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1 CEEP CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NEWTON SUCUPIRA PROFESSORA: EZENETE MIRANDA LÍNGUA PORTUGUESA (MODULO I)

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CEEP – CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃOPROFISSIONAL NEWTON SUCUPIRAPROFESSORA: EZENETE MIRANDA

LÍNGUA PORTUGUESA(MODULO I)

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UMA CONVERSA INICIAL...TEXTO 1: DESISTIR OU PERSISTIR?

Era uma vez duas pererecas que invadiram uma dispensa à procura de alimento. Encontraramaberto um pote de vidro com nata pela metade, e nele mergulharam. Após fartarem-se de nata,puseram-se a tentar sair do pote. A parede do vidro era escorregadia, impedindo a saída. Pelasuperfície da nata era impossível o apoio para o salto.

Debateram-se longamente tentando encontrar uma saída. Depois de várias tentativasfracassadas, uma delas raciocinou assim: “Esgotaram-se as minhas possibilidades, e não há saídamesmo; já estou cansada de lutar e não vou me debater até morrer, se não há jeito, o jeito é desistir”.E desanimada foi para o fundo do pote e morreu.

A outra raciocinou: “Não estou vendo solução, mas vou lutar até o último momento, quem sabeainda existe uma saída?!”. E tanto se debateu, tanto nadou, que a nata mexida virou manteiga. E comum ponto de apoio ela deu um salto e foi-se embora do pote, livre para viver.

Quando Thomas Edison inventou a lâmpada incandescente, perguntaram-lhe, sabendo quefizera dezenas de tentativas para chegar ao invento: “Como você não desistiu diante de tantastentativas fracassadas?”. Ele respondeu: “Não escreva palavra fracasso no seu jornal. Eu jamaisfracassei; todas as tentativas foram válidas para chegar à descoberta”.

Quantas vezes buscamos até conseguir o que desejamos? Às vezes não mais que uma vez, e jános sentimos derrotados. Porque aprendemos que não devemos errar. Os Cientistas, descobridores, egênios da humanidade são pessoas sem medo de errar. É por isso que acertam.

TEXTO 2: NUNCA PARE DE SONHAR (Gonzaguinha)

Ontem um menino que brincava me falouQue hoje é semente do amanhã.Para não ter medo que este tempo vai passar.Não se desespere nem pare de sonhar.Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs.Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar.Fé na vida,Fé no homem,Fé no que virá.Nós podemos tudo.Nós podemos mais.Vamos lá fazer o que será.

1ª unidade

COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM, CÓDIGO E LÍNGUA

Comunicação: são as palavras, os gestos, movimentos, expressões corporais e faciais.Linguagem: é um processo comunicativo pelo qual as pessoas interagem entre si. Temos três tipos:Linguagem verbal:Linguagem não-verbal:Linguagem mista:

Código: é o conjunto de sinais convencionados socialmente para a construção e a transmissão demensagens. Exemplos: Língua Portuguesa, sinais de transito, os símbolos, as buzinas dosautomóveis, etc.Língua: Para falarmos em língua, primeiro é necessário distinguir duas modalidades de língua:língua falada e língua escrita.

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LÍNGUA PORTUGUESA: A Língua Portuguesa é o código mais utilizado por nósbrasileiros, nas situações de comunicação e interação social. Por isso, quanto maior o domínio quetemos da língua, maiores são as possibilidades de nos comunicarmos com eficiência. Mas, afinal,como a nossa língua surgiu? Vamos ler o texto a seguir para vermos como tudo começou...

COMO SURGIU A LÍNGUA PORTUGUESA

O compositor Caetano Veloso fez, há algum tempo, uma música chamada Língua,em que aparece o seguinte trecho:

Flor do Lácio, sambódromoLusamérica latim em póO que querO que pode essa língua?

O Lácio, a que se refere o compositor, era uma antiga região localizada na atual Itália.No Lácio é que ficava Roma, onde eram faladas duas variedades de latim: o latim vulgar(língua falada espontaneamente pelo povo, sem preocupação com a correção) e o latimclássico (língua escrita e falada pelos artistas, professores e demais homens cultos daépoca).

Como você sabe, o império romano expandiu-se magnificamente e, assim queconquistava o povo de uma determinada região, impunha o latim como meio decomunicação oficial. Mas o latim imposto ao povo dominado era o latim vulgar, que,misturando-se com a língua que o povo dominado já falava, dava origem a uma língua umpouco diferente, que já não era mais o latim.

Foi isso que aconteceu quando os romanos, no século III, conquistaram a Lusitânia,região da Península Ibérica e dominaram os celtiberos, povo que lá vivia.

No estudo do surgimento do português, a língua dos celtiberos é chamada desubstrato, que é a língua de um povo vencido à qual se sobrepõe a do vencedor. Oportuguês é, basicamente, o resultado da fusão do latim vulgar com o substrato ibérico. Aessa fusão acrescentaram-se influencias de línguas dos bárbaros e árabes, povos que,após os romanos, também dominaram por alguns séculos a Península Ibérica.

Em Portugal (antigo Condado Portucalense, que pertencera ao reino de Leão eCastela) nossa língua, que já não era mais o latim vulgar, mas também não era ainda oportuguês de hoje, começou a se modificar e, aos poucos, foi se transformando na línguaportuguesa tal como a conhecemos e utilizamos atualmente.

É claro que a língua portuguesa não chegou onde está e parou. Como você sabe,com o passar do tempo, há palavras que caem no esquecimento, vão deixando de serusadas, enquanto outras novas vão aparecendo (como sambódromo, pro exemplo) e,assim, vai se mantendo via a Flor do Lácio, a língua da gente, a expressão cultural donosso povo, porque, como diz Caetano Veloso, na mesma música que começou a nossaconversa: Minha língua é minha pátria. Ou ainda Manuel Bandeira, referindo-se a Camões:

“Não morrerá sem poetas nem soldadosA língua em que cantaste rudementeAs armas e os barões assinalados”.E você está sendo, agora, convidado a ser um poeta-soldado da nossa língua;

convidado, enfim, a ajudar a cuidar da Flor, tornando-a, a cada dia, ainda mais bela.

(Texto extraído do livro Novo Manual Nova cultura – Redação, gramática, literatura e interpretação de texto. Amaral Emília et al)

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LÍNGUA (Caetano Veloso)

Gosto de sentir a minha língua roçarA língua de Luís de CamõesGosto de ser e de estarE quero me dedicarA criar confusões de prosódiaE um profusão de paródiasQue encurtem doresE furtem cores como camaleõesGosto do Pessoa na pessoaDa rosa no RosaE sei que a poesia está para a prosaAssim como o amor está para a amizadeE quem há de negar que esta lhe ésuperiorE quem há de negar que esta lhe ésuperiorE deixa os portugais morrerem à mínguaMinha pátria é minha línguaFala MangueiraFala!Flor do Lácio SambódromoLusamérica latim em póO que quero que podeEsta língua

Vamos atentar para a sintaxe paulistaE o falso inglês relax dos surfistasSejamos imperialistasCadê? Sejamos imperialistasVamos na velô da dicção choo deCarmem MirandaE que o Chico Buarque de Hollanda nosresgateE Xeque-mate, explique-nos LuandaOuçamos com atenção os deles e osdelas da TV GloboSejamos o lobo do lobo do homemSejamos o lobo do lobo do homemAdoro nomesNomes em ÃDe coisa como rã e ímã...Nomes de nomes como Scarlet MoonChevalierGlauco Mattoso e Arrigo Barnabé, Mariada FéArrigo Barnabé

IncrívelÉ melhor fazer uma cançãoEstá provado que só é possível filosofarem alemãoSe você tem uma idéia incrívelÉ melhor fazer uma cançãoEstá provado que só é possívelFilosofar em alemãoBlitz quer dizer coriscoHollywood quer dizer AzevedoE o recôncavo, e o recôncavo, e orecôncavoMeu medo!A língua é minha Pátriaeu não tenho Pátria: tenho mátriaEu quero frátria!

Poesia concreta e prosa caóticaÓtica futuraSamba-rap, chic-left com bananaSerá que ele está no Pão de AçúcarTá craude brô, você e tu lhe amoQue que'u faço, nego?Bote ligeiroNós canto falamos como quem invejanegrosQue sofrem horrores no Gueto do HarlemLivros, discos, vídeos à mancheiaE deixa que digam, que pensem,quefalem.

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GEOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDOO mundo lusófono (que fala português) é avaliado hoje entre 190 e 230 milhões de pessoas. O português é a oitava línguamais falada do planeta, terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano.O português é a língua oficial em oito países de quatro continentes: Europa (Portugal: 10,5 milhões); Ásia (Timor Leste:800 mil). América do Sul (Brasil: 185 milhões) e África (Angola: 10,9 milhões de habitantes, Cabo Verde: 415 mil, GuinéBissau: 1,4 milhão, Moçambique: 18,8 milhões, São Tomé e Príncipe: 182 mil);O português é uma das línguas oficiais da União Europeia (ex-CEE) desde 1986, quando da admissão de Portugal nainstituição. Em razão dos acordos do Mercosul (Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português éensinado como língua estrangeira nos demais países que dele participam.Em 1996, foi criada a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que reúne os países de língua oficialportuguesa com o propósito de aumentar a cooperação e o intercâmbio cultural entre os países membros e uniformizar edifundir a língua portuguesa.

Europa Ásia

América do Sul África

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1. Continente: Europa

País: Portugal (10,5 milhões de falantes)

Na faixa ocidental da Península Ibérica, onde o galego-português era falado, atualmente utiliza-se ogalego e o português.

2. Continente: Ásia

País: Timor Leste (800 mil falantes)

Embora nos séculos XVI e XVII o português tenha sido largamente utilizado nos portos da Índia esudeste da Ásia, atualmente ele só sobrevive na sua forma padrão em alguns pontos isolados:

• No Timor leste, território sob administração portuguesa até 1975, quando foi invadido eanexado ilegalmente pela Indonésia. A língua local é o tétum, mas uma parcela da populaçãodomina o português.

Vale uma observação para dois países:

• Em Macau, território chinês que esteve sob administração portuguesa até 1999. O português éuma das línguas oficiais, ao lado do chinês, mas só é utilizado pela administração e falado poruma parte minoritária da população;

• No estado indiano de Goa, possessão portuguesa até 1961, onde vem sendo substituído pelokonkani (língua oficial) e pelo inglês.

Dos crioulos da Ásia e Oceania, outrora bastante numerosos, subsistem apenas os de Damão, Jaipur eDiu, na Índia; de Málaca, na Malásia; do Timor; de Macau; do Sri-Lanka; e de Java, na Indonésia (emalgumas dessas cidades ou regiões há também grupos que utilizam o português).

3. Continente: América do Sul

País: Brasil (185 milhões de falantes)

No início da colonização portuguesa no Brasil (a partir da descoberta, em 1500), o tupi (maisprecisamente, o tupinambá, uma língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani) foi usado comolíngua geral na colônia, ao lado do português, principalmente graças aos padres jesuítas que haviamestudado e difundido a língua. Em 1757, a utilização do tupi foi proibida por uma Provisão Real. Talmedida foi possível porque, a essa altura, o tupi já estava sendo suplantado pelo português, em virtudeda chegada de muitos imigrantes da metrópole. Com a expulsão dos jesuítas em 1759, o portuguêsfixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das línguas indígenas, o português herdou palavrasligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios egeográficos.

Com o fluxo de escravos trazidos da África, a língua falada na colônia recebeu novas contribuições. Ainfluência africana no português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio

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principalmente do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria (vocabulário ligado à religião e àcozinha afro-brasileiras), e do quimbundo angolano (palavras como caçula, moleque e samba).

Durante o século XVIII, houve um afastamento entre o português brasileiro e o europeu aconteceuquando a língua falada no Brasil colonial não acompanhou as mudanças ocorridas no falar português(principalmente por influência francesa), mantendo-se fiel, basicamente, à maneira de pronunciar daépoca da descoberta. Uma reaproximação ocorreu entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa,em razão da invasão do país pelas tropas de Napoleão Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com todasua corte, ocasionando um reaportuguesamento intenso da língua falada nas grandes cidades.

Após a independência (1822), o português falado no Brasil sofreu influências de imigrantes europeusque se instalaram no centro e sul do país. Isso explica certas modalidades de pronúncia e algumasmudanças superficiais de léxico que existem entre as regiões do Brasil, que variam de acordo com ofluxo migratório que cada uma recebeu.

Será que a Língua Portuguesa no Brasil é a mesma coisa da Língua Portuguesa de Portugal? Hádiferenças?

No século XX, à distância entre as variantes portuguesa e brasileira do português aumentou em razãodos avanços tecnológicos do período: não existindo um procedimento unificado para a incorporação denovos termos à língua, certas palavras passaram a ter formas diferentes nos dois países (comboio etrem, autocarro e ônibus, pedágio e portagem). Além disso, o individualismo e nacionalismo quecaracterizam o movimento romântico do início do século intensificaram o projeto de criação de umaliteratura nacional expressa na variedade brasileira da língua portuguesa, argumento retomado pelosmodernistas que defendiam, em 1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionaisportugueses e privilegiar as peculiaridades do falar brasileiro. A abertura conquistada pelosmodernistas consagrou literariamente a norma brasileira.

