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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL
Impacto das Microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de
Vilankulo, no período de 2009 - 2013: Caso dos Serviços da Gapi
Licenciatura em Economia Agrária
Autora:
Juliana Ernesto Augusto Botão
Vilankulo, Junho de 2016
Autora
Juliana Ernesto Augusto Botão
Impacto das Microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de
Vilankulo, no período de 2009 - 2013: Caso dos Serviços da Gapi
Relatório de Pesquisa Submetido no Departamento de
Sociologia Rural da Universidade Eduardo Mondlane
- Escola Superior de Desenvolvimento Rural, para a
obtenção do grau de Licenciatura em Economia
Agrária
Supervisora:
dra. Fátima da Conceição Malate
O júri
Supervisora: Presidente: Oponente:
____________________ _______________________ ________________
dra. Fátima Malate dr. Adriano Chihanhe dr. Bernardo Dumba
UEM - ESUDER
Vilankulo
2016
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro que este trabalho é da minha autoria e resulta da minha investigação, estando
indicadas no texto e na referência bibliográfica as fontes utilizadas. Esta é a primeira vez que
o submeto para obter um grau académico numa instituição de ensino superior.
Vilankulo, ____ de Maio de 2016
_________________________________
(Juliana Ernesto Augusto Botão)
DEDICATÓRIA
O presente trabalho é especialmente dedicado aos meus pais, Stainley Augusto Botão e
Justina Ernesto Kalamuka, por investirem nos meus estudos.
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, á Deus, pelo seu infinito amor e sabedoria que me permitiu
terminar o curso.
Á meus pais, Stainley Augusto Botão e Justina Ernesto Kalamuka, e aos meus irmãos,
Sérgio, Augusto, Pelágia, e Janete que tanto me apoiaram, e acreditaram durante o percurso
acadêmico.
Á Universidade Eduardo Mondlane através da Escola Superior de Desenvolvimento Rural -
Vilankulo pela oportunidade de me formar em Economia Agrária.
A minha supervisora, dra. Fátima Malate pela orientação, dedicação, paciência, e sugestões
na elaboração do Trabalho de Culminação do Curso.
Ao Técnico Paulo da Gapi - Vilankulo pelo acompanhamento na obtenção dos dados.
Á colegas da faculdade, Celso Ardicha, Júbia Domingos, Jaime de Sousa, Amigos, que de
forma directa contribuíram na minha formação acadêmica.
E por fim, a toda minha família pelo apoio, e todos aqueles que directa ou indirectamente
depositaram o seu voto de confiança de maneira que este dia fosse concretizado, o meu muito
obrigada.
ii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS
ADIE – Association pour le Développement de l’Initiative Economique
ANDC – Associação Nacional de Direito ao Crédito
Gapi – Sociedade de Promoção de Pequenos Investimentos
IMF’s – Instituições Microfinanceiras
MAE – Ministério da Administração Estatal
MINAG – Ministério da Agricultura
MPD – Ministério do Planificação e Desenvolvimento
ONG’s – organizações não governamentais.
PEDSA – Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário
PMEs – Pequenas Medias Empresas
PVD's – Países em Vias de Desenvolvimento
S/d – sem data
iii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Lista de Tabelas
Tabela n° 1. Rendimentos semestrais das famílias no ano de 2013 ......................................... 27
Tabela n° 2. Taxa de crescimento do rendimento das famílias após o empréstimo financeiro 28
Gráfico n° 3. Nível de emprego gerado na económia informal ................................................ 29
Lista de Gráficos
Gráfico n° 1. Evolução dos Clientes da Gapi no período de 2009 à 2013 ............................... 25
Gráfico n° 2. Expansão dos negócios de produtos agrários ..................................................... 26
iv
LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS
Lista de Apêndices
Apêndice no 1. Guião de Entrevista dirigido á Gapi.................................................................... i
Apêndice no 2. Guião de Questionário dirigido aos mutuários .................................................. ii
Apêndice no 3. Cálculo do Tamanho da amostra ....................................................................... v
Apêndice no 4. Clientes que beneficiaram dos serviços e Produtos da Gapi............................. vi
Apêndice no 5. Investimentos dos clientes antes e depois do empréstimo a GAPI ................... vi
Apêndice no 6. Niveis de emprego cridos pelos clientes da GAPI com o empréstimo
financeiro .................................................................................................................................. vii
Apendece no 7. Evolução dos Clientes da Gapi no periodo de 2009 à 2013 ............................ vii
Apêndice no 8. Divisão dos clientes por sexo ........................................................................... vii
Apêndice no 9. Idade dos Clientes ........................................................................................... viii
Apêndice no 10. Nível de escolaridade dos clientes ................................................................ viii
Apêndice no 11. Nomes dos clientes da Gapi-Vilankulo .......................................................... ix
Lista de Anexo
Anexo no 1. Mapa do distrito de Vilankulo ................................................................................ x
v
GLOSSÁRIO
Microfinanças – são instituições financeiras que prestam serviços e produtos a pessoas de
baixa renda.
Microcrédito – é o pequeno valor concedido pelas instituições financeiras.
Renda – remuneração dos factores de produção: salários (remuneração do factor trabalho),
alugueis (remuneração do factor terra) juros e lucro (remuneração do factor capital).
Serviços – denominação dada a conjunto de actividades que se desenvolvem no sector
financeiro da Gapi prestados aos seus clientes;
Produto – trata-se de pequenos valores monetários que são fornecidos aos mutuários pela
microfinança Gapi em forma de cheque, cartão de crédito entre outros.
vi
RESUMO
As microfinanças assumem papel fundamental no desenvolvimento do país, sobretudo
para permitir que as populações ter acesso a estes serviços de forma abrangente. O presente
trabalho de pesquisa apresenta os efeitos advindos do financiamento do sector agrário
perpetrado pela instituição microfinanceira Gapi no contexto do desenvolvimento rural em
Vilankulo no período de 2009-2013. Com vista a responder os objectivos do trabalho utilizou-
se o método quantitativo, os dados foram colhidos nos serviços de investimento Gapi-no
distrito de Vilankulo, e quanto aos clientes da Gapi, o trabalho teve como amostra num valor
de nove (09) mutuários que actuam na área de agricultura. Os serviços prestados aos clientes
pela Gapi foram Produtos financeiros, Serviços de desenvolvimento comercial e Serviços de
desenvolvimento institucional. Os produtos financeiros fornecidos pelos serviços de
investimento Gapi são: empréstimos, Garantias, participação e participação no capital social,
e assistência técnica. De acordo com os dados, mostram que a Gapi desempenhou um papel
importante no acesso os serviços financeiros básicos pelos pequenos empresários formais e
pelos micros empreendedores informais, as linhas de concessão de crédito efectuado pelos
serviços de investimentos Gapi foram: empréstimos a projectos de grupos comunitários,
especiais, solidários e aos projectos com títulos individuais. Os serviços e produtos dos
serviços de investimento Gapi neste intervalo de tempo deram o seu contributo no
desenvolvimento do sector agrário a nível do distrito, visto que, houve expansão dos negócios
nos produtos agrários por parte dos mutuários, criando assim cerca de vinte nove (29) postos
de empregos informais, os clientes da Gapi pela prática das suas actividades tiveram um
retorno médio em cerca de 36.722,22Mt. Ao longo do período em análise os dados mostram
que, os serviços de investimento Gapi tiveram maior contributo no desenvolvimento do sector
agrário a nível do distrito.
Palavras-Chave: Microfinança, Sector Agrário, Serviços, Produtos, Desenvolvimento, e
Clientes.
ÍNDICE
Conteúdo Páginas
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1
1.2. Problema .............................................................................................................................. 3
1.3. Justificativa .......................................................................................................................... 4
1.4. Objectivos ............................................................................................................................ 5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 5
2.1. Base teórica.......................................................................................................................... 5
2.1.1. Microfinanças ................................................................................................................... 5
2.1.2. Produtos microfinanceiros ................................................................................................ 5
2.1.3. Metodologias de concessão de crédito ............................................................................. 6
2.1.4. Acesso ao Mercado Financeiro ........................................................................................ 6
2.1.5. Conceito de desenvolvimento Rural ................................................................................. 7
2.1.6. Características e dinâmica das microfinanças .................................................................. 7
2.1.7. O potencial dos estudos em microfinanças: Críticas, limitações e oportunidades de
pesquisa. ................................................................................................................................... 10
2.1.8. Importância do crédito para o Sector Agrário ................................................................ 11
2.2. Literatura empírica ............................................................................................................ 12
2.3. Literatura focalizada .......................................................................................................... 12
2.4. Benefícios dos clientes das microfinanças ........................................................................ 13
CAPÍTULO III: METODOLOGIA .......................................................................................... 14
3.1. Descrição da área de estudo............................................................................................... 14
3.1.1. Localização, superfície e população ............................................................................... 14
3.1.2. Clima e solos .................................................................................................................. 15
3.1.3. Infra-estruturas................................................................................................................ 15
3.1.4. Economia e Serviços ...................................................................................................... 16
3.3. Recolha de dados ............................................................................................................... 17
3.3.1. Pesquisa bibliográfica ..................................................................................................... 17
3.3.2. Entrevista Estruturada .................................................................................................... 17
3.3.3 Analse de dados………..……………………………………………………………….18
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 19
4.1. Breve descrição da GAPI .................................................................................................. 19
4.1.1. Processamento de Pedidos/Documentos requeridos: ..................................................... 19
4.2. Descrição dos Serviços, Produtos e o Papel da Gapi ........................................................ 20
4.2. Modalidades de concessão de crédito adoptadas pela Gapi .............................................. 22
4.4. Contributo dos serviços e produtos da Gapi para o desenvolvimento do sector agrário no
distrito de Vilankulo ................................................................................................................. 24
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 30
5.1. Conclusão .......................................................................................................................... 30
5.2. Recomendações ................................................................................................................. 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 32
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
2009 - 2013: Caso dos Serviços da Gapi
Juliana Ernesto Augusto Botão /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Economia Agrária Página 1
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1. Contextualização
As microfinanças constituem um importante instrumento de intermediação financeira
apropriado ao desenvolvimento económico de diversos países do mundo e com impacto
imediato no nível de vida das populações mais pobres, baseado em actividades de micro,
pequeno e média escala, financiando empreendimentos geradores de emprego (e auto
emprego) e de rendimento, e que devido a sua natureza “reduzida dimensão, pobre registo
contabilístico e precariedade de garantia” (PEDSA, 2011).
