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Ler é Saber 2009 nº 2 - AN O VII

Ler é Saber

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Ler é Saber2009 nº 2 - ANO VII

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Projeto do Grupo Editorial Sinos, FEEVALE e FACCAT em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, Escolas Estaduais,Particulares e Comunitárias, destinado a incentivar o gosto pela leitura.

Coordenação e Contatos:Daiana C. de Castilhos (Faccat) ' (51)3541.6600 R. 663 8 [email protected]

Daniel Conte (Feevale) ' (51)3586.8800 R. 8685 8 [email protected] Müller (Faccat) ' (51)3541.6600 R. 663 8 [email protected]ês Kunz (Feevale): ' (51)3586.8800 R.8650 8 [email protected] Ressler (Faccat) ' (51)3541-6600 R. 629 8 [email protected] H. Schmitz (Grupo Sinos) ' (51)3594.0489 8 [email protected]ÇÕES: MÁRIO JUNGES - SINOVALDO PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO EMERSON BAPTISTA TIRAGEM: 135 MIL EXEMPLARES

GRUPO

SINOSLer é Saber Ano VII

2009

• Mais amontoado que uva em cacho.• Mais faceiro que guri de bombacha nova. • Mais angustiado qua et n be alro ap t a

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Quem é o gaúcho? Daniel Luciano Gevehr, Doutor em História

O estado do Rio Grande do Sul, assim como o conhecemos nos dias atuais, já foi bem diferente. Essa história começou bem antes da chegada dos europeus à América, num tempo em que essas terras eram habitadas por nativos, que os europeus chamariam de índios. São essas populações nativas, os índios, os primeiros moradores do nosso estado.

Entre os diferentes povos indígenas que habitaram nosso estado, podemos destacar os Guarani, que têm uma história muito interessante para nos contar, especialmente quando conhecemos as ruínas do que foram as Missões Jesuíticas, localizadas na região noroeste do estado. Foi lá que, no século XVIII, índios, padres, espanhóis e portugueses combateram para decidir quem seria o dono daquelas terras.

Foi nessa mesma época que portugueses e espanhóis lutaram para ver quem seria o dono das terras que hoje formam o Rio Grande do Sul. Foram muitos anos de brigas e tentativas de paz, que nem sempre deram certo, levando portugueses e espanhóis a negociarem os lugares por onde deveriam passar os limites das terras. Nesse contexto, é que vai nascendo o nosso estado, como resultado de negociações entre os reis da Espanha e de Portugal, numa época em que quem mandava aqui eram os reis.

Nesse tempo, os portugueses lutaram para desenhar o mapa do nosso estado, que seria conhecido a partir de 1801, com o Tratado de Badajós. Os portugueses também estavam preocupados em encher essas terras de gente. Assim, acreditavam que nossas terras estariam seguras.

É exatamente em função disso que chegaram aqui, ainda no século XVIII, os primeiros povoadores portugueses, vindos das ilhas dos Açores. Esses primeiros povoadores europeus foram os açorianos, que deram origem a muitas cidades, como Santo Antônio da Patrulha e São José do Norte.

Importantes também foram os africanos que vieram para nosso estado. Eles foram trazidos para cá de forma bem diferente dos açorianos, sendo obrigados a trabalhar pesado como escravos para os seus senhores. Após a Abolição da Escravidão, em 1888, os africanos e seus descendentes se espalharam por diversos municípios e se misturaram com outras etnias que povoariam nosso estado.

Quando o Brasil não pertencia mais a Portugal e já era um país, nosso estado iria receber mais gente disposta a morar aqui. Dessa vez, eram os alemães, que chegaram em São Leopoldo a partir de 1824 e que deram origem a muitas cidades que conhecemos atualmente aqui na nossa região. Já os

italianos chegaram a partir de 1875 e deram origem a muitas cidades, como Caxias do Sul e Bento Gonçalves.

É claro que poderíamos falar ainda de vários outros casos de nossa história, afinal o estado localizado mais ao sul do Brasil tem muita história para contar, especialmente pelo fato de estarmos muito ligados aos uruguaios e aos argentinos.

Deixando de lado nossas diferenças com os argentinos no futebol, temos que lembrar que muitos de nossos hábitos e costumes têm bastante a ver com os argentinos e também com os uruguaios, de onde vem boa parte da carne que utilizamos para fazer nosso conhecido churrasco de domingo. Afinal, nós, gaúchos, somos conhecidos pelos moradores dos outros estados brasileiros pelo nosso jeito diferente de pronunciar as p a l a v r a s , p e l o n o s s o chimarrão e pela nossa música, além, é claro, de muitas outras coisas q u e n o s f a z e m parecidos com nossos vizinhos de origem espanhola.

