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8º Encontro da ABCP - 01 a 04/08/2012, Gramado, RS Área Temática: Teoria Política Liberalismo e nacionalismo no Brasil ( 1947-1953): notas sobre a UDN e a Campanha do Petróleo Jorge Gomes de Souza Chaloub doutorando em Ciência Política pelo IESP/UERJ, professor substituto UFF.

Liberalismo e nacionalismo no Brasil ( 1947-1953): notas ... · O artigo busca analisar os motivos pelo qual o principal partido liberal do ... proximidade de uma nova guerra mundial

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8º Encontro da ABCP - 01 a 04/08/2012, Gramado, RS

Área Temática: Teoria Política

Liberalismo e nacionalismo no Brasil ( 1947-1953): notas sobre

a UDN e a Campanha do Petróleo

Jorge Gomes de Souza Chaloub – doutorando em Ciência Política pelo

IESP/UERJ, professor substituto UFF.

Introdução

O discurso liberal udenista não representa a simples atualização de

ideias e conceitos do liberalismo clássico para o contexto brasileiro da

República de 1946. Compreender os enunciados retóricos do partido requer um

olhar à tradição do liberalismo brasileiro, reivindicada por algumas das

principais personalidades da legenda, e atenção à complexa interação entre

ideias e conjuntura. As ações políticas não se limitam a simples derivações de

ideários políticos ou são plenamente explicadas com o recurso à razão

instrumental. Mais do que uma doutrina estanque, que permanece idêntica

entre a formação do partido em 1945 e sua extinção em 1965, o liberalismo

udenista constitui um ideário em intensa transformação, que constrói distintas

visões sobre a política, a sociedade e o país. Suas nuances e variações

discursivas respondem aos embates da República de 1946, mas também os

determinam de modo preponderante.

Nada melhor para compreender as mútuas determinações entre discurso

e conjuntura do que analisar os momentos em que o liberalismo udenista

parece afastar-se da teoria liberal mais clássica. Não se trata da fácil acusação

de uma suposta inautenticidade, mas da percepção de que a aparente

ambiguidade1 permite delinear as peculiaridades e pressupostos desse ideário,

compreender as continuidades e divergências entre o udenismo e a linhagem

liberal brasileira. O presente trabalho busca, nesse sentido, analisar uma

desses momentos: o protagonismo da UDN na campanha do Petróleo.

O artigo busca analisar os motivos pelo qual o principal partido liberal do

interregno 1946-1964 assume postura claramente contrária ao livre mercado,

destacando-se como grande defensor do monopólio estatal do petróleo, em

1953. O episódio oferece excelente oportunidade para retratar o tipo de

liberalismo econômico presente no discurso da UDN. O inteligente cálculo

político, ciente da possibilidade de derrotar Vargas dentro do campo

nacionalista, que o então presidente tão bem ocupava, explica em parte a

1 As ambiguidades do udenismo são o mote central da obra de BENEVIDES, Maria Victoria, A UDN e o

udenismo: ambiguidades do liberalismo brasileiro. Trata-se da mais relevante obra já escrita sobre a UDN.

postura partidária, mas não dá conta da complexidade que envolve o processo.

Há que se atentar para as inspirações e fontes do pensamento econômico da

UDN, quase sempre formulado pelos célebres professores catedráticos de

Direito Financeiro, Tributário e Administrativo do partido, como Aliomar

Baleeiro, Bilac Pinto e Oscar Dias Correia, para compreender as relações entre

o liberalismo defendido por tais atores e suas ações em meio a questão do

petróleo.

O tema também permite explorar as relações entre a UDN e o

nacionalismo, ideário central para compreender o cenário da República de

1946 e léxico extremamente influente no debate sobre o petróleo. Distinguir os

diversos usos da retórica nacional é etapa necessária para compreender as

posições e movimentos do contexto político da época. Há que se perceber não

apenas as mudanças na política interna, mas também intenso rearranjo em

curso no contexto internacional, visível no Brasil através da crescente

relevância do anticomunismo nos debates políticos nacionais.

Antes das reflexões sobre os meandros da atuação udenista na

campanha do petróleo, cabe um curto apontamento sobre alguns marcos do

debate sobre a exploração do petróleo no Brasil.

Antecedentes do debate sobre o Petróleo

As polêmicas sobre forma e o sentido da exploração do petróleo no

Brasil por certo antecedem a Campanha do Petróleo, iniciada ao final da

década de 1940. Gabriel Cohn2 destaca a ampla mudança promovida pela

Revolução de 1930, responsável por vincular, em terras brasileiras, o tema o

petróleo ao da nação. Um dos seus marcos é o Código de Minas, de 1934, que

desvincula a propriedade do solo da do subsolo, de modo que as riquezas

minerais nele contidas passaram ao domínio público, necessitando e

autorização do governo para sua pesquisa e lavra.

