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_____________________________________Profa.Dra.PatríciaBulegonBrondani(@patyqmc)
1
Ligações Químicas 1. Sobre elétrons e orbitais atômicos (AO): Pequena revisão
- O elétron possui dualidade partícula-onda.
- Não podemos saber com exatidão momento e a localização do elétron:
Princípio da Incerteza de Heisenberg.
- A equação de Schrodinger tem como solução a região mais provável de
encontrar o elétron:
Equação de Schrodinger (para 1 elétron)
As soluções para este tipo de equação são equações simples que
podem ser expressas em gráficos. Esses gráficos são figuras tridimensionais
que mostram a densidade eletrônica e são chamados orbitais ou nuvens eletrônicas. Infelizmente, estes gráficos são aproximação e não a solução
exata.
*Orbital ou nuvem eletrônica: É a região de maior probabilidade de encontrar
o elétron.
- Existem orbitais de diferentes formas e energias;
- Somente algumas energias são permitidas;
- Somente algumas transições eletrônicas são permitidas;
Os elétrons nos orbitais podem ser definidos por 4 números quânticos:
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Número Quântico Principal (n)
Diferentes valores para n dividem os orbitais em grupos de energia
similar, chamados camada. Cada camada pode abrigar uma quantidade
diferente de elétrons e, a primeira camada pode abrigar somente 2 elétrons no
total.
Número Quântico Momento Angular (ℓ)
Determina o momento angular do elétron no orbital. Ou o formato da
nuvem eletrônica (o elétron se move nesta nuvem). Os valores que ℓ pode
assumir dependem do valor de n (vão de 0 a 3)
Cada valor representa uma letra s, p, d ou f e estas letras representam
um formato.
Valor de n 1 2 3 4
Possíveis
valores de ℓ
0 0, 1 0, 1, 2 0, 1, 2, 3
Nome 1s 2s, 2p 3s, 3p, 3d 4s, 4p, 4d, 4f
Número Quântico Magnético (mℓ)
Determina a orientação espacial da nuvem eletrônica. Esse número
quântico depende diretamente do formato da nuvem (mℓ depende do valor de
ℓ). Portanto, varia de - ℓ a + ℓ. Esses números mostram a direção do orbital ao
longo dos eixos x, y ou z
Valores de n 1 2 2
Valores de ℓ 0 0 1
Nome 1s 2s 2p
Possíveis valores de mℓ
0 0 +1, 0, -1
Nome 1s 2s 2px, 2py, 2pz
Os valores do número quântico magnético (mℓ) dependem de ℓ:
à Para ℓ = 0, m ℓ pode ser somente 0 (existe somente um tipo de orbital s);
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à Para ℓ = 1, m ℓ pode ter três valores (+1, 0 ou -1) (existem três tipos de
orbitais p);
à Para ℓ = 2, m ℓ pode ter cinco valores (existem cinco tipos de orbitais d);
à Para ℓ = 3, m ℓ pode ter sete valores (existem sete tipos de orbitais f);
O quarto número quântico diz respeito ao elétron: Número Quântico spin (ms). Representa o momento angular do elétron girando em torno de seu
próprio eixo. A magnitude do numero quântico spin é constante, mas pode
assumir duas orientações: +1/2 ou -1/2. Cada orbital, no máximo, pode
acomodar dois elétrons. Isto somente ocorre quando tiverem spins opostos
(+1/2 ou -1/2).
A regra que descreve o número máximo de elétrons e o estado de spin é
conhecida como Princípio da Exclusão de Pauli.
Levando em conta os números quânticos, para o Hidrogênio (1s1) temos que:
- 1 indica n - camada em que o orbital contendo o elétron está;
- s refere-se a ℓ - formato da nuvem onde o elétron se move;
- 1s - define o nome do orbital;
- O número 1 após o s indica que há somente um elétron no orbital.
Portanto, usando n e ℓ rotulamos os orbitais em 1s, 2s, 2p, 3s, 3p....(ℓ - tem somente valores inteiros).
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Para o átomo de hidrogênio ou íons com somente 1 elétron (He+ ou Li2+),
2s tem a mesma energia que 2p e 3s, 3p e 3d tem a mesma energia entre
si.Orbitais com a mesma energia são chamados de DEGENERADOS.
Em átomos com mais de um elétron, 2s e 2p tem energias diferentes (e
3s, 3p e 3d também), pois nesse caso há REPULSÃO eletrônica (causada
pela presença de mais de um elétron em pelo menos um dos orbitais). Em
átomos com mais de um elétron a energia não depende somente de n, mas
também de ℓ.
*Nós, fases de orbitais e diagrama de energia de orbitais atômicos: Pode-
se expressar a probabilidade de encontrar os elétrons através de gráficos de
densidade. Supondo que pudéssemos ver exatamente onde o elétron está em
um dado tempo e, sendo assim, marcar seu lugar. Se nós olhássemos de novo
um pouco depois, o elétron estaria em um lugar diferente, então, poderíamos
marcar outro ponto. Eventualmente, se marcássemos pontos suficientes,
terminaríamos com uma figura como a figura abaixo. Agora a densidade dos
pontos é uma indicação da probabilidade de encontrar o elétron neste dado
espaço. Quanto mais densa, ou mais escura é a área, maior é a probabilidade
de encontrar o elétron.
Pelo gráfico acima percebe-se que o orbital 2s, como o orbital 1s, é
esférico. Porém existem duas diferenças entre eles. O orbital 2s é maior, então
um elétron em um orbital 2s tem maior probabilidade de ser encontrado mais
distante do núcleo que em um orbital 1s. A outra diferença é que o orbital 2s
tem uma região onde não existe densidade eletrônica nenhuma, enquanto no
orbital 1s isto não ocorre. Essa região é chamada superfície nodal. Nesse
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caso tem proporção radial, por isso é chamado nó radial. O orbital 2s tem um
nó radial.
Nó: região onde não há probabilidade de encontrar elétrons
O número de nós em um orbital é n-1, onde n = número quântico principal.
Portanto, o orbital 1s é esférico, simétrico e não tem nós. O orbital 2s
tem um nó radial (n-1, ou seja, 2-1 =1 nó) e o orbital 3s, não mencionado até
então, tem dois nós radiais (n-1, ou seja 3-1 = 2 nós). Todos são esfericamente
simétricos.
Para um orbital 2p o gráfico de densidade/probabilidade não é mais
esfericamente simétrico. Agora o orbital tem uma orientação no espaço e tem
dois lobos. Além disso, existe uma região sem densidade eletrônica que está
entre os dois lobos e é uma superfície nodal. Dessa vez o nó é um plano entre
os dois lobos e é chamado plano nodal.
Para facilitar a representação do formato dos orbitais, os químicos
utilizam somente o contorno das formas. Com isso, os orbitais s são
representados por uma esfera e os orbitais p com um formato lobular, conforme
pode ser observado abaixo.
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Além disso, como ondas os orbitais têm fases diferentes e depois de
cada nó a fase muda. Em ondas normais chamamos as fases de negativa e
positiva. Já em química orgânica, negativo e positivo podem ser confundidos
com cargas. Por isso, utilizam-se cores diferentes ou preenchimentos
diferentes nos desenhos representativos dos orbitais. Como pode ser
observado na figura abaixo, representação de um orbital p, entre os lobos
observa-se um nó e após o nó a cor do lobo muda para indicar mudança de
fase.
Para descrever os elétrons presentes nos correspondentes orbitais de
um átomo, utilizam-se os Diagramas de Energia de Orbitais Atômicos. Os
orbitais são representados por traços e os elétrons por setas. Representam-se
os orbitais de menor energia em baixo e, conforme o aumento de energia, mais
a cima. O diagrama abaixo representa os orbitais atômicos do átomo de
Hidrogênio. Como comentando anteriormente, por conter somente um elétron
e, portanto, não apresentar repulsão, os orbitais vazios 2s e os três orbitais 2p,
possuem a mesma energia (o mesmo ocorre para He1+ e Li2+). Para espécies
com dois ou mais elétrons ocorre a diferenciação de energia dentro da mesma
camada para orbitais de formato diferentes.
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Para dois elétrons no mesmo orbital, representam-se duas flechas em
sentidos opostos (spins opostos). Completam-se os orbitais de menor energia
primeiro, respeitando a Regra de Exclusão de Pauli. Podemos observar a
distribuição dos elétrons nos Orbitais Atômicos (OAs) para o átomo de boro,
que possui número atômico 5.
Para átomos com mais elétrons, preenche-se todos os orbitais 2p
degenerados antes (até todos ficarem semipreenchidos), evitando-se a
repulsão eletrônica em um mesmo orbital.
Varia
ção
de e
nerg
ia
1s
2s 2px 2py 2pz
Orbitais de menor energia na base e orbitais mais energéticos no topo
Flecha com ponta pela metade indicando 1 elétron no orbital 1s
Diagrama de Energia de Orbitais Atômicos para o átomo de Hidrogênio
(número atômico = 1)
Para o Hidrogênio (que contém somente 1 elétron) o orbital 2s e os prbitais 2p são degenerados
Varia
ção
de e
nerg
ia
1s
2s
2px 2py 2pz
Duas flechas com sentidos opostos representando dois elétrons com spins opostos.
Diagrama de Energia de Orbitais Atômicos para o átomo de Boro (número atômico = 5)
Orbitais 2p degenerados entre si, mas com energia diferente do orbital 2s
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Após todos os orbitais 2p estarem semipreenchidos, inicia-se o
pareamento dos elétrons.
2. Orbitais Moleculares (OM)
A teoria utilizando orbitais moleculares (TOM) constitui uma alternativa para
explicar a formação das ligações químicas.
Considera-se que os orbitais atômicos (OAs) do nível de valência, deixam
de existir quando a molécula se forma, sendo substituídos por um novo
conjunto de níveis energéticos que correspondem a novas distribuições da
nuvem eletrônica (densidade de probabilidade). Portanto, os OAs combinam-se
como ondas, em fase ou fara de fase. A combinação de um determinado número de OAS gera o mesmo número de OMs.
Varia
ção
de e
nerg
ia
1s
2s
2px 2py 2pz
Diagrama de Energia de Orbitais Atômicos para o átomo de Carbono
(número atômico = 6)
O sexto elétron fica no orbital 2py para evitar repulsão eletrônica no mesmo orbital
Varia
ção
de e
nerg
ia
1s
2s
2px 2py 2pz
Diagrama de Energia de Orbitais Atômicos para o átomo de Oxigênio
(número atômico = 8)
Após todos os orbitais degenerados possuirem 1 elétron, inicia-se o emparelhamento.
O próximo orbital tem energia muito maior e só receberá elétrons quando os orbitais 2p estiverem preenchidos.