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A Babel do GabrielLuciane Maria Wagner Raupp

Uma vez era o Gabriel, um menino serelepe.

Aprontava, aprontava

A profe nem xingava!

E quem poderia?

Aqueles olhos azuis a brilhar

Feito os da Oma Maria...

Aquele jeito de com as mãos falar

Igualzinho ao Nono Giuseppe.

Gabriel era todo charmoso

Com as palavras, muito habilidoso.

Dizem que tirava as suas ideias mirabolantes

De livros e livros que tinha nas estantes.

Ganhava-os de presente da Sarah e do Samuel, seus dindos,

Aqueles que o levavam à sinagoga aos domingos.

Gabriel era muito inventivo,

Nem precisava de incentivo!

Só não sabia como iria usar

Duas camisetas que acabara de ganhar:

Uma do Grêmio e outra do Internacional.

Encontrou-se em um dilema existencial.

Correu e acendeu uma vela para o Negrinho do Pastoreio:

Que ajudasse a encontrar a solução perdida sem receio!

Foi com a Dinda buscar ajuda no terreiro,

Santos e entidades a dar o palpite certeiro.

Embalado pelos tambores teve uma ideia genial

Uma grande festa era essencial.

A família em dia de festa se encontrou

Polca, samba, vanerão: todo ritmo se escutou.

Sashimi com chimarrão, churrasco com angu,

Quindim, ambrosia, grôstoli, sagu,

Tudo para esperar o momento da grande revelação:

O time que de Gabriel conquistou o coração.

Por uns instantes o menino sumiu.

A maior surpresa foi o que surgiu:

Metade alvi-rubra, metade tricolor azul anil

A camisa trazia no centro a bandeira do Brasil.

O Intergremionacional estava criado

Por um guri pra lá de levado. O chapéu

frutas. • Mais bonita que laranja de amostra. • Em briga de pedra garrafa não entra. • Miguel, Miguel,e nd ãa od ta elnas s am be e

a ll ho a

sb e ec ve eu nq d eo

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Casos do Romualdo - XIII[...] Vínhamos em marcha forçada; alta madrugada o

regimento fez alto. Trazíamos umas novilhas gordas, que foram logo

abatidas para um rancho apressado, de churrasco.

Fazia um frio de rachar pedras.

Acendeu-se uma grande fogueira e cada um tratou de

chamuscar o seu pedaço de carne.

Eu saí a procurar um espeto para o meu assadinho. A noite era

muito escura, mas graças ao clarão da fogueira descobri uma

pequena reboleira de mato, ali perto. Aproximei-me e, quando ia

cortar um galho qualquer, caiu-me ao chão a

faca, abaixei-me para apanhá-la dentre as

ervas, e com tal sorte que ao lado dela

encontrei um pedaço de pau tal e qual como eu

queria: duma meia braça, grossinho, liso, e o

que mais é, já com a ponta feita.

Por certo que seria um espeto já pronto

que algum dos camaradas perdera; melhor

para mim!

E ainda bati com ele no chão para limpá-

lo duns capins secos e terra que estava pegada.

Voltando, atravessei o meu churrasco no

meu espeto achado, e finquei-o na beirada do

fogo.

Vinha clareando o dia.

Por toda parte branqueava a geada, alta

de dois dedos, geada farinhenta, que é a mais

fria de todas. Estava eu um poço arriado,

conversando, quando um cabo, baiano, que

viera acender o cigarro numa brasa, gritou,

olhando para o chão, admirado:

— Olha o assado com o espeto, cadete Romualdo, que vai-se

embora! ...

Julguei que era algum gaiato que pretendia furtar-me o

churrasco; mas o baiano repetiu:

— Acuda, seu cadete, que o assado vai de trote! ....

Corri, e que vi?...

O churrasco, sim senhor, borrifado de salmoura, já chiando na

gordura, que ia andando pelo cão... dava a idéia de um cágado sem

pernas, mas de cabeça e cauda mui compridas!...

Acudiram então outros rapazes, muitos,

quase todos: e todos viram o churrasco

arrastando-se, fugindo da fogueira.

Então rompeu o sol. Foi quando se pôde

verificar a cousa: o espeto era uma cobra!

Como estava dura, dura de frio, aguentara

todo o trabalho de atravessar o churrasco e ser

cravada ao lado do fogo; depois o calor começou

a assar a carne e aquecer o espeto, isto é, a

cobra, que se foi reanimando, revivendo. E, logo

que ela sentiu-se quentinha e de saúde, tratou de

escapar.

Com o alarido e o movimento a cobra

assustou-se, fez força e desfincou-se do churrasco,

escondendo-se logo num buraco ali adiante.