A década ainda registra a criação do Conselho Nacional do Petróleo

(CNP), em 1938, que elevou as reflexões e o esforço técnico em torno da 2 COHN, Gabriel, Petróleo e Nacionalismo.

questão do petróleo. A criação do órgão público, diretamente vinculado à

Presidência da República, decorre, segundo Cohn, de uma ampla conjunção

de fatores. Não se pode ignorar, por exemplo, a importância dos debates

anteriormente acumulados, principalmente a partir de 1936, quando o escritor e

intelectual público Monteiro Lobato tece fortes críticas ao modo pelo qual a

questão do petróleo vinha sendo conduzida. 3 O governo reage às acusações

através do General Juarez Távora, ministro da Agricultura, que prenuncia a

enorme relevância dos militares para o tema, e dois anos depois, com o poder

central ainda mais fortalecido pelo Golpe de 1937 cria, sob o comando de outro

militar extremamente ativo no debate, o General Horta Babosa, o CNP. O

monopólio estatal permanecia, mesmo com algumas críticas, e agora era

reforçado pela a maior concentração de poder no executivo.

A conduta tradicionalmente omissa do Estado brasileiro em relação ao

petróleo não era, todavia, mais possível, devido a dois novos fatores: a

proximidade de uma nova guerra mundial e o amplo impulso industrializante na

economia brasileiro 4. Os dois processos estavam diretamente vinculados, com

a guerra a aumentar o custo do petróleo e a industrialização a elevar a

demanda brasileira do combustível fóssil, combinação responsável pela

desestabilização da balança comercial do país. Agir se tornava imperativo e a

CNP foi um claro sintoma dessa transformação.

A partir de meados da década de 1940 se inicia um ciclo de ampla

movimentação política, com emergência de fortes pressões a favor da

exploração privada das reservas petrolíferas brasileiras. A Constituinte é palco

de intensos debates entre os integrantes da corrente nacionalista e os

defensores do capital internacional. A vaga formulação do artigo 119, parágrafo

1º- ao determinar que “as autorizações ou concessões serão conferidas

exclusivamente a brasileiros ou sociedades organizadas no Brasil” 5 - apenas

3 Segundo Lobato, o monopólio público do petróleo, determinado pelo Código de Minas, e a inépcia

administrativa do Estado perante o tema adequavam-se perfeitamente aos interesses das grandes multinacionais do petróleo, como a Standard Oil, que pela momentânea superprodução e pelo desejo de resguardar um amplo mercado consumidor, como o Brasil, não almejavam a exploração do nosso petróleo. A saída era a liberação da pesquisa e lavra para todos os interessados, o que permitiria um mais claro resguardo dos interesses nacionais. ( Ibidem, págs. 19-38) 4 Ibidem, pág. 41.

5 CAMPANHOLE, Constituições Brasileiras.

expõe a divisão política que ali tinha vez. A incapacidade de qualquer

imposição definitiva pelos dois lados recai em um intenso combate, que

perdura até 1952 e tem no projeto do Estatuto de Petróleo, de 1948,e na

Campanha do Petróleo, iniciada em 1947, dois relevantes marcos.

O Estatuto do Petróleo, relatado pelo udenista Odilon Braga, ex-ministro

da Agricultura e parte constante dos debates sobre o combustível fóssil,

aproveitava as possibilidades abertas pela Constituição de 1946 para acabar

como monopólio estatal da exploração do petróleo, permitindo a lavra e

pesquisa de empresas estrangeiras. O texto legal reflete as mudanças no

Conselho Nacional de Petróleo, outrora presidido pelo nacionalista Horta

Barbosa e agora sob chefia do Coronel João Carlos Barreto, entusiasta da

abertura às multinacionais do setor. As enormes semelhanças entre a

exposição de motivos 2.558, de 1945, e o projeto de Estatuto, expõe com

clareza anova orientação da CNP no debate.

Os defensores do monopólio do petróleo não estavam, entretanto,

omissos. Estava em pleno curso a campanha do petróleo, um dos mais

relevantes movimentos políticos da República de 1946.

A Campanha do Petróleo, o PCB e o Exército

Os ataques da grande imprensa e a repressão policial não impediram a

crescente expansão da Campanha do Petróleo. Quase sempre articulada em

torno do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional

(CEPDEN), o movimento surgiu como forte reação ao movimento de abertura

da exploração do combustível fóssil, condensada no Estatuto do Petróleo.