Na área vasta e descontínua em que é falado, o português apresenta-se, como qualquer língua viva,internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira mais ou menos acentuada quanto àpronúncia, a gramática e ao vocabulário. Tal diferenciação, entretanto, não compromete a unidade doidioma: apesar da acidentada história da sua expansão na Europa e, principalmente, fora dela, a línguaportuguesa conseguiu manter até hoje apreciável coesão entre as suas variedades.

As formas características que uma língua assume regionalmente denominam-se dialetos. Algunslingüistas, porém, distinguem o falar do dialeto:

• Dialeto seria um sistema de sinais originados de uma língua comum, viva ou desaparecida;normalmente, com uma concreta delimitação geográfica, mas sem uma forte diferenciaçãodiante dos outros dialetos da mesma origem. De modo secundário, poder-se-iam tambémchamar dialetos às estruturas lingüísticas, simultâneas de outra, que não alcançam a categoriade língua.

• Falar seria a peculiaridade expressiva própria de uma região e que não apresenta o grau decoerência alcançado pelo dialeto. Caracterizar-se-ia por ser um dialeto empobrecido, que, tendoabandonado a língua escrita, convive apenas com manifestações orais.

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4. Continente: África

Países: Angola (10,9 milhões de falantes), Moçambique (18,8 milhões de falantes), Cabo Verde(415 mil falantes), Guiné Bissau (1,4 milhões de falantes), São Tomé e Príncipe (182 mil defalantes)

Em Angola e Moçambique, onde o português se implantou mais fortemente como língua falada, aolado de numerosas línguas indígenas, fala-se um português bastante puro, embora com alguns traçospróprios, em geral arcaísmos ou dialetalismos lusitanos semelhantes aos encontrados no Brasil. Ainfluência das línguas negras sobre o português de Angola e Moçambique foi muito leve, podendodizer-se que abrange somente o léxico local.

Nos demais países africanos de língua oficial portuguesa, o português é utilizado na administração, noensino, na imprensa e nas relações internacionais. Nas situações da vida cotidiana são utilizadastambém línguas nacionais ou crioulos de origem portuguesa. Em alguns países verificou-se osurgimento de mais de um crioulo, sendo eles, entretanto, compreensíveis entre si.

Essa convivência com línguas locais vem causando um distanciamento entre o português regionaldesses países e a língua portuguesa falada na Europa, aproximando-se em muitos casos do portuguêsfalado no Brasil.

Referências: http://www.linguaportuguesa.ufrn.br/pt_index.php

UNIDOS POR UMA MESMA LÍNGUA (Jô Soares)

Já não se fala mais português como antigamente. Todos os brasileiros que vão a Portugal voltamimpressionados com as diferenças de expressões entre os dois países irmãos. Com o passar do tempo,deixamos de usar várias palavras, eles lá inventaram novas e nós aqui criamos também um montedelas. A verdade é que, se hoje um repórter português viesse de Portugal para o Brasil para fazer umaentrevista com o presidente Itamar, é bem provável que os dois necessitassem de um bom intérprete.

Repórter: Vossa excelência já deita ao desprezo o corrido nas celebrações do mardi-gras ousente-se ressabiado?

Interprete: O senhor não dá mais importância ao que aconteceu nas comemorações do Carnavalou ainda está aborrecido?

Itamar: Claro que dou, mas o que interessa é desaparecer a miséria do nosso povo.Interprete: Óbvio que sim, porém o que me apetece é escafeder-se a dependura da nossa plebe.Repórter: Consta cá que alguns dos seus ministros vivem a dize-tu-direi-eu. Vossa excelência

não acha que é contra?Interprete: Dizem por aqui que alguns dos seus ministros vivem em grande discussão. O senhor

não acha que isso é ruim?Itamar: É mentira.Interprete: É peta.Repórter: Pois. Se calhar também é peta o paredão dos voadores e hospedeiras que cá por pouco

ocorreu?Interprete: Sei. Vai ver que também é mentira a greve dos pilotos e das aeromoças que aqui

quase aconteceu?Itamar: Não, não é mentira. Como também não é mentira acontecer greves dos bancários.

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Interprete: Quais petas quais nada. Como por suposto não é peta ocorrer paredões de amanuensesdos armazéns de finanças.

Repórter: E a inchação?Interprete: E a inflação?Itamar: A inflação está sendo combatida. Temos agora um plano sensacional.Interprete: A inchação está a ser fustigada. Possuímos de momento um projeto bestial.Repórter: E a questão do recato de feira no setor dos ordenadores? De que forma arranjou-se?Interprete: E o problema da reserva de mercado na área dos computadores? De que jeito foi

solucionado?Itamar: Pois não, isso não existe mais.Interprete: Pois sim, isto cá já não há.Repórter: Por suposto a USA está a querer atalaiar às taxas sobre os vossos productos, como os

calçados de cabedal?Interprete: É claro que os Estados Unidos estão querendo controlar os impostos sobre os seus

produtos, como os sapatos de couro?Itamar: É.Interprete: Sim.Repórter: Grato. Soube-me muito bem o cafezinho e a conferência.Interprete: Obrigado. Gostei muito do cafezinho e da entrevista.Itamar: Não há de quê.Interprete: Não há de quê.Repórter: Mas que coincidência, pá! Então vocês cá também dizem não há de quê?

Jô Soares com as diferenças de vocabulário corrente no Brasil e Portugal, imaginando uma situaçãojocosa em que dois falantes precisariam de um interprete apesar de estarem falando a mesma língua –Português, mas serem usuários de regiões diferentes.

Nesse texto fica claro que, a mesma língua – Português – pode diferenciar de região para região. Taisdiferenças entre eles acontecem por vários fatores, são os seguintes:

1. Influência que cada país sofreu durante a sua formação;2. Falantes de uma dada região constituem uma comunidade linguística geograficamente limitada

em função de estarem polarizados em termos políticos e/ou culturais, e desenvolverem entãoum comportamento linguístico comum que os identifica e distingue.

As diferenças entre a língua usada em uma região e outra normalmente são, em sua grande maioria,diferenças no plano fonético (pronúncia, entonação, timbre, etc.) e no plano léxico (palavras diferentespara dizer a mesma coisa, as mesmas palavras com sentidos diferentes em uma e outra região, usomais frequente de um ou outro morfema derivacional ou flexional, etc). As diferenças sintáticas,quando existem, normalmente são grandes.Evidentemente não existem limites claros e precisos entre os diferentes dialetos regionais. Na verdade,estabelecem-se limites de acordo com determinadas conveniências. É o que nos mostram os estudos deAtlas Dialetais em que não se encontram linhas precisas de demarcação de dialetos, mas apenas certasáreas de maior concentração de um determinado conjunto de características. Assim é difícil dizer ondeacaba o dialeto nordestino e começa o caipira, ou o carioca, e a distinção do falar gaúcho, se é nítidaem relação ao nordestino, não é tão nítida em relação ao modo característico de usar a língua no Paranáe Santa Catarina.

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VARIEDADES LINGUÍSTICAS

Uma língua não é falada de maneira idêntica pelos seus usuários. Não sendo uniforme, podemosobservar a diversidade linguística que ocorre em uma língua. Portanto, as variações linguísticas sãodecorrentes do falante e da situação.

TEXTO 1E assim, senhores telespectadores, o Jornal Mais Jornal lhes proporcionou informação, atualização eentretenimento.

TEXTO 2Sai já da chuva, menino! Guarda essa bola e vem te lavar!

TEXTO 3Pô! Me amarrei, cara! Carango joinha!

TEXTO 4Os alvéolos pulmonares perderam parte da elasticidade pelo acúmulo de substâncias residuais. O fumoé a causa mais provável...

TEXTO 5O cabra da peste veio chegando de peixeira na mão.

Para falar e escrever bem é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa, saberadequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Entender-se que o uso que cada indivíduo faz dalíngua depende de várias circunstâncias: do que vai ser falado e de que forma, do contexto, do nívelsocial e cultural de quem fala e de para quem se está falando. Isso significa que a linguagem do textodeve estar adequada à situação, ao interlocutor e à intencionalidade do falante.Assim, podemos reconhecer em uma mesma comunidade que utiliza um único código – a línguaportuguesa, por exemplo – vários níveis e formas de expressão que se chamam variedades linguísticas.Variedades linguísticas: são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condiçõessociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.Há dois tipos de variedades linguísticas:- Variedade padrão, língua padrão ou norma culta: é a variedade linguística de maior prestígio social.Ela pode ser:1. Linguagem padrão ou culto:2. Linguagem técnica:- Variedade não padrão ou língua não padrão: são todas as variedades linguísticas diferentes da padrão.São as seguintes:1. Linguagem cotidiana ou familiar:2. Linguagem grupal ou gírias:3. Linguagem regional:

A variedade da língua que nós falamos não é a mesma que é ensinada na escola. É dever de aescola ensinar a norma culta, empregada em situações formais. Por ser mais valorizada socialmente, odomínio do seu uso é fundamental para a vida profissional, a ascensão social, a participação na vida

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política-social e cultural do país, o desenvolvimento do pensamento abstrato e a compreensão dosvariados tipos de texto.

A língua padrão deve ser considerada como um recurso a mais e o seu domínio é a forma departicipação consciente da vida do país, sem esquecer os vários níveis e formas de expressões.

GRAU DE FORMALIDADE: Formal (linguagem culta e padrão. Subdividem em: a. Oratório:apropriado para situações formais. Elaborado, enfeitado. b. Hiperformal: composição escrita paraefeitos grandiosos ou sublimes.c. Deliberativo: usado quando se fala a grupos grandes e médios,preocupação do falante com o estilo de expressão). Informal (linguagem espontânea, natural.Subdividem em: a. Coloquial: diálogo entre duas pessoas. b. Semiformal: escrita coloquial. c. Casualou coloquial distenso: usa gírias. d. Informal: correspondências entre membros de uma família. e.Íntimo: particular, pessoal e familiar. f. Pessoal: notas para uso próprio).MODO: Falada (Só se realiza através dos sons, se esvai com o tempo, onomatopéia:emita vozes ouruídos da natureza; repetições, frases inacabadas, entonação especifica, palavras incompletas ouretraídas, marcadores conversacionais, redução de tempos verbais, vocabulário mais amplo:criapalavras, gírias, diminutivos, etc; expressividade:gestos, mímicas, olhares, etc.). Escrita (Uso dagramática normativa, vocabulário erudito, expressividade com uso de pontuação).

EXERCÍCIO

1. Identifique o tipo de linguagem a seguir:

_____________ _______________ ______________ ________________________

2. Observe o texto abaixo e diga se pertence ao mundo da oralidade ou da escrita, justifique suaresposta.

ATENÇÃO!Enverniza-se móveis usados. Profissional a mais de trinta anos de experiência no Ramo. Se

seus moveis estão velhos, com o verniz sem brilho manchado ou arranhado. Não se preocupe nem osvenda barato nem os troque. Nós os deixamos como se fossem novos. Muda-se a cor de claro paraescuro ou vice-versa. Enverniza-se ou encera-se também dormitório de qualquer estilo e também portade área. Estante. Gabinete de máquina de costura Faço serviço geral de colagem como pro exemploCadeiras, Mesas, etc. Restaura-se moveis antigos mata-se cupim. Monta-se dormitório. Serviço adomicilio.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Identifique os diferentes níveis de linguagem, nos textos abaixo:a) Deixa de cascata, teu time se ralou, qual é atua?b) Era um cusco bem barbaridade, na caça e norodeio.c) Evidentemente está havendo um lamentávelequívoco.d) Hás de concordar comigo, quando sugiroque vás ao médico.e) Chame um engenheiro, vais te arrepender,hein? A casa vai vir abaixo!

f) Me dá dois metros de sua renda branca,como essas de sua bolsa.g) Comunicamos a V.Sª que seu saldo épositivo.h) Qual o valor da retirada que pretendeefetuar?i) Prefere levar em cheque nominal ou emespécie?j) Me deixa entrar! É só um minutinho!l) O rango tá uma tristeza, ruim pacas!

4. Embora a tradução nunca tenha a mesma forma do texto original, procure traduzir, o texto abaixo:Meus camaradinhas:Não entendi bulhufas dessa jogada de fazerem o papai aqui apresentar o seu Antenor Nascentes,

um cara tão crânio, cheio de mumunhas, que é manjado até na Europa. Estou meio cabreiro, atéachando que foi crocodilagem do diretor do curso, o professor Odorico Mendes, para eu entrar pelocano.

O seu Antenor Nascentes é um chapa legal, é bárbaro, e em Filologia bota banca. Escreveu umdicionário etimológico que é uma lenha. Dois volumes que vou te contar. Um deles é desta idade...mas grosso que trocador de ônibus. O homem é o Pelé da gramática, está mais por dentro que bicho degoiaba. Manda brasa, professor Nascentes! (Correio do povo)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Leia o texto a seguir:Chopis Centis (Mamonas Assassinas)

Eu dí um beijo nelae chamei pra passear.A gente fomos no shopping,pra mó de a gente) lanchar.Comi uns bicho estranho, com um tal degergelim.Até que tava gostoso, mas eu prefiro aipim.