3s
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Na combinação fora de fase (ou destrutiva), forma-se um OM onde
existe um plano nodal entre os núcleos. Portanto, se elétrons forem colocados
neste orbital não haverá densidade eletrônica entre os dois núcleos. Em
contraste para a combinação em fase (construtiva), se o orbital molecular
derivado contiver elétrons eles estarão entre os núcleos. Isso ocorre porque
dois núcleos se repelem, mas a densidade de elétrons entre eles ajuda a
mantê-los unidos. Então, dizemos que a combinação em fase dá origem a orbitais moleculares ligantes. Os elétrons podem agora ser compartilhados
entre os núcleos e isto diminui a energia quando comparamos OM ligante
formado ao orbital atômico de origem. Porém, elétrons presentes em orbitais
derivados de combinação fora de fase não ajudam a manter os núcleos
juntos, na verdade até dificultam a ligação. Quando este orbital é ocupado, os
elétrons podem ser encontrados em qualquer lugar menos entre os núcleos.
Isto significa que os dois núcleos estão mais expostos e se repelem. Estes
orbitais são conhecidos como Orbitais Moleculares Antiligantes e tem maior
energia que o orbital atômico original.
Orbitais Moleculares Homonucleares Diatômicos: São formados quando
dois átomos iguais se unem em uma molécula diatômica.
Por exemplo, na molécula de H2, ocorre combinação de 2 OAs do tipo 1s
levando a formação de 2 OMs (um ligante, de menor energia que os OAS
originais, e um antiligante de maior energia). O preenchimento dos orbitais
segue a ordem menor para maior energia. Portanto, o OM ligante recebe os
dois elétrons, formando a ligação H-H.
Fora de fase
Plano nodal
Maior energia que os orbitais atômicos que o originaram
Em fase Menor energia que os orbitais atômicos que o originaram
Dois orbitais atômicos 1s em combinação fora de fase.
Dois orbitais atômicos 1s em combinação em fase.
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Quando um elétron é promovido do OM ligante para o OM antiligante
ocorre o cancelamento de um elétron do OM ligante, gerando quebra de ligação.
No exemplo abaixo pode-se observar os átomos de Hidrogênio sendo
separados, e cada átomo ficando com seu elétron (quebra homolítica). Para
que isso aconteça, energia deve ser fornecida ao sistema.
Para a molécula de hidrogênio há uma grande diferença de energia
entre OM antiligante e ligante e, por isso, é difícil de acontecer a quebra da
Orbital Molecular Ligante(preenchido)
OA 1s OA 1s
Orbital Antiligante(vazio)
EnergiaCombinação fora de fase
Combinação em fase
Diagrama de orbitais moleculares para a molécula de Hidrogênio
Orbital Molecular Ligante(preenchido)
OA 1s OA 1s
Orbital Antiligante(vazio)
Energia
energia necessária para promover o elétron e quebrar a ligação H-H
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ligação. No entanto, para a molécula de Br2 a diferença é pequena e a quebra
pode ocorrer, por exemplo, por luz aplicada (luz UV).
O cálculo da ordem ordem de ligação de uma molécula leva ao número
de ligações presentes e pode ser calculado a partir dos OMs:
Logo, a ordem de ligação para H2 é:
OL(H2) = 2-0/2 = 1 (uma ligação simples entre os átomos, formando H2)
Para a hipótese de dois átomos de Hélio interagirem temos:
OL (He2) = 2-2/2 = 0 (sem ligação efetiva unindo os átomos)
Portanto, os átomos de H estão unidos por 1 ligação e a molécula de H2
existe. Já a molécula de He2, não existe, pois não há ligação efetiva ente os
átomos de He (os 2 elétrons no OM antiligante cancelam os elétrons no OM
ligante).
Outro aspecto a ser observado nos OMs, é sua simetria. Quando orbitais
s se combinam a combinação forma OMs com simetria sigma (σ), pois somente
Orbital Molecular Ligante(preenchido)
OA 1s OA 1s
Orbital Antiligante(vazio)
Energia
Molécula hipotética resultante da combinação entre os OAs de dois átomos de Hélio
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ocorre de maneira frontal. Ou seja, orbitais s podem somente formar ligações
sigma.
***OBS: pode-se abreviar o orbital molecular sigma antiligante por OM σ*
(sigma com o asterisco) e o orbital molecular sigma ligante por OM σ (sigma
sem o asterisco). O mesmo vale para os orbitais π (pi): OMπ∗, para antiligante,
e OMπ, para ligante.
Os orbitais p podem ser combinados de duas maneiras, frontalmente ou
lateralmente. Com isso, originam ligações com simetria sigma ou com simetria
pi (π). Portanto, os orbitais p podem originar ligações σ e ligações π.
σ∗
σ
Pode-se girar em torno do eixo sem mudar os OMs
Possuem simetria,chamada simetria sigma (σ)
Combinação frontal, fora de fase (lobo rosa sobrepondo com lobo branco)
Plano nodal
OM 2pσ*
Simetria σ
Combinação frontal, em fase (lobo rosa sobrepondo com lobo rosa)
Simetria σ
OM 2pσ
OA2p OA2p
OA2p OA2p
Combinação lateral, fora de fase (lobo rosa sobrepondo com lobo branco)
Plano nodal
OM 2pπ*
Combinação lateral, em fase (lobo rosa sobrepondo com lobo rosa e
lobo branco sobrepondo com lobo branco)
OM 2pπ
OA2p OA2p
OA2p OA2p
Sem simetria, se girar muda a fase
Sem simetria, se girar muda a fase
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Por serem mutualmente perpendiculares entre si quando um dos orbitais
p sobrepõem-se frontalmente com outro orbital de outro átomo, os outros dois
orbitais p podem somente realizar sobreposição lateral. Isso resulta na
possibilidade de formação de 1 OM σ e 1 OM σ∗ (sobreposição frontal entre 2
OAS de 2 átomos) e 2 OM π e 2 OM π∗ (sobreposição lateral). Os dois orbitais
2 OM π são degenerados entre si, assim como os 2 OM π∗.
Na maioria dos casos, a sobreposição frontal é mais eficiente e tem
menor energia que a sobreposição lateral. Sendo assim, é mais fácil romper
uma ligação π que uma ligação σ. Isso pode ser observado no diagrama de
OMs genérico abaixo, onde a diferença de energia entre OM σ e OM σ∗ é
maior que a diferença entre OMπ e OM
π∗. Dessa maneira, excitar um elétron do OMσ para o OMσ* custará mais
energia ao sistema, sendo mais difícil.
Sobreposição frontal de um dos orbitais p
As demais sobreposições (dos dois outros obitais atômicos p) só podem ser laterais devido a simetria. Os orbitais p ficam a 900 um do outro em um átomo.
*Nessa figura só estão sendo mostradas sobreposições em fase (lobo rosa com lobo rosa e, lobo roxo com lobo roxo). No entanto, deve-se
ter em mente que o mesmo ocorre para as sobreposições fora de fase e que para cada
sobreposição em fase (formando OM ligante), uma sobreposição fora de fase ocorre (formando
OM antiligante).
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Orbitais Moleculares Heteronucleares Diatômicos: Dois átomos de
elementos diferentes também podem combinar-se formando OMs (e, portanto,
ligações). No entanto, a energia dos orbitais envolvidos é diferente (mesmo
com tipos de orbitais iguais). Por exemplo, o orbital 2p do Flúor é menos
energético que orbital 2p do carbono. Quanto mais eletronegativo o elemento,
mais estável o orbital atômico (menor sua energia).
Quando ocorre a combinação de OAs com energias muito diferentes, a
combinação é mais difícil. Em casos extremos não ocorre formação de OMs e
sim uma simples atração de íons (ligação iônica). Para o exemplo da molécula
de NaF, a energia dos OAs é muito diferente. Ocorre que o Sódio doa um
elétron ao Flúor e não há a formação efetiva de OMs. Formam-se íons que
permanecem unidos através de atração eletrostática.
Energia
3 OA 2p degenerados
3 OA 2p degenerados
OMσ∗
OMσ
2 OMπ* degenerados
2 OMπ degenerados
OMσ∗
OMσ
OA 2s OA 2s
OMσ∗
OMσ
OA 1s OA 1s
OM derivado de OA 1s tem energia muito menor
Derivado de sobreposição frontal fora de fase de um OA 2p
Derivado de sobreposição frontal em fase de um OA 2p
Derivado de sobreposição frontal fora de fase de um OA 2s
Derivado de sobreposição frontal em fase de um OA 2s
Derivado de sobreposição frontal fora de fase de um OA 1s
Derivado de sobreposição frontal em fase de um OA 1s
Orbitais s se sobrepõem
apenas frontalmente
gerando OM σ
Derivado de sobreposição lateralfora de fase de dois OA 2p
Derivado de sobreposição lateralem fase de dois OA 2pEnergia necessária
para quebrar o componente sigma da ligação
Energia necessária para quebrar o componente
pi da ligação (menor, mais fácil quebrar)
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No entanto, quando os OAS tem menor diferença de energia eles podem
ser combinados formando novos OMS. Sendo assim, o átomo mais
eletronegativo contribui mais com o OM ligante (está mais próximo em energia
e os elétrons da ligação ficam na média mais próximos dele) e o átomo menos
eletronegativo, com o OM antiligante. Podemos observar na figura abaixo, no
diagrama da ligação π C-O, que o OM ligante é maior em volta do Oxigênio,
enquanto o OM antiligante é maior no Carbono. Forma-se uma ligação
covalente.
Na figura abaixo podemos observar a comparação da formação de OMs
entre dois átomos iguais (ligação π C-C) e entre dois átomos diferentes
(ligação π C-O).
OA 2p do Flúor
FF
OA 3S do SódioEn
ergi
a
Na Na
Elétron transferido do OA 3s do Sódiopara o OA 2p do Flúor
Forma-se NaF por atração eletrostática de íons de cargas opostas
OAs com energias muito diferentes para combinação
em OMs
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OA p carbono
OA p carbono
OMπ
OMπ*
C C
contribuição igual dos dois átomos(OM ligante simétrico)
C C
contribuição igual dos dois átomos(OM antiligante simétrico)
Ener
gia
OA p carbono
OA p oxigênio
OMπ
OMπ*
C O
contribuição maior do oxigênio(OM ligante maior no oxigênio)
C O
contribuição maior do carbono(OM antiligante maior no carbono)
DIAGRAMA DE ORBITAIS MOLECULARES PARA LIGAÇÃO π C-C
DIAGRAMA DE ORBITAIS MOLECULARES PARA LIGAÇÃO π C-O
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Para fins comparativos podemos compilar as informações em uma
tabela:
OAs de mesma energia (átomos iguais interagindo)
OAs com energia um pouco diferente (átomos diferentes
interagindo)
OAs de energia muito diferente (átomos com
eletronegatividade muito
diferentes interagindo)
Alta interação entre os OAs Menor interação entre os OAs OAs tem energia muito
diferente para interagir
OM ligante tem energia muito
menor e o OM antiligante tem
energia muito maior que os
OAs
OM ligante tem energia um
pouco menor e o OM
antiligante um pouco maior
que os OAs
O orbital preenchido do ânion
tem energia igual do ao OA
do átomo mais eletronegativo
e o orbital vazio do cátion tem
energia igual do OA do átomo
eletropositivo.
