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Letramento no Brasil Reflexões a partir do INAF 2001 Ação Educativa Organização Vera Masagão Ribeiro São Paulo 2003 , f!1l0,1KiJ ;, ' ; rAUlO MONTcNcGRO ,-

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Letramento no Brasil Reflexões a partir do INAF 2001 lrt~

Ação Educativa

Organização Vera Masagão Ribeiro

São Paulo 2003

,

f!1l0,1KiJ ;, ' ;

IN~TITUTO • rAUlO MONTcNcGRO ,-~

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© Ação Educativa - Assessoria, Pesquisa e Informação Instituto Paulo Montenegro, 2003

Diretor Editorial JEFFERSON L. ALVES

Gerente de Produção FLÁVIO SAMUEL

Coordenação de Revisão ANA Cms·nNA TEIXEIRA

Revisão SANDRA MARTHA DOLINSKY

MARINA M ENDONÇA

Capa EDUARDO ÜKUNO

Fotografias da Capa NIVALDO HONÓRIO DA SILVA

Editoração Eletrônica CIA. EDITORIAL

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Letramento no Brasil : reflexões a partir do INAF 2001 / organização Vera Masagão Ribeiro. -­São Paulo : Global, 2003.

Vários autores. Bibliografia. ISBN 85·260·0831 ·5

1. Educação • Brasil • Controle de qualidade 2. Leitura - Brasil 3. Letramento - Brasil 1. Ribeiro, Vera Masagão.

03·3204 CDD-379.240981

Índice para catálogo sistemático:

1. Brasil : Letramento : Política educacional 379.240981

Direitos Reservados

$ _. GLOBAL EDITORA E '5~ DISTRIBUIDORA LTDA.

Rua Pirapitingüi , 111 - Liberdade CEP 01508-020 - São Paulo - SP

Te!.: (11) 3277-7999- Fax: (11) 3277-8141 E.mail: [email protected]

Colabore com a produção científica e cultural. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra

sem a autorização do editor.

Sumário

A construção de um novo indicador de qualidade da educação

Carlos Augusto Montenegro e Fabio Montenegro

Por mais e melhores leitores: uma introdução

Vera Masagão Ribeiro

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PARTE 1 - A sociedade leitora e as políticas de leitura

Os números da cu ltura

Márcia Abreu

Sociedade de cultura escrita, alfabetismo e participação

Luiz Percival Leme Britto

Polít icas de promoção da leitura

Elizabeth D'Angelo Serra

33)

""' 47

65

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Os números da cultura

Márcia Abreu 1

Ler os resultados do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF) 2001 esLimula nossa curiosidade, nosso desejo de olhar para dentro da casa dos ouLros e ver como vive a maior parle dos brasileiros. NesLe caso, traLa-se de bisbilhoLar a vida culLural das pessoas, permiLindo que mexamos nos papéis, nos livros, nas anotações que cada um guarda dentro de casa e no tra­balho - o que torna Ludo muito mais inLeressance.

Os resulLados dessa pesquisa trouxeram algumas novidades.

Contrariando um discurso corrente sobre o desinteresse dos brasileiros pela leitura e sobre sua baixa familiaridade com os livros, 67% dos entrevis­tados dizem gostar de ler: 32% "gosLam muito" e 35% "gostam um pouco" (Tabela 4a). A pergunta feita era bastante específica - "O(a) senhor(a) gosta

2 ou não gosta de ler para se distrair ou passar o tempo" . É preciso lembrar que a distração e o passatempo não são, necessariamenLe, os moLivos mais fones que levam alguém à leitura. Boa parte das pessoas lê para se instruir ou para se informar. Além disso, é possível ler muiLo sem que se tire disso algum pra-

' ·Professora Livre Docente do Departamento de Teoria literária do InstiluLo de Estudos da Linguagem da UNlCAMP. Membro do projeto Memória de Leitura (IEL - UNICAMP). Pes­quisadora do CNPq e da FAPESP.. 'Grifo meu

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zer. Quantos de nós já não leram um manual de insLalação de um eleLrodo­mésLico tendo certeza da importância de levar aquela leilura até o final mas sem nenhum gosto especial? Por isso é ainda mais significativo que cantos tenham respondido positivamente a uma pergunta que aborda uma finalida­de muito particular da leitura. Se a pergunta tivesse sido algo como "você acha que ler é relevante para sua vida?", talvez o índice de respostas afirma­tivas fosse ainda ma10r.