Em Moçambique, as microfinanças assumem papel fundamental no desenvolvimento
do país, sobretudo permitem que as populações de baixa renda possam ter acesso a estes
serviços de forma contínua e abrangente (VALA, 2007).
Para GONZALEZ (2000) expõe que, a importância do crédito está no papel
dinamizador da actividade agrícola, contribuindo no desenvolvimento integrado na difusão de
inovações tecnológicas e na expansão da produção, tanto para o mercado interno como o
externo.
O desenvolvimento do sector agrário é crucial na redução da pobreza porque em
primeiro as famílias rurais geram cerca de 80% dos seus rendimentos directamente da
produção agrícola, em segundo os restantes 20% provem de actividades não agrícolas que tem
uma forte ligação com a economia agrícola local. Por tanto, a promoção do desenvolvimento
nesta área requer um investimento forte e coordenado, investimento em capital físico e
financeiro, investimento em recursos humanos e materiais que permitam aos agentes
económicos intervenientes realizarem com eficácia necessária a sua actividade, e o crédito
agrícola é uma das formas de disponibilização destes recursos, permite aos agricultores a
aquisição de equipamentos, mão-de-obra, agro-quimicos e outros insumos necessários a
realização da actividade produtiva (CASTEL-BRANCO, 1996).
A análise dos serviços e produtos das instituições microfinanceiras se faz necessária
para identificar os resultados e problemas inerentes a este sector, com destaque para o acesso
ao crédito para a aquisição de insumos melhorados, fertilizantes, pesticidas e outros elementos
capazes de aumentar a produtividade agrícola e a renda rural (CASTEL-BRANCO, 1996).
Neste contexto, o presente trabalho visa analisar os efeitos do financiamento ao sector
agrário perpetrado pela instituição microfinanceira Gapi no contexto do desenvolvimento
rural em Vilankulo, com enfoque na necessidade de desenvolvimento de mercados financeiros
rurais e de agro-indústrias.
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
2009 - 2013: Caso dos Serviços da Gapi
Juliana Ernesto Augusto Botão /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Economia Agrária Página 2
1.1 Problema
Em Moçambique, cerca de 60% da população vive nas zonas rurais, entre os quais
80% das famílias é pobre e com uma agricultura de baixa produtividade sendo como principal
fonte de rendimento (MPD, 2006).
O sector agrário enfrenta dificuldades em obter financiamento para impulsionar o seu
desenvolvimento, estas dificuldades são associadas aos constrangimentos no acesso a fontes
de financiamento, incluindo exigências de garantias ou níveis de comparticipação elevados, e
problemas com a ligação entre o sistema financeiro doméstico e o sector agrário, que é
concentrado nas zonas urbanas, maior altas taxas de juros no financiamento e que não
viabiliza empreendimentos com altos custos iniciais e taxa de recuperação lenta que é típico
de investimentos agrários e agro-industriais (PEDSA, 2011).
No distrito de Vilankulo, a actividade agrária é muito desfavorecida uma vez que os
pequenos produtores agrários não conseguem alargar as suas actividades por falta de
condições financeiras, sendo assim, verifica-se baixa dinâmica nos agentes envolvidos na
cadeia de produção, bem como no desenvolvimento económico do distrito, visto que, as
microfinanças concedem empréstimos aos clientes que tenham garantia de pagamento e
experiências no ramo de actividades em que cada um pretende desenvolver.
É neste contexto que emergem a importância da presente pesquisa procurar responder a
seguinte pergunta: Até que ponto as actividades desenvolvidas pela microfinança GAPI
contribuem no desenvolvimento do sector agrário no Distrito de Vilankulo?
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
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1.2 Justificativa
A importância da pesquisa reside no facto de efectuar um levantamento das falhas e
contributos na oferta de serviços microfinanceiros, particularmente ao sector agrícola
propondo medidas alternativas para a sua maior abrangência, tendo em conta os riscos
associados ao sector agrário, devido fraca cedência de crédito para o investimento.
Nos países em vias de Desenvolvimento (PVD's) e em particular no país, as
microfinanças têm um factor determinante no impulsionamento da agricultura, portanto traça-
se politicas flexíveis para o financiamento.
As pesquisas de gestão em microfinanças, para KHAVU (2010) são limitadas, visto
que, o fenómeno se apresenta flexível e dividido em vários níveis que podem ser abordados a
partir de diversas perspectivas teóricas e por um leque amplo de ferramentas empíricas,
percorrendo a cadeia das microfinanças pode-se pesquisar fontes de capital (os investidores
institucionais e individuais), os distribuidores intermediários e também os demandantes. As
fontes de pesquisa e as oportunidades podem ser instigantes para o pesquisado e de grande
valia para a sociedade que passará a entender o melhor fenómeno e o debate que o cerca.
O presente trabalho irá enriquecer o debate académico, auxiliar os formuladores de
políticas das instituições financeiras, associações e cooperativas agrárias, na percepção do
problema, em busca de alternativas na questão de escassez de créditos ao sector agrário de
forma a impulsionar o crescimento e desenvolvimento económico no país e em particular no
distrito.
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
2009 - 2013: Caso dos Serviços da Gapi
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1.3 Objectivos
1.3.1 Geral:
Analisar a microfinança Gapi e o seu impacto no desenvolvimento do sector agrário no
distrito de Vilankulo, no período de 2009 – 2013.
1.3.2 Específicos:
Descrever a microfinança Gapi-si;
Identificar as modalidades de concessão de crédito adoptadas pela Gapi-si;
Medir o contributo dos serviços e produtos microfinanceiro oferecidos pela Gapi-si, para o
desenvolvimento do sector agrário no distrito de Vilankulo.
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
2009 - 2013: Caso dos Serviços da Gapi
Juliana Ernesto Augusto Botão /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Economia Agrária Página 5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
2. Base teórica
2.1 Microfinanças
Segundo LEDGERWOD (1999), microfinanças é uma abordagem de desenvolvimento
económico projectada para beneficiar pessoas de baixa renda e recorre à provisão de serviços
financeiros que podem incluir crédito, poupanças, seguro e serviços de pagamento.
As microfinanças referem-se às facilidades de empréstimos e poupanças que
instituições como bancos rurais, cooperativas de crédito e ONGʾs concedem créditos para
negócios de pequena escala (LLANTO, 2001 apud CACNIO, 2001). O mesmo autor realça
que, as microfinanças são especializadas no fornecimento de serviços financeiros àqueles que
não têm acesso a serviços oferecidos pelos bancos comerciais, servindo assim como um meio
para o empoderamento do pobre e por conseguinte permitir a ocorrência do desenvolvimento.
2.1.1 Produtos microfinanceiros
Os produtos microfinanceiros podem ser divididos em duas categorias: produtos de
microcrédito e outros produtos financeiros (NICHTER 2002).
i) Produtos de microcrédito
O microcrédito pode assumir diversas formas, de acordo com a finalidade para a qual é
empregado, os prazos e as condições de repagamento e outras características, Segundo
NICHTER (2002), os produtos de microcrédito mais conhecidos são:
a) Crédito de capital circulante: trata-se de um empréstimo de pequeno valor e curto prazo,
destinado a compra de mercadorias para a revenda (no caso de microcomerciantes) e de
matéria-prima e insumos, no caso de outros sectores.
b) Desconto de cheques: é uma variante de crédito para capital circulante e consiste no
desconto antecipado de cheques pré-datados emitidos por clientes do empreendedor.
c) Crédito para investimento: esse tipo crédito destina-se a financiar pequenos investimentos,
tais como a aquisição ou reparação de máquinas, equipamentos, instrumentos de trabalho
e meios de locomoção utilizados no empreendimento, reforma ou ampliação de
instalações.
d) Cartão de crédito: é utilizado pelo cliente de uma IMF para comprar mercadorias e/ou
insumos de fornecedores cadastrados junto a essa instituição.
