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Lição 10 – Gálatas 4 Epístola aos Gálatas – Enxertados

Lição 10 – Gálatas 4 - kol-shofar.org€œpor todo o tempo em que o herdeiro é menino ... Em Yeshua o crente reconhece a sua posição como filho adoptado e espera a sua adopção

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Lição 10 – Gálatas 4 Epístola aos Gálatas – Enxertados

Exegése – V. 1-2

Gálatas 4:1-2 Ora, digo que por todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere de um servo, ainda que seja senhor de tudo; 2 mas está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai.

 Conclusão do capítulo 3: os crentes gentios são herdeiros genuínos de Abraão e como tal devem usufruir das bençãos e responsabilidades dessa condição.

 Os herdeiros de Abraão participam na fé de Abraão.

 Mesmo os descendentes físicos de Abraão foram eleitos (adoptados) por Deus e assim a Sua soberana escolha de indivíduos das nações (Gentios) outorga-lhes estatuto idêntico.

  Paulo recorre a uma analogia familiar na cultura helénica para ilustrar o seu argumento. Esta analogia é em muito idêntica à anterior do capítulo 3.

Exegése – V. 1-2

Gálatas 4:1-2 Ora, digo que por todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere de um servo, ainda que seja senhor de tudo; 2 mas está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai.

Capítulo 3 – O Pedagogo Capítulo 4 – Tutores e Curadores

O filho está entre à guarda do Pedagogo que assegura que ele chega ao Professor

O filho está debaixo da guarda de Tutores e Curadores que o guardam até ser declarado herdeiro

A Torá é o Pedagogo A Torá age como Tutor e Curador

A chegada da fé completa a tarefa do Pedagogo

A vinda de Yeshua foi o evento decisivo que selou o filho como herdeiro

Quando atinge a maioridade, o filho já não precisa que o Pedagogo o leve ao Professor

O filho é completamente adoptado tornando-se assim herdeiro por direito

Quando atinge a maioridade, o filho recebe os privilégios e responsabilidades da sua nova posição (herdeiro conforme a promessa)

O filho já não tem o estatuto legal de um escravo mas goza de todos os privilégios e responsabilidades de um herdeiro.

Exegése – V. 1-2

Gálatas 4:1-2 Ora, digo que por todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere de um servo, ainda que seja senhor de tudo; 2 mas está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai.

 De acordo com a lei Romana o chefe de família exercia total autoridade sobre todos os membros e propriedade da família.

 Até o chefe de família redigir formalmente um emancipatio (emancipação) e um adoptio (adopção) os membros da família não detinham maior estatuto legal que um escravo.

  Isto significava que um filho não podia deter propriedade até que o seu pai o declarasse emancipado e o adoptasse como seu herdeiro genuíno.

 A linhagem física só por si não conferia estatuto legal.

Exegése – V. 1-2

Gálatas 4:1-2 Ora, digo que por todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere de um servo, ainda que seja senhor de tudo; 2 mas está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai.

  Esta ilustração extraída da lei Romana encaixa bem no argumento de Paulo. Era o decreto do pai em relação ao seu filho que lhe conferia estatuto legal. Assim, quer alguém fosse Judeu ou Gentio, o que lhe conferia estatuto legal dentro do Concerto era a declaração de Justiça (Justificação) que se baseava na fé (tal como com Abraão).

  “por todo o tempo em que o herdeiro é menino” – embora seja de supor que, ao atingir a maioridade, ele se torne herdeiro de seu pai, até então o seu estatuto legal é idêntico ao de um escravo.

  “está debaixo de tutores e curadores” – O pai podia nomear um tutor para ensinar o filho até que este fizesse 14 anos e um curador que se responsabilizava pelo filho entre os 14 e os 25 anos. Paulo está a dizer que um menor não tem autoridade sobre si nem sobre a propriedade que virá a herdar.

Exegése – V. 1-2

Gálatas 4:1-2 Ora, digo que por todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere de um servo, ainda que seja senhor de tudo; 2 mas está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai.

  “até o tempo determinado pelo pai” – Embora a idade normal fosse aos 14 anos o pai tinha liberdade para determinar quando é que adoptava o filho como seu herdeiro.

  Encaixa bem no argumento de Paulo uma vez que, segundo ele, o evento que determina a nossa Justificação, inclusão no Concerto e adopção como herdeiros é a vinda da nossa fé em Yeshua, um evento determinado pelo Pai.

Exegése – V.3

Gálatas 4:3 Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos rudimentos do mundo;

  “também nós, quando éramos” – está a incluir-se e aos Judeus também.

 Os Judeus viam-se como instruidores porque a eles foi dada a Torá (Rom.2:20);

 Mas a Torá foi dada para conduzir ao Messias (não apenas mas é o argumento de Paulo);

 Mas, tal como o filho que estava sob a guarda de Tutores e Curadores, sem a fé no Messias, também o povo Judeu é visto como sendo menor de idade, sem qualquer estatuto legal.