OAs contribuem igualmente
para ambos OMs
OA do átomo mais
eletronegativo contribui mais
com o OM ligante e OA do
átomo menos eletronegativo
contribui mais para o OM
antiligante
Somente um OA contribui
com cada orbital da molécula
(orbital do cátion e orbital do
ânion)
Os elétrons ligantes são
compartilhados igualmente
entre os átomos
Os elétrons ligantes ficam
mais próximos do átomo mais
eletronegativo
Os elétrons ficam somente
com o ânion (formado pelo
átomo mais eletronegativo)
Ligação puramente covalente Ligação covalente com
porcentagem iônica (ligação
polar)
Ligação classicamente iônica
A quebra homolítica pode
ocorrer facilmente
É mais provável a quebra
heterolítica, onde o átomo
mais eletronegativo fica com
os elétrons (ânion) e o outro
fica como cátion.
Os elementos já existem com
íons.
Existem ainda outros fatores que afetam a interação orbitalar, como o
tamanho dos orbitais e a sua simetria. Por exemplo, um OA 2p se sobrepõe
melhor com outro OA 2p do que com um OA 3p.
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Quanto a simetria, um orbital 2px não podem se sobrepor com um OA
2py ou 2pz, por que eles são perpendiculares entre si e haveria a sobreposição
de um lobo (onde existe densidade eletrônica) com um nó (onde não existe
densidade eletrônica). Com orbitais 2p pode haver sobreposição frontal (2px
com 2px, por exemplo) ou lateral (2pz com 2pz, por exemplo). Já os OAs s
sobrepõem-se somente frontalmente com orbitais p (formando somente
ligações σ).
Moléculas com mais de dois átomos: cada ligação de uma molécula maior
pode ser descrita por uma diagrama de OMs, ou seja, a interação de dois OAs
(dois átomos) levando a dois OMs (um ligante e um antiligante). O ângulo das
ligações em volta de um átomo, respeita o ângulo de sobreposição, que pode
variar dependendo do orbital que é utilizado para tal (orbitais p, orbitais
híbridos, ...).
Tentativa de interação de um OA s com o nó do OA p (lateral):
Simateria incorreta!
Nó
X
Interação do OA s com o lobo do OA p (frontal): Simetria correta.
Aqui está sendo mostrada uma interação ligante (rosa com rosa), mas a antiligante
também ocorre.
X XNó Nó
Nó
Tentativa de interação de OA px e OA pz, ou px e py, respectivamente:
Simateria incorreta!
Interação lateral de OA px com OA px e interação frontal de OA py com OA py, respectivamente: Simetria correta. As interações frontal de OA px com OA px e lateral de OA py com OA py também podem ocorrer. Os OAs pz também podem interagir lateral ou frontalmente,
desde que na simetria correta.Aqui estão sendo mostradas duas interações do tipo ligante,
mas as antiligantes também ocorrem.
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Para moléculas pequenas, com um átomo central, que tem este átomo
não hibridizado, a sobreposição ocorre de maneira direta. Cada sobreposição
de 2OAs gera 2 OMs (um ligante e um antiligante).
Como exemplo, podemos citar as moléculas de PH3 e SH2, onde o
átomo central possui orbitais p que são utilizados nas ligações. Os orbitais p
(px, py e pz) ficam perpendiculares entre si (900) e como consequência, as
ligações em volta deste átomo central mantêm este ângulo entre elas.
Quando o átomo em questão tiver utilizando orbitais atômicos
hibridizados, os ângulos variam de acordo com o tipo de hibridização.
3. Hibridização de OAs
A hibridização é a combinação de OAs em novos OAs. Um determinado
número de OAs combina-se formando o mesmo número de OAs híbridos.
Sempre o mesmo número de OAs híbridos é gerado!
O átomo de carbono sofre HIBRIDIZAÇÃO combinando seus OAs
levando a novos OAs híbridos. O processo geral tem ganho de energia, pois
PH
HH
P
H
H
H
P (Z = 15) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3
Os orbitais mostrados são os orbitais p da camada de valência.Cada um tem 1 elétron que interage formando uma ligação com o hidrogênio.
Portanto, um OA 1s do hidrogênio com um elétron, interage com um OA 3p do fósforo levando a dois OMs, um ligante e um antiligante.
SH
H S
H
H
S (Z = 16) 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4
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ligações a mais podem ser formadas. O átomo de carbono pode sofrer 3 tipos
de hibridização:
sp3: combinando 2s , 2px, 2py e 2pz (1 orbital s e 3 orbitais p, por isso sp3).
sp2: combinando 2s, 2px e 2py (1 orbital s e dois orbitais p, por isso sp2) e
deixando 2pz como orbital p puro (para formar uma ligação π).
sp: combinando 2s e 2px (1 orbital s e 1 orbital p, por isso sp) e deixando 2py e
2pz puros (para formar duas ligação π).
Na hibridização sp3 os 4 OAs se combinam e formam 4 OAs híbridos.
Como o nome indica, o orbital sp3 tem 1/4 de OAs 2s e 3/4 de 2p. Este tipo de
orbital tem um nó planar através do núcleo. Além disso, tem um lobo grande
(referente a soma de s e p em fase) e um lobo pequeno (referente a subtração
de s e p fora de fase). A energia do orbital híbrido, formado através da
combinação de s e p, é intermediária entre a energia dos orbitais originais.
O carbono quando hibridizado sp3 tem geometria tetraédrica, ou seja, os
OAs sp3 apontam para os cantos de um tetraedro, com um ângulo de 109,50
entre eles. Como exemplo, podemos observar a molécula de metano, cujas
ligações C-H estão a aproximadamente 1090 umas das outras.
Energia
OAs 2p
OA s
Carbono no estado fundamental
OAs 2p
OA s
Carbono no estado excitado
Novos OAs sp3
* Degenerados entre si;* Com a combinação de energia têm maior
energia que s e menor energia que p.
Carbono hibridizado sp3
Orbitais atômicos do mesmo átomo
Orbital híbrido04 orbitais gerados
2s 2px 2py 2pz
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Na hibridização sp2 combinam-se o orbital 2s e dois orbitais 2p, por
exemplo, os OAs 2px e 2py. O terceiro orbital 2p permanece inalterado e pode
ser chamado p puro (orbital 2pz - p puro). Os orbitais sp2 têm 1/3 de caráter s
e 2/3 de caráter p. Os orbitais híbridos sp2 tem energia um pouco menor que os
orbitais sp3, por possuir mais contribuição de s (menos energético que p).
Neste caso os 3 orbitais híbridos formados ficam no mesmo plano com
um ângulo aproximado entre si de 1200 (trigonal planar). Portanto, as ligações
em volta de um carbono sp2 tem ângulos aproximados de 1200 entre elas.
Os 3 orbitais híbridos sp2 podem sobrepor-se com 1 orbital sp2 de outro
carbono e mais dois orbitais de grupos alquila ou hidrogênio formando:
- 3 OM σ (+ 3 antiligantes)
- 2pz - OM π (1 ligante e 1 antiligante)
C C
H
H
HH
Quatro orbitais sp3 apontando para os cantos de um tetraedro
109,50
H
HHH
Metano
Energia
OAs 2p
OA s
Carbono no estado fundamental
OAs 2p
OA s
Carbono no estado excitado
Novos OAs sp2
* Degenerados entre si;* Com a combinação de energia têm maior
energia que s e menor energia que p; *Têm menor energia que sp3.
Carbono hibridizado sp2
OA p puro
Orbitais atômicos do mesmo átomo
Orbital híbrido03 orbitais gerados
2s 2px 2py2pz (p puro)
maior contribuição de s: menos energético e mais esférico que sp3
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Um exemplo de Csp2 pode ser observado na molécula de eteno. Que
contém: 5 ligações sigma (1 C-C e 4 C-H) - no plano (sobreposição frontal) e 1
ligação π central - acima e abaixo do plano (sobreposição lateral).
O carbono pode também estar hibridizado sp. Isto ocorre quando o OA
2s se combina com um orbital 2p (por exemplo, 2px). Assim, o orbital híbrido sp
tem 50% de caráter s e 50% de caráter p. Além disso, os orbitais 2py e 2pz (02
OAs p) ficam puros e podem fazer ligações π. A energia dos orbitais híbridos
sp é menor que a energia dos orbitais sp2 e sp3, por ser gerado com maior
contribuição do orbital s.
O carbono sp é linear e o ângulo de suas ligações é de 1800. Ou seja, o
carbono se liga a dois outros átomos formando um esqueleto linear.
C *3 OA híbridos sp2;* Planares e com ângulos de 1200 entre eles.
Orbital p puro
C C
H
HH
H
C C
H
HH
H
Ligações sSomente os OM ligantes estão mostrados
Ligação p (a cima e abaixo do plano da ligação s) Somente o OM ligante está mostrado
H
HH
H
Ligação dupla: um componnte σ e um componente π.
1200
Energia
OAs 2p
OA s
Carbono no estado fundamental
OAs 2p
OA s
Carbono no estado excitado
Novos OAs sp* Degenerados entre si;
* Com a combinação de energia têm maior energia que s e menor energia que p;
*Têm menor energia que sp2.
Carbono hibridizado sp
OAs p puro
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Como exemplo pode-se observar o acetileno (Etino), onde cada OA sp
sobrepõe-se com um OA 1s do hidrogênio e um OA híbrido sp do outro
carbono.
Como citado, os diferentes tipos de orbitais híbridos tem diferentes
energias associadas. Quanto maior o caráter s mais estável e mais
eletronegativo o orbital: sp < sp2 < sp3.
Ligação Hibridização dos
átomos
Caráter s (%) Distância entre os
átomos (pm)
Tripla sp 50 120
Dupla sp2 33 134
Simples sp3 25 154
Orbitais atômicos do mesmo átomoOrbital híbrido
02 orbitais gerados2s 2px
2py2pz
maior contribuição de s: menos energético e mais esférico que sp2
OAs p puros
C *2 OA híbridos sp;* Planares e com ângulos de 1800 entre eles.
Orbitais p puros
HH C C HH
Ligações σSomente os OM ligantes estão mostrados
Ligações π (a cima e abaixo, a frente e atrás do plano da ligação σ)
Somente os OM ligantes estão mostrados
C C
1800
H C C H
Ligação Tripla: um componente σ e dois componentes π
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A hibridização é uma propriedade dos OAs e não somente do átomo de
carbono, portanto outros átomos podem ter seus OAS hibridizados. Um arranjo
tetraédrico de átomos em relação a um átomo central, por exemplo, pode ser
racionalizado descrevendo o átomo central como hibridizado sp3. Como
exemplos, pode-se citar compostos com 4 ligações contendo como átomo
central o boro e o nitrogênio. Nestes casos todas as ligações são iguais e o
átomo central necessita de 4 OAs híbridos idênticos para formação dos OMs.