Quantcha gente,E quantcha alegria,

A minha felicidadeé um crediárionas Casas Bahia.

Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho,prá levar as namorada e dá uns rolêzinho.Quando eu estou no trabalho,não vejo a hora de descer dos andaimeprá pegar um cinema do Schwarzenegere também o Van Damme.

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Quantcha gente,E quantcha alegria,A minha felicidade

É um crediárionas Casas Bahia.

1. Essa letra de música usa a variedade padrão ou não padrão? Justifique sua resposta com passagemdo texto.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Pouco sabemos sobre a pessoa que fala nessa música, mas, por algumas pistas do texto, podemosimaginar.Na sua opinião, qual de ser:a) O grau de escolaridade dela?b)A profissão?c) A classe social a que ela pertence?d) Os filmes a que normalmente ela assiste?

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3. Existem alguns termos na letra da música que também podem nos dar pistas sobre a origem dapessoa que fala na música: “mode” e “aipim”. Em que região do país esses termossão popularmente empregados?

1.5 Agora é a sua vez...

PRODUZINDO TEXTO 1

Redija um texto dissertativo sobre o tema “Desistir? Jamais!”, no qual você exponha suas ideias deforma clara, coerente e em conformidade com a norma padrão da Língua Portuguesa.INSTRUÇÕES:

• Seu texto deve ser escrito à tinta, na folha de redação.• O texto deve ter, no mínimo, 15 linhas.• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado, no final do módulo.• Desenvolva se texto em prosa: não redija narração e nem poema.

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

Observe o texto: Cartas de amor (Moacyr Scliar)

Eu era aluno do Júlio de Cartilhos e estudada à tarde (as manhãs,naquela época, estavam reservadas às turmas femininas). Um dia chegueipara a aula, coloquei meus livros na carteira e ali estava, bem no fundo,um papel cuidadosamente dobrado. Era uma carta; dirigida não a mim,mas “ao colega da tarde”. E era uma carta de amor. De amor não; depaixão. Paixão fogosa, incontida, trasbordante, a carta de uma almasequiosa de afeto. À qual o jovem escritor não teve a menor dificuldade deresponder.

Iniciou-se assim uma correspondência que se prolongou pelo ano letivo, não seinterrompendo nem com as provas, nem com as férias de julho. À medida que o ano ia chegando aseu fim, os arroubos epistolares iam crescendo. Cheguei à conclusão de que precisava conhecer aminha misteriosa correspondente, aquela bela da manhã que me encantava com suas frases.

Mas... Seria realmente bela? A julgar pela letra, sim; eu até a imaginava como uma moçaesguia, morena, de belos olhos verdes. Contudo, nem mesmo os grandes especialistas em grafologiaestão imunes ao erro, e um engano poderia ser trágico. Além disto, eu já tinha uma namorada quenão escrevia, mas era igualmente fogosa.

Optei, portanto, pelo mistério, pelo “nunca te vi, sempre te amei”. A minha história de amorcontinuou somente na fantasia. Que é o melhor lugar para as grandes histórias de amor.

1. Que sentimentos, manifestado na carta, faziam com que ela nao fosse uma simples carta de amor?2. Que argumentos o jovem utilizou para desistir de tentar conhecer a sua misteriosa correspondente?3. Esse texto pode ser considerado como prosa ou poesia? Justique.4. Na sua opinião, por que o narrador aforma que a fantasia é o melhor lugar para as grandes históriasde amor?5. Identifique todos os elementos de comunicação presente no texto.Um texto (a carta da menina, por exemplo) é uma forma de comunicação que coloca em relação umemissor e um receptor.

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FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Os textos orais e escritos buscam sempre um efeito sobre o receptor: Informá-lo, dar-lhesconselhos ou ordens, convencê-lo, provocar-lhe emoções e proporcionar-lhe prazer. Conforme oefeito pretendido, um dos elementos da comunicação será sempre mais enfatizado do que os outros.Depreende-se daí uma função da linguagem predominante.

Partindo dos seis elementos, estudados anteriormente, o linguista russo Roman Jakobsonelaborou seus estudos acerca das funções da linguagem. Esses estudos, ainda que controvertidos, sãomuito úteis para a análise e a produção de textos. Jakobson caracterizou seis funções da linguagem,cada uma delas estreitamente ligada a um dos seis elementos que compõem o ato de comunicação. Asseis funções são:

1. Função referencial:2. Função emotiva ou expressiva:3. Função conativa ou apelativa:4. Função fática:5. Função poética:6. Função metalinguística:

Esquematizando tudo o que vimos, temos:

ReferenteFUNÇÃO REFERENCIAL

MensagemEmissor FUNÇÃO POÉTICA Receptor

FUNÇÃO FUNÇÃOEXPRESSIVA Canal de comunicação CONATIVA

FUNÇÃO FÁTICA

CódigoFUNÇÃO METALINGUÍSTICA

EXERCÍCIO1. Identifique as funções da linguagem predominantes nos seguintes textos:a) Propriedade privada. Entrada proibida.b) Quem sabe o que quer, quer saúde. Não fume!c) Sinto-me derrotada pela minha própria corruptibilidade. E vejo que sou intrinsecamente má.

(Clarice Lispector)d) A tirotricina é um antibiótico composto de gramicidina e tirocidina. A gramicidina tem grande

poder bacteriostático e bactericida contra germes gram-positivos. A tirocidina tem eficiênciacontra germes gram-negativos.

e) Torce, aprimora, alteia, limaA frase; e, enfim,No verso de ouro engasta a rima,Como um rubim (Olavo Bilac)

f) Alguma dúvida?

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2. (Efoa-MG) Pelo fato de expressar ideias de aconselhamento, pedido, ordem ou proibição. A formaverbal do imperativo é utilizada na função da linguagem:a) referencial b) fática c) metalinguísticas d) conativa e) poética3. (Efoa-MG) No período eleitoral, os candidatos tentam, cada um a seu modo, convercer-nos de quesão íntegros, honestos, salvadores da pátria. Por isso predomina nos seus discursos a seguinte funçãoda linguagem:a) referencial b) fática c) metalinguística d) conativa e) poética4. (Efoa-MG)Veja uma das definições que o Dicionário Aurélio traz para a palavra demagogia:“Conjunto de processos políticos hábeis tendentes a captar e utilizar com objetivos menos lícitos aexaltação e as paixões populares”. Nesse enunciado do dicionário, a função da linguagem que serealiza é:a) referencial b) fática c) metalinguística d) conativa e) poética5. (UFAM) Nos versos “Vaca profana, põe teus cornos/ Pra fora e acima da manada”, predomina afunção da linguagem:a) referencial b) fática c) metalinguística d) conativa e) poética

6. (Efoa-MG) Indique a alternativa em cuja frase predomina a função emotiva da linguagem:a) O que é literatura? – é ficção, produto da imaginação.b) Esta faca corta até baralho.c) Não faças versos sobre acontecimentos.d) Vivendo se aprende; mas o que se aprende mais é só a fazer outras maiores perguntas.e) Eu queria tanto conversar com Deus.

7. (FEI – SP) Indique a alternativa em que a função apelativa da linguagem é a que prevalece:a) Trago no meu peito um sentimento de solidão sem fim...b) Não discuto com o destino o que pintar eu assino.c) Machado de Assis é um dos maiores escritores brasileiros.d) Conheça você também a obra desse grande mestre.e) Semântica é o estudo da significação das palavras.

8. (UFPA)Como tá na moda ensinar português, também meto aqui minha colher, não para ensinar a ninguém, sópara ser um pouquinho mais sofisticado do que distinguir “ao encontro” de “ de encontro”. Quem nãosabe isso fala javanês. O curioso, em procrastinar e postergar, é que usamos as duas palavrasindiferentemente, como se tivessem o mesmo significado. Não têm. Mas têm. O significadodicionárico de procrastinar é “transferir para outro dia, delongar, adiar, demorar, deixar paraamanhã”. E o significado não se nota a diferença. Língua tem disso. Tudo cuidado é pouco. (MillôrFernandes. A província do Pará, 09/11/1997, com adaptações).Indique a função predominante no texto. Em seguida, empregando as expressões ao encontro e deencontro, elabore um pequeno texto (com duas a quatro linhas) em que se manifeste a mesma funçãoque você considerou predominante no texto acima.

9. (UFAL) No Brasil de hoje já seria um avanço se as pessoas passassem a usar, entre outrosexemplos, a palavra “entrega” em vez de “delivery”. Nesta frase a linguagem está empregada emfunção:a) referencial b) fática c) metalinguística d) conativa e) poética

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10. (UEPA) Doce da Amazônia: Coca-cola usa açúcar da floresta e dá novo sabor a vida de 22 milpessoasA Coca-Cola que dois milhões de pessoas vão beber durante as Olimpíadas, no outro lado do mundo,tem o gostinho da Amazônia. Uma usina encravada na floresta, numa paisagem rodeada de igarapés,produz o açúcar que adoça o refrigerante mais vendido em todo o país e que sai daqui para aAustrália. No caminho do território da onça-pintada a terra dos cangurus, o produto da Usina Jayoroajuda a dar um sabor diferente à vida dos moradores da pequena Presidente Figueiredo, a 170quilômetros de Manaus. No município, de 22 mil habitantes, dos quais apenas sete mil vivem na áreaurbana, a produção de 16 mil toneladas de açúcar por ano, num canavial de 590 quilômetrosquadrados, é sinônimo de mais de dois mil empregos diretos e indiretos.Em consequência, o distrito- sede tem todas as ruas asfaltadas e sobram vagas nas escolas. “A usinafunciona como um programa social para o município. Os empregos gerados por ela ajudaram até adiminuir os índices de alcoolismo e de divórcios entre a população”, afirma o prefeito de PresidenteFigueiredo, Fernando Vieira. “Além disso, o empreendimento abre portas para que outrasagroindústrias se instalem por aqui.”Neste texto, predomina a seguinte função da linguagem:a) referencial b) fática c) metalinguística d) conativa e) poética

LINGUAGEM LITERÁRIA E NÃO-LITERÁRIA

Observe o que o escritor Anthony Burgess, em seu livro A literatura Inglesa aborda sobre “linguagemliterária e linguagem não-literária”:“Ora, há duas maneiras de usar palavras: uma artística, outra não-artística. Isso significa que as próprias palavras podemser vistas de duas maneiras diferentes. Há, de fato, o significado que uma palavra tem no dicionário (que é chamada designificado léxico ou denotação) e a associação que a palavra adquire através do uso constante (as conotações daspalavras). (...) O escritor de um livro científico, os criadores de uma nova constituição para um país – esses não desejamdirijir-se às emoções do leitor, mas apenas a seu cérebro, à sua compreensão. Não estão escrevendo literatura. O escritorde literatura está muito mais preocupado com as conotações, as maneiras pelas quais ele pode fazer com que suaspalavras nos comovam ou excitem, as maneiras pelas quais pode sugerir cor ou movimento ou caráter. O poeta, cujotrabalho é tido como aquele que representa a mais alta forma de literatura, está, sobretudo preocupado com as conotaçõesdas palavras”. (Burgess, Antony. A literatura inglesa. 2. ed. São Paulo. Ática, 1999)

EXERCÍCIO1. Faça um quadro, de modo que ele contenha duas colunas. No alto da primeira coluna, escrevalinguagem literária; no alto da segunda, linguagem não-literária. Embaixo de cada coluna, diga emque categoria se encaixa os tipos de textos relacionados abaixo:

• Reportagem policial• Poema• Discurso político• Bula de remédio• Dicionário

• Letra de músicapopular

• Conto• Boletim de ocorrência• Receita de bolo

• Normas de clubeesportivo

• Romance• Anúncio de emprego• Teatro

2. Indique em que sentido denotativo ou conotativo, estão às palavras destacas nas frases:a) O foguete entrou na atmosferab) A atmosfera da sala de aula não me fazia bemc) O operário feriu-se no braçod) Não faltam braços para o trabalho no campoe) Clarice estava cega de paixãof) Os cegos lêem em braileg) São anos douradosh) Ganhei um anel dourado3. Escreva uma frase com sentido conotativo para cada uma das palavras: Leão, Rato e Cobra

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PROSA E POESIATEXTO 1

Verbos de amor“E se te telefonar

Se mandar te buscarDer o braço a torcerSei que irias ganharE eu não iria perderDa outra vez eu sofriTe magoei, me feriFoi difícil aprenderQue, quando chega a paixão,Justamente a razãoÉ a primeira a ceder

Rolaram na mesa, pesaram o arEu não sabia pedirTu não sabias perdoarMulher nascida pra amarTenho que obedecerAo que o destino quisE satisfeita dizerQue sofre de amorSó me deixa feliz.”

