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JOICE PALMA BIGON ÓLEOS VEGETAIS COMO NOVOS COESTABILIZADORES PARA REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO EM MINIEMULSÃO CAMPINAS 2015

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JOICE PALMA BIGON

ÓLEOS VEGETAIS COMO NOVOS COESTABILIZADORES

PARA REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO EM MINIEMULSÃO

CAMPINAS

2015

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RESUMO

O estudo das nanocápsulas poliméricas tem crescido significativamente nas

últimas décadas em diversas áreas, pois estas permitem a encapsulação de materiais

com diferentes princípios ativos, contribuindo com uma ampla variedade de funções

que vão desde a liberação controlada de medicamentos e perfumes até a melhora na

retenção de pigmentos de tintas para impressão. Uma das técnicas que tem sido

utilizada para a síntese das nanocápsulas poliméricas é a polimerização em

miniemulsão, que apresenta como uma de suas vantagens a praticidade de se poder

utilizar um iniciador organossolúvel ou hidrossolúvel, bem como obter as nanocápsulas

poliméricas com um alto grau de eficiência em apenas uma única etapa. Além disso, a

polimerização em miniemulsão é conduzida em água, sendo um importante fator

quando relacionado ao aspecto ambiental. Entretanto, para se obter uma polimerização

em miniemulsão estável, é necessária a adição de um coestabilizador. Muitos artigos na

literatura apresentam o hexadecano como um coestabilizador eficiente, uma vez que

ele apresenta baixa massa molar e é insolúvel em água. Entretanto, a aplicabilidade

das nanocápsulas pode ser aumentada quando materiais biodegradáveis e

biocompatíveis são usados. Por isso, neste trabalho foi proposto o estudo de três óleos

vegetais (coco, argan e jojoba) como novos coestabilizadores para reações de

polimerização em miniemulsão. O óleo de coco é constituído principalmente de ácido

láurico, e possui propriedades anti-inflamatórias. O óleo de jojoba é formado

principalmente de ésteres, e assim como o óleo de coco, possui propriedades anti-

inflamatórias, entre outras. Já o óleo de argan é constituiído principalmente de ácido

oleico e linoleico, e possui propriedades muito benéficas para a pele e cabelo. Para as

reações de polimerizaçãoem miniemulsão, foi utilizado o iniciador organossolúvel 2,2’-

azobis-isobutironitrila, o monômero metacrilato de metila e o lauril sulfato de sódio como

surfactante. Diferentemente da literatura estudada, a polimerização foi realizada em

reator tanque agitado de 1 litro de capacidade, e foram estudados os efeitos dos óleos

vegetais como coestabilizador na polimerização em miniemulsão de metacrilato de

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metila. Além disso, foi estudada a distribuição da massa molar, a cinética da reação, a

temperatura de transição vítrea bem como o tamanho médio das nanocápsulas

poliméricas. A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que todos os óleos vegetais

atuam como eficientes coestabilizadores, prevenindo o sistema da degradação

difusional e da coalescência das gotas.

Palavras-chave:, nanocápsulas poliméricas, óleo de coco, óleo de jojoba, óleo de argan, polimerização em miniemulsão.

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ABSTRACT

The study of polymeric nanocapsules has grown significantly in recent decades in

many areas, as they enable the encapsulation of materials with different active

ingredients, contributing to a wide variety of functions ranging from the controlled

release of drugs and perfumes to the improvement in retention paint pigments for

printing. One of the techniques that has been used for the synthesis of polymeric

nanocapsules is the miniemulsion polymerization, presenting as one of its advantages

the convenience of being able to use either a water or oil soluble initiator, and to obtain

the nanocapsules with a high efficiency degree in only one step. Furthermore,

miniemulsion polymerization is conducted in water, being an important factor when

relating to the environmental aspect. However, to obtain a stable miniemulsion

polymerization, adding a co-stabilizer is required. Many articles in the literature cited

hexadecane as an efficient co-stabilizer, since it presents low molar mass and it is

insoluble in water. However, the applicability of the nanocapsules can be increased

when biodegradable and biocompatible materials are used. Therefore, this study

proposed the study of three vegetable oils (coconut, argan and jojoba) as new co-

stabilizers for polymerization miniemulsion reactions. The coconut oil is composed

primarily of lauric acid, and it has anti-inflammatory properties. Jojoba oil is composed

primarily of esters, and as coconut oil, presents anti-inflammatory properties, among

others. Argan oil is composed mainly of oleic and linoleic acid and it has very beneficial

properties for skin and hair. For miniemulsion polymerization reactions, it was used the

oil soluble initiator 2’2-azobisisobutyronitrile, the monomer methyl methacrylate and

sodium lauryl sulfate as surfactant. Different from other studies, the polymerization was

conducted in stirred tank reactor of 1 liter of capacity, and the effect of the vegetable oils

acting as co-stabilizer in the methyl methacrylate miniemulsion polymerization was

studied. In addition, the molar mass distribution, the kinetics of the reaction, the glass

transition temperature and the average size of the polymeric nanocapsules were

studied. It was concluded that the vegetable oils act in the stability of the miniemulsion

polymerization, preventing the system from diffusion of monomers and coalescence.

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KEYWORDS: Miniemulsion polymerization, co-stabilizer, coconut oil, jojoba oil, argan

oil, polymeric nanocapsules.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

2. OBJETIVO ......................................................................................................... 4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 5

3.1 Nanocápsulas poliméricas .................................................................................. 5

3.2 Polimetacrilato de metila ..................................................................................... 8

3.3 Óleos vegetais como coestabilizadores .............................................................. 9

3.3.1 Óleo de jojoba .................................................................................................. 10

3.3.2 Óleo de argan ................................................................................................... 12

3.3.3 Óleo de coco .................................................................................................... 13

3.4 Técnicas de polimerização para obtenção de nanocápsulas poliméricas ........ 15

3.4.1 Polimerização em emulsão ............................................................................... 15

3.4.2 Polimerização em miniemulsão ........................................................................ 17

3.4.2.1 Equipamentos utilizados no processo de miniemulsão .................................... 19

3.5 Degradação difusional e coalescência das gotas ............................................. 20

3.6 Escolha do coestabilizador ............................................................................... 21

3.7 Escolha do iniciador .......................................................................................... 22

3.8 Escolha do surfactante ..................................................................................... 23

3.9 Polimerização em miniemulsão para encapsulação de líquidos ....................... 25

3.10 Mecanismo cinético da polimerização em miniemulsão ................................... 27

3.11 Estado da arte .................................................................................................. 31

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 34

4.1 Reações de polimerização em miniemulsão utilizando hexadecano como

coestabilizador para o desenvolvimento do procedimento experimental .......... 34

4.1.1 Reagentes ........................................................................................................ 34

4.2 Reações de polimerização em miniemulsão utilizando os óleos vegetais como

coestabilizadores .............................................................................................. 35

4.2.1 Reagentes ........................................................................................................ 35

4.3 Equipamentos ................................................................................................... 36

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4.4 Procedimento experimental .............................................................................. 37

4.4.1 Purificação do monômero ................................................................................. 37

4.4.2 Polimerização em miniemulsão ........................................................................ 38

4.3 Técnicas de caracterização .............................................................................. 41

4.4.3 Determinação da conversão por gravimetria .................................................... 41

4.4.4 Cromatografia de permeação em gel ............................................................... 41

4.4.5 Determinação do tamanho médio das partículas ............................................. 43

4.4.6 Calorimetria exploratória diferencial (DSC) ...................................................... 44

5. RESULTADOS E DISSCUSSÃO ..................................................................... 47

5.1 Desenvolvimento do procedimento experimental da polimerização em

miniemulsão de metacrilato de metila utilizando o hexadecano como

coestabilizador .................................................................................................. 47

5.1.1 Análise gravimétrica ......................................................................................... 48

5.1.2 Análise do tamanho médio das partículas ........................................................ 55

5.1.3 Análise de calorimetria exploratória diferencial (DSC)...................................... 57

5.2 Reações de polimerização em miniemulsão do metacrilato de metila utilizando

os óleos vegetais como coestabilizador ........................................................... 58

5.2.1 Estudo da cinética com diferentes coestabilizadores ....................................... 58

5.2.2 Análise do tamanho de partícula ...................................................................... 63

5.2.3 Análise de calorimetria exploratória diferencial (DSC)...................................... 65

5.2.4 Distribuição da massa molar ............................................................................ 69

6. CONCLUSÕES ................................................................................................ 75

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................... 77

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 78

9. ANEXO I – Óleo de jojoba .............................................................................. 86

10. ANEXO II – Óleo de coco ............................................................................... 87

11. ANEXO III – Óleo de argan ............................................................................. 88

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Aos meus pais, noivo e todos aqueles que me

ajudaram a tornar esse sonho, uma realidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus pela oportunidade concedida e que, na sua infinita bondade, me

proporcionou a força necessária para atingir o meu objetivo.

À professora Drª. Liliane Maria Ferrareso Lona, que não foi somente responsável para

que esse projeto fosse realizado, mas também foi uma amiga, que sempre esteve ao

meu lado e que além de tudo, mostrou-se paciente em todos os momentos.

Ao Conselho Nacional de Desenolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio

financeiro e pela bolsa de mestrado concedida para desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus pais, Arthur e Arlete, que sempre me apoiaram e me incentivaram em todos

os momentos da minha vida, sejam esses momentos tristes ou felizes. Sou quem sou

por causa deles.

Ao meu noivo Anderson por ter sempre me incentivado e me apoiado nessa

caminhada.

Ao meu avô Joaquim, que mesmo não estando mais presente, sempre me incentivou

de maneira mais profunda a me dedicar aos estudos.

Aos meus amigos de laboratório, Samara, Núria, Telma, Rodrigo e Sabrina.

Aos meus amigos de Unicamp, Tati, Laura, Gustavo e Paula.

Aos funcionários do LRAC, que sem ajuda e persistência deles, esse trabalho não teria

sido concluído.

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A UNICAMP, em especial a Faculdade de Engenharia Química pela infraestrutura

concedida para desenvolvimento do trabalho.

Aos professores da FEQ/UNICAMP que sempre mostraram competência no trabalho e

confiança em mim.

Aos funcionários da secretária de Pós-graduação da FEQ, que sempre tiveram a

paciência, disponibilidade e boa vontade para me ajudar em tudo que precisava.

A todos que contribuíram no desenvolvimento deste trabalho.

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“All truths are easy to understand once

they are discovered; the point is to

discover them”.

(Galileo Galilei)

“O entusiasmo é a maior força da alma.

Conserva-o e nunca te faltará poder para

conseguires o que desejas.”

(Napoleão Bonaparte)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Esquema de uma nanocápsula polimérica. A parte externa é formada por

uma fina camada de polímero, e a parte interna possuí um núcleo oleoso

ou aquoso. Fonte: Adaptado de Park; Balakrishnan; Yang (2013). ............ 5

Figura 3.2: Esquema de polimerização do metacrilato de metila. ................................. 8

Figura 3.3: Estrutura química de um éster presente no óleo de jojoba. Fonte: Cardoso;

Araújo; Sayer (2013). ................................................................................ 10

Figura 3.4: Estrutura química dos principais componentes do óleo de argan: ácido

oleico (a) e ácido linoleico (b). ................................................................... 13

Figura 3.5: Estrutura química do ácido láurico ............................................................ 14

Figura 3.6: Esquema representando o processo de polimerização em emulsão. Fonte:

Reis (2011). ............................................................................................... 16

Figura 3.7: Esquema representando o processo de uma polimerização em

miniemulsão. Fonte: Bresolin (2013). ........................................................ 18

Figura 3.8: Representação do mecanismo de degradação por coalescência e

degradação difusional. Fonte: Romio (2011). ........................................... 20

Figura 3.9: Estrutura molecular do iniciador organossolúvel 2,2’-azobis-isobutironitrila.

.................................................................................................................. 23

Figura 3.10: Estrutura molecular do lauril sulfato de sódio. ........................................... 24

Figura 3.11: Esquema representando a enxertia por adição às ligações duplas do óleo.

Adaptado de Bresolin (2013). .................................................................... 26

Figura 3.12: Esquema representando a enxertia por abstração ao hidrogênio Adaptado

de Bresolin (2013). .................................................................................... 26

Figura 3.13: Mecanismo de decomposição do iniciador ................................................ 28

Figura 3.14: Reação entre o monômero e o radical livre proveniente do iniciador para a

formação do radical primário. .................................................................... 28

Figura 3.15: Representação da reação de formação da cadeia de polímero em

crescimento. .............................................................................................. 29

Figura 3.16: Representação da terminação por combinação do polimetacrilato de

metila. ........................................................................................................ 30

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Figura 3.17: Exemplo de molécula de polímero com terminação por

desproporcionamento, e ocasionando no aparecimento de duas moléculas

de polímero. .............................................................................................. 31

Figura 4.1: Fotografia do banho de gelo colocado sobre o agitador magnético a fim de

se evitar uma possível polimerização durante a adição e agitação da fase

orgânica na fase aquosa. .......................................................................... 38

Figura 4.2: Fotografia do (a) homogeneizador utilizado para criação da

miniemulsão;(b) reator utilizado para a polimerização do metacrilato de

metila. ........................................................................................................ 40

Figura 4.3: Esquema representando uma coluna de GPC, em que os polímeros

passam pelos poros até a sua total eluição. Fonte: Sandler et al.(1998). . 42

Figura 4.4: Esquema de um típico sistema de espalhamento dinâmico de luz.

Adaptado de Malvern (2010). .................................................................... 44

Figura 4.5: Representação de uma curva de DSC. Adaptado de Gabbott (2008). ..... 45

Figura 5.1: Resultados de conversão versus tempo para a reação 1. ........................ 48

Figura 5.2: Resultados de conversão versus tempo para a reação 2. ........................ 49

Figura 5.3: Resultados de conversão versus tempo para a reação 3. ........................ 51

Figura 5.4: Comparação dos valores de conversão versus tempo para as reações

1,2,3. ......................................................................................................... 53

Figura 5.5: Resultados de conversão versus tempo para a reação 5. ........................ 54

Figura 5.6: Comparação dos valores de conversão versus tempo para as reações 1 e

5. ............................................................................................................... 55

Figura 5.7: Diâmetro médio das partículas em função da conversão para as reações

1,2,3,5. ...................................................................................................... 56

Figura 5.8: Análise de calorimetria exploratória diferencial para a reação 5. .............. 57

Figura 5.9: Resultados da cinética de polimerização em miniemulsão utilizando

diferentes óleos vegetais e hexadecano como coestabilizadores da

reação. ...................................................................................................... 60

Figura 5.10: Comparação entre os resultados obtidos da cinética de polimerização com

diferentes coestabilizadores. ..................................................................... 61

Figura 5.11: Distribuição do tamanho médio das partículas para os coestabilizadores

em estudo. ................................................................................................ 64

Figura 5.12: Tamanho médio das partículas ao longo da reação utilizando diferentes

coestabilizadores. ..................................................................................... 65

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Figura 5.13: Curva de DSC para o polímero puro. ........................................................ 66

Figura 5.14: Curva de DSC utilizando óleo de jojoba como coestabilizador. ................ 66

Figura 5.15: Curva de DSC utilizando óleo de coco como coestabilizador. .................. 67

Figura 5.16: Curva de DSC utilizando óleo de argan como coestabilizador. ................. 67

Figura 5.17: Comparação da curva de calorimetria exploratória diferencial para o

hexadecano e os óleos vegetais de jojoba, coco e argan. ........................ 68

Figura 5.18: Distribuição da massa molar utilizando hexadecano como coestabilizador.