 Não é Teologia da Substituição – Paulo explica em Rom.11:25 que os descendentes naturais de Abraão serão, no decurso do plano de Deus, declarados Justos também – mas a chave para isto é a fé no Messias.

Exegése – V.3

Gálatas 4:3 Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos rudimentos do mundo;

  “rudimentos” – Gr. ‘stoicheia’ – lit. ‘coisas colocadas lado a lado’

ABC’s na educação primária;

  Rudimentos – materiais de construção do universo na visão Grega a quem foram atribuídos os nomes de divindades pagãs: Terra (Demétrio), Água (Poseidon), Ar (Hera) e Fogo (Efestus);

  Os astros a quem eram atribuidos também os nomes de divindades pagãs e que influenciavam o destino humano.

  Os crentes Gentios eram antigos idólatras mas Paulo também aplica esta frase aos Judeus. Como é que isto se aplica aos Judeus?

  O Gnosticismo que combinava o misticismo do mundo Grego com a adoração ao Deus de Israel, influenciava não só os grupos Cristãos emergentes mas também os Judaísmos do tempo de Paulo.

Exegése – V.3

Gálatas 4:3 Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos rudimentos do mundo;

  Para Paulo as “stoicheia” eram uma forma errada de filosofia pagã e demónica.

 Antes da fé em Yeshua, Paulo era um Fariseu zeloso; Porém após, ele reconhece que a ideia Farisaica de que a nossa etnia Judaica nos podia garantir um lugar no Concerto é tão errada quanto a filosofia Grega de que o universo era constituído e controlado pelos 4 elementos. Desta forma, antes da fé em Yeshua, tanto Judeu quanto Grego viviam em servidão aos enganos do mundo.

Exegése – V. 4-5 Gálatas 4:4-5 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, 5 para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

  Paulo aplica a sua ilustração ao seu argumento: Tal como o pai podia designar a altura em que o seu filho era emancipado e legalmente adoptado, também Deus ordenou que o Seu Filho nascesse de mulher e viesse remir aqueles que, para todos os efeitos não eram mais que escravos.

  O mundo não é governado pelos 4 elementos mas sim pelo Criador Soberano que tudo faz de acordo com a Sua vontade.

  “a plenitude dos tempos” – não se cumpriu com a vinda de Yeshua. Muito falta ainda cumprir, mas a vinda de Yeshua torna esse cumprimento uma inevitabilidade.

  Em Yeshua o crente reconhece a sua posição como filho adoptado e espera a sua adopção final.

Exegése – V. 4-5 Gálatas 4:4-5 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, 5 para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

  “nascido de mulher” – forma de designar a pessoa humana.

  Poderá não ser uma referência ao nascimento por uma virgem. Parece ser uma referência à primeira promessa Messiânica de Génesis 3:15 – a semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente.

  Enfatiza a humanidade de Yeshua. Como tal, Yeshua era o zénite da humanidade, o último Adão (Rom.8:3), i.e., aquele que cumpriu o que o primeiro Adão não conseguira.

Exegése – V. 4-5 Gálatas 4:4-5 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, 5 para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

  “nascido debaixo de lei” – como já vimos: “debaixo da condenação da lei”.

  Por um lado Yeshua não sendo pecador não está debaixo da condenação da Lei;

 Mas por outro lado Yeshua nasce com o propósito de levar sobre si a condenação do seu povo e nesse aspecto Ele nasce sob a condenação da Lei;

 Não esquecer que o que está aqui a ser enfatizado é a sua humanidade e toda a humanidade está debaixo da condenação da Lei.

  Paulo continua aqui o argumento do capítulo anterior...

Exegése – V. 4-5 Gálatas 4:4-5 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, 5 para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

Capítulo 3:13-14 Capítulo 4:4-6

fazendo-se maldição por nós nascido debaixo de lei

Cristo nos resgatou da maldição da lei

para resgatar os que estavam debaixo de lei

a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito

a fim de recebermos a adoção de filhos

Exegése – V. 4-5 Gálatas 4:4-5 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, 5 para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

  “a fim de recebermos a adoção de filhos” – Paulo inclui-se e também aos Judeus. Todos estamos debaixo da condenação da Lei e necessitamos de ser adoptados.

Israel Gentios

Rom.9:4 – os quais são israelitas, de quem é a adoção, e a glória, e os pactos, e a promulgação da lei, e o culto, e as promessas;

Para Paulo, muito embora a nação esteja num estado de descrença, ela ainda é o filho adoptado (e legítimo) de Deus. De notar que ele fala no presente.

Rom.8:15 – Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!

Efés.1:5 – e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade

Mas para Paulo o processo de adopção não se restringe à descendência física de Jacob.