João Donato & Abel Silva

Mas as palavras vaziasTEXTO 2

O Amor e a Razão

Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos [...], nunca chega àidade de uso da razão. Usar de razão e amar são duas coisas que não se juntam. A alma de menino,quem vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudoconquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento.Ninguém teve vontade febricitante, que não tivesse entendimento frenético. O amor deixará devariar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que ofumo não chegasse ao entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvessefraqueza no juízo. (Pe. Antônio Vieira. Sermão da montanha. Rio de Janeiro, Agir, 1957)

EXERCÍCIO

TEXTO 1:COMO EU TE AMO (Gonçalves Dias)

Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,O orvalho numa flor, nos céus a estrela,No largo mar a sombra de uma vela,Que lá na extrema do horizonte assoma.

Como se ama o clarão da branca lua,Da noite na mudez os sons da flauta,As canções saudosíssimas do nauta,Quando em mole vaivém a nau flauta;

Como se ama das aves o gemido,De noite as sombras e do dia as cores,Um céu com luzes, um jardim com flores,Um canto quase em lágrimas ao sumido;

Como se ama o crepúsculo da aurora,

Como se ama o calor e a luz querida,A harmonia, o frescor, os sons, os céus,Silêncios, e cores, e perfume e vida,Os pais e pátria e a virtude e a Deus:

Assim eu te amo, assim, mais do que podemDizer-te os lábios meus, - mais do que valeCantar a voz do trovador cansada:O que é belo, o que é justo, santo e grandeAmo em ti, - por tudo quando aindaMe resta sofrer, por tudo eu te amo.

O sussurro da fonte da fonte que serpeia,Uma imagem risonha e sedutora.A mansa viração que o bosque ondeia,

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TEXTO 2:A PAIXÃO (João Domingues Maia)

A paixão é definida como um sentimento ou emoção elevados a um alto grau de intensidade,sobrepondo-se à lucidez e à razão.

Sendo uma fixação afetiva por uma pessoa, uma ideia ou uma coisa, a paixão se distingue deoutros sentimentos por sua força, sua intensidade e sua exclusividade. Assim, um indivíduoapaixonado pelo seu time de futebol pode deixar de honrar compromissos apenas para assistir a umjogo, faltando às provas escolares ou ao trabalho.

Em seu sentido original, a paixão (do latim passionis) é um sofrimento de toda a alma. Osfilósofos do século XVII insistiam no caráter passivo dos seres apaixonados, cujos sentimentosdominavam a própria vida.

Nos séculos XVII e XIX, como o Romantismo, tenta-se reabilitar a paixão. Ainda que ela façasofrer, é também uma fonte viva de emoções e criatividade.

1. Responda:a) há entre os dois textos algumas diferenças marcantes? Quais são estas diferenças?b) Qual o texto é prosa e poesia?c) Definindo qual o texto é poesia. Retire dele:- três rimas- o número de versos- o número de estrofes

2. Leia os textos a seguir, identificando quais estão escritos em prosa e em verso, justificando suaresposta:a) “Apesar daquela frase surrada ‘Faça como eu digo; não como eu faço’, os indivíduos, eparticularmente as crianças, tendem a utilizar os comportamentos de outras pessoas comoparadigmas para o seu próprio comportamento”. Decorrem daí que o processo de formação doleitor está vinculado, num primeiro momento, às características físicas (dimensões materiais) esociais (interações humanas) do contexto familiar, isto é, presença de livros, de leitores e situaçõesde leitura, que configura um quadro específico de estimulação sociocultural (Ezequiel T. da Silva)

b) “Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?Em que mundo, em qu’estrela t’escondes?Embuçados nos céus?Há dois mil anos te mandei meu gritoQue embalde desde então corre o infinitoOnde estás, Senhor Deus?” (Castro Alves)

c) “Seja qual for o lugar em que se ache o poeta, ou apunhalado pelas dores, ou ao lado de suabela, embalado pelos prazeres; no cárcere, como no palácio; na paz, como sobre o campo debatalha; se ele é verdadeiro poeta, jamais deve esquecer-se de sua missão, e há sempre o segredode encantar os sentidos, vibrar as cordas do coração, e eleva o pensamento nas asas da harmoniaaté as ideias arquetípicas” (José Gonçalves de Magalhães)

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3. Leia o texto abaixo e retire todos os elementos da poesia:

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossas vidas mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar- sozinho, à noite –Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu´inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

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ESTILOCONCEITO GERAL:

Os gregos usavam a palavra stylos para designar uma espécie de ponteiro com o qualescreviam em placas de argila. Depois estenderam sua aplicação para se referir à maneira de umorador discursar.

Atualmente, a palavra estilo serve não só para designar a maneira de exprimir pensamentos,falando ou escrevendo, mas também em referência:

1. Às características da pintura, da arquitetura, da música ou da literatura (estilo clássico,barroco, etc.);

2. À expressão individual de um artista (estilo machadiano, de Portinari, de Niemeyer, deVilla-Lobos, etc.);

3. À maneira de escrever caracterizada pelo emprego de palavras e expressões próprias deuma classe, profissão ou grupo estilo didático, forence, publicana, etc.

ESTILO: INDIVIDUAL E DE ÉPOCA

Estilo individual: é a maneira particular que tem um escritor ao utilizar a língua e que resultade uma intenção e de uma elaboração própria.

Estilo de época: é o conjunto de características comuns de vários indivíduos quanto ao modode utilizar a língua, explorar temas e refletir uma visão do mundo em determinados períodos dahistória.

ESCOLAS LITERÁRIAS

A literatura é uma arte criada pelo homem. Assim, ao longo da história, ela foi concebida dediferentes maneiras.

Se a literatura reflete as relações do homem com o mundo. Mudando essas relações, mudará aforma de fazer literatura: problemas, questões da realidade, de organizar a convivência social, etc.

Chamamos escolas literárias os grandes conjuntos em que costumamos dividir a história daliteratura. Porém, elas são simplesmente uma conversão para facilitar a compreensão. Os períodos nãosão precisos, são apenas, como foi colocado anteriormente, conversões.

Portanto, não podemos achar que, por exemplo, no ano de 1825 se iniciou o Romantismoporque algum poeta declarou: “A partir de hoje, inicia-se o Romantismo”. E pronto!

Nada disso. Todo movimento literário é fruto de uma evolução lenta e gradual, e é influenciadopelo movimento anterior e por tendências novas; portanto, as escolas literárias não aparecem isoladasumas das outras, mas interligam-se, às vezes, de modo tão intenso que não podemos distingui-los. Porisso, devemos ter sempre em mente três conceitos bem definidos, para compreendermos tais escolas:

1. As idades literárias ganham denominações variadas: escolas literárias, períodos literários,estilos literários e movimentos literários. Todos calcados no contexto histórico em que cada uma delasforam designadas;

2. Um movimento literário é sempre ele mesmo, mais o movimento anterior, mais omovimento posterior;

3. Cada período literário é influenciado e regido pelas características (políticas, econômicas,sociais, filosóficas, religiosas, geográficas, etc) contemporânea a ela.

A história da literatura portuguesa divide-se em três grandes períodos:1. Era Medieval: Trovadorismo e Humanismo (século XII ao século XV);2. Era Clássica: Renascimento até Neoclassicismo (século XVI ao século XVIII);3. Era Romântica: Romantismo até o Modernismo (século XIX até hoje).Já a história da literatura brasileira divide-se em dois grandes períodos:1. Era colonial: Quinhentismo até o Neoclassicismo (século XVI até século XVIII);

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2. Era Nacional: Romantismo até o Modernismo (século XIX até hoje)Assim, traçadas todas essas considerações, veremos a seguir, o desenvolvimento das literaturas

portuguesa e brasileira, que foram distribuídos da seguinte forma:

PORTUGAL

Era MedievalMedievalismo ou TrovadorismoHumanismoEra ClássicaRenascimentoSeiscentismo ou BarrocoSetecentismo, neoclassicismo ou ArcadismoEra RomânticaRomantismoRealismo/NaturalismoSimbolismoModernismo

BRASIL

Era colonialQuinhentismoa) Literatura informativa dos viajantesb) Literatura de catequese dos padresSeiscentismo ou BarrocoSetecentismo, neoclassicismo ou Arcadismo

Era nacionalRomantismoRealismo/NaturalismoParnasianismoSimbolismoModernismo

GÊNEROS LITERÁRIOS

Quanto ao conteúdo e estrutura, podemos, inicialmente, enquadrar as obrasliterárias em três gêneros: o lírico, o épico e o dramático. Assim detalhados:

Lírico: Esta palavra vem do grego “lira”, que era um instrumento musical decordas muito usado durante a Idade Média, onde o poeta-escritor contava ou cantava suasobras ao som desse instrumento.

Nesse tipo de gênero vigora a exaltação do “eu”, na qual o autor fala do amor, dasaudade, da morte, da solidão, despertando o lado emocional do leitor.

Este gênero se manifesta através da poesia (ou poema) e da prosa. Os poemasdividem-se quanto ao teor e estrutura em:

• Ode: poesia de exaltação, entusiástica.• Hino: é a poesia destinada a glorificar a pátria ou dar louvores às

divindades.• Elegia: fala de fatos tristes.• Epitalâmio: poesia feita em homenagem às núpcias de alguém.• Idílio: poesias pastoris.• Sátira: poesia que ridiculariza características do comportamento humano.• Soneto: é uma composição de 14 versos distribuídos e, 2 quartetos e 2

tercetos, rica em métrica.• Canção: pequeno poema, popular, simples, de teor variado.• Acalanto: canto destinado a embalar o sono.• Acróstico: as letras iniciais formando o nome de uma pessoa compõem

um verso.

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Épico: neste gênero o autor descreve, na epopéia, fatos históricos heróicosrealizados pelos seres humanos. É sempre um tema grandioso que retrata a vida de umpovo. Definindo-se pelo aspecto narrativo, temos as seguintes formas:

• Epopéia: é a mais antiga das formas narrativas, cujas obras maisimportantes foram produzidas pelos gregos: a Ilíada e a Odisséia, ambasatribuídas a Homero. Virgílio, escritor romano, escreveu Eneida. Emlíngua portuguesa a mais importante epopéia é Os Lusíadas, de Luis deCamões, publicada em 1572. A obra serviu de modelo aos poemas épicosdos autores de língua portuguesa que se sucederam. Uma epopéiaapresenta-se dividida em cinco partes:1. Proposição ou exórdio: é a apresentação do tema e do herói;2. Invocação: o poeta pede auxilio as musas inspiradoras;3. Dedicatória: o poeta dedica a obra a um protetor;4. Narração: é o desenvolvimento do tema e das aventuras do herói, comexposição de fatos históricos;5. Epílogo: é o remate, o encerramento do Poema.

• Romance: constitui uma narrativa longa, de enredos mais complexos que anovela, que apresenta pluralidade de ações. São tipos de romance que sedesenvolve de acordo com a ênfase dada pelo escritor: policial,aventureiro, de comportamentos psicológicos ou sociais, etc. Geralmenteno romance, há um núcleo dramático mais importante e outros que vãosendo desenvolvido ao mesmo tempo, configurando uma teia de conflitosque se inter-relacionam. As personagens são analisadas maisprofundamente no romance do que em outras espécies narrativas (como anovela e o conto).

• Novela: uma narração mais curta, seriada num foco de atenção apenas.Porém, há uma pluralidade dramática, uma série de células encadeadas,com relativa autonomia. Ao contrário do conto, ela apresenta um maiornúmero de personagens principais e secundárias, algumas das quais sãomantidas como fio condutor da narrativa, enquanto outras são logosubstituídas ou passam a um plano inferior. Sendo normalmente umaordenação horizontalizada, a carga dramática vai crescendo ao longo dosepisódios até chegar ao epílogo. Apesar de cada célula dramática ter inicio,meio e fim. Observa nas novelas a preferência por cenas dialogadas. Como número pequeno de personagens (com exceção das novelas detelevisão), as características psicológicas desta não são inteiramenteestudadas (ao contrário do romance), mas apenas sob um aspectofragmentar.

• Conto: uma narrativa ainda mais breve que a novela, porém não seriada etambém com um foco de atenção apenas. Registra um conflito do qual umnúmero reduzido de personagens participa. Com a introdução muitopróxima do desfecho, o conto apresenta uma intensa carga dramática emum único local. É característica do contista evitar divagações ou descriçõesexageradas, eliminando detalhes inúteis para narrar apenas o essencial.

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• Crônica: muitas vezes é difícil estabelecer as diferenças entre o conto e acrônica, pois desta também participam personagens, o tempo e o espaçoestão claramente definidos e um pequeno enredo é desenvolvido. Ao tratarde fatos ou acontecimentos que caracterizam uma parte da sociedade, elaexprime o estado emotivo do cronista (crônica lírica), apresenta umareflexão a partir de um fato ou evento (crônica filosófica), dá-nos umavisão irônica ou cômica dos fatos (crônica humorística) ou trata deaspectos particulares das notícias e dos fatos (crônica esportiva, policial,política, etc).

• Fábula: narrativa inverossímil, com fundo didático; tem como objetivotransmitir uma lição de moral.

