pois, no momento, não há indicativos de que isso aconteça de imediato.

Percebe-se que a educação a distância on-line, atualmente implantada no

ensino profissional técnico oferecido no CEFET-MG, acompanhou a crescente

industrialização nacional e abarca hoje setores de serviços, novas tecnologias e

preocupações sociais. A Instituição compromete-se com a formação científica e

tecnológica, sintonizada com as exigências do mundo contemporâneo, a partir de

uma visão crítica da sociedade que auxilia os seus estudantes a se inserir de

maneira satisfatória no mundo do trabalho e nas múltiplas possibilidades e

demandas que a sociedade contemporânea apresenta.

Ainda há muito o que se fazer até que se alcance uma cultura pedagógica

que rompa com os conhecimentos fragmentados. Mas o ensino técnico-

Page 60: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

74

profissionalizante oferecido na modalidade a distância on-line, se bem conduzido,

poderá ser uma fonte de aprendizagem integral dos educandos, para além do

conhecimento meramente técnico.

Conforme apontado, o objeto desta pesquisa é o processo ensino-

aprendizagem na educação a distância on-line. Para investigá-lo, elegeu-se o curso

de Informática para Internet oferecido pelo CEFET-MG como campo de estudo, por

apresentar um projeto pedagógico diferenciado, que desenvolve práticas

diversificadas, no que se refere à oferta de cursos virtuais.

Assim, escolhido o campo de investigação, a pesquisa percorreu um caminho

na tentativa de conhecer, analisar, problematizar e interpretar as

elaborações/percepções construídas pelos sujeitos nas suas singularidades e

enunciações, chegando à compreensão do processo ensino-aprendizagem adotado.

No próximo capítulo, encontra-se o caminho escolhido para desenvolver a

pesquisa, os fundamentos adotados, os procedimentos de coleta e análise dos

dados.

Page 61: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

75

3 TRAÇADOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS: CENÁRIO, ESCOLHAS E

PERCURSOS

“Sou um experimentador no sentido em que escrevo para mudar a mim mesmo e não mais pensar na mesma coisa de antes.”

Michel Foucault

Projetar a metodologia de uma pesquisa é sempre um desafio a ser vencido,

pois é “necessário tomar decisões e averiguar se o objeto de estudo é ou poderá vir

a ser um fenômeno a ser tratado […] conjugando crenças, cotidiano, expectativas e

aspirações como um pensamento lógico e articulado com a experiência cotidiana"

(ROCHA, 2004, p. 30).

A capacidade de projetar é inerente ao homem. Criar novas condições de

existência para si implica estabelecer novo sistema de relações sociais e utilizá-lo

em combinações originais nas relações entre os corpos da natureza, de acordo com

as propriedades deles apreendidas e representadas nas ideias (SABBATINI, 1989).

A ação de projetar revela a capacidade do homem de conceber e superar seu

condicionamento mais primitivo, tendo em vista possibilitar meios necessários e

convenientes para o exercício da atividade em condições sociais (BONSIEPE,

1983). Nessa perspectiva, a metodologia aqui adotada para a proposta foi permeada

por escolhas que partiram de incertezas, mas que seguiram em direção à

exploração das percepções dos sujeitos que vivenciam a educação a distância on-

line, e, a partir delas, percorreram-se trilhas que favoreceram a criação de caminhos

analíticos, no sentido de encontrar indícios/premissas para inovações das práticas

educativas voltadas para o processo ensino-aprendizagem na modalidade on-line.

Para apoiar o estudo e guiar a produção de conhecimento, buscou-se a teoria

histórico-cultural, por considerar que, a partir dela, compreendem-se as

transformações que as tecnologias propiciam na sociedade e as enunciações dos

sujeitos e suas relações no seu processo social. Góes (2001, p. 21-22), ao abordar

as questões teórico-metodológicas vigotskianas, aponta que

Vygotsky propõe um programa metodológico que consiste em estudar o comportamento em mudança e as condições sociais de produção dessa mudança. Não podemos isolar o momento da ação de sua história nem isolar o sujeito do plano das interações. Trata-se de uma abordagem processual […].

Page 62: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

76

A autora explica que importa "focalizar, num dado momento, a relação entre o

nível de capacidade do sujeito e as ações intersubjetivas que podem afetar seus

conhecimentos e estratégias; é buscar identificar se e como novos recursos de

mediação emergem" (GÓES, 2001, p. 22). No entanto, ela sinaliza que tal

construção metodológica "não é simples e requer a superação de convicções

consagradas". Sua complexidade está no fato de as formulações teóricas estarem

apenas delineadas e outras serem lacunares e dependentes de um trabalho de

elaboração conceitual. De fato, a complexidade que envolve a produção de

conhecimento, em geral, exige dos pesquisadores um olhar cuidadoso em busca do

novo, do que complementa as lacunas e supera o estabelecido. Contudo, esse olhar

não pode ser neutro, porque, carregado de objetividade e atenção sensível, precisa

desenvolver contribuições para a sociedade.

Chizzotti (2006, p. 93) destaca que "cabe ao pesquisador o papel de conectar

o conhecimento local com o conhecimento científico e gerar novo conhecimento que

contribua diretamente para melhorar uma situação dada". Comprometida com esse

posicionamento, esta pesquisa, de caráter qualitativo e histórico-cultural, busca uma

dinâmica dialógica expressa na relação entre a realidade vivenciada pelos sujeitos

pesquisados e o objeto de conhecimento, retratando a relação homem-mundo a

partir da mediação que favorece o processo ensino-aprendizagem.

Por considerar a educação a distância on-line como uma modalidade ainda

muito carente de compreensão, como já expresso anteriormente na Introdução do

trabalho, objetivou-se, neste estudo, investigar, a partir das expressões dos sujeitos,

de que forma os pressupostos da concepção de zona de desenvolvimento iminente

(ZDI) podem fornecer subsídios para o processo ensino-aprendizagem no ambiente

virtual. Buscou-se, por meio das percepções dos sujeitos e das observações e

anotações do ambiente on-line, estudar e compreender suas potencialidades,

fragilidades e contribuições na construção do conhecimento.

Os procedimentos metodológicos de investigação adotados para o estudo,

predominantemente qualitativo, consistiram na análise das condições objetivas e

subjetivas presentes no campo institucional da educação a distância on-line. Minayo

(1992) explica que a metodologia qualitativa pressupõe as concepções

epistemológicas e teóricas adotadas, em consonância com as técnicas que

permitem apreender o mundo social e cultural em sua complexidade, e a capacidade

de articular os conceitos e categorias teóricas com o material empírico, ou seja, com

Page 63: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

77

a realidade que será analisada a partir das expressões dos sujeitos – neste caso, o

processo ensino-aprendizagem no ambiente virtual. Assim, a metodologia qualitativa

é aquela que trata o significado e a intencionalidade como inerentes aos atos, às

relações e às estruturas histórico-culturais. O enfoque dessa metodologia, enquanto

proposta teórico-metodológica, torna explícitos os significados do comportamento

social do ponto de vista dos indivíduos e da coletividade, o que foi ao encontro da

intenção da pesquisa que se propôs desenvolver.

Chizzotti (2006) concebe a atividade pesquisadora como uma forma de

ensino-aprendizagem que contribui para trazer novas questões teóricas, apoiadas

por procedimentos metodológicos adequados, que permitem uma aproximação com

o objeto de estudo.

O termo qualitativo implica partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível e, após este tirocínio, o autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência científica, os significados patentes ou ocultos de seu objeto de pesquisa (CHIZZOTTI, 2006, p. 28-29).

No estudo qualitativo, a totalidade do que se coleta visa, em última instância,

atingir o conhecimento de um fenômeno histórico significativo em sua singularidade,

pressupondo que um número limitado de casos seja expressivo em uma situação

social mais abrangente. Nessa perspectiva, a escolha da metodologia qualitativa não

se fez em oposição à quantitativa, uma vez que foram utilizados dados estatísticos

para mapear a realidade observada (MINAYO, 1992).

3.1 A pesquisa empírica: campo e procedimentos de investigação

Como expresso no segundo capítulo deste trabalho, foi escolhido para campo

de estudo o curso de Informática para Internet oferecido no Centro de Educação

Tecnológica de Minas Gerais, situado na cidade de Belo Horizonte, pois se trata de

uma Instituição respeitada, com um histórico consolidado no cenário da educação

técnico-profissionalizante, sendo responsável pela formação de milhares de

profissionais brasileiros. Também pesou nessa escolha a presença de estudantes

jovens, com idade entre dezessete e vinte anos, e/ou adultos, cujas estruturas

cognitivas encontram-se em condições de realizarem metacognição, possibilitando a

Page 64: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

78

identificação de semelhanças e diferenças de pensamento e uma variedade de

formas de compreender a realidade.

Mais especificamente, a escolha do curso de Informática para Internet se deu

pelo caráter diferenciado de seu projeto pedagógico, que assume, do ponto de vista

epistemológico, uma concepção humanista de educação e compreende o processo

ensino-aprendizagem como promotor do desenvolvimento de capacidades

cognitivas do sujeito, por meio da ação intencional dos professores/tutores e da

interação dos estudantes com os seus pares. A acessibilidade aos sujeitos, no

tocante à compreensão do processo de mediação, também pautou a escolha do

curso de Informática para Internet. Como se trata de um curso ligado à tecnologia,

consideraram-se seus estudantes como população provavelmente apta a se

apropriar melhor e mais rapidamente dos recursos disponibilizados no ambiente

virtual de ensino-aprendizagem.

Importa destacar que, nesse curso, uma equipe de professores atua em

conjunto na formação dos estudantes. Há, por exemplo, o professor

pesquisador/formador, que planeja e elabora o conteúdo da disciplina; o tutor

mediador virtual, que avalia e apoia a organização das atividades virtuais e

presenciais; o professor mediador presencial, que organiza e executa as atividades

presenciais; o tutor, que organiza o ambiente virtual, acompanha e auxilia os

estudantes, orientando-os quando têm dúvidas; e o professor tutor presencial, que

acompanha e auxilia os estudantes no processo de aprendizagem, mediando a

comunicação de conteúdo (CEFET-MG, 2015).

3.2 Sujeitos participantes da pesquisa

Para a realização da pesquisa, foram convidados os professores, os tutores e

os estudantes matriculados no segundo módulo do curso de Informática para

Internet. Os sujeitos participantes da pesquisa se inscrevem em dois tipos de

condição social e de relações: os professores/tutores, aqueles que preparam o

conteúdo a ser ensinado e acompanham o processo ensino-aprendizagem em um

curso, e os estudantes, aqueles que estão matriculados no curso para adquirir

conhecimento profissional. Embora os tutores dos ambientes virtuais de ensino-

aprendizagem não sejam os responsáveis diretos pelas disciplinas oferecidas no

curso, eles foram considerados como tais nesta pesquisa, por causa de sua

Page 65: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

79

responsabilidade no tocante ao processo mediador presencial e on-line e por

atuarem mais próximo aos estudantes.

O corpo de profissionais do curso estava composto por catorze profissionais,

sendo três professores formadores, nove tutores mediadores e um tutor a distância e

um tutor presencial. No período de coleta de dados, constavam, na plataforma, 198

estudantes matriculados; desses, porém, apenas 58 estavam ativos, número

considerado pela pesquisa. Foram organizados, portanto, dois grupos de sujeitos:

um, composto pelos professores e tutores e outro, pelos estudantes.

Foram enviadas à plataforma duas mensagens, uma para cada um dos

grupos de sujeitos, explicando-lhes o objetivo da investigação e convidando-os a

participar voluntariamente. Do grupo dos professores/tutores, treze sujeitos

responderam ao convite, e apenas um não participou da pesquisa. Do grupo dos

estudantes ativos, trinta e um aceitaram participar, o que correspondeu a 53% desse

público. Nenhum dos sujeitos participantes foi identificado.

3.3 Instrumentos e procedimentos para a coleta dos dados

Para a coleta de dados, optou-se por dois instrumentos: os questionários e a

observação. O questionário foi inspirado no instrumental utilizado na pesquisa

desenvolvida por Freitas e Ortega (2015)21, e adaptado para atender ao objetivo da

investigação aqui proposta. A opção por esse instrumental se justifica por possibilitar

conhecer diferentes dimensões do processo ensino-aprendizagem, a partir do olhar

dos sujeitos implicados nesse processo. Foram construídos dois questionários

(APÊNDICES A e B), um para cada grupo de sujeitos, levando em consideração as

suas particularidades, mas permitindo uma análise comparativa entre as respostas

dos sujeitos. De forma geral, os dois questionários foram divididos em três blocos de

perguntas.

O primeiro bloco, denominado “lugar de fala”, foi composto por perguntas

objetivas, que fizeram o levantamento de dados sociais, econômicos e culturais dos

sujeitos para possibilitar o conhecimento das características do grupo social dos

participantes da pesquisa, seu percurso histórico, tradições e hábitos. Conforme

21 A pesquisa desenvolvida teve como objetivo fazer um diagnóstico sobre o processo ensino-

aprendizagem no curso de Serviço Social da PUC Minas. Encontra-se disponível em: <https://issuu.com/gipedsm/docs/ss_-_diagnostico_processo_ensino_ap>.

Page 66: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

80

aponta Vygotsky (1931a), "o indivíduo só existe como um ser social, como um

membro de algum grupo social em cujo contexto ele segue o caminho de seu

desenvolvimento histórico". Por isso, considerou-se relevante conhecer o contexto

socioeconômico e socioformativo dos sujeitos.

São contextos de tradições significativamente distintos, porque constituem o mundo de quem "absorve" os efeitos das iniciativas institucionais de ensino-aprendizagem, nesse caso os estudantes, ou os contextos que constituem o mundo de quem elabora e implementa as iniciativas institucionais, também nesse caso, os professores (FREITAS; ORTEGA, 2015, p. 22).

O segundo bloco do questionário foi composto por perguntas objetivas, que

levantaram informações sobre as condições didático-pedagógicas do ambiente on-

line de ensino-aprendizagem do curso. Considerou-se relevante esse levantamento

por permitir conhecer os usos e aplicações pedagógicas das ferramentas

disponibilizadas no ambiente on-line e o modo como os sujeitos delas se apropriam

para construir o conhecimento.

O terceiro bloco foi composto de perguntas discursivas, procurando identificar

as expressões dos sujeitos sobre o processo ensino-aprendizagem, considerado

como eixo principal da pesquisa. As perguntas foram organizadas em torno dos

seguintes eixos: as expressões dos estudantes e dos professores/tutores e o

ambiente virtual de ensino-aprendizagem on-line. Objetivou-se conhecer, analisar,

entender e problematizar as elaborações construídas pelos sujeitos nas suas

singularidades, interpretando as enunciações de professores/tutores e de estudantes

do campo escolhido. O organograma apresentado na Figura 2 demonstra as

referências que serviram de base para a estruturação das perguntas desse bloco e

possibilitaram a exploração das expressões dos sujeitos.

Figura 2 – Eixos da investigação

Fonte: Elaborada pela autora, 2018.

Page 67: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

81

Assim, as premissas que orientaram a proposição desse bloco de perguntas

foram:

a) as expressões/percepções dos estudantes sobre as principais dificuldades

inerentes à sua própria aprendizagem e suas alternativas para superá-las;

b) as expressões/percepções dos estudantes sobre as principais dificuldades

encontradas para a aprendizagem em relação ao processo ensino-

aprendizagem no ambiente on-line e suas alternativas para vencê-las;

c) as expressões/percepções dos professores/tutores sobre as principais

dificuldades dos estudantes e as alternativas que os próprios estudantes

podem dispor para ultrapassá-las; e

d) as expressões/percepções dos professores/tutores sobre as principais

alternativas que eles e a estrutura do ambiente on-line podem dispor para

contribuir com a melhoria das condições do processo ensino-

aprendizagem e sobre os indicativos de auxílio promovido por meio dos

artefatos tecnológicos no ambiente simulado para a aprendizagem dos

estudantes.

Nesse sentido, os questionários da coleta de dados sobre o processo ensino-

aprendizagem foram estruturados em dois eixos, conforme Figura 3: condições dos

estudantes e curso on-line.

Figura 3 - Organização dos eixos estruturantes da investigação

Fonte: Adaptada de Freitas e Ortega, 2015.

Page 68: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

82

A partir desses eixos, foram estabelecidas duas perguntas sobre as

condições dos estudantes para a aprendizagem e quatro perguntas sobre o curso.

Além delas, organizou-se um conjunto de catorze perguntas sobre o processo

ensino-aprendizagem, com a intenção de obter o material para as análises.

No tocante ao eixo condições dos estudantes, as perguntas apresentadas

foram: i) quais são as "principais dificuldades pessoais" que você tem para a

aprendizagem?; ii) o que "depende de você" para melhorar a sua aprendizagem?. As

perguntas foram as mesmas para os dois grupos de sujeitos, mas, no questionário

para os professores/tutores, foi feita uma adequação da linguagem: i) na sua

percepção, quais são as "principais dificuldades pessoais" que o estudante tem para

a aprendizagem?; ii) na sua percepção, o que "depende do estudante" para melhorar

a sua aprendizagem?. Para os professores/tutores foi acrescentada uma pergunta: o

que o professor/tutor pode fazer para melhorar o processo de aprendizagem dos

estudantes no ambiente on-line?.

Para o eixo curso foram estabelecidas duas perguntas sobre o AVEA e duas

mais gerais sobre o curso de Informática para Internet. No caso dos estudantes, as

perguntas foram: i) o que tem no ambiente on-line de ensino-aprendizagem que

"mais te ajuda" a ter sucesso nos teus estudos?; ii) o que tem no ambiente on-line de

ensino-aprendizagem que "mais atrapalha" seu sucesso nos estudos?; iii) quais são

as "principais dificuldades para aprender" que você encontra no curso Informática

para Internet?; e iv) quais são os "principais incentivos para aprender" que você

encontra no curso Informática para Internet?. No caso dos professores/instrutores,

as perguntas foram: i) quais são os "principais incentivos” que os estudantes

encontram para sua aprendizagem no curso Informática para Internet?; ii) na sua

percepção, o que pode ser feito no curso para melhorar a aprendizagem dos

estudantes?.

Para o eixo processo ensino-aprendizagem, estabeleceram-se três categorias

de análise para as respostas dos professores/tutores: metodologia, interação e

concepção pedagógica; e três para as respostas dos estudantes: metodologia,

ferramentas do AVEA e interação. A partir delas foi preparado um conjunto de

perguntas abertas e fechadas que permitiram conhecer as percepções dos sujeitos

sobre o processo ensino-aprendizagem on-line. Por fim, foi realizada, por três

meses, uma observação do ambiente virtual de ensino-aprendizagem, a qual

analisou três eixos: metodologias, materiais/ferramentas e interações.

Page 69: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

83

Em síntese, a organização dos questionários propôs uma sequência de

perguntas sobre as condições que informam as características integrantes do “lugar

de fala” dos sujeitos, com base em dados objetivos de sua realidade, seguida de

outra sequência de perguntas, elaboradas com o objetivo de coletar informações

sobre as condições do ambiente virtual de ensino-aprendizagem, e, por fim, a

sequência de perguntas discursivas no âmbito de suas percepções sobre ensinar-

aprender. Assim, foram considerados:

I. o conjunto de percepções de professores/tutores e de estudantes sobre o

ambiente educacional em que se inserem e o levantamento das

implicações pedagógicas relacionadas ao eixo ensino-aprendizagem;

II. o ambiente virtual de ensino-aprendizagem e suas condições de

interação/mediação entre professores/tutores e estudantes, considerando-

se as diferentes percepções dos sujeitos sobre as ações pedagógicas

realizadas na educação a distância on-line; e

III. os fatores culturais que influenciam o uso dos artefatos tecnológicos do

ambiente virtual enquanto mediadores da gestão pessoal da

informação/conhecimento, da motivação e da aprendizagem.

Com base nessas referências foi possível fazer um mapeamento das práticas,

crenças, valores e sistemas classificatórios do campo social em que os

professores/tutores e estudantes se inserem, coletar indícios e evidências de como

percebem e conferem significado à sua realidade e como estabelecem as relações

dentro dos grupos, no sentido de aprofundar a compreensão que eles têm do

processo ensino-aprendizagem on-line.

Os questionários foram elaborados em Formulários da plataforma Google, e o

link gerado foi enviado por meio eletrônico, utilizando-se o próprio ambiente virtual

do curso, que deveria ficar disponível para as respostas entre os meses de setembro

a dezembro de 2018. No entanto, o baixo número de participantes no grupo dos

estudantes gerou a necessidade de envio de novo convite e a extensão do prazo até

janeiro de 2019. Portanto, todos os implicados foram convidados, mas nem todos

responderam ao convite para participar da pesquisa. Para responder ao

questionário, os sujeitos não precisaram se identificar, permitindo que os

respondentes ficassem mais à vontade e mantivessem sua privacidade.

Page 70: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

84

Além do questionário, utilizou-se da observação do ambiente virtual, uma vez

que ela permitiria enxergar o comportamento dos participantes dentro do ambiente

on-line e captar diferentes aspectos do processo ensino-aprendizagem. Importa

ressaltar que a observação não entrou em conflito com os outros instrumentos

adotados, mas, inclusive, possibilitou evidências adicionais para uma triangulação

entre os dados coletados nos diferentes instrumentos e contribuiu para um estudo

mais consistente e aprofundado da pesquisa. A observação do ambiente virtual de

ensino-aprendizagem utilizou um check list (APÊNDICE C) que guiou o olhar da

pesquisadora e a organização dos dados coletados, destacando-se as informações

retiradas do AVEA, as anotações sobre o uso da ferramenta fórum, a sumarização e

a reflexão sobre o material coletado, à luz do referencial teórico histórico-cultural e

da zona de desenvolvimento iminente.

3.4 Procedimentos para o tratamento e análise dos dados

Com o encerramento do prazo dado aos grupos para responder aos

questionários, os gráficos das perguntas objetivas foram gerados automaticamente

pela ferramenta do Google e com eles deu-se início à organização de quadros,

tabelas e novos gráficos.

Para a organização das perguntas discursivas, procedeu-se à transcrição

digitalizada das respostas dos sujeitos às questões discursivas, feita de modo fiel ao

texto original, sem alterações linguísticas ou gramaticais, e à utilização do programa

Statistical Package for Social Science (SPSS) para a geração das sínteses

tabulares, possibilitando o cruzamento de informações na fase da análise e

interpretação, ou à medida do interesse e aprofundamento sobre determinados

aspectos relacionados.

Por meio da pesquisa qualitativa e histórico-cultural e a partir de um

movimento dialógico que permitiu compreender as condições do processo ensino-

aprendizagem virtual, buscou-se considerar a relação existente entre as condições

dos sujeitos pesquisados e o ambiente on-line. Por tal via, procurou-se caminhar ao

lado de outros pesquisadores da área que intencionaram compreender os produtos

histórico-culturais remetidos ou que estão submetidos às condições sociais que os

engendraram. Dito de outro modo, propôs-se compreender o contexto pedagógico

de ensino-aprendizagem a partir do entendimento de que a “interpretação contínua

Page 71: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

85

do processo de mediações e interações realizadas entre o sujeito e o objeto é

fundamental para a produção e avanço do conhecimento.” (SPINK, 1994, p. 121).

Para as análises, utilizou-se a teoria de hermenêutica de profundidade de

Thompson (2011, p. 360), para quem, em consonância com Vigotski, "os sujeitos

que constituem parte do mundo social estão sempre inseridos em tradições

históricas". Sobre tais bases, o objeto da pesquisa, isto é, as expressões de

professores/tutores e estudantes sobre o processo ensino-aprendizagem no

ambiente da educação a distância on-line, foi analisado, tendo em vista o contexto

das tradições e mediações histórico-sociais da realidade em que estão inseridos. A

escolha da teoria de Thompson (2011) se deu porque o autor apresenta um

importante conjunto de ferramentas teórico-metodológicas que inclui formas de

análise complementares voltadas para a interpretação dos modos como as formas

simbólicas são produzidas, processadas e colocadas em circulação na sociedade. O

pesquisador concorda com pensadores como Dilthey, Heidegger, Gadamer e

Ricoeur, que lembram que o "estudo das formas simbólicas é fundamental e

inevitavelmente um problema de compreensão e interpretação". Para ele, "Formas

simbólicas são construções significativas que exigem uma interpretação; elas são

ações, falas, textos, que, por serem construções significativas, podem ser

compreendidas" (THOMPSON, 2011, p. 357, grifo do autor).

Thompson (2011) argumenta que, embora haja vários tipos de análise formal,

estatística e objetiva perfeitamente apropriados para a análise social e de formas

simbólicas construídas pelos sujeitos, eles constituem um enfoque parcial de análise

de tais fenômenos. Segundo o autor, os processos de compreensão e interpretação

devem ser vistos não como uma dimensão metodológica que exclua radicalmente

uma análise formal ou objetiva, mas como uma dimensão que lhes seja, ao mesmo

tempo, complementar e indispensável, ainda que, na investigação social,

diferentemente das outras áreas, o objeto de investigação seja, ele mesmo, um

"território pré-interpretado". Em outros termos, para Thompson (2011, p. 258),

O mundo sócio-histórico não é apenas um campo-objeto que está ali para ser observado; ele é também um campo-sujeito que é constituído, em parte, por sujeitos que, no curso rotineiro de suas vidas quotidianas, estão constantemente preocupados em compreender a si mesmos e aos outros, e em interpretar as ações, falas e acontecimentos que se dão ao seu redor.

Page 72: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

86

Thompson explica que tentar compreender os fenômenos é algo que o

homem faz desde sempre, e que os pesquisadores trabalham sobre as bases

preestabelecidas da compreensão cotidiana. Isso significa que, ao interpretar uma

forma simbólica, os estudiosos se deparam com um objeto que pode ser, ele

mesmo, uma interpretação dos sujeitos que constroem o campo-objeto.

A hermenêutica concebe os sujeitos que constituem o campo-sujeito-objeto

como "os próprios analistas sociais, sujeitos capazes de compreender, de refletir e

de agir fundamentados nessa compreensão e reflexão" (THOMPSON, 2011, p. 359).

Assim, compreende-se que os objetos e expressões que emergem no campo social

são formas simbólicas que podem ter sido interpretadas pelos sujeitos que

constroem o campo-objeto. Nesse caso, a realidade interpretada pelo pesquisador

pode ser considerada uma interpretação de uma interpretação, ou reinterpretação de

um campo pré-interpretado (FREITAS, 2008).

Outra concepção trazida pela hermenêutica é a compreensão do sujeito como

inserido em tradições históricas. Não se trata apenas de um observador, mas de

alguém atuante, transformador, capaz de compreender, refletir e agir sobre o seu

campo social, repassando e transmitindo valores e significados de uma geração a

outra. É nessa ótica que Thompson propõe a hermenêutica de profundidade:

a análise cultural pode ser elaborada como um estudo das formas simbólicas em relação aos contextos e processos historicamente específicos e socialmente estruturados dentro dos quais, e através dos quais, essas formas simbólicas são produzidas, transmitidas e recebidas (THOMPSON, 2011, p. 363).

A hermenêutica de profundidade considera o objeto de investigação como um

campo pré-interpretado, conforme dito, e utiliza a entrevista, a observação e outros

tipos de instrumentos de pesquisa para reconstruir as maneiras como as formas

simbólicas são interpretadas e compreendidas nos diferentes contextos da vida

social. Ela é concebida como um "referencial metodológico geral para análise dos

fenômenos culturais, isto é, para a análise das formas simbólicas em contextos

estruturados" (THOMPSON, 2011, p. 33) e favorece a compreensão do contexto que

esta tese se propõe investigar.

A Figura 4 apresenta o modelo proposto por Thompson:

Page 73: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

87

Figura 4 – Formas de investigação da hermenêutica de profundidade

Fonte: Thompson (2011, p. 365).

A formulação de Thompson tem em Habermas seu principal interlocutor.

Como é possível perceber na Figura 4, o autor propõe os seguintes procedimentos:

i) análise histórico-cultural, que realiza a "hermenêutica da vida quotidiana", ou

"interpretação da Doxa22", e, por meio de questionário e observação, busca-se

desvendar a "pré-interpretação" feita pelos participantes do próprio campo; ii) análise

formal, que procede a uma ruptura metodológica com essa interpretação; iii)

interpretação/reinterpretação, em que ocorre a "hermenêutica de profundidade", a

partir de análise histórico-cultural, procurando "reconstruir as condições e os

contextos de produção, circulação e recepção das formas simbólicas" para examinar

as "regras e convenções, as relações sociais e instituições, e a distribuição de

poder, recursos e oportunidades em virtude das quais esses contextos constroem

campos diferenciados e socialmente estruturados" (THOMPSON, 2011, p. 33).

Nesta etapa, surge o "potencial crítico" da interpretação, isto é, a possibilidade de

produzir uma ruptura entre a pré-interpretação e a reinterpretação, ou entre a

superficialidade e a profundidade. Thompson, no entanto, esclarece que essas três

22 Segundo o dicionário on-line Houaiss, doxa é uma “palavra grega que significa crença comum ou

opinião popular e de onde se originaram as palavras modernas ortodoxo e heterodoxo”; reunião dos pontos de vista que uma determinada sociedade elabora numa dada circunstância histórica, julgando ser uma ação evidente.

Page 74: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

88

fases ou procedimentos não devem ser vistos como estágios separados de um

método sequencial, mas numa perspectiva analítica distinta de um processo

interpretativo complexo. Assim, inicialmente, houve um esforço para apresentação

dos dados de identificação social dos sujeitos, os quais foram descritos e

organizados segundo um conjunto seletivo e específico de propriedades, mas sem

relações e classificações entre elas. Apenas se apresentou os dados e os descreveu

para se compor um esquema exploratório. Em seguida, procedeu-se a segunda

etapa apresentando novos elementos das percepções dos sujeitos, descrevendo,

retomando e explorando os dados, conduzindo-se para um ordenamento conceitual.

Na sequência, as análises realizadas na segunda fase foram retomadas na terceira,

levantando-se os pontos conclusivos identificados e de maior significado que

guiaram as interpretações da pesquisadora, não de forma linear, mas ao longo das

análises descritivas, permeados ao ordenamento e fragmentados na teorização.

3.4.1 Primeira fase da análise dos dados

Na pesquisa, a primeira fase da hermenêutica de profundidade constituiu-se

no “lugar de fala” dos sujeitos, no qual foram identificadas as construções simbólicas

da cultura e do modo de vida. Por meio da análise sócio-histórica, foi possível

compreender as características do modo de vida que constitui os sujeitos.

3.4.2 Segunda fase da análise dos dados

Na segunda fase, chamada por Thompson de análise formal ou discursiva,

buscou-se organizar as expressões dos sujeitos por categorias, separando as

expressões a partir dos quatro eixos:

I. as principais dificuldades dos estudantes, inerentes à própria

aprendizagem e suas alternativas para superá-las;

II. as principais dificuldades encontradas pelos estudantes para a

aprendizagem em relação ao processo ensino-aprendizagem no ambiente

on-line e suas alternativas para vencê-las;

III. as principais dificuldades dos estudantes do ponto de vista dos

professores/tutores e as alternativas que os próprios estudantes podem

dispor para ultrapassá-las; e

Page 75: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

89

IV. as principais alternativas que os professores/tutores e a estrutura do

ambiente on-line podem dispor para contribuir com a melhoria das

condições do processo ensino-aprendizagem e os indicativos de auxílio

promovido por meio dos artefatos tecnológicos no ambiente on-line para a

aprendizagem dos estudantes.

Bardin (2008) explicita que a técnica de análise de conteúdo consiste num

conjunto de procedimentos sistemáticos e objetivos que viabilizam a descrição do

conteúdo, possibilitando o levantamento de indicadores quantitativos ou não, que

permitem a inferência de conhecimentos mais significativos para a pesquisa.

Segundo Gomes (2001, p. 75-76), “Cronologicamente, a análise de conteúdos

pode abranger as seguintes fases: pré-análise, exploração do material, tratamento

dos resultados obtidos e interpretação”. Ele explica que, na primeira fase,

geralmente se organiza o material que será analisado em conformidade com os

objetivos do estudo e se definem as unidades, que podem ser de registro ou de

contexto, com trechos que são mais significativos, e categorias. O autor sugere que

se faça uma leitura do material para conhecer sua estrutura, descobrir orientações

de análise e registrar as mensagens. Na segunda fase, aplica-se o que foi definido

na fase anterior, e pode ser necessário fazer várias (re)leituras de um mesmo

material até que se constitua um ordenamento conceitual. A terceira fase se

configura, em geral, como um tratamento quantitativo das evidências conceituais

para se “desvendar o conteúdo subjacente ao que está sendo manifesto”. O autor

explica que não há necessidade de se excluir as informações estatísticas (GOMES,

2001, p. 76). A partir dessa proposta, os dados coletados foram organizados por

grupo de sujeitos e categorizados a partir das unidades de contexto expressas nas

respostas às perguntas.

3.4.3 Terceira fase da análise dos dados

Na terceira fase, procedeu-se à interpretação/reinterpretação, última etapa

analítica da hermenêutica de profundidade, na qual se retomaram as análises

realizadas na segunda fase, levantando-se os pontos conclusivos identificados e de

maior significado que guiaram as interpretações da pesquisadora. Como esclarece

Thompson (2011), vale reforçar, essa fase corresponde ao momento em que surge o

Page 76: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

90

"potencial crítico", que possibilita uma ruptura entre a pré-interpretação e a

reinterpretação. Com a análise, foi possível conhecer a percepção dos sujeitos sobre

o campo em que se inserem e os campos de atuação que são introduzidos pelo

ambiente, historicamente reproduzidos.

A pesquisa desenvolvida, consoante à proposta delineada, exigiu da

pesquisadora percorrer um caminho guiado pela vigilância epistêmica, possibilitando

o distanciamento necessário à investigação, sem que se perdessem de vista, porém,

os elementos constituintes do processo histórico-cultural em que os sujeitos estavam

inseridos. Pretendeu-se ainda estabelecer um diálogo com as concepções teóricas

escolhidas para o estudo, buscando compreender, pelo viés dialético, o processo

ensino-aprendizagem on-line.

Na Figura 5, apresenta-se um fluxograma do processo metodológico, para

auxiliar o entendimento do percurso da pesquisa.

Figura 5 - Fluxograma da organização da pesquisa

Fonte: Organizada pela autora, 2017.

No próximo capítulo, encontra-se a pesquisa teórica sobre Vigotski, sua teoria

histórico-cultural e os pressupostos por ele desenvolvidos para o conceito mediador

de zona de desenvolvimento iminente, elemento importante para a compreensão do

processo ensino-aprendizagem na educação a distância on-line.

Page 77: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

91

4 VIGOTSKI E A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL

“Ao pensamento não é possível dedicar-se arbitrariamente. Ele precisa ser atiçado como é o fogo por uma corrente de ar.”

Arthur Schopenhauer

4.1 Vigotski: considerações sobre sua biografia

Lev Semyonovich Vigotski nasceu em 1896, numa família judia de classe

média, bastante próspera e culta, que se dedicou a educá-lo da melhor maneira

possível. Durante muitos anos, ele teve um preceptor e, somente na juventude, foi

estudar num instituto judaico (KOZULIN, 2003). Por ter viajado muito desde a

infância, aprendeu diferentes idiomas, como o francês e o alemão. Ledesma (2014,

p. 4), diz que o preceptor de Vigotski utilizava técnicas de ensino apoiadas nos

diálogos socráticos, considerados “aparentemente o que despertava sua

imaginação, criatividade e influência em seu aprendizado”23. Vigotski foi estudante de

Medicina, mas interrompeu o curso para estudar Direito na Universidade de Moscou.

Paralelamente, estudou Literatura e História da Arte. Enquanto estudante, escreveu

um trabalho intitulado “Psicologia da arte”, que só foi publicado muitos anos depois.

Foi o primeiro de uma série de trabalhos escritos sobre críticas literárias envolvendo

os aspectos psicológicos, o que já indicava seu interesse pela temática

(VYGOTSKY; LURIA; LEONTIEV, 2010). Significativamente, apesar de graduado em

Direito, Vigotski nunca exerceu profissões associadas a esse domínio, preferindo

trabalhar no campo das letras e dedicando-se, mais especificamente, aos aspectos

psicológicos (LEDESMA, 2014).

Segundo Kozulin (2003), Vigotski nasceu sob o regime dos czares russos e

vivenciou diferentes momentos políticos que exerceram forte influência sobre ele e

que estão presentes em suas obras. Desde muito jovem, esteve envolvido com

questões políticas e com os acontecimentos que levaram a Rússia à revolução

comunista de 1917, provocando um momento crítico da história em que a fome, a

miséria e o trabalho beirando a escravidão eram predominantes. O contexto em que

Vigotski viveu ajuda a explicar o rumo que seus estudos tomaram.

Sua juventude e o início de sua vida adulta foram marcados por um clima

intelectual profícuo nas artes, na literatura e nas ciências e pelas amizades com

23 Tradução livre de “aparentemente lo que despertaba su imaginación, creatividade e influencia em

su aprendizaje”.

Page 78: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

92

pensadores e cineastas que impactaram toda sua formação. Após a revolução,

Vigotski intensificou seus estudos, que encontraram na psicologia a condição

propícia para reflexões e pesquisas sobre a relação entre o nível de escolaridade e

conhecimento e a influência das tradições no desenvolvimento cognitivo. As ideias

desenvolvidas refletem o desejo por uma nova psicologia, expresso no diálogo que

ele estabeleceu com a teoria marxista, fundamental para o desenvolvimento da

psicologia, em especial na União Soviética. Em suas análises sobre o papel da

cultura no desenvolvimento intelectual, adotou o método dialético, que desagradou

os defensores da luta de classes (DUARTE, 2001).

É importante mencionar que Vigotski teve uma intensa paixão pela filosofia de

Marx, Engels, Spinoza, Descartes e Hegel. Os dois primeiros foram os que mais

influenciaram seu pensamento e seu método de conduzir pesquisas. As concepções

de Engels sobre o trabalho humano e o uso de instrumentos como meios pelos

quais o homem transforma a natureza e a si mesmo numa perspectiva da evolução

das espécies, bem como as contribuições de Marx sobre as influências das

mudanças históricas da sociedade e da vida material na consciência e

comportamento humanos, despertaram o interesse de Vigotski pela psicologia

(LEDESMA, 2014). David Vygotsky, seu primo, também exerceu boa influência

sobre o estudioso, pois era mais velho e muito envolvido com as questões políticas

da época (KOZULIN, 2003).

Vigotski começou sua carreira como professor num curso de Psicologia e

centrou suas pesquisas na compreensão dos processos mentais humanos. Pouco

tempo depois, já participava de congressos, apresentando os resultados de seus

estudos sobre os processos mentais de crianças com necessidades educacionais

especiais (VYGOTSKY; LURIA; LEONTIEV, 2010). Seu interesse pelas funções

mentais superiores, cultura, linguagem e processos orgânicos cerebrais o levou a

trabalhar com pesquisadores neurofisiologistas como Alexander Luria e Alexei

Leontiev, que legaram importantes contribuições sobre os processos psicológicos

analisados a partir da infância e do seu contexto histórico-cultural. Vigotski faleceu

em 1934, vítima de tuberculose, deixando uma obra por concluir e muito a se

descobrir (KOZULIN, 2003).

Os estudos realizados por Vigotski foram gerados num mundo em mudança.

A Rússia passava por uma fase revolucionária, durante a formação de um novo

sistema estatal. Naquele período, Vigotski trabalhou com grupos de crianças e

Page 79: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

93

adultos com deficiências no desenvolvimento. Esse trabalho também influenciou o

conteúdo de suas ideias científicas, especialmente as relacionadas ao

desenvolvimento humano. Tais ideias traziam novas maneiras de superar as

violações e deslocamentos vividos por aquelas pessoas, que também se

encontravam inseridas na cultura, participando de um sistema de relações sociais.

Sabe-se que Vigotski chegou à ciência quando ela estava numa profunda

crise metodológica. Para resolver o problema, que também se apresentava no

campo da psicologia, ele introduziu o método de modelagem genética e a ideia de

unidade de análise. Isso provocou certo incômodo nos pesquisadores e, até hoje, é

uma das causas da dificuldade em se compreender os seus textos (KOZULIN,

2003). Segundo Kozulin, Vigotski procurou criar sua teoria num contínuo diálogo

direto ou por correspondência com um grande número de autores, filósofos,

psicólogos e linguistas, e muitos conceitos que ele utilizou em sua obra foram

emprestados de outras teorias, adquirindo um novo enfoque.

A dificuldade na leitura da obra de Vigotski também se deve ao fato de que

nem todos seus textos hoje publicados estão completos ou bem traduzidos

(PRESTES, 2010). As referências de Vigotski às obras de Marx e Engels, por

exemplo, foram excluídas da primeira tradução inglesa completa do livro “Thinking

and Speech”, publicado em russo pela primeira vez em 1934, e o próprio título da

obra, como se nota, foi traduzido como “Pensamento e linguagem”, e não como

“Pensamento e fala” (DUARTE, 2001; PRESTES, 2010). Felizmente, com as

mudanças no contexto sociopolítico, hoje se tem uma nova compreensão da obra de

Vigotski, ainda que muitos de seus trabalhos, como monografias, textos de

relatórios, transcrições de palestras, materiais preliminares, resumos e anotações,

não tenham sido publicados – trabalhos que, talvez, não fosse a intenção de Vigotski

divulgar. Às dificuldades já mencionadas, acrescentam-se a evolução muito rápida

de suas ideias de um trabalho para outro, ocorrida num prazo de dez anos, e a

publicação de seus textos fora de uma ordem cronológica.

Observa-se que Vigotski viveu e trabalhou, simultaneamente, em dois

contextos na Rússia: durante uma revolução, a que sobreviveu e em que foram

criados um novo sistema político e um novo sistema educacional, e durante o

desenvolvimento da ciência mundial, que também estava em crise (VEER, 2007).

Mergulhado nesses contextos, Vigotski considerou a cultura como mediadora da

atitude de uma pessoa em relação ao mundo e a si mesmo. Em outras palavras,

Page 80: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

94

trata-se da ideia de meios culturais como ferramentas simbólicas. Essa

compreensão da cultura foi apresentada em seus trabalhos sobre a história do

desenvolvimento das funções mentais superiores (COLE; GAJDAMASCHKO, 2007).

Não resta dúvidas de que Vigotski foi um importante teórico, pioneiro no

estudo sobre o papel das interações sociais no desenvolvimento intelectual, e que

deixou um rico material de pesquisa, tendo, infelizmente, falecido muito jovem. Era,

na verdade, um homem de cultura, um intelectual, agindo no mainstream das ideias

estéticas, filosóficas, políticas e culturais da sua época. Vigotski não foi o fundador

de novos princípios, mas um jovem que compreendeu as tendências mais em voga

nas mentes da sua geração.

4.2 A teoria histórico-cultural de Vigotski e as transformações provocadas

pelas tecnologias contemporâneas

A teoria histórico-cultural de Vygotsky (1931a) entende o desenvolvimento

das funções psicológicas superiores24 como uma construção social que encontra na

mediação semiótica um importante instrumento, correspondente à intervenção de

um terceiro elemento, para a interação entre outros dois termos de uma relação. A

explicação de Vigotski para a origem das funções psicológicas superiores inclui dois

elementos: a mediação do comportamento por meio de signos e sistemas de signos

e a linguagem como meio de interação social e de comunicação, conforme aponta

Minick (2013). Vigotski considera os signos como um tipo especial de estímulos,

usados como ferramentas psicológicas

[…] dirigidas para o domínio ou controle de processos comportamentais – tanto os de outrem quanto os da própria pessoa –, tal como os meios técnicos estão dirigidos para o controle da natureza […] as ferramentas psicológicas alteram todo o fluxo e a estrutura das funções mentais […] ao determinar a estrutura do novo ato instrumental, assim como uma ferramenta tecnológica altera o processo de adaptação natural ao determinar a forma das operações de trabalho (VYGOTSKY apud MINICK, 2013, p. 36).

Vygotsky (1931a) afirma que o desenvolvimento dos processos psicológicos

superiores está vinculado ao desenvolvimento de ações que envolvem ferramentas

24 As funções psicológicas superiores são as operações psicológicas como a linguagem, a memória

a lógica, a formação de conceitos, o pensamento verbal etc.

Page 81: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

95

culturais, apropriadas e internalizadas historicamente pelas pessoas, levando ao

surgimento de funções mentais mediadas.

Ao adaptar os meios de mediação e os modos de organização implicados no desempenho de certas ações num plano social ou "intermental" e ao usá-los para mediar a atividade, o indivíduo desenvolve não somente novos meios de desempenhar ações específicas, como também tipos qualitativamente novos de funções mentais (MINICK, 2013, p. 39).

Nessa perspectiva, e fazendo uma relação com o processo interpessoal que

se estabelece no âmbito social, é possível considerar que, quando um mediador

trabalha com material concreto, ele utiliza ferramentas sociais, dialogando por meio

de sua linguagem e usando signos que promovem não somente a interação social,

como também desenvolvem seu próprio funcionamento mental.

O que é necessário insistir e frisar é que o processo de formação do indivíduo humano é um processo de apropriação dos produtos da atividade social, isto é, produtos que são objetivação da atividade humana. A relação entre o indivíduo e o mundo é inteiramente mediatizada por essa atividade acumulada nas objetivações humanas. Por isso Vigotski atribuía uma importância fundamental ao conceito de atividade mediadora, esclarecendo que esse conceito refere-se a vários tipos de mediação na relação entre o indivíduo e a realidade, sendo o uso de ferramentas e o uso de signos dois casos particulares de atividade mediadora. Assim como as ferramentas são mediadoras na ação do homem sobre objetos, são necessários ao controle da realidade material, os signos são mediadores na ação do indivíduo sobre si mesmo ou sobre outros indivíduos, isto é, são mediadores necessários ao controle do comportamento humano e dos processos mentais (DUARTE, 2001, p. 257).

Para Vigotski, o termo "mediação" é utilizado para se referir aos sistemas de

signos e ao papel que eles desempenham nas relações do homem com o seu

contexto social. O pesquisador explica que os seres humanos criam continuamente

instrumentos e sistemas de signos usados para conhecer e transformar o mundo, ao

mesmo tempo em que por eles é transformado (OLIVEIRA, 1993). Nas palavras de

Pino (1991, p. 32), a "mediação dos sistemas de signos constitui o que se denomina

mediação semiótica". Ainda para esse autor,

Graças à invenção de sistemas de signos, particularmente o linguístico, o homem pode nomear as coisas e suas experiências (dizer o que elas são, pensá-las); compartilhar estas experiências com os outros e inter-relacionar-se com eles, afetando seus comportamentos e sendo por eles afetado; transformar-se ele mesmo e desenvolver diferentes níveis de consciência a respeito da realidade social-cultural e de si mesmo (PINO, 1995, p. 33).

Page 82: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

96

Por sua vez, a mediação semiótica é de caráter social, constituída por meios

técnicos e semióticos (a fala, por exemplo), que, na concepção vigotskiana, são

sociais. Os meios técnicos são produzidos para "agir sobre a natureza ou a

realidade material e os semióticos (sistemas de signos)" são criados para a

"comunicação entre os diferentes atores e para a representação da realidade".

Ambos os instrumentos têm em comum a "função mediadora das relações dos

homens entre si e deles com o mundo" (PINO, 1995, p. 31).

Assim, à medida que se alcançam os níveis superiores de generalidade e de

equivalência, fica mais fácil recordar pensamentos independentemente das falas.