Uma recente pesquisa de opinião, intitulada Retrato da leitura 110 Brasi/3, fez um conjunto mais amplo de queslões acerca da importância e interesse da leitura e chegou a resultados interessantes: 89% vêem nos livros um meio efi­caz de transmissão de idéias; 78% gostam de ler livros; 62% leram ou con­sullaram livros em 2000; 30% leram livros nos Lrês meses que antecederam a pesquisa; 14% estavam lendo um livro no dia da entrevista4

Governos. instituições culturais e escolas têm despendido esforços para convencer as pessoas de que "é importante ler". de que "ler é um prazer". mas elas já sabem disso.

Os resultados de ambas as pesquisas con­duzem a uma conclusão óbvia, e nem por isso pouco relevante: já não é preciso que se façam campanhas para divulgar a importân­cia da leitura e para estimular o "hábito" de ler. Governos, instituições culturais e escolas têm despendido esforços para convencer as pessoas de que "é importante ler", de que "ler

é um prazer", mas elas já sabem disso. Se fazer campanhas parece inócuo, reafirmando o que Lodos já conhecem, mais importante seria difundir o aces­so à educação escolar, pois os dados mostram uma relação direta entre esco­larização e gosto pela leitura: 22% dos que estudaram até a 4• série dizem gos­tar muilo de ler; dentre os que passaram pelo segundo segmento do Ensino Fundamental, os índices sobem para 33%; entre os que estiveram no Ensino Médio, os números vão a 40%, chegando a 62% entre os universitários (Tabela 4b).

' Realizada por A. f-ranceschini Análises de Mercado a pedido da CBL (Câmara Brasileira do Livro), Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel), Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) e Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros) entre 10 de dezembro de 2000 e 25 de janeiro de 2001, a pesquisa Retrato da leitura no Brasil baseou-se em 5.503 entre­vistas realizadas com pessoas acima de catorze anos e com três anos ou mais de escolaridade, resi­dentes em 46 cidades - o que corresponde a um universo estimado de 86 milhões de pessoas. • I: preciso considerar que o universo pesquisado predispõe a certos resultados. A pesquisa foi realizada cm per!odo de férias escolares (l O/l 2 a 25/0 l ), o que deve ter diminuído o número de leitores no dia da entrevista. Tendo considerado apenas leitores de faixas etárias superiores a cawrze anos (e com certa escolaridade), estão mal representados nos resultados os livros míanlls, infamo-Juvenis e didáticos.

Perguntados sobre "as duas pessoas que mais iníluenciaram seu gosto pela leitura", os entrevistados lembram-se de "algum professor" (37%), da "mãe ou responsável do sexo feminino" (36%) e do "pai ou responsável do sexo masculino" (24%). Como seria possível supor, quanto mais tempo se fica na escola, mais cresce a imponância atribuída ao professor na formação do gosto

ela leitura. Aqueles que permaneceram na escola até o Ensino Superior ~izem que os maiores responsáveis por seu gosto pela lenura foram seus pro­fessores (52%), enquanto os que passaram até quatro anos na escola dizem que receberam maior influência de suas mães (35%), reservando aos profes­sores um segundo lugar (27%). Enquanto os mais ricos recordam-se dos pro­fessores ( 4 2 % das pessoas das classes A e B atribuem seu gosto pela leitura a seus professores), os mais pobres lembram-se das mães: 41 % das pessoas das classes D e E dizem ter sido influenciadas por suas mães (Tabelas 6a e 6b) .

Deixar clara a falta de sustentação do discurso de que o b rasileiro não gosta de ler já bastaria para justificar a relevância de uma pesquisa como essa. Entretanto, saber que a idéia de que ler é bom já está disseminada pela socie­dade não significa que não Lenhamos mais com que nos preocupar. Ao con­trário, isso refina nossa sensibilidade para com os problemas reais.

Olhando para dentro da casa dos brasileiros, a enquete trouxe outra infor­mação relevante ao mostrar que havia o que ver em 98% dos casos, ou seja, a quase totalidade dos entrevistados possuía materiais escritos em suas resi­dências. Perguntados sobre a existência de "livros didáticos", "enciclopédias", "dicionários", "livros infantis", "bíblias, livros sagrados ou religiosos", "livros técnicos/específicos", "livros de literatura/romances'', "agendas de telefone e endereços", "calendários e folhinhas", "livros de receitas ele cozinha", "álbum de família, fotos ele.", "guias, listas e catálogos", nenhum dos entrevistados disse v~ver em uma casa na qual ao menos um desses itens não estivesse pre­sente. E verdade que alguns Lêm muito pouco - 22% possuem até quatro des­s~s materiais e 27%, de cinco a sete - , mas metade da população tem em casa Oito ou mais desses tipos de materiais escritos. Esses números sobem de maneira impressionante quando se observam apenas as classes A e B pois, ~e~se caso, chega-se a 93% das residências com oito ou mais tipos de male­na1s escritos, números que crescem ainda mais entre aqueles que passaram por algum curso de nível superior: 99% deles têm oito ou mais desses tipos de materiais (Tabelas 15a e 15b).