Este caso foi muito falado naquele tempo.

chimia pra baixo. • Muito ajuda quem não atrapalha. • Ou vai, ou racha, ou arrebenta as pregas da bombac ha a.m •o c M ia ac i s e ar fp iam de as qer u

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Simões Lopes Neto

LOPES NETO, João Simões. Obra completa. Porto Alegre: Sulina, 2003. Obra completa

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Negrinho do PastoreioNo tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que

levava tudo por diante, a grito e a relho. Naqueles fins de mundo,

fazia o que bem entendia, sem dar satisfação a ninguém.

Entre os escravos da estância havia um negrinho, encarregado

do pastoreio de alguns animais, coisa muito comum nos tempos em

que os campos das estâncias não conheciam cerca de arame: quando

muito alguma cerca de pedra erguida pelos próprios escravos, que

não podiam ficar parados, para não pensar em bobagem... No mais,

os limites dos campos eram aqueles colocados por Deus Nosso

Senhor: rios, cerros, lagoas.

Pois de uma feita o pobre negrinho, que já vivia sofrendo as

maiores judiarias às mãos do patrão, perdeu um animal no pastoreio.

Prá quê! Apanhou uma barbaridade atado a um palanque e depois,

cai-caindo, ainda foi mandado procurar o animal extraviado. Como a

noite vinha chegando, ele agarrou um toquinho de vela e uns avios

de fogo, com fumo e tudo e saiu campeando. Mas nada! O toquinho

acabou, o dia veio chegando e ele teve que voltar para a estância.

Então foi outra vez

atado ao palanque e

desta vez apanhou tanto

que morreu, ou pareceu

morrer. Vai daí, o patrão

mandou abrir a "panela"

de um formigueiro e

atirar lá dentro, de

qualquer jeito, o

pequeno corpo do

negrinho, todo lanhado

Adeus Sarita

Vou partir para a fronteira

Vou levar minha boiada

Pra vender lá na feira

Com o dinheiro dessa venda

Eu vou comprar

Mais uma linda fazenda

Pra contigo me casar

No dia do casamento

Vai ter baile a noite inteira

A sanfona vai tocar

Essa rancheira

Os amigos reunidos

Cantarão para nós dois

E nossa felicidade

Virá depois

Renato MothaAdeus Sarita

de laçaço e banhado em sangue.

No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o

formigueiro. Qual não é a sua surpresa ao ver o negrinho do

pastoreio vivo e contente, ao lado do animal perdido.

Desde aí o Negrinho do Pastoreio ficou sendo o achador das

coisas extraviadas. E não cobra muito: basta acender um toquinho

de vela ou atirar num canto qualquer naco de fumo.

• no começo. • Mais enrolado que linguiça de venda. • Faceiro como passarinho velho em gaiola nova. o Fr ro i om daen eo

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rB á• g . ua ao dnea

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FAGUNDES, Antônio Augusto. Mitos e lendas do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1993Mitos e lendas do Rio Grande do Sul

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A fumaça, a labareda e a brasa

costura. •Perfumado como mão de barbeiro. • Pior que jacaré sem lagoa.• Rebola mais que minhoca nasa cn i no zh alsoi . p • Se uu tq i l o cd oi mt

e o m go ar tt on i q s ui ea vM a

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n a ie s u àq vo od na tl ao dr en e q s ui ea M • . oi dní ed ori ebr ab euq odapuc os ed si a M•. ép a r adna euq ohl ev si a M • . at urf aob ed ot a m me oi gub

DesgarradosSérgio Napp / Mário Barbará

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade

Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será

Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso

Viraram brasas, contavam casos, polindo esporas,

Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,

Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos

Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno

O milho assado, a carne gorda, a cancha reta

Faziam planos e nem sabiam que eram felizes

Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade

Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será

Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas

Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,

Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas

E são pingentes das avenidas da capital

Eles se escondem pelos botecos entre cortiços

E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias

E então são tragos, muitos estragos, por toda a noite

Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

O lá

pis

Cevando o amargoLupicínio Rodrigues

Amigo boleia a perna

Puxe um banco vá sentando

Descanse a palha na orelha

E o crioulo vai picando

Enquanto a chaleira chia

O amargo eu vou cevando

Enquanto a chaleira chia

O amargo eu vou cevando

Foi bom você ter chegado

Eu tinha que lhe falar

Que um gaúcho apaixonado

Precisa desabafar

Chinoca fugiu de casa

Com meu amigo João

Bem diz que mulher tem asa

Na ponta do coração

Romanceiro da Erva-mate

Luiz Coronel

Naquele dia, por simpatia,

se achegou, sentou ao meu lado.

E me olhou e me serviu

mate com açúcar queimado.