Segundo Pino (1995), o caráter generalizante do significado da fala possibilita ao

pensamento a articulação entre as duas funções principais da linguagem: a

comunicativa e a representativa. Na concepção de Vygotsky (1995), a função

significativa do significado da fala varia em razão da sua contextualização, isto é,

dependendo do contexto em que ela for usada, o seu sentido varia. Assim, a

variação do contexto implica variação de sentido e, por isso, a relação entre os

elementos do signo linguístico não é fixa.

Vygotsky (1931b) afirma que o sujeito opera sistemas de significados culturais

em seus atos de conhecimento e que, no processo de conhecer, os objetos são

apreendidos por sinais, isto é, por imagens sensoriais encontradas na singularidade

do objeto. Para que haja sua generalização e abstração, é necessário que o sujeito

descole a singularidade do objeto para que a imagem construída mentalmente seja

representada pelo signo. Nesse sentido, o significado dos signos torna-se cada vez

menos dependente do contexto em que os signos são utilizados, sendo generalizado

para emprego em diferentes situações. Ao realizar esse procedimento no plano

social, o sujeito desenvolve novos meios de desempenhar suas ações e,

qualitativamente, novos tipos de funções mentais. Essa dimensão semiótica

antecede e afeta as estruturas psíquicas do sujeito, como a percepção e a

simbolização.

Nessa linha de raciocínio, encontra-se um complexo processo de apropriação

cultural, que evidencia o modo como as pessoas se apropriam do conhecimento

tem, em sua constituição, formas histórico-culturais do pensamento humano.

Segundo Vergel Causado (2014, p. 75), esse processo orienta-se a propiciar graus

crescentes de "domínio de autorregulação (consciente e voluntário) e

descontextualizadas de instrumentos de mediação semiótica, o que permitiria aos

Page 83: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

97

nossos estudantes, por exemplo, formas de conceituação cada vez mais elaboradas

ou sofisticadas".25 Em outras palavras, o sujeito, ao longo do tempo, não mais

necessita de um elemento auxiliar externo (mediação semiótica) e passa, por meio

da descontextualização, a utilizar signos internos, isto é, as representações mentais

que substituem os objetos do mundo real. À medida que o tempo passa, o

significado dos signos torna-se cada vez mais independente do contexto

espaciotemporal em que tais signos são utilizados (WERTSCH, 1995).

Segundo Vygotsky (1931a), a cultura é representada por sistemas de

signos. Essa organização sistêmica de signos, tal como se estabelece, projeta a

organização sistêmica da atividade mental. As pessoas devem dominar os vários

sistemas semióticos da sua cultura, que, antes de agir como instrumentos da

atividade mental, devem se tornar objeto de assimilação. Ciência, pintura, teatro,

cinema, música, literatura têm suas próprias formas de expressão simbólica, e, para

se compreender os diferentes textos, é necessário conhecer os sistemas semióticos,

a fim de tornar as diferentes linguagens um objeto especial de assimilação. Isso

significa que, no funcionamento cognitivo superior, quanto mais estímulo o sujeito

receber, melhores serão as condições funcionais de suas operações mentais, as

quais permitem incorporar estímulos artificiais ou autogerados, chamados de "sinais"

por Vygotsky (1931a).

Segundo Vigotski,

Todas as funções psíquicas de grau mais elevado são processos mediados e os signos são os meios fundamentais utilizados para os dominar e orientar. O signo mediador é incorporado na sua estrutura como parte indispensável, a bem dizer, fulcral do processo total. Na gênese do conceito, esse signo é a palavra, que a princípio desempenha o papel de meio de formação de um conceito, transformando-se mais tarde em símbolo (VYGOTSKY, 1998, p. 59).26

A cultura, inventada e produzida pelo homem, faz com que ele interaja com o

seu mundo social, levando-o a perceber, representar, relacionar e simbolizar os

elementos próprios do seu universo. Para Vigotski (1931a), o universo social é

condição e resultado do surgimento da cultura, que, nesse sentido, é concebida

25 Tradução livre do texto em espanhol: "dominio autorregulado (consciente y voluntario) y

descontextualizado de los instrumentos de mediación semiótica, lo cual posibilitaría en nuestros estudiantes, por ejemplo, formas de conceptualización cada vez más elaboradas o sofisticadas".

26 Na versão em espanhol: "Todas las funciones psíquicas superiores son procesos mediatizados, y los signos, los medios básicos utilizados para dominarlos y dirigirlos. El signo mediatizador está incorporado a su estructura como una parte indispensable, verdaderamente central del problema en su totalidad" (VYGOTSKY, 1995, p. 47).

Page 84: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

98

como um produto da vida social e, ao mesmo tempo, da atividade social do homem,

pois a vida social antecede a existência da cultura, que expressa a centralidade do

desenvolvimento humano. Nas palavras de Sirgado (2000, p. 54), "a natureza da

cultura está relacionada com o caráter duplamente instrumental, técnico e simbólico,

da atividade humana". Tal percepção apoia-se na tese de Vigotski, para quem

[…] a cultura cria formas especiais de comportamento, muda o funcionamento da mente, constrói novos níveis no sistema de desenvolvimento do comportamento humano […]. No processo do desenvolvimento histórico, o homem social muda os modos e os procedimentos de seu comportamento, transforma suas inclinações naturais e funções, elabora e cria novas formas de comportamento, especificamente culturais (VYGOTSKY, 1931a, p. 33).27

O posicionamento de Vigotski é que o homem se torna ele mesmo por meio

dos outros. "Através dos outros, constituímo-nos" (VYGOTSKY, 2000, p. 24). Esse

princípio caracteriza a essência do processo de desenvolvimento cultural, mas não

no sentido de fazer do outro um mediador instrumental, porque, para Vigotski, a

mediação28 do outro tem um sentido muito mais profundo (SIRGADO, 2000, p. 65).

Vygotsky (1931b, p. 184) esclarece que o valor teórico desse princípio é que ele

permite penetrar nas "dinâmicas-causais e genéticas conexões internas que

influenciam o processo de desenvolvimento mental". Vale lembrar que, para o autor,

o ambiente social origina todas as propriedades especificamente humanas da

personalidade que o sujeito adquire.

Na concepção de Vygotsky (1995), a aquisição da linguagem29 é outra

condição que impulsiona o desenvolvimento cultural e social humano. Ele afirma

que, por meio da linguagem, a cultura é repassada simbolicamente aos membros de

uma sociedade. Nessa condição, a forma como os membros de uma sociedade

27 No texto original: "la cultura origina formas especiales de conducta, modifica la actividad de las funciones psíquicas, edifica nuevos niveles en el sistema del comportamiento humano en desarrollo. Es un hecho fundamental y cada página de la psicología del hombre primitivo que estudia el desarrollo psicológico cultural en su forma pura, aislada, nos convence de ello. En el proceso del desarrollo histórico, el hombre social modifica los modos y procedimientos de su conducta, transforma sus inclinaciones naturales y funciones, elabora y crea nuevas formas de comportamiento específicamente culturales" (VYGOTSKY, 1931a, p. 33). 28 Definir o conceito de mediação em Vigotski não é tarefa fácil, uma vez que se trata de um pressuposto norteador de todo seu arcabouço teórico-metodológico. Esse pressuposto objetiva-se nos conceitos de conversão (processo de tornar-se diferente do que se era sem deixar de ser o que se foi), superação, relação constitutiva eu-outro, intersubjetividade, subjetividade etc. A mediação é processo, e não ato em que alguma coisa se interpõe; não se trata simplesmente de um termo que está entre dois outros, mas que se estabelecem numa relação. Segundo Molon (2003), trata-se da própria relação. 29 Compreendida como signos que são submetidos às normas sociais e às regras convencionais.

Page 85: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

99

compreendem e entendem o mundo é constituída pelo sistema de símbolos que

integram sua cultura.

A cultura refere-se a um complexo dos padrões de comportamento, crenças,

valores e hábitos transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade. No

entendimento de Laraia (2006, p. 48),

O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade.

Laraia (2006) também explica que a sociedade, ao longo dos tempos, sofreu

muitas transformações que impactaram as relações nela estabelecidas, o modo de

vida e o sistema de produção, provocando conflitos desencadeadores de processos

adaptativos. É neste domínio que, naturalmente, começam as mudanças

adaptativas, que depois se ampliam e se ramificam. Para o autor, a tecnologia

constitui o domínio mais adaptativo da cultura, e, nesse contexto, "é necessário

colocar ao alcance do homem, o material que lhe permita exercer sua criatividade de

uma maneira revolucionária" (LARAIA, 2006, p. 13).

De fato, tomando-se o homem no seu processo histórico-cultural, é possível

perceber os avanços tecnológicos que ele produziu, transformando o mundo ao seu

redor e mudando os comportamentos sociais. O corte com a pedra, em tempos

remotos, e com o laser, mais recentemente, é um exemplo de tais avanços. Se o

homem quisesse produzir hoje, para o mesmo fim, os mesmos objetos que o homem

primitivo produzia, ele certamente não procederia pela simples memória coletiva das

experiências bem-sucedidas, mas planejaria, com instrumentos, materiais e métodos

apresentados pelas ciências, a fabricação do objeto, provavelmente bem mais

eficiente. Segundo Sampaio e Leite (1999, p. 13),

[…] ao transformar, ao longo do tempo, as formas de produzir e reproduzir os meios de sua própria sobrevivência, o ser humano modificou também suas relações humanas e com a natureza. As tecnologias que criou – desde a roda até o computador – geraram transformações na maneira de se comunicar, produzindo meios de comunicação cada vez mais complexos.

Laraia (2006, p. 45) é muito claro ao destacar que "O homem é o resultado do

meio cultural em que foi socializado" e que o meio cultural não é determinante para

Page 86: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

100

sua constituição, haja vista as influências genéticas. No entanto, para o autor, toda

experiência de um indivíduo é transmitida aos demais, o que cria um interminável

processo de acumulação e aperfeiçoamento de tal experiência. Nessa mesma linha

de pensamento, encontra-se a experiência acumulada, empírica, construída na ação

coletiva e transmitida culturalmente pela memória social. O posicionamento de

Laraia está em consonância com a teoria de Vygotsky (1931b), que concebe a

cultura como eixo central do desenvolvimento humano.

Sirgado (2000, p. 51) complementa a ideia de desenvolvimento humano

esclarecendo que, para Vigotski, "[a]s funções biológicas não desaparecem com a

emergência das culturais, mas adquirem uma nova forma de existência: elas são

incorporadas na história humana". Isso significa que o desenvolvimento humano é

cultural e histórico, porque, no seu processo de transformação, o homem opera

sobre a natureza e faz de si próprio um produtor de si mesmo.

A noção de cultura em Vigotski sempre esteve motivada por uma

preocupação com a mediação semiótica e seu papel no funcionamento mental

humano, e a noção de mediação por meio de ferramentas culturais desempenha um

papel central em sua abordagem (WERTSCH; TULVISTE, 2013). Entende-se, então,

que Vigotski concebe a mediação como um processo intrínseco às relações sociais,

sustentado pelos signos30 e pelas diferentes formas de semiotização31 estabelecidas

pela pessoa32 na totalidade das relações sociais. É, portanto, pelo processo de

significação que se constitui a comunicação entre as pessoas, conforme Molon

(2003).

Duarte (2001, p. 159) afirma que, "Na realidade, a apropriação da cultura

humana pelo indivíduo em qualquer uma das esferas da prática social, assume

sempre a característica de um processo educativo". Para o autor, as práticas

sociais têm função educativa de natureza muito variada e, no caso escolar,

assumem uma forma mais evoluída de educação, historicamente construída, o

que impacta no desenvolvimento dos estudantes.

30 Considerados como signos sociais possuidores de materialidade, incorporados em determinadas

condições sociais, históricas e ideológicas (MOLON, 2003). 31 Termo concebido por Vigotski (1995) como a relação entre conteúdo e expressão, gerador de

novos signos, motivadores de novas articulações. 32 Segundo Sirgado (2000, p. 74), Vigotski pouco utiliza a categoria pessoa em seus trabalhos, mas

destaca nela "uma dimensão social – a personalidade, que ele define como a ‘totalidade das relações sociais’ – o que permite pressupor que existe algo não social na pessoa". Vigotski entende a categoria pessoa como "um membro de um grupo social específico", "uma unidade social definida", "um ser em si, para os outros, para si mesmo".

Page 87: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

101

Compreende-se que a apropriação cultural pela prática educativa reflete-se,

em boa medida, nos avanços sociais dados em função da tecnologia, que tem

rompido cada vez mais as barreiras físicas e temporais e favorecido a comunicação

e o acesso às informações, adaptações e transformações sociais.

Estudiosos contemporâneos como Manuel Castells e Pierre Lévy comungam

da visão de que a tecnologia está intimamente imbricada na sociedade e tem sido

percebida de diferentes maneiras em cada período histórico.

Lévy (1997) explica que as tecnologias são consideradas produtos de uma

sociedade e de uma cultura. Nesse sentido, ele afirma que a distinção entre cultura,

tratada como a "dinâmica das representações"; sociedade, "constituída das pessoas,

seus vínculos, suas trocas, suas relações de força"; e técnica, "artefatos eficazes",

devem ficar no "campo conceitual". Para o autor, a separação entre tecnologia e

sociedade, no que diz respeito à cultura, sociedade e técnica, ocorre apenas em

termos ideais.

Castells (2005) afirma que a tecnologia não determina a sociedade, mas é a

sociedade que dá forma à tecnologia, segundo as necessidades, valores e

interesses das pessoas que as utilizam. Para o sociólogo espanhol, os grandes

avanços tecnológicos promovidos no século XX, vivenciados pela humanidade ao

longo dos anos, organizam-se ao redor das tecnologias da informação e da

comunicação e promovem intensa mudança social. O autor afirma que o fenômeno

provocado pelas tecnologias no comportamento da sociedade contemporânea,

conhecido como Revolução Digital, pode ser comparado à Revolução Industrial.

Enquanto esta trouxe significativas e irreversíveis mudanças nos paradigmas

sociais, econômicos, culturais e educacionais à sociedade do século XVIII, a

Revolução Digital mudou definitivamente os padrões de comportamento e a forma

de pensar e viver desde o século XX. De fato, não há como negar a existência de

uma revolução tecnológica. Mais ainda, conforme Klinge (1997), as possibilidades

de retorno são nulas. A internet, aliás, impulsionou as referidas mudanças,

interferindo no modo de comunicar a informação e o conhecimento, promovendo

novas linguagens, formatos e meios de difundir a cultura.

Os antropólogos Kroeber e Kluckhohn (1952) concebem a cultura como

padrões, explícitos e implícitos, de comportamento e para comportamento,

adquiridos e transmitidos por símbolos, que constituem as realizações dos grupos

humanos, inclusive suas incorporações em artefatos. Para os autores, o núcleo

Page 88: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

102

essencial da cultura consiste nas ideias tradicionais, recebidas, selecionadas e

repassadas historicamente, especialmente nos valores que a elas são atribuídos.

Por outro lado, eles explicam que os sistemas de cultura podem ser considerados

produtos de ação e elementos condicionantes da ação futura. Isso significa que,

assim como os aspectos sociais mudam em função da evolução tecnológica, os

valores e concepções passam por mudanças e demandam adaptações culturais

necessárias ao desenvolvimento humano.

Vigotski adota a concepção dialética, considerada a única capaz de

interpretar autenticamente a realidade humana, pressupondo ser a sociedade quem

domina a tecnologia, em função da que existe em cada momento histórico e é

conservada na memória social. Segundo a concepção vigotskiana, isso acontece

não porque a sociedade produz tecnologia conforme as necessidades e etapas do

processo histórico, mas porque a tecnologia, como agente concreto, não pode

superpor-se à sociedade, cabendo-lhe fazer a mediação daquilo que a humanidade

utiliza para materializar suas finalidades. Nesse viés, compreende-se que as

verdadeiras relações entre tecnologia e cultura se estabelecem entre uma multidão

de agentes humanos, que inventam, produzem, utilizam e interpretam diversamente

as técnicas (LÉVY, 1996). Em outros termos, para Lévy, a tecnologia expressa toda

a dinamicidade de uma sociedade para impulsionar seu domínio e acompanhar o

processo histórico, pois ela é fruto do trabalho humano.

Vigotski concebe a ideia de que o efeito do uso de instrumentos sobre os

seres humanos é fundamental, não só porque tal uso os ajudou a se relacionar de

forma mais eficaz com seu ambiente externo, mas também porque teve efeitos

importantes sobre as relações internas e funcionais do cérebro humano (OLIVEIRA,

1993). Nos estudos de Vigotski, fica evidente que o conhecimento não é nem

independente nem situado em lugares específicos. Nesse sentido, os ambientes de

aprendizagem, sejam eles presenciais ou virtuais, são espaços de interação

tecnológica e social que promovem experiências diversificadas, transformadoras dos

sujeitos.

No contexto atual, ao se analisar um estudante e o modo como se apresenta

diante do novo conhecimento, é possível perceber que ele aprende a partir da

socialização e do esforço individual, mas também mediante livros, e-mails,

pesquisas on-line, vídeos ou outros artefatos impregnados de contexto, tecnologias

e conteúdo social. Do ponto de vista do conhecimento socialmente construído e

Page 89: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

103

disponibilizado na sociedade, essas ferramentas estão ao alcance de todos, pois

podem ser usadas para a construção de conhecimento, sem contato pessoal direto e

permanente com um professor (LATOUR, 2000). No caso dos cursos de educação a

distância on-line, mais especificamente, Palfreyman (2002) explica que a leitura do

tutorial33 de um curso pode ser considerada atividade mediadora na zona de

desenvolvimento iminente, já que os estudantes devem assumir um papel ativo na

aprendizagem, desenvolver habilidades de estudo autodirigido e trabalhar de forma

independente. O próprio Vigotski, descrevendo a zona de desenvolvimento iminente,

ou colaboração, como um processo "invisivelmente presente", demonstrou que o

que é aprendido em sala de aula pode ser aplicado em outros lugares, na ausência

de um professor (VYGOTSKY, 1995). Presume-se, então, que a colaboração

também pode ser feita por meio da internet e usada como referência para trabalhos

futuros, “invisivelmente” ou não.

4.3 Zona de desenvolvimento iminente: que conceito é esse?

Antes de considerar o conceito de zona de desenvolvimento iminente, importa

tratar brevemente da tradução de sua nomenclatura para a língua portuguesa.

Prestes (2010) defende que a zona blijaichego razvitia, proposta por Vigotski, foi

traduzida equivocadamente como zona de desenvolvimento “proximal”, “potencial”,

“imediato”. Segundo a autora, o termo russo blijaichego diz respeito a “o mais

próximo, proximíssimo”. Nesse sentido, o conceito vigotskiano não se refere a algo

acima das capacidades, mas, ao contrário, bastante perto do domínio do real.

Portanto, ainda segundo Prestes (2010), a tradução correta da expressão em

português seria “zona de desenvolvimento iminente”, conforme já adotado em

publicações mais recentes (RAAD, 2016; DELARI JÚNIOR, 2013; ALCÂNTARA,

2016; BROCKINGTON; MOREIRA, 2017; TEIXEIRA, 2009; MARTINS; RABATINI,

2011; MELLO, 2015). Para Vigotski, a instrução não é garantia de desenvolvimento

do sujeito, mas, quando realizada em colaboração com uma pessoa mais experiente

ou com pares, possibilita que o mesmo sujeito se torne independente e bem-

sucedido na execução de uma tarefa. Assim, a teoria de Vygotsky (1978) sobre a

33 Segundo Santiago (2013, p. 37), o tutorial é um gênero textual que visa à instrumentalização de

todo e qualquer indivíduo que esteja envolvido em uma atividade que demande determinada prática para operacionalizar uma ferramenta informatizada, como as redes sociais, por exemplo.

Page 90: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

104

zona de desenvolvimento iminente pressupõe dois tipos de interação: uma,

chamada assimétrica, consiste na interação de uma pessoa experiente e uma

pessoa menos experiente na realização de uma tarefa, e outra, nomeada simétrica,

refere-se à interação dos pares. Segundo Vigotski, o desenvolvimento iminente

caracteriza o desenvolvimento mental de forma prospectiva, com possibilidades de

ampliação em longo prazo. Nas palavras do próprio pesquisador, “A zona blijaichego

razvitia define as funções ainda não amadurecidas, mas que se encontram em

processo de amadurecimento, as funções que amadurecerão amanhã, que estão

hoje em estado embrionário” (VIGOTSKI apud PRESTES, 2010, p. 172). Tal

pensamento destaca o papel da interação, assimétrica ou simétrica, como

impulsionadora do desenvolvimento mental e da construção do conhecimento.

Vigotski apontava que o desenvolvimento cognitivo completo requer interação

sociocultural, pois o desenvolvimento se dá intersubjetivamente, em princípio, como

um processo interpsicológico e, em seguida, cognitivamente, como um processo

intrapsíquico (VYGOTSKY, 1931a). Ele ressalta que o nível de habilidade pode ser

desenvolvido com a orientação de pessoas mais experientes ou em colaboração

com os pares, excedendo o que seria obtido isoladamente (KEARSLEY, 2001).

Wertsch (1995) explica que a zona de desenvolvimento iminente é um

constructo útil para os processos de instrução34 e que a argumentação de Vigotski é

fundamentada por uma lei geral de desenvolvimento cultural, uma vez que o teórico

considera uma relação específica entre desenvolvimento e instrução. Sobre o ponto

de vista de Vigotski, Wertsch (1995, p. 87) diz: "o desenvolvimento e a instrução não

coincidem diretamente, mas representam os processos que coexistem em uma inter-

relação muito complexa. Por um lado, a instrução cria a zona de desenvolvimento

próximo"35.

De acordo com Vigotski, a instrução "aviva a atividade" da zona de

desenvolvimento iminente porque desperta e põe em funcionamento uma série de

processos psicológicos superiores. Como dito, a instrução, sozinha, não é garantia

de desenvolvimento. Contudo, "ao ser realizada em uma ação colaborativa, seja do

34 Os processos de instrução mencionados por Vigotski referem-se ao trabalho de formação de

crianças e adolescentes desenvolvido pelo Órgão de Instrução Pública de 1º e 2º graus. No livro “Psicologia pedagógica”, Vigotski explica o papel do ambiente social e a relação entre instrução e desenvolvimento.

35 Tradução livre do original: "o desarrollo e instrucción no coinciden directamente, sino que representan dos procesos que coexiten en una interrelación muy compleja. Por un lado, la instrucción crea la zona de desarrollo próximo".

Page 91: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

105

adulto ou entre pares, cria possibilidades para o desenvolvimento" (PRESTES, 2010,

p. 168). "Estes processos somente são possíveis no âmbito da interação com as

pessoas que rodeiam o sujeito e em colaboração com seus companheiros, para

depois se transformarem em propriedades internas do sujeito" (VIGOTSKY apud

WERTSCH, 1995, p. 87).

Chaiklin (2003, p. 42-43) discute três pressupostos comumente usados para

expressar o conceito de zona de desenvolvimento iminente: a) o pressuposto da

generalidade, aplicável à aprendizagem de todos os tipos de assunto; b) o

pressuposto da assistência, segundo o qual a aprendizagem depende de

intervenções do outro mais competente; e c) o pressuposto do potencial,

propriedade do estudante, a qual permite melhor e mais fácil aprendizagem. Para

Chaiklin, esses pressupostos são equivocados, pois não têm respaldo nos trabalhos

publicados por Vigotski. Suas críticas ao pressuposto da generalidade ressaltam que

a conclusão vigotskiana de que existe uma unidade na relação entre aprendizagem

e desenvolvimento não significa uma identidade entre aprendizagem e processos

internos de desenvolvimento nem que o conceito de zona de desenvolvimento

iminente esteja relacionado ao desenvolvimento de habilidade para a realização de

alguma tarefa em particular. No que diz respeito ao pressuposto da assistência,

Chaiklin também destaca que a importância da assistência não consiste na

competência em si da pessoa mais experiente, mas na compreensão do significado

de assistência em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento. O autor afirma

ainda que não se deve considerar o “potencial” como propriedade do sujeito ou

atributo que tornaria a aprendizagem mais agradável, algo a que Vigotski, segundo

ele, nunca se referiu. Deve-se, na verdade, compreender o desenvolvimento

potencial como indício da presença de certas funções em estado de maturação, as

quais poderão ser alvo de uma ação interventiva significativa (CHAIKLIN, 2001).

As implicações didático-pedagógicas do uso da zona de desenvolvimento

iminente têm sido destaque nas publicações de renomados pesquisadores (GÓES,

1991; BROWN; DRUIGUID, 2000; MOORE; KEARSLEY, 1996; MOISÉS, 1997;

BAQUERO, 1998; HEDEGAARD, 2002; DEL RÍO; ÁLVAREZ, 2007) que investigam

as propostas de ensino desenvolvidas na ótica desse aporte teórico. Em

concordância com esses estudos, entende-se que o campo escolar apresenta um

ambiente propício às interações socioculturais e aos estímulos dos processos

internos ainda não completamente desenvolvidos nos estudantes. Depois de

Page 92: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

106

conhecer a zona de desenvolvimento iminente dos estudantes, na qual se

encontram suas habilidades e capacidades potenciais, um professor bem preparado

poderá estimular suas estruturas cognitivas e ajudá-los a avançar rumo a uma nova

compreensão e maior elaboração do conhecimento.

Uma observação feita por Vigotski tem importância particular para o trabalho

pedagógico com a zona de desenvolvimento iminente:

A característica central das funções elementares é que elas são totalmente e diretamente determinadas por estímulos do ambiente. Para as funções superiores, a característica central é a estimulação auto-gerada, ou seja, a criação e o uso de estímulos artificiais se tornam as causas imediatas do comportamento (VYGOTSKY, 1978, p. 39).36

A partir de seus estudos, Vigotski também reconheceu um momento do

desenvolvimento em que o caráter individual do sujeito é afirmado e o diálogo

central para o processo de aprendizagem torna-se discreto, e não apenas comum.

Em outros termos, o autor considera que a aprendizagem ocorre não só por meio da

socialização, mas também do esforço individual. Vigotski demonstrou ainda que o

aprendido em sala de aula pode ser aplicado em outros lugares, na ausência de um

professor. Essa maneira de conceber a aprendizagem altera papéis e funções das

instituições educativas e de seus profissionais, que precisam incorporar novas

formas de fazer educação e de propiciar condições motivadoras do caráter individual

dos estudantes.

Nessa perspectiva, Brown et al. (1993, p. 191) afirmam que a zona de

desenvolvimento iminente pode incluir pessoas e artefatos, como livros, vídeos,

exposições, equipamento científico e até "um ambiente de computador destinado a

apoiar a aprendizagem intencional". A pesquisa que eles realizaram demonstrou que

a educação a distância on-line, diferentemente do que se supõe em muitos

aspectos, pode ser um importante artefato para a aprendizagem e desenvolvimento

da habilidade cognitiva dos estudantes de diferentes categorias sociais.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, pode-se considerar que livros, e-mails,

cursos on-line, vídeos e outros artefatos estão repletos de conteúdo e contexto

sociais e de sentidos e significados, situados histórico-culturalmente. Nesse sentido,

um livro, um vídeo ou um computador podem ser usados para propiciar condições

36 Texto traduzido do original: "The central characteristic of elementary functions is that they arc

totally and directly determined by stimulation from the environment. For higher functions, the central feature is self-generated stimulation, that is, the creation and use of artificial stimuli which become the immediate causes of behavior" (VYGOTSKY, 1978, p. 39).

Page 93: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

107

necessárias para a aprendizagem de conteúdos escolares, sem contato pessoal

direto com professores, como acontece na educação a distância. No caso dos

ambientes educacionais, os estudantes devem ser encorajados a assumir um papel

ativo na aprendizagem e desenvolver habilidades de estudo para um trabalho

independente e individual.

A partir dessa concepção, é possível inferir que a colaboração também pode

ser feita por meio de diferentes plataformas da internet e usada como referência

para os trabalhos.

Em vez de uma aprendizagem hierarquizada, estruturada em níveis que pressupõem uma ordenação e compartimentalização dos conhecimentos, hoje faz-se mais importante privilegiar a ampliação da utilização de espaços que possibilitem processos de ensino e aprendizagem emergentes, abertos, contínuos, em fluxos, não lineares, dialógicos e dialéticos, que se reorganizam conforme os objetivos ou os contextos de cada sujeito, valorizando, ao mesmo tempo, a sua posição singular e coletiva (SCHNITMAN, 2011, p. 290).

4.4 A aprendizagem na perspectiva histórico-cultural

A concepção de aprendizagem tem grande importância entre os especialistas

de diferentes áreas do conhecimento e, consequentemente, suscita muita discussão

em torno de posicionamentos teóricos diversos, às vezes confusos e até debatidos

sem uma análise crítica e atenta de seus fundamentos. Neste trabalho, o objetivo

não é simplesmente apresentar um conceito pronto ou uma definição de

aprendizagem, mas proceder a uma reflexão sobre a compreensão desse conceito

pela lente da perspectiva histórico-cultural desenvolvida por Vigotski.

Na concepção vigotskiana, a aprendizagem é um processo que inclui a

interdependência pessoal, pois só pode ocorrer num contexto social, que assume,

assim, um papel fundamental no desenvolvimento humano. O significado da

aprendizagem em Vigotski é mais abrangente do que se pode imaginar em princípio,

porque se trata de um processo que envolve a interação do homem no meio social e

a compreensão de que a atividade de aprender define a característica que,

biologicamente, ele toma para si como esforço de se apropriar das condições do

mundo a que pertence e no qual atua. Consequentemente, a aprendizagem exerce

efeitos modificadores, conforme procedimentos representativos da adaptação do

homem, com a obrigação de serem transmitidos ao grupo do qual faz parte.

Page 94: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

108

A compreensão da teoria de Vigotski, para quem o desenvolvimento interior

do sujeito não aconteceria sem o contato desse com o ambiente social, exige um

estudo mais aprofundado e complexo. Tal tarefa, porém, é dificultada pela falta de

obras publicadas na íntegra no Brasil e pelas publicações em inglês que omitiram as

bases de suas ideias, conforme apontam Prestes (2010) e Duarte (1999). Estes

autores esclarecem que, para melhor compreender a teoria de Vigotski, é necessário

conhecer os fundamentos filosóficos marxistas implícitos em suas ideias, carregados

das experiências vividas por ele, em busca de uma sociedade socialista.

Provavelmente, por causa da proximidade geográfica, os europeus traduziram as

obras de Vigotski de modo mais fiel às suas ideias.

Mais especificamente, Duarte (1999) explica que é impossível entender a

concepção vigotskiana sem reconhecer o caráter marxista que sustenta sua

psicologia histórico-social. Segundo o pesquisador, talvez seja por isso que as

traduções em português de duas de suas obras mais conhecidas estejam

incompletas, sem os fundamentos a que ele e Prestes (2010) se referem. Diante das

dificuldades com as traduções em português e inglês, foram utilizadas também, para

a escrita deste tópico, publicações em espanhol, que se apresentam mais

completas.

Pensar a aprendizagem na perspectiva histórico-cultural construída por

Vigotski é considerar o meio social como fundamental no desenvolvimento humano.

O social e o cultural se entrelaçam e se incluem numa interação dialética com o

homem, e, a partir da interação do homem com o meio social e cultural, o

aprendizado se realiza. Na teoria vigotskiana, o homem é aquele que, desde o seu

nascimento, transforma seu meio social e cultural e por este é transformado, num

movimento permanente de reconstrução e reelaboração da cultura. Bessa (2009, p.

64), ao tratar da perspectiva histórico-cultural, explica que, para Vigotski, "A

constante recriação da cultura faz parte do processo histórico das sociedades

humanas e auxilia na construção da subjetividade e da consciência individual de

cada um dos seus membros […]". A autora também esclarece que o aprendizado

torna-se um processo "essencial na construção do ser humano como espécie

diferenciada e do seu desenvolvimento, pois envolve a interferência do outro social

para a reconstrução da experiência individual e dos significados que a compõem".

Assim, o desenvolvimento humano é compreendido a partir das trocas que ocorrem

entre o homem e o meio social.

Page 95: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

109

É importante sublinhar que, na concepção vigotskiana, a perspectiva "social"

não se refere apenas à interação das pessoas, mas inclui também o mundo material

e seus significados, como bem mostra Duarte (1999, p. 30):

Uma leitura atenta de Vigotski revela que, apesar de tratar da questão da intersubjetividade, ele nunca reduziu o social a isso. Até porque a interação entre subjetividades era para Vigotski sempre uma interação historicamente situada, mediatizada por produtos sociais, desde os objetos até os conhecimentos historicamente produzidos, acumulados e transmitidos.

Luria (1979, p. 73), companheiro de Vigotski e um dos colaboradores da sua

escola, esclarece que a

[…] maioria dos conhecimentos e habilidades do homem se forma por meio da assimilação da experiência de toda a humanidade, acumulada no processo da história social e transmissível no processo de aprendizagem. […] A grande maioria de conhecimentos, habilidades e procedimentos do comportamento de que dispõe o homem não são o resultado de sua experiência própria, mas adquiridos pela assimilação da experiência histórico-social de gerações.

Leontiev (2004, p. 284), outro colaborador da escola vigotskiana e

representante da perspectiva histórico-cultural, confirma a importância do papel

social no desenvolvimento humano:

Cada geração começa, portanto, a sua vida num mundo de objetos e de fenômenos criado pelas gerações precedentes. Ela apropria-se das riquezas deste mundo participando no trabalho, na produção e nas diversas formas de atividade social e desenvolvendo assim as aptidões especificamente humanas que se cristalizaram, encarnaram nesse mundo. Com efeito, mesmo a aptidão para usar a linguagem articulada só se forma, em cada geração, pela aprendizagem da língua. O mesmo se passa com o desenvolvimento do pensamento ou da aquisição do saber. Está fora de questão que a experiência individual de um homem, por mais rica que seja, baste para produzir a formação de um pensamento lógico ou matemático abstrato e sistemas conceituais correspondentes. Seria preciso não uma vida, mas mil. De fato, o mesmo pensamento e o saber de uma geração formam-se a partir da apropriação dos resultados da atividade cognitiva das gerações precedentes.

Vygotsky (1982), para quem a natureza humana não existe apartada do meio

social, concebe o homem como sujeito histórico, datado, atrelado às determinações

de sua estrutura biológica e de seu contexto social, capaz de realizar uma atividade

organizadora a partir da interação com seu mundo e, assim, renovar a própria

cultura, num movimento constante entre o sujeito e o mundo objetivo. Díaz (2011, p.

44) destaca que

Page 96: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

110

pela sua própria experiência de relação com o meio – o qual ele reorganiza e reelabora segundo sua capacidade, suas motivações e interesses – o sujeito adiciona informações de sua própria experiência para "construir" determinados conhecimentos (ou habilidade ou afeto ou valorizações entre outros).

Como afirma Vigotski, o sujeito é ativo: ele age sobre o meio e produz

conhecimento. Assim, o homem é, na essência, sua própria realidade social, com

implicações em sua ecologia cognitiva37, que pode assumir diferentes características,

dependendo das condições que lhe forem oferecidas. Nessas condições, a

aprendizagem ocorre diferentemente entre os indivíduos, e uns podem estar mais

predispostos a algumas atividades do que outros, em razão do fator genético.

Contudo, Vigotski esclarece que essa diferença não é determinante para a

aprendizagem, pois, embora reconheça a importância das definições biológicas da

espécie humana, ele defendia que são as interações sociais que mais influenciam

na formação do indivíduo. Nesse caso, tais interações são responsáveis por fornecer

instrumentos e signos carregados de cultura, os quais são considerados elementos

mediadores essenciais para a formação dos mecanismos psicológicos superiores de

aprendizagem significativa. Daí a importância das relações sociais e da cultura como

produto de tais relações no desenvolvimento intelectual do ser humano (VYGOTSKY

apud VIGOTSKII; LURIA; LEONTIEV, 2010).

Compreende-se que a natureza social da aprendizagem adquire um aspecto

necessário e universal na história do ser humano, como uma espécie de garantia do

desenvolvimento das características psicológicas humanas, culturalmente

organizadora de sua ecologia cognitiva. Entender a concepção de aprendizagem de

base vigotskiana é considerar o homem em sua totalidade, inserido numa

multiplicidade de relações, na sua especificidade histórica e cultural, e perceber que

esse processo de construção e reconstrução de seu ambiente social é permanente.

Dito isto, não é necessário sublinhar que a característica essencial da aprendizagem é que engendra a área de desenvolvimento potencial, ou seja, que faz nascer, estimula e ativa na criança um grupo de processos internos de desenvolvimento no âmbito das inter-relações com outros, que, na continuação, são absorvidos pelo curso interior de desenvolvimento e se

37 Entendida como "coisas e técnicas que habitam o inconsciente intelectual, até o ponto extremo no qual o sujeito do pensamento quase não se distingue mais (mas se distingue ainda) de um coletivo cosmopolita composto por dobras e volutas do qual cada parte é, por sua vez, misturada, marmoreada ou matizada de subjetividade […]" (LÉVY, 1996, p. 6, grifo do autor). O termo é apresentado por Pierre Lévy (1998), mas foi baseado nas ideias de Bateson (1991) sobre a ecologia da mente e nas três ecologias de Pierre-Félix Guattari (1990).

Page 97: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

111

convertem em aquisições internas da criança (VIGOTSKII apud VIGOTSKII; LURIA; LEONTIEV, 2010, p. 115).

Desse ponto de vista, Vigotski é bastante claro ao afirmar que "a

aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento", mas a sua organização

adequada propicia o desenvolvimento de um grupo inteiro de processos mentais que

não ocorreria se não houvesse aprendizagem. Ele explica que, no caso da criança, a

aprendizagem é "um momento intrinsecamente necessário e universal" para

desenvolver nela características humanas não naturais, mas que se formam

historicamente (VIGOTSKII apud VIGOTSKII; LURIA; LEONTIEV, 2010, p. 115). Nos

casos do jovem e do adulto, infere-se que o permanente processo de aprendizagem

movimenta o funcionamento cognitivo. À medida que são utilizadas, as diversas

funções cognitivas se aperfeiçoam, propiciando ao sujeito condições de elaborar e

reelaborar seus novos conhecimentos e de alcançar elevados patamares de

entendimento.

Vigotski aborda a aprendizagem como fonte de desenvolvimento, ou, mais

especificamente, de desenvolvimento potencial, comparando a aprendizagem da

criança com a do adulto. Ele ressalta que, em sua época, as diferenças de

aprendizagem entre as duas faixas etárias eram pouco discutidas, identificando uma

carência de estudos substanciais que as descrevessem, e que algumas pesquisas já

sinalizavam discordância em relação às afirmações de que o adulto não poderia

adquirir novos conceitos depois dos 25 anos de idade. O próprio Vigotski criticou as

teorias que reduziam o processo de aprendizagem à formação de hábitos,

considerando-as superficiais, e afirmou: "Cremos que a diferença essencial [entre a

aprendizagem da criança e a do adulto] consiste nas diversas relações destas

aprendizagens com o processo de desenvolvimento" (VIGOTSKII apud VIGOTSKII;

LURIA; LEONTIEV, 2010, p. 115).

Entende-se, a partir da teoria de Vigotski, que, no caso da criança, a

aprendizagem é fundamental para seu desenvolvimento mental e para as alterações

psicointelectuais, ao passo que, no caso do jovem ou adulto, as novas

aprendizagens utilizam um desenvolvimento já elaborado e completo e pouco

contribuem para seu desenvolvimento geral. Vigotski exemplifica o caso da criança

com a aquisição da linguagem, que coloca em movimento uma fase inteiramente

nova e muito complexa do desenvolvimento de seus processos psicointelectuais,

responsáveis por mudanças radicais que alteram as características gerais do

Page 98: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

112

desenvolvimento mental da criança. O adulto, por sua vez, utiliza a linguagem

adquirida como meio para compreensão e transformação do seu mundo.

Luria (apud VIGOTSKII; LURIA; LEONTIEV, 2010), ao estudar o alcance das

funções intelectuais entre adultos, procurou traçar as mudanças que ocorrem no

processo de pensamento provocadas pela evolução social e tecnológica,

comparando dois grupos de pessoas: um grupo não desenvolvido, composto por

adultos analfabetos ou com poucos anos de escolarização, que viviam em vilas

agrícolas, e um grupo de escolarizados, envolvidos na vida moderna, mas que ainda

não dispunham de nível superior. O pesquisador relata a introdução de tarefas para

aprendizagem nas sessões, nas quais foram oferecidas aos sujeitos do primeiro

grupo formas de assistência para solucionar os problemas dados e continuar, por

conta própria, a resolver outros semelhantes. Em sua análise, esse processo

permitiu perceber como as pessoas incorporavam novas formas de solucionar

problemas ao seu repertório de atividades intelectuais.

Luria (apud VIGOTSKII; LURIA; LEONTIEV, 2010) também relata que sua

pesquisa começou pela análise de como as pessoas codificam linguisticamente as

categorias básicas de sua experiência visual, como cor e forma; em seguida,

procurou estudar a forma de classificação e abstração; e, finalmente, deu atenção às

atividades cognitivas complexas, tais como a solução de problemas verbais e a

autoanálise. Nessa investigação, ele descobriu que há, em cada uma dessas áreas,

uma mudança na organização da atividade cognitiva das pessoas, paralela às

alterações na organização social de suas vidas de trabalho.

As palavras tinham, para essas pessoas, uma função inteiramente diferente da que tinham para as pessoas instruídas. Não eram usadas para codificar os objetos em esquemas conceituais, mas para estabelecer as inter-relações entre as coisas. Quando nossos sujeitos adquiriram alguma educação e tiveram participação em discussões coletivas de questões sociais importantes, rapidamente fizeram a transição para o pensamento abstrato. Novas experiências e novas idéias mudam a maneira de as pessoas usarem a linguagem, de forma que as palavras tornam-se o principal agente da abstração e da generalização. Uma vez educadas, as pessoas fazem uso cada vez maior da classificação para expressar idéias acerca da realidade. Esse trabalho sobre a definição das palavras, quando acrescentado àquele sobre a classificação, leva-nos à conclusão de que os modos de generalização, típicos do pensamento de pessoas que vivem em uma sociedade na qual suas atividades são dominadas por funções práticas rudimentares, diferem dos modos de generalização dos indivíduos formalmente educados. Os processos de abstração e generalização não são invariáveis em todos os estágios do desenvolvimento socioeconómico e cultural. Pelo contrário, tais processos são produto do ambiente cultural (VIGOTSKII; LURIA; LEONTIEV, 2010, p. 52).

Page 99: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

113

Na sua pesquisa, Luria percebeu que o pensamento classificatório "não é

apenas um reflexo da experiência individual, mas uma experiência partilhada, que a

sociedade pode comunicar através de seu sistema linguístico". Ele explica que a

confiança em critérios difundidos na sociedade "transforma os processos de

pensamento gráfico-funcional em um esquema de operações semânticas e lógicas,

no qual as palavras tornam-se o instrumento principal da abstração e da

generalização" (VIGOTSKII; LURIA; LEONTIEV, 2010, p. 48).

Nota-se que o estudo de Luria considera a possibilidade de influência da

escolarização sobre os processos de funcionamento cognitivo. A construção do

psiquismo humano é concebida como resultado da inserção singular do sujeito na

história do grupo cultural a que pertence, promovendo um desenvolvimento

psicológico único. Contudo, o pesquisador afirma que, ao adquirir "alguma

educação", os sujeitos fazem a "transição para o pensamento abstrato", sugerindo

que as novas experiências interferem na maneira de as pessoas usarem a

linguagem, o que faz com que as palavras se tornem o principal "agente de

abstração e generalização". Desse modo, Luria reconhece que, quanto mais

"educada" a pessoa for, melhores serão as suas condições de expressar ou

classificar sua realidade. A diferença que a escolarização promove na vida das

pessoas permite a construção de um novo modo de funcionamento cognitivo. Isso

não significa que uma pessoa escolarizada seja superior à que não o é, mas, como

o próprio Luria conclui, que os processos de abstração e generalização são variáveis

em todos os estágios do desenvolvimento socioeconômico e cultural e, portanto, são

produto do ambiente cultural.

Outros pesquisadores, como Scribner e Cole (1978/1981) e Tulviste (1991),

também investigaram a influência da escolarização no funcionamento cognitivo das

pessoas e chegaram a conclusões bastante semelhantes às de Luria. Embora

tenham percebido a predominância de soluções corretas e explicações teóricas

entre os sujeitos escolarizados, eles compreenderam que as relações estabelecidas

entre escolarização e funcionamento cognitivo devem ser analisadas na perspectiva

das práticas e usos sociais da linguagem presentes nos diferentes grupos sociais. É

consenso entre os pesquisadores mencionados que o processo de escolarização,

especialmente, é fundamental para a transformação do pensamento das pessoas e

do seu modo de enfrentar as tarefas ou problemas. Segundo eles, o aprendizado

dos conhecimentos escolares promove o desenvolvimento de habilidades cognitivas

Page 100: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

114

que precisam estar em constante uso para se manter em funcionamento. Dito de

outra maneira, a aprendizagem na escola promove um modo completamente novo

de funcionamento cognitivo, mas a ausência de demandas pode levar à perda das

habilidades relativas à cognição.

Ao abordar a aprendizagem na idade escolar, Vigotski explica que ela orienta

e estimula processos internos de desenvolvimento ligados ao sistema nervoso

central. O autor não deixa dúvidas: "Esta hipótese pressupõe necessariamente que

o processo de desenvolvimento não coincide com o da aprendizagem, o processo

de desenvolvimento segue o da aprendizagem, que cria a área de desenvolvimento

potencial" (VIGOTSKII apud VIGOTSKII; LURIA LEONTIEV; 2010, p. 115). Nesse

caso, a aprendizagem é concebida como o resultado de processos cognitivos

individuais, a partir dos quais informações, fatos, conceitos, procedimentos e

valores, produzidos culturalmente, são assimilados e propiciam a construção de

novas representações mentais significativas e funcionais que podem ser aplicadas

em situações diferentes dos contextos originais.

A partir de Vigotski, infere-se que a aprendizagem é um processo interno, que

modifica as representações mentais dos conteúdos tratados na escola. A chave para

o aprendizado escolar reside na atividade mental do estudante, no nível

intrapsicológico. Esse movimento, porém, se concretiza a partir de atividades

escolares que o estudante realiza com o professor e/ou colegas, em interação com

objetos e pessoas, estabelecendo relações mútuas e significativas. A qualidade da

aprendizagem depende dessa interação, da ajuda que o professor oferece nesse

processo e do grau em que o auxílio se ajusta aos aspectos cognitivos,

motivacionais, emocionais e de relacionamentos que o estudante possui para a

aprendizagem. Nesse sentido, pode-se considerar ainda que a ajuda efetiva do

professor não é tanto em relação aos seus métodos de instrução quanto na

adaptação contínua e ajuste desses métodos às características e necessidades dos

estudantes. Compreende-se que nem sempre um único tipo de apoio atende a todos

os estudantes, pois o corpo discente é bastante diversificado (BARBERÁ; MAURÍ;

ONRUBIA, 2008).

As pesquisas desenvolvidas por Vigotski, Luria e Leontiev foram essenciais

para a compreensão da aprendizagem e do desenvolvimento humano, a partir de

uma racionalidade acessível a toda a humanidade. A ideia de que a aprendizagem

verdadeira deve levar ao desenvolvimento permitiu compreender o processo de

Page 101: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

115

ensino como uma atividade especial, no tocante à sua estrutura e conteúdo,

especialmente organizada e gerenciada (DAVYDOV, 1988).