.................................................................................................................. 71

Figura 5.19: Distribuição da massa molar utilizando óleo de jojoba como

coestabilizador. ......................................................................................... 71

Figura 5.20: Distribuição da massa molar utilizando óleo de coco como coestabilizador.

.................................................................................................................. 72

Figura 5.21: Distribuição da massa molar utilizando óleo de argan como

coestabilizador. ......................................................................................... 72

Figura 5.22: Comparação entre as massas molares utilizando óleos vegetais e

hexadecano como coestabilizador. ........................................................... 73

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Empresas que já disponibilizaram cosméticos com a tecnologia das

nanocápsulas. Adaptado de Schmaltz, Santos e Guterres (2005). ............... 7

Tabela 3.2: Exemplos de segmentos onde o PMMA pode ser encontrado. ..................... 9

Tabela 3.3: Composição química dos principais ésteres presentes no óleo de jojoba.

Adaptado de Wisniak (1994). ...................................................................... 11

Tabela 3.4: Composição química (%) do óleo de argan................................................. 12

Tabela 3.5: Composição (%) dos ácidos graxos presentes no óleo de coco. Adaptado

de Krishna et al. (2010) ............................................................................... 14

Tabela 3.6: Distribuição de artigos publicados envolvendo as palavras chave:

polimerização em miniemulsão mais (vide tabela), no site de busca Web of

Science ISI. ................................................................................................. 31

Tabela 4.1: Lista dos reagentes utilizados neste projeto de pesquisa utilizando o

hexadecano como coestabilizador. ............................................................. 35

Tabela 4.2: Lista dos reagentes empregados, utilizando óleos vegetais como

coestabilizador ............................................................................................ 36

Tabela 4.3: Lista dos equipamentos utilizados neste projeto de pesquisa. .................... 37

Tabela 4.4: Formulação para a polimerização em miniemulsão com hexadecano como

coestabilizador ............................................................................................ 39

Tabela 4.5: Formulação para a polimerização em miniemulsão com óleos vegetais

como coestabilizador ................................................................................... 39

Tabela 5.1: Conversão da reação 2 nos tempos estipulados. ........................................ 50

Tabela 5.2: Procedimentos experimentais adotados para as reações 1,2,3. ................. 52

Tabela 5.3: Tamanho médio do diâmetro das partículas para as reações apresentadas.

.................................................................................................................... 56

Tabela 5.4: Tamanho médio das partículas e índice de polidispersão com diferentes

coestabilizadores ao final da reação. .......................................................... 63

Tabela 5.5: Massa molar média numérica (Mn), massa média numérica ponderal (Mw) e

índice de polidispersidade para os coestabilizadores em estudo. ............... 70

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA Ácido acrílico

AIBN 2,2’-azobis-isobutironitrila

DSC Calorimetria exploratória diferencial

DTP Distribuição do tamanho das partículas

GPC Cromatografia de permeação em gel

HD Hexadecano

MMA Metacrilato de metila

MW Massa molar dos polímeros

MWD Distribuição massa molar dos polímeros

OC Óleo de coco

OJ Óleo de jojoba

AO Óleo de argan

PMMA Polimetacrilato de metila

SLS Lauril sulfato de sódio

TEM Microscopia eletrônica de transmissão

Tg Temperatura de transição vítrea

THF Tetrahidrofurano

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1. INTRODUÇÃO

A evolução da humanidade está relacionada à capacidade do ser humano em criar

novas alternativas e tecnologias para ajudar especialmente em sua sobrevivência e

conforto. Com isso, é possível verificar constantes avanços científicos e tecnológicos

em vários campos de atuação como: alimentação, comunicação, transporte e saúde.

Contudo, para que tais avanços aconteçam, é necessária a disponibilidade de materiais

adequados, que garantirão a transformação do sonho em realidade.

Por isso, a área de estudo de polímeros sempre foi e continua sendo, uma área de

interesse tanto para as indústrias, como também para pesquisadores, uma vez que a

partir desse material, tem sido possível não só a criação, bem como o aperfeiçoamento

de vários produtos como pneus, peças para aviões, automóveis, próteses e

eletroeletrônicos, que ajudaram e continuam ajudando o ser humano na sua vida.

Foi na primeira metade do século XX que o processo de polimerização foi

descoberto, e, desde então, os polímeros sintéticos passaram a ter um grande valor no

dia a dia das pessoas.

Os estudos sobre polímeros na área médica, e nas indústrias de tintas, têxtil,

alimentícias e cosméticas, por exemplo, apresentaram um aumento bastante

significativo nos últimos anos, em função das nanocápsulas poliméricas.

Nanocápsulas poliméricas podem ser definidas como um sistema reservatório no

qual componentes ativos ficam encapsulados ao redor de uma membrana polimérica

com tamanho da ordem de nanômetros.

A grande vantagem das nanocápsulas poliméricas é a sua alta gama de

aplicações, que vai desde a liberação controlada de perfumes, medicamentos, tintas

para parede até a diminuição na quantidade de ingredientes ativos.

Existem vários métodos de preparação das nanocápsulas poliméricas, cada um

deles apresentando vantagens e desvantagens. Esses métodos podem ser divididos

em duas grandes categorias: aqueles cuja preparação necessita de uma reação de

polimerização do monômero, e aqueles em que são utilizados polímeros pré-formados.

Exemplos da primeira categoria são: reações de polimerização em emulsão,

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miniemulsão e polimerização interfacial. Já para o segundo caso, tem-se emulsificação

com evaporação do solvente e nanoprecipitação.

A técnica de polimerização em miniemulsão é uma técnica muito eficiente para

encapsulação de compostos ativos, uma vez que ela permite a obtenção de

nanocápsulas poliméricas em uma única etapa.

Polimerização em miniemulsão começou a ser estudada pela primeira vez na

década de 1970, na Pensilvânia, Estados Unidos, e pode-se dizer que atualmente, há

um grande interesse na comunidade científica em seu estudo. É a partir dessa técnica,

por exemplo, que se tem obtido a encapsulação de sólidos inorgânicos e outros

materiais que não são passíveis de obtenção por outras técnicas.

Outras vantagens da polimerização em miniemulsão incluem a praticidade de se

utilizar um iniciador organossolúvel ou hidrossolúvel, bem como conduzir as reações em

água, sendo importante quando relacionado à química verde. Além disso, as reações

de polimerização em miniemulsão podem acontecer a temperaturas inferiores a 100 °C,

evitando assim, que ocorra a instabilidade no látex, além de permitir a redução no custo

do processo.

Para se obter uma polimerização em miniemulsão estável, é necessária a adição

de um coestabilizador. Muitos artigos na literatura apresentam o hexadecano, um

alcano de cadeias saturadas, como um coestabilizador eficiente.

Contudo, já existem na literatura trabalhos que mostram que óleos vegetais de

jojoba e andiroba (CARDOSO; ARAÚJO; SAYER, 2013), linhaça e castanha do Pará

(BRESOLIN, 2013) atuaram como eficientes coestabilizadores na formação de

nanocápsulas poliméricas de poliestireno e polimetacrilato de metila.

A grande vantagem do uso desses óleos vegetais é que além de

coestabilizadores, eles podem ser incorporados nas nanocápsulas poliméricas,

obtendo-se nanocápsulas biodegradáveis e biocompatíveis para veiculação de

compostos ativos para fins médicos, cosméticos e nutricionais. Os óleos vegetais

podem ainda, conferir características importantes as nanocápsulas.

Este projeto teve como objetivo o estudo de óleos vegetais de coco, jojoba e argan

como novos coestabilizadores para reações de polimerização em miniemulsão. O óleo

de coco e jojoba apresentam, como uma de suas principais características, efeito anti-

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inflamatório e são altamente resistentes a degradação e oxidação. Já o óleo de argan

tem sido muito utilizado para tratamentos de beleza e cosméticos devido ao seu alto

poder de hidratação.

Vale ressaltar que os estudos de outros óleos vegetais como coestabilizadores

para reações de polimerização em miniemulsão encontrados até o momento em

literatura, foram realizados em um banho termostático, e a miniemulsão foi obtida

usando o homogeneizador do tipo rotor-estator Ultra-Turrax.

Por isso, além do estudo dos óleos de coco, jojoba e argan como novos

coestabilizadores em reações de polimerização em miniemulsão, este projeto propôs o

desenvolvimento de um novo procedimento experimental usando um reator de tanque

agitado e um homogeneizador de alta pressão, contribuindo assim, para que esses

tipos de reações, utilizando óleos vegetais como coestabilizadores, sejam futuramente

realizados em escala industrial.

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2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é o estudo dos óleos vegetais de jojoba, coco e argan

como novos coestabilizadores para reações de polimerização em miniemulsão,

comparando-os com o já conhecido e utilizado hexadecano.

Além de atuarem como coestabilizadores, os óleos vegetais também foram

encapsulados para atuarem na veiculação de ativos hidrofóbicos, bem como para

conferir uma característica importante na nanocápsula.

Os objetivos específicos deste trabalho são:

1. desenvolver um procedimento experimental adequado para que as reações de

polimerização em miniemulsão sejam realizadas em um reator de tanque

agitado;

2. avaliar o efeito de diferentes óleos vegetais como coestabilizadores;

3. avaliar o efeito da utilização de diferentes óleos vegetais e do hexadecano na

cinética da polimerização em miniemulsão;

4. analisar a distribuição da massa molar obtida nas partículas poliméricas com

diferentes coestabilizadores;

5. avaliar a polidispersidade e o tamanho obtido das partículas poliméricas e

6. determinar a temperatura de transição vítrea (Tg) do polímero obtido utilizando

hexadecano e os óleos vegetais como coestabilizadores.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este presente capítulo tem como objetivo apresentar a importância, as

propriedades e aplicações das nanocápsulas poliméricas e dos óleos vegetais

utilizados, bem como descrever a técnica de polimerização em miniemulsão e as suas

características. O estado da arte também é apresentado neste capítulo, com o objetivo

de mostrar o que já existe na literatura a respeito do tema abordado e a contribuição

deste presente trabalho.

3.1 Nanocápsulas poliméricas

Nanocápsulas poliméricas são sistemas veiculares compostos por um núcleo,

normalmente oleoso, contido por uma fina camada de polímero (Figura 3.1). Uma de

suas características principais está relacionada ao seu tamanho, que pode variar de 5

até 1000 nm (MORA-HUERTAS et al., 2009).

Figura 3.1: Esquema de uma nanocápsula polimérica. A parte externa é formada por uma fina camada de polímero, e a parte interna possui um núcleo oleoso ou aquoso. Fonte: Adaptado de Park; Balakrishnan; Yang (2013).

As nanocápsulas atuam como um “reservatório”, no qual diferentes ingredientes

ativos podem ser encapsulados, como fármacos, perfumes, cosméticos, produtos para

tratamento de tecidos, corantes, tintas para impressão, entre outros (PARK;

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BALAKRISHNAN; YANG, 2013; SAMYN et al., 2012). Os compostos ativos podem

estar na forma líquida ou sólida. Além disso, esse reservatório poderá ser lipofílico ou

hidrofílico, dependendo do método de preparação e dos reagentes utilizados.

Entretanto, devido a limitações operacionais de alguns métodos, os compostos ativos

podem permanecer nas superfícies das nanocápsulas ou ficarem embebidos nas

membranas poliméricas (MORA-HUERTAS; FESSI; ELAISSARI, 2009).

As nanocápsulas poliméricas aparecem atualmente, como fortes candidatas à

liberação controlada e orientada de compostos bioativos (EZHILARASI et al., 2012;

ZHAO et al., 2013), que por serem compostos instáveis, podem sofrer reações que

levam à diminuição ou perda da eficácia e até mesmo a degradação do produto

(DAUDT et al., 2013).

O estudo das nanocápsulas poliméricas em especial na área médica deve-se ao

fato de que muitos medicamentos, quando administrados, não atingem somente o

órgão afetado, podendo ocasionar efeitos indesejados ou até mesmo efeitos colaterais

(FARIAS, 2010).

Na área cosmética, as nanocápsulas poliméricas vêm se destacando muito em

produtos com filtros solares, como maquiagens e hidratantes, em função da fácil

encapsulação de substância lipofílicas, devido ao seu núcleo oleoso (FARIAS 2010).

Nanocápsulas poliméricas para a liberação de ácido retinoico, uma forma oxidada

da vitamina A, já foram desenvolvidas e caracterizadas para o tratamento tópico da

acne (LARA, 2008).

Já para perfumes, as nanocápsulas poliméricas ajudam em sua liberação

controlada, fazendo com que os produtos apresentem maior poder de fixação (PEÑA et

al., 2012).

A L’Oréal Paris foi a primeira empresa, em 1995, a desenvolver produtos

cosméticos baseado em nanocápsulas poliméricas. A Tabela 3.1 apresenta algumas

empresas que já atuam com essa tecnologia e seus respectivos produtos.

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Tabela 3.1: Empresas que já disponibilizaram cosméticos com a tecnologia das nanocápsulas. Adaptado de Schmaltz, Santos e Guterres (2005).

Empresa Ativo Forma cosmética

L’Oréal Paris Vitaminas A e E, retinol,

beta-caroteno Creme, loção

Lancôme Vitaminas A e E, retinol,

beta-caroteno, ceramidas, licopeno

Creme, gel, gel-creme, loção,

spray

Vichy Vitamina A Creme

Ziaja Cosmetics Retinol Creme

Matis Complexo de despigmentação Creme

Segundo Schmaltz et al. (2005), a grande vantagem do uso dessa tecnologia na

área cosmética é de que as nanocápsulas ajudam no aumento da eficácia do produto,

aumento da estabilidade e eficiência de ação do ativo, liberação gradual em doses

favoráveis, e melhoria na resistência natural da pele, ajudando a reparar e a fortalecer

camadas mais profundas.

A tecnologia das nanocápsulas poliméricas é muito benéfica quando relacionada

ao corpo humano, contudo, ela também pode ter diferentes vantagens e

funcionalidades em diversas outras áreas.

Na área têxtil, a encapsulação tem sido utilizada para melhorar o desempenho

térmico dos tecidos (ONDER et al., 2008) e até mesmo encapsular extratos de plantas

herbais no controle antimicrobiano e antifungicida de roupas de algodão e seda usados

em cirurgias, roupas de bebê e roupas íntimas (SARASWATHI et al., 2010).

