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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANA FERNANDA FERNANDES Levantamento da prevalência de raiva no Estado do Paraná de janeiro a outubro de 2015 Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico: Prof. Prof. Elza Ciffoni Orientador Profissional: Med. Vet. Christiano Petri CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

ANA FERNANDA FERNANDES

Levantamento da prevalência de raiva no Estado do

Paraná de janeiro a outubro de 2015

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do

Paraná como requisito parcial para a obtenção do

grau de Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico: Prof. Prof. Elza Ciffoni

Orientador Profissional: Med. Vet. Christiano Petri

CURITIBA

2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REITOR

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

Carlos Eduardo Rangel Santos

PRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

DIRETOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Prof. Dr. Welington Hartmann

COORDENADOR DE ESTÁGIO CURRICULAR

Prof. Dr. Welington Hartmann

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANA FERNANDA FERNANDES

Levantamento da prevalência de raiva no Estado do

Paraná de janeiro a outubro de 2015

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para

obtenção do título de Médica Veterinária pela Comissão Examinadora do Curso

de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Comissão Examinadora:

Presidente: Prof. Elza Ciffoni

Prof. Maria Aparecida Alcantra

Prof. Kátia Ospedal

Curitiba, 26 de novembro de 2015

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus que não me deixou sozinha em

nenhum momento, aos meus pais Adriane e Vanderlei por não me

deixarem desistir dos meus sonhos, a minha famíl ia, em especial

meus primos e pastores Neto e Cristiane, por todas as orações,

por acreditarem em mim.

Dedico a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Campo

Largo, a cada pessoa da Casa do Agricultor que me acolheram

neste período de estágio curricular, ao meu supervisor e orientador

prof issional Christiano, Paulo e Ana Dolores que nunca mediram

esforços para comparti lhar seus conhecimentos.

Por f im dedico a todos que contribuíram diretamente ou

indiretamente para a ampliação dos meus conhecimentos

prof issionais e pessoais.

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AGRADECIMENTOS

“Agradecer é admitir que houve um momento em que se

precisou de alguém; é reconhecer que o homem jamais poderá

lograr para si o dom de ser auto -suficiente. Ninguém se faz

sozinho: sempre é preciso um olhar de apoio, uma palavra de

incentivo, um ges to de compreensão, uma atitude de amor.” Selma

Carvalho.

Agradeço a Professora Elza Ciffoni pela ajuda no

desenvolvimento deste Artigo, ao professor Rodrigo Azambuja por

todas as ideias. Em especial ao meu orientado r prof issional

Christ iano Henrique Petri pelo empenho na confecção do trabalho.

Agradeço a Agência de Defesa Agropecuária, a Universidade

Tuiuti do Paraná pelo acolhimento e a Faculdade Evangélica do

Paraná, aos mestres que sempre nos mostraram o caminho, a

todos os colegas de turma, principalmente a Dédrio Vinicius

Camargo.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 08

LISTA DE ABREVIATURAS 10

RESUMO 11

1 INTRODUÇÃO 12

2 DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO 13

2.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO 13

2.2 UNIDADES REGIONAIS DE SANIDADE AGROPECUÁRIA 14

2.3 ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS 15

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 17

3.1 ATIVIDADES DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE

DA RAIVA DOS HERBÍVOROS

17

3.1.1 Orientação aos produtores 17

3.1.2 Revisões e capturas de morcegos hematófagos 18

3.1.3 Colheitas de material para diagnóstico de raiva 22

3.2 COLHEITAS ATIVAS EM PROPRIEDADES DE MAIOR RISCO

PARA SUINOS

22

3.3 ATENDIMENTO DE MORTALIDADE EM GRANJA DE AVES 24

3.4 FISCALIZAÇÕES DE ESTABELECIMENTOS VETERINÁRIOS 26

3.5 ATENDIMENTOS NA ULSA 26

3.6 ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS 28

3.7 COLHEITAS DE SANGUE PARA SANEAMENTO DE FOCO DE

ANEMIA INFECCIOSA EQUINA (AIE)

28

3.8 BARREIRA DE FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO ANIMAL 29

3.9 ATIVIDADES DO PROGRAMA ESTADUAL DE CONTROLE E

ERRADICAÇÃO DA BRUCELOSE E DA TUBERCULOSE

30

3.10 ATIVIDADES DO PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DA FEBRE AFTOSA 32

4 ARTIGO ORIGINAL “Levantamento da prevalência de raiva herbívora

no Estado do Paraná de janeiro a outubro de 2015”

33

4.1 INTRODUÇÃO 33

4.2 OBJETIVO 33

4.3 REVISÃO DE LITERATURA 34

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4.3.1 Situação da Raiva no Brasil e no Mundo 34

4.3.2 Etiologia 35

4.3.3 Patogenia 36

4.3.4 Sinais Clínicos 36

4.3.5 Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros

(PNCRH)

37

4.3.6 Responsabil idades Instituc ionais 38

4.3.7 Áreas de Risco 39

4.3.8 Vacinação 40

4.3.9 Notificação Obrigatória 40

4.3.10 Colheita de Material 40

4.3.11 Diagnóstico 41

4.3.12 Atuação no Foco 42

4.3.13 Transmissão e Controle de Transmissores 44

4.4 MATERIAIS E MÉTODOS 45

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 45

4.6 CONCLUSÃO 47

4.7 REFERENCIAS 48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ESTÁGIO CURRICULAR 53

6 REFERENCIAS 54

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8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Unidades Regionais de Sanidade Agropecuária no Estado do Paraná

no ano de 2015

15

Figura 2 Morcego não hematófago capturado e solto no município de Balsa

Nova, durante as atividades da ADAPAR no ano de 2015

19

Figura 3 Abrigo artificial de morcegos desativado em casa abandonada no

município de Campo Largo, 2015

20

Figura 4 Entrada da gruta onde foi realizada a captura de Morcegos

hematófagos na localidade do pinheirinho, Campo largo,

2015

21

Figura 5 Fezes frescas de morcego encontradas durante captura em abrigo

natural no município de Campo Largo

21

Figura 6 Aplicação de pasta vampiricida no dorso de morcego durante captura

em gruta no município de Campo Largo

22

Figura 7 Colheita de sangue em suínos para controle da Peste Suína Clássica

no município de Colombo no ano de 2015

24

Figura 8 Contenção de suínos para colheita de sangue no ano de 2015 no

município de Colombo

24

Figura 9 Avaliação de mucosas oculares em ave intoxicada por

Amônia no município de Campo Largo em 2015

25

Figura 10 Colheita de sangue de equino para saneamento de foco em

propriedade localizada em São José dos Pinhais no ano de 2015

29

Figura 11 Estrutura onde se realiza a barreira volante de Tunas do Paraná no

ano de 2015

30

Figura 12 Animal com tuberculose no município de balsa nova com

identificação oficial para abate sanitário no ano de 2015

31

Figura 13 Modelo de Círculos Concêntricos para Atuação em Focos de Raiva 43

Figura 14 Modelo de Bloqueio Linear da Progressão da Raiva para Atuação em

Focos

43

Quadro 1 Atividades desenvolvidas referentes ao PNCRH 17

Quadro 2 Descrição das atividades caracterizadas como 27

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9

atendimentos

Quadro 3 Atividades acompanhadas do Programa Estadual de

Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose

30

Quadro 4 Atividades do Programa de Erradicação da Febre Aftosa 32

Quadro 5 Casos de raiva no Brasil por espécie nos anos de 2000, 2006 e 2012 35

Quadro 6 Casos de Raiva no Estado do Paraná por URS no período de janeiro

a outubro de 2015

46

Quadro 7 Casos de raiva no Estado do Paraná por espécies no período de

janeiro a outubro de 2015

47

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADAPAR Agência de Defesa Agropecuária do Paraná

AFDA Assistente de Fiscalização da Defesa Agropecuária

AIE Anemia Infecciosa Equina

DSA Defesa Sanitária Animal

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

FDA Fiscal da Defesa Agropecuária

GTA Guia de Trânsito Animal

IFD Imunofluorescência Direta

IN Instrução Normativa

MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

OIE World Organisation for Animal Health

PNCRH Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros

RT Responsável Técnico

ULSA Unidade Local de Sanidade Agropecuária

URS Unidade Regional de Sanidade Agropecuária

WHO World Health Organization

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RESUMO

O presente relatório refere-se ao estágio curricular supervisionado

concretizado na Agência de Defesa Agropecuária, situado em Campo Largo –

PR, totalizando 400horas, no período de 27 de Julho de 2015 a 29 de outubro

de 2015. Durante o período de estágio acompanhou-se o desenvolvimento de

atividades dos Programas Estaduais em Sanidade Animal, bem como todo o

trabalho realizado pela Defesa. Foram coletados dados para discutir a situação

da Raiva no Estado do Paraná no período de janeiro a outubro de 2015. A raiva

é uma das zoonoses de maior importância em Saúde Pública, não só por sua

evolução drástica e letal, como também por seu alto custo social e econômico.