Sintetizando a abordagem desenvolvida neste tópico, pode-se dizer que as

principais ideias de Vigotski referem-se:

(1) à relação dialética entre indivíduo-sociedade, nas quais originam-se as características tipicamente humanas. O homem transforma o seu meio e, ao mesmo tempo, transforma-se a si mesmo; (2) às funções psicológicas superiores, que se originam nas relações entre o indivíduo e seu contexto sócio-cultural, ou, em outras palavras, têm uma origem cultural; (3) à relação com o mundo, que seria mediada por "ferramentas" criadas pelo homem; (4) ao cérebro como a base biológica de tais funções mentais. Mas o cérebro não seria imutável ou fixo, podendo-se falar em "plasticidade cerebral" (CORREIA; LIMA; ARAUJO, 2001, p. 558).

Del Rio e Alvarez (2007) destacam o importante papel das interações para a

aprendizagem, relacionando, de uma maneira muito particular, a zona de

desenvolvimento iminente à abordagem ecofuncional38. Essa se resume, segundo

Vigotski, em considerar uma pessoa não como ser autônomo e independente da sua

cultura, a qual simplesmente se apropriaria do mundo externo, mas como membro

de uma sociedade, pertencente a uma cultura por toda a sua vida. Tal concepção

está no centro do desenvolvimento mental humano. Nessa perspectiva, os autores

compreendem a aprendizagem humana na totalidade do desenvolvimento social e

destacam a zona de desenvolvimento iminente no contexto da lei sobre a natureza

social das funções mentais superiores. Segundo eles, a zona de desenvolvimento

iminente conecta duas áreas, duas realidades, numa pessoa: a externa e a interna,

promovendo a aprendizagem e o pensamento individual e social.

Nessa direção, e a partir de tais considerações, pode-se compreender a

aprendizagem como um processo mediante o qual se adquirem informações,

conhecimentos, costumes, normas, valores, atitudes e habilidades necessários à

construção de representações internas e externas, de modo progressivo e

constante, numa relação dialética do homem com o seu meio social e cultural. Vale

destacar que as representações que o homem faz dentro de si próprio estiveram

primeiro fora dele, em sua cultura, como um patrimônio das relações sociais, e só

depois se traduziram em autoconstrução de aprendizagem.

No estudo de Daniels (2007), especula-se sobre quanto o conteúdo dos

programas escolares e os tipos de educação escolar contribuem para o

38 Na perspectiva dos autores,

Page 102: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

116

desenvolvimento de habilidades cognitivas. Para o pesquisador, um professor que

aspira promover zonas de desenvolvimento iminente em seus estudantes deve

trabalhar de forma criativa. Para tanto, na perspectiva do estudioso, o professor

precisa, primeiro, determinar a zona, seus limites e o epicentro do problema que o

estudante enfrenta; em segundo lugar, identificar as tarefas que o estudante já

realiza sozinho e aquelas que estão quase em condições de serem realizadas sem

ajuda; e, em terceiro lugar, fornecer prontamente ao estudante a ajuda de que ele

mais necessita. Mas, embora essas três etapas constituam o processo ensino-

aprendizagem na perspectiva de Daniels (2007), planejá-las bem e desenvolvê-las

em parceria com o aluno não bastam para tornar criativas as atividades propostas.

Segundo o pesquisador, estas só se tornarão efetivamente criativas em função de

outros aspectos relacionados ao professor, como profissionalismo, compreensão

dos mecanismos psicológicos sobre os quais organizará tais atividades e disposição

para alterar seu planejamento e criar estratégias pedagógicas durante a aula.

Com base no que se discutiu neste tópico, especialmente no que concerne à

concepção histórico-cultural de Vigotski, compreende-se que aprender não consiste

apenas em adquirir conhecimentos, mas também em consolidá-los, reestruturá-los e

superá-los, criando outros. Assim, é motivador investigar o processo ensino-

aprendizagem a partir das expressões dos sujeitos da educação a distância on-line,

pelo fato de os docentes e discentes virem de uma tradição acadêmica presencial,

em que o ato de ensinar-aprender é resultado de propostas pedagógicas já

cristalizadas no ensino tradicional, transmitidas por meio de aulas expositivas

presenciais. A transmissão de conteúdos nesse viés se caracteriza como uma ação

pedagógica isolada e unilateral, resumida na fórmula "professor ensina, aluno

aprende", na qual a possibilidade de construção conjunta do conhecimento é

substituída pelo uso de procedimentos e ferramentas que transformam os

estudantes em pessoas passivas, na maioria das vezes. Nesse caso, qual seria o

desafio que se apresenta aos professores das disciplinas e os tutores que transitam

no universo digital on-line? Compreender o processo ensinar-aprender do ambiente

virtual envolvendo o diálogo, a sua estrutura e a autonomia entre seus atores

(MOORE, 1972; MOORE, 1993; MOORE; KEARSLEY, 1996; ALMEIDA, 2004)) é

uma necessidade premente ante a constituição do campo teórico da pedagogia da

educação a distância on-line e suas inovações tecnológicas.

Page 103: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

117

5 PESQUISA EMPÍRICA

Não basta interpretar o mundo; É preciso mudá-lo.

Karl Marx

Apresentam-se as informações concedidas pelos sujeitos, organizadas a

partir das três etapas de análise da hermenêutica de profundidade: i) a análise

sócio-histórica é constituída do “lugar de fala” dos sujeitos, sendo seguida da ii)

análise formal ou discursiva e da iii) interpretação/reinterpretação, que traz as

evidências, premissas e possibilidades que o estudo propiciou.

5.1 O lugar de fala e a identificação dos sujeitos da pesquisa – Primeira fase da

hermenêutica de profundidade

Apresenta-se nesta seção, a descrição das expressões dos sujeitos

participantes da pesquisa sobre os aspectos sociais, econômicos e de identificação.

Tais sujeitos compõem dois grupos – professores/tutores e estudantes –, e suas

expressões foram reportadas por meio de questionários eletrônicos. Inicialmente,

apresentam-se as expressões de cada grupo de modo separado; depois, ao final da

descrição dos dados de cada grupo, elabora-se uma síntese dos dados descritos, de

forma mais suscinta permitindo maior clareza e compreensão dos dados coletados.

Essa forma de apresentar tais dados é inspirada no trabalho desenvolvido por

Freitas e Ortega (2015) e no aporte teórico-metodológico de Thompson (2011),

segundo o qual o objeto das investigações é um campo pré-interpretado pelos

sujeitos inseridos em condições sociais e históricas específicas.

A descrição do lugar de fala e da identificação dos sujeitos foi considerada

aspecto relevante a ser apontado, na medida em que trouxe à luz as formas

simbólicas de constituição, produção e desenvolvimento da vida cotidiana dos

sujeitos, sob seus próprios pontos de vista. Buscou-se, portanto, reconhecer as

maneiras como as formas simbólicas e interativas são interpretadas e

compreendidas pelos próprios sujeitos, no seu mundo cultural.

A tônica desta seção é compreender o “lugar de fala” dos sujeitos

participantes da pesquisa para elucidar a maneira como as formas simbólicas são

Page 104: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

118

interpretadas e compreendidas pelas pessoas que as produzem e as recebem

durante suas vidas. Mas, antes de adentrar na descrição dos dados coletados,

explica-se que a dimensão “lugar de fala”, adotada na pesquisa, é identificada como

o conjunto das expressões dos dois grupos, professores/tutores e estudantes,

considerado nas suas relações de poder, destacando-se os marcadores sociais de

cada grupo como elementos que os distinguem na estrutura social. Trata-se,

portanto, do reconhecimento do “locus social”, conforme a concepção de Ribeiro

(2017), em que os sujeitos respondentes se encontram, e da reflexão sobre seus

papeis, suas percepções. Esse reconhecimento é, ele próprio, um processo

interpretativo, ou seja, “é uma interpretação do entendimento quotidiano – ou, como

denominarei, uma interpretação da doxa, uma interpretação de opiniões, crenças e

compreensões que são sustentadas e partilhadas pelas pessoas que constituem o

mundo social.” (THOMPSON, 2011, p. 364).

Na perspectiva da hermenêutica de profundidade, a interpretação da doxa é

um ponto de partida indispensável à etapa de (re)interpretação que se pretende

realizar e, sendo assim, é necessário ir além do nível de interpretação, a partir de

uma ruptura metodológica com a hermenêutica da vida quotidiana, para se

considerar os aspectos que brotam da constituição do campo-objeto (THOMPSON,

2011). Do ponto de vista da metodologia adotada, na primeira fase, lugar de fala, a

interpretação dos dados é apresentada pelos sujeito e a pesquisadora somente os

organiza e descreve. Portanto, a descrição que aqui se apresenta propõe considerar

as situações espaciotemporais, os campos de interação e a estrutura social de cada

grupo implicado no processo ensino-aprendizagem.

5.1.1 O lugar de fala dos professores/tutores

Os professores/tutores participantes da pesquisa compuseram o universo de

catorze profissionais – cinco professores formadores, oito professores mediadores e

um tutor a distância –, atuantes no primeiro módulo do curso de Informática para

Internet. Todos os professores/tutores foram convidados a participar do estudo por

meio de mensagem eletrônica, postada no ambiente virtual de ensino-aprendizagem

do curso. Desse conjunto, porém, um profissional não respondeu ao questionário

proposto ao grupo. A fim de propiciar-lhes maior liberdade de expressão, a

pesquisadora considerou importante não identificar, nominalmente, os respondentes.

Page 105: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

119

A respeito do perfil dos professores/tutores, constatou-se, por exemplo, que 77%

são homens e 23% são mulheres; 62% são brancos, 62% são casados e 39% não

possuem filhos; e a idade prevalecente, verificada em 31% do grupo, é de 36 a 40

anos. Destaca-se que, ao agregar toda a população com até quarenta anos de

idade, verifica-se um universo mais amplo, totalizando 55%. Trata-se, assim, de um

grupo composto, em sua maioria, por profissionais mais jovens. Outros detalhes

acerca do perfil dos professores/tutores podem ser visualizados no Quadro 1.

Quadro 1 – Identificação dos professores/tutores

Cor Branca Parda Amarela Preta

62% 23% 15% -

Idade 26 a 30 31 a 35 36 a 40 41 a 45 46 a 50 Mais de 50

8% 16% 31% 15% 15% 15%

Estado civil

Solteiro Casado Divorciado Separado Viúvo

23% 62% 15% - -

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Quanto à titulação dos professores/tutores, 54% são doutores, 31% são

mestres, e 15% são especialistas. Para 23% do grupo, a formação mais recente se

deu há menos de três anos; para 62%, entre quatro e seis anos atrás; e para 15%,

entre sete e dez anos atrás.

Dos treze professores/tutores respondentes, 69% trabalham somente com a

docência, e 31% exercem, também, outras atividades. Quanto à opção pelo trabalho

na educação a distância on-line, 61% do grupo a atribuiu à oportunidade de exercer

o magistério numa modalidade diferente; 23%, à convicção de que tal modalidade

corresponde ao futuro da docência; e 16%, ao valor pago por hora-aula pela

instituição. 69% dos respondentes afirmaram que a docência na educação a

distância on-line não exige muito, seja porque já têm experiência, seja porque

contam com a ajuda do tutor, ou porque consideram as exigências dessa

modalidade de ensino iguais às da educação presencial.

Conforme apresentado no Quadro 2, 77% dos professores/tutores gastam até

trinta minutos para se deslocar de casa até o ambiente de trabalho; 58% trabalham

Page 106: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

120

entre 31 e 40 horas semanais, 25% trabalham mais de 44 horas por semana; 54%

têm vencimentos entre sete e dez salários mínimos mensais e 23% recebem mais

de dez salários mínimos por mês.

Quadro 2 – Aspectos profissionais dos professores/tutores

Carga horária 21 a 30h 31 a 40h 41 a 44h Mais de 44h

- 58% 17% 25%

Faixa salarial mensal (em salários mínimos)

3 a 5 5 a 7 7 a 10 Mais de 10

8% 15% 54% 23%

Tempo de deslocamento 15min 15 a 30min 31min a 1h 1 a 1h30min

31% 46% 15% 8%

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Quanto à formação complementar, 85% dos professores/tutores têm domínio

de língua estrangeira ou fazem algum curso nesse sentido. Sobre o ambiente virtual

de ensino-aprendizagem (AVEA) do Moodle, 93% dos profissionais consideram-no

de fácil utilização, embora 38% do grupo não tenha recebido formação ou orientação

acerca da plataforma. No que concerne ao suporte técnico, 54% dos respondentes

afirmaram que, quando precisam de ajuda, o apoio recebido lhes “atende

razoavelmente”. Para se comunicar na plataforma da educação a distância on-line, o

equipamento mais usado pelos professores/tutores é o notebook, mas é possível

perceber que boa parte deles utiliza o celular e o computador de mesa. Os

profissionais indicaram que o ambiente de trabalho é o local onde mais utilizam a

internet. Alguns desses dados podem ser observados no Quadro 3.

Quadro 3 – Formas de comunicação usadas pelos professores/tutores

Domínio de língua estrangeira Sim Não

85% 15%

Local de uso predominante da internet

Casa Ambiente de trabalho

31% 69%

Meios de comunicação utilizados Tablet Notebook Celular Computador

4% 40% 28% 28%

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Page 107: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

121

A maioria dos professores/tutores afirma saber utilizar a internet, o Microsoft

PowerPoint e o Microsoft Word. 42% se dizem capazes de usar o OneNote,

aplicativo de anotações digital usado para gerenciamento de informações,

pesquisas, planos etc., e 15% se dizem habilitados a operar com o Nmap,

ferramenta de código aberto para exploração de rede e auditoria de segurança. Os

detalhes estão no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Recursos que os professores/tutores dominam

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

69% dos professores/tutores responderam que, no tempo livre, ou descansam

e/ou cuidam dos afazeres domésticos, ou assistem a filmes, ou pesquisam na

internet. Outras atividades realizadas fora do horário de trabalho, como ir à igreja ou

fazer compras, também foram mencionadas pelos profissionais. Três respondentes

acrescentaram que praticam esportes, leem, tocam instrumentos musicais ou jogam

videogame. Vejam-se os detalhes no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Atividades realizadas no tempo livre

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Page 108: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

122

Quanto ao investimento artístico cultural, a Tabela 1 apresenta a porcentagem da

frequência dos professores/tutores em cinemas, teatros, museus, galerias de arte e

shows artísticos.

Tabela 1 – Frequência dos professores/tutores em ambientes artísticos e culturais

Frequência Cinema Teatro Museu Galeria Show

Pelo menos uma vez por mês 30% - - - 8%

Pelo menos uma vez por semestre 70% 38% - - 30%

Pelo menos uma vez por ano - 15% 30% 15% 31%

Pelo menos uma vez a cada dois anos - - 31% 23% 15%

Pelo menos uma vez a cada cinco anos - 31% 31% 39% 8%

Nunca - 16% 8% 23% 8%

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Como se observa, a frequência nos ambientes artísticos e culturais é baixa.

Vale destacar que frequentar diferentes ambientes dessa natureza e conhecer

manifestações culturais variadas expande a realidade dos docentes de forma

intensa e diversificada, ampliando seus horizontes e sua forma de enxergar a

realidade.

Conforme a leitura dos dados apresentados na Tabela 2, 76% dos

professores/tutores informaram que dedicam semanalmente de duas a dez horas à

preparação das atividades das disciplinas, e 31%, de duas a cinco horas à correção

de trabalhos na plataforma. Destaca-se que, no curso de Informática para Internet, o

tutor corrige as atividades avaliativas preparadas pelos professores, o que justifica a

existência de um percentual de sujeitos que afirmaram não corrigi-las.

Tabela 2 – Tempo de preparação e correção de atividades

Tempo Preparação de atividades Correção de atividades

Até 2h 15% 46%

2 a 5h 45% 31%

5 a 10h 31% 15%

10 a 20h 8% -

Mais de 20h - -

- - 8% Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Page 109: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

123

Os professores/tutores informaram ainda que as formas de comunicação mais

utilizadas com os estudantes são o e-mail e o fórum. Entretanto, conforme se

observa no Gráfico 3, o chat e o telefone também são empregados para o referido

fim.

Gráfico 3 – Formas de comunicação dos professores/tutores com os estudantes

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Na percepção de cinco professores/tutores (38%), o motivo da escolha do

curso de Informática para Internet pelos estudantes é o ingresso no mercado de

trabalho. Para dois profissionais (15%), a justificativa é a gratuidade, ao passo que,

para outros dois (15%), é a marca CEFET. Houve professores/tutores que

apontaram como razões da escolha a curiosidade despertada pela área (8%) e a

ampliação das possibilidades de emprego (15%). Outro profissional entendeu que,

“em função de não conhecerem o currículo do curso”, há estudantes que escolhem

estudar Informática para Internet porque “pensam que seja para aprender a usar a

internet”. Vejam-se detalhes no Gráfico 4.

Gráfico 4 – Percepção dos professores/tutores sobre o motivo da escolha do curso pelos estudantes

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Page 110: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

124

De acordo com o Gráfico 5, a maioria dos professores/tutores (oito, ou 62%)

percebe que a principal contribuição do curso de Informática para Internet é a

formação profissional, ao passo que outros profissionais entendem que seja a

obtenção de diploma de nível técnico (dois, ou 15%) ou a perspectiva de ganhos

materiais (três, ou 23%).

Gráfico 5 – Percepção dos professores/tutores sobre a contribuição do curso para a formação dos estudantes

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Com os dados coletados e organizados, foi possível construir o Quadro 4,

com os principais aspectos que caracterizam o grupo de professores/tutores

participantes da pesquisa. Essa organização permitiu, em alguma medida, revelar o

perfil dos profissionais que atuaram no primeiro módulo do curso de Informática para

Internet.

5.1.1.1 Síntese dos dados descritos

Quando analisado do ponto de vista histórico e estrutural, observa-se que o

lugar de fala dos professores/tutores é identificado pela marca dos profissionais de

instituições públicas como o CEFET – MG, nas quais são exigidas a formação em

pós-graduação stricto sensu e, muitas vezes, a disponibilidade para trabalhar em

regime de dedicação exclusiva.

No Quadro 4, apresenta-se a síntese do lugar de fala dos sujeitos

professores/tutores, expressando-se um panorama geral de concepções e crenças

definidoras das práticas utilizadas nas experiências pedagógicas.

Page 111: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

125

Quadro 4 – Caracterização do grupo de professores/tutores Características Percentual

São homens 77%

São brancos 62%

São casados e têm filhos 62%

Têm entre 26 e 40 anos de idade 55%

São doutores 54%

Sua última formação ocorreu há menos de três anos 62%

Têm domínio de língua estrangeira 85%

Dedicam-se totalmente à docência 69%

Ficam em casa no tempo livre 69%

Frequentam o cinema uma vez por semestre 70%

Frequentam o teatro uma vez por semestre 38%

Nunca foram ao teatro 16%

Frequentam o museu uma vez a cada dois anos 31%

Nunca foram ao museu 8%

Frequentam uma galeria de arte pelo menos uma vez a cada cinco anos 38%

Nunca foram a uma galeria de arte 23%

Trabalham de 30 a 40 horas semanais 58%

A faixa salarial situa-se entre sete e dez salários mínimos mensais 54%

Gastam até trinta minutos para se deslocar de casa ao ambiente de trabalho 77%

Escolheram a educação a distância pela oportunidade de trabalhar numa

modalidade diferente 62%

Gastam de duas a cinco horas semanais no preparo de atividades 46%

Gastam até duas horas semanais na correção de atividades 46%

Consideram o AVEA do Moodle de fácil utilização 61%

Comunicam-se com os estudantes via e-mail e fórum 39% Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

A partir dos dados apresentados, percebe-se que os profissionais da

instituição gozam de carreira mais estável, com tempo e espaço para reflexões, e

são fortemente valorizados por suas produções acadêmicas. A posição que ocupam

expressa um conjunto de percepções que determina a configuração social dos

sujeitos. Essas percepções são modeladas num espaço multidimensional, de

posições estabelecidas em conformidade com o capital científico adquirido e

enquanto poder simbólico.

Com base na pesquisa sobre o lugar de fala dos professores/tutores, foi

possível perceber também as particularidades desse grupo de profissionais e

apresentar os traços que identificam o contexto socioeconômico, cultural e de

trabalho, marcadamente situado por suas experiências particulares, evidenciando o

lugar que ocupam no interior da Instituição. Esse contexto se revela fortemente

influenciado por um repertório de conhecimentos e competências que constituem o

alicerce sobre o qual os professores/tutores fazem a formação técnico-operativa dos

Page 112: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

126

estudantes para o mercado de trabalho. Tais profissionais constituem o campo-

objeto e são os responsáveis pela criação de espaços de interação que só existem

devido às relações que neles se estabelecem e ao caráter plural da mediação do

conhecimento.

5.1.2 O lugar de fala dos estudantes

Os estudantes participantes da pesquisa constituíram o universo de 58

pessoas, matriculadas no primeiro módulo do curso de Informática para Internet. 31

sujeitos desse conjunto (54%) responderam ao questionário. Assim como seus

professores/tutores, todos esses estudantes foram convidados a fazer parte do

estudo via mensagem eletrônica, postada no ambiente virtual de ensino-

aprendizagem do curso, e não se exigiu deles identificação para responder ao

questionário, com o mesmo fim de conceder-lhes liberdade para se expressar.

Em relação ao perfil dos estudantes, 81% são homens, e 19% são mulheres,

conforme se observa no Quadro 5, A maioria dos estudantes, o equivalente a 77%

dos respondentes, tem idade acima de 21 anos, enquanto 23% deles têm vinte anos

ou menos, o que revela que o público que procura pelo curso de Informática para

Internet não é tão jovem. Outros dados inclusos no quadro, respeitantes à cor da

pele e ao estado civil, apontam que 48% dos estudantes são brancos, 29%, pardos

e 23%, negros, e que 71% deles são solteiros, embora a pesquisa tenha revelado

que 35% do total de estudantes já possua um ou mais filhos.

Quadro 5 – Perfil dos estudantes

Cor Branca Parda Preta Amarela

48% 29% 23% -

Idade 17 18 19 20 21 ou mais

16% - - 7% 77%

Estado civil Solteiro Casado Divorciado Separado Viúvo

71% 13% 3% 10% 3%

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Do ponto de vista das condições socioeconômicas dos estudantes, os dados

revelaram que 52% deles moram com os pais e que 29% vivem com cinco ou mais

Page 113: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

127

pessoas na mesma casa. Os dados apontaram que 35% dos estudantes não são

financeiramente dependentes dos pais, mas que 65% deles dependem um pouco,

bastante, ou totalmente de seus progenitores. O Quadro 6 apresenta esses e outros

detalhes.

Quadro 6 – Condições de moradia dos estudantes Com quem

mora Pais Esposa Parentes Companheiro(a) Sozinho Amigos 52% 19% 13% 6% 10% -

Quantidade de moradores na

casa

1 2 3 4 5 ou mais

10% 29% 13% 19% 29%

Dependência financeira da

família

Não Um pouco Bastante Totalmente

35% 16% 13% 36%

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Em relação à renda familiar, cujos dados são apresentados no Quadro 7, a

maioria dos estudantes (68%) vive numa situação financeira difícil, recebendo entre

um e três salários mínimos por mês. 52% são trabalhadores, dos quais 52%

contribuem com a família com grande quantia, 29%, com pouca, e 19%, com

nenhuma quantia. Observa-se que essa composição é consoante à realidade

brasileira de estudantes levantada no Censo Escolar de 2017.

Quadro 7 – Condições econômicas dos estudantes

Estudante trabalhador Sim Não

52% 48%

Contribuição com despesa familiar Sim, muito Sim, pouco Não contribui

52% 29% 19%

Renda familiar (em salários mínimos) 1 a 3 3 a 5 5 a 7 Mais de 7

68% 22% 10% -

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Conforme o Quadro 8, os dados coletados revelaram que 45% dos

estudantes trabalhadores dedicam, pelo menos, 44 horas por semana às atividades

laborais, ao passo que 22% dos estudantes do mesmo universo trabalham por até

dez horas semanais. Os estudantes trabalham ou para ajudar no rendimento mensal

de suas casas, ou para sustentar, sozinhos, suas famílias. Os que não trabalham

Page 114: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

128

fora de casa realizam as tarefas domésticas para que seus responsáveis possam

fazê-lo; consequentemente, estudam de forma precária, marginalizados pela dura

realidade social que lhes é imposta.

Também se considera relevante o tempo gasto pelos estudantes para se

deslocar de suas casas até o ambiente de trabalho. Pouco mais da metade deles

(51%) informou gastar uma hora ou mais no percurso residência-trabalho, o que

sugere passar pelo menos duas horas diárias no trânsito. Nesse caso, pode haver,

além do cansaço físico provocado pelo dia de trabalho, desgaste psicológico

causado pelo trânsito, impactando as condições escolares após a jornada laboral,

com menos tempo para descanso e para dedicação ao estudo. Esse dado é

importante porque revela as precárias condições de que dispõem os estudantes

trabalhadores para as atividades relacionadas ao curso.

Quadro 8 – Carga horária de trabalho e tempo que os estudantes levam de casa até o ambiente de trabalho

Carga horária de trabalho 10h 21 e 30h 31 e 40h 41 e 44h Mais de 44h

22% 11% 11% 11% 45%

Tempo de deslocamento residência- trabalho

até 30min 31min a 1h 1h a 1h30 1h31min a 2h Mais de 2h

32% 17% 11% 28% 12%

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Quanto à escolaridade, verifica-se que 19% dos estudantes ainda não

terminaram o ensino médio. Dentre os estudantes que o concluíram, 26% o fizeram

entre 1999 e 2000 e 19%, entre 2001 a 2010. Esses dados evidenciam que a ligeira

maioria deles (51%) terminou o ensino médio há, no mínimo, dez anos e busca, no

curso oferecido pelo CEFET-MG, mais qualificação. Veja-se o Gráfico 6.

Gráfico 6 – Ano de formação dos estudantes no ensino médio

2 0 1 5 a 1 0 1 7

2 0 1 1 a 2 0 1 4

2 0 0 6 a 2 0 1 0

2 0 0 1 a 2 0 0 5

1 9 9 9 a 2 0 0 0

a n t e s d e 1 9 9 9

n ã o c o n c lu iu

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

2

7

1

5

8

2

6

Ano de Formação

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 115: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

129

Como se verifica no Quadro 9, 42% dos estudantes afirmaram dispor de

níveis de conhecimento muito bons em informática. A maioria, porém, equivalente a

58% dos estudantes, informou ter níveis de conhecimento bons, razoáveis, ruins ou

muito ruins no mesmo âmbito, o que revela a necessidade de investimento na

formação e atualização dos estudantes nessa área do conhecimento.

Quadro 9 – Conhecimento de informática dos estudantes

Conhecimento

de informática

Muito bom Bom Razoável Ruim Muito ruim

42% 29% 23% 3% 3%

Recursos/soft

wares que

mais dominam

Word Excel PowerPoint Internet Nmap OneNote Cisco

Torch

97% 84% 81% 100% 3% 3% 3%

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Embora 42% dos estudantes hajam respondido ter conhecimentos muito bons

de informática, nota-se que uma minoria (3%) afirmou saber utilizar recursos ou

softwares menos comuns, como o Nmap, o OneNote e o Cisco Torch. (Destaca-se

que, para esta questão, não foi estabelecido um limite de opções de resposta, o que

permitiu aos estudantes assinalar quantas opções fossem necessárias.) Percebe-se,

por outro lado, que o recurso que os estudantes mais dominam é a internet, seguido

pelos softwares Word, PowerPoint e Excel. Em relação ao conhecimento de língua

estrangeira, a maioria deles (68%) estudou ou estuda atualmente um idioma que

não o português.

Também foi pedido aos estudantes que destacassem até três atividades que

realizam quando não estão trabalhando ou estudando. Como mostra o Gráfico 7,

87% deles responderam que descansam e/ou cuidam dos afazeres domésticos;

68%, que assistem a filmes; e 32%, que frequentam a igreja. Dos trinta e um

respondentes, quatro complementaram as respostas com as seguintes frases:

“realizar leituras de materiais de tecnologia e língua estrangeira”, “estudar assuntos

diversos”, “fico no Facebook, Instagran. Assisto filme na internet” e “participo do

Grupo de Escoteiros”. Os dados colhidos revelam ainda que a maioria dos

estudantes encontra pouca opção de lazer no tempo livre, pois devem se “dedicar

aos afazeres do lar”, como, por exemplo, “cuidar dos irmãos menores”.

Page 116: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

130

Gráfico 7 – Ações dos estudantes no tempo livre

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Entende-se que a utilização do tempo livre em atividades de socialização e de

fortalecimento dos vínculos familiares, comunitários e tantos outros relaciona-se às

condições de equilíbrio individual e social, a partir das quais os sujeitos reproduzem

a si mesmos e a sua cultura. No caso dos estudantes participantes da pesquisa,

esse período aparece associado ao descanso, na perspectiva de recuperação das

energias físicas e de preparação para o retorno à rotina do próximo dia.

A Tabela 3 informa sobre a frequência dos estudantes nos espaços artísticos

e culturais – cinema, teatro, museu, galeria de arte, shows e evento esportivo. Os

dados obtidos revelam que há baixo investimento nesse sentido.

Tabela 3 – Frequência dos estudantes em ambientes e atividades culturais

Frequência (%) Cinema Teatro Museu Galeria

de arte Shows

Evento

esportivo

Pelo menos uma vez por mês 16% 3% 3% 3% 3% -

Pelo menos uma vez por

semestre 32% 7% 6% 13% 10% 9%

Pelo menos uma vez por ano 13% 6% 10% 6% 16% 13%

Pelo menos uma vez a cada

dois anos 10% 10% 10% 23% 6% 10%

Pelo menos uma vez a cada

cinco anos 23% 32% 55% 55% 36% 26%

Nunca 6% 42% 16% - 29% 42% Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Chama a atenção o fato de 42% dos estudantes nunca terem frequentado um

teatro ou assistido, in loco, a um evento esportivo. O acesso à cultura materializa o

Page 117: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

131

direito de ser o que se é e o modo como se expressa a identidade a ser repassada

de uma geração à outra (CURY, 2008). Contudo, assim como a maioria dos

brasileiros, os estudantes do curso de Informática para Internet apresentam um perfil

de pouco acesso aos bens culturais, acesso que, na maioria das vezes, resume-se a

um simples entretenimento.

Os dados de uso dos aparelhos eletrônicos digitais pelos estudantes podem

ser observados no Quadro 10. A maioria dos respondentes (40%) possui apenas o

celular em suas casas e é por meio dele que acessa a internet para estudar, ou,

mais especificamente, para ler o material de estudo, assistir a vídeos e realizar as

atividades avaliativas disponibilizadas no ambiente virtual de ensino-aprendizagem

do curso. O local de acesso à internet da maioria dos estudantes (75%) é a própria

casa.

Quadro 10 – Uso de aparelhos digitais e internet

Frequência de

uso da internet

Semanal Diária

6% 94%

Local de acesso

à internet

Casa Trabalho Escola

75% 16% 10%

Aparelho

utilizado

Tablet Notebook Celular Computador

9% 29% 40% 22%

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Quanto à escolha do curso de Informática para Internet, 35% dos estudantes

a atribuíram à curiosidade em relação à área; 22%, à pretensão de continuar

estudando; 16%, ao desejo de ingressar no mercado de trabalho; e 13%, à

possibilidade de emprego. 16% dos estudantes apontaram, ainda, outros motivos

para sua opção: “conseguir ser reposicionado no mercado de trabalho”; “mudar o

ramo de atividade e por causa do avanço tecnológico”; e “o certificado do curso”. Por

fim, um dos respondentes, equivalente a 4% do total, indicou a marca CEFET como

razão de sua escolha, revelando que considera esse centro de educação

tecnológica uma boa instituição de formação. Veja-se o Gráfico 8.

Page 118: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

132

Gráfico 8 – Motivos da escolha pelo curso de Informática para Internet

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

45% dos estudantes acham que o nível de exigência do curso é adequado à

sua realidade. Por outro lado, 26% deles apontam que o curso não é exigente, e

19% pensam que o curso deveria exigir mais. Em relação ao conteúdo das

disciplinas, 74% dos respondentes consideram-nos interessantes e importantes para

o exercício da profissão.

Conforme o Gráfico 9, no que se refere à escolha por um curso a distância

on-line, 55% dos estudantes responderam que se deve à falta de tempo para

frequentar diariamente um curso presencial. 26% dos respondentes apontaram

outros motivos para sua opção: “tenho que ajudar em casa, mas preciso estudar”;

“porque na minha cidade não tem curso presencial”; “não consegui entrar no

presencial”; “para ver a diferença entre o curso a distância e o presencial”; entre

outros.

Gráfico 9 – Motivos da escolha de curso em educação a distância

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 119: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

133

Segundo os dados coletados, a maioria dos estudantes (61%) se dedica entre

duas e dez horas semanais aos estudos. Também se verificou que 94% dos

estudantes consideram o uso da plataforma Moodle fácil ou muito fácil. Contudo,

embora 71% dos respondentes tenham afirmado que receberam formação sobre

como utilizar o ambiente virtual de ensino-aprendizagem, 26% deles apontaram que

a formação não foi suficiente.

É importante destacar que 52% dos estudantes afirmaram que, antes do

curso, nunca tinham usado o ambiente virtual de ensino-aprendizagem, mas que

conseguiram dominar a plataforma com facilidade após o início dos estudos. Além

disso, 26% se disseram satisfeitos com o atendimento recebido do suporte técnico

quando dele precisaram. Mas, por outro lado, 39% apontaram que o referido suporte

“não atende” suas necessidades ou as “atende precariamente”.

Os dados sobre tempo de dedicação semanal aos estudos, formação para

uso do Moodle e qualidade do suporte técnico podem ser visualizados no Quadro

11.

Quadro 11 – Condições dos estudantes sobre o Moodle

Tempo de estudo

semanal Até 2h 2 a 5h 5 a 10h 10 a 20h

Mais de

20h 23% 32% 29% - 16%

Formação sobre

o Moodle

Não

receberam Receberam Receberam, mas não o suficiente

3% 71% 26%

Suporte técnico Não

atende Atende

precariamente Atende

razoavelmente Atende plenamente

16% 23% 35% 26% Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Para a maioria dos estudantes (55%), a principal contribuição do curso é a

formação profissional. Para outros, é a formação teórica (16%), ou a perspectiva de

melhores ganhos salariais (10%) ou a obtenção de diploma (13%). Houve também

quem mencionasse a “flexibilidade de horário” e a aquisição de “conhecimento”

(6%).

Page 120: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

134

5.1.2.1 Síntese dos dados descritos

Quando analisado o lugar de fala dos estudantes do ponto de vista histórico-

cultural, predominam as seguintes características: sexo masculino, cor branca, faixa

etária acima de 21 anos, estado civil solteiro. A maioria concluiu o ensino médio há

cinco anos ou mais, domina ou estuda uma língua estrangeira, mora com os pais,

depende deles financeiramente e divide a casa com quatro ou mais pessoas. Pouco

mais da metade exerce atividade remunerada e contribui com grande quantia para a

renda familiar, que é de um a três salários mínimos mensais. No geral, os

respondentes trabalham 40 horas semanais e gastam, em média, acima de uma

hora no percurso de casa até o local de trabalho. O aparelho eletrônico mais

presente em casa é o celular, utilizado também para os estudos. A maior parte

afirmou que acessa a internet diariamente e, preferencialmente, em casa.

Os estudantes também atestaram, em sua maioria, que passam o tempo livre

em casa – descansando, cuidando dos afazeres domésticos ou assistindo a filmes –

ou o utilizam para ir à igreja. A maior parte deles nunca frequentou um teatro, mas

costuma ir ao cinema uma vez por semestre. As idas a museu, galeria de arte ou

show artístico são menos frequentes: somente uma vez a cada cinco anos.

Também de forma predominante, os estudantes informaram que têm bom

conhecimento de informática e que dominam seus recursos básicos. Afirmaram

ainda ter escolhido o curso na modalidade a distância on-line por falta de tempo para

frequentar diariamente um curso presencial e atribuíram a opção de cursar

Informática para Internet ou à curiosidade em relação à área, ou à ampliação das

possibilidades de emprego. Para boa parte dos respondentes, a principal

contribuição do curso é a formação profissional.

Com os dados coletados e organizados, foi possível construir o Quadro 12,

com os principais aspectos que caracterizam o grupo de estudantes, evidenciando

seu lugar de fala.

Page 121: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

135

Quadro 12 – Caracterização do grupo de estudantes Características Percentual

São homens 81% São brancos 48% São solteiros 71% Têm acima de 21 anos 77% Moram com os pais 52% Dependem financeiramente da família 32% Possuem renda familiar de um a três salários mínimos mensais 68% Trabalham 52% Contribuem financeiramente com a família 52% Trabalham pelo menos 44 horas semanais 45% Gastam até trinta minutos para se deslocar de casa ao ambiente de trabalho 34% Concluíram o ensino médio entre 1990 a 2000 26% Não concluíram o ensino médio 19% Formaram-se há mais de dez anos 51% Estudaram ou estudam alguma língua estrangeira 68% Ficam em casa no tempo livre 87% Frequentam o cinema uma vez por semestre 32% Nunca foram ao cinema 6% Frequentam o teatro pelo menos uma vez a cada cinco anos 32% Nunca foram ao teatro 42% Frequentam o museu pelo menos uma vez a cada cinco anos 55% Nunca foram ao museu 16% Frequentam uma galeria de arte pelo menos uma vez a cada cinco anos 55% Frequentam shows pelo menos uma vez a cada cinco anos 36% Nunca foram a um show 29% Frequentam um evento esportivo pelo menos uma vez a cada cinco anos 26% Nunca foram a um evento esportivo 42% Escolheram a educação a distância por falta de tempo para frequentar um curso

diariamente 55%

Dedicam de duas a cinco horas semanais aos estudos 32% Consideram o AVEA do Moodle de fácil utilização 94%

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Como mencionado anteriormente, o objetivo da análise sócio-histórica é reconstruir

as condições sociais e históricas de produção, circulação e recepção das formas

simbólicas. O quadro 12 apresenta as condições que caracterizam os estudantes e

elas comporão as análises da próxima fase.

5.2 Exploração do material e análise do conteúdo – Segunda fase da

hermenêutica de profundidade

A segunda fase da hermenêutica de profundidade, conforme Thompson (2011),

consiste na análise formal ou discursiva, capaz de propiciar o estudo das formas

Page 122: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

136

simbólicas, enquanto construções simbólicas complexas, e de sua articulada

estrutura. Essa fase consta de três partes: a pré-análise, a exploração do material e

a interpretação.

Inicialmente, procedeu-se à primeira fase da análise do conteúdo, nomeada

de pré-análise, organizando em quadros as expressões dos estudantes referentes

às indagações sobre o modo como eles próprios reconhecem as suas dificuldades

pessoais para a aprendizagem e sobre o que eles acreditam depender de si próprios

para melhorar as condições de aprendizagem. Em seguida, foram organizados

quadros e tabelas com as respostas dos professores/tutores às indagações

propostas no questionário sobre as dificuldades pessoais dos estudantes e o que

eles, os próprios estudantes e o curso, podem fazer para melhorar as condições de

aprendizagem. Sendo assim, foi necessário utilizar de dados quantitativos das

expressões dos sujeitos, estudantes e professores/tutores, registradas nas

respostas discursivas dos questionários e, a partir deles, foram considerados os

aspectos qualitativos, responsáveis pela ruptura metodológica da interpretação.

Emergiram daí a exploração do conteúdo, que diz respeito à “descoberta do que

está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está

sendo comunicado” (GOMES, 2001, p. 74), e a interpretação.

A organização dos dados foi importante porque possibilitou conhecer as

crenças e concepções dos professores/tutores sobre as dificuldades dos estudantes

para a aprendizagem e os reflexos de tais crenças e concepções na aprendizagem

de seus estudantes. Analisaram-se também as condições e percepções de

interação/mediação entre professores/tutores e estudantes no ambiente virtual de

ensino-aprendizagem e os fatores culturais que influenciam o uso do ambiente on-

line e de seus artefatos tecnológicos, enquanto mediadores da gestão pessoal da

informação/conhecimento e da motivação para a aprendizagem.

Com os dados organizados, deu-se início à segunda fase da análise de

conteúdo, a qual se refere à exploração do material e consiste “essencialmente na

codificação dos dados brutos, visando alcançar o núcleo de compreensão”

(MINAYO, p. 2010). Em seguida, procedeu-se a uma análise comparativa entre

expressões dos professores/tutores e dos estudantes no tocante ao ensino-

aprendizagem por meio do ambiente simulado.

Na última fase, propuseram-se algumas inferências que guiaram as

interpretações, tendo em vista a escolha teórico-metodológica. As inferências, no

Page 123: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

137

seu conjunto, permitiram compreender o objeto de estudo a partir de dois pontos de

vista: os estudantes que falam sobre si mesmos e os professores/tutores que falam

sobre os estudantes e sobre suas próprias crenças e concepções sobre seus

estudantes. Ao final, considerando-se o processo ensino-aprendizagem no âmbito

do curso e da modalidade a distância on-line, os dados permitiram estabelecer

categorias para conduzir a interpretação, na terceira fase da hermenêutica de

profundidade.

O objetivo da segunda fase é compreender e problematizar as elaborações

construídas pelos sujeitos nas suas singularidades, interpretando as enunciações de

professores/tutores e de estudantes do campo escolhido. Conceder um papel central

ao processo de interpretação implica fazer justiça ao caráter distintivo do campo-

objeto a partir da exploração do material coletado. Destaca-se que o foco da análise

do conteúdo revelou as construções simbólicas dos dois grupos de sujeitos, as quais

foram expressas em suas percepções sobre as condições pedagógicas encontradas

no ambiente virtual de ensino-aprendizagem e identificação das diferentes formas de

interações/mediações na zona de desenvolvimento iminente.

Considerando-se as formas simbólicas como fenômenos sociais

contextualizados pelos sujeitos, pois dizem algo além do que elas próprias, esta fase

foi essencial devido às características estruturais que possibilitaram a sua

representação e a compreensão dos fenômenos. Segundo Thompson (2011, p.

370), trata-se “[d]o estudo das relações entre os elementos que compõem a forma

simbólica, ou o signo, e das relações entre esses elementos e os do sistema mais

amplo, do qual a forma simbólica ou signo podem ser parte”. Nessa perspectiva,

interessou-se pela organização interna das formas simbólicas, suas características

estruturais, seus padrões e suas relações, contextualizadas nas condições histórico-

culturais dos sujeitos, o que implicou abstração metodológica para se compreender

as características estruturais internas, os elementos constitutivos e as relações

estabelecidas entre os sistemas e códigos trazidos pelos sujeitos e dos quais fazem

parte.

5.2.1 Primeira fase da análise do conteúdo: pré-análise

Para esta primeira fase, foi realizada uma leitura geral das respostas dos

sujeitos, com a intenção proceder a um contato exaustivo com o material coletado

Page 124: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

138

até impregnar-se pelo seu conteúdo, como proposto por Minayo (2010). Por meio

desse procedimento, foi possível elaborar quadros com os enunciados organizados

por categoria e, por fim, o levantamento de hipóteses em relação ao material

qualitativo.

5.2.1.1 Percepções dos estudantes sobre suas condições para a aprendizagem

Ao organizar as expressões dos estudantes sobre as dificuldades pessoais

que enfrentam no seu processo de aprendizagem, foram estabelecidas quatro

categorias: condições propedêuticas, condições das estruturas pessoais, condições

físicas e psicológicas e condições do curso.

A partir da análise dos dados, expostos no Quadro 13, observou-se a

predominância de expressões como “falta de tempo para estudar”, relacionadas às

condições das estruturas pessoais que impedem os estudantes de estabelecer um

horário de estudo ou uma rotina. Também estão expressos nas respostas dos

estudantes elementos associados às suas condições físicas e psicológicas, como

“cansaço, preguiça e falta de vontade”, possivelmente decorrentes da pesada carga

de trabalho, conforme apontado neste mesmo capítulo. Entende-se que a “falta de

vontade” e a “preguiça” podem ser resultado do trabalho físico e das dificuldades

que os estudantes encontram para conciliar trabalho e estudo; nesse sentido, podem

ser interpretadas como ansiedade, falta de concentração e de interesse pelo estudo

e impaciência com o próprio processo de aprendizagem. Outro aspecto que chamou

atenção é a percepção dos estudantes sobre suas dificuldades de interpretar,

memorizar e se concentrar, o que sinaliza a relação entre diferentes fatores ou a

soma de vários deles, tais como as condições educacionais, socioeconômicas, a

dedicação da maior parte do tempo ao trabalho e ao deslocamento urbano e o

distanciamento em relação às atividades culturais e literárias, conforme já apontado.

Page 125: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

139

Quadro 13 – Expressões dos estudantes sobre dificuldades pessoais no processo ensino-aprendizagem, organizadas por categorias e quantidade Categorias Expressões Qt.

Condições propedêuticas

Dificuldade de compreender 1 Interpretação 1 Memorização

5

Memorizar é difícil Memorizar, eu sempre tenho que raciocinar novamente até ter apreendido e praticar sempre.

Não consigo memorizar Tenho dificuldade de estudar lendo, eu canso de ler e nada entra na minha cabeça. já pensei em parar de estudar.

Condições das estruturas pessoais

Morar longe do polo 2

Morar muito longe do polo Estabelecimento de horário para esta tarefa

12

Horário para estudo Preciso estabelecer certa frequência de estudo para entrar em uma rotina, do contrário largo. Disponibilidade de horário Falta de tempo Programar meu tempo Pouco tempo para estudar Tempo. Tempo Tempo disponível Tempo disponível para os estudos. Tempo para estudar devido ao trabalho e pelo fato de também estar cursando faculdade Preocupação com as contas para pagar 1

Condições físicas e

psicológicas

Ansiedade 1 Cansaço

4 Cansaço físico Trabalho muito e chego cansado em casa Dá preguiça de estudar, mas é preciso. Falta de paciência 1 Falta de vontade 1 Foco e começar uma atividade

4 Concentração para os estudos Falta de concentração Sou muito disperso Interesse para estudar 1 Timidez 1 Ritmo. 1 Disciplina 1

Condições do curso

A comunicação atravessada e insuficiência de compreensão 1 Demora no calendário letivo, problemas burocráticos do curso 1 Falta feedback 1 Indefinições em geral é o que aproxima da zona absal do descaso, atravancando nosso interesse.

1

O fato de não ter um professor presencial para esclarecer minhas dúvidas. 1 No momento o grande entrave pessoal e impessoal é a gestão do curso Ead do cefet-mg. Tenho dito.

1

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 126: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

140

Outra pergunta feita aos estudantes foi sobre o que eles mesmos poderiam

fazer para melhorar a própria aprendizagem, conforme detalhado no Quadro 14. Os

dados coletados foram analisados a partir de três categorias de expressões:

condições estruturais, condições psicológicas e condições objetivas. Observam-se

um número maior de expressões em relação às condições objetivas e a

predominância do tempo/horário de estudo.

Quadro 14 - Expressões dos estudantes sobre o que depende de si próprios para melhorar seu processo de aprendizagem, organizadas por categorias Categoria Expressões Qt.

Condições estruturais

Conseguir conciliar os afazeres pessoais para sobrar mais tempo para os estudos.