Hibridização sp3: B(5), C(6), N(7)
No entanto, compostos contendo boro com 3 ligações apresentam o
boro hibridizado sp2. Isso também ocorre quando o átomo central é o carbono
carregado positivamente (carbocátion) com 3 ligações. Nesses exemplos, há
necessidade somente de 3 OAs para formação de ligações e um OAs é
deixado vazio. Orbitais vazios não influenciam a estabilidade geral da molécula
e podem ter energia mais alta. Os OAs que estarão envolvidos nas ligações e
possuem elétrons, devem no entanto, ser o de menor energia possível. Como
somente 3 OAs são necessários, é vantagem energética esses serem orbitais
sp2 (de menor energia que sp3). O Orbital vazio fica como p puro, e não afeta a
estabilidade geral. Sendo assim as ligações formadas a partir do átomo sp2
acompanham a distância de 1200 dos OAS híbridos. Essa é outra vantagem do
modelo usando átomos sp2, que deixa as ligações mais distantes (para sp3
estariam em 109,50) diminuindo a repulsão eletrônica. Para espécies contendo
carbocátion, uma razão extra existe: o orbital deixado como p puro tem uma
carga positiva. Essa será melhor estabilizada o quanto mais longe estiver do
núcleo que também é positivo (orbital p puro tem maior energia que sp3).
B
H
HH
HC
H
HH
H
N
H
HH
Hânion
BorohidretoMetano Cátion
Amônio
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Já em compostos contendo N e 3 ligações sigma, o N é hibridizado sp3 e
o par de elétrons não compartilhado ocupa o lugar da quarta ligação. Isso
ocorre, pois par de elétrons não compartilhados influencia na estabilidade geral
do composto (orbitais com elétrons tem importância). O ângulo observado entre
as ligações neste caso é aproximadamente 1070, menor que o habitual 109,50
de espécies tetraédricas. Isso ocorre, pois o par de elétrons não compartilhado
repele mais as ligações do que as ligações se repelem entre si.
Isso ocorre também para carbânions, deixando a carga negativa em
orbital sp3, de menor energia que o orbital p puro. Para o íon hidrônio,
igualmente a hibridização do oxigênio é sp3, com o par de elétrons não
compartilhado em orbital sp3.
4. Polaridade de ligação
Quando um átomo atrai mais fortemente o par de elétrons, em uma
ligação covalente, do que outro a uma ligação é chamada covalente polar (ou
dipolar: um polo positivo e um negativo).
BH HH
Borana Trigonal Planar
CH HH
Cátion Metila
Orbital p puro vazio
NH HH
Nsp2 X
Orbital p puro com o par não compartilhado
NH
HH
Nsp3
Orbital sp3 puro com o par não compartilhado
OH
HH
CH
HH
ânion Metila Íon Hidrônio
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Se não houver nenhum deslocamento líquido do par de elétrons, a
ligação é covalente apolar. Isso acontece quando uma ligação ocorre entre dois
átomos iguais ou com pequena diferença de eletronegatividade (a ligação C-H
é considerada praticamente apolar).
A ligação iônica e a ligação covalente apolar podem ser consideradas
como extremos e as diferentes ligações covalentes polares, como
intermediárias.
Quanto maior for a diferença de eletronegatividade entre os átomos
ligantes, maior é o momento de dipolo da ligação (µ) medido em dalton (D).
Momento de dipolo de algumas ligações comumente encontradas Ligação µ (D) Ligação µ (D)
H-C 0,4 C-C 0 H-N 1,3 C-N 0,2 H-O 1,5 C-O 0,7 H-F 1,7 C-F 1,6 H-Cl 1,1 C-Cl 1,5 H-Br 0,8 C-Br 1,4 H-I 0,4 C-I 1,2
H Fδ+ δ−
H F
* Os sí mbolos δ+ e δ− indicam cargas parciais positiva e negativa, respectivamente;* A seta é como um vetor que representa o sentido de polarização dos elétrons (para o átomo mais eletronegativo).
H Clδ+ δ−
H Cl
Cl é mais eletronegativo que o H = Ligação covalente polar
Cl Cl
Eletronegatividade igual = Ligação covalente apolar
H Clδ+ δ−
Cl ClNa+ Cl-
Ligação Iônica
Ligação CovalentePolar
Ligação CovalenteApolar
Pares de elétrons compartilhados cada vez de forma mais igual
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Para uma molécula com mais de dois átomos, o momento de dipolo
depende tanto das polaridades das ligações individuais quanto da geometria da
molécula. Pode-se utilizar a soma dos vetores para ponderar sobre a
polaridade da molécula, nesse caso.
Para moléculas maiores, deve-se considerar o número de ligações
polares e apolares na estimativa da polaridade.
5. Ligações intermoleculares
As FORÇAS INTERMOLECULARES, interações que ocorrem entre
moléculas diferentes, são mais fracas que ligações iônicas e covalentes. Essas
forças podem ser de diversos tipos. A tabela abaixo lista os principais tipos de
forças intermoleculares em ordem de força, das mais fortes para as mais
fracas.
C
Cl
ClCl
Cl
Tetracloreto de carbonoµ = 0 D
Vetores se anulam: ligações iguais com vetores
apontando para os cantos de um tetraedro.C OO
Dióxido de carbonoµ = 0 D
Vetores se anulam: ligações iguais com vetores
opostos.
C
Cl
HH
H
Clorometanovetores são diferentes, ligações diferentes.
A ligação C-H tem um vetor muito pequeno, no sentido do carbono.Já a ligação C-Cl tem um vetor maior no sentido do cloro.
O vetor resultante existe (µ não é zero, µ = 1,87 D) e pode ser observado em azul.
NH
HH
Amôniaµ = 1,47 D
Vetor resultante em azul O HH
Águaµ = 1,85 D
Vetor resultante em azul
***Quanto maior o µ, mais polar é a molécula
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Interação Significado Exemplo Íon-dipolo Atração de um íon por um dipolo (de uma
molécula polar) de carga oposta
Ligação de Hidrogênio
Interação do Hidrogênio (ligado a elemento eletronegativo em uma
molécula) com átomos eletronegativos de outra molécula (N, O, F)
Dipolo-dipolo Interação entre dipolos de cargas opostas
de duas moléculas Íon-dipolo induzido Interação de um íon com uma molécula
apolar. A molécula apolar tem um dipolo momentâneo induzido pela presença da
carga do íon.
Dipolo-dipolo induzido
Interação de uma molécula polar com uma molécula apolar. A molécula apolar tem um dipolo momentâneo induzido pela presença do dipolo da molécula polar
Dispersão (London) Interação entre duas moléculas apolares que tem dipolos momentâneos induzidos
pela presença da outra (elétrons se movimentam na ligação)
Apesar de mais fracas que uma ligação química, as forças
intermoleculares tem influência direta nas propriedades físicas dos compostos
(ponto de fusão e ebulição, solubilidade,...). Quanto mais fortes são as forças
entre as moléculas, maior é seu ponto de fusão e ebulição (quando
comparamos moléculas com pesos moleculares equivalentes).
A solubilidade é também afetada pelo tipo das interações presentes. É
comum a seguinte frase ser citada: “Semelhante dissolve semelhante” ou
seja:
- Compostos polares são dissolvidos em solventes polares.
- Compostos apolares são dissolvidos em solventes apolares.
Para que um soluto seja dissolvido, ele deverá ter uma forte atração pelo
solvente. Essa interação deve ser maior ou aproximadamente igual as forças
entre as moléculas de solvente. Caso isso aconteça, cada molécula de soluto
vai ser circundada pelas moléculas de solvente que foram atraídas e a
Na OH
Hδ−δ+
δ+
OH
Hδ−δ+
δ+
OH
Hδ−δ+
δ+
I Cl I Clδ+ δ−δ+ δ−
Fe O Oδ− δ+
H Cl Cl Clδ+ δ−δ+ δ−
F F F Fδ+ δ−δ+ δ−
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solubilização acontece. O processo onde as moléculas de solvente circundam
um determinado soluto é chamado de SOLVATAÇÃO.
Quando colocamos um soluto polar ou iônico em um solvente polar eles
são atraídos por fortes interações, ocorre a solvatação e solubilização. Como
exemplo temos a adição de cloreto de sódio (NaCl) em água (solvente polar):
No entanto, solutos apolares não irão atrair as moléculas de solvente
polares e a dissolução não ocorre.
Em moléculas maiores e orgânicas, podemos observar partes polares e
partes apolares. Dependendo do tamanho e do número de cada parte, o
composto será menos ou mais polar e menos ou mais solúvel em solventes
polares como a água. A sacarose (molécula do açúcar usual) tem partes
contendo somente ligações C-C e C-H com baixíssima polaridade, mas possui
regiões contendo ligações polares, O-H e C-O, permitindo interações fortes
com a água (incluindo ligações de hidrogênio). Por isso, a sacarose é solúvel
em água (solvente polar).
Y Z
OH
Hδ−
δ+
δ+
OH
Hδ−
δ+
δ+
δ+ δ− O HH
δ−δ+
δ+
OH
H δ−δ+
δ+
OH
Hδ−
δ+
δ+
* O polo positivo do solvente interage com o polo negativo do soluto e vice-versa.
*Se o átomo Z for N, F ou O, poderá haver interações do tipo Ligação de Hidrogênio deste polo com o Hidrogênio da água.
* Nesse exemplo há ainda interações do tipo dipolo-dipolo entre o polo negativo da água e o polo positivo do soluto.
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Sacarose
Pode-se observar esse efeito através da solubilidade de diferentes
éteres em água. A água é polar e a ligação C-O também. No entanto, as
ligações C-C e C-H são apolares. O aumento da cadeia carbônica, portanto,
diminui a polaridade da molécula, diminuindo também a solubilidade em água.
Álcoois também possuem partes polares e apolares e dependendo do seu
tamanho são solúveis ou insolúveis em água.
Solubilidade de éteres em água
Número de carbonos Estrutura Solubilidade
2 CH3OCH3 Solúvel
3 CH3OCH2CH3 Solúvel
3 CH3CH2OCH2CH3 Pouco solúvel
5 CH3CH2O CH2CH2CH3 Minimamente Solúvel
6 CH3CH2CH2O CH2CH2CH3 Insolúvel
Já hidrocarbonetos, por serem quase completamente apolares, são
insolúveis em água e formam duas fases líquidas separadas. Hidrocarbonetos
estão presentes na gasolina e esta característica é utilizada para controlar
quanto etanol está presente na gasolina. A gasolina (formada só de
hidrocarbonetos) é insolúvel em água, mas o etanol adicionado é solúvel. Ao
adicionar um volume conhecido de água, pode-se controlar a porcentagem de
aumento do volume da fase aquosa (contendo água e etanol) e assim saber se
a gasolina da amostra segue a lei. Isso ocorre, pois ao se adicionar água, o
etanol migra da fase contendo gasolina (fase orgânica) para a fase aquosa por
ter maior afinidade. O etanol forma ligação de hidrogênio com a água, interação
mais forte do que dipolo-dipolo induzido que forma com um hidrocarboneto
presente na gasolina.