Os resultados mostram que a raiva no Paraná acontece com maior frequência

em Bovinos, na região de Irati.

Palavras-chave: Raiva, prevalência, Paraná, Defesa Agropecuária.

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1 INTRODUÇÃO

O último período do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti

do Paraná, tem como meta o aperfeiçoamento e a prática dos conhecimentos

obtidos no decorrer do curso através do estágio obrigatório. Com o

acompanhamento de profissionais já inseridos no mercado de trabalho se torna

possível expandir os conhecimentos adquiridos na graduação, tais

conhecimentos que serão imprescindíveis para exercer a profissão após a

conclusão do curso.

O estágio foi concretizado na Unidade local de Sanidade Agropecuária

(ULSA) de Campo Largo, unidade que pertence a Agência de Defesa

Agropecuária do Paraná (ADAPAR), durante o período de 27 de julho a 29 de

outubro de 2015, supervisionado pelo Fiscal de Defesa Agropecuária (FDA)

Médico Veterinário Christiano Henrique Petri CRMV - PR 6930.

Este trabalho, baseado no acompanhamento das atividades realizadas

pela Defesa Agropecuária tem como objetivo relatar o local do estágio, as

atividades desempenhadas, relatar sobre o vírus da Raiva uma doença

importante na sanidade dos animais e o Programa Nacional de Controle da

Raiva dos Herbívoros (PNCRH).

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2 DESCRIÇÃO DA UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO

O estágio obrigatório foi realizado na Agência de Defesa Agropecuária do

Paraná na Unidade Local de Sanidade Agropecuária de Campo Largo,

localizada na Rua Osvaldo Cruz, 363, Campo Largo – PR, CEP: 83.601-150.

Circunscrição em Araucária, Campo Largo e Balsa Nova. Totalizando 400

horas no período de 27 de julho a 29 de outubro de 2015, sob orientação do

Fiscal de Defesa Agropecuária Médico Veterinário Christiano Henrique Petri,

CRMV - PR 6930, juntamente com a Médica Veterinária Ana Dolores

Galdamez e o Técnico em Agropecuária Paulo Gilberto de Deus.

A Unidade tem como finalidade a Gerência da Saúde Animal, desenvolve

atividades que disponibiliza informações para conhecimento, identificação ou

prevenção de qualquer fator que interfira na saúde animal e com isso, garantir

o padrão de qualidade da sanidade dos rebanhos do Paraná, por meio de

medidas específicas à prevenção, ao controle e à erradicação de

enfermidades.

A estrutura física é cedida pela Prefeitura Municipal de Campo Largo e nela

se concentram as atividades do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade, Cooperlargo, Departamento do Turismo de Campo Largo,

Secretaria Municipal do Desenvolvimento Rural, Unidade de atendimento do

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Secretaria de finanças

com setor de notas fiscais do produtor.

2.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO

Com a atuação da ADAPAR, quem se beneficia com seu trabalho em

geral é o produtor, a indústria, o comerciante e o consumidor final. Enfatizam-

se ações como (ADAPAR, 2015):

Informações educativas sobre sanidade anima l e

vegetal;

Diagnóstico laboratorial nas áreas animal e vegetal ;

Registro e controle de documentos nas áreas animal e

vegetal, tais como documentos de certif icação de sanidade,

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cadastros de comerciantes de insumos, registros de marcas, entre

outros;

Fiscalização da inspeção em frigoríf icos, indústria de

derivados cárneos, em indústrias de lat icínios, em

estabelecimentos de produção de mel, cera de abelha e derivados

e em estabelecimentos de produção de ovos de consumo e

derivados. Atua também na normatização, regulamentação da

construção, reformas e reaparelhamento destes estabelecimentos;

Fiscalização da adoção de medidas de prevenção e

controle da sanidade animal e vegetal em propriedades rurais;

Fiscalização do trânsito estadual e interestadual de

animais, produtos de origem animal, vegetais, produtos de origem

vegetal e de insumos para ut il ização na atividade agropecuária;

Fiscalização do comércio de insumos para ut il ização na

produção animal e vegetal;

Fiscalização em estabelecimentos industriais como:

incubatórios avícolas; inst itutos de sementagem, chocadeiras e

sirgarias do bicho-da-seda;

Fiscalização e certif icação of icial da sanidade em

granjas de reprodução de suínos e aves;

Fiscalização em eventos com aglomeração de animais,

tais como: exposições, feiras e lei lões.

Além destas atividades, diversos programas são

desenvolvidos, como por exemplo, o Programa de Epidemiologia

Veterinária, Programa Estadual de Controle e Erradicação da

Brucelose e Tuberculose, e da Febre Aftosa, Programa de

Prof ilaxia e Controle da Raiva, entre outros.

2.2 UNIDADES REGIONAIS DE SANIDADE AGROPECUÁRIA

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15

A ADAPAR disponibi l iza 22 Unidades Regionais de Sanidade

Agropecuária (URS) (Figura 1) com a atribuição de administrar 135

Unidades Locais de Sanidade Agropecuárias e 33 Postos de

Fiscalização do Trânsito Agropecuário. Cada ULSA responde a um

conjunto de municípios vizinhos (ADAPAR, 2015).

FIGURA 1 – Unidades Regionais de Sanidade Agropecuár ia no Estado do

Paraná no ano de 2015

Fonte: ADAPAR (2015)

2.3 ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS

A ULSA é normalmente composta por um Médico Veterinário, um

Técnico em Agropecuária e um Assistente Administrativo, porém, existem

variações que por conveniência ou por outras razões possuem algumas

diferenças. Como é o caso da Unidade de Campo Largo que possuem dois

Médicos Veterinários e um Técnico em Agropecuária, devido a atividades

realizadas em outras Unidades como, por exemplo, a ULSA de Adrianópolis.

O FDA responsável pela ULSA é quem coordena e realiza as atividades

de campo juntamente com os Assistentes de Fiscalização da Defesa

Agropecuária (AFDA), cabe a este cargo conhecer a legislação e colocá-la em

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16

pratica corretamente, toda demanda é repassada para as ULSA’s pelos

supervisores de cada regional, que recebem esta demanda pela Sede da

ADAPAR localizada em Curitiba. Os AFDA executam as tarefas demandadas e

está sempre sobre a orientação do Médico Veterinário ou Engenheiro

Agrônomo.

A estrutura física normalmente é cedida por outros órgãos e os

profissionais possuem a sua disposição um veículo para realizar serviços

externos e todo material para colocar em prática as atividades exigidas como,

por exemplo, material para colheita para diagnóstico, captura de morcegos,

realização de barreiras volantes, rotina administrativa, divulgação de

campanhas. A ADAPAR esta conveniada ao Ministério da Agricultura Pecuária

e Abastecimento (MAPA), repassando alguns recursos para materiais em geral,

treinamentos, veículos entre outros.

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17

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas durante o período de 27 de

julho de 2015 a 29 de outubro de 2015, junto a ADAPAR estão

descritas em seguida. Durante o período de estágio curricular

foram acompanhados os programas referentes à Defesa Sanitária

Animal e a rotina exercida na ULSA de Campo Largo.