1

Conseguir um lugar tranquilo para estudar 1 Criar um horário e um ambiente de estudo 1 Encontrar um trabalho menos estressante 1 Ganhar uma grana a mais. 1 Praticar mais, a questão da programação com foco no mercado de trabalho. 1

Condições psicológicas

Atenção 1 Determinação

2 Minha determinação. Do meu raciocínio 1 Esforço

3 Esforço e dedicação Melhor dedicação e um maior foco. Foco 1 Força de vontade 1 Mais disposição 1 Me soltar mais e assim aprender melhor. 1 Melhor compreensão de alguns conteúdos das matérias. 1 Proatividade 1 Não muito, já sou dedicado. 1 Ter mais motivação através de mais vinculo com professor e cefet 1

Condições objetivas

Achar mais tempo para estudo

8

Arrumar mais tempo. Dedicar mais tempo na realização das atividades e estudos. Dedicar um tempo maior para estudar Mais tempo Mais tempo para dedicar aos estudos. Achar mais tempo para estudo Dedicar tempo aos estudos. Me dedicar mais aos estudos

2 Dedicar mais aos estudos Melhor organização do tempo

5 Melhorar a organização do meu tempo Melhorar organizaçåo do tempo Organização do tempo Organizar melhor minha leitura Ter mais disciplina 1

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 127: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

141

5.2.1.2 Percepções dos professores/tutores sobre as condições dos estudantes para

a aprendizagem

Como apontado no capítulo anterior, responderam ao questionário treze

profissionais da educação a distância on-line, funcionários do CEFET-MG. O grupo

foi composto, indistintamente, por professores e tutores; suas respostas, portanto,

dizem respeito ao grupo de profissionais.

Na primeira pergunta sobre as condições dos estudantes, os

professores/tutores poderiam mencionar até três dificuldades pessoais que seus

estudantes enfrentam no processo de aprendizagem. Conforme o Quadro 15, as

respostas foram analisadas e organizadas em quatro categorias: condições

propedêuticas, condições físicas e psicológicas, condições das estruturas pessoais e

condições do curso. Observa-se que, nesse grupo de respondentes, as expressões

mais mencionadas se referem às condições físicas e psicológicas dos estudantes,

embora a falta de tempo tenha sido a expressão mais mencionada.

Quadro 15 – Percepção dos professores/tutores sobre as “principais dificuldades pessoais” que os estudantes têm para a aprendizagem

Categorias Expressões Qt.

Condições propedêuticas Defasagem escolar 8

Condições físicas e psicológicas

Dificuldade cognitiva 2

Falta de vontade de estudar 3

Desgaste físico e psicológico 3

Pouco comprometimento com a educação

a distância 9

Condições das estruturas pessoais Falta de tempo 8

Jornada de trabalho extenuante 6

Condições do curso Questões relacionadas ao curso 1

Desorganização do curso 1 Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

A segunda questão pretendeu descobrir o que os professores/tutores

acreditam depender dos estudantes para que eles melhorem a própria

aprendizagem. Investigar esse aspecto foi importante na medida em que revelou

pensamentos e crenças dos sujeitos respondentes sobre suas concepções sobre o

processo ensino-aprendizagem. Os dados foram organizados em três categorias:

condições estruturais, condições psicológicas e condições objetivas, como é

possível verificar no Quadro 16.

Page 128: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

142

Quadro 16 – Percepção dos professores/tutores sobre o que “depende dos estudantes” para melhorar a própria aprendizagem Categorias Expressões Qt.

Condições estruturais Frequentar ambientes culturais 1

Condições psicológicas Buscar apoio psicopedagógico 1

Condições objetivas

Reorganizar a rotina para ampliar o tempo de estudo 10

Entregar as atividades com pontualidade e disciplina 8

Participar regularmente das atividades postadas no AVEA 6

Melhorar a forma de comunicação com o professor/tutor 4

Desenvolver o hábito regular de estudo 12 Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

A terceira pergunta procurou saber o que os professores/tutores podem fazer

para melhorar o processo de aprendizagem dos estudantes. Os dados foram

organizados em duas categorias: material didático e prática pedagógica, conforme

apresentado no Quadro 17. Observa-se que há mais expressões referentes ao

material didático do que à prática pedagógica. No entanto, há uma maior

concentração de expressões referentes à tal prática.

Quadro 17 – Percepção dos professores/tutores sobre o que eles podem fazer no AVEA para melhorar a aprendizagem dos estudantes

Categorias Expressões Qt.

Material didático

Modificar a organização do conteúdo da disciplina 4 Preparar atividades que sejam realizadas em grupo 3 Adotar mais exercícios relacionados ao conteúdo 6 Utilizar videoaula 1 Atualizar permanentemente toda ou parte da bibliografia 2 Adotar critérios mais exigentes de avaliação 1

Prática pedagógica

Melhorar a comunicação com os estudantes 7 Melhorar a comunicação com os outros professores/tutores 2 Estimular a autonomia do estudante 6 Realizar atividades interdisciplinares 10

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Outro bloco de três perguntas pretenderam conhecer as percepções dos

professores/tutores a respeito i) das estratégias pedagógicas que mais ajudam os

estudantes a terem sucesso na aprendizagem, ii) das estratégias mediadoras que

eles mesmos utilizam no AVEA e iii) do que eles modificariam na plataforma para

melhorar o processo ensino-aprendizagem. Observou-se que as estratégias

mencionadas por esse grupo de sujeitos são distintas, possivelmente devido à sua

composição heterogênea, que agrega professores e tutores. Veja-se o Quadro 18.

Page 129: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Quadro 18 - Percepções dos professores/tutores sobre o que pode ser feito no curso para melhorar a aprendizagem Objetivos Expressões

Estratégias

pedagógicas

que mais

ajudam os

estudantes a

ter sucesso na

aprendizagem

Interação entre eles e desafios como instrumentos pedagógicos Tirar dúvidas dos estudantes no fórum de discussão. Contato individualizado. Exemplos e exercícios frequentes. Questionários de revisão Resumo da matéria. Vídeo aulas Estimulo ao estudante para ser mais autodidata através de pesquisas do conteúdo na internet Falar que a atividade vale nota e Disciplina Metodologias ativas Priorizar mais vídeos sobre o tema proposto

Estratégias

pedagógicas

utilizadas no

processo

ensino-

aprendizagem

na educação a

distância on-

line

Video aulas, listas de exercícios, forums de discussão Intervenção constante e imediata; estímulos com exemplos de sucessos e exemplos (instrumentos de aprendizagem) sob ângulos

diferentes de visão. Estimular os estudantes com casos atuais de sucesso sobre as disciplinas. Como mediador, busco estimular a dedução lógica para resolver as atividades em sala, além de sugerir atividades para combater as

dificuldades que os estudantes porventura venham a ter. Como professor mediador dou aulas expositivas e práticas. Prefiro metodologias ativas, mas também faço explicações tradicionais Aulas presenciais de laboratório. Apresentação do conteúdo em apostila Apresentação do conteúdo em power points com bastante figuras. Proposição de desafios

baseado no conteúdo estudado. Permitir a correção de exercícios propostos pelos estudantes Contato in box por email com os

estudantes em mais dificuldades. Não deixar muito tempo quaquer questionamento sem resposta. Materiais diversificados. Promover maior interação entre os estudantes (aprendizado colaborativo). Praticidade e facilidade do material proposto (Dinamicidade e

diversificação). Apresentação de etapas específicas (atividades de revisão e questionários de reforço de conteúdos).

Propostas de

modificações

no AVEA para

melhorar a

aprendizagem

Sim, forneceria o material de aula com antecedência ao professor mediador. Recuperação continuada. Talvez a interface gráfica, tornando-a mais intuitiva. O AVA é bom. A comunicação que é péssima - é raro respostas das coordenações de BH sobre questões do curso. Avaliar as interações dos estudantes em fóruns e acessos ao sistema para gerar assoduidade Que professores formadores tornassem o conteúdo mais interessante e mais bem estruturado para @s estudantes O tornaria mais interativo. Ativar o recurso Palavras Cruzadas.

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Page 130: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Dos treze professores/tutores, dois não responderam à questão sobre as

estratégias pedagógicas que mais ajudam os estudantes a ter sucesso na

aprendizagem. Quanto aos que deram a sua opinião, três mencionaram o

estabelecimento de um contato mais individualizado com os estudantes ou o uso do

fórum, três citaram a adoção de exercícios, exemplos e resumo, e dois se referiram

ao uso de vídeos.

A segunda pergunta procurou saber quais eram as estratégias pedagógicas

utilizadas pelos professores/tutores na educação a distância on-line. Dos treze

profissionais, um respondeu “não realizei”, e três trouxeram respostas mais

consoantes à educação a distância on-line, como “intervenção constante e

imediata”, “estímulos com exemplos de sucessos e exemplos (instrumentos de

aprendizagem) sob ângulos diferentes de visão” e “estimular os estudantes com

casos atuais de sucesso sobre as disciplinas e promover maior interação entre os

estudantes aprendizado colaborativo”.

À terceira pergunta, que quis saber o que os professores/tutores mudariam na

estrutura do ambiente virtual utilizado por eles, a fim de melhorar o processo ensino-

aprendizagem, cinco profissionais disseram que não mudariam nada, e os demais

apresentaram respostas relacionadas a questões estruturais do curso, no âmbito do

seu projeto político-pedagógico e da gestão, possivelmente por estarem associadas

às dificuldades mais gerais com que os profissionais da educação a distância on-line

se deparam.

Outro conjunto de três perguntas foi elaborado com o objetivo de conhecer

melhor as estratégias pedagógicas utilizadas por professores/tutores na interação

com os estudantes, e deles com seus pares, e a maneira como a proposta

pedagógica adotada interfere na aprendizagem e formação dos estudantes. O

objetivo foi conhecer melhor as estratégias pedagógicas utilizadas pelos

professores/tutores na interação com os estudantes e deles com seus pares.

Pretendeu também, conhecer a maneira como a proposta pedagógica adotada pelos

professores/tutores interfere na aprendizagem e formação dos estudantes.

A primeira pergunta procurou saber se e como os professores/tutores

propõem trabalhos em grupo para os estudantes; a segunda quis descobrir se e

como os profissionais pedem aos discentes que expliquem o que aprenderam do

conteúdo estudado; e a terceira pretendeu esclarecer se e como os respondentes

incentivam os estudantes a refletir e participar das atividades, conforme Quadro 19.

Page 131: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Quadro 19 - Expressões dos professores/tutores sobre estratégias pedagógicas de interação Pergunta Expressões

O professor/tutor

propõe trabalho em

grupo?

Não, são poucos discentes Não Não realizei Somente como trabalho final de disciplina. Não Não Normalmente esta é uma ação de professores formadores. Mas se eu percebo que os estudantes estão com alguma dificuldade, proponho atividades adicionais que enfatizam as questões que os estudantes apresentam maior dificuldade. Proponho exercícios e peco para postar duvidas em fórum e peco colaboração dos colegas dele para ajudar com opiniões. Faco isto ate chegarmos a um resultado satisfatório Sim. Utilizando o recurso Dicionário, mas essa ferramenta apresentou defeito.

O professor/tutor

pede que os estudantes expliquem o

que aprenderam do

conteúdo?

Sim, peço que expliquem oralmente seu entendimento sobre o aasunto estudado. Não, especificamente. Este processo acontece ao longo das atividades descritivas. Muito raro Não realizei. Sim, no início das atividades presenciais. Sim, pergunto mas a resposta normalmente é que não estudaram o conteúdo da quinzena Sim, fazendo um debate no início da aula Sim, através dos exercícios Sim, através de emails e em fóruns

O professor/tutor

incentiva os estudantes a

refletir e participar das atividades?

Sim, despertando a curiosidade dos estudantes nos conteúdos que ainda serão estudados. Conscientizando sobre a conquista da facilidade através insistência e dedicação. Sim, dando dicas para todos sobre o assunto Não realizei. Sim. Tento estimular a dedução lógica para resolver as atividades. Sim. Incentivo baseado na melhoria da absorção do conteúdo e melhor posisionamento no mercado Sim, oferecendo apoio fora do horário da aula presencial. Sim. Sim. emails diretos com palavras de apoio, ate possibilitar varias tentativas para melhorem suas notas Na própria introdução da disciplina e no conteúdo do material de leitura.Além disso, por meio de mensagens. Com um vídeo de abertura a cada quinzena.

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Page 132: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

146

5.2.1.3 Percepções dos estudantes sobre o curso

Duas perguntas dissertativas sobre o curso de Informática para Internet foram

feitas aos estudantes. A primeira busca saber o que, no ambiente virtual de ensino-

aprendizagem, “mais ajuda” a ter sucesso nos estudos e a segunda, o que "mais

atrapalha". Os dados coletados foram reorganizados, possibilitando estabelecer

quatro categorias de expressões para a primeira pergunta – transferência de

informação, recursos, comunicação e interação e acesso – e duas para a segunda

pergunta – condições didático-pedagógicas e condições estruturais e materiais.

Nas expressões dos estudantes, organizadas no Quadro 20, sobre o que

mais os ajuda a se sair bem nos estudos, destaca-se a categoria recursos, como

“atividades”, “links de apoio”, “material em PDF” e “slides”. O vídeo foi o instrumento

de aprendizagem mais mencionado pelos respondentes, talvez por se tratar de um

tipo de material bem aceito por eles porque comunica as informações de forma fácil,

organizada e em pequenas doses, e a maioria dos estudantes acessa o material de

estudo por meio do celular, aparelho tecnológico propício para tal recurso. Em geral,

os vídeos para a educação a distância on-line são curtos e dispõem de uma

apresentação variada de imagens que favorecem a compreensão dos conteúdos.

As expressões relacionadas à dimensão transferência de informação, como

“as apostilas”, são destacadas por boa parte dos estudantes, o que chama a

atenção para um processo de aprendizagem mais conteudista, por um lado, mas,

por outro, de fácil acesso. De posse da apostila, os estudantes podem consultar o

conteúdo da disciplina de forma estruturada, explorando as potencialidades e

possibilidades que o material oferece para a aprendizagem.

Page 133: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

147

Quadro 20 - Expressões dos estudantes sobre o que, no ambiente virtual de ensino-aprendizagem, “mais ajuda” a ter sucesso nos estudos

Categorias Expressões Qt.

Transferência de informação

Apostilas

7

Apostilas As apostilas As apostilas. O material de estudo (apostilas). Se lançasse o material correto seria as apostilha Conteúdo Material

5 Material das disciplinas Material de apoio O material Os materiais.

Recursos

A disponibilidade que tenho de tempo para estudar. 1

As atividades. 1

As video-aulas.

12

As videos aulas As vídeos aulas. Aulas em vídeo. Videos. Os videos Os videos explicativos. Vídeo aula Vídeo aula Video aulas Video aulas Vídeos

Links de apoio 1

PDFs / slides 2 Slides e material em PDF

Questionarios 1

Comunicação e interação

Fóruns de dúvidas 2 Fóruns de dúvidas Os colegas quando me ajudam. 2 Possibilidade de contato com colegas e suas dúvidas.

Revisão das atividades. 1

Acesso e flexibilidade

Acesso facilitado ao conteúdo

6

Acesso fácil aos conteúdos da matérias Por ter flexibilidade no horário de estudo. Poder rever as aulas tirar minhas dúvidas Reler os conteúdos quantas as vezes eu quiser Poder rever o material quantas as vezes eu quiser as aulas tirar minhas dúvidas

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Na segunda pergunta sobre o curso dirigida aos estudantes, procurou-se

conhecer o que, no ambiente virtual de ensino-aprendizagem, "mais atrapalha" o

sucesso nos estudos. Observou-se a predominância de expressões associadas às

condições didático-pedagógicas, conforme demonstra o Quadro 21.

Page 134: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

148

Quadro 21 - Expressões dos estudantes sobre o que, no ambiente virtual de ensino-aprendizagem, “mais atrapalha” o estudo

Categorias Expressões Qt.

Condições didático-

pedagógicas

A demora no feedback das respostas 2

A lentidão do feedback Apostilas / pdfs / slides que não condizem com as atividades avaliativas

3

Apostilas gigantes para ler As apostilas muito grande e a demora do professor para responder minha dúvida e que não explica o que eu queria saber. Conteúdo massante, pouco interativo e às vezes desinteressante. 1 Discussões inúteis entre estudantes

3 Os fóruns são confusos. Falta de mais explicação por parte do professor da matéria de [...] sendo essa a mais complexa. Falta mais práticas de exercícios. 1 A maneira que alguns professores preparam o plano de estudar. 1 Material completamente desatualizado

2 Os erros nos materiais, bem como desatualização. O que mais me atrapalhou foi a distribuição de notas que mudou de última hora.

4 Mal organização A falta de organização. Lançamento de material errado. O tempo para entrega de atividades 1

Condições estruturais e

materiais

Acesso à internet 1 Quando estou estudando e chega visitas. 1 A falta de Vídeo-aulas dos próprios professores do cefet. 1 Por não ter professor presencial para esclarecer minhas dúvidas 1 Falta de interação dos tutores em relação às dúvidas

2 Falta de uma interação dos tutores com os estudantes Falta de interesse do CEFET em investir nos cursos a distância 1 Tempo curto para ler todo conteúdo 1 Os fórum ocupa muito tempo na minha opinião, poderia ser substituído por uma atividade mais interessante para os estudantes.

1

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Ainda sobre o curso de Informática para Internet, e para compor a leitura

sobre as condições dos estudantes para a aprendizagem, foram-lhes apresentadas

outras duas perguntas: i) quais as “principais dificuldades para aprender” que você

encontra no curso? e ii) quais os “principais incentivos para a aprendizagem” que

você encontra no curso?.

As expressões dos estudantes sobre suas “principais dificuldades para

aprender” foram organizadas e estabelecidas de acordo com quatro categorias:

material didático, prática pedagógica, projeto político-pedagógico e

coordenação/instituição. No Quadro 22, observa-se a predominância de expressões

relativas à segunda categoria.

Page 135: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Quadro 22 - Expressões dos estudantes sobre as “principais dificuldades para aprender” que encontram no curso Categoria Expressões Qt.

Material didático

A prova que cobra do aluno o que não foi ensinado 1

Alguns materiais não estão atualizados. Alem de faltar conteúdo no material e os estudantes ser cobrado por aquilo que não acha no material passado. 2

Materiais desatualizados e com erros lógicos, materiais com pouca explanação, e incoerências entre exercícios e conteúdos.

Gostaria que as video aula fossem dadas pelos professores do curso e não de videos aleatório postado pela internet, para haver de fato um ambiente escolar e criar um vinculo com os professores e com a instituição do cefet

3 Os conteúdo descritos pelos manuais e de excelente qualidade, porém quando o assisto o video de youtube , a gente se questiona o porque deste curso ,"será que é so para obter certificado " cai muito o qualidade do curso marca CEFET-MG que todo mundo conhece.

Os materiais de leitura e videos não são próprios da instituição, quebra então a confiança e credibilidade na instituição.

Não ter uma lista de exercícios resolvida eu até comentei com um colega que devia ter video do professor resolvendo um exercício e explicando pra gente ia ficar mais interessante e agente não ia ter de ficar morrendo de medo da prova. 2

O que precisamos ter é de referência, por exemplo falta exercícios feitos, pois não temos.

Os textos são muito difíceis 2

Textos muito extensos

Vídeo-aula ruins. Tenho que buscar aprender por conta própria procurando por outros vídeos e conteúdos em outros sites. 1

Prática pedagógica

As aulas presencias não deveriam não ser somente pra tirar duvidas mas sim a uma revisão da unidade com a realização de exercicios. 1

Os professores que não não ajuda agente podia fazer revisão que ajuda na prova. 1

Demora de feedback 1

Falta de didática 1

A disciplina de [...] é totalmente novo para mim e acredito que para boa parte dos estudantes, então deveria ser em um ritmo devagar e com muitos exercícios.

3 Não tem explicação quando tenho dúvida, tento conseguir memorizar o conteúdo.

Os conteúdos avançam ,sem que aconteça a aprendizagem do aluno de fato e datas para ir ao polo presencial.

Tenho dificuldade de organizar o conteúdo na hora de estudar e como não tem uma explicação do professor eu fico perdido e desanimo de estudar.

Pouca práticas 2

Poucas práticas

Relação professor aluno 1

Talvez, eu precise questionar mais os professores das disciplinas on line. 1

Tempo para fazer as atividades 2

O pouco tempo para estudar

Projeto político-

pedagógico

Cada unidade é grande e o tempo de uma para a outra é pequeno e fica tudo muito confuso.

4

Em relação alguns conteúdos que tem pouco tempo para ser estudado,há um acúmulo de conteúdo nas quinzenas,por ter muito material nas quinzenas.

tempo estimulada para entrega e tarefas e o curto prazo dos módulos

Quantidade de matérias

Tempo, material e decisões sucintas e fixas sobre o calendário, em minha cidade não tem polo então não da para ir todas aulas presenciais e as que dão eu chego atrasado.

Coordenação /instituição

A coordenação conversar com o aluno e ajudar 1

Falta de um bom professor para tirar dúvidas nas aulas presenciais.

3 O fato de não ter um professor presencial para explicar a matéria.

Não ter professor de plantão para tirar dúvida

O aluno ead precisar sentir parte do CEFET, tem que haver um sentimento de pertencimento. O que parece que infelizmente não está acontecendo com este curso. 1

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 136: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

150

A segunda pergunta direcionada aos estudantes refere-se aos “principais

incentivos para aprender” que eles encontram no curso de Informática para Internet.

As respostas foram organizadas em quatro categorias: curso/profissão, material,

modalidade/interação e conteúdo.

No Quadro 23, observam-se a identificação dos estudantes com a área e seu

desejo de atuar como profissional como incentivos importantes para a realização

pessoal.

Quadro 23 - Expressões dos estudantes sobre os “principais incentivos

para aprender” que encontram no curso de Informática para Internet Categoria Expressões Qt.

Curso/ profissão

A nota média necessária para ser aprovado. 1 Ter um diploma de técnico. 1 Área interessante

3 Gostar da área Ser uma área profissional de grande crescimento E possibilidade de trabalhar por contra propria, e ajuda melhorar meu conhecimento na minha profissão atual e gostar de estudar no CEFET

4 Empregabilidade Eu tenho que ficar me incentivando pensando que quando terminar o curso vou poder mudar de emprego e ganhar mais. Meu esforço e vontade de ter um emprego melhor Prática. 1

Material

As vídeo aulas.

5 Assistir aos vídeos aulas disponibilizados no AVA O fato de ter um questionário com respostas depois de fazê-lo. Os vídeos on-line e as atividades propostas. Vídeo aulas no YouTube O material didático disponível é bem atrativo, e a tecnologia em si chama a atenção para os estudos, despertando a vontade de aprender mais.

1

Os exercícios de cada matéria explicados. 1 As apostilas com figuras e explicação profunda da matéria. 1

Modalidade/ interação

A liberdade para estudar no momento que quiser, dentro da data estipulada no AVA.

1

A interação presencial entre professor e aluno, com discussão sobre diversos assuntos da informática.

1

Conteúdo escolar

Conteúdo muito bom e diversificado 1 Eu gostar das matérias e não querer desistir. 1 Pra mim é tudo novo. 1 Conteúdo. 1 Ler os conteúdos das apostilas 1 A própria disciplina, no geral, mas o que me encanta mesmo é aprender a programar e desenvolver Banco de Dados.

1

Estimulo por aprender coisas novas 1

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 137: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

151

5.2.1.4 Percepções dos professores/tutores sobre o curso

Em relação aos professores/tutores, as pergunta procuraram conhecer as

percepções em relação aos principais incentivos que os estudantes nele encontram

no curso de Informática para Internet, para sua aprendizagem. A partir da análise

das respostas dos profissionais, estabeleceram-se quatro categorias:

curso/profissão, material didático, interação e conteúdo. Como se observa no

Quadro 24, houve uma equivalência entre as condições curso/profissão e material

didático.

Quadro 24 – Percepção dos professores/tutores sobre os “principais incentivos” que os estudantes encontram no curso para a aprendizagem

Categorias Expressões Qt.

Curso/ profissão

A expectativa de melhorar sua atuação frente ao mercado de trabalho 1

Inserção no mercado de trabalho 2

Possibilidade de uma boa profissão 2

Uma capacitação para um mercado de trabalho que nunca falta

oportunidades de trabalho 1

Material

didático

Sempre mostrar cases de sucesso sobre os assuntos abordados 1

Exercícios imersivos 1

Aulas formadoras mais interessantes e melhor preparadas 1

Acredito que nas disciplinas específicas, seria interessante simular situações

de trabalho 1

Diversificação de atividades com realização curta e notas imediatas 1

Disponibilização dos recursos a contento 1

Interação Constantes e imediatas intervenções dos tutores e professores 1 Conteúdo Padronização do conteúdo 1

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

5.2.1.5 Percepções dos estudantes sobre o ambiente virtual de ensino-

aprendizagem

Foram feitas aos estudantes onze perguntas objetivas e duas discursivas para

se conhecer suas percepções sobre as diferentes ferramentas encontradas no

ambiente, seu uso, a frequência de acesso, os recursos didáticos, o trabalho em

grupo, entre outros aspectos pedagógicos.

Observa-se que os exercícios e os fóruns foram as ferramentas mais

encontradas pelos estudantes no AVEA, sendo mencionadas por todos eles. As

Page 138: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

152

videoaulas, as provas on-line e os textos de leitura também ganharam destaque.

Vejam-se, no Gráfico 10, todos os recursos da plataforma citados pelos estudantes.

Gráfico 10 – Percepções dos estudantes sobre as ferramentas que eles encontram no ambiente virtual de ensino-aprendizagem do curso

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Também se perguntou aos estudantes sobre quais ferramentas eles utilizam

com mais frequência no AVEA. Conforme demonstrado no Gráfico 11, eles

apontaram a videoaula. Outras ferramentas mencionadas foram as apostilas, o

material de estudo e os questionários.

Gráfico 11 – Percepção dos estudantes sobre as ferramentas que utilizam com mais frequência no AVEA

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Dentre os materiais didáticos mais utilizados pelos professores/tutores e

relacionados pela pesquisadora, os estudantes citaram apostilas, cópias de trechos

ou capítulos de livros e resumos, conforme demonstrado no Gráfico 12.

Page 139: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

153

Gráfico 12 – Percepção dos estudantes sobre os materiais

utilizados com mais frequência pelos professores

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

A pesquisa também procurou saber em quais situações os estudantes

utilizam o ambiente virtual de ensino-aprendizagem. Das opções disponíveis no

questionário, eles poderiam assinalar todas que correspondessem ao seu uso.

Observa-se, no Gráfico 13, que mais da metade dos estudantes (58%) diz

utilizar o AVEA para apresentar dúvidas, pedir ajuda ao professor ou receber dicas

sobre como resolver determinada atividade. Parte também significativa dos

estudantes (55%) afirma usar a plataforma para pedir ajuda ao tutor a fim de realizar

determinada atividade, ou para pedir explicações ou esclarecimentos sobre os

conteúdos.

Gráfico 13 – Utilização do AVEA pelos estudantes

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Também se perguntou aos estudantes se eles recorrem aos

professores/tutores para pedir ajuda quando têm dificuldades, com que frequência

Page 140: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

154

realizam todas as atividades propostas e com que frequência as entregam dentro do

prazo estabelecido. Conforme a Tabela 4, observa-se que o professor é a principal

referência de auxílio para os estudantes, embora o tutor também seja bastante

procurado; 68% dos discentes informaram realizar sempre todas as tarefas; e a

significativa maioria deles afirmou entregar as atividades dentro do prazo

estabelecido, seja sempre (48%), seja na maioria das vezes (42%).

Tabela 4 – Percepção dos estudantes sobre conteúdo e atividades

Frequência

Referência de auxílio Realização

de todas

as

atividades

Entrega de todas

as atividades

dentro do prazo

estabelecido Professor Tutor

Sim, sempre 23% 19% 68% 48%

Sim, na maioria das vezes 32% 26% 23% 42%

Sim, algumas vezes 26% 29% 6% 7%

Sim, raramente - - -

Não 19% 26% 3% 3% Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Foi perguntado aos estudantes sobre os estímulos e acompanhamento que

recebem dos professores/tutores no ambiente virtual de ensino-aprendizagem em

termos de reflexão, participação e realização das atividades propostas. Em relação a

esses aspectos para boa parte dos estudantes, os estímulos acontecem “na maioria

das vezes”, e o acompanhamento ocorre “algumas vezes” ou “na maioria das

vezes”. Procurou-se conhecer a percepção dos estudantes sobre os

professores/tutores perguntarem sobre o que conseguiram aprender. Verificou-se

que para os estudantes, os professores perguntam “algumas vezes” e o tutor “na

maioria das vezes”, conforme detalhes apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 – Percepção dos estudantes sobre o ações pedagógicas dos professores/tutores no AVEA

Frequência

Estimula a refletir,

participar e realizar

as atividades

Acompanha a

realização das

atividades

Pergunta sobre o

que conseguiu

aprender

Professor Tutor Professor Tutor Professor Tutor

Sim, sempre 13% 19% 10% 22% 3% 6%

Sim, na maioria das vezes 45% 32% 19% 23% 7% 26%

Sim, algumas vezes 19% 26% 35% 29% 32% 23%

Sim, raramente 10% 13% 23% 16% 16% 6%

Nunca 13% 10% 13% 10% 42% 39%

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 141: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

155

Na Tabela 6, apresentam-se os dados sobre quem procuram quando têm

dificuldade para aprender um conteúdo ou em fazer um exercício. 9% dos

estudantes responderam que, quando têm dificuldades, sempre recebem ajuda do

professor; 6%, do tutor; e 10%, de pessoas de fora da escola.

Tabela 6 – Percepção sobre a ajuda recebida quando com dificuldade na aprendizagem

Frequência (%) Professor Tutor Colegas Pessoas de fora

da escola

Sim, sempre 9% 6% 3% 10%

Sim, muitas vezes 10% 23% 20% -

Sim, algumas vezes 42% 48% 32% 26%

Sim, raramente 26% 13% 13% 19%

Nunca 13% 10% 32% 45% Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Indagou-se aos estudantes se eles comentam com professores, tutores ou

colegas sobre os conteúdos aprendidos. 46% mencionaram que nunca comentam

com os professores; 45%, que nunca comentam com os tutores; e 55%, que nunca

comentam com os colegas. Talvez esses números expressivos se devam à falta de

incentivo oferecido aos estudantes para fazer comentários sobre a aprendizagem,

ou à sua percepção de que não é necessário comentar com os professores/tutores

e, menos ainda, com os colegas sobre o que aprenderam. Veja-se a Tabela 7.

Tabela 7 – Estudantes comentam sobre o que aprendem

Frequência Com quem os estudantes comentam sobre o

conteúdo que conseguiram aprender Professor Tutor Colegas

Sim, sempre - 3% - Sim, a maioria das vezes 6% 6% 6% Sim, algumas vezes 29% 36% 26% Sim, raramente 23% 10% 13% Nunca 46% 45% 55%

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Outro aspecto investigado se refere à participação dos estudantes no fórum e

a sua percepção enquanto espaço de aprendizagem. Observou-se que um número

expressivo de estudantes respondeu que participa e gosta do fórum. Os que

participam e não gostam consideram a participação desinteressante, ou acham o

fórum bagunçado, ou não recebem resposta. Os detalhes estão no Quadro 25.

Page 142: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

156

Quadro 25 - Expressões dos estudantes sobre o fórum

Categorias Expressões Qt.

Estudantes que participam e gostam do

fórum

Considero uma boa opção de troca de informações

19

Sim. eu acho que devia ter mais interação porque assim ia ser mais estimulante participar. acho muito chato ficar lendo a resposta de um colega e depois ter que responder a mesma coisa. se o professor entrasse no forum ele ia ver que as respostas são a mesma coisa e ele poderia ajudar a gente com perguntas que podiam fazer a gente pensar e não apenas pegar a resposta na apostila.

É uma ótima ideia pois, caso haja uma dúvida em comum entre 2 ou mais estudantes, a explicação estará disponível pra todos e será possível ler e comentar quantas vezes quiser.

Acho importante que todos possam se comunicar, aprender em conjunto.

Participo dos fóruns, acho eles muito importantes para sanar dúvidas.

Participo e acho uma boa oportunidade para discutirmos algumas questões, dar nossa opinião e até tirarmos dúvidas. Além de interagirmos.

A minha opinião é que com o fórum dá para aprender mais sobre as matérias e tem um feedback do Professor/ Tutor para aumentar a aprendizagem.

O fórum é de bastante ajuda, tanto para esclarecer dúvidas quanto para curiosidades da matéria,

Dá pra tirar dúvida além de permitir interação entre todos do curso.

Extremamente importante

É bom para adquirir maior conhecimento

Quando é avaliado participo. O fórum na maior parte do tempo só é utilizado quando existem atividades

Muito bom de se usar!

Participo sim, na maioria das vezes com dúvidas sobre o conteudo.

É muito importante e ajuda agente entender

Participo dos fóruns e gosto de me comunicar com o professor

Entro no fórum quando tenho dúvida

Tem pouco fórum mas eu gosto

As vezes, muito bom.

Estudantes que participam e não

gostam do fórum

Raras vezes participo, é uma boa mas não há muito estimulo para isso.

12

No primeiro modulo participei muito. No segundo não. Pois, fiz perguntas e não obtive resposta.

Já participei. Às vezes ajuda bastantes, às vezes não. Às vezes fica tudo repetitivo pq todo mundo responde a mesma pergunta e uma dúvida ou tópico interesse pode acabar ficando ofuscado.

Pouco utilizado por mim

Sim parcialmente , ja usei para responder assuntos sobre a disciplina, mas ele é utilizado para reclamações, o espaço tem que definir a utilidade dele

Posso dizer que minha paticipação foi 100% no primeiro modulo. Deveria ser restrito somente a assuntos objetivos da disciplina, muitos colegas se dispersam e postam outros assuntos.

Não gosto muito, não vejo muito sentido em relação ao aprendizado.

Acho uma perda de tempo.

Nâo acho muito produtivo, fica meio bagunçado com tantas opiniões.

Quando são obrigatórios sim. Acho importante

No começo eu participava mais como é muito chato agente perguntar e não ter resposta eu desanimei. Eu acho que ele tinha de ser diferente só voltado para algum assunto da matéria e também tinha que ter resposta que ajudasse agente a entender a matéria.

Não gosto

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 143: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

157

Também se perguntou aos estudantes se o AVEA favorece o trabalho em

grupo. 42% deles responderam negativamente, enquanto 9% deram resposta

positiva, afirmando “bom aproveitamento” do conteúdo, conforme demonstrado no

Gráfico 14.

Gráfico 14 – Percepção dos estudantes sobre o trabalho em grupo

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Também perguntou-se aos estudantes a respeito de suas percepções sobre

outras ações dos professores/tutores no AVEA, referentes à disponibilidade dos

profissionais para atendimento na plataforma, à suficiência das orientações

recebidas, à existência de propostas de trabalho em grupo, ao planejamento das

atividades e à preocupação dos docentes com o conhecimento prévio dos

estudantes ao ser introduzido um novo conteúdo. Os detalhes estão no Quadro 26.

Quadro 26 – Percepção dos estudantes sobre ações dos professores/tutores Ações Percepções Percentuais

Orientação sobre dúvidas ou dificuldades

Todos têm disponibilidade 19%

A maioria tem disponibilidade 26%

Poucos têm disponibilidade 55%

Proposição de trabalhos em grupo no ambiente virtual de ensino-aprendizagem

Sim, todos -

Sim, a maioria deles 6%

Sim, alguns 39%

Não, eles não propõem 55%

Questionamento sobre o conhecimento prévio dos estudantes

Sim, todos perguntam 9%

Sim, apenas alguns 36%

Não, eles não perguntam 55%

Planejamento de atividades com recursos que ajudam na execução e aprendizagem do conteúdo da disciplina

Sim, sempre 10%

Sim, algumas vezes 54%

Sim, raramente 20%

Não percebo 16% Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 144: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

158

Verifica-se no Quadro 27 que 29% dos estudantes consideram que no AVEA

não se oferece “nenhuma orientação” sobre como melhorar o próprio desempenho

escolar ou quando recebem ela é considerada pouca, enquanto 3% deles informam

haver “muita orientação” nesse sentido. De acordo com o mesmo quadro, 16% dos

estudantes afirmam que nem professor nem tutor oferece orientação suficiente para

realizar as atividades, ao passo que 22% deles mencionam que sempre recebem

orientação dos profissionais e 52% mencionam que recebem “algumas vezes”.

Considerando-se os percentuais de “pouca orientação” e “nenhuma orientação,

observa-se que 58 dos estudantes tem uma baixa percepção sobre a orientação que

recebem para melhor o desempenho escolar. Diferentemente, observa-se que a

percepção deles sobre a orientação que recebem para a realização das atividades é

alta, pois 74% afirmam recebe-las “sempre” e “algumas vezes”.

Quadro 27 – Percepções dos estudantes sobre melhorar o desempenho

Orientação sobre como melhorar o

desempenho escolar

Sim

Muita orientação 3%

Alguma orientação 39%

Pouca orientação 29%

Não Nenhuma orientação 29%

Orientação suficiente do

professor/tutor para a realização das

atividades

Sim

Sempre 22%

Algumas vezes 52%

Raramente 10%

Não Nunca 16% Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Pediu-se aos estudantes que informassem, com a devida justificativa, se

gostam de estudar na modalidade a distância on-line. As respostas dadas por eles

foram organizadas em função de três categorias: flexibilidade, praticidade e tempo.

No Quadro 28, exposto mais adiante, apresentam-se as expressões dos vinte e oito

estudantes que responderam afirmativamente à referida pergunta.

Os três estudantes que mencionaram não gostar da educação a distância on-

line se justificaram dizendo que, ou não a considera tão “estimulante quanto um

curso presencial”, ou que o próprio “rendimento escolar no curso presencial é maior”,

ou que não é “comprometido com os estudos”. Esse resultado revela que nem todo

estudante prefere a educação a distância, devido a certas condições particulares.

A flexibilidade foi a categoria mais destacada pelos sujeitos. Ao constatar-se

que a flexibilidade é um dos motivos da escolha dos estudantes pela educação a

Page 145: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

159

distância on-line, é necessário considerar que essa dimensão também está refletida

na liberdade que os eles têm para estudar, e que os conteúdos devem ser voltados

para os seus interesses. Mais importante ainda é saber utilizar as tecnologias

digitais a favor dos interesses e necessidades dos discentes.

Quadro 28 - Expressões dos estudantes sobre a educação a distância on-line Categorias Motivos Qt.

Flexibilidade de

horário

é flexível e ao mesmo tempo enriquecedora

12

flexibilidade de horário.

possui muita liberdade para acessar o conteúdo e fazer seus horários

de estudo sem ter que ser tutelado por alguém.

é mais acessível pelo meus horários

gosto de estudar a distância pelo fato de poder escolher meu horário

de estudo.

Disponibilidade estudar em casa e fazer meu próprio horário

flexibilidade de horário

tem horário flexível e não preciso me deslocar para o Campus

gastando condução.

estudo de acordo com minha disponibilidade.

podemos fazer nosso próprio horário.

flexibilidade de tempo para estudar

o horário é flexível

Praticidade

Por conseguir trabalhar e estudar sem perder noites de sono.

7

é prático e tento fazer o meu melhor

mais praticidade

mais pratico e a comodidade e facilidade de estudar quando e onde

estiver

não tem aula presencial

pela praticidade tenho que ajudar em casa, mas preciso estudar.

porém ainda não consegui me ajustar com relação aos horários das

atividades presenciais.

Tempo

devido a economia de tempo

6

pois é mais prático para quem tem uma vida corrida

me propoorciona mais tempo para realizar outras tarefas ao longo do

dia.

me proporciona tempo para trabalhar e estou investindo em minha

carreira profissional

é o único meio de compensar a falta de tempo

não precisar deslocar pra estudar, fazer o meu tempo de estudo

porque força aprender sozinho.

3 no momento é minha opção para voltar ao mercado de trabalho.

Moro em outra cidade e por isso não consigo chegar no polo sempre Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

No tocante à avaliação da aprendizagem, elaboraram-se perguntas sobre a

coerência das atividades avaliativas e sobre o instrumento avaliativo mais utilizado

pelos professores. A respeito do primeiro ponto, 39% dos estudantes consideraram

Page 146: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

160

que “todas atividades estão coerentes”; 6%, que “poucas estão coerentes”; e 55%,

que “algumas estão coerentes”. Em relação ao segundo aspecto, 62% dos

estudantes mencionaram os “exercícios de múltipla escola”; 32%, a “prova on-line”;

e 7%, o “fórum” e os “exercícios com questões discursivas”.

Os estudantess também foram questionados sobre o que acontece depois

que as atividades avaliativas são corrigidas e as notas, atribuídas. 61% deles

disseram que é “disponibilizado um gabarito na plataforma”; 26%, que “não há

nenhum retorno sobre as respostas”; 10%, que o “tutor dá um retorno comentando

as respostas”; e 3%, que o “professor dá um feedback”. Entende-se a avaliação

como uma etapa significativa do processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido, é

imprescindível que o professor, ao elaborar as atividades avaliativas para a

educação a distância on-line, considere o retorno a ser dado aos estudantes, que

aguardam uma palavra, informação ou comentário sobre a avaliação.

Compreendem-se, contudo, as questões estruturais das instituições, que, em muitos

casos, estabelecem pequenos prazos de feedback aos discentes, o que inviabiliza

que os professores/tutores o façam com qualidade. Do ponto de vista da

aprendizagem, a correção de uma atividade avaliativa é uma prática muito eficaz e

pode ser realizada de muitas formas, inclusive criando estímulos pertinentes ao

desenvolvimento da zona de desenvolvimento iminente.

5.2.1.6 Percepções dos professores/tutores sobre o ambiente virtual de ensino-

aprendizagem

A organização dos dados foi composta pelas percepções dos

professores/tutores, coletadas por meio de perguntas objetivas e discursivas.

Quanto às ferramentas do AVEA mais usadas pelos professores/tutores,

observa-se, conforme o Gráfico 15, que a maioria deles (77%) se referiu às

apresentações em PowerPoint e às provas on-line. O fórum de discussões, a

videoaula e o vídeo on-line foram mencionados por 69% dos profissionais. Os

recursos menos citados foram os textos de leitura, Wikipédia (38%), as notas de

aula (31%), os games e os blogs (8%). A web-conferência e o podcast não foram

referidos por nenhum dos docentes.

Nota-se uma preferência pelo material menos dinâmico, como as

apresentações e as provas, e que pouco são utilizadas as ferramentas de interação

Page 147: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

161

que permitem a discussão síncrona e favorecem o protagonismo dos estudantes,

como o chat e os games. Também se verifica que o fórum é um dos recursos mais

usados pelos profissionais. Ele permite aos participantes desenvolver diferentes

experiências e situações de aprendizagem, devido à flexibilidade da comunicação

assíncrona, e pode promover discussões de conteúdos, esclarecimentos de dúvidas,

explicações de exercícios etc.

Gráfico 15 – Recursos do AVEA mais usados pelos professores/tutores

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Entre os profissionais respondentes, 77% consideram que o ambiente virtual

favorece, com “razoável aproveitamento” do conteúdo, o trabalho colaborativo, ao

passo que os 23% restantes entendem que a plataforma não o favorece de modo

algum ou que o faz “sem aproveitamento” do conteúdo. Chama a atenção o fato de

nenhum professor/tutor considerar que o AVEA favorece o referido tipo de trabalho

com bom aproveitamento. Veja-se o Gráfico 16.

Gráfico 16 – Percepção dos professores/tutores sobre ambiente virtual e trabalho colaborativo

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Page 148: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

162

A pesquisa junto aos professores/tutores também procurou saber a frequência

de suas práticas e rotinas, a fim de conhecer a interação estabelecida no ambiente

virtual de ensino-aprendizagem. No Quadro 29, compilam-se as respostas que

expressam tal frequência no tocante ao uso de e-mail, correção de atividades,

incentivo aos estudantes, trabalho em grupo, leitura das mensagens no fórum de

discussão, auxílio aos estudantes com dificuldades na aprendizagem, apresentação

de desafios, monitoramento das atividades propostas e comunicação com os outros

professores do curso de Informática para Internet.

Quadro 29 – Frequência das práticas pedagógicas dos professores/tutores

Práticas pedagógicas

Frequência

Todo

dia

Uma

vez por

semana

Duas

vezes

por

semana

Uma vez

por

quinzena

Uma

vez por

mês

Não se

aplica

Responder a e-mails 84% 8% - - - 8%

Corrigir as atividades 8% 61% 23% - - 8%

Incentivar os estudantes - 23% 54% 15% 8% -

Propor trabalho em grupo 16% 14% 15% 15% - 40%

Ler as mensagens dos

estudantes no fórum 39% 15% 23% 8% - 15%

Auxiliar os estudantes com

dificuldades na aprendizagem 62% 8% 30% - - -

Lançar desafios sobre o

conteúdo da disciplina 15% 8% 31% 38% - 8%

Monitorar a execução das

atividades propostas 23% 38% 31% - - 8%

Comunicar-se com os outros

professores do curso 23% 23% 39% 15% - -

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Percebe-se que o e-mail, cujas mensagens são respondidas diariamente por

84% dos profissionais, é o recurso mais utilizado entre eles. Vale destacar que 61%

dos docentes corrigem as atividades propostas uma vez por semana; 23%, duas

vezes por semana; e 8%, todos os dias.

54% dos professores/tutores informaram que incentivam os estudantes duas

vezes por semana, e 23% disseram que o fazem uma vez por semana. Outro

registro importante, devido à discrepância percentual entre as respostas extremas,

diz respeito à proposta de trabalhos em grupo: 40% dos profissionais responderam

“não se aplica”, enquanto 16% deles afirmaram que o fazem todos os dias.

Page 149: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

163

A leitura das mensagens dos estudantes no fórum de discussão é realizada

todo dia por 39% dos professores/tutores. 23% dos profissionais informaram que as

leem duas vezes por semana; 15%, semanalmente; e 15%, “não se aplica”.

O auxílio aos estudantes com dificuldades na aprendizagem é oferecido pela

maioria dos professores/tutores (62%) todos os dias, enquanto 30% o fazem duas

vezes por semana. Quinzenalmente, 38% dos profissionais lançam desafios sobre

os conteúdos das disciplinas, e 31% os propõem duas vezes na semana. A

monitoria da realização das atividades propostas é realizada uma vez por semana

por 38% dos respondentes, duas vezes por semana por 31% deles e todos os dias

por 15%. Quanto a monitorar a execução das atividades propostas no AVEA,

observa-se que 23% o fazem todo dia, 38% uma vez por semana e 31% duas vezes

por semana. Esses dados chamam a atenção e podem ser explicados,

provavelmente, pelas diferentes funções ocupadas pelos profissionais. É importante

destacar a centralidade desses sujeitos no ambiente virtual de ensino-aprendizagem

e reconhecer sua função fundamental nos processos mediadores. Perguntados

sobre a frequência da comunicação com os outros professores/tutores do curso,

23% responderam “todo dia” ou “uma vez por semana”; 16%, “duas vezes por

semana”; e 23%, “uma vez por quinzena”.

5.2.2 Segunda fase da análise do conteúdo: exploração do material

Nesta fase da análise do conteúdo, a partir da exploração do material

apresentado na fase anterior, procede-se a uma análise das principais percepções e

expressões dos sujeitos participantes da pesquisa, com a finalidade de estabelecer

categorias mais significativas em relação aos campos simbólicos construídos na

relação professor-aluno e prepará-las para a interpretação à luz da concepção

histórico-cultural, na próxima fase.