( Esses números revelam a forte presença da escrita na sociedade atual, azendo com que mesmo os que não podem ler estejam em contato constan­

te com materiais escritos (63% cios analfabetos possuem até quatro tipos de ~ateriais~ 24% possuem de cinco a sete, e 13% possuem oito ou mais tipos

e rnatena1s escritos em suas residências). E não se traLa de possuir apenas c(~lendários ou folhinhas. Há dicionários na casa de 34% dos analfabetos

1abela l 4a).

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Os dados do lNAF 2001 permiLem não apenas saber que hã escrilos em todas as casas, mas Lambém conhecer com que Lipo de maLerial as pessoas lidam com mais freqüência . Quase todo mundo declara ter algum livro em casa (37% da população declaram ter menos de dez livros; 41 % que têm de onze a cinqüenta livros; 9% que têm de 51 a cem livros; 6% que têm mais de cem livros em casa). Como se pode facilmente imaginar, os ricos têm muito mais li­vros em casa do que os demais (nas classes A e B, 27% das pessoas têm mais de cem livros, enquanto na classe C são 5% e nas D e E, 2%) Não apenas o carro, a casa ou as roupas são sinal de slalLts. Também os livros podem sê-lo. Somente 1 % das pessoas de classe A e B disse não ter nenhum livro em suas residências (Tabela 16a).

Possuir livros em casa pode ser sinal de distinção social, mas não signifi­ca necessariamente que se leu os livros. Da mesma forma, é possível ler livros sem tê-los.

A pesquisa Retrato da leitura no Brasil moscrou que 50% das pessoas com­pram os livros que querem ler, enquanto outros recorrem ao empréstimo em bibliotecas (8%) e à doação de escolas ( 4%). O lNAF 2001 não inquiria sobre a forma de acesso ao livro, mas perguntava sobre a freqüência com que as pessoas vão a bibliotecas e outros locais onde se emprestam livros. É impres­sionan te perceber que 69% dos entrevistados disseram não ir nunca a uma biblioteca ou outros locais de empréstimo para retirar livros, números que crescem conforme aumenta a idade da população pesquisada: 4 7% das pes­soas entre quinze e 24 anos, 72% dos que estão entre 25 e 34 anos; 77% dos que têm de 35 a 49 anos e 90% dos que têm mais de cinqüenta anos nunca vão a uma biblioteca ou outro local de empréstimo parn ret irar livros.

Há, provavelmente, uma associação en tre biblioteca e trabalho escolar, revelada não apenas pela faixa etária, mas também pelo nível de escolariza­ção (92% dos que têm até o primário completo, 62% dos que passaram pelo segundo segmento do Ensino Fundamental [5ª a 8ª série], 4 3% dos que foram ao Ensino Médio e 32% dos que passaram por um curso superior dizem nunca retirar livros de uma biblioteca). Mesmo que se considerem apenas os jovens, a biblioteca não parece ser um espaço relevante em sua relação com a leitura. Apenas 13% dos jovens entre quinze e 24 anos dizem ir sempre à

biblioteca para reti rar livros - o que é ainda mais significativo se lembrarmos que essa faixa etária compreende a maior parte dos que estão no nível médio e no superior. Os mais ricos parecem ir com mais freqüência a bibliotecas (17% das pessoas das classes A e B, 8% da classe C e 5% das classes D e E dizem reti­rar sempre livros de bibliotecas), talvez porque os mais ricos sejam os que têm mais possibilidade de estar na escola. A situação deveria ser outra, já que as bibliotecas em geral são públicas e gratuitas e, portanto, poderiam atrair aqueles que querem ler mas não podem comprar livros (Tabelas 25a e 25b).

Nesse caso, parece haver espaço para l ma campanha governamental. É preciso

a gu l·ar a rede de bibliotecas e difundir a amp 1 'déia de que esse pode ser um espaço de lei-1 . e não apenas de realização de tarefas tuia, . escolares. Para tanto, é necessá~o. pensar

acervos que compõem as btbhotecas, nos 1 d. d .. dotando-os não só de encic opé ias, 1c10-

É preciso ampliar a rede de bibliotecas e difundir a idéia de que esse pode ser um espaço de leitura. e não apenas de realização de tare­fas escolares. É preciso diversificar os acervos para que variadas motiva­ções possam ser atendidas.

nários, didáticos e paradidãticos, mas. tam- . . . . . bém de livros de entretenimento, de livros pr?ftss1_ona1~'. de obras rehg1osas, de auto-ajuda etc. Em outras palavras, é preciso d1vers1ftcar ~s acervos para que as mais variadas motivações de leitura possam ser atendidas no espaço

das bibliotecas.