Exegése – V. 4-5 Gálatas 4:4-5 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei, 5 para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

  Por um lado Judá, apesar de não terem recebido Yeshua, colectivamente mantêm a adopção de filhos uma vez que a promessa do Concerto lhe diz respeito. A sua adopção é segura porque Deus pretende trazê-la à fé no Messias

  Mas por outro lado, o remanescente, composto de Judeus e não-Judeus já receberam o Messias e são testemunhas da graça adoptiva de Deus.

  Receber a adopção como filhos diz respeito a todos, Judeus e não-Judeus.

  Todos os que pertencem à família de Deus têm igual estatuto pois todos são adoptados. Não pode haver confiança na carne. A nossa identidade baseia-se na graça de Deus que nos adoptou pela fé no Messias – Não há Judeu nem Grego... (3:28). Em Yeshua todos podemos chamar a Deus “Abba” (Pai).

Exegése – V. 6 Gálatas 4:6 E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

  “porque sois filhos” – Gr. ‘hoti’ – Parece que a dádiva do ES é subsequente a sermos considerados filhos.

  Lucas 7:47 – Mulher que ungiu os pés de Yeshua: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque [hoti] ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.

  Porque é que os pecados lhe foram perdoados? Porque ela amou muito? Claramente não! (Rom.5:6-10)

  “hoti” – deve ser entendido como ‘prova de’

  Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; e a prova é que [hoti] ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.

Exegése – V. 6 Gálatas 4:6 E, como prova de que sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

 A nossa identidade como Filhos de Deus é comprovada pelo facto de termos o Seu Espírito.

 A dádiva do ES referencía o derramamento em Actos 2 no qual o ES é derramado para cumprir um determinado objectivo – reunir os exilados (chamar as nações).

 As comunidades da Galácia, sendo compostas de Judeus e Gentios e ambos os grupos evidenciando a presença do ES, demonstravam que o chamamento das nações estava a ser levado a cabo através do testemunho de Yeshua transmitido pelos seus apóstolos.

  “aos nossos corações” – A obra do Espírito produz em todos - Judeus e Gentios – uma vida conforme aos caminhos de Deus – Torá (Yeshua).

Exegése – V. 6 Gálatas 4:6 E, como prova de que sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

  “o Espírito de seu Filho” – Uma vez que os Gentios evidenciavam ter o ES nos seus corações e uma vez que Este é o Espírito de Seu Filho, eles partilham também a adopção de filhos, quer em relação a Abraão (pois Yeshua é filho de Abraão) quer em relação a Deus (pois Yeshua é Filho de Deus).

 A prova da nossa adopção como filhos é a presença do Espírito nas nossas vidas que nos transforma mais e mais à imagem do Seu Filho (Yeshua).

Exegése – V. 6 Gálatas 4:6 E, como prova de que sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

  “que clama: Aba, Pai” – Ar. ‘Aba’ tem sido entendido como diminutivo do ‘av’ (Pai) mas é mais do que apenas um diminutivo. É a forma comum como alguém – criança ou adulto – se referiria ao seu pai.

Yeshua usou este termo para se referir ao Pai (Marcos 14:36).

  Paulo usa este termo aqui e em Rom.8:15 no contexto do Espírito de Seu Filho ou do Espírito do Messias.

 A postura rabínica em relação à oração estava cada vez mais a deixar de ser algo pessoal para passar a ser algo colectivo. Orações pessoais eram desencorajadas e até, nalguns casos, proibidas.

 O uso de ‘Aba’ por Yeshua e seus discipulos – até Gregos – denota uma relação íntima do tipo pai/filho que se demarcava dos demais Judaísmos.

Exegése – V. 6 Gálatas 4:6 E, como prova de que sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

 Os Gentios bem como os Judeus que entravam na família de Deus através da fé no Messias, eram igualmente privilegiados em chamar Aba ao Todo-Poderoso. Afinal, todos tinham sido adoptados como filhos para a mesma família.

Exegése – V. 7 Gálatas 4:7 Portanto já não és mais servo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro por Deus.

 Uma vez que o Espírito do Messias foi dados a todos os que crêem, eles já não são mais considerados servos – usando a analogia Romana – mas foram totalmente adoptados como filhos.

Exegése – V. 8 Gálatas 4:8 Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses;

 Outrora eles eram escravos da idolatria e paganismo.

  “não conhecíeis a Deus” – Conhecer a Deus é linguagem de Concerto/Casamento

 Conhecer a Deus era o privilégio de Israel (Deut.4:39; Is.43:10) a quem Ele se revelou e à Sua Torá (Salmo 147:19-20).

 As nações não conheciam a Deus (Salmo 79:6; Jer.10:25) nem com Ele têm Concerto (Amós 3:2).

 Adoram o que pensam ser deuses mas são na realidade demónios (2Crón.13:9; Is.37:19; Jer.2:7-11; 16:20)

 A sua adoração era, como tal, servidão a forças demoníacas.

Exegése – V. 9 Gálatas 4:9 agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?