HOOH
OHO
HO
O
OHOH
HO
HO O
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6. Deslocalização eletrônica ou Ressonância
É comum considerarmos modelos de moléculas utilizando elétrons
localizados em átomos ou ligações.
No entanto esse modelo não explica alguns resultados experimentais.
Por exemplo, para molécula de nitroetano, com uma ligação simples e uma
dupla no grupo nitro, esperava-se que a ligação dupla fosse mais curta e
simples mais longa.
Experimentalmente, no entanto, foi verificado que as duas ligações do
grupo nitro são idênticas!
Para explicar esse fato, uma representação mais real leva em conta a
deslocalização dos elétrons. Para isso, pode-se utilizar uma ou mais estruturas
para se aproximar da estrutura real. Essas estruturas são chamadas
estruturas de ressonância ou contribuidores de ressonância.
Essa representação tenta mostrar que que o orbital p do nitrogênio se
sobrepõem com o orbital p de cada oxigênio, formando uma nuvem contínua
acima e abaixo do plano (carga negativa sendo compartilhada por 3 átomos).
Através dessa nuvem contínua cargas e elétrons podem ser espalhados, ou
seja, deslocalizados.
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Todos os três átomos envolvidos na deslocalização, devem possuir
orbitais p, neste caso estando hibridizados sp2. O oxigênio com carga negativa,
deixa a carga no orbital p puro, e somente assim essa pode ser dividida.
Sempre que tivermos orbitais p na sequência (2 ou mais) chamamos o
sistema, ou parte do sistema, de Sistema Conjugado. Somente em sistemas
conjugados pode haver deslocalização. A deslocalização ajuda a estabilizar a
molécula, dividindo cargas em orbitais p (positivas ou negativas), elétrons não
compartilhados em orbitais p e elétrons em ligações π. Para que sejam
deslocalizados, os elétrons ou cargas devem estar em orbitais p ou ligações π.
As estruturas de ressonância não são a molécula real, mas em conjunto
a representam. São uma aproximação da realidade, realidade que é o
chamado Híbrido de ressonância. Para o nitroetano, o híbrido de ressonância
está representado abaixo. Ele contém cargas negativas parciais nos átomos de
oxigênio, indicando que a carga negativa atingiu esses átomos nos
contribuidores de ressonância e, estão sendo divididos (deslocalizados) pelos
dois átomos de oxigênio.
Outro exemplo de sistema conjugado estabilizado por deslocalização ou
ressonância é o carbocátion alílico:
Nesse caso, os dois carbonos que desenhamos na estrutura de Lewis
como participantes da dupla ligação possuem orbitais p puro e estão
hibridizados sp2. O carbocátion ao lado, também está hibridizado sp2 e deixa a
carga em orbital p. Por ter um sistema conjugado (3 orbitais p na sequência) e
a carga estar em orbital p, esta carga pode ser dividida e estabilizada por
δ+δ+
Híbrido de Ressonância
Estruturas de Ressonância
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deslocalização. Como o orbital contendo a carga está vazio (deficiência
eletrônica) a seta do primeiro contribuidor de ressonância mostra os elétrons
indo em direção a este orbital e a dupla ligação mudando de lugar. Com isso, o
carbono da ponta (que estava fazendo a dupla) fica agora deficiente. Hora a
dupla ligação está em um lugar hora em outro, a mesma coisa ocorre com a
carga positiva. Essa representação leva em conta a molécula real que é,
aproximadamente, o híbrido de ressonância. No híbrido de ressonância vemos
ligações duplas parciais para os lugares onde a dupla ligação esteve e cargas
positivas parciais nos carbonos das pontas (onde a carga positiva esteve nos
contribuidores). Dessa forma, claramente, percebe-se a carga e os elétrons da
ligação π sendo divididos.
Para um sistema conjugado não ocorre a formação de ligação π
isoladas, com OMπ e OMπ*. Por exemplo, em um sistema com 3 orbitais p
conjugados formando uma nuvem contínua e um conjunto de orbitais
moleculares, ocorre a sobreposição dos 3 orbitais p puros, formando 3 OMs
chamados Ψ (psi). Orbitais Ψ são OMs formados através de sobreposição de
dois ou mais orbitais p, em sistemas conjugados (SOMENTE EM SISTEMAS
CONJUGADOS!).
O orbital Ψ de menor energia é derivado da sobrepoição em fase de
todos os 3 orbitais p puros. Esse é o orbital ligante. O segundo de menor
energia, tem um nó e é um orbital não ligante. E o de maior energia tem dois
nós, sendo antiligante. Quando o OMΨ tiver um número de interações ligantes
(em fase) maior que as interações antiligantes (fora de fase), ele é um OMΨ
ligante. Se tiver o mesmo número de interações em fase e fora de fase, será
OMΨ não ligante. E, por fim, se tiver maior número de interações fora de fase
do que em fase, será OMΨ antiligante.
O sistema do carbocátion alílico, visto anteriormente, é um sistema
conjugado com 3 orbitais p, formando 3 OMs Ψ. O carbocátion alílico tem
somente dois elétrons em sistema de orbitais p (os elétrons da ligação π),
esses são alocados no orbital de menor energia. Os demais elétrons da
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34
molécula não são alocados nesses orbitais, somente os elétrons do sistema
π/p.
Outro exemplo de sistema contendo 3 orbitais p é o ânion
correspondente, carbânion alílico. Para carbânions temos que prestar mais atenção. Vimos anteriormente que carbânions são hibridizados sp3, justamente
sendo essa a forma mais estável já que a carga negativa conta na estabilidade
geral da molécula e deve ser colocada no orbital de menor energia possível. No
entanto, quando houver possibilidade de deslocalização da carga, isso irá
ajudar a estabilizar o sistema. Para que a deslocalização ocorra a carga deve
estar em orbital p. Sendo assim em casos como esse o carbânion fica
hibridizado sp2 com a carga negativa no orbital p puro. Apesar do orbital p ter
maior energia que o orbital sp3 a deslocalização é uma vantagem energética
maior.
No exemplo do carbânion existe um orbital cheio com a carga negativa.
Esse orbital não pode receber mais elétrons, já possui os dois que preenchem
o orbital. Por isso, representa-se a seta saindo do orbital contendo a carga
negativa e virando uma ligação π e a ligação π existente sendo rompida e
Energia
ψ1
ψ2
ψ3
OM Ligante, com todos os orbitais p em fase. Sem nós.Possui energia menor que os OAs p.É o HOMO para o carbocátion alílico.
OM não ligante. Um nó ao centro.A energia é a mesma que a dos OAs p.
É o LUMO para o carbocátion alílico.
OM antiligante, somente interações fora de fase.Possui dois nós.
Possui energia maior que os OAs p.
Nó
NóNó
δ−δ−
Híbrido de Ressonância
Estruturas de Ressonância
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35
virando uma carga no outro carbono da ponta. O híbrido então tem ligações
duplas parciais e cargas negativas parciais, representando os elétrons sendo
deslocalizados pelo sistema.
Os orbitais moleculares Ψ do carbânion alílico, são idênticos ao do
sistema anterior (carbocátion alílico), também sendo formado por 3 orbitais p e
formando 3 OM Ψ. O que varia é a energia dos orbitais e o número de elétrons
alocados no sistema. No caso do ânion, são dois elétrons a mais (referentes a
carga negativa), sendo 4 elétrons totais para serem alocados. Com isso, o
orbital Ψ2 também ficará preenchido e será o HOMO do sistema.
Percebe-se que os orbitais Ψ, formados a partir da sobreposição de OAs
p, seguem uma lógica comum. O orbital de menor energia será sempre
derivado de sobreposição total em fase, não importando o número de OAs p
envolvidos. Esse orbital será o de menor energia, será ligante e, por ter
somente interações em fase, não terá nós (nós somente existem quando
ocorre uma mudança de fase). No próximo orbital em energia haverá uma
interação fora de fase e um nó. Depois, duas interações fora de fase e dois nós
e assim por diante, caso haja mais orbitais Ψ formados.
No que diz respeito ao desenho dos contribuidores de ressonância
deve-se prestar atenção pois:
- Somente elétrons se movem. O esqueleto da molécula permanece inalterado.
- Somente elétrons ou cargas em ligações π ou orbitais p se movem;
Energia
ψ1
ψ2
ψ3
Nó
NóNó
HOMO
LUMO
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36
- O número total de elétrons da molécula não é alterado;
- Os elétrons podem ser movidos no sentido de uma carga positiva, pois nesse
caso o orbital tem espaço para receber elétrons. No exemplo abaixo,
observam-se os elétron da ligação π sendo movidos para o orbital vazio (com
carga positiva). A saída dos elétrons, deixa outro carbono deficiente.
- Os elétrons podem se movimentar através de ligações π. De uma ligação π
para uma ligação simples contendo Csp2. Os elétrons se movimentam, mas
somente na parte conjugada. No exemplo abaixo, todo o ciclo é conjugado e há
uma nuvem contínua a cima e abaixo do plano por onde os elétrons (e,
portanto as ligações π) podem se movimentar.
- Os elétrons também podem vir de um par não compartilhado ou carga
negativa no sentido de uma ligação π desde que esses elétrons estejam em
orbitais p. Ao receber os elétrons, a ligação π deve ser rompida (caso contrário
o carbono ficaria com cindo ligações!) gerando uma carga negativa em outro
carbono. No caso de haver par de elétrons não compartilhados ou carga
negativa, a seta sempre sai desse ponto, pois não há espaço no orbital para
receber elétrons de uma ligação.
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Note que os elétrons se movem através de átomos hibridizados que
contém orbital p. Os átomos de uma dupla ligação pode acomodar os novos
elétrons quebrando a ligação π. Na verdade, essa é só a representação e os
elétrons movem-se na nuvem π. As ligações σ não são movidas ou rompidas!!!
Além disso, a forma de ressonância mais estável é que mais contribui
para o híbrido de ressonância. A molécula real é mais parecida com esta
estrutura. A estrutura de ressonância mais estável é aquela em que a carga
negativa está sobre o átomo mais eletronegativo (ou carga positiva sobre o
átomo mais eletropositivo), ou que possuir todos os átomos neutros. Estruturas
de ressonância equivalentes tem a mesma contribuição para o híbrido de
ressonância.
Por exemplo, a estrutura c abaixo contribui mais para o híbrido por
possuir a carga negativa no átomo de oxigênio, mais eletronegativo, e que,
portanto, suporta melhor a carga. Com isso, o híbrido tem uma carga parcial
negativa maior no oxigênio, é mais parecido com c.
No caso dos exemplos abaixo, as estruturas são equivalentes e
contribuem igualmente.