Concretizou-se durante o período do estágio o

levantamento epidemiológico que originou o artigo “Levantamento

da prevalência de raiva no Estado do Paraná de janeiro a outubro

de 2015”.

3.1 ATIVIDADES DO PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA

RAIVA DOS HERBÍVOROS (PNCRH)

As atividades desenvolvidas no PNCRH executaram medidas

de prevenção e controle da raiva transmitida pelos morcegos

hematófagos aos animais herbívoros domésticos e ao próprio

homem (Quadro 1).

QUADRO 1 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS REFERENTES AO PNCRH

Atividades Desenvolvidas PNCRH Número %

Orientações a produtores sobre PNCRH 03 37,5

Captura de Morcegos Hematófagos 02 25

Colheita de material de equinos para diagnóstico de

raiva

02 25

Revisão de Abrigos de Morcegos Hematófagos 01 12,5

Total 08 100

3.1.1 ORIENTAÇÃO AOS PRODUTORES

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18

Durante o período de estágio foram acompanhadas visitas a

propriedades onde o objetivo maior é conscientizar os produtores

no seu papel central da notif icação imediata de toda e qualquer

suspeita de raiva, da notif icação da ocorrência de animais

agredidos por morcegos hematófagos, bem como o uso de pasta

vampiricida nos animais espoliados e o cadastramento de abrigos

de morcegos.

Nestas visitas os produtores foram orientados a:

- Comunicar a ADAPAR sobre qualquer suspeita de raiva ou sobre

a espoliação produzida por morcegos hematófagos em animais da

sua propriedade.

- Vacinar o rebanho, quando necessário (vacinação compulsória

quando tem ocorrência de focos da doença).

- Aplicar substância Vampiricida ao redor das lesões recentes nos

herbívoros, provocadas por morcegos hematófagos.

- Comunicar a morte dos animais aos médicos veterinários dos

serviços of iciais.

3.1.2 REVISÕES E CAPTURAS DE MORCEGOS HEMATÓFAGOS

Foram realizadas duas capturas de morcego Desmodus

rotundus e uma revisão de abrigo art if icial. No município de Balsa

Nova, foi concret izada a captura em um abrigo natural localizado

em São Luiz do Purunã. O adentramento em abrigos requer o uso

de lanternas, macacão e botas de borracha exigindo uma postura

que não agrida o ambiente. A rede foi estendida e montada

formando bolsões (para que não aconteça efeito esti l ingue) em

frente ao abrigo e como haste de sustentação foi uti l izada bambus.

Nesta captura apenas um morcego não hematófago f icou preso na

rede, a ret irada do mesmo é feita iniciando pelos pés, braços e

cabeça respectivamente. O morcego f icou na gaiola até o f im das

atividades de captura e ao f inal foi solto (Figura 2).

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19

FIGURA 2 – MORCEGO NÃO HEMATÓFAGO CAPTURADO E SOLTO NO

MUNICÍPIO DE BALSA NOVA, DURANTE AS ATIVIDADES DA ADAPAR

NO ANO DE 2015

No mesmo dia foi feita uma revisão diurna em casa

abandonada (Figura 3), considerada abrigo art if icial onde não

se verif icou a presença de vestígios da presença de morcegos

como fezes secas e a visualização dos mesmos.

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20

FIGURA 3 – ABRIGO ARTIFICIAL DE MORCEGOS DESATIVADO EM CASA

ABANDONADA NO MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO, 2015

Na localidade do Pinheirinho no Município de Campo Largo, foi feito

captura em uma gruta (Figura 4), considerada abrigo natural caracterizada por

elevado grau de umidade, ambiente escuro e fresco.

FIGURA 4 – ENTRADA DA GRUTA ONDE FOI REALIZADA A CAPTURA DE

MORCEGOS HEMATÓFAGOS NA LOCALIDADE DO PINHEIRINHO, CAMPO LARGO, 2015

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21

Ao entrar na gruta realizou-se uma inspeção no local onde foram

encontrados morcegos e fezes frescas (Figura 5), comprovando a existência

dos animais. Após esta revisão, a rede foi armada no provável trajeto de voo

dos morcegos, a equipe aguardou em silêncio próxima a rede onde era

possível ilumina-la na suspeita dos animais, que ao ficarem presos eram

retirados imediatamente para evitar o estresse e danificar a rede, os mesmos

eram colocados em gaiola. Foram capturados seis morcegos hematófagos,

deles cinco eram Desmodus rotundus e um Diphylla ecaudata. Após o

processo de captura foi aplicado no dorso de cada morcego Desmodus

rotundus a pasta vampiricida1 (Figura 6) e em seguida todos foram soltos.

Nenhum animal apresentou suspeita de Raiva ou alteração de comportamento.

FIGURA 5 – FEZES FRESCAS DE MORCEGO ENCONTRADAS DURANTE

CAPTURA EM ABRIGO NATURAL NO MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO

1 Warfarina 2%, substância anticoagulante produzida pelo laboratório Vallée

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22

FIGURA 6 – APLICAÇÃO DE PASTA VAMPIRICIDA NO DORSO DE MORCEGO

DURANTE CAPTURA EM GRUTA NO MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO

3.1.3 COLHEITAS DE MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO DE RAIVA

No período realizou-se duas colheitas de material para

diagnóstico de raiva juntamente com o AFDA e o FDA da ULSA.

Uma potra de seis meses na região de Campo Largo suspeita da

doença, sem vacinação. O animal apresentava histórico de doença

do sistema nervoso central, apresentando sinais como

incoordenação motora e movimentos de pedalagem, o animal veio

a óbito no mesmo dia da manifestação da sintomatologia. O

seguinte caso, um cavalo de um ano e quatro meses, localizado no

município de Araucária, vacinado contra raiva, apresentou

sintomatologia clínica nervosa, e em dois dias veio a óbito. O

animal sete dias antes da morte possuía histórico de choque em

cerca elétr ica onde ao se debater apresentou um trauma na

cabeça. A colheita de material foi feita duas horas após o óbito.

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23

Em ambos os casos a colheita de material foi procedida com

cuidados básicos, util izando equipamentos de proteção individual

como luvas, óculos, macacão, botas e uso de material apropriado.

Foram colhidos encéfalo e medula, as amostra foram devidamente

armazenada e refrigerada em recipiente e caixa de isopor, enviada

ao laboratório Marcos Enrietti, juntamente com o encaminhamento

do Formulário Inicial de Investigação de Doenças e o Formulário

de Síndromes Neurológicas devidamente preenchidas. O

diagnóstico de Imunofluorescência Direta (IFD) chegou um 24horas

e o resultado dos dois casos foram negativos para Raiva, tendo o

mesmo resultado na prova biológica.

3.2 COLHEITAS ATIVAS EM PROPRIEDADES DE MAIOR RISCO

PARA SUINOS

Foram realizadas colheitas de sangue em suínos (Figura 7),

procedimento de vigi lância ativa em criatórios para controle da

Peste Suína Clássica, conforme o Programa de Vigilância e

Monitoramento de Doenças de Suínos, visando demonstrar a

ausência da atividade do vírus. A propriedade localizada em

Colombo, onde realizou-se o processo foi escolhida por ser

classif icada como propriedade de risco, pois, o estabelecimento

fornece resíduos alimentares aos suínos. Após a contenção dos

animais (Figura 8), dos 30 suínos presentes na propriedade, foram

colhidas 17 amostras sanguíneas, conforme determinação da

tabela de amostragens da ADAPAR. As amostras foram colocadas

em tubos e armazenadas em caixa de isopor, as amostras foram

enviadas ao laboratório of icial do Estado do Paraná Marcos

Enriett i, todos os diagnósticos da IFD t iveram resultados

negativos.

