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Jornal do Comércio - Porto Alegre 30 e 31 de janeiro e 1 e 2 de fevereiro de 2015 Priscila Pasko Nos últimos anos, o financiamento coletivo - o célebre crowdfunding - difundiu-se na web com o objetivo de captar recursos para a produção de filmes, gravação de CDs e DVDs e promoção de espetáculos. Contudo, esse tipo de projeto ainda conta com poucas iniciativas na área da literatura no Brasil. Aproveitando tal vácuo, a Editora Concreta se insere no mercado não apenas com o objetivo de publicar obras exclusivamente por meio do financiamento coletivo, como também estipular um nicho: a alta cultura, que inclui leituras teóricas, filosóficas, históricas, além de clássicos da língua latina. “Acho que, no País, existe uma grande crise educacional nas últimas décadas, que cria um abismo entre os clássicos e a nossa atual formação intelectual”, explica o idealizador do projeto, Renan Santos, que pesquisou outros modelos no exterior, como Inglaterra e Portugal. Já foram financiados dois projetos: a edição bilíngue de Compêndio de teologia, de S. Tomás de Aquino, e a edição compilada de Defensio Fidei Catholicae (1613), de Francisco Suárez. A terceira campanha da Concreta consiste no lançamento da obra O remédio é a crítica, uma coletânea inédita com os melhores textos de não ficção de Machado de Assis (1838-1908), que até então estavam dispersos. O investimento pode ser feito até o dia 2 de fevereiro no site https:// editoraconcreta.com.br, com valores que oscilam entre R$ 10,00 e R$ 1.490,00. A meta a ser alcançada é de R$ 16.590,00, mas, assim como nas campanhas anteriores, o valor fo i ultrapassado antes do prazo limite. Organizada pelo escritor Luiz Cezar de Araujo, que também é coordenador editorial do selo Coleçã ão brasileira - ao qual O remédio é a crítica pertence -, a obra contará com cinco capítulos. No primeiro, foram reunidos todos os ensaios que na edição de Afrânio Coutinho - organizador da obra completa publicada em 1959 pela Editora Aguilar - ficaram sob o título literatura Ressuscitando clássicos ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC ITO RA CONCRETA/DIVULGAÇÃO/JC I Id dealizador da Editora C Concreta, Renan Santos ap posta na alta cultura Carlos Pires de Miranda retorna das férias na próxima edição. Crítica literária. O segundo se dedicará às críticas de Machado a romances. As cartas abertas e correspondências íntimas constam no terceiro capítulo. No quarto, estão reunidos os necrológios escritos por Machado por ocasião da morte de alguns dos grandes nomes das letras brasileiras e lusitanas. No capítulo V, o leitor terá em mãos três discursos proferidos pelo primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. E, por fim, no capítulo VI, foram selecionados três textos, escritos inclassificáveis. Santos explica que a novidade da Editora Concreta está justamente no fato de reeditar, por meio do financiamento, obras que há tempos estão fora de circulação e que são consideradas grandes clássicos. Ele destaca que as demais iniciativas voltadas à literatura geralmente estão voltadas ao lançamento de autores novos. Para auxiliar a escolha das obras, Santos divide as publicações em selos que tenham propostas bem definidas. No total, e por enquanto, são três: Coleção escolástica - focado em filosofia medieval; Coleção Salamanca - que trata sobre a escolástica tardia, resgatando escritores jesuítas, especialmente espanhóis e portugueses dos séculos XVI e XVII, e Coleção brasileira - o último selo lançado, que irá focar nos clássicos nacionais.

li te ra tur a Ressuscitandoclássicos - Livraria Concretalivrariaconcreta.com.br/wp-content/uploads/2019/04/Concreta_imprensa.pdf · Santos, René Guenon e Eric Voegelin. Havia,

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Jornal do Comércio - Porto Alegre30 e 31 de janeiro e 1 e 2 de fevereiro de 2015

Priscila Pasko

Nos últimos anos, o financiamentocoletivo - o célebre crowdfunding -difundiu-se na web com o objetivode captar recursos para a produçãode filmes, gravação de CDs e DVDs epromoção de espetáculos. Contudo, essetipo de projeto ainda conta com poucasiniciativas na área da literatura no Brasil.