  “ou, melhor, sendo conhecidos por Deus” – Qualquer relação com Deus inicia-se com Ele, não com o homem. Se Deus não der início ao processo de Salvação, ele pura e simplesmente não ocorre. A Salvação ocorre sempre em função da Sua Graça.

  Se eles entraram numa relação com Deus, sendo livres para O servir, como querem pois voltar a servir os 4 elementos (idolatria)?

  Se eles de facto se tinham convertido (evidenciado pela presença do ES) o que é que os faria dar ouvidos aos Influenciadores e considerar a sua mensagem como ‘boas notícias’?

Exegése – V. 9 Gálatas 4:9 agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?

 Ao tempo de Paulo a Lei Romana havia concedido à Comunidade Judaica uma ‘Religio Licita’ – i.e. o direito de se congregar, adorar e colectar dinheiro.

  Este direito era concedido apenas aos Judeus, não aos Gentios.

 Gentios que negligenciassem executar os necessários actos de submissão e de culto ao imperador eram castigados. à Gentios que não se tivessem oficialmente convertido ao Judaísmo (Prosélitos) estavam à mercê da comunidade Judaica. Se a comunidade os acolhesse como membros, muito bem, mas se a comunidade os identificasse publicamente como não-Judeus, seriam obrigados a participar no culto Imperial.

Exegése – V. 9 Gálatas 4:9 agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?

  Isto criava um grande dilema para os Gentios crentes:

  Por um lado Paulo havia-os proibido de se submeterem ao Proselitismo pois fazê-lo seria admitir a ideia de que a sua entrada no Concerto se baseava na sua etnicidade.

  Por outro, não poderiam participar no culto Imperial que incluía oferecer sacrifícios aos deuses e ao próprio Imperador, mantendo-se ao mesmo tempo fieis a Yeshua.

  Tinham apenas uma opção: sofrer pelo nome de Yeshua.

  Isto fazia com que a mensagem dos Influenciadores parecesse ‘boas notícias’. Se se tornassem prosélitos seriam declarados Judeus e passariam a estar isentos do culto Imperial. Estariam livres da perseguição de Roma.

Exegése – V. 9 Gálatas 4:9 agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?

  Para Paulo, porém, isto seria submeterem-se novamente à servidão da qual tinham sido libertos.

 As opções eram todas más:

  Se optassem pelo proselitismo, negariam Yeshua; à perseguidos por Roma.

  Se optassem pelo culto Imperial, negariam Yeshua à perseguidos pela Sinagoga.

 A única opção era sofrer de ambos os lados e Paulo insta-os a fazer esta escolha.

 Muitos certamente tomariam uma das outras duas opções.

Exegése – V. 10-11 Gálatas 4:10-11 Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. 11 Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós.

  Agora que entendemos o contexto das palavras de Paulo é fácil perceber que esta passagem se refere ao eventual regresso dos crentes Gentios ao culto Imperial para evitar a perseguição de Roma. O culto Imperial tinha o seu próprio conjunto de dias, meses, tempos e anos. Esta passagem não se refere à Torá. Eis porquê:

  Paulo escreve aos crentes Gentios da Galácia, não aos Judeus;

  No v.9 ele diz “como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres”;

  Os Gentios não estariam a ‘tornar’ à Torá. Estavam sim a ‘tornar’ à idolatria como é dito no v.8.

  Isto não significa que eles estivessem a pensar renunciar à sua fé para voltar à idolatria, mas sim a contemplar a ideia de participar no culto Imperial (mesmo contra a sua consciência) para salvar a pele.

Exegése – V. 12 Gálatas 4:12 Irmãos, rogo-vos que vos torneis como eu, porque também eu me tornei como vós. Nenhum mal me fizestes;

  Paulo interrompe o seu argumento (voltará a ele no v.21) para fazer um apelo pessoal.

  “rogo-vos que vos torneis como eu” – Da mesma forma que Paulo havia abandonado muita coisa (particularmente os decretos rabínicos relativos ao contacto com Gentios – 18 Medidas). Paulo apela aos Gentios que estejam dispostos a sofrer pela verdade, tal como ele.

  Não que Paulo fosse insensível à situação dos crentes Gentios, mas ele havia aprendido à sua custa que a perseguição aprofundava a fé e o amor no Messias. Aos Colossenses ele escreveria:

  Col.1:24 – Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja

Exegése – V. 12 Gálatas 4:12 Irmãos, rogo-vos que vos torneis como eu, porque também eu me tornei como vós. Nenhum mal me fizestes;

  Se aos crentes Gentios não restasse outra opção que não fosse serem perseguidos por Roma então eles, tal como ele, aprofundariam ainda mais a sua fé devido a essa perseguição. Creio ser nesse sentido que ele os exorta a tornarem-se como ele.

  “também eu me tornei como vós” – Paulo tinha-se tornado como eles porque, ao ignorar as 18 Medidas e ao conviver com Gentios ele era considerado Gentio e tratado como tal pelos seus concidadãos Judeus (particularmente os de Jerusalém).