Inicialmente, apresentam-se três quadros sintéticos, que contemplam as

percepções e expressões dos professores/tutores e estudantes referentes às três

categorias de análise – condições estruturais, curso e processo ensino-

aprendizagem no ambiente virtual – e se relacionam, quantitativamente, aos dados

coletados. Posteriormente, estabelece-se um quadro geral dessas categorias,

relacionado qualitativamente aos mesmos dados.

Page 150: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

164

Comparando-se a quantidade de expressões mencionadas pelos

professores/tutores com as citadas pelos estudantes no que se refere a fatores que

dificultam a aprendizagem, observa-se que as condições das estruturas pessoais e

as físicas e psicológicas são as mais destacadas em ambos os grupos de sujeitos.

As expressões estão organizadas conforme apresenta o Quadro 30.

Quadro 30 – Síntese das expressões de professores/tutores e estudantes sobre os fatores que dificultam a aprendizagem

Sujeitos Condições

propedêuticas

Condições das

estruturas pessoais

Condições físicas

e psicológicas

Condições

do curso

Professores/

tutores 8 14 17 2

Estudantes 7 15 15 6

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Em se tratando do que depende dos estudantes para melhorar a própria

aprendizagem, verifica-se, no Quadro 31, maior concentração de expressões de

professores/tutores em referência às condições objetivas dos estudantes (quarenta),

ao passo que, nas expressões dos discentes, equilibram-se as menções às

condições psicológicas (quinze) e às condições objetivas (quinze).

Quadro 31 – Síntese das expressões de professores/tutores e estudantes sobre o que depende dos estudantes para melhorar a aprendizagem

Sujeitos Condições

estruturais

Condições

psicológicas Condições objetivas

Professores/ tutores

1 1 40

Estudantes 6 15 15

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Em relação aos principais incentivos que os estudantes encontram no curso

para a aprendizagem, nota-se, no Quadro 32, maior concentração de expressões

dos estudantes em referência ao curso/profissão (dez), ao passo que, nas

expressões dos professores/tutores, salientam-se o material (seis) e o

curso/profissão (seis).

Page 151: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

165

Quadro 32 – Síntese das expressões de professores/tutores e estudantes sobre os principais incentivos do curso para a aprendizagem

Sujeitos Curso/

profissão Material

Modalidade/ interação

Conteúdo escolar

Professores/ tutores

6 6 1 1

Estudantes 10 8 2 7 Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Como já dito, os estudantes respondentes são, em sua maioria, trabalhadores

de extensa jornada semanal e que gastam muito tempo para se deslocar do local de

trabalho para casa, e é sabido que o cansaço constitui um muro intransponível

diante da fruição de atividades sociais importantes promovidas pelo lazer, pelo

conhecimento e pela cultura. Pode-se interpretar, então, que, devido ao cansaço, a

capacidade de memorizar e concentrar-se de tais sujeitos é impactada pelos

desgastes físico e psicológico provocados pelo ritmo intenso associado ao trabalho,

interferindo diretamente na sua capacidade de aprendizagem. O trabalho dos

estudantes constitui condição concreta sobreposta à possibilidade de uma formação

escolar satisfatória, quer pelas suas condições sociais, quer pela escola excludente,

tradicional e autoritária. Essa situação expressa a realidade histórico-cultural da

maioria dos estudantes trabalhadores no Brasil.

No que concerne àquilo que os estudantes poderiam fazer para melhorar

suas condições de aprendizagem, percebe-se que há pontos em comum nas

expressões de ambos os grupos. Professores/tutores mencionam “desenvolver

hábito regular de estudo” e “reorganizar a rotina para ampliar o tempo de estudo”, e

estudantes citam “dedicar mais tempo para estudo” e “organizar o tempo de estudo”.

No entanto, as condições objetivas dos discentes limitam o estabelecimento de uma

otimização do tempo de estudo que melhore efetivamente suas condições de

aprendizagem.

Professores/tutores e estudantes referem-se a estratégias para melhorar o

desempenho escolar que, em princípio, parecem distintas, como “realizar atividades

interdisciplinares” e “oferecer recursos que ajudam na execução e aprendizagem

dos conteúdos”. Entende-se, porém, que tais expressões são sinônimas, pois propor

o referido tipo de atividades significa oferecer possibilidades diferenciadas e

integradas que favorecem a aprendizagem. O mesmo se dá com a melhoria da

comunicação, que pode ser realizada tanto do modo mais convencional, com o envio

de mensagens por correios e fóruns, quanto com comentários às avaliações e com a

Page 152: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

166

adoção de mais exercícios relacionados a um determinado conteúdo, compreendida,

na perspectiva dos estudantes, como uma “atualização do material”.

Aspectos de natureza estrutural da Instituição, com reflexos diretos na

aprendizagem, foram enfatizados pelos professores/tutores quando perguntados

sobre o que, no AVEA, “mais atrapalha” os estudantes a ter sucesso no curso, ao

passo que, no caso dos discentes, foram ressaltadas questões relativas à natureza

da Instituição. “Não poder contar com um designer”, que exerce importante papel na

educação a distância on-line; “a falta de comunicação”, também mencionada pelos

estudantes, embora não contemplada na análise quantitativa; e “não ter um

ambiente interativo” ilustram a perspectiva dos profissionais, enquanto a “falta de

organização”, a “falta de explicação” e o “material didático” participam do ponto de

vista dos discentes. Analisando as expressões reproduzidas, percebem-se as

fragilidades da educação a distância on-line, que ainda carece de investimentos na

contratação de profissionais especializados, do desenvolvimento de uma equipe

colaborativa que planeja a organização pedagógica virtual e acompanha sua

execução, e de uma proposta de formação pedagógica docente continuada.

As expressões de professores/tutores e de estudantes divergem quando o

assunto são as ferramentas que mais utilizam no processo ensino-aprendizagem.

Enquanto o primeiro grupo prefere as apresentações em PowerPoint, o segundo

prefere as videoaulas. As videoaulas são mais dinâmicas, talvez porque nelas se

destaquem as explicações visuais, tornando-as mais atraentes do que as

apresentações em PowerPoint, que, em geral, compõem-se de textos escritos.

5.2.2.1 Percepções de professores/tutores e estudantes sobre a interação no

ambiente virtual

Um ponto importante que se observou na plataforma do curso de Informática

para Internet foi em relação à exploração das ferramentas do Moodle

disponibilizadas pelos professores no AVEA.

Na organização das disciplinas, foi encontrada uma estrutura composta de

unidades, variando de cinco a oito, com os conteúdos em arquivos de extensão .pdf

ou .ppt, vídeos com aulas de domínio público, fórum de notícia e de dúvida,

exercícios e provas. Em algumas unidades das disciplinas, foi achado material

complementar disponibilizado em vídeos do YouTube e/ou em texto. Notou-se que o

Page 153: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

167

uso desse material se relaciona aos aspectos mais teóricos das disciplinas. Outras

ferramentas, como wiki, blog, podcast, games, web-conferência e glossário, não

foram identificadas nas disciplinas do primeiro módulo do curso, embora pudessem

ser exploradas como auxiliares no processo ensino-aprendizagem, pois promovem

estímulos diferentes e interação em tempo real ou não. Por exemplo, um podcast

poderia ser projetado com orientações para que os estudantes realizassem uma

atividade com base no conteúdo, e os professores/tutores poderiam gravar um

podcast com explicação de um conteúdo, relacionando-o com outro, e os estudantes

poderiam usá-lo para as atividades. Contudo, como reforçam os discentes, essa

ferramenta não é utilizada pelos professores/tutores.

Foram destacados pelos estudantes que os materiais frequentemente usados

pelos professores são os vídeos on-line, disponíveis no Youtube, sobre o tema

desenvolvido nas disciplinas, os exercícios, os fóruns e as provas on-line. Livros,

periódicos, manuais e páginas na web são, na percepção dos estudantes, pouco

utilizados pelos docentes. Como já mencionado, o celular é preferencialmente usado

para acessar o ambiente virtual, e é por meio dele que os discentes estudam,

assistem aos vídeos e fazem as atividades avaliativas. Os estudantes informaram

ainda que dedicam, em média, de duas a dez horas semanais aos estudos.

Os professores/tutores apontaram que o processo de interação com os

estudantes acontece uma ou duas vezes na semana e que o e-mail é o recurso mais

usado nesse sentido. A maioria dos professores/tutores respondeu que lê

mensagens de e-mail todos os dias e que corrige uma vez por semana as atividades

propostas. A maioria dos estudantes considera que são poucos os

professores/tutores que têm disponibilidade para orientá-los sobre suas dúvidas ou

dificuldades, e um número menor deles considera que a “maioria tem

disponibilidade”. Mais da metade dos estudantes considerou que recebe orientações

“algumas vezes” dos docentes e que elas não são suficientes.

A percepção de mais da metade dos estudantes é que os professores/tutores

não propõem trabalho em grupo no ambiente virtual de ensino-aprendizagem nem

os questionam acerca do que já sabem sobre o assunto que será ensinado, seja no

início de uma unidade, conteúdo ou disciplina.

Em relação ao planejamento de atividades com recursos que ajudam na

execução e aprendizagem dos conteúdos, a percepção de mais da metade dos

estudantes é que isso acontece “algumas vezes”.

Page 154: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

168

Quanto à participação no fórum, um número expressivo de estudantes

respondeu que participa e gosta desse recurso. Ao se analisar as expressões sobre

tal engajamento, estabeleceram-se duas categorias de estudantes: os que

participam e gostam do fórum e os que dele participam e não gostam.

Ao buscar conhecer as percepções, preferências e opiniões sobre o fórum,

percebeu-se que a maioria dos estudantes gosta de participar dele, principalmente

pela “troca de informação”. Nesse sentido, entende-se que esse recurso cumpre a

função de permitir a interação dos participantes e a construção de conhecimento.

Os estudantes que participam mas não gostam do fórum fizeram relevantes

observações:

Raras vezes participo, é uma boa mas não há muito estimulo para isso. Já participei. Às vezes ajuda bastantes, às vezes não. Às vezes fica tudo repetitivo pq todo mundo responde a mesma pergunta e uma dúvida ou tópico interesse pode acabar ficando ofuscado. Sim. parcialmente , ja usei para responder assuntos sobre a disciplina, mas ele é utilizado para reclamações, o espaço tem que definir a utilidade dele Não gosto muito, não vejo muito sentido em relação ao aprendizado. Nâo acho muito produtivo, fica meio bagunçado com tantas opiniões Acho uma perda de tempo. No começo eu participava mais como é muito chato agente perguntar e não ter resposta eu desanimei. Eu acho que ele tinha de ser diferente só voltado para algum assunto da matéria e também tinha que ter resposta que ajudasse agente a entender a matéria. No primeiro modulo participei muito. No segundo não. Pois, fiz perguntas e não obtive resposta.

Observa-se que os motivos estão relacionados à falta de estímulo e de

feedback e ao uso inadequado da ferramenta, o que traz desânimo e até a

percepção de que é uma “perda de tempo”.

Mais da metade dos estudantes mencionou que não utiliza o ambiente virtual

de ensino-aprendizagem para ajudar os colegas, enquanto um número menor de

estudantes informou que o utiliza para tal fim “algumas vezes” ou “raramente”. A

este grupo, solicitou-se que mencionasse como o auxílio via plataforma acontece. As

respostas foram as seguintes:

Troca de conhecimento nos fóruns ou por correio eletrônico. Ao discutir uma atividades no Forúm de dúvidas.

Page 155: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

169

Dialogando nas aulas presenciais. Comentando nos fóruns das atividades as dicas e dúvidas que tive. Dando opinião quando é solicitado ajuda. Não converso com ninguém, essa questão da interação ficou um pouco vaga, a única coisa que garante uma interação são os fóruns. Através dos fóruns. Também tenho um filho que mora comigo e faz o mesmo curso, portanto nos ajudamos mutuamente. Postando reportagens duvidas nos foruns. Compartilho novidades tecnológicas, dúvidas e questões de informática. Respondendo algum questionamento nos fóruns, por exemplo, ou por mensagens. Esclarecendo duvidas no whatsapp. Comentando alguma dica que encontrei na internet. No fórum eu compartilho novidades e as vezes ajudo quando alguém não consegue fazer o exercício.

Observa-se que os estudantes, mesmo sem significativa percepção da

capacidade do ambiente virtual de ensino-aprendizagem para promover interações e

mediações na zona de desenvolvimento iminente, constituem subjetividades na

forma de apropriação do conhecimento e, aos poucos, aprendem e compartilham

aprendizagens. À medida que estabelecem relações com os colegas, informam

experiências comuns e trocam informações, dicas, dúvidas etc., eles aprendem a

criar uma cultura on-line e a confiar uns nos outros, promovendo diversas mediações

entre pares. Esse ponto é relevante, porque podem contar com a plataforma para

auxiliar/mediar a ordem da participação/conversação virtual. Embora o fórum não

seja tão explorado pelos estudantes, conforme apresentado no Gráfico 11, é o

recurso por eles utilizado para ajudar os colegas, nele registrando dúvidas, dicas,

novidades e reclamações, e que lhes confere, aparentemente, um sentido de

pertencimento.

Os estudantes também avaliaram os procedimentos de ensino adotados pelos

professores/tutores no ambiente virtual de ensino-aprendizagem. Tais

procedimentos são “parcialmente adequados” para 48%, “pouco adequados” para

16%, “inadequados” para 13% e “adequados” para 23%. Nas palavras dos

estudantes,

Page 156: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

170

Alguns não têm sequer um plano de ensino consistente, têm uma certa semelhança de cópia da cópia, abordando as vezes assuntos e métodos ultrapassados. Contudo o que mais me faz triste são os videos do youtube, os professores, colam os links sem a menor preocupação, não checam as fontes. Verdadeira falta de respeito. Deveriam eles mesmos criarem seus videos, com os devido contéudo. Diante ao semestre passado somente um professor teve essa preocupação. Alguns dos professores não respondem aos questionamentos,e quando responde e demorado. É o primeiro curso virtual que eu vejo em que a instituição não possui um ambiente próprio de videoaula. Uma vergonha utilizar canais de youtube para isso. Alguns professores são mais participativos que outros, mas preciso elogiar nosso professor Mediador – [...] - do Polo Contagem, ele é muito participativo, interessado e gosta do que faz. Tem que lançar material atualizado, ser coerente com os conteúdos passado, se você trabalha com um assunto mesmo sendo iguais com pouca diferença fica confuso. As videoaulas são fracas. Vídeos antigos, mal instruídos, muitas das vezes a pessoa do vídeo fica perdido no conteúdo. Deveriam ser vídeos mais atualizados de pessoas que realmente entendem do assunto. Alguns apenas colocam o material para que estudemos. Por vezes as questões dos questionários são incongruentes com os conteúdos, além de exercícios que exigem o que não é ensinado (não sempre). alguns professores só coloca o conteúdo e não responde minhas dúvidas. também tem muito texto para ler e pouca explicação. eu fico confuso e perdido na hora de estudar. quando peço ajuda só um colega me responde. a maior parte dos professores só põe o conteúdo no ambiente e some, não responde as dúvidas, não explicam o conteúdo e não tem nenhum video do professor explicando e quando tem video é desatualizado. Estudar assim é muito difícil.

Alguns estudantes, ao se referirem ao não favorecimento de trabalhos em

grupo pelo ambiente virtual de ensino-aprendizagem, explicaram que “não houve um

conteúdo que justificasse esse favorecimento”, “teria que ser pessoalmente”, “não

tenho contato com nenhum outro aluno e acredito que na atualidade só tem eu de

aluno neste Polo” ou “muitos estudantes estudam em cidades diferentes”. Verifica-

se, em tais justificativas, o modelo de ensino presencial, pois os estudantes

demostram que, somente estando na presença física do outro, é possível fazer um

trabalho em grupo.

Outros discentes se justificaram dizendo que “as atividades são todas

individuais” ou que “É tudo muito individual até mesmo nas aulas presenciais”.

Também houve quem afirmasse não ter havido trabalhos em grupo ou que, se

Page 157: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

171

aconteceram, foram poucos, como se observa nas seguintes frases: “Não houve

trabalhos desse tipo”, “o pouco que eu fiz não vi muito esta iniciativa de trabalho em

grupo” e “são pouquíssimos trabalhos em grupo”. Outros estudantes, ainda,

apontaram a falta de interação: “falta interação”, “falta interação e trabalho em

grupo”, “não tem interação e acho difícil porque o professor não ajuda”.

Essas respostas são reveladoras das concepções pedagógicas que

fundamentam as atividades propostas aos estudantes. Nota-se que, em geral, as

instituições de educação a distância on-line têm optado por um AVEA de

transmissão de conteúdo, auto instrucional, sem compreender as possibilidades que

as diferentes plataformas e tecnologias digitais oferecem aos processos de

interação/mediação do conhecimento. Ao se considerar um ambiente interativo,

colaborativo e mediador, ultrapassa-se o modelo de transmissão, exposição e

repetição de conteúdo e se apropria de experiências mais efetiva na aprendizagem.

Comparando-se a percepção dos estudantes sobre o AVEA favorecer ou não

o trabalho em grupo com sua percepção sobre o uso da plataforma, observa-se que,

embora apontem para pouca interação com os pares, os estudantes buscam

interagir com os professores/tutores para apresentar dúvidas, receber dicas e pedir

ajuda. Embora, porém, procurem os profissionais do curso, o número de discentes

que deles recebem ajuda é pequeno. A maioria dos estudantes mencionou que os

professores/tutores os ajudam “algumas vezes”, sugerindo que, em muitas,

situações é ao tutor que recorrem antes de procurar pelo professor ou colegas.

Aliás, ao se comparar os dados da Tabela 6 com os da Tabela 7, verifica-se que,

apesar de o professor constituir a referência de auxílio dos estudantes nos

momentos de dificuldade, a ajuda necessária é encontrada, aparentemente, com o

tutor e os colegas. Os discentes também mencionaram que, mesmo com a ajuda do

professor, do tutor ou de pessoas de fora da escola, já aconteceu de não terem

conseguido aprender e destacam, nesse sentido, as disciplinas dos módulos um e

dois.

Dos treze professores/tutores, dois não responderam à questão sobre as

estratégias pedagógicas que mais ajudam os estudantes a ter sucesso na

aprendizagem. Quanto aos que deram a sua opinião, três mencionaram o

estabelecimento de um contato mais individualizado com os estudantes ou o uso do

fórum, três citaram a adoção de exercícios, exemplos e resumo, e dois se referiram

ao uso de vídeos. Um dos respondentes destacou como estratégia pedagógica o

Page 158: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

172

“Estimulo ao estudante para ser mais autodidata através de pesquisas do conteúdo

na internet”, provavelmente porque ela provoca os estudantes a buscarem novos

conhecimentos e lhes dá autonomia. Dois sujeitos responderam “falar que a

atividade vale nota” e “ter disciplina”, evidenciando uma crença em estratégias mais

tradicionais. Outro respondente citou as “Metodologias Ativas”, voltadas para uma

ação essencial para o ser humano, mas não especificou como elas podem ser

usadas no AVEA. Kozulin (2002) esclarece que Vigotski, Luria e Leontivev elegeram

o conceito de atividade como um dos princípios centrais do desenvolvimento do

psiquismo e explica que, nessa concepção, a consciência é construída de fora para

dentro por meio das relações sociais. Entende-se que o uso de metodologias ativas

implica atividade socialmente significativa, que constitui o princípio explicativo da

consciência, conforme Leontiev (2004). Esse autor explica que atividade e

consciência são entendidas na perspectiva histórico-cultural como unidades

dialéticas, por isso, necessitando do processo mediador.

Elaboraram-se três perguntas discursivas com o objetivo de conhecer melhor

as estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores/tutores na interação com os

estudantes e pelos estudantes na interação com seus pares e a maneira como a

proposta pedagógica adotada interfere na aprendizagem e formação dos

estudantes. A primeira pergunta procurou saber se e como os professores/tutores

propõem trabalhos em grupo para os estudantes. A segunda pergunta quis descobrir

se e como os profissionais pedem aos estudantes que expliquem o que aprenderam

do conteúdo estudado. A terceira pergunta pretendeu esclarecer se e como os

professores/tutores respondentes incentivam os estudantes a refletir e participar das

atividades.

Dos treze professores/tutores, nove disseram não propor trabalhos em grupo

para os estudantes. Um respondente informou que o faz “somente como trabalho

final de disciplina”. Outro profissional afirmou que “Normalmente esta é uma ação de

professores formadores”, mas que, se percebe que “os estudantes estão com

alguma dificuldade, proponho atividades adicionais que enfatizam as questões que

os estudantes apresentam maior dificuldade”. Dois respondentes disseram que

propõem trabalhos em grupo das seguintes formas:

Proponho exercícios e peco para postar duvidas em fórum e peco colaboração dos colegas dele para ajudar com opiniões. Faco isto ate chegarmos a um resultado satisfatório.

Page 159: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

173

Sim. Utilizando o recurso Dicionário, mas essa ferramenta apresentou defeito.

Questionados sobre se e como pedem aos estudantes que expliquem o que

aprenderam sobre o conteúdo estudado, cinco professores/tutores responderam

“não”, e um deles respondeu “não realizei”. Dos profissionais que responderam

“não”, dois se justificaram dizendo que “o número elevado de estudantes

impossibilitou um tratamento mais personalizado”, ou “não especificamente. Este

processo acontece ao longo das atividades descritivas”. Os que responderam

afirmativamente à pergunta disseram que pedem aos discentes explicações sobre o

conteúdo estudado “no início das atividades presenciais”, “através dos exercícios”,

“através de e-mails e em fóruns” e “fazendo um debate no início da aula”. Outro

professor/tutor mencionou que faz o referido pedido aos estudantes, mas que a

resposta obtida “normalmente é que não estudaram o conteúdo da quinzena”.

Indagados sobre os incentivos à reflexão e à participação nas atividades dos

estudantes, um professor/tutor respondeu “não realizei”, dois não responderam, e os

demais mencionaram:

Sim, despertando a curiosidade dos alunos nos conteúdos que ainda serão estudados.

Conscientizando sobre a conquista da facilidade através insistência e dedicação.

Sim, dando dicas para todos sobre o assunto

Sim. Tento estimular a dedução lógica para resolver as atividades.

Sim. Incentivo baseado na melhoria da absorção do conteúdo e melhor posisionamento no mercado

Sim, oferecendo apoio fora do horário da aula presencial.

Sim.

Sim. emails diretos com palavras de apoio, ate possibilitar varias tentativas para melhorem suas notas

Na própria introdução da disciplina e no conteúdo do material de leitura. Além disso, por meio de mensagens.

Com um vídeo de abertura a cada quinzena.

Percebe-se que boa parte dos professores/tutores preocupa-se em incentivar

os estudantes nos sentidos citados e até se dispõe a oferecer-lhes “apoio fora do

Page 160: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

174

horário de aula presencial”, o que mostra empenho para além do que pede a função.

Contudo, os incentivos também demandam condições de comunicação que

despertem o potencial dos estudantes. Tais condições podem ser conseguidas por

meio de ações como planejamento de atividades em conjunto, oferecimento de

oportunidade de realizar trabalhos colaborativos, realização de pesquisa, proposição

de desafios superáveis e compartilhamento das experiências.

Em se tratando das estratégias pedagógicas utilizadas pelos

professores/tutores na educação a distância on-line, algumas chamam a atenção por

se associar a estratégias típicas de aulas presenciais, como as que são

desenvolvidas “em laboratórios”, “aula expositiva” com “explicações tradicionais” ou

“apresentação do conteúdo em power point”. Nas expressões dos

professores/tutores, aparecem, novamente, as “metodologias ativas”, citadas sem

qualquer detalhamento. Dos treze profissionais, um respondeu “não realizei”, e três

trouxeram respostas mais consoantes à educação a distância on-line, como

“intervenção constante e imediata”, “estímulos com exemplos de sucessos e

exemplos (instrumentos de aprendizagem) sob ângulos diferentes de visão” e

“estimular os estudantes com casos atuais de sucesso sobre as disciplinas e

promover maior interação entre os estudantes aprendizado colaborativo”.

À terceira pergunta, quis saber o que os professores/tutores mudariam na

estrutura do ambiente virtual utilizado por eles, a fim de melhorar o processo ensino-

aprendizagem. Cinco profissionais disseram que não mudariam nada, e os demais

apresentaram respostas relacionadas a questões estruturais do curso, no âmbito do

seu projeto político-pedagógico e da gestão, possivelmente por estarem associadas

às dificuldades mais gerais com que os profissionais da educação a distância on-line

se deparam. Dentre os professores/tutores que propuseram melhorias ao AVEA,

dois mencionaram a interação, embora com objetivos sutilmente diferentes:

enquanto um diz que “o tornaria mais interativo”, o outro sugere “avaliar as

interações dos estudantes em fóruns e acesso ao sistema para gerar assoduidade”,

ultrapassando a concepção da plataforma como mera ferramenta de mediação. No

geral, porém, o que se apresenta são estratégias apoiadas numa perspectiva de

aprendizagem do passado. Não se encontra nas respostas uma concepção de

ensino como orientação, isto é, como parceria de aprendizagem, em que professor e

aluno descobrem e aprendem juntos. Chama a atenção que nenhum dos

respondentes mencionou modificações na metodologia ou no planejamento tendo

Page 161: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

175

em vista tornar o ambiente virtual mais cooperativo e interdisciplinar, com

participação dos envolvidos na organização e sistematização das ações didático-

pedagógicas. Entende-se que, para além da estrutura tecnológica, tal participação é

um aspecto essencial para o sucesso da educação a distância on-line, pois permite

oferecer aos estudantes um ambiente efetivamente mediador de conhecimento.

As respostas de ambos os grupos participantes da pesquisa não coincidem

quanto ao levantamento de conhecimento que os estudantes têm sobre o assunto a

ser ministrado e quanto ao levantamento do que foi aprendido a partir do que fora

ensinado. No primeiro caso, enquanto os professores/tutores afirmam que sempre

procuram saber o conhecimento prévio dos estudantes, estes respondem o

contrário. No segundo, enquanto os profissionais informam que “fazem” o

levantamento do que foi aprendido, os estudantes dizem que a “maioria não” faz. Os

professores/tutores explicam que o levantamento é feito “através de exercícios,

atividades”, “no início das atividades”, “nas atividades presenciais”, sem que seja

possível perceber, porém, se propõem diagnosticar o nível de

conhecimento/aprendizagem dos estudantes ou se se baseiam no princípio da zona

de desenvolvimento real/zona de desenvolvimento iminente, conforme Vigotski.

Outra divergência ainda se observa: tanto os professores/tutores quanto os

estudantes mencionam que a estratégia que mais ajuda na aprendizagem são as

videoaulas, mas, enquanto estes dizem que as “apostilas” também ajudam, aqueles

apontam os “exercícios”.

Dentre os principais incentivos que os estudantes encontram no AVEA para a

aprendizagem, eles citam, em primeiro lugar, as “videoaulas explicativas”, embora

também critiquem o “material completamente desatualizados”, enquanto os

professores/tutores mencionam, na mesma posição, o “material didático”, referindo-

se, possivelmente, ao conjunto do material disponibilizado no ambiente virtual. Em

segundo lugar, aparecem os “exercícios”, mencionados pelos professores/tutores, e

os “exercícios com respostas”, mencionados pelos estudantes. Estes citam também

“gostar da matéria” e de “aprender coisas novas”.

Um ponto sensível encontrado nas expressões dos professores/tutores e dos

estudantes se refere à percepção que eles têm sobre trabalho colaborativo no

AVEA. 77% dos profissionais consideram que o ambiente virtual favorece, com

“razoável aproveitamento” do conteúdo, esse tipo de trabalho, ao passo que os 23%

restantes entendem que a plataforma não o favorece de modo algum ou que o faz

Page 162: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

176

“sem aproveitamento” do conteúdo. Os estudantes foram bem menos otimistas, pois

42% deles consideram que o AVEA não favorece o trabalho colaborativo.

Tanto professores/tutores quanto estudantes mencionaram que trabalhos em

grupo não são propostos no AVEA. Nesse sentido, verifica-se a crença de que essa

estratégia não funcione ou não seja adequada ao ambiente virtual. Contudo,

identifica-se que o fórum, ativo na plataforma do curso de Informática para Internet,

permite interações capazes de superar o modelo linear de ensino, estendendo-se a

situações e experiências de aprendizagem efetivas e colaborativas. Nessa

perspectiva, os participantes são compreendidos como protagonistas da sua

aprendizagem, e a relação professor-aluno, embora nutrida de rotinas assíncronas,

(CATAPAN, 2006) tem boas chances de mediação na zona de desenvolvimento

iminente.

O Quadro 33 a seguir, refere-se aos aspectos qualitativos dos dados

coletados. Ele contém até três das expressões mais mencionadas pelos

professores/tutores e estudantes relativamente às categorias condições estruturais,

curso e AVEA, e a catorze de suas respectivas dimensões, selecionadas devido à

maior clareza em delinear o campo simbólico formado pela pré-interpretação dos

referidos sujeitos e apresentado na fase da pré-análise. A objetivo central é perceber

as convergências e divergências entre as expressões de ambos os grupos de

sujeitos da pesquisa.

No que se refere aos principais fatores que dificultam a aprendizagem,

ressalta-se, primeiramente, que as considerações de professores/tutores e

estudantes estão construídas em campos de percepção distintos. Estes falam do

lugar vivido, do cotidiano, do campo da aprendizagem, e aqueles falam do lugar da

experiência docente, de quem já venceu as adversidades do processo de

escolarização. Os professores/tutores destacam, em referência aos estudantes, a

“falta de comprometimento com o curso”, seguida da “defasagem escolar” e da “falta

de tempo”, e os estudantes enfatizam a “falta de tempo”, seguida das poucas

condições para “memorizar” e “concentrar”.

Chama a atenção que a “falta de tempo” seja percebida tanto por

professores/tutores quanto por estudantes, embora em níveis distintos, como fator

que dificulta a aprendizagem e que os docentes tratem a “falta de comprometimento

com o curso”, não mencionada pelos estudantes, como principal fator nesse sentido.

Page 163: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

Quadro 33 – Comparativos entre as principais expressões e percepções dos sujeitos Categorias Dimensões Professores/tutores Estudantes

Condições estruturais

Fatores que dificultam a aprendizagem dos estudantes

Pouco comprometimento com o curso

Defasagem escolar

Falta de tempo

Falta de tempo para estudar

Não conseguir memorizar

Não conseguir concentrar/cansaço

O que os estudantes podem fazer para melhorar seu desempenho escolar

Desenvolver hábito regular de estudo

Reorganizar a rotina para ampliar o tempo

Entregar as atividades em dia

Dedicar mais tempo para estudo

Organizar o tempo de estudo

Esforçar mais

O que os professores podem fazer para melhorar o desempenho dos estudantes

Realizar atividades interdisciplinares

Melhorar a comunicação

Adotar mais exercícios relacionados ao conteúdo

Oferecer recursos que ajudam na execução e aprendizagem dos conteúdos

Comentar as avaliações

Atualizar material

Curso

Motivo da escolha da Ead

Ingresso no mercado

Possibilidade de emprego

A gratuidade

Flexibilidade de horário

Pela praticidade

Otimização do tempo

O que mais atrapalha no ambiente virtual no curso

Não poder contar com um designer

Falta de comunicação

Não ter um ambiente interativo

Falta de organização

Falta de explicação

Material didático

Principais incentivos no curso Inserção no mercado

Possibilidade de uma boa profissão

Empregabilidade

Gostar da área

Principal contribuição do curso

Aquisição de formação profissional

Perspectivas de ganhos materiais

Obtenção de diploma técnico

Aquisição de formação profissional

Formação teórica

Obtenção de diploma técnico

AVEA

Ferramentas/ mais usadas

Apresentação em Power Point

Prova on-line

Videoaula /Fórum

Videoaula

Fórum

Correio eletrônico

Levantamento de conhecimento prévio Sim, sempre Não pergunta

Levantamento do aprendizado Sim A maioria não

Estratégias metodológicas que ajudam Videoaulas

Exercícios

Videoaula

Apostilas

Principais incentivos de aprendizagem Material didático

Exercícios

Videoaulas explicativa

Exercícios com as respostas

Gostar da matéria e aprender coisas novas

Trabalho colaborativo Favorece razoavelmente Não favorece

Proposta de trabalho em grupo Não Não

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Page 164: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

178

Também vale destacar os outros aspectos relativos ao mesmo problema

mencionados pelos estudantes com maior frequência: a “memorização”, que

aparece em segundo lugar, a “concentração” e o “cansaço”, que aparecem em

terceiro. Entende-se que, ao não conseguir “memorizar”, o aluno sente-se incapaz

de aprender. Esse sentimento, associado ao fator “concentração”, pode implicar

transtornos e deficit de atenção. Contudo, se associado ao “cansaço”, pode ser que

aquele sentimento decorra desta dificuldade.

5.2.3 Terceira fase da análise do conteúdo: interpretação

Neste tópico, que constitui a última etapa da análise do conteúdo, retoma-se o

tratamento dos resultados, levantados e explorados nas fases anteriores, e procede-

se à interpretação, sem desconsiderar as limitações inerentes a seu caráter

subjetivo, uma vez que se trata de examinar percepções que oscilam entre o familiar

e o estranho. A interpretação aqui proposta se refere às multidimensões da prática

pedagógica no ambiente escolar virtual. Como se trata da última fase da análise do

conteúdo, busca-se retomar os dados das fases anteriores e apresenta-se uma

síntese interpretativa dos principais aspectos destacados, com a finalidade de

preparar a reflexão para a (re)interpretação.

5.2.3.1 As multidimensões da prática pedagógica no ambiente escolar virtual

A análise dos dados permitiu a elaboração de quatro categorias de

interpretação: i) as concepções dos professores/tutores, ii) as concepções dos

estudantes, iii) as ferramentas tecnológicas no ambiente virtual de ensino-

aprendizagem e iv) a interação/mediação como prática pedagógica.

No que se refere à primeira categoria, os professores/tutores:

a) identificam que as "principais dificuldades pessoais" dos estudantes para a

aprendizagem são o “pouco comprometimento do estudante com a educação

a distância”, a “falta de tempo para estudar” e a “defasagem escolar”;

b) destacam, entre o que “depende do estudante” para melhorar a própria

aprendizagem, a reorganização da rotina para ampliar o tempo de estudo, a

entrega pontual das tarefas e a participação regular nas atividades propostas

no ambiente virtual de ensino-aprendizagem;

Page 165: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

179

c) apontam que, para melhorar o processo de aprendizagem dos estudantes,

podem realizar atividades interdisciplinares, melhorar a comunicação com os

estudantes, adotar mais exercícios sobre o conteúdo e estimular a autonomia

dos discentes; e

d) afirmam que os materiais didáticos e a profissão almejada são os “principais

incentivos” que os estudantes encontram para a aprendizagem no curso de

Informática para Internet.

Entende-se que, na concepção dos professores/tutores, se os estudantes

tivessem mais compromisso com o curso, não teriam tantas dificuldades na

aprendizagem. Os estudantes reconhecem que a “falta de tempo para estudar” é um

dificultador, possivelmente porque percebem que, se reorganizassem o tempo e

tivessem mais compromisso com o estudo, seu sucesso estaria garantido, ainda que

os aspectos cognitivos fossem considerados. Por outro lado, os professores/tutores

consideram que podem “realizar atividades interdisciplinares”, o que permite inferir

que esse procedimento não tem sido adotado. Destaca-se, porém, que, no projeto

político-pedagógico do curso de Informática para Internet, tal estratégia está prevista

e, portanto, deveria ser uma prática metodológica recorrente das disciplinas. Supõe-

se que, ao considerarem que os principais incentivos para a aprendizagem se

relacionam ao material e à profissão, os professores/tutores não observem o AVEA

nesse sentido, mas tão somente como um suporte técnico do processo ensino-

aprendizagem. No caso da educação a distância on-line, a plataforma deveria ser

rica de estímulos e, portanto, considerada como uma importante aliada e

incentivadora da aprendizagem no curso.

No que diz respeito à segunda categoria, os estudantes:

a) mencionam, entre outros, a falta de tempo para estudar, o cansaço, a

preguiça e a falta de vontade, não conseguir memorizar, a falta de feedback e

a comunicação atravessada como as "principais dificuldades pessoais" para a

aprendizagem;

b) destacam que, para melhorar a própria aprendizagem, “depende deles”,

principalmente, um conjunto de condições objetivas, como dedicar mais

tempo ao estudo, melhorar a organização do tempo, esforçar-se mais e

conseguir um lugar tranquilo para estudar;

Page 166: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

180

c) sublinham as videoaulas, os materiais das disciplinas, as apostilas e o acesso

facilitado entre os recursos presentes no AVEA que mais os ajudam a ter

sucesso na aprendizagem;

d) realçam as condições didático-pedagógicas, em especial a falta de

organização do curso, o tamanho das apostilas e as discussões inúteis no

fórum entre os aspectos presentes no AVEA que mais atrapalham o estudo;

e) citam aspectos relacionados à prática pedagógica, tais como a ausência de

explicação em caso de dúvida, a demora no feedback e a falta de revisão de

conteúdo, entre as “principais dificuldades para aprender” com que se

deparam no curso de Informática para Internet;

f) referem-se aos materiais – em especial, os vídeos –, à possibilidade de

mudar de emprego ou conseguir um e à expansão da área contemplada pelo

curso como os “principais incentivos” que encontram para a aprendizagem; e

g) atribuem à flexibilidade de horário, à desnecessidade de parar de trabalhar

para estudar e à economia de tempo a “escolha pela modalidade” de

educação a distância on-line.

Nessa categoria, observou-se a predominância de expressões relacionadas

às condições das estruturas pessoais que impedem os estudantes de estabelecer

um horário de estudo ou uma rotina que permita se dedicar a ele, o que dificulta a

aprendizagem. Outros elementos mencionados vinculam-se às condições físicas e

psicológicas, possivelmente impactadas pela pesada carga de trabalho, o que lhes

traz insucesso escolar, ainda que desejem se esforçar mais e ir além de seus limites

físicos. Os discentes contam com materiais mais dinâmicos para ajudar na

aprendizagem, como os vídeos, e, talvez devido à falta de tempo para o estudo,

preferem-nos por ser de fácil acesso pelo celular. Esse percepção se justifica

quando se observa que eles mencionam que as apostilas são “gigantes” e que isso

dificulta a aprendizagem. As condições de gestão do curso também estão presentes

nas expressões dos estudantes, que identificam as fragilidades da Instituição em

relação à modalidade, o que traz desânimo e impacta o processo de aprendizagem.

Do ponto de vista pedagógico, entende-se que esse tipo de situação pode afastar os

estudantes, desmotivando-os à aprendizagem. A flexibilidade e a praticidade,

justificativas dadas por milhares de estudantes que optaram pela modalidade a

Page 167: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

181

distância on-line – já que boa parte deles é trabalhadora e outros moram longe dos

centros que oferecem educação a distância –, também são citadas como motivos da

mesma escolha pelos estudantes que participaram desta pesquisa.

No que concerne à terceira categoria, ferramentas tecnológicas no AVEA:

a) a plataforma Moodle é a utilizada no curso, dispondo de praticamente todas

as ferramentas necessárias ao processo ensino-aprendizagem, como

arquivos, vídeos, fórum, prova, questionário, exercícios, entre outros;

b) os materiais utilizados com mais frequência pelos professores/tutores são,

segundo os estudantes, apostilas, apresentações de PowerPoint, cópias de

trechos, vídeos on-line e videoaulas; e

c) os materiais utilizados com mais frequência pelos estudantes, segundo eles

próprios, são, em primeiro lugar, a videoaula, seguida do fórum e do correio

eletrônico.

Notou-se que, embora haja uma variedade de ferramentas identificadas pelos

estudantes no AVEA, os exercícios e o fórum foram mencionados por todos eles.

Vale lembrar que em relação às condições didático pedagógicas, os estudantes

apontam as discussões inúteis no fórum, revelando a falta de uma participação mais

ativa de professores/tutores nas interações com e entre os discentes. Destaca-se

ainda, a pertinência do fórum como um dos mais importantes recursos de interação

e que podem ser utilizados para as mediações na zona de desenvolvimento iminente

dos estudantes. O mesmo em relação aos exercícios que servem como processo de

reflexão sobre o aprendizado e que pode utilizar o fórum para correção e discussão,

oferecendo-se interações e inúmeras possibilidades de estimular a metacognição a

partir de auxílios e mediações na ZDI.

As videoaulas, as provas on-line e os textos de leituras também foram

destacados. No entanto, o material didático mais utilizado pelos professores/tutores,

segundo os estudantes, são as apostilas, cópias de trechos ou capítulos de livros e

resumos. Observa-se que o uso desse material se relaciona mais aos aspectos

teóricos das disciplinas e que materiais como a orientação de estudos, que organiza

a disciplina, não foram mencionados por nenhum discente. As orientações de estudo

podem ser auxiliar no planejamento e organização dos estudos e na gestão da

aprendizagem, ajudando os estudantes a seguir uma rotina de leituras e execução

de atividades. Outros materiais destacados pelos estudantes e que são

Page 168: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

182

frequentemente usados pelos docentes são as videoaulas e os vídeos on-line –

disponíveis no Youtube – sobre o tema desenvolvido nas disciplinas. Livros,

periódicos, manuais e páginas da web, na percepção dos discentes, são pouco

utilizados pelos professores/tutores. Apesar de os profissionais disponibilizarem em

maior quantidade as apostilas e os textos com trechos de livros, os estudantes

preferem as videoaulas.

No que tange à quarta categoria, interação/mediação como prática

pedagógica:

a) a maioria dos estudantes informou que os professores/tutores têm pouca

disponibilidade, que algumas vezes recebe orientação deles para realizar as

atividades e que algumas vezes as atividades são planejadas com recursos

que ajudam na execução;

b) a maioria dos estudantes afirmou que o ambiente virtual de ensino-

aprendizagem não favorece o trabalho em grupo, enquanto os

professores/tutores disseram que o AVEA favorece o trabalho em grupo, mas

com razoável aproveitamento do conteúdo, e que não propõem esse tipo de

atividade aos estudantes;

c) a maioria dos professores/tutores informou que pede aos estudantes para

explicar o que aprenderam do conteúdo e que os incentiva a refletir e a

participar das atividades “duas vezes por semana”, ao passo que os

estudantes informaram que, na maioria das vezes, os professores/tutores os

incentivam a refletir, participar e realizar as atividades e que, algumas vezes,

a realização das atividades é acompanhada pelos professores;

d) a maioria dos estudantes informou que nunca comenta com os professores,

tutores ou colegas sobre o que conseguiu aprender, mas que, quando tem

dificuldade, recorre, na maioria das vezes, ao professor da disciplina, e que

recebe alguma orientação para melhorar o desempenho, sendo que, em

algumas vezes, tal orientação é suficiente para realizar a atividade.

Observa-se que a falta de disponibilidade dos professores/tutores para orientar

sobre dúvidas ou dificuldades, mencionada pelos estudantes, pode ser um problema

implicado na queixa deles sobre a (in)suficiência das orientações recebidas. Em

outros termos, se os docentes têm pouca disponibilidade, as orientações acabam

sendo prejudicadas, o que é percebido pelos estudantes. Essa percepção se

Page 169: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

183

diferencia na ótica dos profissionais, que afirmam responder a e-mails e ajudar os

estudantes com dificuldade todo dia. Em relação à proposta de trabalho em grupo no

ambiente virtual de ensino-aprendizagem, nota-se certa contradição nas respostas.

Enquanto os estudantes afirmaram que a plataforma não favorece esse tipo de

trabalho, os professores/tutores afirmaram o contrário, embora tal favorecimento não

seja percebido como suficiente para promover a aprendizagem de conteúdo, o que

lhes serve de justificativa para não o propor. Entretanto, ao analisar as respostas

objetivas sobre trabalho em grupo, dois docentes afirmaram propô-lo todo dia, e a

maioria respondeu que não se aplica. As ações pedagógicas também apresentaram

algumas contradições. Se, de um lado, os professores/tutores afirmam que pedem

aos estudantes que expliquem o que entenderam do conteúdo ensinado, a maioria

dos estudantes afirma que nunca comenta sobre tal conteúdo com professores,

tutores ou colegas. Em se tratando do incentivo e do acompanhamento que os

docentes oferecem aos estudantes, há uma concordância entre os sujeitos que os

oferecem e os que recebem, ainda que, na percepção dos discentes, eles

aconteçam apenas algumas vezes. Os estudantes mencionaram que os

professores/tutores não perguntam acerca do que eles sabem sobre o assunto que

será ensinado, seja no início de uma unidade, de um conteúdo ou de uma disciplina;

que o planejamento de atividades, exceto algumas vezes, não é feito com recursos

que ajudam na execução e aprendizagem dos conteúdos; que, mesmo recebendo

ajuda do professor, tutor ou alguém de fora da escola, já aconteceu de não

conseguirem aprender, com destaque para alguns conteúdos das disciplinas; e que,

quando estão com dificuldades na execução de alguma atividade, é com o professor

da disciplina que buscam auxílio, ainda que o tutor esteja disponível para ajudá-los.

A partir da exploração e análise dos dados, é possível estabelecer algumas

proposições que guiarão a próxima etapa, referente à terceira fase da hermenêutica

de profundidade, aqui identificadas como hipótese-guia39 (HG), conforme Gobo

(2005). Considerando-se as construções simbólicas dos dois grupos –

professores/tutores e estudantes – que forneceram o material de estudo da

pesquisa, a análise das respostas indicou as seguintes hipóteses-guia:

39 Embora alguns autores, Schatzman; Strauss (1973), Strauss; Corbin (1990) afirmem que as hipóteses são uma necessidade da pesquisa e que elas devam ser formuladas e controladas somente depois da coleta de informações para que o pesquisador chegue ao campo sem posições preconcebidas, para Gobo (2005, p. 107), na pesquisa qualitativa “[...] existe o mais absoluto pluralismo” e [...] As hipóteses substanciais podem ser feitas antes de iniciar a pesquisa, durante e/ou no término da coleta de informações.

Page 170: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

184

HG1 – O processo ensino-aprendizagem no AVEA é permeado por concepções

trazidas do ambiente escolar tradicional presencial que precisam ser modificadas.

Há uma responsabilização maior dos estudantes pelo resultado do processo de

aprendizagem.

HG2 – Os pressupostos da concepção de zona de desenvolvimento iminente

fornecem elementos para subsidiar propostas pedagógicas para o processo ensino-

aprendizagem no ambiente virtual.

5.3 Interpretação/reinterpretação – Terceira fase da hermenêutica de

profundidade

A terceira fase da hermenêutica de profundidade busca desenvolver possíveis

significados a partir do campo pré-interpretado pelos sujeitos participantes da

pesquisa. O esforço é projetar significados que possam estar ou não em

consonância com os significados construídos pelos sujeitos, compreendidos a partir

das maneiras como eles compreendem as formas simbólicas rotineira e comumente

entendidas sobre ensino e aprendizagem. Sem dúvida, esse é um processo

arriscado, conflituoso e, naturalmente, aberto à discussão. Como aponta Thompson

(2011, p. 376), “A possibilidade de interpretação é intrínseca ao próprio processo de

interpretação”. Segundo o autor, nesse caso, o conflito pode surgir não apenas entre

as interpretações divergentes de quem analisa, mas também pelas maneiras que as

formas simbólicas são interpretadas pelos sujeitos que constituem o mundo sócio-

histórico (THOMPSON, 2011). Contudo, considera-se o padrão de relações dos

sujeitos com a instituição educacional, o qual é motivado pelas demais relações que

eles estabelecem em vários campos da vida, reciprocamente. As demais relações

que os sujeitos estabelecem no mundo do trabalho, nas relações familiares e tantos

outros são definidoras do seu pertencimento social e da qualidade de vínculo que

estabelecem com o processo ensinar-aprender. Não é possível separar o sujeito das

suas experiências; por isso, importa considerar as situações que o afligem e que

dificultam a aprendizagem, paralisando-a por vezes. As diferentes dimensões

Page 171: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

185

enunciadas nas respostas dos sujeitos da pesquisa são consideradas por fazerem

parte da sua constituição. Por isso, o destaque dado às suas percepções.