Aproveitando tal vácuo, a EditoraConcreta se insere no mercado nãoapenas com o objetivo de publicarobras exclusivamente por meio dofinanciamento coletivo, como tambémestipular um nicho: a alta cultura,que inclui leituras teóricas, filosóficas,históricas, além de clássicos da língualatina. “Acho que, no País, existe umagrande crise educacional nas últimasdécadas, que cria um abismo entreos clássicos e a nossa atual formaçãointelectual”, explica o idealizador doprojeto, Renan Santos, que pesquisououtros modelos no exterior, comoInglaterra e Portugal.

Já foram financiados dois projetos:

a edição bilíngue de Compêndio deteologia, de S. Tomás de Aquino, e aedição compilada de Defensio FideiCatholicae (1613), de Francisco Suárez.A terceira campanha da Concretaconsiste no lançamento da obra Oremédio é a crítica, uma coletâneainédita com os melhores textos de nãoficção de Machado de Assis (1838-1908),que até então estavam dispersos.O investimento pode ser feito atéo dia 2 de fevereiro no site https://editoraconcreta.com.br, com valoresque oscilam entre R$ 10,00 e R$1.490,00. A meta a ser alcançada éde R$ 16.590,00, mas, assim comonas campanhas anteriores, o valor foooiultrapassado antes do prazo limite.

Organizada pelo escritor LuizCezar de Araujo, que também écoordenador editorial do selo Coleçãããobrasileira - ao qual O remédio é acrítica pertence -, a obra contará comcinco capítulos. No primeiro, foramreunidos todos os ensaios que na ediçãode Afrânio Coutinho - organizador daobra completa publicada em 1959 pelaEditora Aguilar - ficaram sob o título

literaturaRessuscitando clássicos

ARQUIVOPE

SSOAL/DIVULG

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IVULG

AÇÃO/JC

IIIdddealizador da EditoraCCConcreta, Renan Santosappposta na alta cultura

Carlos Pires deMiranda retorna das férias na próxima edição.

Crítica literária. O segundo se dedicaráàs críticas de Machado a romances.As cartas abertas e correspondênciasíntimas constam no terceiro capítulo.No quarto, estão reunidos os necrológiosescritos por Machado por ocasião da

morte de alguns dos grandes nomes dasletras brasileiras e lusitanas. No capítuloV, o leitor terá em mãos três discursosproferidos pelo primeiro presidente daAcademia Brasileira de Letras. E, porfim, no capítulo VI, foram selecionadostrês textos, escritos inclassificáveis.

Santos explica que a novidade daEditora Concreta está justamente no fatode reeditar, por meio do financiamento,obras que há tempos estão fora decirculação e que são consideradasgrandes clássicos. Ele destaca queas demais iniciativas voltadas àliteratura geralmente estão voltadas aolançamento de autores novos.

Para auxiliar a escolha dasobras, Santos divide as publicaçõesem selos que tenham propostas bemdefinidas. No total, e por enquanto, sãotrês: Coleção escolástica - focado emfilosofia medieval; Coleção Salamanca- que trata sobre a escolástica tardia,resgatando escritores jesuítas,especialmente espanhóis e portuguesesdos séculos XVI e XVII, e Coleçãobrasileira - o último selo lançado, queirá focar nos clássicos nacionais.

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Editora lança obras clássicascom financiamento coletivoUtilizando crowdfunding, Editora Concreta disponibiliza campanhas para livros de pensadoreshistóricos.

