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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURS CURSO DE DIREITO LICITAÇÃO PÚBLICA: Considerações gerais, modalidades de licitação e Lei 10.520/2002 – modalidade pregão GUSTAVO ALEXANDRE MIRANDA Itajaí (SC), 23 de novembro de 2009

LICITAÇÃO PÚBLICA: Considerações gerais, modalidades de licitação …siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Alexandre Miranda.pdf · UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALICENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURSCURSO DE DIREITO

LICITAÇÃO PÚBLICA:Considerações gerais, modalidades de licitação e

Lei 10.520/2002 – modalidade pregão

GUSTAVO ALEXANDRE MIRANDA

Itajaí (SC), 23 de novembro de 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALICENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURS

CURSO DE DIREITO

LICITAÇÃO PÚBLICA:Considerações gerais, modalidades de licitação e

Lei 10.520/2002 – modalidade pregão

GUSTAVO ALEXANDRE MIRANDA

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. MSc. Natan Ben - Hur Braga

Itajaí (SC), 23 de novembro de 2009

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus divino e misericordioso, o qual é

símbolo de amor e perseverança. Ao professor

orientador deste estudo Natan Ben Hur Braga, por

sua dedicação, paciência e atenção, fatores

imprescindíveis para a realização do presente

trabalho. Aos meus pais pela dedicação e

incentivo nos momentos de maior dificuldade. Às

minhas avós, Olga e Maria das Dores pelos

conselhos, primordiais nos momentos de

dificuldades. Finalmente, e não por ser menos

importante – muito pelo contrário – agradeço a

todos meus amigos de trabalho que de uma forma

significante sempre me motivaram para a

efetivação deste trabalho.

x

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as pessoas que empreenderam esforços, colaborando para que esta meta viesse a ser concluída:

Meu Pai, João Arno Miranda,

Minha Mãe, Vanda Maria Miranda,

Meu irmão, Ricardo Alexandre Miranda,

Minha avó, Olga Vitorino Miranda,

Minha avó, Maria das Dores Leal Nunes e,

Minha tia, Elizete Miranda.

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“A coisa mais indispensável a um homem é

reconhecer o uso que deve fazer do seu

próprio conhecimento”.

Platão

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC), 23 de novembro de 2009.

Gustavo Alexandre MirandaGraduando

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Gustavo Alexandre Miranda, sob o

título Licitação Pública: Considerações Gerais, Modalidades de Licitação e Lei n.

10.520/2002 – Modalidade Pregão, foi submetida em 23 de novembro de 2009 à

banca examinadora composta pelos seguintes professores: Msc. Natan Ben Hur

Braga (Orientador), Dr. Diego Richard Ronconi e aprovada com a nota ______.

Itajaí (SC), 23 de novembro de 2009.

Prof. Msc. Natan Ben Hur BragaOrientador e Presidente da Banca

Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica

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ROL DE ABREVIATURAS OU DE SIGLAS

Art. artigoCC Código Civil de 2002CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988LC Lei ComplementarSC Estado de Santa CatarinaSTF Supremo Tribunal FederalSTJ Superior Tribunal de JustiçaTCU Tribunal de Contas da UniãoTJRN Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do NorteTJRS Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do SulTJSC Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarinav. Volume

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................xix

INTRODUÇÃO..........................................................................................................1

Capítulo ILICITAÇÕES PÚBLICAS: considerações gerais

1.1 LICITAÇÃO PÚBLICA .................................................................................31.1.1 Conceito....................................................................................................3

1.1.2 Objeto........................................................................................................5

1.1.3 Finalidade..................................................................................................6

1.1.4 Entidades obrigadas a licitar..................................................................61.2 PRINCÍPIOS..................................................................................................7

1.2.1 Princípio do procedimento formal.........................................................71.2.2 Princípio da publicidade..........................................................................9

1.2.3 Princípio da legalidade..........................................................................11

1.2.4 Princípio da vinculação ao instrumento de convocação..................14

1.2.5 Princípio da igualdade ..........................................................................17

1.2.6 Princípio do julgamento objetivo ........................................................20

1.2.7 Princípio da competividade .................................................................21

1.2.8 Princípio da probidade administrativa ................................................23

Capítulo IIMODALIDADES DE LICITAÇÃO

2.1 CONCORRÊNCIA.......................................................................................25

2.1.1 Conceito..................................................................................................25

2.1.2 Requisitos...............................................................................................26

2.1.3 Publicação..............................................................................................27

2.1.4 Tipos de Concorrência..........................................................................29

2.1.4.1 Menor preço, melhor técnica e técnica e preço...............................29

2.1.4.2 Concorrência Internacional ..............................................................30

xvi

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2.1.5 Julgamento ............................................................................................31

2.2 TOMADA DE PREÇOS .............................................................................34

2.2.1 Conceito .................................................................................................34

2.2.2 Publicidade ............................................................................................34

2.2.3 Cadastro .................................................................................................35

2.2.4 Julgamento ............................................................................................37

2.3 CARTA CONVITE ......................................................................................38

2.3.1 Conceito .................................................................................................38

2.3.2 Requisitos ..............................................................................................39

2.3.3 Publicação .............................................................................................39

2.3.4 Revezamento dos Fornecedores .........................................................40

2.4 LEILÃO ......................................................................................................40

2.5 CONCURSO ..............................................................................................42

2.6 DISPENSA .................................................................................................43

2.6.1 Conceito .................................................................................................43

2.6.2 Licitação Dispensada ...........................................................................44

2.6.3 Licitação Dispensável ...........................................................................45

2.7 INEXIGIBILIDADE .....................................................................................48

2.7.1 Conceito .................................................................................................48

2.7.2 Produtor ou vendedor exclusivo .........................................................48

2.7.3 Serviços técnicos profissionais especializados ...............................49

2.7.4 Serviços de publicidade .......................................................................50

2.7.5 Contratação de artistas ........................................................................51

Capítulo IIILEI Nº 10.520/2002: a modalidade pregão

3.1 Conceito de Pregão..................................................................................53

3.2 Legalidade da Modalidade Pregão..........................................................57

3.3 Objetos do Pregão....................................................................................58

3.4 FASES DA LICITAÇÃO.............................................................................60

3.4.1 Fase Interna ...........................................................................................60

3.4.2 Fase preparatória ..................................................................................61

xvii

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3.4.3 Autoridade Competente .......................................................................64

3.5 FASE EXTERNA.........................................................................................65

3.5.1 Edital .......................................................................................................65

3.5.2 Sessão ....................................................................................................67

3.6 UTILIZAÇÃO DO PREGÃO POR MEIO ELETRÔNICO ..........................70

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................73

REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS.......................................................77

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RESUMO

O presente trabalho possui como objeto principal o estudo

da Licitação Pública na modalidade pregão. Para tanto, a pesquisa tratou não

apenas de definir o que é Licitação Pública, mas, principalmente, dos princípios

norteadores da atividade do ente público, mormente durante o certame.

Necessário se fez o estudo mais detalhado da Licitação

Pública, por este motivo buscou-se em primeiro plano pela análise do seu

conceito, destacando a sua finalidade da escolha da melhor proposta

concretizando o objeto final deste procedimento.

Como procedimento de aquisição ou contratação utilizada

pela Administração Pública, e sendo este procedimento regulado por Lei,

fundamentado nos termos da Lei Federal n.º 8.666/93, a qual especifica o

procedimento da Licitação em diversas modalidades, sendo estas diferenciadas

por suas respectivas características.

As modalidades de Licitação Pública conforme os termos da

lei supracitada, em suas respectivas características têm como pontos de

diferenciação o objeto ora licitado e o seu respectivo valor, sendo de ínfima

importância o seu estudo com intuito de comparação com o instituto do Pregão.

Torna-se claro que esse estudo encontrou seu ápice na

análise do pregão, objeto exclusivo de análise no derradeiro capítulo no qual,

longe de esgotar o assunto, procurou-se expor as diversas vantagens auferidas

pela Administração Pública ao eleger tal modalidade licitatória.

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INTRODUÇÃO

A presente monografia possui como objeto o estudo das

características da Licitação Pública, os princípios aplicáveis e especificados tanto

na Constituição da República Federativa do Brasil, quanto na Lei nº 8.666/93,

bem como as modalidades licitatórias.

Para tanto, a pesquisa envolve os aspectos das

modalidades de Licitação Pública, previstas na Lei nº 8.666/93, bem como o

Pregão, modalidade esta devidamente regulada pela Lei nº 10.520/2002 e que

constitui a verdadeira pedra de toque deste trabalho monográfico.

Para tanto, principiar-se-á o Capítulo 1 com breve escorço

acerca da Licitação Pública: seu conceito, objeto, entidades obrigadas a licitar e

sua respectiva finalidade, além dos princípios específicos diretamente

relacionados ao estudo sob comento.

O objeto de estudo no Capítulo 2 envolve as Modalidades de

Licitação Pública, expondo suas características e particularidades, tais como

conceito, discriminação do objeto e os requisitos de cada uma.

No Capítulo 3 ressaltou-se pelo alcance do cerne da

pesquisa inicialmente proposta, qual seja, a Modalidade de Licitação Pública

denominada Pregão.

O pregão se faz o assunto em destaque desta monografia

por se tratar objeto de muitas discussões desde a promulgação da Medida

Provisória a qual o instituiu.

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O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, especialmente as ponderações acerca da modalidade licitatória

denominada pregão, bem como as características apontadas pela legislação e

pela doutrina.

Para a presente monografia foram levadas em consideração

as seguintes hipóteses:

1) A Licitação Pública tratando-se de um procedimento

administrativo, qual o grau de importância na observância

de princípios norteadores da legislação a qual a

fundamenta.

2) O pregão, como modalidade licitatória, atende aos

interesses do ente público e alcança os objetivos do

legislador ao tornar mais célere seu procedimento com a

edição da Lei nº 10.520/2002.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que na Fase

de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados

o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente

Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas, do Referente, da Categoria e da Pesquisa Bibliográfica.

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CAPÍTULO I

LICITAÇÃO PÚBLICA: conceito, objeto, finalidades, entidades obrigadas a licitar e princípios.

1.1 LICITAÇÃO PÚBLICA

1.1.1 Conceito

A Administração Pública é dotada de prerrogativas que lhe

proporcionam privilégios, os quais, na maioria das vezes, lhe conferem uma

situação de superioridade em relação a terceiros. Em sentido oposto, recai sobre

ela uma série de limitações e de sujeições mais rigorosas do que aquelas

incidentes sobre os particulares.

Isto ocorre porquanto possui a responsabilidade da garantia

do interesse público, o qual deve se sobrepor aos interesses de particulares,

visando, desta forma, toda a comunidade. Conforme explica Niebuhr1,

(...) o particular dispõe livremente das coisas e dos interesses que lhe dizem respeito. Ele imprime à administração de seus interesses a sua própria vontade, agindo de acordo com ela. Por exemplo, se o particular resolve beneficiar alguém, por razões estritamente pessoais, como as familiares e as afetivas, não há nada que impeça de fazê-lo. Sem contrariar as proibições prescritas nas normas jurídicas, o particular atua com total liberdade. Em sentido contrário, quem exerce função administrativa está atrelado ao interesse público, sendo-lhe vedado utilizar o aparato estatal para fazer valer percepções de cunho subjetivo.

1 NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação Pública e Contrato Administrativo, p.19.

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“A Licitação Pública caracteriza-se como o procedimento

administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais

vantajosa para o contrato de seu interesse”. Este procedimento é composto por

vários atos contínuos e consecutivos, que propiciam ao processo clareza e

igualdade aos licitantes, além de apresentar a eficiência necessária para que se

alcance o interesse público.

Mello2 conceitua licitação como sendo

Um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados em com elas travas determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas. Estriba-se na idéia de competição, a ser travada isonomicamente entre os que preenchem os atributos e aptidões necessários ao bom cumprimento das obrigações que se propõem assumir.

Di Pietro3 descreve o instituto da licitação como um

(...) procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato.

Ao prescrever rígidos requisitos para a participação de

terceiros em processos licitatórios, o legislador não pretendeu limitar o acesso à

participação de pessoas ao certame, favorecendo algumas em detrimento de

outras, mas sim, visou à conservação de um princípio maior da Administração

Pública, qual seja, a moralidade nos atos públicos.

2 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, p. 469.3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 291.

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Assim, é necessário ao ente público licitar, conforme caput

do artigo 2º da Lei nº 8.666/93, quando houver obras, serviços, compras,

alienações, concessões, permissões e locações contratadas pela Administração

com terceiros.

As licitações, contudo, não poderão ser tidas como

precursoras, necessariamente, de um contrato bilateral; poderá haver, através

delas, a concessão de exploração de um serviço a terceiros, como por exemplo, a

coleta de resíduos.

1.1.2 Objeto

O objeto de uma licitação corresponde ao que a

Administração deseja contratar. Conforme dispõe a lei, poderão ser objetos de

licitação serviços, obras, compras, alienações, concessões, permissões e

locações.

Niebuhr4 subdivide o objeto em dois: o imediato, que é a

escolha de uma proposta de maneira legítima para que a Administração possa

celebrar um contrato administrativo; e o mediato, que “busca a satisfação

concreta do interesse público, mediante a prestação de objeto útil a ser recebido

por meio de contrato administrativo que será celebrado com base nela”.

Sobre o tema, Faria5 explica que

visa a Administração, por meio da licitação, obter a melhor e mais vantajosa proposta entre todos os ofertantes interessados, atuantes no ramo do objeto pretendido.

Portanto, todo e qualquer contrato que não for ressalvado

pela dispensa ou inexigibilidade na forma da legislação específica obriga a

4 NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação Pública e Contrato Administrativo, p. 22.5 FARIA, Edimur Ferreira de. Curso de Direito Administrativo Positivo, p. 303.

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administração que seja precedido de licitação, fixada na tratativa dos requisitos

impostos por lei.

1.1.3 Finalidade

Existe uma concordância doutrinária que as finalidades da

licitação estão inseridas expressamente no artigo 3º da Lei nº 8.666/93, sendo

elas a de garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a de

selecionar a proposta mais vantajosa para a administração.

A primeira finalidade tem como característica conferir iguais

condições aos interessados aptos em atender às pretensões da Administração.

Da necessidade de garantir a igualdade decorrem diversos princípios que

informam o procedimento, destacando-se a vinculação do edital e a publicidade.

Da segunda finalidade surgem duas linhas de pensamento:

a primeira é a do caráter competitivo da licitação, propósito a ser alcançado pela

administração, gerando entre os participantes o interesse em atender da melhor

forma a pretensão da administração; a segunda linha de pensamento decorre da

busca da proposta mais vantajosa, é a finalidade de alcançar não menor preço,

mas a proposta que melhor se enquadra às necessidades da administração.

