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LÉON DENIS - 1896 Nascimento: Foug, França - 1846 Falecimento: Tours, França - 1927 Léon Denis nasceu numa aldeia chamada Foug, situada nos arredores de Tours, em França, a 1 de Janeiro de 1846, numa família humilde. Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos da família. Não era seu hábito desperdiçar um minuto sequer de seu tempo, com distracções frívolas, às quais a maior parte dos homens recorre para matar as horas. Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisíveis o auxiliavam. Ao invés de participar em brincadeiras próprias da juventude, procurava instruir-se o mais possível. Lia obras sérias, conseguindo assim, com esforço próprio desenvolver a sua inteligência. Tornou-se um autodidacta sério e competente. Aos 12 anos concluiu o curso primário, mas a situação modesta da sua família não lhe permitiu grandes estudos. Desde cedo teve problemas de saúde física: com os olhos principalmente. Aos 16 anos salientou-se como um dos melhores oradores e ardente propagandista. Aos 18 anos tornou-se representante comercial da empresa onde trabalhava, facto que o obrigava a viagens constantes, situação que se manteve até à sua reforma e manteve ainda depois por mais algum tempo. Adorava a música e sempre que podia assistia a uma ópera ou concerto. Gostava de dedilhar, ao piano, árias conhecidas e de tirar acordes para seu próprio devaneio. Não fumava, era quase exclusivamente vegetariano e não fazia uso de bebidas fermentadas. Encontrava na água a sua bebida ideal. Era seu hábito olhar, com interesse, para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda

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  • LON DENIS - 1896

    Nascimento: Foug, Frana - 1846Falecimento:Tours, Frana - 1927

    Lon Denis nasceu numa aldeia chamada Foug, situada nos arredores de Tours, emFrana, a 1 de Janeiro de 1846, numa famlia humilde.

    Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos dafamlia.

    No era seu hbito desperdiar um minuto sequer de seu tempo, com distracesfrvolas, s quais a maior parte dos homens recorre para matar as horas.

    Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisveis oauxiliavam. Ao invs de participar em brincadeiras prprias da juventude, procuravainstruir-se o mais possvel. Lia obras srias, conseguindo assim, com esforo prpriodesenvolver a sua inteligncia. Tornou-se um autodidacta srio e competente.

    Aos 12 anos concluiu o curso primrio, mas a situao modesta da sua famlia no lhepermitiu grandes estudos. Desde cedo teve problemas de sade fsica: com os olhosprincipalmente. Aos 16 anos salientou-se como um dos melhores oradores e ardentepropagandista.

    Aos 18 anos tornou-se representante comercial da empresa onde trabalhava, facto que oobrigava a viagens constantes, situao que se manteve at sua reforma e manteveainda depois por mais algum tempo. Adorava a msica e sempre que podia assistia auma pera ou concerto. Gostava de dedilhar, ao piano, rias conhecidas e de tiraracordes para seu prprio devaneio.

    No fumava, era quase exclusivamente vegetariano e no fazia uso de bebidasfermentadas. Encontrava na gua a sua bebida ideal.

    Era seu hbito olhar, com interesse, para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda

  • com 18 anos, o chamado acaso fez com que a sua ateno fosse despertada para umaobra de ttulo inusitado. Esse livro era O Livro dos Espritos de Allan Kardec.Dispondo do dinheiro necessrio, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar,recolhendo-se imediatamente ao lar, entregou-se com avidez leitura. O prprio Denisdisse: Nele encontrei a soluo clara, completa e lgica, acerca do problemauniversal. A minha convico tornou-se firme. A teoria esprita dissipou a minhaindiferena e as minhas dvidas. O seu esprito, nessa hora, sentiu-se sacudido emface dos compromissos assumidos no Espao, para iniciar, em breve, o trabalho depropagao das verdades Kardecianas. Como tantos outros - disse ele - procuravaprovas, factos precisos, de modo a apoiar a minha f, mas esses factos demorarammuito a chegar. A princpio insignificantes, contraditrios, mesclados de fraudes emistificaes, que no me satisfizeram, aponto de, por vezes, pensar em no maisprosseguir as minhas investigaes. Mas, sustentado, como estava, por uma teoriaslida e de princpios elevados, no desanimei. Parece que o invisvel desejaexperimentar-nos, medir o nosso grau de perseverana, exigir certa maturidade deesprito antes de entregar-nos aos seus segredos.

    Encontrava-se nos seus trabalhos de experimentaes, quando importanteacontecimento se verificou na sua vida: Allan Kardec viera passar alguns dias na pacatacidade de Tours, com seus amigos. Todos os espritas turenses foram convidados areceb-lo e a saud-lo.