O eixo referencial adotado para as interpretações é constituído pela

conjuntura que vincula o processo ensino-aprendizagem dos sujeitos e suas inter-

relações ao ambiente virtual que utilizam. Portanto, a interpretação/reinterpretação

parte das duas hipóteses-guia definidas no Tópico 5.2.3.1.

Primeiramente, desenvolveu-se uma interpretação/reinterpretação apoiada

nos dois eixos da pesquisa: i) o processo ensino-aprendizagem no contexto da

educação a distância on-line e ii) as percepções dos sujeitos sobre o processo

ensino-aprendizagem no mesmo contexto. A partir desses eixos, contextualizaram-

se as concepções pedagógicas que subsidiam as práticas pedagógicas no curso de

Informática para Internet, com a intenção de compreender os pontos de tensão entre

o que se espera e o que se pratica na educação a distância on-line. Nesse contexto,

as percepções dos sujeitos foram contempladas para os exemplos, permitindo

alcançar outro platô de profundidade interpretativa. O norte central da análise foram

as referências, nas perspectivas dos sujeitos no seu contexto histórico-cultural. Com

base no quadro teórico histórico-cultural, consideraram-se as diferentes percepções

dos sujeitos e, a partir delas, destacaram-se o protagonismo deles e os elementos

mediadores do processo ensino-aprendizagem na educação a distância on-line.

Posteriormente, elaborou-se uma interpretação/reinterpretação das práticas

pedagógicas desenvolvidas no ambiente virtual de ensino-aprendizagem,

destacando o papel central dos professores/tutores nas interações e nas mediações

do conhecimento, a partir da zona de desenvolvimento iminente. A base para a

reflexão focalizou a relação desses profissionais com os estudantes.

Em cada uma das etapas, apresentou-se uma nota conclusiva com os pontos

relevantes evidenciados pela interpretação.

5.3.1 A ação pedagógica mediadora na virtualidade

As tecnologias ao longo dos tempos provocou grandes transformações

sociais, impactando a vida dos seres humanos. No mundo contemporâneo, o uso

das tecnologias é amplamente disponível e promovido nas sociedades, tornando-se

uma pedra angular da vida social humana. Elas têm relevância em todas as esferas

da vida, no sentido de melhorar a qualidade dos serviços e aumentar a comunicação

Page 172: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

186

e as relações sociais. Assim, as sociedades humanas experimentaram um

desenvolvimento significativo e rápido delas, tornando-as conveniente na

comunicação social e demandando um entendimento abrangente da realidade e das

transformações que acontecem na sociedade.

Como os seres humanos são sociais por natureza, os relacionamentos hoje

em dia tornam-se mais dominados pelo uso de tecnologias contemporâneas, como

as mídias sociais que favorecem a comunicação e a distribuição da informação. No

contexto atual, as pessoas reconhecem que o uso de tecnologias modernas é um

exigência para a vida e refletem a cultura, a educação, a sociedade em geral. Desse

modo, a tecnologia muda todo estilo de vida e atividade humana, pois interfere

diretamente nas relações sociais e na forma como nos comunicamos e aprendemos.

Com a invenção do computador, o acesso rápido às informações foi facilitado

e transformou a sociedade cultural e educacionalmente. Como aponta Lévy (1997),

a influência das tecnologias digitais na educação afetou positivamente o estilo, a

duração e a forma de aprendizagem dos grupos e indivíduos. Entretanto, as

instituições educacionais foram construídas em grande parte para outro tempo,

baseada em uma era industrial e não digital. Assim, professores, tutores,

educadores e gestores de ensino enfrentam o enorme desafio de formar os

profissionais cada vez mais aptos para um futuro cada vez mais volátil, incerto,

complexo e ambíguo.

Moore e Kearsley (2011) explicam que o desenvolvimento das tecnologias

contemporâneas provocaram o crescimento da Educação a Distância, pois com a

expansão das tecnologias de telecomunicações, essa modalidade de ensino

passou a chamar a atenção de estudantes de diferentes partes do mundo.

Nessa direção, a educação a distância se expandiu rapidamente, à medida

que foi ganhando aceitação mundial por parte de estudantes, instituições

educacionais, organizações e o público em geral. Essa modalidade de ensino torna

a educação acessível às populações e se encaixar em diferentes estilos de vida e

horários das pessoas. Atualmente, já não se coloca em questão a qualidade da

educação a distância, mas se focaliza o que ela é e o que ela pode fazer. Dessa

forma, a pedagogia adotada nas instituições de ensino têm sido afetada pela

educação a distância, em especial a oferecida virtualmente.

A educação a distância on-line refere-se ao processo educacional interativo

virtual entre estudantes e professores/tutores, separado pela distância física. Ele se

Page 173: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

187

adapta às diferenças individuais e à forma como os estudantes reagem à

mídia. Personalidade, habilidades intelectuais, estilos cognitivos e de

aprendizagem são preocupações importantes na educação à distância (HARRY et

al., 1993, p. 32).

O termo virtual não é novo, pois já fora usado, no início do século XVIII, no

campo ótico, para descrever a imagem refratada e refletida de um objeto e, no

século XIX, no campo da física, ao se criar o conceito de velocidade virtual de

partículas para descrever “o comportamento das partículas subatômicas”. No século

XX, o termo foi assimilado, no campo da informática, pela International Business

Machine Corporation (IBM), para explicar a criação de um produto-conceito

chamado de “memória virtual”, referindo-se à criação dos mundos artificiais no

computador (LEMOS, 2002). Mas, antes de a IBM se apropriar da palavra, em 1950,

Langer publicou o livro “Feeling and form”, em que explica a concepção de virtual a

partir da representação mental que determinado quadro cria na mente do homem.

Para a autora, “olhando um quadro figurativo criaríamos em nossas mentes um

‘mundo virtual’. Um quadro de paisagem criaria aquela paisagem em nossa mente.”

(LANGER, 1953, p. 72).

A explicação de Langer pode ter inspirado o conceito de virtualidade no

campo da informática, que, ao utilizar um computador, introduz na máquina a ideia

do real, criada por mundos artificiais formados por imagens, sons e textos. Esse tipo

de fenômeno dialoga com a concepção teórica de Vigotski sobre sistema simbólico,

que permite ao homem substituir o real por meio das representações mentais.

Vygotsky (2001) explica que as representações mentais de imagens

expressam estruturas espaciais características da percepção visual, sendo tais

representações passíveis de expressar continuamente os espaços reais. Infere-se

que essa capacidade humana de representação promove no cérebro a

transformação do real no mental, que pode ser identificado com o mundo virtual,

promovendo outras formas de significação. Vygotsky (1984) defende que o processo

de construir conhecimento ocorre em dinâmica interação da relação homem-mundo

mediada por sistemas simbólicos. Infere-se que, a partir dessa dinâmica, pode-se

representar, no campo mental, o virtual, porque os pensamentos são representações

do real. Nesse sentido, a interação homem-mundo promove infinitas interações.

No caso da interação homem-tecnologia, as imagens e sons são percebidos e

traduzidos, codificados e decodificados, projetando construções simbólicas

Page 174: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

188

importantes. As informações captadas nesse processo são interpretadas e mediadas

pelas interações de diferentes naturezas que o homem realiza no contexto social, as

quais são internalizadas, sugerindo que, não importa a natureza, toda interação é

mediada. Nesse caso, cabe perguntar: existe diferença entre uma interação homem-

homem e uma interação homem-tecnologia? Dalgarno e Lee (2009) explicam que,

de modo geral, não existe diferença entre uma interação ao vivo e outra por

computador, por exemplo. Para eles, uma interação face-face tem mais qualidade,

pois nela há mais informações na mediação do que numa interação com uma

tecnologia – no caso, o computador, o smartphone, que, contudo, também promove

mediações. Segundo os autores, ambas as interações promovem mediações e têm

a mesma natureza, como todas as mediações, e, por esse motivo, não faz sentido

diferenciá-las, a não ser pelo modo de apresentá-las: interações ao vivo e interações

on-line, por exemplo.

A visão sociocultural do espaço virtual compreende que as relações entre

espaço, sociedade, cultura, história e política, aparentemente neutras, estão nele

presentes e modelam as normas e valores sociais, afetando as pessoas, as

comunidades e os modos de comunicação disponíveis nos espaços on-line

(CLARCK, 2011). Ao estudar como o espaço virtual afeta as percepções das

pessoas no espaço físico e vice-versa, Clarck (2011, p. 149) afirma que o espaço

virtual é “sempre ontologicamente diferente do mundo real, físico”. No entanto, o

espaço virtual “pode ser pragmaticamente real” no sentido de que as

“representações dos fenômenos são percebidas como reais e autênticas” pelas

pessoas. Infere-se, portanto, que, por não ser neutro, o espaço virtual organizado

traz implicações consideráveis para a aprendizagem, no sentido de se percebê-lo

como mais ou menos mediador de conhecimento.

Bouras et al. (2003; 2005; 2006), ao estudarem a interação no espaço virtual

e no processo da aprendizagem, com base na suposição de que sua arquitetura é

um objeto social, concluem que o projeto arquitetônico do espaço virtual é um

fenômeno que estrutura o padrão de copresença das pessoas e cria um potencial de

interação social, com impacto direto na aprendizagem. Partindo desse estudo, pode-

se inferir que o espaço virtual projetado especificamente para desenvolver uma

atividade específica de aprendizado – como, por exemplo, o ambiente virtual de

ensino-aprendizagem – pode ter efeitos positivos na aprendizagem dos estudantes

se for compatível com a atividade educacional a ser desenvolvida. O mesmo vale

Page 175: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

189

para as escolhas das formas de interação dos estudantes e dos materiais

disponibilizados para os estudos. Destaca-se que um ambiente virtual construtivista

aumenta a interação dos estudantes e favorece o trabalho em grupo e a

comunicação, facilitando o compartilhamento de conhecimento e experiência entre

eles. O ambiente virtual de ensino-aprendizagem se constitui por significados

sociais, convenções, entendimentos culturais sobre papéis, funções e natureza,

ampliando a aprendizagem. Assim, um espaço virtual de aprendizagem que forneça

um ambiente significativo e com o uso de ferramentas e recursos necessários à

colaboração e comunicação pode capacitar os estudantes a criar inúmeras situações

de zonas de desenvolvimento iminente.

5.3.2 O protagonismo dos sujeitos da educação a distância on-line no processo

ensino-aprendizagem: perspectivas social e histórico-cultural

Refletir sobre o protagonismo dos sujeitos da educação a distância on-line

permite colocar o ser humano no centro do processo ensino-aprendizagem. As

expressões dos estudantes e dos professores/tutores trouxeram evidências das

possibilidades e deficiências do ensino a distância on-line. Nessa perspectiva,

conhecer as dificuldades dos estudantes para a aprendizagem tanto de seu próprio

ponto de vista como dos professores/tutores propiciou tecer algumas reflexões

importantes sobre o processo ensino-aprendizagem nessa modalidade.

Como apontado anteriormente, a predominância de expressões como “falta

de tempo para estudar”, relacionadas às condições das estruturas pessoais

apresentadas pelos estudantes, revela o impedimento de estabelecerem um horário

ou rotina de estudo e se dedicarem ao exercício diário ou semanal. Além disso,

condições físicas e psicológicas como “cansaço, preguiça e falta de vontade”,

podem ser desencadeadores da “falta de vontade”, da “preguiça” de estudar e das

dificuldades para “interpretar”, “memorizar” e “concentrar”, colocando em risco as

condições para a aprendizagem. As dificuldades para conciliar trabalho e estudo

cansam mentalmente os estudantes, provocando “falta de concentração”,

“ansiedade”, “falta de interesse” pelo estudo e “falta de paciência” com seu próprio

processo de aprendizagem. Essas condições sinalizam a relação ou a soma de

diferentes fatores, como as circunstâncias socioeconômicas, a dedicação da maior

parte do tempo ao trabalho e ao deslocamento nos trajetos urbanos e o

Page 176: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

190

distanciamento das atividades culturais e literárias, como já apontado. No contexto

trazido pelos estudantes, estão expressas suas condições objetivas, que revelam o

impacto da falta de tempo não somente na aprendizagem escolar, mas também nas

relações sociais, que podem ser consideravelmente prejudicadas. As condições

oferecidas pelo curso, no que se refere à gestão, também estão presentes nas

expressões dos estudantes, trazendo-lhes desânimo e impactando negativamente

seu processo de aprendizagem. Expressões como “comunicação atravessada e

insuficiência de compreensão”, “demora no calendário letivo, problemas

burocráticos”, “indefinições em geral é o que se aproxima da zona absal do descaso,

atravancando nosso interesse” e “falta de feedback” são alguns exemplos das

circunstâncias enfrentadas pelos discentes. Infere-se que as dificuldades da gestão

em relação aos processos administrativos do curso refletem na aprendizagem dos

estudantes. Do ponto de vista pedagógico, entende-se que esse tipo de situação

também pode afastá-los, desmotivando-os à aprendizagem, e se evidencia o

importante papel da gestão dos cursos e suas funções políticas, acadêmicas,

gerenciais e institucionais, que refletem a qualidade dos cursos e a satisfação dos

estudantes.

Apesar das dificuldades em relação às condições propedêuticas, estruturais,

físicas, psicológicas e do próprio curso, os estudantes consideraram como formas de

melhorar seu desempenho escolar “ter mais disciplina”, “ter força de vontade”,

“dedicar-se mais aos estudos” e “achar mais tempo para estudo”. Aspectos menos

objetivos, como “ganhar uma grana a mais” ou “encontrar um trabalho menos

estressante”, também foram mencionados. Essas expressões revelam um conflito

entre o que os estudantes desejam e o que realizam. Como afirmado anteriormente,

é possível que a falta de tempo para o estudo se apresente como consequência da

utilização da maior parte do tempo para o trabalho, o que impacta diretamente as

condições para a aprendizagem. Merece atenção a relação que se estabelece entre

as dificuldades dos estudantes, no tocante às próprias condições estruturais,

materiais e objetivas, e as condições psicológicas, que também revelam a vontade

de se dedicar mais aos estudos, encontrando mais tempo para essa atividade.

Assim, manifestam-se alternativas como “melhorar a organização do tempo”,

“arrumar mais tempo” e “dedicar mais tempo na realização das atividades de

estudo”. Observa-se que, apesar de perceberem que também poderiam “ser mais

dedicados”, “organizar melhor o tempo”, “se esforçar mais e ter mais motivação”

Page 177: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

191

para vencer suas dificuldades, os estudantes se deparam com suas próprias

condições materiais, limitadoras de quaisquer iniciativas, e com a luta pelo melhor

controle ou distribuição do tempo, assumindo dimensões mais propriamente

simbólicas do que exatamente práticas. Não obstante, a realidade social tece a

identidade desses sujeitos, e suas expressões/percepções revelam concretamente

as restrições materiais e psicológicas que enfrentam para a aprendizagem escolar.

Revelam-se aqui as questões relativas às condições estruturais de boa parte dos

jovens da sociedade brasileira, que, tão logo terminam o ensino médio, inserem-se

no mundo do trabalho para ajudar no sustento da família, mas deparam-se, depois

de alguns anos, com a necessidade de voltar à escola para obter novas

competências e poder enfrentar as exigências e demandas do mercado de trabalho.

Apesar do interesse em voltar aos estudos, têm como obstáculos suas próprias

condições e um modelo educativo que não se adequou ao estudante trabalhador e

que desconsidera suas condições estruturais e objetivas para a aprendizagem.

Conhecer as percepções dos professores/tutores a partir das suas

expressões foi fundamental para compreender os pilares que sustentam suas

práticas e condutas pedagógicas e suas condições para a mediação do

conhecimento.

Para os professores/tutores, as três principais dificuldades pessoais que os

estudantes enfrentam no seu processo de aprendizagem são o “pouco

comprometimento do estudante com a educação a distância”, a “falta de tempo para

estudar” e a “defasagem escolar”. A “jornada de trabalho extenuante” foi apontada

por seis respondentes e a “falta de vontade para estudar” e o “desgaste físico”, por

outros três. A “dificuldade cognitiva” também apareceu, na percepção de dois

respondentes, e as “questões relacionadas ao curso” e a “desorganização do curso”

foram mencionadas por outros dois. Observa-se que a falta de tempo é a condição

mais mencionada nas expressões dos estudantes, destacando-se como a

característica mais típica desses sujeitos: trabalhadores com pesada jornada de

trabalho. Contudo, na percepção dos professores/tutores, as condições objetivas

são as que mais aparecem no que se refere ao que depende dos estudantes para

melhorar a aprendizagem. Nessa categoria, os três pontos que mais se destacaram

foram “reorganizar a rotina para ampliar o tempo de estudo”, “entregar as atividades

com pontualidade” e “participar regularmente das atividades no ambiente virtual de

ensino-aprendizagem”. Outros aspectos, como “melhorar a comunicação com o

Page 178: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

192

professor/tutor”, “buscar apoio psicopedagógico” e “frequentar ambientes culturais

para desenvolver a capacidade de abstração”, também apareceram na percepção

dos professores/tutores. Nas expressões dos estudantes, a categoria condições

objetivas também foi a que mais se destacou, juntamente com as condições

psicológicas. Observa-se que desenvolver hábito regular de estudo, como apontado

pela maioria dos professores/tutores, implica dedicação e força de vontade,

condições psicológicas que incluem as condições estruturais adequadas que

colaborem, ainda que parcialmente, com a motivação necessária para a

aprendizagem.

Os professores/tutores também se manifestaram em relação ao que eles

próprios podem fazer para melhorar o processo de aprendizagem dos estudantes. A

maioria deles citou, nesse sentido, “realizar atividades interdisciplinares”, o que

chama a atenção, pois, como apontado anteriormente, essa proposta metodológica

consta do projeto político-pedagógico do curso e, por isso, deveria ser uma prática

comum entre os docentes. Todavia, a interdisciplinaridade, para funcionar, precisa

ser articulada a um plano pedagógico que possibilite sua efetividade. A dimensão da

interdisciplinaridade compreende não apenas uma prática ou proposta metodológica,

mas uma atitude frente ao conhecimento e ao ato de saber (FAZENDA, 1991). Por

outro lado, aspectos como “melhorar a cmunicação com os estudantes”, oferecer

“mais exercícios sobre o conteúdo” e “estimular a autonomia dos estudantes” foram

considerados por boa parte dos docentes, o que mostra uma percepção clara de que

há espaço para modificar suas práticas pedagógicas, o que é muito bom. Essa

percepção se reforça, ainda, com expressões como “modificar a organização do

conteúdo” e “preparar atividades que sejam realizadas em grupo”. Nota-se que

propor trabalhos em grupo não é uma prática dos docentes desse módulo do curso.

Dentre as expressões referentes ao que professores/tutores podem melhorar

no ambiente virtual, destacam-se também “melhorar a comunicação com os outros

professores do curso”, atualizar permanentemente “toda ou parte da bibliografia da

disciplina” e “utilizar videoaula”. Um docente considera que “adotar critérios de

avaliação mais exigentes” pode contribuir com o processo de aprendizagem dos

estudantes. Ao refletir sobre as percepções dos profissionais, observa-se uma

preocupação em se comunicar melhor com os estudantes e com seus pares, mas

também traços da tendência pedagógica tradicional da educação presencial, com a

perspectiva de adotar exercícios relacionados ao conteúdo ou ser mais exigentes

Page 179: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

193

nos critérios de avaliação. Em nenhuma resposta foi mencionada uma ação

mediadora, investigativa ou que desenvolva e valorize a autonomia dos discentes,

dimensão mencionada por boa parte dos professores/tutores no que se refere a

ajudar a melhorar a aprendizagem. Na perspectiva de Vygotsky (1998), para que

alguém seja capaz de dominar suas próprias condutas, isto é, ter autonomia, é

necessário passar do complexo desenvolvimento das funções psicológicas

elementares às superiores, percurso esse que ocorre com a mediação do outro,

considerando-se que a linguagem é o principal canal de aquisição e internalização

dos signos presentes na cultura. Como os estudantes podem aprender com

autonomia se lhes são oferecidas práticas pedagógicas tradicionais, heterônomas,

verticalizadas, autoritárias e punitivas? Defende-se que a autonomia na

aprendizagem, para além do domínio das habilidades referentes aos conteúdos

escolares ou tarefas específicas, precisa levar em conta os aspectos metacognitivos

presentes no processo da aprendizagem, como, por exemplo, a capacidade de

internalização das regras presentes no ambiente escolar – no caso, o virtual –,

carregadas de significados simbólicos. Esse não é um processo que se apresenta

pronto, mas que carece de um planejamento didático-pedagógico alimentado por

das práticas pedagógicas mediadoras entre os instrumentos e seus significados e

das interações estabelecidas entre professores/tutores e estudantes,

intencionalmente projetadas.

Em relação aos incentivos que os estudantes encontram no curso na

percepção dos professores/tutores, foram mencionados os aspectos relacionados à

categoria material didático e profissão. Observou-se que, nas respostas dos

docentes, não há evidências de incentivos apontando diretamente para o ambiente

virtual de ensino-aprendizagem e seu potencial mediador das situações de

aprendizagem. A hipótese que se levanta para esse posicionamento é que, quando

se trata de educação a distância on-line, o AVEA não é considerado pelos

respondentes como incentivador da aprendizagem, mas como repositório de

conteúdo, atividades e vídeos. No caso da referida modalidade educacional, a

plataforma deveria, na verdade, configurar-se como mediador e incentivador da

aprendizagem e ser rico de estímulos.

Para os professores/tutores, o material didático das disciplinas é um bom

incentivador. Essa percepção está em consonância com a de boa parte dos

estudantes, que mencionou recursos como “vídeo”, “videoaula”, “materiais em Pdf” e

Page 180: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

194

em “Power Point” como os que mais ajudam na aprendizagem. O vídeo foi o recurso

mais citado, talvez pela facilidade de comunicar as informações de forma organizada

e em pequenas doses e de ser facilmente acessado pelo celular, meio utilizado pela

maioria dos estudantes. Em geral, os vídeos para a educação a distância on-line são

curtos e com uma apresentação variada de imagens que estimulam e favorecem a

compreensão dos conteúdos. As expressões relacionadas à categoria transferência

de informação, como “as apostilas”, são destacadas por boa parte dos discentes, o

que chama a atenção para um processo de aprendizagem mais conteudista, por um

lado, mas, por outro, de fácil acesso. De posse da apostila, os estudantes podem

consultar o conteúdo da disciplina de forma estruturada e explorar as

potencialidades que oferecem para a aprendizagem. Um número menor de

estudantes mencionou aspectos relacionados com a categoria comunicação e

interação como pontos que mais os ajudam a ter sucesso nos estudos. Eles

destacaram a “possibilidade de contato com colegas e suas dúvidas” e o uso de

“fóruns” como elementos de interação que favorecem a aprendizagem, pois

promovem condições de expressar os conceitos, tirar dúvidas, trocar ideias e

estabelecer boas discussões sobre os conteúdos das disciplinas. Segundo Vigotski

(1978), a interação com os pares é essencial para promover a zona de

desenvolvimento iminente. A facilidade de acesso ao ambiente virtual foi o aspecto

mais mencionado pelos discentes, que reconhecem, porém, a característica mais

básica da educação a distância on-line: a flexibilidade para o estudo. A facilidade de

acesso ao ambiente virtual, que independe de horários fixos, ao contrário do que

ocorre nos cursos presenciais, e a possibilidade de estabelecer uma rotina adaptada

ao próprio ritmo são reconhecidas pelos estudantes como auxiliares para o alcance

de êxito nos estudos. Mas, considerando-se as respostas dos estudantes, faltam-

lhes condições estruturais e objetivas que lhes permitam exercer o estudo autônomo

e estabelecer uma rotina de estudo comprometida com sua aprendizagem. Em

outras palavras, faltam-lhes as condições para a gestão de suas aprendizagens.

No que diz respeito ao que, no ambiente virtual, “mais atrapalha” o estudo,

observou-se uma predominância de expressões associadas às condições

pedagógicas em relação às estruturais e materiais, consubstanciada nas expressões

“Apostilas gigantes para ler”, “Material completamente desatualizado” e “Conteúdo

massante, pouco interativo e às vezes desinteressante”, que chamam a atenção

Page 181: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

195

pelo caráter pedagógico implicado, carente de atenção quando se trata de educação

a distância on-line, todavia crítico.

As expressões dos estudantes revelam seu ponto de vista, sua compreensão

sobre o lugar que ocupam. Suas percepções constituem mundos histórico-culturais

próprios, cujo entendimento aponta para um potencial crítico de interpretação em

relação aos que lhes são oferecidos. Evidencia-se, em suas respostas, uma

concepção de ensino pela perspectiva do sujeito que aprende, mas a qual também

se relaciona com a capacidade concreta do curso de oferecer materiais e mediações

intencionais para que compreendam determinado conteúdo ministrado pelos

professores.

Nota-se que as expressões dos estudantes revelam toda a complexidade da

educação a distância on-line no contexto social brasileiro, estando situadas em

circunstâncias histórico-culturais específicas, envolvendo a potencialidade ou

fragilidade da Instituição e dos docentes para a oferta de ensino on-line. Essa

dimensão se revela em expressões como “falta de interesse do CEFET em investir

nos cursos a distância”, “falta de organização” e “falta de Vídeo-aulas dos próprios

professores do cefet”. Também foram mencionados problemas relacionados à

conexão, ao acesso à rede e ao manuseio das ferramentas, revelando que nem todo

estudante tem uma boa conexão ou equipamentos adequados para o estudo on-line.

Alguns sujeitos relataram ter dificuldades em cumprir prazos estabelecidos para a

entrega de atividades, devido à sobrecarga de exercícios e ao fato de as dúvidas

não serem sanadas com rapidez. Observou-se, também, certa dependência da

presença física do professor, evidenciando a força do modelo de ensino presencial

em detrimento da modalidade a distância on-line. Para alguns estudantes, o que

atrapalha a aprendizagem são o fato de “não ter professor presencial para

esclarecer minhas dúvidas” e a “falta de mais explicação por parte do professor da

matéria”. Nesses casos, revela-se o estereótipo do estudante que atribui somente ao

professor o poder de explicar o conteúdo, ou a presença de um estudante passivo,

semelhante ao do modelo de educação bancária (FREIRE, 2005). Na modalidade a

distância on-line, o estudante tem à disposição diferentes recursos, como, por

exemplo, o fórum e o chat, que podem ser usados para estabelecer contato e obter

esclarecimentos de suas dúvidas com colegas e professores/tutores. Todavia, a

observação do ambiente virtual de ensino-aprendizagem revelou a falta de

Page 182: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

196

participação nos fóruns, tanto da parte dos professores/tutores quanto dos

estudantes.

Quanto às principais dificuldades que os estudantes encontram no curso de

Informática para Internet, observou-se um acento dos aspectos relacionados ao

material didático e à prática pedagógica, revelando a importância da dimensão

mediadora do curso no processo ensino-aprendizagem on-line. Notou-se, em geral,

que as dificuldades dos estudantes estão associadas não somente ao processo

pedagógico, mas a questões estruturais objetivas localizadas na categoria

coordenação/instituição, como mostram, por exemplo, expressões como “a falta de

polo”, “falta de um bom professor para tirar dúvidas nas aulas presenciais” e os

“materiais de leitura e videos não são próprios da instituição, quebra então a

confiança e credibilidade na instituição”. O material didático e a prática pedagógica

se destacam nas expressões dos estudantes sobre as dificuldades para aprender.

Foram citados, nesse sentido, a “falta de aulas práticas”, o fato de os conteúdos

avançarem sem que haja aprendizagem e mesmo a queixa de que as “aulas

presenciais não fossem só para tirar dúvidas”. Expressões como “tenho dificuldade

de organizar o conteúdo na hora de estudar e como não tem uma explicação do

professor eu fico perdido e desanimo de estudar e demora no feedback” revelam a

importância do professor no acompanhamento do estudante e de seu processo de

aprendizagem e o importante papel do tutor, que poderia orientar o estudante na

organização de um plano de gestão da sua aprendizagem.

Quanto ao material didático, a percepção dos estudantes de que “alguns

materiais não estão atualizados”, “os textos são difíceis” e “não ter lista de

exercícios” chama a atenção, revelando a importância do planejamento e da

qualidade desse material. Outras expressões assumem um tom mais severo:

Vídeo-aula ruins. Tenho que buscar aprender por conta própria procurando por outros vídeos e conteúdos em outros sites. Ter uma lista de exercícios resolvida eu até comentei com um colega que devia ter video do professor resolvendo um exercício e explicando pra gente ia ficar mais interessante e agente não ia ter de ficar morrendo de medo da prova. Os conteúdo descritos pelos manuais é de excelente qualidade, porém quando assisto o video de youtube, a gente se questiona o porque deste curso "será que é so para obter certificado" cai muito o qualidade do curso marca CEFET-MG que todo mundo conhece.

Page 183: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

197

Alguns materiais não estão atualizados. Alem de faltar conteúdo no material e os alunos ser cobrado por aquilo que não acha no material passado. Material desatualizados e com erros lógicos, materiais com pouca explanação, e incoerências entre exercícios e conteúdos.

A análise dessas expressões remete ao processo ensino-aprendizagem,

apontando para a necessidade de ações pedagógicas direcionadas ao complexo

processo formativo dos estudantes da educação a distância on-line no Brasil e ao

contexto histórico-cultural em que os estudantes e professores/tutores se inserem.

Destaca-se que as questões relacionadas ao material disponibilizado na

plataforma e à prática pedagógica adotada pelos professores, sobretudo no que se

refere à atualização dos materiais disponibilizados em vídeo, foram alvo de crítica

dos estudantes, que também consideraram a falta de práticas e a demora em

reportar esclarecimentos como fatores que dificultam a aprendizagem.

Curiosamente, os estudantes destacaram que o principal incentivo encontrado no

curso para a aprendizagem, além da possibilidade de “melhorar a área profissional e

ganhar mais”, é o material utilizado, como se percebe nas seguintes expressões: “O

material didático disponível é bem atrativo, e a tecnologia em si chama a atenção

para os estudos, despertando a vontade de aprender mais” e “os vídeos on-line e as

atividades propostas”.

Na relação incentivo-dificuldades, as respostas dos discentes revelaram que o

material didático ocupa um lugar de destacada centralidade no processo de

aprendizagem dos estudantes da educação a distância on-line e, portanto, um

importante elemento mediador do conhecimento. Vale lembrar que, para Vygotsky

(1982), a natureza humana não existe apartada do seu meio social e das tecnologias

nele inseridas; sendo assim, os artefatos construídos socioculturalmente são

tomados como mediadores que fomentam a atividade de pensamento. Nesse caso,

ao produzir o material a ser disponibilizado para os estudantes, importa considerar

experiências reais do cotidiano e que dialogam com o conhecimento científico.

Assim, os estudantes estarão estimulados à aprendizagem. Para que haja

compreensão de suas relações e domínios, Vigotski destaca a importância das

intervenções dos agentes humanos, principalmente as intencionais e

transformadoras das formas de comunicação e de superação da disjunção espaço-

tempo.

Observa-se que, no campo da educação a distância on-line que utiliza a

plataforma tecnológica virtual como sistema funcional, o material didático e a prática

Page 184: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

198

pedagógica compõem, na perspectiva dos estudantes, uma unidade de contrários,

pois ou incentivam a aprendizagem, ou a dificultam. A partir dessa compreensão,

outro desafio é conhecer as limitações e potencialidades do material didático para

instituir estratégias mediadoras, sobrepondo os aspectos incentivadores aos

dificultadores e, assim, promovendo um ambiente virtual de ensino-aprendizagem

sintonizado com as demandas de aprendizagem dos estudantes.

Ainda em se tratando de incentivos encontrados no curso de Informática para

Internet, a formação na área e a possibilidade de emprego são os aspectos que

mais se destacam. Isso pode ser percebido nas seguintes expressões: “A própria

disciplina, no geral, mas o que me encanta mesmo é aprender a programar e

desenvolver Banco de Dados” e a “possibilidade de trabalhar por contra propria”.

Também chama a atenção a quantidade de incentivos referentes à categoria

material, o que reafirma a sua importância para o processo ensino-aprendizagem,

destacando-se expressões como “são atrativos”, “com figuras” e boas “explicações”.

Entende-se que o material é importante na medida em que viabiliza o conhecimento

da área e contribui para a elaboração de novas referências que impactam a

compreensão do mundo em que os estudantes estão inseridos e de si mesmos, na

perspectiva crítica e reconstrutiva do conhecimento.

Dos trinta e um participantes da pesquisa, três mencionaram que não veem

nenhum incentivo no curso, e dois trouxeram um pouco das circunstâncias

administrativas da oferta da modalidade de educação a distância on-line na

instituição:

Posso dizer que pouco ou insuficiênte, pois até a presente data não temos o espirito de pertencimento na instituição. Fizeram a promessa que iriamos ter o mesmo peso do aluno presencial, mas ficou na promessa, não podemos, realizar emprestimo de livros na biblioteca, nem ao mesmo acesso ao refeitorio, nem a identidade estudantil foi resolvida, temos que ter uma autoajuda, para continuar com o aprendizado. Eu não encontro muito incentivo porque a gente tem mais é cobrança e aviso que tem exercicio valendo nota. Eu tenho que ficar me incentivando pensando que quando terminar o curso vou poder mudar de emprego e ganhar mais. Eu gosto das materias e queria ter mais tempo para estudar só falta motivação no curso falta interação entre nós.

Nas duas expressões dos estudantes aparecem as dificuldades que

professores, coordenadores e diretores enfrentam ao implantar cursos na

modalidade a distância on-line. Nota-se o tamanho do desafio que se apresenta à

Page 185: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

199

equipe, especialmente aos gestores, em termos de recursos materiais, humanos,

financeiros, informacionais e espaciotemporais, bem como de planejamento,

organização, direção e controle dos processos. Esses elementos afetam

sensivelmente o processo ensino-aprendizagem e impactam a gestão do curso. No

caso das instituições públicas federais que têm a responsabilidade de oferecer

cursos de acordo com os padrões de qualidade, as críticas são ainda mais

acentuadas. Além das questões políticas e burocráticas, evidenciam-se os reflexos

da concepção pedagógica adotada para a modalidade de ensino a distância on-line,

na qual entram em conflito as questões estruturais, como as mencionadas pelos

estudantes, e de formação de professores, ainda carentes de capacitação e de

entendimento sobre a educação a distância on-line.

Na educação virtual, é necessária uma adequação dos materiais para que a

plataforma acessada pelo estudante constitua um espaço comunicativo e mediador

do conhecimento e dos processos cognitivos dos estudantes. A comunicação

realizada nessa modalidade de ensino tem de ser diferenciada. É importante

disponibilizar bons textos, propor bons exercícios e realizar boas avaliações.

Também é relevante, contudo, que se compreenda que o processo ensino-

aprendizagem no ambiente virtual é mediado por ferramentas tecnológicas

contemporâneas e que elas são aliadas desse processo. Com essa compreensão, é

imprescindível que seja disponibilizado um material interativo que surpreenda os

estudantes e os estimule à aprendizagem. Nessa direção, o planejamento e a

criação de material devem ser pensados e construídos especificamente para a

modalidade virtual. Importa considerar as técnicas da comunicação visual e contar

com o apoio de uma equipe multidisciplinar de profissionais, com designer,

pedagogo e comunicadores que contribuam com o planejamento didático intencional

e com a produção de materiais que estabeleçam com os estudantes uma

comunicação do conteúdo de forma ilustrativa e questionadora, por meio de

diferentes estímulos, levando-os a uma reflexão, apropriação e construção do

conhecimento.

Essa clareza é necessária quando se trata das potencialidades do AVEA para

mediação pedagógica em EaD. Além da preocupação com a disponibilização de

conteúdos, materiais didáticos e informações, é imprescindível investigar de que

forma o AVEA garante e intensifica a dinâmica do ensino-aprendizagem, tanto de

operacionalização dos conceitos apreendidos quanto de problematização para

Page 186: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

200

próximos estudos. Avaliar se a ferramenta a ser utilizada está estruturada

adequadamente para potencializar as tarefas de administradores, professores,

tutores e estudantes, de acordo com as prioridades e singularidades formativas de

cada projeto escolar, requer seleção de critérios. Esses critérios de análise

sintonizam indicadores nas áreas da pedagogia, tecnologia, ergonomia e gestão do

conhecimento (CATAPAN; MALLMANN; ROSCARELLI, 2006, p. 7).

Uma das queixas de alguns estudantes que responderam ao questionário da

pesquisa diz respeito à oferta dos materiais no ambiente virtual de ensino-

aprendizagem, considerados desatualizados, maçantes, pouco dinâmicos ou até

difíceis de serem compreendidos. Essa condição pode levar ao desinteresse pelo

conteúdo, mas também à crença de que educação a distância on-line e educação

presencial são a mesma coisa, diferenciando-se apenas pela flexibilidade no horário

de estudo.

Outro aspecto a se mencionar relaciona-se ao preparo do material. Os

estudantes deixaram claro que preferem as videoaulas aos vídeos on-line do

YouTube:

Gostaria que as video aula fossem dadas pelos professores do curso e não de videos aleatório postado pela internet, para haver de fato um ambiente escolar e criar um vinculo com os professores e com a instituição do cefet.

Ao fazer um comentário como esse, o estudante aponta para uma carência

pedagógica que precisa ser resolvida para que, de fato, a aprendizagem seja

favorecida. Criar videoaulas é diferente de buscar vídeos na internet e disponibilizá-

los na plataforma para os estudantes. Contudo, em algumas situações, para o

preparo de videoaulas, é importante que o professor seja orientado ou auxiliado

sobre detalhes técnicos de comunicação, a fim de que sua exposição ou explicação

de conteúdo, pautada pelo uso de exemplos e ilustrações, apresente-se como

significativa e interessante, despertando a aprendizagem por meio desse material.

Os próprios professores/tutores, quando questionados sobre o que podem

fazer para melhorar a aprendizagem dos estudantes, mostram interesse por uma

prática pedagógica que efetivamente auxilie os estudantes a obter êxito na

aprendizagem, mas, provavelmente, têm pouca clareza sobre o que e como

melhorar nesse sentido, como se pode observar nos trechos a seguir:

Modificar a organização do conteúdo da disciplia. Utilizar videoaula.

Page 187: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

201

Adotar mais exercícios relacionados ao conteúdo. Atualizar permanentemente toda ou parte da bibliografia. Estimular a autonomia do estudante. Realizar atividades interdisciplinares. Preparar atividades que sejam realizadas em grupo.

Essas considerações revelam o interesse dos docentes em modificar algo,

seja no material disponibilizado, seja na interação com os estudantes. É possível

que estejam se referindo a disponibilizar um ambiente virtual de ensino-

aprendizagem mais atrativo e qualificado, com uso de ferramentas de suporte

adequadas. Todavia é necessário investimento na formação continuada que

subsidiem as práticas pedagógicas a partir das próprias condições/formações dos

professores/tutores. Vale lembrar que o processo ensino-aprendizagem na

educação a distância on-line tem suas peculiaridades e, nesse sentido, requer

procedimentos didático-pedagógicos específicos. Com os avanços tecnológicos, o

campo educativo formal, que há tempo se apresenta como conservador40 caráter

revelado na ação do docente e na passividade do estudante, hoje demanda

mudanças que estejam sintonizadas com a dinamicidade da realidade social. Na

concepção "professor ensina, aluno aprende", a reprodução/transmissão do

conhecimento é a expressão das tendências pedagógicas tradicionais, que

consideram os estudantes como espectadores que devem receber passivamente os

conteúdos "transmitidos" pelos professores.

Esse cenário, hoje em transformação – ainda que, na perspectiva da autora

deste trabalho, insuficientes –, tem forçado, de certo modo, as instituições escolares

a refletirem sobre seu papel social e sua contribuição ao desenvolvimento cognitivo

das novas gerações de estudantes. Coloca-se em evidência o processo ensino-

aprendizagem, que, desde muito tempo, tem provocado os pesquisadores a

compreendê-lo e aperfeiçoá-lo.

40 O termo conservador refere-se às abordagens conservadoras do ensino, como a tradicional e a

tecnicista, fundamentadas na reprodução do conhecimento, em oposição às abordagens consideradas inovadoras, como escolanovista, a sistêmica e a progressista que enfatizam a construção do conhecimento. (BEHRENS, 2005).

Page 188: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

202

5.3.2 As possibilidades de mediação no ambiente virtual de ensino-aprendizagem

com base na zona de desenvolvimento iminente

Para a teoria histórico-cultural da educação, a aprendizagem é social, ou seja,

aprende-se na interação com os outros, por meio de trocas significativas de ideias,

conceitos e ações. Essa premissa da teoria de Vigotski atribui aos professores um

papel importante na relação com os estudantes, pois os coloca como responsáveis

por introduzir conceitos e novos conhecimentos à experiência destes. Tal atribuição

torna a função dos docentes muito mais interativa e dialógica e confere aos

estudantes a oportunidade de desenvolver estratégias incorporando os feedbacks

recebidos. Os instrumentos e ferramentas utilizados no processo ensino-

aprendizagem também assumem importante papel segundo a referida premissa,

pois são vistos como carregados de sentido e significação.

Ao utilizar da observação do ambiente virtual de ensino-aprendizagem do

curso, foi possível identificar diferentes materiais mediadores, como textos,

apresentações, vídeos, fóruns, exercícios, notícias e a estrutura da plataforma, tal

como organizada pelos diversos professores. Essa forma de apresentação fornece

aos estudantes uma organização da sequência dos conteúdos da disciplina.

Segundo Vigotski, a atividade cognitiva se desenvolve quando a atividade se

apresenta organizada e pode ser comunicada adequadamente. Na Figura 6,

encontra-se um exemplo de estruturação de disciplina, voltada para possibilitar aos

estudantes localizarem-se em relação ao que está sendo desenvolvido, observando-

se a data de início e fim da unidade, caixas que remetem a todas a unidades de

ensino e atividades, sinalizando em amarelo a unidade em que a disciplina se

encontra, e uma imagem representando o conteúdo a ser desenvolvido.

Page 189: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

203

Figura 6 – Organização de disciplina no ambiente virtual

Fonte: AVACEFET, 2018.

O texto constante da Figura 7, na sequência da página, lembra o estudante

do que foi aprendido na unidade anterior e antecipa o que será estudado na atual.

Observa-se que, ao final do texto, o professor enfatiza a importância de estudar

determinados conteúdos, possivelmente já explorados no curso.

Figura 7 – Texto da página da disciplina disponibilizada no AVEA

Fonte: AVACEFET, 2018.

Os materiais adotados pelo docente seguem um roteiro em todas as

unidades, como exemplificado na Figura 8.

Page 190: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

204

Figura 8 – Material da unidade da disciplina

Fonte: AVACEFET, 2018.

Todos esses materiais constituem ferramentas simbólicas de rico potencial

educacional. “Como palavras”, explica Vygotsky (1978, p. 127), “ferramentas e sinais

não verbais proporcionam aos aprendizes maneiras de se tornar mais eficiente em

seus esforços adaptativos e de resolução de problemas”. Todavia, o autor afirma

que permanecem sem significado se não houver um mediador humano para facilitar

sua apropriação pelo estudante. A unidade apresentada na Figura 7, por exemplo,

possui extenso material de leitura e questionário avaliativo, mas não dispõe de

videoaula com explicação do conteúdo, e o fórum de discussão não foi explorado,

ficando subutilizado com a baixa participação. O professor poderia fazer uma

proposta que aproximasse o conteúdo das experiências dos estudantes. Na

unidade, poderia haver uma web-conferência, um chat ou, ainda, uma atividade em

que os estudantes fizessem a aplicação do conhecimento e a apresentassem em

vídeo para o professor comentar.

Vale lembrar, novamente, Vigotski, para quem o processo de aprendizagem é

individual e sociocultural, e, por isso, as dimensões sociais e culturais devem ser

consideradas em processos mediadores. Com a mediação na ZDI, as ferramentas

simbólicas alcançam outro patamar psicológico, ajudando o estudante a dominar

formas mais complexas de raciocínio e de resolução de problemas.

Outro exemplo é a proposta em que o professor abriu um fórum intitulado “Se

Apresente”. Foi interessante perceber a participação de quinze estudantes contando

Page 191: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

205

um pouco do seu lugar, preferências e expectativas com a disciplina. A proposta do

docente foi bastante criativa e permitiu que os estudantes conhecessem uns aos

outros e percebessem as possibilidades de amizade.

Sou [...]. Tenho enorme interesse pela área de informática. Quero atuar na área de Desenvolvimento de Software. Gosto de estudar junto ou trocar conhecimentos. Sinta-se à vontade para entrar em contato comigo. Olá a todos sou [...], tenho 17 anos estou terminando o 3º ano do Ensino Médio. Sou um aficionado por tecnologia, amo a área da computação. Sou formado em manutenção de computadores e faço também eletroeletrônica. Gosto bastante de ler, jogar videogame, conversar, adoro atividades ao ar livre, sou escoteiro, adoro acampar. Gosto bastante de aprender coisas novas, acredito que vida é um constante e eterno aprendizado. Espero agregar bastante conhecimento e que todos tenham um bom curso! Olá, eu sou a [...]! Tenho 50 anos, sou divorciada, mãe de 02 (dois) filhos maravilhosos! [...] Eu, pela idade, já sabem, tenho bastante experiência em várias áreas. Porém, atualmente, sou Comerciante, Teóloga, Internacionalista, Professora, dona de casa... etc. Amo: Família, Trabalho, Estudos, Portugal, Viagens e principalmente, Solidariedade. Sou muito dedicada no que faço! Estou sempre à disposição para o que puder ajudar.

Entende-se que o fórum é um recurso pedagógico importante porque nele o

estudante pode manifestar suas dúvidas, fazer perguntas e obter respostas do

professor, tutor ou colega. Mais que isso, o estudante pode voltar quantas vezes

quiser ao fórum, que as explicações estarão disponíveis para consulta, retomada de

ideias ou mesmo incentivo para novas dúvidas, dicas etc. Na perspectiva

vigotskiana, por meio da interação é possível organizar o pensamento de modo mais

elaborado, a partir da mediação de um professor/tutor ou por membros mais

experientes (VIGOTSKY, 2000).

Apesar da participação dos estudantes na proposta, em nenhuma das

apresentações houve comentário do professor, tutor ou colegas. Em cada uma das

manifestações dos discentes, o professor e o tutor da disciplina poderiam ter feito

comentários ou elogios ou lhes agradecido pela participação, na tentativa de

estabelecer um diálogo e se aproximar mais dos estudantes, promovendo

importantes e significativas mediações. As apresentações forneceram elementos

que o professor poderia usar para agir na zona de desenvolvimento iminente dos

estudantes.

Outro professor propôs um fórum de discussão para cada unidade de ensino.

