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Análise do poema Análise do poema “Liberdade” “Liberdade” de Manuel de Manuel Alegre Alegre A Literatu ra do Nosso Tempo Formadora: Filipa Santos

Liberdade Manuel Alegre

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Page 1: Liberdade Manuel Alegre

Análise do poema Análise do poema “Liberdade”“Liberdade” de Manuel de Manuel

AlegreAlegreA Literatura do Nosso TempoFormadora: Filipa Santos

Page 2: Liberdade Manuel Alegre

“Liberdade”Sobre esta página escrevo teu nome que no peito trago escrito laranja verde limão amargo e doce o teu nome.

Sobre esta página escrevo o teu nome de muitos nomes feito água e fogo lenha vento primavera pátria exílio.

Teu nome onde exilado habito e canto mais do que nome: navio onde já fui marinheiro naufragado no teu nome.

Sobre esta página escrevo o teu nome: tempestade. E mais do que nome: sangue. Amor e morte. Navio.

Esta chama ateada no meu peito por quem morro por quem vivo este nome rosa e cardo por quem livre sou cativo.

Sobre esta página escrevo o teu nome: liberdade.

(Manuel Alegre, A Praça da Canção)

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Aspectos biográficos do autor que justificam este poema

Para compreender este poema é preciso, em primeiro lugar, debruçarmo-nos

sobre alguns dados de carácter biográfico de Manuel Alegre:

1.Desde estudante em Coimbra, onde frequentou o Curso de Direito, que Manuel Alegre

manifestou a sua aversão à ditadura.

2. Esteve preso pela PIDE durante 6 meses, na prisão de S. Paulo de Luanda, no

seguimento de uma tentativa de rebelião contra o regime e contra a guerra colonial.

3.Exilado político na Argélia durante 10 anos, dirigiu a emissora da resistência “A voz

da liberdade”. Os seus dois primeiros livros, Praça da Canção (1965) e O Canto e as

Armas (1967) foram apreendidos pela censura.

4.A sua vida bem que poderia ser resumida na frase de Voltaire: “Posso não

concordar com o que diz, mas bater-me-ei até à morte pelo seu direito em dizê-las”.

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Aspectos biográficos do autor que justificam este poema

1. Torna-se o deputado mais indisciplinado da Assembleia da República,

2. Homem de consciência, Manuel Alegre entende que a consciência de

cada um não pode ser subjugada numa qualquer lógica partidária

3. liberdade é também independência, e independência de espírito em

primeiro lugar. O saber pensar por nós próprios; - “Ser culto é a única

forma de ser livre” (José Martí).

4. Ora, só pode exercer plenamente a sua cidadania aquele que tiver

acesso ao conhecimento. O acesso ao conhecimento constitui um direito

humano fundamental.

5. Em 2006,foi candidato à Presidência da República. Os conceitos de

democracia e liberdade são dois pilares importantes no seu manifesto

eleitoral.

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A Liberdade em Manuel Alegre

0 É natural que o poema “Liberdade” seja a expressão da sua

experiência de vida e um reflexo dos seus ideais.

0 Muitos dos poemas de Manuel Alegre, alguns musicados, de

forma clara ou mais escondida, reflectem este ideal de Liberdade.

0 Na 5ª estrofe do poema, diz que o valor supremo é precisamente

a Liberdade:

Esta chama ateada no meu peito

Por quem morro por quem vivo

Este nome rosa e cardo

Por quem livre sou cativo”

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O carácter antitético da Liberdade

0 Muitas vezes, o elenco dos nomes é feito em pares antitéticos, o

que revela a complexidade desta realidade: água/fogo:

pátria/exílio; amor/morte; rosa/cardo.

0 A liberdade é água, é pátria, é amor e rosa, mas frequentemente,

a luta para a alcançar é fogo e cardo que podem conduzir ao

exílio e até à morte.

0 É por isso que para o sujeito poético só existe pátria em

liberdade e pela liberdade.

0 Pela liberdade, sujeito poético, está disposto a tudo: ao exílio, ao

cativeiro, à morte. É uma questão de tudo ou nada.

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O campo lexical da palavra liberdade

0 O nome de liberdade de “muitos nomes feito”. Na realidade, o

poema é o somatório de palavras, usadas metaforicamente, que,

associadas entre si, remetem para o vocábulo Liberdade. Estes

diversos nomes da liberdade constituem o campo lexical que

nos é proposto pelo sujeito poético: “água, fogo, lenha, vento,

primavera, pátria, exílio (vv.7-8);navio (v.10); tempestade

(v.14); sangue (v.15); amor e morte, navio(v.16): chama (v17),

rosa, cardo (v19).

0 A primeira quadra do poema é como um sumário do resto do

poema. A última estrofe como o síntese da composição. Repare-

se que só aqui é referido o nome liberdade.