Em um país pobre e de renda mal distribuída como o Brasil a multiplica­ção de bibliotecas pode ser um fator decisivo na democratização do a~esso ~ leitura. Até o momento, as pesquisas mostram que o contato com os livros e mediado, na maior parte das vezes, pela compra, o que nos leva de volta aos livros que as pessoas têm em casa.

Nesse espaço novamente se percebe uma relação entre leitura e escola, já que a maior parle dos impressos presentes nas casas está fonemente associa­da à cultura escolar - 59% dos entrevistados dizem ter livros didáticos em casa, 65% das pessoas têm dicionários, 58% têm livros infantis, 35% cêm enciclopédias. Em geral, supõe-se que livros didáticos e infantis têm destina­tários muito específicos, o que torna surpreendente a constatação de que eles estão em todo tipo de casa. Os didáticos estão distribuídos por todas as fai­xas etárias (69% dos que têm entre quinze e 24 anos; 53% dos que estão entre os 25 e os 34 anos; 60% dos que estão entre os 35 a 49 anos e 4 7% dos que têm mais de cinqüenta anos possuem livros didáticos em casa) e por todas as classes (87% dos que pertencem as classes A e B; 66% dos que estão na classe C e 4 7% dos que compõem as classes D e E têm livros didáticos em casa). Os livros infantis encontram-se em situação semelhante.

Ainda que os impressos associados ao universo escolar estejam muito pre­sentes, não se deve supor que haja uma associação forte entre os livros e a for­mação do sujeito, pois apenas 34% das pessoas têm em suas casas livros téc­nicos e profissionais. Talvez tenha havido uma compreensão alargada do que seja um livro didático, fazendo com que os entrevistados inserissem nessa categoria todos os livros instrucionais (Tabelas l 4a e l 4b).

A julgar pela memória dos que participaram da pesquisa, essa situação vem de longa data. Perguntados sobre os materiais de leitura com os quais conviveram na infância, a maioria dos entrevistados lembrou-se de ter tido

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l ETRAMENTO NO BRASIL

em casa carLilhas e cartas de ABC (67%). Recordaram-se também de livros em geral (57%), revistas (42%), dicionários (34%),jornais (33%) e enciclopédias (18%). Apenas 12% não lembravam de Ler tido em casa esses materiais (Tabela 44a).

Quando se pensa em leitura na escola, em geral há uma associação quase imediata com obras literárias. Ainda que isso seja um equívoco, costuma-se responsabilizar apenas o professor ele português pelo ensino da leitura e caracterizar o texto literário como objeto por excelência ela atividade de lei­tura. A maioria dos brasileiros tem em casa livros didáticos, dicionários e livros infantis, mas a literatura não parece estar em alta - 56% dizem não ter "livros de literatura/romance". Isso não significa que literatura e escola este­jam desvinculadas. Quando se examina o grupo de entrevistados com idade para estar cursando o nível médio e o superior, o número de pessoas que pos­suem livros de literatura em casa sobe para 55%, caindo bastante nas demais faixas etárias (38% entre os que têm de 25 a 34 anos; 42% entre os de 35 a 49 anos e 35% para os que têm mais de cinqüenta anos).

Ainda que se verifique um progressivo afastamento dos textos literários à ~e.did.a que vão se distanciando os anos escolares, o grau de instrução afeta sig­mf1cattvamente o contato com a literatura. Enquanto apenas 23% dos que per­maneceram até a 41 série na escola têm livros literários em casa, 91 % dos que cursaram o nível superior dizem possuir obras desse tipo (Tabelas l 4a e l 4b).

A posse de livros literários é proporcional à condição econômica - 81 % dos entrevistados das classes A e B disseram ter livros de literatura, enquan­to na classe C os números caem para 52%, decrescendo ainda mais nas clas­ses D e E, nas quais apenas 28% das pessoas têm livros de literatura em casa. Ler literatura (ou, ao menos, possuir livros literários em casa) pode ser mais um sinal de status.

Esses dados dizem respeito à posse de livros, o que pode significar apenas que s.e lem menos ou mais espaço para guardá-los, menos ou mais desejo de cole~1onar. Inler~ssa, portanto, olhar mais de peno para a efetiva leitura que se dtz fazer dos livros - possuídos ou não.