A repressão policial decorria da crença na vinculação entre a campanha

e o comunismo, presente no imaginário do governo e das forças policiais.

Documento de 1949 do Departamento de Ordem Social e Política do Estado de

São Paulo, citado por Gabriel Cohn6·, afirma que “os bolcheviques se

movimentam desesperadamente para perturbar os caminhos que nos levarão a

pleniposse dessas fecundas reservas naturais e que são o auxílio norte- 6 COHN, Gabriel, Petróleo e Nacionalismo, págs. 119-120.

americano” e indica o expurgo de elementos “comunistas e cripto-comunistas”

presentes no movimento. Espalhava-se a idéia de que a Campanha não

passava de uma grande articulação capitaneada pela União Soviética.

A presença do PCB na campanha e em outros movimentos políticos de

tendências nacionalistas é inegável. Não se pode esquecer a força do partido,

que havia registrado expressivo resultado eleitoral nas eleições de 1945, antes

do sua cassação, e possui ampla rede de militantes. Tal constatação não

importa, todavia, em retratar o movimento como mera derivação das diretrizes

da URSS. Como bem aponta Gabriel Cohn:

“A participação do Partido Comunista na Campanha do Petróleo é inegável; pode-se mesmo, com justiça, supor que, sem a capacidade de organização e o desprendimento dos militantes daquele grupo político, dificilmente esse movimento teria podido arrostar todos os obstáculos com que se defrontou e subsistir. A intepretação dada ao sentido das suas atividades no documento acima, contudo, é pouco consistente.” 7.

A idéia de uma absoluta e mecânica vinculação entre o PCB e os

soviéticos leva aos mais diversos equívocos. Algumas manifestações da

bancada comunista na Constituinte, a defender, em tom diverso do

posteriormente adotado, a participação de capitais privados na exploração do

petróleo, é boa demonstração de que a lideranças comunistas não atuavam por

cartilhas.

Se as autoridades policiais e o Governo Dutra apresentavam fortes

reservas quanto a campanha, o mesmo não se pode dizer de grande parte dos

militares. O Exército, de fato, teve inúmeros protagonistas na defesa do

monopólio, como o já citado General Horta Barbosa, que tornaram o Clube

Militar importante centro para a defesa da linha nacionalista. Durante a

presidência do General Cesar Obino, o clube foi palco de inúmeras

conferências de militares e homens públicos sobre o tema. Especialmente

influentes foram os debates entre o os generais Horta Barbosa e Juarez

Tavora, duas figuras historicamente envolvidos com cargos públicos no setor

energético, agora em lados diversos da contenda.

7 Ibidem, pág. 121.

A corporação estava, todavia, longe da unanimidade. As fragilidades do

segundo Governo Vargas8 levam o Exército a momento fortemente politizado,

com grande divisão entre os militares pró e contra Vargas. A questão do

Petróleo, aliás, constituía uma das cisões centrais dos militares, então divididos

entre os grupos nacionalistas e cosmopolitas 9. Nesse cenário, as eleições para

o Clube Militar representavam verdadeiras batalhas políticas, representativas

da divisão de forças na corporação. Com bem destaca José Murilo de

Carvalho, “a luta concentrou-se no Clube Militar” 10. Cesar Guimarães, por sua

vez, aponta que os embates não se esgotavam no plano da política interna:

“...é no plano militar que a “Guerra Fria” vem a manifestar-se mais claramente, para além, é claro, das pressões diplomáticas e econômicas externas. Vargas escolhe para seu ministro da Guerra o General Estillac Leal. Sua inclinação nacionalista se expressara na gestão do Clube Militar, fortemente politizado pela Campanha do Petróleo e por posições contrárias à participação do Brasil na intervenção na Coréia. Há importante, conquanto minoritário, grupo de oficiais de tendência nacionalista que é derrotado pelos “cosmopolitas” – mas desenvolvimentistas – em eleições subseqüentes no clube” 11

Desse modo, se durante os mandatos nacionalistas como o do General

Estillac Leal, grande aliado de Vargas12, o clube destacava-se como guarda

avançada da Campanha do Petróleo, quando da vitória dos setores mais

afeitos à entrada de capitais estrangeiros, como o General Canrobert, ministro

da Guerra do Governo Dutra, eleito em 1952 contra Estillac, o movimento

perdia seu refúgio no centro militar Há que se ressaltar, entretanto, que a

natural vinculação entre nacionalista e varguismo, assim como entre

cosmopolitas e antivarguismo, não é necessária, nem esgota complexidade

das disputas internas do Exército, mesmo sendo esclarecedora para a

compreensão de alguns processos.

