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Desafios pós-modernos à Igreja e ao ministério pastoralA Igreja precisa compreender quais são os maiores desafios que se levantam diante dela
nestes tempos. Tempos em que os referenciais estão cada vez mais flexíveis e os fundamentos cada vez mais frágeis. Nas palavras de Ricardo Gondim:
Começamos o século XX com o apogeu da modernidade, terminamo-lo com o nascimento
da pós-modernidade. Se a modernidade foi a época da lógica e do método, a pós-
modernidade é marcada por ambigüidades e contradições. (GONDIM, Ricardo. Artesãos
de uma Nova História. p. 87)
Stanley J. Grenz e Gene Edward Veith, Jr. afirmam, citando Charles Jencks, que o pós-
modernismo nasceu a partir da arquitetura, na implosão do conjunto habitacional de Pruitt-
Igoe, em Saint Louis, nos Estados Unidos, que era um exemplo emblemático da estética
modernista (Cf. GRENZ, Stanley J. Pós-Modernismo. p. 25 e VEITH, Jr, Gene Edward.
Tempos Pós-Modernos. p. 32). Eles apontam para os sinais do pós-modernismo, desde
então, na sociedade, na cultura e nas artes em geral (Cf. GRENZ, Stanley J. Pós-
Modernismo. p. 27ss e VEITH, Jr, Gene Edward. Tempos Pós-Modernos. p. 37ss).
Por identificar-se em oposição e superação ao modernismo e também por estar em pleno
processo de desenvolvimento, não é fácil determinar com segurança as características do
pós-modernismo. Todavia, pode-se perceber que ele é a negação de diversos valores e
pensamentos que dominaram a cultura moderna. Citando Ihab Hassan, Veith Jr. propõe
uma série de antíteses entre o modernismo e o pós-modernismo:
Os modernistas crêem em determinância, os pós-modernistas crêem em indeterminância.
Onde o modernismo dá ênfase à finalidade e ao projeto, o pós-modernismo enfatiza
o jogo e o acaso. O modernismo estabelece uma hierarquia, o pós-modernismo cultiva a
anarquia. O modernismo valoriza o tipo; o pós-modernismo valoriza o mutante. O
modernismo busca o logos, o significado subjacente ao universo expresso na linguagem.
O pós-modernismo, por outro lado, acolhe o silêncio, rejeitando os dois, o significado e a
Palavra. (VEITH, Jr, Gene Edward. Tempos Pós-Modernos. p. 36-37)
Assim, para o pós-modernismo a realidade é uma construção social e evita-se o discurso
absolutizante, rejeitando as bases de pensamento e os fundamentos da era imediatamente
anterior. Assim, a pós-modernidade é caracterizada pela ausência de princípios e valores
claros. E, neste sentido, desta vez citando o historiador Arnold Toynbee, Veith Jr. identifica
em uma tríplice divisão os sentimentos gerados no pós-modernismo como sendo uma fase
dominada por “ansiedade, irracionalismo e desamparo” (Cf. VEITH, Jr, Gene Edward.
Tempos Pós-Modernos. p. 38). A partir desta tríplice divisão, serão analisados os riscos e
perigos que os tempos atuais podem trazer ao bom exercício da Excelência do Ministério
Pastoral.
A primeira característica que Toynbee destaca no mundo pós-moderno é a ansiedade. Ela
é resultado da multiplicidade de escolhas de um mundo plural e onde não se tem
parâmetros claros de verdade para direcionar estas escolhas. Um dos mais importantes
pensadores do existencialismo,corrente que está n pós-modernismo, Jean-Paul Sartre,
fala de uma ânsia característica desta situação em que o homem se encontra.
A segunda característica do pós-modernismo, segundo Toynbee, é o irracionalismo. Com
sua crítica ao modelo racionalista da modernidade, o mundo pós-moderno é tem como
uma de suas expressões mais marcantes o irracionalismo. Veith Jr. afirma que:
As heresias modernistas caíram, mas agora heresias pós-modernas as substituem. O
racionalismo, tendo fracassado, cede lugar ao irracionalismo – e ambos são hostis à
revelação de Deus, ainda que de maneiras diferentes. Os modernistas não criam que a
Bíblia fosse verdadeira. Os pós-modernistas lançaram fora completamente a categoria de
verdade. Fazendo isso, já abriram uma caixa de Pandora de religiões da Nova Era,
sincretismo e caos moral. (VEITH, Jr, Gene Edward. Tempos Pós-Modernos. p. 186s)
Assim, não existem parâmetros absolutos, modelos universais ou paradigmas unívocos.
Assim, neste pluralismo levado ao extremo, Ricardo Gondim lembra que “a cosmovisão
religiosa não pode ser imposta, ela participa da sociedade como mais uma opção entre
muitas” (GONDIM, Ricardo. Fim de Milênio: os perigos e desafios da Pós-Modernidade na
Igreja. p. 71).
A terceira característica da pós-modernidade apontada por Toynbee é o desamparo. Este
desamparo, também oriundo da falta de parâmetros claros de verdade se desenvolve no
exacerbado sentimento de isolamento, no individualismo. O individualismo é um dos traços
mais marcantes da modernidade, no período do pós-guerra. Vivemos em uma época de
exacerbado individualismo. O bem-estar pessoal é colocado acima do bem comum. Os
interesses individuais estão acima dos direitos sociais.
Estas três características se constituem num grande desafio pós-moderno à excelência do
Ministério Pastoral para os dias atuais.
Descreva no espaço abaixo as características do homem pós-moderno