4 out

Liberdade, república e democracia: teorias, interpretações eexperiênciasRoberta N. Soromenho

11 out

Instituições Políticas: modelos constitucionais, arranjos informais epráticas de poderCelly Inatomi

18 out

Ascensão de democracias iliberaisCícero Araújo

Roberta Soromenho é bacharel (2009) e licenciada (2013) em Ciências Sociais pelaUniversidade de São Paulo (USP). Realizou o mestrado (2013) junto ao Programade Pós-Graduação em Ciência Política, na área de Teoria Política. Em 2017,realizou a tese de doutorado com Dupla Titulação USP e École des Hautes Étudesen Sciences Sociales (Centre de Recherche Historique - CRH/ EHESS, Paris -França). Realizou estágios de pesquisa para consultas a fontes primárias: entrejaneiro-março de 2014, nas coleções da Bibliothèque Nationale de France (BnF);em 2015 e entre fevereiro-agosto de 2016, nas coleções da Bibliothèque Historiquede la Ville de Paris (BHVP), Archives Nationales (AN) e Bibliothèque Nationale deFrance (BnF). Desde agosto de 2017, integra o Laboratório de EstudosRepublicanos (Universidade Federal Fluminense), no qual pesquisa sobretudo amatriz republicana francesa. É pós-doutoranda no Departamento de Filosofia, daUSP (desde dezembro/ 2017).. Em 2018, a tese de doutorado foi contempladacom o Prêmio Capes de Melhor Tese.

Liberdade, república e democracia: teorias,interpretações e experiências

De tão evocadas e presentes nos debates cotidianos, as palavras“liberdade”, “república”, “democracia” parecem esmaecidas em suadimensão histórica, isto é, raramente são apresentadas como categoriaspróprias a determinados contextos; como valores associados a certasexperiências na história e, portanto, sujeitos a novas representações;como termos vinculados a arranjos sociais específicos que, por seremartifícios humanos - e não obras da natureza -, não são elementosperenes ou imutáveis do político.

Isso justifica a necessidade de repensar esses conceitos do ponto devista da teoria e do pensamento político. Neste curso, não se propõe odesenvolvimento de uma história linear ou a abordagem das origensintelectuais desses conceitos, mas parte-se de uma experiência social epolítica, a Revolução francesa, bem como das reflexões tecidas emtorno dela, em obras selecionadas do pensamento político.

A obra de referência é A Democracia na América (1835-1840), deAlexis de Tocqueville, na qual a democracia é apresentada não apenas

como um sistema de organização do governo, mas como um regime político ao qual éatribuído um conjunto de valores práticos e paixões mobilizadoras. Nela, também ademocracia é tomada como um “fato social”, mas isso torna necessária a reflexão acercadas condições de sua instituição no mundo. Com efeito, o curso buscará oferecerinstrumentos analíticos e conceituais para compreender: (i) a centralidade que a ideia deliberdade adquiriu nesse contexto; (ii) as aporias da própria instituição democrática, a qualse fundamenta sobre o princípio da soberania popular, ao mesmo tempo em que “povo”não é uma categoria socialmente determinável; (iii) o surgimento de um estado social deigualdade de condições contra uma ordem social hierárquica e profundamente desigual,entendida como uma ordem natural; (iv) a legitimidade específica que funda e sustenta aautoridade política em democracias; (v) os perigos que regimes legitimados por certa ideiade igualdade comportam: seja por se valerem apenas de um critério numérico em decisõesdemocráticas, as quais podem desrespeitar minorias, seja pela conversão da busca daigualdade em mero nivelamento e condições de vida assemelhadas, tornando inócua anoção de liberdade política; (vi) a concomitante Declaração dos Direitos do Homem e doCidadão e a exclusão das mulheres da cidadania.

BIBLIOGRAFIA*ARENDT, Hannah. “Que é a liberdade”, In: Entre o passado e o futuro [1954]. São Paulo: Perspectiva,2000, pp. 188-221.

_____ . Liberdade para ser livre. Tradução de Pedro Duarte. Bazar do Tempo, 2018.

BAKER, Keith (ed.). The Old Regime and The French Revolution. Readings in Western Civilization.University of Chicago, 1987.

BROWN, Wendy (orgs.). “Tocqueville, Adorno and authoritarianism”, In: Authoritarianism: ThreeInquiries in Critical Theory. University of Chicago Press, 2018.

*CONSTANT, Benjamin. “De la Liberté les Modernes” [1819]. Paris, Pluriel, 1980. Há tradução para oportuguês disponivel em: http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/Constant_liberdade.pdf

DE DIJN, Annelien. “Liberty in a levelled society: Charles Dunoyer, Benjamin Constant, and Prosper deBarante”. In: French political thought from Montesquieu to Tocqueville : liberty in a levelled society?Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

DERATHÉ, Robert. Rousseau e a Ciência Política de seu tempo. Tradução: Natália Maruyama. EditoraBarcarolla, 2010.

DUNN, John. Setting the People Free: The Story of Democracy. Princeton University Press; Edição: 2 ,2018.

GAUCHET, Marcel. “Constant: le libéralisme entre le droit et l’histoire”. In: La Condition Politique, Paris:Gallimard, 2005.

JARDIM, Eduardo; BIGNOTTO, Newton. Hannah Arendt: diálogos, reflexões, memórias. UFMG, 2003.

JASMIN, Marcelo. Alexis de Tocqueville. a historiografia como ciência da política.

LEFORT, Claude. “Da igualdade à liberdade”. In: Pensando o político. Ensaios sobre democracia,revolução e liberdade. Tradução de Eliana Souza. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

O’NEIL, Daniel. The Burke-Wollstonecraft Debate: Savagery, Civilization and Democracy, University Park,PA : Pennsylvania State UP, 2007.

PETTIT, Philip.On the people terms: a republican theory and model of democracy. Cambridge UniversityPress, 2012.

ROSANVALLON, Pierre. Le sacre du citoyen – Histoire du suffrage universal en France. Éd. Gallimard,1992.

_____ . Le peuple introuvable. Éd. Gallimard, 1998.

*ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens. São Paulo: EditoraMartins Fontes, 2005.

SHKLAR, Judith N (1985). Men and Citizens: A Study of Rousseau's Social Theory. Cambridge UniversityPress.

SPITZ, Jean-Fabien. L’amour de l’égalité. Paris, VRIN, 2000.

_____ . La liberté politique. Paris, PUF, 1995.

STAROBINSKI, Jean. J.J. Rousseau: a transparência e o obstáculo. Tradução: Maria Lúcia Machado.Companhia das Letras, 1991.

*TOCQUEVILLE, Alexis. A Democracia na América. Vols I e II. Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo:Editora Martins Fontes, 2004.

WOLLSTONECRAFT, Mary. A Vindication of the Rights of Men, in a Letter to the Right HonorableEdmund Burke. [1790].

* Bibliografia básica do curso está inteiramente disponível em português.

** A seleção dos capítulos das obras será apresentada durante o curso.