8 Sobre as razões da crise do segundo Governo Vargas ver: D’ARAUJO, Maria Celina, O segundo Governo

Vargas 9 GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek, A longa distância entre a Petrobrás e Brasília, In: República

no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice, pág. 165 10

CARVALHO, José Murilo, Vargas e os militares, In: Forças Armadas e política no Brasil, pág. 113. 11

GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek, A longa distância entre a Petrobrás e Brasília, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice, pág. 165 12

José Murilo até mesmo afirma que “O General Estillac Leal foi lançado candidato à presidência do Clube Militar como uma espécie de testa da viabilidade militar da candidatura do ex-ditador”. Ibidem, pág.112.

O debate sobre a nação, centro das disjunções militares, não era restrito

ao Exército, mas se fazia presente em todo o cenário político-social da época.

As distintas compreensões do nacionalismo permitem organizar de diversas

maneiras os embates do interregno 1946-1964.

A nação e os nacionalismos

A retórica nacionalista perpassa todo o imaginário político do pós-1945.

O léxico da especificidade nacional, grande instrumento de legitimação dos

quinze anos de Governo Vargas (1930-1945), quando a afirmação da unidade

da nação se contrapunha às especificidades regionais, como parte dos

discursos presidenciais e substrato para inúmeras ações estatais 13 14,

transformava-se em ponto presente dos mais distintos lugares ideológicos. Do

mesmo modo que o pós-1945 transformou todos em democratas 15, o período

posterior à ditadura varguista parecia tornar obrigatória a referência ao

“interesse nacional”.

O fenômeno não surge sem motivo. A retórica nacionalista foi um

fermento fundamental para o projeto de inclusão subalterna das massas

urbanas, capitaneado por Vargas 16. Se a “ampliação autoritária da República”

17 não se caracteriza por um necessário apreço a legitimidade democrática, não

há dúvida sobre seu indubitável sucesso na melhoria das condições de vida e

trabalho da população citadina, que cada vez mais se afirmavam como fato

indubitável na realidade brasileira. O país predominantemente rural

13

O departamento de imprensa e propaganda ( DIP) é um ótimo exemplo. 14

Sobre o tema, ver SCHWARTZMAN, Simon; BOMENY, Helena; COSTA, Vanda Maria Ribeiro. Tempos de Capanema . Também são relevantes os escritos de uma das grande figuras do regime: CAMPOS, Francisco, O Estado Nacional, Idem, Educação e Cultura. 15

ALMINO, João, Os Democratas Autoritários: liberdades individuais, de associação política e sindical na Constituinte de 1946. 16

WERNECK VIANNA, Luiz Jorge, Liberalismo e Sindicato no Brasil. Uma versão mais concisa, mesmo que muito menos desenvolvida, do tema está em: Idem, O Estado Novo e a “ampliação” autoritária da República, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice. 17

Ibidem.

progressivamente cedia espaço a uma nação cujo centro político, econômico e

social encontrava-se, sem dúvida, nas cidades18.

Vargas soube perceber o significado dessas transformações e inspirado

pelos diagnósticos de intelectuais públicos como Oliveira Viana, Francisco

Campos e Azevedo Amaral, os dois primeiros colaboradores do seu governo,

conseguiu através do regime corporativo vincular esses novos sujeitos políticos

à institucionalidade política formal. Construiu-se com base no discurso do

interesse nacional e na oposição entre democracia formal e real um modelo

político amparado na conciliação, destinado a evitar possíveis confrontos

subversores da ordem.

Os liberais, por sua vez, depois de 1945 concentrados na União

Democrática Nacional (UDN), não formularam um ideário capaz de lidar com

essa nova dimensão da vida política nacional. Ainda vinculados a um discurso

de fortes tintas elitistas, mais afeito à Primeira República do que a seu tempo,

era patente sua dificuldade de obter o mesmo grau de apoio político

endereçado a Vargas e seus seguidores. A distinção entre homens aptos e

inaptos ao exercício do poder, estadistas e caudilhos19, para utilizar a

terminologia de Afonso Arinos de Melo Franco, recaia no constante lamento

sobre a incapacidade das massas, incultas e primitivas, de escolher a opção

mais adequada: os próprios udenistas.