Houve, porém, baixa participação dos estudantes, e, algumas vezes, a proposta não

Page 192: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

206

obteve resposta. Num desses fóruns, o professor postou um vídeo e fez uma

proposta aos estudantes:

[Proposta do Professor] Assista ao video Guerriros da Internet e poste suas impressoes: [Resposta do E1] O vídeo torna o entendimento do IP algo menos abstrato, de forma não muito detalhada. Torna-se claro que o IP é um protocolo não orientado à conexão. Fala-se do ping da morte, que é um pacote IP de tamanho maior que o autorizado na rede (65.536 bytes) e causa descontrole no processamento e transmissão de dados. Houve também uma elucidação básica sobre o firewall e portas. Verifiquei que o vídeo não fala de outras camadas de forma direta, focando somente no pacote IP. Mas no geral, o vídeo é interessante. [Resposta do Professor] A finalidade é mostrar como os pacotes trafegam pela internet, por isto é focado no IP (camada 3) e TCP (camada 4) Abs [Resposta do E2] É uma bela animação e bem instrutiva, é o basicão do que estamos estudando aqui, nem por isso menos importante. Gostei muito, de verdade. Valeu, obrigado. [Resposta do Professor] Esta é a finalidade: voce poder ter uma nocao atraves de uma animacao. Ela ajuda a entender como a internet funciona em termos de conectividade.

Nesse fórum, o professor poderia ter apresentado uma proposta com três ou

quatro perguntas em vez de pedir que os estudantes manifestassem suas

impressões. Se a proposta fosse conhecer as impressões/percepções, a cada

resposta poderia haver um intervenção, ampliando o campo de conhecimento e as

relações com outros conteúdos, por exemplo. Em outra possibilidade nesse sentido,

o professor poderia, no caso do E1, sugerir outro vídeo sobre “as outras camadas”

mencionadas pelo estudante. Dessa forma, a atividade não ficaria esvaziada de

objetivo pedagógico, mas se enriqueceria com um direcionamento do tema ou com

comentários mais carregados de significado, a partir da zona de desenvolvimento

iminente do estudante.

Em outra disciplina do curso, o professor quis avaliar se os estudantes

compreenderam um conceito, fazendo uma proposta bastante interessante:

[Proposta do Professor] Aqui é o professor [...]. Quando você inicia a leitura do primeiro capítulo encontra um conceito muito novo para muitos estudantes: o algoritmo. Apesar de ter esse nome meio estranho, nós seres humanos resolvemos e pensamos algoritmos em todos os momentos de nossa vida. Que seja o que vamos fazer de café da manhã, ou qual caminho vamos tomar para chegar mais cedo no trabalho ou na escola.

Page 193: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

207

Para verificarmos se você conseguiu entender os conceitos de algoritmos, descreva um algoritmo que você vivencia no cotidiano que tenha o mínimo de 10 passos lógicos e sequenciais. Caso o colega queira complementar ou comentar as atividades será sempre bem vindo. Mãos a massa, vamos lá?

Na proposta, o professor retoma o conteúdo, apresentando o conceito a ele

relativo e o aproxima do cotidiano social. Esse procedimento se alinha à perspectiva

de Vygotsky (1978, p. 83), para quem "O ensino direto de conceitos é impossível e

infrutífero. Um professor que tenta fazer isso geralmente não faz nada além de

verbalismo vazio, uma repetição de palavras [...]”. Nesse sentido, o professor pode

conhecer o que o estudante já aprendeu sobre o que fora ensinado e atuar em sua

zona de desenvolvimento iminente. Em resposta à atividade, um estudante

apresenta uma estrutura, seguida por uma mediação do professor:

[Resposta do E1] Algoritmo do processo de acordar 1) Despertador toca 2) Olhar a hora. 3) Definir tempo limite para sair para o trabalho 3) Enquanto "tempo limite" - hora for maior que 1 hora, tirar uma soneca de 15 min 4) Levantar! [Resposta do Professor] Entre o despertador tocar e olhar a hora não teria outra atividade? Tipo acordar? [Resposta do E1] Sim, acordar.

Ao fazer essa intervenção, o professor atuou na zona de desenvolvimento

iminente do estudante, levando-o a refletir sobre um detalhe que faltou, alçando

outro patamar de cognição, pois ao ser sinalizado pelo professor “outra atividade”, o

estudante pode perceber o que faltou e reconheceu a inclusão de mais uma

atividade. Ou seja, a colaboração, orientação e fornecimento de assistência dadas

pelo professor ao estudante mobilizou habilidades cognitivas já construídas.

Segundo Vygotsky (1987) essa mobilização cognitiva está diretamente relacionada a

como o sujeito interage em determinado contexto de solução de problema. Ao

interagir, ele transforma a ajuda que recebeu, podendo usá-la, eventualmente, como

guia para a solução subsequentes de outros problemas em outras situações.

Em outro fórum, o mesmo professor propõe:

[Proposta do Professor] Olá pessoal, tudo bem com vocês?

Page 194: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

208

O professor que vos fala está com um problema e precisa da ajuda de vocês. Preciso aprender a fazer um bolo para minha família que vai vir me visitar. Preciso que vocês descrevam o algoritmo para eu fazer esse bolo, onde cada aluno pode escolher uma forma e um sabor diferente para me ensinar. Lembre-se que quando você passa o algoritmo para um computador, ele o executa da forma com que ele recebeu as instruções, portanto eu farei o papel do computador, pois preciso dos passos e da sequência exata para construir o meu bolo. Se o meu bolo sair perfeito, todos ganharemos. Vamos lá, preciso da ajuda de vocês, boa sorte. [Resposta do E1]

1. Numa vasilha coloque a massa pronta (pode ser Vilma: sabor CHOCOLATE).

2. Coloque 3/4 de xícara (chá) de leite (150 ml) na vasilha. 3. Quebre 2 ovos e os coloque na mistura. 4. Experimente se tem pouca açúcar, senão pode colocar mais. 5. Ligue o forno e o pré-aqueça numa temperatura média 180o C (10

minutos). 6. Misture a massa até ficar boa ou use a batedeira. 7. Unte a forma ou tabuleiro. 8. Coloque a massa na forma ou tabuleiro. 9. Leve ao forno durante 40 minutos. 10. Coma o bolo.

Observou-se que, na intervenção, com a intenção de corrigir o erro do

estudante, o professor não responde diretamente sem antes sinalizar uma situação

inadequada. No exemplo a seguir, o docente atua na zona de desenvolvimento

iminente do estudante conectando duas áreas, duas realidades: o que ele já sabe –

comer o bolo dentro do forno pode causar prejuízos – e o que ele não sabe, mas

pode fazer – acrescentar uma etapa ao algoritmo para evitar tais prejuízos. Primeiro,

o professor enuncia uma situação que o estudante consegue imaginar e, depois,

pede que ele inclua mais uma etapa ao processo descrito.

[Resposta do Professor] Olá [..] tudo bem? O seu algoritmo apresenta alguns passos lógicos, porém alguns podem prejudicar a sua vida. Veja. Depois de levar ao forno por 40 minutos, você pede para eu comer o bolo, porém ele ainda estará dentro do forno. Imagina o tanto que a pessoa vai se queimar. O ideal é colocar mais uma etapa para retirar o forno do bolo outra para esperar esquentar, outra para cortar o bolo para depois comer. Grande abraço e obrigado pela contribuição

Em seguida, o estudante faz a relação do exercício, que faz parte da sua

realidade, com o conteúdo em um nível mais elaborado, que faz parte do

conhecimento científico:

Page 195: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

209

[Resposta do E1] Ok, realmente, obrigado pelo toque. Acho que só mais um passo seria adequado mesmo, porque penso também na Otimização, quanto menos linha de código para uma solução algorítmica/programa, melhor não?

Com base na teoria de Vigotski, é possível explicar que o estudante só

conseguiu perceber o erro e resolver o problema, com a solução de “só mais um

passo”, porque o professor atuou em sua zona de desenvolvimento iminente. Se,

com a ajuda do professor, ele não tivesse resolvido o problema, a tarefa estaria fora

da ZDI e, sem o desenvolvimento cognitivo, não haveria efeito em sua resposta. Na

melhor das hipóteses, só seria possível "puxar" o desempenho do estudantes com

tarefas ou ações semelhantes, mas com um nível de dificuldade menor. Daí a

importância de o professor conhecer os estudantes e preparar tarefas adequadas à

sua aprendizagem. A zona de desenvolvimento iminente refere-se ao que ainda está

oculto à observação externa, mas, conhecendo a zona de desenvolvimento real, isto

é, aquilo que o estudante já sabe fazer sem ajuda, é possível promover mediações

que o levem ao desenvolvimento de novos processos mentais. Nota-se que a

interação do professor com o estudante foi propícia nesse sentido.

Após a nova compreensão do estudante, o professor faz mais uma

intervenção, concordando, por um lado, com o aluno, mas, por outro, dizendo-lhe

que não se deve excluir qualquer informação importante.

[Resposta do Professor] Sim.. Menos linhas, melhor otimização, porém esse número menor de linhas não devem excluir instruções fundamentais. Toda função que tem que ser obrigatória para os passos corretos deve estar descrito.

Vigotski (2010) afirma que a zona de desenvolvimento iminente difere de

pessoa para pessoa, devendo, portanto, ser determinada especificamente. Isso

complica as atividades dos professores que trabalham com propostas e programas

pedagógicos padronizados, porque, por mais inovadores que sejam, sempre

focalizam uma “zona comum” do desenvolvimento iminente. Mas nem todos os

estudantes se conformam a esse padrão: alguns ainda não estão prontos para

alcançá-lo, enquanto outros já o ultrapassaram e se sentirão desanimados e

entediados, porque se sentem pouco desafiados e não há nada de novo a fazer. A

escolha por tal proposta pedagógica leva os professores a não perceber, e até a

suprimir, o potencial cognitivo dos estudantes.

Page 196: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

210

No caso da educação a distância on-line, constata-se que é possível

promover diferentes possibilidades de mediações na zona de desenvolvimento

iminente dos estudantes.

Ao analisar os dados coletados na observação do ambiente virtual de ensino-

aprendizagem do curso Informática para Internet, percebeu-se que a interação entre

professores/tutores e estudantes e entre eles e seus colegas, no geral, quase não foi

explorada, à exceção de um professor tomado para exemplificar as possibilidades

de mediação na zona de desenvolvimento iminente.

Ao observar o fórum com a atividade proposta, notou-se uma intensa

participação dos estudantes e mediações promovidas pelo professor em todas

participações. Isso foi favorecido também em função de uma escolha tecnológica

para a configuração do fórum que permitiu conexões encadeadas permitindo que

uma resposta seja anexada ao comentário específico que gerou a resposta, em vez

de apenas ser exibida em ordem cronológica. Essa estratégia foi acertada porque

permitiu que subtópicos dinâmicos fossem desenvolvidos, com a possibilidade de

muitas respostas em um único segmento de discussão. Assim, os participantes

seguiram por vários tópicos de discussão durante um período de tempo.

Observou-se que além do conhecimento do conteúdo ministrado, o professor

demonstrou domínio pedagógico da proposta apresentada e tecnológico da

plataforma que permitiu uma configuração da atividade de maneira assertiva.

Page 197: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

211

6 CONCLUSÃO

[...] ao ler e reler os trabalhos de Lev Semionovich Vigotski, tenho a sensação de que algo não compreendi neles até o fim.

Daniil Borissovitch

O excerto que serve de epígrafe a este capítulo foi citado por Prestes (2010)

ao final da sua pesquisa, e é exatamente com a mesma sensação que me encontro

ao final deste trabalho. Ao ler, reler e reler de novo os textos de Vigotski, fui

descobrindo novos conceitos e categorias que, aos poucos, foram fazendo sentido e

despertando em mim a necessidade de conhecer ainda mais sobre o cientista e sua

teoria. Confirmei o que muitos já sabem: ler Vigotski é descobrir nele infinitas

possibilidades de leitura. Fico com a impressão de que preciso de mais. Sua história

e obra são tão ricas, interessantes e contemporâneas, que mesmo anos de estudo e

dedicação às leituras parecem ter sido pouco. Mais instigante ainda é constatar que

Vigotski viveu em uma época em que não existia o computador tampouco o

smartphone, contudo, sua teoria tem sido incorporada nos processos ensino-

aprendizagem inclusive para subsidiar o mediação pedagógica com o uso das

tecnologias digitais na escolarização formal. Dessa forma, dialogar com a teoria

vigotskiana e desenvolver inferências em torno de abordagens pedagógicas com

uso de tecnologias digitais na educação a distância on-line, proporcionou uma

reinterpretação do próprio conceito de mediação.

A conclusão desta investigação traz em destaque a importância dos

processos mediadores humanos na zona de desenvolvimento iminente dos

estudantes em ambientes virtuais de ensino-aprendizagem da educação a distância

on-line.

6.1 A zona de desenvolvimento iminente no ambiente virtual de ensino-

aprendizagem

Percorrido o caminho da investigação, buscou-se traduzir as percepções dos

sujeitos, em especial dos professores/tutores, no que diz respeito às concepções

pedagógicas que fundamentam suas práticas no ambiente virtual de ensino e

aprendizagem. Considerou-se que as percepções dos sujeitos trazem suas

Page 198: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

212

singularidades formativas e enunciam a concepção de ensino que adotam em suas

práticas. Das expressões dos professores/tutores, emergiram um pensamento

pedagógico semelhante ao que é praticado no processo de ensino presencial,

baseado em estímulo-resposta, e um posicionamento da prática pedagógica

semelhante à tradicional.

As análises revelaram basicamente a mesma tendências pedagógicas entre

os professores/tutores, sugerindo a predominância da concepção tradicional,

segundo a qual ensinar é transmitir conhecimento, e do pensamento de que os

estudantes não têm compromisso com os estudos. Nessa concepção, compreende-

se que tudo o que é ensinado pelo professor deve ser entendido pelo aluno. No

entanto, já foi demonstrado que ensinar apenas por meio de exposição do

conhecimento não é o bastante para garantir a aprendizagem (VYGOTSKY, 2010) e

que um dos principais fatores de impacto na transformação dos sistemas de ensino

contemporâneos é o conceito de conhecimento. Antes visto em valores absolutos,

hoje é compreendido como “conhecimento compreensível e íntimo, [...] que nos une

pessoalmente ao que estudamos” (SANTOS, 1988, p. 68). Assim, além da

exposição dos conteúdos na plataforma virtual é preciso criar laços de aproximações

entre os estudantes e o conhecimento, ampliando significativamente as

possibilidades de interações e mediações.

Na observação do material pedagógico disponibilizado pelos

professores/tutores no ambiente virtual do curso de Informática para Internet, foram

encontrados conteúdos em apostila, exercícios de reforço, lista de exercícios, vídeos

de domínio público, também mencionados nas expressões dos profissionais,

demonstrando a adoção de uma concepção pedagógica focada no ensino. Mesmo

se valendo de um posicionamento pedagógico semelhante ao do ensino tradicional

presencial, os docentes se esforçaram em realizar um trabalho que favorecesse a

aprendizagem dos estudantes. Contudo, observou-se uma inadequação dos

processos na educação a distância, uma vez que manter a concepção do ensino

tradicional presencial não contribui para boas práticas pedagógicas nos ambientes

on-line. Portanto, a primeira hipótese-guia se confirmou: o processo ensino-

aprendizagem no AVEA on-line é permeado por concepções trazidas do ambiente

escolar tradicional presencial que precisam ser modificadas. Percebeu se,

claramente, uma responsabilização maior dos estudantes pelo resultado do

Page 199: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

213

processo de aprendizagem, sem se considerar o contexto histórico-cultural em que

estão inseridos.

As expressões dos estudantes revelaram que o ensino a distância on-line é

uma boa alternativa devido à flexibilidade. Por outro lado, as questões referentes às

condições das estruturas pessoais e às físicas e psicológicas impõem limites à

aprendizagem. Essas condições, de dimensão histórica, na maioria das vezes, são

desconsideradas pelos professores ao preparar o material de estudo.

Foi interessante observar que os materiais didáticos foram reconhecidos

pelos estudantes como os recursos que mais ajudavam na aprendizagem, ao

mesmo tempo em que também foram considerados como aqueles que dificultavam,

tendo em vista, principalmente, a quantidade de leituras, a qualidade dos vídeos, a

desatualização do conteúdo, a falta de feedback, a organização do curso, enfim, a

eterna dicotomia entre o sujeito e objeto da aprendizagem. Todavia, reflexo do

processo tradicional de ensino. Vale mencionar que não foi encontrada na

plataforma a orientação de estudos, material que pode ser composto de texto

descritivo, sinóptico ou fluxograma que organiza o conteúdo e tem caráter

pedagógico básico por fornecer auxílio no planejamento, organização e gestão da

aprendizagem, ajudando os estudantes a seguir uma rotina de leituras e execução

de atividades. Não se trata de uma exigência ao cumprimento das atividades e

tarefas, mas de uma possibilidade de auxílio para aqueles estudantes que ainda não

desenvolveram uma gestão própria de aprendizagem e que precisam de auxílio até

adquirir condições de fazê-la sozinhos.

As principais motivações que os estudantes informaram encontrar no curso

foram, nesta ordem, os materiais pedagógicos, especialmente os vídeos, e a

possibilidade de emprego com a formação profissional e técnica. Tais incentivos

também foram destacados pelos professores/tutores, embora estes tenham

privilegiado a possibilidade de emprego, em detrimento dos materiais pedagógicos.

A partir dos muitos estudos mencionados ao longo desta tese, sabe-se que o

ambiente virtual de ensino-aprendizagem se apresenta como um espaço simulado

rico de possibilidades mediadoras e conta com diferentes ferramentas para viabilizá-

las. No ambiente virtual estudado, foram identificadas quase todas as ferramentas

disponibilizadas pela plataforma Moodle, principalmente, as que propiciam a

interação e a mediação de professores, tutores com os estudantes e dos estudantes

com seus pares. As diferentes ferramentas podem ser usadas de forma síncrona e

Page 200: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

214

assíncrona, com participação em tempo real ou não. Todavia, no AVEA estudado na

pesquisa, foram encontradas apenas atividades assíncronas. Houve uma carência

de uso de ferramentas como fórum, chat e webconferência e de propostas que

atraíssem os estudantes para interações dessa natureza. No caso do fórum,

observou-se o baixo envolvimento dos estudantes nas atividades propostas nesse

formato. Porém, foi possível encontrar um professor que utilizou a ferramenta com

propriedade interativa, atuando com sucesso na zona de desenvolvimento iminente

dos estudantes e evidenciando a potencialidade da ferramenta para mediação do

conhecimento. Portanto, a segunda hipótese-guia, conforme a qual os pressupostos

da concepção de zona de desenvolvimento iminente fornecem elementos para

subsidiar propostas pedagógicas para o processo ensino-aprendizagem no ambiente

virtual, também se confirmou.

Ao estudar profundamente sobre as questões da tese referentes ao ambiente

virtual de ensino-aprendizagem e às concepções de mediação de Vigotski, foi

possível se apropriar desses conhecimentos e com toda segurança, afirmar que no

AVEA é plenamente possível trabalhar com mediação na zona de desenvolvimento

iminente. Mas existem condições, pois mais importante que disponibilizar um bom

material de estudo é necessário compreender o significado da mediação de

professores/tutores em relação à aprendizagem; mais importante é, reconhecer a

função da mediação na ZDI para ajudar o estudante a realizar tarefas cada vez mais

elaboradas. Por esse caminho, interessa compreender as ligações reais entre os

estímulos externos e as respostas internas que são a base das formas superiores de

comportamento, denominada por Vigotski de internalização – resultado da junção

dos processos entre os sujeitos, isto é, daqueles que ocorrem no nível

interpsicológico, e dos sujeitos consigo mesmo, intrapsicológico, configurando a

aprendizagem que ocorre por meio da construção interna de uma operação externa

– seguramente um processo fundamental ao desenvolvimento de funções

psicológicas superiores. E, nessa perspectiva, professores/tutores precisariam ter

formação consistente com a teoria de Vigotski para planejar a sua ação pedagógica

e as escolhas dos recursos adequados à mediação.

Na mediação proposta por Vigotski é necessário se aproximar do contexto do

aprendiz para se explorar a zona de desenvolvimento iminente. É necessário

conhecer o que o aprendiz sabe para poder mediar. No contexto investigado, em

alguns momentos foi possível perceber que isso aconteceu, mas em muitos outros

Page 201: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

215

os professores/tutores perderam a oportunidade de estabelecer diálogo com os

estudantes em relação aos conhecimentos abordados ou de construir com eles

abordagens contextualizadas em relação aos conteúdos ministrados. Isso

aconteceu principalmente nos fóruns quando eles requisitavam a mediação do

conhecimento e professores/tutores não a fizeram, com exceção daquele professor,

já mencionado, que realizou mediações contextualizadas, propondo atividades

bastante próximas do nível de compreensão dos estudantes, porém buscando

aproximações da ZDI. E, à medida em que as interações ocorreram, claramente

proporcionou aos estudantes, um processo de conhecimento dentro dos princípios

preconizados na teoria vigotiskiana.

Ao considerar cada estudante na sua singularidade, ele foi capaz de criar

situações para atuar nas zonas de desenvolvimento iminente e atuar a partir delas,

auxiliando-os na internalização do conhecimento. Constata-se, portanto, ser

plenamente possível trabalhar no ambiente virtual de ensino e aprendizagem com

mediação na zona de desenvolvimento iminente, desde que o professor/tutor tenha

formação e conhecimentos para se apropriar pedagogicamente da tecnologia,

realizar planejamentos, fazer escolhas e estabelecer ações coerentes com

concepções adequadas do processo ensino-aprendizagem. Ao conhecer a

tecnologia (conhecimento instrumentalizado) e ter conhecimento pedagógico do seu

uso, ele pode enriquecer seu processo didático, promovendo aprendizagens

significativas para os estudantes.

Sob a perspectiva da mediação na zona de desenvolvimento iminente, é

necessário contar com professores/tutores com conhecimentos tecnológicos da

plataforma e de suas perspectivas/possibilidades pedagógicas para fazer escolhas

de atividades que favoreçam a aprendizagem dos conteúdos. A expectativa do

aprendiz é encontrar ambientes de aprendizagem, on-line ou não, que favoreçam a

aquisição de conhecimentos, colocando-o, estudante/aprendiz, no centro do

processo ensino-aprendizagem. Vale destacar ainda, o papel fundamental da gestão

do curso para a boa condução do processo ensino-aprendizagem. É pela gestão do

curso que se enxergam as demandas/necessidades dos professores/tutores. No

contexto do curso estudado, Informática para Internet, os professores das disciplinas

se relacionam com diferentes atores – os tutores presencial e a distância e os

professores mediadores – e, nesse caso, é necessário que o grupo de profissionais

estejam alinhados em relação aos processos pedagógicos. Uma boa gestão

Page 202: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

216

pedagógica poderia, por exemplo, orientar e auxiliar os professores na preparação

de uma logística de reuniões com os tutores e mediadores da disciplina, a fim de

juntos planejarem as ações pedagógicas e trabalharem intensamente na produção

de uma ficha de acompanhamento e (re)avaliação dos processos pedagógicos. Ou

seja, há a necessidade de professores, tutores e mediadores (re)avaliarem

permanentemente os processos pedagógicos praticados nos diferentes momentos

para que possam atuar conjuntamente e de forma mediadora. Considerando-se que

o professor/tutor é um agente fundamental na relação ensino-aprendizagem, cabe-

lhe o papel essencial de organizador do AVEA, a fim de proporcionar situações de

aprendizagem a partir do que os estudantes já sabem. E à gestão cabe o papel de

conduzir os professores/tutores a uma prática de reflexão e (re)avaliação de suas

ações pedagógicas.

De fato, argumentar sobre o uso do ambiente virtual de ensino e aprendizagem como um espaço de interação e aprendizagem colaborativa para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes lança um desafio às concepções mais tradicionais de ensino e pressupõe entrar em contato com um espaço ecossocioemocionalcognitivo41 em que aspectos humanos complexos são acionados conjuntamente por meio da mediação. (COSTA; ORTEGA, 2018, p. 123).

Assim, chama-se a atenção para os aspectos emocional, afetivo e cognitivo

implicados no processo ensino-aprendizagem que devem ser observados na

interação entre o professor/tutores e seus alunos. É necessário capturar a atenção

dos estudantes e favorecer o despertar do seu interesse pelos conteúdos das

disciplinas. Esse pressuposto tem de estar claro para os professores/tutores.

Uma das disposições mais importantes implícitas à organização do processo

de aprendizagem é o princípio da clareza, que Vygotsky (1995, p. 11) chamou de

“regra de ouro” da didática e segundo a qual todos os sentidos humanos devem ser

usados no processo ensino-aprendizagem. Desse modo, como mediadores e

organizadores do conhecimento, professores e tutores precisam ser capacitados

técnica e didaticamente para alimentar um AVEA em condições de criar situações de

aprendizagem que permitam a socialização do saber e a construção do

conhecimento, valendo-se da zona de desenvolvimento iminente os estudantes.

41 Palavra cunhada por Costa e Ortega (2018) devido à ausência de um vocábulo dicionarizado

relativo à ideia pretendida. Significa “ambiente ecológico em que aspectos humanos são acionados conjuntamente por meio da mediação virtual”.

Page 203: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

217

Importa, ainda, que sejam sensíveis o suficiente para conhecer as individualidades

dos discentes, inerentes ao seu contexto sociocultural, e perceber suas demandas.

Observou-se que, com estratégias mediadoras, conhecimento tecnológico-

pedagógico e do conteúdo que ministra, o professor pode delinear as etapas da

implementação das tarefas de aprendizagem e ajudar o estudante a se tornar

consciente do seu progresso de aprendizagem e dos resultados alcançados. Esse

princípio, postulado por Vigotski, pressupõe auxiliar os estudantes e seus desejos de

superar as dificuldades e experimentar o sucesso da realização da tarefa. Isso os

ajudam a diminuir a ansiedade e a incerteza do sucesso na solução de problemas.

No caso da educação a distância on-line, o fórum é uma das ferramentas com

potencial para o exercício cognitivo e deve ser mais utilizado pelos

professores/tutores, servindo não apenas para tirar dúvidas dos estudantes ou

cumprimento de tarefas, mas como instrumento necessário e intencional para o

exercício mental destes.

Outro aspecto observado nas participações dos estudantes sujeitos da

pesquisa no fórum foi a ideia de comunidade on-line, que propicia uma experiência

de aprendizagem colaborativa significativa, superando a noção de espaço para tirar

dúvidas, obter esclarecimentos, conversar com o professor ou apresentar um ponto

de vista. Assim, a participação mediadora do professor/tutor permite conhecer

melhor o que os estudantes aprenderam sobre determinado conteúdo e colocar em

movimento as funções mentais necessárias para novas aprendizagens.

Vygotsky (1995) provou que um dos fatores centrais do desenvolvimento

mental dos estudantes é a atuação de alguém mais experiente em sua zona de

desenvolvimento iminente. Na escola, esse alguém é o professor – embora possa

ser, também, os colegas de classe do estudante –, e sua comunicação com os

discentes é condição para o desenvolvimento mental destes. É o docente quem tem

condições de dizer sobre o nível de desenvolvimento real do estudante em relação

ao conteúdo escolar e de preparar tarefas com desafios adequados, caso o discente

ainda não domine o conteúdo ensinado. Vigotski entendia que o homem domina os

conhecimentos culturalmente construídos na relação com o outro, com a cooperação

de alguém experiente. Para ele, a mediação interativa entre sujeitos e objetos

privilegia a representação social, revelando toda a complexidade que o conceito de

mediação na perspectiva da dialética apresenta. Em outros termos, é na interação

que o conhecimento pode ser apreendido e adquirir significado.

Page 204: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

218

A propósito, Vigotski também chamou a atenção para a importância do mundo

cultural nos processos de aprendizagem do homem. Nesta pesquisa,

especificamente, observou-se que as condições objetivas e estruturais têm impacto

direto na aprendizagem dos estudantes, como evidenciado nas possibilidades reais

de rejeição à sobrecarga intelectual e emocional, influenciada pelas condições

materiais e culturais. Com base na teoria de Vigotski, pode-se supor, no que diz

respeito aos professores/tutores, que os aspectos social e cultural, refletidos na falta

de tempo para frequentar ambientes culturais e cultivar relações sociais, também

impactam a aprendizagem dos discentes.

Destaca-se que Vigotski critica o investimento unilateral na capacidade

intelectual, atribuindo grande importância ao desenvolvimento emocional. O

pesquisador afirma que esta dimensão não é menos importante do que aquela, mas,

constitui o sujeito, porque as emoções são agentes fundamentais para “um trabalho

mais exitoso do pensamento”:

As reações emocionais exercem influência essencial e absoluta em todas as formas de nossa conduta e em todos os momentos do processo educativo. Se quisermos obter uma recordação melhor por parte dos estudantes ou um trabalho mais exitoso do pensamento, devemos nos ocupar que tal ou qual atividade sejam estimuladas emocionalmente (VIGOTSKI, 2001, p. 254).42

Vigotski (2001) enfatizou que as emoções têm o efeito significativo sobre

todas as formas de comportamento e ensinamento e permeiam todos os aspectos

do processo educacional. Embora a dimensão emocional deva ser considerada no

processo ensino-aprendizagem da educação a distância on-line, ela não foi

abordada nesta investigação, apresentando-se como temática de pesquisa futura.

Ao desenvolver o estudo aqui apresentado, foi realizado um esforço no

sentido de compreender de que forma os pressupostos da concepção de zona de

desenvolvimento iminente podem fornecer subsídios para o processo ensino-

aprendizagem no ambiente virtual que resultou em importante contribuição à ciência.

As expressões/percepções dos sujeitos trouxeram os elementos necessários

à compreensão de como a mediação na ZDI pode enriquecer o processo ensino-

aprendizagem virtual e a hermenêutica de profundidade possibilitou a organização

42 No original: “Las reacciones emocionales ejercen una influencia esencial y absoluta en todas las formas de nuestra conducta y en todos los momentos del processo educativo. Si queremos obtener una mejor recordación por parte de los alumnos o un trabajo más exitoso del pensamiento, debemos preocuparnos de que tal o cual actividad se vean emocionalmente estimuladas”.

Page 205: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

219

dos construtos situados social e historicamente e análise das condições das formas

simbólicas e suas inter-relações, em virtude das quais os contextos são

diferenciados e socialmente estruturados.

Coloca-se em evidência o recurso fórum como potencial meio de

ação/mediação na ZDI. Ressalta-se que os fóruns de discussão não são um

acréscimo ou complemento aos principais materiais de ensino, como livros, textos ou

vídeos, mas são o componente central do processo ensino-aprendizagem virtual. O

uso desses materiais é indispensável e, por isso, devem ser escolhidos para apoiar

a discussão no fórum. Esse é um princípio-chave e explica por que, frequentemente,

os professores/tutores se queixam, em cursos on-line mais "tradicionais", que os

discentes não participam das discussões. É possível que isso aconteça em função

das discussões não serem deliberadamente planejadas e gerenciadas para levar à

processos interativos e construção do conhecimento.

Finalmente, identifica-se ser possível criar situações nas zonas de

desenvolvimento iminente dos estudantes no espaço virtual e promover

aprendizagens a partir da mediação intencional, planejada, do trabalho coletivo e

compartilhado, de interconexão, de inter-relacionamento, de reaproximação das

partes ao todo. E ainda, da exigência de diálogo, da atitude crítica, criativa e

transformadora.

Considera-se importante esclarecer que esta pesquisa foi realizada em um

espaço temporal do curso Informática para Internet que reflete um momento inicial

do curso e, não necessariamente diz de toda a gestão do curso. Contudo, as

informações obtidas proporcionaram reflexões profundas sobre a aprendizagem on-

line a distância.

Mais do que provocar reflexões sobre a educação a distância on-line, esta

pesquisa também revelou um grande desafio para a formação de professores que

pretendem atuar nessa modalidade de ensino, não somente em relação ao que se

refere à prática pedagógica, mas também à formação tecnológica e ao uso

pedagógico da tecnologia implicada no processo ensino-aprendizagem. Trata-se de

um passo ousado e da certeza de conflitos com os ambientes virtuais de ensino-

aprendizagem “tradicionais”, porém que precisam ser enfrentados para se romper

com crença e preconceitos em relação à educação a distância on-line,

compreendendo-a como um espaço virtual interativo, onde os participantes se

Page 206: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

220

relacionam, se conectam, compartilham ideias e informações, conversam uns com

os outros e estabelecem um sentimento de comunidade.

E, sob essa perspectiva, é necessário lembrar a importância da educação a

distância on-line ser oferecida, respeitando o direito fundamental dos estudantes à

educação de qualidade. Como mencionado na introdução deste trabalho, é

importante considerar que o conhecimento e a educação são os caminhos a serem

percorridos pelas crianças e jovens para que alcancem o pleno desenvolvimento

humano, social e cultural. Assim, considerando-se a educação como instrumento de

transformação da sociedade, ela precisa alcançar outro patamar de qualidade,

promovido pelo desenvolvimento do trabalho docente virtual eficiente, organizado e

valendo-se de recursos pedagógicos e tecnológicos capazes de efetivamente educar

e formar cidadãos com competências para enfrentar os desafios da sociedade atual.

Para tanto, importa oferecer aos professores e estudantes condições objetivas e

estruturais para que possam alcançar o êxito escolar.

Tendo em vista os fins sociais da educação, importa que ela seja concebida

como expressão de direito público, a fim de diminuir as desigualdades, e seja

oferecida com qualidade para, efetivamente, desenvolver as competências e

potencialidades dos estudantes. Essas são característica singulares que imprime ao

sujeito as condições de emancipação para pensar e agir solidariamente.

Page 207: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

221

REFERÊNCIAS

ALCÂNTARA, A. Brincar de internet: vivência lúdica infantil em ambiente virtual. Joinville: Clube de Autores Publicações S/A, 2018. ALVES, Lucineia. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. RBAAD. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. v. 10, p. 83-92, 2011. ALMEIDA, Maria Elizabeth B. Inclusão digital do professor: formação e prática pedagógica. São Paulo: Editora Articulação, 2004. ALMEIDA, M. E. B. de. Educação e tecnologias no Brasil e em Portugal em três momentos de sua história. Educação, formação & tecnologias, v. 1, n. 1, p. 23-36, maio 2008. Disponível em: <http://www.pucrs.br/ciencias/viali/tic_literatura/artigos/historia/11.pdf> Acesso em: 26 out. 2018. BAQUERO, R. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. BARBERÁ, E.; MAURÍ, T.; ONRUBIA, J. Cómo valorar la calidad de la enseñanza basada en las TIC: pautas e instrumentos de análisis. Barcelona: Editorial Graó, 2008. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2008. BEHRENS, Marilda Aparecida; MORAN, José Manoel; MASETTO, Marcos Tarcísio. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000. BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1973. BESSA, V. da H. Teorias da aprendizagem. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009.

CLARK, J. Second chances: Depictions of the natural world in Second Life. In: A. Enslinn and E. Muse (editors). Creating second lives: Community, identity and spatiality as constructions of the virtual. New York: Routledge, pp. 145–168, 2011. BOHN, Carla Silvanira. A Mediação dos jogos eletrônicos como estímulo do processo de ensino-aprendizagem. Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. 2011.

Page 208: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

222

BOURAS, Christos; TSIATSOS, Thrasyvoulos. Educational Virtual Environments: Design Rationale and Architecture. International Journal of Multimedia Tools and Applications (MTAP), 2006. BOURAS, Christos; A. PANAGOPOULOS, N. Theoharis, TSIATSOS, Thrasyvoulos. EVE - II: An Integrated Platform for Networked Virtual Environments. The Tenth International Conference on Distributed Multimedia Systems (DMS'2004), San Francisco, USA, September 8 - 10, 2004, pp. 81 - 85. BOURAS, Christos; E. GIANNAKA, TSIATSOS, Thrasyvoulos. Designing Virtual Spaces to Support Learning Communities and e Collaboration. 5th IEEE International Conference on Advanced Learning Technologies, Koahsiung, Taiwan, July 5 - 8 2005. BRASIL. Manual de gestão da Rede e-Tec Brasil e do Profuncionário. Versão Preliminar 1.2 de Abril de 2016. Brasília, DF, 2016. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Universidade Aberta do Brasil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/uab> Acesso em 29 set 2017a. BRASIL. Decreto 5.154. 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5154.htm> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto n. 6301, de 12 de dezembro de 2007. Institui o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil e-Tec Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6301impressao.htm> Acesso em: 17 mar 2018. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Atualizada legislação que regulamenta Educação a Distância no país. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/busca-geral/212-noticias/educacao-superior-1690610854/49321-mec-atualiza-legislacao-que-regulamenta-educacao-a-distancia-no-pais> Acesso em 29 set 2017b. BRASIL. Decreto n. 9.057 de 25 de maio de 2017. Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2017/decreto/D9057.htm> Acesso em 29 set 2017c. BRASIL. PARECER n. 16 de 5 de outubro de 1999, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico. Brasília: CNE/CEB, 1999. Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/Downloads/ccs/Parecer_CNE-CEB_no16_e_resolucao_CNE-CEB_no4_de_1999.pdf> Acesso em 17 fev. 2016. BRASIL. Decreto n. 7566, de 1909. Créa nas capitaes dos Estados da Escolas de Aprendizes Artífices, para o ensino profissional primario e gratuito. Disponível em:

Page 209: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

223

<http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/decreto_7566_1909.pdf> Acesso em 16 jan 2016. BRASIL. Decreto n. 63.914, de 26 de Dezembro de 1968. Provê sobre o Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio (PREMEM) e dá outras providências. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-63914-26-dezembro-1968-405261-publicacaooriginal-1-pe.html> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. Lei n. 6.545 de 30 de junho de 1978. Dispõe sobre a transformação das Escolas Técnicas Federais de Minas Gerais, do Paraná e Celso Suckow da Fonseca em Centros Federais de Educação Tecnológica e dá outras providências. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-6545-30-junho-1978-366492-norma-pl.html> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. Lei Federal n. 5.692 de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L5692.htm> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. Decreto n. 87.310, de 21 de junho de 1982. Regulamenta a Lei nº 6.545, de 30 de junho de 1978, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D87310.htm> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. Lei 8.948, de 8 de dezembro de 1994. Dispõe sobre a instituição do Sistema Nacional de Educação Tecnológica e dá outras providências. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1994/lei-8948-8-dezembro-1994-349799-publicacaooriginal-1-pl.html> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio. Brasília: Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, Ministério da Educação, 2007a. BRASIL. Documento Base Educação Profissional Técnica de nível médio integrada ao ensino médio. Brasília: MEC/SEPT. 2007b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/documento_base.pdf> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. Edital de Seleção n. 1 de 27 de abril de 2007. SEED/SETEC/MEC. Seleção de projetos de cursos de educação profissional técnica de nível médio, na modalidade de educação a distância. Brasília: DOU Diário Oficial da União. Publicado em 27 de abril de 2007c, p. 60-63. BRASIL. Edital n. 1 de 29 de fevereiro de 2008. Secretaria da Educação a Distância. Resultado da avaliação preliminar dos projetos inscritos no Edital de Seleção do Programa Escola Técnica Aberta do Brasil - e-Tec Brasil (Edital de Seleção nº 01/2007/SEED/SETEC/MEC), publicado no Diário Oficial da União de 27 de abril de 2007, Seção 3, páginas 60 a 63, de acordo com os pareceres emitidos pela Comissão de Seleção, instituída por meio da Portaria/MEC n. 231, de

Page 210: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

224

1 de outubro de 2007d. Brasília: DOU Diário Oficial da União. Publicado em 29 de fevereiro de 2008, p. 33. BRASIL. Lei Federal n. 11.741 de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11741.htm> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. Decreto n. 7.589, de 26 de outubro de 2011. Institui a Rede e-Tec Brasil. Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2011/decreto-7589-26-outubro-2011-611701-publicacaooriginal-134063-pe.html> Acesso em: 17 jan 2015. BRASIL. Resolução n. 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=11663-rceb006-12-pdf&category_slug=setembro-2012-pdf&Itemid=30192> Acesso em: 17 jan 2015. BRASIL. Lei n. 13.005 de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2014/lei-13005-25-junho-2014-778970-publicacaooriginal-144468-pl.html> Acesso em: 8 jan 2014. BRASIL. Resolução n. 2 de 1º de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=17719-res-cne-cp-002-03072015&category_slug=julho-2015-pdf&Itemid=30192> Acesso em 18 dez 2015. BRASIL. Documento de Referência Médio-Tec. Anexo III – Documento de referência de execução para todas as redes ofertantes. MEC, 2017. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=64881-documento-de-referencia-mediotec-pdf&category_slug=maio-2017-pdf&Itemid=30192> Acesso em 8 jan 2017. BRINDLEY, Jane E; WALTI, Christine; ZAWACKI-Richter, Olaf. Learner Support in Open, Distance and Online Learning Environments. Oldenburg: BIS-Verlag der, 2004. BROWN, J. S.; DUIGUID, P. The social life of information. Cambridge: Harvard University Press, 2000. BROCKINGTON, G; MOREIRA, A. P. Quando a neurociência encontra Vigotski. Neuroeducação, ed. 245, 2017. Disponível em:

Page 211: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

225

<http://www.revistaeducacao.com.br/neurociencia-encontra-vigotski/>. Acesso em: 18 dez. 2018. CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da informação. São Paulo: Paz e Terra, 1999. CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar Editor Ltda, 2003. CASTELLS, M. A sociedade em rede: do conhecimento à política. In: CASTELLS, M.; CARDOSO, G (Org.). A sociedade em rede: do conhecimento à acção política. Lisboa: Casa da Moeda, p. 17-30, 2005. CATAPAN, A. H.. Tertium: o novo modo do ser, do saber e do apreender – construindo uma taxionomia para mediação pedagógica em tecnologia de comunicação digital. (Tese de Doutoramento). Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2001. CATAPAN, A. H. Mediação pedagógica diferenciada. In: ALONSO, K. M.; RODRIGUES, R. S.; BARBOSA, J. G. (Org.). Educação a distância: práticas, reflexões e cenários plurais. Cuiabá: EdUFMT, 2009. p. 71-79. CATAPAN, A. H. O processo de trabalho escolar: determinações e contradições. Perspectiva, Florianópolis, ano 14, n. 26, p. 93-104, jul./dez. 1996. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS. CEFET-MG. Projeto de implantação de Curso de Educação Profissional de nível Técnico no âmbito do Programa Escola Técnica Aberta do Brasil – E-Tec Brasil. Belo Horizonte: Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais/Coordenação de Informática, 2015. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS. CEFET-MG. Instituição: história. Disponível em: < http://www.cefetmg.br/textoGeral/historia.html >. Acesso em: 26 jan. 2016. CHAIKLIN, S. The theory and practice of cultural-historical psychology. Aarhus: Aarhus University Press, 2001. CHAIKLIN, S. The zone of proximal development in Vygotsky’s analysis of learning and instruction. In: KOZULIN, A. et al. (Org.). Vygotsky’s educational theory in cultural context. Cambridge University Press, 2003. CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, Minho, v. 16, n. 2, p. 221-236, 2006. COLE, M.; GAJDAMASCHKO, N. Vygotsky and culture. In: DANIELS, H.; COLE, M.; WERTSCH, J. V (Ed.). The Cambridge Companion to Vygotsky. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.

Page 212: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

226

CONCINI, W.; FIGUEIREDO, L. C. de. A produção de ciência e tecnologia nos Institutos Federais, 100 anos de aprendizagem. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, v. 2, n. 2, nov. 2009. Brasília: MEC, SETEC, 2009. CORREIA, M. F. B; LIMA, A. P. B.; ARAÚJO, C. R. de. As contribuições da psicologia cognitiva e a atuação do psicólogo no contexto escolar. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 14, n. 3, p. 553-561, 2001. COSTA, J. W.; OLIVEIRA, M. A. M. (Org.). Novas linguagens e novas tecnologias: educação e sociabilidade. Petrópolis: Vozes, 2004. COSTA, José Wilson da. MATTOS, Maria José V. (Org.) . Ciência e tecnologia: a prática do conhecimento. Belo Horizonte: Fumarc, 2010. COSTA José Wilson da; ORTEGA, Lenise Maria Ribeiro. Reflexões sobre possíveis aproximações entre ambiente virtual de ensino e aprendizagem e a zona de desenvolvimento proximal. In: GROSSI, Márcia Gorett Ribeiro. (Org.). Tecnologias Digitais : Desafios, possibilidades e relatos de experiências. Brasília: Ibict, 2018, p. 109-124. COSTA José Wilson da; ORTEGA, Lenise Maria Ribeiro. Delineamento das pesquisas sobre práticas pedagógicas que adotam como princípio a zona de desenvolvimento proximal. Trabalho & Educação. v.28, n.1, p.239-250, jan-abr, 2019. COUTINHO, L. Aprendizagem on-line por meio de estrutura de cursos. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. A educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009. CURY, C. R. J. A educação básica como direito. Cadernos de Pesquisa, Fundação Carlos Chagas, São Paulo, v. 38, n. 134, p. 293-303, 2008. DAVIDOV, V. Análisis de los principios didácticos de la escuela tradicional e posibles principios de enseñanza en el futuro próximo. In: DAVIDOV, V.; SHUARE, M., orgs. La psicologia evolutiva y pedagógica en la URSS (Antología). Moscou, Progresso, 1987. p.143-54. DANIELS, H. (Org.). Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Loyola, 2007. DEL RÍO, P.; ÁLVAREZ, A. The zone of proximal development: inside and outside. In: DANIELS, H.; COLE, M.; WERTSCH, J. V. (Ed.). The Cambridge Companion to Vygotsky. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. p. 276-303. DÍAZ, Félix. O processo de aprendizagem e seus transtornos. Salvador: EDUFBA, 2011. DUARTE, N. Vigotski e o "aprender a aprender": crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana. 2. ed. rev. e ampl. Campinas: Autores Associados, 2001.

Page 213: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

227

DUARTE, N. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vygotsky. São Paulo: Autores Associados, 1999. FAZENDA, I. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 1991. FEUERSTEIN, R.; KLEIN, P. S.; TANNENBAUM, A. J. (Ed.). Mediated learning experience (MLE): theoretical, psychosocial and learning implications. London: Freund, 1994. FRANCISCO FILHO, G. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas: Alínea, 2001. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. FREITAS, Maria Raquel de; ORTEGA, Lenise Maria Ribeiro. (Coord.) O processo ensino-aprendizagem no curso de Serviço Social: considerações à luz das expressões de alunos e professores. Belo Horizonte: PUC Minas, 2015. FRIGOTTO, G. A produtividade da escola improdutiva: um (re)exame das relações entre educação e estrutura econômica social e capitalista. São Paulo: Cortez, 1989. FRIGOTTO, G. Tecnologia. Dicionário da Educação Profissional em Saúde. 2009. Disponível em: <http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/tec.html#topo>. Acesso: 26 out 2018. FURTADO, A. T.; CARVALHO, R. de Q. Padrões de intensidade tecnológica da indústria brasileira: um estudo comparativo com os países centrais. Perspectiva, São Paulo. v. 19, n. 1, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010288392005000100006&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 8 jan. 2018. GAMA, R. A tecnologia e o trabalho na história. São Paulo: Nobel/EDUSP, 1986. GARCÍA ARETIO, L. Educación a distancia hoy. Madrid: UNED, 1995. (Colección Educación Permanente). GARCÍA ARETIO, L. A. Formación a distancia para el nuevo milenio: ¿cambios radicales o de procedimiento? Virtual Educa, 27-29 jun., 2001. Disponível em: <http://www.virtual-educa.net/html/princip6.htm>. Acesso em: 17 out 2014. GARBADO, P.; QUEVEDO, S.; ULBRICHT, V. R. Estudo comparativo das plataformas de ensino-aprendizagem. Congresso Abed, Florianópolis, 2010. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2010/cd/252010140854.pdf>. Acesso em: 26 out. 2018. GUIZZO, É. Internet: o que é, o que oferece, como conectar-se. São Paulo: Editora Ática, 1999.