Dramático: é a encenação de um texto; o autor escreve em prosa ou versoacontecimentos do momento ou comportamento sociais para que o público/ espectador sejasensibilizado e reflita. Os atores representam pessoais comuns ou heróis e seus feitos,cenários e sons. Dentre esses gêneros temos:

• Tragédia: descreve ações humanas que geram medo ou piedade, levando oespectador a refletir sobre seus atos.

• Comédia: é a criação de um texto crítico que leva o espectador a rir peloridículo das ações cometidas pelo homem na sociedade.

• Tragicomédia: é a mistura do trágico com o cômico. Originalmente,significa a mistura do real com o imaginário.

• Farsa: é um texto menor do que a comédia, mas muito parecido no seuteor; um número menor de atores encenam ou caricaturam costumes dasociedade.

• Auto: um texto também pequeno, mas de cunho religioso, no qual osatores representam entidades simbólicas (a hipocrisia, a virtude, a avareza,etc.)

Termos teatrais:1. Didascália: é qualquer indicação sobre o ambiente, a época, os costumes, os

objetos, os gestos e as entonações de voz dos atores, geralmente destacadas em maiúsculas(encontramos os nomes das personagens), itálicos (estão as indicações do autor sobre amaneira como os atores devem pronunciar as suas falas, grifos ou entre parênteses).

2. Réplicas: um discurso puro, claramente pertencente a um emissor: apersonagem que se exprime. No texto impresso, as réplicas vêm precedidas do nome dapersonagem.

3. Qüiproquó: situação que resulta de um engano ou mal-entendido entre aspersonagens. Para efeito dramático, pressupõe uma diferença de informação entre opublico e as personagens. Por exemplo: o público é o único a saber que alguém estáescondido atrás de uma cortina, ouvindo o que não deveria, ou que aquela voz “feminina”ouvida no escuro é, na verdade, de um homem disfarçado de mulher.

4. Aparte: réplica que uma personagem diz à parte, falando para si mesma,simulando não ser ouvida pelas outras personagens presentes em cena. É destinadaexclusivamente ao expectador.

5. Monólogo: encadeamento de réplicas que uma personagem, sozinha em cena,dirige a si mesma, partilhando com o público seus pensamentos e sentimentos.

A seguir, temos um quadro-resumo dos gêneros literários:

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LÍRICO ÉPICO DRAMÁTICOFunção da linguagempredominante

Emotiva Referencial Conativa

Modo de enunciação Enunciação doemissor

Enunciação doemissor e/oupersonagem

Enunciação daspersonagens pormeio dos atores

Perspectiva temporal O presente doartista

O passadopressentido

Ações no presente

Tempos verbais epessoas

Presente – 1ªpessoa

Passado – 3ªpessoa

Presente e futuro –1ª e 2ª pessoas

Conteúdo Expressão desentimentospessoais

Relato de açõesheróicas

Representação deações nas quais sechocam forcasoponentes.

Formas principais Ode, elegia, idílio,sátira, soneto,canção, acalanto eacróstico...

Epopéia ediferentes tipos deprosa

Diferentes tipos depeças de teatro,monólogosdramáticos.

ERA COLONIAL BRASILEIRA: QUINHENTISMO

A. PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DE LITERATURA NO BRASILAo longo do século XVI – período literário que se convencionou chamar de

Quinhentismo – foram produzidos na Colônia textos que visavam a fornecer à Metrópole operfil da nova descoberta, sendo o primeiro deles a “Carta de Pero Vaz de Caminha a El-rei D. Manuel”. Eram relatórios, tratados, histórias, diários ou discussões de problemas decatequização criados pelos portugueses que aqui aportaram.

B. MOMENTO HISTÓRICOPara entendermos a produção literária do século XVI, é preciso ter em vista o

cenário geral desse primeiro momento da colonização: um vasto território ainda virgem,mal arranhado pelas pequenas povoações que, aos poucos, se iam criando ao longo dacosta. Depois da descoberta, só muito lentamente Portugal veio a se interessar pelo novoterritório de seu vasto império. O Brasil não apresentava as mesmas vantagens comerciaisdas Índias, para onde se voltavam às atenções da Metrópole. A colonização só começa,efetivamente, depôs da expedição de Martim Afonso de Sousa e da criação das capitaniashereditárias. Considera-se fundamental para a aceleração do processo colonizador a vindados jesuítas em 1549, mesmo ano da instalação do primeiro Governo Geral.

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SÍNTESE:EXPANSÃO ULTRAMARINA POLÍTICA DAS GRANDES NAVEGAÇÕES

1. Desejo de conquista material;2. Desejo de conquista espiritual.

ESQUADRA PORTUGUESA PARA ESTABELECER O CAMINHO ÀS ÍNDIAS1. Descoberta circunstancial de terras brasileiras em 22 de abril.2. O Brasil não apresentava as mesmas vantagens comerciais das Índias.

1500 – REINADO DE D. MANUELInicio da comercialização do Pau-Brasil 1503

EXPEDIÇÃO DE MARTIM AFONSO DE SOUSA1. A colonização começa de fato2. Vinda dos jesuítas com a catequização.

C. MANIFESTAÇÕES LITERÁRIAS

As manifestações literárias do Quinhentismo fazem parta da literatura deviagens do Renascimento português, uma voga provocada pelas descobertas oceânicas apartir do século XV. Portanto, essas obras não são propriamente literatura brasileira, masliteratura sobre o Brasil.

Incluem-se nessas manifestações a literatura informativa dos viajantes e aliteratura catequética do Pe. José de Anchieta.

- LITERATURA DE INFORMAÇÃO

Nos primeiros textos produzidos sobre a terra descoberta pode-se perceber aadmiração do europeu, maravilhado com o selvagem, seus hábitos de vida e com anatureza da nova terra. Muitos desses escritos buscam atrair os lusitanos para riquezas daterra e, evidentemente, para consolidar o povoamento.

Essas obras só podem ser consideradas de valor documental. Constituem aprimeira visão – e única - da terra virgem, intocada pela civilização estranha que começariaa desfigurá-la e a destruí-la de imediato.

Fazem parte dessa literatura:a) Documentos, cartas e relatórios de navegantes, de administradores e de

missionários e autoridades eclesiásticas;b) As obras que se ocupam da descrição da nova terra e de seus habitantes,

traduzindo sempre a perplexidade diante da natureza tropical e dos costumes exóticos dosíndios.

A seguir, temos alguns títulos que compõe a literatura de informação:a) Documentos, cartas e relatórios de navegantes, de administradores e de missionários eautoridades eclesiásticas: Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Cabral,relatando o descobrimento da nova terra; O Diário de navegação de Pero Lopes de Sousa,escrivão da frota de Martim Afonso de Sousa e as cartas e os relatórios dos missionáriosjesuítas.b) As obras que se ocupam da descrição da nova terra e de seus habitantes, traduzindosempre a perplexidade diante da natureza tropical e dos costumes exóticos dos índios:Diálogo sobre a conversão do gentio, de Pe. Manuel da Nóbrega; Tratado da terra do Brasile História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil, ambas dohumanista português Pero de Magalhães Gândavo; Tratados da terra e gente do Brasil, dePe. Fernão Cardim; Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa; Diálogos dasgrandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão e História do Brasil, de Frei Vicentede Salvador.

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Na literatura dos viajantes ou literatura informativa, vale ressaltar a importância daCarta de Pero Vaz de Caminha.

A CARTA DE PERO VAZ

A terra é mui graciosa,Tão fértil eu nunca vi.A gente vai passear,No chão espeta um caniço,No dia seguinte nasceBengala de castão de oiro.Tem goiabas, melancias,Banana que nem chuchu.Quanto aos bichos, têm-nos muitos,De plumagens mui vistosas.Tem macaco até demaisDiamantes têm à vontadeEsmeralda é para os trouxas.Reforçai, Senhor, a arca,Cruzados não faltarão,Vossa perna encanareis,Salvo o devido respeito.Ficarei muito saudosoSe for embora daqui. Murilo Mendes

- LITERATURA CATEQUÉTICAA literatura catequética tem características tipicamente medievais e já reflete o

espírito religioso (teocentrismo) da contra-reforma, que dominará o Barroco.A ingenuidade (maniqueísmo) da visão de mundo apresentada pelos jesuítas

reflete sua visão pedagógica: o mundo divide-se entre duas forcas antagônicas: o bem e omal. A Capitania estava entregue ao mal. Mas, pela ação do Anjo e dos santos, o mal seráexpulso. O Anjo representa a ação catequética dos jesuítas, isto é, a própria contradição deque fala o Diabo: a critica dos costumes dos índios e a conversão ao cristianismo.

Principal representante é o Pe. José de Anchieta. Em suas obras inserem-se natradição medieval: Concepção teocêntrica do mundo; utilização de versos redondilhos;temática religiosa e moral; teatro alegórico (ao modo dos autos de Gil Vicente).

Música: CURUMIM CHAMA CUNHATA QUE EU VOU CONTAR (TODO DIAERA DIA DE ÍNDIO) (Jorge Bem Jor)

Curumim chamar Cunhatã que eu vou contar.Curumim chamar Cunhatã que eu vou contar.Todo dia era dia de índio.Todo dia era dia de índio.Curumimmm, Cunhatããããã.Cunhatããããã, Curumimmm.Antes que o homem aqui chegasse às terras brasileirasEram habitadas e amadas por mais de três milhões de índios.Propriedades felizes da terra brasiles.Pois, todo dia era dia de índio.

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Todo dia era dia de índio.Mas, agora, eles só têm o dia dezenove de abril.Mas, agora, eles só têm o dia dezenove de abril.Amantes da natureza, eles são incapazes, com certeza,De maltratar uma fêmea ou de poluir o rio e o mar.Preservando o equilíbrio ecológico da terra, fauna e flora,Pois em sua glória, o índio era o exemplo puro e perfeito.Trouxe harmonia da fraternidade e da alegria.Da alegria de viver, da alegria de viver.E, no entanto, hoje o seu canto tristeÉ um lamento de uma raça que já foi muito feliz,Pois, antigamente, todo dia era dia de índio.Todo dia era dia de índio.Curumimmm, Cunhatããããã.Cunhatããããã, Curumimmm.

2ª unidade

LITERATURA SEISCENTISTA OU BARROCO

I. INTRODUÇÃO

ERA COLONIALBRASILEIRA

Brasil:1601 a 1768

Brasil:1601, com Prosopopéia, de BentoTeixeira Pinto é o marco inicial doBarroco no Brasil. Mas, o único autorde relevo do nosso seiscentismo foiGregório de Matos.Produção literária cultivada – Brasil:

1. PoesiasSEISCENTISMO OUBARROCO (Século

XVII/XVIII)

SETECENTISMO,NEOCLASSICISMO OU

ARCADISMO (Século XVIII)

Brasil:1768 a 1836

Brasil, inicia-se em 1768 com apublicação das Obras Poéticas deCláudio Manuel da Costa.

O Barroco foi o estilo artístico dominante na Europa durante o século XVII e aprimeira metade do século XVIII. Em Portugal, essa escola literária fez parte da chamadaEra Clássica e no Brasil, Era Colonial.

No Barroco brasileiro é necessário distinguir duas manifestações geográfica ecronologicamente distintas: O Barroco literário e arquitetônico da Bahia do século XVII, eo Barroco mineiro do século XVIII. É interessante notar que o Barroco mineiro é umamanifestação tardia, sendo contemporâneo da escola literária do Arcadismo.Barroco literário e arquitetônico da Bahia do século XVII iremos estudar Gregório deMatos

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Barroco mineiro do século XVIII: Antônio Francisco Lisboa vivia com o trabalho de suasmãos, descobriu um dia que uma doença as estava lentamente deformando. Uma doençaterrível possibilidade de cura na época. Junto ás obras que havia realizado, ele contemplavaas próprias mãos feridas, não abandonou sua arte. A duras penas, continuou legando para ofuturo seus inestimáveis tesouros. Quando as mãos por completo se deformaram, atou-ascom correias de couro, para poder segurar o cinzel, o martelo, a régua – instrumentos deseu mister. Então o povo de Vila Rica, de Congonhas do Campo, de Mariana, de São JoãoDel-Rei, o povo mineiro seu vivinho, que conhecia e admirava sua arte, apelidou-o deAleijadinho.Filho bastado de um português e uma escrava recebeu além do nome, uma série deconhecimentos profissionais transmitidos pelo seu pai. Foi difícil obter o reconhecimentode seu talento. A gente da época não lhe perdoava a condição de mestiço. Além de vencero preconceito, teve que vencer doença: Lepra, sífilis ou reumatismo deformante, não sesabe ao certo, a terrível enfermidade fê-lo perder todos os dedos dos pés e obrigou-o aandar de joelhos. Dos dedos das mãos, restaram-lhe apenas os indicadores e os polegares.Mesmo doente, ele não interrompeu sua atividade artística. Um escravo seu, de nomeMaurício, levava-o a toda parte e levava-lhe às mãos o cinzel e o martelo. Em 1814, suavida de sofrimento e magoas chegou ao fim. O laborioso artista foi enterrado numa valacomum da Confraria da Boa Morte, em Vila Rica. No atestado de óbito, figuram ao lado deseu nome, apenas duas palavras: pardo e solteiro.