19/02/2016 12:34:21 - Atualizado em 18/02/2016 16:39:55Leonardo Caprara /Prof. orientador Cláudio Toldo (SC0640JP)

Fotos: Leonardo Caprara

Tamanho do texto (A+) (A-) (Voltar ao tamanho original)

Atuando no mercado editorial desde 2014, a Editora Concreta já lançou nove obras através definanciamento coletivo, arrecadando mais de R$ 300 mil para estes projetos.

“A Concreta é um projeto que eu já vinha gestando na minha cabeça pelo menos desde a época dafaculdade. Inicialmente, eu só queria poder trabalhar no ramo editorial, confeccionar livros, ganhardinheiro com isso, etc., mas depois, conforme fui avançando nos meus estudos e percebendo comuma nitidez cada vez maior o estado deplorável da nossa cultura, me dei conta de que essa atividadepodia cumprir com objetivos ainda mais elevados”, disse o gaúcho Renan Martins dos Santos,fundador da editora.

Além de pensadores clássicos como São Tomás de Aquino, Francisco Suárez e Machado de Assis,novas obras também são trabalhadas, como o livro de Percival Puggina, A Tomada do Brasil.

“Antes de lançar a Concreta, eu já tinha plena noção de que não poderia me deter apenas nosclássicos do passado, mas investir em clássicos do presente, em obras que nos ajudem a entender oestado das coisas em que estamos metidos. É preciso fazer essa ponte entre passado e presente;trata-se de uma atividade que nenhum homem de estudos sério pode negligenciar”, afirmou dosSantos.

A atual campanha da Concreta é "Sobre o poder civil, os índios e a guerra", que pode ser a primeiratradução de Francisco de Vitória, um dos mais importantes pensadores do direito internacional.

Outros três projetos estão em fase de planejamento. O primeiro é o livro de Luiz Gonzaga deCarvalho Neto, filho do filósofo Olavo de Carvalho, que já está sendo estruturado. A primeiratradução para português de uma obra de Roberto Grosseteste, filósofo escolástico e um dosresponsáveis pela revolução científica no final da idade média e início da Renascença, poderá serfinanciada em breve pelo site da Concreta.

Outro projeto que ainda está em fase de planejamento e negociações é a biografia do deputadofederal Jair Bolsonaro. Algumas obras já financiadas estão disponíveis na Livraria Concreta.

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Entretenimento - Sexta 19/02/2016Editora lança obras clássicas comfinanciamento coletivo

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12/2/2018 O boom editorial conservador puxado por Olavo de Carvalho - Época

https://epoca.globo.com/o-boom-editorial-conservador-puxado-por-olavo-de-carvalho-23272585 2/6

Após indicar dois ministros do governo de Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho voltou aos holofotes. Por isso, gostaria de apontar

um dos pilares do fenômeno Olavo pouco explorado até agora: o boom editorial de tradução e publicação de autores

conservadores, em sua grande maioria recomendados pelo próprio filósofo em suas aulas e cursos.

São uma torrente de livros publicados por pequenas e médias casas editoriais ao longo dos últimos anos, que vão além dos best-

sellers escritos por Olavo. Para entender o fenômeno, basta olhar os casos das editoras É Realizações, Vide Editorial, Editora

Concreta e Edições Kírion

Quem acompanha o trabalho de Olavo há algum tempo sabe que um dos seus maiores artifícios retóricos é o de seduzir seus

alunos com a promessa de conhecimento proibido no mundo intelectual brasileiro. Se nossa elite intelectual regurgita apenas o

consenso do “pensamento de esquerda” nas universidades e livrarias, seus alunos eram apresentados ao outro lado da moeda: o

pensamento conservador do século XX. Assim, Olavo trazia figuras como Xavier Zubiri, René Girard, Mário Ferreira dos

Santos, René Guenon e Eric Voegelin.

Havia, porém, um pequeno problema: a maioria desses autores tinha escassas edições brasileiras e, em muitos casos, nunca

nem sequer haviam sido traduzidos. E não foram poucos, o professor incluso, que perceberam a oportunidade editorial de ouro

que então se desenhava. O mercado apareceu com a ideologia.