  “Nenhum mal me fizestes” – Paulo esclarece que as suas palavras foram duras não por que eles lhe tivessem feito qualquer mal e ele estivesse zangado mas porque eles estavam à beira de um precipício espiritual e prestes a cair.

Exegése – V. 13-14 Gálatas 4:13-14 vós sabeis que por causa de uma enfermidade da carne vos anunciei o evangelho a primeira vez, 14 e aquilo que na minha carne era para vós uma tentação, não o desprezastes nem o repelistes, antes me recebestes como a um anjo de Deus, mesmo como a Cristo Jesus.

  Terá sido por uma doença sua que ele parou na Galácia e teve oportunidade de lhes anunciar o evangelho.

  Rom.8:28 – E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

  “não o desprezastes nem o repelistes” – lit. “não desprezastes nem cuspistes fora” – costume antigo de cuspir quando em contacto com o que parecia demónico ou doente. Os Gálatas receberam-no reconhecendo que ele era um mensageiro de Deus, apesar da sua doença

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Exegése – V. 15 Gálatas 4:15 Onde está, pois, aquela vossa satisfação? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os vossos olhos, e mos teríeis dado.

  “aquela vossa satisfação” – noutras traduções “aquela vossa bem-aventurança” – A saudação comum para um visitante entre as comunidades Judaicas era “baruch haba” – “abençoado seja aquele que vem” – denotava a esperança de que, quando um visitante entrasse na nossa casa ou comunidade fosse simultaneamente abençoado e uma benção também.

  Ele foi abençoado pelo cuidado deles por ele na sua doença e eles foram abençoados com a mensagem da Boa-Nova.

Exegése – V. 15 Gálatas 4:15 Onde está, pois, aquela vossa satisfação? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os vossos olhos, e mos teríeis dado.

  “teríeis arrancado os vossos olhos” – sugere que o problema de que Paulo sofreu – o espinho na carne (2Cor.12:7) seria na sua visão. Talvez o motivo pelo qual ele escreve em letras grandes (Gál.6:11).

 Os Gálatas teriam feito tudo o que estivesse ao seu alcance para servir a Paulo. Receber notícias que eles estavam a contemplar desconsiderar a sua mensagem, deixaria Paulo perplexo.

 A sua interrogação vem uma vez mais com uma certa ironia.

Exegése – V. 16 Gálatas 4:16 Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?

  Ironia uma vez mais – em vez de amigos estão a agir como inimigos (um exagero) e simplesmente porque Paulo havia tido a ousadia de lhes falar a verdade.

  É certamente um exagero intencional uma vez que os crentes Gentios não haviam ainda sucumbido aos falsos ensinamentos dos Influenciadores.

  Indica como os Influenciadores viam Paulo. Para eles ele era um apóstata que abandonara a fé histórica e verdadeira (encapsulada nas tradições e teologia rabínicas) por um falso ensinamento.

Exegése – V. 17 Gálatas 4:17 Eles vos procuram zelosamente não com bons motivos, mas querem vos excluir, para que zelosamente os procureis a eles.

  “querem vos excluir, para que zelosamente os procureis a eles” – O método de persuasão dos Influenciadores passa por excluir os Gentios ‘Tementes a Deus’ das comunidades para os obrigar a optar pela Conversão Ritual para escapar à perseguição romana.

  Serem excluídos das comunidades Judaicas implicaria perder a isenção do Culto Imperial de que as comunidades Judaicas gozavam como ‘religio licita’. à teriam de participar no Culto Imperial ou sujeitarem-se a ser perseguidos pelo Estado Romano.

 A oferta de Conversão Ritual apresentada pelos Influenciadores seria extremamente aliciante.

Exegése – V. 18 Gálatas 4:18 No que é bom, é bom serdes sempre procurados, e não só quando estou presente convosco.

 O zelo (v.17) é algo de bom quando alicerçado na verdade.

  Literalmente Paulo diz: “É bom serdes sempre zelosos pelo bem”

  Paulo teria testemunhado o zelo dos Gentios quando inicialmente receberam a ‘Boa-Nova’ (de inclusão por Yeshua) mas esse zelo inicial deve continuar na sua ausência.

Exegése – V. 19 Gálatas 4:19 Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós

  As ‘dores de parto’ que ele teve com eles aquando da sua primeira visita deveriam ter garantido o seu nascimento, mas afinal parece que não e Paulo encontra-se novamente em trabalho de parto com eles – o seu nascimento ainda estava em curso.

  “até que Cristo seja formado em vós” – A confissão inicial da fé é apenas o primeiro passo no processo da salvação. O ponto inicial em que a alma nasce de novo – Justificação. Mas é da Santificação que ele aqui fala, e que é tão essencial ao processo como a Justificação inicial. A Santificação é um processo que visa transformar-nos à semelhança do Messias.

  Gál.2:20 – ... vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim

  Rom.8:29 – ...predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho...