II. VISÃO GERAL DO BARROCO

A. O BARROCODo ponto de vista espiritual, o século XVII foi marcado pelos reflexos das crises

religiosas ocorridas no século anterior: a Reforma (1517) e a contra-reforma (1563). Areforma representou a cisão da Igreja cristã e que deu origem ao protestantismo e a umaverdadeira revolução religiosa na Europa. A Contra-Reforma foi uma reação da IgrejaCatólica, que visava combater a expansão do protestantismo e recuperar as áreas dedomínio protestante. Tratava-se, portanto, de uma época em que fermentavam novasteorias religiosas e reviam-se dogmas e valores antes inquestionáveis. Concílio de Trento

Retrato de Antônio Francisco Lisboa,o Aleijadinho. Cópia de um quadro daépoca.

A decoração das igrejas barrocas. Como se vênesta obra, uma das muitas do Aleijadinho,mestre da arte mineira.

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foi convocado esse concílio pela Igreja Católica para objetivar o restabelecimento dadisciplina do clero e a reafirmação dos dogmas e crenças católicos. Com todo esse conflitofirmou-se o Barroco na Espanha, Itália e Portugal.

B. ORIGEM DO NOME BARROCO

A procedência da palavra “barroco”, como denominação genérica dos estilos daarte seiscentista, é controversa. Provavelmente teve origem na designação de uma pérolade forma muito irregular conhecida por “pérola barroca”.

A irregularidade, em contraposição à simetria e à regularidade do Classicismo, é amarca do novo estilo, expressando o pessimismo, o conflito, o desequilíbrio entre a razão ea emoção.Há vários estilos dentro do Barroco. Alguns dizem respeito à forma, outros, ao conteúdo.Acompanhe-os no quadro:

C. CARACTERÍSTICAS DO BARROCO NAS ARTES E NA LITERATURA

1. Pessimismo2. Desequilíbrio entre a razão e a emoção3. Dualidade e contradição4. Subjetividade5. Requinte formal6. Predomínio de figuras de linguagem:- Metáfora- Antítese- Paradoxo- Hipérbole- Hipérbato7. Cultismo;8. Conceptismo

III. ERA COLONIAL BRASILEIRA (SÉCULO XVII/XVIII): O SEISCENTISMOOU BARROCO

A. MOMENTO HISTÓRICOO panorama que se desenrolava no século XVII é o das transformações

econômicas provocadas pela atividade açucareira. As invasões holandesas na regiãoNordeste também apontam grandes mudanças culturais. A cidade de Salvador, capital daColônia desde a criação do Governo Geral em 1549, foi então transformada não apenas emcentro político e econômico, mas também em pólo, quase único, da produção cultural. Porisso, o Barroco brasileiro é chamado por alguns historiadores de Escola Baiana.

A cana-de-açúcar.O panorama brasileiro se caracteriza, noséculo XVII, pelas transformaçõesocorridas no Nordeste em conseqüênciadas invasões holandesas, pela presençacada vez maior dos comerciantes, e peloapogeu e decadência da atividadeaçucareira.

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B. MARCO INICIALBento Teixeira teve o mérito de introduzir o estilo no país. Seu poema épico

Prosopopéia, publicado em 1601, é imitação de Os Lusíadas, de Camões. A obra estáorganizada em 94 estâncias de oito versos decassílabos; o estilo é muito semelhante, assimcomo a estrutura, dividida e, Proposição, Invocação, narração, descrição do Recife dePernambuco, Canto de Proteu, Fala de Netuno e epílogo. Sua visão também é portuguesa.Na descrição do Recife de Pernambuco, a colônia seria uma nova Lusitânia.

C. PRINCIPAL AUTOR E OBRASConsiderado o verdadeiro fundador da nossa literatura. Gregório de Matos Guerra

passou para a história da literatura brasileira como poeta maldito. Conhecido na Bahiacomo o “Boca do Inferno”, fez jus a esse apelido devido à ácida crítica que fazia àsociedade de seu tempo por meio de sua poesia satírica, não pondo nem aristocratas, nem oclero, nem mulheres. Sua obra permaneceu completamente inédito até o século XIX,quando a Academia Brasileira de Letras publicou, entre 1923 e 1933, seis volumes: I.Poesia sacra; II. Poesia lírica; III. Poesia graciosa; IV e V. Poesia satírica e VI. Últimas.

Seu espírito profundamente barroco pode ser percebido na contraditóriadiversidade dos temas que desenvolveu em sua obra: poesia sacra, lírica amorosa, poesiasatírica e poesia burlesca. Que veremos a partir de agora:

a. Poesia sacraComo autor barroco, não poderia faltar à poesia religiosa em sua obra. Essa

temática abrange um amplo conjunto, desde os poemas circunstanciais em comemoração afestas de santos até os poemas de contrição e de reflexão moral.

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,Da vossa piedade me despido,Porque quanto mais tenho delinqüido,Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto um pecado,A abrandar-vos sobeja um só gemido,Que a mesma culpa, que vos há ofendido,Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida, e já cobradaGlória tal, e prazer tão repentino,Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarradaCobrai-a, e não queirais, Pastor divino,Perder na vossa ovelha a vossa glória

b. Lírica amorosa

A lírica amorosa na obra de Gregório de Matos abrande um amplo leque temático.Às vezes é a mais pura idealização do amor:“Quem a primeira vez chegou a ver-nos,Nise, e logo se pôs a contemplar-vos,Bem merece morrer por conversar-vosE não poder viver sem merecer-vos”.

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Outras, uma requintada exploração da psicologia amorosa, como, por exemplo, naexpressão da timidez do amante, temeroso do desprezo da amada:

“Largo em sentir, em respirar sucinto,peno, e calo, tão fino, e tão atento.Que fazendo disfarce do tormento,Mostro que o não padeço, e sei que o sinto”.

Chega também, freqüentemente, a um realismo irônico, quase cínico, como noseguinte verso em que busca definir o amor:

“Isto, que o Amor se chama,este, que vidas enterra.

c. Poesia satírica

O “Boca do inferno” não perdoava ninguém: ricos e pobres, negros, brancos emulatos, padres, freiras, autoridades civis e religiosas, amigos e inimigos, todos, enfim,eram objetos de sua “lira maldizente. Contudo, o melhor de sua sátira não é a zombaria,engraçada e maldosa, mas a critica de cunho geral aos vícios da sociedade. Sua vastagaleria de tipos humanos contribui para construir sua maior e principal personagem – acidade da Bahia.

“Senhora Dona Bahia,nobre e opulenta cidade,madrasta dos naturais,e dos estrangeiros madre”.

d. Poesia burlesca

É a poesia mais circunstancial de Gregório de Matos. De modo sempregalhofeiro, o poeta registra em versos os pequenos acontecimentos da vida cotidiana dacidade e dos engenhos.

A maior parte foi escrita na última fase da vida do poeta, período de decadênciapessoal e profissional. O doutor deixaria de advogar e perambulava pelos engenhos doRecôncavo, levando sua viola de cabeça, freqüentando festas de amigos e namorando asmulatas. Sua obra povoa-se dessas personagens, sobretudo das mulatas, muitas delasprostitutas, com quem ele convivia. O estilo cômico e o tom brincalhão podemfreqüentemente tornar-se obsceno para as velhas obsessões sexuais ou arma para ferir osinvejosos.

“Quita, como vos achaiscom esta troca tão rica?Eu vos troco por Anica,Vós por Nico me deixais:Vós de mim não vos queixaisEu, Quita, de vós me queixo,E pondo a cousa em seu eixo,A mim com razão me tem,Pois me deixais por ninguém,E eu por Anica vos deixo.”

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Música: CERTAS COISAS (Lulu Santos)

Não existiria som se nãoHouvesse o silêncio.Não haveria luz se nãoFosse a escuridão.A vida é mesmo assimDia e noite, não e sim.

Cada voz que canta o amorNão diz tudo quer dizer.Tudo que calaFala mais alto ao coração.SilenciosamenteEu te falo com paixão.

Eu te amo caladoComo quem ouve uma sinfoniaDe silêncio e de luz.Nós somos medo e desejo,Somos feitos de silêncio e som.Tem certas coisas que eu não sei dizer.

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LITERATURA SÉCULO XVIIILITERATURA SETECENTISTA, NEOCLASSICISMO OU ARCADISMO

I. INTRODUÇÃOERA COLONIAL BRASILEIRA

Brasil:1768 a 1836

Brasil:Inicia-se em 1768 com a publicação das ObrasPoéticas de Cláudio Manuel da Costa.Produção literária cultivada – Brasil:

1. Poesias líricas e épicas

SETECENTISMO,NEOCLASSICISMO OU

ARCADISMO (Século XVIII)

ROMANTISMO (Século XIX) Brasil:1836 a 1881

Brasil:Inicia-se em 1836 com a publicação da obraSuspiros poéticos e Saudades de Gonçalves deMagalhães. Término 1881 quando inicia oRealismo-Naturalismo.

II. VISÃO GERAL DO ARCADISMO

A. O ARCADISMO

CULTURAGRECO-LATINA

(séc. XII a.C – V d. C)

ERA MEDIEVAL ERA CLÁSSICA1ª época(séc. XII - XIV).

2ª época(séc. XV -XVI).

Classicismo(séc. XVI).

Barroco(séc. XVII).

Arcadismo(séc. XVIII).

Mudanças ideológicas que fermentou os ideais do mundo inteiro:Laicismo: Concepção segundo a qual Estado, Igreja devem ser independentes, e as funções do Estado,como a política, a economia, a educação, exercidas por leigos.Empirismo: corrente filosófica que atribui à experiência sensível a origem de todo conhecimentohumano (Locke, Hume).Liberalismo: ideologia política que defende os sistemas representativos, os direitos civis e a igualdadede oportunidades para os cidadãos. Como doutrina econômica, propõe a iniciativa individual e a livreconcorrência, sem interferência do Estado, como meio de se obter o equilíbrio entre os interessessociais e individuais.Iluminismo ou século das luzes: o mais importante e influente movimento intelectual do século XVIII,propõe basicamente o uso da razão como meio para satisfazer as necessidades do homem. Osiluministas como, por exemplo, Voltaire, foram adeptos do laicismo e do empirismo, bem como

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forneceram os fundamentos para o liberalismo. Os movimentos pela independência do Brasil, como aInconfidência Mineira inspiraram-se nas idéias do Iluminismo.

Na literatura, a influência neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia,no século XVIII. Os artistas desse período compreendiam que o Barroco havia ultrapassado os limitesdo que se considerava arte de qualidade e procuravam recuperar e imitar os padrões artísticos dacultura Greco-latina, tomada então como modelo. FAZER TRANSPARÊNCIA DO QUADROEXPOSTO ACIMA.

PENSADORES ILUMINISTAS (Durante os séculos XVII e XVIII, a Europa viveu umimportante movimento de idéias que revolucionou o pensamento científico e político,influenciando o Brasil e, conseqüentemente, a escola literária): OBSERVAÇÃO: O ILUMINISMO= BURGUESIA

1. René Descartes: filósofo com a célebre frase “penso, logo existo”;2. Isaac Newton: desvendou o tópico do funcionamento do universo;3. John Locke: inglês teórico e militante político afirmou que o homem possuía direitos naturais

(vida, liberdade e propriedade) e que os governos deveriam ser expressão de um contrato sóciaentre governantes e governados, firmado sob forma de Constituição. Suas idéias influenciarama Revolução Gloriosa na Inglaterra, a Independência dos EUA e dos próprios filósofosiluministas que deram base teórica para a revolução Francesa;

4. François Marie Voltaire: defendeu a idéia de liberdade individual e na crítica à religiãoorganizada, em especial a Igreja Católica. Livro famoso: Cândido sorriso;

5. Charles Montesquieu: iluminista francês propõe a divisão do poder em três esferas (executivo,legislativo e judiciário) de forma a harmonizar e equilibrar as relações entre estas instituições eimpedir o abuso de autoridade por parte dos governantes, dando, assim, um golpe mortal aoabsolutismo;

6. Jean D’Alambert, Claude de Helvetius e Paul Holback: organizaram a famosa Enciclopédia,obra que pretendia reunir toda a produção científica e filosófica da época, e que acabou seconvertendo no instrumento mais importante de difusão das idéias iluminista na França;

7. Jean Jacques Rousseau: não era exatamente um iluminista. Suas idéias se diferenciavambastante das idéias dos seus contemporâneos. Considerava a propriedade privada como a fontedas desigualdades entre os homens. Livro famoso: Contrato social. Frase famosa: “Todo poderemana do povo”;

8. François Quesnaye e Jacques Turgot: combateram o antigo regime no plano econômico. Eramchamados de fisiocratas, por acreditarem que a economia das sociedades também era regida porleis naturais e que a presença de decretos, regulamentos ou sistemas só fazia bloquear odesenvolvimento espontâneo da vida social. Considera a agricultura a fonte originadora de todaa riqueza social;

9. Adam Smith: a teoria econômica capitalista alcança sua idade adulta. Comércio da oferta e daprocura e condena vigorosamente o regime dos monopólios, base do Mercantilismo, considerao trabalho humano a fonte originadora de toda a riqueza social. Livro famoso: Ensaio sobreriqueza das Nações. Conhecido como o pai do liberalismo econômico. Já para a população éconhecido como pai do desemprego e tudo o mais que a gente conhece de perto nesse Brasil doliberalismo.