~e a posse de livros reserva um modesto 6u lugar para as obras literárias5 ,

~ lenura as coloca em posição bem melhor. Respondendo à pergunta sobre os ltvros que se "costuma ler, ainda que de vez em quando", 30% dos brasilei­ros mencionam "romance, aventura, policial e ficção" e 20% referem-se à "poesia", aproximando a leitura literária do mais alto índice (46%) reservado

' Em l• lugar estão os livros religiosos, presentes cm 86% das casas; cm 2•, os d1c1onários (65%); em 3', os livros de receita (62%)· os livros didáticos (59%) em 4•; os infantis (58%) em 5• e os luerários ( 44%) cm 6• lugar (Tabela l 4a)

US NUMEROS OA CULTURA

à leitura da "Bíblia, livros sagrados ou religiosos". Os mais ricos voltam-se com mais ênfase para a ficção ( 4 3% das pessoas das classes A e B dizem ler "romance, aventura, policial, ficção", índices que caem para 34% na classe C e baixam para 24% nas classes D e E), enquanto os mais pobres buscam os textos religiosos: 46% das pessoas das classes D e E dizem ler .. Bíblia, livros sagrados ou religiosos", números que sobem para 49% na classe C e descem para 40% nas classes A e B (Tabela l la).

Contrariando o propalado desinteresse dos jovens pela literatura, eles for­mam o grupo de leitores mais assíduos de ficção ( 44% das pessoas entre quinze e 24 anos dizem ler "romance, aventura, policial, ficção") e de poesia (lida por 35% dos que estão nessa faixa etária). A medida que envelhecem, as pessoas vão progressivamente se desinteressando da literatura: entre os 25 e os 34 anos, 30% se dizem leitores de ficção e 16% de poesia; dos 35 aos 49, 24% interessam-se por ficção e 14% por poesia, e quando se chega à faixa dos que têm mais de cinqüenta anos, apenas 18% lêem ficção e 10%. poesia (Tabela llb).

A pesquisa Retrato da leitura no Brasil chegou a conclusões semelhantes ao indicar que o leitor mais comum tem entre catorze e dezenove anos de idade ( 45% do total de emrevistados)6

.

A proximidade dos jovens com a literatura não se limita à leitura, revelan­do-se também na produção escrita: 27% dos que têm entre quinze e 24 anos afirmam escrever - criando ou copiando - poesia, 15% escrevem "histórias reais ou inventadas" e 29%, "letras de música''. O gosto por escrever literatu­ra parece ser aquilo que menos distingue as pessoas em lermos de condição social: nas classes A e B 12% escrevem- criando ou copiando - poesia; 12%, prosa.e 17%, letra de música; na classe C, 16% escrevem poesias, 9%, prosa e 17%, letra de música; nas classes D e E 15% dedicam-se à poesia, 10%, à prosa e 14%, à letra de música (Tabelas 12a e 12b).

A escola parece estar matando o gosto pela escrita poética, pois quanto maior for o número de anos de estudo, menor a quantidade de escritores (entre os que cursaram o Ensino Médio, 23% escrevem poesia e 26%, letra de música; dos que chegaram ao Ensino Superior, 12% dedicam-se à poesia e 12%, às letras de música). Já a escrita de histórias reais ou inventadas é mais frequente entre os que têm mais escolaridade: 13% entre os que têm ensino rn~d.io e 18% entre os com n[vel superior. A permanência na escola parece 1n1b1r até mesmo o gosto pela leitura de poesias: 28% dos que passaram pelo segundo segmento do Ensino Fundamental dizem que costumam ler poesia,

• Considerando os "leitores efetivos". ou seja, aqueles que leram ao menos um livro nos últi­mos três meses.

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LCIM\IVICl~IU l~U unA.)IL

números que sobem ligeiramente (29%) entre os que foram ao ensino médio e caem fortemente entre os que estiveram em um curso superior (16%). Em relação à leitura de "romance, aventura, policial, ficção", o movimento é tam­bém o inverso: quanto mais se fica na escola, mais se gosta de ler esse tipo de texto: 36% dos que estiveram no segundo segmento do Ensino Fundamen­tal, 48% dos que passaram pelo Ensino Médio e 49% dos que freqüentaram um curso de nível superior dizem costumar ler textos em prosa (Tabela llb).

A pesquisa Retratos da leitura no Brasil chegou a resultados semelhantes, mostrando que as mulheres têm predileção pela literatura, dispersando seu interesse por uma ampla gama de textos: 26% gostam de poesia; 26%, de livros infantis; 24%, de romance; 21 %, de história de amor; 19%, de litera­tura juvenil. Dentre os homens, 19% lêem poesia e 19%, livros de aventura. Destaca-se, também, o interesse pelas histórias em quadrinhos, que atrai 34% dos homens e 31 % das mulheres.