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24

FIGURA 7 – COLHEITA DE SANGUE EM SUÍNOS PARA CONTROLE DA

PESTE SUÍNA CLÁSSICA NO MUNICÍPIO DE COLOMBO NO ANO DE 2015

FIGURA 8 – CONTENÇÃO DE SUÍNOS PARA COLHEITA DE SANGUE NO ANO DE 2015 NO

MUNICÍPIO DE COLOMBO

3.3 ATENDIMENTO DE MORTALIDADE EM GRANJA DE AVES

O Plano Estadual de Contingência para Inf luenza Aviária e

doença de Newcastle representa um grande avanço para a

sanidade avícola no Estado do Paraná, sendo documento padrão

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25

de referência para o serviço of icial e privado no segmento avícola ,

onde está registrado que qualquer mortal idade acima de 10% deve

ser informada. A Defesa Agropecuária recebeu de um Médico

Veterinário Responsável Técnico (RT) de uma empresa com

granjas integradoras de aves uma notif icação de mortal idade maior

que 10% por el iminação de aves cegas (Figura 9). Ao chegar à

propriedade localizada em Campo Largo, foi preenchido um

Formulário de Investigação da Doença Inicial e verif icada a situação

sanitária da granja, as descrições feitas na notif icação pelo RT

eram compatíveis com os sinais constatados nos aviários. Não

foram observados quaisquer sinais clínicos (nervoso ou

respiratório) de doenças de controle f iscal, New Castle e Inf luenza

Aviária. As aves foram liberadas para transporte e abate, sendo

que a origem da cegueira nas aves foi atribuída à alta

concentração de amônia no galpão. Após a notif icação não houve

mais mortal idade signif icativa.

FIGURA 9 – AVALIAÇÃO DE MUCOSAS OCULARES EM AVE INTOXICADA

POR AMÔNIA NO MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO, 2015

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26

3.4 FISCALIZAÇÕES DE ESTABELECIMENTOS VETERINÁRIOS

De acordo com o Decreto – Lei º 467/1969, todos os

estabelecimentos que comercial izem produtos de uso veterinário

dentro do Estado do Paraná devem estar registrados junto a

ADAPAR. Durante o estágio foi acompanhada 16 f iscalizações de

comércios, como lojas agropecuárias onde foram conferidas datas

de validade dos medicamentos, estoques de vacina e temperatura

de geladeiras, que devem estar entre 2 a 8°C. Em todas as visitas,

os estabelecimentos estavam de acordo com a lei, com isso, são

elaborados Termos de Fiscalização informando a situação do local.

O uso de Avermectinas estava proibido no comércio, pela

Instrução Normativa (IN) (n° 13 de 29 de maio de 2014), e voltou a

vigorar, em agosto de 2015, a IN MAPA nº 12, 06 de maio de 2014,

a qual inclui as Avermectinas quando em formulação de longa ação

na lista de produtos sujeitos ao controle especial. A

comercialização de produtos a base de Avermectinas com

indicação de longa ação na rotulagem ou com período de carência

maior que 35 dias se dará obrigatoriamente mediante a

apresentação de receituário veterinário.

Nas visitas realizadas, os responsáveis pelos

estabelecimentos foram informados da alteração e orientados a

reter a primeira via da receita e anexá -la ao controle de estoque

de produtos de uso controlado. Mensalmente os Médicos

Veterinários responsáveis técnicos dos comérc ios devem prestar

contas a ADAPAR.

3.5 ATENDIMENTOS NA ULSA

Todas as atividades desenvolvidas caracterizadas como

atendimentos na Unidade e at ividades de f iscalização que

envolvem escritórios, foram descritas no Quadro 2.

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27

QUADRO 2 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES CARACTERIZADAS COMO

ATENDIMENTOS

Atividades de fiscalizações realizadas Número %

Médicos Veterinários habilitados para fazer Guia de Transito

de animais (GTA)

19 26

Atualização de Cadastros 15 21

Escritório de atendimento 14 19

Responsável Técnico de Eventos Agropecuários 14 19

Produtores orientados sobre GTA 06 08

Evento Agropecuário 02 03

Médicos Veterinários sobre ficha epidemiológica – doenças

de notificação obrigatória

02 03

Recinto de Eventos Agropecuário 01 01

Total 73 100

No escritório da ULSA, o atendimento ao público mais

procurado é a emissão de GTA, emitido eletronicamente por

servidores da Defesa Agropecuária e é obrigatório para qualquer

f inalidade de transito animal (exceto cães e gatos) e ovos férteis.

Os GTA’s também podem ser emitidos nos Escritórios de

Atendimentos, localizados na Secretaria de Agricultura de

Araucária e Balsa Nova. O cadastramento de explorações

pecuárias e a atualização dos cadastros também foi uma atividade

acompanhada, uma vez que, todos os produtores do Estado do

Paraná que têm espécies animais controladas pelo serviço of icial

devem possuir o cadastro, a propriedade deve estar

georeferenciada e o produtor deve informar o número de animais

pertencentes à propriedade, bem como, sexo e idade dos animais.

Houve acompanhamento no controle de eventos

agropecuários que semanalmente são realizados na região e

também necessita solicitar um cadastramento junto a ADAPAR

para ser realizado, por exemplo, eventos de laço e exposições. O

local é cadastrado pelo Fiscal da ULSA através do cadastro de

propriedade e o organizador de evento através do cadastro pessoa

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28

f ísica ou jurídica, após o evento o RT elabora um relatório de

ocorrência onde registra se houve ou não alguma irregularidade.

Foram elaborados relatórios e documentos que devem ser

mensalmente enviados a Unidade Regional de Curit iba, como por

exemplo, envio de informes epidemiológico, relatór io de veículos e

folhas de frequência. No período também houve uma auditoria de

supervisão interna realizada nos dias 26, 27 e 28 de agosto, onde

foi feita uma avaliação do trabalho realizado na ULSA, com isso a

ADAPAR pretende melhorar e padronizar os serviços oferecidos

por todo Estado.

3.6 ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS

Diariamente havia um acompanhamento de atividades

administrativas, uma vez que, todas as atividades executadas

precisam ser armazenadas em formas de pastas, mesmo que

lentamente o uso de dados informatizados esteja crescendo.

Durante o período de estágio todas as at ividades desenvolvidas

foram lançadas no Registro de Fiscalização da ADAPAR, onde os

Fiscais e Assistentes de Fiscalização devem lançar as atividades

para controle e acompanhamento na Sede. Os documentos

gerados devem ser armazenados no arquivo da Unidade.

3.7 COLHEITAS DE SANGUE PARA SANEAMENTO DE FOCO DE

ANEMIA INFECCIOSA EQUINA (AIE)

De acordo com a IN nº 45 de 15 de Junho de 2004, onde aprova as

Normas para prevenção e o controle da AIE, no período do estagio, foram

realizadas colheitas de sangue (Figura 10) de nove equinos que entraram em

contato com um equino positivo para AIE. As colheitas foram feitas em duas

propriedades localizadas em São José dos Pinhais. O caso ainda está em

andamento, e após o diagnóstico negativo para a doença os animais já

possuem trânsito liberado e as propriedades são desinterditadas.

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FIGURA 10 – COLHEITA DE SANGUE DE EQUINO PARA SANEAMENTO DE FOCO EM

PROPRIEDADE LOCALIZADA EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS NO ANO DE 2015

3.8 BARREIRA DE FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO ANIMAL

Durante o período de estágio foi acompanhado a barreira f iscal

no dia 16/10/2015 na BR 476, KM 66 no município de Tunas do

Paraná, a permanência no local foi de duas horas, onde não foi

registrada nenhuma carga de animais neste período. A barreira

volante é situada em frente a um Posto da Policia Ambiental

(F igura 11) e todos os dias os AFDA’s e os FDA’s escalados para a

barreira preenchem uma ata, registrando se houve ou não alguma

ocorrência no local no livro de ocorrência.

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30

FIGURA 11 – ESTRUTURA ONDE SE REALIZA A BARREIRA VOLANTE DE TUNAS DO

PARANÁ NO ANO DE 2015

3.9 ATIVIDADES DO PROGRAMA ESTADUAL DE CONTROLE E

ERRADICAÇÃO DA BRUCELOSE E DA TUBERCULOSE

As atividades do Programa Estadual de Controle e Erradicação da

Brucelose e Tuberculose acompanhadas foram descritas no Quadro 3.