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
2009 - 2013: Caso dos Serviços da Gapi
Juliana Ernesto Augusto Botão /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Economia Agrária Página 6
e) Crédito para abertura de novos negócios: essa modalidade de crédito direcciona-se a
pessoas ou grupos que desejam criar um empreendimento.
ii) Outros produtos microfinanceiros
Ainda segundo NICHTER (2002), existem produtos microfinanceiros que são:
a) Poupança: A captação e gestão da poupança constituem-se, junto ao microcrédito, na
actividade mais importante do sector microfinanceiro.
b) Micro-seguros: A semelhança das instituições financeiras tradicionais, IMF’s de diversos
países tem passado a actuar na área de seguros, oferecendo diferentes tipos de micro-
seguros (vida, saúde, propriedade).
c) Crédito agrícola: é a utilização de recursos de terceiros para fins agrícolas e constituem
manifestações normais de crédito a necessidade e a solicitação de capitais imobiliários e o
crédito de exploração (MATSULE, 1987).
2.1.2 Metodologias de concessão de crédito
As instituições de microfinanças em Moçambique usam metodologias de empréstimo
em grupo e individuais, têm como principal objectivo promover serviços financeiros através
de pequenas e médias empresas às comunidades mais carenciadas (NICHTER, 2002).
2.1.3 Acesso ao mercado financeiro
O pouco acesso dos mais pobres a sistemas de financiamento, na maioria das vezes,
está ligado a problemas de assimetria de informação entre financiadores e seus clientes.
Muitas vezes, não existem informações suficientes, ou mesmo precisas, sobre os agentes a
serem beneficiados, criando uma situação de riscos nos investimentos. Uma forma alternativa
a esse tipo de risco concentra-se na exigência de colaterais (como bens físicos) por parte do
financiador. Entretanto, a maioria das pessoas que se encontram mergulhadas na pobreza é,
frequentemente, excluída dos mercados financeiros tradicionais, por não possuir tais
garantias.
Os factores que dificultam o acesso dos pobres ao financiamento são os custos de
transacção para pequenos empréstimos (relativamente altos). Além disso, em áreas de baixa
densidade populacional, o acesso físico a serviços bancários pode ser muito difícil. Tudo isso
leva os bancos convencionais a considerarem que a prestação de serviços aos pobres, com o
uso de práticas tradicionais de financiamento, não é lucrativa (COSTA apud BM, 2001).
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
2009 - 2013: Caso dos Serviços da Gapi
Juliana Ernesto Augusto Botão /UEM-ESUDER/ Licenciatura em Economia Agrária Página 7
Para colmatar esta deficiência, os pobres recorrem as alternativas informais tais como
empréstimos familiares, clubes de poupanças ou outros tipos de empréstimos, pese embora
em limitadas quantidades ou mesmo disponibilizados a taxas de juros exorbitantes. Assim, o
desafio é assegurar o acesso à maioria dos pobres aos serviços financeiros, e como opção
surgem os SMF’s. Pois, os pobres usam os serviços financeiros não só para investimento nas
actividades microempresariais mas também, investem na saúde e educação, na gestão das
emergências familiares, e para resolver muitas outras necessidades que possam ter
(LITTLEFIELD, 2003).
2.1.4 Conceito de desenvolvimento Rural
O desenvolvimento Rural é um processo de transformação e criação de capacidades e
condições de vida e de trabalho, que abrange todos os aspectos essenciais da vida rural: a
produção, o consumo, a poupança e sua mobilização, a taxa de alocação e de eficiência do
investimento, a apropriação, comercialização e o uso do excedente, a qualidade dos agentes
económicos e sociais e as relações de poder entre eles, bem como a qualidade de vida, o
desenvolvimento tccnol6gico, entre outros (CASTEL-BRANCO, 1996).
2.1.5 Características e dinâmica das microfinanças
O autor LA TORRE (2006), mostra que a demanda pelas microfinanças emerge de
indivíduos marginalizados ou em situação de exclusão, principalmente em países em
desenvolvimento. O autor coloca que existe um nível de exclusão que varia de pessoas
pobres, não registados e marginalizados, que recorrem a algum tipo de organização, seja ela
individuais (conjunto de micro empreendedores) ou colectivos (cooperativas e associações)
para conseguir serviços financeiros que possibilitem o acesso de serviços financeiros nestas
instituições.
Também segundo LA TORRE (2006), o estoque de crédito destas instituições é de
origem diversa. Podem ser provedores informais, Intermediários de microfinanças
semiformais e bancos formais de microfinanças. Os provedores formais seriam grupos de
ajuda mútua, famílias, associações de crédito ou até mesmo indivíduos que emprestam
dinheiro. Já os intermediários semiformais de microfinanças seriam as organizações não-
governamentais financeiras, as cooperativas de crédito e os bancos postais de depósito.
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A principal diferença entre as instituições financeiras tradicionais e as instituições
financeiras de microfinanças está relacionada a mecanismos que buscam evitar problemas
com a inadimplência e a falta de necessidade de garantia como colaterais para a liberação de
crédito.
BRAGA & TONETO Jr. (2000), Explicam que problemas de incentivo nas operações
de crédito, decorrentes da existência de assimetria de informação resultam em custos reais
para os empréstimos e que posturas conservadoras por parte de agentes económicos criam
distorções na alocação de recursos, o que dificulta o acesso a produtos financeiros por parte
de grupos homogéneos. Geralmente, estes grupos são representados por micro e pequenos
empresários ou pelo sector informal da economia e pelos excluídos e marginalizados.
AGHION e MORDUCH (2005), afirmam vários destes problemas poderiam ser
evitados se os bancos tivessem formas mais baratas de colectar e analisar informações dos
clientes a fim de reforçar os contratos. Os altos custos de transacção em comunidades carentes
poderiam ser diminuídos se os requerentes tivessem activos comercializáveis com valor de
mercado que pudessem servir de colateral nas transacções financeiras.
O MORDUCH (1999), mostra que um dos principais mecanismos utilizado pelas
instituições são os empréstimos em grupo, porém não é o único que mereça ser ressaltado
como inovador para a concessão de financiamentos. Existem também a utilização de
incentivos dinâmicos, escalas de pagamentos regulares, e colaterais substitutos que
conseguem fazer com que as instituições mantenham taxas de inadimplência baixas.
O empréstimo em grupo funciona é citado por (MORDUCH et all 1999), se apresenta
como uma das formas mais comuns de empréstimo no mercado de microfinanças. O aval
solidário ou a fiança solidária é um sistema no qual o empréstimo é concedido a um grupo
colectivamente solidário.
No início apenas dois recebem o empréstimo e se comprometam a honrá-lo de forma
que posteriormente os outros possam também usufruir do serviço.
O KHAVU (2010), mostra que a motivação ligada aos custos de reputação perante o
grupo garante quantias maiores de empréstimos ao longo do tempo. O grupo se compromete
ao cumprimento das cláusulas contratuais, criando-se assim um sistema de auto selecção e
automonitoração dentro dos grupos o que diminui os custos de manutenção de carteira do
banco e também reduz problemas com inadimplência e falta de cumprimentos dos contratos.
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
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O ANDERSON LOCKER e NUGENT (2002), realizaram uma pesquisa em um
encontro de membros de organizações de microcrédito e concluíram que além do capital
social evidenciado pelo aval solidário existem importantes conexões entre os programas de
microcrédito e recursos ambientais tratando particularmente de conjuntos comuns de recursos
(Common Pool Resources - CPR) que seriam propriedade privada utilizadas em comum com
outros. Os autores mostram que existem evidências da efectividade do micro crédito quando
se lida com a melhoria da gestão de propriedade comum, aumentando a renda e a
produtividade.
Para o MORDUCH (1999), cita também os incentivos dinâmicos que começam pelo
empréstimo de pequenas quantias com o aumento gradual do contrato à medida que o
tomador se estabelece como bom pagador. As escalas de pagamentos regulares parte da ideia
de se ter pagamentos regulares de quantias pequenas. O que permite um maior controlo do
grupo, prontamente sabe-se da capacidade de pagamento do devedor.
Os colaterais substitutos são, como no caso do Grameen Bank, o requisito de
contribuição a um fundo de emergência no valor de 5% do que foi emprestado. Este fundo
possibilita um tipo de seguro em vários casos. Estes mecanismos podem não ser suficientes
para permitir com que as microfinanças cumpram seu papel. Poucas garantias, juros baixos e
empréstimos a pobres muito dificilmente seriam encarados como um negócio lucrativo. As
instituições passaram a ser encaradas com muitas críticas e cepticismo.
O MORDUCH (2000), chega a mostrar uma cisma com os microfinanciamentos. O
autor argumenta que existe uma exposição ampla apenas das “melhores práticas” no sector,
sem que se tenha evidências empíricas sobre a validade dos programas. E que o jogo de
ganha-ganha entre instituições financeiras e a população de baixa renda pode ser questionada.