Voltei logo, vim de longe

troteando a felicidade.

Naquele mate com açúcar

me deu somente amizade.

Passei a vagar pelos campos

dia e noite a pensar nela.

Pra dizer que em mim pensava

fez um mate com canela.

Colhi as flores do campo,

trouxe brincos e um anel.

Querendo casar comigo

me serviu mate com mel.

Mas não quis partir comigo,

ai, quanta tristeza eu trago.

Pra dizer tenho outro amor,

me deu mate muito amargo.

Sete vezes eu voltei,

mas desisti afinal.

Só pra me mandar embora

me serviu mate com sal.

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Quadras Populares

Quem tem pinheiro tem pinha,

Quem tem pinha tem pinhão,

Quem tem amor tem carinho,

Carinho no coração.

ra de campanha. • Mais vagaroso que tropeiro de lesma.• Tradicional como embalagem de Maizena. • Vivi oe t cr oa mp oe cu aq vo a

ld o o dd ei c ce oh nn to rac bsi aa n

dM is• t. a.otn

em •as Mac a ie sd cuat rs te of q

umee ca on io cr ei e dtl e

o ps oo rcm oo . c • a Ddahnass A •. epor ax ed ap mat me acs o m euq ori ec af si a M• . agi tr u ue moc euq orr ub men euq atr eba ac ob e

Não há desgraça no mundo

Que não veja outra maior,

Nem coisa boa se encontra

Que não haja outra melhor.

Não há sábado sem sol,

Nem noiva sem ter lençol,

Nem domingo sem ter missa,

Nem segunda sem preguiça.

Dizem que o mate afoga

As mágoas do coração,

Mate sobre mate tomo,

E as mágoas boiando vão.

Menina, case comigo,

Que trabalhador eu sou,

Com sol eu não vou à roça,

Com chuva também não vou.

Montei meu cavalo zaino,

Vermelho cor de pinhão,

Fui à casa da morena,

Nem me deu um chimarrão!

Vou fazer a despedida,

Que fez o cachorro magro,

Comeu, encheu a barriga,

Saiu abanando o rabo.

A d i v i n h a s

As respostas destas adivinhas estão escondidas nas outras páginas.

Vamos ver se você consegue encontrá-las?

O que é, o que é?

Enfrenta o sol e a chuva,

Protege do vento frio,

De boca pra baixo é cheio,

De boca pra cima é vazio?

O que é, o que é?

Vamos ver quem diz agora,

Não me venha com depois,

O que é que você tem um,

O que é que todos têm dois?

O que é, o que é?

São três irmãs numa casa,

Uma foge sem querer,

Uma quer ir e não pode,

Outra fica até morrer?

O que é, o que é?

Sua vida é o inverso,

É sempre grande ao nascer,

Mas depois de escrever versos,

Bem pequeno vai morrer?

AZEVEDO, Ricardo. Cultura da Terra. São Paulo: Moderna, 2008.Cultura da Terra

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Boi Barroso Canção folclóricaRonda do Quero-Quero Léia Cassol

CASSOL, Léia. Um quero-quero me contou. Porto Alegre: Cassol, 2008 , Um quero-quero me contou

Não sou tricolor

Nem tenho lenço colorado

Gostei foi do gramado

Verde e lisinho

— Parece o Pampa!

Resolvi fazer meu ninho.

Daí me chamam de briguento

Se na hora do entrevero

Vou minha cria defender

E ataco até o goleiro.

Pois saibam que não sou violento

Apenas meio nervoso

Audacioso...

Mas corajoso!

Nas minhas penas trago histórias

Contadas por farroupilhas

De guerra?

Não!

De ideais!

Que desenharam essas coxilhas!

Abro as asas

Num voo rasante

Céu, sol, sul

Parece brinquedo

Sentinela do Rio Grande

Sempre alerta

Sem segredo!

Eu mandei fazer um laço do couro do jacaréPra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré

Meu boi barroso, meu boi pitangaO teu lugar, ai, é lá na canga

Adeus menina, eu vou me emboraNão sou daqui, ai, sou lá de fora

Meu bonito boi barroso,/ que eu já dava por perdidoDeixando rastro na areia/ logo foi reconhecido

Prenda Minha Canção Folclórica

Vou-me emboraVou-me emboraPrenda minhaTenho muito que fazer...

Tenho de ir parar rodeioPrenda minhaNo campo do bem querer...

Noite escuraNoite escuraPrenda minhaToda noite me atentou...

Quando foi de madrugadaPrenda minhaFoi-se embora e me deixou...

Troncos secos deram frutosPrenda minhaCoração reverdeceu...

Riu-se a própria naturezaPrenda minhaNo dia em queO amor nasceu....