O golpismo emergia como decorrência lógica da iniqüidade do sistema,

que afastava do poder aqueles a ele destinados. Frente a uma ordem ilegítima,

nada mais legítimo que a subversão dessa ordem. Como bem destaca

Wanderley Guilherme dos Santos, em famosa passagem:

“...os liberais doutrinários do período posterior a 1945 adotaram uma opinião distinta sobre como ascender ao poder. Para estes, os partidos que Vargas planejou e criou e a sociedade que legou às novas gerações interagiam de tal maneira que somente os políticos que se submetessem à corrupção poderiam

18

Em 1940, 69% da população brasileira ainda residia em zonas rurais. Esse número decai para 64% em 1950 e 55% em 1960. Paralelamente, há um significativo crescimento populacional, com taxa de crescimento médio de 2,4% ao ano durante a década de 1940 e 3% durante a década de 1950 – SANTOS, Wanderley Guilherme, O cálculo do conflito: estabilidade e crise na política brasileira, págs. 51 e 52 19

A distinção está presente em MELO FRANCO, Afonso Arinos, A Evolução da crise brasileira. Uma análise dessas categorias no pensamento político de Afonso Arinos está em LATTMAN-WELTMAN, Fernando, A Política domesticada: Afonso Arinos e o colapso da democracia em 1964

ter possibilidade de vencer. Não havia, para os liberais, a esperança de atingir o poder em um sistema deste tipo sem romper o compromisso de submissão aos métodos legais. Seria, portanto, de uma ingenuidade extrema aceitar o sistema como legal e obedecer às regras do jogo político estabelecidas pelo próprio sistema. Desde que faltava legitimidade aos sistema, era perfeitamente correto, e dentro da mais pura tradição liberal, tentar derrubá-lo adotando inclusive meios violentos, se necessário fosse. (...) Este conveniente silogismo transformou a UDN, um partido liberal quanto a sua perspectiva social e econômica e à sua retórica, no mais subversivo partido do sistema político brasileiro de 1945 a 1964, quando os liberais doutrinários julgaram, para logo sentirem o gosto de arrependimento, que haviam finalmente chegado ao poder.” 20. (GRIFOS NOSSOS).

O discurso da exceção se faz presente. Normas devem ser respeitadas

apenas em condições ordinárias, já que quando modificado o estado de

normalidade sob o qual a lei foi estabelecida não deve vigorar a regra, mas a

exceção. 21 A oposição à realização das eleições em 1955 é uma das

manifestações deste raciocínio, que perpassava os argumentos udenistas de

então, sempre vociferando contra as instituições existentes em virtude das

subversões e descaminhos causados pela ordem varguista. Ante a corrupção

presente em todas as instituições públicas, só cabia à oposição o não

reconhecimento da legitimidade do sistema. Retomada a normalidade, os

instrumentos liberais teriam novamente vez. O depoimento de Carlos Lacerda

ilustra precisamente este ponto:

“Foi aí que eu comecei a defender a tese que me valeu o título de golpista e até de fascista (...) Eu dizia que era necessário não só uma reforma da lei eleitoral mas uma reforma profunda no país, e que estas reformas, além de necessárias, ainda teriam a vantagem de dar um tempo para desintoxicar o Brasil, que vinha de vários anos de ditadura, vários anos de demagogia, de vários anos de propaganda pessoal de um mito. Convocar eleições para o ano seguinte só porque estavam marcadas, era na minha opinião um erro gravíssimo, que consistia em levar um povo traumatizado por um drama daquela ordem a tomar um a decisão que não tomaria em um tempo normal. Portanto, longe de ser um ato democrático, era profundamente totalitário, esse ato de levar um povo, não pela razão, mas pela força de uma emoção incoerciva, a tomar uma decisão contra si mesmo, decisão que não tomaria se estivesse em condições normais de raciocinar.” (GRIFOS NOSSOS) 22.

20

SANTOS, Wanderley Guilherme dos, A práxis liberal no Brasil, In: Décadas de espanto e uma apologia democrática, pág. 41. 21

Sobre o conceito de Estado de Exceção ver: SCHMITT, Carl, Teologia Política e AGAMBEN, Giorgio, Estado de Exceção. 22

LACERDA, Carlos, Depoimento, pág. 147-148.

A postura de contestação à ordem não impedia, entretanto, o uso do

discurso nacionalista pelos adversários do getulismo. A busca, de fato,era por

outro tipo de sentimento nacional, esse sim verdadeiro, a substituir o

demagógico e populista dos caudilhos. Reclamava-se um nacionalismo por

cima, construído a partir de elites esclarecidas, que buscavam através da razão

e da tradição determinar os reais interesses do país. Tal embate remonta à

queda de Vargas em 1945, muito mais vinculada aos temores de uma

radicalização popular do que expressão de um autêntico clamor democrático.