1.1.4 Entidades obrigadas a licitar

Entre as formalidades que envolvem o contrato

administrativo, destaca-se a necessidade de Licitação Pública, já que é o

procedimento prévio e condicional à sua celebração e por meio do qual a

Administração Pública escolhe a proposta que melhor atender a sua necessidade

e assim o proponente com quem irá contratar.

A licitação pública representa uma restrição à atuação

daqueles que detém o poder de administrar o interesse público. Por ser uma

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imposição a todos que exerçam função administrativa, abrange não só o Poder

Executivo, mas também o Legislativo e o Judiciário.

1.2. PRINCÍPIOS

1.2.1 Princípio do Procedimento Formal

O procedimento formal trata-se do princípio previsto no

artigo 3º da legislação que rege o procedimento licitatório - Lei 8.666/93 -, onde

prevê que todas as fases e os atos da licitação devem estar de acordo com a

previsão legal.

A licitação deverá corresponder não somente ao preceito

legal, mas tudo aquilo que o edital reger, pois o edital da licitação ou o convite são

considerados norteadores complementares ao processo licitatório.

Não se trata, pois, de excesso de formalismo: a observância

deste princípio no que diz respeito aos pequenos detalhes e formalidades na

apresentação de propostas ou de documentos que se caracterizam como pontos

primordiais da licitação, confere a garantia de ausência de interferência tanto nos

interesses do órgão público quanto nos interesses dos participantes.

Dando respaldo a esta afirmação, o STJ6 já decidiu que:

As regras do procedimento licitatório devem ser interpretadas de modo que, sem causar qualquer prejuízo à administração e aos interessados no certame, possibilitem a participação do maior número de concorrentes, a fim de que seja possibilitado se encontrar, entre várias propostas, a mais vantajosa.

Obtém-se como base jurisprudencial através da decisão do

6 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Mandado de Segurança nº 5.606-DF (1998/0002224-4), Relator Ministro José Delgado. Brasília. Partes: Panaquatira Radiodifusão Ltda x Ministro de Estado das Comunicações, publicado no Diário da Justiça em 10 agosto 1998.

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Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul7 que reflete sobre o princípio do

procedimento formal:

Visa à concorrência pública a fazer com que o maior número de licitantes se habilitem para o objetivo de facilitar aos órgãos públicos a obtenção de coisas e serviços mais convenientes a seus interesses. Em razão desse escopo, exigências demasiadas e rigorismos inconsentâneos com a boa exegese da lei devem ser arredados. Não deve haver nos trabalhos nenhum rigorismo e na primeira fase da habilitação deve ser de absoluta singeleza o procedimento licitatório.

Sobre o assunto pondera Meirelles8, para o qual

Os fins da administração pública resumem-se num único objeto: o bem comum da coletividade administrada. Toda atividade do administrador público deve ser orientada para esse objetivo (...). Por outro lado, deixar de exercer e defender os poderes necessários à consecução dos fins sociais, importara renunciar os meios indispensáveis para atingir de ser da autoridade publica de que é investido, importara renunciar os meios indispensáveis para atingir os objetivos da Administração. Em última análise, os fins da Administração consubstanciam-se na defesa do interesse público, assim entendidas aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas por toda a comunidade administrada, ou por uma parte expressiva de seus membros (...).

Observando este princípio o ente público deverá seguir os

requisitos previstos na legislação, de forma que não venha a prejudicar o acesso

a qualquer pessoa, física ou jurídica, de participar da licitação, visando como

objetivo final a melhor condição para o objeto da licitação, satisfazendo da melhor

forma possível o interesse público.

7 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Petição n. 11.383. RDP 14.8 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 84.

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1.2.2 Princípio da Publicidade

Verifica-se a necessidade da publicidade de todos os atos

da licitação, o que obrigada à publicação em jornais de grande circulação de

todos os atos que ocorram no período da licitação, ainda que seja de forma

resumida, em conformidade com o artigo 3º, § 3º: "A licitação não será sigilosa,

sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo

quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura".

Não se pode vislumbrar procedimento licitatório sem que

haja o cumprimento fiel dos princípios que o regem, já que pode ser decretada

sua nulidade. Observa-se na jurisprudência a importância de se resguardar o fiel

cumprimento aos procedimentos determinados em lei:

Ação Popular - Concurso Público - Sindicato de Servidores Públicos Municipais - Defesa dos Direitos e Interesses Coletivos ou Individuais da Categoria - Legitimação Constitucional (CRFB/88, art. 8º, II) - Assistência Simples no Polo Passivo - Admissibilidade Recursal. Concurso Público - Edital - Publicação em poucos dias antes da abertura das inscrições - Prazo exíguo para inscrições - Desobediência ao princípio da publicidade – Nulidade. É nulo o edital de abertura de inscrições para concurso público publicado poucos dias antes da abertura das inscrições, por prejudicar o princípio da publicidade9.

A publicidade mencionada no parágrafo 3º do artigo 3º da

Lei nº 8.666/93 visa desde os avisos de abertura do certame até a publicação do

contrato efetivado em conseqüência da licitação, incorporando os avisos de

modificação do Edital, respostas a questionamentos, ata de abertura e

julgamento, ou seja, todos os acontecimentos deverão ser comunicados àqueles

que apresentam interesse no certame.

9 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2008.000548-2. Comarca de São Lourenço de Oeste. Relator Desembargador Sérgio Roberto Baasch Luz. Partes João David Folador x Prefeito Municipal de São Lourenço do Oeste, publicado no Diário da Justiça em 18 novembro 2008.

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Sobre o princípio da publicidade, Bruno10 ensina que se

constitui

na divulgação oficial do ato praticado pelo agente público, no exercício efetivo de suas atribuições, para que chegue ao conhecimento da sociedade e ocorra o início regular de seus efeitos externos.

A necessidade da publicidade dos atos traz certa

complexidade, posto que conforme a Lei nº 8.666/93 deverá ser efetuada através

da imprensa; entretanto, o ente pode valer-se do que determina o artigo 6º, inciso

XIII, e poderá fazer uso imprensa oficial da administração onde está se realizando

a licitação, salvo em exceções expressas em lei.

Palavéri11 refere-se que a exceção de publicação mais

importante é aquela encontrada no artigo 21 da Lei nº 8.666/93, que trata dos

editais de concorrência, tomada de preços, concursos e dos leilões, sendo

necessária a publicação:

I – no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal, e ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por instituições federais;

II – no Diário Oficial do Município, ou do Distrito Federal, quando se tratar respectivamente de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;

III – em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar

10 BRUNO, Reinaldo Moreira, Direito Administrativo, p.66.11 PALAVÉRI, Marcelo. Municípios e Licitações Públicas, p. 134.

10

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a área de competição.

A necessidade de publicação diferenciada se dará

principalmente pelo objeto da licitação, pois através da Lei há que se verificar qual

a modalidade exigida para tal, recaindo sobre estas modalidades a publicação em

conformidade com o previsto no ordenamento jurídico.

Não se pode esquivar das possibilidades de se ausentar da

publicação dos atos da licitação; entretanto, há casos que envolvem bens

sigilosos ou até demonstram risco iminente a outros interesses do órgão público:

nestas situações, ficarão isentos à publicidade de seus atos. Sobre o assunto,

salienta Justen Filho12:

A ausência da publicidade somente é admitida quando colocar em risco a satisfação de outros interesses atribuídos ao Estado. Existem contratações que envolvem questões sigilosas. Bem de ver que o sigilo não pode ser imposto de modo arbitrário, mas deve ser cumpridamente justificado. Em tais casos, o princípio da publicidade poderá ser afastado, mas nos estritos limites da necessidade.

Sob a análise da legislação Justen Filho seguindo a corrente

doutrinaria majoritária, ratifica que não se faz necessário observar o preceito da

publicidade quando restar comprovado que o objeto licitado corresponde a

interesse do Estado, toma-se como exemplo para este caso a aquisição de

tecnologia com a finalidade da segurança nacional.

1.2.3 Princípio da Legalidade

Princípio este previsto no artigo 37 da CRFB/88 como

princípio geral da Administração Pública, aplica-se, por óbvio, ao procedimento

licitatório, pois se refere nada mais que ao cumprimento fiel do que se encontra

previsto na legislação. Especificamente no caso das licitações, deve-se seguir ao

12 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, p. 313.

11

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que se encontra previsto na Lei nº 8.666/1993 e suas alterações.

O Princípio da Legalidade possui atividade totalmente

vinculada, o que significa dizer ausência de liberdade para a autoridade

administrativa. A lei define as condições de atuação dos Agentes Administrativos,

estabelecendo a ordenação dos atos a serem praticados e impondo condições

excludentes de escolhas pessoais ou subjetivas.

Seria inviável subordinar o procedimento licitatório

integralmente ao conteúdo de lei. Isso acarretaria a necessidade de cada licitação

depender de edição de uma lei que a disciplinasse. A estrita e absoluta legalidade

tornaria inviável o aperfeiçoamento da contratação administrativa. A lei ressalva a

liberdade para a Administração definir as condições da contratação administrativa.

Mas, simultaneamente, estrutura o procedimento licitatório de modo a restringir a

discricionariedade e determinadas fases ou momentos específicos.

Da jurisprudência catarinense, destaca-se:

Ação de cobrança - julgamento antecipado da lide - artigo 330, inciso I, do Código de Processo Civil - cerceamento de defesa - inocorrência. Inacolhe-se a preliminar de cerceamento de defesa se os fatos relevantes para a solução do conflito já estão suficientemente provados, e o magistrado, já tendo formado seu convencimento, reputa desnecessária a realização de outras provas. Apelação cível - ação de cobrança - município - licitação modalidade convite - valor superfaturado - dever de pagamento do crédito faltante. Se óbvia a discrepância entre o valor devido e o efetivamente contratado e gritante a afronta ao princípio da legalidade que deve nortear as relações havidas no estado de direito, deve a Administração tornar nulo o ato. In casu, a ilegalidade do pagamento do veículo, superior ao valor de mercado, lesa os cofres públicos, devendo ser imediatamente corrigida13.

13 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2003.019943-8. Relator Desembargador Volnei Ivo Carlin. Comarca de Quilombo. Partes: Roger Rudiger x Município de Irati, publicado no Diário da Justiça em 04 dezembro de 2003.

12

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Quanto ao conteúdo do princípio da legalidade, Meirelles14

ensina:

Na administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa “pode fazer assim”, para o administrador público significa “deve fazer assim”.

Em idêntico sentido ensina Mello15, para o qual o princípio a

legalidade

(...) é o da completa submissão da Administração às leis. Esta deve tão-somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, que só podem ser de dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhe compete no direito brasileiro.

Gasparini16 resume o conteúdo do princípio da legalidade da

seguinte forma:

Qualquer ação estatal, sem o correspondente calço legal, ou que exceda ao âmbito demarcado na lei, é injurídica e expõe-se à anulação. Seu campo de ação, como se vê, é bem menor que o do particular. De fato, este pode fazer tudo que a lei permite e tudo o que a lei não proíbe; aquela só pode fazer o que a lei autorizar e, ainda assim, quando e como autoriza.

Tendo o administrador público a finalidade de resguardar o

interesse coletivo, tornar-se-ia incompatível com a imparcialidade necessária ao

exercício de sua função, se não fosse lhe imposto restrições em suas atividades.

14 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 86.15 MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo, p. 92.16 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo, p 7-8.

13

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1.2.4 Princípio da Vinculação ao Instrumento de Convocação

O edital sabe-se que é o instrumento que contém as regras

do procedimento, da documentação, das propostas, do julgamento e do contrato,

devendo ser formulado de forma clara e de fácil entendimento por todos. Tanto é

assim que Meirelles17 afirma que “o edital é a Lei interna da licitação, e, como tal,

vincula aos seus termos tanto os licitantes quanto a Administração que o

expediu”.

Faz-se necessário que a administração se atente ao que foi

pedido através do edital, pois não poderá exigir algo a mais que não esteja

previsto no edital ou eximir-se de cobrar algum requisito relacionado, para que

não venha a caracterizar favorecimento a terceiros por interesses particulares.

Essa delimitação prevista no edital quanto ao objeto licitado

foi assunto de argumentação em decisão de mandado de segurança pelo Relator

Desembargador Carlos Stephanini18:

Mandado de segurança – Licitação – Impetração conta ato do Secretário de Administração do Estado – Desclassificação do impetrante – Descrição do produto que não se fez de forma clara Inexistência do direito liquido e certo – Denegada a segurança – Inteligência dos artigos 40 e 41 da Lei n. 8.666/93. O processo licitarório é vinculado ao edital, por isso a administração e os licitantes ficam sempre adstritos aos termos do pedido ou do permitido no instrumento convocatório da licitação, não havendo lesão a direito liquido e certo quando a proposta rejeitada não satisfez as condições do edital, o que gerou a homologação de outra proposta, não podendo o ato administrativo ser anulado através da segurança mormente tratando-se de simples critério de julgamento e não de arbítrio manifesto.

17 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo, p. 31.18 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Mandado de Segurança, T. pleno – j. Relator

Desembargador Carlos Stephanini. TJMS. publicado no Diário da Justiça em 14 dezembro 1995.

14

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Para Meirelles19, uma vez estabelecidas as regras do

certame, estas se tornam inalteráveis para aquele certame, durante todo o seu

processo, e

Se no decorrer da licitação a Administração verificar sua inviabilidade, devera invalidá-la e reabri-la em novos moldes, mas, enquanto vigente o edital ou convite, não poderá desviar-se de suas prescrições, quer quanto à tramitação, quer quanto ao julgamento.

A jurisprudência confirma o preceito legal, reconhecendo a

necessidade do fiel cumprimento do disposto no edital:

Direito Administrativo. Licitação. Edital como instrumento vinculado das partes. Com descumprimento da Lei. Segurança concedida. É entendimento corrente na doutrina, como na jurisprudência, que o “edital”, no procedimento licitatório, constitui lei entre as partes e instrumento de validade dos atos praticados no curso da licitação20.

Verifica-se que a responsabilidade da elaboração do edital

de forma clara e de fácil entendimento recai sobre a administração já que, ao

confeccionar o edital, estará delimitando seu espaço de autuação; assim, não

poderá tomar decisões ou exigir novos requisitos aos licitantes que não estejam

previstos na lei ou previamente descritos no edital, sob pena de ferir o princípio da

igualdade entre os licitantes, prejudicando alguns e beneficiando outros.

No mesmo sentido explica Faria21, quando diz que o edital

configura a lei que regula o certame:

O instrumento convocatório regula a licitação a que se refere. Em outras palavras, o edital é a lei que regula a licitação –

19 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 266.20 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Mandado de Segurança n. 5597-DF. Relator Ministro

José Delgado. Publicado no Diário da Justiça em 10 agosto1998.21 FARIA, Edimur Ferreira de. Curso de Direito Administrativo Positivo, p. 309.