QUADRO 3 - ATIVIDADES ACOMPANHADAS DO PROGRAMA ESTADUAL DE

CONTROLE E ERRADICAÇÃO DA BRUCELOSE E TUBERCULOSE

Atividades Desenvolvidas Número %

Fiscalização de Médicos Veterinários habilitados

para vacinação de Brucelose

11 61,11

Orientações a produtores sobre o Programa

Estadual

05 27,78

Renovação de Certificação de Propriedade livre

para Brucelose e Tuberculose

01 5,56

Caso de Tuberculose Bovina 01 5,56

Total 18 100

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Na ULSA realiza-se a habilitação de Médicos Veterinários para

vacinação contra brucelose, o controle dos resultados do diagnóstico da

brucelose e da tuberculose, bem como a fiscalização do habilitado é de

responsabilidade da ADAPAR. Também foi feita a orientação de produtores

rurais na prevenção e controle da brucelose e da tuberculose e no período do

estágio foi feita a renovação de certificação de uma propriedade livre para

Brucelose e Tuberculose no município de Campo Largo, onde o FDA

acompanha o médico veterinário habilitado na realização dos exames.

Foi comunicado a ULSA de Campo Largo, um bovino localizado em uma

propriedade em Balsa Nova, diagnosticado com tuberculose no período do

estágio. Não apresentava sinais clínicos, mas exibiu dois diagnósticos

inconclusivos no teste de tuberculinização intradérmica num período de 60

dias. O animal foi isolado dos demais, o serviço oficial foi até a propriedade

para colocar um brinco de identificação próprio (Figura 14) e assim o bovino foi

encaminhado para abate sanitário. O animal foi levado em caminhão lacrado e

sua condição foi identificada no GTA.

FIGURA 12 – ANIMAL COM TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DE BALSA NOVA COM

IDENTIFICAÇÃO OFICIAL PARA ABATE SANITÁRIO NO ANO DE 2015

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32

3.10 ATIVIDADES DO PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DA FEBRE

AFTOSA

As orientações feitas dentro do programa de Febre Aftosa incluíam os

cadastramentos das propriedades com espécies suscetíveis (bovinos,

bubalinos, ovinos, caprinos e suínos), orientações sobre as campanhas de

vacinação, divulgação da campanha do mês de novembro em escolas, postos

de saúde e mercearias. Envolveu também o controle do trânsito de animais

suscetíveis vindos de fora do Paraná, como por exemplo, a fiscalização de

GTA em abatedouros de suínos e em propriedade de maior risco para Febre

Aftosa, conforme demonstra o Quadro 4.

QUADRO 4 - ATIVIDADES DO PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DA FEBRE AFTOSA

Atividades Desenvolvidas Número %

Educação Sanitária – Divulgação da campanha

de Febre Aftosa do mês de Novembro de 2015

25 46,3

Orientação e Fiscalização 18 33

Georeferenciamento de Propriedades 09 17

Fiscalização de trânsito 02 3,7

Total 54 100

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33

4 ARTIGO ORIGINAL

Levantamento da prevalência de raiva herbívora

no Estado do Paraná de janeiro a outubro de 2015

Ana Fernanda Fernandes 2, Christiano Henrique Petri 3, Elza

Maria Galvão Ciffoni 4 & Rodrigo Azambuja Machado de

Oliveira5

4.1 INTRODUÇÃO

A raiva é uma doença infecciosa de etiologia viral, causada pelo vírus

Rabdovírus que alcança o sistema nervoso central dos seus hospedeiros,

causando sintomatologia nervosa inespecífica. É considerada uma das

zoonoses de maior seriedade em Saúde Pública, não só por sua evolução

drástica e letal, como também por seu elevado custo social e econômico pelo

fato de não existir tratamento. Alguns avanços foram alcançados no controle

dessa doença, como por exemplo, a redução dos casos humanos e caninos,

devido especialmente às atividades direcionadas ao controle da raiva, como o

PNCRH.

4.2 OBJETIVO

O presente trabalho teve por objetivo fazer um levantamento dos casos

positivos para raiva no Estado do Paraná, no período de janeiro a outubro de

2 Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Tuiuti do Paraná

3 Médico Veterinário Fiscal da Defesa Agropecuária do Paraná

4 Professora de doenças infecciosas e parasitárias do curso de Medicina Veterinária da Universidade

Tuiuti do Paraná 5 Médico Veterinário Especialista em clínica médica, cirúrgica e reprodução de ruminantes e Mestre em

Ciência Animal pela Universidade Estadual de Londrina

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2015, bem como, descrever as atividades do Programa Nacional de Controle

da Raiva dos Herbívoros.

4.3 REVISÃO DE LITERATURA

4.3.1 SITUAÇÃO DA RAIVA NO BRASIL E NO MUNDO

A raiva é uma doença de notificação obrigatória e é invariavelmente

fatal. Acomete mamíferos domésticos e silvestres, inclusive seres humanos, se

manifesta com sinais nervosos afetando, sobretudo o sistema nervoso central

(PATRÍCIO et al., 2009). Apesar dos progressos no controle da raiva no Brasil,

muitos desafios ainda persistem no país, como por exemplo, a vigilância dos

diferentes transmissores da doença (WADA et al., 2001), mas ao contrário de

muitas doenças, o mundo já possui ferramentas necessárias para erradicá-la

(OIE, 2015).

Estima-se que a cada dez minutos alguém no mundo morre da doença,

cerca de 70.000 pessoas ao ano morrem de raiva, sendo aproximadamente

95% dos casos transmitidos por cães, a maioria em países em

desenvolvimento como África e Ásia (OIE, 2015). No período de 2000 a 2009,

foi registrada uma média de 16 casos de raiva humana ao ano no Brasil onde

52% ocorreram no Nordeste demonstrando uma tendência de redução; os

principais transmissores eram cães e morcegos. Na região Sul, o último caso

de raiva humana aconteceu em 1987 no Estado do Paraná (WADA et al.,

2001).

No Brasil a raiva dos herbívoros pode ser considerada endêmica e em

graus diferenciados, de acordo com a região (NOVAIS & ZAPPA, 2008), a

espécie mais afetada é a bovina (LANGOHR et al., 2003) em seguida a equina

(PEIXOTO et al., 2000). Conforme dados oficiais do MAPA e estimativas de

subnotificações, por ano no Brasil a doença mata em média 45.000 bovinos

que provoca um prejuízo de até 15 milhões de dólares para o país, esse

número representa metade dos bovinos mortos pela doença na América Latina.

Além desta perda, alguns danos indiretamente também ocorrem, como

diminuição da qualidade do couro do animal, perda de peso e redução da

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produção de leite (REIS, 2003). A situação da raiva herbívora no Brasil está

sendo mostrada no Quadro 5:

QUADRO 5: CASOS DE RAIVA NO BRASIL POR ESPÉCIE NOS ANOS DE 2000,

2006 E 2012

Ano 2000 2006 2012

Bovinos 5879 2221 1435

Equídeos 388 180 14

Ovinos 20 22 3

Caprinos 9 20 2

Suínos 4 11 0

Total 6300 2454 1583

Fonte: BRASIL (2015)

4.3.2 ETIOLOGIA

A raiva é considerada uma doença infectocontagiosa causada por um

vírus RNA pertencente ao gênero Lyssavirus e a família Rhabdoviridae.

(PATRÍCIO et al., 2009). O vírus do gênero Lyssavirus está compreendido em

sete genótipos de acordo com o Comitê Internacional sobre Taxonomia de

Vírus. O genótipo 1 (Rabies virus) inclui o vírus clássico da raiva, que infecta

mamíferos terrestres, quirópteros hematófagos e não hematófagos das

Américas e também as cepas vacinais. Os outros genótipos são chamados

vírus aparentados ou relacionados ao da raiva (MORAES et al., 2011).

Apresenta morfologicamente característica em forma de projétil de arma de

fogo é constituído por um nucleocapsídeo helicoidal envelopado por uma

bicamada lipoproteica. Seu genoma é formado por uma molécula linear de

ácido ribonucléico (RNA) fita simples (ssRNA+), o qual codifica cinco proteínas

denominadas N, M, L, G e NS. Glicoproteína G, constituinte do envelope viral,

tem a capacidade de ligação aos receptores da acetilcolina, contribuindo para

sua neurovirulência (GOMES et al., 2012).