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Para estruturas similares, quanto maior o número de estruturas de
ressonância mais estável é a molécula. Isso quer dizer que os elétrons ou
cargas estão mais espalhados, por mais átomos, gerando cargas parciais
menores em cada ponto.
7. Conjugação em alquenos
Os alquenos podem possuir mais de uma ligação dupla. Se essas
ligações estiverem na sequência, estarão conjugadas, pois a molécula terá
orbitais p em sequência. Caso, exista orbitais sp3 entre as ligações duplas,
dizemos que as ligações estão isoladas.
O 1,3-butadieno possui ligações conjugadas, já o 1,4-pentadieno possui
ligações isoladas.
1,3-butadieno
*A movimentação pode ocorrer para a direita e para a esquerda, gerando dois contribuidores idênticos e, portanto, equivalentes.
*Apesar de terem cargas, os contribuidores azul e vermelho não tem alterado o número total de elétron da molécula.
* O contribuidor mais estável é o do meio, onde todos os átomos estão neutros. Com isso o híbrido de ressonância é mais parecido com ele (ele contribui mais para o híbrido).
Híbrido, mais parecido com o contribuidor do meio, sem cargas parciais pronunciadas.
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39
1,4-pentadieno
Alquenos conjugados são, em geral, mais estáveis que alquenos não
conjugados. Isso ocorre, pois ao todo os orbitais moleculares somados tem
menor energia. Os alquenos conjugados são também mais reativos, pois
possuem o LUMO (orbital molecular de menor energia vazio) com energia mais
baixa e o HOMO (orbital molecular de maior energia preenchido) de maior
energia, o que facilita as reações química.
Os orbitais moleculares formados pelo sistema de orbitais p do 1,3-
butadieno podem ser vistos abaixo e seguem as premissas anteriormente
discutidas para orbitais ψ e sistemas conjugados.
Csp3 "Quebra a conjugação" Sem orbital p
1,3-butadieno
OM ψ1* Somente interações ligantes;
* Sem nós;*Orbital ligante de menor energia.
OM ψ2* 02 interações ligantes e 01 antiligante;
* 01 nó;*Orbital ligante (mais interações ligantes
que antiligante).
Nó
Interação antiligante (fora de fase)
Interações ligantes (em fase)
OM ψ3* 01 interação ligante e 02 antiligantes;
* 02 nós;*Orbital antiligante de menor energia
(mais interaçõesantiligantes do que ligantes).
Nó
Interações antiligantes (fora de fase)
Nó
Interação ligante (em fase)
OM ψ4* Somente interações antiligantes;
* 03 nós;*Orbital antiligante de maior energia.
NóNóNó
Interações antiligantes (fora de fase)
Energia
04 orbitais poriginando04 OM ψ
0, 1, 2 e 3 nós, respectivamente
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No total para o 1,3-butadieno são 4 elétrons em ligações π que serão
alocados nestes OMs, sendo colocados nos orbitais de mais baixa energia.
Quando comparamos um sistema conjugado com um sistema de duplas
ligações isoladas, o LUMO tem menor energia e o HOMO maior energia. Isso
significa que HOMO e LUMO se aproximam em energia. E quanto maior o
número de ligações conjugadas mais próximos em energia eles ficam.
Sendo assim, em sistemas com maior conjugação a molécula absorve
na região visível e é colorida. Um exemplo é o licopeno, que tem 11 ligações
duplas conjugadas. Esta molécula absorve na região visível, absorvendo todas
Energia
OM ψ1
OM ψ2 HOMO
OM ψ3 LUMO
OM ψ4
OM ligantes
OM antiligantes
H
HH
H
Eteno(01 ligação dupla - isolada)
OM π
OM π∗
Do HOMO ao LUMO há grande diferença de energia
Absorção de UV longo (185 nm)
OM ψ1
OM ψ5
Do HOMO ao LUMO há grande menor de energia
Absorção de UV curto (215 nm)
OM ψ2 (HOMO)
OM ψ4 (LUMO)
1,3-butadieno
OM ψ1
OM ψ6
OM ψ2
OM ψ5
1,3,5-hexatrieno
OM ψ3 (HOMO)
OM ψ4 (LUMO)
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41
as cores e deixando passar o vermelho. O licopeno dá a cor vermelha ao
tomate.
8. Efeitos químicos
Os grupos químicos podem doar ou retirar elétrons, aumento ou
diminuindo a densidade eletrônica de regiões de um determinada molécula.
Isso pode ajudar estabilizar cargas positivas ou negativas e pode deixar um
sistema mais ou menos reativo para determinado tipo de reação.
O átomo de hidrogênio é considerado o zero nesta na escala de efeitos
químicos e grupos que doem mais que o hidrogênio são doadores de elétrons,
enquanto grupos que retirem mais, são grupos retiradores de elétrons.
Os principais tipos de efeito estão listados abaixo:
- Efeito de hipernonjugação
O efeito de hiperconjugação pode ser entendido como uma
sobreposição de um orbital molecular σ de uma ligação C-H ou C-C e o orbital
p da ligação C-C (ou de um carbocátion). O conceito de hiperconjugação surgiu
da descoberta do efeito doador de grupos alquila.
Ao alinhar-se, o orbital molecular da ligação σ, contendo elétrons, doa
densidade eletrônica ao orbital p de uma ligação dupla ou de um carbocátion,
estabilizando a espécie. Para alquenos, este efeito deixa a dupla ligação mais
estável. O sistema fica mais rico em elétrons, apesar do efeito de
hiperconjugação ser pequeno.
Ligações duplas conjugadas
ligação dupla isolada ligação dupla isolada
Licopeno
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Claro que se houver na vizinhança excesso de densidade eletrônica,
como uma carga negativa (em orbital p, alinhado), esse efeito acaba
desestabilizando.
- Efeito Indutivo:
Em ligações polares os elétrons não estão uniformemente distribuídos.
Sabe-se que o átomo mais eletronegativo de determinada ligação atrai mais os
elétrons ficando com carga parcial negativa e deixa a outra ponta da ligação
com carga parcial positiva.
A esse efeito de deslocamento de elétrons, em virtude das diferentes
eletronegatividades dos átomos envolvidos em uma ligação, denomina-se
efeito indutivo, que corresponde, na realidade, a uma polarização permanente
de uma ligação simples (ligação sigma). Esse efeito pode propagar-se pela
cadeia carbônica e perde força com a distância.
Átomos ou grupos de átomos que puxem elétrons tem efeito indutivo retirador ou de diminuição da densidade eletrônica. Já átomos ou grupos
de átomos que repelem de certa forma os elétrons, são considerados
possuidores de efeito indutivo doador de elétrons ou de aumento da densidade eletrônica.
H
HH
H
HH
HH
Nenhuma ligação C-H ou C-C paralela a ligação π
CH3
HH
H
HHH
H
C
H
H
A cada momento 01 ligaçãoC-H pode ficar alinhada com a
dupla ligação
CH3
HH
H
HHC
H
C
H
HC HHH
Ligação C-C também pode ficar alinhada a dupla ligação
Aumento do grau de substituição permite uma maior interação entre OM σ e o OMπ,estabilizando a molécula.
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43
Um exemplo clássico de grupo com efeito indutivo doador de elétrons, é
um grupo alquila. Grupos alquila podem estabilizar cargas positivas na
molécula através deste efeito (e do efeito de hiperconjugação). Quando
comparamos as duas espécies de carbocátions abaixo, a segunda é mais
estável pois possui mais grupos alquila que possuem efeito doador indutivo.
Como comentado anteriormente, o efeito indutivo propaga-se através da
cadeia de átomos de carbono, diminuindo rapidamente, com o aumento do
número de átomos de carbono (diminui com a distância). Experimentalmente,
só se faz sentir até o quarto átomo de carbono de uma cadeia linear.
Um exemplo da perda de efeito pode ser observado abaixo. A primeira
espécie é mais estável, por possuir o Cl (que tem efeito indutivo retirador de
elétrons) mais próximo da carga negativa. Isso faz o efeito retirador mais
efetivo e auxilia mais na estabilização do excesso de densidade eletrônica.
Grupos que diminuem a densidade eletrônica do restante da molécula
Cl Cδ− δ+
Elementos ou grupos eletronegativos: retiram densidade eletrônica.EX: F, Cl, Br, I, OR, CF3, CCl3
Grupos que aumentam a densidade eletrônica do restante da molécula
CH3 Cδ−δ+
Elementos ou grupos pouco eletronegativos: jogam densidade eletrônica.
EX: grupos alquila, grupos contendo boro e silício
H3C
H
CH3 H3C
CH3
CH3
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- Efeito de Ressonância/ Efeito mesomérico:
O efeito mesomérico ocorre quando determinado átomo ou grupo
químico doa ou retira elétrons por deslocalização través dos orbitais p e
ligações π.
Se uma carga negativa ou par de elétrons não compartilhado estiver
presente, ela pode ser jogada para o resto da molécula por ressonância,
aumentando a densidade eletrônica (grupo doador por Efeito Mesomérico).
Como pode ser observado no exemplo abaixo, o grupo –OMe usa os elétrons
não compartilhados do Oxigênio para auxiliar na estabilização da carga positiva
do carbocátion. O carbocátion é sp2 e a carga está em orbital p, os pares de
elétrons do oxigênio também são colocados em orbital p e o átomo de Oxigênio
está hibridizado sp2 para que a doação possa ocorrer. Essa hibridização não
esperada do átomo de oxigênio (sp2 para colocar o par não compartilhado em
orbital p puro) ocorre para que a estabilização seja possível, configurando-se
em uma vantagem energética.
Outros grupos doadores por Efeito Mesomérico são: -NH2 , - NR2 , -OH, -OR.
Grupos contendo Nitrogênio com par não compartilhado de elétrons tem
maior efeito doador que –OR, pois a eletronegatividade do átomo que contém
os elétrons não ligantes é menor, e os elétrons podem ser doados com maior
eficiência. Além disso, na estrutura de ressonância onde o heteroátomo possui
a carga, o Nitrogênio suporta melhor a carga positiva.
Se uma carga positiva está presente ou se grupos eletronegativos estão
presentes na ponta de determinado grupo contendo ligações π, um efeito de
diminuição de densidade eletrônica pode ser observado (grupo retirador por
Efeito Mesomérico). Podemos observar no exemplo abaixo, o grupo carbonila
e o grupo nitro ajudando a estabilizar um carbânion através de efeito
mesomérico retirador de elétrons. Isso só é possível pela presença de um
OMe OMe
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45
sistema conjugado, onde o carbânion “prefere” ficar sp2 com carga negativa no
orbital p para poder deslocalizar a carga e diminui a energia associada a essa.
Outros grupos retiradores por Efeito Mesomérico são: -CN , -C(O)OH , -C(O)OR , ...
Quando ocorre o aumento ou a diminuição de densidade eletrônica
através do efeito mesomérico, esse efeito é maior do que o efeito indutivo.
Lembrando, que ele somente será possível em sistemas com um certo grau de conjugação e que só será operante na parte onde há tal conjugação.