15

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procedimento concreto. A Administração e os licitantes sujeitam-se às regras nele contidas. Comportamentos ou atos praticados em desacordo com as regras do instrumento convocatório viciam a licitação, expondo o procedimento irremediavelmente à nulidade.

No mesmo sentido em que se vincula as condições impostas

ao Edital, o artigo 54 da Lei 8.666/93 retrata que os contratos administrativos

celebrados pela Administração Pública terão como normas reguladoras as suas

cláusulas contratuais, vinculando desta forma ao texto de suas cláusulas o

limitador da execução do mesmo.

Apesar de estar restrita ao que se encontra disposto no

edital, a Administração poderá alterar o teor do edital se comprovadamente ficar

demonstrado o resguarde ao interesse público. Nesse sentido explica Gasparini22,

para o qual

(...) estabelecidas às regras de certa licitação, tornam-se elas inalteráveis durante todo o seu procedimento. Nada justifica qualquer alteração de momento ou pontual para atender esta ou aquela situação. Se, em razão do interesse público, alguma alteração for necessária, essa poderá ser promovida através de rerratificação do ato convocatório, reabrindo-se, por inteiro, o prazo de entrega dos envelopes 1 e 2 contendo, respectivamente, os documentos de habilitação e proposta. Assim retifica-se o que se quer corrigir e ratifica-se o que se quer manter. Se apenas essa modificação for insuficiente para corrigir os vícios de legalidade, mérito ou mesmo de redação, deve-se invalidá-lo e abrir novo procedimento.

Sendo que constatada a ilegalidade dos termos do edital

perante a legislação vigente, não poderá o administrado público apenas ratificar o

texto editalício, mas providenciar sua anulação por completo visando sanar as

ilegalidades previstas. Neste sentido explica Madeira23 que:

22 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo, p. 293.23 MADEIRA, José Maria Pinheiro. Administração Pública. p.285.

16

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(...) diante da constatação da ilegalidade do edital, não poderá o administrador se manter inerte. A solução, contudo, não será o descumprimento das regras editalícias, mas sim a anulação das mesmas, seguindo-se com a republicação de seus termos, já com as alterações que se fizerem necessárias ao ajuste com a legislação vigente.

Estando evidentemente entrelaçados os princípios da

vinculação ao instrumento de convocação ao da legalidade, trazem ao

administrados a responsabilidade da análise dos termos editalícios, mesmo tendo

este a função da proteção do interesse público não poderá refutar-se a preceitos

legais.

1.2.5 Princípio da Igualdade

É sem dúvida o princípio mais importante da licitação, pois

não se pode conceber que em um procedimento seletivo como o da licitação não

seja resguardado aos envolvidos o seu direito de igualdade.

Basta analisar o preceito constitucional para se verificar a

importância deste princípio como norteador de todos os atos do poder público,

sendo comentado à luz do artigo 37, caput, da CRFB/88 e retomado no inciso XXI

do mesmo artigo, quando o legislador constituinte se refere à obrigatoriedade da

licitação. Tamanha é a sua importância que a lei que rege o processo licitatório

trata claramente que a igualdade é um dos fins que o compõe e um princípio que

o informa.

Alguns doutrinadores ratificam a idéia de que o princípio da

igualdade é a base de todo o processo licitatório e que os demais princípios

tornam-se meras ferramentas para igualdade dos licitantes perante a licitação.

Acerca disto, Palavéri24 repisa a idéia:

24 PALAVÉRI, Marcelo. Municípios e Licitações Públicas, p. 8.

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(...) ver-se-á oportunamente que para garantir a igualdade exige-se, dentre outras coisas: a publicação dos atos do procedimento licitatório (princípio da publicidade); o estabelecimento de regras prévias no instrumento convocatório, das quais não poderá o poder público de desgarrar (princípio da vinculação do edital); o estabelecimento de regras impessoais no procedimento (princípio da impessoalidade); a garantia de julgamento mediante critérios objetivos e previamente fixados (princípio do julgamento objetivo); e a busca da competição efetiva, real e concreta (princípio da competitividade).

Firmada sobre este princípio, a Administração Pública

poderá elaborar requisitos mínimos para participação da licitação, podendo ela

discriminar o objeto em questão de forma detalhada e precisa, não destoando da

finalidade da licitação, que nada mais é do que o alcance da proposta que melhor

corresponda ao solicitado.

Conforme dispõe a jurisprudência, poderá a administração

licitar através do meio mais adequado ao atendimento das suas necessidades

segundo o objeto licitado:

Mandado de segurança. Tomada de preços. Licitação – ao especificar os itens que pretende adquirir a administração tem a liberdade de escolher as mais adequados às suas necessidades. Recurso ordinário a que se nega provimento25.

Sobre tal liberalidade permitida à administração pública,

pondera Meirelles26:

O desatendimento a este princípio constitui a forma mais insidiosa de desvio de poder, com que a Administração quebra a isonomia entres os licitantes, razão pela qual o Judiciário tem anulado editais e julgamentos em que se descobre a perseguição ou o

25 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Ordinário em Mandado de Segurança n. 1207-0-PR (1991/0016004-0). Relator Ministro José de Jesus Filho. Brasília. Partes: Cimasa – Veículos para combate à incêndio S/A x Gino Azoline, publicado no Diário da Justiça em 14 dezembro de 1992.

26 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 265.

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favoritismo administrativo, sem nenhum objetivo ou vantagem de interesse público.

A administração, no ato de especificar justificadamente o

objeto licitado, de uma forma indireta elimina da competição eventuais produtos

existentes no mercado, não sendo possíveis os que não condizem com as

especificações exigidas levantarem a hipótese de infringência por parte da

administração do princípio da igualdade.

O princípio da igualdade recai sobre o direito daqueles que

possui condições que preenchem as especificações do objeto licitado, sendo de

interesse a administração a permanência dos que detém condições de suprir o

solicitado, garantindo assim a qualidade na execução do futuro contrato.

Não se pode dar destaque à licitação como mero caminho

para alcançar a realização de negócio mais vantajoso para a Administração.

Sendo a base da licitação a igualdade dos participantes, não poderá a

Administração, por motivos de vantagens financeiras ao erário público, esquivar-

se do fiel cumprimento dos princípios que regem a licitação, sob pena de

invalidade de todos os atos.

Costumeiramente administradores utilizam-se da

prerrogativa da melhor proposta para contratar sem utilizar-se dos procedimentos

legais, sendo que somente em casos previstos em lei que dispensam ou

considerem inexigível o certame, verifica-se claramente o desrespeito aos

princípios, suficiente para determinar a anulabilidade do processo.

1.2.6 Princípio do Julgamento Objetivo

Tendo vinculação ao princípio da igualdade, e com ampla

correlação ao necessário respeito às regras do instrumento de convocação,

estabelece a lei como princípio da licitação a necessidade de que seu julgamento

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se faça de forma objetiva. Para Carlin27, o “Julgamento objetivo é aquele que não

comporta dúvida na interpretação do contexto licitatório e pelo qual resta claro por

que a Administração tomou determinada decisão”.

Após transcorrer todos os atos necessários para o deslinde

da licitação, deverão os responsáveis pelo procedimento classificar de forma

crescente as propostas, analisando se estas se encontram em conformidade com

o previsto no Edital para que assim sejam passadas à autoridade competente,

para que ela possa de forma clara aceitar a proposta que melhor se enquadra

com o solicitado adjudicando assim o certame ao licitante vencedor.

Segundo Justen Filho28,

A vantajosidade da proposta deve ser apurada segundo um julgamento objetivo. O ato convocatório tem de conter critérios objetivos de julgamento que não se fundem nas preferências ou escolhas dos julgadores.

No que diz respeito ao julgamento objetivo, explica Di

Pietro29 que “é decorrência também do princípio da legalidade, está assente seu

significado: o julgamento das propostas há de ser feito de acordo com os critérios

fixados no edital”.

No mesmo sentido ensina Medauar30, para a qual

O julgamento, na licitação, é a indicação, pela Comissão de Licitação, da proposta vencedora. Julgamento objetivo significa que deve nortear-se pelo critério previamente fixado no instrumento convocatório, observadas todas as normas a respeito.

27 CARLIN, Volnei Ivo. Manual de Direito Administrativo, p. 178.28 JUSTEN FILHO, Marçal. Direito Administrativo, p.312.29 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 300.30 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Concreto, p. 218.

20

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Ressalta-se que as demais hipóteses de tipo em que a

licitação possa ser formulada, tanto como menor preço quanto melhor técnica, o

julgamento deverá primar pela objetividade, conforme ensina Palavéri31:

(...) tem-se que todos os tipos, quando adotados, devem primar pela objetividade no julgamento, mesmo aqueles onde se privilegia a técnica (melhor técnica e técnica e preço), permeando-se por aspectos subjetivos. Para que isso ocorra, o instrumento de convocação, nesses casos, deverá ser rigoroso ao estabelecer pontuação, sob pena de comprometer essa objetividade.

O princípio do julgamento objetivo vem a impor ao

administrador público a restrição de impor ao edital condições que impliquem no

favorecimento de determinados licitantes, garantindo desta forma o julgamento

objetivo, mas a garantia de igualdade para os interessados.

1.2.7 Princípio da Competitividade

Os atos da administração em proceder à elaboração do

edital estipulando requisitos para a participação possuem a finalidade de

incentivar a competitividade entre os interessados; dentre os que cumpram os

requisitos exigidos, a proposta que venha a ser vencedora é aquela que se

acredita seja a melhor para a Administração.

Reportando ao princípio da competitividade, Bruno32 ensina

que este decorre do princípio constitucional da igualdade, tendo como objetivo

“assegurar que o maior número de interessados efetivamente participem do

procedimento e tornem a competição salutar, afastando qualquer possibilidade de

favoritismo”.

O TJRN33 afirmou, através do julgamento presidido pela

31 PALAVÉRI, Marcelo. Municípios e Licitações Públicas, p. 19.32 BRUNO, Reinaldo Moreira. Direito Administrativo, p. 199.

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Relatora Desembargadora Judite Nunes, que poderá a Administração, ao verificar

a existência de um único licitante habilitado para participar do certame, revogar o

edital por ser de interesse público a ampla disputa, sendo recomendável que mais

de um licitante participe efetivamente da licitação:

Constitucional, administrativo e processual civil. Mandado de segurança – apelação cível. Licitação. Tomada de preço. Único licitante. Revogação do certame. Admissibilidade. Previsão no edital da licitação. Prevalência do interesse público diante do particular. Conhecimento e improvimento do recurso. 1. A licitação com apenas um licitante ofende o interesse público, diante da impossibilidade de selecionar a proposta de melhor preço, no caso da Tomada de Preço. 2. Possibilidade da revogação do certame diante do interesse público, por motivo superveniente (art. 49 da Lei 8.666/93), havendo, inclusive, previsão editalícia. 3. Ausência de direito líquido e certo. Manutenção do “decisum” que denegou a segurança.

Desta forma, verifica-se que se faz necessário o fiel

cumprimento dos princípios que regem o processo licitatório, sendo o princípio da

competitividade o de maior peso entre os demais, pois tendo como intuito a

efetivação da licitação trazendo ao órgão solicitante melhores preços e condições,

se faz necessário que se leve ao conhecimento do maior número possível de

interessados.

Estando cientes da necessidade de o ente público em

determinado objeto, os interessados possivelmente demonstraram interesse

apresentando suas propostas, as quais podem ser reduzidas com a intenção da

contratação com o poder público, trazendo ao mesmo menor custo em relação ao

objeto.

1.2.8 Princípio da Probidade Administrativa

33 RIO GRANDE DO NORTE. Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 99.000303-5 – Natal – RN. Relatora desembargadora Judite Nunes. Data julgamento 14 abril 2000.

22

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Segundo o princípio da probidade administrativa deverá o

administrador atuar em conformidade com o artigo 37 da CRFB/88, in verbis:

A administração pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...).

Ocorre que, para alguns doutrinadores, dentre eles

Meirelles34, o princípio da moralidade administrativa representado pelo caput do

artigo 37 da CRFB/88, se confunde como dever de probidade do administrador

público em conformidade com o § 4º do mesmo dispositivo legal, in verbis:

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Como um ato da Administração Pública, o qual deve primar

pelo interesse como um todo, não tomando como ponto de partida interesses

particulares, a Licitação Pública deve ser baseada nos princípios os quais a

regem.

Da necessidade da Administração Pública o objeto a qual se

estipula para formulação da licitação definirá a sua modalidade, sendo que as

modalidades e seus respectivos quesitos serão estudos no capitulo a seguir.

34 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo, p. 42.

23

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CAPÍTULO II

MODALIDADES DE LICITAÇÃO

O processo administrativo o qual origina a Licitação Pública

e que tem por finalidade o objeto ora solicitado pela Administração Pública, pode

ser desenvolvido sob as diversas modalidades estipuladas na legislação vigente,

sendo que cada modalidade torna-se única por seus requisitos.

Requisitos estes que acabam tornando a modalidade mais

complexa quanto uma Concorrência Pública, ou tão singela quanto uma Carta

Convite. Assim sendo o legislador da Lei Federal n. 8.666/93 contemplou em seu

texto, especificamente em seu artigo 22 apenas cinco modalidades de licitação,

entre as já citadas verifica-se também a Tomada de Preços, o Leilão e o

Concurso Público.

Destaca-se que o legislador ao elaborar o texto da lei fixou

outras formas de aquisição de produtos/serviços, as quais fazem como referência

a dispensa de licitação e inexigibilidade, sendo que estes meios estipulados em

lei serão brevemente discutidos no referido Capítulo.

2.1 CONCORRÊNCIA

2.1.1. Conceito

Concorrência é a modalidade de licitação que detém como

objeto licitado algo de expressivo valor. É um procedimento em que se admite a

participação de quaisquer interessados, não sendo requisito para sua participação

o pré-cadastramento junto ao órgão, mas apenas que o interessado possua

condições de satisfazer os requisitos previstos em edital.

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Faz-se obrigatório nas contratações para obras e serviços

de engenharia cujo valor estimado esteja orçado acima de R$ 1.500.000,00 (um

milhão e quinhentos mil reais); e para compra e serviços que não estejam

relacionados a obras e serviços de engenharia que tenham como orçamento

mínimo o valor de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).

A concorrência é necessária também, neste caso

independente do valor a qual será contratado, quando tratar-se da compra ou

alienação de bens imóveis ou se o objeto licitado for à concessão de direito real

de uso.

Considerando que esta é uma das modalidades que não

restringe a possibilidade da participação de qualquer interessado, restando ao

interessado a obrigatoriedade de possuir os requisitos que estejam relacionados

no edital, dar-se-ia preferência a esta modalidade não só com relação aos casos

mencionados no parágrafo anterior mas também nos casos em que a licitação

alcançasse âmbito internacional.