Aqueles que apregoam a crise da leitura não pensam na leitura em geral. e sim na leitura de certo tipo de livros - aqueles que for­mam a tradição erudita nacional e internacional.

As enquetes nada dizem sobre as obras lidas, mas basta olhar para as listas de best-sel­lers para saber que literatura, neste caso, não equivale aos clássicos registrados pelas histó­rias literárias e ensinados nas escolas. E aqui chegamos a um dos substratos do discurso da ausência de leitura. Aqueles que apregoam a

crise da leitura não pensam na leitura em geral, e sim na leitura de certo tipo de livros - aqueles que formam a tradição erudita nacional e internacional. Estes são ef elivamente pouco lidos, assim como são pouco frequentados os espaços em que se manifesta a alta cultura.

O INAF 2001 preocupava-se não apenas com a leitura, mas com a fami­liaridade com locais privilegiados para manifestações culturais. Os resultados mostram que a maioria os desconhece: 83% das pessoas dizem nunca ir ao teatro, enquanto 16% só vão "às vezes/de vez em quando"; 78% das pessoas nunca vão a museus e 19% afirmam ir de vez em quando, 68% nunca vão ao cinema e 29% vão "às vezes/de vez em quando"; 59% nunca alugam filmes em locadoras e 24% o fazem somente de vez em quando; 50% nunca vão a shows e espetáculos e 39% vão às vezes; 45% nunca vão a exposições e fei­ras e 40% vão às vezes. Se, em geral, esses lugares são associados a manifes­tações culturais tidas como elevadas, é preciso considerar que há exposições agrícolas, feiras de calçados, filmes pornográficos etc., e mesmo assim a maio­ria dos brasileiros declara não freqüentar jamais esses espaços (Tabela 24 ).

Contrastados com os 67% dos entrevistados que dizem gostar de ler, os números acima soam ainda mais forte. Ainda que os brasileiros estejam infi-

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ais distantes de filmes peças teatrais, pinturas e esculturas do ilarnente m , . ·1 . 1

n 1. s 0 que mais se comenta é o fraco interesse dos bras1 e1ros pe a que dos wro , jeilura.

A sobrevalorização da leitura literária

0 privilégio da literatura sobre as demais artes (e o cons~qüente_ privilégio

1 · ) foi· construído historicamente sobretudo a parm do seculo XIX. da e1 tura ' . . . _ . . Naquele momento, a opção pela literatura JU~td1f1dcavad-se por _va~1~s mdonvos, dentre os quais o mais saliente era a necess1 a e e consmuiçao e uma

essão artística nacional capaz de exprimir a cultura pecuhar a um povo, ~fe:enciando-o dos demais. No final do século XVlll e início do XIX,. vários países passavam por processos de independência e_nquanto outros s~f nam os efeitos das invasões napoleônicas, de modo que interessava a praticamente rodos criar um discurso a favor de sua autonomia. Mostrar-se um grupo pecu­liar com características próprias e, portanto, distinto dos demais, pareceu um bo~ argumento - se formamos um corpo distinto dos demais é uma violên­cia sermos submetidos ao domínio de estranhos. As artes em geral tomaram parte nesse processo de criação de uma ide_ntidad~ ~ac~onal, ~as, naquel_e momento, a produção escrita estava em cond1ção pnv1legiada, pois era a mais pública das formas de expressão artística. Novas técnicas de preparação e dis­tribuição dos livros os tornavam mais baratos e mais difundidos, tornando-os, portanto, mais acessíveis a amplas camadas sociais. Além disso, a literat~ra vinculava-se a outro argumento fone em prol da autonomia: a língua nacio­nal. Articulando uma língua própria e uma tradição cultural específica, a lite­ratura construía-se como espelho e esteio da nacionalidade, fazendo frente a uma ~ultura aristocrática, cosmopolita, vazada em latim ou em francês7

A difusão social da produção literária incluía, necessariamente, sua esco­larização, dando origem aos cursos de história da literatura nacional que até hoje conhecemos. Evidentemente todo o processo é complicado demais para que possa ser examinado adequadamente nessas poucas linhas, mas suas conseqüências todos nós conhecemos. Ler e apreciar a literatura erudita nacional - e, se possível, também a universal - passou a ser visto como algo fundamental para a formação do sujeito, sem que muitas vezes se considerem as condições históricas de construção dessa idéia.