    As viagens eram para ele uma fonte de alegria e de aprendizado. Em Frana e noestrangeiro aproveitava as oportunidades que poderiam enriquecer materialmente opatro sem desprezar tudo o que poderia contribuir para o conhecimento prprio.Interessavam-lhe as praas, os monumentos, o povo, os hbitos, os costumes e ameditao entre os velhos caminhos das montanhas. Delicia-se com os bosques, com osrios e os lagos. Estas longas horas de meditao solitria no seio da Naturezaconduziram-no a uma mais completa compreenso de Deus.

    Em 1880, pelas cidades e vilas que percorria, por fora dos seus afazeres profissionais,pronunciava conferncias e fundava crculos e bibliotecas populares. incalculvel onmero de conferncias por ele proferidas em Frana, no propsito de propagar a Ligade Ensino, fundada por Jean Mac. Na Arglia, onde esteve vrias vezes em servio,tambm desenvolveu uma intensa actividade de divulgao doutrinria.

    O ano de 1882 marca, em realidade, o incio do seu apostolado, durante o qual teve queenfrentar sucessivos obstculos: o materialismo e o positivismo que olham para oEspiritismo com ironia e risadas e os crentes das demais correntes religiosas, que nohesitam em aliar-se aos ateus, para o ridicularizar e enfraquecer. Lon Denis porm,como bom paladino, enfrenta a tempestade. Os companheiros invisveis colocam-se aoseu lado para o encorajar e exort-lo luta.

    Coragem, amigo - diz-lhe o esprito de Jeanne - estaremos sempre contigo para tesustentar e inspirar. Jamais estars s. Meios ser-te-o dados, em tempo, para bemcumprires a tua obra.

    A 2 de Novembro de 1882, dia de Finados, um evento de capital importncia produziu-se na sua vida: a manifestao, pela primeira vez, daquele Esprito que, durante meiosculo, havia de ser o seu guia, o seu melhor amigo, o seu pai espiritual - Jernimo dePraga - que lhe disse: Vai meu filho. Pela estrada aberta diante de ti. Caminhareiatrs de ti para te sustentar. E como Lon Denis indagasse se o seu estado de sade opermitiria estar altura da tarefa, recebeu esta outra afirmativa:

  • Coragem, a recompensa ser mais bela.

    A partir de 1884, achou conveniente fazer palestras visando maior difuso das ideiasespritas. Escreveu, em 1885, o trabalho O Porqu da Vida, no qual explica, comnitidez e simplicidade, o que o espiritismo.

    Em 1892, recebeu um convite da duquesa de Pomar, para falar de espiritismo na suaresidncia, numa dessas manhs clebres, em que se reunia quase toda a Paris. Ele ficouindeciso e temeroso. Depois de muito meditar as responsabilidades, aceitou o convite.

    Le Journal de Paris publicou, acerca da reunio na casa da duquesa, a seguintenotcia: A reunio de ontem, para ouvir a conferncia de Lon Denis sobre a DoutrinaEsprita, foi uma das mais elegantes. De uma eloquncia muito literria, o oradorsoube encantar o numeroso auditrio, falando-lhe do destino da alma, que pode, dizele, reencarnar at sua perfeita depurao. Ele possui a alma de um Bossuet e soubecriar um entusiasmo espiritualista.

    O xito do seu livro Depois da Morte situara-o como escritor de primeira ordem. Osgrandes jornais e revistas eclcticas solicitavam-no e as tiragens sucessivas desse livroesgotavam-se rapidamente.

    A principal obra literria de Denis foi a concernente ao Espiritismo, mas escreveu,outrossim, segundo o testemunho de Henri Sausse, vrias outras, como: Tunsia,Progresso, Ilha de Sardenha, etc., certamente fruto das suas memrias de viagem.

    A partir de 1910, a viso de Lon Denis foi, dia a dia, enfraquecendo. A operao a quese submetera, dois anos antes, no lhe proporcionara nenhuma melhora, mas suportava,com calma e resignao, a marcha implacvel desse mal que o castigava desde ajuventude. Aceitava tudo com estoicismo e resignao. Jamais o viram queixar-se.Todavia, bem podemos avaliar quo grande devia ser o seu sofrimento.

    Mantinha volumosa correspondncia. jamais se aborrecia. Amava a juventude, possua aalegria da alma. Era inimigo da tristeza.

    O mal fsico, para ele, devia ser bem menor do que a angstia que experimentava pelofacto de no mais poder manejar a pena. Secretrias ocasionais substituam-no nesseofcio. No entanto, a grande dificuldade para Denis, consistia em rever e corrigir asnovas edies dos seus livros e dos seus escritos. Graas, porm, ao seu esprito deordem e sua incomparvel memria, superava todos esses contratempos, sem molestarou importunar os amigos.

    Depois da morte da sua genitora, uma empregada cuidava da sua pequena habitao. Eles exigia uma coisa: o absoluto respeito s suas numerosas notas manuscritas, as quaisele arrumava com meticulosa precauo. E foi justamente por causa dessa sua velhamania que a duquesa de Pomar o denominara o homem dos pequenos papis.