Ainda não é totalmente clara a relação entre as organizações não-governamentais, as
instituições e até mesmo o papel do governo que poderiam garantir essa relação. Na verdade
em último caso, até mesmo o mercado formal passa a se interessar por negócios relacionados
a microfinanças, pois passam a ser comercialmente atractivos, (CULL et al., 2009).
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
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2.1.6 O potencial dos estudos em microfinanças (críticas, limitações e oportunidades de
pesquisa).
Em mais de 20 anos de actuação ao redor do mundo as instituições de microfinanças
conseguiram chamar atenção para os problemas sociais e a sua íntima ligação com os
problemas económicos da esfera produtiva. Porém existem muitas críticas em relação ao
papel de instituições financeiras na disseminação de uma cultura de inclusão e diminuição da
desigualdade social. Os principais críticos das microfinanças discutem a expansão da política
económica liberal para países excluídos do sistema financeiro internacional como uma forma
de dependência económica e não autonomia dos povos (ARAÚJO, 2012).
Alguns autores também discutem a questão da falta de uma definição clara sobre os
conceitos de exclusão social e pobreza que podem ser analisados de formas diferenciadas em
relação a aspectos socioculturais e também de difícil mensuração (ARAÚJO, 2012).
Desta forma, como saber as acções de pequenos empréstimos consegue estimular o
desenvolvimento económico e a inclusão social? Essa mensuração e a efectividade das acções
das IMFs passam a ser preocupação dos pesquisadores (ARAÚJO, 2012).
O MORDUCH (1999- 2000), já alertava para o fato de que a situação de ganha-ganha
que pode ser vista nas relações entre as instituições e os clientes de baixa renda pode não ser
uma mera cisma contra as microfinanças e que questiona a sustentabilidade das instituições.
As instituições devem buscar sua sustentabilidade operacional e realizar negócios que pelo
menos não sejam considerados como prejuízo.
Segundo FERNANDO (2006), através da análise de dois estudos de caso em
Bangladesh chega a conclusões que mostram evidências que contradizem os aspectos
positivos sobre o impacto do microcrédito. Os recursos não conseguem alcançar os mais
pobres, existe sim necessidade de colateral na contratação dos empréstimos, e estes
geralmente são garantidos pela intervenção de organizações não governamentais.
O controlo pelo grupo força as pessoas a perderam autonomia frente suas economias e
decisões sociais. Assim, as economias do indivíduo nesta situação passam a ser controlada
pelo domínio da comunidade, do governo local e das organizações não governamentais. A
liberdade e autonomia não são verdadeiramente atingidas.
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DWORKIN e BLANKENSHIP (2009), analisando a questão do empoderamento de
mulheres portadoras do vírus do HIV no continente africano e sua relação com o microcrédito
mostram que por mais que os microfinanciamentos possibilitem uma nova relação social com
a comunidade pela intervenção económica. Os limites de empréstimos e financiamentos são
muito limitados e restritos a uma pequena parcela de pessoas em situação de exclusão, não se
consegue medir claramente os impactos na comunidade em relação ao poder de
empoderamento relacionados a questões de género destes financiamentos.
BATEMAN (2010), se apresenta como um dos críticos do actual estado das
microfinanças no mundo. O autor argumenta que nem sempre as microfinanças promovem
actividade de geração de renda, empodera os pobres ou que sejam o que os pobres querem e
precisam.
As actividades de consumo de produtos básicos ou até mesmo educação não
promovem a geração de renda ou o aumento das economias de uma família directamente.
Pode ser que no longo prazo se verifique alguma mudança, mas sem uma forma de
mensuração clara e definida não se pode provar objectivamente estes fatos. Na verdade, o
autor considera muito dos aspectos ditos como positivos a respeito das microfinanças mitos
que não podem ser analisados sem a observação do panorama global de reestruturação do
capital global, já ressaltados anteriormente.
2.1.7 Importância do crédito para o Sector Agrário
O crédito no meio rural tem desencadeado diversas formas de desenvolvimento, fatos
verificados na organização social e económica com autonomia e sustentabilidade, o acesso ao
crédito de forma qualificada promove o crescimento da produção e diversificação das
unidades familiares, nos processos de agregação de valor, industrialização e comercialização,
na inclusão social de milhares de habitantes do meio rural e urbano (ZIGER, s/d).
De acordo com BESLEY (1998), a falta de crédito limita o acesso aos recursos
financeiros necessários para a compra de bens de capital, compra de fertilizantes e outros
insumos necessários para o aumento da produtividade no sector dado que, o uso de insumos
melhorados e a utilização de tecnologias melhoradas requerem a devida aquisição que só é
possível com base nos recursos financeiros.
É assim que o sector agrário necessita de instituições especiais de crédito, guiadas por
moldes diferentes dos que estão estabelecidos para outras instituições bancárias atendendo
que a produção agrária nos PVD's não só contribui para produção de alimentos como também
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tem sido o meio de acelerar o crescimento económico através da exportação dos excedentes,
facultando aos países moeda estrangeira (VALA, 2007).
2.2 Literatura empírica
A nível mundial o microcrédito nasceu há três décadas no Bangladesh pela mão do
Prof. Muhammad Yunus e na Europa deu os primeiros passos há duas décadas pela mão da
Maria Novak, fundadora e presidente da Association pour le Développement de l’Initiative
Economique (ADIE), em França. Em Portugal, a idéia e prática do Micro crédito nasceram há
uma década com a criação em Dezembro de 1998 da Associação Nacional de Direito ao
Crédito (ANDC) por um grupo de entusiastas da ideia, destacando-se aqui o papel do Jorge
Wemans e Joana Veloso, entre outros. Datas e referências são importantes para situar e
contextualizar este fenómeno inovador e até revolucionário no panorama socioeconómico
mundial mas também para separar as águas já que a palavra Micro crédito tem hoje
significados diferentes, consoante as pessoas, as regiões, as entidades ou até mesmo consoante
os interesses. Por isso, não existe consenso quanto ao que exactamente significa, mas na sua
génese consiste em pequenos empréstimos destinados a pessoas excluídas do sistema bancário
tradicional, por não possuírem garantias reais, com vista a montar um negócio e criar o seu
próprio emprego. (AHMED, 2009)
2.3 Literatura focalizada
A nível de Moçambique, nasceu a primeira instituição vocacionada para a
microfinança no ano de 2000, respondendo a um desafio do então presidente Joaquim
Chissano. A experiência foi bem sucedida devido maior número de actividades de
microcrédito do Millenium BCP em Portugal: mais de 5,8 milhões de dólares (4,8 milhões de
euros) de crédito concedido. É, hoje, a maior instituição de microfinanças a operar em
Moçambique, com 38% do volume de empréstimos concedidos neste segmento e 58% da
carteira de crédito (volume de crédito concedido) (COUTINHO 2007).
Em Moçambique, existem dez instituições financeiras no segmento da microfinança,
com cerca de 60 mil clientes. Tendo começado pelo microcrédito orientado, sobretudo para os
pequenos comerciantes dos mercados informais de Maputo, Beira, Nampula e Chimoio, a
microfinança evoluiu progressivamente para a prestação de serviços à imagem de um banco
comercial tradicional: contas correntes, depósitos de poupança, crédito à habitação, crédito ao
consumo, depósitos em moeda estrangeira (dólares), pagamentos de serviços e transferências
bancárias. Além dos comerciantes (45% da carteira de clientes), o Novo Banco está a orientar
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a sua actividade para o tecido de PME dos mais diversos sectores de actividade: materiais de
construção, panificação, confecções, mobiliário, cabeleireiros e cafés (COUTINHO 2007).
2.4 Benefícios dos clientes
Além dos benefícios institucionais nas microfinanças, há que se considerar também o
desempenho social. Conforme ARAÚJO (2012), estes seriam a efectiva tradução dos
objectivos sociais da instituição em prática, alinhados com valores sociais aceitáveis que
incluem servir um crescente número de pessoas pobres e socioeconomicamente excluídas,
ofertando serviços financeiros de qualidade e adequados, melhorando as condições
económicas e sociais dos clientes.
CACCIAMALI e COLABORADORES (2008), vão mais além, ao dizer que o
objectivo de ampliar o nível de vida material dos estratos mais pobres e de permitir atingir as
metas do Milénio propostas pela Assembleia da ONU em 2000 são metas importantes das
microfinanças. Ele considera que programas de microcrédito atingem e tem impacto positivo
sobre a vida material dos mais pobres, permite-lhes enfrentar melhor os riscos, tirar vantagem
de suas oportunidades de emprego e renda, reduzindo-lhes a sua vulnerabilidade diante das
incertezas promovidas pelo mercado.
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CAPÍTULO III: METODOLOGIA
3. Descrição da área de estudo
3.1 Localização
O Distrito de Vilankulo, fica situado a Norte da província de Inhambane, tendo como
limites a Norte com o distrito de Inhassoro, a Sul com o distrito de Massinga, a Oeste com os
distritos de Mabote e Funhalouro e a Este com o Oceano Índico. Com uma superfície1 de
5.867 km2 e uma população recenseada em 1997 de 113.045 habitantes e estimada à data de
1/1/2005 em cerca de 138.340 habitantes, o distrito de Vilankulo tem uma densidade
populacional de 23,6 hab/km2
(MÉTIER, 2005).