Na indústria de tintas, há um estudo mostrando que a técnica de encapsulação

poderá ser utilizada para a encapsulação de pigmentos, o que ajudará, por exemplo, na

retenção e qualidade da tinta (OLIVEIRA, 2011).

Já na indústria alimentícia, a técnica de encapsulação tem sido utilizada para

promover a liberação de nutrientes para aumentar a biodisponibilidade, realçar o sabor,

a textura e a consistência do alimento. Além disso, algum outro agente poderia ser

usado para mascarar um sabor ou odor indesejável no alimento (CUSHEN et al., 2012).

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Uma das áreas também promissoras para o uso das nanocápsulas poliméricas é a

indústria agroquímica. Segundo Kookana et al. (2014), os nanopesticidas, como são

chamadas as nanocápsulas que contém pesticida, representam um avanço tecnológico

emergente, pois com o uso das nanocápsulas, os pesticidas poderiam oferecer uma

ampla gama de benefícios, incluindo aumento da eficácia, durabilidade e redução das

quantidades dos ingredientes ativos que precisam ser usadas na formulação desses

produtos.

Neste projeto, fez-se a escolha de utilização do polimetacrilato de metila como

polímero para as nanocápsulas, uma vez que, este polímero apresenta uma gama

ampla de características, que podem facilitar a sua funcionalização nas nanocápsulas

para uma determinada aplicação.

3.2 Polimetacrilato de metila

O Polimetacrilato de metila (PMMA) é um polímero linear, amorfo e é obtido

através da polimerização por adição através do seu monômero, metacrilato de metila,

normalmente na presença de um iniciador e de temperatura, conforme observado na

Figura 3.2.

Figura 3.2: Esquema de polimerização do metacrilato de metila.

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Esse polímero foi descoberto em 1928 e sua comercialização foi iniciada em 1933

pela empresa norte-americana Rohm and Haas. O PMMA é um termoplástico rígido

caracterizado principalmente pela sua leveza. Além disso, também possui excelentes

características óticas, podendo ser, muitas vezes o substituto do vidro, já que apresenta

uma grande transparência, que transmite até 92% da luz visível (NETTO et al., 2009). O

polimetacrilato de metila também é conhecido como resina acrílica, e pode ser

encontrado nos mais variados seguimentos, conforme apresentado na Tabela 3.2.

Tabela 3.2: Exemplos de segmentos onde o PMMA pode ser encontrado.

Segmento Equipamento

Eletrônica Peças de computador, Capas de aparelhos

Feixes luminosos

Automobilística Triângulo de segurança

Faróis

Construção Civil Instalações sanitárias

Capas de conservação

O PMMA foi o primeiro polímero acrílico utilizado com êxito como um biomaterial

por apresentar baixa toxicidade (FEUSER et al., 2013). Por ser transparente, hidrofóbico

e apresentar estabilidade dimensional, o PMMA já é utilizado em lentes intraoculares e

de contato. Além disso, esse polímero também já é encontrado na área de odontologia

em cimentos dentais. Na área médica, ele pode ser encontrado em próteses ósseas e

medicamentos (UCHEGBU; SCHATZLEIN, 2006).

3.3 Óleos vegetais como coestabilizadores

Segundo Guo e Schork (2008), a estrutura da cadeia do coestabilizador influencia

na taxa de reação da polimerização, uma vez que os radicais livres presentes na

polimerização podem reagir com as ligações duplas do coestabilizador, retardando,

dessa maneira, a taxa da reação.

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Portanto, a escolha dos óleos de jojoba e coco para o presente trabalho deve-se

ao fato desses óleos vegetais constituírem preferencialmente em suas estruturas,

cadeias saturadas. O óleo de argan, por sua vez, é composto essencialmente de

cadeias insaturadas.

3.3.1 Óleo de jojoba

O óleo de jojoba provém da semente de Simmondsia chinensis, inicialmente

cultivada no deserto de Sonora, no sudoeste dos Estados Unidos. Atualmente, muitos

outros lugares como Costa Rica, México, Argentina, Paraguai e até mesmo o Brasil,

cultivam essa planta (GUNSTONE, 1990).

Diferentemente de outros óleos vegetais, o óleo de jojoba não possui em sua

composição química uma mistura de triacilgliceróis. O óleo é composto por ésteres de

cadeia longa (Figura 3.3) derivados principalmente dos C18, C20, C22, C24 de ácidos e

álcoois monoinsaturados (SAGUY et al., 1996). A Tabela 3.3 apresenta as principais

composições químicas do óleo de jojoba.

Figura 3.3: Estrutura química de um éster presente no óleo de jojoba. Fonte: Cardoso; Araújo; Sayer (2013).

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Tabela 3.3: Composição química dos principais ésteres presentes no óleo de jojoba. Adaptado de Wisniak (1994).

Comprimento da cadeia de éster

Combinação de álcool/ácido

Composição (%)

38

16/22 0,2

18/20 1,0

20/18 5,4

22/16 0,2

40

16/24 0,6

18/22 1,5

20/20 24,3

22/18 3,6

24/16 0,3

42

18/24 1,5

20/22 10,5

22/20 37,0

24/18 1,0

44

20/24 0,9

22/22 2,1

24/20 7,0

Devido à característica da sua estrutura química, o óleo de jojoba possui grande

resistência à oxidação e a degradação, possibilitando a sua estocagem por anos

(CARDOSO; ARAÚJO; SAYER, 2013).

O óleo de jojoba ainda não foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA),

entretanto já há estudos que mostram a sua eficácia no revestimento de alguns

alimentos como chocolate e frutas secas, com o objetivo de melhorar a estabilidade e

reduzir a perda de humidade quando comparado com óleo hidrogenado (SHIMADA;

ROOS; KAREL, 1991). Há ainda estudos que mostram resultados benéficos na

substituição de óleos e gorduras por óleo de jojoba em maioneses e margarinas

(SAGUY et al., 1996). Ele ainda pode ser usado em alimentos dietéticos e alimento

para animais (DRÉAU et al., 2009).

O óleo de jojoba possui propriedades anti-inflamatórias, podendo ajudar na

cicatrização de feridas (CARDOSO; ARAÚJO; SAYER, 2013). Existem estudos que

mostram que o óleo pode ser muito promissor no processo de regeneração cutânea,

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uma vez que, novas formulações para cosméticos em pós-barba, batons para lábios

desidratados e loção para pele acneica estão sendo desenvolvidas (ZAGUE et al.,

2008).

3.3.2 Óleo de argan

O óleo de argan é obtido do fruto de argan que provém da árvore Argani spinosa

(Sapotaceae), originária no sudoeste do Marrocos (DRISSI et al., 2004).

Possui em sua composição química cadeias insaturadas de ácidos graxos,

contendo aproximadamente 45% de ácido oleico e 35% de ácido linoleico. O ácido

oleico possui uma cadeia de 18 carbonos com apenas uma insaturação, enquanto que

o ácido linoleico também possui uma cadeia de 18 carbonos, porém com duas

insaturações. Suas representações podem ser dadas por: C18:1 e C18:2,

respectivamente.

O óleo de argan também apresenta em sua composição 6% de ácido esteárico,

uma cadeia saturada com 18 carbonos, e 12% de ácido palmítico, uma cadeia saturada

com 16 carbonos.

A Tabela 3.4 mostra a composição química dos principais ácidos graxos do óleo

de argan e a Figura 3.4 apresenta as estruturas químicas do ácido oleico e ácido

linoleico.

Tabela 3.4: Composição química (%) do óleo de argan.

Óleo Vegetal

C8:0 C10:0 C12:0 C14:0 C16:0 C18:0 C18:1 C18:2 C18:3 C20:0 C22:0 Outro

Argan - - - - 12 6 45 35 - - - -

O óleo de argan é usado para tratamentos de beleza, bem como cosméticos,

especialmente para cabelos, pois auxilia na sua hidratação (GUILLAUME; CHARROUF,

2011).

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Por possuir, mesmo que em pequenas quantidades, compostos fenólicos,

fitoestanóis e tocoferóis, que são agentes com efeitos antioxidantes, o óleo de argan

pode assumir um papel importante na prevenção de doenças cardiovasculares (DRISSI

et al., 2004).

Além disso, já foi provado que o óleo de argan possui atividade antitrombótica

(MEKHFI et al., 2012).

(a)

(b)

Figura 3.4: Estrutura química dos principais componentes do óleo de argan: ácido oleico (a) e ácido linoleico (b).

3.3.3 Óleo de coco

O óleo de coco virgem é extraído a frio a partir da massa do fruto da espécie

Cocos nucifera L, sendo que os países que mais produzem coco são Indonésia,

Filipinas e Índia.

O óleo de coco, líquido a temperatura ambiente, possui em sua composição uma

elevada concentração de ácidos graxos saturados de cadeia média, diferentemente de

outros óleos vegetais que têm uma alta concentração de ácidos graxos de cadeia

longa. Essa característica permite ao óleo de coco a vantagem de ser altamente estável

e resistente a oxidação. O que diferencia uma cadeia média a uma cadeia longa é a

quantidade de carbonos na cadeia do óleo. Geralmente, diz-se que óleo tem cadeia

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média, quando, na sua estrutura, o composto possuir de 6 a 12 cadeias de carbono em

comprimento (KRISHNA et al., 2010).

O óleo de coco é composto, na sua grande maioria, pelo ácido láurico, uma cadeia

de carbono com 12 átomos de carbono saturados (Figura 3.5), e outros compostos

como ácido caprílico (C8:0), ácido cáprico (C10:0), ácido mirístico (C:14:0),ácido

palmítico (C16:0) e ácido esteárico (C18:0), fazendo com que mais de 92% de sua

composição sejam constituídas de ácidos graxos saturados. A Tabela 3.5 apresenta a

composição química dos ácidos graxos no óleo de coco.

OH

O

CH3

Figura 3.5: Estrutura química do ácido láurico

Tabela 3.5: Composição (%) dos ácidos graxos presentes no óleo de coco. Adaptado de Krishna et al. (2010)

Óleo Vegetal

C8:0 C10:0 C12:0 C14:0 C16:0 C18:0 C18:1 C18:2 C18:3 C20:0 C22:0 Outro

Coco 7,0 5,4 48,9 20,2 8,4 2,5 6,2 1,4 - - - -

O interesse no estudo do óleo de coco deve-se ao fato de ele apresentar várias

propriedades benéficas, entre elas efeito anti-inflamatório e o efeito antioxidante

(KRISHNA et al., 2010). Além disso, Debmandal e Mandal (2011) descrevem outras

propriedades do óleo como a sua atividade antibacteriana, antiviral e fungicida, bem

como as suas propriedades repelentes contra insetos.

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3.4 Técnicas de polimerização para obtenção de nanocápsulas poliméricas

Existem várias técnicas de obtenção de nanocápsulas poliméricas, entre elas

inchamento osmótico, encapsulação de um não solvente, emulsão de água-em-óleo-

em-água, deposição interfacial ou nanoprecipitação de polímero previamente formado e

incorporação de um agente expansor (BERNARDY, 2009).

Contudo, uma das técnicas utilizadas tem sido a polimerização em miniemulsão

pelo fato de se obter as nanocápsulas em apenas uma etapa de reação.

Na literatura, é possível encontrar trabalhos cujo objetivo foi utilizar a técnica de

polimerização em miniemulsão a fim de se encapsular algum tipo de material. Gaudin e

Sintes-Zydowicz (2011) desenvolveram nanocápsulas de poliuretano com tamanho

médio de 70 nm a partir da técnica de polimerização em miniemulsão. Hofmeister et al.

(2014) encapsularam uma fragrância altamente volátil para perfumes utilizando a

técnica de polimerização em miniemulsão.

O item 3.4.2 tem como objetivo mostrar as características, bem como as

vantagens e desvantagens da técnica de polimerização em miniemulsão. Entretanto,

para melhor entendimento dessa técnica, é feita uma introdução da técnica de

polimerização em emulsão. Vale ressaltar que a polimerização em emulsão não foi

abordada neste projeto.

3.4.1 Polimerização em emulsão

A polimerização em emulsão é uma técnica de polimerização que acontece em

sistemas heterogêneos, em que grande parte da reação de propagação da cadeia

ocorre nas partículas de polímeros derivados das micelas nucleadas dispersas na fase

aquosa. O tamanho das micelas nucleadas varia de 20 a 1000 nm de diâmetro.

O produto da polimerização em emulsão é chamado de látex, que pode ser

definido como uma dispersão de partículas de polímero em água. Uma das grandes

vantagens dessa técnica é a obtenção de polímeros com alta massa molar a altas taxas

de reação, e a facilidade de se controlar a temperatura no processo da polimerização

(HERCK; LANDFESTER, 2010).

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Normalmente, a técnica de polimerização em emulsão contém um surfactante

formador de micelas e um iniciador em combinação com um monômero insolúvel ou

pouco solúvel em água. Habitualmente são utilizados iniciadores hidrossolúveis, porém

tem havido um aumento significativo de pesquisadores que estão optando pela

utilização de iniciadores organossolúveis (HERCK; LANDFESTER, 2010).

A Figura 3.6 representa o mecanismo de como uma polimerização em emulsão

acontece. Normalmente, três diferentes intervalos podem ser observados.

Figura 3.6: Esquema representando o processo de polimerização em emulsão. Fonte: Reis (2011).

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No intervalo I, o sistema é composto pelas gotas de monômero, surfactante e

água. Inicialmente, a estabilidade da dispersão do monômero é atingida pela presença

dos surfactantes. É importante que se atinja a concentração micelar crítica (CMC) para

que ocorra a micelização e as partículas de polímero possam ser formadas pela entrada

de radicais nas micelas. Contudo, vale ressaltar que as partículas de polímero também

podem ser formadas nas gotas de monômero. Entretanto, a probabilidade do radical

entrar na gota do monômero é muito menor. Isso porque, as gotas de monômero são

relativamente maiores (1-10 µm) quando comparadas as micelas inchadas pelo

monômero (5-10 nm), e, consequentemente, a área da superfície das micelas é muito

maior do que a da gota de monômero. As partículas de polímeros são formadas por um

processo chamado nucleação.

O intervalo II é caracterizado pelo crescimento das partículas de polímero, e uma

quantidade crescente de emulsificante é necessária para estabilizá-las. As partículas

inchadas de monômero crescem, aumentam a sua área de superfície e consomem as

gotas de monômero.

Por fim, no intervalo III, há o desaparecimento das gotas de monômero, e a

concentração do monômero nas partículas diminui continuamente até o completo

consumo do monômero.

Vale destacar que o monômero utilizado na polimerização em emulsão deve ser

transportado das gotas para o interior das partículas em crescimento, via difusão pela

fase aquosa, e isto, em alguns casos, pode representar uma desvantagem dessa

técnica. Por isso, em reações em que se deseja utilizar monômeros altamente

hidrofóbicos, a polimerização em miniemulsão é uma alternativa, uma vez que na

polimerização em emulsão não haverá o transporte imediato das gotas de monômero

até as partículas em crescimento, devido a baixa capacidade de difusão do sistema

aquoso (MORAES, 2007).