    Em 1911, aps despender no pequeno esforo, no preparo da nova edio d OProblema do Ser, do destino e da Dor, ficou gravemente doente com uma pneumonia;foi o tratamento atempado do seu mdico que, num curto espao de tempo, o colocou denovo em p.

    Contudo uma grande e profunda dor lhe estava reservada: veio a Guerra de 1914-18 e oseu esprito condoa-se ao ver partir para a frente de batalha a maioria dos seus amigos.

    Lon padecia, ento, de uma doena intestinal e estava parcialmente cego.

    Pela incorporao, os seus amigos do Espao e, entre eles, um Esprito eminente,comunicavam-lhe, de tempos em tempos, as suas opinies sobre essa terrvel guerra,

  • considerada nos seus dois aspectos: o visvel e o oculto.

    Estas comunicaes levaram-no a escrever um certo nmero de artigos, publicados naRevue Spirite, na Revue Suisse des Sciences Psychiques e no Echo Fid, ondetransparece, dentro da lei de causa e efeito, o seu grande amor pela terra onde nasceu.

    Quando a Guerra se aproximava do fim, a Revue Spirite passou a publicar, em todosos seus nmeros, artigos de Lon Denis.

    Aps a 1 Grande Guerra, aprendeu braille, o que lhe permitiu fixar no papel oselementos de captulos ou artigos que lhe vinham ao esprito, pois, nesta poca da suavida, estava, por assim dizer, quase cego.

    Em 1915 iniciava ele uma nova srie de artigos, repassados de poesia profunda e serena,sobre a voz das coisas, preconizando o retorno Natureza.

    Nesta poca, um forte vento soprava contra o Kardecismo. O fenomenismometapsiquista espalhava aos quatro ventos a doutrina do filsofo puro. P. Heuz faziamuito barulho atravs do L Opinion, com as suas entrevistas e comentriostendenciosos. Afirmava, prematuramente, que, medida que a metapsquica fosseavanando, o Espiritismo iria, a par e passo, perdendo terreno. A sua profecia, noentanto, ainda no se realizou.

    Aps a vigorosa resposta de Jean Meyer na Revue Spirite, Lon Denis por sua vez,entrou na discusso, na qualidade de presidente de honra da Unio Esprita Francesa,numa carta endereada ao Matin, na qual estabelecia, com admirvel nitidez, adiferena entre Espiritismo e Metapsiquismo.

    A partir desse momento, Lon Denis teve que exercer grande actividade jornalsticapara responder s crticas e ataques de altos membros da Igreja Catlica, saindo-se,como era de esperar, de maneira brilhante.

    Em Maro de 1927, com 81 anos de idade, terminara o manuscrito que intitulou de OGnio Cltico e o Mundo Invisvel. Neste mesmo ms a Revue Spirite publicava oseu derradeiro artigo.

    Tera-feira, 12 de Maro de 1927 pelas 13 horas, respirava Denis com grandedificuldade. A pneumonia atacava-o novamente. A vida parecia abandon-lo, mas o seuestado de lucidez era perfeito. As suas ltimas palavras, pronunciadas comextraordinria calma, apesar da muita dificuldade, foram dirigidas sua empregadaGeorgette: preciso terminar, resumir e... concluir. Fazia aluso ao prefcio da novaedio biogrfica de Kardec. Neste preciso momento, faltaram-lhe completamente asforas, para que pudesse articular outras palavras. s 21.00 horas o seu esprito alou-se.O seu semblante parecia ainda em xtase.

    As cerimnias fnebres realizaram-se a 16 de Abril. A seu pedido, o enterro foi modestoe sem o ofcio de qualquer Igreja confessional. Est sepultado no cemitrio de La Salle,em Tours.

    Abaixo, alguns livros de Lon Denis:

    Cristianismo e Espiritismo (Ed. FEB)

    Depois da Morte (Ed. FEB)

    Espritos e Mdiuns (Ed. CELD)

    Joana DArc, Mdium (Ed. FEB)

  • O Alm e a Sobrevivncia do Ser (Ed. FEB)

    O Espiritismo na Arte (Ed. FEB)

    O Porqu da Vida (Ed. FEB)

    O Problema do Ser, do Destino e da Dor (Ed. FEB)

    Socialismo e Espiritismo (Ed. O Clarim)

    Fotos gentilmente enviadas pela "Union Spirite Franaise et Francophone"

    Texto de Jos Baslio, baseado no livro Pginas de Lon Denis de Sylvio Brito Soares

    Adaptado por:

    Ncleo Esprita O LEME

    Bairro Correia, 4

    7520 - 111 Sines

    PORTUGAL

    LON DENIS 1925