Esses são alguns dos motivos que levam muitas pessoas a ficar profunda­meme decepcionadas com os dados obtidos nas recentes pesquisas de opi-

'Ver Hobsbawn (1981), especialmente o capitulo 14, dedicado ao exame das artes no final do século XYlll e início do XIX.

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LETRAMENTO NO BRASIL

nião sobre leitura. Mesmo percebendo que a maioria diz que gosta de ler e que tem livros em casa, a decepção permanece devido às escolhas feitas pelos leitores, escolhas que não os aproximam da cultura e da erudição. Pensa-se que o bom leitor é um devorador ávido de alta literaLUra, é alguém que tran­sita com facilidade pela produção intelectual de ponta, que tem os livros como elemento fundamental de sua concepção de mundo. Quem partilha dessa imagem de leitor não se animará muito com casas cheias de cartilhas e livros didáticos, com multidões de leitores de Bíblia na mão.

!? por valorizar sobremaneira a produção escrita que o supostamente baixo conLato da população com a boa literatura causa preocupação, enquanto os dados sobre a pouca freqüência a museus e teatros geram menor inquietude. Da mesma forma, os números extremamente altos relativos ao contato dos brasileiros com a televisão e com o rádio não costumam causar boa impres­são. A maioria absoluta da população diz que sempre assiste televisão (81 %) e sempre ouve rádio (78%) - e a estes devem somar-se os 16% que assistem televisão "às vezes/de vez em quando" e os 18% que ouvem rádio com essa freqüência. Todas as classes sociais o fazem - 85% das pessoas das classes A e B sempre assistem TV e 81 % ouvem rádio sempre; 88% das de classe C sempre assistem TV e 83% ouvem rádio sempre; 75% das classes D e E assis­tem sempre TV e 74% ouvem sempre rádio (Tabela 24).

Não há meios de difusão cultural mais disseminados do ponto de vista social, geográfico ou etário do que o rádio e a televisão e mesmo assim a intelectualidade e a escola não parecem se ocupar muito deles. O sonho ro­mântico de consolidar a nacionalidade por meio da cultura parece estar se realizando, não com a literatura como se imaginou, mas por intermédio da televisão e do rádio. Basta pensar no papel de uma emissora como a Rede Globo na veiculação de certa imagem da história do Brasil - por exemplo em minisséries como A Muralha ou O Quinto dos Infernos - ou na integração das diversas regiões - em telenovelas como Tiela do Agreste ou O Rei do Gado. Quem se lembra do projeto de construção de uma literatura nacional dese­nhado por josé de Alencar em "Bênção Paterna"d deve estar percebendo as semelhanças com a atuação dessa emissora.

Há quase cinqüenta anos, Robert Escarpit sugeriu que as condições técni­cas já permitiam que a universidade e a escola se ocupassem de variados pro­dutos culturais, deixando de concentrar sua atenção exclusivamente na lite­ratura, como foi necessário fazer quando a impressão era o único meio de difusão de massa. Ele propunha o estudo de algo como "a história do homem em sociedade sob o aspecto de seu diálogo estético-imaginativo com seus

•"Bênção Paterna" é publicado como prefácio ao romance Sonhos D' Ouro, de 1872.

US NUMl:KUS UA t:ULIURA

Porâneos e sua posteridade" (Escarpit, 1967: 1799). Tanto tempo

contem . d - f . ainda não demos esse passo. Continuamos manten o a atençao oca-depo1s dº E · O 1 d. -

nas nos textos escritos e na literatura eru ua. rn r an l propoe ~ª~ .

rumos para o trabalho com lenura na escola. outros A convivência com a música, a pintura, a fotografia, o cinema .. c~m .outras

de utilização do som e com as imagem, assim como a convwenc1a com formas . . _ . 1. uagens artificiais poderiam nos apontar para uma mserçao no univer-

as ing 1· · bólico que não é a que temos estabelecido na escola. Essas mguagens

so sim . . · 1 - d · - - todas alternativas. Elas se aruculam. E e essa art1cu açao que evena nao sao · · b Ih

1 ada no ensino da leitura quando temos como objetivo tra a ar a ser expor . capacidade de compreensão do aluno.

Do contrário, temos que torcer para que aconteçam alunos bem-sucedidos que sejam capazes de apresentar uma leitura típica de escola para o professor, e umas outras, que eles fazem dos seus jeitos, fora dela, e para seus mundos. Onde, historicamente, a lingua­gem verbal já não ocupa o centro (Orlandi, 2001:40).

As condições técnicas já per­mitiam que a universidade e a escola se ocupem de variados produtos culturais. deixando de concentrar sua atenção exclusi­vamente na literatura.