3.4.2 Polimerização em miniemulsão

A técnica de polimerização em miniemulsão ocorre em dispersões

submicrométricas de monômero em água. Em outras palavras, são dispersões aquosas

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de gotículas de óleo relativamente estáveis, com uma faixa de tamanho de 50 a 500

nm. As gotas são normalmente criadas a partir da aplicação de uma força de

cisalhamento em uma emulsão convencional.

A Figura 3.7 mostra o esquema do processo de uma polimerização em

miniemulsão.

Figura 3.7: Esquema representando o processo de uma polimerização em miniemulsão. Fonte: Bresolin (2013).

As miniemulsões podem ser preparadas e estabilizadas com o uso apropriado de

um surfactante, e um coestabilizador de baixa massa molar e insolúvel em água.

Entretanto, a quantidade e o tipo de surfactante utilizado, além do mecanismo de

dispersão e sua intensidade, são fatores que influenciam na característica da

miniemulsão. Por exemplo, quanto maior a concentração de surfactante, menor será o

diâmetro das gotas, devido a uma menor tensão interfacial (BRESOLIN, 2013, HERCK;

LANDFESTER, 2010). Além disso, a polimerização em miniemulsão tem como

característica a produção de gotas de monômero muito pequenas, por isso a área

superficial das gotas nesse tipo de sistema é muito grande, e a maioria do surfactante

presente é adsorvido na área superficial da gota (SCHORK et al., 2005).

Diferentemente do que acontece na emulsão, em que normalmente as partículas

são formadas nas micelas, a polimerização em miniemulsão tem como característica

predominante, o mecanismo de nucleação nas gotas. Por essas gotas serem de

tamanhos submicrométricas, é necessária uma maior quantidade de surfactante para

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manter as gotas estáveis. As micelas, antes formadas na fase aquosa, são desfeitas

para estabilizar a superfície das gotas (SCHORK et al., 2005).

Pode-se dizer que a reação de polimerização em miniemulsão permite a síntese

de uma grande variedade de polímeros em meio disperso devido ao seu conceito de

nanorreatores, pois em cada gota da miniemulsão, poderia ocorrer hipoteticamente uma

polimerização em massa, sendo o meio contínuo (fase aquosa), utilizado para o

transporte de iniciadores, subprodutos e calor (LANDFESTER, 2003).

Vale ressaltar que tanto na polimerização em emulsão quanto na polimerização

em miniemulsão é possível sintetizar látices com diferentes propriedades coloidais,

entre elas morfologia, tamanho de partículas, distribuição do tamanho de partículas,

concentração de partículas, entre outros, como também polímeros com diferentes

propriedades estruturais, como composição, distribuição da massa molar e

microestrutura (MORAES, 2007).

3.4.2.1 Equipamentos utilizados no processo de miniemulsão

Para que se obtenham tamanhos de gotas pequenas, uma eficiente

homogeneização mecânica, na emulsificação, é necessária (LANDFESTER, 2003).

Existem atualmente no mercado, diversos equipamentos para emulsificação, entre eles

sistemas dispersores de alta velocidade, homogeneizadores de alta pressão e

ultrassom.

A diferença de um ultrassom para um dispersor de alta velocidade e um

homogeneizador de alta pressão está na quantidade de solução a ser homogeneizada

(ANTONIETTI; LANDFESTER, 2002). O ultrassom normalmente é utilizado quando se

deseja homogeneizar uma grande quantidade de solução, ao passo que

homogeneizadores e dispersores de alta velocidade são usados para grandes

quantidades.

Na preparação da miniemulsão, a fase orgânica, geralmente constituída de

monômero, iniciador e coestabilizador, é adicionada a fase aquosa, composta por água

e surfactante, e mantida por agitação por um determinado tempo. Após esse

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procedimento, a solução é então emulsificada. A emulsificação consiste em dois passos

mecânicos: o primeiro em que há a deformação e rompimento das gotas, que aumenta

a área de superfície da emulsão, e o segundo na estabilização, pelo surfactante destas

interfaces recém criadas (ANTONIETTI; LANDFESTER, 2002).

Para o caso de homogeneizadores de alta pressão, a média do tamanho das

gotas irá diminuir quanto mais vezes a emulsão for passada por esse equipamento

(ASUA, 2002). Por isso, de uma forma geral, pode-se dizer que, quanto maior o tempo

de homogeneização, menor é o tamanho das gotas e sua polidispersidade (MORAES,

2007).

3.5 Degradação difusional e coalescência das gotas

Em uma reação de polimerização em miniemulsão, a escolha do coestabilizador e

do surfactante é de fundamental importância a fim de se evitar a degradação difusional

(Oswald ripening) e a coalescência das gotas.

A degradação difusional refere-se ao transporte de massa de gotas menores,

através da água, para gotas maiores, resultando assim, em um aumento médio no

tamanho das gotas. Ela pode ser evitada pela adição de um coestabilizador

(ANTONIETTI; LANDFESTER, 2002; ASUA, 2002; LANDFESTER, 2003).

Já a coalescência das gotas está relacionada às forças de van der Waals e tem

como resultado a fusão de duas ou mais gotas que colidem. A adição de surfactante

junto com o coestabilizador faz com que haja uma repulsão eletrostática ou esférica

para neutralizar as forças de van der Waals (ANTONIETTI; LANDFESTER, 2002).

A Figura 3.8 apresenta o esquema da degradação difusional e por coalescência.

Figura 3.8: Representação do mecanismo de degradação por coalescência e degradação difusional. Fonte: Romio (2011).

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3.6 Escolha do coestabilizador

Higushi e Misra (1962 apud MORAES, 2007) propuseram que emulsões instáveis

podem ser estabilizadas contra a degradação difusional pela adição de pequenas

quantidades de um terceiro componente, o qual se deve distribuir preferencialmente na

fase dispersa, chamado de coestabilizador, agente hidrofóbico ou hidrófobo. Esse

componente tem o papel de gerar uma pressão osmótica adicional e contrabalancear a

pressão da gota.

Webster e Cates (1998) descreveram teoricamente o efeito de estabilização pela

adição do coestabilizador. Eles mostraram que a adição de um coestabilizador aumenta

a estabilidade das gotas. Entretanto, através dos cálculos, verifica-se que a pressão

entre as gotas (pressão de Laplace), geradas após a miniemulsificação e a pressão

osmótica gerada pelo coestabilizador ainda não são totalmente contrabalanceadas, pois

a pressão de Laplace é maior, e por isso a estabilidade da miniemulsão é considerada

na literatura como metaestável ou como pseudo-equilíbrio, devido ao sistema estar em

um estado crítico, ou seja, um estado que não apresenta equilíbrio termodinâmico

devido a pressão de gota ser diferente de zero, mas que é caracterizado por apresentar

um estado de igual pressão em todas as gotas (LANDFESTER, 2003 apud MENDES,

2007).

Os tamanhos das partículas de miniemulsões polimerizadas rapidamente não

dependem ou dependem muito pouco da quantidade de coestabilizador utilizado.

Entretanto, sabe-se que há uma razão mínima de 1:250 (coestabilizador:monômero)

para que se tenha nas gotas uma pressão osmótica que seja superior à influência das

primeiras cadeias poliméricas formadas (MORAES, 2007).

Pode-se dizer que um coestabilizador eficiente é aquele que possuí baixa massa

molar, bem como que seja altamente insolúvel em água e altamente solúvel no

monômero para prevenir desestabilização das gotas através da degradação por

coalescência e a degradação difusional.

Muitos artigos na literatura usam o hexadecano como coestabilizador. Entretanto,

uma característica interessante que tem sido observada é o fato de se utilizar

coestabilizadores que possuam uma característica funcional no produto final, já que os

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coestabilizadores permanecem nas partículas poliméricas e podem ter algum efeito

sobre os polímeros (BRESOLIN, 2013).

Há relatos na literatura que polímeros, entre eles o poliéster e poliuretano, podem

ser usados como coestabilizadores, mesmo eles possuindo uma alta massa molar.

Entretanto, segundo Schork et al. (2005), o uso do polímero não afetará em nenhum

momento a estabilidade da gota, uma vez que o polímero é altamente insolúvel em

água e altamente solúvel em seu monômero. Experimentos foram realizados e foi

observado que o polímero manteve as mesmas características de coestabilizador,

quando comparado com hexadecano (SCHORK et al., 2005).

Neste trabalho foram utilizados os óleos vegetais (coco, argan e jojoba) como

coestabilizadores. O hexadecano foi utilizado para efeito de comparação.

3.7 Escolha do iniciador

Para as reações de polimerização em miniemulsão, é possível a adição tanto de

um iniciador hidrossolúvel quanto organossolúvel. Quando um iniciador hidrossolúvel é

utilizado, a polimerização começa a partir da fase aquosa, e o mecanismo de reação é

bem parecido com a reação de polimerização em emulsão (ANTONIETTI;

LANDFESTER, 2002).

Assim como nas polimerizações em emulsão, houve uma tendência muito grande

da comunidade científica em usar o iniciador hidrossolúvel nas polimerizações em

miniemulsão. Entretanto, atualmente, observa-se pesquisadores começando a usar um

iniciador organossolúvel. A diferença é que a solubilidade do iniciador ocorrerá na fase

orgânica, e por isso, a reação se inicia principalmente dentro da gota.

A escolha de um iniciador organossolúvel deve-se às características do

monômero: ou que ele seja altamente solúvel em água, a fim de se prevenir uma

possível nucleação secundária, ou que ele seja extremamente hidrofóbico, para que a

concentração de monômero da fase aquosa não seja alta suficientemente para criar

radicais de oligômeros que possam entrar nas gotas (ANTONIETTI; LANDFESTER,

2002).

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Segundo Schork et al. (2005) iniciadores organossolúveis têm sido usados em

reações de polimerização em miniemulsão para aumentar a conversão de monômero.

Em muitos casos, os iniciadores organossolúveis foram usados como “iniciadores finais”

para aumentar a conversão final de monômero, enquanto iniciadores hidrossolúveis

foram usados na maior parte da polimerização.

Um fato interessante que também foi observado por Schork et al. (2005) é que a

escolha do iniciador modifica a morfologia da partícula, já que iniciadores

organossolúveis propiciam maior mobilidade dos grupos terminais das cadeias

poliméricas dentro das partículas, quando comparado com iniciadores hidrossolúveis, já

que a tendência dos grupos hidrofílicos é permanecer ancorado na superfície das

partículas, e como consequência, tem-se uma morfologia menos uniforme.

Neste projeto, foi utilizado o iniciador organossolúvel 2,2’-azobis-isobutironitrila

(Figura 3.9), por ele já ser utilizado em outros projetos de pesquisa utilizando óleos

vegetais como coestabilizadores.

Figura 3.9: Estrutura molecular do iniciador organossolúvel 2,2’-azobis-isobutironitrila.

3.8 Escolha do surfactante

A principal função do surfactante em reações de polimerização em

emulsão/miniemulsão é fornecer a estabilização eletrostática ou estérica às gotas para

prevenir o sistema da coalescência devido à colisão.

O sistema normalmente é estabilizado com a escolha e quantidade correta de

surfactante. Em miniemulsão, o tamanho das gotas após o processo de

homogeneização, depende diretamente da quantidade de surfactante, pois quanto

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maior a quantidade de surfactante, maior é a área referente à interface das gotas de

monômeros com o meio disperso que pode ser estabilizada por estas moléculas e com

isso, menor pode ser o tamanho das gotas (MORAES, 2007).

Para reações de polimerização em miniemulsão, tem se observado na literatura

que a maioria dos surfactantes utilizados para a estabilização do sistema são

surfactantes aniônicos. Um dos motivos seria a alta aplicação desse tipo de surfactante

em reações de polimerização em emulsão, e ainda devido a sua alta compatibilidade

com alguns tipos de monômero, entre eles monômeros neutros e ácidos, e iniciadores

aniônicos (SCHORK et al., 2005).

Há artigos na literatura que mostram que, quando um surfactante catiônico foi

utilizado, não houve uma diferença relacionada ao tamanho das partículas e que,

portanto, o surfactante catiônico produziu tamanhos similares de partículas que aos

produzidos pelo surfactante aniônico (ASUA, 2002).

Entretanto, quando um surfactante não iônico foi utilizado, pôde-se perceber que

havia a necessidade de se utilizar o hexadecano como coestabilizador para se obter

uma miniemulsão estável. O surfactante não iônico não foi capaz de ser utilizado como

surfactante e coestabilizador ao mesmo tempo. Além disso, as gotas obtidas com o

surfactante não iônico foram maiores quando comparadas com as obtidas a partir de

surfactantes aniônico (SCHORK et al., 2005).

Neste trabalho, foi utilizado o lauril sulfato de sódio (SLS) como surfactante

aniônico (Figura 3.10).

Figura 3.10: Estrutura molecular do lauril sulfato de sódio.

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3.9 Polimerização em miniemulsão para encapsulação de líquidos

A encapsulação de sólidos ou líquidos em uma casca polimérica é possível

através da técnica de polimerização em miniemulsão, sendo produzidos materiais

importantes com variadas aplicações. A encapsulação de líquidos orgânicos, por

exemplo, permite a obtenção de materiais funcionais, em que o núcleo contém o

produto de interesse, que está protegido e estabilizado pela parede polimérica

(BRESOLIN, 2013).

Pode-se utilizar os mais variados tipos de monômeros para a formação das

nanocápsulas, sendo que a sua escolha provém a partir de suas características. As

nanocápsulas são formadas pelo monômero na presença de uma grande quantidade de

um líquido orgânico, que pode ser um hidrocarboneto de cadeia longa ou um óleo, que

formam uma miniemulsão em comum para ser polimerizada (BRESOLIN, 2013).

A grande vantagem da polimerização em miniemulsão está na sua alta eficiência

em obter a encapsulação em apenas uma única etapa, uma vez que durante a

polimerização em miniemulsão, o polímero, que é imiscível no óleo, promove a

separação de fases, formando partículas com uma morfologia constituída de uma casca

polimérica circundando o núcleo de óleo (ANTONIETTI; LANDFESTER, 2002; ASUA,

2002; LANDFESTER, 2003).

Entretanto, durante a encapsulação dos óleos pode ocorrer a reação entre as

ligações duplas do óleo insaturado com as cadeias poliméricas em crescimento,

levando a formação de um composto com massa molar intermediária, com valores entre

a massa molar do polímero e a massa molar do óleo (CARDOSO; ARAÚJO; SAYER,

2013), resultando na formação de um polímero híbrido, pois há a enxertia de moléculas

de óleo nas cadeias de polímeros.