É tendência da Administração se utilizar da concorrência

como modalidade de licitação nos casos em que a participação de muitos

interessados faz com que o órgão não apenas alcance o objetivo maior da

licitação - o objeto licitado – mas, além disso, venha a se beneficiar também com

o melhor preço.

2.1.2 Requisitos

Os requisitos necessários à aceitação do uso da

Concorrência são quando se encontram presentes a universalidade, a ampla

publicidade, a habilitação preliminar e o julgamento pela Comissão.

Trata-se por universalidade a possibilidade que se estendem

a todos aqueles que se demonstrarem interessados em participar do certame,

25

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tendo estes condições de cumprirem com o disposto em Edital, não sendo

necessário possuir cadastro prévio perante a Administração do órgão competente:

A lei nacional é clara no conceituar a concorrência como a modalidade de licitação em que se admite a participação de qualquer licitante através de convocação da maior amplitude, diversificando-a da tomada de preços, restrita aos interessados previamente cadastrados, observada a necessária habilitação35.

A ausência de um requisito é capaz de prejudicar toda a

eficácia do procedimento, eis que todos estão de forma interligada e o pleno

sucesso no cumprimento de um requisito conseqüentemente acarretada o pleno

sucesso nos demais, como ocorre entre a universalidade e a publicidade no

âmbito desta modalidade.

A universalidade é para que seja destinada a todos a

informação sobre o certame, possibilitando assim o acesso aos interessados a

participação no processo licitatório.

2.1.3 Publicação

Conforme se pode observar da Lei de Licitações, o órgão

requerente da licitação deverá promover a publicação dos extratos dos editais de

forma clara, não se utilizando como meio para restringir o acesso dos

interessados às informações necessárias, promovendo assim uma maior

competitividade entre os interessados.

(...) a Administração poderá usar de todos os meios de informação ao seu alcance para essa divulgação, por tantas vezes quantas julgar necessárias. O que não se lhe permite é desatender ao mínimo de publicidade, consistente na convocação dos interessados pela imprensa oficial e particular, nem sonegar o

35 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 304.

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edital e seus anexos aos interessados36.

Palavéri37 ratifica o ensinamento de Hely Lopes Meirelles

quanto à necessidade da publicação no âmbito da concorrência:

Em vista da universalidade da participação, e de destinar-se à seleção para os contratos de maior vulto da Administração, é a modalidade de licitação em que se deve garantir competividade, a qual será alcançada, em tese, por intermédio da rigorosa publicidade conferida ao seu edital.

É de se registrar que a Lei nº 8.666/93 especifica, em seu

artigo 21, que os extratos dos editais de concorrência deverão ser publicados: no

Diário Oficial do Estado, em jornal diário de grande circulação no Estado, em

jornal de grande circulação local, tendo como sugestão o Diário Oficial do

Município, e nos casos a quais as obras estejam sendo financiadas com recursos

federais será necessária também a publicação no Diário Oficial da União,

observando os prazos de 45 (quarenta e cinco) ou 30 (trinta) dias conforme o

objeto da licitação.

Vislumbrando os artigos 17 e 18 da lei 8.666/93, os quais

determinam que se torne obrigatório o uso da modalidade de concorrência para a

compra e venda de bens imóveis, não se faz prosperar ao analisar o parágrafo

sexto e o inciso segundo do artigo 17 da mesma lei, poderá verificar-se que a

compra e a venda de bens imóveis terá como possibilidade dar-se-ia através de

outras modalidades, inclusive o leilão.

Outrossim, o artigo 19 da respectiva lei também dispõe

quanto aos bens adquiridos em decorrência de procedimento judicial ou dação em

pagamento, que poderão ser alienados através da modalidade licitatória

denominada como leilão.

36 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 304.37 PALAVÉRI, Marcelo. Municípios e Licitações Públicas, p. 19.

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Ocorrendo licitações de âmbito internacional, a modalidade

da concorrência será obrigatória se o órgão interessado não dispuser de cadastro

internacional de fornecedores, cuidado este que raramente os órgãos públicos

têm em elaborar, pois, são raras as exceções que o objeto licitado faça com que a

licitação abranja uma área de interesse maior do que a nacional.

Conforme dispõe a Lei nº 8.666/93, mais precisamente no

artigo 42 e seus parágrafos, busca-se pelo igualitarismo entre os licitantes, sendo

estes estrangeiros ou brasileiros, não visando desta forma desvantagem de um

perante o outro.

2.1.4 Tipos de Licitação Concorrência

2.1.4.1 Menor preço, melhor técnica e técnica e preço

A concorrência, em conformidade com o interesse específico

da Administração, poderá ser do tipo de menor preço, de melhor técnica ou de

técnica e preço.

A concorrência de menor preço está prevista no § 1º do

artigo 45 da Lei 8.666/93, tendo como finalidade a busca pelo menor preço do

objeto licitado, não sendo necessária qualificação técnica profissional por

normalmente trata-se de objeto costumeiro, nem que empregue a utilização de

mão-de-obra especializada

Diferentemente do que trata a concorrência, prevista no

inciso II do § 1º do citado dispositivo legal, que não se caracteriza pela

necessidade de algo rotineiro, mas sim da necessidade da prestação de mão-de-

obra qualificada ou o fornecimento de material de grande qualidade, fazendo uso

desta forma da concorrência de melhor técnica.

É de maior aplicabilidade a concorrência de técnica e preço,

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que nada mais é do que a junção dois outros tipos, refererindo no instrumento

convocatório como fatores para avaliação das propostas o valor proposta e

comprovação de ser detentor da qualificação exigida. Recaindo para a

Administração um menor custo com contratação do objeto licitado, não deixando

de observar a técnica necessária.

2.1.4.2 Concorrência internacional

Umas destas fórmulas para normalizar essa situação é a

imposição aos competidores estrangeiros que concorrem com competidores

brasileiros à igualdade de impostos na fase de julgamento da licitação.

Tendo como norteador principal a Lei 8.666/93,

demonstrando interesse do órgão solicitante seja adotada como modalidade a

Concorrência, o edital deverá ser redigido em conformidade com a previsão legal,

ressaltando a preocupação em se averiguar o tipo da licitação, pois ao determinar

a modalidade, estará determinando também o prazo previsto em lei para abertura

do certame.

Sendo que o legislador ao contemplar a possibilidade da

Concorrência Internacional fixou na legislação vigente, especificamente no artigo

42 e seus respectivos parágrafos, os requisitos necessários a elaboração do

edital o qual contemple a participação de nível internacional.

Basta averiguar o disposto no artigo 21, em seus incisos, da

lei já mencionada, para constatar que a Concorrência originará um contrato o qual

tenha como regime de empreitada integral ou quando a licitação for baseada

sobre “a melhor técnica” ou “técnica e preço” deverá se resguardar o lapso

temporal mínimo de quarenta e cinco dias entre a publicação do edital e a

realização do certame.

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2.1.5 Do Julgamento

A Concorrência é a modalidade de licitação que se

caracteriza por um objeto que traz maior complexidade na elaboração dos

projetos, ou até mesmo na elaboração da proposta, por tratar-se de objeto que

necessidade ser muito bem detalhado, resguardando desta forma um período

maior para os interessados averiguarem o Edital.

Com a publicação do Edital e as partes interessadas em

ingressarem como licitantes estando cientes das exigências do mesmo, em

cessão previamente marcada acontecerá a abertura dos envelopes pela comissão

da licitação, os quais passaram a analisar se os requisitos impostos pelo Edital

fora devidamente cumpridos pelas participantes podendo assim serem declaradas

habilitadas.

Meirelles38 ressalta a possibilidade que a lei permite de que

a fase de habilitação dos licitantes possa ser presidida pela Comissão do Registro

Cadastral:

A Comissão de Julgamento é geralmente incumbida de apreciar a qualificação dos concorrentes, na fase de habilitação preliminar, e de julgar as propostas, na fase de julgamento. A lei não impede, contudo, que a fase de habilitação seja apreciada pela Comissão do Registro Cadastral, se a entidade possuir tal registro. Esta possibilidade é de grande alcance pratico, porque o exame da documentação exige experiência e conhecimentos especializados de Direito, Contabilidade e Finanças, nem sempre ao alcance da Comissão de Julgamento da concorrência...

Sobre a habilitação preliminar, Meirelles39 também expõe

que se trata de “formalidade essencial da concorrência, destinando-se a

comprovar a plena qualificação dos interessados para a execução de seu objeto,

de acordo com as condições especificadas no edital”.

38 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 305.39 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. p.305.

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Após a fase de habilitação, restando todas as licitantes

habilitadas, inicia-se a fase de análise das propostas, onde deverão ser abertos

os envelopes de proposta perante todos os participantes, e pelos presentes serão

rubricadas todas as folhas que fazem parte da proposta, em sinal de

concordância da inviolabilidade do invólucro.

Palavéri40 ressalta um importante aspecto quanto ao

momento da fase de julgamento no que tange à ausência de observância pelo

pregoeiro e pela comissão do cumprimento fiel as determinações impostas pelo

Edital:

Via de regra as comissões, quando julgam licitações pelo menor preço, que é a grande maioria, apenas detém-se no fato de analisar o valor oferecido pelo licitantes, encontrando o vencedor. (...) Nos termos do artigo 43, V, compete-lhe promover, primeiro, a verificação da proposta quanto à sua conformidade com as exigências do edital.

Extrai-se da jurisprudência o seguinte julgamento a respeito:

Apelação cível - mandado de segurança - licitação - subfases do julgamento – desclassificação das propostas. Na fase de julgamento, a comissão licitatória limita-se ao exame sobre a regularidade formal (documentos relacionados no edital), a admissibilidade material (viabilidade) e à vantajosidade das propostas, respectivamente. Não serão apreciadas aquelas que não preencherem a regularidade formal e material inicialmente, devendo ser desclassificadas de plano (art. 48, ii, da lei n. 8.666/93)41.

Tendo transcorrida esta fase de averiguação do

cumprimento dos requisitos solicitados em Edital, passará a Comissão à análise

40 PALAVÉRI, Marcelo, Municípios e Licitações Públicas. p. 65.41 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível em Mandado de Segurança n.

2004.009207-5. Relator: Volnei Ivo Carlin. Primeira Câmara de Direito Público. Partes: QST Qualidade em Serviços Tercerizados Ltda x Limger Empresa de Limpezas Gerais e Serviços Ltda e (outros), publicado no Diário da Justiça em 14 outubro 2004.

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dos preços ora cotados pelos licitantes ainda habilitados, que poderão ser

desclassificados caso seja constatado que se trata de preços inexeqüíveis ou

excessivos, conforme dispõe o artigo 48 e seus parágrafos 1º e 2º.

Denota-se que o Tribunal de Justiça de Santa Catarina já

vem se manifestando pela desclassificação de licitantes que ofertam preços

inexeqüíveis, conforme o seguinte julgado:

Mandado de segurança - licitação - anulação da decisão da comissão de julgamento pela autoridade superior sob o argumento da inexistência de previsão legal que desse suporte à desclassificação de uma das licitantes pela inexeqüibilidade dos preços ofertados - existência de previsão editalícia - ferimento a direito líquido e certo - motivação insuficiente do ato impugnado - míngua de obediência ao devido processo legal - desprovimento do apelo da empresa litisconsorte passiva e não conhecimento do apelo firmado por procurador da autoridade tida como coatora. Só pode a autoridade administrativamente superior à comissão de julgamento de licitação retificar ordem de classificados, posicionando em primeiro lugar licitante desclassificada em virtude da inexeqüibilidade de preços, aferindo e demonstrando a exeqüibilidade daqueles, sempre com obediência ao devido processo legal. Caso contrário, é flagrante a ilegalidade do ato. Consoantes reiterados julgados, a legitimidade para manejar o apelo no writ of mandamus é da pessoa jurídica interessada, e não da autoridade tida como coatora42.

Somente após a averiguação da documentação e da

proposta encaminhada pelas licitantes, poderá a Comissão proceder à ordem

classificatória por ordem decrescente não restando dúvidas desta forma do

vencedor da licitação.

2.2. TOMADA DE PREÇOS

42 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível em Mandado de Segurança n. 1998.005597-0. Relator Desembargador Francisco Oliveira Filho. Primeira Câmara de Direito Civil. Partes: Companhia de Habitação do Estado de Santa Catarina – COHAB x MGR Engenharia Ltda e (outros), publicado no Diário da Justiça em 20 junho 2000.

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2.2.1 Conceito

É a modalidade de licitação na qual os interessados deverão

previamente providenciar seu cadastro junto ao órgão competente, de forma a

não excluir aqueles que atenderem as condições necessárias ao cadastramento

até três dias antes da abertura da licitação.

Uma vez que são estipulados por lei os limites máximos dos

objetos licitados para cada modalidade, estipula-se, conforme artigo 23 da Lei nº

8.666/93, que terá como teto máximo para obras e serviços de engenharia o valor

de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), e para compras e

serviços que não se refiram a de engenharia o valor máximo de R$ 650.000,00

(seiscentos e cinqüenta mil reais).

2.2.2 Publicidade

A publicidade está prevista no artigo 21 da Lei de Licitações,

designação igual à modalidade de concorrência, de modo que deve ter o extrato

do edital divulgado no Diário Oficial do Estado, em jornal diário de grande

circulação no Estado, em jornal de circulação local, ou no Diário Oficial do

Município e no caso em que envolva obra financiada com recursos federais ou

garantida por instituições federais, no Diário Oficial da União.

Como fundamento na jurisprudência, pode-se exemplificar

com decisão em que não foram observados os requisitos da publicação, não

respeitando desta forma o prazo para abertura do certame:

Ação civil pública - ato de improbidade administrativa - licitação - tomada de preços - restrição da divulgação do edital licitatório - art. 21, inciso II, da lei n. 8.666/93 - inocorrência de publicação no diário oficial do estado - violação ao princípio da publicidade dos atos da administração - art. 21, III e §2º, "b", III, da lei n. 8.666/93 - inobservância do interstício legal de 15 (quinze) dias entre a

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última publicação em jornal de grande circulação e a abertura das propostas - violação ao princípio da legalidade - inobservância do art. 37, caput, da constituição da república - art. 11 da lei n. 8.429/92 - ofensa ao princípio da moralidade administrativa - aplicação do inc. III do art. 12 da lei n. 8.429/92 - procedência do pedido43.

Impossível se negar, frente a todos os fatos comprovados no decorrer da instrução processual, que o procedimento administrativo em análise desrespeitou frontalmente os princípios da moralidade, legalidade, impessoalidade e finalidade, os quais devem estar sempre presentes nas ações da Administração Pública, restando, assim, comprometida a lisura do certame. Logo, caracterizada está a improbidade administrativa44.

