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LINGUAGEM E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NA SALA DE AULA DE CIÊNCIAS Marco Antonio Moreira Instituto de Física UFRGS Caixa Postal 15051 Campus 91501-970 Porto Alegre, RS [email protected] http://moreira.if.ufrgs.br

LINGUAGEM E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NA SALA DE AULA

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Marco Antonio Moreira Instituto de Física – UFRGS Caixa Postal 15051 – Campus 91501-970 Porto Alegre, RS [email protected] http://moreira.if.ufrgs.br APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E LINGUAGEM CONCEITUALIZAÇÃO E LINGUAGEM (Ausubel) CONHECIMENTO IMPLÍCITO E LINGUAGEM (Vergnaud)

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LINGUAGEM E

APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA NA

SALA DE AULA DE

CIÊNCIAS

Marco Antonio Moreira

Instituto de Física – UFRGS

Caixa Postal 15051 – Campus

91501-970 Porto Alegre, RS

[email protected]

http://moreira.if.ufrgs.br

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APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA E

LINGUAGEM

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CONCEITUALIZAÇÃO E

LINGUAGEM (Ausubel)

Conceitos estão na base do pensamento humano, do raciocínio, do desenvolvimento cognitivo.

A aquisição da linguagem é que, em grande parte, permite aos seres humanos a aquisição, por aprendizagem significativa receptiva, de uma vasta quantidade de conceitos e princípios que, por si sós, poderiam nunca descobrir ao longo de suas vidas.

Em virtude das cruciais contribuições que tanto o poder representacional dos símbolos como os aspectos refinadores da verbalização trazem para a conceitualização, a linguagem, evidentemente, determina assim como reflete, as operações mentais.

É somente porque significados complexos podem ser representados por palavras isoladas que são possíveis as operações combinatórias e transformativas – de abstração, categorização, diferenciação e generalização – de conceitos conhecidos em novas conceitualizações.

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CONHECIMENTO IMPLÍCITO

E LINGUAGEM (Vergnaud)

A teoria dos campos conceituais de Vergnaud, supõe que o âmago do desenvolvimento cognitivo é a conceitualização.

Conceitos são definidos por um referente (conjunto de situações), pelo significado (conjunto de invariantes sobre os quais repousa a operacionalidade do conceito) e pelo significante (conjunto de representações sembólicas).

A linguagem está crucialmente envolvida nesses três conjuntos que definem conceito: no terceiro, porque o significante é ela própria. No segundo, porque para construir o significado, ou para captá-lo, negociá-lo, ou compartilhá-lo, a linguagem é essencial. E no primeiro porque, principalmente em sala de aula, as situações precisam ser descritas e essa descrição envolve linguagem.

Os conhecimentos em ação (teoremas e conceitos-em-ação) típicos do segundo conjunto, são largamente implícitos. Os conhecimentos científicos, por sua vez, são explícitos. É preciso, então, tornar explícito o conhecimento implícito do aluno. Nesse processo a mediação do professor é fundamental e nela a linguagem é igualmente fundamental.

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SIGNIFICADOS

COMPARTILHADOS E

LINGUAGEM (Gowin)

Usando materiais educativos do currículo,

aluno e professor buscam congruência de

significados.

Um episódio de ensino ocorre quando

professor e aluno compartilham significados

em relação aos materiais educativos do

currículo.

Nesse processo, a linguagem é o instrumento

básico. Sem ela, o compartilhar significados

seria praticamente impossível e, em

conseqüência, não haveria ensino

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MODELOS MENTAIS E

LINGUAGEM (Johnson-Laird)

Modelos mentais são análogos estruturais de estados de coisas do mundo que podem ter aspectos tanto proposicionais como imagísticos.

Situações novas requerem modelos mentais (esquemas funcionam bem para situações conhecidas).

No ensino, grande parte das situações são propostas ao aluno através do discurso lingüístico, o qual por suas indeterminações e ambigüidades dificulta ou impossibilita a construção de modelos mentais. Ao aluno resta, então, a aprendizagem mecânica.