A reação de enxertia pode ocorrer de duas maneiras: ou por adição às ligações

duplas das moléculas de polímero em crescimento, ou por abstração de hidrogênio do

óleo. A maneira pela qual a enxertia ocorre vai depender, principalmente, da estrutura

dos grupos que circundam o sítio reativo da molécula insaturada e as características da

estrutura do radical polimérico, apesar da enxertia por adição ser energeticamente mais

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favorável (BRESOLIN, 2013). As Figuras 3.11 e 3.12 apresentam o esquema de

enxertia por adição às ligações duplas e por abstração de hidrogênio.

Figura 3.11: Esquema representando a enxertia por adição às ligações duplas do óleo. Adaptado de Bresolin (2013).

Figura 3.12: Esquema representando a enxertia por abstração ao hidrogênio Adaptado de Bresolin (2013).

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3.10 Mecanismo cinético da polimerização em miniemulsão

Polimerização via radical livre consiste na técnica mais empregada em síntese de

polímeros. O radical livre é formado através de uma cisão homolítica de uma ligação

covalente fraca na molécula do iniciador.

O radical livre é uma molécula com um elétron não emparelhado. A propensão

para este radical livre ganhar um elétron adicional a fim de se formar um par gera um

centro altamente reativo, de forma a quebrar a ligação dupla de uma outra molécula,

abstraindo um elétron e transferindo o caráter radical para esta outra molécula.

Na polimerização via radical livre, o radical irá atacar o monômero, que contém a

ligação dupla, e o elétron desemparelhado migra para outra parte da molécula,

formando um radical livre a partir do monômero. O mecanismo da polimerização via

radical livre pode ser dividido em iniciação, propagação e terminação.

A etapa de iniciação consiste na decomposição do iniciador (I), formando um par

de radicais livres (R•), que são adicionados a uma molécula de monômero, produzindo

um radical primário (P1•), segundo equações genéricas abaixo:

(3.1)

(3.2)

Onde, kd é o coeficiente da taxa de decomposição do iniciador e ki é o coeficiente da

taxa de iniciação.

A Figura 3.13 mostra o mecanismo de decomposição do iniciador 2,2’-azobis-

isobutironitrila que foi utilizado neste trabalho. O iniciador se decompõe termicamente

dando origem ao radical livre 1-ciano-1-metiletila.

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Figura 3.13: Mecanismo de decomposição do iniciador 2,2’-azobis-isobutironitrila, eliminando uma molécula de nitrogênio e formando dois radicais de 1-ciano-1-metiletil. Adaptado de Carey (2008).

A Figura 3.14 mostra a reação do radical livre originário do iniciador AIBN

atacando a dupla ligação do monômero, o metacrilato de metila (reagentes utilizados

nesse trabalho), e obtendo-se o radical primário.

Figura 3.14: Reação entre o monômero metacrilato de metila e o radical livre proveniente do iniciador para a formação do radical primário.

A taxa de geração do radical iniciante pode ser expressa por:

(3.3)

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Já a taxa de produção do radical (Ri), pode ser expressa por:

(3.4)

Na etapa de propagação há o crescimento da espécie iniciadora de cadeia (P1•)

com sucessivas adições de monômero ao centro ativo, conforme apresentado

genericamente na equação abaixo:

(3.5)

Onde, Pn• e Pn+1• representam radicais poliméricos com n e n+1 unidades de repetição

em sua cadeia, respectivamente, e kp é o coeficiente cinético de propagação.

A Figura 3.15 mostra o início do crescimento da cadeia de polímero utilizando

como iniciador o 2,2’-azobis-isobutironitrila e como monômero o metacrilato de metila.

Figura 3.15: Representação da reação de formação da cadeia de polímero em crescimento.

A taxa de propagação Rp é definida por:

(3.6)

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A etapa de terminação ocorre quando dois radicais em crescimento se encontram

e reagem, tendo a formação de uma ou duas moléculas de polímero. Por isso, pode-se

dizer que existem dois tipos de terminação polimérica: combinação ou

desproporcionamento.

A terminação por combinação acontece quando o crescimento do polímero é

interrompido pela formação de uma ligação covalente entre dois elétrons

desemparelhados oriundos de duas cadeias crescentes, formando uma molécula de

polímero, conforme equação genérica abaixo:

(3.7)

onde ktc, é o coeficiente cinético de terminação por combinação.

Neste trabalho, a terminação do polimetacrilato de metila deve acontecer por

combinação e pode ser esquematizada conforme Figura 3.16.

Figura 3.16: Representação da terminação por combinação do polimetacrilato de metila.

A terminação por desproporcionamento acontece quando um radical captura um

hidrogênio de outro radical, e uma ligação dupla carbono-carbono toma o lugar do

hidrogênio perdido formando duas moléculas, conforme exemplificado na Figura 3.17,

onde R corresponde a uma cadeia polimérica de tamanho N e X corresponde a um

substituinte genérico.

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Figura 3.17: Exemplo de molécula de polímero com terminação por desproporcionamento, e ocasionando no aparecimento de duas moléculas de polímero.

Genericamente, a terminação por desproporcionamento pode ser descrita como:

(3.8)

onde ktd é o coeficiente cinético de terminação por desproporcionamento.

3.11 Estado da arte

A Tabela 3.6 apresenta alguns estudos já publicados em literatura sobre

encapsulação utilizando a técnica de polimerização em miniemulsão.

Tabela 3.6: Distribuição de artigos publicados envolvendo as palavras chave: polimerização em miniemulsão mais (vide tabela), no site de busca Web of Science ISI.

Período (anos)

Palavra chave : miniemulsion

polymerization + 1970-2000 2001-2006 2007-2014

Encapsulation 5 62 301

Nanocapsules 0 21 159

Encapsulation + vegetable oils 0 0 2

Costabilizer + hexadecane 4 14 22

Nanocapsules + hexadecane 0 2 23

Costabilizer + oil 0 7 16

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Entretanto, a utilização de óleos vegetais como coestabilizador é algo

relativamente novo como é possível observar. No ano de 2007 até o ano de 2014,

houve apenas dois trabalhos que utilizaram óleos vegetais em reações de

polimerização em miniemulsão.

Cardoso, Araújo e Sayer (2013) encapsularam os óleos vegetais jojoba e andiroba

por polimerização em miniemulsão utilizando o poliestireno com o objetivo de veicular

compostos ativos hidrofóbicos. Os autores mostraram que houve a formação de

partículas com a morfologia de nanocápsulas quando foram utilizados o hexadecano e

o óleo de jojoba. O mesmo não aconteceu quando foi utilizado o óleo de andiroba

devido ao alto número de cadeias insaturadas que esse óleo possui, que se enxertaram

nas cadeias poliméricas, modificando a morfologia das nanocápsulas. Para as reações

de polimerização em miniemulsão, as amostras foram adicionadas em um tubo de vidro

com tampa, e depois colocadas em um banho termostático aquecido a 70 ºC.

Bernardy (2009) fez um estudo cinético das reações de polimerização de

metacrilato de metila em miniemulsão visando a formação de nanocápsulas poliméricas

biocompatíveis e avaliando a possibilidade de nanoencapsulação da quercetina. Para

esse estudo foram utilizados dois tipos de coestabilizadores diferentes: Miglyol 812 e

óleo de rícino. O Miglyol 812 é uma mistura de ácidos graxos, principalmente ácido

caprílico e cáprico saturados, enquanto que o óleo de rícino é um triglicerídeo no qual a

maioria das cadeias de ácidos graxos é composta por ácido ricinoleico. Os resultados

mostraram que reações com óleo de rícino como coestabilizador foram mais lentas do

que as reações com Miglyol 812, possivelmente pelo fato daquele óleo apresentar

duplas ligações presentes nas cadeias de ácido ricinoleico, retardando as reações.

Além disso, quando se utilizou o óleo de rícino como coestabilizador, foi possível

observar que poucas partículas apresentaram a morfologia de nanocápsulas, pois

segundo Bernardy (2009), o óleo de rícino possui um caráter mais hidrofílico do que o

Miglyol 812.

Bathfield, Graillat e Hamaide (2005) usaram Miglyol 812, em acetato de vinila e

estireno a fim de estudar detalhadamente o uso de óleos hidrofóbicos para estabilizar

uma polimerização em miniemulsão, e consequentemente obter nanopartículas

contendo uma alta quantidade de óleo hidrofóbico. Os resultados mostraram que o

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Miglyol 812 não é solúvel em poli(acetato) de vinila e poliestireno, diferentemente de

seus monômeros. Essa insolubilidade do Miglyol pode prejudicar a morfologia desejada

da nanocápsula.

Esse projeto teve como o objetivo o estudo de óleos vegetais como

coestabilizadores para reações de polimerização em miniemulsão por eles

apresentarem característica de bom coestabilizador, serem utilizados na veiculação de

ativos hidrofóbicos e por apresentarem algumas características específicas que darão

uma funcionalidade a mais para as nanocápsulas.

Entretanto, diferentemente dos trabalhos apresentados até o momento utilizando

óleos vegetais como coestabilizadores nas reações de polimerização em miniemulsão,

esse trabalho propõe a obtenção da miniemulsão em um homogeneizador de alta

pressão, e a realização das reações de polimerização utilizando óleos vegetais como

coestabilizador em um tanque agitado. A grande vantagem de se utilizar os

equipamentos citados está relacionada ao seu uso na indústria, já que esses tipos de

reações podem futuramente ser realizados em escala industrial.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão descritos a metodologia bem como os reagentes que foram

utilizados nas reações de polimerização em miniemulsão utilizando hexadecano e óleos

vegetais como coestabilizadores.

Esse projeto foi dividido em duas etapas. A primeira etapa constituiu no

desenvolvimento do procedimento experimental para as reações de polimerização em

miniemulsão, uma vez que essas reações foram realizadas utilizando alguns

equipamentos diferentes da literatura estudada, como o homogeneizador Panda Plus e

o reator Büchi glassuster. Os reagentes utilizados nessa parte do projeto podem ser

observados no item 4.1.1.

Já a segunda etapa constituiu no estudo de óleos vegetais como novos

coestabilizadores para as reações de polimerização em miniemulsão, e os reagentes

utilizados podem ser observados no item 4.2.1.

4.1 Reações de polimerização em miniemulsão utilizando hexadecano como

coestabilizador para o desenvolvimento do procedimento experimental

4.1.1 Reagentes

A Tabela 4.1 lista os reagentes utilizados na primeira etapa de estudo deste

projeto.

A hidroquinona (Sigma, > 99%) foi utilizada para parar a reação nas amostras

coletadas das polimerizações em miniemulsão e o tetrahidrofurano (THF, Sigma,

99,9%) como solvente para as análises de cromatografia de permeação em gel.

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Tabela 4.1: Lista dos reagentes utilizados neste projeto de pesquisa nas reações de polimerização em miniemulsão utilizando o hexadecano como coestabilizador.

Reagente Marca Pureza

(%) Função

Metacrilato de metila (MMA) Sigma 99 Monômero

Hexadecano (HD) Sigma 99 Coestabilizador

Solução de 0,2 M 2,2’-azobis-isobutironitrila (AIBN) em tolueno

Sigma 99 Iniciador

Lauril sulfato de sódio (SLS) Dinâmica 90 Surfactante

4.2 Reações de polimerização em miniemulsão utilizando os óleos vegetais

como coestabilizadores

4.2.1 Reagentes

Para a polimerização em miniemulsão utilizando os óleos vegetais como

coestabilizador foram utilizados os compostos listados na Tabela 4.2.

Utilizou-se hidroquinona (Sigma, > 99%) para parar a reação nas amostras

coletadas das polimerizações em miniemulsão e tetrahidrofurano (THF, Sigma, 99,9%)

como solvente para as análises de cromatografia de permeação em gel.

Os óleos vegetais foram adquiridos de diferentes empresas químicas, e as suas

composições químicas podem ser observadas nos certificados de análise, que estão

presentes no Anexo I (óleo de jojoba), Anexo II (óleo de coco) e Anexo III (óleo de

argan).

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Tabela 4.2: Lista dos reagentes empregados, utilizando óleos vegetais como coestabilizador

Reagente Marca Pureza (%) ou Método

de obtenção Função

Metacrilato de Metila (MMA) Sigma 99 Monômero

Óleo de jojoba (OJ) Ferquima Prensagem a

frio Coestabilizador

Óleo de argan (OA) Destilaria

Bauru Extra Virgem Coestabilizador

Óleo de coco (OC) Destilaria

Bauru Prensagem a

frio Coestabilizador

Solução de 0,2 M 2,2’-azobis-isobutironitrila (AIBN)

em tolueno Sigma 99 Iniciador

Lauril sulfato de sódio (SLS) Dinâmica 90 Surfactante

4.3 Equipamentos

Durante a polimerização em miniemulsão foram utilizados os equipamentos

listados na Tabela 4.3 com suas respectivas condições de funcionamento:

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37

Tabela 4.3: Lista dos equipamentos utilizados neste projeto de pesquisa.

Equipamento Marca/Modelo Função Condições

Agitador Magnético IKA/ C-MAG HS 7 Agitação das

soluções Agitação: 400 rpm

Homogeneizador GEA Mechanical

Equipment / Panda PLUS

Homogeneizador Pressão: 85 bar

Balança Analítica Analyser /OHAUS

AR2140 Pesar reagentes -

Reator Büchiglassuster/

Polyclave Reação de

polimerização

Pressão:0,85 bar Temperatura: 70 ºC Agitação: 150 rpm

4.4 Procedimento experimental

4.4.1 Purificação do monômero

Foi realizada a purificação do metacrilato de metila para a retirada do inibidor que

foi adicionado pelo fabricante a fim de evitar uma possível auto polimerização do

monômero.

Para a purificação, preparou-se uma solução de hidróxido de sódio (NaOH) 10%

em massa.

Em um funil de separação de 1000 mL, adicionaram-se 500 mL de metacrilato de

metila e aproximadamente a mesma quantidade de solução de NaOH para a lavagem

do monômero. Agitou-se vigorosamente a solução de NaOH e o monômero por

aproximadamente 3 minutos. Essa etapa foi repetida três vezes, para depois o

monômero ser lavado, três vezes, com água deionizada para garantir que não

houvesse resíduos de NaOH presente no monômero.

Após essa etapa, o monômero foi transferido para um frasco previamente limpo, e

foi adicionado a esse frasco cloreto de cálcio em grânulos, que tem a função de agente

secante.

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Após essa etapa, o frasco com metacrilato de metila foi armazenado em geladeira

durante sete dias, a fim de garantir a total secagem de água presente no monômero.

4.4.2 Polimerização em miniemulsão

O procedimento experimental para as reações de polimerização em miniemulsão

foi determinado após alguns estudos no sistema, que será sucintamente explicado no

item 5.1.