Figura: Mapa do distrito de Vilankulo.
Fonte: MÉTIER (2005).
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A relação de dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1.4, isto é,
por cada 10 crianças ou anciões existem 14 pessoas em idade activa. A população é jovem
(42%, abaixo dos 15 anos de idade), maioritariamente feminina (taxa de masculinidade de
44%) e de matriz rural (taxa de urbanização de 18%) (MÉTIER, 2005).
3.1.1 Clima e solos
O clima do distrito é dominado por zonas do tipo tropical seco, no interior, e húmido,
à medida que se caminha para a costa, com duas estações: a quente ou chuvosa que vai de
Outubro a Março e a fresca ou seca de Abril a Setembro.
A zona litoral, com solos acidentados e permeáveis, é favorável para a agricultura e
pecuária, apresentando temperaturas médias entre o 18º e 33º C. A precipitação média anual
na época das Chuvas (Outubro a Março) é de 1500 mm, com maior incidência nos meses de
Fevereiro e Março, em que chegam a ocorrer inundações.
A zona interior do distrito apresenta solos franco-arenosos e areno-argilosos e uma
precipitação média anual de 1000 a 1200 mm, com temperaturas elevadas, que provocam
deficiência de água (MAE, 2005).
3.1.2 Infra-estruturas
O Distrito de Vilankulos é servido por transportes rodoviários, marítimos, e aéreos,
sendo atravessado pela principal estrada do pais (EN1), que o liga a principais cidades do
país.
A infra-estrutura de telecomunicações inclui uma rede de telefonia fixa e
comunicações via rádio. O distrito acede ainda, em vastas aéreas, a rede de telefonia móvel
dos dois maiores operadores existentes.
A vila Vilankulo é servida por um sistema de abastecimento de água canalizada. No
resto do distrito o abastecimento de água potável a muitas comunidades é deficiente,
estimando-se em 34%, o seu nível de cobertura.
De acordo com os dados do senso de 1997, só a vila de Vilankulo beneficia de energia
eléctrica, que cobre cerca de 2% da população total do distrito.
O distrito possui 94 escolas (das quais, 56 de ensino primário nível 1), e esta servida
de 6 unidades sanitárias, incluindo um Hospital Rural que possibilitam o acesso progressivo
da população aos serviços de sistema nacional de saúde, apesar de um nível bastante
insuficiente como se conclui dos seguintes índices de cobertura.
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Uma unidade sanitária por casa 23 mil pessoas;
Uma cama por 1.225 habitantes; e
Um profissional técnico por cada 1.300 residentes no distrito.
Apesar dos esforços realizados, importa reter que o estado geral de conservação e
manutenção das infra-estruturas não é suficiente, sendo de realçar a rede de bombas de água a
necessidade de manutenção e a rede de estradas e pontes que na época de chuvas tem
problemas de transitabilidade (MAE, 2005).
3.1.3 Economia e Serviços
Dos 585 mil hectares do distrito, estima-se em 250 mil hectares o seu potencial de
terra arável (cerca de metade da área total) estando ocupados pelo sector familiar agrícola
cerca de 35 mil hectares, a pecuária ocupa cerca de 30 mil hectares, estando a restante parte
do distrito ocupada por florestas, exploração mineira ou zonas não aproveitadas (MÉTIER,
2005).
De modo geral a agricultura é praticada manualmente em pequenas explorações
familiares em regime de consociação de culturas com base em variedades locais,
nomeadamente o milho, o amendoim, o feijão-nhemba, a mapira a mexoeira, a mandioca, a
batata-doce, sendo o algodão a cultura de rendimento mais importante para a economia
agrícola do distrito.
A produção agrícola é feita em condições de sequeiro e o distrito de Vilankulo não
possui infra-estruturas de regadio disponíveis para a exploração agrícola. A falta de áreas de
pastagem, de fontes de água próximas, a inoperacionalidade dos tanques carracicidas e a falta
de recursos financeiros para aquisição de mais cabeças, são os principais obstáculos à criação
de gado.
A indústria local é muito pouco desenvolvida, sendo a actividade artesanal em vários
ofícios uma alternativa imediata à actividade agrícola, ou prolongamento da sua actividade e a
comercialização agrícola é fraca e, das 147 lojas existentes no distrito, só 117 estão
operacionais (MÉTIER, 2005).
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3.2 Recolha de dados
O estudo compreendeu duas fases: a componente de pesquisa bibliográfica e o
levantamento de dados de campo por meio da entrevista e questionário.
3.2.1 Pesquisa bibliográfica
Segundo LAKATOS & MARCONI (2003), a pesquisa bibliográfica, ou de fontes
secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo cuja
finalidade é colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que foi escrito, dito ou
filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham
sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.
Para MANZO (1971) apud LAKATOS & MARCONI (2003), a bibliografia pertinente
"oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também
explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente" e tem por
objectivo permitir ao cientista" o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou
manipulação de suas informações". Portanto a pesquisa foi conduzida com o objectivo de
obter cobertura de uma gama de fenómenos muito mais ampla do que aquela que poderia
pesquisar directamente sobre a participação das microfinanças na economia com vista a obter
assuntos que relacionam o papel das microfinanças no sector agrário.
3.2.2 Entrevista Estruturada
Segundo BONI e QUARESMA (2005) as entrevistas estruturadas são elaboradas
mediante questionário totalmente estruturado, ou seja, é aquela onde as perguntas são
previamente formuladas e tem se o cuidado de não fugir a elas. O motivo da padronização é
obter, dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas, permitindo que todas elas sejam
comparadas com o mesmo conjunto de perguntas, e que as diferenças devem reflectir
diferenças entre os respondentes e não diferenças nas perguntas (LODI, 1974 apud
LAKATOS & MARCONI, 2003).
Entretanto segundo GIL (2008), proporciona menores gastos com pessoal, posto que o
questionário não exige o treinamento dos pesquisadores, garante o anonimato das respostas,
não expõe os pesquisados à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado.
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Para o presente estudo usou-se a entrevista estruturada e o questionário com cerca de
30 questões, sendo a entrevista direccionada para o gerente da microfinança Gapi, e o
questionário dirigido a nove (09) clientes da Gapi com o intuito de captar toda informação
pertinente para o alcance dos objectivos do estudo.
3.3 Análise de dados
Depois da recolha dos dados no campo foram introduzidos na planilha electrónica
Microsoft Office Excel, que facilitou na representação das informações em forma de gráficos
e tabelas.
Para a análise do trabalho usou-se o método quantitativo, segundo MARCONI e
LAKATOS (1996), consiste no uso de análise estatística, visto que, fundamenta-se na
aplicação de teorias estatísticas de probabilidades e constitui importante auxílio para a
investigação das ciências sociais, por tanto, para o presente trabalho foi aplicado para medir o
nível de financiamento do crédito aos mutuários da Gapi e o nível do rendimento durante o
desenvolvimento das suas actividades.
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CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO
4. Breve descrição da GAPI
Gapi limitada foi criada em 1990 tendo sido em 1999 oficial e legalmente registada
como uma sociedade por acções: Gapi SARL. Em 2007 Gapi foi licenciada pelo Banco
Central como uma sociedade de investimentos. O seu capital próprio é detido por quatro
accionistas principais: O Ministério das Finanças, a CVM - Internacional Red Cross, a FDC e
GAPIGEST. O seu objectivo é fomentar o desenvolvimento económico através do apoio a
PMEs e o fortalecimento de instituições de micro finanças. Para além de ser uma pequena
sociedade de investimentos, a Gapi é uma associação pública/privada operando como
instituição nacional de desenvolvimento financeiro em Moçambique cujas actividades
incluem a promoção da pesca, turismo, actividade rural e agrícola através de assistência
financeira a PMEs e associações de pequenos agricultores.
A Gapi disponibiliza uma carteira de crédito aos seus clientes, onde a finalidade
destacada na aplicação por parte dos clientes é em actividades de rendimento. A falta de
documentos legalizados dos bens é o que dificulta os clientes para obtenção do financiamento,
embora outros legalizem os seus documentos após de submeterem o pedido de empréstimo,
entretanto os documentos levam muito tempo para sua legalização.
4.1 Processamento de Pedidos/Documentos requeridos:
Plano de negócios, histórico de actividade, e planos para o futuro;
O objectivo do crédito, qual o montante necessário, e o prazo desejado;
Experiência profissional do requerente, histórico de crédito, garantias e capacidade para
reembolsar o empréstimo;
Uma declaração anual actualizada de resultados;
Balancete actual da actividade;
Números de contas bancárias;
Números da Segurança Social;
Todos os registos relacionados com dívidas actuais, incluindo empréstimos bancários.