A fonte primária para construção de modelos mentais é a percepção, mas esta é, em grande parte, e muito mais do que se pensava, função das categorias lingüísticas disponíveis ao perceptor.

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PERCEPÇÃO,

CONHECIMENTO E

LINGUAGEM (Postman)

A linguagem está longe de ser neutra no processo de perceber, bem como no processo de avaliar nossas percepções.

Estamos acostumados a pensar que a linguagem “expressa” nosso pensamento e que ela “reflete” o que vemos.Contudo, esta crença é ingênua e simplista, a linguagem está totalmente implicada em qualquer e em todas nossas tentativas de perceber a realidade.

Cada linguagem, tanto em termos de seu léxico como de sua estrutura, representa uma maneira singular de perceber a realidade.

Praticamente tudo o que chamamos de "conhecimento" é linguagem.

A chave da compreensão de um "conhecimento", ou de um "conteúdo" é conhecer sua linguagem.

Uma "disciplina" é uma maneira de ver o mundo, um modo de conhecer, e tudo o que é conhecido nessa "disciplina" é inseparável dos símbolos (tipicamente palavras) em que é codificado o conhecimento nela produzido.

Ensinar Biologia, História, Física, Literatura ou qualquer outra "matéria" é, em última análise, ensinar uma linguagem, um jeito de falar e, conseqüentemente, um modo de ver o mundo.

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DEFINIÇÕES, PERGUNTAS,

METÁFORAS E LINGUAGEM

(Postman)

Definições, perguntas e metáforas são três dos mais potentes elementos com os quais a linguagem humana constrói uma visão de mundo.

Perguntas são instrumentos de percepção. A natureza de uma pergunta (sua forma e suas suposições) determinam a natureza da resposta. Poder-se-ia dizer que as perguntas constituem o principal instrumento intelectual disponível para os seres humanos.

Definições são instrumentos para pensar e explicar e não têm nenhuma autoridade fora do contexto para o qual foram inventadas.

Metáforas são igualmente instrumentos que usamos para pensar. Metáfora é muito mais do que uma figura poética. Não só os poetas usam metáforas. Biólogos, físicos, historiadores, lingüistas, enfim, todos que tentam dizer algo sobre o mundo usam metáforas. A metáfora não é um ornamento.

O conhecimento humano é metafórico. Entender um campo de conhecimento implica compreender as metáforas que o fundamentam.

Nossa visão de mundo é construída primordialmente com as definições que criamos, com as perguntas que formulamos e com as metáforas que utilizamos. Naturalmente, estes três elementos estão inter-relacionados na linguagem humana.

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EXISTÊNCIA E LINGUAGEM

(Maturana)

A explicação se dá na linguagem. O discurso que explica algo dá-se na linguagem.

Somos observadores no observar, no suceder do viver cotidiano na linguagem, na experiência na linguagem. Experiências que não estão na linguagem, não são. Não há modo de fazer referência a elas, nem sequer fazer referência ao ato de tê-las tido.

Os seres humanos existem como observadores na linguagem. Tudo o que fazemos como seres humanos fazemos como diferentes maneiras de funcionar na linguagem.

Quaisquer distinções que fazemos são operações na linguagem, em conformidade com circunstâncias que surgiram em nós na linguagem.

Como seres humanos, existimos no fluir de nossas conversações, e todas as nossas atividades ocorrem como diferentes espécies de conversações.

A ciência como um domínio cognitivo, é um domínio de ações e, como tal, é uma rede de conversações que envolve afirmações e explicações validadas pelo critério de validação das explicações científicas sob a

paixão do explicar.

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LINGUAGEM E

APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA NA SALA DE

AULA DE CIÊNCIAS

ou

LINGUAGEM E APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA:

na conceitualização

no conhecimento implícito

no compartilhar significados

na modelagem mental

na percepção e conhecimento

nas definições, perguntas e metáforas

na rede de conversações científicas

NA SALA DE AULA DE CIÊNCIAS

(Como diria Postman, a linguagem está totalmente

implicada em tudo isso, e muito mais.)