João Almino aponta com precisão:

“Dois anos depois, falando ao Congresso, Vargas dirá que sua queda não se devia à questão da democracia, mas à questão nacional. Na realidade, Vargas tem razão. Não por ter sido esta a questão que criou um conflito básico que tenha levado à queda; mas porque indiretamente foi a partir desta questão, com a aprovação da “Lei Malaia” e as discussões que se seguiram, que se realizou a nova rearticulação política de Vargas, que, trazendo ao cenário ativo a classe trabalhadora, fazia tremer aqueles que primeiro havia proposto a abertura do regime, os liberais identificados com a burguesia, desejosos de realizar a democratização pelo alto e sem a participação popular.”23

O inimigo vinculava-se ao nacionalismo popular, temor maior dos

udenistas, que a ele opunha outra retórica nacional. Como bem destaca Cesar

Guimarães, a rotinização do termo “nacional-desenvolvimentismo”24 por vezes

oculta as distintas trajetórias dos conceitos e esquece que, com a Guerra Fria

no horizonte, o nacionalismo possuía forte potencial desgregador. Enquanto o

desenvolvimento constituiria a “social-democracia dos povos periféricos” 25,

expressão distinta do esforço por redução de desigualdades e políticas sociais

que caracterizou o pós-1945 europeu 26, o nacionalismo carrega um potencial

conflito perante os interesses de nações com extrema influência no cenário

global27.

23

ALMINO, João, Os Democratas Autoritários: liberdades individuais, de associação política e sindical na Constituinte de 1946, pág. 64. 24

GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek, A longa distância entre a Petrobrás e Brasília, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice, pág. 160 25

Ibidem, pág. 160. 26

Sobre esse contexto ver JUDT, Tony, Pós-Guerra: uma história da Europa no pós-1945. 27

“O nacionalismo divide; a descolonização e o desenvolvimento ( já sinônimo de industrialismo) não o fazem, ou o fazem com bem menos intensidade. Talvez não seja impróprio considerar de maneira mais precisa e distinguir com maior rigor analítico, no período em apreço, o que pertence à noção e à prática

Restam, entretanto, algumas perguntas. Se a UDN se aproximava do

“nacionalismo por cima”, acima referido, por que o partido assumiu, em certo

momento, a liderança parlamentar da Campanha do Petróleo? Tal ponto se

encontra em total desacordo com o que se pode chamar de liberalismo

econômico defendido pelo partido?

A UDN e a Campanha do Petróleo

No dia 5 de dezembro de 1951 o Governo submeteu ao Congresso

nacional o projeto de lei que propunha a criação da Sociedade por Ações

Petróleo Brasileiro S.A. O projeto optou por um modelo de sociedade de

economia mista, que destinava 51% das ações ordinárias á União, mas

permitia a participação acionária de “pessoas jurídicas de direito privado

brasileiro”. Os tradicionais defensores do monopólio, dentre os quais se

destacou o Centro de Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEPDEN),

verdadeiro quartel-general da Campanha do Petróleo, criticaram a abertura ao

capital privado e, principalmente, a ausência de barreiras para que as grandes

multinacionais formem empresas brasileiras e, sub-repticiamente, passem a

controlar a companhia.

Saltava aos olhos dos opositores a distância entre o projeto de lei e a

mensagem presidencial que o acompanhou, de tom fortemente nacionalista.

Circularam as mais diversas versões sobre a dissonância, com o ex-presidente

Artur Bernardes chegando até a sugerir que o presidente havia sido enganado.

Os indivíduos tendenciosos estariam na sua influente Assessoria Econômica,

sob o comando de Rômulo Almeida, constituída por Vargas em seu segundo

mandato e responsável pela quase totalidade das propostas de cunho

econômico da Presidência da República.

do nacionalismo e o que configura o desenvolvimentismo. Expressões como nacional-desenvolvimentismo já contribuíram para notáveis estudos – as referências comporiam não pequena biblioteca -, mas podem diluir diferenças cruciais, pois o nacionalismo econômico e políticas externas autônomas esbarram no limite dos aceitável pelo contendor mais importante da Guerra Fria – é uma questão de sua segurança nacional” (GUIMARAES, Cesar, Vargas e Kubitschek, A longa distância entre a Petrobrás e Brasília, In: República no Catete, REZENDE DE CARVALHO, Maria Alice, pág. 160)

Gabriel Cohn28 considera o projeto como uma tentativa de contrariar as

tendências liberalizantes do Estatuto do Petróleo e sugere que o temor

inspirado pelo tom usualmente belicoso da oposição no parlamento e na

imprensa, onde se destacava a famosa Banda de Música da UDN, levou

Vargas a evitar sugestões extremas, como a afirmação do monopólio. A clara

simpatia do presidente pelo via nacionalista não estava extinta, mas ao invés

de propor um projeto mais direto e ser derrotado no parlamento, o presidente

optou por uma mensagem nesse sentido, diversa da orientação mais moderada

do projeto, de modo que “o problema era suscitado com suficiente vigor para

ser trazido ao terreno dos embates parlamentares e para ser avivado entre a

opinião pública.” 29.