Mesmo que a produção literária ainda ocupe um lugar central na reílexão escolar sobre cultura, não parece razoável que continuemos a nos mteress~r apenas pelas obras consagradas, pelos grandes escritores e pensadores. Sena útil ao menos conhecer as leituras correntes, aquelas que pessoas comuns realizam em s~u cotidiano. Ainda que, nos últimos anos. tenham sido reali­zadas algumas pesquisas de opinião9

, sabemos muito pouco.

Novas perguntas

As investigações revelaram um interesse pela leitura e um contato com o escrito muito maior do que se supunha, livrando-nos de fantasmas como o do desinteresse do brasileiro pela leitura, da falta de contato entre jovens e livros, da baixa disseminação dos escritos na sociedade etc.

Mas essas pesquisas levam, forçosamente, a outras perguntas.

Por exemplo, que relação tem com a escrita os 58% de analfabetos que possuem Bíblias e livros religiosos em casa? Eles contam com o apoio de alguém que le em voz alta para eles? A simples presença do escrito sagrado

•Além das duas pesquisas comentadas aqui, ver o Censo de Leitura realizado pela Associação de Leitura do Brasil

Page 9: Letramento no Brasil › files › dd2 › 11fd835b58cb72eb2... · 2019-08-20 · Somente 1 % das pessoas de classe A e B disse não ter nenhum livro em suas residências (Tabela

em casa é importante, apesar de não conseguirem decifrar o texto? Ainda pensando nos analfabetos, que sentido atribuem aos dicionários os 34% deles que os possuem em suas residências?

Vale a pena pensar no motivo que leva as pessoas mais escolarizadas a ter menor interesse pela leitura de poesia. t. possível que o trabalho de análise de poemas proposto nas escolas afugente os leitores. Ou talvez a seleção de poe­mas apresentada seja a responsável. Ou, quem sabe, a poesia seja algo social­mente desvalorizado.

Pode-se perguntar, ainda, por que as mulheres têm mais afinidade com os livros do que os homens. A pesquisa Retrato da leitura no Brasil mostrou que maior parte dos leitores é, na verdade, leitora : são 51 % de mulheres contra 49% de homens. O INAF 2001 mostrou que elas gostam mais de ler: 38% das mulheres dizem que gostam muito de ler "para se distrair ou passar o tempo", enquanto entre os homens os índices baixam para 25% (Tabela 4a). E elas são leitoras muito mais ávidas quando se trata de literatura: 37% das mulheres dizem ler "romance, aventura, policial, ficção" contra 23% dos homens, enquanto 27% delas dizem ler poesia contra apenas 13% dos ho­mens. Respondendo à pergunta sobre os tipos de livros que se lê, somente os "livros técnicos, de teoria, ensaios" recebem uma porcentagem superior de respostas masculinas - 14% dos homens dizem ler livros desse Lipo, enquan­to apenas 7% das mulheres diz fazê-lo (Tabela l lc). Será que ainda se man­tém a idéia romãntica de que a leitura literária leva à evasão e, portanto, é mais própria às mulheres, desocupadas e sonhadoras? Será que os homens entendem a leitura de forma mais utilitária do que as mulheres? Se essas idéias estiverem socialmente disseminadas, como a escola pode lidar com elas para não reforçar velhos estigmas?'º

Livres dos espectros do passado. Lemos diante de nós a tarefa de com­preender a relação estabelecida pelos diferentes grupos com a leitura, aden­trando o difícil terreno dos sentidos atribuídos aos textos pelos leitores.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO DE LEITURA DO BRASIL. Censo de leitura. Campinas, 2001. Disponível em www.alb.br/censo/indexhtm. Acessado em 13 de maio de 2003.

'ºO artigo de Marllia Carvalho e Mayra Moura, neste livro, aborda essas questões (nota da edi­tora).

U.) l''HJIVICn u.:> UH \.;ULI un'"'

- MARA BRASlLElRA DO LIVRO el ai. Pesquisa - Retrato da ~eilura no Brasil. CA São Paulo. 2001. Disponível em www.cbl.org.br/pesqmsasretratos.asp.

Acessado em 13 de maio de 2003. CARPIT. Robert. "Histoire de l'histoire de la li.ttérature". ln: Hisloire des li­

ES ttératu.res. Encyclopédie de la Pléiade, tomo lII. Paris: Gallimard. 1967.

HOBSBAWN. Eric. A era das revoluções. Rio de janeiro: Paz e Terra. 1981.

LANDl. Eni Pulcinelli. "Leitura: questão lingüística, pedagógica ou ORsocial?". ln: Discurso e leitura. São Paulo: Cortez; Campinas - São Paulo:

Editora da Unicamp, 2001.

Gabriel Kothe
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