A não observância do preceito legal poderá acarretar entre

outros casos a ineficácia do procedimento licitatório sendo obrigado a sua

repetição.

2.2.3 Do Cadastro

Conforme prevê o artigo 34 da Lei de Licitações, há

necessidade da existência dos registros cadastrais para que as partes

interessadas possam, desta forma, cumprir com o requisito imposto pela mesma

lei, que nada mais é do que o prévio cadastro junto ao órgão requisitante.

Ocorre que, muitas vezes, esse cadastro não fora ainda

instituído no órgão - ou sequer exista - mas funcione, de certa forma,

precariamente. Esses cadastros nada mais são do que uma averiguação na

situação financeira - econômica da empresa -, possibilitando assim ao órgão

43 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Ação Civil Pública n. 2004.021478-2. Relator Desembargador Francisco Oliveira Filho. Segunda Câmara de Direito Público. Partes: Representante do Ministério Público x Marcos Leal Nunes e (outro), publicado no Diário da Justiça em 17 maio 2005.

44 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2001.005648-8. Relator Desembargador Volnei Ivo Carlin. Partes: Móveis Ferrarte Ltda e (outros) x Representante do Ministério Público e (outro), publicado no Diário da Justiça em 04 abril 2002.

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tomar ciência sobre a situação dos licitantes que chegarem a participar do trâmite.

Para a análise da documentação apresentada para este

cadastro poderá ser constituída uma comissão com fins exclusivos para

averiguação dos documentos e emissão dos certificados de registro cadastral,

não sendo obrigatória a criação desta comissão específica, função esta que pode

ser delegada à comissão de licitação.

Conforme prescrição legal poderá a Administração Pública

requisitar ao cadastrado que mantenha sua documentação rigorosamente em dia,

sob pena de cancelamento ou suspensão do cadastro, sendo que o mesmo tenha

prazo máximo de 01 (um) ano após sua emissão.

Como exemplo, Palavéri45 descreve:

(...) uma empresa, para cadastrar-se, apresentou certidão negativa de débitos para com a fazenda do Município de sua sede, com validade de 06 (seis) meses, e obteve o CRC com validade de 01 (um) ano, passados os primeiros 06 (seis) meses poderá ter suspensa a validade de seu registro, se não atualizar o documento que certifique a sua regularidade perante o fisco do Município de sua sede.

Verifica-se em decisão proferida pelo Desembargador Jânio

Machado situação na qual a licitante fora desabilitada por não possuir o Cadastro

exigido por lei:

Apelação cível. Mandado de segurança. Licitação. Modalidade tomada de preços. Inabilitação por falta de requisito exigido no edital (certificado de inscrição cadastral). Certame concluído, inclusive celebrado contrato com a licitante vencedora. Fato superveniente a ser considerado pela câmara. Art. 462 do código de processo civil. Extinção da ação com fundamento no art. 267, inciso vi, do código de processo civil. Constatando-se que o

45 PALAVÉRI, Marcelo. Municípios e Licitações Públicas, p. 70.

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processo licitatório já produziu inteiramente os seus efeitos, pois encerrado, inclusive celebrado o contrato com a licitante vencedora, há manifesta falta de interesse da impetrante46.

Sendo um dos requisitos impostos por Lei para participação

nos certames que tenham como modalidade a Tomada de Preços, recai para a

Administração Pública a observância do prescrito em lei, a qual deverá atentar-se

sob a análise da validade dos documentos os quais foram apresentados para o

Cadastro junto ao Órgão.

2.2.4 Do Julgamento

Utiliza-se como base de julgamento o que a legislação prevê

no caso de concorrência, sendo a efetuado por Comissão também composta por

no mínimo três membros. A diferença entre esta modalidade e as demais é que

por força da lei que os interessados devem estar devidamente cadastrados até o

terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária

qualificação, conforme ensina Meirelles47:

O que caracteriza e distingue da concorrência é a existência da habilitação prévia dos licitantes através dos registros cadastrais, de modo que a habilitação preliminar se resume na verificação dos dados constantes dos certificados de registro dos interessados e, se for o caso, se estes possuem a real capacidade operativa e financeira exigida no edital.

Sendo que a Comissão de julgamento deverá ser composta

por pessoas as quais detenham conhecimento sobre o objeto licitado, tendo desta

forma argumentos para análise da melhor proposta.

46 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação em Mandado de Segurança n. 2007.000769-6. Relator Desembargador Jânio Machado. Quarta Câmara de Direito Público. Partes: Damiani Metalúrgica e Serralheria Ltda x Município de Florianópolis, publicado no Diário da Justiça em 03 abril 2009.

47 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 309.

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2.3 CARTA CONVITE

2.3.1 Conceito

É a modalidade mais simplificada de licitação e, por isso, é

destinada a contratos de pequeno valor. Além de prazos mais reduzidos, o

convite tem uma convocação restrita e consiste na solicitação escrita por pelo

menos três interessados do ramo, registrados ou não, para que apresentem suas

propostas no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas antes da

apresentação das propostas.

O procedimento da carta convite é considerado o mais

simples de todos, mas, no decorrer do tempo, face às inúmeras exigências que

tem sido impostas a esta modalidade, tornou-se fácil encontrar editais de carta

convite muito próximos a de tomadas de preços, até mesmo de concorrências,

dificultando algo que pela sua natureza não deveria ter embaraços que visassem

dificultar o andamento célere do processo. A Lei de Licitações define convite, em

seu artigo 22, parágrafo 3º:

Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em numero mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de ate 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

Ou seja, nada mais é a carta convite do que uma maneira

mais prática de se alcançar o objeto licitado, pois ao verificar a legislação

competente define-se esta modalidade destinada a serviços e compras de bens

com valor estimado para contratação de R$ 8.000,00 (oito mil reais) à R$

80.000,00 (oitenta mil reais) e para serviços de engenharia e obras este valor

estende-se de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) à R$ 150.000,00 (cento e

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cinqüenta mil reais).

Tomando como base os valores destinados à modalidade,

verificar-se-ia que se trata de baixos valores e que estes compreendem a

aquisição daqueles bens ou serviços necessários para a manutenção e a

continuidade dos serviços prestados pelo requisitante.

2.3.2 Requisitos

Tendo como requisito expresso em lei a participação de no

mínimo três licitantes devidamente cadastrados e aptos para participarem da

licitação, configura-se presente, assim, a competitividade entre os licitantes.

Em análise do assunto, o Tribunal de Contas da União48

assim decidiu:

Em se tratando de convite, é obrigatório convidar, no mínimo, três empresas do ramo pertinente ao objeto e fazer incluir nos autos do processo os recibos comprobatórios da entre do convite.

Pela denominação a qual recebeu pode ser ter uma idéia de

como se procede para a convocação dos interessados: nada mais que através de

uma carta convidando-os a participar do certame oferecendo proposta aos itens

cotados.

2.3.3 Publicação

Seguindo a linha de raciocínio que deu origem à modalidade

não seria necessária a publicação do edital para chamamento dos interessados,

somente com a remessa dos convites já teria sido cumprido o requisito. Contudo,

a Lei de Licitações prevê que a obrigatoriedade de exposição de uma cópia do

48 TRIBUNAL de Contas da União. Decisão n. 214/97-TCU, publicada no Diário Oficial da União em 12 maio 1997, p. 9.665.

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instrumento convocatório em local de fácil acesso a todos os interessados.

Palavéri49 destaca uma importante questão relacionada com

a obrigatoriedade de se publicarem os atos do julgamento da fase de habilitação e

das propostas comerciais:

A prática desenvolvida pelos Municípios tem levado a adoção de mecanismos que contornam a publicação de tais atos pela imprensa, os quais sabidamente implicam em despesas pesadas para o erário. Por vezes, aceita-se esse procedimento com fundamento no fato de que houve incontestável comunicação aos licitantes, pessoalmente, ou por via de fac-símile.

No mesmo sentido em que se dará conhecimento aos

interessados do Edital exposto em local de fácil acesso, se faz necessário levar

ao conhecimento dos demais dos atos praticados em virtude da licitação.

2.3.4 Revezamento dos Fornecedores

Conforme prevê a lei das licitações em seu artigo 22,

parágrafo 6º, quando ocorrerem convites seqüenciais, tendo estes os mesmos

objetos, se faz necessário que esteja presente no mínimo um fornecedor que não

se encontrava presente no anterior.’

2.4 LEILÃO

O leilão tem como finalidade a venda de bens móveis e

semoventes conforme dispõem os artigos 22, em seu parágrafo 5º, e o artigo 53

e, em casos especiais, também de imóveis, conforme o artigo 19, inciso 3º, todos

da Lei de Licitações.

Com relação aos bens móveis, normalmente o leilão é

49 PALAVÉRI, Marcelo. Municípios e Licitações Públicas, p. 76.

39

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utilizado pelos órgãos solicitantes para venda dos bens ditos como inservíveis,

que não se confundem com imprestáveis, pois os classificados como inservíveis

para a administração pública são aqueles bens que já sofreram um enorme

desgaste não estando em seu pleno funcionamento.

Observe-se o exemplo trazido por Palavéri50:

Imaginemos um Município que disponha em sua frota veículos de ano de fabricação 1970, os quais não estão mais em uso, face a modernidade da frota. Esses veículos podem ser considerados inservíveis para a Administração, ate mesmo porque, ainda que em condições de uso, não resistiriam as exigências do dia a dia do serviço público. Esses bens, se leiloados, e adquiridos por particular, poderão lhe servir para a locomoção. Mesmo que inservíveis para a Administração poderão ainda seguir exercendo a função para a qual foram produzidos.

O leilão deverá ser constituído através de um Edital, o qual

deverá ser dado ao conhecimento de todos, sendo publicado ao menos nos

moldes fixados para a concorrência.

Anteriormente à emissão do edital, contudo, deverá a

Administração providenciar a valoração dos bens, fazendo parte do edital suas

características, avaliação, o local onde se encontram, forma de pagamento, além

de definir o dia e o horário para abertura das propostas.

Não se faz necessário o prévio cadastro dos interessados

para serem habilitados a participar, sendo que existe a possibilidade de

imposições de restrições à participação, como lembra Justen Filho51:

Suponha-se que a venda dos bens leiloados apresente caracteristicas assistenciais ou de regulação de um certo setor. A

50 PALAVÉRI, Marcelo. Municípios e Licitações Públicas, p. 91.51 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, p.

135.

40

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Administração venderá os produtos para população carente, por exemplo. Poderá ser imposta restrição à participação daqueles que não necessitem de assistência social; poderão ser estabelecidos limites de quantidades adquiridas individualmente; poderá ser proibida a participação de pessoas jurídicas, etc. Reitera-se, assim, a regra geral: as restrições à participação deverão ser compatíveis com o princípio da isonomia e um instrumento de realização do interesse público que conduziu à licitação.

A administração disporá de dois tipos de leilão: aquele que

será regido por leiloeiro oficial devidamente registrado na Junta Comercial,

denominado de leilão comum, e o administrativo. O leilão comum é regido pela

legislação federal pertinente, sendo possível que a administração estabeleça as

normas para que o mesmo aconteça. O leilão administrativo é utilizado para

leiloar as mercadorias apreendidas como contrabando, ou até mesmo

abandonadas nas alfândegas e armazéns ferroviários.

Conforme conceitua Meirelles52, o leilão é um ato negocial

instantâneo, “não se presta às alienações que dependem de contrato formal.

Realmente, no leilão, o bem é apregoado, os lances são verbais, a venda é feita à

vista ou em curto prazo e a entrega se processa de imediato”.

2.5 CONCURSO

Conforme conceitua o artigo 22, parágrafo 4º, da Lei nº

8.666/93, o concurso

é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, cientifico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

52 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 312.

41

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Tornou-se costumeiro confundir o concurso modalidade de

licitação com o concurso elaborado em conformidade com a Constituição Federal,

para investidura em cargos ou empregos públicos.

O concurso tem o seu fim com a classificação dos

trabalhadores e o pagamento do prêmio anteriormente estipulado em Edital, não

podendo este reivindicar qualquer direito perante a Administração, conforme

ensina Pavaléri53

(...) em relação às demais modalidades o concurso diferencia-se basicamente em função de que naquelas há uma disputa pelo preço a ser contratado, cabendo aos licitantes fixa-los em suas propostas, sendo que a selecionada como a mais vantajosa ira executar o objeto no futuro. No concurso dá-se o inverso. Todos os licitantes entregam seus serviços prontos e acabados concorrendo em face de preço (prêmio) previamente fixado pela Administração no edital do certame.

No Concurso, modalidade licitatória, a seleção do trabalho é

feita por comissão regularmente constituída, que obtém dos requisitos

estabelecidos no Edital como norteadores para examinar os trabalhos

apresentados, vindo de esta forma escolher o vencedor.

2.6 DISPENSA DE LICITAÇÃO

2.6.1 Conceito

A dispensa de licitação somente poderá ocorrer quando a lei

assim o permitir, pois recaem sobre os órgãos públicos, autarquias e fundações, a

obrigatoriedade de utilizar como meio para aquisição de bens ou serviços as

modalidades licitatórias.

Em conformidade com a legislação, o procedimento de

53 PALAVÉRI, Marcelo. Municípios e Licitações Públicas, p. 94.

42

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dispensa é precedido por todas as fases como uma modalidade normal de

licitação, sendo composta pela fase interna (preparatória), até chegar ao

momento em que o administrador percebe que a continuação do mesmo até a

existência de um certame se torne inviável e incompatível com o objetivo da

mesma.

A opção pela dispensabilidade da licitação impõe que seja

precedida de decisão fundamentada, conforme anota Servidio54:

A dispensabilidade de licitação dependendo, portanto, de manifestação da vontade competente, deve ter por suporte um motivo fundado e real. Nessas condições, a motivação do ato de dispensa, alem de exigir perfeito enquadramento legal, sem o que inviabiliza a pretendida dispensa de licitação, deve condicionar-se à veracidade dos fatos para que, por conseguinte, não ocorra desvio de poder.

De forma clara a lei diversificou os casos em que a

Administração poderá ou deverá deixar de realizar licitação, tornando-a

dispensada, dispensável e inexigível.

2.6.2 Licitação Dispensada

Declara-se dispensadas aquelas licitações definidas em lei,

entre elas: que tiverem relação com imóveis nos casos de dação em pagamento;

investidura; venda ou doação a outro órgão público; alienação, concessão de

direito real de uso, locação ou permissão de uso de habitações de interesse

social.

Tendo como objeto móveis: nos casos de doação, permuta,

venda de ações e títulos, venda de bens produzidos ou comercializados por

órgãos ou entidades da Administração e venda de materiais e equipamentos

inservíveis, atendidos os requisitos e condições previstas nas alíneas do inciso II

54 SERVIDIO, Américo. Dispensa de Licitação Pública, p. 86.

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do artigo 17 da Lei de Licitações.

2.6.3 Licitação Dispensável

A Lei enumerou vinte e um casos em que a Administração

poderá a seu critério de entendimento dispensar o uso de licitação, sendo que,

conforme Di Pietro55, as hipóteses de dispensa podem ser divididas em quatro

categorias:

a) em razão do pequeno valor, incluindo:

- obras e serviços de Engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite

previsto para a aquisição na modalidade de convite e para as alienações nos

casos estabelecidos em lei.

- outros serviços e compra de valor até 10% (dez por cento) do limite

previsto para a sua aquisição na modalidade de convite e para as alienações

previstas em lei.

b) em razão de situações excepcionais, entre estas:

- nos casos de estado de Guerra, ficando dispensado de licitação os

contratos que tiveram como objeto algo referenciado à Guerra;

- emergência ou calamidade pública, mas somente para os bens

necessários ao atendimento da situação emergencial;

- quando ocorre o desinteresse pelos licitantes em licitação anterior que

detenha o mesmo objeto, ou até mesmo no caso de todos os licitantes terem sido

inabilitados;

- quando a União necessitar intervir no domínio econômico com o intuito de

regular preços ou normalizar o abastecimento;

55 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 363.

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- quando ocorra a apresentação de propostas com valores excessivos;

- remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de

rescisão contratual;

- ocorra o comprometimento da segurança nacional, nos casos

estabelecidos em decreto do Presidente da Republica;

- a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional e

quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder

Público;

- serviços e compras indispensáveis ao abastecimento de embarcações,

aeronaves e tropas, quando forem fora de suas sedes e os prazos legais puderem

comprometer a missão.

c) em razão do objeto, poderão ocorrer quando:

- for necessária a compra ou locação de imóvel para atividades precípuas

da Administração;

- for necessária a compra de gêneros alimentícios perecíveis, realizadas

diretamente com base no preço do dia, durante o período necessário para a

realização dos processos licitatórios correspondentes;

- a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos;

- a aquisição de componentes ou peças necessárias à manutenção de

equipamentos, durante o período de garantia técnica;

- compras de materiais para as Forças Armadas;

- a aquisição de bens destinados exclusivamente à investigação cientifica e

tecnológica.

d) em razão da pessoa, poderá ocorrer:

45

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- na aquisição, por pessoa jurídica de Direito Público interno, de bens

produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a

Administração Publica, desde que o preço contratado seja compatível com o

praticado no mercado;

- na prestação de serviços de impressão e de informática a pessoa jurídica

de Direito Público interno, prestados por órgão ou entidade da Administração

criados para esse fim específico;

- contratação de instituição brasileira de Pesquisa, ensino ou

desenvolvimento institucional, ou dedicada à recuperação social do preso;

- serviços prestados por associações de portadores de deficiência física,

sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, desde que os preços sejam

compatíveis com o mercado;

- a aquisição de energia elétrica fornecida por concessionário,

permissionário ou autorizado, de acordo com a legislação específica;

- a aquisição ou alienação de bens, ou prestação de serviços realizados

por empresa pública ou sociedade de economia mista e suas subsidiárias e

controladas;

- a contratação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no

âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no

contrato de gestão.

2.7 INEXIGIBILIDADE

2.7.1 Conceito

Ocorre a inexigibilidade quando não se podem vislumbrar

condições de existência de competição entre os interessados, sendo pela

natureza específica do negócio ou pelos objetivos sociais visados pela

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Administração.

Meirelles56 ensina que, qualquer que seja a situação a se

enquadrar, nesses casos a licitação se torna inexigível

em razão da impossibilidade jurídica de se instaurar competição entre eventuais interessados, pois não se pode pretender melhor proposta quando apenas um é proprietário do bem desejado pelo Poder Público ou reconhecidamente capaz de atender as exigências da Administração no que concerne à realização do objeto do contrato.

Quando a Administração Pública necessitar de um objeto, o

qual dentre suas características restarem devidamente comprovadas que

somente poderá ser fornecido por um terceiro, restará a Administração a

possibilidade da contratação com este fornecedor.

2.7.2 Produtor ou Vendedor Exclusivo

A lei trata como inútil licitar para aquisição de materiais,

equipamentos ou gêneros que são somente fornecidos ou revendidos por

fornecedores ou vendedores exclusivos. Conforme Meirelles57,

Para a Administração, a exclusividade do produtor é absoluta e afasta sumariamente a licitação em qualquer de suas modalidades, mas a do vendedor e do representante comercial é na praça, tratando-se de convite; no registro cadastral, no caso de tomada de preços; no País, na hipótese de concorrência. Considera-se, portanto, vendedor ou representante comercial exclusivo, para efeito de convite, o que é único na localidade; para tomada de preços, o que é único no registro cadastral; para concorrência, o que é único no País.

56 MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, p.274.57 MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, p.275.

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Na aquisição de medicamentos se tem exemplo objetivo do

produtor/fornecedor exclusivo, se tornando impossível a aquisição do

medicamento através de outro fornecedor.

2.7.3 Serviços Técnicos Profissionais Especializados

Caracterizam-se como serviços técnicos profissionais

especializados aqueles prestados por quem, além da habilitação técnica e

profissional, aprofundou-se nos estudos, no exercício da profissão, ou até mesmo

através de curso de pós-graduação ou de estágios de aperfeiçoamento.

Considerando tais situações, a Lei 8.666/93 prevê em seu

artigo 13 um rol de serviços técnicos profissionais que podem ser contratados

diretamente, sem maiores indagações sobre a viabilidade ou não de competição,

como registra Meirelles58:

Quando houver possibilidade de competição, os serviços técnicos profissionais especializados deverão ser contratados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia do prêmio ou remuneração. (...) A lei acolheu, assim, as teses correntes na doutrina no sentido de que a notória especialização traz, em seu bojo, uma singularidade subjetiva e de que “o caso da notória especialização diz respeito a trabalho marcado por características individualizadoras.

Embora o artigo 13 estabelecer um rol de serviços não se

pode tratá-lo como taxativo, mas sim meramente exemplificativo, pois no artigo

25, II do mesmo dispositivo legal, o legislador veio a autorizar a contratação direta

pelo fato da prestação de serviço técnico duas exceções ao artigo 13 sendo a

prestação de serviço de publicidade e de divulgação.

Da jurisprudência, extrai-se:

58 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 276.

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Inquérito. Denúncia oferecida contra prefeito municipal. Inexigibilidade de Licitação. Art. 89, "caput", da Lei n.º 8.666/93. Serviços de radiodifusão local. Alegação de inviabilidade de competição e obediência aos princípios da eficiência e da proporcionalidade. Existência de uma única emissora de rádio funcionando no município. Alcance e sintonia provenientes de empresas estabelecidas em municípios próximos. Matérias que reclamam uma análise comparativa e aprofundada dos elementos probatórios. Denúncia que preenche os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal. Recebimento. A denúncia que cumpre as exigências do art. 41 do Código de Processo Penal, narra um fato típico e antijurídico e está acompanhada de prova da materialidade e dos indícios de autoria, deve ser recebida59.

A contratação de profissional por inexigibilidade se dará de

forma a qual reste devidamente comprovada que pela formação do profissional,

restara a pessoa mais qualificada para prestação do serviço.

2.7.4 Dos Serviços de Publicidade

Tendo como ponto fundamental a má utilização da

inexigibilidade para contratação de empresas de publicidade pelos

Administradores, a Lei nº 8.666/93 vedou expressamente a utilização desta

modalidade para contratação dos serviços de publicidade.

2.7.5 Contratação de Artistas

A legislação prevê a possibilidade da contratação de artista

por inexigibilidade, tendo como requisito necessário que o artista seja consagrado

pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Sobre a contratação de artistas, Bruno60 ressalta que “tais

59 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Inquérito n. 2004.0002394-4. Relator Desembargador Jânio de Souza Machado. Primeira Câmara Criminal. Partes: Primo Menegalli e (outros) x Evaldo Bússolo Stopassolli, publicado no Diário da Justiça em 29 março 2005.

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ajustes somente podem ocorrer quando celebrado o contrato com o próprio artista

ou com o empresário exclusivo”.

Desta forma, se fazem presentes dois requisitos necessários

à celebração de contrato que tenha como objeto a contratação de artista, de

modo que é necessária a comprovação pelos meios adequados que o contratado

detenha excelente conceito perante a mídia, não podendo este ser representado

por outra pessoa que não seja seu empresário exclusivo.

Conforme contempla a legislação vigente, o legislador

somente estabeleceu como modalidades de licitação a Concorrência, a Tomada

de Preços, a Carta Convite, o Concurso e Leilão.

Ocorre que com a Medida Provisória n. 2021/2000, o

legislador inovou criando a modalidade de licitação denominada Pregão, sendo

primeiramente de cunho Federal. Posteriormente a MP convertida na Lei Federal

n.º 10.520/2002 ratificou a criação do Pregão disponibilizando seu uso para os

entes da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal.

Tratando-se da modalidade que nos dias atuais, tornou-se a

mais utilizada pela Administração Pública, delimitou-se o capitulo seguinte para

um estudo mais aprofundado sobre esta modalidade.

Da análise das modalidades de Licitação Pública se pode

averiguar que se tratam de procedimentos complexos por se fazer necessário

cumprirem os requisitos impostos em Lei. No sentido de facilitar para

Administração Pública na aquisição de objetos de uso constante, o legislador

criou através da Medida Provisória n.º 2.026/2000 a modalidade Pregão, a qual

estabelecerá um melhor estudo sobre suas características no capitulo seguinte.

60 BRUNO, Reinaldo Moreira. Direito Administrativo, p. 150.

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CAPÍTULO III

LEI Nº 10.520/2002: a modalidade pregão

3.1 Conceito de Pregão

Dentre as modalidades de licitações previstas pela Lei nº

8.666/1993, vislumbra-se entre elas as previstas nos artigos 22 da mencionada

lei, dentre estas: carta convite, tomada de preços, leilão, concurso e concorrência,

que possuem suas definições de acordo com sua utilidade pelo objeto e seus

respectivos valores.

Ocorre que as modalidades mencionadas pela Lei nº

8.666/93 trazem um ritmo ao processo não célere, pois se faz necessário atentar-

se aos requisitos impostos por lei, requisitos estes que podem retratar em sua

publicação lapso temporal de até 45 (quarenta e cinco) dias no mínimo,

retardando assim a aquisição de materiais ou serviços necessários ao dia-a-dia

do ente público, como por exemplo, papel para impressão ou até mesmo gasolina

para a frota de veículos.

Observando a real necessidade de uma modalidade que

viesse trazer maior praticidade aos objetos de extrema necessidade pelos entes

públicos, foi instituída por medida provisória 2021/00 a modalidade pregão

presencial, com a finalidade de trazer maior praticidade à aquisição de bens e

serviços comuns de extrema necessidade ao ente público.

Sobre o conceito desta modalidade de licitação Di Pietro61

explana:

como o procedimento administrativo pelo qual um ente público, no

61 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, p. 299.

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exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem a condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formarem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato.

Faria62 também trata da referida modalidade de licitação,

explicando que

Pregão é a modalidade de licitação para a aquisição de bens e serviços comuns, promovida por entidades e órgãos públicos da Administração direta e da indireta, qualquer que seja o valor do objeto a ser contratado, em que a disputa dos licitantes com vistas à classificação e a adjudicação, se realiza por meio de propostas e lances em sessão pública ou por meio eletrônico, denominado pregão eletrônico.

Em referência ao pregão assim explana Motta63:

(...) basicamente um instrumento de comparação e seleção de propostas de fornecedores de bens e serviços comuns para o setor público, em que as ofertas são “apregoadas” em uma reunião com a presença de todos: e podem ser sucessivamente melhoradas por intervenções de viva voz.

Conforme retrata Motta, o processo demonstra na sua

aplicação a característica que reflete a sua boa receptividade nos órgãos

públicos, pois demonstra celeridade nas aquisições dos objetos. A agilidade do

processo é verificada pela inversão das fases do processo, ou seja, a fase da

habilitação ocorre após a verificação das propostas.

Sobre este aspecto ensina Bruno64 que existe “profunda

agilização dos trabalhos e redução dos custos operacionais do processo, quer

62 FARIA, Edimur Ferreira de. Curso de Direito Administrativo Positivo, p. 329.63 MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Dez anos de aplicação da lei nacional de licitações e

contratos, p. 600.64 BRUNO, Reinaldo Moreira. Direito Administrativo, p. 214.

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para a Administração, quer para o fornecedor”.

Assim, o pregão tem suas fases invertidas em relação às

demais modalidades, o que reflete diretamente na competitividade entre os

licitantes na busca da contratação com o poder público.

Sobre o resultado desse procedimento Bruno65 explica que

A partir destes aspectos, é possível constatar que encontra-se implícito nesta associação de princípios o conceito de competitividade, que é da própria essência do instituto, pois presume-se que os interessados concorrerão entre si para oferecer a melhor proposta à Administração.

Para Di Pietro66,

(...) a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas e lances em sessão pública.

Conforme conceitua Di Pietro, o pregão tem como finalidade

a aquisição de bens e serviços comuns, os quais não obtêm restrição por valor.

No mesmo sentido Meirelles67 afirma que “diferentemente das outras espécies de

licitação, em que a modalidade é estabelecida em função do valor do objeto

licitado, o pregão destina-se à aquisição de bens e serviços comuns”.

Sobre o objeto do pregão, Faria68 assim descreve:

Note-se ainda que a modalidade pregão destina-se à aquisição de

65 BRUNO, Reinaldo Moreira. Direito Administrativo, p. 186.66 DI PIETRO, Maria Silvya Zanella. Direito Administrativo, p. 381.67 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo, p. 103.68 DE FARIA, Edimur Ferreira. Curso de Direito Administrativo Positivo, p. 330.

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bens e à contratação de serviços comuns. Excluídas estão, pois, a contratação de obras e serviços de engenharia. Nesses casos, mesmo os órgãos e entidades federais terão de adotar uma das três primeiras modalidades referidas acima: convite, tomada de preços ou concorrência, de acordo com o valor do objeto a ser contratado.

Trata-se, portanto, de bens e serviços geralmente oferecidos

por diversos fornecedores e facilmente comparáveis entre si, de modo a permitir a

decisão de compra com base no menor preço.

Ocorre que ao definir esta modalidade como meio para

aquisição de bens e serviços comuns, deve-se observar a necessidade de

especificar o objeto licitado da melhor forma, respondendo assim à necessidade

da Administração, e trazendo clareza ao licitante do objeto cotado.

Sobre os procedimentos do pregão, destaca Meirelles69:

Considerando que o procedimento do pregão é abreviado, que o critério de julgamento é objetivo (...) e que a inversão das fases de habilitação e julgamento impossibilita aferição especial a respeito do fornecedor ou do objeto licitado, somente serão compatíveis com esta modalidade as aquisições de bens e serviços comuns que garantem a celebração de contratos em total consonância com as necessidades da Administração Pública.

Em referência ao assunto, registra-se o conceito elaborado

por Figuereido70, para o qual

O pregão é um procedimento de seleção aberto a participação de qualquer interessado, em que não se impõem requisitos mais aprofundados acerca da habilitação do fornecedor nem exigências acerca de um objeto sofisticado.

69 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo, p. 104.70 FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de Direito Administrativo, p. 472.

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Assim, a escolha do pregão não deve ser feita pelo vulto de

sua contratação, mas pela qualidade da mesma, ou seja, sua singeleza. Não será

possível a utilização do pregão se o bem a ser adquirido contiver especificações

não comuns, que impossibilitem uma definição concisa, e não contiver

especificações usuais praticadas no mercado.

3.2 Legalidade da Modalidade Pregão

Tendo sua origem por Medida Provisória, a modalidade teve

uma restrição em sua utilização, ficando limitada ao âmbito federal, abrangendo

os órgãos da administração direta e as entidades integrantes da administração

indireta.

Os estados, o Distrito Federal e os Municípios e respectivas

entidades vinculadas não foram alcançados de plano pela medida provisória

instituidora da nova modalidade de licitação.

Havia dúvidas quanto à constitucionalidade da Medida

Provisória nº 2026/2000, considerando principalmente a norma contida no inciso

XXVII do artigo 22 da Constituição Federal.

O dispositivo prescreve que compete à União legislar sobre

“as normas gerais de licitação” e contratação, em todas as modalidades, para as

administrações públicas diretas, autárquicas e fundações da União, estados,

Distrito Federal e municípios, obedecido o dispositivo no art. 37, XXI, e para as

empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do artigo 173,

parágrafo 1º, inciso III. Por seu turno, o artigo 22 da Lei nº 8.666/93 prevê cinco

modalidades de licitação. O parágrafo 8º do mesmo artigo proíbe a adoção de

qualquer outra modalidade ou a combinação das previstas no artigo.

Sobre a criação desta modalidade, alguns doutrinadores

criticaram-na com base no artigo 22, § 8º da Lei nº 8.666/93, pois segundo o

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respectivo parágrafo, “é vedada à criação de outras modalidades de licitação ou a

combinação das referidas neste artigo”, sendo assim tornar-se-ia inválida sua

criação.

Mas pela discussão havida em razão da criação, Carlin71

rebateu os argumentos dos doutrinadores que permaneciam contra, considerando

que a norma imposta na Lei nº 8.666/93 refere-se ao administrador, ou seja, à

pessoa que tem a responsabilidade nos procedimentos licitatórios, e não ao

legislador.

Essa modalidade não estava prevista na Lei nº 8.666/93,

surgindo definitivamente em nosso sistema jurídico pela conversão da Medida

Provisória n. 2026, elaborada em 4 de abril de 2000, na Lei Federal nº 10.520, de

17 de julho de 2002.

Desta forma o Pregão tornou-se uma das modalidades de

licitação mais utilizadas no Brasil, considerada como um aperfeiçoamento do

regime de licitações para a Administração Pública Federal, possibilitando o

incremento da competitividade e ampliação das oportunidades de participação

nas licitações.

3.3 Objeto do Pregão

Diferentemente das outras espécies de licitações, em que a

modalidade é estabelecida em função do objeto licitado, o pregão destina-se à

aquisição de bens e serviços comuns. Nos termos do parágrafo único do artigo 1º

da Lei Federal nº 10.520/2002, considera-se bens e serviços comuns aqueles que

cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos

pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado:

71 CARLIN, Volnei Ivo. Direito Administrativo: Doutrina, Jurisprudência e Direito Comparado, p.164/165.

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Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado.

Justen Filho72, em trabalho publicado a respeito desta nova

modalidade de licitação, expôs que:

(...) a interpretação do conceito de ´bem ou serviço comum´ deve fazer-se em função das exigências do interesse público e das peculiaridades do procedimentos do próprio pregão. A natureza do pregão deve ser considerada para determinar o próprio conceito de ‘bem ou serviço comum’.

(...) Sem exagero, ‘bem ou serviço comum’ é o objeto que pode ser adquirido, de modo satisfatório pela Administração, através de um procedimento de seleção destituído de sofisticação ou minúcia. Pode dizer que ‘comum’ não é o objeto destituído de sofisticação, mas aqueles para cuja aquisição satisfatória não se fazem necessárias investigações ou clausulas mais profundas.

O legislador trouxe como objeto do Anexo II do Decreto nº

3.555, de 8 de agosto de 2000, algumas especificações acerca de quais bens e

serviços se enquadram nessa tipificação que regulamenta o pregão. Alcançam o

número de trinta e quatro itens dentre os quais se pode verificar desde bens de

consumo a bens permanentes, serviços de apoio administrativo, de assinaturas,

de assistência, de atividades auxiliares entre outros.

Ocorre que a relação sancionada pelo legislador não

delimita o conjunto de bens e serviços que atendem aos requisitos da legislação,

sendo assim adquiridos ou contratados através da modalidade pregão.

Um dos pontos mais rebatidos do Anexo II é sobre a não

inclusão dos equipamentos, programas e serviços de informática na relação dos

72 JUSTEN FILHO, Marçal. Pregão, p. 20.

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bens e serviços comuns, uma vez que esta relação prevê os serviços de digitação

e manutenção de equipamentos.

Ocorre que os equipamentos, programas e serviços de

informática já se encontram mencionados em norma legal em vigor, restando

obrigatório, nas contratações de bens e serviços de informática e automação, da

licitação de tipo técnica e preço.

Observa-se também que não fora previsto na relação de

bens e serviços comuns qualquer objeto que se relacione com a contratação de

obras e serviços de engenharia, as locações imobiliárias e as alienações em

geral, de modo que, por não estarem previstos na Lei nº 10.520, deverão

observar os requisitos instituídos pela Lei nº 8.666/93.

3.4 FASES DA LICITAÇÃO

3.4.1 Fase Interna

Outro grande diferencial do Pregão com relação às demais

modalidades de licitação é a sua economicidade, pois, como os licitantes podem

baixar suas ofertas e disputar a venda do objeto em questão, os preços

costumam chegar a patamares bem mais baixos do que os conseguidos com as

demais modalidades. Também a redução do tempo em que se transcorre a

licitação é menor, e isto viabiliza contratações mais rápidas e eficientes.

A fase interna do processo licitatório compreende todos

aqueles atos necessários para a formação do mesmo. Durante esta fase, os

trabalhos são realizados em âmbito interno, com a participação do dirigente

responsável por compras e licitações da unidade administrativa responsável pelo

processo e dos servidores envolvidos na sua formulação, de modo a alcançar o

sucesso deste.

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Destaca-se a necessidade de pessoal capacitado para a

preparação da licitação, permanecendo estas pessoas sob a orientação do

responsável. Este ato de coordenar a confecção do edital da licitação confere à

pessoa responsável a gerência de administrador. Sobre o ato de administrar,

Bruno73 expõe que:

O sentido da palavra administrar é o de gerir interesses alheios segundo o direito, a moral e a finalidade intrínseca do bem, impondo ao administrador o dever de zelar e de conservar o bem ou interesse colocado sob sua guarda, diferentemente do proprietário, que pode dispor do bem ou interesse alienando-o ou mesmo destruindo.

A pessoa do administrador torna-se o ponto chave para o fiel

cumprimento da legislação, respeitando desta forma os princípios que regem o

sistema de licitações.

3.4.2 Fase Preparatória

A fase preparatória do pregão deverá observar os requisitos

previstos nos incisos do artigo 3º da Lei nº 10.520; dentre estes, destaca-se o

inciso I:

I – a autoridade competente justificará a necessidade de contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação de prazos para fornecimento.

Conforme o inciso acima descrito, a instauração de

procedimento licitatório na modalidade pregão dar-se-á por ato da Autoridade

Competente, que examinará e aprovará a minuta de Edital com seus anexos.

73 BRUNO, Reinaldo Moreira, Direito Administrativo, p. 156.

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O Edital não pode estipular exigências inibidoras da ampla

participação, quais sejam: a exigência de apresentação de garantias de proposta;

a fixação de preço para aquisição do Edital; a exigência de pagamento de

quaisquer outras taxas e emolumentos, exceto o custo de reprodução gráfica do

Edital.

Acerca dos quesitos necessários para a aprovação do Edital,

Di Pietro74 pondera:

As normas sobre a fase interna constam do artigo 3º da Lei n. º 10.250 e exigem basicamente: justificativa da necessidade de contratação, definição do objeto do certame, exigências de habilitação, critérios de aceitação das propostas, sanções por inadimplemento e cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos para fornecimento.

A instauração da licitação será instruída por um ou mais

documentos que deverão fundamentar a necessidade da compra ou contratação,

além de especificar o seu objeto e a respectiva previsão orçamentária.

O Edital em si deverá ser produzido baseado na composição

de dados, de informações oriundas de documentos previamente elaborados pela

Unidade Administrativa ou a área que demanda a realização da licitação e que,

portanto, conhece detalhadamente os bens ou serviços a serem adquiridos.

Estes documentos que instruem o processo licitatório irão

compor o Termo de Referência, formando assim um documento único onde os

licitantes interessados poderão obter as informações necessárias sobre o objeto

licitado, e as demais informações pertinentes a possível celebração de contrato.

Sobre o termo de referência, Meirelles75 explica:

74 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo, p. 396.75 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo, p. 105.

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Os elementos indispensáveis a essa definição deverão constar de um termo de referência, bem como o respectivo orçamento, considerando os preços praticados no mercado, a descrição dos métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do contrato, conforme determina o Decreto 3.555, de 2000.

No caso da contratação de serviços, é indispensável que o

Termo de Referência especifique os deveres do contratado e os mecanismos e

procedimentos de fiscalização do serviço prestado, bem como as respectivas

penalidades aplicáveis.

Por outro lado, o inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.520,

determina expressamente que sejam evitadas especificações excessivas,

irrelevantes ou desnecessárias, trazendo assim incompatibilidade com a

finalidade desta modalidade, que é a participação do maior número de licitantes,

trazendo o menor custo para o ente público.

Por este motivo a elaboração do Edital deve primar pelas

características e elementos evidenciados pela documentação preparada para

instauração da licitação. Ressalta Bruno76 que

(...) tal descrição, minuciosa no rol de características do objeto, não poderá obstar a competitividade e, por conseguinte, constituir-se em flagrante infração ao princípio da impessoalidade, regente das ações administrativas.

Para Nóbrega77,

(...) indicando as suas características básicas e gerais, bem como os quantitativos a serem fornecidos no certame, torna-se indispensável ao regular processamento da licitação e ao pleno alcance de seus fins.

76 BRUNO, Reinaldo Moreira. Direito Administrativo, p. 216.77 NÓBREGA, Airton Rocha. Fórum de Contratação e de Gestão Pública, n. 20, p. 2.421.

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Para o processamento da licitação, deverá a autoridade

competente designar dentre os servidores do órgão da Administração Pública, o

pregoeiro e a respectiva equipe de apoio, sendo-lhes atribuídos o recebimento

das propostas e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem

como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor.

Conforme dispõe a legislação vigente, deverá sempre ser

observada a necessidade de parecer jurídico, exigido ao processo de instauração

da licitação, podendo ser emitido pela Procuradoria ou área de apoio jurídico do

órgão ou entidade, por meio do qual é verificada a legalidade do Edital da

licitação.

3.4.3 Autoridade Competente

Na medida provisória que instituiu a modalidade pregão, a

pessoa que se incumbe à administração denomina-se Autoridade Competente,

autoridade esta que detém poder para comandar a formulação do processo.

Destaca-se do inciso II, do artigo 3º da Lei Federal nº 10.520

que na fase preparatória do pregão observar-se-á a necessidade da autoridade

competente, pessoa que à qual se destina a responsabilidade da formulação do

processo licitatório, ou seja, nada mais do que a pessoa do administrador público.

A Autoridade Competente deve ser pessoa designada no

Regimento do órgão ou entidade, sendo normalmente nas diversas situações o

dirigente responsável pela administração das compras e contratações.

Autoridade competente, para Meirelles78, “é aquela que

dispõe de poderes legais para determinar a aquisição de bens e serviços

indispensáveis à Administração, porque sem competência o ato será inválido”.

78 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo, p. 105.

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As atribuições delegadas à Autoridade Competente, de uma

maneira geral, contemplam o seguinte:

a) determinar a abertura da licitação;

b) designar o pregoeiro e os componentes da equipe de apoio ao pregão;

c) estabelecer os requisitos e critérios que regem a licitação e a execução

do contrato;

d) decidir os recursos contra atos do pregoeiro;

e)homologar a adjudicação do pregão;

f) determinar a celebração do contrato.

3.5 FASE EXTERNA

3.5.1 Edital

A fase externa do pregão tem início com a convocação dos

interessados e deve necessariamente obedecer à seqüência descrita a seguir.

A convocação dos interessados dar-se-á nos termos do

artigo 2º da Lei nº 10.520, efetuada por meio de publicação de aviso em diário

oficial do respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação local,

por meios eletrônicos e conforme o vulto, em jornal de grande circulação.

Do aviso constará a definição do objeto da licitação, a

indicação do local, dias e horários em que poderá os interessados obterem o

Edital e seus respectivos anexos.

Havendo a publicação do extrato do edital, o mesmo deve

obrigatoriamente contemplar de melhor forma possível:

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- o objeto da contratação e suas respectivas características;

- as condições de habilitação para participação na licitação;

- os procedimentos para credenciamento na sessão do pregão;

- os requisitos de apresentação da proposta de preços e dos documentos de habilitação;

- os procedimentos para recebimento e abertura dos envelopes com as propostas;

- os critérios e procedimentos de julgamento das propostas;

- os requisitos de habilitação do licitante;

- os procedimentos e critérios para interposição de recursos e para aplicação de sanções administrativas.

Devem acompanhar o Edital, na forma de anexos, os

documentos que justificam a licitação e que especificam detalhadamente o bem

ou serviço a ser adquirido. Estes anexos são partes integrantes do Edital e, em

geral, compreendem os seguintes documentos: termo de referência, planilha de

custos e minuta de contrato.

Do edital deverá constar todos os elementos definidos no

inciso I do artigo 3°, as normas que disciplinarem o procedimento e a minuta do

contrato.