Para surpresa geral, entretanto, as críticas da UDN ao projeto não

vieram pelo excesso de intervenção estatal, mas pelo risco acarretado pela

entrada de capitais estrangeiros em tal área estratégica. O deputado Bilac

Pinto, um dos principais ideólogos em matéria econômica do partido,

apresentou nesse sentido um substitutivo ao projeto do governo, propondo o

monopólio para a pesquisa, lavra, refino e transporte. A proposta também

transformava a sociedade de economia mista do projeto inicial em empresa

pública, com capital integralmente estatal.

Após uma forte disputa dentro das dinâmicas parlamentares, cuja

reconstituição foge ao escopo do presente trabalho, chegou-se a um acordo

entre governo e oposição, hegemônica a tese do monopólio e da empresa

estatal. A UDN saiu-se aparentemente vitoriosa e no dia 3 de outubro de 1953

Vargas sancionou a lei relativa a política do petróleo e a criação da Petrobrás.

Maria Victoria Benevides interpreta o episódio como sinal da ausência

de um projeto econômico rígido por parte do partido e expressão da oposição

sistemática, sem grande conteúdo ideológico, contra Vargas 30. É outra

28

COHN, Gabriel, Petróleo e Nacionalismo, pág 139.. 29

Ibidem, pág. 139. 30

“O apoio decisivo da UDN para a instituição do monopólio estatal do petróleo revela, de forma exemplar, as ambiguidades e contradições no apregoado liberalismo do partido. Reforça, ainda, a hipótese de que a conduta udenista em relação a política econômica não obedecia a um rígido programa doutrinário; variou e alterou-se, por força de razões conjunturais e, sobretudo, pela linha política de oposição sistemática ao governo” (BENEVIDES, Maria Victoria, A UDN e o udenismo: ambiguidades do liberalismo brasileiro. Pág. 200)

expressão da profunda ambiguidade que caracteriza o partido, mais

preocupado em desestabilizar Vargas do que em construir um distinto projeto

de país. A autora se aproxima, nesse ponto, da chave adotada por Otávio Dulci

para representar a UDN 31.

A hipótese sem dúvida explica parte das motivações partidárias. O

cálculo utilitário é elemento fundamental para a explicação das decisões no

mundo da política institucional. A UDN percebeu a possibilidade de impor uma

derrota a Vargas no seu terreno predileto, a retórica nacionalista, e foi

especialmente precisa em sua atuação política. Outros elementos devem,

contudo, sem apontados para a compreensão da atuação de partidária.

Primeiramente, há que se perceber para a forma pela qual se constrói o

pensamento econômico da legenda. Os programas e decisões partidários na

área não são fortemente influenciados pelo nascentes debate econômica na

América Latina, que à época deu origem a CEPAL, mas pelos professores

catedráticos de Faculdades de Direito, em geral titulares das cadeiras de

Economia Política, Direito Financeiro, Tributário e Administrativo. Como bem

destaca Maria Victoria Benevides:

“...cabe ressaltar a posição de ascendência que sempre tiveram, na UDN, os titulares das Faculdade de Direito ( cadeiras de Economia Política e Ciências das Finanças), como, entre outros, Bilac Pinto, Oscar Dias Correia, Alberto Deodato e Aliomar Baleeiro (...) O ensino excessivamente verbalista nas Faculdades de Direito, e uma concepção manchesteriana da economia e das finanças – sem ter ainda recebido o influxo das idéias keynesianas – são dados importantes para a compreensão da orientação econômica dos udenistas.” 32

A economia era compreendida em chave fortemente retórica, sem

pretensões científicas ou presunções de neutralidade. Tais figuras possuíam,

de fato, uma percepção jurídica do universo produtivo, antes preocupados com

a ordenação racional de pressupostos idealmente forjados do que com o real

funcionamento da dinâmica econômica. Mesmo essa “concepção

manchesteriana” apontada por Maria Victoria Benevides passava antes pelo

filtro dos grandes manuais jurídicos franceses. Autores como Maurice Hariou e

Leon Diguit revelavam-se mais importantes que Adam Smith e David Ricardo. 31

DULCI, Otávio, A UDN e o anti-populismo no Brasil. 32

BENEVIDES, Maria Victoria, A UDN e o udenismo: ambiguidades do liberalismo brasileiro. Pág. 197