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B. A ORIGEM DO ARCADISMO, NEOCLASSICISMO OU SETECENTISMO.Arcadismo: origem grega e designa uma sociedade literária típica da última fase do Classicismo, cujosmembros adotam pseudônimos pastoris em homenagem à vida simples dos pastores, em comunhãocom a natureza.Neoclassicismo: porque procurava imitar os modelos clássicos, estabelecendo as “regras do belo”-referencia aos padrões artísticos do Renascimento e da Antiguidade clássica.Setecentismo: por ser o estilo de época característico dos anos de 1700 (século XVII).

C. CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO

1. Fugere urbem (fuga da cidade)2. Áurea mediocritas (vida medíocre materialmente, mas rica em realizações espirituais)3. Estoicismo4. Convencionalismo amoroso5. Pastores e carpe diem6. Volta aos padrões clássicos

III. ERA COLONIAL BRASILEIRA (SÉCULO XVIII): O SETECENTISMO,NEOCLASSICISMO OU ARCADISMO.

A. MOMENTO HISTÓRICO

No Brasil, o século XVIII assinala uma importante mudança na vida brasileira: com adecadência da economia canavieira, o centro econômico transfere-se do Nordeste para as novas regiõesde mineração; na esteira da economia vem a vida política, social e cultural. Minas Gerais, emparticular a cidade de Vila Rica (atual ouro Preto) é a sede dos acontecimentos mais significativos dosanos dos Setecentos: a mineração, a Inconfidência (um grupo composto por intelectuais que defendiamessas idéias teve especial importância: era o “Grupo Mineiro”, que congregou, entre outros, CláudioManuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. O grupo liderou um dos principais movimentos pelaIndependência do Brasil – a Inconfidência. Os árcades “afrancesados” (partidários dos ideaisiluministas), considerados subversivos, foram presos e exilados.), os poetas do Arcadismo, o gênio deAleijadinho. É importante salientar que a atividade mineradora coloca em evidente antagonismo, pelaprimeira vez, segmentos da classe dominante na Colônia e na Metrópole; em conseqüência, opensamento iluminista francês encontra ampla repercussão no crescente sentimento de nativismo e na

A Inconfidência Mineira teve como aspectomais importante o fato de ser o primeiromovimento, no Brasil, de liberdade nacional,constituindo, assim, uma superação doparticularismo das diversas rebeliõesnativistas ocorridas no país até então.

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nova mentalidade dominante, provinda da mineração; a cultura jesuítica começa a dar lugar aoNeoclassicismo (uma retomada dos valores clássicos da Antiguidade greco-romana e doRenascimento).

B. MARCO INICIAL

Início: 1768 – publicação das Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Fim: 1836 iníciodo Romantismo.

Alguns poetas, a maioria dos autores procurou seguir os preceitos e as convenções da modaneoclássica européia. Algumas particularidades temáticas, entretanto, devem ser apontadas:

- A introdução de alguns temas e motivos estranhos ao modelo europeu, como a paisagemtropical, elementos da flora e da fauna brasileiras, ou certos aspectos peculiares de nossa realidadecolonial, a mineração, por exemplo;

- A utilização de episódios da historia da Colônia em poemas heróicos;- A utilização do índio como tema literário.Esses novos temas quebram a rigidez das convenções neoclássicas (pastoralismo, bucolismo,

lócus amoenus) e prenunciam os motivos nacionalistas do Romantismo.C. PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS

A produção literária cultivada foi à poesia lírica e épica.

Poesias líricas

1. CLÁUDIO MANUEL DA COSTA (Glaudeste Satúrnio)

Fez seus estudos de Direito em Coimbra, voltando à terra natal para a terra natal para exerceradvocacia e cuidar dos bens que herdara. Apesar da vida pacata que levava em Vila Rica, o iniciadordo Neoclassicismo brasileiro foi uma das vítimas do rigor com que o governo português sufocou aInconfidência Mineira, já estava 60 anos de idade quando foi preso, em maio de 1789. Em julho,depois de um interrogatório, encontraram-no enforcados no cárcere. Alguns biógrafos levantam ahipótese de que tenha sido assassinado.

Ele é um poeta de transição: em mais de um aspecto, sua poesia ainda está ligada ao cultismobarroco. Mesmo assim, exerceu grande influência sobre os árcades Tomás Antônio Gonzaga eAlvarenga Peixoto, que o respeitavam e admiravam como a um mestre.

Sua obra lírica constitui-se principalmente de sonetos e éclogas (composição poéticadescritiva e elogiosa da vida rural).

Obras: Obras poéticas (1768), Vila Rica (poema épico).

2. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (Dirceu)

Embora português de nascimento, Tomas Antônio Gonzaga, pseudônimo de Dirceu, viveu noBrasil parte de uma infância. De volta a Portugal, formou-se em Coimbra, mas a partir de 1782 passoua exercer em Vila Rica o cargo de ouvidor.

Aos 40 anos, ele apaixonou-se por uma adolescente de 17 anos – Maria Dorotéia Joaquina deSeixas. Naturalmente, a família da moca opunha-se ao namoro. Quando o poeta já vencia asresistências, foi preso (1789) e enviado para a ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, como participante deInconfidência Mineira. Os últimos dezessete anos de sua vida passaram-os no degredo emMoçambique, casado com a filha de um comerciante de escravos.

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Gonzaga nunca se casou com Maria Dorotéia, mas esse namoro tornou-se o primeiro mito denossa literatura e inspirou uma de nossas mais belas obras líricas.

Obras: Marília de Dirceu; Cartas chilenas (principal obra satírica do século XVIII, atribuída aGonzaga).

Sua principal obra são as liras de Marília de Dirceu, inspiradas em seu romance com MariaDorotéia. Esta obra apresenta-se dividida em duas partes distintas: a primeira discorre sobre a iniciaçãoamorosa, o namoro, a felicidade do amante, os sonhos de uma família, a defesa da tradição e dapropriedade, sempre numa postura patriarcal. E a segunda parte, sob a influência dos sofrimentosprovocados pela cadeia, mostra-nos uma série de reflexões que abandonam desde a justiça dos homensaté os caminhos do destino e a eterna consolação no amor que sente por Marília.

Poesia épica

1. BASÍLIO DA GAMA (Termindo Sipílio)José Basílio da Gama nasceu na atual cidade de Tiradentes, Minas Gerais, em 1741. Estudou

no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro, e era noviço em 1759, quando da expulsão daquelesreligiosos. Vai para Roma, ingressando na Arcádia Romana com o pseudônimo de Termindo Sipílio.Em 1768, já em Lisboa, é preso por jesuitismo e condenado ao degredo em Angola; livra-se da pena aoescrever um poema exaltando o casamento da filha de Pombal. A partir de então, passa a escreverartigos contra os jesuítas e, no ano seguinte, publica O Uruguai, criticando os jesuítas e defendendo apolítica pombalina. Em 1774, é nomeado secretário de Pombal. Falece em Lisboa, em 1795.

Obra: O Uruguai.

O poema épico O Uruguai tem dois objetivos: defesa e exaltação da política pombalina ecrítica virulenta aos jesuítas, seus antigos mestres. O tema histórico do poema é a luta empreendidapelas tropas portuguesas, auxiliadas pelos espanhóis, contra os índios de Sete Povos das Missões,instigados pelos jesuítas; portanto, a culpa era dos jesuítas e não dos índios, inocentes úteis nas mãosdaqueles religiosos. Embora exaltasse a natureza e o “bom selvagem”, soube fugir dos lugares-comunsdo modismo bucólico. São personagens do poema: Gomes Freire Andrade, herói português; o padreBalda, o vilão jesuíta caricaturizado; Lindóia, a heroína indígena; Cacambo, marido de Lindóia; Sepé;Tatu-Guaçu; Caitutu, irmão de Lindóia; Tanajura, uma índia vidente.

2. SANTA RITA DURÃO

José de Santa Rita Durão nasceu em Minas Gerais, em 1722. Após os primeiros estudos comos jesuítas no Rio de Janeiro, segue para Portugal, onde ingressa na Ordem de Santo Agostinho. Em1781 publica o poema épico Caramuru. Falece em Portugal, em 1784.

Obra: Caramuru.

Caramuru, poema épico do descobrimento da Bahia (título da edição original) trata dodescobrimento e da conquista da Bahia por Diogo Álvares Correa, português vítima de um naufrágiono litoral baiano em meados do século XVI. O poema caracteriza-se pela exaltação da terra brasileira epor uma religiosidade extremada. O indígena é tratado dentro de um prisma informativo e é realçadasua condição de objeto de catequese. Seus heróis são: Diogo Álvares Correa, o Caramuru; Paraguaçu;Moema, a bela índia que amava Diogo, é preterida, e morre nadando ao tentar acompanhar o navio emque Diogo e Paraguaçu partem rumo à Europa.

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É evidente a influência camoniana na distribuição da matéria épica e na forma: o poema écomposto de 10 cantos, versos decassílabos e oitava rima camoniana.

SÍNTESE DOS AUTORES ÁRCADES BRASILEIROS

ARCADISMOPOESIA LÍRICA POESIA ÉPICA

1. Cláudio Manuel da Costa(Glaudeste Satúrnio)

Obras: Obras poéticas (1768), VilaRica (poema épico).

1. Basílio da Gama (TermindoSipílio)

Obra: O Uruguai.

2. Tomás Antônio Gonzaga(Dirceu)

Obras: Marília de Dirceu; Cartaschilenas (principal obra satírica doséculo XVIII, atribuída a Gonzaga).

2. Santa Rita Durão

Obra: Caramuru.

CASINHA BRANCA (Gilson)

Eu tenho andado tão sozinho ultimamenteQue nem vejo em minha frente nada que me dê prazer.Sinto cada vez mais longe a felicidade,Vendo em minha mocidadeTanto sonho perecer.Eu queria ter na vida, simplesmente,Um lugar de mato verde pra plantar e pra colher.Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janelaPara ver o sol nascer.Às vezes, saio a caminhar pela cidadeA procura de amizade,Vou seguindo a multidão.Mas, me retraio olhando em cada rosto,Cada um tem seu mistério, seu sofrer, sua ilusão.Eu queria ter na vida simplesmenteUm lugar de mato verde pra plantar e pra colher.Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janelaPara ver o sol nascer.

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INTRODUÇÃO A SEMÂNTICA

Semântica é a parte da gramática que estuda os aspectos relacionados ao sentido de palavras eenunciados.

Alguns dos aspectos tratados pela semântica são: sinonímia, antonímia, polissemia, ambiguidade,homonímia, paronímia, hiponímia e hiperonímia.

Sinonímia: são palavras de sentidos aproximados que podem ser substituídos uma pela outra emdiferentes contextos.

Antonímia: são palavras de sentido contrário entre si.

Polissemia: é a propriedade que uma palavra tem de apresentar vários sentidos.

Ambiguidade: é a duplicidade de sentidos que pode haver em um texto verbal ou não verbal.

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Homonímia: são palavras iguais na forma e diferentes na significação. Há três tipos de homônimos:

1. Homônimos homófonos: têm o mesmo som e grafias diferentes. Ex: Sessão (reunião), seção(repartição) e cessão (ato de ceder); Concerto (harmonia) e conserto (remendo).2. Homônimos perfeitos: têm a mesma grafia e o mesmo som. Ex: Cheguei cedo para a entrevista(advérbio) e Eu cedo este lugar para a professora (verbo ceder); Ele tomou meio copo de suco(numeral), Ela é meio tagarela (advérbio); Isso está leve, menino (substantivo) e Leve isso para casa,agora. (verbo)3. Homônimos homógrafos: têm a mesma grafia e os sons diferentes. Ex: Eu gosto de você. (verbo) eMeu gosto é diferente do seu (substantivo); A força não é maior que a sabedoria. (substantivo) e Não éele quem força a tranca para fechar a porta! (verbo); Sede (vontade de beber) e sede (residência); Oalmoço está servido. (substantivo). Eu almoço as 13 horas todos os dias (verbo).

Paronímia: são palavras de significação diferente, mas de forma parecida, semelhante. Ex: Retificar eratificar.

Hiperonímia: palavra de sentido genérico, ou seja, palavra cujo significado é mais abrangente. Ex:Fruta.

Hiponímia: palavra de sentido específico, ou seja, palavra cujo significado é mais específico. Ex:Maçã, morango.

EXERCÍCIOS (SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS)

MÚSICA: O ÚLTIMO ROMÂNTICO DE LULU SANTOSO ÚLTIMO ROMÂNTICO (Lulu Santos)

Faltava abandonar a velha escola.Tomar o mundo feito coca-cola.Fazer da minha vida sempre o meu passeio público.E ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só único.Talvez, eu seja o último romântico dos litoraisdeste oceano Atlântico.Só falta reunir a zona norte à zona sol.Iluminar a vida já que a morte cai do azul.Só falta de querer, te ganhar e te perder.Falta eu acordar, ser gente grande para poder chorar.Me dá um beijo, então, aperta a minha mão.Tolice é viver a vida assim sem aventura.Deixa ser pelo coração.Se é loucura , então, melhor não ter razão.