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4.2 Descrição dos serviços, produtos e o papel da Gapi
O sistema Microfinanceiro do distrito de Vilankulo é bastante pequeno e está virado
para o microcrédito. Há uma necessidade da expansão destes serviços nas zonas rurais do
distrito, visto que a maioria das IMF’s encontram-se localizadas na vila de Vilankulo, onde os
clientes dirigem-se constantemente para efectuar as suas transacções.
Deste modo a Gapi tem fornecido os seguintes serviços e produtos:
a) Serviços prestados
Produtos financeiros;
Serviços de desenvolvimento comercial;
Serviços de desenvolvimento institucional.
Os serviços de desenvolvimento comercial visam apoiar o cliente no momento de
comercialização dos seus produtos, sendo feito um acompanhamento para que o mesmo possa
expor os seus produtos e que obtenha benefícios financeiros com o processo.
Os serviços de desenvolvimento institucional, consistem na monitoria que é feita aos
clientes na elaboração dos seus planos de actividade, ajudando-os com as metodologias que
devem ser aplicadas para alcançarem os seus objectivos e ou metas.
b) Produtos financeiros
Empréstimos;
Garantias;
Participação e quasi-participação no capital social; e
Assistência técnica.
A Gapi tem concedido empréstimos em função das garantias do proponente, e que pode
ser o período de 1 ano, que por sua vês trata-se de crédito para capital circulante, que é o
pequeno valor e curto prazo destinado a compra de mercadorias para a revenda (no caso de
microcomerciantes) e de matéria-prima ou insumos nos outros sectores. De 5 a 7 anos para
outros investimentos, com um prazo de diferimento do capital em 6 meses. O empréstimo é
pago no final do mês ou do período de vencimento dependendo do volume ou da finalidade
do crédito, mediante o pagamento de 10% ou 20% do valor emprestado.
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As garantias são definidas de livre convenção entre o financiado e o financiador, que
devem ajusta-las de acordo com a natureza e o prazo do crédito, sobre a vinculação de bens
tangíveis do cliente, como: veículos, imóveis, máquinas, equipamentos e mercadorias.
De acordo com Santos (2003), as garantias tem o objectivo de evitar que factores
imprevisíveis não permitam a liquidação da dívida, definidas sobre da vinculação de um bem
ou de uma responsabilidade conversível em numerário.
Mediante a apresentação do pedido do proponente aos serviços da Gapi, esta tem
participado bem como quasi-participação no capital social do proponente fornecendo o capital
financeiro necessário para realização das actividades. A assistência técnica é feita em virtude
de um acompanhamento ao utente da instituição sobretudo aos clientes pré-estabelecidos no
mercado para que possam prosseguir com o seu negócio sem sobressaltos.
Os serviços e produtos financeiros prestados pela Gapi – Vilankulos, entram em
concordância com o citado pelo autor NICHTER (2002), ao afirmar que o microcrédito pode
assumir diversas formas, de acordo com a finalidade para a qual é empregado, onde os
empréstimos dos clientes da GAPI encaixam-se no Credito para capital circulante, que
segundo este autor trata-se de um empréstimo de pequeno valor e curto prazo, destinado a
compra de mercadorias para a revenda (no caso de microcomerciantes) e de matéria-prima e
insumos, no caso de outros sectores.
c) Papel da microfinança Gapi
No distrito de Vilankulo o programa da microfinança desempenhou um papel crucial na
minimização dos efeitos perversos resultantes dos desequilíbrios no acesso os serviços
financeiros básicos pelos pequenos empresários formais e pelos micros empreendedores
informais. Adicionalmente, a actividade microfinanceira neste distrito possibilitou, o aumento
das actividades produtivas e comerciais para desenvolvimento.
Esse efeito positivo da Gapi-Vilankulo, encaixa-se no conceito do autor LEDGERWOD
(1999), descrevendo que a microfinança é uma abordagem de desenvolvimento económico
projectada para beneficiar pessoas de baixa renda e recorre à provisão de serviços financeiros
que podem incluir crédito, poupanças, seguro e serviços de pagamento.
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A Gapi tem também interesse na integração social da população de baixo rendimento, através
do desenvolvimento de actividades que facilitam as relações entre os diversos segmentos do
distrito de Vilankulo e mutuários da instituição, nas seguintes vertentes:
Orientação para o mercado: ou seja, todo o financiamento do intuito deve estar
orientado para a satisfazer das necessidades dos clientes através da oferta de serviços de
qualidade que vão o encontro das expectativas dos clientes. Isto pressupõe, deste logo, o
conhecimento do meio que envolve a empresa, tipos de clientes a atingir, suas
características principais, produtos e serviços que demandam, finalidade de aplicação de
fundos investimentos não deve exterizar apenas as sua vocação lucrativa, mas acima de
tudo que esta cumulada com o objectivo de contribuir, através de suas actividades para a
integração dos clientes na dinâmica da economia distrital; e
Sustentabilidade: consiste em gerar proveitos operacionais a partir dos custos
suportados, ou seja, os proveitos resultantes da actividade de exploração da empresa,
devem ser capazes de cobrir as diminuições as situações líquidas do programa incorridas
para esses proveitos, incluindo os custos não desembolsáveis (amortizações e previsões) e
ajustamentos para a inflação assim como os subsídios a partir dos seus rendimentos.
4.3 Modalidades de concessão de crédito adoptadas pela Gapi
A Gapi concede crédito para propósitos de investimentos ou produção para curto, médio e
longo prazo. Quanta concessão de crédito, a Gapi adoptou as seguintes metodologias de
concessão de crédito:
a) Individuais
Tem que ter um negócio viável, rentável, fixo, bem localizado e de fácil acesso; Os
pagamentos são mensais; No processo de penhor deve-se considerar o maior número
possível de bens físicos; Deve ter cópia de B.I; Plano de negócio; Licença
simplificada ou do registo do projecto; Declaração do bairro; Estrato de conta de três
meses; Pagamentos mensais entre 2 a 12 prestações e Título de propriedade de imóvel
(casa).
b) Entidades jurídicas
Ter um plano de negócio; Acta de decisão de concessão de crédito, Documentos do registo
da respectiva empresa.
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As garantias que devem ser pagas e ou representadas a Gapi são cobradas em função do
valor emprestado sendo que quando o crédito requisitado for menor a cobrança de garantias
também o é. A taxa de juro cobrada na concessão do crédito vária de 19% a 21%, esta, é
ponderada a partir das garantias de tal modo que se o cliente apresenta melhores garantias, é
cobrada uma taxa de juro reduzida.
A zona rural è a área prioritária de actuação da Gapi, uma vez que o grupo alvo existente
(associações de camponeses, pequenos agricultores comerciais e individuais) não reúne as
condições requisitadas para o acesso ao crédito nos bancos comerciais, onde a instituição cria e
implementa metodologias apropriadas a zona, sendo a mais usada a de grupos solidários. O facto
é justificado por os grupos solidários apresentarem uma estrutura simples, se organizam para
atender as demandas mais imediatas dos trabalhadores e desempenham um importante papel
estimulador da produção colectiva. O grupo constrói uma identidade própria e pode evoluir, ou
não, para uma cooperativa.
O incumprimento do contrato, ou seja, o não pagamento das letras por parte de alguns
clientes estagna a carteira da Gapi, bem como a torna negativa, facto que representa um maior
problema na execução da sua actividade.
Gráfico – 01: Evolução dos Clientes da Gapi de 2009 à 2013
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados colhidos (2015)
Conforme o gráfico 1, em 2009 a microfinança Gapi teve cerca de 2 clientes, onde em
2010 aumentou para 3, em 2011, 2012 e 2013 a Gapi teve um aumento de 4, 6, e 9 clientes
respectivamente, tendo a Gapi uma taxa de crescimento dos clientes de 2009 á 2013 na ordem
de 35%.
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4.4 Contributo dos serviços e produtos da Gapi para o desenvolvimento do sector
agrário no distrito de Vilankulo
A Gapi tem-se demonstrado como uma importante instituição de intermediação
financeira para desenvolvimento do sector agrário no distrito de Vilankulo, ao permitir que as
populações possam ter acesso aos seus serviços e produtos para a criação de actividades ou
empreendimentos geradoras de emprego e de rendimento.
Pese embora as dificuldades enfrentadas pelo sector agrário associadas aos
constrangimentos no acesso a fontes de financiamento, incluindo exigências de garantias ou
níveis de comparticipação elevados, e problemas de ligação entre o sistema financeiro
doméstico e o sector agrário em obter financiamento para impulsionar o seu desenvolvimento,
a Gapi tem financiado as camadas da população que actuam neste sector do distrito de
Vilankulo nas actividades de agricultura e pecuária.
A instituição aposta no financiamento destes com o objectivo de contribuir para a
segurança alimentar e nutricional e a renda dos produtores agrários de maneira competitiva e
sustentável, onde deverá guiar as directrizes e programas de todos os actores de
desenvolvimento do sector agrário.
A Gapi conta com uma forte coordenação intersectorial (agricultura e ONG’s) para se
alcançar estes objectivos, com vista a assegurar também a prestação de serviços básicos em
todo o distrito, bem como de serviços especializados e orientados para o desenvolvimento de
cadeias de valor, em particular nas zonas de maior potencial agrário e comercial.
Os serviços e produtos fornecidos pela Gapi apresentam um impacto positivo, visto que,
aos mutuários do crédito houve expansão dos seus negócios, o que impulsionou maior
rendimento nas actividades produtivas e com tendência crescente de ano para ano no
desenvolvimento do sector agrário bem como no nível de vida da população do distrito, tal
constatação baseia-se de sinais exteriores agrupados nos seguintes indicadores, como:
Impacto das microfinanças para Desenvolvimento do Sector Agrário no Distrito de Vilankulo no período de
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a) Indicador económico
Expansão dos negócios de produtos agrários.
O gráfico a baixo demonstra a expansão dos negócios dos clientes da Gapi antes e
depois do empréstimo.
Gráfico – 02: Expansão dos negócios de produtos agrários
Fonte: Elaborado pela autora (2015)
O gráfico 02 mostra as tendências de crescimento no investimento de negócios dos
produtos agrários nos clientes apôs o financiamento ao longo das actividades desenvolvidas
pelos mutuários, sendo que, dos noves (09) clientes: o cliente H teve maior financiamento no
valor de 800.000Mt, seguido dos clientes E e G com um valor de 500.000Mt, visto que, os
que tiveram baixo financiamento foram o cliente F com valor de 170.000Mt, seguido com o C
num valor de 200.000Mt.
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Aumento do rendimento dos clientes e níveis de emprego
Tabela – 01: Rendimentos semestrais das famílias apôs o financiamento
Clientes Rendimento apôs o crédito (Mt)
A 22.000
B 22.000
C 50.000
D 56.000
E 35.000
F 53.000
G 50.000
H 90.000
I 33.000
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Os dados da tabela 01, mostram as tendências de rendimentos a nível dos credores,
sendo que, verifica-se maior rendimento no cliente H comparativamente aos outros num valor
de 90.000Mt, seguido do cliente D que teve um valor de 56.000Mt e cliente F com um
rendimento total de 53.000Mt, e que por sua vês os clientes que tiveram menor rendimento
foram: o A e B com 22.000Mt.
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Tabela – 02: Taxa de crescimento do rendimento dos credores apôs o empréstimo
financeiro
Clientes Rendimento Antes de
Credito (Mt)
Rendimento Depois do
Credito (Mt)
Taxa de
Crescimento (%)
A 17.000 22.000 29.41%
B 13.000 22.000 69.23%
C 33.000 50.000 51.52%
D 31.000 56.000 80.65%
E 20.000 35.000 75%
F 28.000 53.000 89.29%
G 30.000 50.000 66.67%
H 52.000 90.000 73.08%
I 26.000 33.000 26.92%
Média 62.42%
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
De acordo com a tabela 02, os dados mostram as tendências de crescimento antes e
depois do financiamento nos clientes do Gapi, sendo que, o cliente F antes do empréstimo
financeiro tinha um rendimento de 28.000Mt e depois do empréstimo financeiro passou a ter
uma margem de crescimento em 89.29% no seu rendimento, sendo o cliente com mais taxa de
crescimento a nível dos noves (09) credores do Gapi na área da actividade agrária, seguido do
cliente D com 80.65% de crescimento no seu rendimento, visto que o cliente I e que apresenta
menor numero de crescimento no seu rendimento num valor de 26.92%.
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O gráfico a baixo mostra o nível de emprego gerado na economia informal pelos clientes da
Gapi pela prática das actividades agropecuárias.
Gráfico – 03: Nível de emprego gerado na económica informal
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
O gráfico 03, mostra a criação de emprego pelos clientes da Gapi antes e depois do
empréstimo, onde, o cliente H gerou o maior posto de emprego em cerca de 5 trabalhadores,
seguida dos clientes E e G que criaram 4 postos de emprego e por fim os clientes B, D e F que
criaram cerca de 3 postos de emprego após o empréstimo e por o cliente A e C criaram 2
postos de emprego.
A redução de importações de alguns produtos alimentares como: tomate, cenoura,
pimento, frango e carne suína.
O aumento da disponibilidade de alimentos para a população urbana e
Acumulação agregada de riqueza por parte das famílias e comunidades.
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b) Indicador sócio-cultural
O crescimento do negócio permitiu um movimento colectivo na transformação do
sector informal para o formal;
Mudança dos hábitos alimentares e de consumo a nível dos consumidores locais;
Maior acesso aos serviços de saúde e ao uso de energia eléctrica a nível local;
Construções de infra-estruturas para venda de mercadorias e de outros bens de serviços a
nível local e
A redistribuição do poder a nível das famílias (exemplo o poder de decisão económica
na parte das mulheres).
Aspectos positivos da provisão de serviços às mulheres
Contribuiu no fortalecimento do seu papel de responsável na educação, cuidados de saúde
e nutrição dos restantes membros do agregado familiar;
Promoveu a autoconfiança e reforçou o seu papel de recursos financeiros no bem-estar
familiar e
Permitiu despertar a consciência de membros activos da sociedade e do lar na promoção
do emprego e do crescimento económico.
O sector agrário também permite uma dieta adequada em termos de qualidade, baseada
em alimentos de alto valor nutritivo.
Os serviços e produtos financiados pela Gapi ao sector agrário aceleram a produção de
produtos alimentares básicos produzindo efeitos secundários e terciários na economia global,
contribuindo no aumento do rendimento nacional, no emprego, em particular no meio rural, o
desenvolvimento da agro-indústria, a redução de importações de produtos alimentares e o
aumento da disponibilidade de alimentos na população urbana.
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CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5. Conclusão
Após a execução do trabalho de pesquisa, concluiu-se que:
Durante o período em análise, os serviços prestados aos clientes pela Gapi foram:
produtos financeiros; serviços de desenvolvimento comercial e serviços de desenvolvimento
institucional.
Os produtos financeiros fornecidos pela Gapi foram, empréstimos, garantias,
participação, capital social, e assistência técnica.
Durante o período em estudo, a Gapi desempenhou um papel crucial na minimização
dos efeitos perversos resultantes dos desequilíbrios no acesso aos serviços financeiros básicos
pelos pequenos empresários formais e pelos micros empreendedores informais, actividade
microfinanceira neste distrito possibilitou por um lado, o exercício das actividades produtivas
e comerciais utilizado como um completo adicional no desenvolvimento local.
Os serviços e produtos da Gapi neste intervalo de tempo deram o seu contributo no
desenvolvimento do sector agrário no distrito, visto que, houve expansão dos negócios nos
produtos agrários por parte dos mutuários, criando assim cerca de 29 postos de emprego
informal a nível local, os clientes da Gapi pela prática das suas actividades tiveram um
rendimento médio em cerca de 36.722,22Mt.
Quanto as modalidades de concessão de crédito, a Gapi concedem crédito aos
individuais e entidades jurídicas. Os individuais deve ter um negócio viável, rentável,
fixo, bem localizado e de fácil acesso, os pagamentos são mensais, no processo de penhor
deve-se considerar o maior número possível de bens físicos, deve ter cópia de B.I, plano
de negócio, licença simplificada ou do registo do projecto, declaração do bairro. E para
as entidades jurídicas devem ter um plano de negócio, acta de decisão de concessão de crédito,
documentos do registo da respectiva empresa.
Os dados mostram que, com a entrada de crédito fornecido pela Gapi, permitiu muitas
oportunidades a nível do distrito, sendo que, houve um crescimento de negócios o que
permitiu um movimento colectivo no sector informal para formal, houve também mudanças
nos hábitos de consumo a nível dos produtos alimentares, permitiu maior acesso aos serviços
de saúde e ao uso de energia eléctrica a nível dos mutuários, construções de infra-estruturas
na venda de mercadorias e de outros produtos, redistribuição do poder a nível das famílias,
contribuiu também no fortalecimento do seu papel de responsável na educação, cuidados de
saúde e nutrição dos restantes membros do agregado familiar, promoveu a autoconfiança e
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reforça o seu papel de recursos financeiros no bem-estar familiar, permitiu despertar a
consciência de membros activos da sociedade e do lar na promoção do emprego e do
crescimento económico.
Os resultados do estudo mostram que: a microfinança Gapi ao longo do período em
análise contribuiu para o desenvolvimento do sector agrário a nível do distrito.
5.1 Recomendações
a) Gapi:
Que possa rever os critérios de concessão de crédito para os clientes de baixa renda
principalmente na zona rural onde existe falta de garantias.
Que dão mais tempo e que reduzam as taxas de pagamento aos mutuários.
Maior divulgação dos instrumentos normativos que envolvem o crédito e o processo de
descentralização e acompanhamento dos grupos de mutuários em simultâneo.
Capacitação dos mutuários em matéria de gestão financeira para melhorar o nível de
reembolso.
b) Clientes:
Aos clientes que façam um bom estudo do mercado antes de expandirem os seus negócios
nos empréstimos efectuados, na perspectiva de expansão dos seus negócios ou produção
com vista a arrecadar mais receitas, o que aumentará o padrão de vida da sociedade no
geral.