Com a exceção de algumas personalidades como Herbert Levy, claro

representante da burguesia agrária e comercial de São Paulo, esses ideólogos

também não se estabeleciam como diretos representantes de uma classe

burguesa nacional. Se os contatos pessoais, e as vezes políticos, eram

inegáveis, não há como caracterizá-los como representantes imediatos desses

interesses 33. A dinâmica dos recursos estatais aparecia como muito mais

determinante que os interesses do mercado. As posições tradicionais

favoráveis a abertura ao capital estrangeiro, presentes desde os primeiros

programas, representam não apenas uma influência externa direta, mesmo que

essa tenho por vezes ocorrido, mas também uma concepção de relação entre o

Brasil e mundo. Essa abertura, por outro lado, nem sempre se conjuga à

redução do papel do Estado. Bilac Pinto, em discurso que não tratava do

projeto da Petrobrás, afirma, por exemplo, que:

“A principal característica do Estado Moderno, em todos os meridianos políticos

do mundo civilizado, é a incoercível tendência para ampliar e diversificar a sua intervenção no domínio econômico e na ordem social, com o fim de assegurar o bem-estar geral” 34.

A intervenção estatal era não apenas desejável como necessária.

Afonso Arinos, outro catedrático das Faculdades de Direito, mesmo que em

Direito Constitucional, e autor de anterior reflexão sobre a formação econômica

do Brasil 35 destaca, por sua vez, a peculiaridade da formação econômica

brasileira, em discurso parlamentar no qual se opunha a presença de homens

do mercado na direção do Ministério da Fazenda e no Banco do Brasil,

preferindo homens dedicados a “estudos teóricos” e a coisa pública :

“Ocorre, porém, Sr. Presidente, que a nossa formação e a nossa conjuntura atual são particularmente diversas das que se verificam na grande república do norte. Os EUA são, por excelência, uma nação capitalista, uma nação que surgiu com o capitalismo, em função do capitalismo e por causa do capitalismo. (...) O Brasil, com uma formação completa diversa, Sr. Presidente, está ainda longe de ser um país capitalista. (...) A verdade é que os usos mais fecundos do nosso passado demonstram, Sr presidente, que melhor andou gerida a coisa pública nos setores entregues aos problemas financeiros e econômicos,

33

Sobre a origem dos membros da UDN e do PSD ver: MICELI, Sérgio, Carne e Osso da política brasileira pós-1930, In: História Geral da Civilização Brasileira. 34

Diário Parlamentar, 1953, volume 1, pág 89, 16 de janeiro de 1953. 35

MELO FRANCO, Afonso Arinos, O Desenvolvimento da Civilização Material no Brasil.

quando os gestores dessa coisa pública não eram pessoalmente os representantes (...) das grandes forças econômicas da empresa privada.”36

As manifestações transcritas demonstram, de fato, uma eventual

distância entre a autoimagem liberal do partido e a efetiva prática política de

alguns dos seus mais destacados representantes na área econômica 37. Se

liberalismo surgia por vezes fortemente ortodoxo, como na resistência da UDN

a qualquer lei sobre a remessa de lucros, ele por outras, e não apenas na

Campanha do Petróleo, aparece quase que divorciado das suas formas mais

tradicionais. Uma melhor compreensão dessas variações necessariamente

remete aos vínculos entre a UDN e a tradição liberal brasileira, que não serão,

por falta de espaço, abordados nesse texto.

Deve-se ressaltar, de todo modo, que para além da incoerência

constitutiva e da razão instrumental a comandar, de modo antitético ao projeto

varguista, as ações udenistas, é necessário atentar para as crenças e

percepções arraigadas em seus principais ideólogos. Esforço que demonstra

não rara distância entre os princípios do liberalismo político evocados pelo

partido e o seu liberalismo econômico.

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36

Diário Parlamentar, 1953, volume 1, pág 219, 21 de janeiro de 1953. 37

Nesse sentido, cabe citar o elucidativo argumento de Fernando Lattman-Weltman: “Com efeito,

mesmo quando nos fala progresso, em esclarecimento e em ‘típico liberalismo’, Arinos em momento algum opõe essas entidades ao cultivo de bons hábitos, princípios e procedimentos de caráter tradicional. Nada mais distante do ‘seu’ liberalismo e do seu individualismo do que qualquer forma de racionalismo radical e iconoclasta, qualquer forma de materialismo, de mecanicismo, pura física social, ‘mãos invisíveis’, ou produção de virtudes públicas a partir do exercício de vícios privados.” (LATTMAN-WELTMAN, Fernando, A Política Domesticada, Afonso Arinos e o colapso da democracia em 1964, pág. 42)

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