EXERCÍCIO1. Ao som da música, complete aslacunas.2. Extraia do texto ao lado, cincopalavras para dar sinônimos e cincopara dar antônimos.

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UTILIZANDO A NORMA CULTA: SINÔNIMOS

O objetivo desse jogo é induzir o aluno a aprender sinônimo. A repetição de vocábulos denota pobrezade vocabulário, além de certa preguiça mental. Quando você constata que repetiu várias vezes à mesmapalavra, procure substituí-lo por outro.

LOTECA DE SIGNIFICADOS

O objetivo desse jogo é localizar nas três opções o sinônimo correspondente.1. Em pouco tempo exauriu as finanças paternas.2. Não era pessoa que se deixasse dominar por sentimentos efêmeros.3. De repente ficou efusivo.4. Outra não poderia ser sua atitude ante tão egrégio tribunal.5. Era impossível qualquer leigo elucidar a verdade.6. O político não imaginava deparar-se com tamanhos embargos.7. A criança emulava com irmão em inteligência.8. A mãe da criança parecia exasperada.9. Costumava estigmatizar o governo.10. Sua decisão desrespeitou a organização que v. S. preside.11. Sua afirmação foi o resumo da reunião. .12. A situação da seleção de basquete extrapolou as expectativas.

DESGRAÇA OCASIÃO

AGRESTE MEDO

DESEJAR ADVERSÁRIO

POBREZA

PERGUNTAR

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1 SINÔNIMO 2 SINÔNIMO 3 SINÔNIMO

1 dissipou equilibrou multiplicou

2 transitório duradouro perverso

3 tímido expansivo tristonho

4 conservador tradicional insigne

5 esclarecer ofuscar ocultar

6 denúncias obstáculos delações

7 contrariava competia criticava

8 amedrontava enfurecida desiludida

9 difundir censurar apoiar

10 elevou dignificou desonrou

11 contrates síntese escória

12 excedeu correspondeu confirmou

POLISSEMIA

Veja o anúncio ao lado.Na parte superior do anúncio se lê o seguinte anunciado:“Todo mundo pro xadrez”.a) Que palavra desse enunciado apresenta polissemia?b) Qual é o sentido desssa palavra, considerando apenas a parteverbal do anúncio?c) Que novo sentido ela apresenta quando se considera também aparte visual do anúncio?d) Que outros sentidos dessa palavra você conhece?

Todo mundo pro xadrez

R$ 29,90

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AMBIGUIDADE

CONTO ERÓTICO Nº1 (Luís Fernando Veríssimo)

- Assim?- É. Assim.- Mais depressa?- Não. Assim está bem. Um pouco mais para...- Assim?- Não, espere.- Você disse que...- Para o lado. Para o lado!- Querido...- Estava bem mas você...- Eu sei. Vamos recomeçar. Diga quandoestiver bem.- Estava perfeito e você...- Desculpe.- Você se descontrolou e perdeu o...- Eu já pedi desculpa!- Está bem. Vamos tentar outra vez. Agora.- Assim?- Quase. Está quase!- Me diga como você quer. Oh, querido...- Um pouco mais para baixo.- Sim.- Agora para o lado. Rápido!- Amor, eu...- Para cima! Um pouquinho...- Assim?- Aí! Aí!- Está bom?- Sim. Oh, sim. Oh yes, sim.- Pronto.- Não. Continue.- Puxa, mas você...- Olhaí. Agora você...- Deixa ver...- Não, não. Mais para cima.- Aqui?- Mais. Agora para o lado.- Assim?- Para a esquerda. O lado esquerdo!- Aqui?- Isso! Agora coça.

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1. Com o narrador ausente, todo o texto é construído a partir do diálogo entre duas personagens. Quetipo de relacionamento supostamente há entre essas personagens? Justifique com elementos do texto.

2. Durante toda a leitura, somos orientados para um sentido diferente daquele que temos ao chegar nofinal do texto. Essa orientação de sentido não ocorre por acaso, mas é o resultado de um conjunto demarcas existentes no texto.a) Aparentemente, o texto retrata um diálogo entre os personagens vivendo que tipo de situação?

b) Que marcas textuais nos levam a construir esse sentido?3. A pontuação tem um papel decisivo na construção da ambiguidade desse texto.a) Quais os sinais de pontuação que mais se destacam?b) No contexto, que sentido cada um desses sinais sugerem?4. Além de trabalhar propositalmente com marcas textuais que dão ao texto uma orientação desentido diferente, por meio de que procedimento o autor constrói a ambiguidade?a) Omissão do narrador.b) Omitindo palavras do texto.c) Omitindo dados do contexto discursivo em que se dá o diálogo.

PROBLEMAS GERAIS DA LÍNGUA CULTA

1. POR QUE/POR QUÊ/PORQUE/PORQUÊ_______ você não irá à festa?Você não irá à festa. ______?Não vou à festa __________ fiquei doente.Não sei o ______ de sua doença.

2. MAS/MAISEu iria ao cinema, ________ estou sem dinheiro.Ela é a _________ bonita da escola.

3. MAL/MAURaimundo cantava muito ________.Jorge é um ________ garoto.

4. HÁ/AEle partiu ________ duas semanas.Ele retornará daqui _________ duas semanas.

5. TEM/TÊM;VEM/VÊMVocê ________ dois lápis? (TEM/TÊM)Vocês _______ dois lápis? (TEM/TÊM)Você ________ à festa? (VEM/VÊM)Vocês _______ à festa? (VEM/VÊM)

6. MEIA/MEIOMaria está __________ atrasada hoje.Ela tomou ________ xicara de chá.Aquelas moças andam ______ devagar.

7. OBRIGADO/OBRIGADA; MESMO/MESMAEla ____________ (mesmo/mesma) disse:__________________ (obrigado/obrigada).Ele ____________ (mesmo/mesma) disse:__________________ (obrigado/obrigada).

8. ME/MIMEu ________ amo.Ele jamais iria sem __________.

9. MENOS/MENOS___________ dinheiro, __________ comida.

10. AGENTE/ A GENTE_________ do FBI esteve aqui._________ vai à festa hoje.

11. TRÁS/ATRÁS/TRAZFicar invisível ______ segurança.Sai correndo _________Pulei para ______

12. ESTA/ ESTÁ/ESTAREla deve _______ mito triste hoje._______ menina ______ muito triste hoje.Ela ______ mito triste hoje.

13. ONDE/AONDE_____ você vai voltar nas próximas eleições?______ você vai?

14. DEMAIS/ DE MAISAs meninas sabem ________Eles não fizeram nada _________

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15.SENÃO/ SE NÃOVamos terminar nosso trabalho, _____ iremos fazê-loem dobro amanhã._______ terminarmos nosso trabalho hoje, não teremostempo amanhã.

16. AO ENCONTRO DE/DE ENCONTRO DESuas ideias vêm __________________ das minhas, massuas ações vão ___________________ nosso acordo.

17. ANEXO/ANEXASegue _______________o relatório.Seguem ____________ os relatórios.Segue_____________ a duplicata.Seguem ____________ as cartas.

18. Como indicar horas em português14h e não 14H

- Minutos: 20h30mim ou 20h:30.

FIQUE LIGADO (A)!Asterisco (e não "asterístico")Beneficência (e não "beneficiente")Beneficente (e não "beneficiente")Bugiganga (e não "buginganga")Sicrano (e não “siclano”)Perca (verbo. Não perca o horário) e perda(substantivo. Perda de mercadoria)Mendigo (e não "mendingo")Mortadela (e não "mortandela")Reivindicar (e não "reinvindicar" ou"reinvidicar")Com certeza (e não com certeza)De repente (e não derrepente)A partir (e não apartir)"Advinhar" (correto: adivinhar)"Ascenção" (correto: ascensão)"benvindo" (correto: bem-vindo)"cincoenta" (correto: cinquenta)"pixar" (correto: pichar)"xuxu" (correto: chuchu)"zuar" (correto: zoar)

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Oito Anos (Kid Abelha/Compositor: Paula Toller / Dunga)Música adaptada para os discentes do CEEP Newton Sucupira

*** você é Flamengo e meu pai Botafogo? (por que/por quê/ porque/ porquê). O que significa"Impávido Colosso"? *** os ossos doem (por que/por quê/ porque/ porquê) enquanto ***(agente/ a gente) dorme? *** os dentes caem? (por que/por quê/ porque/ porquê). Eu ***(mim/me) pergunto também o *** (por que/por quê/ porque/ porquê) que os filhos *** quesair de casa tão cedo? (Tem/têm). Os dedos murcham quando estou no banho. ***? (porque/por quê/ porque/ porquê). *** (por que/por quê/ porque/ porquê) as ruas enchem quando*** (estar/está) chovendo? Quanto é mil trilhões *** (mas/mais) o infinito? Quem é JesusCristo? Onde estão meus primos se *** (mal/mau) os conheço? Well, well, well Gabriel... ***(por que/por quê/ porque/ porquê) o fogo queima, *** o amor não? (mais/mas). *** a lua ébranca? (por que/por quê/ porque/ porquê). A terra roda. ***? (por que/por quê/ porque/porquê). *** (por que/por quê/ porque/ porquê ) deitar agora se *** tarde tenho que levantar?(mais/mas). *** as cobras matam? (por que/por quê/ porque/ porquê). O vidro embaça. ***?(por que/por quê/ porque/ porquê). *** você se pinta? (por que/por quê/ porque/ porquê). ***(por que/por quê/ porque/ porquê) o tempo *** (mim/me) consome? *** (por que/por quê/porque/ porquê) *** (a gente/agente) espirra? As unhas crescem. ***? (por que/por quê/porque/ porquê). *** (por que/por quê/ porque/ porquê) o sangue corre *** (mas/mais) que aágua? *** (por que/por quê/ porque/ porquê) é que *** (a gente/ agente) morre se ***(mau/mal) nascemos? Do que é que *** (é/ são) feitas às nuvens. Do que é que *** (é/são)feita à neve. Como é que se escreve Réveillon... Well, well, well Gabriel...*** (por isso/porisso) eu digo, nesse mundo, *** (a gente/agente), *** (cencerteza/ comcerteza) nunca sabe o *** (por que/por quê/ porque/ porquê) de tantas perguntas. Então, viva asua vida *** (apartir a partir) de seus próprios questionamentos...

UMA CONVERSA FINAL...PARÁBOLA DO SAPO FERVIDO (Autor desconhecido)

Vários estudos biológicos provaram que um sapo colocado numrecipiente com a mesma água de sua lagoa fica estático durante todo otempo em que se aquece a água, até que ele ferva. O sapo não reage aoaumento gradual da temperatura (mudança de ambiente), e morrequando a água ferve: inchado e feliz. Por outro lado, outro sapo que sejajogado neste recipiente já com a água fervendo, salta imediatamentepara fora. Meio chamuscado, porém, vivo.

Algumas pessoas têm um comportamento similar ao do sapo fervido.Não percebem as mudanças, acham que tudo está bem, que tudo passa,que é só dar um tempo. Fazem um grande estrago em suas vidas,“morrendo” sem ter percebido as mudanças. Outros, vendo astransformações, pulam, saltam em ações “salvadoras”.

Vários sapos fervidos estão por aí. Prestes a morrer, porém boiandoestáveis na água que aquece a cada minuto. Sapos fervidos que nãopercebem que o mundo mudou.

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O mundo requer pessoas que além de serem eficientes (fazer certoas coisas), sejam eficazes (fazer as coisas certas). Para tanto, énecessário amplo e profundo conhecimento, pois esta, mais que a era datecnologia e informática é, sobretudo, a era do conhecimento. O clima éfavorável ao crescimento profissional constante, sendo necessário que oaluno hoje não aprenda simplesmente, é preciso “aprender a aprender”.

É essencial aprender a pensar logicamente, argumentar suasafirmações e demonstrações. Bem poucos serão matemáticos, tambémhaverá os que nunca usarão em suas atividades práticas o teorema dePitágoras. Porém sem dúvida, dificilmente haverá um só que nãoprecisará RACIOCINAR e ANALISAR.

Os sapos fervidos que ainda acreditam que o fundamental é passarde ano e não a COMPETÊNCIA, que estuda quem pode e “pesca” quemtem juízo, “boiaram” no mundo da produtividade, da qualidade, doconhecimento, do livre mercado, da globalização e não sobreviverão.

Acordem sapos fervidos... saiam dessa. O mundo mudou, pulem fora.Façam análises lógicas e ações efetivas agora!

Essa apostila é destinada prioritariamente aos estudantes do CEEPNEWTON SUCUPIRA. As imagens e os textos utilizados naprodução foram retirados na íntegra ou feitos algumas adaptações,obtidos a partir de sites visitados e/ou livros didáticos. Todos osdireitos reservados aos seus autores. Desconheço a existência dequaisquer restrições ao seu uso não comercial.

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REFERÊNCIAS

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