Para o preparo da polimerização em miniemulsão, primeiramente, foi necessária a

preparação da fase orgânica, misturando-se o iniciador, coestabilizador e o monômero

com agitação magnética por 20 minutos. Após esse procedimento, a fase orgânica foi

adicionada lentamente à fase aquosa com a ajuda de um funil. A fase aquosa foi

previamente preparada adicionando-se água e surfactante com agitação magnética por

5 minutos. A mistura da fase aquosa e orgânica foi mantida sob agitação de 20

minutos, formando assim, uma macroemulsão.

A fim de se evitar o início da reação, durante a adição e agitação da fase orgânica

na fase aquosa, um banho de gelo foi preparado e colocado sob o agitador magnético,

conforme observado na Figura 4.1.

Figura 4.1: Fotografia do banho de gelo colocado sobre o agitador magnético a fim de se evitar uma possível polimerização durante a adição e agitação da fase orgânica na fase aquosa.

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A quantidade de reagentes das reações de polimerização para a primeira parte do

projeto é apresentada na Tabela 4.4. Na Tabela 4.5 é apresentada a quantidade de

reagentes das reações de polimerização utilizando óleos vegetais como coestabilizador.

Tabela 4.4: Formulação para a polimerização em miniemulsão utilizando hexadecano como coestabilizador

Reagentes da fase orgânica (g)

Solução de iniciador (AIBN) 1,03

Coestabilizador (HD) 7,20

Metacrilato de metila (MMA) 120,00

Fase aquosa (g)

Água deionizada 480,00

Surfactante (SLS) 1,20

Para a criação da miniemulsão, foi utilizado o homogeneizador Panda Plus com

pressão à 85 bar. A solução foi passada três vezes no homogeneizador. Vale ressaltar

que um banho de gelo foi colocado sob o béquer que recebe a solução para evitar um

possível início de reação. Logo após esse processo, a miniemulsão foi adicionada ao

reator que estava a uma temperatura de 70 ºC e agitação de 150 rpm (Figura 4.2).

Tabela 4.5: Formulação para a polimerização em miniemulsão utilizando óleos vegetais como coestabilizador

Reagentes da fase orgânica (g)

Solução de iniciador (AIBN) 3,60

Coestabilizador (OJ,OC,OA). 60,00

Metacrilato de metila (MMA) 60,00

Fase aquosa (g)

Água deionizada 480,00

Surfactante (SLS) 1,20

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(a)

(b)

Figura 4.2: Fotografia do (a) homogeneizador utilizado para criação da miniemulsão; (b) reator utilizado para a polimerização do metacrilato de metila.

Uma vez que a temperatura da solução da miniemulsão era mais baixa que a

temperatura do reator, espera-se a miniemulsão chegar aos 70 ºC para começar a

contabilizar o tempo.

A reação foi realizada em atmosfera de nitrogênio a fim de eliminar o oxigênio

presente no reator, que pode atuar como um inibidor por reagir com os centros ativos

que se formam, desativando-os. Por isso, a pressão de nitrogênio no reator é de 0,85

bar.

Após tempos determinados da reação, algumas alíquotas foram retiradas do

reator e adicionaram-se a essas amostras aproximadamente 0,4 mL de uma solução de

1% de hidroquinona, que também atua como um inibidor, para assim, as amostras

serem passíveis de caracterização.

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4.3 Técnicas de caracterização

4.4.3 Determinação da conversão por gravimetria

As análises de conversão por gravimetria foram realizadas nas amostras das

reações de polimerização para as curvas cinéticas da reação. O cálculo para a

conversão foi obtido pela razão entre massa de polímero presente na amostra e a

massa de monômero inicial.

Inicialmente, uma alíquota de aproximadamente 3mL de látex foi retirada do

reator. A massa de polímero foi calculada a partir do resíduo seco, obtido após a

secagem das amostras de látex em uma capela. Para assegurar que houvesse

completa volatilização da água e do hexadecano, as amostras de polímero foram

pesadas em uma balança, até a obtenção de massa constante.

4.4.4 Cromatografia de permeação em gel

As amostras foram caracterizadas por cromatografia de permeação em gel (GPC,

em inglês Gel Permeation Chromatography), que permite obter a massa molar dos

polímeros (MW, em inglês Molar Weight) e a distribuição da massa molar (MWD, em

inglês Molar Weight Distribution) das amostras sintetizadas.

Nesta técnica, as moléculas de polímeros são separadas pelo tamanho ou volume

hidrodinâmico que cada uma delas ocupa em solução. Essa separação irá ocorrer

quando uma solução de polímero for bombeada através de uma coluna recheada com

um gel poroso, conhecida como fase estacionária. À medida que a solução se move ao

longo da coluna com uma fase móvel, as moléculas menores vão penetrando nos poros

e, por isso as moléculas de cadeia de massa molar maiores são eluidas primeiro. A

Figura 4.3 mostra o esquema de uma coluna de GPC (SANDLER et al., 1998).

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Figura 4.3: Esquema representando uma coluna de GPC, em que os polímeros passam pelos poros até a sua total eluição. Fonte: Sandler et al.(1998).

Como mencionado acima, a fase móvel é responsável pela eluição total do

polímero através da coluna. Entretanto, para ser considerado um bom eluente, o

composto deve conter algumas características como ser um bom solvente para o

polímero e permitir uma alta resposta de detecção do polímero. O eluente mais comum

utilizado na técnica de GPC para polímeros que se dissolvem a temperatura ambiente é

o tetrahidrofurano (THF).

Em relação aos detectores, eles devem ter sensibilidade suficiente para

determinação quantitativa das cadeias poliméricas presentes na solução. Os detectores

mais comuns para essa técnica são: índice de refração (IR) e o refratômetro ultravioleta

(UV).

Neste projeto, para a determinação e distribuição da massa molar das reações de

polimerização, 10 mg de polímero seco foram diluídos em 10 mL de THF. Para garantir

a total abertura do polímero, as amostras ficaram em repouso por dois dias. Após esse

procedimento, as amostras foram filtradas e 100 µL da solução de polímero foram

injetadas em um cromatógrafo de permeação em gel, composto pelos seguintes

componentes:

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bomba de vácuo WATERS 510;

degaseificador VISCOTEK VE7510;

injetor RHEODYNE 7725i;

triplo detector VISCOTEK TODA 302, com refractômetro, viscosímetro e

espalhamento de luz (light scaterring) 90º (RALS);

2 colunas Viscogel I-MBHMW-30783 de 300x7,8 mm (comprimento x

diâmetro interno) com um tamanho de partícula 10 μm + 1 pré-coluna

Viscogel da Viscotek.

Tanto a coluna do injetor, quanto a coluna do detector ficaram em 40 °C e o fluxo

de corrida foi de 1 mL/min. O software utilizado para determinar a massa e a

distribuição molar foi o Omnisec 4.1.

4.4.5 Determinação do tamanho médio das partículas

Para a determinação do tamanho médio das partículas poliméricas foi utilizado o

equipamento Zetasizer Nano (Malvern, MPT-2 Multi PurposeTirator, United Kingdom).

O tamanho das partículas foi determinado pelo processo chamado de

espalhamento dinâmico de luz (Dynamic Light Scattering, DLS). O movimento

browniano das partículas ou moléculas em suspensão faz com que a luz laser seja

espalhada com intensidades diferentes. A análise dessas flutuações de intensidade

resulta na velocidade do movimento browniano e assim, o tamanho de partícula usando

a relação Stokes-Einstein (MALVERN, 2010).

A Figura 4.4 apresenta um esquema de um sistema de espalhamento de luz. A

amostra (3) é iluminada por um feixe de luz de comprimento de onda de 633 nm (1) e a

luz espalhada pelas partículas é captada por um detector posicionado a um ângulo de

173° (4). O sinal de intensidade de espalhamento pelo detector é transmitido para o

tubo fotomultiplicador e pulso amplificador/discriminador, onde é transformada em um

sinal elétrico (5) até ser transmitido ao computador (6). O atenuador (2) é utilizado para

reduzir a intensidade do laser e, consequentemente, a intensidade de dispersão, uma

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vez que a intensidade da luz dispersa deve se situar dentro de um intervalo específico.

Caso muita luz seja detectada, o detector ficará sobrecarregado e não medirá a

intensidade da luz dispersa com precisão.

Figura 4.4: Esquema de um típico sistema de espalhamento dinâmico de luz. Adaptado de Malvern (2010).

Neste projeto, as análises do tamanho de partículas foram realizadas para as

amostras coletadas ao longo da reação. As amostras foram diluídas em uma proporção

volumétrica 1:50, com água destilada. Após a diluição, retirou-se uma alíquota de 2 mL

e essa solução foi adicionada a uma cubeta de vidro para a análise no equipamento.

4.4.6 Calorimetria exploratória diferencial (DSC)

A Calorimetria exploratória diferencial (em inglês, Differential Scanning

Calorimetry, DSC) é a análise térmica mais empregada devido a sua velocidade,

simplicidade e disponibilidade. A amostra e a referência são colocadas em cápsulas

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idênticas e aquecidas por uma única fonte de aquecimento. O equipamento mede a

diferença entre o fluxo de calor da amostra e do padrão (HOLLER et al., 2009).

As informações sobre os eventos térmicos que ocorrem nas amostras são obtidos

por essa técnica. Em amostras poliméricas, as curvas de DSC são úteis para avaliar os

eventos endotérmicos (fusão, perda de massa da amostra, entre outros), exotérmicos

(cristalização, reações de polimerização, entre outros) e alterações na capacidade

calorífica (temperatura de transição vítrea, Tg).

O cálculo da Tg pode ser realizado a partir de alguns valores como Onset,

Midpoint, Endpoint, apresentados na Figura 4.5, já que ela não pode ser considerada

como um único ponto, uma vez que ela ocorre em uma determinada região de

temperatura.

Figura 4.5: Representação de uma curva de DSC. Adaptado de Gabbott (2008).

Neste trabalho, utilizou-se o DSC para a verificação da Tg do polímero puro e do

polímero com os diferentes óleos vegetais, sendo que o valor Midpoint foi utilizado para

o cálculo da Tg.

O equipamento utilizado foi da marca Mettler-Toledo, modelo DSC1, sendo

pesado 10 mg de polímero seco.

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As análises foram realizadas em atmosfera inerte, com fluxo de nitrogênio líquido

de 50 mL/min, com uma velocidade de aquecimento de 20 ºC/min em uma faixa de

temperatura de 0 a 200 ºC. Em seguida, realizou-se o resfriamento de 200 a 0 °C, e um

segundo aquecimento de 0 a 200 °C.

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5. RESULTADOS E DISSCUSSÃO

5.1 Desenvolvimento do procedimento experimental da polimerização em

miniemulsão de metacrilato de metila utilizando o hexadecano como

coestabilizador

Como citado no item 4.1, antes do estudo de novos coestabilizadores foi

necessário o desenvolvimento de um procedimento experimental para reações de

polimerização em miniemulsão, uma vez que se utilizaram equipamentos diferentes aos

apresentados na literatura estudada.

O primeiro passo foi o estudo com o homogeneizador Panda Plus. O intuito desse

estudo foi verificar a pressão necessária e a quantidade de passagens da solução ao

homogeneizador, a fim de se obter partículas com tamanhos entre 130 e 160 nm.

Após a realização de alguns testes, ficou estabelecido que para a obtenção de

partículas nas dimensões especificadas, a solução teria que passar três vezes no

homogeneizador a uma pressão de 85 bar.

Definida essa etapa, o próximo passo constitui no estudo do procedimento

experimental para o reator Büchi glassuster.

A temperatura de 70°C para o reator foi estabelecida baseado em artigos da

literatura. Em relação à velocidade de agitação da reação, foi estabelecida uma

velocidade de 150 rpm. Essa velocidade é considerada uma velocidade relativamente

baixa, porém necessária a fim de se evitar a desestabilização do sistema e, portanto, a

desestabilização da miniemulsão.

Após a definição desses parâmetros, foi possível a realização e estudo de reações

utilizando hexadecano. Vale ressaltar que como essas reações foram feitas,

inicialmente, apenas para verificar como o sistema se comportava, utilizou-se uma

quantidade menor de hexadecano. Os itens 5.1.1, 5.1.2 e 5.1.3 apresentam os

resultados obtidos.

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5.1.1 Análise gravimétrica

A primeira reação de polimerização do metacrilato de metila em miniemulsão foi

realizada conforme o procedimento experimental citado no item 4.4.2, exceto pelo

banho de gelo colocado sob o agitador magnético.

A partir da análise gravimétrica, foi possível obter a conversão da reação e plotar

esses resultados em um gráfico de conversão versus tempo (Figura 5.1).

Figura 5.1: Resultados de conversão versus tempo para a reação 1.

Como é possível observar na Figura 5.1, em cento e vinte minutos de reação, há

uma conversão de aproximadamente 0,85 de MMA em PMMA. Entretanto, um fator que

chama a atenção é a conversão indesejada de 0,07 logo no tempo zero de reação, que

é quando a miniemulsão atinge os 70°C.

Inicialmente, foi proposto que os motivos para que a reação acontecesse antes do

tempo zero seriam:

1) pelo fato do monômero estar lavado, sendo que a reação poderia iniciar

antes do desejado;

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2) iniciador e monômero serem adicionados juntos na preparação da fase

orgânica e depois serem mantidos em agitação constante com a fase

aquosa;

3) tempo de 5 minutos para o reator atingir novamente a temperatura de

70°C, uma vez que quando a miniemulsão é adicionada ao reator, a

temperatura cai para 45 ºC.

Como consequência, a fim de se tentar evitar a polimerização antes do tempo

zero, a reação 2, teve como foco principal a utilização do monômero não lavado. Ou

seja, foi utilizado o monômero como recebido do fabricante.

O procedimento experimental seguiu os mesmos passos da reação 1, em que

também não houve a adição do banho de gelo sob o agitador magnético. A intenção da

não utilização do monômero lavado devia-se ao fato de se acreditar que ele poderia

retardar o início da polimerização, já que ele possui um inibidor.

A Figura 5.2 apresenta o resultado da conversão para reação 2. Entretanto, é

possível verificar que, apesar de se utilizar o monômero não lavado, a reação também

se inicia antes do tempo zero.

Figura 5.2: Resultados de conversão versus tempo para a reação 2.

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Vale ressaltar que, junto com essa análise, houve o procedimento de retirar uma

alíquota da amostra quando a miniemulsão foi adicionada ao reator, a fim de se verificar

se a polimerização ocorreu depois da adição da amostra no reator, porém antes do

reator atingir 70 ºC.

A Tabela 5.1 apresenta o valor da conversão da reação obtida a partir do tempo 0,

que está relacionada à alíquota adicionada no reator antes dele atingir os 70 ºC, e a do

tempo 0 a 70 °C, que está relacionada a alíquota retirada quando o reator atingiu 70 °C.

Tabela 5.1: Conversão da reação 2 nos tempos estipulados.

Reação 2

Tempo (min) Conversão

0 0,05

0 a 70 °C 0,07

Pode-se observar que o início da reação de polimerização não ocorreu enquanto a

miniemulsão estava no reator até atingir a temperatura de 70 ºC. O início se deu antes

da adição da amostra ao reator, pois no tempo 0, já houve uma conversão de

aproximadamente 0,05.