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O vírus da raiva é muito sensível aos agentes externos físicos e

químicos e as condições ambientais como dessecação, luminosidade e

temperatura excessiva. São recomendados para desinfecção química de

instrumentais cirúrgicos, vestuários ou do ambiente onde foi realizada a

necropsia de um animal raivoso o hipoclorito a 2%, formol a 10%, glutaraldeído

a 1-2%, ácido sulfúrico a 2%, entre outros. Como medida de desinfecção de

ambientes, as soluções de formalina entre 0,25% e 0,90% e de bicarbonato de

sódio a 1% e 2% inativam os vírus. A perda de sua infecciosidade à

temperatura de 80ºC ocorre em dois minutos e à luz solar, em 14 dias, a 30ºC.

Mesmo em adversas condições ambientais o vírus pode conservar sua

infecciosidade por longos períodos, sendo inativado naturalmente pelo

processo de autólise (BRASIL, 2009).

4.3.3 PATOGENIA

A porta de entrada do vírus da raiva são lesões na pele, normalmente

ocorre após a mordedura de um animal raivoso cuja saliva contenha vírus. O

Código Sanitário para os Animais Terrestres, da Organização Mundial de

Saúde Animal relata que o período de incubação da raiva é de seis meses

(OIE, 2015), pode variar dependendo de fatores como espécie, carga viral,

ponto de inoculação, entre outros (BRASIL, 2009).

O vírus replica-se no tecido conjuntivo e muscular no ponto de

inoculação, a infecção se dissemina através dos receptores de acetilcolina

migrando para os feixes nervosos axoniais até atingir de forma centrípeta o

SNC. Ocorre uma distribuição centrifuga através de feixes nervosos para

outros órgãos, principalmente glândulas salivares, sendo então eliminados pela

saliva. A intensa proliferação de corpúsculos de inclusão dentro dos neurônios

alteram as células nervosas, comprometendo o sistema límbico alterando o

comportamento. Partículas virais podem ser identificadas na saliva dias antes

da manifestação de sinais clínicos (BRASIL, 2009).

4.3.4 SINAIS CLÍNICOS

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A sintomatologia clínica da doença é inespecífica e tem sido relatada

com grandes variações (LANGOHR et al., 2003). No inicio podem ocorrer

manifestações pouco sugestivas, tais como alterações de comportamento,

inapetência, apatia, depressão, incoordenação motora, entre outros (BATISTA

et al., 2007). Comumente as lesões estão limitadas ao sistema nervoso central,

e pode ocorrer de duas formas:

- Furiosa: Frequente em caninos apresenta lesões no córtex cerebral,

hipocampo e tálamo (PEDROSO, 2009). O animal torna-se agressivo com

dificuldade de deglutir e salivação (BATISTA et al., 2007) e,

- Paralítica: Comum em bovinos associada com lesões na medula espinhal,

tronco encefálico e cerebelo (PEDROSO, 2009). Paralisia de membros

inferiores e maxilar inferior, constipação, tenesmo e a morte devido à paralisia

dos músculos respiratórios (BATISTA et al., 2007).

A morte ocorre em média entre três a seis dias após o inicio dos sinais,

ao entrar em decúbito o animal não se levanta mais e ocorrem movimentos de

pedalagem, dificuldades respiratórias, opistótono, asfixia. Deve-se isolar o

animal, uma vez que, a doença não possui tratamento e iniciados os sinais da

raiva nada mais resta fazer (BRASIL, 2009).

4.3.5 PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA RAIVA DOS

HERBÍVOROS (PNCRH)

Desde 1966 instituiu-se o Plano de Combate a Raiva dos Herbívoros,

que hoje é denominado Programa Nacional de Controle da Raiva dos

Herbívoros e é executado pelo Departamento da Saúde Animal do MAPA, é

amparado pela IN nº 5, de 1º de março de 2002, que aprovar as Normas

Técnicas para o controle da Raiva dos Herbívoros Domésticos. O programa foi

instituído mediante convênio firmado entre o Ministério da Saúde, o da

Agricultura, a Central de Medicamentos e a Organização Pan-Americana de

Saúde/Organização Mundial da Saúde, com objetivo de promover atividades

sistemáticas de combate à raiva humana (SCHNEIDER et al.,1996).

O Programa tem como objetivo diminuir a prevalência da doença na

população de herbívoros domésticos, com a seguinte estratégia de atuação:

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controle de transmissores Desmodus rotundus, vacinação dos herbívoros

domésticos em situações específicas, educação sanitária, vigilância

epidemiológica e outros procedimentos de Defesa Sanitária Animal (DSA), que

visam à proteção da saúde pública e o controle dessa enfermidade em

herbívoros, que causa grande prejuízo econômico à pecuária nacional

(BRASIL, 2009).

4.3.6 RESPONSABILIDADES INSTITUCIONAIS

A raiva é uma das doenças tratada como prioridade pela World Health

Organization (WHO), Food and Agriculture Organization of the United Nations

(FAO), e World Organisation for Animal Health (OIE) para que se aumente a

consciência global e regional da enfermidade (OIE, 2015). O MAPA coordena e

supervisiona as atuações do PNCRH, define as estratégias de ação de

controle, promove ações relativas ao sistema de informação e vigilância,

fornece um apoio financeiro para as ações do controle e credencia laboratórios

para diagnóstico. Os órgãos estaduais da DAS executam as ações do PNCRH.

Os comitês municipais participam a educação sanitária promovendo e

fiscalizando a vacinação dos rebanhos (BRASIL, 2009).

4.3.7 ÁREAS DE RISCO

Os fatores de risco que se destacam para o acontecimento da raiva são:

a baixa cobertura vacinal canina, cães comunitários ou com acesso livre a rua,

casos suspeitos ou confirmados de raiva em cães e gatos, alterações no

ambiente e as ocorrências de raiva em morcegos hematófagos. O risco

também acontece devido ao grande crescimento populacional de morcegos em

áreas urbanas (MOUTINHO et al., 2015), uma vez que, os riscos podem ser

explicados pela capacidade de o ecossistema albergar a população de

Desmodus rotundus e a capacidade de um transmissor entrar numa área e sua

circulação viral, difundindo a doença para novos lugares (DIAS et al., 2001).

A caracterização das áreas de risco para os herbívoros acontece de

acordo com a forma que o homem se posiciona no espaço geográfico, ditando

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assim o comportamento ecológico dos transmissores pelas disponibilidades de

alimentos oferecidos (BRASIL, 2009) e a oferta de abrigos artificiais,

representados pelas construções, como túneis, cisternas, casas abandonadas,

bueiros, fornos de carvão desativados e outros (NOVAIS & ZAPPA, 2008).

Os elementos responsáveis pela constância da raiva numa determinada

região são os aumentos das ofertas de alimentos para os transmissores,

representado pelo significativo crescimento dos rebanhos (NOVAIS & ZAPPA,

2008) e a existência abrigos naturais e artificiais (PEREIRA et al., 2011).

4.3.8 VACINAÇÃO

Com base na IN nº 5, de março de 2002, capítulo III da vacinação, a

vacina utilizada para profilaxia da raiva dos herbívoros será inativada, na

dosagem de dois ml, administrada através de via subcutânea ou intramuscular,

animais primovacinados deverão ser revacinados após trinta dias. Em bovinos

e equinos com idade igual ou superior a três meses a vacinação se da sob a

supervisão do médico veterinário e será adotada em ocorrência de focos da

doença, se os animais possuírem idade inferior a três meses a vacinação ficará

a critério do médico veterinário. A duração da imunidade das vacinas para uso

em herbívoros, para efeito de revacinação, será de no máximo 12 meses

(BRASIL, 2009).

A vacinação é a medida complementar no controle da doença, mas não

é a medida principal, a mesma só será compulsória em focos, perifocos e áreas

de risco (VAZ, 2013), quando houver decisão do Estado (BRASIL, 2009). A

vacina só poderá ser comercializada quando receber um selo holográfico (IN

69) garantindo a sua qualidade (VAZ, 2013).