É preciso pontuar, porém, que Olavo não é o único a influenciar o mercado editorial brasileiro com ideias conservadoras. Think

thanks liberais, por exemplo, são protagonistas na construção de uma nova base leitora de autores libertários, como os da

escola austríaca. Nem é o filósofo o fundador da retórica das guerras culturais do século XXI, tema já recorrente nos Estados

Undios e na Europa.

E Olavo não ganha financeiramente com esse mercado que ele próprio criou. Ao menos não diretamente. É claro que, ao

recomendar essas editoras que publicam suas sugestões — e que o citam como influência direta —, Olavo gera um contexto

favorável para a expansão de seu curso e da sua receita.

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12/2/2018 O boom editorial conservador puxado por Olavo de Carvalho - Época

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A exceção é a editora É Realizações, talvez a maior e mais antiga das aqui citadas. Fundada na virada do século, ela teve

participação direta de Olavo em seus primórdios.

Nas palavras do próprio, era a oportunidade de: “Complementar e consolidar, mediante essas leituras, o que [seus alunos]

haviam aprendido nas aulas. Não se tratava, portanto, apenas publicar bons livros, muito menos divulgar autores, mas de

refletir todo um projeto pedagógico que já havia beneficiado milhares de pessoas e criado um público cativo que garantia de

antemão um mercado suficiente para sustentar a editora e fazê-la prosperar”, disse em 2011, em um de seus programas de rádio

, no qual também exaltava as próprias qualidades como editor e autor de sucesso.

A parceria com o editor Edson Filho, da É Realizações não durou para sempre e foi rompida em 2011. Hoje é possível ver

críticas diretas de Olavo à casa, que chegou até a publicar dois de seus títulos entre 2002 e 2006 . Ainda assim, a “É” continua

investindo na linha editorial recomendada originalmente por Olavo. Basta ver seu catálogo e depararcom livros de Mortimer

Adler, Mário Ferreira dos Santos, Eric Voegelin.

Esse é um aspecto importante dessas editoras. Não se trata apenas de livros de filosofia. O escopo das publicações é dos mais

variados. A Editora Concreta, fundada por alunos de Olavo, teve como um de seus primeiros projetos a publicação da obra

crítica de Machado de Assis, e promove um largo catálogo de teologia católica. Já a Kírion, também recomendada pelo filósofo,

aposta bastante nos lançamentos que falam sobre a educação do ponto de vista conservador. Outro exemplo a se destacar é o da

Vide Editorial. Casa de uma série de publicações de Olavo, a editora é outra das maiores do segmento e traz títulos de filósofos

como Ortega y Gasset, economistas como Ludwig von Mises e até de São Tomás de Aquino.

De certa maneira, a existência dessas casas é de fato importante. Nomes antes pouco publicados ganharam nova vida. É o caso

do próprio Ortega Y Gasset, cujo clássico “A rebelião das massas” havia sido publicado pela última vez nos anos 80. No passado,

tive de recorrer a uma edição argentina,coisa que hoje já não mais seria necessária. Ao mesmo tempo, em plena crise editorial

no Brasil, é de se pensar na necessidade da publicação tão incessante de livros para uma base ainda limitada de leitores.

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12/2/2018 O boom editorial conservador puxado por Olavo de Carvalho - Época

https://epoca.globo.com/o-boom-editorial-conservador-puxado-por-olavo-de-carvalho-23272585 4/6

Mais do que isso, porém, essas editoras botam em xeque alguns dos argumentos centrais de Olavo. Que seus autores prediletos

eram abandonados no Brasil, de que o conhecimento era limitado no país e que a porta para o conservadorismo nas

universidades estava fechada por decisão da inteligentsia nacional. Agora, com sua biblioteca particular publicada

massivamente no país, não há porque bater na mesma tecla. Resta saber se esses autores um dia tomarão o vulto que o filósofo

tanto deseja ou voltarão ao esquecimento dos sebos e edições esgotadas.

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