Paralelamente a essa reação, foi feito um teste com o reagente metacrilato de

metila, a fim de se verificar se o mesmo não possuía dímeros ou oligômeros, que

seriam responsáveis por uma falsa massa de polímero e que poderia estar afetando no

cálculo da conversão.

Por isso, em um béquer, foi adicionado metanol ao monômero para verificar uma

possível precipitação. Essa precipitação indicaria a presença de algum dímero ou

oligômero, ou polímero de baixa massa molar, presente no reagente. Porém, o teste foi

negativo.

Para as duas reações seguintes (reação 03 e reação 04) o iniciador foi adicionado

quando o reator atingiu a temperatura de 70°C. Esse procedimento foi sugerido a fim de

se tentar evitar, novamente, o início da polimerização antes do tempo zero.

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A diferença entre essas duas reações foi na utilização no monômero lavado ou

não. Enquanto a reação 3 utilizou o monômero lavado, a reação 4 teve a lavagem do

monômero.

Junto com essa análise, decidiu-se que para ambas as reações, o tempo de

reação de polimerização seria aumentado, passando de 120 minutos para 180 minutos,

a fim de se garantir que a reação tenha alcançado o seu valor máximo de conversão.

A Figura 5.3 apresenta o resultado de conversão da reação 3.

O gráfico da reação 4 não é apresentado neste trabalho, pois por algum erro

experimental ou de análise, a conversão atingiu seu máximo de 0,38.

Entretanto, para ambas as reações, pode-se verificar ainda a conversão de

aproximadamente 0,06 no início da reação.

Figura 5.3: Resultados de conversão versus tempo para a reação 3.

Desta forma, conclui-se que essa alta taxa de conversão para o início da reação

pode ser explicada pelo fato da amostra ter que passar pelo homogeneizador para a

formação da miniemulsão. Durante a passagem da amostra pelo equipamento, há uma

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

0 60 120 180

Co

nve

rsão

Tempo (min)

Reação 3

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alta força de cisalhamento, que faz com que a amostra aqueça, e provavelmente tenha

um início indesejado da polimerização.

Para evitar esse e qualquer outro tipo de aquecimento que possa ocorrer, foi

proposta a adição de um banho de gelo durante a agitação da fase aquosa e orgânica,

bem como durante as três passagens da amostra no homogeneizador.

No primeiro caso, o banho de gelo foi necessário para evitar o início da reação

durante a agitação, enquanto que, no segundo caso, o banho de gelo foi necessário a

fim de evitar o início da reação durante a fase de dispersão, devido ao aquecimento da

amostra durante a passagem ao homogeneizador. A temperatura da amostra na hora

da agitação da fase orgânica e aquosa ficou em 10 ºC, ao passo que, quando a

amostra passou pelo homogeneizador, a temperatura subiu para 25 ºC.

Junto com essa decisão, houve uma análise para escolher qual procedimento

experimental, entre os estudados, a ser adotado. Para isso, foi feita uma comparação

na cinética das reações, conforme observado na Figura 5.4. A fim de melhor

comparação e visualização, a Tabela 5.2 apresenta o procedimento experimental

utilizado para cada reação.

Tabela 5.2: Procedimentos experimentais adotados para as reações 1,2,3.

Reação 01 Reação 02 Reação 03

Monômero lavado/ Iniciador adicionado na

preparação da fase orgânica

Sem lavagem do monômero/ Iniciador

adicionado na preparação da fase orgânica

Sem lavagem do monômero/ Iniciador adicionado no reator

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Figura 5.4: Comparação dos valores de conversão versus tempo para as reações 1,2,3.

Como observado na Figura 5.4, a reação 1 é a que apresenta a maior taxa inicial

de reação por tempo, enquanto a reação 3 é a mais lenta. Decorridos 70 minutos de

reação, a reação 1 e a reação 2 atingem praticamente a mesma taxa de conversão,

enquanto a reação 3 continua sendo a mais lenta.

Pode-se dizer que esses resultados já eram esperados, uma vez que com a

lavagem do monômero a reação tende a ser mais rápida, uma vez que não há a

interferência do inibidor presente na reação.

Para a reação cujo iniciador é adicionado ao reator (reação 3), a reação é mais

lenta, pois o iniciador teria um tempo maior de homogeneização e chegada até as gotas

de monômero. Ao passo que, durante a agitação da fase orgânica e aquosa, e durante

a passagem ao homogeneizador, o iniciador se distribui mais uniformemente pelas

gotas de monômero, tornando a reação mais rápida.

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Por isso, a partir dessas análises, foi estabelecido que a reação 5, seria feita com

o monômero lavado e com a adição do banho de gelo. Esse procedimento está de

acordo com o apresentado no item 4.4.2.

A escolha pelo monômero lavado se deu pelo fato de não se dispor da informação

da quantidade exata de inibidor presente no frasco do monômero pelo fabricante,

podendo mudar de lote para lote, e de fornecedor para fornecedor, afetando assim na

cinética da reação. Além disso, o iniciador foi adicionado durante a preparação da fase

orgânica, a fim de se garantir uma maior homogeneidade do sistema.

A Figura 5.5 apresenta o resultado de conversão para a reação 5.

Figura 5.5: Resultados de conversão versus tempo para a reação 5.

É possível observar que, após a mudança no procedimento experimental, não se

obteve uma conversão no início da reação. Por isso, esse procedimento foi adotado

para todas as outras reações subsequentes a essa. A partir deste resultado, é possível

fazer uma comparação entre a reação 1 e a reação 5 (Figura 5.6), em que ambas

utilizaram monômeros lavados e o iniciador foi adicionado durante a preparação da fase

orgânica.

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Figura 5.6: Comparação dos valores de conversão versus tempo para as reações 1 e 5.

O ponto importante a se destacar na Figura 5.6 é que após a adição do banho de

gelo para a reação 5, não houve mais conversão no tempo 0, como ocorre na reação 1.

É possível observar ainda, que ambas apresentam uma taxa de conversão muito

parecida, chegando ao final de 120 minutos com uma conversão de aproximadamente

0,94.

5.1.2 Análise do tamanho médio das partículas

O cálculo do tamanho médio das partículas foi baseado no diâmetro médio obtido

ao final da reação, calculando-se 3 ou mais amostras retiradas após a reação atingir

uma conversão de 80%. Além disso, também foi calculado o índice de polidispersidade,

que corresponde a homogeneidade do tamanho das partículas no sistema. A Tabela

5.3 apresenta os resultados obtidos para as reações 1,2,3,5.

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Tabela 5.3: Tamanho médio do diâmetro das partículas para as reações apresentadas.

Ensaio Diâmetro da partícula

(nm) Índice de

polidispersidade

Reação 01 141,32 ± 0,78 0,034 ± 0,004

Reação 02 153,60 ± 0,92 0,035 ± 0,020

Reação 03 154,90 ± 3,26 0,047 ± 0,023

Reação 05 147,90 ± 1,76 0,023 ± 0,017

É possível observar que não houve uma variação muito grande do diâmetro médio

das partículas entre os ensaios apresentados, bem como seus índices de

polidispersidade. Essa baixa variação pode ser explicada em função do ajuste da

pressão de 85 bar, bem como três passagens da amostra de emulsão ao

homogeneizador.

A Figura 5.7 apresenta o tamanho médio das partículas em função da conversão.

Figura 5.7: Diâmetro médio das partículas em função da conversão para as reações 1,2,3,5.

É possível observar que o tamanho das partículas sofreu pouca alteração ao longo

da reação, conforme apresentado anteriormente.

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57

5.1.3 Análise de calorimetria exploratória diferencial (DSC)

A análise de calorimetria exploratória diferencial (DSC) foi responsável pela

determinação da temperatura de transição vítrea do polímero. A reação 5 foi

considerada para o cálculo da Tg do polímero puro, já que não ocorre nenhuma reação

entre o PMMA e o hexadecano. O resultado pode ser observado na Figura 5.8.

Figura 5.8: Análise de calorimetria exploratória diferencial para a reação 5.

O resultado da Tg, utilizando o valor Midpoint como cálculo, para essa reação foi

de 112,65 ºC. Segundo a literatura, a temperatura de transição vítrea do PMMA é de

105 ºC. Essa variação pode ter acontecido em função da alta massa molar esperada

para esse polímero quando a técnica de miniemulsão é empregada.

0 50 100 150 200

Flu

xo d

e ca

lor

( W

g^-1

)

Temperatura (°C)

Reaçã0 05

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58

5.2 Reações de polimerização em miniemulsão do metacrilato de metila

utilizando os óleos vegetais como coestabilizador

5.2.1 Estudo da cinética com diferentes coestabilizadores

Reações de polimerização em miniemulsão utilizando os três óleos vegetais: coco,

jojoba e argan foram realizadas a fim de se obter a cinética de reação com diferentes

coestabilizadores. As reações com os óleos vegetais foram feitas em duplicata.

Como citado no item 3.3, esses óleos vegetais foram escolhidos, pois possuem

diferentes composições de triglicerídeos, no caso do óleo de argan e coco, e diferente

composição química, como acontece com o óleo de jojoba.

Uma reação de polimerização em miniemulsão utilizando hexadecano também foi

realizada para ser utilizado como padrão. Os resultados da cinética de polimerização

para cada óleo vegetal pode ser observado na Figura 5.9.

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59

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60

Figura 5.9: Resultados da cinética de polimerização em miniemulsão utilizando diferentes óleos vegetais e hexadecano como coestabilizadores da reação.

É possível observar que as duplicatas das reações de cada óleo vegetal atingiram

valores muito próximos uma das outras, mostrando que os resultados de cinética

podem ser considerados confiáveis.

A Figura 5.10 apresenta o gráfico de comparação entre os resultados obtidos na

cinética da polimerização em miniemulsão com diferentes coestabilizadores. Os

resultados obtidos correspondem à média das duplicatas.

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61

Figura 5.10: Comparação entre os resultados obtidos da cinética de polimerização com diferentes coestabilizadores.

Os resultados mostram que para cada tipo de coestabilizador usado há uma

tendência diferente na cinética de cada reação. Verifica-se que com o óleo de argan, há

uma diminuição marcante na velocidade de reação, enquanto que para os outros óleos,

essa diminuição acontece, porém não é tão acentuada. Verifica-se que somente após

100 minutos de reação, a reação utilizando o óleo de argan atinge a conversão de 0,5,

enquanto que para os outros óleos e para o hexadecano, essa mesma conversão

ocorre antes de 30 minutos.

Essa acentuada diminuição na velocidade cinética de reação utilizando o óleo de

argan como coestabilizador pode ser explicada pela presença de uma maior quantidade

de cadeias insaturadas, principalmente ácido oleico e linoleico, presentes na

composição do óleo. Segundo Guo e Schork (2008), as ligações duplas das cadeias

insaturadas podem reagir com os radicais livres presentes na no meio reacional,

provocando, assim uma diminuição na taxa de reação.

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Diferentemente do óleo de argan, a reação utilizando hexadecano como

coestabilizador foi a mais rápida. Isso se deve ao fato do hexadecano ser um alcano

com dezesseis átomos de carbono de cadeias saturadas, não possibilitando que suas

cadeias reajam com os radicais livres na polimerização.

A reação com óleo de coco foi mais rápida quando comparada a reação com óleo

de argan, uma vez que, mesmo possuindo em sua composição moléculas de

triglicerídeos, o óleo de coco possui aproximadamente apenas 6% de triglicerídeos de

cadeia insaturada. O óleo de coco é composto, na sua grande maioria, pelo ácido

láurico, contendo 12 átomos de carbono saturados. Por isso, pode-se dizer que uma

porção muito menor de óleo de coco reagiu com os radicais livres presentes na

polimerização quando comparados com o óleo de argan, e que por isso, a reação foi

mais rápida.

Já a taxa de reação do óleo de jojoba é mais rápida quando comparada ao óleo de

argan, porém praticamente a mesma quando comparada ao óleo de coco. Isso se deve

ao fato do óleo de jojoba ser constituído por ésteres de cadeias longas, e, portanto,

assim como o óleo de coco, apresenta uma quantidade de ligações duplas menor que o

óleo de argan, interferindo na diminuição da taxa de reação quando comparado com

hexadecano.

Os resultados apresentados neste trabalho são similares aos mostrados por

Cardoso, Sayer e Araújo (2013), que conduziram reações de polimerização em

miniemulsão de estireno, utilizando 50% de óleo de jojoba, andiroba ou hexadecano.

Por possuir na sua estrutura um número maior de ligações duplas, o óleo de andiroba

foi o que apresentou uma menor taxa de reação na polimerização.

Black, Messman e Rawlins (2011) realizaram experimentos de polimerização

utilizando óleo de soja, linhaça ou tungue, e mostraram que a reação foi quase

completamente inibida depois da utilização de 33% do óleo de tungue, que possui na

sua estrutura, aproximadamente 70% ácido α-eleosteárico, um ácido graxo com três

ligações duplas conjugadas.

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5.2.2 Análise do tamanho de partícula

A análise do tamanho das partículas em reações de polimerização em

miniemulsão é muito importante, uma vez que a cinética da reação é alterada conforme

o tamanho das partículas. Reações com partícula maiores tendem a ser mais lentas,

enquanto o oposto ocorre com partículas menores (BRESOLIN, 2013). A Tabela 5.4

apresenta o tamanho médio das partículas obtidas para os coestabilizadores estudados

neste projeto. O diâmetro médio encontrado é a média da duplicata das reações de

pontos acima de 240 minutos de reação. Com as três passagens da amostra à uma

pressão de 85 bar no homogeneizador, a faixa esperada para o tamanho das partículas

ficou entre 130-160 nm.

Tabela 5.4: Tamanho médio das partículas e índice de polidispersão com diferentes coestabilizadores ao final da reação.

Coestabilizador Diâmetro das

partículas (nm) Índice de polidispersão

Hexadecano 145,7 ± 1,3 0,119 ± 0,023

Óleo de Coco 150,5 ± 2,5 0,113 ± 0,015

Óleo de Jojoba 157,5 ± 0,7 0,135 ± 0,017

Óleo de Argan 153,2 ± 1,2 0,125 ± 0,004

Através dos resultados obtidos apresentados, verifica-se que há um desvio padrão

relativo de 3,25% no tamanho das partículas finais entre os diferentes

coestabilizadores. Com isso, pode-se afirmar que o tamanho médio das partículas para

os diferentes coestabilizadores ficou bem próximo, e que se elimina qualquer

interferência do tamanho da partícula no resultado da cinética das reações de

polimerização.

O índice de polidispersidade também pode ser observado na Tabela 5.4.

Entretanto, uma outra maneira de visualizar o índice de polidispersidade é apresentada

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na Figura 5.11, que apresenta um exemplo da distribuição do tamanho da partícula da

amostra final de uma das reações para cada coestabilizador.