  Col.1:26-27 – ...entre os que não são judeus, aprouve dar a conhecer as riquezas da glória deste mistério, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória!

Exegése – V. 20 Gálatas 4:20 eu bem quisera estar presente convosco agora, e mudar o tom da minha voz; porque estou perplexo a vosso respeito.

  Paulo conclui o seu apelo pessoal.

  Ele parece ter certeza de que o seu ‘tom’ na carta será mal recebido ou mal entendido. Esse tom seria certamente diferente se ele pudesse ter uma conversa face a face com eles.

  “estou perplexo a vosso respeito” – Ele ainda não consegue compreender como é que eles mudaram ou estão em vias de mudar tão depressa de opinião a respeito dele e da sua mensagem.

 Ao mesmo tempo é uma espécie de pedido de desculpa pois ao admitir a sua perplexidade ele manifesta esperança de que possa estar errado.

Exegése – V. 21 Gálatas 4:21 Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?

  Paulo regressa à apresentação do seu argumento regressando à questão dos dois concertos que introduziu no início do capítulo 3.

 Concerto de Abraão à Promessa à Fé em Yeshua à Sara (nos vers. seguintes)

 Concerto do Sinai à Carne à Obras da Lei à Agar (nos vers. seguintes)

 Dois meios de obter justificação perante Deus...

  Paulo abre com sarcasmo: aqueles que querem estar ‘debaixo da Lei’ aparentemente não deram ouvidos à própria Lei.

 Aqui ‘debaixo da Lei’ deve ser entendido como ‘sujeitando-se à conversão rabínica’.

Exegése – V. 21 Gálatas 4:21 Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?

 O ponto de vista de Paulo é que a Torá não apoia o ponto de vista dos Influenciadores.

  Paulo dirige-se agora portando ao 2º grupo: aqueles que estavam a considerar sujeitar-se à Conversão Ritual – os que estavam a render-se ao braço de ferro criado pelos Influenciadores (v.17).

Exegése – V. 22-23 Gálatas 4:22-23 Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. 23 Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.

  Paulo faz um midrash que contrasta o que está escrito com a halachah dos Influenciadores.

 O midrash centra-se nos dois filhos de Abraão – Ismael e Isaac – e suas respectivas mães – Agar e Sara.

Agar descrita como escrava

  produz Ismael como obra da carne

  ‘carne’ à ‘obras da Torá’ i.e. Conversão Ritual (etnicidade)

  Sara descrita como livre

  produz Isaac através da promessa

  ‘promessa’ à fé em Yeshua

Exegése – V. 22-23 Gálatas 4:22-23 Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. 23 Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.

  É provável que os Influenciadores também usassem Abraão para justificar a sua posição:

 O sinal da circuncisão é dado na precisa altura em que Elohim rejeita Ismael como filho do Concerto e escolhe Isaac – Gén.17.

  Seria fácil associar a circuncisão com o facto de ser um filho do Concerto.

  Se os Gentios querem ser membros do Concerto, então, tal como Isaac, tem de se circuncidar.

 Os Influenciadores identificam-se com Isaac e identificam os Gentios com Ismael.

Exegése – V. 22-23 Gálatas 4:22-23 Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. 23 Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.

  É provável que Paulo esteja aqui a tentar virar do avesso o argumento dos Influenciadores:

  Ismael é resultado da conspiração carnal de Abraão e Sara.

  Ismael representa aqueles que procuram entrar no Concerto pelos seus próprios meios.

  Isaac vem por meios sobre-humanos.

  Isaac representa os que entram através de um acto soberano de Deus, conforme a Sua promessa.

 Desta forma os Influenciadores são identificados com Ismael e os Gentios (através da fé em Yeshua) com Isaac – filhos conforme promessa.

Exegése – V. 24-25 Gálatas 4:24-25 O que se entende por alegoria: pois essas mulheres são dois pactos; um do monte Sinai, que dá à luz filhos para a servidão, e que é Agar. 25 Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém atual, pois é escrava com seus filhos.

  ‘O que se entende por alegoria’ – Ao dizer que é uma ‘alegoria’ Paulo informa-nos que tudo isto é um midrash, i.e., uma forma de interpretar o texto para além do seu sentido literal.

 Não significa que Paulo entenda ser este o sentido principal ou mesmo o sentido oculto do texto mas apenas que ele ilustra bem o seu argumento principal.

 No midrash de Paulo estas duas mulheres representam dois concertos:

Agar à Concerto Moisaico (Mt.Sinai)

  Sara (por implicação – v.26-28) à Concerto Abraâmico

Exegése – V. 24-25 Gálatas 4:24-25 O que se entende por alegoria: pois essas mulheres são dois pactos; um do monte Sinai, que dá à luz filhos para a servidão, e que é Agar. 25 Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém atual, pois é escrava com seus filhos.

  Paulo não pretende contrastar os dois concertos – ele centra-se apenas num (o de Abraão). O seu propósito é demonstrar como é que os verdadeiros descendentes de Abraão são identificados, não contrastar os dois concertos.