Para partes não conjugadas o único efeito possível é o indutivo, que diminui
com a distância por se tratar de repulsão ou atração eletrônica devido a
diferença de eletronegatividade.
***Observação:
(I) Carbânions, isolados, tem preferência pela hibridização sp3, conforme
comentando em hibridização (revise os motivos!). No entanto, quando há
possibilidade de deslocalização (sistema conjugado), um carbânion fica
hibridizado sp2, deixando a carga negativa em orbital p. Em orbital p, essa
carga negativa pode ser deslocalizada em sistema conjugado.
(II) Grupos que doem elétrons por efeito de hiperconjugação, indutivo ou
mesomérico estabilizam cargas positivas. Isso ocorre, pois cargas positivas são
uma deficiência eletrônica. Já cargas negativas (excesso de elétrons) são
estabilizadas por efeitos retiradores e desestabilizadas por efeitos doadores
quaisquer que sejam.
O O
N O
ON O
O
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46
- Grupos com dois efeitos
Existem grupos que possuem dois efeitos. As vezes os efeitos são
opostos e algumas vezes convergem.
Grupos contendo o oxigênio (-OR) e o Nitrogênio (-NR2), neutros e com
pares de elétrons não compartilhados, podem doar elétrons por efeito
mesomérico ou retirar por efeito indutivo (por serem mais eletronegativos que o
carbono). O efeito mesomérico só vai ocorrer quando esses grupos estiverem
inseridos em sistemas conjugados, ou seja, quando o par de elétrons for
colocado em orbital p e estiver vizinho a um ou mais orbitais p. Caso isso não
aconteça somente o efeito indutivo retirador está presente.
No entanto, caso estejam em sistema conjugado os dois efeitos
coexistem e, geralmente, o efeito mesomérico é maior. Portanto, consideramos
o efeito mesomérico como resultante e esses grupos são considerados
doadores por efeito mesomérico.
No exemplo abaixo, por estar em sistema conjugado o grupo OH ajuda
estabilizar a carga positiva, doando elétrons por efeito mesomérico. O efeito
indutivo retirador é menor e suplantado pelo efeito mesomérico.
Outro exemplo pode ser observado abaixo. Nesse caso, como o sistema
não é conjugado (existem átomos sem orbital p puro entre o grupo e a carga), o
grupo OH pode somente ter efeito indutivo retirador desestabilizando o
carbocátion. Sempre lembrando que o efeito indutivo diminui com a distância e,
portanto, o efeito será mais sentido quanto mais próximo da carga.
OH
OH
OH
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47
Outros grupos com dois efeitos de maneira similar, são os Halogênios.
Por terem pares de elétrons podem doar por efeito mesomérico e, por serem
eletronegativos, podem retirar por efeito indutivo. Mesmo quando estiverem em
sistemas conjugados, na maioria das vezes, o efeito mesomérico é menor
devido a baixa eficiência de sobreposição dos orbitais p dos Halogênios com o
orbital p dos carbonos do sistema conjugado. Para o Flúor que é 2p, assim
como o carbono, o problema é a diferença de energia entre os orbitais (o Flúor
é muito eletronegativo). Para os outros Halogênios o problema é o tamanho
dos orbitais 3p, 4p e 5p, respectivamente para Cl, Br e I. Esses grupos são
considerados, mesmo em sistemas conjugados, na maioria dos casos,
retiradores por efeito indutivo. No entanto, o efeito mesomérico contrário pode
diminuir o efeito retirador e ter consequências na reatividade da molécula.
***Aqui você deve lembrar que a eficiência de sobreposição de orbitais, seja para formar ligações, seja para interagir em efeitos químicos, depende da energia, do tamanho e da simetria!!!! Se estiver com dúvidas, volte na parte de interação de orbitais no início desse material.
Existem grupos que possuem efeitos mesoméricos e indutivos
convergindo. Um exemplo clássico é o grupo Nitro, que por possuir o
Nitrogênio com carga positiva (não há, nesse caso, pares de elétrons não
compartilhados no Nitrogênio!!!), acaba retirando por efeito indutivo ( Nitrogênio
mais eletronegativo que o carbono e está com carga positiva). Além disso, por
possuir conjugação, retira por efeito mesomérico também. Por isso o grupo
nitro tem um dos efeitos retiradores mais fortes dos grupos estudados.
O efeito indutivo do grupo Nitro ocorre por simples atração de elétrons
através de ligações σ, devido a carga positiva e a maior eletronegatividade do
NO
OGrupo Nitro
Efeito Mesomérico e indutivo retirador
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48
grupo, e diminui com a distância. Já o efeito mesomérico, ocorre somente em
sistemas conjugados. Pode-se observar no exemplo abaixo as setas
mostrando a deslocalização de uma carga negativa no sentido do grupo Nitro
(que atrai a carga, ou seja, retira). Faça um exercício e desenhe todas as
estruturas de ressonância para esse sistema.
Existem ainda grupos, que por serem não simétricos, apresentam efeitos
diferentes dependendo do lado onde for observado. Grupos como –COOR ou –
CONR2.
***Lembrando que qualquer efeito mesomérico somente ocorre quando
houver conjugação, caso contrário somente efeito indutivo.
Nos exemplos a cima, a carga negativa está sendo puxada para a
carbonila por efeito mesomérico retirador, pois a carga está em orbital p. Por
ser vantagem, quando conjugado, o carbânion fica sp2 e deixa a carga em
orbital p para ser deslocalizada. Se houvesse um carbono sp3 entre a carga
negativa e a carbonila, esse efeito não seria possível, havendo somente efeito
indutivo retirador do oxigênio da carbonila (mais eletronegativo que o carbono).
Esse efeito seria pequeno, devido a distância.
NOO
...
O
OEfeito Mesomérico
Retirador deste ladoEfeito Doador
Mesomérico deste lado
N
OEfeito Mesomérico
Retirador deste ladoEfeito Doador
Mesomérico deste lado
R
O
OEfeito Indutivo Retirador
Carbono sp3 quebrando a conjugação!!!Nesse caso o carbânion é sp3 também, pois não há vantagem energética de deslocalização.
Em caso de dúvida revise hibridização.
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49
O mesmo vale para o outro lado, caso não houvesse a dupla ligação, os
pares de elétrons não poderiam ser jogados por efeito mesomérido doador.
Haveria um efeito indutivo retirador devido a maior eletronegatividade de N e O
em relação ao carbono.
Considerando o lado que doa elétrons de um éster (quando conjugado),
ele doa com menor intensidade que grupos –OR (grupos éteres ou álcoois). No
caso dos ésteres, o par de elétrons do oxigênio, está também comprometido
com a deslocalização para a carbonila. O mesmo acontece se compararmos a
amida com grupos como –NR2 (aminas).
9. Aromaticidade
No século XIX era sabido que o Benzeno era insaturado e esperava-se
que reagisse como tal. Entretanto, o Benzeno não apresentava o
comportamento esperado para compostos insaturados. Por exemplo, ele não
sofria adição de Br2, oxidação com permanganato e hidratação como alquenos,
e a hidrogenação catalítica era lenta mesmo em altas pressões e temperaturas.
Assim, percebeu-se que compostos como benzeno tinham uma
estabilidade especial e que sofriam reações de substituição mais facilmente
que adição.
Kekulé propôs uma estrutura para o benzeno em 1865. Essa estrutura
possuía ligações simples e duplas alternadas, com um átomo de hidrogênio
O
OEfeito Retirador
Indutivo sobre este lado da cadeia
O
O
N
O
R
O
O
N
O
R
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50
ligado a cada carbono. Porém, segundo Kekulé, existiriam dois isômeros para o
1,2-dibromobenzeno, já que a ligação dupla seria mais curta. Os dois isômeros
estariam em equilíbrio.
No entanto, o que acontece de fato é que as ligações C-C no benzeno
não são ligações nem simples nem duplas. A molécula do benzeno é planar e
todas as ligações C-C possuem o mesmo comprimento de 1,39 Å. Esse valor
está entre o que seria uma ligação simples C-C em um átomo CSp2 (1,47 Å) e
uma ligação dupla (1,33 Å).
O Benzeno é considerado um composto aromático. Compostos
aromáticos possuem estabilidade especial. Na verdade, a aromaticidade é uma
propriedade associada com a estabilidade extra apresentada somente por
certos tipos de sistemas π, certos tipos de anulenos (ciclos com ligações
duplas e simples alternadas). Nesses sistemas, todos os átomos possuem
orbitais p (completamente conjugados) e os elétrons são compartilhados
igualmente por todos os átomos. Para ser aromático os compostos ainda
devem preencher outros requisitos com relação ao número de elétrons p/π e a
disposição nos orbitais Ψ formados. Para isso, Huckel criou regras de
classificação observando resultados experimentais.
Regra de Hückel
Monociclos planares e completamente conjugados que possuem (4n + 2)π elétrons, com n sendo um número inteiro, tem uma camada fechada de
elétrons, todos em orbitais ligantes e são excepcionalmente estáveis. Estes
sistemas são chamados AROMÁTICOS. Temos como exemplo o Benzeno,
que com 6 elétrons π possui n igual a 01 (número inteiro) para a fórmula citada.
Além disso o Benzeno é cíclico, completamente conjugado e planar.
_____________________________________Profa.Dra.PatríciaBulegonBrondani(@patyqmc)
51
Sistemas análogos com 4n elétrons são os chamados
ANTIAROMÁTICOS e são extremamente instáveis.
Para entender deve-se olhar para os orbitais moleculares do Benzeno.
São 6 orbitais p sobrepondo-se formando 6 OMs Ψ. O orbital molecular de
mais baixa energia deriva da combinação em fase de todos os orbitais e pode
ser visualizado na figura abaixo (OMΨ1).
O segundo nível de orbitais moleculares de mais baixa energia tem um
plano nodal. A divisão simétrica de seis átomos de carbono com um plano
nodal pode acontecer de duas maneiras (através dos átomos ou através das
ligações), levando a dois orbitais moleculares ψ (OMΨ2 e 3). Os dois orbitais
tem a mesma energia, sendo, portanto degenerados.
O próximo nível terá dois planos nodais e, novamente, existem duas
maneiras para fazer isto, levando a dois orbitais moleculares degenerados
(OMΨ4 e 5).
Benzeno:*06 elétrons π (03 ligações duplas, cada uma com 02 elétrons)
4n+ 2 = 6, ou seja, n = 1* Cíclico*Planar
*Completamente conjugadoAROMÁTICO!
_____________________________________Profa.Dra.PatríciaBulegonBrondani(@patyqmc)
52
O orbital molecular final terá três planos nodais, o que significa que todos os
orbitais p se combinam fora de fase. Esse orbital é o de mais alta energia
(OMΨ6).
Esses são os seis orbitais moleculares para o benzeno. Com isto,
podemos desenhar o diagrama de energia para representá-los, alocando os 06
elétrons π presentes.