A planilha de custos, por especificar todos valores que

compõem o valor cotado do objeto licitado, traz ao pregoeiro designado, que

analisará as propostas, informações que lhe orientará a verificar a sua

consistência e viabilidade técnica, fazendo dela um dos documentos primordiais

na composição do processo licitatório.

No dia, hora e local designados, será realizada sessão

pública para recebimento das propostas, devendo o interessado, ou seu

representante, identificar-se e, se for o caso, comprovar a existência dos

necessários poderes para formulação de propostas e para a prática de todos os

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demais atos inerentes ao certame.

3.5.2 Sessão

Em data, hora e local previamente designados em edital,

serão recebidos os envelopes lacrados, sendo de responsabilidade do pregoeiro a

abertura dos envelopes das propostas de preços, restando a este a classificação

dos licitantes pelos valores ofertados.

O autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com

preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão fazer novos lances

verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor.

Não havendo pelo menos três ofertas nas condições

definidas no respectivo edital, poderão os autores das melhores propostas, até o

máximo de três, oferecer novos lances verbais e sucessivos, não importando os

valores propostos, resguardando a impossibilidade da aceitação de valor

manifestadamente inexeqüível.

Ressaltando que o artigo 44 da Lei Complementar 123/2006

utiliza como forma de desempate entre os licitantes, a existência de licitante que

demonstre previamente sua qualificação como Microempresa ou Empresa de

Pequeno Porte.

De forma a incentivar contratação para as microempresas e

empresas de pequeno porte, será assegurada nas licitações, como critério de

desempate entre as licitantes, conforme § 1º e 2º do artigo 44 da lei supra citada,

que serão consideradas como empatadas as propostas apresentadas pelas

microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por

cento) superiores à proposta mais bem classificada, sendo resguardado na

modalidade pregão o intervalo de 5% (cinco por cento).

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§ 1º Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada.

§ 2º Na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no § 1o deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço.

Verificando a microempresa ou empresa de pequeno porte

melhor colocada lhe se dada à oportunidade de apresentar proposta inferior

àquela considerada vencedora do certame, vindo a não ser de interesse da

mesma dar-se-á a oportunidade as demais para apresentação proposta

respeitando a sua ordem de classificação.

Sendo que o parágrafo 3º do artigo 45 da Lei Complementar

123/2006 trata que mesmo após o termino da fase de lances, a microempresa ou

empresa de pequeno porte mais bem classificada deverá ser convocada para

apresentar nova proposta no prazo máximo de cinco minutos.

Vindo a não ser de interesse da beneficiada, serão

convocadas as remanescentes que porventura se enquadrem na hipótese dos §

1º e 2º do artigo 44 da Lei Complementar, na ordem classificatória, para o

exercício do mesmo direito. Sendo necessário observar o prescrito pelo inciso III

do artigo 45 da LC 123/2006:

III – no caso de equivalência dos valores apresentados pelas microempresas e empresas de pequeno porte que se encontrem nos intervalos estabelecidos nos § 1º e 2º do art. 44 desta Lei Complementar, será realizado sorteio entre elas para que se identifique aquela que primeiro poderá apresentar melhor oferta.

Exaurida a fase dos lances verbais, analisando-se a

proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao

pregoeiro decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade.

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Após passar pela análise pormenorizada do pregoeiro, dar-

se-á como encerrada a etapa competitiva, e o pregoeiro procederá à abertura do

invólucro contendo os documentos de habilitação do licitante que apresentou a

melhor proposta, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital.

Estando em ordem os documentos exigidos pelo edital, o

licitante, que os apresentou no invólucro, será declarado vencedor.

Ocorrendo qualquer fato ou algo constatado que a oferta

proposta não seja aceitável, ou se o licitante desatender às exigências

habilitatórias, o pregoeiro deverá prosseguir com a sessão passando à análise

das ofertas subseqüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de

classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao

edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor.

Sendo que a Lei Complementar 123/2006 resguarda o

direito da empresa de pequeno porte ou microempresa vencedora do certame,

que se encontrem no momento impossibilitada de apresentar alguma Certidão

Negativa de Débito atualizada, fixando o prazo em conformidade com o parágrafo

1º do artigo 43 da LC 123/2006 de dois dias para apresentação de nova certidão

vigente.

Poderá, de forma decadencial, haver a interposição de

recurso por qualquer licitante, no momento que seja declarado o vencedor. Ao

recorrente, será concedido o prazo de três dias para apresentação das razões do

insurgimento, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar

contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do

prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos.

Não ocorrendo à interposição de recursos, ou aqueles que

por ventura sejam interpostos venham a ser julgados improcedentes, o objeto

licitado será homologado pela autoridade competente, sendo o adjudicatário

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convocado para assinar o contrato no prazo definido em edital.

3.6 UTILIZAÇÃO DO PREGÃO POR MEIO ELETRÔNICO

Menciona-se, por fim, que ainda quando o pregão era

tratado por medida provisória, o governo federal editou dois decretos para

regulamentar esta nova modalidade licitatória. São os decretos nº 3.555/2000 e

3.697/2000; o primeiro, traçando regras procedimentais para o pregão presencial,

e o segundo, para o pregão eletrônico.

Pelo Decreto nº 5.504, de 5 de agosto de 2005, foi

estabelecida a exigência de utilização do pregão, preferencialmente em sua forma

eletrônica, para entes públicos ou privados, nas contratações de bens e serviços

comuns, realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos

públicos da União, decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres ou

consórcios públicos.

Ao observar o prescrito pelo artigo 1° da Lei nº 10.520,

verifica-se que têm como finalidade o pregão:

Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Mais recentemente, o Decreto Federal nº 5.450, de 31 de

maio de 2005, regulamentou o pregão eletrônico nas aquisições de bens e

serviços comuns em seu artigo 4º, dando preferência à utilização na sua forma

eletrônica, além de não mais considerar incompatível com o pregão os serviços

de engenharia, conforme artigo 6º.

Meirelles79 conceitua Pregão Eletrônico como sendo

79 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo, p. 107.

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(...) aquele efetuado por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, ou seja, por meio de comunicação pela Internet. (...) Seu procedimento segue as regras básicas do pregão comum, mas, como é evidente, deixa de ocorrer na presença física do pregoeiro e dos participantes, já que todas as comunicações são feitas por via eletrônica.

Sobre a utilização do pregão por meio eletrônico, Bruno80

destaca que

Esta modalidade, a eletrônica, exige para a participação pré-qualificação dos interessados por um prazo predeterminado no regulamento, perante o órgão ou entidade promotora ou, ainda, no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF (vinculado à União), ou em sistemas assemelhados mantidos por estados e/ou municípios.

Atualmente, a modalidade Pregão eletrônico é a que mais

cresce, e suas inovações e benefícios estão sendo estendidos para as outras

modalidades, como o uso de internet para registro de ata e afins.

A dificuldade que se encontra para utilização do pregão

eletrônico pelos entes públicos se encontra na insuficiência de conhecimento do

sistema ao qual ele é monitorado.

Por se tratar de mecanismo de pouco conhecimento pelos

servidores do poder público, se faz necessário que a Administração Pública

promova uma adequação aos seus sistemas, sendo necessária a implantação de

maquinários e a qualificação das pessoas às quais se incumbirá de monitorá-lo.

80 BRUNO, Reinaldo Moreira. Direito Administrativo, p. 214.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode perceber ao longo da pesquisa apresentada,

a Licitação Pública é um procedimento administrativo complexo porquanto

compreende diversas modalidades com características específicas para cada tipo

de produto ou serviço a ser contratado pelo ente público.

O legislador, com a edição da Lei nº 8.666/93, não só

abarcou os princípios constitucionais previstos no artigo 37, inciso XXI, mas

principalmente, delimitou os princípios norteadores da atividade exercida pelos

administradores durante o certame público.

Assim, para os fins a que se destinou o presente trabalho

monográfico, o estudo dos princípios norteadores da atividade do ente público,

principalmente durante o certame, se fez de fundamental importância, na medida

em que a análise das modalidades de Licitação Pública foi o principal objeto da

pesquisa deflagrada.

Do estudo do primeiro capítulo foi possível destacar não só a

complexidade do ato licitatório, mas principalmente, o fato de que os princípios a

serem observados possuem verdadeira conotação de norma jurídica para fins de

validade do próprio certame.

As modalidades de licitação compreendem a concorrência, a

tomada de preços, a carta convite, o leilão, o concurso e o pregão. Essas

modalidades, com exceção do pregão que foi objeto de análise específica no

terceiro capítulo deste trabalho, por se tratar do cerne da questão em estudo,

estão previstas na Lei nº 8.666/93, que também prevê as situações nas quais o

ente público estará dispensado de licitar e aquelas onde há inexigibilidade do

certame.

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Este foi o objeto do estudo do segundo capítulo, que

também especificou as fases à que estão adstritas as modalidades de Licitação

Pública, dentre outras particularidades a respeito das características a ela

atinentes.

A análise científica alcança seu ápice ao abordar, no terceiro

capítulo, a modalidade de Licitação Pública denominada pregão e, principalmente,

sua normatização advinda da Lei nº 10.520/2002.

Com essa inovação legislativa, ao que se pode inferir, o

pregão culminou por se revelar a modalidade licitatória com mais aceitação entre

os entes públicos.

Isto porque seu procedimento tornou-se mais célere do que

as demais modalidades licitatórias, principalmente pelo fato de que a proposta do

licitante é analisada antes da apresentação dos documentos de habilitação, o que

viabiliza e desburocratiza o procedimento.

Com essa inversão nas fases do procedimento, houve maior

possibilidade de se proceder à disputa de lances dos interessados no certame, o

que vem a possibilitar o melhor preço do objeto licitado.

Pode-se dizer que o estudo permitiu a conclusão de que

outro grande diferencial do pregão com relação às demais modalidades licitatórias

é, justamente, a economicidade, diante da verdadeira disputa de preços entre os

licitantes, que podem baixar suas ofertas na busca pela formalização do contrato

com o ente público.

Com isso, os preços costumam alcançar patamares bastante

inferiores aos obtidos com os demais procedimentos licitatórios, o que tem

favorecido ainda mais sua aceitação, sem contar na eficiência e na celeridade

obtidas, que permitem uma contratação mais econômica e muito mais rápida.

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Dentre as hipóteses elencadas como norteadores deste

trabalho monográfico, tendo em primeiro plano a questão da Licitação Pública em

se tratar de um procedimento administrativo, e o grau de importância na

observância de princípios norteadores da legislação a qual a fundamenta.

Conforme estudo elaborado no decorrer deste trabalho

verificou-se a real importância da observância pelo administrador público dos

princípios norteadores da Licitação Pública, princípios estes os quais a legislação

vigente impõe como obrigação para sua legalidade.

Assim restou totalmente comprovada a hipótese, pois

acarreta ao administrador quanto aos interessados na participação do certame

analisar os princípios da Licitação, pois tendo como finalidade a busca pela

melhor proposta à Administração Pública, não poderá o administrador público, por

exemplo, ausentar-se de cumprir os requisitos de publicidade.

Como o principio da publicidade possui grande

responsabilidade no sucesso do certame, todos os demais princípios são de suma

importância, pois estão todos interligados, assim como o princípio da igualdade

esta vinculado ao instrumento convocatório, retratando desta forma que a

Administração Pública deverá atentar-se ao formular o Edital de uma forma que

não venha a inibir a participação de possíveis interessados restando aos termos

do Edital o campo de atuação da Administração.

Sobre a segunda hipótese elencada, pode-se verificar

perante o estudo elaborado que o pregão, apresenta-se nos dias atuais como a

Modalidade de Licitação mais utilizada, por atender aos interesses do ente público

e alcançar os objetivos do legislador ao tornar mais célere o procedimento da

Licitação.

A comprovação desta hipótese tem como base a

metodologia utilizada na modalidade em que a Lei n.º 10.520/2002 criou, pois

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alem de inverter as fases do certame, reduziu prazo para abertura de envelopes,

desmistificando desta forma o processo licitatório como um processo burocrático

e demorado.

Com as inovações impostas pelo Pregão, os licitantes

encontraram-se em uma situação em que passaram a primeiro plano em reduzir

preços com a intenção da contratação com a Administração Pública, preocupando

com a habilitação posteriormente incentivando a competitividade.

Tendo como objeto fim a contratação do objeto licitado pelo

menos custo à Administração Pública, pode-se dizer de plano que a modalidade

Pregão além de comprovar sua eficácia tornou-se a modalidade mais utilizada

pelo Órgãos Públicos.

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SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Ação Civil Publica n. 2004.021478-2. Relator Desembargador Francisco Oliveira Filho. Segunda Câmara de Direito Público. Partes: Representante do Ministério Público x Marcos Leal Nunes e (outro), publicado no Diário da Justiça em 17 maio 2005.

SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação em Mandado de Segurança n. 2007.000769-6. Relator Desembargador Jânio Machado. Quarta Câmara de Direito Público. Partes: Damiani Metalúrgica e Serralheria Ltda x Município de Florianópolis, publicado no Diário da Justiça em 03 abril 2009.

SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2001.005648-8. Relator Desembargador Volnei Ivo Carlin. Partes: Móveis Ferrarte Ltda e (outros) x Representante do Ministério Público e (outro), publicado no Diário da Justiça em 04 abril 2002.

SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível em Mandado de Segurança n. 2004.009207-5. Relator Volnei Ivo Carlin. Primeira Câmara de Direito Público. Partes: QST Qualidade em Serviços Tercerizados Ltda x Limger Empresa de Limpezas Gerais e Serviços Ltda e (outros), publicado no Diário da Justiça em 14 outubro 2004.

SANTA CATARINA. Tribunal de Jusitça. Apelação Cível em Mandado de Segurança n. 1998.005597-0. Relator Desembargador Francisco Oliveira Filho. Primeira Câmara de Direito Civil. Partes: Companhia de Habitação do Estado de Santa Catarina – COHAB x MGR Engenharia Ltda e (outros), publicado no Diário da Justiça em 20 junho 2000.

SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Inquérito n. 2004.0002394-4. Relator Desembargador Jânio de Souza Machado. Primeira Câmara Criminal. Partes: Primo Menegalli e (outros) x Evaldo Bússolo Stopassolli, publicado no Diário da Justiça em 29 março 2005.

SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível n. 2008.000548-2. Comarca de São Lourenço de Oeste. Relator Desembargador Sérgio Roberto Baasch Luz. Partes João David Folador x Prefeito Municipal de São Lourenço do Oeste , publicado no Diário da Justiça em 18 novembro 2008.

SERVIDIO, Américo. Dispensa de Licitação Pública. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1979.

TRIBUNAL de Contas da União. Decisão n. 214/97-TCU, publicada no Diário Oficial da União em 12 maio 1997, p. 9.665.

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