  O argumento de Paulo tem a ver com identidade. Ninguém de identidade Judaica gostaria de ser chamado descendência de Agar.

  Apesar de lhe ser dada uma promessa (que nem sequer é uma benção) – Gén.16:9-12 – nenhum concerto é feito com Ismael.

  Isaac, o filho da promessa é o verdadeiro herdeiro;

  Ismael, o filho da carne, não tem herança.

Exegése – V. 24-25 Gálatas 4:24-25 O que se entende por alegoria: pois essas mulheres são dois pactos; um do monte Sinai, que dá à luz filhos para a servidão, e que é Agar. 25 Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém atual, pois é escrava com seus filhos.

  Este cenário ilustra perfeitamente o argumento de Paulo:

 Aqueles que baseiam a sua entrada no Concerto na carne são como Ismael; os que a baseiam na fé são como Isaac.

 A Isaac o Concerto é renovado

  Ismael é expulso da família.

  ‘Jerusalém atual’ – identifica a teologia prevalecente dos principais Judaísmos do tempo de Paulo, i.e., de que a entrada no Concerto se baseava na carne – por nascimento ou Conversão Ritual.

  Essa teologia não produzia herdeiros mas sim escravos.

Exegése – V. 24-25 Gálatas 4:24-25 O que se entende por alegoria: pois essas mulheres são dois pactos; um do monte Sinai, que dá à luz filhos para a servidão, e que é Agar. 25 Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém atual, pois é escrava com seus filhos.

  Liberdade para Paulo significa a capacidade e vontade de obedecer à Torá tal como Deus pretende, pela acção do Seu Espírito (a Torá escrita nos corações). Aqueles que procuram entrar no Concerto através da carne estão em servidão pois embora pretendam obedecer à Torá, negaram aquele para quem a Torá apontava (Rom.10:4) – Yeshua.

 O filho da mulher livre surge por eleição Divina – pela promessa – e nasce livre como o verdadeiro membro do Concerto e herdeiro das promessas.

Exegése – V. 24-25 Gálatas 4:24-25 O que se entende por alegoria: pois essas mulheres são dois pactos; um do monte Sinai, que dá à luz filhos para a servidão, e que é Agar. 25 Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém atual, pois é escrava com seus filhos.

  A típica interpretação desta passagem pela Igreja Cristã é de que o Concerto da Torá no Sinai produz escravos.

  Paulo não diz isso. O que ele diz é que a Torá, como porta de entrada no Concerto (função que nunca teve) produz escravos, tal como as tentativas de Abraão e de Sara de produzirem pelos seus meios o filho da promessa, produziram Ismael (que não é livre mas escravo como a sua mãe).

  A Torá nunca foi dada como meio de entrar no Concerto mas foi dada àqueles que já eram membros do Concerto – que já haviam sido redimidos do Egipto.

  Quando a Torá é mal aplicada, aí sim, produz escravos.

Exegése – V. 24-25 Gálatas 4:24-25 O que se entende por alegoria: pois essas mulheres são dois pactos; um do monte Sinai, que dá à luz filhos para a servidão, e que é Agar. 25 Ora, esta Agar é o monte Sinai na Arábia e corresponde à Jerusalém atual, pois é escrava com seus filhos.

  Porque é que Paulo ilustra o erro dos Influenciadores com o Monte Sinai?

  Os Influenciadores interpretavam a narrativa do Sinai como ensinando que todos os que ali estavam automaticamente se tornavam membros do Concerto. Para eles, a aceitação da Torá do Sinai implicava entrada no Concerto e o mesmo se aplicaria aos Gentios. Também eles teriam de aceitar o ‘jugo dos mandamentos’ (que incluía a Torá Oral).

  Para Paulo esta teologia negligencia o Concerto feito com Abraão. O Concerto de Deus com Israel não teve início no Sinai. O Sinai é a continuação de um Concerto já estabelecido. Se nos chegarmos ao Sinai sem primeiro participarmos da fé de Abraão, o Sinai só produzirá escravidão espiritual.

Exegése – V. 26-27 Gálatas 4:26-27 Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é nossa mãe. 27 Pois está escrito: “Alegra-te, estéril, que não dás à luz; esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque mais são os filhos da desolada do que os da que tem marido.”

  A Jerusalém celestial representa a Jerusalém perfeita ao passo que a terrena é imperfeita.

  Para Paulo a Jerusalém terrena representa a teologia farisaica do seu tempo que tinha rejeitado Yeshua.

  A Jerusalém celestial representa o plano perfeito de Deus. Não está escravizada por tentativas de Justificação através da carne (Agar) mas é livre porque representa os fieis servindo a Deus pela fé no Seu Messias, vivendo a Torá escrita no coração pelo Espírito.

  Aqui Sara – ou a Jerusalém celestial – é nossa mãe pois representa aqueles que são o produto da fé e que correspondem a Isaac ao invés de Ismael.