A vacina deverá sem mantida refrigerada em temperaturas entre 2 a 8

graus, impedindo a incidência de raios solares desde sua produção até sua

administração, o congelamento da vacina nunca deverá acontecer, uma vez

que, altera seus componentes, interferindo no seu poder imunogênico. Seu

prazo de validade deve ser respeitado rigorosamente. A vacina é

extremamente segura na proteção contra o vírus, às falhas ocorrem em

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40

eventos isolados, envolvendo animais imunocomprometidos ou jovens que

receberam uma única dose de vacina (SILVA, 2008).

Estima-se que para erradicar a raiva canina, que é a forma mais

transmitida para o homem, à maneira mais eficaz é que pelo menos 70% dos

cães devem estar vacinados, principalmente em áreas de risco (OIE, 2015).

4.3.9 NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA

A IN n° 50, de 24 de setembro de 2013, lista as doenças de notificação

obrigatória ao serviço veterinário oficial, composto pelo MAPA e órgãos do

Estado. A notificação da suspeita ou ocorrência das doenças é obrigatória para

qualquer cidadão, no prazo de 24 horas. A raiva se enquadra nas doenças que

requerem notificação imediata de qualquer caso suspeito em múltiplas

espécies (MAPA, 2015).

Notificar um caso suspeito ou confirmado é obrigação moral de todos

que tenham conhecimento do mesmo. Esta informação representa um ato de

grande alcance social por redundar em benefício à comunidade em geral

(MARTINS, 1973).

O PNCRH informa que todo proprietário rural deverá notificar ao serviço

veterinário oficial a espoliação do rebanho por morcegos hematófagos e a

existência de abrigos como colônia destes morcegos. Em casos de animais

apresentando alguma sintomatologia de doença do sistema nervoso também é

necessários informar a ULSA mais próxima (SOUZA, 2013).

Quando for preciso deverá ser colhido material para diagnóstico e

também promover controle de morcegos hematófagos Desmodus rotundus na

região, além de orientações sobre a vacinação (BRASIL, 2009).

4.3.10 COLHEITA DE MATERIAL

A responsabilidade da colheita de amostras de animais suspeitos para

raiva e o envio do material para os laboratórios oficiais do MAPA deve ser

realizada exclusivamente por médico veterinário autônomo ou oficial (BRASIL,

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41

2009), que devem estar imunizados pela vacina e ter recebido treinamento

adequado, utilizando sempre luvas e materiais esterilizados (DALLORA, 2007).

É importante que não seja feita a eutanásia no animal, mas fique em

observação até a morte, assim permitindo a replicação viral intensa e suficiente

para detectar os corpúsculos de Negri (DALLORA, 2007).

Do herbívoro suspeito de raiva precisarão ser colhidas amostras do

Sistema Nervoso Central. No caso de ruminantes o encéfalo e no caso dos

equídeos, deve ser colhetado o encéfalo e a medula (NOVAIS & ZAPPA,

2008).

O material deve estar armazenado em saco plástico, fechado e

identificado, esta amostra deve estar em caixa de isopor com gelo suficiente

para manter a temperatura entre 2°C a 4°C, com isso, chegará devidamente

conservada no laboratório. É importante cuidar para que não haja vazamentos

evitando contaminações, não devem usar outros tipos de conservantes para

que o vírus não seja inativado. A amostra deve chegar ao laboratório o mais

rápido possível, caso o período seja prolongado a mesma deve ser congelada.

Em casos negativos o material será encaminhado para diagnostico diferencial

(histopatologia e imunohistoquímica) (DALLORA, 2007).

Ao serem encaminhadas ao laboratório, juntamente com a amostra

deve-se estar devidamente preenchido o Formulário Único de Requisição dos

Exames para Síndromes Neurológicas e o Formulário de Investigação da

Doença Inicial (BRASIL, 2009).

4.3.11 DIAGNÓSTICO

A seriedade do diagnóstico da raiva é de suma importância, uma vez

que a correta identificação do vírus acarreta em medidas sérias de atuações. O

diagnóstico é padronizado na maioria dos laboratórios do mundo (TEIXEIRA et

al.,2008).

O apoio laboratorial é indispensável no diagnóstico da doença, pois a

sintomatologia é variada e inespecífica. Atualmente, pela sua rapidez e

acurácia a IFD em tecidos refrigerados ou congelados é considerada a técnica

de preferência para o diagnóstico da raiva (LANGOHR et al., 2003).

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42

A detecção do corpúsculo de Negri, inclusões patognomônicas para

raiva foi o primeiro método laboratorial proposto para o diagnóstico da doença,

os corpúsculos são agregados do citoplasma das células infectadas detectadas

em cerca de 40% a 85% dos casos positivos. A IFD baseia-se na detecção do

vírus em esfregaço de tecido com anticorpos específicos, usualmente

acompanha um teste de confirmação biológica, inoculação em camundongos

(BATISTA et al., 2007).

4.3.12 ATUAÇÃO EM FOCO

Somente será considerada a ocorrência de um foco de raiva quando

houver um ou mais casos da doença confirmados mediante testes laboratoriais

(NOVAIS & ZAPPA, 2008).

A partir da confirmação da doença, a conduta da área de foco é de

responsabilidade do Serviço Oficial da DSA, em um prazo máximo de 24 horas

para executar o PNCRH. As investigações epidemiológicas começam após

uma equipe se deslocar até a propriedade de origem do animal infectado e

delimitar as áreas focais, perifocais e zonas de alerta (NEVES, 2008).

As ações de controle como vacinações e controle de morcegos devem

ser feitas mediante o modelo de círculos concêntricos (Figura 12), eficaz em

casos onde os focos ocorram em uma região de forma dispersa sem um

sentido lógico, sem previsão da direção de novos casos. O modelo de bloqueio

linear (Figura 13) é usado quando os focos seguem uma direção característica,

como no caso de disseminação da doença por margens de uma represa, rios

rodovia, cadeia montanhosa ou ferrovias (BRASIL, 2009).

O bloqueio da progressão do foco deve sempre ser realizado da periferia

para o centro do foco, pois o morcego infectado pode transmitir o vírus para

outras colônias, em até doze quilômetros de distância do foco principal

(NEVES, 2008). O médico veterinário oficial determina a vacinação focal e

perifocal, envolvendo todos os herbívoros existentes em um raio de doze

quilômetros, e a intensificação do controle de transmissores. Se outro animal

vier a óbito nessa área somente o veterinário oficial poderá coletar os materiais

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destinados ao laboratório. O foco de raiva só será saneado após 90 dias do

último óbito (BRASIL, 2009).

FIGURA 13 - MODELO DE CÍRCULOS CONCÊNTRICOS PARA ATUAÇÃO EM

FOCOS DE RAIVA

Fonte: BRASIL (2009)

FIGURA 14 - MODELO DE BLOQUEIO LINEAR DA PROGRESSÃO DA RAIVA PARA

ATUAÇÃO EM FOCOS

Fonte: BRASIL (2009)

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44

4.3.13 TRANSMISSÃO E CONTROLE DOS TRANSMISSORES

O vírus da raiva depende claramente de um indivíduo infectado e outro

susceptível; em muitas partes do mundo o reservatório primário da raiva são os

animais silvestres, porém os animais domésticos são a base para transmissão

da raiva ao homem (NEVES, 2008). Na natureza o vírus é mantido por meio de

ciclos que se relacionam entre si, ciclo urbano no caso de raiva em animais

domésticos, ciclo rural referente à raiva em herbívoros, ciclo aéreo referente

aos morcegos e ciclos silvestres associados a espécies de animais silvestres

(BATISTA et al., 2007).

No Brasil, a raiva é, na maioria das vezes, transmitida pelo morcego

hematófago Desmodus rotundus (LIMA et al., 2005). Normalmente os

morcegos transmitem a raiva entre si por brigas em disputas de machos por

fêmeas, os machos vencidos infectados deslocam-se para outras colônias

contaminando novos morcegos. O principal meio de transmissão é a saliva

(NEVES, 2008), por via olfatória a infecção só ocorre em cavernas de

morcegos onde há elevada concentração do vírus no ar (PEIXOTO, 1998).