Figura 5.11: Distribuição do tamanho médio das partículas para os coestabilizadores em estudo.

É possível observar que se obteve um valor baixo de índice de polidispersão,

conforme apresentado na Tabela 5.4, bem como pouca variação no tamanho médio das

partículas para todos os coestabilizadores, conforme observado na Figura 5.11. Esses

resultados indicam que as partículas possuem uma homogeneidade em relação ao seu

tamanho.

A Figura 5.12 apresenta a análise do tamanho médio das partículas de uma das

duplicatas ao longo da reação de polimerização.

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65

Figura 5.12: Tamanho médio das partículas ao longo da reação utilizando diferentes coestabilizadores.

Observa-se a partir do gráfico que não houve um aumento no tamanho das

partículas e que as partículas se mantiveram praticamente com o mesmo tamanho,

sofrendo com muitas poucas variações, ao longo da reação. Esse resultado demonstra

que a miniemulsão ficou estável durante toda a reação, e que o óleo de coco, óleo de

argan e óleo de jojoba, assim como o hexadecano, atuam como eficientes

coestabilizadores, prevenindo o sistema contra a degradação difusional e a

coalescência das gotas.

5.2.3 Análise de calorimetria exploratória diferencial (DSC)

As análises de Calorimetria Exploratória Diferencial foram feitas a fim de se

verificar a temperatura de transição vítrea de polímero utilizando diferentes

coestabilizadores. As curvas com os diferentes coestabilizadores estão representados

pelas Figura 5.13, 5.14, 5.15 e 5.16.

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66

Figura 5.13: Curva de DSC para o polímero puro.

.

Figura 5.14: Curva de DSC utilizando óleo de jojoba como coestabilizador.

0 50 100 150 200

Flu

xo d

e ca

lor

( W

g^-1

)

Temperatura (°C)

Hexadecano

0 50 100 150 200

Flu

xo d

e ca

lor

( W

g^-1

)

Temperatura (ºC)

Jojoba

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67

Figura 5.15: Curva de DSC utilizando óleo de coco como coestabilizador.

Figura 5.16: Curva de DSC utilizando óleo de argan como coestabilizador.

0 50 100 150 200

Flu

xo d

e ca

lor

( W

g^-1

)

Temperatura (ºC)

Coco

0 50 100 150 200

Flu

xo d

e ca

lor

( W

g^-1

)

Temperatura (ºC)

Argan

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As curvas utilizando o óleo vegetal de coco e jojoba como coestabilizadores

apresentam um pico endotérmico a temperaturas de 24 ºC e 14 ºC, respectivamente,

indicando o ponto de fusão de cada óleo. Já para o óleo de argan, não é possível a

visualização do pico endotérmico, uma vez que, por apresentar uma grande quantidade

de cadeias insaturadas, a sua temperatura de fusão é negativa, e por isso abaixo da

temperatura inicial utilizada nas análises. O polímero utilizando o hexadecano como

coestabilizador foi considerado puro, uma vez que as suas cadeias não reagem com

nenhum radical durante a polimerização.

A Figura 5.17 apresenta uma comparação entre os resultados de calorimetria

diferencial para todos os coestabilizadores utilizados neste projeto.

Figura 5.17: Comparação da curva de DSC para o hexadecano e os óleos vegetais de jojoba, coco e argan.

50 100 150 200 250

Flu

xo d

e ca

lor

( W

g^-1

)

Temperatura (ºC)

Hexadecano

Jojoba

Coco

Argan

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A temperatura obtida para o polímero utilizando hexadecano como coestabilizador

é 116,20 ºC, e para os polímeros utilizando os óleo de jojoba, coco, e argan como

coestabilizadores, a Tg obtida foi, respectivamente, 114,21, 113,81 e 110,02 ºC

Pode-se observar que, utilizando os óleos vegetais como coestabilizadores, há

uma diminuição na temperatura de transição vítrea quando comparado ao polímero

utilizando hexadecano. Esse fato pode ser explicado, pois o óleo pode ter se misturado

ao polímero, ou ainda, devido à enxertia do óleo ao polímero. O óleo de argan, por

possuir um maior número de cadeias insaturadas em relação aos outros óleos, foi

responsável pela maior diminuição na temperatura de transição vítrea por enxertar-se

mais no polímero.

Essa diminuição da temperatura de transição vítrea pode ser um fator interessante

dependendo da aplicação da nanocápsula polimérica.

5.2.4 Distribuição da massa molar

A massa molar numérica média (Mn), a massa molar numérica ponderal (Mw) e o

índice de polidispersidade de massa para todos os óleos vegetais estudados nesse

trabalho (coco, argan e jojoba) e hexadecano são apresentados na Tabela 5.5 a

conversões finais, próximas de 82%, no tempo de 300 minutos.

Todos os óleos vegetais e o hexadecano apresentaram uma alta massa molar, já

que reações de polimerização de metacrilato de metila apresentam um efeito gel muito

acentuado. O efeito gel causa uma diminuição na taxa de terminação devido ao

aumento da viscosidade das partículas e da mobilidade das cadeias vivas e,

consequentemente, há um aumento das cadeias, resultando em um aumento da massa

molar do polímero (LOVELL, 1997).

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Tabela 5.5: Massa molar média numérica (Mn), massa média numérica ponderal (Mw) e índice de polidispersidade para os coestabilizadores em estudo.

Coestabilizador

Mn x 105

Mw x 105

Índice de polidispersidade

Hexadecano

12,38

20,05

1,619

Óleo de coco

10,19

18,56

1,822

Óleo de jojoba

10,68

18,07

1,693

Óleo de argan

2,17

5,86

2,700

Outro fator importante a ser observado é que há uma diminuição na massa molar

quando o hexadecano é substituído pelos olhos vegetais. A reação com o óleo de argan

é que sofre a maior redução da massa molar. Esse fato pode ser atribuído devido à

presença das duplas ligações que são majoritárias no óleo de argan, e que reagem com

os radicais poliméricos, formando radicais de baixa reatividade, e portanto, há uma

diminuição na massa molar dos polímeros formados. Ao passo que, tanto para o óleo

de coco, quanto para o óleo de jojoba, por possuírem praticamente a mesma

quantidade de ligações duplas, porém em menor quantidade, suas massas molares

diminuíram quando comparado ao hexadecano, mas permaneceram muito próximas

umas das outras.

A distribuição da massa molar utilizando como coestabilizador o hexadecano e os

óleos vegetais de jojoba, coco e argan são apresentadas nas Figuras 5.18, 5.19, 5.20 e

5.21, respectivamente.

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Figura 5.18: Distribuição da massa molar utilizando hexadecano como coestabilizador.

Figura 5.19: Distribuição da massa molar utilizando óleo de jojoba como coestabilizador.

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Figura 5.20: Distribuição da massa molar utilizando óleo de coco como coestabilizador.

Figura 5.21: Distribuição da massa molar utilizando óleo de argan como coestabilizador.

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As distribuições da massa molar utilizando óleo de coco e jojoba como

coestabilizadores apresentam em seus gráficos, um ombro característico para as

massas molares menores, ou seja, do lado esquerdo do gráfico. Esse fato pode indicar

que provavelmente foi criada uma massa molar intermediária do polímero em

crescimento com as duplas ligações das moléculas de óleo. Entretanto, esse ombro

não aparece no óleo de argan, que por ter uma massa molar inferior e uma

polidispersidade maior, fez com que essa característica não tenha ficado visível no

gráfico da distribuição da massa molar. Para o hexadecano não se tem a presença do

ombro, e consequentemente das massas molares intermediárias, uma vez que as

cadeias de polímero em crescimento não reagiram com o alcano.

A Figura 5.22 apresenta uma comparação entre as distribuições das massas

molares obtidas.

Figura 5.22: Comparação entre as massas molares utilizando óleos vegetais e hexadecano como coestabilizador.

0.0

1.3

2.5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

dw

/ d

(Lo

g(M

w))

Log da massa molar

Coco

Jojoba

Hexadecano

Argan

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O gráfico de comparação entre a distribuição da massa molar utilizando óleos

vegetais e hexadecano como coestabilizador, confirmou o que já foi apresentado na

Tabela 5.5. A maior distribuição da massa molar acontece quando o hexadecano foi

utilizado, e bem próximo a sua distribuição de massa molar está o óleo de jojoba e o

óleo de coco. O polímero com óleo de argan, por possuir uma distribuição de massa

molar menor, se distancia dos outros óleos e do hexadecano.

Outro aspecto interessante que pode ser observado nesse gráfico é a

polidispersidade, que é calculada pela razão de Mw/Mn, e que também é apresentada

na Tabela 5.5.

É possível observar que quando o hexadecano foi utilizado, a distribuição de

massa molar é mais estreita e que consequentemente, sua polidispersidade é a mais

baixa de todas, sendo considerado o coestabilizador que mantém o tamanho das

cadeias poliméricas mais homogêneas.

Para o caso dos óleos vegetais, o óleo de jojoba como coestabilizador é o que

mantem o tamanho das cadeias mais homogêneas, seguido pelo óleo de coco. Já o

óleo de argan é o que apresenta a maior polidispersidade entre todos os compostos

utilizados como coestabilizador. É possível observar através da Figura 5.22 que a sua

distribuição da massa molar é a mais larga entre todas. A maior polidispersidade do

polímero utilizando óleo de argan como coestabilizador pode ser explicada através da

formação de radicais de baixa reatividade, fazendo com que não haja uma sequência

de formação de cadeias poliméricas do mesmo tamanho.

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6. CONCLUSÕES

Este projeto de pesquisa de pesquisa teve como objetivo o estudo de reações de

polimerização em miniemulsão, e foi dividido em duas partes.

Na primeira parte foi feito um estudo dos parâmetros da polimerização em

miniemulsão de metacrilato de metila a fim de se verificar qual seria o procedimento

experimental mais adequado para a obtenção das nanocápsulas poliméricas, já que os

experimentos foram realizados de uma maneira diferente da literatura estudada.

Por isso, após alguns estudos, definiu-se que, para a obtenção de nanocápsulas

com tamanho entre 130 nm e 160 nm, as amostras deveriam passar três vezes ao

homogeneizador a uma pressão de 85 bar. Ficou estabelecido que a temperatura de

reação deveria ser 70 ºC e a velocidade de agitação no reator 150 rpm, a fim de se

evitar uma possível desestabilização da miniemulsão. Além disso, ficou estabelecido

que para as reações de polimerização em miniemulsão utilizando os óleos vegetais

como coestabilizador, o monômero lavado deveria ser utilizado.

Para os “experimentos testes”, utilizou-se o hexadecano como coestabilizador da

miniemulsão, e foram feitas várias análises de caracterização do polímero.

A análise gravimétrica mostrou que para não haver a conversão de monômero em

polímero no tempo zero da reação, é necessária a adição de um banho de gelo durante

a agitação entre a fase orgânica e a fase aquosa, bem como durante o processo de

preparo da miniemulsão.

A análise do tamanho de partículas confirmou que as partículas teriam tamanhos

entre 130 nm e 160 nm ao passar as amostras três vezes no homogeneizador a uma

pressão de 85 bar.

Já a análise de calorimetria diferencial mostrou que para o polímero puro, a

temperatura de transição vítrea encontrada foi de 112,65 ºC. Essa alta temperatura de

transição vítrea do polímero deve-se ao fato dele possuir uma alta massa molar.

Posteriormente a definição dos parâmetros iniciais da polimerização em

miniemulsão de metacrilato de metila, foram conduzidos os experimentos utilizando

óleos vegetais como coestabilizadores, a fim de se verificar a eficiência deles como

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coestabilizador, bem como verificar as características das nanopartículas poliméricas

formadas por esses coestabilizadores.

Com os resultados da análise gravimétrica, foi possível observar que a cinética da

reação muda dependendo do coestabilizador utilizado. Reações de polimerização em

miniemulsão mais lentas são obtidas quando se usa um coestabilizador que possua

uma grande quantidade de cadeias insaturadas em sua composição.

A análise do tamanho da partícula mostrou que foram obtidas partículas entre os

tamanhos de 130 nm a 160 nm com baixa polidispersidade, excluindo assim o efeito do

tamanho da partícula na cinética das reações de polimerização em miniemulsão. Além

disso, pelas partículas possuírem uma baixa polidispersidade, pode-se considerar o

sistema como homogêneo.

Outro ponto a de destacar é que, a partir dessa análise, também foi concluído que

durante a reação de polimerização em miniemulsão, as partículas não sofreram

variação de tamanho, mostrando que a miniemulsão ficou estável durante a reação. Por

isso, conclui-se que assim como o hexadecano, os óleos vegetais de jojoba, coco e

argan atuam como eficientes coestabilizadores.

A análise de calorimetria diferencial permitiu a análise da temperatura de transição

vítrea do polímero puro e do polímero com os óleos vegetais. Verificou-se que o óleo

vegetal com maior número de cadeias insaturadas, interfere mais na Tg do polímero,

pois acredita-se que ele é responsável por uma maior enxertia dele ao polímero.

A análise de cromatografia de permeação em gel mostrou que quanto maior a

composição do óleo com cadeias insaturadas, menor é a massa molar do polímero

formado, devido a formação de radicais com baixa reatividade. A distribuição da massa

molar mostrou que para o óleo de coco e óleo de jojoba como coestabilizadores, houve

possivelmente a formação de moléculas com cadeia intermediária do óleo e do

polímero, uma vez que houve o aparecimento de um ombro no gráfico da distribuição

para massas molares menores. Foi observado também que quando se utilizou o óleo

de argan, a distribuição da massa molar do polímero ficou mais larga. Esse fato

também pode ser explicado pela formação de radicais de baixa reatividade que

interferiram no crescimento da cadeia polimérica, fazendo com que ela ficasse menos

homogênea.

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7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A fim de se verificar a possível enxertia de óleo nos polímeros, sugere-se para

trabalhos futuros as seguintes análises:

Análises de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (H-NMR), a fim de se

verificar a quantidade real de ligações duplas presentes no óleo vegetal, antes e

após as reações de polimerização em miniemulsão.

Análises de microscopia eletrônica de varredura ou transmissão, a fim de se

verificar a morfologia das nanocápsulas poliméricas utilizando diferentes óleos

vegetais como coestabilizador.

Além disso, após esses estudos de caracterização, sugere-se que se escolha um

princípio ativo para que ele seja encapsulado através da técnica de polimerização em

miniemulsão utilizando algum dos óleos vegetais como coestabilizador, e como

veiculador do ativo a ser encapsulado.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARIL, M. B et al. NANOTECNOLOGIA APLICADA AOS COSMÉTICOS. Visão

Acadêmica, Curitiba,n. 1, p.45-54, 2012.

BATHFIELD, Mael; GRAILLAT, Christian; HAMAIDE, Thierry. Encapsulation of High

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9. ANEXO I – Óleo de jojoba

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10. ANEXO II – Óleo de coco

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11. ANEXO III – Óleo de argan