Page 214: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

228

GHIRALDELLI JR., P. O ensino na internet dentro de uma filosofia da educação de esquerda. 11p. Disponível em:<http://www2.unifap.br/borges/files/2011/02/O-Ensino-na-Internet-dentro-de-uma-Filosofia-da-Educa%C3%A7%C3%A3o-de-Esquerda.pdf>. Acesso em: 17 de março de 2017. GÓES, M. C. A natureza social do desenvolvimento psicológico. Cadernos Cedes, Campinas, n. 24, p. 17-24, 1991. GÓES, M. C. A construção de conhecimentos e o conceito de zona de desenvolvimento proximal. In: MORTIMER, E. F.; SMOLKA, A. L. B. (Org.). Linguagem, cultura e cognição: reflexões para o ensino e a sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. p. 77-88. GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001. GOMES, L. F. Ensino a distância e presencial: igualdade no desempenho dos estudantes. Instituto Brasileiro de Ensino. Disponível em <http://www.institutoibe.com.br/nt/ensino-a-distancia-e-presencial--igualdade-no-desempenho-dos-estudantes->. Acesso em: 7 out 2014. GUATTARI, Félix. As três ecologias. Tradução de Maria Cristina F. Bittencourt. Campinas: Papirus, 1990. HARASIM, L. On-line education: a new domain. [on-line]. Canadá, 1999. Disponível em: <http://www-icdl.open.ac.uk/mindweave/chop4.htm1> Acesso em 25 jan 2018. HARASIM, L. Learning Theory and Online Technologies. Routledge, New York, 2011. HARASIM, L.; HILTZ, S.R., TELES, L.;TUROFF, M. Redes de aprendizagem: Um guia para ensino e aprendizagem on-line. Portuguese. Editora Senac: São Paulo, Brazil, 2005. HARASIM, L.Teoria de Aprendizagem e Tecnologias Online New York, London: Routledge, 2012. HARASIM, L. What makes online learning communities successful? The role of collaborative learning in social and intellectual develop ment. In Distance Education and Distributed Learning. Ebook: Information Age Publishing. pp. 181-200, 2002. HEDEGAARD, M. A zona de desenvolvimento proximal como base para o ensino. In: DANIELS, H. (Org). Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Loyola, 2002. p. 199-227. HERMIDA, J. F.; BONFIM, C. R. de S. A educação à distância: história, concepções e perspectivas. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. especial, p. 166–181,

Page 215: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

229

ago. 2006. Disponível em: <https://www.fe.unicamp.br/pf-fe/publicacao/4919/art11_22e.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2017. HEINLEIN, R. A. In time enough for love. New York: Ace Book, 1998. HIRST, P. H. What is teaching?. Journal of Curriculum Studies, v. 3. p. 5-18, 9 jul. 2006. IASI, M. Aula de voo e outros poemas. São Paulo: CPV, 2000. ILLERA, J. L. R. El aprendizaje virtual: enseñar y aprender en la era digital. Rosário: Homo Sapiens, 2004. IMBERNON, F. et al., Análisis y propuestas de competencias docentes universitarias para el desarrollo del aprendizaje significativo del alumnado a través del e-learning y el b-learning. 2008. Disponível em: <http://tecnologiaedu.us.es/nweb/htm/pdf/EA20070049_Dr_Francisco_Imbernon.pdf>. Acesso em 17 out 2016. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2016. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Anual/Acesso_Internet_Televisao_e_Posse_Telefone_Movel_2016/Analise_dos_Resultados.pdf> Acesso em 17 jul 2018. KEARSLEY, G. Social development theory. Retrieved September 19, 2001 from, The Theory Into Practice (TIP). Disponível em: <http://tip.psychology.org/vygotsky.html.> Acesso em 8 set 2014. KLINGE, G. D. Tecnologia, utopia e cultura. Lima, 1997. 13 p. Disponível em: <http://www.clerus.org/clerus/dati/2004-06/16-15/cs81997>. Acesso em: 8 de jun. de 2016. KROEBER, A. L.; KLUCKHOHN, C. Culture: a critical review of concepts and definitions. Harvard University Peabody Museum of American: Archeology and Ethnology: Papers 47, 1952. KUBO, O. M.; BOTOMÉ, S. P. Ensino-aprendizagem: uma interação entre dois processos comportamentais. Interação, Curitiba, v. 5, p. 133-171, 2001. LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. 19. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. LATOUR, B. A ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: UNESP, 2000.

Page 216: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

230

LEDESMA, Marco Antonio. Análisis de la teoría de vygotsky para la reconstrucción de la Inteligencia social. Cuenca, Equador: Editorial Universitaria Catolica (EDÚNICA), 2014. LEMOS, André; LÈVY, Pierre. O futuro da internet: em direção a uma ciberdemocracia. São Paulo: Paulus, 2010. LEMOS, André. Cibercultura. Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002. LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Centauro, 2004. LÉVY, Pierre. Cibercultura. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 1999. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. LÉVY, P. O que é virtual?. São Paulo: Editora 34, 1996. LÉVY, P. O inexistente impacto da tecnologia: uso intensivo da técnica é característica fundamental da humanidade. Tradução de José Marcos Macedo. Folha Uol. São Paulo. 17 de agosto de 1997. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs170803.htm> Acesso em: 8 de jul de 2017. LIMA, Larissa Sato Dias. Proposta de um framework de apoio ao desenvolvimento de cursos a distância baseados na abordadgem sócio-histórica de Vigotski. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação. 2002. LIMA, Thaís Oliveira de. Eu sei o que vocês fizeram no verão passado: a atuação docente a distância em sites de redes sociais na perspectiva da colaboração em rede. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco. Mestrado Educação Matemática e Tecnológica, 2014. LIRA, A. T. do N. Reflexões sobre a legislação de educação durante a ditadura militar (1964-1985). Histórica: Revista Eletrônica do Arquivo Público do Estado de São Paulo, n. 36, 2009. Disponível em: <http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao36/materia01/texto01.pdf> Acesso em: 16 fev. 2016. LITTO, F. M.; FORMIGA, M. A educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009. LURIA, A. R. Curso de psicologia geral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979. v. 1.

Page 217: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

231

MAIA, C.; MATTAR NETO, J. A. ABC da EaD: a educação a distância hoje. São Paulo: Pearson. 2007. MAIER, P.; WARREN, A. Integr@ting technology in learning and teaching: a practical guide for educators. London: Kogan Page, 2000. MALANGE, Fernando Cezar Vieira. Uma proposta de aprendizado da lógica utilizando um ambiente virtual de aprendizagem colaborativa. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação. 2005. MARCONCIN, M. A. Desenvolvimento histórico da educação a distância no Brasil. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/viiifelin/19.htm>. Acesso em: 10 maio 2018. MARTINS, L. M.; RABATINI, V. G. A concepção de cultura em Vigotski: contribuições para a educação escolar. Psicologia Política, v. 11, n. 22, p. 345-358, jul./dez. 2011. MARTINS da Silva, Wilson. Análise da prática de tutores em cursos de educação a distância para adultos: Identificando requisitos para ambientes virtuais de ensino. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal de Pernanbuco. Mestrado em Ciências da Computação. 2009. MEKLE E. R.; RICHARDSON, R. A. Digital dating and virtual relating: conceptualizing computer mediated romantic relationships. Family Relations, 49, p. 187-192. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1741-3729.2000.00187.x> Acesso em: 26 out. 2018. MELO, J. M. de; TOSTA, S. P. Mídia e educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008. (Coleção Temas & Educação). MELO, Maria Cecília Mendonça. O uso da informação para solução de casos clínicos: investigando uma rede de diálogos presenciais e virtuais. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco. Mestrado Educação Matemática e Tecnológica, 2012. MELLO, S. A. Contribuições da teoria histórico-cultural para a educação da pequena infância. Revista Cadernos de Educação, n. 50, 2015. Disponível em: <https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/download/5825/4249+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 25 jul. 2018. MICHAELIS. Dicionário de Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2015. MILL, D.; FIDALGO, F. Sobre tutoria virtual na educação a distância: caracterizando o teletrabalho docente. 2007.

Page 218: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

232

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo-Rio de Janeiro, HUCITEC-ABRASCO, 1992. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo-Rio de Janeiro, HUCITEC-ABRASCO, 2010. MINICK, N. O desenvolvimento do pensamento de Vygotsky: uma introdução a “Thinking and speech”. In: DANIELS, H. (Org.) Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Edições Loyola, 2013. MOLON, Susana Inês. Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2007. MORAN, J. M. Desafios da educação a distância no Brasil. In: ARANTES, V. A. (Org.). Educação a distância: pontos e contrapontos. São Paulo: 9 Summus, 2011. MOORE, Michael G. (1993). Theory of transactional distance. In D. Keegan (Ed.), Theoretical principles of distance education. London: Routledge. p. 22-38, 1993. MOORE, Michael. G. Learner Autonomy: the second dimension of independent learning. Convergence, v. 2, p. 76-88, 1972. MOORE, M. G. Distance education theory. The American Journal of Distance Education, v. 5, n. 3, p. 1-6, 1991. MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2010. MOORE, M. G.; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada – Edição especial ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância). São Paulo: Thomson Learning, 2010. MOTA, R. A Universidade Aberta do Brasil. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. A educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009. NEGROPONTE, N. A vida digital. Tradução de Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. NEVES, Y. P. C.S. Percurso de uma formadora no Programa Um Computador por Aluno - UCA. Revista Edapeci. Ano III. vol.8, nº8. Agosto 2011. p.48-61 NUNES, I. B. Noções de educação a distância. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EAD/NOCOESEAD.PDF>. Acesso em: 8 mar. 2017. OLIVEIRA, C. C.; COSTA, J. W.; MOREIRA, M. Ambientes informatizados de aprendizagem. Campinas: Papirus, 2001.

Page 219: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

233

OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione,1993. ONU. The sustainable development goals report. New York: United Nations, 2016. ORTEGA, L. M. R. Modificabilidade cognitiva de crianças com privação cultural: originalidade e significado da teoria de Reuven Feuerstein. 1998. 88f. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas-SP, 1998. ORTEGA, L. M. R.; TOREZANI, W. Política de inclusão para 'especiais': entre o real e o ideal. Revista Iniciação Científica da Newton Paiva, v. 7, p. 191-198, 2009. ORTEGA, L. M. R.; PAPA FILHO, S.; ALVIM, L. M. H. Fatores relevantes para a escolha de uma universidade na grande BH: a visão dos estudantes. Revista Iniciação Científica da Newton Paiva, v. 11, p. 220-228, 2011. PAIS, L. C. Educação escolar e as tecnologias da informática. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. PALFREYMAN, D. The oxford tutorial: sacred cow or pedagogical gem? In: PALFREYMAN, D. (Ed.) The Oxford tutorial. Oxford: Oxford Centre for Higher Education Policy Studies, 2002. PETERS, O. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: Unisinos, 2001. PETERS, O. A educação a distância em transição: tendências e desafios. São Leopoldo: Unisinos, 2004. PINO, A. O conceito de mediação em Vygotsky e seu papel na explicação do psiquismo humano. Cadernos CEDES, n. 24, p. 32-50, 2000. PINO, A. O social e o cultural na obra de Vigotski. Educação e Sociedade, Campinas, n. 71, p. 45-78, 2000. PINO, A. Semiótica e cognição na perspectiva histórico-cultural. Temas em Psicologia, n. 2, p. 31-40, 1995. PINO, A. A mediação semiótica em Vygotsky e seu papel na explicação do psiquismo humano. Cadernos Cedes, Papirus & Cedes, São Paulo, 1991, n. 24, pp. 32-43. PRESTES, Z. R. Quando não é quase a mesma coisa: análise de traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil – repercussões no campo educacional. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade de Brasília, Brasília: FaE/UNB, 2010.

Page 220: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

234

PRETI, O. Educação à Distância: uma prática educativa mediadora e mediatizada. In: PRETTY, O. Educação à Distância: inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: NEAD/IE - UFMT, 1996. p.15-56. RAAD, I. L. F. As ideias de Vigotski e o contexto escolar. Revista Psicopedagógica, v.33, n. 100, p. 98-102, 2016. REIS, A. S. dos. Educação a distância no Brasil no contexto da Lei 9394/96: uma leitura sob o prisma da razão jurídica (Tese Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte: UFMG, 2002. REPOSITÓRIO INSTITUCIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2016. Decreto-Lei n. 10 de 10 de abril de 1835. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/99970> Acesso 4 jan. 2016. RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte (MG): Letramento, 112 páginas, 2017. (Coleção: Feminismos Plurais) ROCHA, M. I. A. Representações sociais de professores sobre os estudantes no contexto da luta pela terra. (Tese doutorado). Belo Horizonte: UFMG / FaE, 2004. SACCOL, A. M-learning e u-learning: novas perspectivas das aprendizagens móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. SABBATINI, F.H. Desenvolvimento de métodos, processos e sistemas construtivos: formulação e aplicação de uma metodologia. (Tese Doutorado) São Paulo: Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 1989. SABBATINI, M. O potencial da Educação a Distância (EaD) para a transformação social: análise do debate a partir do campo teórico. Razón Y Palabra, v. 20, n. 4_95. p. 223-247, oct./dic., 2016. Disponível em: <http://revistarazonypalabra.org/index.php/ryp/article/download/818/827>. Acesso em: 8 de mar. 2018. SAMPAIO, M. N.; LEITE, L. S. Alfabetização tecnológica do professor. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. SANTIAGO, M. S. Unidades fraseológicas especializadas em tutoriais de ambientes virtuais de aprendizagem: proposta de um sistema classificatório com base na valência verbal. (Tese de Doutorado). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013. SANTOS, Adriana Alves Moreira dos. Um retorno ao presencial? O estágio supervisionado nos cursos de pedagogia na modalidade de educação a distância (EAD). (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco. Mestrado Educação Matemática e Tecnológica. 2014.

Page 221: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

235

SANTOS, Fladimir Fernandes dos. Modelo de gestão para promover a criação e o compartilhamento de conhecimento em comunidade virtual de prática. (Tese de Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Florianópolis, 2010. SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pós-moderna. Estud. av., São Paulo , v. 2, n. 2, p. 46-71, Ago. 1988 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141988000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 11 Jul 2019. SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 7. ed. Campinas: Autores Associados, 2003. SCHNITMAN, I. M. A mediação pedagógica e o sucesso de uma experiência educacional on-line. Educação Tecnologia Digital, Campinas, v. 12, n. esp., mar. 2011. SCHLÜNZEN JUNIOR, K. Educação a distância no Brasil: caminhos, políticas e perspectivas. ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v. 10, n. 2, p. 287-314, jun. 2009. SCRIBNER, S.; COLE, M. The psychology of literacy. Cambridge: Harvard University Press, 1981. SCRIBNER, S.; COLE, M. Literacy without schooling: testing for intellectual effects. Harvard Educacional Review, v. 48, n. 4, 1978. SERRES, Michel. O terceiro Instruído. Lisboa: Instituto Piaget, 2012. SERRES, Michel. A polegarzinha: uma nova forma de viver em harmonia e pensar as instituições, de ser e de saber. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015. SILVA, Juarez Bento da. A utilização da experimentação remota como suporte para ambientes colaborativos de aprendizagem. (Tese de Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. 2006. SILVA, D.G. Trajetórias de formação em ambientes virtuais: entendimentos e percepções da mediação, interação e interatividade. (Tese Doutorado) Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2015. SIRGADO, A. P. O social e o cultural na obra de Vigotski. Educação & Sociedade, v. 21, n. 71, p. 45-78, 2000. SIRGADO, A. P. O conceito de mediação semiótica em Vygotsky e seu papel na constituição do psiquismo humano. Caderno CEDES, Campinas, 24, p. 32-43, mar. 1991. SPINK, M. J. Desvendando as teorias implícitas: uma metodologia de análise das representações sociais. In: JOVCHELOVITCH, S.; GUARESCHI, P. (Org.). Textos em representações sociais. Petropólis: Vozes, 1994.

Page 222: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

236

TEIXEIRA, S. R. S. A construção de significados nas brincadeiras de faz-de-conta por crianças de uma turma de educação infantil ribeirinha da Amazônia. 150f. 2009. (Tese de Doutorado) Universidade Federal do Pará, Belém, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, 2009. THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. TULVISTE, P. The cultural-historical development of verbal thinking. New York: New Science, 1991. VALENTE, J. A.; ALMEIDA, F. J. A visão analítica da informática na Educação do Brasil: a questão da formação docente. Revista Brasileira de Informática na Educação, n. 1, 1997. Disponível em: <http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/rbie/1/1/004.pdf>. Acesso em: 26 out. 2018. VASCONCELOS, S. P. G. de. Educação a distância: histórico e perspectivas. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/viiifelin/19.htm>. Acesso em: 08 jan. 2018. VEER, R. Van der. Vygotsky in context: 1900-1935. In DANIELS, H.; COLE, M.;

WERTSCH, J. (Eds.).The Cambridge Companion to Vygotsky Cambridge:

Cambridge University Press. p. 21-49, 2007.

WERTSCH, J. V. The Cambridge Companion to Vygotsky. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. VARELA, Francisco J.; THOMPSON, Evan; ROSCH, Eleonor. A mente incorporada: ciências cognitivas e experiências humanas. Porto Alegre: Artmed, 2003. VERGEL CAUSADO, R. El signo en Vygotski y su vínculo con el desarrollo de los procesos psicológicos superiores. Folios, Bogotá, n. 39, p. 65-76, jan. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S012348702014000100005> Acesso em: 17 set. 2016. VIDAL, E. M; MAIA, J. E. B. Introdução à educação a distância. Fortaleza: RDS Editora, 2010. Disponível em: <http://www.uece.br/cev/index.php/arquivos/doc_download/68-texto3>. Acesso em: 8 mar. 2018. VIEIRA-PINTO, A. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. 2v. VIGOTSKI, L. S. O manuscrito de 1929: temas para a constituição cultural do homem. Educação e Sociedade, n. 71, 2000.

Page 223: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

237

VIGOTSKII, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Tradução de Maria da Pena Villalobos. 11. ed. São Paulo: Ícone/Edusp, 2010. VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Tradução de Maria da Pena Villalobos, 11. ed. São Paulo: Ícone/Edusp, 2010. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. VYGOTSKY, L. S. Pensamiento y lenguaje: teoría del desarrollo cultural de las funciones psíquicas. Tradução de María Margarita Rotger. Buenos Aires: Ediciones Fausto, 1995. VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas III. Tradução de L. Kuper. Madrid: Visor Distribuiciones. 1931a. VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas IV. Tradução de L. Kuper. Madrid: Visor Distribuiciones. 1931b. VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas III: problemas del desarrollo de la psique. Madrid: Visor Distribuiciones/Centro de Publicaciones del M.E.C., 1995. p. 11-340. VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas II. Madrid: Visor Distribuiciones/Centro de Publicaciones del M.E.C., 1993. p. 11-348. VYGOTSKY, L. S. Mind in society. Cambridge, MA and London: Harvard University Press, 1978. VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas: problemas de psicologia geral. Fuenlabrada: Gráficas Rogar, 1982. VYGOTSKY, L. S. A transformação socialista do homem. Tradução de Nilson Dória. Disponível em <https://www.marxists.org/portugues/vygotsky/1930/mes/transformacao.htm>. Acesso em: 18 ago. 2014. VIGOTSKI, L. S. Psicología pedagógica: un breve estudo. 10. ed. Caba: Editora Aique, 2001. VOGES, Magnun Souza. Ambientes virtuais para o ensino-aprendizagem em geografia. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-graduação em Geografia. 2009.

Page 224: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

238

XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Mobile learning: explorando potencialidades com o uso do celular no ensino - aprendizagem de língua inglesa como língua estrangeira com alunos da escola. (Tese de Doutorado) Universidade Federal de Pernambuco. Programa de Pós-Graduação em Letras. 2013. ZANOTTI, L. J. Etapas históricas de la política educativa. Buenos Aires: Editorial Eudeba, 1984. (Serie 192, Biblioteca Cultural Cuadernos). WERTSCH, J. V. Vygotsky e la formación social de la mente. Barcelona: Ediciones Paidós, 1995. WERTSCH, J. V.; TULVISTE, P. L. S. Vygotsky e a psicologia evolutiva contemporânea. In: DANIELS, H. (Org.). Uma introdução a Vygotsky. Tradução de Marcos Bagno. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2013. WILSON, M. Six views of embodied cognition. Psychonomic Bulletin and Review, 9, p. 625-636, 2002.

Page 225: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

239

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PROFESSORES Prezado(a) Professor(a)/Tutor(a) Convido você para participar como colaborador dessa pesquisa, respondendo ao questionário sobre a educação a distância on-line. A pesquisa é realizada pelo grupo ETCS coordenado pelo Professor Dr. José Wilson da Costa, o qual integra o Diretório de Pesquisa do CNPq. O objetivo do questionário é levantar, tanto quanto possível, as percepções dos Professores/tutores do curso de Informática para Internet – CEFET-MG – fazem sobre as condições da Educação a Distância on-line. Para tanto, apresento uma série de questões sobre o ambiente virtual de ensino-aprendizagem (AVA). Identificamos que a pesquisa poderá auxiliar as comunidades acadêmicas, professores, coordenadores e instituições de ensino do governo brasileiro que vem utilizando a educação on-line como modalidade de formação inicial e continuada, nas diferentes áreas do conhecimento. Sua participação é essencial para o sucesso dessa pesquisa. Informo que o questionário é anônimo e garantimos o sigilo das informações individuais Conto com sua participação e desde já agradecemos.

1) Sexo: (conforme padrão do IBGE) * Homem Mulher 2) Cor: (conforme padrão do IBGE) * Branca Preta Amarela Parda 3) Qual é sua idade? * 20 a 25 anos 26 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos 41 a 45 anos 46 a 50 anos 51 anos ou mais 4) Qual seu maior nível de formação escolar? * Graduação Especialização Mestrado Doutorado Pós-doutorado 5) Há quanto tempo você concluiu sua última formação acadêmica? * Entre 1 e 3 anos Entre 4 e 6 anos Entre 7 e 10 anos Entre 11 e 15 anos

Entre 16 e 20 anos Mais de 21 anos 6) Qual é seu estado civil? Casado(a) Solteiro(a) Viúvo(a) Separado(a) Divorciado(a) 7) Você tem filhos? * Não. Tenho um. Tenho dois. Tenho três ou mais. 8) Você exerce atividade de trabalho remunerada diferente da docência? * Sim Não 9) Em qual faixa salarial sua renda mensal se encaixa? * de 1 a 3 salários mínimos mais de 3 e até 5 salários mínimos mais de 5 e até 7 salários mínimos mais de 7 e até 10 salários mínimos mais que 10 e até 15 salários mínimos mais que 15 salários mínimos 10) Quantas horas você trabalha por semana? * de 0 a 10 horas entre 11 e 20 horas

Page 226: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

240

entre 21 e 30 horas entre 31 e 40 horas entre 41 e 44 horas acima de 44 horas Normalmente, quanto tempo você gasta no deslocamento da sua residência para o local de trabalho? até 15 minutos de 15 a 30 minutos de 30 minutos a 1 hora de 1 hora a 1hora e meia de 1 hora e meia a 2 horas mais de 2 horas 12) Quais aparelhos você usa com mais frequência para comunicar com seus alunos da Educação a Distância? * Computador de mesa Computador portátil (notebook) Celular Tablet Outro. 12.1) Se você marcou "Outro" na questão anterior, por favor, escreva qual. 13) Em qual local você mais utiliza a internet? * Em casa No trabalho/Escola Em outro lugar. 13.1) Se você marcou "Em outro lugar" na questão anterior, por favor, escreva qual. 14) Normalmente, o que você costuma fazer durante o tempo em que não está trabalhando? (Marques quantas opções quiser) * Assisto filme. pratico esporte frequento Igreja frequento Shopping Center fico no computador pesquisando. faço compras em supermercados ou feiras fico em casa descansando e/ou cuidando de afazeres domésticos promovo e/ou frequento ambiente de convivência com pessoas da família promovo e/ou frequento ambiente de convivência com amigas(os) frequento praças públicas ou ambiente de convivência com vizinhos Outro. 14.1) Se você marcou "Outro" na questão anterior, por favor, escreva qual. 15) Marque sua frequência nos ambientes elencados a seguir: *

1 ou mais de 1 vez por mês

1 ou mais de 1 vez por semestre 1 ou mais de 1 vez por ano

1 ou mais de uma vez a cada 2 anos 1 ou mais de 1 vez a cada 5 anos

Nunca frequentei Cinema Teatro Museu Galeria de arte Show artístico Cinema Teatro Museu Galeria de arte Show artístico 16) Você estuda ou tem domínio de alguma língua estrangeira? * Sim. Não. 17) Marque os recursos abaixo que você tem domínio. * Word Excell NMap Internet OneNote Cisco-torch Power Point 18) Por que você escolheu exercer a docência em curso na modalidade a distância? * Porque prefiro o trabalho on-line. Porque o valor da hora-aula é bom. Porque acredito que a EaD é o futuro da docência. Porque é uma oportunidade de trabalhar numa modalidade diferente da presencial. Por outro motivo. 18.1) Se você marcou "Por outro motivo" na questão anterior, por favor, escreva qual. 19) A docência em curso na EaD exige muito de você? * Sim, pois tem muitos estudantes matriculados. Sim, pois tem de planejar tudo com muita antecedência. Sim, pois tem muitas atividades/tarefas a serem corrigidas. Sim, pois não consigo ficar on-line muito tempo. Não, pois tenho ajuda do Tutor e isso facilita. Não, pois já tenho prática com a EaD. Não, pois considero a exigência igual a da docência presencial.

Page 227: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

241

20) Em média, quanto tempo você se dedica à preparação das atividades para a disciplina no curso em EaD? * até 2 horas semanais. de 2 a 5 horas semanais. de 5 a 10 horas semanais. de 10 a 20 horas semanais. mais de 20 horas semanais. 21) Em média, quanto tempo você fica no AVA da plataforma, corrigindo trabalhos dos estudantes? * até 2 horas semanais. de 2 a 5 horas semanais. de 5 a 10 horas semanais. de 10 a 20 horas semanais. mais de 20 horas semanais. Não corrijo trabalho, pois é o Tutor quem corrige. 22) Você considera o conteúdo da sua disciplina interessante para a formação profissional dos seus alunos? * Sim Não 23) Qual opção abaixo você considera que é o "principal motivo" para os estudantes escolherem o curso de Informática para Internet? 24) Na sua opinião, qual a "principal contribuição" do curso Informática para Internet para a formação do estudante? * 25) Na sua percepção, quais os principais fatores que dificultam o processo de aprendizagem dos estudantes? 26) Considerando sua vivência como Professor(a) da EaD, o que o estudante pode fazer para "melhorar sua aprendizagem"? 27) Por qual meio você mais se comunica com seu aluno? * Por email. Por chats. Por telefone. Por web conferência. Pelo fórum de discussão. Outro. 27.1) Se você marcou "Outro" na pergunta anterior, por favor, escreva qual. 28) Na sua opinião, o que o(a) Professor(a) pode fazer no AVA para contribuir com a melhoria do processo de aprendizagem dos estudantes? *

29) No Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) qual estratégia pedagógica você utiliza que "mais ajuda" os estudantes a terem sucesso na aprendizagem? * 30) Você considera fácil utilizar o ambiente virtual de aprendizagem da plataforma Moodle? * Sim, é muito fácil. Sim, é fácil. Não é difícil. Não, é muito difícil. 31) Você recebeu formação e/ou orientação sobre o funcionamento da plataforma ou de como organizar a disciplina no Moodle? * Sim e foram suficientes. Sim, mas não foram suficientes. Não, mas eu já sabia. Não, mas aprendi na prática. 32) O suporte técnico do curso atende você quando precisa de ajuda? * Atende plenamente. Atende razoavelmente. Atende precariamente. Não atende. 33) O ambiente virtual de aprendizagem (AVA) do Curso favorece trabalhos colaborativos? * Sim, com bom aproveitamento do conteúdo. Sim, com razoável aproveitamento do conteúdo. Sim, mas sem aproveitamento do conteúdo. Não favorece. 34) Marque os recursos que você usa para o processo de ensino no (AVA) do Curso Informática para Internet. * Blog Fóruns Games Podcast Wikipedia Videoaula Prova on-line Notas de aula Vídeos on-line Textos de leitura Web-conferência Exercícios objetivos Imagens/fotografias Apresentações (Power Point) Outro. 34.1) Se você marcou "Outro" na questão anterior, por favor, escreva qual. 35) Qual a frequência que você utiliza para: *

todo dia uma vez na semana

Page 228: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

242

duas vezes na semana

de três a cinco vezes na semana quinzenalmente mensalmente não se aplica

responder email. corrigir as atividades. incentivar os estudantes. propor trabalho em grupo. ler as mensagens dos estudantes no fórum. ajudar os alunos com dificuldades na aprendizagem. lançar desafios sobre o conteúdo da disciplina aos alunos. monitorar a execução das atividades propostas. comunicar com os outros Professores do Curso. responder email. corrigir as atividades. incentivar os estudantes. propor trabalho em grupo. ler as mensagens dos estudantes no fórum. ajudar os alunos com dificuldades na aprendizagem. lançar desafios sobre o conteúdo da disciplina aos alunos. monitorar a execução das atividades propostas. comunicar com os outros Professores do Curso.

36) Você mudaria alguma coisa na estrutura do AVA? Se sim, mencione sua(s) ideia(s). * 37) Ao iniciar um novo conteúdo da disciplina, você faz um levantamento do que os estudantes já sabem sobre aquele assunto? Sim, sempre. Sim, algumas vezes. Sim, raramente. Não. 38) Você propõe trabalho em grupo para os estudantes? Se sim, explique como você faz? * 39) Você incentiva os estudantes a refletirem e participarem das atividades? Se sim, como você faz? Quais são os incentivos? * 40) Na sua percepção, quais seriam os principais incentivos que os estudantes encontram para sua aprendizagem, no Curso Informática para Internet? * 41) Você pede aos estudantes que expliquem o que aprenderam do conteúdo estudado? Se sua resposta for "Sim", por favor, relate de que modo isso acontece. * 42) Quais estratégias metodológicas você utiliza na docência de Ead? *

Page 229: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

243

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA ESTUDANTE

Prezado(a) estudante, Convidamos você para participar como colaborador da pesquisa respondendo ao questionário sobre a educação a distância on-line. A pesquisa é realizada pelo grupo ETCS coordenado pelo Professor Dr. José Wilson da Costa, o qual integra o Diretório de Pesquisa do CNPq. Sua participação é essencial para o sucesso dessa pesquisa. Informo que o questionário é anônimo e garantimos o sigilo das informações individuais. Conto com sua participação e desde já agradecemos. 1) Sexo: (conforme padrão do IBGE) * Homem Mulher 2) Cor: (conforme padrão do IBGE) * Branca Preta Amarela Parda 3) Qual é sua idade? * 16 anos 17 anos 18 anos 19 anos 20 anos 21 anos ou mais 4) Quando concluiu o Ensino Médio (2º grau)? * entre 2015 e 2017 entre 2011 e 2014 entre 2006 e 2010 entre 2001 e 2005 entre 1990 e 2000 antes de 1990 Ainda não concluí 5) Qual é seu estado civil? * Solteiro(a) Casado(a) Viúvo(a) Separado(a) Divorciado(a). 6) Com quem você mora? * Com amigos. Com parentes. Com meus pais. Com esposa e filhos. Com marido e filhos. Com companheiro(a). Não moro com ninguém. 6) Você tem filhos? * Não.

Tenho um. Tenho dois. Tenho três ou mais. 7) Você depende financeiramente da sua família? * Não. Sim, totalmente. Sim, bastante. Sim, um pouco. 8) Quantas pessoas moram na sua casa, além de você? * Duas Três Quatro Cinco ou mais Nenhuma 9) Qual é a renda mensal familiar? * de 1 a 3 salários mínimos mais de 3 e até 5 salários mínimos mais de 5 e até 7 salários mínimos mais de 7 e até 10 salários mínimos mais que 10 e até 15 salários mínimos mais que 15 salários mínimos 10) Você exerce atividade de trabalho remunerada? (Se SIM, responda as questões abaixo. Se sua resposta for NÃO, então passe para a questão 11) * Sim Não 10.1) Quantas horas você trabalha por semana? de 0 a 10 horas entre 11 e 20 horas entre 21 e 30 horas entre 31 e 40 horas entre 41 e 44 horas acima de 44 horas 10.2) Você utiliza de sua renda para contribuir com as despesas da sua família? Sim, contribuo com uma grande quantia.

Page 230: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

244

Sim, contribuo com uma pequena quantia. Não contribuo com nenhuma quantia 10.3) Normalmente, quanto tempo você gasta no deslocamento da sua residência para o local de trabalho? até 15 minutos de 15 a 30 minutos de 30 minutos a 1 hora de 1 hora a 1hora e meia de 1 hora e meia a 2 horas mais de 2 horas 11) Quais aparelhos você tem em casa? * Tablet Celular Computador de mesa Computador portátil (notebook) 12) Em qual local você "mais utiliza" a internet? * Em casa. Na escola. No trabalho. Na lanhouse. No shopping. No trânsito. 12.1) Com que frequência você usa a internet? * Diariamente. Semanalmente. Quinzenalmente. Mensalmente. 13) Normalmente, o que você costuma fazer durante o tempo em que não está trabalhando e/ou estudando? (Marque até "quatro alternativas" principais) * assisto filmes pratico esporte frequento Igreja frequento Shopping Center fico no computador jogando faço compras em supermercados ou feiras promovo e/ou frequento ambiente de convivência com amigas(os) fico em casa descansando e/ou cuidando de afazeres domésticos frequento praças públicas ou ambiente de convivência com amigos promovo e/ou frequento ambiente de convivência com pessoas da família Outro(s) 13.1) Se você respondeu "Outro(s)" na questão anterior, por favor escreva qual ou quais. 14) Marque sua frequência nos ambientes listados a seguir: *

1 ou mais de 1 vez por mês 1 ou mais de 1 vez por semestre

1 ou mais de 1 vez por ano 1 ou mais de uma vez a cada 2 anos

1 ou mais de 1 vez a cada 5 anos Nunca frequentei

Cinema Teatro Museu Galeria de arte Show artístico Evento esportivo Cinema Teatro Museu Galeria de arte Show artístico Evento esportivo 15) Você estuda ou já estudou alguma língua estrangeira? * Sim Não 16) Marque os recursos abaixo que você tem domínio. * Word NMap Excell Internet OneNote Cisco-torch Power Point 16.1 Como você classifica o seu conhecimento de informática? * Muito bom. Bom. Razoável. Ruim. Muito ruim. 17) Quais são as "principais dificuldades pessoais" que você tem para a aprendizagem? * 18) O que "depende de você" para melhorar a sua aprendizagem ? * 19) Por que você escolheu estudar em um curso na modalidade a distância? Indicar a alternativa que "mais se aproxime" de sua opção. * Moro longe da escola e o curso a distância ajuda. Achei que fosse mais fácil que o curso presencial. Falta de tempo para frequentar diariamente um curso. Vergonha de frequentar um curso junto com pessoas mais jovens.

Page 231: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

245

Outro motivo. 19.1) Se você respondeu "Outro motivo" na questão anterior, por favor escreva qual. 20) Por que você escolheu o curso de "Informática para Internet"? * Pela gratuidade do curso. Porque foi obrigado pelos pais. Curiosidade em relação à área. Por causa da marca CEFET-MG. Porque quero continuar estudando. Pela boa possibilidade de emprego. Para ingressar no mercado de trabalho. Outro motivo. 20.1) Se você respondeu "Outro motivo" na questão anterior, por favor escreva qual. 21) O que você utiliza com "mais frequência" no ambiente virtual (AVA) do seu curso a distância? * Chats Podcast Vídeo aula Web conferência Correio eletrônico Fóruns de discussão Outro recurso. 21.1) Se você respondeu "Outro recurso" na questão anterior, por favor escreva qual. 22) O que tem no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) que "mais te ajuda" a ter sucesso nos seus estudos? * 23) O que tem no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) que "mais atrapalha" seu sucesso nos estudos? * 24) Como você avalia o nível de exigência do curso? * O curso não é exigente Exige de mim na medida certa. Deveria exigir muito mais de mim. Deveria exigir um pouco mais de mim. Deveria exigir um pouco menos de mim. 25) Em média, quanto tempo você se dedica às atividades de estudo no seu curso a distância? * até 2 horas semanais de 2 a 5 horas semanais de 5 a 10 horas semanais de 10 a 20 horas semanais mais de 20 horas semanais 26) Os assuntos/conteúdos que você aprende no curso "Informática para Internet" são interessante para sua profissão? *

Sim, todos são. Sim, a maioria são. Sim, alguns são. Não sei responder. 27) No curso "Informática para Internet", é ensinado como fazer para melhorar o seu desempenho escolar? * Sim, com muitas orientações. Sim, com algumas orientações. Sim, com poucas orientações. Não, ninguém ensina. 28) Qual opção abaixo você considera a "principal contribuição" do curso "Informática para Internet" oferecido na modalidade virtual? * A aquisição de cultura geral. A aquisição de formação teórica. A aquisição de formação profissional. A obtenção de diploma de nível técnico. Melhores perspectivas de ganhos materiais. Outra. 28.1) Se você respondeu "Outra" na questão anterior, por favor escreva qual. 29) Você já utilizou um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) de curso a distância anteriormente? * Sim Não 30) Você recebeu formação em relação ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), no início do curso? * Sim, foi suficiente. Sim, mas não foi suficiente. Não recebi. 31) Você considera fácil utilizar o ambiente virtual? * Sim, é muito fácil. Sim, é fácil. Não, é difícil. Não, é muito difícil. 32) Como é a disponibilidade dos Professores e Tutores no ambiente virtual para orientar sobre suas dúvidas ou dificuldades? * Todos têm disponibilidade. A maioria tem disponibilidade. Poucos têm disponibilidade. Nenhum tem disponibilidade. 33) Você recebe orientação suficiente, do "Professor ou do Tutor", para realizar as atividades ou exercícios do ambiente virtual (AVA)? * Sim, sempre.

Page 232: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

246

Sim, algumas vezes. Sim, raramente. Não. 34) O suporte técnico disponível no ambiente virtual (AVA) do curso atende você quando precisa de ajuda? * Atende plenamente. Atende razoavelmente. Atende precariamente. Não atende. 35) Os Professores propõem trabalho em grupo no ambiente virtual (AVA) do seu curso? * Sim, todos. Sim, na maioria deles. Sim, alguns. Não eles não propõem. 36) O ambiente virtual de aprendizagem (AVA) favorece o trabalho em grupo com os colegas de curso? * Sim, com bom aproveitamento do conhecimentos. Sim, com razoável aproveitamento do conhecimentos. Sim, mas sem aproveitamento do conhecimentos. Não favorece. 36.1) Se você respondeu que "Não favorece" na questão anterior, por favor explique por que. 37) Marque todos os recursos das tecnologias digitais que você encontra no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) do seu curso. * Blog Fóruns Podcast Videoaula Wikipedia Exercícios Prova on-line Nota de aulas Vídeos on-line Textos de leitura Imagens/fotografias Apresentações (Power Point) Outro 37.1) Se você respondeu "Outro" na questão anterior, por favor escreva qual. 38) Quando você tem dificuldade para aprender um conteúdo ou fazer um exercício no ambiente virtual (AVA), você recebe ajuda *

Sim, sempre. Sim, muitas vezes.

Sim, algumas vezes. Sim, raramente.

Nunca. do Professor? do Tutor? dos colegas do curso? de alguma pessoa de fora do curso? do Professor? do Tutor? dos colegas do curso? de alguma pessoa de fora do curso? 39) Você utiliza ambiente virtual de aprendizagem (AVA) para ajudar seus colegas a compreender algum conteúdo ou atividade? * Sim, frequentemente. Sim, muitas vezes. Sim, algumas vezes. Sim, raramente. Não. 39.1) Se você respondeu "SIM" na pergunta anterior, por favor, explique como você faz para ajudar seus colegas. 40) Nesse curso a distância, já aconteceu de mesmo recebendo ajuda, você não conseguiu aprender? * Sim e foram muitas vezes. Sim, mas foram poucas vezes. Não, nunca aconteceu. 40.1)Se você quiser, pode mencionar o(s) conteúdo(s). 41) Quando você começa uma nova disciplina, o Professor pergunta no AVA o que você já sabe sobre o que ele vai ensinar? * Sim, todos perguntam. Sim, apenas alguns. Não, eles não perguntam. 42) Na sua opinião, as atividades propostas no ambiente virtual (AVA) são planejadas com recursos que ajudam na execução e aprendizagem do conteúdo da disciplina? * Sim, em todas elas. Sim, em algumas delas. Sim, mas raramente. Não percebo. 43) Que tipo de material didático, dentre os abaixo relacionados, é o "mais utilizado" pelos professores para ensinar o conteúdo no ambiente virtual de aprendizagem (AVA)? * DVDs, Cds. Vídeo-aula Vídeos on-line Páginas da web. Livros, periódicos, manuais. Orientação para os estudos.

Page 233: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

247

Apostilas, cópias de trechos ou capítulos de livros e resumos. Outro. 43.1) Se marcou "Outro" na resposta anterior, por favor escreva qual. 44) As avaliações realizadas no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) estão coerentes com o que foi ensinado? * Sim, todas estão. Sim, algumas estão. Sim, poucas estão. Não, nenhuma. 45) O instrumento de avaliação "mais utilizado" pelos Professores nas disciplinas no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) é: * Fórum. Pesquisa. Prova on-line. Prova Oral via Chat Exercício de múltipla escolha. Exercício com questões abertas/discursivas 46) Depois que as atividades avaliativas são corrigidas no (AVA), o que acontece? * É disponibilizado um gabarito na plataforma do Moodle. Não há nenhum retorno/ feedback sobre minhas respostas. O Tutor dá um retorno/ feedback comentando sobre minhas respostas. O Professor dá um retorno/ feedback comentando sobre minhas respostas. 47) Como você avalia os procedimentos de ensino adotados pelos "Professores" no ambiente virtual de aprendizagem (AVA)? * Adequados. Inadequados Pouco adequados. Parcialmente adequados. 47.1 Se você quiser, comente a opção escolhida. 48) Como você avalia as orientações que você recebe para realizar as atividades práticas desenvolvidas nos ambientes presenciais ou laboratórios de formação? * Adequadas. Inadequadas. Pouco adequadas. Razoavelmente adequadas. 49) As atividades desenvolvidas no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) das diversas disciplinas facilitam a experimentação nos momentos presenciais em laboratórios reais? * Sim, plenamente.

Sim, parcialmente. Não. 50) Você utiliza o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para: (Marque quantas opções quiser) * Apresentar suas dúvidas. Explicar suas ideias aos colegas. Pedir explicações sobre o conteúdo. Questionar algum conteúdo ou atividade. Receber dicas para realizar uma atividade. Pedir ajuda ao Tutor para fazer uma atividade. Ajudar seus colegas a realizarem as atividades. Dar uma dica sobre a realização de uma atividade. Pedir ajuda ao Professor para fazer uma atividade. Pedir ajuda aos seus colegas para fazer as atividades. Ajudar os colegas a compreender o conteúdo ou esclarecer uma dúvida. 51) O "Professor" no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) *

Sim, sempre. Sim, a maioria das vezes.

Sim, algumas vezes. Sim, raramente.

Não. estimula você a refletir, participar e realizar as atividades? acompanha você na realização das atividades propostas? estimula você a refletir, participar e realizar as atividades? acompanha você na realização das atividades propostas? 52) O "Tutor" no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) *

Sim, sempre. Sim, a maioria das vezes.

Sim, algumas vezes. Sim, raramente.

Não. estimula você a refletir, participar e realizar as atividades? acompanha você na realização das atividades propostas? estimula você a refletir, participar e realizar as atividades? acompanha você na realização das atividades propostas? 53) Quanto ao "Professor ou Tutor" no ambiente virtual de aprendizagem (AVA): *

Sim, sempre. Sim, a maioria das vezes.

Sim, algumas vezes. Sim, raramente.

Page 234: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

248

Não. Eles perguntam sobre o que você já conseguiu aprender? Você comenta sobre o conteúdo que já conseguiu aprender? Eles perguntam sobre o que você já conseguiu aprender? Você comenta sobre o conteúdo que já conseguiu aprender? 54) Você comenta, no ambiente virtual de aprendizagem (AVA), com "seus colegas" sobre o conteúdo que já conseguiu aprender? Sim, sempre. Sim, muitas vezes. Sim, algumas vezes. Sim, raramente. Não comento. 55) Quais são as "principais dificuldades de aprender" que você encontra no curso Informática para Internet? 56) Quais são os "principais incentivos para aprender" que você encontra no curso Informática para Internet? * 57) Sobre a ação dos Professores no (AVA): *

Sim, sempre. Sim, muitas vezes.

Sim, algumas vezes. Sim, raramente.

Não. Não sei.

Eles estimulam você a refletir, participar e realizar as atividades? Eles acompanham você na realização das atividades propostas ? Eles perguntam sobre o que você já conseguiu aprender? Eles estimulam você a refletir, participar e realizar as atividades? Eles acompanham você na realização das atividades propostas ? Eles perguntam sobre o que você já conseguiu aprender? 58) Sobre a ação dos Tutores no (AVA): *

Sim, sempre. Sim, muitas vezes.

Sim, algumas vezes. Sim, raramente.

Não. Não sei.

Eles estimulam você a refletir, participar e realizar as atividades? Eles acompanham você na realização das atividades propostas ? Eles perguntam sobre o que você já conseguiu aprender?

Eles estimulam você a refletir, participar e realizar as atividades? Eles acompanham você na realização das atividades propostas ? Eles perguntam sobre o que você já conseguiu aprender? 59) Sobre a sua ação no (AVA): *

Sim, sempre. Sim, muitas vezes.

Sim, algumas vezes. Sim, raramente.

Não. Você comenta com os Professores sobre o conteúdo que já conseguiu aprender? Você pergunta aos Professores sobre o conteúdo que está com dificuldade para aprender? Você faz as atividades propostas? Você entrega no prazo as atividades propostas

Page 235: Lenise Maria Ribeiro Ortega€¦ · Aos meus irmãos, Ligia, Laerte, Luis, Lineu, Lúcia, Liliana e Lenira, e suas lindas famílias, obrigada por me ajudarem de diferentes maneiras,

249

APÊNDICE C – CHECK LIST PARA A OBSERVAÇÃO DO AVEA

1. Layout geral

2. Ferramentas disponíveis

3. Ferramentas utilizadas

4. Número de disciplina

5. Recursos utilizados

6. Textos

7. Imagens

8. Modelos de avaliação da aprendizagem

9. Tipos de exercícios

10. Participação dos estudantes

11. Participação dos professores/tutores

12. Formas de interação dos estudantes com o conteúdo

13. Chats

14. Fórum

15. Processos de mediação

16. Planos de ensino

17. Orientação de estudos

18. Qualidade dos conteúdos

19. Vídeos disponibilizados

20. Estatísticas

21. Relação professor/tutor com os estudantes

22. Relação dos estudantes entre si

23. Procedimentos metodológicos adotados

24. Pontos considerados positivos

25. Pontos considerados negativos