Exegése – V. 26-27 Gálatas 4:26-27 Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é nossa mãe. 27 Pois está escrito: “Alegra-te, estéril, que não dás à luz; esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque mais são os filhos da desolada do que os da que tem marido.”

 A questão que se coloca é: ‘Quereis ser filhos de Agar ou de Sara?’

  Para os Gentios isto significava que sucumbir às pressões dos Influenciadores excluí-los-ia do Concerto (descendência de Agar) ao passo que permanecer fieis às boas-novas (de inclusão no Concerto) que Paulo lhes havia apresentado estabelecê-los-ia como os verdadeiros descendentes de Abraão pela fé.

Exegése – V. 26-27 Gálatas 4:26-27 Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é nossa mãe. 27 Pois está escrito: “Alegra-te, estéril, que não dás à luz; esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque mais são os filhos da desolada do que os da que tem marido.”

  ‘Alegra-te, estéril, que não dás à luz...’ – Isaías 54:1 – A citação é apropriada pois esta passagem era interpretada como referindo-se a Jerusalém que estava, à semelhança de Sara, estéril, mas que ainda teria de ampliar o lugar da sua tenda. À semelhança da profecia em que a estéril daria à luz muitos filhos, a Sara também foi prometido que seria mãe de nações (Gén.17:16).

  A solução para a esterilidade de ambas está na confiança em Deus e nunca na carne.

  Para Paulo, esta profecia de Jerusalém dar à luz muitos filhos aponta para a inclusão dos gentios. A restauração de Israel vem pela promessa (Sara/Jer.Cel.), não pela carne (Agar/Jer.Terr). Esta restauração passa pelo influxo dos Gentios.

  Esta profecia também é interpretada como referindo-se a Judá e Efraim.

Exegése – V. 28 Gálatas 4:28 Ora vós, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.

 O influxo dos Gentios está ligado à promessa de descendência dada a Abraão e a Sara – promessa essa que é cumprida pelo poder de Deus, não pelos esforços humanos.

  Podemos entender que, em termos espirituais, o mesmo se aplica aos descendentes físicos de Jacob.

  A única diferença é que estes já nascem dentro dos aspectos físicos do Concerto (bençãos temporais, terra, protecção). Mas mesmo estes permanecem no Concerto pela fé (na Promessa). Sem essa fé, mesmo esses poderão ser ‘cortados da árvore’ (Rom.11) embora possam ser sempre reenxertados mais tarde.

 Aqui Paulo dirige-se aos crentes Gentios: estes eram filhos da promessa, tal como Isaac e a prova disso era a presença do Espírito nas suas vidas. Como tal eram herdeiros legítimos às bençãos do Concerto.

Exegése – V. 29 Gálatas 4:29 Mas, como naquele tempo o que nasceu segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim é também agora.

  Como é que ele conclui que Ismael perseguia Isaac? A palavra traduzida ‘zombava’ (JFA RC) pode ter vários sentidos. Interpretação de vários Rabis:

  Zombaria; gozo;

  Comportamento sexual;

  Luta violenta; combate; derramamento de sangue;

  Idolatria;

  De acordo com Paulo, os filhos da carne (Jer.Terr./Agar) estão a perseguir os filhos da promessa (Jer.Cel./Sara).

  Paulo usa “filhos do Espírito” e não “filhos da Promessa”. Os crentes Gentios nasceram do Espírito e os Influenciadores estão a dizer-lhe que eles têm de nascer da carne (Circuncisão Ritual / etnicidade).

Exegése – V. 30 Gálatas 4:30 Que diz, porém, a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre.

  Paulo cita Gén.21:10.

 Da mesma maneira que Ismael e Isaac não podiam permanecer na mesma família, assim também a ‘entrada no Concerto pela carne’ não pode coexistir com a ‘entrada no Concerto pelo Espírito’. Os dois são mutuamente exclusivos.

 A entrada no Concerto não se baseia em mais nada para além da fé na obra do Messias Yeshua.

  Paulo viria mais tarde a explicar isto em maior detalhe em Romanos 9-11 o que pode indicar que a sua linguagem aqui causou uma reacção significativa.

Exegése – V. 31 Gálatas 4:31 Pelo que, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre.

  Paulo suaviza o tom com a palavra ‘irmãos’.

  Reafirma as suas conclusões anteriores:

  Gál.3:29 - E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.

  Gál.4:28 - Ora vós, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.

  Paulo passa da 2ª pessoa para a 1ª, incluindo-se.

  Ao fazê-lo desconsidera por completo a etnicidade no que diz respeito a ser membro do Concerto (corroborando o seu anterior “nem Judeu nem Grego” – Gál.3:28).

  Paulo, um Hebreu de Hebreus, inclui-se com os crentes Gentios, no grupo que ele identifica como ‘a mulher livre’, i.e. os ‘filhos da promessa’ nascidos do Espírito.