Pagar as letras de forma a não inviabilizarem as actividades da Gapi, e manterem uma boa
imagem na instituição.
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i
Apêndice – 01: Guião de Entrevista dirigido á Gapi
1. Quantos clientes a GAPI têm distribuído pelo distrito de Vilankulo?
2. A maior percentagem de crédito destina-se: ( ) Bens de consumo ( ) Investimento em uma
actividade de rendimento ( ) Outras finalidades
3. O que acha que tem sido a maior dificuldade dos clientes para o acesso ao financiamento? …...
4. Acha que a taxa de juro influencia na procura do financiamento? ( ) Sim, ( ) Não
5. Existem alguns empreendimentos com maior impacto directo no sector agrário, que surgiram
ou cresceram com base no financiamento da Gapi? Se existem, quais são? ……………………….
6. Quais as maiores dificuldades enfrentadas pela instituição? …………………………………….
Apêndice – 02: Guião de Questionário dirigido aos mutuários
I. Identificação do entrevistado.
1. Local de residência: Central, ( ) Desse ( ) 5º Congresso, ( ) 7 de Setembro, ( ) Mahaque ( )
Aeroporto ( ) Outro.
2. Local onde desenvolve a actividade: ( ) Central, ( ) Desse ( ), 5º Congresso ( ) 7 de Setembro, (
) Mahaque ( ) Aeroporto ( ) Outro.
3. Sexo: ( ) Masculino, ( ) feminino.
4. Idade: ( ) 18-23, ( ) 24-29, ( ) 30 – 35, ( ) 35- 40, ( ) 40- 45, ( ) acima de 45.
5. Estado civil: ( ) solteiro, ( ) casado, ( ) viúvo, ( ) divorciado.
6. Grau de Escolaridade: ( ) Analfabeto, ( ) ensino médio, ( ) ensino primário, ( ) ensino superior
( ) ensino secundário.
ii
II. Dados económicos sociais o entrevistado.
1. Número do agregado familiar: ( ) até 3, ( ) 4-6, ( ) 7-10 ( ) mais de 10.
2. Tipo de habitação em que vive: ( ) construída com material precário ( ) construída com
material convencional.
3. Relação com a habitação: ( ) proprietário ( ) arrendada ( ) outra situação.
4.Quantos membros do agregado familiar exercem uma actividade remunerável? ( ) nenhum ( )
até 2 membros, ( ) 3-4, ( ) 4-6, ( ) mais de 6.
5. Actividade remunerada que desenvolvia antes do acesso ao financiamento; ( ) Nenhuma
( ) Empregado (a) ( ) doméstico(a) ( )Auto Emprego ( ) Trabalhava por conta de outrém
6. Se era por conta própria como financiou a sua actividade? ( ) xitiqu, ( ) agiotas, ( ) familiares e
amigo ( ) Outros.
7. Qual era o rendimento mensal que obtinha? ( ) até 600,00MT ( ) 600-1200,00MT ( ) 1200-
1800,00MT ( )1800,00-2.400,00 MT ( ) 2.400,00-3.000,00MT ( ) mais de 3.000,00MT.
8. Esse rendimento, cobria as despesas básicas? (alimentação, vestes, saúde, educação e
habitação)? ( ) Sim, ( ) Não.
III. Relação com a Gapi.
1. Há quanto tempo é cliente da Gapi? ( ) Menos de 3 anos, ( ) 3 a 6 anos, ( ) 3 a 6 anos, ( ) mais
de 9 anos.
2. Quando obteve o financiamento pela primeira vez? ( )2006, ( ) 2007, ( ) 2008, ( ) 2009, ( )
2010 ( ) 2011, ( ) 2012, ( ) 2013, ( ) 2014.
3. Qual foi o montante que lhe foi concedido na primeira operação? ( ) 5.000,00 até 10.000,00MT
( ) 10.000,00 até 15.000,00 MT ( ) 15.000,00 até 20.000,00MT ( ) 20.000,00 até 30.000,00 MT
( ) mais de 30.000,00 MT.
4. O financiamento destinava-se à: ( ) Actividade agrícola, ( ) actividade pesqueira, ( ) comércio e
serviços, ( ) compra de bens de consumo, ( ) construção ou reabilitação de imóvel, ( ) outra
actividade.
5. Conseguiu expandir as suas actividades com base no financiamento? ( ) sim
( ) não
iii
6. Se o financiamento destinava-se a uma actividade de rendimento, há quanto tempo desenvolve
a actividade? ( ) menos de 3 anos, ( ) 3-6 anos, ( ) 6-9 anos, ( ) mais de 9 anos.
7. Acha que o seu rendimento e o nível de vida melhoraram após o financiamento obtido? ( ) Sim
( ) não
8. Qual é o seu rendimento mensal actual com a actividade que desenvolve? ( ) até 600,00MT
( ) 600-1200,00MT, ( ) 1200-1800,00MT, ( ) 1800,00-2.400,00 MT ( ) 2.400,00-3.000,00MT ( )
mais de 3.000,00MT.
9. Quantos postos de emprego directo gerou a sua actividade até Dezembro de 2014? ( ) menos
de 3, ( ) 3-6, ( ) 6-9, ( ) mais de 9.
10. Qual o salário médio mensal que paga aos seus empregados? ( ) Até 1.000,00 MT, ( ) 1.000-
2.000.00MT, ( ) 2.000-3.000.00MT, ( ) mais de 3.000,00 MT.
11. Quantas vezes já se beneficiaram do financiamento? ( ) uma, ( ) duas, ( ) três, ( ) mais de três.
12. Qual a maior dificuldade para ter acesso ao financiamento? ( ) Nenhuma dificuldade, ( ) Falta
de garantias, ( ) valor financiado abaixo do pretendido, ( ) a sua actividade não era elegível, ( )
Taxa de Juro, ( ) Prazo e modalidade de pagamento.
13. Beneficiou de alguma formação ou treinamento e acompanhamento após o financiamento? ( )
Nenhuma, ( ) Formação ou treinamento, ( ) acompanhamento.
14. Reembolsa regularmente o financiamento? ( ) Sim, ( ) Não.
15. Qual a garantia oferecida pela GAPI para conseguir o financiamento? ( ) Nenhuma, ( )
avalista, ( ) bens ( ) descontos mensais no salário ( ) Outras……………………..……………….
26. Qual a melhoria que acha que deve ser introduzida? ( ) Redução da taxa de juro ( ) Aumento
dos prazos do reembolso, ( ) redução de exigências para o acesso ao financiamento
( ) Nenhuma.
iv
Apêndice - 03. Clientes que beneficiaram dos serviços e produtos da Gapi
Clientes Percentagem de Clientes
Serviço
Produto financeiro 9 100.00
Serviço de desenvolvimento comercial 3 33.33
Serviço de desenvolvimento institucional 0 0
Produto 0
Empréstimo 9 100
Garantias 2 22.22
Participação e quasi participação no capital
social
0 0
Assistência técnica 9 100
Total 9
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados fornecidos pelos clientes da Gapi (2015).
Apêndice - 04: Investimentos dos clientes depois do empréstimo a GAPI
Clientes / Investimento Depois de Financiamento (Mt)
A 200.000
B 350.000
C 200.000
D 250.000
E 500.000
F 170.000
G 500.000
H 800.000
I 300.000
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados fornecidos pelos clientes da Gapi (2015).
v
Apêndice – 05: Níveis de emprego cridos pelos clientes da GAPI com o empréstimo
financeiro
Clientes/ Trabalhadores Antes Depois
A 1 2
B 2 3
C 2 2
D 2 3
E 2 4
F 1 3
G 2 4
H 2 5
I 2 3
Total 16 29
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados fornecidos pelos clientes da Gapi (2015).
Apêndice - 06: Evolução dos Clientes da Gapi, de 2009 à 2013
Ano Número de Clientes
2009 2
2010 3
2011 4
2012 6
2013 9
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados fornecidos pelos clientes da Gapi (2015).
Apêndice - 07: Divisão dos clientes por sexo
Sexo Clientes Percentagem
Masculino 7 77.78
Feminino 2 22.22
n = 9
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados fornecidos pelos clientes da Gapi (2015).
vi
Apêndice – 08: Idade dos Clientes
Idade Clientes Percentagem
18 -23 - -
24 – 29 - -
30 – 35 - -
35 – 40 3 33.33
40 – 45 4 44.44
Mais de 45 2 22.22
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados fornecidos pelos clientes da Gapi (2015).
Apêndice - 09: Nível de escolaridade dos clientes
Clientes Frequência Percentagem
Primário 3 33.33
Básico 4 44.44
Médio 2 22.22
Superior - -
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados fornecidos pelos clientes da Gapi (2015).
Apêndice – 11: Nomes dos clientes da Gapi-Vilankulo
A – Maria Frizalda
B – Judite Hilário
C – Paulo João Nhampossa
D – António Nhalapa
E – Abrantes Cástigo Nhanombe
F – Dínis Alexandre Maziwe
G – Samuel Vilanculos
H – Manuel Húo
I – Fernando Cossa.