A raiva humana pode ser prevenida basicamente pela vacinação e

controle do reservatório animal usando métodos seletivos diretos e indiretos

(BATISTA et al., 2007). O principal objetivo é identificar e monitorar a presença

de vírus unicamente na população de Desmodus rotundus, não causando dano

a outras espécies que exercem manutenção do equilíbrio ecológico na

natureza (NOVAIS & ZAPPA, 2008).

O método seletivo direto que só é permitido pelo serviço oficial, consiste

em realizar a captura de morcego hematófago diretamente em seu abrigo

natural ou artificial e fazer a aplicação da pasta vampiricida em seu dorso, o

morcego será solto em seguida para que a pasta seja ingerida por outro que

entrar em contato com ele, o princípio ativo provocará hemorragias internas,

matando-o (SILVA, 2008). Como a espécie tem o hábito de se limparem

mutuamente (BATISTA et al., 2007), e principalmente as fêmeas tem o

comportamento de se lamberem para estimular o regurgitamento e assim

aproveitarem o alimento, estima-se que a cada morcego tratado com a pasta

outros 20 virão a óbito (BRASIL, 2009)

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45

O método seletivo indireto consiste na aplicação tópica da pasta

vampiricida no final da tarde, ao redor das mordeduras recentes de morcegos

hematófagos, com isso elimina-se o morcego agressor, uma vez que eles

tendem a retornar em dias consecutivos ao mesmo ferimento para se

alimentar. O processo deve ser repetido enquanto o animal estiver sendo

agredido (SILVA, 2008).

4.4 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi feito um levantamento de dados dos casos de raiva no Estado do

Paraná de janeiro a outubro de 2015. Os dados foram coletados de acordo com

os informes epidemiológicos que chegam semanalmente na ULSA de Campo

Largo totalizando 43 semanas, conforme o calendário epidemiológico. As

informações constadas nos informes são coletadas semanalmente por

notificações e avisam qualquer caso positivo de raiva confirmado por

laboratório oficial. Os dados foram analisados pelos quadrados mínimos.

Todas as Unidades da ADAPAR enviam toda segunda-feira o informe

epidemiológico semanal para suas URS, que compilam os dados e encaminha

para a Coordenação da epidemiologia, situada na Sede da ADAPAR.

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período de janeiro a outubro de 2015, foram detectados no

Estado do Paraná 67 casos de Raiva (Quadro 6), sendo a maior prevalência

relatada pela Unidade Regional da Cidade de Guarapuava, com 34 casos

(51%). Esta regional supervisiona as ULSA’s de Candói, Catalango,

Guarapuava, Palmital, Pinhão, Prudentópolis e Turvo. A segunda maior

casuísticas, oito casos (12%), aconteceu na URS de Curitiba.

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46

QUADRO 6 – CASOS DE RAIVA NO ESTADO DO PARANÁ POR URS NO PERÍODO DE

JANEIRO A OUTUBRO DE 2015

URS Espécie Casos Positivos de Raiva

%

Curitiba

Morcego Não Identificado 1 1,50

Bovinos 2 3

Morcego Não Hematófago 5 7,50

Cornélio Procópio Equinos 2 3

União Da Vitória Morcego Não Hematófago 3 4,50

Dois Vizinhos Morcego Não Hematófago 1 1,50

Cascavel Morcego Não Hematófago 1 1,50

Irati Morcego Não Hematófago 3 4,50

Laranjeiras Do Sul Morcego Não Hematófago 1 1,50

Ivaiporã Morcego Não Hematófago 1 1,50

Bovinos 2 3

Paranaguá Equinos 1 1,50

Ponta Grossa Bovinos 2 3

Maringá Morcego Não Hematófago 1 1,50

Bovinos 5 7,50

Francisco Beltrão Morcego Não Hematófago 1 1,50

Guarapuava

Bovinos 30 44,5

Ovino 1 1,50

Equino 1 1,50

Morcego Hematófago 2 3

Pato branco Bovinos 1 1,50

Total 67 100

As espécies mais afetadas (Quadro 7) foram em ordem decrescente de

frequência: Bovinos com 63%, Morcegos não Hematófagos com 25%, Equinos

com 6%, Morcegos Hematófagos com 3% e morcegos não identificados e

ovinos com 1,5%. Com isso, confirmando que os animais mais afetados são da

espécie bovina, como cita LANGOHR et al., 2003.

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47

Para que o Estado tenha controle sobre a população de transmissores

da raiva, o controle de morcegos é feito a partir do cadastramento de abrigos

artificiais e naturais, como é o caso da Cidade de Prudentópolis com o maior

número de animais afetados, e que possui em seu sistema, 44 abrigos

cadastrados, sendo o maior número do Paraná, uma vez que houve muitos

casos na região e o sistema de cadastro esta atualizado. Para realizar este

cadastramento é necessário que a propriedade tenha cadastro junto a

ADAPAR e possua o número do Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária – INCRA. Talvez o sistema não tenha números fidedignos com a

realidade em outros locais, devido a dificuldade em cadastrar estes abrigos,

que muitas vezes se localizam em locais onde não existe uma propriedade ou

até mesmo esta propriedade não esta cadastrada e pelo fato de que este

sistema de cadastramento é recente para a ADAPAR.

QUADRO 7 – CASOS DE RAIVA NO ESTADO DO PARANÁ POR ESPÉCIES NO PERÍODO DE JANEIRO A OUTUBRO DE 2015

Espécies Números de casos de Raiva %

Bovinos 42 63,0

Morcego não Hematófago 17 25,0

Equinos 04 6,00

Morcegos Hematófagos 02 3,00

Morcego não Identificado 01 1,50

Ovino 01 1,50

Total 67 100

4.6 CONCLUSÃO

O Município de Prudentópolis, região dos Campos Gerais foi a mais

acometida no período analisado contando 26 casos (39%), uma vez que a

região tem alta vulnerabilidade à ocorrência da doença por apresentar

condições favoráveis ao estabelecimento do vírus, como relevo acidentado,

permitindo a existência dos abrigos naturais aos morcegos, e grande

concentração de animais suscetíveis.

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48

Os dados fornecidos pelo setor de Epidemiologia da ADAPAR são

relativos às comunicações, mas vale ressaltar que alguns casos talvez não

sejam notificados, uma vez que, nem todos tem consciência das doenças de

notificação obrigatória ou que casos clínicos com sintomatologia nervosa fazem

parte do programa nacional de controle da raiva e das Encefalopatias.

A raiva dos herbívoros sempre será uma doença importante no Estado

do Paraná e em todo o Brasil. Existem ainda muitos animais que possuem

sintomatologia nervosa, mas que não é feito um diagnóstico conclusivo. As

medidas de controle da doença devem ser aplicadas para que novos casos não

apareçam, vale ressaltar a importância da vacinação de todos os animais, uma

vez que os morcegos transmissores da doença estão cada vez mais perto de

áreas urbanas.

4.7 REFERENCIAS

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53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ESTÁGIO CURRICULAR

O alcance de experiências que contribuirão para o

desenvolvimento prof issional e pessoal se da em conjunto com o

estágio curricular obrigatório e os conhecimentos adquiridos ao

longo da graduação. Auxil iando na preparação e qualif icação

estabelecida nos desafios futuros encontrados no mercado

competit ivo. No que se referem os conhecimentos mais

particulares da área de atuação do estágio, destaca -se aqueles

alcançados a respeito dos programas of iciais da Defesa

Agropecuária, problemas sanitários importantes na saúde do

homem e do animal.

Notou-se a importância dos órgãos governamentais no

cotidiano de produtores rurais e médicos veterinários envolvidos

nos serviços, considerando a excelente experiência para

compreensão da organização e funcionamento da ADAPAR.

Contribuiu ainda para uma melhor capacitação prát ica e teórica,

além da dinâmica prof issional de Médico Veterinário.

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54

6 REFERÊNCIAS

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