Percebe-se que a camada de OM ligantes está completamente
preenchida e isto leva a uma estabilidade alta. É disso que se trata calcular n
inteiro em 4n+2 = o número de elétrons π. Se n for inteiro, significa uma
camada fechada de orbitais moleculares lingantes.
Uma maneira fácil de prever os orbitais moleculares de hidrocarbonetos
cíclicos conjugados é desenhar um circulo em volta do ciclo (círculo de Frost) e em cada ponto de intersecção desenhar um orbital molecular. O diâmetro
horizontal do círculo representa o nível de energia dos orbitais p do carbono, e
se algum orbital estiver nesta linha este deve ser não-ligante.
OMψ1
OMψ2 OMψ3
OMψ4 OMψ5
OMψ6
Energia
02 HOMOs degenerados
02 LUMOs degenerados
OMs antiligantes
OMs ligantes
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53
Devemos notar, no entanto, que esse método somente prediz o nível de
energia para orbitais moleculares de monociclos planares de carbono (sem
heteroátomos). Também devemos notar que os orbitais moleculares aparecem
em pares degenerados com exceção do mais energético e do menos
energético.
Agora que conhecemos um pouco sobre os OMs do benzeno podemos
compará-lo com outros anulenos. Não é qualquer anuleno que apresenta a
estabilidade extra de um sistema aromático. Comparando o Ciclooctatetraeno
(COT) com o benzeno, percebeu-se que o COT comporta-se como um polieno
(alqueno simples com várias duplas ligações). A explicação reside nos orbitais
moleculares. Ao montarmos os possíveis orbitais Ψ para o COT e colocarmos
os elétrons π temos:
O benzeno tem 6 elétrons π, o que significa que todos os OM ligantes
estão preenchidos, levando a uma estrutura de camada fechada. Por outro
lado, o COT tem 8 elétrons. Seis deles preenchem os OM ligantes, mas dois
elétrons sobram. Esses devem ir para os dois orbitais não-ligantes
degenerados, um em cada orbital. Possui dois elétrons desemparelhados em
orbitais de alta energia! O que é extremamente instável.
Portanto, uma estrutura planar do COT não tem a estrutura de camada
fechada que tem o benzeno e esta é uma das razões para a diferença na
estabilidade destes compostos. Ele deve ganhar ou perder dois elétrons para
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54
ter uma camada fechada em OM ligantes. Por isso, diânio e dicátion do COT
são planares, enquanto o COT neutro adota uma estrutura tubular não planar
com ligações localizadas. Ele faz isto para evitar a ANTIAROMATICIDADE.
Caso ficasse planar formaria orbitais Ψ como os descritos e seria
antiaromático, como não fica planar é somente não aromático.
*** Para que os orbitais p formem orbitais moleculares ψ , eles
devem estar todos no mesmo plano, formando uma nuvem contínua (conjugados). Para evitar a antiaromaticidade o COT “prefere” não ser planar, evitando a formação desses orbitais. Ele é na verdade um composto NÃO aromático.
Outro exemplo de anuleno é o ciclobutadieno. O ciclobutadieno tem 2
elétrons ligantes, mas os outros dois elétrons estão desemparelhados por
causa da presença de 2 orbitais não ligantes degenerados.
Os dois elétrons nos OM não ligantes não contribuem para a
estabilização da molécula. No total a energia dos HMO (orbitais Moleculares
descritos por Huckel) é a mesma para duas ligações duplas isoladas. No
_____________________________________Profa.Dra.PatríciaBulegonBrondani(@patyqmc)
55
entanto, como estes elétrons ocupam OM de alta energia, eles estão
disponíveis para reações químicas.
Evidências experimentais indicam que o ciclobutadieno é retangular e
não quadrado. Isto modifica o contexto descrito pelo padrão HMO, que
consideraria uma geometria quadrada com ligações de mesmo comprimento. O
composto abaixo foi gerado (como intermediário e não foi isolado) e 2 isômeros
foram observados. A molécula de butadieno não é estática, existem 2 formas
que rapidamente se interconvertem. Os dois níveis não ligantes não seriam
mais degenerados neste modelo, e o ciclobutadieno não apresentaria elétrons
despareados.
Apesar disso, esses dados concordam com o conceito de Huckel em
predizer que o ciclobutadieno é extremamente instável, com um HOMO de alta
energia. Na verdade, outros métodos de análise, consideram o ciclobutadieno,
não só muito reativo, como menos estável que um dieno isolado. O ciclobutadieno é chamado antiaromático!
Após seis, o próximo número (4n + 2) com n = inteiro é dez. Porém para
ser planar um ciclo de 10 membros conjugado deveria ter ângulos de 144 °. Um
ângulo normal de ligação dupla é 120 °, portanto 144 ° é longe do ideal. Esse
composto pode ser feito, mas ele não adota uma conformação planar e,
portanto, não é aromático mesmo tendo 10 elétrons π.
Contrastando com isto, o [18]-anuleno, que também é um sistema
(4n+2)π elétrons (n = 4), adota uma conformação planar e é aromático. Note
que existe um arranjo trans-trans-cis com todos os ângulos de 120 °.
1 2
34
1 2
34
[10]- Anuleno
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56
O [20] anuleno poderia também ser planar (e quase pode), mas como é
um sistema 4n ao invés de 4n + 2, ele não é “prefere” ser não aromático.
A Regra de Huckel é muito útil. No entanto, a importância do sistema ser
monocíclico é menos clara. O problema começa em como contar os elétrons
em ciclos fundidos. Por exemplo, o naftaleno deve ser considerado dois
benzenos unidos ou um sistema de 10 elétrons?
Para os químicos, o naftaleno tem caráter aromático, mas talvez seja um
pouco menos estável que o benzeno. Isto se aplica também a outros sistemas
fundidos.
Em um sistema fundido não há 6 elétrons para cada anel. No naftaleno,
por exemplo, se um anel tiver 6 elétrons o outro tem 4. Uma maneira de
explicar a maior reatividade do naftaleno em relação ao benzeno é considerar
um dos anéis como um benzeno e o outro como um sistema butadieno. Outro
ponto a ser considerado em sistemas fundidos, é que os contribuidores de
ressonância não são equivalentes. Na figura acima, a primeira estrutura de
ressonância tem uma dupla ligação central o que a diferencia das outras duas
(que são equivalentes entre si). Por exemplo, se todas estruturas contribuíssem
igualmente, a ligação 1,2 teria mais caráter de dupla ligação que a ligação 2,3
(dupla ligação aparece em duas estruturas entre 1,2). Cálculos de OMs
mostram que as ordens de ligação são 1,724 e 1,603, respectivamente (as do
benzeno são todas 1,667). Elas são realmente diferentes! Em concordância
com esses dados, as distâncias de ligação são 1,36 e 1,45 A, respectivamente.
[18]- Anuleno
123
456
78 1
23
456
78 1
23
456
78
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57
O padrão de reatividade também é diferenciado e a ligação 1,2 reage
preferencialmente com ozônio, por exemplo.
Alguns sistemas ficam com caráter aromático ao sofrer alguma reação
química. Um exemplo é o ciclopentadieno. Essa estrutura tem duas ligações
duplas conjugadas, mas o anel num todo não é conjugado, pois tem um grupo
metileno (Csp3) no anel. No entanto, o ciclopentadieno é facilmente
desprotonado levando a um ânion bem estável onde o comprimento de todas
as ligações á igual. Contando os elétrons temos que cada dupla ligação
contribui com dois elétrons e uma carga negativa (que deve estar em orbital p
para conjugar) contribui com mais duas, levando a seis elétrons no total.
Portanto, o ânion do ciclopentadieno é aromático. O carbânion neste caso é sp2
deixando a carga no orbital p, que pode conjugar com os outros orbitais p.
O cátion correspondente, no entanto, seria ANTIAROMÁTICO e é
dificilmente gerado por reação.
Outro caso interessante é a formação do íon tropílio, que é muito
estável. Esse íon é formado através de perda de hidreto (H-) pelo
cicloeptatrieno. Neste ciclo de 7 membros existem 3 ligações duplas e, portanto
6 elétrons, e um carbono que não tem hibridização sp2 e, portanto, não conjuga
com os demais. Por isso, apesar de se encaixar em 4n + 2 elétrons o ciclo não
é aromático. Porém, quando ocorre a perda do hidreto e formação do
carbocátion, o carbono que antes era sp3 planariza a sp2 e carga positiva fica
no orbital p. O orbital p vazio agora pode se sobrepor aos demais em uma
conjugação e os 6 elétrons cobrem todos os 7 carbonos.
HH
Ciclopentadieno
-H+
ânion ciclopentadienila(aromático)
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Em analogia ao íon tropílio, um anel de três membros com uma ligação
dupla pode originar um cátion aromático. Quando o carbono sp3 vira sp2 o
sistema é aromático. Esse sistema tem 2 elétrons da dupla ligação, ou seja, se
encaixa em 4n +2 (com n inteiro, 4n + 2 = 2 e n = 0) e ainda tem todos os
carbonos sp2 o que permite uma conjugação dos orbitais p.
Compostos cíclicos contendo outro átomo que não carbono e hidrogênio
(heterocíclicos) também podem ser aromáticos. Um exemplo bastante
conhecido é a piridina. Esse composto se constitui de um anel de 6 membros
análogo ao benzeno, onde um átomo de nitrogênio está no lugar de CH. O anel
ainda tem 3 ligações duplas, com 6 elétrons π. O par de elétrons não
compartilhado do nitrogênio fica em orbital sp2 e o orbital p fica vazio para
interagir com os demais orbitais. Como o par de elétrons não está envolvido
com a aromaticidade, esse composto pode agir como base sem afetar a
estabilização extra conferida pela aromaticidade. De fato a piridina é muito
utilizada como base em reações orgânicas e seu ácido conjugado (versão
protonada) é ainda aromático.
Outro exemplo nitrogenado é o pirrol, um ciclo de cinco membros com
duas ligações duplas e um nitrogênio. Nesse caso o nitrogênio está na forma
NH e os elétrons não ligantes ficam em orbital p enquanto o orbital sp2 faz
ligação com o hidrogênio. Portanto, este ciclo é aromático, tem 4n + 2 = 6 (2
duplas e mais dois elétrons não ligantes do nitrogênio em orbital p). Como os
-H-H
H
cicloeptatrieno
H
íon tropílio
-H-
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elétrons não compartilhados estão comprometidos com a aromaticidade, esse
composto não é básico.
Outros ciclos de cinco membros com duas duplas e a presença de um
heteroátomo são aromáticos, como o furano (heteroátomo é o Oxigênio) e o
tiofeno (heteroátomo é o Enxofre). Nesses casos como existem dois pares de
elétrons não ligantes, um par fica em orbital p e o outro em sp2. Novamente, os
elétrons do orbital p estão envolvidos com a aromaticidade, mas os elétrons sp2
não.
10. Bibliografia
Material baseado ou retirado de: